ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 23 – No 91 (edição...
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ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 23 – No 91 (edição epecial) – maio de 2014 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical
O salário mínimo brasileiro obteve um ganho real de 72% nos últimos 12 anos. Apesar das dificuldades
o País retomou o crescimento econômico, o desemprego caiu e o movimento sindical continua resistindo às investidas patronais,que tentam flexibilizar a legislação trabalhista. Com a retomada da economia, distribuição de renda e aumento do emprego, cerca de 40 milhões de brasileiros foram favorecidos.
Para a Força Sindical, estes avanços mostram ser possível combinar trabalho decente e crescimento econômico com desenvolvimento social, desde que os trabalhadores tenham um programa comum capaz de reforçar a unidade na ação.
As conquistas serão apresentadas no 3º Congresso Mundial da CSI, que será realizado de 18 a 23 de maio em Berlim, Alemanha, cujo tema é ‘Reforçar o poder dos trabalhadores’.
No Brasil, os trabalhadores assumiram
Fortalecer os SindicatosA eleição de um governo
comprometido com as reivindicações dos trabalhadores, e o protagonismo do movimento sindical em negociar alternativas para a crise financeira mundial, em 2008, fortaleceram o sindicalismo brasileiro. A economia cresceu, e 22 milhões de pessoas entraram nomercado de trabalho de 2003 até hoje.
Com o aumento do emprego, os trabalhadores reagiram e acataram a convocação das Centrais Sindicais para priorizar a luta por maiores salários e melhores condições de vida. O otimismo foi importante para o movimento sindical barrar todas as
tentativas patronais de cortar direitos trabalhistas e para resistir às ações antissindicais deflagradas pela Justiça do Trabalho e pelo Ministério Público do Trabalho.
Da luta saiu o documento a “Agenda da Classe
Trabalhadora”, que reúne as propostas unitárias do movimento sindical para promover o desenvolvimento nacional com soberania, distribuição de renda e valorização do trabalho.
A saída para a América Latina não é muito diferente. O fortalecimento das nossas entidades sindicais também dependerá do crescimento econômico, mas com distribuição de renda, piso de proteção social, soberania e o trabalho decente.
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Miguel TorresPresidente da Força Sindical
o protagonismo na luta por justiça econômica e social, negociando com o governo uma agenda unitária que aponta para o desenvolvimento com democracia, soberania, valorização do trabalho e preservação do meio ambiente.
Porém, os trabalhadores ainda enfrentam grandes dificuldades especialmente na geração de mais empregos de qualidade, na criação de um piso de proteção social e em uma recuperação mais rápida e substancial do valor do salário mínimo.
As Centrais negociam com o governo e o Congresso Nacional leis capazes de reduzir a jornada de trabalho, sem o corte nos salários, aposentadoria digna, reforma agrária e igualdade de oportunidades entre mulheres e homens. Reivindicam, ainda, propostas relacionadas à proteção ao emprego público e privado e à ampliação do investimento do Estado em educação, saúde, mobilidade urbana e segurança.
Mais de 30 mil trabalhadores e sindicalistas de várias correntes políticas aprovaram a Agenda da Classe Trabalhadora na Conclat, em 2010
Protagonismo das Centraisreduz pobreza no Brasil
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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 90
C E N T R A I S S I N D I C A I S
O movimento sindical brasileiro tem apostado na unidade na ação para
enfrentar o cerco neoliberal, manter os direitos trabalhistas e avançar nas conquistas. Desde 2002, foram realizadas
Unidade garante novas conquistasoito Marchas da Classe Trabalhadora e a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), oito anos depois. Houve paralisações, manifestações, passeatas e carreatas, que mobilizaram milhões de trabalhadores no Brasil por mudanças na economia que privilegiem a
produção e o trabalho decente.As mobilizações foram conduzidas pela Força Sindical, CTB, NCST, CUT, UGT, CGTB, CSB e CSP-Conlutas. Como resultado, o Congresso Nacional aprovou a política de valorização do salário mínimo, as Centrais foram regulamentadas e ações que buscavam introduzir o trabalho informal forram barradas, entre outras lutas.
Cerca de 40 mil trabalhadores das Centrais Sindicais participaram da 8ª MarchaUnitária, em 2014, exigindo que o governo negocie a Pauta Trabalhista
As Centrais Sindicais aprovaram a agenda dos trabalhadores, em 2010, propondo um projeto nacional de desenvolvimento com soberania e valorização do trabalho
Em 2013, em Brasília, 60 mil pessoas exigiram desenvolvimento, cidadania e valorização do trabalho na 7ª Marcha da Classe Trabalhadora
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www.fsindical.org.brMAIO DE 2014
DIRETOR RESPONSÁVEL: João C. Gonçalves (Juruna) JORNALISTA RESPONSÁVEL: Antônio Diniz (MTb: 12967/SP)
EDITOR DE ARTE: Jonas de Lima REVISÃO: Edson Baptista Colete
é uma publicação mensal da central de trabalhadores FORÇA SINDICAL
Rua Rocha Pombo, 94 – Liberdade – CEP 01525-010Fone: (11) 3348-9000 – S. Paulo/SP – Brasil
FUNDADOR: Luiz Antonio de Medeiros PRESIDENTE: Miguel Eduardo Torres SECRETÁRIO-GERAL: João Carlos Gonçalves (Juruna) TESOUREIRO: Ademir Lauriberto Ferreira
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I N T E R N AC I O N A L I S M O C O M U N I C A Ç Ã O
C U B A / V E N E Z U E L A
Solidariedade com asdemandas dos povos
Centrais lançamJornal do Trabalhador
Bloqueio emperra desenvolvimento
A Força Sindical mantém rela- ções sol idá-
rias, fraternas e políti-cas com os principais países da América Latina e do mundo. Em março, promo-veu um protesto com as outras Centrais Sindicais brasileiras em frente ao Consulado do Paraguai, em São Paulo, de apoio à greve geral dos traba-lhadores paraguaios por au-mento salarial e direito à orga-nização sindical.
Foi solidária, ainda, à greve geral na Europa, em 2012, con-tra a política de arrocho salarial e medidas de corte de direi-tos promovidas principalmente por Espanha, Itália, Portugal e Grécia. No mesmo ano, a For-ça participou do Fórum Social Mundial Palestina Livre, realiza-do em Porto Alegre.
“Defendemos a paz e a cons-
tituição do Estado Palestino”, avaliou o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, dias antes de a Autoridade Palesti-na ser reconhecida como Estado não--membro da Orga-nização da Nações
Unidas (ONU).Além das relações bilaterais,
a Força Sindical participa ativa-mente da direção das principais entidades ligadas ao trabalho no mundo, como a (Confedera-ção Sindical Internacional (CSI) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Suas propostas têm o objeti-vo de estabelecer políticas ne-cessárias para garantir a demo-cracia inclusiva e para criar uma ordem econômica global está-vel, na qual os trabalhadores participem da distribuição da riqueza gerada pelo trabalho.
A ameaça aos di-reitos sociais e
trabalhistas provo-cada por um mundo desenvolvido em crise levou Força Sindical, CTB, NCST e UGT a lançar o “Jornal do Trabalha-dor”, em 2002. E já se tornou um fórum de debate e de for-mulação de propos-tas relacionadas aos anseios e preocupa-ções dos trabalhadores.
No Brasil, a luta e a unidade das Centrais Sindicais têm impedido a regressão dos direitos e mantido a es-trutura sindical. Mas o movimento sindical está cons-ciente de que precisa reforçar a unidade na luta para impedir que o trabalhador pague pela crise.
Assim, o “Jornal do Trabalhador” surge com o objeti-vo de ser um canal de comunicação e debate a respeito dos temas políticos, econômicos e sociais de interesse dos trabalhadores, respeitando a posição ideológica de cada Central.
Injustificável e ilegal foram os adjetivos utilizados pela For-ça Sindical para condenar o
bloqueio econômico, financeiro e comercial imposto à Cuba pe-los sucessivos governos norte-
Neco: “Exigimoso levantamento do bloqueio já”
Juruna: “Defendemos a paz e o Estado Palestino”
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americanos desde 1961. Segun-do os trabalhadores brasileiros, o bloqueio dificulta os avanços sociais e o desenvolvimento econômico do país.
“A nossa Central soma-se às demais correntes do movimen-to sindical internacional e às for-ças democráticas para exigir o fim do bloqueio já”, declarou o secretário de Relações Interna-cionais da entidade, Nilton Sou-za da Silva, o Neco.
Venezuela – A Central tam-bém condenou a prisão de po-
líticos, trabalhadores e dirigen-tes sindicais, assim como os ataques à organização sindical na Venezuela. Em nota, a Força Sindical solicita ao governo ve-nezuelano a abertura do diálo-go social com os trabalhadores para superar a grave crise por que passa o país.
“Exigimos total respeito à liberdade de organização sin-dical, de negociação coletiva e das normas internacionais da OIT, além da garantia do exer-cício da atividade sindical”, des-taca a nota.
econômico com distribuição de renda. Visão contrária à trilha seguida historicamente pelo País, que resultou na apropriação pela elite da riqueza produzida pelo povo.
Assim, os trabalhadores precisam, também, ocupar as ruas, divulgar a Pauta Trabalhista e mostrar o descaso com que governo e empresários têm tratado as reivindicações unitárias do movimento
sindical, como a redução da jornada de trabalho, o fim do Fator Previdenciário e a ampliação de direitos.
A mobilização soará como um recado às forças do retrocesso de que as Centrais Sindicais têm propostas que atendem aos interesses dos trabalhadores e dos empresários, pois o objetivo é desenvolver o País com soberania e valorização do trabalho.
Trabalhadores vão às ruas por direitos e qualidade de vida
Num ano repleto de eventosimportantes, como a Copa do Mundoe as eleições gerais no País, os
trabalhadores vão fazer a sua grande manifestação unitária por direitos e qualidade de vida no dia 9 de abril, na cidade de São Paulo. As Centrais Sindicais convocam o povo para participar da 8ª Marcha da Classe Trabalhadora, que sairá da Praça da Sé, às 10 horas, e seguirá em passeata até o vão livre do Masp, na Avenida Paulista.
Em março, as instâncias estaduais das Centrais realizarão atos regionais. A mobilização marca a retomada da luta da “Agenda da Classe Trabalhadora”, que reúne as propostas para desenvolver o País com soberania, democracia e valorização do trabalho, assim como investimentos nas áreas de saúde,educação, segurança e mobilidade urbana.
Debate – Apesar da pouca disposiçãodo governo federal ao diálogo, as Centraisquerem debater com toda a sociedade propostas que levem o País ao crescimento
Centrais querem retomar crescimento com mais rendaAs Centrais Sindicais defendem um
desenvolvimento econômico sustentável,soberano, com distribuição de renda e inclusão social, para assegurar a todos os brasileiros os frutos do crescimento da economia. Por isto, o movimento sindical repudia a política de arrocho nos salários
dos servidores públicos e nos benefícios dos aposentados, os ataques à lei de recuperação do poder de compra do salário mínimo e a tese de que os salários desestabilizam a economia.
Além disto, o movimento sindical exige que o governo mude a política
de aumentar juros para combater a inflação, porque a medida promove uma brutal transferência de renda de toda a sociedade para os rentistas. Tal política causa danos ao setor produtivo, que deixa de investir na produção, o que compromete o emprego e o salário.
INFORMATIVO DAS CENTRAIS SINDICAIS
MARÇO/ABRIL DE 2014
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 91
O movimento sindical promoveu uma série de manifestações e debates sobre os “50 anos do golpe mili-
tar, instaurado no Brasil em março de 1964, que derrubou o presidente eleito, João Goulart. Promovido pela Comissão Nacional da Verdade, o ato, realizado na antiga sede do Doi-Codi, reuniu perto de
Apesar das conquistas al-cançadas com a apro-vação da Lei Maria da
Penha, considerada pela Or-ganização das Nações Unidas como uma das mais avança-das do mundo no combate à violência doméstica contra a mulher, mais de 50 mil mu-lheres foram assassinadas no Brasil entre 2001 e 2011. O dado equivale a uma morte a cada uma hora e meia, segundo levanta-mento do Instituto de Pesquisa Econômi-ca e Aplicada (Ipea).
Além disso, o País registrou mais de 50 mil estupros de mulheres em 2012, infor-mou a secretária de Políticas para a Mulher da Força Sindical, Maria Auxiliadora dos Santos. Não bastasse a prática arraigada
M U L H E R E S T R A B A L H O D E C E N T E
Ditadura nunca mais
Elas ainda são submetidas à barbárie
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três mil pessoas convocadas pela Força Sindical, demais Centrais e pelo Centro de Memória Sindical (CMS).
Portando cartazes com os dizeres “Dita-dura Nunca Mais”, elas homenagearam tra-balhadores e estudantes torturados e mor-tos pela ditadura militar. O Doi-Codi reunia militares e civis ligados ao regime. Segundo
a secretária de Cidadania e Direitos Humanos da Cen-tral, Ruth Coelho Monteiro, 60% dos presos e torturados eram trabalhadores.
A ditadura implantou um projeto social, econômico e político baseado na re-pressão e no arrocho sa-larial. Em outra atividade, Força, UGT e CMS promo-veram um ato na Assem-bleia Legislativa de São Paulo para relatar a história da repressão.
na tradição machista, que do-mina as relações de gênero, elas têm remuneração menor do que a dos homens.
De acordo com cálculos da Pesquisa Nacional por Amos-tra de Domicílios (Pnad), o ren-dimento mensal das trabalha-doras era equivalente a 72,9% do dos homens nos últimos 10 anos. Diante disso, Auxiliadora encerrou o “Março Mulher” da
Central declarando ser fundamental apres-sar a aprovação do Projeto de Lei 6.653.
O PL trata da igualdade de gênero nas re-lações de trabalho na cidade e no campo, combate as práticas discriminatórias, o as-sédio moral e sexual e a violência contra a mulher. “O movimento sindical precisa rea-lizar manifestações e reforçar a unidade das Centrais Sindicais para pressionar o Con-gresso a aprovar o PL”, avaliou Auxiliadora.
Cerca de 3 mil pessoas compareceram ao ato de protesto
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Na informalidade,jovens recebembaixos salários
Auxiliadora: só com a unidade na luta pode-se combater a discriminação
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A América Latina reúne 7,8 milhões de jovens desempregados com ida-
des entre 15 e 24 anos, o que equivale a 13,9% do total da força de trabalho nesta faixa etária, estimada em 56 milhões de pessoas. A pesquisa é da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que divul-gou recentemente o relatório “Trabalho Decente e Juventude na América Latina: Políticas para Ação”.
Do total, 27 milhões de jovens tra-balham na economia informal e 21,8 milhões não estudam nem trabalham, segundo dados da pesquisa de 2011. O documento destaca que a situação impli-ca baixos salários, instabilidade laboral e carência de proteção de direitos sociais.
De acordo com a OIT, a situação de crescimento econô-mico com emprego, registrada nos últi-mos anos na Amé-rica Latina, não foi suficiente para me-lhorar a oferta de tra-balho para os jovens.
“A julgar pela pes-quisa, os jovens latino- americanos não estão inseridos na situação de trabalho decente, conforme definição da OIT, que apregoa uma atividade adequadamente remune-rada, exercida num regime de liberdade e segurança”, avaliou o secretário de Po-líticas para a Juventude da Força Sindical, Jefferson Tiego da Silva.
BrasilCerca de 300 mil crianças deixaram
de trabalhar no Brasil de 2008 a 2011, se-gundo a OIT, que recomendou às outras nações a tomar o Brasil como exemplo a ser seguido. Porém, o País ainda reúne perto de 1,6 milhão de crianças em pos-tos de trabalho.
Tiego: não há trabalho decente para a maioria dos jovens latinos
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