RINOSSINUSITES -...

22
RINOSSINUSITES junho de 2016

Transcript of RINOSSINUSITES -...

Page 1: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

RINOSSINUSITES

junho de 2016

SUMAacuteRIO

1 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO 3

2 ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA 4

3 CLASSIFICACcedilAtildeO DAS RINOSSINUSITES 7

4 RINOSSINUSITE AGUDA (RSA) 8

5 DIAGNOacuteSTICO NA RSA 9

6 AVALIACcedilAtildeO COMPLEMENTAR POR IMAGEM NA RSA 10

7 MICROBIOLOGIA NA RSA 13

8 TRATAMENTO DA RSA 14

81 Aspectos relevantes 14

9 CONSIDERACcedilOtildeES NO TRATAMENTO SINTOMAacuteTICO 14

91 Descongestionantes nasais de uso toacutepico 14

92 Descongestionantes sistecircmicos orais 14

93 Anti-histamiacutenicos 15

94 Irrigaccedilatildeo com soluccedilatildeo salina 15

95 Corticoide nasal 15

96 Corticoide oral 15

97 Antibioacuteticos 16

10 COMPLICACcedilOtildeES DAS RSA 17

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC) 18

111 Aspectos relevantes 18

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC 18

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES 19

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA 19

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA 19

REFEREcircNCIAS 21

3

Muitas vezes os pacientes aceitam como sinusite qualquer dor na face As cefaleias tensionais ou crises de enxaqueca recorrente satildeo frequentemente assimiladas como ldquosinusitesrdquo4

1 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO

A rinossinusite (RS) eacute considerada uma das afecccedilotildees mais prevalentes das vias aeacutereas superiores

Estima-se que seja um dos problemas de sauacutede puacuteblica de maior incidecircncia no mundo com

importante impacto soacutecio econocircmico

Com o aumento das doenccedilas respiratoacuterias nas uacuteltimas deacutecadas passou a ser progressivamente

mais reconhecida e tratada por um grande nuacutemero de profissionais meacutedicos generalistas

pediatras pneumologistas e alergologistas1

Segundo o National Center for Health Statistic cerca de 294 milhotildees de pacientes acima de 18

anos tiveram este diagnoacutestico nos Estados Unidos em 2014 Estima-se tambeacutem que nos EUA

entre 33 e 50 das consultas realizadas por cliacutenicos gerais estejam relacionadas com infecccedilotildees

das vias aeacutereas ou da cabeccedila e pescoccedilo

Avaliou-se ainda que 87 das consultas para tratamento da rinossinusite foram realizadas por

cliacutenicos gerais sendo os Otorrinolaringologistas apenas chamados a intervir em situaccedilotildees de difiacutecil

controle234

Trata-se de patologia que afeta qualquer grupo etaacuterio ou eacutetnico comprometendo as atividades

diaacuterias do indiviacuteduo sua capacidade laborativa eou acadecircmica1

Estudos para avaliar a qualidade de vida dos pacientes com RS concluiacuteram que na fase crocircnica

essa tem pior impacto na qualidade de vida quando comparado agrave artrite reumatoacuteide diabetes

insulino-dependente e doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC)25

Atualmente representam 9 de todas as prescriccedilotildees de antibioacuteticos em crianccedilas e 21 das

prescriccedilotildees em adultos6

A preocupaccedilatildeo com o uso indiscriminado de antibioacuteticos e a resistecircncia bacteriana e mundial

principalmente quando se detecta que aproximadamente 50 milhotildees das prescriccedilotildees nos EUA

foram com antibioacuteticos6

O diagnoacutestico e o tratamento das rinossinusites satildeo

questotildees polecircmicas visto que outras doenccedilas podem

ocasionar sintomatologia semelhante confundindo-se

com aquelas que se manifestam no segmento cefaacutelico

ou de vias aeacutereas superiores

O proacuteprio conceito que os indiviacuteduos tecircm da

rinossinusite interfere na praacutetica meacutedica A

automedicaccedilatildeo muitas vezes prejudicial ao doente

pode tambeacutem contribuir para evoluccedilatildeo da doenccedila e

confusatildeo diagnoacutestica

A RS caracteriza-se por inflamaccedilatildeo da mucosa do nariz e seios paranasais a partir de um

processo agudo nasal infeccioso de etiologia viral bacteriana fuacutengica aleacutergica ou funcional

4

A atual designaccedilatildeo de rinossinusite justifica-se pela frequente coexistecircncia de sinusite e rinite no

mesmo doente A inflamaccedilatildeo dos seios paranasais eacute na maioria dos casos acompanhada do

comprometimento preacutevio ou simultacircneo da cavidade nasal Portanto rinite e sinusite satildeo

estaacutegios diferentes de um mesmo processo A rinite pode ocorrer isoladamente contudo a

sinusite sem a rinite eacute de ocorrecircncia rara 789

A RS pode tambeacutem ser um fator agravante para a hiperreatividade brocircnquica Estudos

demonstraram que o tratamento da doenccedila sinusal melhora os sintomas da asma Apesar da

associaccedilatildeo epidemioloacutegica de asma rinite e sinusite diferirem a coexistecircncia de asma e rinite

eou sinusite eacute observada desde Galeno9

2 ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA

Os seios da face constituem um conjunto de espaccedilos preenchidos por ar dentro do cracircnio

anterior que se comunicam com as cavidades nasais atraveacutes de pequenos oacutestios e recebem a

denominaccedilatildeo do osso a que pertencem (FIGURA 1)

Toda essa estrutura eacute revestida por um tecido epitelial ciliacutendrico ciliado vibraacutetil pseudo-estratificado

produtor de muco rico em lisozimas mucopolissacariacutedeos e mucoproteinase IgA secretora que

atuam como uma proteccedilatildeo contra antiacutegenos respiratoacuterios mantendo a umidade nasal atraveacutes de um

ldquotapete rolanterdquo de muco que possui pH de 68 a 74 e temperatura entre 18 e 37degC

Na elaboraccedilatildeo do diagnoacutestico e estrateacutegia terapecircutica a

anatomofisiopatologia e a classificaccedilatildeo das vaacuterias formas de

manifestaccedilatildeo de um quadro de RS satildeo fundamentais

5

A presenccedila de secreccedilatildeo mucosa clara transparente ou brancacenta muitas vezes mencionada pelo paciente como pigarro ou mesmo ldquogotejamento posteriorrdquo e fruto na grande maioria das vezes de um processo nasossinusal fisioloacutegico

FIGURA 1 Anatomia dos Seios da face

Fonte Da autora - imagem anatocircmica cedida pelo laboratoacuterio FMQ

Esse muco eacute transportado dos seios da face atraveacutes dos estreitos oacutestios de comunicaccedilatildeo para as

cavidades nasais e faringe neutralizando a accedilatildeo das bacteacuterias e fungos do ar numa velocidade de

025 a 075 cmminuto impulsionado pela vibraccedilatildeo dos aproximadamente 8 ciacutelios de cada ceacutelula

epitelial que vibram 160 a 250 vezes por minuto6

A boa funccedilatildeo nasossinusal eacute

dependente

Da patecircncia dos oacutestios de drenagem das

cavidades paranasais

Da funccedilatildeo ciliar adequada

Da qualidade das secreccedilotildees nasais

Da integridade do sistema imunoloacutegico

do indiviacuteduo

Qualquer interferecircncia sistecircmica ou local

como a obstruccedilatildeo do oacutestio sinusal parcial ou completa por qualquer motivo pode ocasionar

estagnaccedilatildeo de secreccedilotildees nas cavidades sinusais

Com a obstruccedilatildeo do oacutestio a pressatildeo de oxigecircnio cai o que predispotildee ao crescimento de bacteacuterias

anaeroacutebias diminuiccedilatildeo do pH e das defesas locais interferindo no transporte mucociliar e

liberaccedilatildeo de enzimas proteoliacuteticas pelos leucoacutecitos910

6

Instala-se entatildeo edema adicional da mucosa agravando a obstruccedilatildeo do oacutestio sinusal e a

interrupccedilatildeo do transporte mucociliar nos seios paranasais (FIGURA 2)

Neste contexto identificar os fatores locais e sistecircmicos que contribuem para a obstruccedilatildeo e

alteraccedilatildeo da dinacircmica nasal que levam a rinossinusite torna-se fundamental para o diagnoacutestico

e tratamento (Tabela 1)

FIGURA 2 Fisiopatologia das Rinissinusites

Fonte Da autora

7

TABELA 1 Fatores que interferem na dinacircmica nasal

Fonte Consenso de Rinossinusites (2013)

3 CLASSIFICACcedilAtildeO DAS RINOSSINUSITES

O criteacuterio utilizado para classificar as Rinossinusites estaacute baseado na duraccedilatildeo e manifestaccedilatildeo dos

sintomas Classificam-se em aguda subaguda crocircnica e recorrente11

Importante tambeacutem eacute considerar a gravidade da doenccedila (TABELA 2)

A Escala Visual Analoacutegica (EVA) validada em 2012 pela European Position Paper on Rhinosinusitis

and Nasal Polyps (EPOS) (FIG 2) eacute um instrumento cada vez mais utilizado na tentativa de

compreender o niacutevel do desconforto do paciente frente ao quadro apresentado Nela o paciente eacute

solicitado a quantificar de 0 a 10 o grau de incocircmodo causado pelos sintomas onde 0 significa

nenhum incocircmodo e 10 o maior incocircmodo possiacutevel

A gravidade eacute entatildeo classificada em

leve 0-3 cm

moderada gt 3-7 cm

grave gt 7-10 cm

FFFaaatttooorrreeesss LLLooocccaaaiiisss

OOObbbssstttrrruuutttiiivvvooosss

FFFaaatttooorrreeesss LLLooocccaaaiiisss

FFFuuunnnccciiiooonnnaaaiiisss FFFaaatttooorrreeesss SSSiiissstttecircecircecircmmmiiicccooosss

Edema de mucosa

(IVAS Rinite Aleacutergica)

Desvio de septo

Poacutelipos

Corpo estranho

Massas tumorais

Atresia coanal

Comprometimento da

funccedilatildeo ciliar

Exposiccedilatildeo ao ar frio ou

seco

Uso de drogas

Uso de medicamentos

(descongestionantes

toacutepicos)

Condiccedilotildees Debilitantes

Desnutriccedilatildeo

Uso prolongado de

esteroides

Diabetes Mellitus

descompensado

Quimioterapia

Imunodeficiecircncias IgG IgA

AIDS

Estresse

Alteraccedilatildeo das secreccedilotildees

exoacutecrinas

Mucoviscidose

Doenccedila dos ciacutelios imoacuteveis

8

A classificaccedilatildeo em leve moderada e grave tem implicaccedilotildees terapecircuticas ajudando na tomada

de decisatildeo em relaccedilatildeo ao uso de corticoide intranasal eou antibioacutetico

TABELA 2 Classificaccedilatildeo das Rinossinusites

Fonte Diretrizes Brasil de Rinossinusites (2008)

4 RINOSSINUSITE AGUDA (RSA)

Por ser um processo de manifestaccedilatildeo aguda eacute o estaacutegio mais frequentemente avaliado por

profissionais em pronto atendimento

Trata-se de um processo inflamatoacuterio da mucosa rinossinusal de iniacutecio suacutebito que pode perdurar

por ateacute quatro semanas Pode manifestar-se em um mesmo indiviacuteduo uma ou mais vezes num

determinado periacuteodo de tempo mas sempre com remissatildeo completa dos sinais e sintomas entre

os episoacutedios1112

CCllaassssiiffiiccaaccedilccedilatildeatildeoo ddaass RRiinnoossssiinnuussiitteess

AAgguuddaa

Duraccedilatildeo dos sintomas por ateacute 4 semanas

Inicio suacutebito e geralmente associado a IVAS

Regride completamente apoacutes o tratamento ou

espontaneamente

SSuubbaagguuddaa Duraccedilatildeo dos sintomas prolonga-se por 4 a 12 semanas

Eacute uma evoluccedilatildeo do quadro agudo

CCrrocircocircnniiccaa Sintomas persistem por um periacuteodo superior a 12 semanas

RReeccoorrrreennttee

Presenccedila de 4 ou mais episoacutedios de Rinossinusite aguda em 12

meses com remissatildeo total dos sintomas entre os episoacutedios

Ausecircncia de sintomas Maior incocircmodo imaginaacutevel

FIGURA 2 Escala visual analoacutegica (EVA) ndash Gravidade dos sintomas de Rinossinusite

9

Na maioria das vezes a RSA de qualquer etiologia tem maior gravidade sintomatoloacutegica do que a

fase crocircnica onde os sintomas satildeo menos intensos

Dentre as vaacuterias classificaccedilotildees para as RSA a mais utilizada eacute a etioloacutegica baseada nos sinais

sintomas e no tempo de duraccedilatildeo dos mesmos

Viral ndash quando a duraccedilatildeo dos sintomas eacute menor que dez dias

Poacutes Viral ndash Na piora dos sintomas apoacutes cinco dias da doenccedila inicial ou na persistecircncia dos

sintomas por mais de dez dias da doenccedila inicial

Bacteriana ndash Quando independente do tempo de evoluccedilatildeo da doenccedila ocorrer pelo menos trecircs dos

sinais ou sintomas como

Secreccedilatildeo mucopurulenta em nariz e rinofaringe

Dor na face (com predominacircncia unilateral)

Temperatura acima de 38degC

VHS ou PCR elevadas

Reagudizaccedilatildeo ou piora apoacutes a fase inicial de sintomas leves

5 DIAGNOacuteSTICO NA RSA

O profissional que avalia um possiacutevel quadro de RSA meacutedicos generalistas ou especialistas deve

ter em mente que uma boa anamnese e o exame fiacutesico satildeo a base para o diagnoacutestico13

Frequentemente nos deparamos com queixas de

Obstruccedilatildeo nasal que pode ser uni ou bilateral Deve-se considerar que eacute um sintoma subjetivo e

inespeciacutefico variando de indiviacuteduo para indiviacuteduo presente tanto na forma viral quanto bacteriana

e de forma isolada nas rinopatias13

Secreccedilatildeo nasal anterior eou posterior eacute um sinal fortemente sugestivo de RSA Quando aquosa

ou mucoide sugere um quadro inicial viral ou aleacutergico Quando mucopurulenta com ou sem

sinais de sangramento eacute fortemente sugestivo de um quadro bacteriano813

Dor ou pressatildeo facial ou cefaleia podem estar presentes nas formas virais e bacterianas Nos

quadros virais tende a ser mais difusa e pode ser intensa Nos quadros bacterianos eacute

classicamente em peso natildeo pulsaacutetil e piora com a inclinaccedilatildeo da cabeccedila para frente Pode haver

dor dentaacuteria referida que piora com a mastigaccedilatildeo Deve-se considerar que apesar de frequumlente

natildeo eacute sintoma especiacutefico para o diagnoacutestico Pode ser fator de confusatildeo diagnoacutestica e eacute incomum

como manifestaccedilatildeo isolada de sinusopatias

Natildeo satildeo raros os diagnoacutesticos de sinusite equivocadamente estabelecidos para pacientes com

enxaqueca e quadros psicossomaacuteticos Pode tambeacutem estar presente em quadros febris de

qualquer etiologia6813

10

Alteraccedilotildees do olfato - Hiposmia ou anosmia Ocasionados pela obstruccedilatildeo nasal influecircncia das

secreccedilotildees purulentas presentes na cavidade nasal (cacosmia) ou por lesotildees diretas do epiteacutelio

olfatoacuterio por viacuterus ou bacteacuterias6

Halitose - Manifestaccedilatildeo frequente e quando associada agrave obstruccedilatildeo nasal rinorreia e tosse

aumenta a suspeita para o diagnoacutestico de rinossinusite Quando isolada deve-se considerar outras

possibilidades como o caseum tonsilar e corpo estranho nasal principalmente em crianccedilas611

Tosse - (seca ou produtiva) pelas secreccedilotildees que drenam posteriormente pela rinofaringe aleacutem de

irritaccedilatildeo fariacutengea lariacutengea traqueal e rouquidatildeo13

Plenitude auricular - causada pela drenagem de secreccedilotildees na regiatildeo do oacutestio fariacutengeo da tuba

auditiva13

6 AVALIACcedilAtildeO COMPLEMENTAR POR IMAGEM NA RSA

O Raio X simples de Seios da Face eacute um exame cada vez menos valorizado pelos

otorrinolaringologistas Nos casos agudos o RX simples eacute dispensaacutevel visto que a histoacuteria cliacutenica e

o exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico satildeo suficientes Quando solicitado deve ser na posiccedilatildeo

ortostaacutetica para avaliar a presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIGURA 3) Observa-se no entanto uma

excessiva valorizaccedilatildeo das radiografias simples dos seios da face1

Fonte Projeto Diretrizes - ABORL CCF 2012- CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

Consideraccedilotildees frente agrave solicitaccedilatildeo de Rx de Seios da Face

Satildeo exames inespeciacuteficos que natildeo conseguem diferenciar causas virais e bacterianas

Discrepacircncia entre achados tomograacuteficos e radioloacutegicos em torno de 80

Natildeo recomendaacutevel em crianccedilas abaixo de 2 anos

Confiaacutevel apenas na presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIG 3)

Poacutelipos cistos hipoplasia de cavidades paranasais podem resultar em falso-positivo

(FIG3)

Os sinais observados que podem sugerir RSA satildeo espessamento mucoso gt 4mm niacutevel

liacutequido e opacificaccedilatildeo de um ou mais seios da face (FIG 3)

50 crianccedilas com IVAS de causa viral apresentam seios maxilares alterados ao Rx

11

FAZER OU NAtildeO O RX DE SEIOS DA FACE

Esta decisatildeo principalmente nas crianccedilas necessita tambeacutem do conhecimento do

desenvolvimento e crescimento das cavidades nasais e paranasais

Seios Maxilares

Mede 6 a 8 cm3 ao nascimento

Algumas pessoas chegam agrave idade adulta com seio hipoplaacutesico

Visiacutevel ao RX a partir do quarto ao quinto mecircs de idade

Seios etmoidais

Desenvolve-se a partir do terceiro mecircs de vida intrauterina

Dimensotildees semelhantes ao do adulto aos 12 anos de idade

Natildeo aparece ao Rx ateacute o primeiro ano de vida

Seios frontais

Natildeo eacute possiacutevel diferenciaacute-lo do seio etmoidal ao nascimento

Seu crescimento ocorre ateacute os 20 anos

Pode ser reconhecido radiologicamente apoacutes o quinto ano de vida

Seios esfenoidais

Comeccedila seu desenvolvimento em meacutedia aos cinco anos estendendo seu

crescimento em direccedilatildeo agrave sela tuacutercica terminando seu desenvolvimento ateacute o final

da adolescecircncia

Visiacutevel ao Rx apoacutes os 5 anos

Fonte Navarro JAC (1997)14

12

FIGURA 3 Alteraccedilotildees detectaacuteveis ao RX de seios da face

Fonte Da autora Imagens de arquivo proacuteprio

Tomografia computadorizada (TC) - Natildeo deve ser utilizada no diagnoacutestico inicial de RSA Deve ser

solicitado fora da fase aguda da doenccedila exceto nas suspeitas de complicaccedilotildees

Deve ser considerada nos quadros graves e em pacientes imunossuprimidos na vigecircncia de

complicaccedilotildees na suspeita de rinossinusite fuacutengica e no planejamento ciruacutergico Podem ser

encontradas alteraccedilotildees em crianccedilas saudaacuteveis (falso positivo)1315

Ressonacircncia magneacutetica (RM) - Natildeo estaacute indicada em casos de patologias nasossinusais agudas

Pode ser recomendada na avaliaccedilatildeo de complicaccedilotildees intracranianas das patologias nasossinusais

A RM fornece importantes informaccedilotildees sobre a mucosa e demais tecidos moles 1315

Endoscopia nasal (fibronasofaringoscopia) - A endoscopia nasal eacute recomendada aos pacientes

com qualquer tipo de queixa nasal Permite avaliar todas as porccedilotildees da cavidade nasal com

anaacutelise macroscoacutepica detalhada da mucosa nasal e sinusal Eacute completamente dispensaacutevel no

diagnoacutestico de RSA pois a ausecircncia de alteraccedilotildees endoscoacutepicas com histoacuteria cliacutenica compatiacutevel

natildeo afasta o diagnoacutestico de RSA Pode entretanto ser uacutetil na avaliaccedilatildeo da anatomia rinossinusal

como fator causal do processo infeccioso 1315

13

FIGURA 4 Imagens comparativas na rinossinusite maxilar esquerda Fonte Da autora Imagens

utilizadas de arquivo proacuteprio

Imagem utilizada disponiacutevel em httpwwwclinicacosercomveja-fotos-derinoscopia7 Acessado em 25042016

7 MICROBIOLOGIA NA RSA

Nas formas virais os agentes frequentemente envolvidos satildeo o Rhino-influenzae influenzae e

parainfluenzae de forma isolada ou associada agraves infecccedilotildees bacterianas pois em mais de 30 dos

casos de sinusite aguda a infecccedilatildeo eacute polimicrobiana2611

Quando presentes as bacteacuterias mais comumente envolvidas satildeo o S pneumoniae (55) H

influenzae (20) viacuterus respiratoacuterios (15) anaeroacutebios (9) M catarrhalis Streptococcus

hemoliacutetico do grupo A e Streptococcus alfa-hemoliacutetico (1)2611

Na presenccedila das patologias onde ocorre a diminuiccedilatildeo da motilidade ciliar (fibrose ciacutestica siacutendrome

da imotilidade ciliar siacutendrome de Kartagener) Pseudomonas aeruginosa e Staphilococcus aureus

podem estar presentes2611

H influenza S pneumoniae Aspergillus species Candida albicans Legionella pneumophila

fungos da classe Zygomicetes e da ordem Mucorales (Rhizopus arrhizus Mucor sp) podem ser

encontrados em pacientes com doenccedilas sistecircmicas que passaram por infecccedilatildeo viral recente ou

terapia com corticosteroides e na siacutendrome da imunodeficiecircncia adquirida (Sida)2611

14

8 TRATAMENTO DA RSA

Aspectos relevantes

Como a maior parte das infecccedilotildees nas RSA eacute de etiologia viral o objetivo do tratamento eacute

minimizar sintomas de obstruccedilatildeo nasal e da rinorreia promovendo a resoluccedilatildeo dos mecanismos

fisiopatoloacutegicos e o tratamento das exacerbaccedilotildees visando

Permitir e favorecer boa drenagem e ventilaccedilatildeo dos seios paranasais

Limpeza nasal com soluccedilatildeo fisioloacutegica

Uso de anti-inflamatoacuterios (esteroides natildeo esteroides)

Antibioticoterapia (se necessaacuterio)

9 CONSIDERACcedilOtildeES NO TRATAMENTO SINTOMAacuteTICO

91 Descongestionantes nasais de uso toacutepico

Nas infecccedilotildees virais podem ser prescritos como sintomaacuteticos Nas RSA bacterianas persistentes o

uso de vasoconstritor toacutepico nasal pode aliviar a obstruccedilatildeo nasal e aumentar o fluxo inspiratoacuterio

Deve-se evitar o uso de vasoconstritores toacutepicos de forma isolada e considerar

A possibilidade de complicaccedilotildees decorrentes da interaccedilatildeo medicamentosa com outras drogas

A possibilidade de descontrole da hipertensatildeo arterial e do glaucoma

Natildeo utilizar por mais de quatro dias consecutivos pelo risco de congestatildeo nasal rebote

92 Descongestionantes sistecircmicos orais

Normalmente satildeo utilizados para diminuir o edema e facilitar a drenagem de secreccedilotildees embora

careccedilam de evidecircncias que comprovem sua eficaacutecia Devem ser evitados em pacientes com

doenccedila cardiovascular hipertensatildeo e com hipertrofia prostaacutetica benigna Nas infecccedilotildees

bacterianas natildeo satildeo recomendados Seu uso isolado ou associado aos anti-histamiacutenicos nas RSA

bacterianas natildeo modifica de forma significativa a evoluccedilatildeo cliacutenica ou radioloacutegica tanto em

crianccedilas quanto em adultos Pode comprometer a evoluccedilatildeo dos sintomas por promover

ressecamento das secreccedilotildees em todo o trato respiratoacuterio dificultando sua drenagem nas

cavidades paranasais

15

93 Anti-histamiacutenicos

Muitas vezes satildeo prescritos para controle sintomaacutetico mas natildeo haacute estudos que comprovem

qualquer eficaacutecia natildeo sendo desta forma recomendados de rotina

94 Irrigaccedilatildeo com soluccedilatildeo salina

Apesar da pouca evidecircncia de benefiacutecio cliacutenico de forma geral recomenda-se a utilizaccedilatildeo da

lavagem salina nasal em pacientes com RSA que promove melhora da funccedilatildeo ciliar reduz o

edema de mucosa colabora na limpeza da cavidade nasal e da secreccedilatildeo presente nos processos

infecciosos aleacutem de natildeo apresentar efeitos colaterais

95 Corticoide nasal

Os corticoides nasais proporcionam melhora dos sintomas nas infecccedilotildees virais e bacterianas

principalmente em pacientes portadores de rinite aleacutergica Deve ser usado em adultos de forma

parcimoniosa na tentativa de reduzir o uso de antibioacuteticos

Entretanto na presenccedila de secreccedilatildeo catarral abundante sua accedilatildeo pode ficar prejudicada

Os mais utilizados satildeo o fumarato de mometasona budesonida e propionato de fluticasona

Eacute discutiacutevel sua utilizaccedilatildeo associada agrave antibioticoterapia Seu uso deve ser restrito e cauteloso nos

pacientes portadores de glaucoma

Sua melhor utilizaccedilatildeo eacute na fase inter-crises das rinossinusites recorrentes como medida

preventiva e no tratamento das rinopatias aleacutergicas

96 Corticoide oral

Mostra-se mais eficaz quando comparado ao corticoide intranasal aleacutem de mais seguro do que os

anti-inflamatoacuterios natildeo hormonais

Seu uso eacute recomendado em pacientes adultos e crianccedilas com RSAB desde que natildeo apresentem

contraindicaccedilotildees para seu uso

O corticoide oral quando necessaacuterio deve ser utilizado por trecircs a cinco dias e sempre associado agrave

antibioticoterapia

16

Metanaacutelises com estudos de placebo

controlados randomizados e duplo-cegos

mostraram que

A eficaacutecia dos antibioacuteticos na melhora dos

sintomas dos pacientes com RSAB

especialmente se administrados

criteriosamente

Natildeo estatildeo indicados nos casos de

rinossinusites virais

Cerca de 65 dos pacientes diagnosticados

com RSAB apresenta resoluccedilatildeo cliacutenica

espontacircnea nos primeiros dez dias

A introduccedilatildeo do antibioacutetico deve ser

considerada quando natildeo haacute melhora apoacutes o

tratamento com medidas adjuvantes ou se

os sintomas se acentuarem

CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

97 Antibioacuteticos

Antibioacuteticos satildeo administrados apenas

em situaccedilotildees que sugerem fortemente

infecccedilatildeo bacteriana

Muitas vezes eacute difiacutecil distinguir

infecccedilotildees virais de bacterianas nos

primeiros 10 dias de doenccedila mas trecircs

caracteriacutesticas que sugerem a etiologia

bacteriana devem consideradas

a) Sintomas que persistem mais de

10 dias sem melhora cliacutenica

aparente

b) Sintomas intensos que incluem

febre com temperatura gt 39 degC

associada agrave rinorreia purulenta ou

dor facial e com duraccedilatildeo de pelo

menos trecircs dias logo no iniacutecio do

quadro

c) Piora cliacutenica conforme os sintomas

descritos que ocorrem apoacutes um

quadro nitidamente viral que

estava em processo de melhora

cliacutenica

Na presenccedila de sintomas compatiacuteveis com quadro bacteriano o paciente deve receber

antibioacuteticos com objetivo de minimizar sintomas diminuir o tempo da doenccedila evitar infecccedilotildees

recorrentes e complicaccedilotildees

A Infectious Diseases Society of America (2012) sobre antibioacuteticos recomenda

Amoxicilina-clavulanato antibioacutetico de primeira escolha se o paciente natildeo eacute aleacutergico a

penicilina A dose eacute de 500mg125mg a cada 8 horas

Em aleacutergicos a amoxicilina doxiciclina levofloxacina e moxifloxacina

Claritromicina azitromicina e cefalosporinas de 2ordf e 3ordf geraccedilotildees tambeacutem satildeo opccedilotildees viaacuteveis

Nas gestantes a primeira opccedilatildeo eacute amoxicilina sendo azitromicina a opccedilatildeo quando houver

alergia agrave amoxicilina

Ainda natildeo existem estudos que definam o tempo ideal de tratamento com antibioacuteticos Zambon

(2013) menciona as recomendaccedilotildees de diretrizes internacionais quanto ao uso dos antibioacuteticos por

5 a 7 dias e natildeo mais por 10 a 14 dias uma vez que estudos mostraram que os resultados

terapecircuticos satildeo semelhantes com estes diferentes tempos

17

Na eventualidade de falha terapecircutica as opccedilotildees viaacuteveis como 2ordf linha para pacientes que foram

inicialmente tratados com amoxicilina-clavulanato nas doses usuais satildeo

Amoxicilina 2g ndash clavulanato 125mg VO a cada 12 horas ou

Levofloxacina 500mg VO 1 vezdia ou

Moxifloxacina 400mg VO 1 vezdia

10 COMPLICACcedilOtildeES DAS RSA

As complicaccedilotildees das rinossinusites satildeo decorrentes de infecccedilotildees agudas ou crocircnicas e mais

frequentes na populaccedilatildeo infantil (TABELA 3)

As vias de disseminaccedilatildeo satildeo por contiguidade erosatildeo oacutessea ou hematogecircnicas podendo ser

hematoloacutegica ou neuroloacutegica

Satildeo quadros graves de evoluccedilatildeo imprevisiacutevel e requerem monitoramento e tratamento em

ambiente hospitalar

TABELA 3 Complicaccedilotildees e Sinais de Alerta na RSA

Fonte Soc Bras de ORL(2011) Rosenfeld RM sinusitis (2015)16 5

CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess mmaaiiss ffrreeqquueenntteess ddaass

RRiinnoossssiinnuussiitteess

SSiinnaaiiss ddee AAlleerrttaa ppaarraa CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess

OOffttaallmmooNNeeuurroolloacuteoacuteggiiccaass ddaa RRiinnoossssiinnuussiittee

Otites

Broncopneumonia

Ativaccedilatildeo de asma brocircnquica

Neuroloacutegicas (abscesso cerebral e

tromboflebite do seio cavernoso)

Oftalmoloacutegicas (celulite periorbitaacuteria)

Dor e febre sem melhora apoacutes 72 horas de

tratamento adequado

Edema eou eritema palpebral

Borramento da visatildeo

Cefaleia intensa com irritabilidade

Sinais de toxemia

18

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC)

111 Aspectos relevantes

Da mesma forma que a rinossinusite aguda a RSC eacute um estaacutegio evolutivo dos quadros de rinite Eacute

considerado um contiacutenuo da RSA podendo tambeacutem sofrer processo de reagudizaccedilatildeo6

O diagnoacutestico cliacutenico da RSC baseia-se na presenccedila de sinais e sintomas nasossinusais com mais

de 12 semanas de evoluccedilatildeo e aos fatores que levam a RSA a processo de cronificaccedilatildeo descritos no

QUADRO 1

Observam-se com relativa frequecircncia alguns indiviacuteduos que manifestam episoacutedios mais severos

com o comprometimento simultacircneo de todo o trato respiratoacuterio superior e inferior Estes

indiviacuteduos apresentam uma resposta inflamatoacuteria exacerbada frente aos fatores agressores como

os viacuterus as bacteacuterias fungos e fatores ambientais associando polipose nasal hiperatividade

brocircnquica e intoleracircncia aos salicilatos Deve-se aqui ponderar a presenccedila de patologias

mucociliares ou doenccedilas auto-imunes (granulomatose de Wegener)217

QUADRO 1 Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Fonte Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC

Obstruccedilatildeo e congestatildeo nasal - eacute menos frequumlente e estaacute normalmente associada a fatores como

desvios septais rinite aleacutergica e outros

Rinorreia - (aquosa mucoide ou mucopurulenta) tende a se apresentar em menor quantidade nos

casos crocircnicos e muitas vezes perceptiacutevel apenas como drenagem retronasal

Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Tratamentos cliacutenicos inadequados

Alteraccedilotildees anatocircmicas que predisponham agraves infecccedilotildees de repeticcedilatildeo

Fatores obstrutivos intranasais - edema da mucosa hipertrofia de cornetos desvio septal

poacutelipos tumores e vegetaccedilotildees adenoideanas nas crianccedilas ou nos imunodeprimidos

Doenccedilas sistecircmicas

Deficiecircncias do sistema imunoloacutegico

Presenccedila de biofilmes de bacteacuterias aderidos na mucosa rinossinusal causando resistecircncia

elevada aos antibioacuteticos

19

Dor facial - natildeo eacute um sintoma comum na rinossinusite crocircnica podendo aparecer nas fases de

agudizaccedilatildeo

Tosse crocircnica - pode ser o uacutenico sintoma presente em casos de RSC especialmente em crianccedilas

Geralmente eacute natildeo produtiva com periacuteodos de exacerbaccedilatildeo agrave noite A rinorreia catarral posterior

pode ser a responsaacutevel bem como a estimulaccedilatildeo de reflexos nasopulmonares originados da

mucosa nasossinusal inflamada

Cacosmia ou fetidez nasal - pode ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva

quando sentida pelas pessoas que o cercam (geralmente estaacute associada agrave halitose)

Epistaxes - podem ou natildeo estar presentes2

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES

Define-se a partir de muacuteltiplos episoacutedios de RSA nos quais os sinais e sintomas desaparecem entre

um episoacutedio e outro voltando o paciente agrave normalidade

O tratamento pode ser cliacutenico ou ciruacutergico buscando sempre corrigir os fatores predisponentes agrave

repeticcedilatildeo dos processos infecciosos

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA

Na ocorrecircncia de muacuteltiplos episoacutedios onde o paciente natildeo volta agrave condiccedilatildeo de normalidade entre

os episoacutedios de agudizaccedilatildeo

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA

Satildeo mais frequentes em pacientes com algum comprometimento imunoloacutegico podendo

acometer tambeacutem pacientes imunologicamente competentes

A evoluccedilatildeo geralmente eacute crocircnica e natildeo responde aos tratamentos com antibioacuteticos

A avaliaccedilatildeo por tomografia computadorizada nesses pacientes mostra o envolvimento de

muacuteltiplos seios

Os fungos mais comumente encontrados satildeo o Aspergillus Curvularia Alternaria e Bipolaris O

principal patoacutegeno eacute o Aspergillus fumigatus embora o Aspergillus flavus seja ocasionalmente

isolado15 Quase sempre o tratamento eacute ciruacutergico

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 2: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

SUMAacuteRIO

1 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO 3

2 ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA 4

3 CLASSIFICACcedilAtildeO DAS RINOSSINUSITES 7

4 RINOSSINUSITE AGUDA (RSA) 8

5 DIAGNOacuteSTICO NA RSA 9

6 AVALIACcedilAtildeO COMPLEMENTAR POR IMAGEM NA RSA 10

7 MICROBIOLOGIA NA RSA 13

8 TRATAMENTO DA RSA 14

81 Aspectos relevantes 14

9 CONSIDERACcedilOtildeES NO TRATAMENTO SINTOMAacuteTICO 14

91 Descongestionantes nasais de uso toacutepico 14

92 Descongestionantes sistecircmicos orais 14

93 Anti-histamiacutenicos 15

94 Irrigaccedilatildeo com soluccedilatildeo salina 15

95 Corticoide nasal 15

96 Corticoide oral 15

97 Antibioacuteticos 16

10 COMPLICACcedilOtildeES DAS RSA 17

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC) 18

111 Aspectos relevantes 18

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC 18

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES 19

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA 19

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA 19

REFEREcircNCIAS 21

3

Muitas vezes os pacientes aceitam como sinusite qualquer dor na face As cefaleias tensionais ou crises de enxaqueca recorrente satildeo frequentemente assimiladas como ldquosinusitesrdquo4

1 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO

A rinossinusite (RS) eacute considerada uma das afecccedilotildees mais prevalentes das vias aeacutereas superiores

Estima-se que seja um dos problemas de sauacutede puacuteblica de maior incidecircncia no mundo com

importante impacto soacutecio econocircmico

Com o aumento das doenccedilas respiratoacuterias nas uacuteltimas deacutecadas passou a ser progressivamente

mais reconhecida e tratada por um grande nuacutemero de profissionais meacutedicos generalistas

pediatras pneumologistas e alergologistas1

Segundo o National Center for Health Statistic cerca de 294 milhotildees de pacientes acima de 18

anos tiveram este diagnoacutestico nos Estados Unidos em 2014 Estima-se tambeacutem que nos EUA

entre 33 e 50 das consultas realizadas por cliacutenicos gerais estejam relacionadas com infecccedilotildees

das vias aeacutereas ou da cabeccedila e pescoccedilo

Avaliou-se ainda que 87 das consultas para tratamento da rinossinusite foram realizadas por

cliacutenicos gerais sendo os Otorrinolaringologistas apenas chamados a intervir em situaccedilotildees de difiacutecil

controle234

Trata-se de patologia que afeta qualquer grupo etaacuterio ou eacutetnico comprometendo as atividades

diaacuterias do indiviacuteduo sua capacidade laborativa eou acadecircmica1

Estudos para avaliar a qualidade de vida dos pacientes com RS concluiacuteram que na fase crocircnica

essa tem pior impacto na qualidade de vida quando comparado agrave artrite reumatoacuteide diabetes

insulino-dependente e doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC)25

Atualmente representam 9 de todas as prescriccedilotildees de antibioacuteticos em crianccedilas e 21 das

prescriccedilotildees em adultos6

A preocupaccedilatildeo com o uso indiscriminado de antibioacuteticos e a resistecircncia bacteriana e mundial

principalmente quando se detecta que aproximadamente 50 milhotildees das prescriccedilotildees nos EUA

foram com antibioacuteticos6

O diagnoacutestico e o tratamento das rinossinusites satildeo

questotildees polecircmicas visto que outras doenccedilas podem

ocasionar sintomatologia semelhante confundindo-se

com aquelas que se manifestam no segmento cefaacutelico

ou de vias aeacutereas superiores

O proacuteprio conceito que os indiviacuteduos tecircm da

rinossinusite interfere na praacutetica meacutedica A

automedicaccedilatildeo muitas vezes prejudicial ao doente

pode tambeacutem contribuir para evoluccedilatildeo da doenccedila e

confusatildeo diagnoacutestica

A RS caracteriza-se por inflamaccedilatildeo da mucosa do nariz e seios paranasais a partir de um

processo agudo nasal infeccioso de etiologia viral bacteriana fuacutengica aleacutergica ou funcional

4

A atual designaccedilatildeo de rinossinusite justifica-se pela frequente coexistecircncia de sinusite e rinite no

mesmo doente A inflamaccedilatildeo dos seios paranasais eacute na maioria dos casos acompanhada do

comprometimento preacutevio ou simultacircneo da cavidade nasal Portanto rinite e sinusite satildeo

estaacutegios diferentes de um mesmo processo A rinite pode ocorrer isoladamente contudo a

sinusite sem a rinite eacute de ocorrecircncia rara 789

A RS pode tambeacutem ser um fator agravante para a hiperreatividade brocircnquica Estudos

demonstraram que o tratamento da doenccedila sinusal melhora os sintomas da asma Apesar da

associaccedilatildeo epidemioloacutegica de asma rinite e sinusite diferirem a coexistecircncia de asma e rinite

eou sinusite eacute observada desde Galeno9

2 ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA

Os seios da face constituem um conjunto de espaccedilos preenchidos por ar dentro do cracircnio

anterior que se comunicam com as cavidades nasais atraveacutes de pequenos oacutestios e recebem a

denominaccedilatildeo do osso a que pertencem (FIGURA 1)

Toda essa estrutura eacute revestida por um tecido epitelial ciliacutendrico ciliado vibraacutetil pseudo-estratificado

produtor de muco rico em lisozimas mucopolissacariacutedeos e mucoproteinase IgA secretora que

atuam como uma proteccedilatildeo contra antiacutegenos respiratoacuterios mantendo a umidade nasal atraveacutes de um

ldquotapete rolanterdquo de muco que possui pH de 68 a 74 e temperatura entre 18 e 37degC

Na elaboraccedilatildeo do diagnoacutestico e estrateacutegia terapecircutica a

anatomofisiopatologia e a classificaccedilatildeo das vaacuterias formas de

manifestaccedilatildeo de um quadro de RS satildeo fundamentais

5

A presenccedila de secreccedilatildeo mucosa clara transparente ou brancacenta muitas vezes mencionada pelo paciente como pigarro ou mesmo ldquogotejamento posteriorrdquo e fruto na grande maioria das vezes de um processo nasossinusal fisioloacutegico

FIGURA 1 Anatomia dos Seios da face

Fonte Da autora - imagem anatocircmica cedida pelo laboratoacuterio FMQ

Esse muco eacute transportado dos seios da face atraveacutes dos estreitos oacutestios de comunicaccedilatildeo para as

cavidades nasais e faringe neutralizando a accedilatildeo das bacteacuterias e fungos do ar numa velocidade de

025 a 075 cmminuto impulsionado pela vibraccedilatildeo dos aproximadamente 8 ciacutelios de cada ceacutelula

epitelial que vibram 160 a 250 vezes por minuto6

A boa funccedilatildeo nasossinusal eacute

dependente

Da patecircncia dos oacutestios de drenagem das

cavidades paranasais

Da funccedilatildeo ciliar adequada

Da qualidade das secreccedilotildees nasais

Da integridade do sistema imunoloacutegico

do indiviacuteduo

Qualquer interferecircncia sistecircmica ou local

como a obstruccedilatildeo do oacutestio sinusal parcial ou completa por qualquer motivo pode ocasionar

estagnaccedilatildeo de secreccedilotildees nas cavidades sinusais

Com a obstruccedilatildeo do oacutestio a pressatildeo de oxigecircnio cai o que predispotildee ao crescimento de bacteacuterias

anaeroacutebias diminuiccedilatildeo do pH e das defesas locais interferindo no transporte mucociliar e

liberaccedilatildeo de enzimas proteoliacuteticas pelos leucoacutecitos910

6

Instala-se entatildeo edema adicional da mucosa agravando a obstruccedilatildeo do oacutestio sinusal e a

interrupccedilatildeo do transporte mucociliar nos seios paranasais (FIGURA 2)

Neste contexto identificar os fatores locais e sistecircmicos que contribuem para a obstruccedilatildeo e

alteraccedilatildeo da dinacircmica nasal que levam a rinossinusite torna-se fundamental para o diagnoacutestico

e tratamento (Tabela 1)

FIGURA 2 Fisiopatologia das Rinissinusites

Fonte Da autora

7

TABELA 1 Fatores que interferem na dinacircmica nasal

Fonte Consenso de Rinossinusites (2013)

3 CLASSIFICACcedilAtildeO DAS RINOSSINUSITES

O criteacuterio utilizado para classificar as Rinossinusites estaacute baseado na duraccedilatildeo e manifestaccedilatildeo dos

sintomas Classificam-se em aguda subaguda crocircnica e recorrente11

Importante tambeacutem eacute considerar a gravidade da doenccedila (TABELA 2)

A Escala Visual Analoacutegica (EVA) validada em 2012 pela European Position Paper on Rhinosinusitis

and Nasal Polyps (EPOS) (FIG 2) eacute um instrumento cada vez mais utilizado na tentativa de

compreender o niacutevel do desconforto do paciente frente ao quadro apresentado Nela o paciente eacute

solicitado a quantificar de 0 a 10 o grau de incocircmodo causado pelos sintomas onde 0 significa

nenhum incocircmodo e 10 o maior incocircmodo possiacutevel

A gravidade eacute entatildeo classificada em

leve 0-3 cm

moderada gt 3-7 cm

grave gt 7-10 cm

FFFaaatttooorrreeesss LLLooocccaaaiiisss

OOObbbssstttrrruuutttiiivvvooosss

FFFaaatttooorrreeesss LLLooocccaaaiiisss

FFFuuunnnccciiiooonnnaaaiiisss FFFaaatttooorrreeesss SSSiiissstttecircecircecircmmmiiicccooosss

Edema de mucosa

(IVAS Rinite Aleacutergica)

Desvio de septo

Poacutelipos

Corpo estranho

Massas tumorais

Atresia coanal

Comprometimento da

funccedilatildeo ciliar

Exposiccedilatildeo ao ar frio ou

seco

Uso de drogas

Uso de medicamentos

(descongestionantes

toacutepicos)

Condiccedilotildees Debilitantes

Desnutriccedilatildeo

Uso prolongado de

esteroides

Diabetes Mellitus

descompensado

Quimioterapia

Imunodeficiecircncias IgG IgA

AIDS

Estresse

Alteraccedilatildeo das secreccedilotildees

exoacutecrinas

Mucoviscidose

Doenccedila dos ciacutelios imoacuteveis

8

A classificaccedilatildeo em leve moderada e grave tem implicaccedilotildees terapecircuticas ajudando na tomada

de decisatildeo em relaccedilatildeo ao uso de corticoide intranasal eou antibioacutetico

TABELA 2 Classificaccedilatildeo das Rinossinusites

Fonte Diretrizes Brasil de Rinossinusites (2008)

4 RINOSSINUSITE AGUDA (RSA)

Por ser um processo de manifestaccedilatildeo aguda eacute o estaacutegio mais frequentemente avaliado por

profissionais em pronto atendimento

Trata-se de um processo inflamatoacuterio da mucosa rinossinusal de iniacutecio suacutebito que pode perdurar

por ateacute quatro semanas Pode manifestar-se em um mesmo indiviacuteduo uma ou mais vezes num

determinado periacuteodo de tempo mas sempre com remissatildeo completa dos sinais e sintomas entre

os episoacutedios1112

CCllaassssiiffiiccaaccedilccedilatildeatildeoo ddaass RRiinnoossssiinnuussiitteess

AAgguuddaa

Duraccedilatildeo dos sintomas por ateacute 4 semanas

Inicio suacutebito e geralmente associado a IVAS

Regride completamente apoacutes o tratamento ou

espontaneamente

SSuubbaagguuddaa Duraccedilatildeo dos sintomas prolonga-se por 4 a 12 semanas

Eacute uma evoluccedilatildeo do quadro agudo

CCrrocircocircnniiccaa Sintomas persistem por um periacuteodo superior a 12 semanas

RReeccoorrrreennttee

Presenccedila de 4 ou mais episoacutedios de Rinossinusite aguda em 12

meses com remissatildeo total dos sintomas entre os episoacutedios

Ausecircncia de sintomas Maior incocircmodo imaginaacutevel

FIGURA 2 Escala visual analoacutegica (EVA) ndash Gravidade dos sintomas de Rinossinusite

9

Na maioria das vezes a RSA de qualquer etiologia tem maior gravidade sintomatoloacutegica do que a

fase crocircnica onde os sintomas satildeo menos intensos

Dentre as vaacuterias classificaccedilotildees para as RSA a mais utilizada eacute a etioloacutegica baseada nos sinais

sintomas e no tempo de duraccedilatildeo dos mesmos

Viral ndash quando a duraccedilatildeo dos sintomas eacute menor que dez dias

Poacutes Viral ndash Na piora dos sintomas apoacutes cinco dias da doenccedila inicial ou na persistecircncia dos

sintomas por mais de dez dias da doenccedila inicial

Bacteriana ndash Quando independente do tempo de evoluccedilatildeo da doenccedila ocorrer pelo menos trecircs dos

sinais ou sintomas como

Secreccedilatildeo mucopurulenta em nariz e rinofaringe

Dor na face (com predominacircncia unilateral)

Temperatura acima de 38degC

VHS ou PCR elevadas

Reagudizaccedilatildeo ou piora apoacutes a fase inicial de sintomas leves

5 DIAGNOacuteSTICO NA RSA

O profissional que avalia um possiacutevel quadro de RSA meacutedicos generalistas ou especialistas deve

ter em mente que uma boa anamnese e o exame fiacutesico satildeo a base para o diagnoacutestico13

Frequentemente nos deparamos com queixas de

Obstruccedilatildeo nasal que pode ser uni ou bilateral Deve-se considerar que eacute um sintoma subjetivo e

inespeciacutefico variando de indiviacuteduo para indiviacuteduo presente tanto na forma viral quanto bacteriana

e de forma isolada nas rinopatias13

Secreccedilatildeo nasal anterior eou posterior eacute um sinal fortemente sugestivo de RSA Quando aquosa

ou mucoide sugere um quadro inicial viral ou aleacutergico Quando mucopurulenta com ou sem

sinais de sangramento eacute fortemente sugestivo de um quadro bacteriano813

Dor ou pressatildeo facial ou cefaleia podem estar presentes nas formas virais e bacterianas Nos

quadros virais tende a ser mais difusa e pode ser intensa Nos quadros bacterianos eacute

classicamente em peso natildeo pulsaacutetil e piora com a inclinaccedilatildeo da cabeccedila para frente Pode haver

dor dentaacuteria referida que piora com a mastigaccedilatildeo Deve-se considerar que apesar de frequumlente

natildeo eacute sintoma especiacutefico para o diagnoacutestico Pode ser fator de confusatildeo diagnoacutestica e eacute incomum

como manifestaccedilatildeo isolada de sinusopatias

Natildeo satildeo raros os diagnoacutesticos de sinusite equivocadamente estabelecidos para pacientes com

enxaqueca e quadros psicossomaacuteticos Pode tambeacutem estar presente em quadros febris de

qualquer etiologia6813

10

Alteraccedilotildees do olfato - Hiposmia ou anosmia Ocasionados pela obstruccedilatildeo nasal influecircncia das

secreccedilotildees purulentas presentes na cavidade nasal (cacosmia) ou por lesotildees diretas do epiteacutelio

olfatoacuterio por viacuterus ou bacteacuterias6

Halitose - Manifestaccedilatildeo frequente e quando associada agrave obstruccedilatildeo nasal rinorreia e tosse

aumenta a suspeita para o diagnoacutestico de rinossinusite Quando isolada deve-se considerar outras

possibilidades como o caseum tonsilar e corpo estranho nasal principalmente em crianccedilas611

Tosse - (seca ou produtiva) pelas secreccedilotildees que drenam posteriormente pela rinofaringe aleacutem de

irritaccedilatildeo fariacutengea lariacutengea traqueal e rouquidatildeo13

Plenitude auricular - causada pela drenagem de secreccedilotildees na regiatildeo do oacutestio fariacutengeo da tuba

auditiva13

6 AVALIACcedilAtildeO COMPLEMENTAR POR IMAGEM NA RSA

O Raio X simples de Seios da Face eacute um exame cada vez menos valorizado pelos

otorrinolaringologistas Nos casos agudos o RX simples eacute dispensaacutevel visto que a histoacuteria cliacutenica e

o exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico satildeo suficientes Quando solicitado deve ser na posiccedilatildeo

ortostaacutetica para avaliar a presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIGURA 3) Observa-se no entanto uma

excessiva valorizaccedilatildeo das radiografias simples dos seios da face1

Fonte Projeto Diretrizes - ABORL CCF 2012- CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

Consideraccedilotildees frente agrave solicitaccedilatildeo de Rx de Seios da Face

Satildeo exames inespeciacuteficos que natildeo conseguem diferenciar causas virais e bacterianas

Discrepacircncia entre achados tomograacuteficos e radioloacutegicos em torno de 80

Natildeo recomendaacutevel em crianccedilas abaixo de 2 anos

Confiaacutevel apenas na presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIG 3)

Poacutelipos cistos hipoplasia de cavidades paranasais podem resultar em falso-positivo

(FIG3)

Os sinais observados que podem sugerir RSA satildeo espessamento mucoso gt 4mm niacutevel

liacutequido e opacificaccedilatildeo de um ou mais seios da face (FIG 3)

50 crianccedilas com IVAS de causa viral apresentam seios maxilares alterados ao Rx

11

FAZER OU NAtildeO O RX DE SEIOS DA FACE

Esta decisatildeo principalmente nas crianccedilas necessita tambeacutem do conhecimento do

desenvolvimento e crescimento das cavidades nasais e paranasais

Seios Maxilares

Mede 6 a 8 cm3 ao nascimento

Algumas pessoas chegam agrave idade adulta com seio hipoplaacutesico

Visiacutevel ao RX a partir do quarto ao quinto mecircs de idade

Seios etmoidais

Desenvolve-se a partir do terceiro mecircs de vida intrauterina

Dimensotildees semelhantes ao do adulto aos 12 anos de idade

Natildeo aparece ao Rx ateacute o primeiro ano de vida

Seios frontais

Natildeo eacute possiacutevel diferenciaacute-lo do seio etmoidal ao nascimento

Seu crescimento ocorre ateacute os 20 anos

Pode ser reconhecido radiologicamente apoacutes o quinto ano de vida

Seios esfenoidais

Comeccedila seu desenvolvimento em meacutedia aos cinco anos estendendo seu

crescimento em direccedilatildeo agrave sela tuacutercica terminando seu desenvolvimento ateacute o final

da adolescecircncia

Visiacutevel ao Rx apoacutes os 5 anos

Fonte Navarro JAC (1997)14

12

FIGURA 3 Alteraccedilotildees detectaacuteveis ao RX de seios da face

Fonte Da autora Imagens de arquivo proacuteprio

Tomografia computadorizada (TC) - Natildeo deve ser utilizada no diagnoacutestico inicial de RSA Deve ser

solicitado fora da fase aguda da doenccedila exceto nas suspeitas de complicaccedilotildees

Deve ser considerada nos quadros graves e em pacientes imunossuprimidos na vigecircncia de

complicaccedilotildees na suspeita de rinossinusite fuacutengica e no planejamento ciruacutergico Podem ser

encontradas alteraccedilotildees em crianccedilas saudaacuteveis (falso positivo)1315

Ressonacircncia magneacutetica (RM) - Natildeo estaacute indicada em casos de patologias nasossinusais agudas

Pode ser recomendada na avaliaccedilatildeo de complicaccedilotildees intracranianas das patologias nasossinusais

A RM fornece importantes informaccedilotildees sobre a mucosa e demais tecidos moles 1315

Endoscopia nasal (fibronasofaringoscopia) - A endoscopia nasal eacute recomendada aos pacientes

com qualquer tipo de queixa nasal Permite avaliar todas as porccedilotildees da cavidade nasal com

anaacutelise macroscoacutepica detalhada da mucosa nasal e sinusal Eacute completamente dispensaacutevel no

diagnoacutestico de RSA pois a ausecircncia de alteraccedilotildees endoscoacutepicas com histoacuteria cliacutenica compatiacutevel

natildeo afasta o diagnoacutestico de RSA Pode entretanto ser uacutetil na avaliaccedilatildeo da anatomia rinossinusal

como fator causal do processo infeccioso 1315

13

FIGURA 4 Imagens comparativas na rinossinusite maxilar esquerda Fonte Da autora Imagens

utilizadas de arquivo proacuteprio

Imagem utilizada disponiacutevel em httpwwwclinicacosercomveja-fotos-derinoscopia7 Acessado em 25042016

7 MICROBIOLOGIA NA RSA

Nas formas virais os agentes frequentemente envolvidos satildeo o Rhino-influenzae influenzae e

parainfluenzae de forma isolada ou associada agraves infecccedilotildees bacterianas pois em mais de 30 dos

casos de sinusite aguda a infecccedilatildeo eacute polimicrobiana2611

Quando presentes as bacteacuterias mais comumente envolvidas satildeo o S pneumoniae (55) H

influenzae (20) viacuterus respiratoacuterios (15) anaeroacutebios (9) M catarrhalis Streptococcus

hemoliacutetico do grupo A e Streptococcus alfa-hemoliacutetico (1)2611

Na presenccedila das patologias onde ocorre a diminuiccedilatildeo da motilidade ciliar (fibrose ciacutestica siacutendrome

da imotilidade ciliar siacutendrome de Kartagener) Pseudomonas aeruginosa e Staphilococcus aureus

podem estar presentes2611

H influenza S pneumoniae Aspergillus species Candida albicans Legionella pneumophila

fungos da classe Zygomicetes e da ordem Mucorales (Rhizopus arrhizus Mucor sp) podem ser

encontrados em pacientes com doenccedilas sistecircmicas que passaram por infecccedilatildeo viral recente ou

terapia com corticosteroides e na siacutendrome da imunodeficiecircncia adquirida (Sida)2611

14

8 TRATAMENTO DA RSA

Aspectos relevantes

Como a maior parte das infecccedilotildees nas RSA eacute de etiologia viral o objetivo do tratamento eacute

minimizar sintomas de obstruccedilatildeo nasal e da rinorreia promovendo a resoluccedilatildeo dos mecanismos

fisiopatoloacutegicos e o tratamento das exacerbaccedilotildees visando

Permitir e favorecer boa drenagem e ventilaccedilatildeo dos seios paranasais

Limpeza nasal com soluccedilatildeo fisioloacutegica

Uso de anti-inflamatoacuterios (esteroides natildeo esteroides)

Antibioticoterapia (se necessaacuterio)

9 CONSIDERACcedilOtildeES NO TRATAMENTO SINTOMAacuteTICO

91 Descongestionantes nasais de uso toacutepico

Nas infecccedilotildees virais podem ser prescritos como sintomaacuteticos Nas RSA bacterianas persistentes o

uso de vasoconstritor toacutepico nasal pode aliviar a obstruccedilatildeo nasal e aumentar o fluxo inspiratoacuterio

Deve-se evitar o uso de vasoconstritores toacutepicos de forma isolada e considerar

A possibilidade de complicaccedilotildees decorrentes da interaccedilatildeo medicamentosa com outras drogas

A possibilidade de descontrole da hipertensatildeo arterial e do glaucoma

Natildeo utilizar por mais de quatro dias consecutivos pelo risco de congestatildeo nasal rebote

92 Descongestionantes sistecircmicos orais

Normalmente satildeo utilizados para diminuir o edema e facilitar a drenagem de secreccedilotildees embora

careccedilam de evidecircncias que comprovem sua eficaacutecia Devem ser evitados em pacientes com

doenccedila cardiovascular hipertensatildeo e com hipertrofia prostaacutetica benigna Nas infecccedilotildees

bacterianas natildeo satildeo recomendados Seu uso isolado ou associado aos anti-histamiacutenicos nas RSA

bacterianas natildeo modifica de forma significativa a evoluccedilatildeo cliacutenica ou radioloacutegica tanto em

crianccedilas quanto em adultos Pode comprometer a evoluccedilatildeo dos sintomas por promover

ressecamento das secreccedilotildees em todo o trato respiratoacuterio dificultando sua drenagem nas

cavidades paranasais

15

93 Anti-histamiacutenicos

Muitas vezes satildeo prescritos para controle sintomaacutetico mas natildeo haacute estudos que comprovem

qualquer eficaacutecia natildeo sendo desta forma recomendados de rotina

94 Irrigaccedilatildeo com soluccedilatildeo salina

Apesar da pouca evidecircncia de benefiacutecio cliacutenico de forma geral recomenda-se a utilizaccedilatildeo da

lavagem salina nasal em pacientes com RSA que promove melhora da funccedilatildeo ciliar reduz o

edema de mucosa colabora na limpeza da cavidade nasal e da secreccedilatildeo presente nos processos

infecciosos aleacutem de natildeo apresentar efeitos colaterais

95 Corticoide nasal

Os corticoides nasais proporcionam melhora dos sintomas nas infecccedilotildees virais e bacterianas

principalmente em pacientes portadores de rinite aleacutergica Deve ser usado em adultos de forma

parcimoniosa na tentativa de reduzir o uso de antibioacuteticos

Entretanto na presenccedila de secreccedilatildeo catarral abundante sua accedilatildeo pode ficar prejudicada

Os mais utilizados satildeo o fumarato de mometasona budesonida e propionato de fluticasona

Eacute discutiacutevel sua utilizaccedilatildeo associada agrave antibioticoterapia Seu uso deve ser restrito e cauteloso nos

pacientes portadores de glaucoma

Sua melhor utilizaccedilatildeo eacute na fase inter-crises das rinossinusites recorrentes como medida

preventiva e no tratamento das rinopatias aleacutergicas

96 Corticoide oral

Mostra-se mais eficaz quando comparado ao corticoide intranasal aleacutem de mais seguro do que os

anti-inflamatoacuterios natildeo hormonais

Seu uso eacute recomendado em pacientes adultos e crianccedilas com RSAB desde que natildeo apresentem

contraindicaccedilotildees para seu uso

O corticoide oral quando necessaacuterio deve ser utilizado por trecircs a cinco dias e sempre associado agrave

antibioticoterapia

16

Metanaacutelises com estudos de placebo

controlados randomizados e duplo-cegos

mostraram que

A eficaacutecia dos antibioacuteticos na melhora dos

sintomas dos pacientes com RSAB

especialmente se administrados

criteriosamente

Natildeo estatildeo indicados nos casos de

rinossinusites virais

Cerca de 65 dos pacientes diagnosticados

com RSAB apresenta resoluccedilatildeo cliacutenica

espontacircnea nos primeiros dez dias

A introduccedilatildeo do antibioacutetico deve ser

considerada quando natildeo haacute melhora apoacutes o

tratamento com medidas adjuvantes ou se

os sintomas se acentuarem

CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

97 Antibioacuteticos

Antibioacuteticos satildeo administrados apenas

em situaccedilotildees que sugerem fortemente

infecccedilatildeo bacteriana

Muitas vezes eacute difiacutecil distinguir

infecccedilotildees virais de bacterianas nos

primeiros 10 dias de doenccedila mas trecircs

caracteriacutesticas que sugerem a etiologia

bacteriana devem consideradas

a) Sintomas que persistem mais de

10 dias sem melhora cliacutenica

aparente

b) Sintomas intensos que incluem

febre com temperatura gt 39 degC

associada agrave rinorreia purulenta ou

dor facial e com duraccedilatildeo de pelo

menos trecircs dias logo no iniacutecio do

quadro

c) Piora cliacutenica conforme os sintomas

descritos que ocorrem apoacutes um

quadro nitidamente viral que

estava em processo de melhora

cliacutenica

Na presenccedila de sintomas compatiacuteveis com quadro bacteriano o paciente deve receber

antibioacuteticos com objetivo de minimizar sintomas diminuir o tempo da doenccedila evitar infecccedilotildees

recorrentes e complicaccedilotildees

A Infectious Diseases Society of America (2012) sobre antibioacuteticos recomenda

Amoxicilina-clavulanato antibioacutetico de primeira escolha se o paciente natildeo eacute aleacutergico a

penicilina A dose eacute de 500mg125mg a cada 8 horas

Em aleacutergicos a amoxicilina doxiciclina levofloxacina e moxifloxacina

Claritromicina azitromicina e cefalosporinas de 2ordf e 3ordf geraccedilotildees tambeacutem satildeo opccedilotildees viaacuteveis

Nas gestantes a primeira opccedilatildeo eacute amoxicilina sendo azitromicina a opccedilatildeo quando houver

alergia agrave amoxicilina

Ainda natildeo existem estudos que definam o tempo ideal de tratamento com antibioacuteticos Zambon

(2013) menciona as recomendaccedilotildees de diretrizes internacionais quanto ao uso dos antibioacuteticos por

5 a 7 dias e natildeo mais por 10 a 14 dias uma vez que estudos mostraram que os resultados

terapecircuticos satildeo semelhantes com estes diferentes tempos

17

Na eventualidade de falha terapecircutica as opccedilotildees viaacuteveis como 2ordf linha para pacientes que foram

inicialmente tratados com amoxicilina-clavulanato nas doses usuais satildeo

Amoxicilina 2g ndash clavulanato 125mg VO a cada 12 horas ou

Levofloxacina 500mg VO 1 vezdia ou

Moxifloxacina 400mg VO 1 vezdia

10 COMPLICACcedilOtildeES DAS RSA

As complicaccedilotildees das rinossinusites satildeo decorrentes de infecccedilotildees agudas ou crocircnicas e mais

frequentes na populaccedilatildeo infantil (TABELA 3)

As vias de disseminaccedilatildeo satildeo por contiguidade erosatildeo oacutessea ou hematogecircnicas podendo ser

hematoloacutegica ou neuroloacutegica

Satildeo quadros graves de evoluccedilatildeo imprevisiacutevel e requerem monitoramento e tratamento em

ambiente hospitalar

TABELA 3 Complicaccedilotildees e Sinais de Alerta na RSA

Fonte Soc Bras de ORL(2011) Rosenfeld RM sinusitis (2015)16 5

CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess mmaaiiss ffrreeqquueenntteess ddaass

RRiinnoossssiinnuussiitteess

SSiinnaaiiss ddee AAlleerrttaa ppaarraa CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess

OOffttaallmmooNNeeuurroolloacuteoacuteggiiccaass ddaa RRiinnoossssiinnuussiittee

Otites

Broncopneumonia

Ativaccedilatildeo de asma brocircnquica

Neuroloacutegicas (abscesso cerebral e

tromboflebite do seio cavernoso)

Oftalmoloacutegicas (celulite periorbitaacuteria)

Dor e febre sem melhora apoacutes 72 horas de

tratamento adequado

Edema eou eritema palpebral

Borramento da visatildeo

Cefaleia intensa com irritabilidade

Sinais de toxemia

18

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC)

111 Aspectos relevantes

Da mesma forma que a rinossinusite aguda a RSC eacute um estaacutegio evolutivo dos quadros de rinite Eacute

considerado um contiacutenuo da RSA podendo tambeacutem sofrer processo de reagudizaccedilatildeo6

O diagnoacutestico cliacutenico da RSC baseia-se na presenccedila de sinais e sintomas nasossinusais com mais

de 12 semanas de evoluccedilatildeo e aos fatores que levam a RSA a processo de cronificaccedilatildeo descritos no

QUADRO 1

Observam-se com relativa frequecircncia alguns indiviacuteduos que manifestam episoacutedios mais severos

com o comprometimento simultacircneo de todo o trato respiratoacuterio superior e inferior Estes

indiviacuteduos apresentam uma resposta inflamatoacuteria exacerbada frente aos fatores agressores como

os viacuterus as bacteacuterias fungos e fatores ambientais associando polipose nasal hiperatividade

brocircnquica e intoleracircncia aos salicilatos Deve-se aqui ponderar a presenccedila de patologias

mucociliares ou doenccedilas auto-imunes (granulomatose de Wegener)217

QUADRO 1 Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Fonte Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC

Obstruccedilatildeo e congestatildeo nasal - eacute menos frequumlente e estaacute normalmente associada a fatores como

desvios septais rinite aleacutergica e outros

Rinorreia - (aquosa mucoide ou mucopurulenta) tende a se apresentar em menor quantidade nos

casos crocircnicos e muitas vezes perceptiacutevel apenas como drenagem retronasal

Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Tratamentos cliacutenicos inadequados

Alteraccedilotildees anatocircmicas que predisponham agraves infecccedilotildees de repeticcedilatildeo

Fatores obstrutivos intranasais - edema da mucosa hipertrofia de cornetos desvio septal

poacutelipos tumores e vegetaccedilotildees adenoideanas nas crianccedilas ou nos imunodeprimidos

Doenccedilas sistecircmicas

Deficiecircncias do sistema imunoloacutegico

Presenccedila de biofilmes de bacteacuterias aderidos na mucosa rinossinusal causando resistecircncia

elevada aos antibioacuteticos

19

Dor facial - natildeo eacute um sintoma comum na rinossinusite crocircnica podendo aparecer nas fases de

agudizaccedilatildeo

Tosse crocircnica - pode ser o uacutenico sintoma presente em casos de RSC especialmente em crianccedilas

Geralmente eacute natildeo produtiva com periacuteodos de exacerbaccedilatildeo agrave noite A rinorreia catarral posterior

pode ser a responsaacutevel bem como a estimulaccedilatildeo de reflexos nasopulmonares originados da

mucosa nasossinusal inflamada

Cacosmia ou fetidez nasal - pode ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva

quando sentida pelas pessoas que o cercam (geralmente estaacute associada agrave halitose)

Epistaxes - podem ou natildeo estar presentes2

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES

Define-se a partir de muacuteltiplos episoacutedios de RSA nos quais os sinais e sintomas desaparecem entre

um episoacutedio e outro voltando o paciente agrave normalidade

O tratamento pode ser cliacutenico ou ciruacutergico buscando sempre corrigir os fatores predisponentes agrave

repeticcedilatildeo dos processos infecciosos

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA

Na ocorrecircncia de muacuteltiplos episoacutedios onde o paciente natildeo volta agrave condiccedilatildeo de normalidade entre

os episoacutedios de agudizaccedilatildeo

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA

Satildeo mais frequentes em pacientes com algum comprometimento imunoloacutegico podendo

acometer tambeacutem pacientes imunologicamente competentes

A evoluccedilatildeo geralmente eacute crocircnica e natildeo responde aos tratamentos com antibioacuteticos

A avaliaccedilatildeo por tomografia computadorizada nesses pacientes mostra o envolvimento de

muacuteltiplos seios

Os fungos mais comumente encontrados satildeo o Aspergillus Curvularia Alternaria e Bipolaris O

principal patoacutegeno eacute o Aspergillus fumigatus embora o Aspergillus flavus seja ocasionalmente

isolado15 Quase sempre o tratamento eacute ciruacutergico

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 3: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

3

Muitas vezes os pacientes aceitam como sinusite qualquer dor na face As cefaleias tensionais ou crises de enxaqueca recorrente satildeo frequentemente assimiladas como ldquosinusitesrdquo4

1 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO

A rinossinusite (RS) eacute considerada uma das afecccedilotildees mais prevalentes das vias aeacutereas superiores

Estima-se que seja um dos problemas de sauacutede puacuteblica de maior incidecircncia no mundo com

importante impacto soacutecio econocircmico

Com o aumento das doenccedilas respiratoacuterias nas uacuteltimas deacutecadas passou a ser progressivamente

mais reconhecida e tratada por um grande nuacutemero de profissionais meacutedicos generalistas

pediatras pneumologistas e alergologistas1

Segundo o National Center for Health Statistic cerca de 294 milhotildees de pacientes acima de 18

anos tiveram este diagnoacutestico nos Estados Unidos em 2014 Estima-se tambeacutem que nos EUA

entre 33 e 50 das consultas realizadas por cliacutenicos gerais estejam relacionadas com infecccedilotildees

das vias aeacutereas ou da cabeccedila e pescoccedilo

Avaliou-se ainda que 87 das consultas para tratamento da rinossinusite foram realizadas por

cliacutenicos gerais sendo os Otorrinolaringologistas apenas chamados a intervir em situaccedilotildees de difiacutecil

controle234

Trata-se de patologia que afeta qualquer grupo etaacuterio ou eacutetnico comprometendo as atividades

diaacuterias do indiviacuteduo sua capacidade laborativa eou acadecircmica1

Estudos para avaliar a qualidade de vida dos pacientes com RS concluiacuteram que na fase crocircnica

essa tem pior impacto na qualidade de vida quando comparado agrave artrite reumatoacuteide diabetes

insulino-dependente e doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC)25

Atualmente representam 9 de todas as prescriccedilotildees de antibioacuteticos em crianccedilas e 21 das

prescriccedilotildees em adultos6

A preocupaccedilatildeo com o uso indiscriminado de antibioacuteticos e a resistecircncia bacteriana e mundial

principalmente quando se detecta que aproximadamente 50 milhotildees das prescriccedilotildees nos EUA

foram com antibioacuteticos6

O diagnoacutestico e o tratamento das rinossinusites satildeo

questotildees polecircmicas visto que outras doenccedilas podem

ocasionar sintomatologia semelhante confundindo-se

com aquelas que se manifestam no segmento cefaacutelico

ou de vias aeacutereas superiores

O proacuteprio conceito que os indiviacuteduos tecircm da

rinossinusite interfere na praacutetica meacutedica A

automedicaccedilatildeo muitas vezes prejudicial ao doente

pode tambeacutem contribuir para evoluccedilatildeo da doenccedila e

confusatildeo diagnoacutestica

A RS caracteriza-se por inflamaccedilatildeo da mucosa do nariz e seios paranasais a partir de um

processo agudo nasal infeccioso de etiologia viral bacteriana fuacutengica aleacutergica ou funcional

4

A atual designaccedilatildeo de rinossinusite justifica-se pela frequente coexistecircncia de sinusite e rinite no

mesmo doente A inflamaccedilatildeo dos seios paranasais eacute na maioria dos casos acompanhada do

comprometimento preacutevio ou simultacircneo da cavidade nasal Portanto rinite e sinusite satildeo

estaacutegios diferentes de um mesmo processo A rinite pode ocorrer isoladamente contudo a

sinusite sem a rinite eacute de ocorrecircncia rara 789

A RS pode tambeacutem ser um fator agravante para a hiperreatividade brocircnquica Estudos

demonstraram que o tratamento da doenccedila sinusal melhora os sintomas da asma Apesar da

associaccedilatildeo epidemioloacutegica de asma rinite e sinusite diferirem a coexistecircncia de asma e rinite

eou sinusite eacute observada desde Galeno9

2 ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA

Os seios da face constituem um conjunto de espaccedilos preenchidos por ar dentro do cracircnio

anterior que se comunicam com as cavidades nasais atraveacutes de pequenos oacutestios e recebem a

denominaccedilatildeo do osso a que pertencem (FIGURA 1)

Toda essa estrutura eacute revestida por um tecido epitelial ciliacutendrico ciliado vibraacutetil pseudo-estratificado

produtor de muco rico em lisozimas mucopolissacariacutedeos e mucoproteinase IgA secretora que

atuam como uma proteccedilatildeo contra antiacutegenos respiratoacuterios mantendo a umidade nasal atraveacutes de um

ldquotapete rolanterdquo de muco que possui pH de 68 a 74 e temperatura entre 18 e 37degC

Na elaboraccedilatildeo do diagnoacutestico e estrateacutegia terapecircutica a

anatomofisiopatologia e a classificaccedilatildeo das vaacuterias formas de

manifestaccedilatildeo de um quadro de RS satildeo fundamentais

5

A presenccedila de secreccedilatildeo mucosa clara transparente ou brancacenta muitas vezes mencionada pelo paciente como pigarro ou mesmo ldquogotejamento posteriorrdquo e fruto na grande maioria das vezes de um processo nasossinusal fisioloacutegico

FIGURA 1 Anatomia dos Seios da face

Fonte Da autora - imagem anatocircmica cedida pelo laboratoacuterio FMQ

Esse muco eacute transportado dos seios da face atraveacutes dos estreitos oacutestios de comunicaccedilatildeo para as

cavidades nasais e faringe neutralizando a accedilatildeo das bacteacuterias e fungos do ar numa velocidade de

025 a 075 cmminuto impulsionado pela vibraccedilatildeo dos aproximadamente 8 ciacutelios de cada ceacutelula

epitelial que vibram 160 a 250 vezes por minuto6

A boa funccedilatildeo nasossinusal eacute

dependente

Da patecircncia dos oacutestios de drenagem das

cavidades paranasais

Da funccedilatildeo ciliar adequada

Da qualidade das secreccedilotildees nasais

Da integridade do sistema imunoloacutegico

do indiviacuteduo

Qualquer interferecircncia sistecircmica ou local

como a obstruccedilatildeo do oacutestio sinusal parcial ou completa por qualquer motivo pode ocasionar

estagnaccedilatildeo de secreccedilotildees nas cavidades sinusais

Com a obstruccedilatildeo do oacutestio a pressatildeo de oxigecircnio cai o que predispotildee ao crescimento de bacteacuterias

anaeroacutebias diminuiccedilatildeo do pH e das defesas locais interferindo no transporte mucociliar e

liberaccedilatildeo de enzimas proteoliacuteticas pelos leucoacutecitos910

6

Instala-se entatildeo edema adicional da mucosa agravando a obstruccedilatildeo do oacutestio sinusal e a

interrupccedilatildeo do transporte mucociliar nos seios paranasais (FIGURA 2)

Neste contexto identificar os fatores locais e sistecircmicos que contribuem para a obstruccedilatildeo e

alteraccedilatildeo da dinacircmica nasal que levam a rinossinusite torna-se fundamental para o diagnoacutestico

e tratamento (Tabela 1)

FIGURA 2 Fisiopatologia das Rinissinusites

Fonte Da autora

7

TABELA 1 Fatores que interferem na dinacircmica nasal

Fonte Consenso de Rinossinusites (2013)

3 CLASSIFICACcedilAtildeO DAS RINOSSINUSITES

O criteacuterio utilizado para classificar as Rinossinusites estaacute baseado na duraccedilatildeo e manifestaccedilatildeo dos

sintomas Classificam-se em aguda subaguda crocircnica e recorrente11

Importante tambeacutem eacute considerar a gravidade da doenccedila (TABELA 2)

A Escala Visual Analoacutegica (EVA) validada em 2012 pela European Position Paper on Rhinosinusitis

and Nasal Polyps (EPOS) (FIG 2) eacute um instrumento cada vez mais utilizado na tentativa de

compreender o niacutevel do desconforto do paciente frente ao quadro apresentado Nela o paciente eacute

solicitado a quantificar de 0 a 10 o grau de incocircmodo causado pelos sintomas onde 0 significa

nenhum incocircmodo e 10 o maior incocircmodo possiacutevel

A gravidade eacute entatildeo classificada em

leve 0-3 cm

moderada gt 3-7 cm

grave gt 7-10 cm

FFFaaatttooorrreeesss LLLooocccaaaiiisss

OOObbbssstttrrruuutttiiivvvooosss

FFFaaatttooorrreeesss LLLooocccaaaiiisss

FFFuuunnnccciiiooonnnaaaiiisss FFFaaatttooorrreeesss SSSiiissstttecircecircecircmmmiiicccooosss

Edema de mucosa

(IVAS Rinite Aleacutergica)

Desvio de septo

Poacutelipos

Corpo estranho

Massas tumorais

Atresia coanal

Comprometimento da

funccedilatildeo ciliar

Exposiccedilatildeo ao ar frio ou

seco

Uso de drogas

Uso de medicamentos

(descongestionantes

toacutepicos)

Condiccedilotildees Debilitantes

Desnutriccedilatildeo

Uso prolongado de

esteroides

Diabetes Mellitus

descompensado

Quimioterapia

Imunodeficiecircncias IgG IgA

AIDS

Estresse

Alteraccedilatildeo das secreccedilotildees

exoacutecrinas

Mucoviscidose

Doenccedila dos ciacutelios imoacuteveis

8

A classificaccedilatildeo em leve moderada e grave tem implicaccedilotildees terapecircuticas ajudando na tomada

de decisatildeo em relaccedilatildeo ao uso de corticoide intranasal eou antibioacutetico

TABELA 2 Classificaccedilatildeo das Rinossinusites

Fonte Diretrizes Brasil de Rinossinusites (2008)

4 RINOSSINUSITE AGUDA (RSA)

Por ser um processo de manifestaccedilatildeo aguda eacute o estaacutegio mais frequentemente avaliado por

profissionais em pronto atendimento

Trata-se de um processo inflamatoacuterio da mucosa rinossinusal de iniacutecio suacutebito que pode perdurar

por ateacute quatro semanas Pode manifestar-se em um mesmo indiviacuteduo uma ou mais vezes num

determinado periacuteodo de tempo mas sempre com remissatildeo completa dos sinais e sintomas entre

os episoacutedios1112

CCllaassssiiffiiccaaccedilccedilatildeatildeoo ddaass RRiinnoossssiinnuussiitteess

AAgguuddaa

Duraccedilatildeo dos sintomas por ateacute 4 semanas

Inicio suacutebito e geralmente associado a IVAS

Regride completamente apoacutes o tratamento ou

espontaneamente

SSuubbaagguuddaa Duraccedilatildeo dos sintomas prolonga-se por 4 a 12 semanas

Eacute uma evoluccedilatildeo do quadro agudo

CCrrocircocircnniiccaa Sintomas persistem por um periacuteodo superior a 12 semanas

RReeccoorrrreennttee

Presenccedila de 4 ou mais episoacutedios de Rinossinusite aguda em 12

meses com remissatildeo total dos sintomas entre os episoacutedios

Ausecircncia de sintomas Maior incocircmodo imaginaacutevel

FIGURA 2 Escala visual analoacutegica (EVA) ndash Gravidade dos sintomas de Rinossinusite

9

Na maioria das vezes a RSA de qualquer etiologia tem maior gravidade sintomatoloacutegica do que a

fase crocircnica onde os sintomas satildeo menos intensos

Dentre as vaacuterias classificaccedilotildees para as RSA a mais utilizada eacute a etioloacutegica baseada nos sinais

sintomas e no tempo de duraccedilatildeo dos mesmos

Viral ndash quando a duraccedilatildeo dos sintomas eacute menor que dez dias

Poacutes Viral ndash Na piora dos sintomas apoacutes cinco dias da doenccedila inicial ou na persistecircncia dos

sintomas por mais de dez dias da doenccedila inicial

Bacteriana ndash Quando independente do tempo de evoluccedilatildeo da doenccedila ocorrer pelo menos trecircs dos

sinais ou sintomas como

Secreccedilatildeo mucopurulenta em nariz e rinofaringe

Dor na face (com predominacircncia unilateral)

Temperatura acima de 38degC

VHS ou PCR elevadas

Reagudizaccedilatildeo ou piora apoacutes a fase inicial de sintomas leves

5 DIAGNOacuteSTICO NA RSA

O profissional que avalia um possiacutevel quadro de RSA meacutedicos generalistas ou especialistas deve

ter em mente que uma boa anamnese e o exame fiacutesico satildeo a base para o diagnoacutestico13

Frequentemente nos deparamos com queixas de

Obstruccedilatildeo nasal que pode ser uni ou bilateral Deve-se considerar que eacute um sintoma subjetivo e

inespeciacutefico variando de indiviacuteduo para indiviacuteduo presente tanto na forma viral quanto bacteriana

e de forma isolada nas rinopatias13

Secreccedilatildeo nasal anterior eou posterior eacute um sinal fortemente sugestivo de RSA Quando aquosa

ou mucoide sugere um quadro inicial viral ou aleacutergico Quando mucopurulenta com ou sem

sinais de sangramento eacute fortemente sugestivo de um quadro bacteriano813

Dor ou pressatildeo facial ou cefaleia podem estar presentes nas formas virais e bacterianas Nos

quadros virais tende a ser mais difusa e pode ser intensa Nos quadros bacterianos eacute

classicamente em peso natildeo pulsaacutetil e piora com a inclinaccedilatildeo da cabeccedila para frente Pode haver

dor dentaacuteria referida que piora com a mastigaccedilatildeo Deve-se considerar que apesar de frequumlente

natildeo eacute sintoma especiacutefico para o diagnoacutestico Pode ser fator de confusatildeo diagnoacutestica e eacute incomum

como manifestaccedilatildeo isolada de sinusopatias

Natildeo satildeo raros os diagnoacutesticos de sinusite equivocadamente estabelecidos para pacientes com

enxaqueca e quadros psicossomaacuteticos Pode tambeacutem estar presente em quadros febris de

qualquer etiologia6813

10

Alteraccedilotildees do olfato - Hiposmia ou anosmia Ocasionados pela obstruccedilatildeo nasal influecircncia das

secreccedilotildees purulentas presentes na cavidade nasal (cacosmia) ou por lesotildees diretas do epiteacutelio

olfatoacuterio por viacuterus ou bacteacuterias6

Halitose - Manifestaccedilatildeo frequente e quando associada agrave obstruccedilatildeo nasal rinorreia e tosse

aumenta a suspeita para o diagnoacutestico de rinossinusite Quando isolada deve-se considerar outras

possibilidades como o caseum tonsilar e corpo estranho nasal principalmente em crianccedilas611

Tosse - (seca ou produtiva) pelas secreccedilotildees que drenam posteriormente pela rinofaringe aleacutem de

irritaccedilatildeo fariacutengea lariacutengea traqueal e rouquidatildeo13

Plenitude auricular - causada pela drenagem de secreccedilotildees na regiatildeo do oacutestio fariacutengeo da tuba

auditiva13

6 AVALIACcedilAtildeO COMPLEMENTAR POR IMAGEM NA RSA

O Raio X simples de Seios da Face eacute um exame cada vez menos valorizado pelos

otorrinolaringologistas Nos casos agudos o RX simples eacute dispensaacutevel visto que a histoacuteria cliacutenica e

o exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico satildeo suficientes Quando solicitado deve ser na posiccedilatildeo

ortostaacutetica para avaliar a presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIGURA 3) Observa-se no entanto uma

excessiva valorizaccedilatildeo das radiografias simples dos seios da face1

Fonte Projeto Diretrizes - ABORL CCF 2012- CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

Consideraccedilotildees frente agrave solicitaccedilatildeo de Rx de Seios da Face

Satildeo exames inespeciacuteficos que natildeo conseguem diferenciar causas virais e bacterianas

Discrepacircncia entre achados tomograacuteficos e radioloacutegicos em torno de 80

Natildeo recomendaacutevel em crianccedilas abaixo de 2 anos

Confiaacutevel apenas na presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIG 3)

Poacutelipos cistos hipoplasia de cavidades paranasais podem resultar em falso-positivo

(FIG3)

Os sinais observados que podem sugerir RSA satildeo espessamento mucoso gt 4mm niacutevel

liacutequido e opacificaccedilatildeo de um ou mais seios da face (FIG 3)

50 crianccedilas com IVAS de causa viral apresentam seios maxilares alterados ao Rx

11

FAZER OU NAtildeO O RX DE SEIOS DA FACE

Esta decisatildeo principalmente nas crianccedilas necessita tambeacutem do conhecimento do

desenvolvimento e crescimento das cavidades nasais e paranasais

Seios Maxilares

Mede 6 a 8 cm3 ao nascimento

Algumas pessoas chegam agrave idade adulta com seio hipoplaacutesico

Visiacutevel ao RX a partir do quarto ao quinto mecircs de idade

Seios etmoidais

Desenvolve-se a partir do terceiro mecircs de vida intrauterina

Dimensotildees semelhantes ao do adulto aos 12 anos de idade

Natildeo aparece ao Rx ateacute o primeiro ano de vida

Seios frontais

Natildeo eacute possiacutevel diferenciaacute-lo do seio etmoidal ao nascimento

Seu crescimento ocorre ateacute os 20 anos

Pode ser reconhecido radiologicamente apoacutes o quinto ano de vida

Seios esfenoidais

Comeccedila seu desenvolvimento em meacutedia aos cinco anos estendendo seu

crescimento em direccedilatildeo agrave sela tuacutercica terminando seu desenvolvimento ateacute o final

da adolescecircncia

Visiacutevel ao Rx apoacutes os 5 anos

Fonte Navarro JAC (1997)14

12

FIGURA 3 Alteraccedilotildees detectaacuteveis ao RX de seios da face

Fonte Da autora Imagens de arquivo proacuteprio

Tomografia computadorizada (TC) - Natildeo deve ser utilizada no diagnoacutestico inicial de RSA Deve ser

solicitado fora da fase aguda da doenccedila exceto nas suspeitas de complicaccedilotildees

Deve ser considerada nos quadros graves e em pacientes imunossuprimidos na vigecircncia de

complicaccedilotildees na suspeita de rinossinusite fuacutengica e no planejamento ciruacutergico Podem ser

encontradas alteraccedilotildees em crianccedilas saudaacuteveis (falso positivo)1315

Ressonacircncia magneacutetica (RM) - Natildeo estaacute indicada em casos de patologias nasossinusais agudas

Pode ser recomendada na avaliaccedilatildeo de complicaccedilotildees intracranianas das patologias nasossinusais

A RM fornece importantes informaccedilotildees sobre a mucosa e demais tecidos moles 1315

Endoscopia nasal (fibronasofaringoscopia) - A endoscopia nasal eacute recomendada aos pacientes

com qualquer tipo de queixa nasal Permite avaliar todas as porccedilotildees da cavidade nasal com

anaacutelise macroscoacutepica detalhada da mucosa nasal e sinusal Eacute completamente dispensaacutevel no

diagnoacutestico de RSA pois a ausecircncia de alteraccedilotildees endoscoacutepicas com histoacuteria cliacutenica compatiacutevel

natildeo afasta o diagnoacutestico de RSA Pode entretanto ser uacutetil na avaliaccedilatildeo da anatomia rinossinusal

como fator causal do processo infeccioso 1315

13

FIGURA 4 Imagens comparativas na rinossinusite maxilar esquerda Fonte Da autora Imagens

utilizadas de arquivo proacuteprio

Imagem utilizada disponiacutevel em httpwwwclinicacosercomveja-fotos-derinoscopia7 Acessado em 25042016

7 MICROBIOLOGIA NA RSA

Nas formas virais os agentes frequentemente envolvidos satildeo o Rhino-influenzae influenzae e

parainfluenzae de forma isolada ou associada agraves infecccedilotildees bacterianas pois em mais de 30 dos

casos de sinusite aguda a infecccedilatildeo eacute polimicrobiana2611

Quando presentes as bacteacuterias mais comumente envolvidas satildeo o S pneumoniae (55) H

influenzae (20) viacuterus respiratoacuterios (15) anaeroacutebios (9) M catarrhalis Streptococcus

hemoliacutetico do grupo A e Streptococcus alfa-hemoliacutetico (1)2611

Na presenccedila das patologias onde ocorre a diminuiccedilatildeo da motilidade ciliar (fibrose ciacutestica siacutendrome

da imotilidade ciliar siacutendrome de Kartagener) Pseudomonas aeruginosa e Staphilococcus aureus

podem estar presentes2611

H influenza S pneumoniae Aspergillus species Candida albicans Legionella pneumophila

fungos da classe Zygomicetes e da ordem Mucorales (Rhizopus arrhizus Mucor sp) podem ser

encontrados em pacientes com doenccedilas sistecircmicas que passaram por infecccedilatildeo viral recente ou

terapia com corticosteroides e na siacutendrome da imunodeficiecircncia adquirida (Sida)2611

14

8 TRATAMENTO DA RSA

Aspectos relevantes

Como a maior parte das infecccedilotildees nas RSA eacute de etiologia viral o objetivo do tratamento eacute

minimizar sintomas de obstruccedilatildeo nasal e da rinorreia promovendo a resoluccedilatildeo dos mecanismos

fisiopatoloacutegicos e o tratamento das exacerbaccedilotildees visando

Permitir e favorecer boa drenagem e ventilaccedilatildeo dos seios paranasais

Limpeza nasal com soluccedilatildeo fisioloacutegica

Uso de anti-inflamatoacuterios (esteroides natildeo esteroides)

Antibioticoterapia (se necessaacuterio)

9 CONSIDERACcedilOtildeES NO TRATAMENTO SINTOMAacuteTICO

91 Descongestionantes nasais de uso toacutepico

Nas infecccedilotildees virais podem ser prescritos como sintomaacuteticos Nas RSA bacterianas persistentes o

uso de vasoconstritor toacutepico nasal pode aliviar a obstruccedilatildeo nasal e aumentar o fluxo inspiratoacuterio

Deve-se evitar o uso de vasoconstritores toacutepicos de forma isolada e considerar

A possibilidade de complicaccedilotildees decorrentes da interaccedilatildeo medicamentosa com outras drogas

A possibilidade de descontrole da hipertensatildeo arterial e do glaucoma

Natildeo utilizar por mais de quatro dias consecutivos pelo risco de congestatildeo nasal rebote

92 Descongestionantes sistecircmicos orais

Normalmente satildeo utilizados para diminuir o edema e facilitar a drenagem de secreccedilotildees embora

careccedilam de evidecircncias que comprovem sua eficaacutecia Devem ser evitados em pacientes com

doenccedila cardiovascular hipertensatildeo e com hipertrofia prostaacutetica benigna Nas infecccedilotildees

bacterianas natildeo satildeo recomendados Seu uso isolado ou associado aos anti-histamiacutenicos nas RSA

bacterianas natildeo modifica de forma significativa a evoluccedilatildeo cliacutenica ou radioloacutegica tanto em

crianccedilas quanto em adultos Pode comprometer a evoluccedilatildeo dos sintomas por promover

ressecamento das secreccedilotildees em todo o trato respiratoacuterio dificultando sua drenagem nas

cavidades paranasais

15

93 Anti-histamiacutenicos

Muitas vezes satildeo prescritos para controle sintomaacutetico mas natildeo haacute estudos que comprovem

qualquer eficaacutecia natildeo sendo desta forma recomendados de rotina

94 Irrigaccedilatildeo com soluccedilatildeo salina

Apesar da pouca evidecircncia de benefiacutecio cliacutenico de forma geral recomenda-se a utilizaccedilatildeo da

lavagem salina nasal em pacientes com RSA que promove melhora da funccedilatildeo ciliar reduz o

edema de mucosa colabora na limpeza da cavidade nasal e da secreccedilatildeo presente nos processos

infecciosos aleacutem de natildeo apresentar efeitos colaterais

95 Corticoide nasal

Os corticoides nasais proporcionam melhora dos sintomas nas infecccedilotildees virais e bacterianas

principalmente em pacientes portadores de rinite aleacutergica Deve ser usado em adultos de forma

parcimoniosa na tentativa de reduzir o uso de antibioacuteticos

Entretanto na presenccedila de secreccedilatildeo catarral abundante sua accedilatildeo pode ficar prejudicada

Os mais utilizados satildeo o fumarato de mometasona budesonida e propionato de fluticasona

Eacute discutiacutevel sua utilizaccedilatildeo associada agrave antibioticoterapia Seu uso deve ser restrito e cauteloso nos

pacientes portadores de glaucoma

Sua melhor utilizaccedilatildeo eacute na fase inter-crises das rinossinusites recorrentes como medida

preventiva e no tratamento das rinopatias aleacutergicas

96 Corticoide oral

Mostra-se mais eficaz quando comparado ao corticoide intranasal aleacutem de mais seguro do que os

anti-inflamatoacuterios natildeo hormonais

Seu uso eacute recomendado em pacientes adultos e crianccedilas com RSAB desde que natildeo apresentem

contraindicaccedilotildees para seu uso

O corticoide oral quando necessaacuterio deve ser utilizado por trecircs a cinco dias e sempre associado agrave

antibioticoterapia

16

Metanaacutelises com estudos de placebo

controlados randomizados e duplo-cegos

mostraram que

A eficaacutecia dos antibioacuteticos na melhora dos

sintomas dos pacientes com RSAB

especialmente se administrados

criteriosamente

Natildeo estatildeo indicados nos casos de

rinossinusites virais

Cerca de 65 dos pacientes diagnosticados

com RSAB apresenta resoluccedilatildeo cliacutenica

espontacircnea nos primeiros dez dias

A introduccedilatildeo do antibioacutetico deve ser

considerada quando natildeo haacute melhora apoacutes o

tratamento com medidas adjuvantes ou se

os sintomas se acentuarem

CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

97 Antibioacuteticos

Antibioacuteticos satildeo administrados apenas

em situaccedilotildees que sugerem fortemente

infecccedilatildeo bacteriana

Muitas vezes eacute difiacutecil distinguir

infecccedilotildees virais de bacterianas nos

primeiros 10 dias de doenccedila mas trecircs

caracteriacutesticas que sugerem a etiologia

bacteriana devem consideradas

a) Sintomas que persistem mais de

10 dias sem melhora cliacutenica

aparente

b) Sintomas intensos que incluem

febre com temperatura gt 39 degC

associada agrave rinorreia purulenta ou

dor facial e com duraccedilatildeo de pelo

menos trecircs dias logo no iniacutecio do

quadro

c) Piora cliacutenica conforme os sintomas

descritos que ocorrem apoacutes um

quadro nitidamente viral que

estava em processo de melhora

cliacutenica

Na presenccedila de sintomas compatiacuteveis com quadro bacteriano o paciente deve receber

antibioacuteticos com objetivo de minimizar sintomas diminuir o tempo da doenccedila evitar infecccedilotildees

recorrentes e complicaccedilotildees

A Infectious Diseases Society of America (2012) sobre antibioacuteticos recomenda

Amoxicilina-clavulanato antibioacutetico de primeira escolha se o paciente natildeo eacute aleacutergico a

penicilina A dose eacute de 500mg125mg a cada 8 horas

Em aleacutergicos a amoxicilina doxiciclina levofloxacina e moxifloxacina

Claritromicina azitromicina e cefalosporinas de 2ordf e 3ordf geraccedilotildees tambeacutem satildeo opccedilotildees viaacuteveis

Nas gestantes a primeira opccedilatildeo eacute amoxicilina sendo azitromicina a opccedilatildeo quando houver

alergia agrave amoxicilina

Ainda natildeo existem estudos que definam o tempo ideal de tratamento com antibioacuteticos Zambon

(2013) menciona as recomendaccedilotildees de diretrizes internacionais quanto ao uso dos antibioacuteticos por

5 a 7 dias e natildeo mais por 10 a 14 dias uma vez que estudos mostraram que os resultados

terapecircuticos satildeo semelhantes com estes diferentes tempos

17

Na eventualidade de falha terapecircutica as opccedilotildees viaacuteveis como 2ordf linha para pacientes que foram

inicialmente tratados com amoxicilina-clavulanato nas doses usuais satildeo

Amoxicilina 2g ndash clavulanato 125mg VO a cada 12 horas ou

Levofloxacina 500mg VO 1 vezdia ou

Moxifloxacina 400mg VO 1 vezdia

10 COMPLICACcedilOtildeES DAS RSA

As complicaccedilotildees das rinossinusites satildeo decorrentes de infecccedilotildees agudas ou crocircnicas e mais

frequentes na populaccedilatildeo infantil (TABELA 3)

As vias de disseminaccedilatildeo satildeo por contiguidade erosatildeo oacutessea ou hematogecircnicas podendo ser

hematoloacutegica ou neuroloacutegica

Satildeo quadros graves de evoluccedilatildeo imprevisiacutevel e requerem monitoramento e tratamento em

ambiente hospitalar

TABELA 3 Complicaccedilotildees e Sinais de Alerta na RSA

Fonte Soc Bras de ORL(2011) Rosenfeld RM sinusitis (2015)16 5

CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess mmaaiiss ffrreeqquueenntteess ddaass

RRiinnoossssiinnuussiitteess

SSiinnaaiiss ddee AAlleerrttaa ppaarraa CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess

OOffttaallmmooNNeeuurroolloacuteoacuteggiiccaass ddaa RRiinnoossssiinnuussiittee

Otites

Broncopneumonia

Ativaccedilatildeo de asma brocircnquica

Neuroloacutegicas (abscesso cerebral e

tromboflebite do seio cavernoso)

Oftalmoloacutegicas (celulite periorbitaacuteria)

Dor e febre sem melhora apoacutes 72 horas de

tratamento adequado

Edema eou eritema palpebral

Borramento da visatildeo

Cefaleia intensa com irritabilidade

Sinais de toxemia

18

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC)

111 Aspectos relevantes

Da mesma forma que a rinossinusite aguda a RSC eacute um estaacutegio evolutivo dos quadros de rinite Eacute

considerado um contiacutenuo da RSA podendo tambeacutem sofrer processo de reagudizaccedilatildeo6

O diagnoacutestico cliacutenico da RSC baseia-se na presenccedila de sinais e sintomas nasossinusais com mais

de 12 semanas de evoluccedilatildeo e aos fatores que levam a RSA a processo de cronificaccedilatildeo descritos no

QUADRO 1

Observam-se com relativa frequecircncia alguns indiviacuteduos que manifestam episoacutedios mais severos

com o comprometimento simultacircneo de todo o trato respiratoacuterio superior e inferior Estes

indiviacuteduos apresentam uma resposta inflamatoacuteria exacerbada frente aos fatores agressores como

os viacuterus as bacteacuterias fungos e fatores ambientais associando polipose nasal hiperatividade

brocircnquica e intoleracircncia aos salicilatos Deve-se aqui ponderar a presenccedila de patologias

mucociliares ou doenccedilas auto-imunes (granulomatose de Wegener)217

QUADRO 1 Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Fonte Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC

Obstruccedilatildeo e congestatildeo nasal - eacute menos frequumlente e estaacute normalmente associada a fatores como

desvios septais rinite aleacutergica e outros

Rinorreia - (aquosa mucoide ou mucopurulenta) tende a se apresentar em menor quantidade nos

casos crocircnicos e muitas vezes perceptiacutevel apenas como drenagem retronasal

Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Tratamentos cliacutenicos inadequados

Alteraccedilotildees anatocircmicas que predisponham agraves infecccedilotildees de repeticcedilatildeo

Fatores obstrutivos intranasais - edema da mucosa hipertrofia de cornetos desvio septal

poacutelipos tumores e vegetaccedilotildees adenoideanas nas crianccedilas ou nos imunodeprimidos

Doenccedilas sistecircmicas

Deficiecircncias do sistema imunoloacutegico

Presenccedila de biofilmes de bacteacuterias aderidos na mucosa rinossinusal causando resistecircncia

elevada aos antibioacuteticos

19

Dor facial - natildeo eacute um sintoma comum na rinossinusite crocircnica podendo aparecer nas fases de

agudizaccedilatildeo

Tosse crocircnica - pode ser o uacutenico sintoma presente em casos de RSC especialmente em crianccedilas

Geralmente eacute natildeo produtiva com periacuteodos de exacerbaccedilatildeo agrave noite A rinorreia catarral posterior

pode ser a responsaacutevel bem como a estimulaccedilatildeo de reflexos nasopulmonares originados da

mucosa nasossinusal inflamada

Cacosmia ou fetidez nasal - pode ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva

quando sentida pelas pessoas que o cercam (geralmente estaacute associada agrave halitose)

Epistaxes - podem ou natildeo estar presentes2

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES

Define-se a partir de muacuteltiplos episoacutedios de RSA nos quais os sinais e sintomas desaparecem entre

um episoacutedio e outro voltando o paciente agrave normalidade

O tratamento pode ser cliacutenico ou ciruacutergico buscando sempre corrigir os fatores predisponentes agrave

repeticcedilatildeo dos processos infecciosos

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA

Na ocorrecircncia de muacuteltiplos episoacutedios onde o paciente natildeo volta agrave condiccedilatildeo de normalidade entre

os episoacutedios de agudizaccedilatildeo

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA

Satildeo mais frequentes em pacientes com algum comprometimento imunoloacutegico podendo

acometer tambeacutem pacientes imunologicamente competentes

A evoluccedilatildeo geralmente eacute crocircnica e natildeo responde aos tratamentos com antibioacuteticos

A avaliaccedilatildeo por tomografia computadorizada nesses pacientes mostra o envolvimento de

muacuteltiplos seios

Os fungos mais comumente encontrados satildeo o Aspergillus Curvularia Alternaria e Bipolaris O

principal patoacutegeno eacute o Aspergillus fumigatus embora o Aspergillus flavus seja ocasionalmente

isolado15 Quase sempre o tratamento eacute ciruacutergico

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 4: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

4

A atual designaccedilatildeo de rinossinusite justifica-se pela frequente coexistecircncia de sinusite e rinite no

mesmo doente A inflamaccedilatildeo dos seios paranasais eacute na maioria dos casos acompanhada do

comprometimento preacutevio ou simultacircneo da cavidade nasal Portanto rinite e sinusite satildeo

estaacutegios diferentes de um mesmo processo A rinite pode ocorrer isoladamente contudo a

sinusite sem a rinite eacute de ocorrecircncia rara 789

A RS pode tambeacutem ser um fator agravante para a hiperreatividade brocircnquica Estudos

demonstraram que o tratamento da doenccedila sinusal melhora os sintomas da asma Apesar da

associaccedilatildeo epidemioloacutegica de asma rinite e sinusite diferirem a coexistecircncia de asma e rinite

eou sinusite eacute observada desde Galeno9

2 ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA

Os seios da face constituem um conjunto de espaccedilos preenchidos por ar dentro do cracircnio

anterior que se comunicam com as cavidades nasais atraveacutes de pequenos oacutestios e recebem a

denominaccedilatildeo do osso a que pertencem (FIGURA 1)

Toda essa estrutura eacute revestida por um tecido epitelial ciliacutendrico ciliado vibraacutetil pseudo-estratificado

produtor de muco rico em lisozimas mucopolissacariacutedeos e mucoproteinase IgA secretora que

atuam como uma proteccedilatildeo contra antiacutegenos respiratoacuterios mantendo a umidade nasal atraveacutes de um

ldquotapete rolanterdquo de muco que possui pH de 68 a 74 e temperatura entre 18 e 37degC

Na elaboraccedilatildeo do diagnoacutestico e estrateacutegia terapecircutica a

anatomofisiopatologia e a classificaccedilatildeo das vaacuterias formas de

manifestaccedilatildeo de um quadro de RS satildeo fundamentais

5

A presenccedila de secreccedilatildeo mucosa clara transparente ou brancacenta muitas vezes mencionada pelo paciente como pigarro ou mesmo ldquogotejamento posteriorrdquo e fruto na grande maioria das vezes de um processo nasossinusal fisioloacutegico

FIGURA 1 Anatomia dos Seios da face

Fonte Da autora - imagem anatocircmica cedida pelo laboratoacuterio FMQ

Esse muco eacute transportado dos seios da face atraveacutes dos estreitos oacutestios de comunicaccedilatildeo para as

cavidades nasais e faringe neutralizando a accedilatildeo das bacteacuterias e fungos do ar numa velocidade de

025 a 075 cmminuto impulsionado pela vibraccedilatildeo dos aproximadamente 8 ciacutelios de cada ceacutelula

epitelial que vibram 160 a 250 vezes por minuto6

A boa funccedilatildeo nasossinusal eacute

dependente

Da patecircncia dos oacutestios de drenagem das

cavidades paranasais

Da funccedilatildeo ciliar adequada

Da qualidade das secreccedilotildees nasais

Da integridade do sistema imunoloacutegico

do indiviacuteduo

Qualquer interferecircncia sistecircmica ou local

como a obstruccedilatildeo do oacutestio sinusal parcial ou completa por qualquer motivo pode ocasionar

estagnaccedilatildeo de secreccedilotildees nas cavidades sinusais

Com a obstruccedilatildeo do oacutestio a pressatildeo de oxigecircnio cai o que predispotildee ao crescimento de bacteacuterias

anaeroacutebias diminuiccedilatildeo do pH e das defesas locais interferindo no transporte mucociliar e

liberaccedilatildeo de enzimas proteoliacuteticas pelos leucoacutecitos910

6

Instala-se entatildeo edema adicional da mucosa agravando a obstruccedilatildeo do oacutestio sinusal e a

interrupccedilatildeo do transporte mucociliar nos seios paranasais (FIGURA 2)

Neste contexto identificar os fatores locais e sistecircmicos que contribuem para a obstruccedilatildeo e

alteraccedilatildeo da dinacircmica nasal que levam a rinossinusite torna-se fundamental para o diagnoacutestico

e tratamento (Tabela 1)

FIGURA 2 Fisiopatologia das Rinissinusites

Fonte Da autora

7

TABELA 1 Fatores que interferem na dinacircmica nasal

Fonte Consenso de Rinossinusites (2013)

3 CLASSIFICACcedilAtildeO DAS RINOSSINUSITES

O criteacuterio utilizado para classificar as Rinossinusites estaacute baseado na duraccedilatildeo e manifestaccedilatildeo dos

sintomas Classificam-se em aguda subaguda crocircnica e recorrente11

Importante tambeacutem eacute considerar a gravidade da doenccedila (TABELA 2)

A Escala Visual Analoacutegica (EVA) validada em 2012 pela European Position Paper on Rhinosinusitis

and Nasal Polyps (EPOS) (FIG 2) eacute um instrumento cada vez mais utilizado na tentativa de

compreender o niacutevel do desconforto do paciente frente ao quadro apresentado Nela o paciente eacute

solicitado a quantificar de 0 a 10 o grau de incocircmodo causado pelos sintomas onde 0 significa

nenhum incocircmodo e 10 o maior incocircmodo possiacutevel

A gravidade eacute entatildeo classificada em

leve 0-3 cm

moderada gt 3-7 cm

grave gt 7-10 cm

FFFaaatttooorrreeesss LLLooocccaaaiiisss

OOObbbssstttrrruuutttiiivvvooosss

FFFaaatttooorrreeesss LLLooocccaaaiiisss

FFFuuunnnccciiiooonnnaaaiiisss FFFaaatttooorrreeesss SSSiiissstttecircecircecircmmmiiicccooosss

Edema de mucosa

(IVAS Rinite Aleacutergica)

Desvio de septo

Poacutelipos

Corpo estranho

Massas tumorais

Atresia coanal

Comprometimento da

funccedilatildeo ciliar

Exposiccedilatildeo ao ar frio ou

seco

Uso de drogas

Uso de medicamentos

(descongestionantes

toacutepicos)

Condiccedilotildees Debilitantes

Desnutriccedilatildeo

Uso prolongado de

esteroides

Diabetes Mellitus

descompensado

Quimioterapia

Imunodeficiecircncias IgG IgA

AIDS

Estresse

Alteraccedilatildeo das secreccedilotildees

exoacutecrinas

Mucoviscidose

Doenccedila dos ciacutelios imoacuteveis

8

A classificaccedilatildeo em leve moderada e grave tem implicaccedilotildees terapecircuticas ajudando na tomada

de decisatildeo em relaccedilatildeo ao uso de corticoide intranasal eou antibioacutetico

TABELA 2 Classificaccedilatildeo das Rinossinusites

Fonte Diretrizes Brasil de Rinossinusites (2008)

4 RINOSSINUSITE AGUDA (RSA)

Por ser um processo de manifestaccedilatildeo aguda eacute o estaacutegio mais frequentemente avaliado por

profissionais em pronto atendimento

Trata-se de um processo inflamatoacuterio da mucosa rinossinusal de iniacutecio suacutebito que pode perdurar

por ateacute quatro semanas Pode manifestar-se em um mesmo indiviacuteduo uma ou mais vezes num

determinado periacuteodo de tempo mas sempre com remissatildeo completa dos sinais e sintomas entre

os episoacutedios1112

CCllaassssiiffiiccaaccedilccedilatildeatildeoo ddaass RRiinnoossssiinnuussiitteess

AAgguuddaa

Duraccedilatildeo dos sintomas por ateacute 4 semanas

Inicio suacutebito e geralmente associado a IVAS

Regride completamente apoacutes o tratamento ou

espontaneamente

SSuubbaagguuddaa Duraccedilatildeo dos sintomas prolonga-se por 4 a 12 semanas

Eacute uma evoluccedilatildeo do quadro agudo

CCrrocircocircnniiccaa Sintomas persistem por um periacuteodo superior a 12 semanas

RReeccoorrrreennttee

Presenccedila de 4 ou mais episoacutedios de Rinossinusite aguda em 12

meses com remissatildeo total dos sintomas entre os episoacutedios

Ausecircncia de sintomas Maior incocircmodo imaginaacutevel

FIGURA 2 Escala visual analoacutegica (EVA) ndash Gravidade dos sintomas de Rinossinusite

9

Na maioria das vezes a RSA de qualquer etiologia tem maior gravidade sintomatoloacutegica do que a

fase crocircnica onde os sintomas satildeo menos intensos

Dentre as vaacuterias classificaccedilotildees para as RSA a mais utilizada eacute a etioloacutegica baseada nos sinais

sintomas e no tempo de duraccedilatildeo dos mesmos

Viral ndash quando a duraccedilatildeo dos sintomas eacute menor que dez dias

Poacutes Viral ndash Na piora dos sintomas apoacutes cinco dias da doenccedila inicial ou na persistecircncia dos

sintomas por mais de dez dias da doenccedila inicial

Bacteriana ndash Quando independente do tempo de evoluccedilatildeo da doenccedila ocorrer pelo menos trecircs dos

sinais ou sintomas como

Secreccedilatildeo mucopurulenta em nariz e rinofaringe

Dor na face (com predominacircncia unilateral)

Temperatura acima de 38degC

VHS ou PCR elevadas

Reagudizaccedilatildeo ou piora apoacutes a fase inicial de sintomas leves

5 DIAGNOacuteSTICO NA RSA

O profissional que avalia um possiacutevel quadro de RSA meacutedicos generalistas ou especialistas deve

ter em mente que uma boa anamnese e o exame fiacutesico satildeo a base para o diagnoacutestico13

Frequentemente nos deparamos com queixas de

Obstruccedilatildeo nasal que pode ser uni ou bilateral Deve-se considerar que eacute um sintoma subjetivo e

inespeciacutefico variando de indiviacuteduo para indiviacuteduo presente tanto na forma viral quanto bacteriana

e de forma isolada nas rinopatias13

Secreccedilatildeo nasal anterior eou posterior eacute um sinal fortemente sugestivo de RSA Quando aquosa

ou mucoide sugere um quadro inicial viral ou aleacutergico Quando mucopurulenta com ou sem

sinais de sangramento eacute fortemente sugestivo de um quadro bacteriano813

Dor ou pressatildeo facial ou cefaleia podem estar presentes nas formas virais e bacterianas Nos

quadros virais tende a ser mais difusa e pode ser intensa Nos quadros bacterianos eacute

classicamente em peso natildeo pulsaacutetil e piora com a inclinaccedilatildeo da cabeccedila para frente Pode haver

dor dentaacuteria referida que piora com a mastigaccedilatildeo Deve-se considerar que apesar de frequumlente

natildeo eacute sintoma especiacutefico para o diagnoacutestico Pode ser fator de confusatildeo diagnoacutestica e eacute incomum

como manifestaccedilatildeo isolada de sinusopatias

Natildeo satildeo raros os diagnoacutesticos de sinusite equivocadamente estabelecidos para pacientes com

enxaqueca e quadros psicossomaacuteticos Pode tambeacutem estar presente em quadros febris de

qualquer etiologia6813

10

Alteraccedilotildees do olfato - Hiposmia ou anosmia Ocasionados pela obstruccedilatildeo nasal influecircncia das

secreccedilotildees purulentas presentes na cavidade nasal (cacosmia) ou por lesotildees diretas do epiteacutelio

olfatoacuterio por viacuterus ou bacteacuterias6

Halitose - Manifestaccedilatildeo frequente e quando associada agrave obstruccedilatildeo nasal rinorreia e tosse

aumenta a suspeita para o diagnoacutestico de rinossinusite Quando isolada deve-se considerar outras

possibilidades como o caseum tonsilar e corpo estranho nasal principalmente em crianccedilas611

Tosse - (seca ou produtiva) pelas secreccedilotildees que drenam posteriormente pela rinofaringe aleacutem de

irritaccedilatildeo fariacutengea lariacutengea traqueal e rouquidatildeo13

Plenitude auricular - causada pela drenagem de secreccedilotildees na regiatildeo do oacutestio fariacutengeo da tuba

auditiva13

6 AVALIACcedilAtildeO COMPLEMENTAR POR IMAGEM NA RSA

O Raio X simples de Seios da Face eacute um exame cada vez menos valorizado pelos

otorrinolaringologistas Nos casos agudos o RX simples eacute dispensaacutevel visto que a histoacuteria cliacutenica e

o exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico satildeo suficientes Quando solicitado deve ser na posiccedilatildeo

ortostaacutetica para avaliar a presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIGURA 3) Observa-se no entanto uma

excessiva valorizaccedilatildeo das radiografias simples dos seios da face1

Fonte Projeto Diretrizes - ABORL CCF 2012- CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

Consideraccedilotildees frente agrave solicitaccedilatildeo de Rx de Seios da Face

Satildeo exames inespeciacuteficos que natildeo conseguem diferenciar causas virais e bacterianas

Discrepacircncia entre achados tomograacuteficos e radioloacutegicos em torno de 80

Natildeo recomendaacutevel em crianccedilas abaixo de 2 anos

Confiaacutevel apenas na presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIG 3)

Poacutelipos cistos hipoplasia de cavidades paranasais podem resultar em falso-positivo

(FIG3)

Os sinais observados que podem sugerir RSA satildeo espessamento mucoso gt 4mm niacutevel

liacutequido e opacificaccedilatildeo de um ou mais seios da face (FIG 3)

50 crianccedilas com IVAS de causa viral apresentam seios maxilares alterados ao Rx

11

FAZER OU NAtildeO O RX DE SEIOS DA FACE

Esta decisatildeo principalmente nas crianccedilas necessita tambeacutem do conhecimento do

desenvolvimento e crescimento das cavidades nasais e paranasais

Seios Maxilares

Mede 6 a 8 cm3 ao nascimento

Algumas pessoas chegam agrave idade adulta com seio hipoplaacutesico

Visiacutevel ao RX a partir do quarto ao quinto mecircs de idade

Seios etmoidais

Desenvolve-se a partir do terceiro mecircs de vida intrauterina

Dimensotildees semelhantes ao do adulto aos 12 anos de idade

Natildeo aparece ao Rx ateacute o primeiro ano de vida

Seios frontais

Natildeo eacute possiacutevel diferenciaacute-lo do seio etmoidal ao nascimento

Seu crescimento ocorre ateacute os 20 anos

Pode ser reconhecido radiologicamente apoacutes o quinto ano de vida

Seios esfenoidais

Comeccedila seu desenvolvimento em meacutedia aos cinco anos estendendo seu

crescimento em direccedilatildeo agrave sela tuacutercica terminando seu desenvolvimento ateacute o final

da adolescecircncia

Visiacutevel ao Rx apoacutes os 5 anos

Fonte Navarro JAC (1997)14

12

FIGURA 3 Alteraccedilotildees detectaacuteveis ao RX de seios da face

Fonte Da autora Imagens de arquivo proacuteprio

Tomografia computadorizada (TC) - Natildeo deve ser utilizada no diagnoacutestico inicial de RSA Deve ser

solicitado fora da fase aguda da doenccedila exceto nas suspeitas de complicaccedilotildees

Deve ser considerada nos quadros graves e em pacientes imunossuprimidos na vigecircncia de

complicaccedilotildees na suspeita de rinossinusite fuacutengica e no planejamento ciruacutergico Podem ser

encontradas alteraccedilotildees em crianccedilas saudaacuteveis (falso positivo)1315

Ressonacircncia magneacutetica (RM) - Natildeo estaacute indicada em casos de patologias nasossinusais agudas

Pode ser recomendada na avaliaccedilatildeo de complicaccedilotildees intracranianas das patologias nasossinusais

A RM fornece importantes informaccedilotildees sobre a mucosa e demais tecidos moles 1315

Endoscopia nasal (fibronasofaringoscopia) - A endoscopia nasal eacute recomendada aos pacientes

com qualquer tipo de queixa nasal Permite avaliar todas as porccedilotildees da cavidade nasal com

anaacutelise macroscoacutepica detalhada da mucosa nasal e sinusal Eacute completamente dispensaacutevel no

diagnoacutestico de RSA pois a ausecircncia de alteraccedilotildees endoscoacutepicas com histoacuteria cliacutenica compatiacutevel

natildeo afasta o diagnoacutestico de RSA Pode entretanto ser uacutetil na avaliaccedilatildeo da anatomia rinossinusal

como fator causal do processo infeccioso 1315

13

FIGURA 4 Imagens comparativas na rinossinusite maxilar esquerda Fonte Da autora Imagens

utilizadas de arquivo proacuteprio

Imagem utilizada disponiacutevel em httpwwwclinicacosercomveja-fotos-derinoscopia7 Acessado em 25042016

7 MICROBIOLOGIA NA RSA

Nas formas virais os agentes frequentemente envolvidos satildeo o Rhino-influenzae influenzae e

parainfluenzae de forma isolada ou associada agraves infecccedilotildees bacterianas pois em mais de 30 dos

casos de sinusite aguda a infecccedilatildeo eacute polimicrobiana2611

Quando presentes as bacteacuterias mais comumente envolvidas satildeo o S pneumoniae (55) H

influenzae (20) viacuterus respiratoacuterios (15) anaeroacutebios (9) M catarrhalis Streptococcus

hemoliacutetico do grupo A e Streptococcus alfa-hemoliacutetico (1)2611

Na presenccedila das patologias onde ocorre a diminuiccedilatildeo da motilidade ciliar (fibrose ciacutestica siacutendrome

da imotilidade ciliar siacutendrome de Kartagener) Pseudomonas aeruginosa e Staphilococcus aureus

podem estar presentes2611

H influenza S pneumoniae Aspergillus species Candida albicans Legionella pneumophila

fungos da classe Zygomicetes e da ordem Mucorales (Rhizopus arrhizus Mucor sp) podem ser

encontrados em pacientes com doenccedilas sistecircmicas que passaram por infecccedilatildeo viral recente ou

terapia com corticosteroides e na siacutendrome da imunodeficiecircncia adquirida (Sida)2611

14

8 TRATAMENTO DA RSA

Aspectos relevantes

Como a maior parte das infecccedilotildees nas RSA eacute de etiologia viral o objetivo do tratamento eacute

minimizar sintomas de obstruccedilatildeo nasal e da rinorreia promovendo a resoluccedilatildeo dos mecanismos

fisiopatoloacutegicos e o tratamento das exacerbaccedilotildees visando

Permitir e favorecer boa drenagem e ventilaccedilatildeo dos seios paranasais

Limpeza nasal com soluccedilatildeo fisioloacutegica

Uso de anti-inflamatoacuterios (esteroides natildeo esteroides)

Antibioticoterapia (se necessaacuterio)

9 CONSIDERACcedilOtildeES NO TRATAMENTO SINTOMAacuteTICO

91 Descongestionantes nasais de uso toacutepico

Nas infecccedilotildees virais podem ser prescritos como sintomaacuteticos Nas RSA bacterianas persistentes o

uso de vasoconstritor toacutepico nasal pode aliviar a obstruccedilatildeo nasal e aumentar o fluxo inspiratoacuterio

Deve-se evitar o uso de vasoconstritores toacutepicos de forma isolada e considerar

A possibilidade de complicaccedilotildees decorrentes da interaccedilatildeo medicamentosa com outras drogas

A possibilidade de descontrole da hipertensatildeo arterial e do glaucoma

Natildeo utilizar por mais de quatro dias consecutivos pelo risco de congestatildeo nasal rebote

92 Descongestionantes sistecircmicos orais

Normalmente satildeo utilizados para diminuir o edema e facilitar a drenagem de secreccedilotildees embora

careccedilam de evidecircncias que comprovem sua eficaacutecia Devem ser evitados em pacientes com

doenccedila cardiovascular hipertensatildeo e com hipertrofia prostaacutetica benigna Nas infecccedilotildees

bacterianas natildeo satildeo recomendados Seu uso isolado ou associado aos anti-histamiacutenicos nas RSA

bacterianas natildeo modifica de forma significativa a evoluccedilatildeo cliacutenica ou radioloacutegica tanto em

crianccedilas quanto em adultos Pode comprometer a evoluccedilatildeo dos sintomas por promover

ressecamento das secreccedilotildees em todo o trato respiratoacuterio dificultando sua drenagem nas

cavidades paranasais

15

93 Anti-histamiacutenicos

Muitas vezes satildeo prescritos para controle sintomaacutetico mas natildeo haacute estudos que comprovem

qualquer eficaacutecia natildeo sendo desta forma recomendados de rotina

94 Irrigaccedilatildeo com soluccedilatildeo salina

Apesar da pouca evidecircncia de benefiacutecio cliacutenico de forma geral recomenda-se a utilizaccedilatildeo da

lavagem salina nasal em pacientes com RSA que promove melhora da funccedilatildeo ciliar reduz o

edema de mucosa colabora na limpeza da cavidade nasal e da secreccedilatildeo presente nos processos

infecciosos aleacutem de natildeo apresentar efeitos colaterais

95 Corticoide nasal

Os corticoides nasais proporcionam melhora dos sintomas nas infecccedilotildees virais e bacterianas

principalmente em pacientes portadores de rinite aleacutergica Deve ser usado em adultos de forma

parcimoniosa na tentativa de reduzir o uso de antibioacuteticos

Entretanto na presenccedila de secreccedilatildeo catarral abundante sua accedilatildeo pode ficar prejudicada

Os mais utilizados satildeo o fumarato de mometasona budesonida e propionato de fluticasona

Eacute discutiacutevel sua utilizaccedilatildeo associada agrave antibioticoterapia Seu uso deve ser restrito e cauteloso nos

pacientes portadores de glaucoma

Sua melhor utilizaccedilatildeo eacute na fase inter-crises das rinossinusites recorrentes como medida

preventiva e no tratamento das rinopatias aleacutergicas

96 Corticoide oral

Mostra-se mais eficaz quando comparado ao corticoide intranasal aleacutem de mais seguro do que os

anti-inflamatoacuterios natildeo hormonais

Seu uso eacute recomendado em pacientes adultos e crianccedilas com RSAB desde que natildeo apresentem

contraindicaccedilotildees para seu uso

O corticoide oral quando necessaacuterio deve ser utilizado por trecircs a cinco dias e sempre associado agrave

antibioticoterapia

16

Metanaacutelises com estudos de placebo

controlados randomizados e duplo-cegos

mostraram que

A eficaacutecia dos antibioacuteticos na melhora dos

sintomas dos pacientes com RSAB

especialmente se administrados

criteriosamente

Natildeo estatildeo indicados nos casos de

rinossinusites virais

Cerca de 65 dos pacientes diagnosticados

com RSAB apresenta resoluccedilatildeo cliacutenica

espontacircnea nos primeiros dez dias

A introduccedilatildeo do antibioacutetico deve ser

considerada quando natildeo haacute melhora apoacutes o

tratamento com medidas adjuvantes ou se

os sintomas se acentuarem

CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

97 Antibioacuteticos

Antibioacuteticos satildeo administrados apenas

em situaccedilotildees que sugerem fortemente

infecccedilatildeo bacteriana

Muitas vezes eacute difiacutecil distinguir

infecccedilotildees virais de bacterianas nos

primeiros 10 dias de doenccedila mas trecircs

caracteriacutesticas que sugerem a etiologia

bacteriana devem consideradas

a) Sintomas que persistem mais de

10 dias sem melhora cliacutenica

aparente

b) Sintomas intensos que incluem

febre com temperatura gt 39 degC

associada agrave rinorreia purulenta ou

dor facial e com duraccedilatildeo de pelo

menos trecircs dias logo no iniacutecio do

quadro

c) Piora cliacutenica conforme os sintomas

descritos que ocorrem apoacutes um

quadro nitidamente viral que

estava em processo de melhora

cliacutenica

Na presenccedila de sintomas compatiacuteveis com quadro bacteriano o paciente deve receber

antibioacuteticos com objetivo de minimizar sintomas diminuir o tempo da doenccedila evitar infecccedilotildees

recorrentes e complicaccedilotildees

A Infectious Diseases Society of America (2012) sobre antibioacuteticos recomenda

Amoxicilina-clavulanato antibioacutetico de primeira escolha se o paciente natildeo eacute aleacutergico a

penicilina A dose eacute de 500mg125mg a cada 8 horas

Em aleacutergicos a amoxicilina doxiciclina levofloxacina e moxifloxacina

Claritromicina azitromicina e cefalosporinas de 2ordf e 3ordf geraccedilotildees tambeacutem satildeo opccedilotildees viaacuteveis

Nas gestantes a primeira opccedilatildeo eacute amoxicilina sendo azitromicina a opccedilatildeo quando houver

alergia agrave amoxicilina

Ainda natildeo existem estudos que definam o tempo ideal de tratamento com antibioacuteticos Zambon

(2013) menciona as recomendaccedilotildees de diretrizes internacionais quanto ao uso dos antibioacuteticos por

5 a 7 dias e natildeo mais por 10 a 14 dias uma vez que estudos mostraram que os resultados

terapecircuticos satildeo semelhantes com estes diferentes tempos

17

Na eventualidade de falha terapecircutica as opccedilotildees viaacuteveis como 2ordf linha para pacientes que foram

inicialmente tratados com amoxicilina-clavulanato nas doses usuais satildeo

Amoxicilina 2g ndash clavulanato 125mg VO a cada 12 horas ou

Levofloxacina 500mg VO 1 vezdia ou

Moxifloxacina 400mg VO 1 vezdia

10 COMPLICACcedilOtildeES DAS RSA

As complicaccedilotildees das rinossinusites satildeo decorrentes de infecccedilotildees agudas ou crocircnicas e mais

frequentes na populaccedilatildeo infantil (TABELA 3)

As vias de disseminaccedilatildeo satildeo por contiguidade erosatildeo oacutessea ou hematogecircnicas podendo ser

hematoloacutegica ou neuroloacutegica

Satildeo quadros graves de evoluccedilatildeo imprevisiacutevel e requerem monitoramento e tratamento em

ambiente hospitalar

TABELA 3 Complicaccedilotildees e Sinais de Alerta na RSA

Fonte Soc Bras de ORL(2011) Rosenfeld RM sinusitis (2015)16 5

CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess mmaaiiss ffrreeqquueenntteess ddaass

RRiinnoossssiinnuussiitteess

SSiinnaaiiss ddee AAlleerrttaa ppaarraa CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess

OOffttaallmmooNNeeuurroolloacuteoacuteggiiccaass ddaa RRiinnoossssiinnuussiittee

Otites

Broncopneumonia

Ativaccedilatildeo de asma brocircnquica

Neuroloacutegicas (abscesso cerebral e

tromboflebite do seio cavernoso)

Oftalmoloacutegicas (celulite periorbitaacuteria)

Dor e febre sem melhora apoacutes 72 horas de

tratamento adequado

Edema eou eritema palpebral

Borramento da visatildeo

Cefaleia intensa com irritabilidade

Sinais de toxemia

18

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC)

111 Aspectos relevantes

Da mesma forma que a rinossinusite aguda a RSC eacute um estaacutegio evolutivo dos quadros de rinite Eacute

considerado um contiacutenuo da RSA podendo tambeacutem sofrer processo de reagudizaccedilatildeo6

O diagnoacutestico cliacutenico da RSC baseia-se na presenccedila de sinais e sintomas nasossinusais com mais

de 12 semanas de evoluccedilatildeo e aos fatores que levam a RSA a processo de cronificaccedilatildeo descritos no

QUADRO 1

Observam-se com relativa frequecircncia alguns indiviacuteduos que manifestam episoacutedios mais severos

com o comprometimento simultacircneo de todo o trato respiratoacuterio superior e inferior Estes

indiviacuteduos apresentam uma resposta inflamatoacuteria exacerbada frente aos fatores agressores como

os viacuterus as bacteacuterias fungos e fatores ambientais associando polipose nasal hiperatividade

brocircnquica e intoleracircncia aos salicilatos Deve-se aqui ponderar a presenccedila de patologias

mucociliares ou doenccedilas auto-imunes (granulomatose de Wegener)217

QUADRO 1 Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Fonte Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC

Obstruccedilatildeo e congestatildeo nasal - eacute menos frequumlente e estaacute normalmente associada a fatores como

desvios septais rinite aleacutergica e outros

Rinorreia - (aquosa mucoide ou mucopurulenta) tende a se apresentar em menor quantidade nos

casos crocircnicos e muitas vezes perceptiacutevel apenas como drenagem retronasal

Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Tratamentos cliacutenicos inadequados

Alteraccedilotildees anatocircmicas que predisponham agraves infecccedilotildees de repeticcedilatildeo

Fatores obstrutivos intranasais - edema da mucosa hipertrofia de cornetos desvio septal

poacutelipos tumores e vegetaccedilotildees adenoideanas nas crianccedilas ou nos imunodeprimidos

Doenccedilas sistecircmicas

Deficiecircncias do sistema imunoloacutegico

Presenccedila de biofilmes de bacteacuterias aderidos na mucosa rinossinusal causando resistecircncia

elevada aos antibioacuteticos

19

Dor facial - natildeo eacute um sintoma comum na rinossinusite crocircnica podendo aparecer nas fases de

agudizaccedilatildeo

Tosse crocircnica - pode ser o uacutenico sintoma presente em casos de RSC especialmente em crianccedilas

Geralmente eacute natildeo produtiva com periacuteodos de exacerbaccedilatildeo agrave noite A rinorreia catarral posterior

pode ser a responsaacutevel bem como a estimulaccedilatildeo de reflexos nasopulmonares originados da

mucosa nasossinusal inflamada

Cacosmia ou fetidez nasal - pode ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva

quando sentida pelas pessoas que o cercam (geralmente estaacute associada agrave halitose)

Epistaxes - podem ou natildeo estar presentes2

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES

Define-se a partir de muacuteltiplos episoacutedios de RSA nos quais os sinais e sintomas desaparecem entre

um episoacutedio e outro voltando o paciente agrave normalidade

O tratamento pode ser cliacutenico ou ciruacutergico buscando sempre corrigir os fatores predisponentes agrave

repeticcedilatildeo dos processos infecciosos

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA

Na ocorrecircncia de muacuteltiplos episoacutedios onde o paciente natildeo volta agrave condiccedilatildeo de normalidade entre

os episoacutedios de agudizaccedilatildeo

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA

Satildeo mais frequentes em pacientes com algum comprometimento imunoloacutegico podendo

acometer tambeacutem pacientes imunologicamente competentes

A evoluccedilatildeo geralmente eacute crocircnica e natildeo responde aos tratamentos com antibioacuteticos

A avaliaccedilatildeo por tomografia computadorizada nesses pacientes mostra o envolvimento de

muacuteltiplos seios

Os fungos mais comumente encontrados satildeo o Aspergillus Curvularia Alternaria e Bipolaris O

principal patoacutegeno eacute o Aspergillus fumigatus embora o Aspergillus flavus seja ocasionalmente

isolado15 Quase sempre o tratamento eacute ciruacutergico

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 5: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

5

A presenccedila de secreccedilatildeo mucosa clara transparente ou brancacenta muitas vezes mencionada pelo paciente como pigarro ou mesmo ldquogotejamento posteriorrdquo e fruto na grande maioria das vezes de um processo nasossinusal fisioloacutegico

FIGURA 1 Anatomia dos Seios da face

Fonte Da autora - imagem anatocircmica cedida pelo laboratoacuterio FMQ

Esse muco eacute transportado dos seios da face atraveacutes dos estreitos oacutestios de comunicaccedilatildeo para as

cavidades nasais e faringe neutralizando a accedilatildeo das bacteacuterias e fungos do ar numa velocidade de

025 a 075 cmminuto impulsionado pela vibraccedilatildeo dos aproximadamente 8 ciacutelios de cada ceacutelula

epitelial que vibram 160 a 250 vezes por minuto6

A boa funccedilatildeo nasossinusal eacute

dependente

Da patecircncia dos oacutestios de drenagem das

cavidades paranasais

Da funccedilatildeo ciliar adequada

Da qualidade das secreccedilotildees nasais

Da integridade do sistema imunoloacutegico

do indiviacuteduo

Qualquer interferecircncia sistecircmica ou local

como a obstruccedilatildeo do oacutestio sinusal parcial ou completa por qualquer motivo pode ocasionar

estagnaccedilatildeo de secreccedilotildees nas cavidades sinusais

Com a obstruccedilatildeo do oacutestio a pressatildeo de oxigecircnio cai o que predispotildee ao crescimento de bacteacuterias

anaeroacutebias diminuiccedilatildeo do pH e das defesas locais interferindo no transporte mucociliar e

liberaccedilatildeo de enzimas proteoliacuteticas pelos leucoacutecitos910

6

Instala-se entatildeo edema adicional da mucosa agravando a obstruccedilatildeo do oacutestio sinusal e a

interrupccedilatildeo do transporte mucociliar nos seios paranasais (FIGURA 2)

Neste contexto identificar os fatores locais e sistecircmicos que contribuem para a obstruccedilatildeo e

alteraccedilatildeo da dinacircmica nasal que levam a rinossinusite torna-se fundamental para o diagnoacutestico

e tratamento (Tabela 1)

FIGURA 2 Fisiopatologia das Rinissinusites

Fonte Da autora

7

TABELA 1 Fatores que interferem na dinacircmica nasal

Fonte Consenso de Rinossinusites (2013)

3 CLASSIFICACcedilAtildeO DAS RINOSSINUSITES

O criteacuterio utilizado para classificar as Rinossinusites estaacute baseado na duraccedilatildeo e manifestaccedilatildeo dos

sintomas Classificam-se em aguda subaguda crocircnica e recorrente11

Importante tambeacutem eacute considerar a gravidade da doenccedila (TABELA 2)

A Escala Visual Analoacutegica (EVA) validada em 2012 pela European Position Paper on Rhinosinusitis

and Nasal Polyps (EPOS) (FIG 2) eacute um instrumento cada vez mais utilizado na tentativa de

compreender o niacutevel do desconforto do paciente frente ao quadro apresentado Nela o paciente eacute

solicitado a quantificar de 0 a 10 o grau de incocircmodo causado pelos sintomas onde 0 significa

nenhum incocircmodo e 10 o maior incocircmodo possiacutevel

A gravidade eacute entatildeo classificada em

leve 0-3 cm

moderada gt 3-7 cm

grave gt 7-10 cm

FFFaaatttooorrreeesss LLLooocccaaaiiisss

OOObbbssstttrrruuutttiiivvvooosss

FFFaaatttooorrreeesss LLLooocccaaaiiisss

FFFuuunnnccciiiooonnnaaaiiisss FFFaaatttooorrreeesss SSSiiissstttecircecircecircmmmiiicccooosss

Edema de mucosa

(IVAS Rinite Aleacutergica)

Desvio de septo

Poacutelipos

Corpo estranho

Massas tumorais

Atresia coanal

Comprometimento da

funccedilatildeo ciliar

Exposiccedilatildeo ao ar frio ou

seco

Uso de drogas

Uso de medicamentos

(descongestionantes

toacutepicos)

Condiccedilotildees Debilitantes

Desnutriccedilatildeo

Uso prolongado de

esteroides

Diabetes Mellitus

descompensado

Quimioterapia

Imunodeficiecircncias IgG IgA

AIDS

Estresse

Alteraccedilatildeo das secreccedilotildees

exoacutecrinas

Mucoviscidose

Doenccedila dos ciacutelios imoacuteveis

8

A classificaccedilatildeo em leve moderada e grave tem implicaccedilotildees terapecircuticas ajudando na tomada

de decisatildeo em relaccedilatildeo ao uso de corticoide intranasal eou antibioacutetico

TABELA 2 Classificaccedilatildeo das Rinossinusites

Fonte Diretrizes Brasil de Rinossinusites (2008)

4 RINOSSINUSITE AGUDA (RSA)

Por ser um processo de manifestaccedilatildeo aguda eacute o estaacutegio mais frequentemente avaliado por

profissionais em pronto atendimento

Trata-se de um processo inflamatoacuterio da mucosa rinossinusal de iniacutecio suacutebito que pode perdurar

por ateacute quatro semanas Pode manifestar-se em um mesmo indiviacuteduo uma ou mais vezes num

determinado periacuteodo de tempo mas sempre com remissatildeo completa dos sinais e sintomas entre

os episoacutedios1112

CCllaassssiiffiiccaaccedilccedilatildeatildeoo ddaass RRiinnoossssiinnuussiitteess

AAgguuddaa

Duraccedilatildeo dos sintomas por ateacute 4 semanas

Inicio suacutebito e geralmente associado a IVAS

Regride completamente apoacutes o tratamento ou

espontaneamente

SSuubbaagguuddaa Duraccedilatildeo dos sintomas prolonga-se por 4 a 12 semanas

Eacute uma evoluccedilatildeo do quadro agudo

CCrrocircocircnniiccaa Sintomas persistem por um periacuteodo superior a 12 semanas

RReeccoorrrreennttee

Presenccedila de 4 ou mais episoacutedios de Rinossinusite aguda em 12

meses com remissatildeo total dos sintomas entre os episoacutedios

Ausecircncia de sintomas Maior incocircmodo imaginaacutevel

FIGURA 2 Escala visual analoacutegica (EVA) ndash Gravidade dos sintomas de Rinossinusite

9

Na maioria das vezes a RSA de qualquer etiologia tem maior gravidade sintomatoloacutegica do que a

fase crocircnica onde os sintomas satildeo menos intensos

Dentre as vaacuterias classificaccedilotildees para as RSA a mais utilizada eacute a etioloacutegica baseada nos sinais

sintomas e no tempo de duraccedilatildeo dos mesmos

Viral ndash quando a duraccedilatildeo dos sintomas eacute menor que dez dias

Poacutes Viral ndash Na piora dos sintomas apoacutes cinco dias da doenccedila inicial ou na persistecircncia dos

sintomas por mais de dez dias da doenccedila inicial

Bacteriana ndash Quando independente do tempo de evoluccedilatildeo da doenccedila ocorrer pelo menos trecircs dos

sinais ou sintomas como

Secreccedilatildeo mucopurulenta em nariz e rinofaringe

Dor na face (com predominacircncia unilateral)

Temperatura acima de 38degC

VHS ou PCR elevadas

Reagudizaccedilatildeo ou piora apoacutes a fase inicial de sintomas leves

5 DIAGNOacuteSTICO NA RSA

O profissional que avalia um possiacutevel quadro de RSA meacutedicos generalistas ou especialistas deve

ter em mente que uma boa anamnese e o exame fiacutesico satildeo a base para o diagnoacutestico13

Frequentemente nos deparamos com queixas de

Obstruccedilatildeo nasal que pode ser uni ou bilateral Deve-se considerar que eacute um sintoma subjetivo e

inespeciacutefico variando de indiviacuteduo para indiviacuteduo presente tanto na forma viral quanto bacteriana

e de forma isolada nas rinopatias13

Secreccedilatildeo nasal anterior eou posterior eacute um sinal fortemente sugestivo de RSA Quando aquosa

ou mucoide sugere um quadro inicial viral ou aleacutergico Quando mucopurulenta com ou sem

sinais de sangramento eacute fortemente sugestivo de um quadro bacteriano813

Dor ou pressatildeo facial ou cefaleia podem estar presentes nas formas virais e bacterianas Nos

quadros virais tende a ser mais difusa e pode ser intensa Nos quadros bacterianos eacute

classicamente em peso natildeo pulsaacutetil e piora com a inclinaccedilatildeo da cabeccedila para frente Pode haver

dor dentaacuteria referida que piora com a mastigaccedilatildeo Deve-se considerar que apesar de frequumlente

natildeo eacute sintoma especiacutefico para o diagnoacutestico Pode ser fator de confusatildeo diagnoacutestica e eacute incomum

como manifestaccedilatildeo isolada de sinusopatias

Natildeo satildeo raros os diagnoacutesticos de sinusite equivocadamente estabelecidos para pacientes com

enxaqueca e quadros psicossomaacuteticos Pode tambeacutem estar presente em quadros febris de

qualquer etiologia6813

10

Alteraccedilotildees do olfato - Hiposmia ou anosmia Ocasionados pela obstruccedilatildeo nasal influecircncia das

secreccedilotildees purulentas presentes na cavidade nasal (cacosmia) ou por lesotildees diretas do epiteacutelio

olfatoacuterio por viacuterus ou bacteacuterias6

Halitose - Manifestaccedilatildeo frequente e quando associada agrave obstruccedilatildeo nasal rinorreia e tosse

aumenta a suspeita para o diagnoacutestico de rinossinusite Quando isolada deve-se considerar outras

possibilidades como o caseum tonsilar e corpo estranho nasal principalmente em crianccedilas611

Tosse - (seca ou produtiva) pelas secreccedilotildees que drenam posteriormente pela rinofaringe aleacutem de

irritaccedilatildeo fariacutengea lariacutengea traqueal e rouquidatildeo13

Plenitude auricular - causada pela drenagem de secreccedilotildees na regiatildeo do oacutestio fariacutengeo da tuba

auditiva13

6 AVALIACcedilAtildeO COMPLEMENTAR POR IMAGEM NA RSA

O Raio X simples de Seios da Face eacute um exame cada vez menos valorizado pelos

otorrinolaringologistas Nos casos agudos o RX simples eacute dispensaacutevel visto que a histoacuteria cliacutenica e

o exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico satildeo suficientes Quando solicitado deve ser na posiccedilatildeo

ortostaacutetica para avaliar a presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIGURA 3) Observa-se no entanto uma

excessiva valorizaccedilatildeo das radiografias simples dos seios da face1

Fonte Projeto Diretrizes - ABORL CCF 2012- CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

Consideraccedilotildees frente agrave solicitaccedilatildeo de Rx de Seios da Face

Satildeo exames inespeciacuteficos que natildeo conseguem diferenciar causas virais e bacterianas

Discrepacircncia entre achados tomograacuteficos e radioloacutegicos em torno de 80

Natildeo recomendaacutevel em crianccedilas abaixo de 2 anos

Confiaacutevel apenas na presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIG 3)

Poacutelipos cistos hipoplasia de cavidades paranasais podem resultar em falso-positivo

(FIG3)

Os sinais observados que podem sugerir RSA satildeo espessamento mucoso gt 4mm niacutevel

liacutequido e opacificaccedilatildeo de um ou mais seios da face (FIG 3)

50 crianccedilas com IVAS de causa viral apresentam seios maxilares alterados ao Rx

11

FAZER OU NAtildeO O RX DE SEIOS DA FACE

Esta decisatildeo principalmente nas crianccedilas necessita tambeacutem do conhecimento do

desenvolvimento e crescimento das cavidades nasais e paranasais

Seios Maxilares

Mede 6 a 8 cm3 ao nascimento

Algumas pessoas chegam agrave idade adulta com seio hipoplaacutesico

Visiacutevel ao RX a partir do quarto ao quinto mecircs de idade

Seios etmoidais

Desenvolve-se a partir do terceiro mecircs de vida intrauterina

Dimensotildees semelhantes ao do adulto aos 12 anos de idade

Natildeo aparece ao Rx ateacute o primeiro ano de vida

Seios frontais

Natildeo eacute possiacutevel diferenciaacute-lo do seio etmoidal ao nascimento

Seu crescimento ocorre ateacute os 20 anos

Pode ser reconhecido radiologicamente apoacutes o quinto ano de vida

Seios esfenoidais

Comeccedila seu desenvolvimento em meacutedia aos cinco anos estendendo seu

crescimento em direccedilatildeo agrave sela tuacutercica terminando seu desenvolvimento ateacute o final

da adolescecircncia

Visiacutevel ao Rx apoacutes os 5 anos

Fonte Navarro JAC (1997)14

12

FIGURA 3 Alteraccedilotildees detectaacuteveis ao RX de seios da face

Fonte Da autora Imagens de arquivo proacuteprio

Tomografia computadorizada (TC) - Natildeo deve ser utilizada no diagnoacutestico inicial de RSA Deve ser

solicitado fora da fase aguda da doenccedila exceto nas suspeitas de complicaccedilotildees

Deve ser considerada nos quadros graves e em pacientes imunossuprimidos na vigecircncia de

complicaccedilotildees na suspeita de rinossinusite fuacutengica e no planejamento ciruacutergico Podem ser

encontradas alteraccedilotildees em crianccedilas saudaacuteveis (falso positivo)1315

Ressonacircncia magneacutetica (RM) - Natildeo estaacute indicada em casos de patologias nasossinusais agudas

Pode ser recomendada na avaliaccedilatildeo de complicaccedilotildees intracranianas das patologias nasossinusais

A RM fornece importantes informaccedilotildees sobre a mucosa e demais tecidos moles 1315

Endoscopia nasal (fibronasofaringoscopia) - A endoscopia nasal eacute recomendada aos pacientes

com qualquer tipo de queixa nasal Permite avaliar todas as porccedilotildees da cavidade nasal com

anaacutelise macroscoacutepica detalhada da mucosa nasal e sinusal Eacute completamente dispensaacutevel no

diagnoacutestico de RSA pois a ausecircncia de alteraccedilotildees endoscoacutepicas com histoacuteria cliacutenica compatiacutevel

natildeo afasta o diagnoacutestico de RSA Pode entretanto ser uacutetil na avaliaccedilatildeo da anatomia rinossinusal

como fator causal do processo infeccioso 1315

13

FIGURA 4 Imagens comparativas na rinossinusite maxilar esquerda Fonte Da autora Imagens

utilizadas de arquivo proacuteprio

Imagem utilizada disponiacutevel em httpwwwclinicacosercomveja-fotos-derinoscopia7 Acessado em 25042016

7 MICROBIOLOGIA NA RSA

Nas formas virais os agentes frequentemente envolvidos satildeo o Rhino-influenzae influenzae e

parainfluenzae de forma isolada ou associada agraves infecccedilotildees bacterianas pois em mais de 30 dos

casos de sinusite aguda a infecccedilatildeo eacute polimicrobiana2611

Quando presentes as bacteacuterias mais comumente envolvidas satildeo o S pneumoniae (55) H

influenzae (20) viacuterus respiratoacuterios (15) anaeroacutebios (9) M catarrhalis Streptococcus

hemoliacutetico do grupo A e Streptococcus alfa-hemoliacutetico (1)2611

Na presenccedila das patologias onde ocorre a diminuiccedilatildeo da motilidade ciliar (fibrose ciacutestica siacutendrome

da imotilidade ciliar siacutendrome de Kartagener) Pseudomonas aeruginosa e Staphilococcus aureus

podem estar presentes2611

H influenza S pneumoniae Aspergillus species Candida albicans Legionella pneumophila

fungos da classe Zygomicetes e da ordem Mucorales (Rhizopus arrhizus Mucor sp) podem ser

encontrados em pacientes com doenccedilas sistecircmicas que passaram por infecccedilatildeo viral recente ou

terapia com corticosteroides e na siacutendrome da imunodeficiecircncia adquirida (Sida)2611

14

8 TRATAMENTO DA RSA

Aspectos relevantes

Como a maior parte das infecccedilotildees nas RSA eacute de etiologia viral o objetivo do tratamento eacute

minimizar sintomas de obstruccedilatildeo nasal e da rinorreia promovendo a resoluccedilatildeo dos mecanismos

fisiopatoloacutegicos e o tratamento das exacerbaccedilotildees visando

Permitir e favorecer boa drenagem e ventilaccedilatildeo dos seios paranasais

Limpeza nasal com soluccedilatildeo fisioloacutegica

Uso de anti-inflamatoacuterios (esteroides natildeo esteroides)

Antibioticoterapia (se necessaacuterio)

9 CONSIDERACcedilOtildeES NO TRATAMENTO SINTOMAacuteTICO

91 Descongestionantes nasais de uso toacutepico

Nas infecccedilotildees virais podem ser prescritos como sintomaacuteticos Nas RSA bacterianas persistentes o

uso de vasoconstritor toacutepico nasal pode aliviar a obstruccedilatildeo nasal e aumentar o fluxo inspiratoacuterio

Deve-se evitar o uso de vasoconstritores toacutepicos de forma isolada e considerar

A possibilidade de complicaccedilotildees decorrentes da interaccedilatildeo medicamentosa com outras drogas

A possibilidade de descontrole da hipertensatildeo arterial e do glaucoma

Natildeo utilizar por mais de quatro dias consecutivos pelo risco de congestatildeo nasal rebote

92 Descongestionantes sistecircmicos orais

Normalmente satildeo utilizados para diminuir o edema e facilitar a drenagem de secreccedilotildees embora

careccedilam de evidecircncias que comprovem sua eficaacutecia Devem ser evitados em pacientes com

doenccedila cardiovascular hipertensatildeo e com hipertrofia prostaacutetica benigna Nas infecccedilotildees

bacterianas natildeo satildeo recomendados Seu uso isolado ou associado aos anti-histamiacutenicos nas RSA

bacterianas natildeo modifica de forma significativa a evoluccedilatildeo cliacutenica ou radioloacutegica tanto em

crianccedilas quanto em adultos Pode comprometer a evoluccedilatildeo dos sintomas por promover

ressecamento das secreccedilotildees em todo o trato respiratoacuterio dificultando sua drenagem nas

cavidades paranasais

15

93 Anti-histamiacutenicos

Muitas vezes satildeo prescritos para controle sintomaacutetico mas natildeo haacute estudos que comprovem

qualquer eficaacutecia natildeo sendo desta forma recomendados de rotina

94 Irrigaccedilatildeo com soluccedilatildeo salina

Apesar da pouca evidecircncia de benefiacutecio cliacutenico de forma geral recomenda-se a utilizaccedilatildeo da

lavagem salina nasal em pacientes com RSA que promove melhora da funccedilatildeo ciliar reduz o

edema de mucosa colabora na limpeza da cavidade nasal e da secreccedilatildeo presente nos processos

infecciosos aleacutem de natildeo apresentar efeitos colaterais

95 Corticoide nasal

Os corticoides nasais proporcionam melhora dos sintomas nas infecccedilotildees virais e bacterianas

principalmente em pacientes portadores de rinite aleacutergica Deve ser usado em adultos de forma

parcimoniosa na tentativa de reduzir o uso de antibioacuteticos

Entretanto na presenccedila de secreccedilatildeo catarral abundante sua accedilatildeo pode ficar prejudicada

Os mais utilizados satildeo o fumarato de mometasona budesonida e propionato de fluticasona

Eacute discutiacutevel sua utilizaccedilatildeo associada agrave antibioticoterapia Seu uso deve ser restrito e cauteloso nos

pacientes portadores de glaucoma

Sua melhor utilizaccedilatildeo eacute na fase inter-crises das rinossinusites recorrentes como medida

preventiva e no tratamento das rinopatias aleacutergicas

96 Corticoide oral

Mostra-se mais eficaz quando comparado ao corticoide intranasal aleacutem de mais seguro do que os

anti-inflamatoacuterios natildeo hormonais

Seu uso eacute recomendado em pacientes adultos e crianccedilas com RSAB desde que natildeo apresentem

contraindicaccedilotildees para seu uso

O corticoide oral quando necessaacuterio deve ser utilizado por trecircs a cinco dias e sempre associado agrave

antibioticoterapia

16

Metanaacutelises com estudos de placebo

controlados randomizados e duplo-cegos

mostraram que

A eficaacutecia dos antibioacuteticos na melhora dos

sintomas dos pacientes com RSAB

especialmente se administrados

criteriosamente

Natildeo estatildeo indicados nos casos de

rinossinusites virais

Cerca de 65 dos pacientes diagnosticados

com RSAB apresenta resoluccedilatildeo cliacutenica

espontacircnea nos primeiros dez dias

A introduccedilatildeo do antibioacutetico deve ser

considerada quando natildeo haacute melhora apoacutes o

tratamento com medidas adjuvantes ou se

os sintomas se acentuarem

CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

97 Antibioacuteticos

Antibioacuteticos satildeo administrados apenas

em situaccedilotildees que sugerem fortemente

infecccedilatildeo bacteriana

Muitas vezes eacute difiacutecil distinguir

infecccedilotildees virais de bacterianas nos

primeiros 10 dias de doenccedila mas trecircs

caracteriacutesticas que sugerem a etiologia

bacteriana devem consideradas

a) Sintomas que persistem mais de

10 dias sem melhora cliacutenica

aparente

b) Sintomas intensos que incluem

febre com temperatura gt 39 degC

associada agrave rinorreia purulenta ou

dor facial e com duraccedilatildeo de pelo

menos trecircs dias logo no iniacutecio do

quadro

c) Piora cliacutenica conforme os sintomas

descritos que ocorrem apoacutes um

quadro nitidamente viral que

estava em processo de melhora

cliacutenica

Na presenccedila de sintomas compatiacuteveis com quadro bacteriano o paciente deve receber

antibioacuteticos com objetivo de minimizar sintomas diminuir o tempo da doenccedila evitar infecccedilotildees

recorrentes e complicaccedilotildees

A Infectious Diseases Society of America (2012) sobre antibioacuteticos recomenda

Amoxicilina-clavulanato antibioacutetico de primeira escolha se o paciente natildeo eacute aleacutergico a

penicilina A dose eacute de 500mg125mg a cada 8 horas

Em aleacutergicos a amoxicilina doxiciclina levofloxacina e moxifloxacina

Claritromicina azitromicina e cefalosporinas de 2ordf e 3ordf geraccedilotildees tambeacutem satildeo opccedilotildees viaacuteveis

Nas gestantes a primeira opccedilatildeo eacute amoxicilina sendo azitromicina a opccedilatildeo quando houver

alergia agrave amoxicilina

Ainda natildeo existem estudos que definam o tempo ideal de tratamento com antibioacuteticos Zambon

(2013) menciona as recomendaccedilotildees de diretrizes internacionais quanto ao uso dos antibioacuteticos por

5 a 7 dias e natildeo mais por 10 a 14 dias uma vez que estudos mostraram que os resultados

terapecircuticos satildeo semelhantes com estes diferentes tempos

17

Na eventualidade de falha terapecircutica as opccedilotildees viaacuteveis como 2ordf linha para pacientes que foram

inicialmente tratados com amoxicilina-clavulanato nas doses usuais satildeo

Amoxicilina 2g ndash clavulanato 125mg VO a cada 12 horas ou

Levofloxacina 500mg VO 1 vezdia ou

Moxifloxacina 400mg VO 1 vezdia

10 COMPLICACcedilOtildeES DAS RSA

As complicaccedilotildees das rinossinusites satildeo decorrentes de infecccedilotildees agudas ou crocircnicas e mais

frequentes na populaccedilatildeo infantil (TABELA 3)

As vias de disseminaccedilatildeo satildeo por contiguidade erosatildeo oacutessea ou hematogecircnicas podendo ser

hematoloacutegica ou neuroloacutegica

Satildeo quadros graves de evoluccedilatildeo imprevisiacutevel e requerem monitoramento e tratamento em

ambiente hospitalar

TABELA 3 Complicaccedilotildees e Sinais de Alerta na RSA

Fonte Soc Bras de ORL(2011) Rosenfeld RM sinusitis (2015)16 5

CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess mmaaiiss ffrreeqquueenntteess ddaass

RRiinnoossssiinnuussiitteess

SSiinnaaiiss ddee AAlleerrttaa ppaarraa CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess

OOffttaallmmooNNeeuurroolloacuteoacuteggiiccaass ddaa RRiinnoossssiinnuussiittee

Otites

Broncopneumonia

Ativaccedilatildeo de asma brocircnquica

Neuroloacutegicas (abscesso cerebral e

tromboflebite do seio cavernoso)

Oftalmoloacutegicas (celulite periorbitaacuteria)

Dor e febre sem melhora apoacutes 72 horas de

tratamento adequado

Edema eou eritema palpebral

Borramento da visatildeo

Cefaleia intensa com irritabilidade

Sinais de toxemia

18

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC)

111 Aspectos relevantes

Da mesma forma que a rinossinusite aguda a RSC eacute um estaacutegio evolutivo dos quadros de rinite Eacute

considerado um contiacutenuo da RSA podendo tambeacutem sofrer processo de reagudizaccedilatildeo6

O diagnoacutestico cliacutenico da RSC baseia-se na presenccedila de sinais e sintomas nasossinusais com mais

de 12 semanas de evoluccedilatildeo e aos fatores que levam a RSA a processo de cronificaccedilatildeo descritos no

QUADRO 1

Observam-se com relativa frequecircncia alguns indiviacuteduos que manifestam episoacutedios mais severos

com o comprometimento simultacircneo de todo o trato respiratoacuterio superior e inferior Estes

indiviacuteduos apresentam uma resposta inflamatoacuteria exacerbada frente aos fatores agressores como

os viacuterus as bacteacuterias fungos e fatores ambientais associando polipose nasal hiperatividade

brocircnquica e intoleracircncia aos salicilatos Deve-se aqui ponderar a presenccedila de patologias

mucociliares ou doenccedilas auto-imunes (granulomatose de Wegener)217

QUADRO 1 Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Fonte Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC

Obstruccedilatildeo e congestatildeo nasal - eacute menos frequumlente e estaacute normalmente associada a fatores como

desvios septais rinite aleacutergica e outros

Rinorreia - (aquosa mucoide ou mucopurulenta) tende a se apresentar em menor quantidade nos

casos crocircnicos e muitas vezes perceptiacutevel apenas como drenagem retronasal

Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Tratamentos cliacutenicos inadequados

Alteraccedilotildees anatocircmicas que predisponham agraves infecccedilotildees de repeticcedilatildeo

Fatores obstrutivos intranasais - edema da mucosa hipertrofia de cornetos desvio septal

poacutelipos tumores e vegetaccedilotildees adenoideanas nas crianccedilas ou nos imunodeprimidos

Doenccedilas sistecircmicas

Deficiecircncias do sistema imunoloacutegico

Presenccedila de biofilmes de bacteacuterias aderidos na mucosa rinossinusal causando resistecircncia

elevada aos antibioacuteticos

19

Dor facial - natildeo eacute um sintoma comum na rinossinusite crocircnica podendo aparecer nas fases de

agudizaccedilatildeo

Tosse crocircnica - pode ser o uacutenico sintoma presente em casos de RSC especialmente em crianccedilas

Geralmente eacute natildeo produtiva com periacuteodos de exacerbaccedilatildeo agrave noite A rinorreia catarral posterior

pode ser a responsaacutevel bem como a estimulaccedilatildeo de reflexos nasopulmonares originados da

mucosa nasossinusal inflamada

Cacosmia ou fetidez nasal - pode ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva

quando sentida pelas pessoas que o cercam (geralmente estaacute associada agrave halitose)

Epistaxes - podem ou natildeo estar presentes2

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES

Define-se a partir de muacuteltiplos episoacutedios de RSA nos quais os sinais e sintomas desaparecem entre

um episoacutedio e outro voltando o paciente agrave normalidade

O tratamento pode ser cliacutenico ou ciruacutergico buscando sempre corrigir os fatores predisponentes agrave

repeticcedilatildeo dos processos infecciosos

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA

Na ocorrecircncia de muacuteltiplos episoacutedios onde o paciente natildeo volta agrave condiccedilatildeo de normalidade entre

os episoacutedios de agudizaccedilatildeo

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA

Satildeo mais frequentes em pacientes com algum comprometimento imunoloacutegico podendo

acometer tambeacutem pacientes imunologicamente competentes

A evoluccedilatildeo geralmente eacute crocircnica e natildeo responde aos tratamentos com antibioacuteticos

A avaliaccedilatildeo por tomografia computadorizada nesses pacientes mostra o envolvimento de

muacuteltiplos seios

Os fungos mais comumente encontrados satildeo o Aspergillus Curvularia Alternaria e Bipolaris O

principal patoacutegeno eacute o Aspergillus fumigatus embora o Aspergillus flavus seja ocasionalmente

isolado15 Quase sempre o tratamento eacute ciruacutergico

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 6: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

6

Instala-se entatildeo edema adicional da mucosa agravando a obstruccedilatildeo do oacutestio sinusal e a

interrupccedilatildeo do transporte mucociliar nos seios paranasais (FIGURA 2)

Neste contexto identificar os fatores locais e sistecircmicos que contribuem para a obstruccedilatildeo e

alteraccedilatildeo da dinacircmica nasal que levam a rinossinusite torna-se fundamental para o diagnoacutestico

e tratamento (Tabela 1)

FIGURA 2 Fisiopatologia das Rinissinusites

Fonte Da autora

7

TABELA 1 Fatores que interferem na dinacircmica nasal

Fonte Consenso de Rinossinusites (2013)

3 CLASSIFICACcedilAtildeO DAS RINOSSINUSITES

O criteacuterio utilizado para classificar as Rinossinusites estaacute baseado na duraccedilatildeo e manifestaccedilatildeo dos

sintomas Classificam-se em aguda subaguda crocircnica e recorrente11

Importante tambeacutem eacute considerar a gravidade da doenccedila (TABELA 2)

A Escala Visual Analoacutegica (EVA) validada em 2012 pela European Position Paper on Rhinosinusitis

and Nasal Polyps (EPOS) (FIG 2) eacute um instrumento cada vez mais utilizado na tentativa de

compreender o niacutevel do desconforto do paciente frente ao quadro apresentado Nela o paciente eacute

solicitado a quantificar de 0 a 10 o grau de incocircmodo causado pelos sintomas onde 0 significa

nenhum incocircmodo e 10 o maior incocircmodo possiacutevel

A gravidade eacute entatildeo classificada em

leve 0-3 cm

moderada gt 3-7 cm

grave gt 7-10 cm

FFFaaatttooorrreeesss LLLooocccaaaiiisss

OOObbbssstttrrruuutttiiivvvooosss

FFFaaatttooorrreeesss LLLooocccaaaiiisss

FFFuuunnnccciiiooonnnaaaiiisss FFFaaatttooorrreeesss SSSiiissstttecircecircecircmmmiiicccooosss

Edema de mucosa

(IVAS Rinite Aleacutergica)

Desvio de septo

Poacutelipos

Corpo estranho

Massas tumorais

Atresia coanal

Comprometimento da

funccedilatildeo ciliar

Exposiccedilatildeo ao ar frio ou

seco

Uso de drogas

Uso de medicamentos

(descongestionantes

toacutepicos)

Condiccedilotildees Debilitantes

Desnutriccedilatildeo

Uso prolongado de

esteroides

Diabetes Mellitus

descompensado

Quimioterapia

Imunodeficiecircncias IgG IgA

AIDS

Estresse

Alteraccedilatildeo das secreccedilotildees

exoacutecrinas

Mucoviscidose

Doenccedila dos ciacutelios imoacuteveis

8

A classificaccedilatildeo em leve moderada e grave tem implicaccedilotildees terapecircuticas ajudando na tomada

de decisatildeo em relaccedilatildeo ao uso de corticoide intranasal eou antibioacutetico

TABELA 2 Classificaccedilatildeo das Rinossinusites

Fonte Diretrizes Brasil de Rinossinusites (2008)

4 RINOSSINUSITE AGUDA (RSA)

Por ser um processo de manifestaccedilatildeo aguda eacute o estaacutegio mais frequentemente avaliado por

profissionais em pronto atendimento

Trata-se de um processo inflamatoacuterio da mucosa rinossinusal de iniacutecio suacutebito que pode perdurar

por ateacute quatro semanas Pode manifestar-se em um mesmo indiviacuteduo uma ou mais vezes num

determinado periacuteodo de tempo mas sempre com remissatildeo completa dos sinais e sintomas entre

os episoacutedios1112

CCllaassssiiffiiccaaccedilccedilatildeatildeoo ddaass RRiinnoossssiinnuussiitteess

AAgguuddaa

Duraccedilatildeo dos sintomas por ateacute 4 semanas

Inicio suacutebito e geralmente associado a IVAS

Regride completamente apoacutes o tratamento ou

espontaneamente

SSuubbaagguuddaa Duraccedilatildeo dos sintomas prolonga-se por 4 a 12 semanas

Eacute uma evoluccedilatildeo do quadro agudo

CCrrocircocircnniiccaa Sintomas persistem por um periacuteodo superior a 12 semanas

RReeccoorrrreennttee

Presenccedila de 4 ou mais episoacutedios de Rinossinusite aguda em 12

meses com remissatildeo total dos sintomas entre os episoacutedios

Ausecircncia de sintomas Maior incocircmodo imaginaacutevel

FIGURA 2 Escala visual analoacutegica (EVA) ndash Gravidade dos sintomas de Rinossinusite

9

Na maioria das vezes a RSA de qualquer etiologia tem maior gravidade sintomatoloacutegica do que a

fase crocircnica onde os sintomas satildeo menos intensos

Dentre as vaacuterias classificaccedilotildees para as RSA a mais utilizada eacute a etioloacutegica baseada nos sinais

sintomas e no tempo de duraccedilatildeo dos mesmos

Viral ndash quando a duraccedilatildeo dos sintomas eacute menor que dez dias

Poacutes Viral ndash Na piora dos sintomas apoacutes cinco dias da doenccedila inicial ou na persistecircncia dos

sintomas por mais de dez dias da doenccedila inicial

Bacteriana ndash Quando independente do tempo de evoluccedilatildeo da doenccedila ocorrer pelo menos trecircs dos

sinais ou sintomas como

Secreccedilatildeo mucopurulenta em nariz e rinofaringe

Dor na face (com predominacircncia unilateral)

Temperatura acima de 38degC

VHS ou PCR elevadas

Reagudizaccedilatildeo ou piora apoacutes a fase inicial de sintomas leves

5 DIAGNOacuteSTICO NA RSA

O profissional que avalia um possiacutevel quadro de RSA meacutedicos generalistas ou especialistas deve

ter em mente que uma boa anamnese e o exame fiacutesico satildeo a base para o diagnoacutestico13

Frequentemente nos deparamos com queixas de

Obstruccedilatildeo nasal que pode ser uni ou bilateral Deve-se considerar que eacute um sintoma subjetivo e

inespeciacutefico variando de indiviacuteduo para indiviacuteduo presente tanto na forma viral quanto bacteriana

e de forma isolada nas rinopatias13

Secreccedilatildeo nasal anterior eou posterior eacute um sinal fortemente sugestivo de RSA Quando aquosa

ou mucoide sugere um quadro inicial viral ou aleacutergico Quando mucopurulenta com ou sem

sinais de sangramento eacute fortemente sugestivo de um quadro bacteriano813

Dor ou pressatildeo facial ou cefaleia podem estar presentes nas formas virais e bacterianas Nos

quadros virais tende a ser mais difusa e pode ser intensa Nos quadros bacterianos eacute

classicamente em peso natildeo pulsaacutetil e piora com a inclinaccedilatildeo da cabeccedila para frente Pode haver

dor dentaacuteria referida que piora com a mastigaccedilatildeo Deve-se considerar que apesar de frequumlente

natildeo eacute sintoma especiacutefico para o diagnoacutestico Pode ser fator de confusatildeo diagnoacutestica e eacute incomum

como manifestaccedilatildeo isolada de sinusopatias

Natildeo satildeo raros os diagnoacutesticos de sinusite equivocadamente estabelecidos para pacientes com

enxaqueca e quadros psicossomaacuteticos Pode tambeacutem estar presente em quadros febris de

qualquer etiologia6813

10

Alteraccedilotildees do olfato - Hiposmia ou anosmia Ocasionados pela obstruccedilatildeo nasal influecircncia das

secreccedilotildees purulentas presentes na cavidade nasal (cacosmia) ou por lesotildees diretas do epiteacutelio

olfatoacuterio por viacuterus ou bacteacuterias6

Halitose - Manifestaccedilatildeo frequente e quando associada agrave obstruccedilatildeo nasal rinorreia e tosse

aumenta a suspeita para o diagnoacutestico de rinossinusite Quando isolada deve-se considerar outras

possibilidades como o caseum tonsilar e corpo estranho nasal principalmente em crianccedilas611

Tosse - (seca ou produtiva) pelas secreccedilotildees que drenam posteriormente pela rinofaringe aleacutem de

irritaccedilatildeo fariacutengea lariacutengea traqueal e rouquidatildeo13

Plenitude auricular - causada pela drenagem de secreccedilotildees na regiatildeo do oacutestio fariacutengeo da tuba

auditiva13

6 AVALIACcedilAtildeO COMPLEMENTAR POR IMAGEM NA RSA

O Raio X simples de Seios da Face eacute um exame cada vez menos valorizado pelos

otorrinolaringologistas Nos casos agudos o RX simples eacute dispensaacutevel visto que a histoacuteria cliacutenica e

o exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico satildeo suficientes Quando solicitado deve ser na posiccedilatildeo

ortostaacutetica para avaliar a presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIGURA 3) Observa-se no entanto uma

excessiva valorizaccedilatildeo das radiografias simples dos seios da face1

Fonte Projeto Diretrizes - ABORL CCF 2012- CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

Consideraccedilotildees frente agrave solicitaccedilatildeo de Rx de Seios da Face

Satildeo exames inespeciacuteficos que natildeo conseguem diferenciar causas virais e bacterianas

Discrepacircncia entre achados tomograacuteficos e radioloacutegicos em torno de 80

Natildeo recomendaacutevel em crianccedilas abaixo de 2 anos

Confiaacutevel apenas na presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIG 3)

Poacutelipos cistos hipoplasia de cavidades paranasais podem resultar em falso-positivo

(FIG3)

Os sinais observados que podem sugerir RSA satildeo espessamento mucoso gt 4mm niacutevel

liacutequido e opacificaccedilatildeo de um ou mais seios da face (FIG 3)

50 crianccedilas com IVAS de causa viral apresentam seios maxilares alterados ao Rx

11

FAZER OU NAtildeO O RX DE SEIOS DA FACE

Esta decisatildeo principalmente nas crianccedilas necessita tambeacutem do conhecimento do

desenvolvimento e crescimento das cavidades nasais e paranasais

Seios Maxilares

Mede 6 a 8 cm3 ao nascimento

Algumas pessoas chegam agrave idade adulta com seio hipoplaacutesico

Visiacutevel ao RX a partir do quarto ao quinto mecircs de idade

Seios etmoidais

Desenvolve-se a partir do terceiro mecircs de vida intrauterina

Dimensotildees semelhantes ao do adulto aos 12 anos de idade

Natildeo aparece ao Rx ateacute o primeiro ano de vida

Seios frontais

Natildeo eacute possiacutevel diferenciaacute-lo do seio etmoidal ao nascimento

Seu crescimento ocorre ateacute os 20 anos

Pode ser reconhecido radiologicamente apoacutes o quinto ano de vida

Seios esfenoidais

Comeccedila seu desenvolvimento em meacutedia aos cinco anos estendendo seu

crescimento em direccedilatildeo agrave sela tuacutercica terminando seu desenvolvimento ateacute o final

da adolescecircncia

Visiacutevel ao Rx apoacutes os 5 anos

Fonte Navarro JAC (1997)14

12

FIGURA 3 Alteraccedilotildees detectaacuteveis ao RX de seios da face

Fonte Da autora Imagens de arquivo proacuteprio

Tomografia computadorizada (TC) - Natildeo deve ser utilizada no diagnoacutestico inicial de RSA Deve ser

solicitado fora da fase aguda da doenccedila exceto nas suspeitas de complicaccedilotildees

Deve ser considerada nos quadros graves e em pacientes imunossuprimidos na vigecircncia de

complicaccedilotildees na suspeita de rinossinusite fuacutengica e no planejamento ciruacutergico Podem ser

encontradas alteraccedilotildees em crianccedilas saudaacuteveis (falso positivo)1315

Ressonacircncia magneacutetica (RM) - Natildeo estaacute indicada em casos de patologias nasossinusais agudas

Pode ser recomendada na avaliaccedilatildeo de complicaccedilotildees intracranianas das patologias nasossinusais

A RM fornece importantes informaccedilotildees sobre a mucosa e demais tecidos moles 1315

Endoscopia nasal (fibronasofaringoscopia) - A endoscopia nasal eacute recomendada aos pacientes

com qualquer tipo de queixa nasal Permite avaliar todas as porccedilotildees da cavidade nasal com

anaacutelise macroscoacutepica detalhada da mucosa nasal e sinusal Eacute completamente dispensaacutevel no

diagnoacutestico de RSA pois a ausecircncia de alteraccedilotildees endoscoacutepicas com histoacuteria cliacutenica compatiacutevel

natildeo afasta o diagnoacutestico de RSA Pode entretanto ser uacutetil na avaliaccedilatildeo da anatomia rinossinusal

como fator causal do processo infeccioso 1315

13

FIGURA 4 Imagens comparativas na rinossinusite maxilar esquerda Fonte Da autora Imagens

utilizadas de arquivo proacuteprio

Imagem utilizada disponiacutevel em httpwwwclinicacosercomveja-fotos-derinoscopia7 Acessado em 25042016

7 MICROBIOLOGIA NA RSA

Nas formas virais os agentes frequentemente envolvidos satildeo o Rhino-influenzae influenzae e

parainfluenzae de forma isolada ou associada agraves infecccedilotildees bacterianas pois em mais de 30 dos

casos de sinusite aguda a infecccedilatildeo eacute polimicrobiana2611

Quando presentes as bacteacuterias mais comumente envolvidas satildeo o S pneumoniae (55) H

influenzae (20) viacuterus respiratoacuterios (15) anaeroacutebios (9) M catarrhalis Streptococcus

hemoliacutetico do grupo A e Streptococcus alfa-hemoliacutetico (1)2611

Na presenccedila das patologias onde ocorre a diminuiccedilatildeo da motilidade ciliar (fibrose ciacutestica siacutendrome

da imotilidade ciliar siacutendrome de Kartagener) Pseudomonas aeruginosa e Staphilococcus aureus

podem estar presentes2611

H influenza S pneumoniae Aspergillus species Candida albicans Legionella pneumophila

fungos da classe Zygomicetes e da ordem Mucorales (Rhizopus arrhizus Mucor sp) podem ser

encontrados em pacientes com doenccedilas sistecircmicas que passaram por infecccedilatildeo viral recente ou

terapia com corticosteroides e na siacutendrome da imunodeficiecircncia adquirida (Sida)2611

14

8 TRATAMENTO DA RSA

Aspectos relevantes

Como a maior parte das infecccedilotildees nas RSA eacute de etiologia viral o objetivo do tratamento eacute

minimizar sintomas de obstruccedilatildeo nasal e da rinorreia promovendo a resoluccedilatildeo dos mecanismos

fisiopatoloacutegicos e o tratamento das exacerbaccedilotildees visando

Permitir e favorecer boa drenagem e ventilaccedilatildeo dos seios paranasais

Limpeza nasal com soluccedilatildeo fisioloacutegica

Uso de anti-inflamatoacuterios (esteroides natildeo esteroides)

Antibioticoterapia (se necessaacuterio)

9 CONSIDERACcedilOtildeES NO TRATAMENTO SINTOMAacuteTICO

91 Descongestionantes nasais de uso toacutepico

Nas infecccedilotildees virais podem ser prescritos como sintomaacuteticos Nas RSA bacterianas persistentes o

uso de vasoconstritor toacutepico nasal pode aliviar a obstruccedilatildeo nasal e aumentar o fluxo inspiratoacuterio

Deve-se evitar o uso de vasoconstritores toacutepicos de forma isolada e considerar

A possibilidade de complicaccedilotildees decorrentes da interaccedilatildeo medicamentosa com outras drogas

A possibilidade de descontrole da hipertensatildeo arterial e do glaucoma

Natildeo utilizar por mais de quatro dias consecutivos pelo risco de congestatildeo nasal rebote

92 Descongestionantes sistecircmicos orais

Normalmente satildeo utilizados para diminuir o edema e facilitar a drenagem de secreccedilotildees embora

careccedilam de evidecircncias que comprovem sua eficaacutecia Devem ser evitados em pacientes com

doenccedila cardiovascular hipertensatildeo e com hipertrofia prostaacutetica benigna Nas infecccedilotildees

bacterianas natildeo satildeo recomendados Seu uso isolado ou associado aos anti-histamiacutenicos nas RSA

bacterianas natildeo modifica de forma significativa a evoluccedilatildeo cliacutenica ou radioloacutegica tanto em

crianccedilas quanto em adultos Pode comprometer a evoluccedilatildeo dos sintomas por promover

ressecamento das secreccedilotildees em todo o trato respiratoacuterio dificultando sua drenagem nas

cavidades paranasais

15

93 Anti-histamiacutenicos

Muitas vezes satildeo prescritos para controle sintomaacutetico mas natildeo haacute estudos que comprovem

qualquer eficaacutecia natildeo sendo desta forma recomendados de rotina

94 Irrigaccedilatildeo com soluccedilatildeo salina

Apesar da pouca evidecircncia de benefiacutecio cliacutenico de forma geral recomenda-se a utilizaccedilatildeo da

lavagem salina nasal em pacientes com RSA que promove melhora da funccedilatildeo ciliar reduz o

edema de mucosa colabora na limpeza da cavidade nasal e da secreccedilatildeo presente nos processos

infecciosos aleacutem de natildeo apresentar efeitos colaterais

95 Corticoide nasal

Os corticoides nasais proporcionam melhora dos sintomas nas infecccedilotildees virais e bacterianas

principalmente em pacientes portadores de rinite aleacutergica Deve ser usado em adultos de forma

parcimoniosa na tentativa de reduzir o uso de antibioacuteticos

Entretanto na presenccedila de secreccedilatildeo catarral abundante sua accedilatildeo pode ficar prejudicada

Os mais utilizados satildeo o fumarato de mometasona budesonida e propionato de fluticasona

Eacute discutiacutevel sua utilizaccedilatildeo associada agrave antibioticoterapia Seu uso deve ser restrito e cauteloso nos

pacientes portadores de glaucoma

Sua melhor utilizaccedilatildeo eacute na fase inter-crises das rinossinusites recorrentes como medida

preventiva e no tratamento das rinopatias aleacutergicas

96 Corticoide oral

Mostra-se mais eficaz quando comparado ao corticoide intranasal aleacutem de mais seguro do que os

anti-inflamatoacuterios natildeo hormonais

Seu uso eacute recomendado em pacientes adultos e crianccedilas com RSAB desde que natildeo apresentem

contraindicaccedilotildees para seu uso

O corticoide oral quando necessaacuterio deve ser utilizado por trecircs a cinco dias e sempre associado agrave

antibioticoterapia

16

Metanaacutelises com estudos de placebo

controlados randomizados e duplo-cegos

mostraram que

A eficaacutecia dos antibioacuteticos na melhora dos

sintomas dos pacientes com RSAB

especialmente se administrados

criteriosamente

Natildeo estatildeo indicados nos casos de

rinossinusites virais

Cerca de 65 dos pacientes diagnosticados

com RSAB apresenta resoluccedilatildeo cliacutenica

espontacircnea nos primeiros dez dias

A introduccedilatildeo do antibioacutetico deve ser

considerada quando natildeo haacute melhora apoacutes o

tratamento com medidas adjuvantes ou se

os sintomas se acentuarem

CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

97 Antibioacuteticos

Antibioacuteticos satildeo administrados apenas

em situaccedilotildees que sugerem fortemente

infecccedilatildeo bacteriana

Muitas vezes eacute difiacutecil distinguir

infecccedilotildees virais de bacterianas nos

primeiros 10 dias de doenccedila mas trecircs

caracteriacutesticas que sugerem a etiologia

bacteriana devem consideradas

a) Sintomas que persistem mais de

10 dias sem melhora cliacutenica

aparente

b) Sintomas intensos que incluem

febre com temperatura gt 39 degC

associada agrave rinorreia purulenta ou

dor facial e com duraccedilatildeo de pelo

menos trecircs dias logo no iniacutecio do

quadro

c) Piora cliacutenica conforme os sintomas

descritos que ocorrem apoacutes um

quadro nitidamente viral que

estava em processo de melhora

cliacutenica

Na presenccedila de sintomas compatiacuteveis com quadro bacteriano o paciente deve receber

antibioacuteticos com objetivo de minimizar sintomas diminuir o tempo da doenccedila evitar infecccedilotildees

recorrentes e complicaccedilotildees

A Infectious Diseases Society of America (2012) sobre antibioacuteticos recomenda

Amoxicilina-clavulanato antibioacutetico de primeira escolha se o paciente natildeo eacute aleacutergico a

penicilina A dose eacute de 500mg125mg a cada 8 horas

Em aleacutergicos a amoxicilina doxiciclina levofloxacina e moxifloxacina

Claritromicina azitromicina e cefalosporinas de 2ordf e 3ordf geraccedilotildees tambeacutem satildeo opccedilotildees viaacuteveis

Nas gestantes a primeira opccedilatildeo eacute amoxicilina sendo azitromicina a opccedilatildeo quando houver

alergia agrave amoxicilina

Ainda natildeo existem estudos que definam o tempo ideal de tratamento com antibioacuteticos Zambon

(2013) menciona as recomendaccedilotildees de diretrizes internacionais quanto ao uso dos antibioacuteticos por

5 a 7 dias e natildeo mais por 10 a 14 dias uma vez que estudos mostraram que os resultados

terapecircuticos satildeo semelhantes com estes diferentes tempos

17

Na eventualidade de falha terapecircutica as opccedilotildees viaacuteveis como 2ordf linha para pacientes que foram

inicialmente tratados com amoxicilina-clavulanato nas doses usuais satildeo

Amoxicilina 2g ndash clavulanato 125mg VO a cada 12 horas ou

Levofloxacina 500mg VO 1 vezdia ou

Moxifloxacina 400mg VO 1 vezdia

10 COMPLICACcedilOtildeES DAS RSA

As complicaccedilotildees das rinossinusites satildeo decorrentes de infecccedilotildees agudas ou crocircnicas e mais

frequentes na populaccedilatildeo infantil (TABELA 3)

As vias de disseminaccedilatildeo satildeo por contiguidade erosatildeo oacutessea ou hematogecircnicas podendo ser

hematoloacutegica ou neuroloacutegica

Satildeo quadros graves de evoluccedilatildeo imprevisiacutevel e requerem monitoramento e tratamento em

ambiente hospitalar

TABELA 3 Complicaccedilotildees e Sinais de Alerta na RSA

Fonte Soc Bras de ORL(2011) Rosenfeld RM sinusitis (2015)16 5

CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess mmaaiiss ffrreeqquueenntteess ddaass

RRiinnoossssiinnuussiitteess

SSiinnaaiiss ddee AAlleerrttaa ppaarraa CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess

OOffttaallmmooNNeeuurroolloacuteoacuteggiiccaass ddaa RRiinnoossssiinnuussiittee

Otites

Broncopneumonia

Ativaccedilatildeo de asma brocircnquica

Neuroloacutegicas (abscesso cerebral e

tromboflebite do seio cavernoso)

Oftalmoloacutegicas (celulite periorbitaacuteria)

Dor e febre sem melhora apoacutes 72 horas de

tratamento adequado

Edema eou eritema palpebral

Borramento da visatildeo

Cefaleia intensa com irritabilidade

Sinais de toxemia

18

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC)

111 Aspectos relevantes

Da mesma forma que a rinossinusite aguda a RSC eacute um estaacutegio evolutivo dos quadros de rinite Eacute

considerado um contiacutenuo da RSA podendo tambeacutem sofrer processo de reagudizaccedilatildeo6

O diagnoacutestico cliacutenico da RSC baseia-se na presenccedila de sinais e sintomas nasossinusais com mais

de 12 semanas de evoluccedilatildeo e aos fatores que levam a RSA a processo de cronificaccedilatildeo descritos no

QUADRO 1

Observam-se com relativa frequecircncia alguns indiviacuteduos que manifestam episoacutedios mais severos

com o comprometimento simultacircneo de todo o trato respiratoacuterio superior e inferior Estes

indiviacuteduos apresentam uma resposta inflamatoacuteria exacerbada frente aos fatores agressores como

os viacuterus as bacteacuterias fungos e fatores ambientais associando polipose nasal hiperatividade

brocircnquica e intoleracircncia aos salicilatos Deve-se aqui ponderar a presenccedila de patologias

mucociliares ou doenccedilas auto-imunes (granulomatose de Wegener)217

QUADRO 1 Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Fonte Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC

Obstruccedilatildeo e congestatildeo nasal - eacute menos frequumlente e estaacute normalmente associada a fatores como

desvios septais rinite aleacutergica e outros

Rinorreia - (aquosa mucoide ou mucopurulenta) tende a se apresentar em menor quantidade nos

casos crocircnicos e muitas vezes perceptiacutevel apenas como drenagem retronasal

Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Tratamentos cliacutenicos inadequados

Alteraccedilotildees anatocircmicas que predisponham agraves infecccedilotildees de repeticcedilatildeo

Fatores obstrutivos intranasais - edema da mucosa hipertrofia de cornetos desvio septal

poacutelipos tumores e vegetaccedilotildees adenoideanas nas crianccedilas ou nos imunodeprimidos

Doenccedilas sistecircmicas

Deficiecircncias do sistema imunoloacutegico

Presenccedila de biofilmes de bacteacuterias aderidos na mucosa rinossinusal causando resistecircncia

elevada aos antibioacuteticos

19

Dor facial - natildeo eacute um sintoma comum na rinossinusite crocircnica podendo aparecer nas fases de

agudizaccedilatildeo

Tosse crocircnica - pode ser o uacutenico sintoma presente em casos de RSC especialmente em crianccedilas

Geralmente eacute natildeo produtiva com periacuteodos de exacerbaccedilatildeo agrave noite A rinorreia catarral posterior

pode ser a responsaacutevel bem como a estimulaccedilatildeo de reflexos nasopulmonares originados da

mucosa nasossinusal inflamada

Cacosmia ou fetidez nasal - pode ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva

quando sentida pelas pessoas que o cercam (geralmente estaacute associada agrave halitose)

Epistaxes - podem ou natildeo estar presentes2

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES

Define-se a partir de muacuteltiplos episoacutedios de RSA nos quais os sinais e sintomas desaparecem entre

um episoacutedio e outro voltando o paciente agrave normalidade

O tratamento pode ser cliacutenico ou ciruacutergico buscando sempre corrigir os fatores predisponentes agrave

repeticcedilatildeo dos processos infecciosos

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA

Na ocorrecircncia de muacuteltiplos episoacutedios onde o paciente natildeo volta agrave condiccedilatildeo de normalidade entre

os episoacutedios de agudizaccedilatildeo

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA

Satildeo mais frequentes em pacientes com algum comprometimento imunoloacutegico podendo

acometer tambeacutem pacientes imunologicamente competentes

A evoluccedilatildeo geralmente eacute crocircnica e natildeo responde aos tratamentos com antibioacuteticos

A avaliaccedilatildeo por tomografia computadorizada nesses pacientes mostra o envolvimento de

muacuteltiplos seios

Os fungos mais comumente encontrados satildeo o Aspergillus Curvularia Alternaria e Bipolaris O

principal patoacutegeno eacute o Aspergillus fumigatus embora o Aspergillus flavus seja ocasionalmente

isolado15 Quase sempre o tratamento eacute ciruacutergico

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 7: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

7

TABELA 1 Fatores que interferem na dinacircmica nasal

Fonte Consenso de Rinossinusites (2013)

3 CLASSIFICACcedilAtildeO DAS RINOSSINUSITES

O criteacuterio utilizado para classificar as Rinossinusites estaacute baseado na duraccedilatildeo e manifestaccedilatildeo dos

sintomas Classificam-se em aguda subaguda crocircnica e recorrente11

Importante tambeacutem eacute considerar a gravidade da doenccedila (TABELA 2)

A Escala Visual Analoacutegica (EVA) validada em 2012 pela European Position Paper on Rhinosinusitis

and Nasal Polyps (EPOS) (FIG 2) eacute um instrumento cada vez mais utilizado na tentativa de

compreender o niacutevel do desconforto do paciente frente ao quadro apresentado Nela o paciente eacute

solicitado a quantificar de 0 a 10 o grau de incocircmodo causado pelos sintomas onde 0 significa

nenhum incocircmodo e 10 o maior incocircmodo possiacutevel

A gravidade eacute entatildeo classificada em

leve 0-3 cm

moderada gt 3-7 cm

grave gt 7-10 cm

FFFaaatttooorrreeesss LLLooocccaaaiiisss

OOObbbssstttrrruuutttiiivvvooosss

FFFaaatttooorrreeesss LLLooocccaaaiiisss

FFFuuunnnccciiiooonnnaaaiiisss FFFaaatttooorrreeesss SSSiiissstttecircecircecircmmmiiicccooosss

Edema de mucosa

(IVAS Rinite Aleacutergica)

Desvio de septo

Poacutelipos

Corpo estranho

Massas tumorais

Atresia coanal

Comprometimento da

funccedilatildeo ciliar

Exposiccedilatildeo ao ar frio ou

seco

Uso de drogas

Uso de medicamentos

(descongestionantes

toacutepicos)

Condiccedilotildees Debilitantes

Desnutriccedilatildeo

Uso prolongado de

esteroides

Diabetes Mellitus

descompensado

Quimioterapia

Imunodeficiecircncias IgG IgA

AIDS

Estresse

Alteraccedilatildeo das secreccedilotildees

exoacutecrinas

Mucoviscidose

Doenccedila dos ciacutelios imoacuteveis

8

A classificaccedilatildeo em leve moderada e grave tem implicaccedilotildees terapecircuticas ajudando na tomada

de decisatildeo em relaccedilatildeo ao uso de corticoide intranasal eou antibioacutetico

TABELA 2 Classificaccedilatildeo das Rinossinusites

Fonte Diretrizes Brasil de Rinossinusites (2008)

4 RINOSSINUSITE AGUDA (RSA)

Por ser um processo de manifestaccedilatildeo aguda eacute o estaacutegio mais frequentemente avaliado por

profissionais em pronto atendimento

Trata-se de um processo inflamatoacuterio da mucosa rinossinusal de iniacutecio suacutebito que pode perdurar

por ateacute quatro semanas Pode manifestar-se em um mesmo indiviacuteduo uma ou mais vezes num

determinado periacuteodo de tempo mas sempre com remissatildeo completa dos sinais e sintomas entre

os episoacutedios1112

CCllaassssiiffiiccaaccedilccedilatildeatildeoo ddaass RRiinnoossssiinnuussiitteess

AAgguuddaa

Duraccedilatildeo dos sintomas por ateacute 4 semanas

Inicio suacutebito e geralmente associado a IVAS

Regride completamente apoacutes o tratamento ou

espontaneamente

SSuubbaagguuddaa Duraccedilatildeo dos sintomas prolonga-se por 4 a 12 semanas

Eacute uma evoluccedilatildeo do quadro agudo

CCrrocircocircnniiccaa Sintomas persistem por um periacuteodo superior a 12 semanas

RReeccoorrrreennttee

Presenccedila de 4 ou mais episoacutedios de Rinossinusite aguda em 12

meses com remissatildeo total dos sintomas entre os episoacutedios

Ausecircncia de sintomas Maior incocircmodo imaginaacutevel

FIGURA 2 Escala visual analoacutegica (EVA) ndash Gravidade dos sintomas de Rinossinusite

9

Na maioria das vezes a RSA de qualquer etiologia tem maior gravidade sintomatoloacutegica do que a

fase crocircnica onde os sintomas satildeo menos intensos

Dentre as vaacuterias classificaccedilotildees para as RSA a mais utilizada eacute a etioloacutegica baseada nos sinais

sintomas e no tempo de duraccedilatildeo dos mesmos

Viral ndash quando a duraccedilatildeo dos sintomas eacute menor que dez dias

Poacutes Viral ndash Na piora dos sintomas apoacutes cinco dias da doenccedila inicial ou na persistecircncia dos

sintomas por mais de dez dias da doenccedila inicial

Bacteriana ndash Quando independente do tempo de evoluccedilatildeo da doenccedila ocorrer pelo menos trecircs dos

sinais ou sintomas como

Secreccedilatildeo mucopurulenta em nariz e rinofaringe

Dor na face (com predominacircncia unilateral)

Temperatura acima de 38degC

VHS ou PCR elevadas

Reagudizaccedilatildeo ou piora apoacutes a fase inicial de sintomas leves

5 DIAGNOacuteSTICO NA RSA

O profissional que avalia um possiacutevel quadro de RSA meacutedicos generalistas ou especialistas deve

ter em mente que uma boa anamnese e o exame fiacutesico satildeo a base para o diagnoacutestico13

Frequentemente nos deparamos com queixas de

Obstruccedilatildeo nasal que pode ser uni ou bilateral Deve-se considerar que eacute um sintoma subjetivo e

inespeciacutefico variando de indiviacuteduo para indiviacuteduo presente tanto na forma viral quanto bacteriana

e de forma isolada nas rinopatias13

Secreccedilatildeo nasal anterior eou posterior eacute um sinal fortemente sugestivo de RSA Quando aquosa

ou mucoide sugere um quadro inicial viral ou aleacutergico Quando mucopurulenta com ou sem

sinais de sangramento eacute fortemente sugestivo de um quadro bacteriano813

Dor ou pressatildeo facial ou cefaleia podem estar presentes nas formas virais e bacterianas Nos

quadros virais tende a ser mais difusa e pode ser intensa Nos quadros bacterianos eacute

classicamente em peso natildeo pulsaacutetil e piora com a inclinaccedilatildeo da cabeccedila para frente Pode haver

dor dentaacuteria referida que piora com a mastigaccedilatildeo Deve-se considerar que apesar de frequumlente

natildeo eacute sintoma especiacutefico para o diagnoacutestico Pode ser fator de confusatildeo diagnoacutestica e eacute incomum

como manifestaccedilatildeo isolada de sinusopatias

Natildeo satildeo raros os diagnoacutesticos de sinusite equivocadamente estabelecidos para pacientes com

enxaqueca e quadros psicossomaacuteticos Pode tambeacutem estar presente em quadros febris de

qualquer etiologia6813

10

Alteraccedilotildees do olfato - Hiposmia ou anosmia Ocasionados pela obstruccedilatildeo nasal influecircncia das

secreccedilotildees purulentas presentes na cavidade nasal (cacosmia) ou por lesotildees diretas do epiteacutelio

olfatoacuterio por viacuterus ou bacteacuterias6

Halitose - Manifestaccedilatildeo frequente e quando associada agrave obstruccedilatildeo nasal rinorreia e tosse

aumenta a suspeita para o diagnoacutestico de rinossinusite Quando isolada deve-se considerar outras

possibilidades como o caseum tonsilar e corpo estranho nasal principalmente em crianccedilas611

Tosse - (seca ou produtiva) pelas secreccedilotildees que drenam posteriormente pela rinofaringe aleacutem de

irritaccedilatildeo fariacutengea lariacutengea traqueal e rouquidatildeo13

Plenitude auricular - causada pela drenagem de secreccedilotildees na regiatildeo do oacutestio fariacutengeo da tuba

auditiva13

6 AVALIACcedilAtildeO COMPLEMENTAR POR IMAGEM NA RSA

O Raio X simples de Seios da Face eacute um exame cada vez menos valorizado pelos

otorrinolaringologistas Nos casos agudos o RX simples eacute dispensaacutevel visto que a histoacuteria cliacutenica e

o exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico satildeo suficientes Quando solicitado deve ser na posiccedilatildeo

ortostaacutetica para avaliar a presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIGURA 3) Observa-se no entanto uma

excessiva valorizaccedilatildeo das radiografias simples dos seios da face1

Fonte Projeto Diretrizes - ABORL CCF 2012- CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

Consideraccedilotildees frente agrave solicitaccedilatildeo de Rx de Seios da Face

Satildeo exames inespeciacuteficos que natildeo conseguem diferenciar causas virais e bacterianas

Discrepacircncia entre achados tomograacuteficos e radioloacutegicos em torno de 80

Natildeo recomendaacutevel em crianccedilas abaixo de 2 anos

Confiaacutevel apenas na presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIG 3)

Poacutelipos cistos hipoplasia de cavidades paranasais podem resultar em falso-positivo

(FIG3)

Os sinais observados que podem sugerir RSA satildeo espessamento mucoso gt 4mm niacutevel

liacutequido e opacificaccedilatildeo de um ou mais seios da face (FIG 3)

50 crianccedilas com IVAS de causa viral apresentam seios maxilares alterados ao Rx

11

FAZER OU NAtildeO O RX DE SEIOS DA FACE

Esta decisatildeo principalmente nas crianccedilas necessita tambeacutem do conhecimento do

desenvolvimento e crescimento das cavidades nasais e paranasais

Seios Maxilares

Mede 6 a 8 cm3 ao nascimento

Algumas pessoas chegam agrave idade adulta com seio hipoplaacutesico

Visiacutevel ao RX a partir do quarto ao quinto mecircs de idade

Seios etmoidais

Desenvolve-se a partir do terceiro mecircs de vida intrauterina

Dimensotildees semelhantes ao do adulto aos 12 anos de idade

Natildeo aparece ao Rx ateacute o primeiro ano de vida

Seios frontais

Natildeo eacute possiacutevel diferenciaacute-lo do seio etmoidal ao nascimento

Seu crescimento ocorre ateacute os 20 anos

Pode ser reconhecido radiologicamente apoacutes o quinto ano de vida

Seios esfenoidais

Comeccedila seu desenvolvimento em meacutedia aos cinco anos estendendo seu

crescimento em direccedilatildeo agrave sela tuacutercica terminando seu desenvolvimento ateacute o final

da adolescecircncia

Visiacutevel ao Rx apoacutes os 5 anos

Fonte Navarro JAC (1997)14

12

FIGURA 3 Alteraccedilotildees detectaacuteveis ao RX de seios da face

Fonte Da autora Imagens de arquivo proacuteprio

Tomografia computadorizada (TC) - Natildeo deve ser utilizada no diagnoacutestico inicial de RSA Deve ser

solicitado fora da fase aguda da doenccedila exceto nas suspeitas de complicaccedilotildees

Deve ser considerada nos quadros graves e em pacientes imunossuprimidos na vigecircncia de

complicaccedilotildees na suspeita de rinossinusite fuacutengica e no planejamento ciruacutergico Podem ser

encontradas alteraccedilotildees em crianccedilas saudaacuteveis (falso positivo)1315

Ressonacircncia magneacutetica (RM) - Natildeo estaacute indicada em casos de patologias nasossinusais agudas

Pode ser recomendada na avaliaccedilatildeo de complicaccedilotildees intracranianas das patologias nasossinusais

A RM fornece importantes informaccedilotildees sobre a mucosa e demais tecidos moles 1315

Endoscopia nasal (fibronasofaringoscopia) - A endoscopia nasal eacute recomendada aos pacientes

com qualquer tipo de queixa nasal Permite avaliar todas as porccedilotildees da cavidade nasal com

anaacutelise macroscoacutepica detalhada da mucosa nasal e sinusal Eacute completamente dispensaacutevel no

diagnoacutestico de RSA pois a ausecircncia de alteraccedilotildees endoscoacutepicas com histoacuteria cliacutenica compatiacutevel

natildeo afasta o diagnoacutestico de RSA Pode entretanto ser uacutetil na avaliaccedilatildeo da anatomia rinossinusal

como fator causal do processo infeccioso 1315

13

FIGURA 4 Imagens comparativas na rinossinusite maxilar esquerda Fonte Da autora Imagens

utilizadas de arquivo proacuteprio

Imagem utilizada disponiacutevel em httpwwwclinicacosercomveja-fotos-derinoscopia7 Acessado em 25042016

7 MICROBIOLOGIA NA RSA

Nas formas virais os agentes frequentemente envolvidos satildeo o Rhino-influenzae influenzae e

parainfluenzae de forma isolada ou associada agraves infecccedilotildees bacterianas pois em mais de 30 dos

casos de sinusite aguda a infecccedilatildeo eacute polimicrobiana2611

Quando presentes as bacteacuterias mais comumente envolvidas satildeo o S pneumoniae (55) H

influenzae (20) viacuterus respiratoacuterios (15) anaeroacutebios (9) M catarrhalis Streptococcus

hemoliacutetico do grupo A e Streptococcus alfa-hemoliacutetico (1)2611

Na presenccedila das patologias onde ocorre a diminuiccedilatildeo da motilidade ciliar (fibrose ciacutestica siacutendrome

da imotilidade ciliar siacutendrome de Kartagener) Pseudomonas aeruginosa e Staphilococcus aureus

podem estar presentes2611

H influenza S pneumoniae Aspergillus species Candida albicans Legionella pneumophila

fungos da classe Zygomicetes e da ordem Mucorales (Rhizopus arrhizus Mucor sp) podem ser

encontrados em pacientes com doenccedilas sistecircmicas que passaram por infecccedilatildeo viral recente ou

terapia com corticosteroides e na siacutendrome da imunodeficiecircncia adquirida (Sida)2611

14

8 TRATAMENTO DA RSA

Aspectos relevantes

Como a maior parte das infecccedilotildees nas RSA eacute de etiologia viral o objetivo do tratamento eacute

minimizar sintomas de obstruccedilatildeo nasal e da rinorreia promovendo a resoluccedilatildeo dos mecanismos

fisiopatoloacutegicos e o tratamento das exacerbaccedilotildees visando

Permitir e favorecer boa drenagem e ventilaccedilatildeo dos seios paranasais

Limpeza nasal com soluccedilatildeo fisioloacutegica

Uso de anti-inflamatoacuterios (esteroides natildeo esteroides)

Antibioticoterapia (se necessaacuterio)

9 CONSIDERACcedilOtildeES NO TRATAMENTO SINTOMAacuteTICO

91 Descongestionantes nasais de uso toacutepico

Nas infecccedilotildees virais podem ser prescritos como sintomaacuteticos Nas RSA bacterianas persistentes o

uso de vasoconstritor toacutepico nasal pode aliviar a obstruccedilatildeo nasal e aumentar o fluxo inspiratoacuterio

Deve-se evitar o uso de vasoconstritores toacutepicos de forma isolada e considerar

A possibilidade de complicaccedilotildees decorrentes da interaccedilatildeo medicamentosa com outras drogas

A possibilidade de descontrole da hipertensatildeo arterial e do glaucoma

Natildeo utilizar por mais de quatro dias consecutivos pelo risco de congestatildeo nasal rebote

92 Descongestionantes sistecircmicos orais

Normalmente satildeo utilizados para diminuir o edema e facilitar a drenagem de secreccedilotildees embora

careccedilam de evidecircncias que comprovem sua eficaacutecia Devem ser evitados em pacientes com

doenccedila cardiovascular hipertensatildeo e com hipertrofia prostaacutetica benigna Nas infecccedilotildees

bacterianas natildeo satildeo recomendados Seu uso isolado ou associado aos anti-histamiacutenicos nas RSA

bacterianas natildeo modifica de forma significativa a evoluccedilatildeo cliacutenica ou radioloacutegica tanto em

crianccedilas quanto em adultos Pode comprometer a evoluccedilatildeo dos sintomas por promover

ressecamento das secreccedilotildees em todo o trato respiratoacuterio dificultando sua drenagem nas

cavidades paranasais

15

93 Anti-histamiacutenicos

Muitas vezes satildeo prescritos para controle sintomaacutetico mas natildeo haacute estudos que comprovem

qualquer eficaacutecia natildeo sendo desta forma recomendados de rotina

94 Irrigaccedilatildeo com soluccedilatildeo salina

Apesar da pouca evidecircncia de benefiacutecio cliacutenico de forma geral recomenda-se a utilizaccedilatildeo da

lavagem salina nasal em pacientes com RSA que promove melhora da funccedilatildeo ciliar reduz o

edema de mucosa colabora na limpeza da cavidade nasal e da secreccedilatildeo presente nos processos

infecciosos aleacutem de natildeo apresentar efeitos colaterais

95 Corticoide nasal

Os corticoides nasais proporcionam melhora dos sintomas nas infecccedilotildees virais e bacterianas

principalmente em pacientes portadores de rinite aleacutergica Deve ser usado em adultos de forma

parcimoniosa na tentativa de reduzir o uso de antibioacuteticos

Entretanto na presenccedila de secreccedilatildeo catarral abundante sua accedilatildeo pode ficar prejudicada

Os mais utilizados satildeo o fumarato de mometasona budesonida e propionato de fluticasona

Eacute discutiacutevel sua utilizaccedilatildeo associada agrave antibioticoterapia Seu uso deve ser restrito e cauteloso nos

pacientes portadores de glaucoma

Sua melhor utilizaccedilatildeo eacute na fase inter-crises das rinossinusites recorrentes como medida

preventiva e no tratamento das rinopatias aleacutergicas

96 Corticoide oral

Mostra-se mais eficaz quando comparado ao corticoide intranasal aleacutem de mais seguro do que os

anti-inflamatoacuterios natildeo hormonais

Seu uso eacute recomendado em pacientes adultos e crianccedilas com RSAB desde que natildeo apresentem

contraindicaccedilotildees para seu uso

O corticoide oral quando necessaacuterio deve ser utilizado por trecircs a cinco dias e sempre associado agrave

antibioticoterapia

16

Metanaacutelises com estudos de placebo

controlados randomizados e duplo-cegos

mostraram que

A eficaacutecia dos antibioacuteticos na melhora dos

sintomas dos pacientes com RSAB

especialmente se administrados

criteriosamente

Natildeo estatildeo indicados nos casos de

rinossinusites virais

Cerca de 65 dos pacientes diagnosticados

com RSAB apresenta resoluccedilatildeo cliacutenica

espontacircnea nos primeiros dez dias

A introduccedilatildeo do antibioacutetico deve ser

considerada quando natildeo haacute melhora apoacutes o

tratamento com medidas adjuvantes ou se

os sintomas se acentuarem

CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

97 Antibioacuteticos

Antibioacuteticos satildeo administrados apenas

em situaccedilotildees que sugerem fortemente

infecccedilatildeo bacteriana

Muitas vezes eacute difiacutecil distinguir

infecccedilotildees virais de bacterianas nos

primeiros 10 dias de doenccedila mas trecircs

caracteriacutesticas que sugerem a etiologia

bacteriana devem consideradas

a) Sintomas que persistem mais de

10 dias sem melhora cliacutenica

aparente

b) Sintomas intensos que incluem

febre com temperatura gt 39 degC

associada agrave rinorreia purulenta ou

dor facial e com duraccedilatildeo de pelo

menos trecircs dias logo no iniacutecio do

quadro

c) Piora cliacutenica conforme os sintomas

descritos que ocorrem apoacutes um

quadro nitidamente viral que

estava em processo de melhora

cliacutenica

Na presenccedila de sintomas compatiacuteveis com quadro bacteriano o paciente deve receber

antibioacuteticos com objetivo de minimizar sintomas diminuir o tempo da doenccedila evitar infecccedilotildees

recorrentes e complicaccedilotildees

A Infectious Diseases Society of America (2012) sobre antibioacuteticos recomenda

Amoxicilina-clavulanato antibioacutetico de primeira escolha se o paciente natildeo eacute aleacutergico a

penicilina A dose eacute de 500mg125mg a cada 8 horas

Em aleacutergicos a amoxicilina doxiciclina levofloxacina e moxifloxacina

Claritromicina azitromicina e cefalosporinas de 2ordf e 3ordf geraccedilotildees tambeacutem satildeo opccedilotildees viaacuteveis

Nas gestantes a primeira opccedilatildeo eacute amoxicilina sendo azitromicina a opccedilatildeo quando houver

alergia agrave amoxicilina

Ainda natildeo existem estudos que definam o tempo ideal de tratamento com antibioacuteticos Zambon

(2013) menciona as recomendaccedilotildees de diretrizes internacionais quanto ao uso dos antibioacuteticos por

5 a 7 dias e natildeo mais por 10 a 14 dias uma vez que estudos mostraram que os resultados

terapecircuticos satildeo semelhantes com estes diferentes tempos

17

Na eventualidade de falha terapecircutica as opccedilotildees viaacuteveis como 2ordf linha para pacientes que foram

inicialmente tratados com amoxicilina-clavulanato nas doses usuais satildeo

Amoxicilina 2g ndash clavulanato 125mg VO a cada 12 horas ou

Levofloxacina 500mg VO 1 vezdia ou

Moxifloxacina 400mg VO 1 vezdia

10 COMPLICACcedilOtildeES DAS RSA

As complicaccedilotildees das rinossinusites satildeo decorrentes de infecccedilotildees agudas ou crocircnicas e mais

frequentes na populaccedilatildeo infantil (TABELA 3)

As vias de disseminaccedilatildeo satildeo por contiguidade erosatildeo oacutessea ou hematogecircnicas podendo ser

hematoloacutegica ou neuroloacutegica

Satildeo quadros graves de evoluccedilatildeo imprevisiacutevel e requerem monitoramento e tratamento em

ambiente hospitalar

TABELA 3 Complicaccedilotildees e Sinais de Alerta na RSA

Fonte Soc Bras de ORL(2011) Rosenfeld RM sinusitis (2015)16 5

CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess mmaaiiss ffrreeqquueenntteess ddaass

RRiinnoossssiinnuussiitteess

SSiinnaaiiss ddee AAlleerrttaa ppaarraa CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess

OOffttaallmmooNNeeuurroolloacuteoacuteggiiccaass ddaa RRiinnoossssiinnuussiittee

Otites

Broncopneumonia

Ativaccedilatildeo de asma brocircnquica

Neuroloacutegicas (abscesso cerebral e

tromboflebite do seio cavernoso)

Oftalmoloacutegicas (celulite periorbitaacuteria)

Dor e febre sem melhora apoacutes 72 horas de

tratamento adequado

Edema eou eritema palpebral

Borramento da visatildeo

Cefaleia intensa com irritabilidade

Sinais de toxemia

18

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC)

111 Aspectos relevantes

Da mesma forma que a rinossinusite aguda a RSC eacute um estaacutegio evolutivo dos quadros de rinite Eacute

considerado um contiacutenuo da RSA podendo tambeacutem sofrer processo de reagudizaccedilatildeo6

O diagnoacutestico cliacutenico da RSC baseia-se na presenccedila de sinais e sintomas nasossinusais com mais

de 12 semanas de evoluccedilatildeo e aos fatores que levam a RSA a processo de cronificaccedilatildeo descritos no

QUADRO 1

Observam-se com relativa frequecircncia alguns indiviacuteduos que manifestam episoacutedios mais severos

com o comprometimento simultacircneo de todo o trato respiratoacuterio superior e inferior Estes

indiviacuteduos apresentam uma resposta inflamatoacuteria exacerbada frente aos fatores agressores como

os viacuterus as bacteacuterias fungos e fatores ambientais associando polipose nasal hiperatividade

brocircnquica e intoleracircncia aos salicilatos Deve-se aqui ponderar a presenccedila de patologias

mucociliares ou doenccedilas auto-imunes (granulomatose de Wegener)217

QUADRO 1 Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Fonte Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC

Obstruccedilatildeo e congestatildeo nasal - eacute menos frequumlente e estaacute normalmente associada a fatores como

desvios septais rinite aleacutergica e outros

Rinorreia - (aquosa mucoide ou mucopurulenta) tende a se apresentar em menor quantidade nos

casos crocircnicos e muitas vezes perceptiacutevel apenas como drenagem retronasal

Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Tratamentos cliacutenicos inadequados

Alteraccedilotildees anatocircmicas que predisponham agraves infecccedilotildees de repeticcedilatildeo

Fatores obstrutivos intranasais - edema da mucosa hipertrofia de cornetos desvio septal

poacutelipos tumores e vegetaccedilotildees adenoideanas nas crianccedilas ou nos imunodeprimidos

Doenccedilas sistecircmicas

Deficiecircncias do sistema imunoloacutegico

Presenccedila de biofilmes de bacteacuterias aderidos na mucosa rinossinusal causando resistecircncia

elevada aos antibioacuteticos

19

Dor facial - natildeo eacute um sintoma comum na rinossinusite crocircnica podendo aparecer nas fases de

agudizaccedilatildeo

Tosse crocircnica - pode ser o uacutenico sintoma presente em casos de RSC especialmente em crianccedilas

Geralmente eacute natildeo produtiva com periacuteodos de exacerbaccedilatildeo agrave noite A rinorreia catarral posterior

pode ser a responsaacutevel bem como a estimulaccedilatildeo de reflexos nasopulmonares originados da

mucosa nasossinusal inflamada

Cacosmia ou fetidez nasal - pode ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva

quando sentida pelas pessoas que o cercam (geralmente estaacute associada agrave halitose)

Epistaxes - podem ou natildeo estar presentes2

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES

Define-se a partir de muacuteltiplos episoacutedios de RSA nos quais os sinais e sintomas desaparecem entre

um episoacutedio e outro voltando o paciente agrave normalidade

O tratamento pode ser cliacutenico ou ciruacutergico buscando sempre corrigir os fatores predisponentes agrave

repeticcedilatildeo dos processos infecciosos

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA

Na ocorrecircncia de muacuteltiplos episoacutedios onde o paciente natildeo volta agrave condiccedilatildeo de normalidade entre

os episoacutedios de agudizaccedilatildeo

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA

Satildeo mais frequentes em pacientes com algum comprometimento imunoloacutegico podendo

acometer tambeacutem pacientes imunologicamente competentes

A evoluccedilatildeo geralmente eacute crocircnica e natildeo responde aos tratamentos com antibioacuteticos

A avaliaccedilatildeo por tomografia computadorizada nesses pacientes mostra o envolvimento de

muacuteltiplos seios

Os fungos mais comumente encontrados satildeo o Aspergillus Curvularia Alternaria e Bipolaris O

principal patoacutegeno eacute o Aspergillus fumigatus embora o Aspergillus flavus seja ocasionalmente

isolado15 Quase sempre o tratamento eacute ciruacutergico

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 8: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

8

A classificaccedilatildeo em leve moderada e grave tem implicaccedilotildees terapecircuticas ajudando na tomada

de decisatildeo em relaccedilatildeo ao uso de corticoide intranasal eou antibioacutetico

TABELA 2 Classificaccedilatildeo das Rinossinusites

Fonte Diretrizes Brasil de Rinossinusites (2008)

4 RINOSSINUSITE AGUDA (RSA)

Por ser um processo de manifestaccedilatildeo aguda eacute o estaacutegio mais frequentemente avaliado por

profissionais em pronto atendimento

Trata-se de um processo inflamatoacuterio da mucosa rinossinusal de iniacutecio suacutebito que pode perdurar

por ateacute quatro semanas Pode manifestar-se em um mesmo indiviacuteduo uma ou mais vezes num

determinado periacuteodo de tempo mas sempre com remissatildeo completa dos sinais e sintomas entre

os episoacutedios1112

CCllaassssiiffiiccaaccedilccedilatildeatildeoo ddaass RRiinnoossssiinnuussiitteess

AAgguuddaa

Duraccedilatildeo dos sintomas por ateacute 4 semanas

Inicio suacutebito e geralmente associado a IVAS

Regride completamente apoacutes o tratamento ou

espontaneamente

SSuubbaagguuddaa Duraccedilatildeo dos sintomas prolonga-se por 4 a 12 semanas

Eacute uma evoluccedilatildeo do quadro agudo

CCrrocircocircnniiccaa Sintomas persistem por um periacuteodo superior a 12 semanas

RReeccoorrrreennttee

Presenccedila de 4 ou mais episoacutedios de Rinossinusite aguda em 12

meses com remissatildeo total dos sintomas entre os episoacutedios

Ausecircncia de sintomas Maior incocircmodo imaginaacutevel

FIGURA 2 Escala visual analoacutegica (EVA) ndash Gravidade dos sintomas de Rinossinusite

9

Na maioria das vezes a RSA de qualquer etiologia tem maior gravidade sintomatoloacutegica do que a

fase crocircnica onde os sintomas satildeo menos intensos

Dentre as vaacuterias classificaccedilotildees para as RSA a mais utilizada eacute a etioloacutegica baseada nos sinais

sintomas e no tempo de duraccedilatildeo dos mesmos

Viral ndash quando a duraccedilatildeo dos sintomas eacute menor que dez dias

Poacutes Viral ndash Na piora dos sintomas apoacutes cinco dias da doenccedila inicial ou na persistecircncia dos

sintomas por mais de dez dias da doenccedila inicial

Bacteriana ndash Quando independente do tempo de evoluccedilatildeo da doenccedila ocorrer pelo menos trecircs dos

sinais ou sintomas como

Secreccedilatildeo mucopurulenta em nariz e rinofaringe

Dor na face (com predominacircncia unilateral)

Temperatura acima de 38degC

VHS ou PCR elevadas

Reagudizaccedilatildeo ou piora apoacutes a fase inicial de sintomas leves

5 DIAGNOacuteSTICO NA RSA

O profissional que avalia um possiacutevel quadro de RSA meacutedicos generalistas ou especialistas deve

ter em mente que uma boa anamnese e o exame fiacutesico satildeo a base para o diagnoacutestico13

Frequentemente nos deparamos com queixas de

Obstruccedilatildeo nasal que pode ser uni ou bilateral Deve-se considerar que eacute um sintoma subjetivo e

inespeciacutefico variando de indiviacuteduo para indiviacuteduo presente tanto na forma viral quanto bacteriana

e de forma isolada nas rinopatias13

Secreccedilatildeo nasal anterior eou posterior eacute um sinal fortemente sugestivo de RSA Quando aquosa

ou mucoide sugere um quadro inicial viral ou aleacutergico Quando mucopurulenta com ou sem

sinais de sangramento eacute fortemente sugestivo de um quadro bacteriano813

Dor ou pressatildeo facial ou cefaleia podem estar presentes nas formas virais e bacterianas Nos

quadros virais tende a ser mais difusa e pode ser intensa Nos quadros bacterianos eacute

classicamente em peso natildeo pulsaacutetil e piora com a inclinaccedilatildeo da cabeccedila para frente Pode haver

dor dentaacuteria referida que piora com a mastigaccedilatildeo Deve-se considerar que apesar de frequumlente

natildeo eacute sintoma especiacutefico para o diagnoacutestico Pode ser fator de confusatildeo diagnoacutestica e eacute incomum

como manifestaccedilatildeo isolada de sinusopatias

Natildeo satildeo raros os diagnoacutesticos de sinusite equivocadamente estabelecidos para pacientes com

enxaqueca e quadros psicossomaacuteticos Pode tambeacutem estar presente em quadros febris de

qualquer etiologia6813

10

Alteraccedilotildees do olfato - Hiposmia ou anosmia Ocasionados pela obstruccedilatildeo nasal influecircncia das

secreccedilotildees purulentas presentes na cavidade nasal (cacosmia) ou por lesotildees diretas do epiteacutelio

olfatoacuterio por viacuterus ou bacteacuterias6

Halitose - Manifestaccedilatildeo frequente e quando associada agrave obstruccedilatildeo nasal rinorreia e tosse

aumenta a suspeita para o diagnoacutestico de rinossinusite Quando isolada deve-se considerar outras

possibilidades como o caseum tonsilar e corpo estranho nasal principalmente em crianccedilas611

Tosse - (seca ou produtiva) pelas secreccedilotildees que drenam posteriormente pela rinofaringe aleacutem de

irritaccedilatildeo fariacutengea lariacutengea traqueal e rouquidatildeo13

Plenitude auricular - causada pela drenagem de secreccedilotildees na regiatildeo do oacutestio fariacutengeo da tuba

auditiva13

6 AVALIACcedilAtildeO COMPLEMENTAR POR IMAGEM NA RSA

O Raio X simples de Seios da Face eacute um exame cada vez menos valorizado pelos

otorrinolaringologistas Nos casos agudos o RX simples eacute dispensaacutevel visto que a histoacuteria cliacutenica e

o exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico satildeo suficientes Quando solicitado deve ser na posiccedilatildeo

ortostaacutetica para avaliar a presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIGURA 3) Observa-se no entanto uma

excessiva valorizaccedilatildeo das radiografias simples dos seios da face1

Fonte Projeto Diretrizes - ABORL CCF 2012- CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

Consideraccedilotildees frente agrave solicitaccedilatildeo de Rx de Seios da Face

Satildeo exames inespeciacuteficos que natildeo conseguem diferenciar causas virais e bacterianas

Discrepacircncia entre achados tomograacuteficos e radioloacutegicos em torno de 80

Natildeo recomendaacutevel em crianccedilas abaixo de 2 anos

Confiaacutevel apenas na presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIG 3)

Poacutelipos cistos hipoplasia de cavidades paranasais podem resultar em falso-positivo

(FIG3)

Os sinais observados que podem sugerir RSA satildeo espessamento mucoso gt 4mm niacutevel

liacutequido e opacificaccedilatildeo de um ou mais seios da face (FIG 3)

50 crianccedilas com IVAS de causa viral apresentam seios maxilares alterados ao Rx

11

FAZER OU NAtildeO O RX DE SEIOS DA FACE

Esta decisatildeo principalmente nas crianccedilas necessita tambeacutem do conhecimento do

desenvolvimento e crescimento das cavidades nasais e paranasais

Seios Maxilares

Mede 6 a 8 cm3 ao nascimento

Algumas pessoas chegam agrave idade adulta com seio hipoplaacutesico

Visiacutevel ao RX a partir do quarto ao quinto mecircs de idade

Seios etmoidais

Desenvolve-se a partir do terceiro mecircs de vida intrauterina

Dimensotildees semelhantes ao do adulto aos 12 anos de idade

Natildeo aparece ao Rx ateacute o primeiro ano de vida

Seios frontais

Natildeo eacute possiacutevel diferenciaacute-lo do seio etmoidal ao nascimento

Seu crescimento ocorre ateacute os 20 anos

Pode ser reconhecido radiologicamente apoacutes o quinto ano de vida

Seios esfenoidais

Comeccedila seu desenvolvimento em meacutedia aos cinco anos estendendo seu

crescimento em direccedilatildeo agrave sela tuacutercica terminando seu desenvolvimento ateacute o final

da adolescecircncia

Visiacutevel ao Rx apoacutes os 5 anos

Fonte Navarro JAC (1997)14

12

FIGURA 3 Alteraccedilotildees detectaacuteveis ao RX de seios da face

Fonte Da autora Imagens de arquivo proacuteprio

Tomografia computadorizada (TC) - Natildeo deve ser utilizada no diagnoacutestico inicial de RSA Deve ser

solicitado fora da fase aguda da doenccedila exceto nas suspeitas de complicaccedilotildees

Deve ser considerada nos quadros graves e em pacientes imunossuprimidos na vigecircncia de

complicaccedilotildees na suspeita de rinossinusite fuacutengica e no planejamento ciruacutergico Podem ser

encontradas alteraccedilotildees em crianccedilas saudaacuteveis (falso positivo)1315

Ressonacircncia magneacutetica (RM) - Natildeo estaacute indicada em casos de patologias nasossinusais agudas

Pode ser recomendada na avaliaccedilatildeo de complicaccedilotildees intracranianas das patologias nasossinusais

A RM fornece importantes informaccedilotildees sobre a mucosa e demais tecidos moles 1315

Endoscopia nasal (fibronasofaringoscopia) - A endoscopia nasal eacute recomendada aos pacientes

com qualquer tipo de queixa nasal Permite avaliar todas as porccedilotildees da cavidade nasal com

anaacutelise macroscoacutepica detalhada da mucosa nasal e sinusal Eacute completamente dispensaacutevel no

diagnoacutestico de RSA pois a ausecircncia de alteraccedilotildees endoscoacutepicas com histoacuteria cliacutenica compatiacutevel

natildeo afasta o diagnoacutestico de RSA Pode entretanto ser uacutetil na avaliaccedilatildeo da anatomia rinossinusal

como fator causal do processo infeccioso 1315

13

FIGURA 4 Imagens comparativas na rinossinusite maxilar esquerda Fonte Da autora Imagens

utilizadas de arquivo proacuteprio

Imagem utilizada disponiacutevel em httpwwwclinicacosercomveja-fotos-derinoscopia7 Acessado em 25042016

7 MICROBIOLOGIA NA RSA

Nas formas virais os agentes frequentemente envolvidos satildeo o Rhino-influenzae influenzae e

parainfluenzae de forma isolada ou associada agraves infecccedilotildees bacterianas pois em mais de 30 dos

casos de sinusite aguda a infecccedilatildeo eacute polimicrobiana2611

Quando presentes as bacteacuterias mais comumente envolvidas satildeo o S pneumoniae (55) H

influenzae (20) viacuterus respiratoacuterios (15) anaeroacutebios (9) M catarrhalis Streptococcus

hemoliacutetico do grupo A e Streptococcus alfa-hemoliacutetico (1)2611

Na presenccedila das patologias onde ocorre a diminuiccedilatildeo da motilidade ciliar (fibrose ciacutestica siacutendrome

da imotilidade ciliar siacutendrome de Kartagener) Pseudomonas aeruginosa e Staphilococcus aureus

podem estar presentes2611

H influenza S pneumoniae Aspergillus species Candida albicans Legionella pneumophila

fungos da classe Zygomicetes e da ordem Mucorales (Rhizopus arrhizus Mucor sp) podem ser

encontrados em pacientes com doenccedilas sistecircmicas que passaram por infecccedilatildeo viral recente ou

terapia com corticosteroides e na siacutendrome da imunodeficiecircncia adquirida (Sida)2611

14

8 TRATAMENTO DA RSA

Aspectos relevantes

Como a maior parte das infecccedilotildees nas RSA eacute de etiologia viral o objetivo do tratamento eacute

minimizar sintomas de obstruccedilatildeo nasal e da rinorreia promovendo a resoluccedilatildeo dos mecanismos

fisiopatoloacutegicos e o tratamento das exacerbaccedilotildees visando

Permitir e favorecer boa drenagem e ventilaccedilatildeo dos seios paranasais

Limpeza nasal com soluccedilatildeo fisioloacutegica

Uso de anti-inflamatoacuterios (esteroides natildeo esteroides)

Antibioticoterapia (se necessaacuterio)

9 CONSIDERACcedilOtildeES NO TRATAMENTO SINTOMAacuteTICO

91 Descongestionantes nasais de uso toacutepico

Nas infecccedilotildees virais podem ser prescritos como sintomaacuteticos Nas RSA bacterianas persistentes o

uso de vasoconstritor toacutepico nasal pode aliviar a obstruccedilatildeo nasal e aumentar o fluxo inspiratoacuterio

Deve-se evitar o uso de vasoconstritores toacutepicos de forma isolada e considerar

A possibilidade de complicaccedilotildees decorrentes da interaccedilatildeo medicamentosa com outras drogas

A possibilidade de descontrole da hipertensatildeo arterial e do glaucoma

Natildeo utilizar por mais de quatro dias consecutivos pelo risco de congestatildeo nasal rebote

92 Descongestionantes sistecircmicos orais

Normalmente satildeo utilizados para diminuir o edema e facilitar a drenagem de secreccedilotildees embora

careccedilam de evidecircncias que comprovem sua eficaacutecia Devem ser evitados em pacientes com

doenccedila cardiovascular hipertensatildeo e com hipertrofia prostaacutetica benigna Nas infecccedilotildees

bacterianas natildeo satildeo recomendados Seu uso isolado ou associado aos anti-histamiacutenicos nas RSA

bacterianas natildeo modifica de forma significativa a evoluccedilatildeo cliacutenica ou radioloacutegica tanto em

crianccedilas quanto em adultos Pode comprometer a evoluccedilatildeo dos sintomas por promover

ressecamento das secreccedilotildees em todo o trato respiratoacuterio dificultando sua drenagem nas

cavidades paranasais

15

93 Anti-histamiacutenicos

Muitas vezes satildeo prescritos para controle sintomaacutetico mas natildeo haacute estudos que comprovem

qualquer eficaacutecia natildeo sendo desta forma recomendados de rotina

94 Irrigaccedilatildeo com soluccedilatildeo salina

Apesar da pouca evidecircncia de benefiacutecio cliacutenico de forma geral recomenda-se a utilizaccedilatildeo da

lavagem salina nasal em pacientes com RSA que promove melhora da funccedilatildeo ciliar reduz o

edema de mucosa colabora na limpeza da cavidade nasal e da secreccedilatildeo presente nos processos

infecciosos aleacutem de natildeo apresentar efeitos colaterais

95 Corticoide nasal

Os corticoides nasais proporcionam melhora dos sintomas nas infecccedilotildees virais e bacterianas

principalmente em pacientes portadores de rinite aleacutergica Deve ser usado em adultos de forma

parcimoniosa na tentativa de reduzir o uso de antibioacuteticos

Entretanto na presenccedila de secreccedilatildeo catarral abundante sua accedilatildeo pode ficar prejudicada

Os mais utilizados satildeo o fumarato de mometasona budesonida e propionato de fluticasona

Eacute discutiacutevel sua utilizaccedilatildeo associada agrave antibioticoterapia Seu uso deve ser restrito e cauteloso nos

pacientes portadores de glaucoma

Sua melhor utilizaccedilatildeo eacute na fase inter-crises das rinossinusites recorrentes como medida

preventiva e no tratamento das rinopatias aleacutergicas

96 Corticoide oral

Mostra-se mais eficaz quando comparado ao corticoide intranasal aleacutem de mais seguro do que os

anti-inflamatoacuterios natildeo hormonais

Seu uso eacute recomendado em pacientes adultos e crianccedilas com RSAB desde que natildeo apresentem

contraindicaccedilotildees para seu uso

O corticoide oral quando necessaacuterio deve ser utilizado por trecircs a cinco dias e sempre associado agrave

antibioticoterapia

16

Metanaacutelises com estudos de placebo

controlados randomizados e duplo-cegos

mostraram que

A eficaacutecia dos antibioacuteticos na melhora dos

sintomas dos pacientes com RSAB

especialmente se administrados

criteriosamente

Natildeo estatildeo indicados nos casos de

rinossinusites virais

Cerca de 65 dos pacientes diagnosticados

com RSAB apresenta resoluccedilatildeo cliacutenica

espontacircnea nos primeiros dez dias

A introduccedilatildeo do antibioacutetico deve ser

considerada quando natildeo haacute melhora apoacutes o

tratamento com medidas adjuvantes ou se

os sintomas se acentuarem

CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

97 Antibioacuteticos

Antibioacuteticos satildeo administrados apenas

em situaccedilotildees que sugerem fortemente

infecccedilatildeo bacteriana

Muitas vezes eacute difiacutecil distinguir

infecccedilotildees virais de bacterianas nos

primeiros 10 dias de doenccedila mas trecircs

caracteriacutesticas que sugerem a etiologia

bacteriana devem consideradas

a) Sintomas que persistem mais de

10 dias sem melhora cliacutenica

aparente

b) Sintomas intensos que incluem

febre com temperatura gt 39 degC

associada agrave rinorreia purulenta ou

dor facial e com duraccedilatildeo de pelo

menos trecircs dias logo no iniacutecio do

quadro

c) Piora cliacutenica conforme os sintomas

descritos que ocorrem apoacutes um

quadro nitidamente viral que

estava em processo de melhora

cliacutenica

Na presenccedila de sintomas compatiacuteveis com quadro bacteriano o paciente deve receber

antibioacuteticos com objetivo de minimizar sintomas diminuir o tempo da doenccedila evitar infecccedilotildees

recorrentes e complicaccedilotildees

A Infectious Diseases Society of America (2012) sobre antibioacuteticos recomenda

Amoxicilina-clavulanato antibioacutetico de primeira escolha se o paciente natildeo eacute aleacutergico a

penicilina A dose eacute de 500mg125mg a cada 8 horas

Em aleacutergicos a amoxicilina doxiciclina levofloxacina e moxifloxacina

Claritromicina azitromicina e cefalosporinas de 2ordf e 3ordf geraccedilotildees tambeacutem satildeo opccedilotildees viaacuteveis

Nas gestantes a primeira opccedilatildeo eacute amoxicilina sendo azitromicina a opccedilatildeo quando houver

alergia agrave amoxicilina

Ainda natildeo existem estudos que definam o tempo ideal de tratamento com antibioacuteticos Zambon

(2013) menciona as recomendaccedilotildees de diretrizes internacionais quanto ao uso dos antibioacuteticos por

5 a 7 dias e natildeo mais por 10 a 14 dias uma vez que estudos mostraram que os resultados

terapecircuticos satildeo semelhantes com estes diferentes tempos

17

Na eventualidade de falha terapecircutica as opccedilotildees viaacuteveis como 2ordf linha para pacientes que foram

inicialmente tratados com amoxicilina-clavulanato nas doses usuais satildeo

Amoxicilina 2g ndash clavulanato 125mg VO a cada 12 horas ou

Levofloxacina 500mg VO 1 vezdia ou

Moxifloxacina 400mg VO 1 vezdia

10 COMPLICACcedilOtildeES DAS RSA

As complicaccedilotildees das rinossinusites satildeo decorrentes de infecccedilotildees agudas ou crocircnicas e mais

frequentes na populaccedilatildeo infantil (TABELA 3)

As vias de disseminaccedilatildeo satildeo por contiguidade erosatildeo oacutessea ou hematogecircnicas podendo ser

hematoloacutegica ou neuroloacutegica

Satildeo quadros graves de evoluccedilatildeo imprevisiacutevel e requerem monitoramento e tratamento em

ambiente hospitalar

TABELA 3 Complicaccedilotildees e Sinais de Alerta na RSA

Fonte Soc Bras de ORL(2011) Rosenfeld RM sinusitis (2015)16 5

CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess mmaaiiss ffrreeqquueenntteess ddaass

RRiinnoossssiinnuussiitteess

SSiinnaaiiss ddee AAlleerrttaa ppaarraa CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess

OOffttaallmmooNNeeuurroolloacuteoacuteggiiccaass ddaa RRiinnoossssiinnuussiittee

Otites

Broncopneumonia

Ativaccedilatildeo de asma brocircnquica

Neuroloacutegicas (abscesso cerebral e

tromboflebite do seio cavernoso)

Oftalmoloacutegicas (celulite periorbitaacuteria)

Dor e febre sem melhora apoacutes 72 horas de

tratamento adequado

Edema eou eritema palpebral

Borramento da visatildeo

Cefaleia intensa com irritabilidade

Sinais de toxemia

18

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC)

111 Aspectos relevantes

Da mesma forma que a rinossinusite aguda a RSC eacute um estaacutegio evolutivo dos quadros de rinite Eacute

considerado um contiacutenuo da RSA podendo tambeacutem sofrer processo de reagudizaccedilatildeo6

O diagnoacutestico cliacutenico da RSC baseia-se na presenccedila de sinais e sintomas nasossinusais com mais

de 12 semanas de evoluccedilatildeo e aos fatores que levam a RSA a processo de cronificaccedilatildeo descritos no

QUADRO 1

Observam-se com relativa frequecircncia alguns indiviacuteduos que manifestam episoacutedios mais severos

com o comprometimento simultacircneo de todo o trato respiratoacuterio superior e inferior Estes

indiviacuteduos apresentam uma resposta inflamatoacuteria exacerbada frente aos fatores agressores como

os viacuterus as bacteacuterias fungos e fatores ambientais associando polipose nasal hiperatividade

brocircnquica e intoleracircncia aos salicilatos Deve-se aqui ponderar a presenccedila de patologias

mucociliares ou doenccedilas auto-imunes (granulomatose de Wegener)217

QUADRO 1 Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Fonte Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC

Obstruccedilatildeo e congestatildeo nasal - eacute menos frequumlente e estaacute normalmente associada a fatores como

desvios septais rinite aleacutergica e outros

Rinorreia - (aquosa mucoide ou mucopurulenta) tende a se apresentar em menor quantidade nos

casos crocircnicos e muitas vezes perceptiacutevel apenas como drenagem retronasal

Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Tratamentos cliacutenicos inadequados

Alteraccedilotildees anatocircmicas que predisponham agraves infecccedilotildees de repeticcedilatildeo

Fatores obstrutivos intranasais - edema da mucosa hipertrofia de cornetos desvio septal

poacutelipos tumores e vegetaccedilotildees adenoideanas nas crianccedilas ou nos imunodeprimidos

Doenccedilas sistecircmicas

Deficiecircncias do sistema imunoloacutegico

Presenccedila de biofilmes de bacteacuterias aderidos na mucosa rinossinusal causando resistecircncia

elevada aos antibioacuteticos

19

Dor facial - natildeo eacute um sintoma comum na rinossinusite crocircnica podendo aparecer nas fases de

agudizaccedilatildeo

Tosse crocircnica - pode ser o uacutenico sintoma presente em casos de RSC especialmente em crianccedilas

Geralmente eacute natildeo produtiva com periacuteodos de exacerbaccedilatildeo agrave noite A rinorreia catarral posterior

pode ser a responsaacutevel bem como a estimulaccedilatildeo de reflexos nasopulmonares originados da

mucosa nasossinusal inflamada

Cacosmia ou fetidez nasal - pode ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva

quando sentida pelas pessoas que o cercam (geralmente estaacute associada agrave halitose)

Epistaxes - podem ou natildeo estar presentes2

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES

Define-se a partir de muacuteltiplos episoacutedios de RSA nos quais os sinais e sintomas desaparecem entre

um episoacutedio e outro voltando o paciente agrave normalidade

O tratamento pode ser cliacutenico ou ciruacutergico buscando sempre corrigir os fatores predisponentes agrave

repeticcedilatildeo dos processos infecciosos

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA

Na ocorrecircncia de muacuteltiplos episoacutedios onde o paciente natildeo volta agrave condiccedilatildeo de normalidade entre

os episoacutedios de agudizaccedilatildeo

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA

Satildeo mais frequentes em pacientes com algum comprometimento imunoloacutegico podendo

acometer tambeacutem pacientes imunologicamente competentes

A evoluccedilatildeo geralmente eacute crocircnica e natildeo responde aos tratamentos com antibioacuteticos

A avaliaccedilatildeo por tomografia computadorizada nesses pacientes mostra o envolvimento de

muacuteltiplos seios

Os fungos mais comumente encontrados satildeo o Aspergillus Curvularia Alternaria e Bipolaris O

principal patoacutegeno eacute o Aspergillus fumigatus embora o Aspergillus flavus seja ocasionalmente

isolado15 Quase sempre o tratamento eacute ciruacutergico

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 9: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

9

Na maioria das vezes a RSA de qualquer etiologia tem maior gravidade sintomatoloacutegica do que a

fase crocircnica onde os sintomas satildeo menos intensos

Dentre as vaacuterias classificaccedilotildees para as RSA a mais utilizada eacute a etioloacutegica baseada nos sinais

sintomas e no tempo de duraccedilatildeo dos mesmos

Viral ndash quando a duraccedilatildeo dos sintomas eacute menor que dez dias

Poacutes Viral ndash Na piora dos sintomas apoacutes cinco dias da doenccedila inicial ou na persistecircncia dos

sintomas por mais de dez dias da doenccedila inicial

Bacteriana ndash Quando independente do tempo de evoluccedilatildeo da doenccedila ocorrer pelo menos trecircs dos

sinais ou sintomas como

Secreccedilatildeo mucopurulenta em nariz e rinofaringe

Dor na face (com predominacircncia unilateral)

Temperatura acima de 38degC

VHS ou PCR elevadas

Reagudizaccedilatildeo ou piora apoacutes a fase inicial de sintomas leves

5 DIAGNOacuteSTICO NA RSA

O profissional que avalia um possiacutevel quadro de RSA meacutedicos generalistas ou especialistas deve

ter em mente que uma boa anamnese e o exame fiacutesico satildeo a base para o diagnoacutestico13

Frequentemente nos deparamos com queixas de

Obstruccedilatildeo nasal que pode ser uni ou bilateral Deve-se considerar que eacute um sintoma subjetivo e

inespeciacutefico variando de indiviacuteduo para indiviacuteduo presente tanto na forma viral quanto bacteriana

e de forma isolada nas rinopatias13

Secreccedilatildeo nasal anterior eou posterior eacute um sinal fortemente sugestivo de RSA Quando aquosa

ou mucoide sugere um quadro inicial viral ou aleacutergico Quando mucopurulenta com ou sem

sinais de sangramento eacute fortemente sugestivo de um quadro bacteriano813

Dor ou pressatildeo facial ou cefaleia podem estar presentes nas formas virais e bacterianas Nos

quadros virais tende a ser mais difusa e pode ser intensa Nos quadros bacterianos eacute

classicamente em peso natildeo pulsaacutetil e piora com a inclinaccedilatildeo da cabeccedila para frente Pode haver

dor dentaacuteria referida que piora com a mastigaccedilatildeo Deve-se considerar que apesar de frequumlente

natildeo eacute sintoma especiacutefico para o diagnoacutestico Pode ser fator de confusatildeo diagnoacutestica e eacute incomum

como manifestaccedilatildeo isolada de sinusopatias

Natildeo satildeo raros os diagnoacutesticos de sinusite equivocadamente estabelecidos para pacientes com

enxaqueca e quadros psicossomaacuteticos Pode tambeacutem estar presente em quadros febris de

qualquer etiologia6813

10

Alteraccedilotildees do olfato - Hiposmia ou anosmia Ocasionados pela obstruccedilatildeo nasal influecircncia das

secreccedilotildees purulentas presentes na cavidade nasal (cacosmia) ou por lesotildees diretas do epiteacutelio

olfatoacuterio por viacuterus ou bacteacuterias6

Halitose - Manifestaccedilatildeo frequente e quando associada agrave obstruccedilatildeo nasal rinorreia e tosse

aumenta a suspeita para o diagnoacutestico de rinossinusite Quando isolada deve-se considerar outras

possibilidades como o caseum tonsilar e corpo estranho nasal principalmente em crianccedilas611

Tosse - (seca ou produtiva) pelas secreccedilotildees que drenam posteriormente pela rinofaringe aleacutem de

irritaccedilatildeo fariacutengea lariacutengea traqueal e rouquidatildeo13

Plenitude auricular - causada pela drenagem de secreccedilotildees na regiatildeo do oacutestio fariacutengeo da tuba

auditiva13

6 AVALIACcedilAtildeO COMPLEMENTAR POR IMAGEM NA RSA

O Raio X simples de Seios da Face eacute um exame cada vez menos valorizado pelos

otorrinolaringologistas Nos casos agudos o RX simples eacute dispensaacutevel visto que a histoacuteria cliacutenica e

o exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico satildeo suficientes Quando solicitado deve ser na posiccedilatildeo

ortostaacutetica para avaliar a presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIGURA 3) Observa-se no entanto uma

excessiva valorizaccedilatildeo das radiografias simples dos seios da face1

Fonte Projeto Diretrizes - ABORL CCF 2012- CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

Consideraccedilotildees frente agrave solicitaccedilatildeo de Rx de Seios da Face

Satildeo exames inespeciacuteficos que natildeo conseguem diferenciar causas virais e bacterianas

Discrepacircncia entre achados tomograacuteficos e radioloacutegicos em torno de 80

Natildeo recomendaacutevel em crianccedilas abaixo de 2 anos

Confiaacutevel apenas na presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIG 3)

Poacutelipos cistos hipoplasia de cavidades paranasais podem resultar em falso-positivo

(FIG3)

Os sinais observados que podem sugerir RSA satildeo espessamento mucoso gt 4mm niacutevel

liacutequido e opacificaccedilatildeo de um ou mais seios da face (FIG 3)

50 crianccedilas com IVAS de causa viral apresentam seios maxilares alterados ao Rx

11

FAZER OU NAtildeO O RX DE SEIOS DA FACE

Esta decisatildeo principalmente nas crianccedilas necessita tambeacutem do conhecimento do

desenvolvimento e crescimento das cavidades nasais e paranasais

Seios Maxilares

Mede 6 a 8 cm3 ao nascimento

Algumas pessoas chegam agrave idade adulta com seio hipoplaacutesico

Visiacutevel ao RX a partir do quarto ao quinto mecircs de idade

Seios etmoidais

Desenvolve-se a partir do terceiro mecircs de vida intrauterina

Dimensotildees semelhantes ao do adulto aos 12 anos de idade

Natildeo aparece ao Rx ateacute o primeiro ano de vida

Seios frontais

Natildeo eacute possiacutevel diferenciaacute-lo do seio etmoidal ao nascimento

Seu crescimento ocorre ateacute os 20 anos

Pode ser reconhecido radiologicamente apoacutes o quinto ano de vida

Seios esfenoidais

Comeccedila seu desenvolvimento em meacutedia aos cinco anos estendendo seu

crescimento em direccedilatildeo agrave sela tuacutercica terminando seu desenvolvimento ateacute o final

da adolescecircncia

Visiacutevel ao Rx apoacutes os 5 anos

Fonte Navarro JAC (1997)14

12

FIGURA 3 Alteraccedilotildees detectaacuteveis ao RX de seios da face

Fonte Da autora Imagens de arquivo proacuteprio

Tomografia computadorizada (TC) - Natildeo deve ser utilizada no diagnoacutestico inicial de RSA Deve ser

solicitado fora da fase aguda da doenccedila exceto nas suspeitas de complicaccedilotildees

Deve ser considerada nos quadros graves e em pacientes imunossuprimidos na vigecircncia de

complicaccedilotildees na suspeita de rinossinusite fuacutengica e no planejamento ciruacutergico Podem ser

encontradas alteraccedilotildees em crianccedilas saudaacuteveis (falso positivo)1315

Ressonacircncia magneacutetica (RM) - Natildeo estaacute indicada em casos de patologias nasossinusais agudas

Pode ser recomendada na avaliaccedilatildeo de complicaccedilotildees intracranianas das patologias nasossinusais

A RM fornece importantes informaccedilotildees sobre a mucosa e demais tecidos moles 1315

Endoscopia nasal (fibronasofaringoscopia) - A endoscopia nasal eacute recomendada aos pacientes

com qualquer tipo de queixa nasal Permite avaliar todas as porccedilotildees da cavidade nasal com

anaacutelise macroscoacutepica detalhada da mucosa nasal e sinusal Eacute completamente dispensaacutevel no

diagnoacutestico de RSA pois a ausecircncia de alteraccedilotildees endoscoacutepicas com histoacuteria cliacutenica compatiacutevel

natildeo afasta o diagnoacutestico de RSA Pode entretanto ser uacutetil na avaliaccedilatildeo da anatomia rinossinusal

como fator causal do processo infeccioso 1315

13

FIGURA 4 Imagens comparativas na rinossinusite maxilar esquerda Fonte Da autora Imagens

utilizadas de arquivo proacuteprio

Imagem utilizada disponiacutevel em httpwwwclinicacosercomveja-fotos-derinoscopia7 Acessado em 25042016

7 MICROBIOLOGIA NA RSA

Nas formas virais os agentes frequentemente envolvidos satildeo o Rhino-influenzae influenzae e

parainfluenzae de forma isolada ou associada agraves infecccedilotildees bacterianas pois em mais de 30 dos

casos de sinusite aguda a infecccedilatildeo eacute polimicrobiana2611

Quando presentes as bacteacuterias mais comumente envolvidas satildeo o S pneumoniae (55) H

influenzae (20) viacuterus respiratoacuterios (15) anaeroacutebios (9) M catarrhalis Streptococcus

hemoliacutetico do grupo A e Streptococcus alfa-hemoliacutetico (1)2611

Na presenccedila das patologias onde ocorre a diminuiccedilatildeo da motilidade ciliar (fibrose ciacutestica siacutendrome

da imotilidade ciliar siacutendrome de Kartagener) Pseudomonas aeruginosa e Staphilococcus aureus

podem estar presentes2611

H influenza S pneumoniae Aspergillus species Candida albicans Legionella pneumophila

fungos da classe Zygomicetes e da ordem Mucorales (Rhizopus arrhizus Mucor sp) podem ser

encontrados em pacientes com doenccedilas sistecircmicas que passaram por infecccedilatildeo viral recente ou

terapia com corticosteroides e na siacutendrome da imunodeficiecircncia adquirida (Sida)2611

14

8 TRATAMENTO DA RSA

Aspectos relevantes

Como a maior parte das infecccedilotildees nas RSA eacute de etiologia viral o objetivo do tratamento eacute

minimizar sintomas de obstruccedilatildeo nasal e da rinorreia promovendo a resoluccedilatildeo dos mecanismos

fisiopatoloacutegicos e o tratamento das exacerbaccedilotildees visando

Permitir e favorecer boa drenagem e ventilaccedilatildeo dos seios paranasais

Limpeza nasal com soluccedilatildeo fisioloacutegica

Uso de anti-inflamatoacuterios (esteroides natildeo esteroides)

Antibioticoterapia (se necessaacuterio)

9 CONSIDERACcedilOtildeES NO TRATAMENTO SINTOMAacuteTICO

91 Descongestionantes nasais de uso toacutepico

Nas infecccedilotildees virais podem ser prescritos como sintomaacuteticos Nas RSA bacterianas persistentes o

uso de vasoconstritor toacutepico nasal pode aliviar a obstruccedilatildeo nasal e aumentar o fluxo inspiratoacuterio

Deve-se evitar o uso de vasoconstritores toacutepicos de forma isolada e considerar

A possibilidade de complicaccedilotildees decorrentes da interaccedilatildeo medicamentosa com outras drogas

A possibilidade de descontrole da hipertensatildeo arterial e do glaucoma

Natildeo utilizar por mais de quatro dias consecutivos pelo risco de congestatildeo nasal rebote

92 Descongestionantes sistecircmicos orais

Normalmente satildeo utilizados para diminuir o edema e facilitar a drenagem de secreccedilotildees embora

careccedilam de evidecircncias que comprovem sua eficaacutecia Devem ser evitados em pacientes com

doenccedila cardiovascular hipertensatildeo e com hipertrofia prostaacutetica benigna Nas infecccedilotildees

bacterianas natildeo satildeo recomendados Seu uso isolado ou associado aos anti-histamiacutenicos nas RSA

bacterianas natildeo modifica de forma significativa a evoluccedilatildeo cliacutenica ou radioloacutegica tanto em

crianccedilas quanto em adultos Pode comprometer a evoluccedilatildeo dos sintomas por promover

ressecamento das secreccedilotildees em todo o trato respiratoacuterio dificultando sua drenagem nas

cavidades paranasais

15

93 Anti-histamiacutenicos

Muitas vezes satildeo prescritos para controle sintomaacutetico mas natildeo haacute estudos que comprovem

qualquer eficaacutecia natildeo sendo desta forma recomendados de rotina

94 Irrigaccedilatildeo com soluccedilatildeo salina

Apesar da pouca evidecircncia de benefiacutecio cliacutenico de forma geral recomenda-se a utilizaccedilatildeo da

lavagem salina nasal em pacientes com RSA que promove melhora da funccedilatildeo ciliar reduz o

edema de mucosa colabora na limpeza da cavidade nasal e da secreccedilatildeo presente nos processos

infecciosos aleacutem de natildeo apresentar efeitos colaterais

95 Corticoide nasal

Os corticoides nasais proporcionam melhora dos sintomas nas infecccedilotildees virais e bacterianas

principalmente em pacientes portadores de rinite aleacutergica Deve ser usado em adultos de forma

parcimoniosa na tentativa de reduzir o uso de antibioacuteticos

Entretanto na presenccedila de secreccedilatildeo catarral abundante sua accedilatildeo pode ficar prejudicada

Os mais utilizados satildeo o fumarato de mometasona budesonida e propionato de fluticasona

Eacute discutiacutevel sua utilizaccedilatildeo associada agrave antibioticoterapia Seu uso deve ser restrito e cauteloso nos

pacientes portadores de glaucoma

Sua melhor utilizaccedilatildeo eacute na fase inter-crises das rinossinusites recorrentes como medida

preventiva e no tratamento das rinopatias aleacutergicas

96 Corticoide oral

Mostra-se mais eficaz quando comparado ao corticoide intranasal aleacutem de mais seguro do que os

anti-inflamatoacuterios natildeo hormonais

Seu uso eacute recomendado em pacientes adultos e crianccedilas com RSAB desde que natildeo apresentem

contraindicaccedilotildees para seu uso

O corticoide oral quando necessaacuterio deve ser utilizado por trecircs a cinco dias e sempre associado agrave

antibioticoterapia

16

Metanaacutelises com estudos de placebo

controlados randomizados e duplo-cegos

mostraram que

A eficaacutecia dos antibioacuteticos na melhora dos

sintomas dos pacientes com RSAB

especialmente se administrados

criteriosamente

Natildeo estatildeo indicados nos casos de

rinossinusites virais

Cerca de 65 dos pacientes diagnosticados

com RSAB apresenta resoluccedilatildeo cliacutenica

espontacircnea nos primeiros dez dias

A introduccedilatildeo do antibioacutetico deve ser

considerada quando natildeo haacute melhora apoacutes o

tratamento com medidas adjuvantes ou se

os sintomas se acentuarem

CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

97 Antibioacuteticos

Antibioacuteticos satildeo administrados apenas

em situaccedilotildees que sugerem fortemente

infecccedilatildeo bacteriana

Muitas vezes eacute difiacutecil distinguir

infecccedilotildees virais de bacterianas nos

primeiros 10 dias de doenccedila mas trecircs

caracteriacutesticas que sugerem a etiologia

bacteriana devem consideradas

a) Sintomas que persistem mais de

10 dias sem melhora cliacutenica

aparente

b) Sintomas intensos que incluem

febre com temperatura gt 39 degC

associada agrave rinorreia purulenta ou

dor facial e com duraccedilatildeo de pelo

menos trecircs dias logo no iniacutecio do

quadro

c) Piora cliacutenica conforme os sintomas

descritos que ocorrem apoacutes um

quadro nitidamente viral que

estava em processo de melhora

cliacutenica

Na presenccedila de sintomas compatiacuteveis com quadro bacteriano o paciente deve receber

antibioacuteticos com objetivo de minimizar sintomas diminuir o tempo da doenccedila evitar infecccedilotildees

recorrentes e complicaccedilotildees

A Infectious Diseases Society of America (2012) sobre antibioacuteticos recomenda

Amoxicilina-clavulanato antibioacutetico de primeira escolha se o paciente natildeo eacute aleacutergico a

penicilina A dose eacute de 500mg125mg a cada 8 horas

Em aleacutergicos a amoxicilina doxiciclina levofloxacina e moxifloxacina

Claritromicina azitromicina e cefalosporinas de 2ordf e 3ordf geraccedilotildees tambeacutem satildeo opccedilotildees viaacuteveis

Nas gestantes a primeira opccedilatildeo eacute amoxicilina sendo azitromicina a opccedilatildeo quando houver

alergia agrave amoxicilina

Ainda natildeo existem estudos que definam o tempo ideal de tratamento com antibioacuteticos Zambon

(2013) menciona as recomendaccedilotildees de diretrizes internacionais quanto ao uso dos antibioacuteticos por

5 a 7 dias e natildeo mais por 10 a 14 dias uma vez que estudos mostraram que os resultados

terapecircuticos satildeo semelhantes com estes diferentes tempos

17

Na eventualidade de falha terapecircutica as opccedilotildees viaacuteveis como 2ordf linha para pacientes que foram

inicialmente tratados com amoxicilina-clavulanato nas doses usuais satildeo

Amoxicilina 2g ndash clavulanato 125mg VO a cada 12 horas ou

Levofloxacina 500mg VO 1 vezdia ou

Moxifloxacina 400mg VO 1 vezdia

10 COMPLICACcedilOtildeES DAS RSA

As complicaccedilotildees das rinossinusites satildeo decorrentes de infecccedilotildees agudas ou crocircnicas e mais

frequentes na populaccedilatildeo infantil (TABELA 3)

As vias de disseminaccedilatildeo satildeo por contiguidade erosatildeo oacutessea ou hematogecircnicas podendo ser

hematoloacutegica ou neuroloacutegica

Satildeo quadros graves de evoluccedilatildeo imprevisiacutevel e requerem monitoramento e tratamento em

ambiente hospitalar

TABELA 3 Complicaccedilotildees e Sinais de Alerta na RSA

Fonte Soc Bras de ORL(2011) Rosenfeld RM sinusitis (2015)16 5

CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess mmaaiiss ffrreeqquueenntteess ddaass

RRiinnoossssiinnuussiitteess

SSiinnaaiiss ddee AAlleerrttaa ppaarraa CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess

OOffttaallmmooNNeeuurroolloacuteoacuteggiiccaass ddaa RRiinnoossssiinnuussiittee

Otites

Broncopneumonia

Ativaccedilatildeo de asma brocircnquica

Neuroloacutegicas (abscesso cerebral e

tromboflebite do seio cavernoso)

Oftalmoloacutegicas (celulite periorbitaacuteria)

Dor e febre sem melhora apoacutes 72 horas de

tratamento adequado

Edema eou eritema palpebral

Borramento da visatildeo

Cefaleia intensa com irritabilidade

Sinais de toxemia

18

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC)

111 Aspectos relevantes

Da mesma forma que a rinossinusite aguda a RSC eacute um estaacutegio evolutivo dos quadros de rinite Eacute

considerado um contiacutenuo da RSA podendo tambeacutem sofrer processo de reagudizaccedilatildeo6

O diagnoacutestico cliacutenico da RSC baseia-se na presenccedila de sinais e sintomas nasossinusais com mais

de 12 semanas de evoluccedilatildeo e aos fatores que levam a RSA a processo de cronificaccedilatildeo descritos no

QUADRO 1

Observam-se com relativa frequecircncia alguns indiviacuteduos que manifestam episoacutedios mais severos

com o comprometimento simultacircneo de todo o trato respiratoacuterio superior e inferior Estes

indiviacuteduos apresentam uma resposta inflamatoacuteria exacerbada frente aos fatores agressores como

os viacuterus as bacteacuterias fungos e fatores ambientais associando polipose nasal hiperatividade

brocircnquica e intoleracircncia aos salicilatos Deve-se aqui ponderar a presenccedila de patologias

mucociliares ou doenccedilas auto-imunes (granulomatose de Wegener)217

QUADRO 1 Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Fonte Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC

Obstruccedilatildeo e congestatildeo nasal - eacute menos frequumlente e estaacute normalmente associada a fatores como

desvios septais rinite aleacutergica e outros

Rinorreia - (aquosa mucoide ou mucopurulenta) tende a se apresentar em menor quantidade nos

casos crocircnicos e muitas vezes perceptiacutevel apenas como drenagem retronasal

Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Tratamentos cliacutenicos inadequados

Alteraccedilotildees anatocircmicas que predisponham agraves infecccedilotildees de repeticcedilatildeo

Fatores obstrutivos intranasais - edema da mucosa hipertrofia de cornetos desvio septal

poacutelipos tumores e vegetaccedilotildees adenoideanas nas crianccedilas ou nos imunodeprimidos

Doenccedilas sistecircmicas

Deficiecircncias do sistema imunoloacutegico

Presenccedila de biofilmes de bacteacuterias aderidos na mucosa rinossinusal causando resistecircncia

elevada aos antibioacuteticos

19

Dor facial - natildeo eacute um sintoma comum na rinossinusite crocircnica podendo aparecer nas fases de

agudizaccedilatildeo

Tosse crocircnica - pode ser o uacutenico sintoma presente em casos de RSC especialmente em crianccedilas

Geralmente eacute natildeo produtiva com periacuteodos de exacerbaccedilatildeo agrave noite A rinorreia catarral posterior

pode ser a responsaacutevel bem como a estimulaccedilatildeo de reflexos nasopulmonares originados da

mucosa nasossinusal inflamada

Cacosmia ou fetidez nasal - pode ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva

quando sentida pelas pessoas que o cercam (geralmente estaacute associada agrave halitose)

Epistaxes - podem ou natildeo estar presentes2

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES

Define-se a partir de muacuteltiplos episoacutedios de RSA nos quais os sinais e sintomas desaparecem entre

um episoacutedio e outro voltando o paciente agrave normalidade

O tratamento pode ser cliacutenico ou ciruacutergico buscando sempre corrigir os fatores predisponentes agrave

repeticcedilatildeo dos processos infecciosos

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA

Na ocorrecircncia de muacuteltiplos episoacutedios onde o paciente natildeo volta agrave condiccedilatildeo de normalidade entre

os episoacutedios de agudizaccedilatildeo

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA

Satildeo mais frequentes em pacientes com algum comprometimento imunoloacutegico podendo

acometer tambeacutem pacientes imunologicamente competentes

A evoluccedilatildeo geralmente eacute crocircnica e natildeo responde aos tratamentos com antibioacuteticos

A avaliaccedilatildeo por tomografia computadorizada nesses pacientes mostra o envolvimento de

muacuteltiplos seios

Os fungos mais comumente encontrados satildeo o Aspergillus Curvularia Alternaria e Bipolaris O

principal patoacutegeno eacute o Aspergillus fumigatus embora o Aspergillus flavus seja ocasionalmente

isolado15 Quase sempre o tratamento eacute ciruacutergico

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 10: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

10

Alteraccedilotildees do olfato - Hiposmia ou anosmia Ocasionados pela obstruccedilatildeo nasal influecircncia das

secreccedilotildees purulentas presentes na cavidade nasal (cacosmia) ou por lesotildees diretas do epiteacutelio

olfatoacuterio por viacuterus ou bacteacuterias6

Halitose - Manifestaccedilatildeo frequente e quando associada agrave obstruccedilatildeo nasal rinorreia e tosse

aumenta a suspeita para o diagnoacutestico de rinossinusite Quando isolada deve-se considerar outras

possibilidades como o caseum tonsilar e corpo estranho nasal principalmente em crianccedilas611

Tosse - (seca ou produtiva) pelas secreccedilotildees que drenam posteriormente pela rinofaringe aleacutem de

irritaccedilatildeo fariacutengea lariacutengea traqueal e rouquidatildeo13

Plenitude auricular - causada pela drenagem de secreccedilotildees na regiatildeo do oacutestio fariacutengeo da tuba

auditiva13

6 AVALIACcedilAtildeO COMPLEMENTAR POR IMAGEM NA RSA

O Raio X simples de Seios da Face eacute um exame cada vez menos valorizado pelos

otorrinolaringologistas Nos casos agudos o RX simples eacute dispensaacutevel visto que a histoacuteria cliacutenica e

o exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico satildeo suficientes Quando solicitado deve ser na posiccedilatildeo

ortostaacutetica para avaliar a presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIGURA 3) Observa-se no entanto uma

excessiva valorizaccedilatildeo das radiografias simples dos seios da face1

Fonte Projeto Diretrizes - ABORL CCF 2012- CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

Consideraccedilotildees frente agrave solicitaccedilatildeo de Rx de Seios da Face

Satildeo exames inespeciacuteficos que natildeo conseguem diferenciar causas virais e bacterianas

Discrepacircncia entre achados tomograacuteficos e radioloacutegicos em torno de 80

Natildeo recomendaacutevel em crianccedilas abaixo de 2 anos

Confiaacutevel apenas na presenccedila de niacutevel hidroaeacutereo (FIG 3)

Poacutelipos cistos hipoplasia de cavidades paranasais podem resultar em falso-positivo

(FIG3)

Os sinais observados que podem sugerir RSA satildeo espessamento mucoso gt 4mm niacutevel

liacutequido e opacificaccedilatildeo de um ou mais seios da face (FIG 3)

50 crianccedilas com IVAS de causa viral apresentam seios maxilares alterados ao Rx

11

FAZER OU NAtildeO O RX DE SEIOS DA FACE

Esta decisatildeo principalmente nas crianccedilas necessita tambeacutem do conhecimento do

desenvolvimento e crescimento das cavidades nasais e paranasais

Seios Maxilares

Mede 6 a 8 cm3 ao nascimento

Algumas pessoas chegam agrave idade adulta com seio hipoplaacutesico

Visiacutevel ao RX a partir do quarto ao quinto mecircs de idade

Seios etmoidais

Desenvolve-se a partir do terceiro mecircs de vida intrauterina

Dimensotildees semelhantes ao do adulto aos 12 anos de idade

Natildeo aparece ao Rx ateacute o primeiro ano de vida

Seios frontais

Natildeo eacute possiacutevel diferenciaacute-lo do seio etmoidal ao nascimento

Seu crescimento ocorre ateacute os 20 anos

Pode ser reconhecido radiologicamente apoacutes o quinto ano de vida

Seios esfenoidais

Comeccedila seu desenvolvimento em meacutedia aos cinco anos estendendo seu

crescimento em direccedilatildeo agrave sela tuacutercica terminando seu desenvolvimento ateacute o final

da adolescecircncia

Visiacutevel ao Rx apoacutes os 5 anos

Fonte Navarro JAC (1997)14

12

FIGURA 3 Alteraccedilotildees detectaacuteveis ao RX de seios da face

Fonte Da autora Imagens de arquivo proacuteprio

Tomografia computadorizada (TC) - Natildeo deve ser utilizada no diagnoacutestico inicial de RSA Deve ser

solicitado fora da fase aguda da doenccedila exceto nas suspeitas de complicaccedilotildees

Deve ser considerada nos quadros graves e em pacientes imunossuprimidos na vigecircncia de

complicaccedilotildees na suspeita de rinossinusite fuacutengica e no planejamento ciruacutergico Podem ser

encontradas alteraccedilotildees em crianccedilas saudaacuteveis (falso positivo)1315

Ressonacircncia magneacutetica (RM) - Natildeo estaacute indicada em casos de patologias nasossinusais agudas

Pode ser recomendada na avaliaccedilatildeo de complicaccedilotildees intracranianas das patologias nasossinusais

A RM fornece importantes informaccedilotildees sobre a mucosa e demais tecidos moles 1315

Endoscopia nasal (fibronasofaringoscopia) - A endoscopia nasal eacute recomendada aos pacientes

com qualquer tipo de queixa nasal Permite avaliar todas as porccedilotildees da cavidade nasal com

anaacutelise macroscoacutepica detalhada da mucosa nasal e sinusal Eacute completamente dispensaacutevel no

diagnoacutestico de RSA pois a ausecircncia de alteraccedilotildees endoscoacutepicas com histoacuteria cliacutenica compatiacutevel

natildeo afasta o diagnoacutestico de RSA Pode entretanto ser uacutetil na avaliaccedilatildeo da anatomia rinossinusal

como fator causal do processo infeccioso 1315

13

FIGURA 4 Imagens comparativas na rinossinusite maxilar esquerda Fonte Da autora Imagens

utilizadas de arquivo proacuteprio

Imagem utilizada disponiacutevel em httpwwwclinicacosercomveja-fotos-derinoscopia7 Acessado em 25042016

7 MICROBIOLOGIA NA RSA

Nas formas virais os agentes frequentemente envolvidos satildeo o Rhino-influenzae influenzae e

parainfluenzae de forma isolada ou associada agraves infecccedilotildees bacterianas pois em mais de 30 dos

casos de sinusite aguda a infecccedilatildeo eacute polimicrobiana2611

Quando presentes as bacteacuterias mais comumente envolvidas satildeo o S pneumoniae (55) H

influenzae (20) viacuterus respiratoacuterios (15) anaeroacutebios (9) M catarrhalis Streptococcus

hemoliacutetico do grupo A e Streptococcus alfa-hemoliacutetico (1)2611

Na presenccedila das patologias onde ocorre a diminuiccedilatildeo da motilidade ciliar (fibrose ciacutestica siacutendrome

da imotilidade ciliar siacutendrome de Kartagener) Pseudomonas aeruginosa e Staphilococcus aureus

podem estar presentes2611

H influenza S pneumoniae Aspergillus species Candida albicans Legionella pneumophila

fungos da classe Zygomicetes e da ordem Mucorales (Rhizopus arrhizus Mucor sp) podem ser

encontrados em pacientes com doenccedilas sistecircmicas que passaram por infecccedilatildeo viral recente ou

terapia com corticosteroides e na siacutendrome da imunodeficiecircncia adquirida (Sida)2611

14

8 TRATAMENTO DA RSA

Aspectos relevantes

Como a maior parte das infecccedilotildees nas RSA eacute de etiologia viral o objetivo do tratamento eacute

minimizar sintomas de obstruccedilatildeo nasal e da rinorreia promovendo a resoluccedilatildeo dos mecanismos

fisiopatoloacutegicos e o tratamento das exacerbaccedilotildees visando

Permitir e favorecer boa drenagem e ventilaccedilatildeo dos seios paranasais

Limpeza nasal com soluccedilatildeo fisioloacutegica

Uso de anti-inflamatoacuterios (esteroides natildeo esteroides)

Antibioticoterapia (se necessaacuterio)

9 CONSIDERACcedilOtildeES NO TRATAMENTO SINTOMAacuteTICO

91 Descongestionantes nasais de uso toacutepico

Nas infecccedilotildees virais podem ser prescritos como sintomaacuteticos Nas RSA bacterianas persistentes o

uso de vasoconstritor toacutepico nasal pode aliviar a obstruccedilatildeo nasal e aumentar o fluxo inspiratoacuterio

Deve-se evitar o uso de vasoconstritores toacutepicos de forma isolada e considerar

A possibilidade de complicaccedilotildees decorrentes da interaccedilatildeo medicamentosa com outras drogas

A possibilidade de descontrole da hipertensatildeo arterial e do glaucoma

Natildeo utilizar por mais de quatro dias consecutivos pelo risco de congestatildeo nasal rebote

92 Descongestionantes sistecircmicos orais

Normalmente satildeo utilizados para diminuir o edema e facilitar a drenagem de secreccedilotildees embora

careccedilam de evidecircncias que comprovem sua eficaacutecia Devem ser evitados em pacientes com

doenccedila cardiovascular hipertensatildeo e com hipertrofia prostaacutetica benigna Nas infecccedilotildees

bacterianas natildeo satildeo recomendados Seu uso isolado ou associado aos anti-histamiacutenicos nas RSA

bacterianas natildeo modifica de forma significativa a evoluccedilatildeo cliacutenica ou radioloacutegica tanto em

crianccedilas quanto em adultos Pode comprometer a evoluccedilatildeo dos sintomas por promover

ressecamento das secreccedilotildees em todo o trato respiratoacuterio dificultando sua drenagem nas

cavidades paranasais

15

93 Anti-histamiacutenicos

Muitas vezes satildeo prescritos para controle sintomaacutetico mas natildeo haacute estudos que comprovem

qualquer eficaacutecia natildeo sendo desta forma recomendados de rotina

94 Irrigaccedilatildeo com soluccedilatildeo salina

Apesar da pouca evidecircncia de benefiacutecio cliacutenico de forma geral recomenda-se a utilizaccedilatildeo da

lavagem salina nasal em pacientes com RSA que promove melhora da funccedilatildeo ciliar reduz o

edema de mucosa colabora na limpeza da cavidade nasal e da secreccedilatildeo presente nos processos

infecciosos aleacutem de natildeo apresentar efeitos colaterais

95 Corticoide nasal

Os corticoides nasais proporcionam melhora dos sintomas nas infecccedilotildees virais e bacterianas

principalmente em pacientes portadores de rinite aleacutergica Deve ser usado em adultos de forma

parcimoniosa na tentativa de reduzir o uso de antibioacuteticos

Entretanto na presenccedila de secreccedilatildeo catarral abundante sua accedilatildeo pode ficar prejudicada

Os mais utilizados satildeo o fumarato de mometasona budesonida e propionato de fluticasona

Eacute discutiacutevel sua utilizaccedilatildeo associada agrave antibioticoterapia Seu uso deve ser restrito e cauteloso nos

pacientes portadores de glaucoma

Sua melhor utilizaccedilatildeo eacute na fase inter-crises das rinossinusites recorrentes como medida

preventiva e no tratamento das rinopatias aleacutergicas

96 Corticoide oral

Mostra-se mais eficaz quando comparado ao corticoide intranasal aleacutem de mais seguro do que os

anti-inflamatoacuterios natildeo hormonais

Seu uso eacute recomendado em pacientes adultos e crianccedilas com RSAB desde que natildeo apresentem

contraindicaccedilotildees para seu uso

O corticoide oral quando necessaacuterio deve ser utilizado por trecircs a cinco dias e sempre associado agrave

antibioticoterapia

16

Metanaacutelises com estudos de placebo

controlados randomizados e duplo-cegos

mostraram que

A eficaacutecia dos antibioacuteticos na melhora dos

sintomas dos pacientes com RSAB

especialmente se administrados

criteriosamente

Natildeo estatildeo indicados nos casos de

rinossinusites virais

Cerca de 65 dos pacientes diagnosticados

com RSAB apresenta resoluccedilatildeo cliacutenica

espontacircnea nos primeiros dez dias

A introduccedilatildeo do antibioacutetico deve ser

considerada quando natildeo haacute melhora apoacutes o

tratamento com medidas adjuvantes ou se

os sintomas se acentuarem

CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

97 Antibioacuteticos

Antibioacuteticos satildeo administrados apenas

em situaccedilotildees que sugerem fortemente

infecccedilatildeo bacteriana

Muitas vezes eacute difiacutecil distinguir

infecccedilotildees virais de bacterianas nos

primeiros 10 dias de doenccedila mas trecircs

caracteriacutesticas que sugerem a etiologia

bacteriana devem consideradas

a) Sintomas que persistem mais de

10 dias sem melhora cliacutenica

aparente

b) Sintomas intensos que incluem

febre com temperatura gt 39 degC

associada agrave rinorreia purulenta ou

dor facial e com duraccedilatildeo de pelo

menos trecircs dias logo no iniacutecio do

quadro

c) Piora cliacutenica conforme os sintomas

descritos que ocorrem apoacutes um

quadro nitidamente viral que

estava em processo de melhora

cliacutenica

Na presenccedila de sintomas compatiacuteveis com quadro bacteriano o paciente deve receber

antibioacuteticos com objetivo de minimizar sintomas diminuir o tempo da doenccedila evitar infecccedilotildees

recorrentes e complicaccedilotildees

A Infectious Diseases Society of America (2012) sobre antibioacuteticos recomenda

Amoxicilina-clavulanato antibioacutetico de primeira escolha se o paciente natildeo eacute aleacutergico a

penicilina A dose eacute de 500mg125mg a cada 8 horas

Em aleacutergicos a amoxicilina doxiciclina levofloxacina e moxifloxacina

Claritromicina azitromicina e cefalosporinas de 2ordf e 3ordf geraccedilotildees tambeacutem satildeo opccedilotildees viaacuteveis

Nas gestantes a primeira opccedilatildeo eacute amoxicilina sendo azitromicina a opccedilatildeo quando houver

alergia agrave amoxicilina

Ainda natildeo existem estudos que definam o tempo ideal de tratamento com antibioacuteticos Zambon

(2013) menciona as recomendaccedilotildees de diretrizes internacionais quanto ao uso dos antibioacuteticos por

5 a 7 dias e natildeo mais por 10 a 14 dias uma vez que estudos mostraram que os resultados

terapecircuticos satildeo semelhantes com estes diferentes tempos

17

Na eventualidade de falha terapecircutica as opccedilotildees viaacuteveis como 2ordf linha para pacientes que foram

inicialmente tratados com amoxicilina-clavulanato nas doses usuais satildeo

Amoxicilina 2g ndash clavulanato 125mg VO a cada 12 horas ou

Levofloxacina 500mg VO 1 vezdia ou

Moxifloxacina 400mg VO 1 vezdia

10 COMPLICACcedilOtildeES DAS RSA

As complicaccedilotildees das rinossinusites satildeo decorrentes de infecccedilotildees agudas ou crocircnicas e mais

frequentes na populaccedilatildeo infantil (TABELA 3)

As vias de disseminaccedilatildeo satildeo por contiguidade erosatildeo oacutessea ou hematogecircnicas podendo ser

hematoloacutegica ou neuroloacutegica

Satildeo quadros graves de evoluccedilatildeo imprevisiacutevel e requerem monitoramento e tratamento em

ambiente hospitalar

TABELA 3 Complicaccedilotildees e Sinais de Alerta na RSA

Fonte Soc Bras de ORL(2011) Rosenfeld RM sinusitis (2015)16 5

CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess mmaaiiss ffrreeqquueenntteess ddaass

RRiinnoossssiinnuussiitteess

SSiinnaaiiss ddee AAlleerrttaa ppaarraa CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess

OOffttaallmmooNNeeuurroolloacuteoacuteggiiccaass ddaa RRiinnoossssiinnuussiittee

Otites

Broncopneumonia

Ativaccedilatildeo de asma brocircnquica

Neuroloacutegicas (abscesso cerebral e

tromboflebite do seio cavernoso)

Oftalmoloacutegicas (celulite periorbitaacuteria)

Dor e febre sem melhora apoacutes 72 horas de

tratamento adequado

Edema eou eritema palpebral

Borramento da visatildeo

Cefaleia intensa com irritabilidade

Sinais de toxemia

18

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC)

111 Aspectos relevantes

Da mesma forma que a rinossinusite aguda a RSC eacute um estaacutegio evolutivo dos quadros de rinite Eacute

considerado um contiacutenuo da RSA podendo tambeacutem sofrer processo de reagudizaccedilatildeo6

O diagnoacutestico cliacutenico da RSC baseia-se na presenccedila de sinais e sintomas nasossinusais com mais

de 12 semanas de evoluccedilatildeo e aos fatores que levam a RSA a processo de cronificaccedilatildeo descritos no

QUADRO 1

Observam-se com relativa frequecircncia alguns indiviacuteduos que manifestam episoacutedios mais severos

com o comprometimento simultacircneo de todo o trato respiratoacuterio superior e inferior Estes

indiviacuteduos apresentam uma resposta inflamatoacuteria exacerbada frente aos fatores agressores como

os viacuterus as bacteacuterias fungos e fatores ambientais associando polipose nasal hiperatividade

brocircnquica e intoleracircncia aos salicilatos Deve-se aqui ponderar a presenccedila de patologias

mucociliares ou doenccedilas auto-imunes (granulomatose de Wegener)217

QUADRO 1 Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Fonte Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC

Obstruccedilatildeo e congestatildeo nasal - eacute menos frequumlente e estaacute normalmente associada a fatores como

desvios septais rinite aleacutergica e outros

Rinorreia - (aquosa mucoide ou mucopurulenta) tende a se apresentar em menor quantidade nos

casos crocircnicos e muitas vezes perceptiacutevel apenas como drenagem retronasal

Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Tratamentos cliacutenicos inadequados

Alteraccedilotildees anatocircmicas que predisponham agraves infecccedilotildees de repeticcedilatildeo

Fatores obstrutivos intranasais - edema da mucosa hipertrofia de cornetos desvio septal

poacutelipos tumores e vegetaccedilotildees adenoideanas nas crianccedilas ou nos imunodeprimidos

Doenccedilas sistecircmicas

Deficiecircncias do sistema imunoloacutegico

Presenccedila de biofilmes de bacteacuterias aderidos na mucosa rinossinusal causando resistecircncia

elevada aos antibioacuteticos

19

Dor facial - natildeo eacute um sintoma comum na rinossinusite crocircnica podendo aparecer nas fases de

agudizaccedilatildeo

Tosse crocircnica - pode ser o uacutenico sintoma presente em casos de RSC especialmente em crianccedilas

Geralmente eacute natildeo produtiva com periacuteodos de exacerbaccedilatildeo agrave noite A rinorreia catarral posterior

pode ser a responsaacutevel bem como a estimulaccedilatildeo de reflexos nasopulmonares originados da

mucosa nasossinusal inflamada

Cacosmia ou fetidez nasal - pode ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva

quando sentida pelas pessoas que o cercam (geralmente estaacute associada agrave halitose)

Epistaxes - podem ou natildeo estar presentes2

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES

Define-se a partir de muacuteltiplos episoacutedios de RSA nos quais os sinais e sintomas desaparecem entre

um episoacutedio e outro voltando o paciente agrave normalidade

O tratamento pode ser cliacutenico ou ciruacutergico buscando sempre corrigir os fatores predisponentes agrave

repeticcedilatildeo dos processos infecciosos

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA

Na ocorrecircncia de muacuteltiplos episoacutedios onde o paciente natildeo volta agrave condiccedilatildeo de normalidade entre

os episoacutedios de agudizaccedilatildeo

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA

Satildeo mais frequentes em pacientes com algum comprometimento imunoloacutegico podendo

acometer tambeacutem pacientes imunologicamente competentes

A evoluccedilatildeo geralmente eacute crocircnica e natildeo responde aos tratamentos com antibioacuteticos

A avaliaccedilatildeo por tomografia computadorizada nesses pacientes mostra o envolvimento de

muacuteltiplos seios

Os fungos mais comumente encontrados satildeo o Aspergillus Curvularia Alternaria e Bipolaris O

principal patoacutegeno eacute o Aspergillus fumigatus embora o Aspergillus flavus seja ocasionalmente

isolado15 Quase sempre o tratamento eacute ciruacutergico

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 11: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

11

FAZER OU NAtildeO O RX DE SEIOS DA FACE

Esta decisatildeo principalmente nas crianccedilas necessita tambeacutem do conhecimento do

desenvolvimento e crescimento das cavidades nasais e paranasais

Seios Maxilares

Mede 6 a 8 cm3 ao nascimento

Algumas pessoas chegam agrave idade adulta com seio hipoplaacutesico

Visiacutevel ao RX a partir do quarto ao quinto mecircs de idade

Seios etmoidais

Desenvolve-se a partir do terceiro mecircs de vida intrauterina

Dimensotildees semelhantes ao do adulto aos 12 anos de idade

Natildeo aparece ao Rx ateacute o primeiro ano de vida

Seios frontais

Natildeo eacute possiacutevel diferenciaacute-lo do seio etmoidal ao nascimento

Seu crescimento ocorre ateacute os 20 anos

Pode ser reconhecido radiologicamente apoacutes o quinto ano de vida

Seios esfenoidais

Comeccedila seu desenvolvimento em meacutedia aos cinco anos estendendo seu

crescimento em direccedilatildeo agrave sela tuacutercica terminando seu desenvolvimento ateacute o final

da adolescecircncia

Visiacutevel ao Rx apoacutes os 5 anos

Fonte Navarro JAC (1997)14

12

FIGURA 3 Alteraccedilotildees detectaacuteveis ao RX de seios da face

Fonte Da autora Imagens de arquivo proacuteprio

Tomografia computadorizada (TC) - Natildeo deve ser utilizada no diagnoacutestico inicial de RSA Deve ser

solicitado fora da fase aguda da doenccedila exceto nas suspeitas de complicaccedilotildees

Deve ser considerada nos quadros graves e em pacientes imunossuprimidos na vigecircncia de

complicaccedilotildees na suspeita de rinossinusite fuacutengica e no planejamento ciruacutergico Podem ser

encontradas alteraccedilotildees em crianccedilas saudaacuteveis (falso positivo)1315

Ressonacircncia magneacutetica (RM) - Natildeo estaacute indicada em casos de patologias nasossinusais agudas

Pode ser recomendada na avaliaccedilatildeo de complicaccedilotildees intracranianas das patologias nasossinusais

A RM fornece importantes informaccedilotildees sobre a mucosa e demais tecidos moles 1315

Endoscopia nasal (fibronasofaringoscopia) - A endoscopia nasal eacute recomendada aos pacientes

com qualquer tipo de queixa nasal Permite avaliar todas as porccedilotildees da cavidade nasal com

anaacutelise macroscoacutepica detalhada da mucosa nasal e sinusal Eacute completamente dispensaacutevel no

diagnoacutestico de RSA pois a ausecircncia de alteraccedilotildees endoscoacutepicas com histoacuteria cliacutenica compatiacutevel

natildeo afasta o diagnoacutestico de RSA Pode entretanto ser uacutetil na avaliaccedilatildeo da anatomia rinossinusal

como fator causal do processo infeccioso 1315

13

FIGURA 4 Imagens comparativas na rinossinusite maxilar esquerda Fonte Da autora Imagens

utilizadas de arquivo proacuteprio

Imagem utilizada disponiacutevel em httpwwwclinicacosercomveja-fotos-derinoscopia7 Acessado em 25042016

7 MICROBIOLOGIA NA RSA

Nas formas virais os agentes frequentemente envolvidos satildeo o Rhino-influenzae influenzae e

parainfluenzae de forma isolada ou associada agraves infecccedilotildees bacterianas pois em mais de 30 dos

casos de sinusite aguda a infecccedilatildeo eacute polimicrobiana2611

Quando presentes as bacteacuterias mais comumente envolvidas satildeo o S pneumoniae (55) H

influenzae (20) viacuterus respiratoacuterios (15) anaeroacutebios (9) M catarrhalis Streptococcus

hemoliacutetico do grupo A e Streptococcus alfa-hemoliacutetico (1)2611

Na presenccedila das patologias onde ocorre a diminuiccedilatildeo da motilidade ciliar (fibrose ciacutestica siacutendrome

da imotilidade ciliar siacutendrome de Kartagener) Pseudomonas aeruginosa e Staphilococcus aureus

podem estar presentes2611

H influenza S pneumoniae Aspergillus species Candida albicans Legionella pneumophila

fungos da classe Zygomicetes e da ordem Mucorales (Rhizopus arrhizus Mucor sp) podem ser

encontrados em pacientes com doenccedilas sistecircmicas que passaram por infecccedilatildeo viral recente ou

terapia com corticosteroides e na siacutendrome da imunodeficiecircncia adquirida (Sida)2611

14

8 TRATAMENTO DA RSA

Aspectos relevantes

Como a maior parte das infecccedilotildees nas RSA eacute de etiologia viral o objetivo do tratamento eacute

minimizar sintomas de obstruccedilatildeo nasal e da rinorreia promovendo a resoluccedilatildeo dos mecanismos

fisiopatoloacutegicos e o tratamento das exacerbaccedilotildees visando

Permitir e favorecer boa drenagem e ventilaccedilatildeo dos seios paranasais

Limpeza nasal com soluccedilatildeo fisioloacutegica

Uso de anti-inflamatoacuterios (esteroides natildeo esteroides)

Antibioticoterapia (se necessaacuterio)

9 CONSIDERACcedilOtildeES NO TRATAMENTO SINTOMAacuteTICO

91 Descongestionantes nasais de uso toacutepico

Nas infecccedilotildees virais podem ser prescritos como sintomaacuteticos Nas RSA bacterianas persistentes o

uso de vasoconstritor toacutepico nasal pode aliviar a obstruccedilatildeo nasal e aumentar o fluxo inspiratoacuterio

Deve-se evitar o uso de vasoconstritores toacutepicos de forma isolada e considerar

A possibilidade de complicaccedilotildees decorrentes da interaccedilatildeo medicamentosa com outras drogas

A possibilidade de descontrole da hipertensatildeo arterial e do glaucoma

Natildeo utilizar por mais de quatro dias consecutivos pelo risco de congestatildeo nasal rebote

92 Descongestionantes sistecircmicos orais

Normalmente satildeo utilizados para diminuir o edema e facilitar a drenagem de secreccedilotildees embora

careccedilam de evidecircncias que comprovem sua eficaacutecia Devem ser evitados em pacientes com

doenccedila cardiovascular hipertensatildeo e com hipertrofia prostaacutetica benigna Nas infecccedilotildees

bacterianas natildeo satildeo recomendados Seu uso isolado ou associado aos anti-histamiacutenicos nas RSA

bacterianas natildeo modifica de forma significativa a evoluccedilatildeo cliacutenica ou radioloacutegica tanto em

crianccedilas quanto em adultos Pode comprometer a evoluccedilatildeo dos sintomas por promover

ressecamento das secreccedilotildees em todo o trato respiratoacuterio dificultando sua drenagem nas

cavidades paranasais

15

93 Anti-histamiacutenicos

Muitas vezes satildeo prescritos para controle sintomaacutetico mas natildeo haacute estudos que comprovem

qualquer eficaacutecia natildeo sendo desta forma recomendados de rotina

94 Irrigaccedilatildeo com soluccedilatildeo salina

Apesar da pouca evidecircncia de benefiacutecio cliacutenico de forma geral recomenda-se a utilizaccedilatildeo da

lavagem salina nasal em pacientes com RSA que promove melhora da funccedilatildeo ciliar reduz o

edema de mucosa colabora na limpeza da cavidade nasal e da secreccedilatildeo presente nos processos

infecciosos aleacutem de natildeo apresentar efeitos colaterais

95 Corticoide nasal

Os corticoides nasais proporcionam melhora dos sintomas nas infecccedilotildees virais e bacterianas

principalmente em pacientes portadores de rinite aleacutergica Deve ser usado em adultos de forma

parcimoniosa na tentativa de reduzir o uso de antibioacuteticos

Entretanto na presenccedila de secreccedilatildeo catarral abundante sua accedilatildeo pode ficar prejudicada

Os mais utilizados satildeo o fumarato de mometasona budesonida e propionato de fluticasona

Eacute discutiacutevel sua utilizaccedilatildeo associada agrave antibioticoterapia Seu uso deve ser restrito e cauteloso nos

pacientes portadores de glaucoma

Sua melhor utilizaccedilatildeo eacute na fase inter-crises das rinossinusites recorrentes como medida

preventiva e no tratamento das rinopatias aleacutergicas

96 Corticoide oral

Mostra-se mais eficaz quando comparado ao corticoide intranasal aleacutem de mais seguro do que os

anti-inflamatoacuterios natildeo hormonais

Seu uso eacute recomendado em pacientes adultos e crianccedilas com RSAB desde que natildeo apresentem

contraindicaccedilotildees para seu uso

O corticoide oral quando necessaacuterio deve ser utilizado por trecircs a cinco dias e sempre associado agrave

antibioticoterapia

16

Metanaacutelises com estudos de placebo

controlados randomizados e duplo-cegos

mostraram que

A eficaacutecia dos antibioacuteticos na melhora dos

sintomas dos pacientes com RSAB

especialmente se administrados

criteriosamente

Natildeo estatildeo indicados nos casos de

rinossinusites virais

Cerca de 65 dos pacientes diagnosticados

com RSAB apresenta resoluccedilatildeo cliacutenica

espontacircnea nos primeiros dez dias

A introduccedilatildeo do antibioacutetico deve ser

considerada quando natildeo haacute melhora apoacutes o

tratamento com medidas adjuvantes ou se

os sintomas se acentuarem

CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

97 Antibioacuteticos

Antibioacuteticos satildeo administrados apenas

em situaccedilotildees que sugerem fortemente

infecccedilatildeo bacteriana

Muitas vezes eacute difiacutecil distinguir

infecccedilotildees virais de bacterianas nos

primeiros 10 dias de doenccedila mas trecircs

caracteriacutesticas que sugerem a etiologia

bacteriana devem consideradas

a) Sintomas que persistem mais de

10 dias sem melhora cliacutenica

aparente

b) Sintomas intensos que incluem

febre com temperatura gt 39 degC

associada agrave rinorreia purulenta ou

dor facial e com duraccedilatildeo de pelo

menos trecircs dias logo no iniacutecio do

quadro

c) Piora cliacutenica conforme os sintomas

descritos que ocorrem apoacutes um

quadro nitidamente viral que

estava em processo de melhora

cliacutenica

Na presenccedila de sintomas compatiacuteveis com quadro bacteriano o paciente deve receber

antibioacuteticos com objetivo de minimizar sintomas diminuir o tempo da doenccedila evitar infecccedilotildees

recorrentes e complicaccedilotildees

A Infectious Diseases Society of America (2012) sobre antibioacuteticos recomenda

Amoxicilina-clavulanato antibioacutetico de primeira escolha se o paciente natildeo eacute aleacutergico a

penicilina A dose eacute de 500mg125mg a cada 8 horas

Em aleacutergicos a amoxicilina doxiciclina levofloxacina e moxifloxacina

Claritromicina azitromicina e cefalosporinas de 2ordf e 3ordf geraccedilotildees tambeacutem satildeo opccedilotildees viaacuteveis

Nas gestantes a primeira opccedilatildeo eacute amoxicilina sendo azitromicina a opccedilatildeo quando houver

alergia agrave amoxicilina

Ainda natildeo existem estudos que definam o tempo ideal de tratamento com antibioacuteticos Zambon

(2013) menciona as recomendaccedilotildees de diretrizes internacionais quanto ao uso dos antibioacuteticos por

5 a 7 dias e natildeo mais por 10 a 14 dias uma vez que estudos mostraram que os resultados

terapecircuticos satildeo semelhantes com estes diferentes tempos

17

Na eventualidade de falha terapecircutica as opccedilotildees viaacuteveis como 2ordf linha para pacientes que foram

inicialmente tratados com amoxicilina-clavulanato nas doses usuais satildeo

Amoxicilina 2g ndash clavulanato 125mg VO a cada 12 horas ou

Levofloxacina 500mg VO 1 vezdia ou

Moxifloxacina 400mg VO 1 vezdia

10 COMPLICACcedilOtildeES DAS RSA

As complicaccedilotildees das rinossinusites satildeo decorrentes de infecccedilotildees agudas ou crocircnicas e mais

frequentes na populaccedilatildeo infantil (TABELA 3)

As vias de disseminaccedilatildeo satildeo por contiguidade erosatildeo oacutessea ou hematogecircnicas podendo ser

hematoloacutegica ou neuroloacutegica

Satildeo quadros graves de evoluccedilatildeo imprevisiacutevel e requerem monitoramento e tratamento em

ambiente hospitalar

TABELA 3 Complicaccedilotildees e Sinais de Alerta na RSA

Fonte Soc Bras de ORL(2011) Rosenfeld RM sinusitis (2015)16 5

CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess mmaaiiss ffrreeqquueenntteess ddaass

RRiinnoossssiinnuussiitteess

SSiinnaaiiss ddee AAlleerrttaa ppaarraa CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess

OOffttaallmmooNNeeuurroolloacuteoacuteggiiccaass ddaa RRiinnoossssiinnuussiittee

Otites

Broncopneumonia

Ativaccedilatildeo de asma brocircnquica

Neuroloacutegicas (abscesso cerebral e

tromboflebite do seio cavernoso)

Oftalmoloacutegicas (celulite periorbitaacuteria)

Dor e febre sem melhora apoacutes 72 horas de

tratamento adequado

Edema eou eritema palpebral

Borramento da visatildeo

Cefaleia intensa com irritabilidade

Sinais de toxemia

18

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC)

111 Aspectos relevantes

Da mesma forma que a rinossinusite aguda a RSC eacute um estaacutegio evolutivo dos quadros de rinite Eacute

considerado um contiacutenuo da RSA podendo tambeacutem sofrer processo de reagudizaccedilatildeo6

O diagnoacutestico cliacutenico da RSC baseia-se na presenccedila de sinais e sintomas nasossinusais com mais

de 12 semanas de evoluccedilatildeo e aos fatores que levam a RSA a processo de cronificaccedilatildeo descritos no

QUADRO 1

Observam-se com relativa frequecircncia alguns indiviacuteduos que manifestam episoacutedios mais severos

com o comprometimento simultacircneo de todo o trato respiratoacuterio superior e inferior Estes

indiviacuteduos apresentam uma resposta inflamatoacuteria exacerbada frente aos fatores agressores como

os viacuterus as bacteacuterias fungos e fatores ambientais associando polipose nasal hiperatividade

brocircnquica e intoleracircncia aos salicilatos Deve-se aqui ponderar a presenccedila de patologias

mucociliares ou doenccedilas auto-imunes (granulomatose de Wegener)217

QUADRO 1 Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Fonte Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC

Obstruccedilatildeo e congestatildeo nasal - eacute menos frequumlente e estaacute normalmente associada a fatores como

desvios septais rinite aleacutergica e outros

Rinorreia - (aquosa mucoide ou mucopurulenta) tende a se apresentar em menor quantidade nos

casos crocircnicos e muitas vezes perceptiacutevel apenas como drenagem retronasal

Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Tratamentos cliacutenicos inadequados

Alteraccedilotildees anatocircmicas que predisponham agraves infecccedilotildees de repeticcedilatildeo

Fatores obstrutivos intranasais - edema da mucosa hipertrofia de cornetos desvio septal

poacutelipos tumores e vegetaccedilotildees adenoideanas nas crianccedilas ou nos imunodeprimidos

Doenccedilas sistecircmicas

Deficiecircncias do sistema imunoloacutegico

Presenccedila de biofilmes de bacteacuterias aderidos na mucosa rinossinusal causando resistecircncia

elevada aos antibioacuteticos

19

Dor facial - natildeo eacute um sintoma comum na rinossinusite crocircnica podendo aparecer nas fases de

agudizaccedilatildeo

Tosse crocircnica - pode ser o uacutenico sintoma presente em casos de RSC especialmente em crianccedilas

Geralmente eacute natildeo produtiva com periacuteodos de exacerbaccedilatildeo agrave noite A rinorreia catarral posterior

pode ser a responsaacutevel bem como a estimulaccedilatildeo de reflexos nasopulmonares originados da

mucosa nasossinusal inflamada

Cacosmia ou fetidez nasal - pode ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva

quando sentida pelas pessoas que o cercam (geralmente estaacute associada agrave halitose)

Epistaxes - podem ou natildeo estar presentes2

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES

Define-se a partir de muacuteltiplos episoacutedios de RSA nos quais os sinais e sintomas desaparecem entre

um episoacutedio e outro voltando o paciente agrave normalidade

O tratamento pode ser cliacutenico ou ciruacutergico buscando sempre corrigir os fatores predisponentes agrave

repeticcedilatildeo dos processos infecciosos

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA

Na ocorrecircncia de muacuteltiplos episoacutedios onde o paciente natildeo volta agrave condiccedilatildeo de normalidade entre

os episoacutedios de agudizaccedilatildeo

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA

Satildeo mais frequentes em pacientes com algum comprometimento imunoloacutegico podendo

acometer tambeacutem pacientes imunologicamente competentes

A evoluccedilatildeo geralmente eacute crocircnica e natildeo responde aos tratamentos com antibioacuteticos

A avaliaccedilatildeo por tomografia computadorizada nesses pacientes mostra o envolvimento de

muacuteltiplos seios

Os fungos mais comumente encontrados satildeo o Aspergillus Curvularia Alternaria e Bipolaris O

principal patoacutegeno eacute o Aspergillus fumigatus embora o Aspergillus flavus seja ocasionalmente

isolado15 Quase sempre o tratamento eacute ciruacutergico

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 12: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

12

FIGURA 3 Alteraccedilotildees detectaacuteveis ao RX de seios da face

Fonte Da autora Imagens de arquivo proacuteprio

Tomografia computadorizada (TC) - Natildeo deve ser utilizada no diagnoacutestico inicial de RSA Deve ser

solicitado fora da fase aguda da doenccedila exceto nas suspeitas de complicaccedilotildees

Deve ser considerada nos quadros graves e em pacientes imunossuprimidos na vigecircncia de

complicaccedilotildees na suspeita de rinossinusite fuacutengica e no planejamento ciruacutergico Podem ser

encontradas alteraccedilotildees em crianccedilas saudaacuteveis (falso positivo)1315

Ressonacircncia magneacutetica (RM) - Natildeo estaacute indicada em casos de patologias nasossinusais agudas

Pode ser recomendada na avaliaccedilatildeo de complicaccedilotildees intracranianas das patologias nasossinusais

A RM fornece importantes informaccedilotildees sobre a mucosa e demais tecidos moles 1315

Endoscopia nasal (fibronasofaringoscopia) - A endoscopia nasal eacute recomendada aos pacientes

com qualquer tipo de queixa nasal Permite avaliar todas as porccedilotildees da cavidade nasal com

anaacutelise macroscoacutepica detalhada da mucosa nasal e sinusal Eacute completamente dispensaacutevel no

diagnoacutestico de RSA pois a ausecircncia de alteraccedilotildees endoscoacutepicas com histoacuteria cliacutenica compatiacutevel

natildeo afasta o diagnoacutestico de RSA Pode entretanto ser uacutetil na avaliaccedilatildeo da anatomia rinossinusal

como fator causal do processo infeccioso 1315

13

FIGURA 4 Imagens comparativas na rinossinusite maxilar esquerda Fonte Da autora Imagens

utilizadas de arquivo proacuteprio

Imagem utilizada disponiacutevel em httpwwwclinicacosercomveja-fotos-derinoscopia7 Acessado em 25042016

7 MICROBIOLOGIA NA RSA

Nas formas virais os agentes frequentemente envolvidos satildeo o Rhino-influenzae influenzae e

parainfluenzae de forma isolada ou associada agraves infecccedilotildees bacterianas pois em mais de 30 dos

casos de sinusite aguda a infecccedilatildeo eacute polimicrobiana2611

Quando presentes as bacteacuterias mais comumente envolvidas satildeo o S pneumoniae (55) H

influenzae (20) viacuterus respiratoacuterios (15) anaeroacutebios (9) M catarrhalis Streptococcus

hemoliacutetico do grupo A e Streptococcus alfa-hemoliacutetico (1)2611

Na presenccedila das patologias onde ocorre a diminuiccedilatildeo da motilidade ciliar (fibrose ciacutestica siacutendrome

da imotilidade ciliar siacutendrome de Kartagener) Pseudomonas aeruginosa e Staphilococcus aureus

podem estar presentes2611

H influenza S pneumoniae Aspergillus species Candida albicans Legionella pneumophila

fungos da classe Zygomicetes e da ordem Mucorales (Rhizopus arrhizus Mucor sp) podem ser

encontrados em pacientes com doenccedilas sistecircmicas que passaram por infecccedilatildeo viral recente ou

terapia com corticosteroides e na siacutendrome da imunodeficiecircncia adquirida (Sida)2611

14

8 TRATAMENTO DA RSA

Aspectos relevantes

Como a maior parte das infecccedilotildees nas RSA eacute de etiologia viral o objetivo do tratamento eacute

minimizar sintomas de obstruccedilatildeo nasal e da rinorreia promovendo a resoluccedilatildeo dos mecanismos

fisiopatoloacutegicos e o tratamento das exacerbaccedilotildees visando

Permitir e favorecer boa drenagem e ventilaccedilatildeo dos seios paranasais

Limpeza nasal com soluccedilatildeo fisioloacutegica

Uso de anti-inflamatoacuterios (esteroides natildeo esteroides)

Antibioticoterapia (se necessaacuterio)

9 CONSIDERACcedilOtildeES NO TRATAMENTO SINTOMAacuteTICO

91 Descongestionantes nasais de uso toacutepico

Nas infecccedilotildees virais podem ser prescritos como sintomaacuteticos Nas RSA bacterianas persistentes o

uso de vasoconstritor toacutepico nasal pode aliviar a obstruccedilatildeo nasal e aumentar o fluxo inspiratoacuterio

Deve-se evitar o uso de vasoconstritores toacutepicos de forma isolada e considerar

A possibilidade de complicaccedilotildees decorrentes da interaccedilatildeo medicamentosa com outras drogas

A possibilidade de descontrole da hipertensatildeo arterial e do glaucoma

Natildeo utilizar por mais de quatro dias consecutivos pelo risco de congestatildeo nasal rebote

92 Descongestionantes sistecircmicos orais

Normalmente satildeo utilizados para diminuir o edema e facilitar a drenagem de secreccedilotildees embora

careccedilam de evidecircncias que comprovem sua eficaacutecia Devem ser evitados em pacientes com

doenccedila cardiovascular hipertensatildeo e com hipertrofia prostaacutetica benigna Nas infecccedilotildees

bacterianas natildeo satildeo recomendados Seu uso isolado ou associado aos anti-histamiacutenicos nas RSA

bacterianas natildeo modifica de forma significativa a evoluccedilatildeo cliacutenica ou radioloacutegica tanto em

crianccedilas quanto em adultos Pode comprometer a evoluccedilatildeo dos sintomas por promover

ressecamento das secreccedilotildees em todo o trato respiratoacuterio dificultando sua drenagem nas

cavidades paranasais

15

93 Anti-histamiacutenicos

Muitas vezes satildeo prescritos para controle sintomaacutetico mas natildeo haacute estudos que comprovem

qualquer eficaacutecia natildeo sendo desta forma recomendados de rotina

94 Irrigaccedilatildeo com soluccedilatildeo salina

Apesar da pouca evidecircncia de benefiacutecio cliacutenico de forma geral recomenda-se a utilizaccedilatildeo da

lavagem salina nasal em pacientes com RSA que promove melhora da funccedilatildeo ciliar reduz o

edema de mucosa colabora na limpeza da cavidade nasal e da secreccedilatildeo presente nos processos

infecciosos aleacutem de natildeo apresentar efeitos colaterais

95 Corticoide nasal

Os corticoides nasais proporcionam melhora dos sintomas nas infecccedilotildees virais e bacterianas

principalmente em pacientes portadores de rinite aleacutergica Deve ser usado em adultos de forma

parcimoniosa na tentativa de reduzir o uso de antibioacuteticos

Entretanto na presenccedila de secreccedilatildeo catarral abundante sua accedilatildeo pode ficar prejudicada

Os mais utilizados satildeo o fumarato de mometasona budesonida e propionato de fluticasona

Eacute discutiacutevel sua utilizaccedilatildeo associada agrave antibioticoterapia Seu uso deve ser restrito e cauteloso nos

pacientes portadores de glaucoma

Sua melhor utilizaccedilatildeo eacute na fase inter-crises das rinossinusites recorrentes como medida

preventiva e no tratamento das rinopatias aleacutergicas

96 Corticoide oral

Mostra-se mais eficaz quando comparado ao corticoide intranasal aleacutem de mais seguro do que os

anti-inflamatoacuterios natildeo hormonais

Seu uso eacute recomendado em pacientes adultos e crianccedilas com RSAB desde que natildeo apresentem

contraindicaccedilotildees para seu uso

O corticoide oral quando necessaacuterio deve ser utilizado por trecircs a cinco dias e sempre associado agrave

antibioticoterapia

16

Metanaacutelises com estudos de placebo

controlados randomizados e duplo-cegos

mostraram que

A eficaacutecia dos antibioacuteticos na melhora dos

sintomas dos pacientes com RSAB

especialmente se administrados

criteriosamente

Natildeo estatildeo indicados nos casos de

rinossinusites virais

Cerca de 65 dos pacientes diagnosticados

com RSAB apresenta resoluccedilatildeo cliacutenica

espontacircnea nos primeiros dez dias

A introduccedilatildeo do antibioacutetico deve ser

considerada quando natildeo haacute melhora apoacutes o

tratamento com medidas adjuvantes ou se

os sintomas se acentuarem

CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

97 Antibioacuteticos

Antibioacuteticos satildeo administrados apenas

em situaccedilotildees que sugerem fortemente

infecccedilatildeo bacteriana

Muitas vezes eacute difiacutecil distinguir

infecccedilotildees virais de bacterianas nos

primeiros 10 dias de doenccedila mas trecircs

caracteriacutesticas que sugerem a etiologia

bacteriana devem consideradas

a) Sintomas que persistem mais de

10 dias sem melhora cliacutenica

aparente

b) Sintomas intensos que incluem

febre com temperatura gt 39 degC

associada agrave rinorreia purulenta ou

dor facial e com duraccedilatildeo de pelo

menos trecircs dias logo no iniacutecio do

quadro

c) Piora cliacutenica conforme os sintomas

descritos que ocorrem apoacutes um

quadro nitidamente viral que

estava em processo de melhora

cliacutenica

Na presenccedila de sintomas compatiacuteveis com quadro bacteriano o paciente deve receber

antibioacuteticos com objetivo de minimizar sintomas diminuir o tempo da doenccedila evitar infecccedilotildees

recorrentes e complicaccedilotildees

A Infectious Diseases Society of America (2012) sobre antibioacuteticos recomenda

Amoxicilina-clavulanato antibioacutetico de primeira escolha se o paciente natildeo eacute aleacutergico a

penicilina A dose eacute de 500mg125mg a cada 8 horas

Em aleacutergicos a amoxicilina doxiciclina levofloxacina e moxifloxacina

Claritromicina azitromicina e cefalosporinas de 2ordf e 3ordf geraccedilotildees tambeacutem satildeo opccedilotildees viaacuteveis

Nas gestantes a primeira opccedilatildeo eacute amoxicilina sendo azitromicina a opccedilatildeo quando houver

alergia agrave amoxicilina

Ainda natildeo existem estudos que definam o tempo ideal de tratamento com antibioacuteticos Zambon

(2013) menciona as recomendaccedilotildees de diretrizes internacionais quanto ao uso dos antibioacuteticos por

5 a 7 dias e natildeo mais por 10 a 14 dias uma vez que estudos mostraram que os resultados

terapecircuticos satildeo semelhantes com estes diferentes tempos

17

Na eventualidade de falha terapecircutica as opccedilotildees viaacuteveis como 2ordf linha para pacientes que foram

inicialmente tratados com amoxicilina-clavulanato nas doses usuais satildeo

Amoxicilina 2g ndash clavulanato 125mg VO a cada 12 horas ou

Levofloxacina 500mg VO 1 vezdia ou

Moxifloxacina 400mg VO 1 vezdia

10 COMPLICACcedilOtildeES DAS RSA

As complicaccedilotildees das rinossinusites satildeo decorrentes de infecccedilotildees agudas ou crocircnicas e mais

frequentes na populaccedilatildeo infantil (TABELA 3)

As vias de disseminaccedilatildeo satildeo por contiguidade erosatildeo oacutessea ou hematogecircnicas podendo ser

hematoloacutegica ou neuroloacutegica

Satildeo quadros graves de evoluccedilatildeo imprevisiacutevel e requerem monitoramento e tratamento em

ambiente hospitalar

TABELA 3 Complicaccedilotildees e Sinais de Alerta na RSA

Fonte Soc Bras de ORL(2011) Rosenfeld RM sinusitis (2015)16 5

CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess mmaaiiss ffrreeqquueenntteess ddaass

RRiinnoossssiinnuussiitteess

SSiinnaaiiss ddee AAlleerrttaa ppaarraa CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess

OOffttaallmmooNNeeuurroolloacuteoacuteggiiccaass ddaa RRiinnoossssiinnuussiittee

Otites

Broncopneumonia

Ativaccedilatildeo de asma brocircnquica

Neuroloacutegicas (abscesso cerebral e

tromboflebite do seio cavernoso)

Oftalmoloacutegicas (celulite periorbitaacuteria)

Dor e febre sem melhora apoacutes 72 horas de

tratamento adequado

Edema eou eritema palpebral

Borramento da visatildeo

Cefaleia intensa com irritabilidade

Sinais de toxemia

18

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC)

111 Aspectos relevantes

Da mesma forma que a rinossinusite aguda a RSC eacute um estaacutegio evolutivo dos quadros de rinite Eacute

considerado um contiacutenuo da RSA podendo tambeacutem sofrer processo de reagudizaccedilatildeo6

O diagnoacutestico cliacutenico da RSC baseia-se na presenccedila de sinais e sintomas nasossinusais com mais

de 12 semanas de evoluccedilatildeo e aos fatores que levam a RSA a processo de cronificaccedilatildeo descritos no

QUADRO 1

Observam-se com relativa frequecircncia alguns indiviacuteduos que manifestam episoacutedios mais severos

com o comprometimento simultacircneo de todo o trato respiratoacuterio superior e inferior Estes

indiviacuteduos apresentam uma resposta inflamatoacuteria exacerbada frente aos fatores agressores como

os viacuterus as bacteacuterias fungos e fatores ambientais associando polipose nasal hiperatividade

brocircnquica e intoleracircncia aos salicilatos Deve-se aqui ponderar a presenccedila de patologias

mucociliares ou doenccedilas auto-imunes (granulomatose de Wegener)217

QUADRO 1 Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Fonte Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC

Obstruccedilatildeo e congestatildeo nasal - eacute menos frequumlente e estaacute normalmente associada a fatores como

desvios septais rinite aleacutergica e outros

Rinorreia - (aquosa mucoide ou mucopurulenta) tende a se apresentar em menor quantidade nos

casos crocircnicos e muitas vezes perceptiacutevel apenas como drenagem retronasal

Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Tratamentos cliacutenicos inadequados

Alteraccedilotildees anatocircmicas que predisponham agraves infecccedilotildees de repeticcedilatildeo

Fatores obstrutivos intranasais - edema da mucosa hipertrofia de cornetos desvio septal

poacutelipos tumores e vegetaccedilotildees adenoideanas nas crianccedilas ou nos imunodeprimidos

Doenccedilas sistecircmicas

Deficiecircncias do sistema imunoloacutegico

Presenccedila de biofilmes de bacteacuterias aderidos na mucosa rinossinusal causando resistecircncia

elevada aos antibioacuteticos

19

Dor facial - natildeo eacute um sintoma comum na rinossinusite crocircnica podendo aparecer nas fases de

agudizaccedilatildeo

Tosse crocircnica - pode ser o uacutenico sintoma presente em casos de RSC especialmente em crianccedilas

Geralmente eacute natildeo produtiva com periacuteodos de exacerbaccedilatildeo agrave noite A rinorreia catarral posterior

pode ser a responsaacutevel bem como a estimulaccedilatildeo de reflexos nasopulmonares originados da

mucosa nasossinusal inflamada

Cacosmia ou fetidez nasal - pode ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva

quando sentida pelas pessoas que o cercam (geralmente estaacute associada agrave halitose)

Epistaxes - podem ou natildeo estar presentes2

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES

Define-se a partir de muacuteltiplos episoacutedios de RSA nos quais os sinais e sintomas desaparecem entre

um episoacutedio e outro voltando o paciente agrave normalidade

O tratamento pode ser cliacutenico ou ciruacutergico buscando sempre corrigir os fatores predisponentes agrave

repeticcedilatildeo dos processos infecciosos

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA

Na ocorrecircncia de muacuteltiplos episoacutedios onde o paciente natildeo volta agrave condiccedilatildeo de normalidade entre

os episoacutedios de agudizaccedilatildeo

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA

Satildeo mais frequentes em pacientes com algum comprometimento imunoloacutegico podendo

acometer tambeacutem pacientes imunologicamente competentes

A evoluccedilatildeo geralmente eacute crocircnica e natildeo responde aos tratamentos com antibioacuteticos

A avaliaccedilatildeo por tomografia computadorizada nesses pacientes mostra o envolvimento de

muacuteltiplos seios

Os fungos mais comumente encontrados satildeo o Aspergillus Curvularia Alternaria e Bipolaris O

principal patoacutegeno eacute o Aspergillus fumigatus embora o Aspergillus flavus seja ocasionalmente

isolado15 Quase sempre o tratamento eacute ciruacutergico

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 13: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

13

FIGURA 4 Imagens comparativas na rinossinusite maxilar esquerda Fonte Da autora Imagens

utilizadas de arquivo proacuteprio

Imagem utilizada disponiacutevel em httpwwwclinicacosercomveja-fotos-derinoscopia7 Acessado em 25042016

7 MICROBIOLOGIA NA RSA

Nas formas virais os agentes frequentemente envolvidos satildeo o Rhino-influenzae influenzae e

parainfluenzae de forma isolada ou associada agraves infecccedilotildees bacterianas pois em mais de 30 dos

casos de sinusite aguda a infecccedilatildeo eacute polimicrobiana2611

Quando presentes as bacteacuterias mais comumente envolvidas satildeo o S pneumoniae (55) H

influenzae (20) viacuterus respiratoacuterios (15) anaeroacutebios (9) M catarrhalis Streptococcus

hemoliacutetico do grupo A e Streptococcus alfa-hemoliacutetico (1)2611

Na presenccedila das patologias onde ocorre a diminuiccedilatildeo da motilidade ciliar (fibrose ciacutestica siacutendrome

da imotilidade ciliar siacutendrome de Kartagener) Pseudomonas aeruginosa e Staphilococcus aureus

podem estar presentes2611

H influenza S pneumoniae Aspergillus species Candida albicans Legionella pneumophila

fungos da classe Zygomicetes e da ordem Mucorales (Rhizopus arrhizus Mucor sp) podem ser

encontrados em pacientes com doenccedilas sistecircmicas que passaram por infecccedilatildeo viral recente ou

terapia com corticosteroides e na siacutendrome da imunodeficiecircncia adquirida (Sida)2611

14

8 TRATAMENTO DA RSA

Aspectos relevantes

Como a maior parte das infecccedilotildees nas RSA eacute de etiologia viral o objetivo do tratamento eacute

minimizar sintomas de obstruccedilatildeo nasal e da rinorreia promovendo a resoluccedilatildeo dos mecanismos

fisiopatoloacutegicos e o tratamento das exacerbaccedilotildees visando

Permitir e favorecer boa drenagem e ventilaccedilatildeo dos seios paranasais

Limpeza nasal com soluccedilatildeo fisioloacutegica

Uso de anti-inflamatoacuterios (esteroides natildeo esteroides)

Antibioticoterapia (se necessaacuterio)

9 CONSIDERACcedilOtildeES NO TRATAMENTO SINTOMAacuteTICO

91 Descongestionantes nasais de uso toacutepico

Nas infecccedilotildees virais podem ser prescritos como sintomaacuteticos Nas RSA bacterianas persistentes o

uso de vasoconstritor toacutepico nasal pode aliviar a obstruccedilatildeo nasal e aumentar o fluxo inspiratoacuterio

Deve-se evitar o uso de vasoconstritores toacutepicos de forma isolada e considerar

A possibilidade de complicaccedilotildees decorrentes da interaccedilatildeo medicamentosa com outras drogas

A possibilidade de descontrole da hipertensatildeo arterial e do glaucoma

Natildeo utilizar por mais de quatro dias consecutivos pelo risco de congestatildeo nasal rebote

92 Descongestionantes sistecircmicos orais

Normalmente satildeo utilizados para diminuir o edema e facilitar a drenagem de secreccedilotildees embora

careccedilam de evidecircncias que comprovem sua eficaacutecia Devem ser evitados em pacientes com

doenccedila cardiovascular hipertensatildeo e com hipertrofia prostaacutetica benigna Nas infecccedilotildees

bacterianas natildeo satildeo recomendados Seu uso isolado ou associado aos anti-histamiacutenicos nas RSA

bacterianas natildeo modifica de forma significativa a evoluccedilatildeo cliacutenica ou radioloacutegica tanto em

crianccedilas quanto em adultos Pode comprometer a evoluccedilatildeo dos sintomas por promover

ressecamento das secreccedilotildees em todo o trato respiratoacuterio dificultando sua drenagem nas

cavidades paranasais

15

93 Anti-histamiacutenicos

Muitas vezes satildeo prescritos para controle sintomaacutetico mas natildeo haacute estudos que comprovem

qualquer eficaacutecia natildeo sendo desta forma recomendados de rotina

94 Irrigaccedilatildeo com soluccedilatildeo salina

Apesar da pouca evidecircncia de benefiacutecio cliacutenico de forma geral recomenda-se a utilizaccedilatildeo da

lavagem salina nasal em pacientes com RSA que promove melhora da funccedilatildeo ciliar reduz o

edema de mucosa colabora na limpeza da cavidade nasal e da secreccedilatildeo presente nos processos

infecciosos aleacutem de natildeo apresentar efeitos colaterais

95 Corticoide nasal

Os corticoides nasais proporcionam melhora dos sintomas nas infecccedilotildees virais e bacterianas

principalmente em pacientes portadores de rinite aleacutergica Deve ser usado em adultos de forma

parcimoniosa na tentativa de reduzir o uso de antibioacuteticos

Entretanto na presenccedila de secreccedilatildeo catarral abundante sua accedilatildeo pode ficar prejudicada

Os mais utilizados satildeo o fumarato de mometasona budesonida e propionato de fluticasona

Eacute discutiacutevel sua utilizaccedilatildeo associada agrave antibioticoterapia Seu uso deve ser restrito e cauteloso nos

pacientes portadores de glaucoma

Sua melhor utilizaccedilatildeo eacute na fase inter-crises das rinossinusites recorrentes como medida

preventiva e no tratamento das rinopatias aleacutergicas

96 Corticoide oral

Mostra-se mais eficaz quando comparado ao corticoide intranasal aleacutem de mais seguro do que os

anti-inflamatoacuterios natildeo hormonais

Seu uso eacute recomendado em pacientes adultos e crianccedilas com RSAB desde que natildeo apresentem

contraindicaccedilotildees para seu uso

O corticoide oral quando necessaacuterio deve ser utilizado por trecircs a cinco dias e sempre associado agrave

antibioticoterapia

16

Metanaacutelises com estudos de placebo

controlados randomizados e duplo-cegos

mostraram que

A eficaacutecia dos antibioacuteticos na melhora dos

sintomas dos pacientes com RSAB

especialmente se administrados

criteriosamente

Natildeo estatildeo indicados nos casos de

rinossinusites virais

Cerca de 65 dos pacientes diagnosticados

com RSAB apresenta resoluccedilatildeo cliacutenica

espontacircnea nos primeiros dez dias

A introduccedilatildeo do antibioacutetico deve ser

considerada quando natildeo haacute melhora apoacutes o

tratamento com medidas adjuvantes ou se

os sintomas se acentuarem

CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

97 Antibioacuteticos

Antibioacuteticos satildeo administrados apenas

em situaccedilotildees que sugerem fortemente

infecccedilatildeo bacteriana

Muitas vezes eacute difiacutecil distinguir

infecccedilotildees virais de bacterianas nos

primeiros 10 dias de doenccedila mas trecircs

caracteriacutesticas que sugerem a etiologia

bacteriana devem consideradas

a) Sintomas que persistem mais de

10 dias sem melhora cliacutenica

aparente

b) Sintomas intensos que incluem

febre com temperatura gt 39 degC

associada agrave rinorreia purulenta ou

dor facial e com duraccedilatildeo de pelo

menos trecircs dias logo no iniacutecio do

quadro

c) Piora cliacutenica conforme os sintomas

descritos que ocorrem apoacutes um

quadro nitidamente viral que

estava em processo de melhora

cliacutenica

Na presenccedila de sintomas compatiacuteveis com quadro bacteriano o paciente deve receber

antibioacuteticos com objetivo de minimizar sintomas diminuir o tempo da doenccedila evitar infecccedilotildees

recorrentes e complicaccedilotildees

A Infectious Diseases Society of America (2012) sobre antibioacuteticos recomenda

Amoxicilina-clavulanato antibioacutetico de primeira escolha se o paciente natildeo eacute aleacutergico a

penicilina A dose eacute de 500mg125mg a cada 8 horas

Em aleacutergicos a amoxicilina doxiciclina levofloxacina e moxifloxacina

Claritromicina azitromicina e cefalosporinas de 2ordf e 3ordf geraccedilotildees tambeacutem satildeo opccedilotildees viaacuteveis

Nas gestantes a primeira opccedilatildeo eacute amoxicilina sendo azitromicina a opccedilatildeo quando houver

alergia agrave amoxicilina

Ainda natildeo existem estudos que definam o tempo ideal de tratamento com antibioacuteticos Zambon

(2013) menciona as recomendaccedilotildees de diretrizes internacionais quanto ao uso dos antibioacuteticos por

5 a 7 dias e natildeo mais por 10 a 14 dias uma vez que estudos mostraram que os resultados

terapecircuticos satildeo semelhantes com estes diferentes tempos

17

Na eventualidade de falha terapecircutica as opccedilotildees viaacuteveis como 2ordf linha para pacientes que foram

inicialmente tratados com amoxicilina-clavulanato nas doses usuais satildeo

Amoxicilina 2g ndash clavulanato 125mg VO a cada 12 horas ou

Levofloxacina 500mg VO 1 vezdia ou

Moxifloxacina 400mg VO 1 vezdia

10 COMPLICACcedilOtildeES DAS RSA

As complicaccedilotildees das rinossinusites satildeo decorrentes de infecccedilotildees agudas ou crocircnicas e mais

frequentes na populaccedilatildeo infantil (TABELA 3)

As vias de disseminaccedilatildeo satildeo por contiguidade erosatildeo oacutessea ou hematogecircnicas podendo ser

hematoloacutegica ou neuroloacutegica

Satildeo quadros graves de evoluccedilatildeo imprevisiacutevel e requerem monitoramento e tratamento em

ambiente hospitalar

TABELA 3 Complicaccedilotildees e Sinais de Alerta na RSA

Fonte Soc Bras de ORL(2011) Rosenfeld RM sinusitis (2015)16 5

CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess mmaaiiss ffrreeqquueenntteess ddaass

RRiinnoossssiinnuussiitteess

SSiinnaaiiss ddee AAlleerrttaa ppaarraa CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess

OOffttaallmmooNNeeuurroolloacuteoacuteggiiccaass ddaa RRiinnoossssiinnuussiittee

Otites

Broncopneumonia

Ativaccedilatildeo de asma brocircnquica

Neuroloacutegicas (abscesso cerebral e

tromboflebite do seio cavernoso)

Oftalmoloacutegicas (celulite periorbitaacuteria)

Dor e febre sem melhora apoacutes 72 horas de

tratamento adequado

Edema eou eritema palpebral

Borramento da visatildeo

Cefaleia intensa com irritabilidade

Sinais de toxemia

18

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC)

111 Aspectos relevantes

Da mesma forma que a rinossinusite aguda a RSC eacute um estaacutegio evolutivo dos quadros de rinite Eacute

considerado um contiacutenuo da RSA podendo tambeacutem sofrer processo de reagudizaccedilatildeo6

O diagnoacutestico cliacutenico da RSC baseia-se na presenccedila de sinais e sintomas nasossinusais com mais

de 12 semanas de evoluccedilatildeo e aos fatores que levam a RSA a processo de cronificaccedilatildeo descritos no

QUADRO 1

Observam-se com relativa frequecircncia alguns indiviacuteduos que manifestam episoacutedios mais severos

com o comprometimento simultacircneo de todo o trato respiratoacuterio superior e inferior Estes

indiviacuteduos apresentam uma resposta inflamatoacuteria exacerbada frente aos fatores agressores como

os viacuterus as bacteacuterias fungos e fatores ambientais associando polipose nasal hiperatividade

brocircnquica e intoleracircncia aos salicilatos Deve-se aqui ponderar a presenccedila de patologias

mucociliares ou doenccedilas auto-imunes (granulomatose de Wegener)217

QUADRO 1 Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Fonte Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC

Obstruccedilatildeo e congestatildeo nasal - eacute menos frequumlente e estaacute normalmente associada a fatores como

desvios septais rinite aleacutergica e outros

Rinorreia - (aquosa mucoide ou mucopurulenta) tende a se apresentar em menor quantidade nos

casos crocircnicos e muitas vezes perceptiacutevel apenas como drenagem retronasal

Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Tratamentos cliacutenicos inadequados

Alteraccedilotildees anatocircmicas que predisponham agraves infecccedilotildees de repeticcedilatildeo

Fatores obstrutivos intranasais - edema da mucosa hipertrofia de cornetos desvio septal

poacutelipos tumores e vegetaccedilotildees adenoideanas nas crianccedilas ou nos imunodeprimidos

Doenccedilas sistecircmicas

Deficiecircncias do sistema imunoloacutegico

Presenccedila de biofilmes de bacteacuterias aderidos na mucosa rinossinusal causando resistecircncia

elevada aos antibioacuteticos

19

Dor facial - natildeo eacute um sintoma comum na rinossinusite crocircnica podendo aparecer nas fases de

agudizaccedilatildeo

Tosse crocircnica - pode ser o uacutenico sintoma presente em casos de RSC especialmente em crianccedilas

Geralmente eacute natildeo produtiva com periacuteodos de exacerbaccedilatildeo agrave noite A rinorreia catarral posterior

pode ser a responsaacutevel bem como a estimulaccedilatildeo de reflexos nasopulmonares originados da

mucosa nasossinusal inflamada

Cacosmia ou fetidez nasal - pode ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva

quando sentida pelas pessoas que o cercam (geralmente estaacute associada agrave halitose)

Epistaxes - podem ou natildeo estar presentes2

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES

Define-se a partir de muacuteltiplos episoacutedios de RSA nos quais os sinais e sintomas desaparecem entre

um episoacutedio e outro voltando o paciente agrave normalidade

O tratamento pode ser cliacutenico ou ciruacutergico buscando sempre corrigir os fatores predisponentes agrave

repeticcedilatildeo dos processos infecciosos

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA

Na ocorrecircncia de muacuteltiplos episoacutedios onde o paciente natildeo volta agrave condiccedilatildeo de normalidade entre

os episoacutedios de agudizaccedilatildeo

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA

Satildeo mais frequentes em pacientes com algum comprometimento imunoloacutegico podendo

acometer tambeacutem pacientes imunologicamente competentes

A evoluccedilatildeo geralmente eacute crocircnica e natildeo responde aos tratamentos com antibioacuteticos

A avaliaccedilatildeo por tomografia computadorizada nesses pacientes mostra o envolvimento de

muacuteltiplos seios

Os fungos mais comumente encontrados satildeo o Aspergillus Curvularia Alternaria e Bipolaris O

principal patoacutegeno eacute o Aspergillus fumigatus embora o Aspergillus flavus seja ocasionalmente

isolado15 Quase sempre o tratamento eacute ciruacutergico

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 14: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

14

8 TRATAMENTO DA RSA

Aspectos relevantes

Como a maior parte das infecccedilotildees nas RSA eacute de etiologia viral o objetivo do tratamento eacute

minimizar sintomas de obstruccedilatildeo nasal e da rinorreia promovendo a resoluccedilatildeo dos mecanismos

fisiopatoloacutegicos e o tratamento das exacerbaccedilotildees visando

Permitir e favorecer boa drenagem e ventilaccedilatildeo dos seios paranasais

Limpeza nasal com soluccedilatildeo fisioloacutegica

Uso de anti-inflamatoacuterios (esteroides natildeo esteroides)

Antibioticoterapia (se necessaacuterio)

9 CONSIDERACcedilOtildeES NO TRATAMENTO SINTOMAacuteTICO

91 Descongestionantes nasais de uso toacutepico

Nas infecccedilotildees virais podem ser prescritos como sintomaacuteticos Nas RSA bacterianas persistentes o

uso de vasoconstritor toacutepico nasal pode aliviar a obstruccedilatildeo nasal e aumentar o fluxo inspiratoacuterio

Deve-se evitar o uso de vasoconstritores toacutepicos de forma isolada e considerar

A possibilidade de complicaccedilotildees decorrentes da interaccedilatildeo medicamentosa com outras drogas

A possibilidade de descontrole da hipertensatildeo arterial e do glaucoma

Natildeo utilizar por mais de quatro dias consecutivos pelo risco de congestatildeo nasal rebote

92 Descongestionantes sistecircmicos orais

Normalmente satildeo utilizados para diminuir o edema e facilitar a drenagem de secreccedilotildees embora

careccedilam de evidecircncias que comprovem sua eficaacutecia Devem ser evitados em pacientes com

doenccedila cardiovascular hipertensatildeo e com hipertrofia prostaacutetica benigna Nas infecccedilotildees

bacterianas natildeo satildeo recomendados Seu uso isolado ou associado aos anti-histamiacutenicos nas RSA

bacterianas natildeo modifica de forma significativa a evoluccedilatildeo cliacutenica ou radioloacutegica tanto em

crianccedilas quanto em adultos Pode comprometer a evoluccedilatildeo dos sintomas por promover

ressecamento das secreccedilotildees em todo o trato respiratoacuterio dificultando sua drenagem nas

cavidades paranasais

15

93 Anti-histamiacutenicos

Muitas vezes satildeo prescritos para controle sintomaacutetico mas natildeo haacute estudos que comprovem

qualquer eficaacutecia natildeo sendo desta forma recomendados de rotina

94 Irrigaccedilatildeo com soluccedilatildeo salina

Apesar da pouca evidecircncia de benefiacutecio cliacutenico de forma geral recomenda-se a utilizaccedilatildeo da

lavagem salina nasal em pacientes com RSA que promove melhora da funccedilatildeo ciliar reduz o

edema de mucosa colabora na limpeza da cavidade nasal e da secreccedilatildeo presente nos processos

infecciosos aleacutem de natildeo apresentar efeitos colaterais

95 Corticoide nasal

Os corticoides nasais proporcionam melhora dos sintomas nas infecccedilotildees virais e bacterianas

principalmente em pacientes portadores de rinite aleacutergica Deve ser usado em adultos de forma

parcimoniosa na tentativa de reduzir o uso de antibioacuteticos

Entretanto na presenccedila de secreccedilatildeo catarral abundante sua accedilatildeo pode ficar prejudicada

Os mais utilizados satildeo o fumarato de mometasona budesonida e propionato de fluticasona

Eacute discutiacutevel sua utilizaccedilatildeo associada agrave antibioticoterapia Seu uso deve ser restrito e cauteloso nos

pacientes portadores de glaucoma

Sua melhor utilizaccedilatildeo eacute na fase inter-crises das rinossinusites recorrentes como medida

preventiva e no tratamento das rinopatias aleacutergicas

96 Corticoide oral

Mostra-se mais eficaz quando comparado ao corticoide intranasal aleacutem de mais seguro do que os

anti-inflamatoacuterios natildeo hormonais

Seu uso eacute recomendado em pacientes adultos e crianccedilas com RSAB desde que natildeo apresentem

contraindicaccedilotildees para seu uso

O corticoide oral quando necessaacuterio deve ser utilizado por trecircs a cinco dias e sempre associado agrave

antibioticoterapia

16

Metanaacutelises com estudos de placebo

controlados randomizados e duplo-cegos

mostraram que

A eficaacutecia dos antibioacuteticos na melhora dos

sintomas dos pacientes com RSAB

especialmente se administrados

criteriosamente

Natildeo estatildeo indicados nos casos de

rinossinusites virais

Cerca de 65 dos pacientes diagnosticados

com RSAB apresenta resoluccedilatildeo cliacutenica

espontacircnea nos primeiros dez dias

A introduccedilatildeo do antibioacutetico deve ser

considerada quando natildeo haacute melhora apoacutes o

tratamento com medidas adjuvantes ou se

os sintomas se acentuarem

CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

97 Antibioacuteticos

Antibioacuteticos satildeo administrados apenas

em situaccedilotildees que sugerem fortemente

infecccedilatildeo bacteriana

Muitas vezes eacute difiacutecil distinguir

infecccedilotildees virais de bacterianas nos

primeiros 10 dias de doenccedila mas trecircs

caracteriacutesticas que sugerem a etiologia

bacteriana devem consideradas

a) Sintomas que persistem mais de

10 dias sem melhora cliacutenica

aparente

b) Sintomas intensos que incluem

febre com temperatura gt 39 degC

associada agrave rinorreia purulenta ou

dor facial e com duraccedilatildeo de pelo

menos trecircs dias logo no iniacutecio do

quadro

c) Piora cliacutenica conforme os sintomas

descritos que ocorrem apoacutes um

quadro nitidamente viral que

estava em processo de melhora

cliacutenica

Na presenccedila de sintomas compatiacuteveis com quadro bacteriano o paciente deve receber

antibioacuteticos com objetivo de minimizar sintomas diminuir o tempo da doenccedila evitar infecccedilotildees

recorrentes e complicaccedilotildees

A Infectious Diseases Society of America (2012) sobre antibioacuteticos recomenda

Amoxicilina-clavulanato antibioacutetico de primeira escolha se o paciente natildeo eacute aleacutergico a

penicilina A dose eacute de 500mg125mg a cada 8 horas

Em aleacutergicos a amoxicilina doxiciclina levofloxacina e moxifloxacina

Claritromicina azitromicina e cefalosporinas de 2ordf e 3ordf geraccedilotildees tambeacutem satildeo opccedilotildees viaacuteveis

Nas gestantes a primeira opccedilatildeo eacute amoxicilina sendo azitromicina a opccedilatildeo quando houver

alergia agrave amoxicilina

Ainda natildeo existem estudos que definam o tempo ideal de tratamento com antibioacuteticos Zambon

(2013) menciona as recomendaccedilotildees de diretrizes internacionais quanto ao uso dos antibioacuteticos por

5 a 7 dias e natildeo mais por 10 a 14 dias uma vez que estudos mostraram que os resultados

terapecircuticos satildeo semelhantes com estes diferentes tempos

17

Na eventualidade de falha terapecircutica as opccedilotildees viaacuteveis como 2ordf linha para pacientes que foram

inicialmente tratados com amoxicilina-clavulanato nas doses usuais satildeo

Amoxicilina 2g ndash clavulanato 125mg VO a cada 12 horas ou

Levofloxacina 500mg VO 1 vezdia ou

Moxifloxacina 400mg VO 1 vezdia

10 COMPLICACcedilOtildeES DAS RSA

As complicaccedilotildees das rinossinusites satildeo decorrentes de infecccedilotildees agudas ou crocircnicas e mais

frequentes na populaccedilatildeo infantil (TABELA 3)

As vias de disseminaccedilatildeo satildeo por contiguidade erosatildeo oacutessea ou hematogecircnicas podendo ser

hematoloacutegica ou neuroloacutegica

Satildeo quadros graves de evoluccedilatildeo imprevisiacutevel e requerem monitoramento e tratamento em

ambiente hospitalar

TABELA 3 Complicaccedilotildees e Sinais de Alerta na RSA

Fonte Soc Bras de ORL(2011) Rosenfeld RM sinusitis (2015)16 5

CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess mmaaiiss ffrreeqquueenntteess ddaass

RRiinnoossssiinnuussiitteess

SSiinnaaiiss ddee AAlleerrttaa ppaarraa CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess

OOffttaallmmooNNeeuurroolloacuteoacuteggiiccaass ddaa RRiinnoossssiinnuussiittee

Otites

Broncopneumonia

Ativaccedilatildeo de asma brocircnquica

Neuroloacutegicas (abscesso cerebral e

tromboflebite do seio cavernoso)

Oftalmoloacutegicas (celulite periorbitaacuteria)

Dor e febre sem melhora apoacutes 72 horas de

tratamento adequado

Edema eou eritema palpebral

Borramento da visatildeo

Cefaleia intensa com irritabilidade

Sinais de toxemia

18

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC)

111 Aspectos relevantes

Da mesma forma que a rinossinusite aguda a RSC eacute um estaacutegio evolutivo dos quadros de rinite Eacute

considerado um contiacutenuo da RSA podendo tambeacutem sofrer processo de reagudizaccedilatildeo6

O diagnoacutestico cliacutenico da RSC baseia-se na presenccedila de sinais e sintomas nasossinusais com mais

de 12 semanas de evoluccedilatildeo e aos fatores que levam a RSA a processo de cronificaccedilatildeo descritos no

QUADRO 1

Observam-se com relativa frequecircncia alguns indiviacuteduos que manifestam episoacutedios mais severos

com o comprometimento simultacircneo de todo o trato respiratoacuterio superior e inferior Estes

indiviacuteduos apresentam uma resposta inflamatoacuteria exacerbada frente aos fatores agressores como

os viacuterus as bacteacuterias fungos e fatores ambientais associando polipose nasal hiperatividade

brocircnquica e intoleracircncia aos salicilatos Deve-se aqui ponderar a presenccedila de patologias

mucociliares ou doenccedilas auto-imunes (granulomatose de Wegener)217

QUADRO 1 Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Fonte Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC

Obstruccedilatildeo e congestatildeo nasal - eacute menos frequumlente e estaacute normalmente associada a fatores como

desvios septais rinite aleacutergica e outros

Rinorreia - (aquosa mucoide ou mucopurulenta) tende a se apresentar em menor quantidade nos

casos crocircnicos e muitas vezes perceptiacutevel apenas como drenagem retronasal

Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Tratamentos cliacutenicos inadequados

Alteraccedilotildees anatocircmicas que predisponham agraves infecccedilotildees de repeticcedilatildeo

Fatores obstrutivos intranasais - edema da mucosa hipertrofia de cornetos desvio septal

poacutelipos tumores e vegetaccedilotildees adenoideanas nas crianccedilas ou nos imunodeprimidos

Doenccedilas sistecircmicas

Deficiecircncias do sistema imunoloacutegico

Presenccedila de biofilmes de bacteacuterias aderidos na mucosa rinossinusal causando resistecircncia

elevada aos antibioacuteticos

19

Dor facial - natildeo eacute um sintoma comum na rinossinusite crocircnica podendo aparecer nas fases de

agudizaccedilatildeo

Tosse crocircnica - pode ser o uacutenico sintoma presente em casos de RSC especialmente em crianccedilas

Geralmente eacute natildeo produtiva com periacuteodos de exacerbaccedilatildeo agrave noite A rinorreia catarral posterior

pode ser a responsaacutevel bem como a estimulaccedilatildeo de reflexos nasopulmonares originados da

mucosa nasossinusal inflamada

Cacosmia ou fetidez nasal - pode ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva

quando sentida pelas pessoas que o cercam (geralmente estaacute associada agrave halitose)

Epistaxes - podem ou natildeo estar presentes2

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES

Define-se a partir de muacuteltiplos episoacutedios de RSA nos quais os sinais e sintomas desaparecem entre

um episoacutedio e outro voltando o paciente agrave normalidade

O tratamento pode ser cliacutenico ou ciruacutergico buscando sempre corrigir os fatores predisponentes agrave

repeticcedilatildeo dos processos infecciosos

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA

Na ocorrecircncia de muacuteltiplos episoacutedios onde o paciente natildeo volta agrave condiccedilatildeo de normalidade entre

os episoacutedios de agudizaccedilatildeo

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA

Satildeo mais frequentes em pacientes com algum comprometimento imunoloacutegico podendo

acometer tambeacutem pacientes imunologicamente competentes

A evoluccedilatildeo geralmente eacute crocircnica e natildeo responde aos tratamentos com antibioacuteticos

A avaliaccedilatildeo por tomografia computadorizada nesses pacientes mostra o envolvimento de

muacuteltiplos seios

Os fungos mais comumente encontrados satildeo o Aspergillus Curvularia Alternaria e Bipolaris O

principal patoacutegeno eacute o Aspergillus fumigatus embora o Aspergillus flavus seja ocasionalmente

isolado15 Quase sempre o tratamento eacute ciruacutergico

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 15: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

15

93 Anti-histamiacutenicos

Muitas vezes satildeo prescritos para controle sintomaacutetico mas natildeo haacute estudos que comprovem

qualquer eficaacutecia natildeo sendo desta forma recomendados de rotina

94 Irrigaccedilatildeo com soluccedilatildeo salina

Apesar da pouca evidecircncia de benefiacutecio cliacutenico de forma geral recomenda-se a utilizaccedilatildeo da

lavagem salina nasal em pacientes com RSA que promove melhora da funccedilatildeo ciliar reduz o

edema de mucosa colabora na limpeza da cavidade nasal e da secreccedilatildeo presente nos processos

infecciosos aleacutem de natildeo apresentar efeitos colaterais

95 Corticoide nasal

Os corticoides nasais proporcionam melhora dos sintomas nas infecccedilotildees virais e bacterianas

principalmente em pacientes portadores de rinite aleacutergica Deve ser usado em adultos de forma

parcimoniosa na tentativa de reduzir o uso de antibioacuteticos

Entretanto na presenccedila de secreccedilatildeo catarral abundante sua accedilatildeo pode ficar prejudicada

Os mais utilizados satildeo o fumarato de mometasona budesonida e propionato de fluticasona

Eacute discutiacutevel sua utilizaccedilatildeo associada agrave antibioticoterapia Seu uso deve ser restrito e cauteloso nos

pacientes portadores de glaucoma

Sua melhor utilizaccedilatildeo eacute na fase inter-crises das rinossinusites recorrentes como medida

preventiva e no tratamento das rinopatias aleacutergicas

96 Corticoide oral

Mostra-se mais eficaz quando comparado ao corticoide intranasal aleacutem de mais seguro do que os

anti-inflamatoacuterios natildeo hormonais

Seu uso eacute recomendado em pacientes adultos e crianccedilas com RSAB desde que natildeo apresentem

contraindicaccedilotildees para seu uso

O corticoide oral quando necessaacuterio deve ser utilizado por trecircs a cinco dias e sempre associado agrave

antibioticoterapia

16

Metanaacutelises com estudos de placebo

controlados randomizados e duplo-cegos

mostraram que

A eficaacutecia dos antibioacuteticos na melhora dos

sintomas dos pacientes com RSAB

especialmente se administrados

criteriosamente

Natildeo estatildeo indicados nos casos de

rinossinusites virais

Cerca de 65 dos pacientes diagnosticados

com RSAB apresenta resoluccedilatildeo cliacutenica

espontacircnea nos primeiros dez dias

A introduccedilatildeo do antibioacutetico deve ser

considerada quando natildeo haacute melhora apoacutes o

tratamento com medidas adjuvantes ou se

os sintomas se acentuarem

CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

97 Antibioacuteticos

Antibioacuteticos satildeo administrados apenas

em situaccedilotildees que sugerem fortemente

infecccedilatildeo bacteriana

Muitas vezes eacute difiacutecil distinguir

infecccedilotildees virais de bacterianas nos

primeiros 10 dias de doenccedila mas trecircs

caracteriacutesticas que sugerem a etiologia

bacteriana devem consideradas

a) Sintomas que persistem mais de

10 dias sem melhora cliacutenica

aparente

b) Sintomas intensos que incluem

febre com temperatura gt 39 degC

associada agrave rinorreia purulenta ou

dor facial e com duraccedilatildeo de pelo

menos trecircs dias logo no iniacutecio do

quadro

c) Piora cliacutenica conforme os sintomas

descritos que ocorrem apoacutes um

quadro nitidamente viral que

estava em processo de melhora

cliacutenica

Na presenccedila de sintomas compatiacuteveis com quadro bacteriano o paciente deve receber

antibioacuteticos com objetivo de minimizar sintomas diminuir o tempo da doenccedila evitar infecccedilotildees

recorrentes e complicaccedilotildees

A Infectious Diseases Society of America (2012) sobre antibioacuteticos recomenda

Amoxicilina-clavulanato antibioacutetico de primeira escolha se o paciente natildeo eacute aleacutergico a

penicilina A dose eacute de 500mg125mg a cada 8 horas

Em aleacutergicos a amoxicilina doxiciclina levofloxacina e moxifloxacina

Claritromicina azitromicina e cefalosporinas de 2ordf e 3ordf geraccedilotildees tambeacutem satildeo opccedilotildees viaacuteveis

Nas gestantes a primeira opccedilatildeo eacute amoxicilina sendo azitromicina a opccedilatildeo quando houver

alergia agrave amoxicilina

Ainda natildeo existem estudos que definam o tempo ideal de tratamento com antibioacuteticos Zambon

(2013) menciona as recomendaccedilotildees de diretrizes internacionais quanto ao uso dos antibioacuteticos por

5 a 7 dias e natildeo mais por 10 a 14 dias uma vez que estudos mostraram que os resultados

terapecircuticos satildeo semelhantes com estes diferentes tempos

17

Na eventualidade de falha terapecircutica as opccedilotildees viaacuteveis como 2ordf linha para pacientes que foram

inicialmente tratados com amoxicilina-clavulanato nas doses usuais satildeo

Amoxicilina 2g ndash clavulanato 125mg VO a cada 12 horas ou

Levofloxacina 500mg VO 1 vezdia ou

Moxifloxacina 400mg VO 1 vezdia

10 COMPLICACcedilOtildeES DAS RSA

As complicaccedilotildees das rinossinusites satildeo decorrentes de infecccedilotildees agudas ou crocircnicas e mais

frequentes na populaccedilatildeo infantil (TABELA 3)

As vias de disseminaccedilatildeo satildeo por contiguidade erosatildeo oacutessea ou hematogecircnicas podendo ser

hematoloacutegica ou neuroloacutegica

Satildeo quadros graves de evoluccedilatildeo imprevisiacutevel e requerem monitoramento e tratamento em

ambiente hospitalar

TABELA 3 Complicaccedilotildees e Sinais de Alerta na RSA

Fonte Soc Bras de ORL(2011) Rosenfeld RM sinusitis (2015)16 5

CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess mmaaiiss ffrreeqquueenntteess ddaass

RRiinnoossssiinnuussiitteess

SSiinnaaiiss ddee AAlleerrttaa ppaarraa CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess

OOffttaallmmooNNeeuurroolloacuteoacuteggiiccaass ddaa RRiinnoossssiinnuussiittee

Otites

Broncopneumonia

Ativaccedilatildeo de asma brocircnquica

Neuroloacutegicas (abscesso cerebral e

tromboflebite do seio cavernoso)

Oftalmoloacutegicas (celulite periorbitaacuteria)

Dor e febre sem melhora apoacutes 72 horas de

tratamento adequado

Edema eou eritema palpebral

Borramento da visatildeo

Cefaleia intensa com irritabilidade

Sinais de toxemia

18

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC)

111 Aspectos relevantes

Da mesma forma que a rinossinusite aguda a RSC eacute um estaacutegio evolutivo dos quadros de rinite Eacute

considerado um contiacutenuo da RSA podendo tambeacutem sofrer processo de reagudizaccedilatildeo6

O diagnoacutestico cliacutenico da RSC baseia-se na presenccedila de sinais e sintomas nasossinusais com mais

de 12 semanas de evoluccedilatildeo e aos fatores que levam a RSA a processo de cronificaccedilatildeo descritos no

QUADRO 1

Observam-se com relativa frequecircncia alguns indiviacuteduos que manifestam episoacutedios mais severos

com o comprometimento simultacircneo de todo o trato respiratoacuterio superior e inferior Estes

indiviacuteduos apresentam uma resposta inflamatoacuteria exacerbada frente aos fatores agressores como

os viacuterus as bacteacuterias fungos e fatores ambientais associando polipose nasal hiperatividade

brocircnquica e intoleracircncia aos salicilatos Deve-se aqui ponderar a presenccedila de patologias

mucociliares ou doenccedilas auto-imunes (granulomatose de Wegener)217

QUADRO 1 Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Fonte Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC

Obstruccedilatildeo e congestatildeo nasal - eacute menos frequumlente e estaacute normalmente associada a fatores como

desvios septais rinite aleacutergica e outros

Rinorreia - (aquosa mucoide ou mucopurulenta) tende a se apresentar em menor quantidade nos

casos crocircnicos e muitas vezes perceptiacutevel apenas como drenagem retronasal

Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Tratamentos cliacutenicos inadequados

Alteraccedilotildees anatocircmicas que predisponham agraves infecccedilotildees de repeticcedilatildeo

Fatores obstrutivos intranasais - edema da mucosa hipertrofia de cornetos desvio septal

poacutelipos tumores e vegetaccedilotildees adenoideanas nas crianccedilas ou nos imunodeprimidos

Doenccedilas sistecircmicas

Deficiecircncias do sistema imunoloacutegico

Presenccedila de biofilmes de bacteacuterias aderidos na mucosa rinossinusal causando resistecircncia

elevada aos antibioacuteticos

19

Dor facial - natildeo eacute um sintoma comum na rinossinusite crocircnica podendo aparecer nas fases de

agudizaccedilatildeo

Tosse crocircnica - pode ser o uacutenico sintoma presente em casos de RSC especialmente em crianccedilas

Geralmente eacute natildeo produtiva com periacuteodos de exacerbaccedilatildeo agrave noite A rinorreia catarral posterior

pode ser a responsaacutevel bem como a estimulaccedilatildeo de reflexos nasopulmonares originados da

mucosa nasossinusal inflamada

Cacosmia ou fetidez nasal - pode ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva

quando sentida pelas pessoas que o cercam (geralmente estaacute associada agrave halitose)

Epistaxes - podem ou natildeo estar presentes2

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES

Define-se a partir de muacuteltiplos episoacutedios de RSA nos quais os sinais e sintomas desaparecem entre

um episoacutedio e outro voltando o paciente agrave normalidade

O tratamento pode ser cliacutenico ou ciruacutergico buscando sempre corrigir os fatores predisponentes agrave

repeticcedilatildeo dos processos infecciosos

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA

Na ocorrecircncia de muacuteltiplos episoacutedios onde o paciente natildeo volta agrave condiccedilatildeo de normalidade entre

os episoacutedios de agudizaccedilatildeo

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA

Satildeo mais frequentes em pacientes com algum comprometimento imunoloacutegico podendo

acometer tambeacutem pacientes imunologicamente competentes

A evoluccedilatildeo geralmente eacute crocircnica e natildeo responde aos tratamentos com antibioacuteticos

A avaliaccedilatildeo por tomografia computadorizada nesses pacientes mostra o envolvimento de

muacuteltiplos seios

Os fungos mais comumente encontrados satildeo o Aspergillus Curvularia Alternaria e Bipolaris O

principal patoacutegeno eacute o Aspergillus fumigatus embora o Aspergillus flavus seja ocasionalmente

isolado15 Quase sempre o tratamento eacute ciruacutergico

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 16: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

16

Metanaacutelises com estudos de placebo

controlados randomizados e duplo-cegos

mostraram que

A eficaacutecia dos antibioacuteticos na melhora dos

sintomas dos pacientes com RSAB

especialmente se administrados

criteriosamente

Natildeo estatildeo indicados nos casos de

rinossinusites virais

Cerca de 65 dos pacientes diagnosticados

com RSAB apresenta resoluccedilatildeo cliacutenica

espontacircnea nos primeiros dez dias

A introduccedilatildeo do antibioacutetico deve ser

considerada quando natildeo haacute melhora apoacutes o

tratamento com medidas adjuvantes ou se

os sintomas se acentuarem

CONSENSO DE RINOSSINUSITES (2013)

97 Antibioacuteticos

Antibioacuteticos satildeo administrados apenas

em situaccedilotildees que sugerem fortemente

infecccedilatildeo bacteriana

Muitas vezes eacute difiacutecil distinguir

infecccedilotildees virais de bacterianas nos

primeiros 10 dias de doenccedila mas trecircs

caracteriacutesticas que sugerem a etiologia

bacteriana devem consideradas

a) Sintomas que persistem mais de

10 dias sem melhora cliacutenica

aparente

b) Sintomas intensos que incluem

febre com temperatura gt 39 degC

associada agrave rinorreia purulenta ou

dor facial e com duraccedilatildeo de pelo

menos trecircs dias logo no iniacutecio do

quadro

c) Piora cliacutenica conforme os sintomas

descritos que ocorrem apoacutes um

quadro nitidamente viral que

estava em processo de melhora

cliacutenica

Na presenccedila de sintomas compatiacuteveis com quadro bacteriano o paciente deve receber

antibioacuteticos com objetivo de minimizar sintomas diminuir o tempo da doenccedila evitar infecccedilotildees

recorrentes e complicaccedilotildees

A Infectious Diseases Society of America (2012) sobre antibioacuteticos recomenda

Amoxicilina-clavulanato antibioacutetico de primeira escolha se o paciente natildeo eacute aleacutergico a

penicilina A dose eacute de 500mg125mg a cada 8 horas

Em aleacutergicos a amoxicilina doxiciclina levofloxacina e moxifloxacina

Claritromicina azitromicina e cefalosporinas de 2ordf e 3ordf geraccedilotildees tambeacutem satildeo opccedilotildees viaacuteveis

Nas gestantes a primeira opccedilatildeo eacute amoxicilina sendo azitromicina a opccedilatildeo quando houver

alergia agrave amoxicilina

Ainda natildeo existem estudos que definam o tempo ideal de tratamento com antibioacuteticos Zambon

(2013) menciona as recomendaccedilotildees de diretrizes internacionais quanto ao uso dos antibioacuteticos por

5 a 7 dias e natildeo mais por 10 a 14 dias uma vez que estudos mostraram que os resultados

terapecircuticos satildeo semelhantes com estes diferentes tempos

17

Na eventualidade de falha terapecircutica as opccedilotildees viaacuteveis como 2ordf linha para pacientes que foram

inicialmente tratados com amoxicilina-clavulanato nas doses usuais satildeo

Amoxicilina 2g ndash clavulanato 125mg VO a cada 12 horas ou

Levofloxacina 500mg VO 1 vezdia ou

Moxifloxacina 400mg VO 1 vezdia

10 COMPLICACcedilOtildeES DAS RSA

As complicaccedilotildees das rinossinusites satildeo decorrentes de infecccedilotildees agudas ou crocircnicas e mais

frequentes na populaccedilatildeo infantil (TABELA 3)

As vias de disseminaccedilatildeo satildeo por contiguidade erosatildeo oacutessea ou hematogecircnicas podendo ser

hematoloacutegica ou neuroloacutegica

Satildeo quadros graves de evoluccedilatildeo imprevisiacutevel e requerem monitoramento e tratamento em

ambiente hospitalar

TABELA 3 Complicaccedilotildees e Sinais de Alerta na RSA

Fonte Soc Bras de ORL(2011) Rosenfeld RM sinusitis (2015)16 5

CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess mmaaiiss ffrreeqquueenntteess ddaass

RRiinnoossssiinnuussiitteess

SSiinnaaiiss ddee AAlleerrttaa ppaarraa CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess

OOffttaallmmooNNeeuurroolloacuteoacuteggiiccaass ddaa RRiinnoossssiinnuussiittee

Otites

Broncopneumonia

Ativaccedilatildeo de asma brocircnquica

Neuroloacutegicas (abscesso cerebral e

tromboflebite do seio cavernoso)

Oftalmoloacutegicas (celulite periorbitaacuteria)

Dor e febre sem melhora apoacutes 72 horas de

tratamento adequado

Edema eou eritema palpebral

Borramento da visatildeo

Cefaleia intensa com irritabilidade

Sinais de toxemia

18

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC)

111 Aspectos relevantes

Da mesma forma que a rinossinusite aguda a RSC eacute um estaacutegio evolutivo dos quadros de rinite Eacute

considerado um contiacutenuo da RSA podendo tambeacutem sofrer processo de reagudizaccedilatildeo6

O diagnoacutestico cliacutenico da RSC baseia-se na presenccedila de sinais e sintomas nasossinusais com mais

de 12 semanas de evoluccedilatildeo e aos fatores que levam a RSA a processo de cronificaccedilatildeo descritos no

QUADRO 1

Observam-se com relativa frequecircncia alguns indiviacuteduos que manifestam episoacutedios mais severos

com o comprometimento simultacircneo de todo o trato respiratoacuterio superior e inferior Estes

indiviacuteduos apresentam uma resposta inflamatoacuteria exacerbada frente aos fatores agressores como

os viacuterus as bacteacuterias fungos e fatores ambientais associando polipose nasal hiperatividade

brocircnquica e intoleracircncia aos salicilatos Deve-se aqui ponderar a presenccedila de patologias

mucociliares ou doenccedilas auto-imunes (granulomatose de Wegener)217

QUADRO 1 Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Fonte Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC

Obstruccedilatildeo e congestatildeo nasal - eacute menos frequumlente e estaacute normalmente associada a fatores como

desvios septais rinite aleacutergica e outros

Rinorreia - (aquosa mucoide ou mucopurulenta) tende a se apresentar em menor quantidade nos

casos crocircnicos e muitas vezes perceptiacutevel apenas como drenagem retronasal

Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Tratamentos cliacutenicos inadequados

Alteraccedilotildees anatocircmicas que predisponham agraves infecccedilotildees de repeticcedilatildeo

Fatores obstrutivos intranasais - edema da mucosa hipertrofia de cornetos desvio septal

poacutelipos tumores e vegetaccedilotildees adenoideanas nas crianccedilas ou nos imunodeprimidos

Doenccedilas sistecircmicas

Deficiecircncias do sistema imunoloacutegico

Presenccedila de biofilmes de bacteacuterias aderidos na mucosa rinossinusal causando resistecircncia

elevada aos antibioacuteticos

19

Dor facial - natildeo eacute um sintoma comum na rinossinusite crocircnica podendo aparecer nas fases de

agudizaccedilatildeo

Tosse crocircnica - pode ser o uacutenico sintoma presente em casos de RSC especialmente em crianccedilas

Geralmente eacute natildeo produtiva com periacuteodos de exacerbaccedilatildeo agrave noite A rinorreia catarral posterior

pode ser a responsaacutevel bem como a estimulaccedilatildeo de reflexos nasopulmonares originados da

mucosa nasossinusal inflamada

Cacosmia ou fetidez nasal - pode ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva

quando sentida pelas pessoas que o cercam (geralmente estaacute associada agrave halitose)

Epistaxes - podem ou natildeo estar presentes2

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES

Define-se a partir de muacuteltiplos episoacutedios de RSA nos quais os sinais e sintomas desaparecem entre

um episoacutedio e outro voltando o paciente agrave normalidade

O tratamento pode ser cliacutenico ou ciruacutergico buscando sempre corrigir os fatores predisponentes agrave

repeticcedilatildeo dos processos infecciosos

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA

Na ocorrecircncia de muacuteltiplos episoacutedios onde o paciente natildeo volta agrave condiccedilatildeo de normalidade entre

os episoacutedios de agudizaccedilatildeo

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA

Satildeo mais frequentes em pacientes com algum comprometimento imunoloacutegico podendo

acometer tambeacutem pacientes imunologicamente competentes

A evoluccedilatildeo geralmente eacute crocircnica e natildeo responde aos tratamentos com antibioacuteticos

A avaliaccedilatildeo por tomografia computadorizada nesses pacientes mostra o envolvimento de

muacuteltiplos seios

Os fungos mais comumente encontrados satildeo o Aspergillus Curvularia Alternaria e Bipolaris O

principal patoacutegeno eacute o Aspergillus fumigatus embora o Aspergillus flavus seja ocasionalmente

isolado15 Quase sempre o tratamento eacute ciruacutergico

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 17: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

17

Na eventualidade de falha terapecircutica as opccedilotildees viaacuteveis como 2ordf linha para pacientes que foram

inicialmente tratados com amoxicilina-clavulanato nas doses usuais satildeo

Amoxicilina 2g ndash clavulanato 125mg VO a cada 12 horas ou

Levofloxacina 500mg VO 1 vezdia ou

Moxifloxacina 400mg VO 1 vezdia

10 COMPLICACcedilOtildeES DAS RSA

As complicaccedilotildees das rinossinusites satildeo decorrentes de infecccedilotildees agudas ou crocircnicas e mais

frequentes na populaccedilatildeo infantil (TABELA 3)

As vias de disseminaccedilatildeo satildeo por contiguidade erosatildeo oacutessea ou hematogecircnicas podendo ser

hematoloacutegica ou neuroloacutegica

Satildeo quadros graves de evoluccedilatildeo imprevisiacutevel e requerem monitoramento e tratamento em

ambiente hospitalar

TABELA 3 Complicaccedilotildees e Sinais de Alerta na RSA

Fonte Soc Bras de ORL(2011) Rosenfeld RM sinusitis (2015)16 5

CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess mmaaiiss ffrreeqquueenntteess ddaass

RRiinnoossssiinnuussiitteess

SSiinnaaiiss ddee AAlleerrttaa ppaarraa CCoommpplliiccaaccedilccedilotildeotildeeess

OOffttaallmmooNNeeuurroolloacuteoacuteggiiccaass ddaa RRiinnoossssiinnuussiittee

Otites

Broncopneumonia

Ativaccedilatildeo de asma brocircnquica

Neuroloacutegicas (abscesso cerebral e

tromboflebite do seio cavernoso)

Oftalmoloacutegicas (celulite periorbitaacuteria)

Dor e febre sem melhora apoacutes 72 horas de

tratamento adequado

Edema eou eritema palpebral

Borramento da visatildeo

Cefaleia intensa com irritabilidade

Sinais de toxemia

18

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC)

111 Aspectos relevantes

Da mesma forma que a rinossinusite aguda a RSC eacute um estaacutegio evolutivo dos quadros de rinite Eacute

considerado um contiacutenuo da RSA podendo tambeacutem sofrer processo de reagudizaccedilatildeo6

O diagnoacutestico cliacutenico da RSC baseia-se na presenccedila de sinais e sintomas nasossinusais com mais

de 12 semanas de evoluccedilatildeo e aos fatores que levam a RSA a processo de cronificaccedilatildeo descritos no

QUADRO 1

Observam-se com relativa frequecircncia alguns indiviacuteduos que manifestam episoacutedios mais severos

com o comprometimento simultacircneo de todo o trato respiratoacuterio superior e inferior Estes

indiviacuteduos apresentam uma resposta inflamatoacuteria exacerbada frente aos fatores agressores como

os viacuterus as bacteacuterias fungos e fatores ambientais associando polipose nasal hiperatividade

brocircnquica e intoleracircncia aos salicilatos Deve-se aqui ponderar a presenccedila de patologias

mucociliares ou doenccedilas auto-imunes (granulomatose de Wegener)217

QUADRO 1 Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Fonte Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC

Obstruccedilatildeo e congestatildeo nasal - eacute menos frequumlente e estaacute normalmente associada a fatores como

desvios septais rinite aleacutergica e outros

Rinorreia - (aquosa mucoide ou mucopurulenta) tende a se apresentar em menor quantidade nos

casos crocircnicos e muitas vezes perceptiacutevel apenas como drenagem retronasal

Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Tratamentos cliacutenicos inadequados

Alteraccedilotildees anatocircmicas que predisponham agraves infecccedilotildees de repeticcedilatildeo

Fatores obstrutivos intranasais - edema da mucosa hipertrofia de cornetos desvio septal

poacutelipos tumores e vegetaccedilotildees adenoideanas nas crianccedilas ou nos imunodeprimidos

Doenccedilas sistecircmicas

Deficiecircncias do sistema imunoloacutegico

Presenccedila de biofilmes de bacteacuterias aderidos na mucosa rinossinusal causando resistecircncia

elevada aos antibioacuteticos

19

Dor facial - natildeo eacute um sintoma comum na rinossinusite crocircnica podendo aparecer nas fases de

agudizaccedilatildeo

Tosse crocircnica - pode ser o uacutenico sintoma presente em casos de RSC especialmente em crianccedilas

Geralmente eacute natildeo produtiva com periacuteodos de exacerbaccedilatildeo agrave noite A rinorreia catarral posterior

pode ser a responsaacutevel bem como a estimulaccedilatildeo de reflexos nasopulmonares originados da

mucosa nasossinusal inflamada

Cacosmia ou fetidez nasal - pode ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva

quando sentida pelas pessoas que o cercam (geralmente estaacute associada agrave halitose)

Epistaxes - podem ou natildeo estar presentes2

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES

Define-se a partir de muacuteltiplos episoacutedios de RSA nos quais os sinais e sintomas desaparecem entre

um episoacutedio e outro voltando o paciente agrave normalidade

O tratamento pode ser cliacutenico ou ciruacutergico buscando sempre corrigir os fatores predisponentes agrave

repeticcedilatildeo dos processos infecciosos

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA

Na ocorrecircncia de muacuteltiplos episoacutedios onde o paciente natildeo volta agrave condiccedilatildeo de normalidade entre

os episoacutedios de agudizaccedilatildeo

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA

Satildeo mais frequentes em pacientes com algum comprometimento imunoloacutegico podendo

acometer tambeacutem pacientes imunologicamente competentes

A evoluccedilatildeo geralmente eacute crocircnica e natildeo responde aos tratamentos com antibioacuteticos

A avaliaccedilatildeo por tomografia computadorizada nesses pacientes mostra o envolvimento de

muacuteltiplos seios

Os fungos mais comumente encontrados satildeo o Aspergillus Curvularia Alternaria e Bipolaris O

principal patoacutegeno eacute o Aspergillus fumigatus embora o Aspergillus flavus seja ocasionalmente

isolado15 Quase sempre o tratamento eacute ciruacutergico

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 18: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

18

11 RINOSSINUSITE CROcircNICA (RSC)

111 Aspectos relevantes

Da mesma forma que a rinossinusite aguda a RSC eacute um estaacutegio evolutivo dos quadros de rinite Eacute

considerado um contiacutenuo da RSA podendo tambeacutem sofrer processo de reagudizaccedilatildeo6

O diagnoacutestico cliacutenico da RSC baseia-se na presenccedila de sinais e sintomas nasossinusais com mais

de 12 semanas de evoluccedilatildeo e aos fatores que levam a RSA a processo de cronificaccedilatildeo descritos no

QUADRO 1

Observam-se com relativa frequecircncia alguns indiviacuteduos que manifestam episoacutedios mais severos

com o comprometimento simultacircneo de todo o trato respiratoacuterio superior e inferior Estes

indiviacuteduos apresentam uma resposta inflamatoacuteria exacerbada frente aos fatores agressores como

os viacuterus as bacteacuterias fungos e fatores ambientais associando polipose nasal hiperatividade

brocircnquica e intoleracircncia aos salicilatos Deve-se aqui ponderar a presenccedila de patologias

mucociliares ou doenccedilas auto-imunes (granulomatose de Wegener)217

QUADRO 1 Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Fonte Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008

12 SINTOMATOLOGIA NA RSC

Obstruccedilatildeo e congestatildeo nasal - eacute menos frequumlente e estaacute normalmente associada a fatores como

desvios septais rinite aleacutergica e outros

Rinorreia - (aquosa mucoide ou mucopurulenta) tende a se apresentar em menor quantidade nos

casos crocircnicos e muitas vezes perceptiacutevel apenas como drenagem retronasal

Fatores que podem levar a RSA ao processo de cronificaccedilatildeo

Tratamentos cliacutenicos inadequados

Alteraccedilotildees anatocircmicas que predisponham agraves infecccedilotildees de repeticcedilatildeo

Fatores obstrutivos intranasais - edema da mucosa hipertrofia de cornetos desvio septal

poacutelipos tumores e vegetaccedilotildees adenoideanas nas crianccedilas ou nos imunodeprimidos

Doenccedilas sistecircmicas

Deficiecircncias do sistema imunoloacutegico

Presenccedila de biofilmes de bacteacuterias aderidos na mucosa rinossinusal causando resistecircncia

elevada aos antibioacuteticos

19

Dor facial - natildeo eacute um sintoma comum na rinossinusite crocircnica podendo aparecer nas fases de

agudizaccedilatildeo

Tosse crocircnica - pode ser o uacutenico sintoma presente em casos de RSC especialmente em crianccedilas

Geralmente eacute natildeo produtiva com periacuteodos de exacerbaccedilatildeo agrave noite A rinorreia catarral posterior

pode ser a responsaacutevel bem como a estimulaccedilatildeo de reflexos nasopulmonares originados da

mucosa nasossinusal inflamada

Cacosmia ou fetidez nasal - pode ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva

quando sentida pelas pessoas que o cercam (geralmente estaacute associada agrave halitose)

Epistaxes - podem ou natildeo estar presentes2

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES

Define-se a partir de muacuteltiplos episoacutedios de RSA nos quais os sinais e sintomas desaparecem entre

um episoacutedio e outro voltando o paciente agrave normalidade

O tratamento pode ser cliacutenico ou ciruacutergico buscando sempre corrigir os fatores predisponentes agrave

repeticcedilatildeo dos processos infecciosos

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA

Na ocorrecircncia de muacuteltiplos episoacutedios onde o paciente natildeo volta agrave condiccedilatildeo de normalidade entre

os episoacutedios de agudizaccedilatildeo

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA

Satildeo mais frequentes em pacientes com algum comprometimento imunoloacutegico podendo

acometer tambeacutem pacientes imunologicamente competentes

A evoluccedilatildeo geralmente eacute crocircnica e natildeo responde aos tratamentos com antibioacuteticos

A avaliaccedilatildeo por tomografia computadorizada nesses pacientes mostra o envolvimento de

muacuteltiplos seios

Os fungos mais comumente encontrados satildeo o Aspergillus Curvularia Alternaria e Bipolaris O

principal patoacutegeno eacute o Aspergillus fumigatus embora o Aspergillus flavus seja ocasionalmente

isolado15 Quase sempre o tratamento eacute ciruacutergico

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 19: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

19

Dor facial - natildeo eacute um sintoma comum na rinossinusite crocircnica podendo aparecer nas fases de

agudizaccedilatildeo

Tosse crocircnica - pode ser o uacutenico sintoma presente em casos de RSC especialmente em crianccedilas

Geralmente eacute natildeo produtiva com periacuteodos de exacerbaccedilatildeo agrave noite A rinorreia catarral posterior

pode ser a responsaacutevel bem como a estimulaccedilatildeo de reflexos nasopulmonares originados da

mucosa nasossinusal inflamada

Cacosmia ou fetidez nasal - pode ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva

quando sentida pelas pessoas que o cercam (geralmente estaacute associada agrave halitose)

Epistaxes - podem ou natildeo estar presentes2

13 RINOSSINUSITES RECORRENTES

Define-se a partir de muacuteltiplos episoacutedios de RSA nos quais os sinais e sintomas desaparecem entre

um episoacutedio e outro voltando o paciente agrave normalidade

O tratamento pode ser cliacutenico ou ciruacutergico buscando sempre corrigir os fatores predisponentes agrave

repeticcedilatildeo dos processos infecciosos

14 RINOSSINUSITE CROcircNICA AGUDIZADA

Na ocorrecircncia de muacuteltiplos episoacutedios onde o paciente natildeo volta agrave condiccedilatildeo de normalidade entre

os episoacutedios de agudizaccedilatildeo

15 RINOSSINUSITES FUacuteNGICA

Satildeo mais frequentes em pacientes com algum comprometimento imunoloacutegico podendo

acometer tambeacutem pacientes imunologicamente competentes

A evoluccedilatildeo geralmente eacute crocircnica e natildeo responde aos tratamentos com antibioacuteticos

A avaliaccedilatildeo por tomografia computadorizada nesses pacientes mostra o envolvimento de

muacuteltiplos seios

Os fungos mais comumente encontrados satildeo o Aspergillus Curvularia Alternaria e Bipolaris O

principal patoacutegeno eacute o Aspergillus fumigatus embora o Aspergillus flavus seja ocasionalmente

isolado15 Quase sempre o tratamento eacute ciruacutergico

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 20: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

20

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nas rinossinusites o diagnoacutestico eacute predominantemente cliacutenico

Rinite sinusite e asma satildeo estaacutegios diferentes de um mesmo processo

O Rx de seios da face eacute um exame inespeciacutefico e sua utilizaccedilatildeo na fase aguda eacute

dispensaacutevel

Cefaleia ou dor facial podem natildeo representar um quadro de rinossinusite

Nas recorrecircncias de rinossinusite haacute necessidade de investigar e tratar os fatores

desencadeantes

Observar os criteacuterios determinantes para a indicaccedilatildeo de antibioacuteticos

Fonte Soc Bras De ORL (2011)

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 21: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

21

REFERENCIAS

1 Ejzenberg B Sih t Haetinger R Conduta diagnoacutestica e terapecircutica na sinusite da crianccedila

Jornal de Pediatria 1999 75(6) 419-32

2 Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008 74

(2 Suppl) 6-59

3 Lopes G Patologia infecciosa ORL na comunidade perguntas frequentes Rev Port Clin

Geral 2005 21 401-15

4 Barros E Monteiro L Prata JB Vieira AS et al Evaluation of the prevalence and

caracterization of rinosinusitis in Portugal epidemiologic study Revista Portuguesa de

ORL-CCF 2008 46(4)243-50

5 Rosenfeld RM Piccirillo JF Chandrasekhar SS et al Clinical practice guideline (update)

adult sinusitis Otolaryngol Head Neck Surg 2015 152S1

6 Cheng TP Pizarro GU Weckx LLM etal Rinossinusites Rev Bras Med 2010 67(supl2)

7 Pignatari SSN Figueiredo CR Rinossinusite na crianccedila Pediatria Moderna 2004 40(4)146-

150

8 Miranda JA Infecccedilotildees virais das vias aeacutereas superiores Rev Port Clin Geral 2005 21

391-399

9 Ibiapina CC Sarinho ESC Cruz AAS Camargos PAM Rinite sinusite e asma indissociaacuteveis -

Artigo de revisatildeo- Volume 32 - Nuacutemero 4 (JulhoAgosto) 2006

10 Antunes ML Gananccedila FF Como diagnosticar e tratar Sinusite aguda Revista Brasileira de

Medicina Otorrinolaringologia 1999 6(2)35-40

11 Consenso Brasileiro sobre Rinossinusite Recife PE1998 Rev Bras de

Otorrimolaringologia 1999 65 (3)1-30

12 Fokkens WJ Lund VJ Mullol J Bachert C et al European position paper on rhinosinusitis

and nasal polyps 2012 Rhinology Suppl 2012 231-298

13 Lima WTA Sakano E Rinossinusites evidecircncias e experiecircnciasndashBraz J

Otorhinolaryngol 2015 81(1)supl1

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141

Page 22: RINOSSINUSITES - acoesunimedbh.com.bracoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/... · ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA Os seios da face constituem um conjunto de

22

14 Navarro JAC Cavidade Nasal e Seios Paranasais Seacuterie Anatomia Ciruacutergica Ed All Dente

Bauru 1997 p 3-24

15 Projeto Diretrizes Rinossinusite Aguda Bacteriana Tratamento ABORL CCF amp Ass Bras de

Alergia e Imunopatologia 2012

16 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia e CCF 2 ed

V3 2011 p 96-98 2011

17 Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia Tratado de Otorrinolaringologia 2 ed V3

2011 p 137-141