Ricardo Vasconcelos , infectologista do HC: “Quando ... · Constitucional (PEC) 241, atu-almente...

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Pág. 4 Pág. 5 Pág. 6 Jornal do Simesp Nº 15 Publicação mensal do SIMESP Sindicato dos Médicos de São Paulo • Agosto | 2016 Pág. 3 Crise HU Ministério Público Estadual quer revisão de Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV) da USP, anunciado em julho passado Sírio/Iabas Além de terem sido transferidos, médicos sofrem com atraso e redução nos pagamentos. Negociações estão sendo feitas no âmbito do MPT Greve Todo trabalhador tem direito de protestar e participar de greves, porém serviços essenciais, como o do médico, não podem ser totalmente paralisados O SUS na sala de emergência Em debate na sede do Simesp, especialistas criticam ações de desmonte da saúde pública, como a PEC 241, que deve congelar por 20 anos os gastos com saúde e educação Entrevista Ricardo Vasconcelos , infectologista do HC: “Quando falamos em PrEP, estamos falando em redução de danos” Pág. 7

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Jornal do SimespNº 15 • Publicação mensal do SIMESP Sindicato dos Médicos de São Paulo • Agosto | 2016

Pág. 3

Crise HU Ministério Público Estadual quer revisão de Programa de

Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV) da USP, anunciado em

julho passado

Sírio/IabasAlém de terem sido transferidos,

médicos sofrem com atraso e redução nos pagamentos.

Negociações estão sendo feitas no âmbito do MPT

GreveTodo trabalhador tem direito

de protestar e participar de greves,porém serviços essenciais, como

o do médico, não podem ser totalmente paralisados

O SUS na sala de emergênciaEm debate na sede do Simesp, especialistas criticam ações de desmonte da saúde pública, como a PEC 241, que deve congelar por 20 anos os gastos com saúde e educação

Entrevista Ricardo Vasconcelos , infectologista do HC: “Quando falamos em PrEP, estamos falando em redução de danos” Pág. 7

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DIRETORIAPresidente Eder Gatti [email protected]

““A condição está ruim para o paciente e também difícil para quem trabalha.

São 213 funcionários a menos e um déficit de 43 médicos, principalmente

pediatras, anestesistas e clínicos”Gerson Salvador, secretário de Comunicação e

Imprensa do Simesp, sobre os problemas no HU15 de agosto – Época Negócios (site)

“O HU encontra-se hoje com um quarto de sua capacidade de internação reduzida. Tem paciente que fica

internado na emergência, numa maca, enquanto 56 leitos estão vazios”

Gerson Salvador, secretário de Comunicação eImprensa do Simesp, sobre os problemas no HU

15 de agosto – O Globo

Na Constituição Federal de 1988, saúde foi definida como “direi-to de todos e dever do Estado” (antes o acesso à saúde pública era restrito a assegurados do Inamps). Dois anos depois, o Sistema Único de Saúde (SUS) foi regulamentado, estabele-cendo as condições de acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de saúde.

Nessas quase três décadas, o SUS foi responsável por am-pliar o acesso à saúde, com casos de sucesso como a Estra-tégia Saúde da Família, amplia-ção do Programa Nacional de Imunizações, transplantes de órgãos, programa de HIV/aids, entre muitos outros.

Entretanto, não houve dos governos que se sucederam a garantia de financiamento su-ficiente. Além disso, problemas na gestão nos três níveis fede-rativos fizeram com que se acu-mulassem dificuldades.

A crise política e econômica atual tem trazido danos recor-rentes aos serviços e piorado as condições de trabalho: de-missões, troca de contratos re-gulares por pejotizados, leitos fechados, equipes e insumos deficitários. Não nos furtamos a fazer o enfrentamento e nem nos furtaremos.

Em 2016, observamos dimi-

Editorial Clipping

nuição dos orçamentos já defi-citários e congelamentos de re-ajustes salariais. É esse cenário que o governo de Michel Temer prorrogará por 20 anos caso seja aprovada a PEC 241 (gastos com saúde e educação serão re-ajustados apenas pela inflação, não mais sendo atrelados às receitas da União). O que hoje é absolutamente insuficiente será ainda pior.

Justificando ampliar o aces-so da população, o ministro Ricardo Barros nomeou grupo de trabalho, que conta com re-presentantes do governo, ANS e operadoras por meio de sua Confederação, para apresentar proposta de “Planos de Saúde Acessíveis”. Se hoje as operado-ras já não honram a assistência de seus pacientes e aviltam os honorários, imagine se for au-torizada cobertura menor.

Nos últimos anos, estivemos ao lado das entidades médicas e da sociedade civil para defen-der o SUS. Nessa posição conti-nuaremos e esperamos contar com todas as representações para denunciarmos tais me-didas que, se implementadas, representarão um retrocesso de mais de 30 anos nos serviços público e privado, o completo domínio de operadoras de pla-nos de saúde sobre a medicina.

Pelo direito de todos

SECRETARIASGeralDenize Ornelas P. S. de Oliveira Comunicação e Imprensa Gerson Salvador AdministraçãoEderli M. A. Grimaldi de CarvalhoFinançasJuliana Salles de CarvalhoAssuntos JurídicosGerson MazzucatoFormação Sindical e SindicalizaçãoMarly A. L. Alonso Mazzucato Relações do TrabalhoJosé Erivalder Guimarães de OliveiraRelações Sindicais e AssociativasOtelo Chino Júnior

EQUIPE DO JORNAL DO SIMESPDiretorGerson Salvador Editora-chefe e redaçãoIvone SilvaReportagem e revisãoAdriana CardosoLeonardo Gomes Nogueira Nádia MachadoFotosOsmar Bustos Relações-PúblicasJuliana Carla Ponceano Moreira IlustraçãoCélio LuigiRedação e administraçãoRua Maria Paula, 78, 3° andar

Todas as matérias publicadas terão seus direitos resguardados pelo Jornal do Simesp e só poderão ser publicadas (parcial ou integralmente) com a autorização, por escrito, do Sindicato.

A versão digital desta publicação está disponível no site do Simesp. Caso não queira receber a edição impressa, basta mandar e-mail para [email protected]

2 • Jornal do Simesp

01319-000 – SP – Fone: (11) [email protected]

PROJETO GRÁFICOMed Idea - Design para médicosOscar Freire, 2189, Pinheiros São Paulo/SP 05409-011 Fone: (11) [email protected] www.medidea.com.brEditor de Arte e diagramaçãoIgor Bittencourt

Tiragem: 14 mil exemplaresCirculação: Estado de São Paulo

“O instituto Hygia mostrou plena incompetência técnica e uma série de irregularidades, todas

apresentadas ao Sindicato. Não é possível que a prefeitura vá manter

contrato com esse grupo”José Erivalder Guimarães de Oliveira, secretário

de Relações do Trabalho do Simesp, sobre terceirização do Hospital de Barueri

9 de junho – Folha de Alphaville

Diretoria do Simesp

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O acesso universal à saúde, ga-rantido pela Constituição bra-sileira, corre o risco de inexistir daqui a alguns anos se forem concretizadas medidas que es-tão sendo tomadas pela equipe de Michel Temer, no sentido de estrangular ainda mais o finan-ciamento ao Sistema Único de Saúde (SUS). Esta foi uma das conclusões a que chegaram os debatedores do Simesp Debate, evento promovido pelo Sindi-cato dos Médicos de São Paulo (Simesp), em 4 de agosto, que trouxe o tema “O desmonte do SUS: as medidas do governo in-terino que podem trazer danos irreversíveis ao Sistema Único de Saúde”.

Entre as principais amea-ças está a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, atu-almente em tramitação na Câ-mara dos Deputados, que cria um novo regime fiscal, conge-lando por 20 anos os gastos pú-blicos do governo, em despesas como saúde e educação, com a desculpa de utilizar os recur-sos economizados para o paga-mento da dívida pública.

“Essa situação é gravíssima! Essa questão exige uma mobi-lização popular, dos trabalha-dores e dos gestores em torno do setor público de saúde, pois é uma ameaça à segurança de

nossas famílias, aos trabalhado-res e à democratização da saú-de”, criticou Carlos Ocké-Reis, economista do Centro Brasilei-ro de Estudos de Saúde (Cebes).

Reis e Marília Louvison, pre-sidente da Associação Paulista de Saúde Pública (APSP), foram debatedores do evento, que teve mediação do secretário de Co-municação e Imprensa do Si-mesp, Gerson Salvador.

O economista explicou que os gastos com a saúde no país ficaram, em 2015, em cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto agências in-ternacionais recomendam 6%, percentual baixo especialmen-te se considerarmos que o país não atingiu a plenitude de seu estado de bem-estar social.

“Austericídio”Ao longo dos últimos anos, se-gundo ele, o financiamento do SUS sofreu uma série de reve-zes com medidas tomadas pelos governos, situação que se com-plica ainda mais se a PEC 241 for aprovada.

“A 241 torna esse cenário ain-da pior, pois vincula os gastos à inflação e, se a inflação baixar, se-rão menos recursos ainda”, disse.

Este ano, a verba destinada ao SUS é estipulada pela Emen-da Constitucional 86, aprovada

Capa

Jornal do Simesp • 3

Desmonte do SUS

Adriana Cardoso

no início de 2015, que desvin-culou do PIB (EC 29) para a re-ceita corrente líquida da União os gastos destinados ao sistema (13,2% das receitas).

A mudança, conforme fri-sou o economista, já trouxe pre-juízo, pois traz imprevisibilida-de de recursos, ainda mais num cenário como o que vivemos.

Para a presidente da APSP, a conjuntura atual prejudica ain-da mais o projeto do SUS, que já sofre com a falta de recursos. “Temos um subfinanciamento histórico e hoje estamos com a naturalização do discurso con-trário às políticas sociais, o que é assustador”, disse.

Marília classificou a políti-ca do governo interino como “austericídio”, numa analogia à austeridade fiscal apregoada como argumento para jogar uma pá de cal em políticas so-ciais tão duramente implanta-das no país, como o SUS.

Um dos alvos principais das críticas endereçadas por Ma-rília foi o ministro da Saúde, Ricardo Barros, que chegou a declarar que o SUS precisa ser repensado, pois o Estado não vai conseguir sustentar a uni-versalização do atendimento médico.

“No momento em que o mi-nistro fala de criação de planos

populares para atender proce-dimentos de média complexi-dade para tirar as filas do SUS, ele joga no lixo toda a constru-ção para que a gente garanta a integralidade do sistema”, con-jecturou.

CompromissoO secretário de Comunicação e Imprensa do Simesp apontou que a agenda neoliberal dos go-vernos, especialmente a partir da década de 1990, cujo mote é o Estado mínimo, prejudicou o financiamento do sistema.

“O Estado brasileiro nunca pagou essa conta, nunca colocou o cheque que deveria colocar para garantir o funcionamento do SUS em sua plenitude, como está previsto na Constituição. Essa é uma dívida histórica que está na mesa.”

O presidente do Simesp, Eder Gatti, lembrou que a defe-sa do sistema sempre foi ban-deira histórica da entidade. “O Simesp vai seguir com a sua coerência na defesa do SUS. O que está colocado hoje beira à barbárie. Temos fechamento de serviços de excelência, demis-são de médicos e a população desassistida. É um debate que o Sindicato vai levar à sua base e também às outras entidades médicas”, afirmou.

Saúde pública pode sofrer danos irreversíveis caso medidas propostas pela equipe de Michel Temer sejam aprovadas. Diretoria do Simesp destaca que defesa do SUS é bandeira histórica da entidade

> Simesp Debate reuniu Marília Louvison (APSP), Gerson Salvador (Simesp) e Carlos Ocké-Reis (Cebes)

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Crise HU-USP

Ministério Público vai pedir revisão de PIDV

Abem

Reunião em SP discutiu avaliação de estudantes e de escolas

O Simesp sediou no dia 6 de agosto reunião ordinária da re-gional São Paulo da Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), na qual foram discu-tidos projetos da entidade para avaliar estudantes e escolas de medicina; ensino de urgência e emergência e programas de re-sidência; o projeto preceptores, para formação de médicos para o Sistema Único de Saúde (SUS), entre outros pontos.

Com o tema “Impacto e pers-pectivas dos projetos da Abem no estado de São Paulo”, a reu-nião teve o propósito de fazer um balanço das iniciativas da entidade que permanecem viá-veis na esfera estadual.

“Trata-se de uma reunião ordinária que a entidade reali-za, da qual participam profes-sores e estudantes das escolas de medicina do estado de São

Paulo, e o Sindicato dos Médi-cos tem acompanhado todos os debates por meio de uma parce-ria institucional que nós temos com a Abem”, diz a diretora da secretaria-Geral do Simesp, Di-ângeli Soares.

No encontro, também foi discutido o Sistema de Acredi-tação dos Cursos de Medicina no Brasil (Saeme), programa fruto de uma parceira da Asso-ciação Brasileira de Educação Médica com o Conselho Federal de Medicina (CFM), que passará a valer dentro de três anos.

Esses e outros assuntos tam-bém serão debatidos no 54º Congresso Brasileiro de Educa-ção Médica (Cobem), que será realizado de 12 a 15 de outubro, na UniCEUB, em Brasília, com o tema “Ensinar e aprender me-dicina: Desafios do presente e expectativas do futuro”.

> Parceria garante presença do Simesp nos debates da Abem> Representantes de entidades querem HU em pleno funcionamento

Na tentativa de minimizar os impactos da crise que as-sola o Hospital Universitário da USP (HU-USP), o promo-tor Arthur Pinto Filho, do Ministério Público Estadual de São Paulo, encaminhará uma moção à Universidade de São Paulo solicitando re-visão do Programa de Incen-tivo à Demissão Voluntária (PIDV), anunciado em julho passado.

A superintendência de-verá apresentar uma tabela com o número de profissio-nais necessários para recom-por a plena capacidade do HU. A deliberação é resultado de reunião ocorrida em 2 de agosto, no Ministério Público, com representantes da reito-ria da USP, do governo do Es-tado, dos sindicatos - Simesp, Adusp e Sintusp -, do Conse-

lho de Enfermagem de São Paulo e dos estudantes.

De acordo com o secre-tário de Comunicação e Im-prensa do Simesp, Gerson Salvador, que participou da reunião, o “Estado criticou a reitoria por pedir recursos para manter atendimento, mas promover novo PIDV”.

A crise se arrasta desde 2014 quando a reitoria da USP iniciou um PIDV, que acar-retou fechamento de leitos e déficit de 213 profissionais.

Para Salvador, é preciso co-brar reponsabilidades. “Vamos persistir na necessidade de um pacto que envolva a responsa-bilização dos gestores do Esta-do pelo custeio do hospital e que a universidade contrate os trabalhadores necessários para o pleno funcionamento do HU”, destaca.

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ButantãMudança de gestão

Novo contrato de trabalho com Iabas provoca prejuízos

Médicos e Simesp pressionam e SPDM aceita reivindicações

Diante dos abusos cometidos pelo Instituto de Atenção Bási-ca e Avançada à Saúde (Iabas) com o descumprimento do contrato de trabalho dos mé-dicos sub-rogados do Instituto de Responsabilidade Social do Hospital Sírio-Libanês (IRSSL), os profissionais ratificaram que vão entrar com ação coleti-va caso o Iabas não aplique to-dos os direitos garantidos pela gestão Sírio-Libanês.

Em assembleia na sede do Simesp, na noite de 11 de agosto, os médicos estavam revoltados com as condições a que estão sendo submetidos. Eles recla-maram de redução salarial e atrasos nos pagamentos. Com a transição, também perderam direito aos planos médico e odontológico e tiveram o valor do vale-alimentação reduzido.

“É uma carga altíssima de prejuízos. Esses trabalhadores estão sofrendo verdadeiro cons-trangimento em sua atividade profissional”, avaliou o presi-dente do Simesp, Eder Gatti.

O coordenador do departa-mento Jurídico do Sindicato, José Carlos Callegari, destacou que a sub-rogação prevê a ma-nutenção do contrato original de trabalho.

Ações trabalhistas individu-ais também são uma alternati-va. “Uma ação não prejudica a outra. A ação coletiva será in-gressada em nome de todos os

Após cinco encontros, a As-sociação Paulista para o De-senvolvimento da Medicina (SPDM) concordou com as reivindicações de médicos que trabalham na região do Butantã, zona oeste de São Paulo. Entre os pontos: a re-dução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais.

Desde que a SPDM substi-tuiu a Fundação Faculdade de Medicina (FFM) como gestora, ocorreram diversos conflitos. O Simesp intermediou as ne-gociações entre a categoria e a nova OS, criando uma mesa de negociação permanente para correção de distorções.

A partir dessa mesa foi constituído um acordo que garantiu resultado positivo aos trabalhadores. Em reu-nião no dia 11 de agosto, a SPDM concordou com nove pontos reivindicados pelos médicos: além da redução da jornada, comprometeu-se a aceitar o pedido de fraciona-mento de férias quando isso for requerido; a assegurar que o responsável técnico da área médica seja eleito pelos próprios trabalhadores mé-dicos; que os médicos possam participar do processo de ges-tão da agenda e da elaboração de estratégias dos proces-sos de trabalho pela própria equipe; garantir a participa-ção dos médicos no processo

médicos que trabalham no Ia-bas requerendo a manutenção dos benefícios do contrato de trabalho firmado com o Sírio. Assim, por ora, antes de esgo-tarmos as negociações junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) - que está intermediando as discussões - existem duas al-ternativas: ou o médico ingressa com ação pedindo rescisão in-direta do contrato de trabalho imediatamente, ou continua trabalhando e entra com ação posteriormente requerendo os direitos negados”, orientou Cal-legari.

Outra questão relevante é a dos oito médicos que não acei-taram a sub-rogação. Eles ale-garam na assembleia que estão sendo impedidos de trabalhar e não sabem o que fazer nem o que vai acontecer. A orientação é de que façam boletim de ocor-rência, pois o empregador não pode impedir o empregado de ingressar no local de trabalho sem qualquer justificativa legal plausível.

O Iabas substituiu o Sírio, a partir de 1º de julho, na ges-tão das seguintes unidades da Prefeitura de São Paulo: AMA (Assistência Médica Ambulato-rial) Santa Cecília, as UBSs Nos-sa Senhora do Brasil, Cambuci e Humaitá, o Pavs (Programa Ambientes Verdes e Saudáveis) e o Nasf (Núcleo de Apoio à Saúde da Família).

de seleção dos profissionais em conjunto com a gerência local, entre outros.

Para José Erivalder Gui-marães de Oliveira, secretá-rio de Relações do Trabalho do Simesp, o acordo foi um avanço. “É uma conquista dos médicos, que se mobilizaram e participaram ativamente do processo de negociação jun-tamente com o Simesp. Por meio do diálogo, consegui-mos resolver parte dos con-flitos. É uma vitória de todos”, reconhece Oliveira.

Negociações continuamApesar dos avanços, o secre-tário do Sindicato reforça que as negociações não estão encerradas, ao contrário, de-vem permanecer. “Há ainda uma série de reivindicações, como a substituição de mé-dico plantonista quando ele entra férias”, diz. A próxima reunião está agendada para 19 de setembro.

A SPDM assumiu o coman-do das unidades do Butan-tã - vinculadas à Secretaria Municipal de Saúde - oficial-mente em 1º de junho, mas o processo de transição já vinha acontecendo. Ao longo do mês de maio, médicos e demais profissionais se mobilizaram contra as demissões coletivas e outros problemas decorren-tes da troca de gestão.

> Médicos discutem estratégias em assembleia no Sindicato > OS vai reduzir jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais

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Plantão Médico

6 • Jornal do Simesp

Médica escolheu medicina de família e comunidade pela possibilidade de estabelecer vínculos com a população

Greve é direito fundamental do trabalhador, inclusive do médico, desde que sejam respeitadas algumas regras. É o que explica o coordenador do departamento Jurídico do Simesp, José Carlos Callegari

Direito à greve e os serviços essenciais

O trabalhador só pode fazer gre-ve para defender sua própria ca-tegoria?O direito à greve está garantido pelo Constituição Federal (art. 9º). Porém, uma leitura mais restritiva entende que a greve só é permitida para reivindi-car direitos relacionados à pró-pria categoria do trabalhador. Essa é a posição dominante nos tribunais trabalhistas, sendo vedadas, portanto, “greves de solidariedade” ou “greves polí-ticas”, o que é um contrassenso

considerando que greve é um ato político em si.

O médico deve tomar alguns cui-dados antes de iniciar uma gre-ve, não é mesmo? A lei 7.789/89 descreve os chama-dos “serviços essenciais”, como é o caso da atividade médica, e que não podem ser totalmente paralisados. Nesses serviços, a greve deve ser comunicada aos empregadores e usuários com antecedência de 72 horas. No caso dos médicos,

> O que você gostaria de ler na próxima edição? Mande suas sugestões: [email protected] <

Leia em nosso portal a íntegra doartigo de José Carlos Callegari

http://goo.gl/x8zsye

Jurídico Responde

é preciso também informar o Conselho Regional de Medicina e manter urgência e emergên-cia em funcionamento.

É importante o respaldo do sindi-cato da categoria na mobilização?Greve é um ato coletivo. Por isso, é muito importante a va-lorização dos espaços coletivos e do sindicato na condução dos processos grevistas. O entendi-mento majoritário da Justiça do Trabalho é que é abusiva a greve iniciada antes de esgo-tados todos os meios de nego-ciação. Então, sempre procure seu sindicato, que pode ajudar e apoiar as negociações entre patrões e empregados. E, caso tais negociações não venham a ter sucesso, a entidade sindi-cal possui condições formais e materiais para conduzir movi-mentos grevistas.

Adriana Cardoso

Metas em detrimento do bom atendimento

> Márcia Fernandes: “Se não cumprimos as metas, OS sofre corte de verbas”

Quando decidiu especializar-se em medicina de família e comunidade, a médica Márcia Fernandes, 31 anos, via nesse ramo a possibilidade de estabe-lecer vínculos com os pacien-tes. “Fiz por achar que, assim, ficaria o mais próximo possível da população, pois esse tipo de especialista cuida das pessoas pelo que elas são, e não pela do-ença que têm”, avalia.

Ainda que continue reali-zada na modalidade que esco-lheu, Márcia não gosta nada do rumo que a saúde pública vem

tomando, especialmente desde o ano passado, quando a Pre-feitura Municipal de São Paulo finalizou o processo de chama-mento de organização social no território onde está a Unidade Básica de Saúde em que traba-lha, na zona sul da capital pau-lista.

Na verdade, neste caso, não houve troca de OS na gestão da UBS. “A OS é a mesma, o que mudou foi o método de traba-lho. Os fluxos, a organização da equipe e do serviço mudaram e para pior”, critica.

O que deveria ser atendi-mento público de saúde ga-nhou toques de empresa capi-talista, com cumprimento de metas. “O processo de trabalho está mais travado e com mui-to mais cobranças, pois, se não cumprimos as metas, eles (OS) sofrem corte de verbas. Acredi-to que a cobrança ficou tão in-tensa que pode até abrir prece-dentes para sofrermos assédio moral”, diz.

A consequência do clima é que profissionais de outras áreas estão se afastando por

doenças como depressão, en-quanto alguns colegas médi-cos estão indo para a iniciati-va privada ou até mesmo indo trabalhar na rede pública de outras cidades.

“Acho muito triste, pois é um projeto de construção do sistema público de saúde que está sendo abandonado. Eu gosto do que faço e quero fazer bem feito. Não quero que me-tas importem mais que o bom atendimento”, destaca a médi-ca, que também não descarta ir para outra cidade.

Célio

Lui

gi

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Entrevista

Como funciona a PrEP (Pro-filaxia Pré-Exposição)?A PrEP se insere na categoria de prevenções biomédicas com o uso de antirretrovirais em pessoas que não têm HIV, mas que são altamente vulne-ráveis a ele, para que tenham diminuídas as chances de se infectarem. Na PrEP, o pa-ciente toma diariamente um comprimido, comercialmen-te conhecido como Truvada, que tem dois antirretrovirais conjuntos, o tenofovir e a em-tricitabina, que reduzem bas-tante as chances de infecção. O tratamento é voltado para quem não consegue usar pre-servativo de forma consis-tente, como profissionais do sexo, casais sorodiscordantes (quando um tem HIV e o ou-tro não), enfim, todos aqueles em risco que, por razões dis-tintas, não se previnem com os métodos tradicionais.

Como foi realizada a pesqui-sa e como foi demonstrada sua eficácia?Os primeiros estudos publi-cados conseguiram demons-trar que o uso do Truvada era uma estratégia eficaz de pre-venção contra o HIV. O iPrEX (Quimioprofilaxia para Pre-

venção do HIV em Homens ou Iniciativa PrEP) foi publicado em 2012 e, a partir daí, a Organi-zação Mundial da Saúde (OMS) recomendou que todos os países com epidemia descontrolada, como o Brasil, avaliassem usar a PrEP para os grupos de maior vulnerabilidade. Em 2013, o Mi-nistério da Saúde pediu à Fio-cruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro, e à USP e ao CRT (Centro de Referência e Treinamento DST/Aids), aqui em São Paulo, que organizassem um piloto. A partir de 2014 até 2016, começamos a dar Truvada para 500 voluntários - pessoas que faziam sexo desprotegido ou que tinham histórico de DST (Doenças Sexualmente Trans-missíveis). A conclusão da PrEP Brasil foi que o tratamento é se-guro, não houve efeito colateral grave; eficaz, uma vez que quem tomou Truvada não se infectou; e a aceitação foi enorme. Recen-temente, o Ministério da Saúde se posicionou favoravelmente à incorporação do tratamento no SUS até o fim do ano.

A rede pública já oferece, desde 2010, a PEP (Profilaxia Pós-Ex-posição). Como funciona? Sim. A PEP permite um trata-mento durante 28 dias e deve

ser iniciado em até 72 horas após exposição. É voltado basi-camente a vítimas de violência sexual ou de acidentes ocupa-cionais, como profissionais da saúde que se machucam com agulha com resíduos de sangue infectado, ou até mesmo quem teve relação sexual consentida se expondo ao risco. Esse trata-mento é mais completo – são três antirretrovirais. Se a pessoa toma corretamente, a redução do risco de infecção é de até 99%.

A epidemia continua crescendo...No Brasil e no mundo a epide-mia de Aids está longe de ser controlada. Em 2014, mais de 2 milhões de pessoas contraíram o vírus. O que melhorou nesses anos foi o tratamento às pessoas infectadas, evitando que mor-ram. Se ela tomar o remédio, vive direitinho. Mas a prevenção ain-da é desfalcada. No Brasil, nos últimos 10 anos, cerca de 40 mil pessoas foram infectadas a cada ano e esse número não está di-minuindo, o que reforça a ideia de que a prevenção pelo uso da camisinha e a escolha de parcei-ros ainda é falha. Recentemente, verificamos que há uma infec-ção maior entre os jovens que, aliás, é um grupo de extremo interesse quando pensamos em

PrEP, pois o uso de preservati-vo, para eles, está se mostran-do extremamente ineficaz.

Quando os jovens recebem o diagnóstico de HIV, percebe-mos que não ficam desespe-rados, pois não há entre eles aquele fantasma que o vírus representou na década de 1980.

Mas a existência desses tra-tamentos não significa que os métodos tradicionais de-vem ser abandonados, não é mesmo?De jeito nenhum! Na PrEP Brasil a gente dá camisinha, pois esse ainda é o melhor método contra as DSTs em ge-ral. Quando falamos em PrEP, estamos falando em redução de danos. É importante frisar que a PrEP só previne contra o HIV e não as demais DSTs. A ideia de usar o Truvada para parar de usar camisinha é extremamente errada. O raci-cíonio certo seria: “Já que não consigo me proteger só com a camisinha, devo usar a PrEP para me manter soronegativo para o HIV”.

O infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) Ricardo Vasconcelos, 37 anos, é um dos médicos pesquisadores participantes da PrEP Brasil, projeto que segue diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) para oferecer tratamento preventivo à população mais vulnerável à infecção por HIV. O Ministério da Saúde já anunciou que pretende incorporá-lo ao Sistema Único de Saúde (SUS) até o fim do ano

Adriana Cardoso

“PrEP previne o HIV, não as DSTs em geral”

Leia em nosso portal a íntegra desta entrevista

http://goo.gl/4iKpml

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Cultura

8 • Jornal do Simesp

Mais cultura

CineSescA Avenida Paulista (ou seu en-

torno) abriga a maioria dos ci-

nemas de rua que resistem na

cidade de São Paulo. Um deles

é a sala de cinema do Sesc (ou

CineSesc), localizada na Rua

Augusta, 2.075. O local, famoso

por um bar localizado na pró-

pria sala de projeção, funciona

de domingo a segunda (das 14h

às 21h30). Além das sessões

de cinema, o CineSesc também

oferece, no mesmo espaço, cur-

sos sobre a sétima arte.

Espaço Itaú Na mesma Rua Augusta, mas

no número 1.475, encontra-se

o Espaço Itaú de Cinema. Um

complexo com cinco salas de

projeção. As três maiores se

encontram no número 1.475.

As duas menores em um anexo

quase em frente (no número

1.470). O horário de funciona-

mento pode variar de acordo

com a programação semanal

de filmes. Daí a recomendação

de acessar o seguinte endere-

ço antes de sair de casa: itauci-

nemas.com.br

Reserva CulturalLocalizado na Avenida Pau-

lista, 900, abre todos os dias

das 10h às 22h. Aos sábados,

funciona até meia-noite. O

espaço possui uma pequena

livraria, Bistrô e uma Boulan-

gerie. O Reserva Cultural, que

possui uma programação que

foge do cinema dito comercial,

fica entre as estações Trianon-

Masp e Brigadeiro do metrô.

Para conhecer a programação,

consulte o site: reservacultural.

com.br

Casa das Caldeiras

> Tombada em 1986 pelo Condephaat, a construção de alvenaria de tijolos foi restaurada e revitalizada em 1999

É uma casa muito engraçada... Além de três enormes cha-minés, ela possui túneis, for-nalhas e, muito importante, caldeiras, já que falamos da Casa das Caldeiras. O edifício, que data da década de 1920 do século passado, foi construído para abrigar caldeiras vindas da Europa. A ideia era produ-zir energia para garantir que o parque industrial de Fran-cisco Matarazzo, nas proxi-midades, funcionasse a todo vapor (e a partir da energia gerada pelo próprio, é claro).

Nos fundos da casa há uma linha de trem, muita usada em outra época, para que as fábricas de Matarazzo fossem abastecidas com matéria-prima e também pudessem escoar a produção. Trata-se, hoje, da Linha 7 Rubi da Com-panhia Paulista de Trens Me-tropolitanos (CPTM). A pro-dução era variada: sabonetes, velas, sacarias, entre outros.

Após fornecer energia, durante décadas, para o com-plexo industrial da família Matarazzo, a Casa das Caldei-

ras seria desativada no final dos anos 1970. Ela seria tombada, em 1986, pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Ar-queológico, Artístico e Turístico (Condephaat) e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), mas seguiria abandonada até os anos 1990.

“O edifício foi restaurado em 1998-1999 quando então se revitaliza com um novo uso e volta a participar dos aconteci-mentos e do desenvolvimento da cidade, como um espaço es-pecial para as celebrações e os eventos sociais, institucionais, artístico-culturais”, diz texto disponível na página do local.

Outras energias“A fim de revitalizar a propos-ta inicial da Casa das Caldeiras, que funcionava como geradora de energia às indústrias, surgiu a Associação Cultural Casa das Caldeiras (ACCC), focando no direcionamento da geração de outras energias: artísticas, cul-turais e sociais”, diz o site.

“Criada em 2005, a ACCC tem como objetivo implantar e de-

senvolver ocupações de arte e cultura no espaço, propondo a valorização do patrimônio his-tórico e seu talento para a rea-lização de ocupação múltipla”, acrescenta.

A partir de 2008, por exem-plo, aos domingos, no período de abril a novembro, acontecem es-petáculos, palestras, seminários, performances, oficinas e outras atividades no programa bati-zado “Tododomingo”. O evento, que acontece das 16h às 20h, tem entrada gratuita.

Outro programa, intitulado “Obras em construção”, pro-move residências artísticas no local. O site explica: “valoriza o processo do artista no curso do desenvolvimento de sua obra com o território, tendo como te-mática, a dialética entre arte e patrimônio que a Casa das Cal-deiras inspira e incita”.

A Casa das Caldeiras fica na Avenida Francisco Matarazzo, 2.000, no bairro da Água Branca, zona oeste de São Paulo. Antes de sair de casa, recomenda-se olhar a programação no site ou ligar para: (11) 3873-6696.

Leonardo Gomes Nogueira

Conheça o lugar criado para gerar energia para as antigas fábricas Matarazzo e que hoje abriga festas e atividades culturais

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