Rio Cooperativo n°10
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CAPA
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2ª CAPAUnicred Rio
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Rio Cooperativo é uma publicação da Montenegro Grupo deComunicaçãoContatos e Publicidade: (21) 2215-9463 - 2533-6009E-mail: [email protected]: www.montenegrocc.com.br
Editor executivo e jornalista responsável:Cláudio Montenegro (MTb 19.027)Redator-chefe: Leonardo Poyart (MTb 24.393)Produção visual: Leandro FigueiredoSecretaria administrativa: Marcia Fraga e Débora AraújoColaboraram nesta edição: Abdul Nasser e Ronaldo Gaudio
Fotos: Leonardo Poyart, Arquivos Unimed e OCB.
Conselho Editorial: Rodolfo Tavares (Faerj-Senar-Rio)
Distribuição: Lideranças cooperativistas, dirigentes, gerentes, co-operados e funcionários de cooperativas de todos os segmentos (agropecuário, consumo, crédito, educacional, especial, habitacio-nal, infraestrutura, mineral, produção, saúde, trabalho, transporte e turismo), empresários, administradores e gestores, assessores ju-rídicos, auditores, contadores, profissionais de recursos humanos, associações, sindicatos, federações e entidades de classe de forma geral, orgãos e instituições governamentais, universidades, clínicas e hospitais, fornecedores de produtos e serviços para cooperativas e demais formadores de opinião.
Os artigos publicados são de inteira responsabilidade de seus auto-res, não correspondendo necessariamente à opinião dos editores.
Capa desta edição: Cristo Redentor/Acervo Sxc
Edição nº 10 - Dezembro de 2009
Sumário
EducaçãoA nata do cooperativismo
ConsumoCasmadin e sua receita de cooperação
OpiniãoSobre princípios, valores empresariais e responsabilidade social no cooperativismo
Seções
Circulando
Causa e efeito
Editorial
EntrevistaEuclides Malta Carpi,presidente da Federação das Unimedsdo Estado do Rio de Janeiro.
CapaOlímpico e cooperativo por natureza.
CréditoFeirão Unicred bate recorde de vendas
EntrevistaMárcio Lopes de Freitas,presidente do Sistema OCB-Sescoop
DiferencialUma cooperativa mais que especial
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Editorial
Cláudio MontenegroEditor Executivo
Vocação natural para sediar eventos esportivos é
algo indiscutível quando nos referimos ao Rio de Ja-
neiro. O que não se podia imaginar, nem o mais otimis-
ta dos torcedores, era a tamanha alegria que a nação
demonstraria com a escolha da cidade como sede das
Olimpíadas de 2016. Uma verdadeira comoção nacional
arrebatou o povo brasileiro que, pela primeira vez em sua
história, verá de perto o desfile de atletas de nações de
todo o mundo, voltando todas as atenções do planeta
para a cidade e, por tabela, para o país.
Além disso, o Brasil vive um momento de grande sim-
patia mundial, sendo respeitado como nunca o fora. Sede
da Copa do Mundo em 2014, a conquista do petróleo do
pré-sal e, por fim, o Rio 2016. Tudo tem conspirado a
nosso favor nos últimos tempos e, certamente, deve-
mos tirar proveito daquilo de melhor que este momento
ímpar nos propiciar.
Numa reflexão menos desportiva e mais voltada para
o senso real, podemos vislumbrar oportunidades de
ouro, prata e bronze para as cooperativas brasileiras,
em praticamente todos os setores.
No ramo Produção, não é difícil imaginar, por exem-
plo, a demanda de serviços de costureiras (uniformes,
bandeiras, camisas e materiais alusivos) e artesanato
(souvenirs, brindes, troféus etc.).
No Transporte, os taxistas compõem outra catego-
ria que será privilegiada com a vinda de turistas para o
município. Caberá a eles, através de suas cooperativas,
estarem preparados para atender adequadamente ao
público que virá em peso. Cursos de idiomas e relações
interpessais serão um diferencial para quem quiser se
destacar na concorrência que surgirá.
Os profissionais de educação também poderão vis-
lumbrar uma grande oportunidade para suas escolas e
cursos, oferecendo aulas de idiomas para o público em
geral e língua portuguesa para estrangeiros.
Em Turismo e Lazer, é irrelevante dizer o quanto po-
derão se beneficiar os guias de turismo reunidos em co-
operativas, disponibilizando seus serviços para o merca-
do, em condições mais competitivas.
As cooperativas de crédito poderão criar linhas de
crédito específicas para seus associados acompanharem
os jogos, bem como as cooperativas de saúde deverão
estar preparadas para atender à demanda de serviços
de cobertura aos atletas, por exemplo.
Por sua vez, as cooperativas do ramo mineral poderão
aumentar suas produções para fornecer matéria-prima
para o mercado, como pedras e rochas artesanais.
O agronegócio é outro setor que estará em alta, com
as cooperativas agropecuárias maximizando suas produ-
ções para atender ao mercado interno e, em consequên-
cia, aumentando as exportações.
As cooperativas habitacionais também poderão ter
importante papel nesse processo, vindo a participar da
construção de moradias nas vilas olímpicas.
No ramo Trabalho, possibilidades incontáveis: desde ser-
viços gerais (higiene e limpeza, jardinagem, segurança etc.)
a serviços especializados (manutenção de equipamentos,
sistemas de informática, dentre outros). E tudo isto sem
falar na intercooperação que poderá surgir, com os diversos
ramos interagindo entre si e apoiando uns aos outros.
Ou seja, oportunidades não irão faltar e quem estiver
preparado irá se destacar, cabendo a cada um cumprir
com seu papel. A sorte está lançada!
Boa leitura e saudações cooperativistas!
Alea jacta est“As oportunidades multiplicam-se à medida que são agarradas.”
Sun Tzu, autor de A Arte da Guerra
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JogoRápido
RC – Quais são as expectativas da Coopidade com
esta expansão de sua área de atuação?
As expectativas são grandes e tudo indica que o pró-
ximo ano será bastante promissor para a Coopidade.
Acreditamos que iremos colher os frutos dessa
nova fase em pouco tempo, pois os projetos estão
caminhando a passos largos para sua concretização.
Nossa participação na XI Flumisul foi fundamental para
tomarmos a decisão de investir no Sul Fluminense, pois
a receptividade ao nosso trabalho foi muito grande.
Conseguimos trabalhar a intercooperação com a co-
operativa de consumo Casmadin, que nos abriu as por-
tas para a Asbam (Associação do Servidores de Barra
Mansa), que nos acolheu em suas dependências. Além
disso, passamos a colaborar com o SOS Barra Mansa,
uma forte entidade assistencial da região. Também es-
tamos em entendimentos com o Centro de Referência
do Idoso, uma instituição municipal que recebeu muito
bem a nossa proposta de trabalho.
A Cooperativa dos Cuidadores de Idosos e Doentes
Dependentes (Coopidade) está abrindo sua primeira filial
na cidade de Barra Mansa, no Sul Fluminense. O projeto
de expansão da cooperativa surgiu após uma série de par-
cerias iniciadas com instituições locais, como a Casmadin
(cooperativa de consumo), o SOS Barra Mansa e a Asbam
(Associação dos Servidores Municipais de Barra Mansa).
A intercooperação e a aproximação com a prefeitura
de Barra Mansa, além do incentivo de secretários, fize-
ram da cidade uma excelente escolha para a cooperativa.
O primeiro passo é promover a capacitação de profis-
sionais locais, para atuarem como cuidadores de idosos.
Para isso, terá início, em janeiro, a primeira turma do
curso de Formação de Cuidadores de Idosos em Barra
Mansa, ministrado pela Coopidade. O curso é ministrado
por profissionais do ramo, dentre enfermeiros, fisiotera-
peutas, nutricionistas e médico geriatra.
A diretoria da cooperativa prevê que o atendimento
aos clientes terá início ainda no primeiro mês de 2010.
Circulando
Coopidade passa a cuidar dos idosos do Sul Fluminense
Foto da Rosa
A expansão da cooperativa acontece após as come-
morações de 10 anos de atividades no Rio de Janeiro.
Com mais de 400 cooperados, a Coopidade é reconhecida
nacionalmente no ramo, tendo sido uma das cinco fina-
listas do Prêmio Cooperativa do Ano 2009, na categoria
Trabalho – Gestão Profissional.
Rosa Maria dos Santos, presidente da Coopidade
As diretoras Rosa Maria e Rosana Consuelo (à esquerda) e representantesde instituições de Barra Mansa
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Ato Cooperativo é aprovado na Câmara dos Deputados
Enquanto representantes da Organização das Cooperativas
Brasileiras (OCB) e da Frente Parlamentar do Cooperativismo
(Frencoop) concluíam, em dezembro, o balanço da Agenda Le-
gislativa do setor em 2009, uma nova conquista foi registrada
pelo segmento na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF).
O Projeto de Lei Complementar (PLP) 271/2005, que dispõe
sobre o adequado tratamento tributário ao Ato Cooperativo,
foi aprovado por unanimidade na Comissão de Desenvolvimento
Econômico, Indústria e Comércio (CDEIC) da Casa.
Para o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, a apro-
vação do Ato Cooperativo é, com certeza, um destaque entre
as muitas vitórias do cooperativismo neste ano: “O projeto re-
trata um anseio de todos que fazem parte do movimento, o
adequado tratamento tributário ao ato cooperativo. É uma
conquista que deve ser comemorada e que marca uma cami-
nhada longa em busca desse reconhecimento.”
O substitutivo apresentado pelo relator atende às neces-
sidades e demandas do setor cooperativista. Agora, o PLP
271/2005, um dos projetos prioritários da Agenda Legisla-
tiva do Cooperativismo, segue para Comissão de Finanças e
Tributação onde passará por nova avaliação parlamentar.
(Fonte: www.cooperativismodecredito.com.br)
Circulando
Em audiência pública promovida pela Comissão de
Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, da
Câmara dos Deputados, em dezembro, para debater a
viabilidade econômica dos planos de saúde das coopera-
tivas médicas, o presidente da Federação das Unimeds
do Estado de São Paulo, Humberto Jorge Isaac, recla-
mou do que classifica como tributação excessiva sobre
as cooperativas e da “judicialização da medicina”.
Isaac informou que as cooperativas pagam 3,65% de
PIS e Cofins e 2% a 5% de INSS, além do Imposto de
Renda da Pessoa Jurídica.
Outro problema que preocupa, segundo o médico,
é a autorização, pela Justiça, de procedimentos sem
respaldo contratual e a inclusão de procedimentos em
contratos já vigentes, já que as operadoras não podem
reajustar as mensalidades para cobrir o novo custo.
Isaac informa que a receita anual das cooperativas
com planos de saúde é de R$ 21,1 bilhões. Já as despe-
sas assistenciais são de R$ 17,3 bilhões.
Para o presidente da Confederação Nacional das Co-
operativas Médicas (Unimed) do Brasil, Eudes Aquino,
as cooperativas precisam de tratamento diferenciado,
pois pagam impostos que antes só eram arcados pelas
empresas mercantis.
O diretor de Normas e Habilitação da ANS, Alfredo
Cardoso, afirmou que a crise financeira e a epidemia de
gripe A tiveram reflexos no caixa das operadoras. Se-
gundo ele, 50% das cooperativas médicas foram liquidadas,
entre elas as Unimeds de Salvador e de São Paulo.
(Fonte: Oscar Telles - Agência Câmara)
Cooperativas médicas reclamamde tributação elevada
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Curtas
A Cremendes, cooperativa de crédito Lu-
zzati mais antiga do Brasil, comemorou seus
80 anos de atividades ininterruptas na cidade
de Mendes. A cooperativa, primeiro banco da
cidade de Mendes, iniciou seus trabalhos em
20 de outubro de 1929.
A Credicerj, Cooperativa de Crédito dos
Empregados da Ampla, completa quatro dé-
cadas de existência em janeiro de 2010.
As vendas de espumantes e vinhos nacio-
nais aumentaram em 45% no segundo semes-
tre de 2009. No ano passado, foram vendidos,
no Brasil, cerca de 10 milhões de litros de
espumantes produzidos no Rio Grande do Sul.
Os resultados positivos são fruto tanto do au-
mento do consumo interno, como da expansão
das exportações, que saltaram de 3,5 milhões
de litros, em 2007, para mais de 26 milhões,
até novembro deste ano. O maior crescimento
nas vendas ao exterior foi obtido pela Coopera-
tiva Vinícola Garibaldi, com acréscimo de 349%
nos seus resultados de 2008 a 2009.
A Comissão de Agricultura, Pecuária,
Abastecimento e Desenvolvimento Rural rea-
lizou audiência pública para discutir a criação
de uma diretoria de agronegócio e cooperati-
vismo no Banco Nacional de Desenvolvimen-
to Econômico e Social (BNDES). O debate
foi proposto pelo deputado Zonta (PP-SC), e
foram convidados representantes de várias
esferas do governo. O deputado argumenta
que o BNDES tem uma falta de identidade his-
tórica com os dois segmentos, o que acaba
prejudicando o financiamento na área agríco-
la, especialmente de cooperativas.
A Agência Nacional de Transportes Terres-
tres (ANTT) prorrogou o prazo para o recadas-
tramento dos transportadores que já têm o
Registro Nacional de Transportadores Rodoviá-
rios de Cargas (RNTRC). A data limite, que era
18 de dezembro de 2009, será substituída por
um calendário escalonado conforme o número
final dos atuais registros. O calendário está
disponível no site da ANTT: www.antt.gov.br.
A Unimed Leste Fluminense cresceu e
acaba de conquistar a marca histórica de
150 mil clientes. Parabéns ao presidente Be-
nito Petraglia e sua diretoria.
Contribuir para a geração de trabalho e renda e o desenvolvimento das
associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis do cen-
tro da cidade do Rio de Janeiro. Este é o objetivo de uma rede composta
por 17 integrantes, entre entidades e empresas, para estimular o desen-
volvimento sustentável da atividade.
A ideia do grupo é formular ações de apoio ao fortalecimento institucio-
nal das associações e cooperativas. Além disso, todos os participantes se
comprometem a buscar recursos que contribuam para viabilizar instalações
adequadas, aquisição de equipamentos, capacitação dos catadores e divul-
gação do projeto, com o objetivo de sensibilizar a população para a separação
do material reciclável para a coleta seletiva.
A rede é integrada pela Defensoria Pública Geral do Estado, Banco do
Brasil, Eletrobrás, Petrobras, Sebrae, Associação Brasileira das Indústrias
de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla), Abihpec, Associação Pólo Novo Rio
Antigo, Fórum Estadual Lixo e Cidadania e Movimento Nacional de Catadores.
Em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal,
Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o projeto foi implantado nas cidades de
Teresópolis, Mesquita, Barra Mansa e Rio de Janeiro.
(Fonte: Monitor Mercantil Digital)
Apoio a catadores de materiais recicláveis
Procapcred atinge R$ 1 bilhão para ramo Crédito
O Programa de Capitalização de Cooperativas de Crédito (Procapcred) al-
cançou a casa de R$ 1 bilhão, alocados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Economico e Social (BNDES). O BNDES também prorrogou o prazo de vigência
do Programa para dezembro de 2010, por meio da Circular nº 113/09.
Segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o valor total
alocado para o programa chega a R$ 1 bilhão. Nesta nova etapa são R$ 400
milhões, que podem ser utilizados para o crescimento patrimonial das coope-
rativas de crédito por meio do aumento das cotas partes do quadro social.
No lançamento do programa em 2006, o limite orçamentário do Progra-
ma era de R$ 300 milhões. Em 2008, passou para R$ 600 milhões.
A manutenção do Procapcred faz parte do plano de ação do Conselho Espe-
cializado de Crédito da OCB (Ceco), e conta o apoio da Frente Parlamentar do
Cooperativismo (Frencoop). Atualmente, são mais de 4,2 milhões de associados
em todo o País que se beneficiam do cooperativismo de crédito.
(Fonte: www.cooperativismodecredito.com.br)
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Top of Mind
Há quanto tempo existe a Federação?
A Federação tem 38 anos. Foi fundada com três sin-
gulares e hoje são 21 no estado do Rio de Janeiro. A Fe-
deração desenvolveu, ao longo dos anos, trabalhos como
órgão representativo das singulares das Unimeds do
estado, com representatividade em todo o sistema Uni-
med. Passamos por diversas realidades, acompanhando
o desenvolvimento e as mudanças do país. Nosso foco
sempre foi a vontade pela liderança no setor e, graças
ao trabalho de toda a equipe, alcançamos destaque me-
recido no cenário nacional.
Como está o sistema Unimed hoje no Rio de Janeiro?
As Unimeds se sedimentaram, não só no estado do Rio,
mas em nível nacional e, nos últimos dez anos, galgaram um
sucesso espetacular sob o ponto de vista de marketing, de
imagem e de força do nome. A marca está se sedimentando
de uma maneira muito firme no mercado de planos de saú-
de. Tem maior conhecimento público da população, sendo a
primeira marca lembrada em nome. Conseguiu ao longo do
tempo uma força muito grande, sobretudo na confiança dos
clientes, uma vez que ela é querida pelos próprios médicos.
E isso facilitou muito essa empatia de marca e população
dentro do mercado.
As 21 Unimeds cobrem 100% do estado do Rio de Janeiro,
de forma que a população toda está assistida pela marca Uni-
med. Em nível nacional, estamos em quase 90% do território.
Entrevista
Oriundo da cidade de Itaperuna, Euclides Malta
Carpi começou sua atividade profissional como
médico anestesista. Foi presidente da Unimed Norte
Fluminense entre 1992 e 2009. Passou pela diretoria
da Federação na gestão Dagoberto José da Silva, en-
tre 1997 a 2005, e, no mandato seguinte, voltou, já
no cargo de presidente, sendo reeleito em 2009. Sua
trajetória dentro do sistema Unimed continua e, este
ano, foi indicado para a diretoria financeira da Unimed
do Brasil.
Confira, a seguir, entrevista exclusiva concedida à
Rio Cooperativo.
9
RC - Como é adminis-
trar entidades com
realidades tão diferen-
tes sobre um mesmo
regime e com as mes-
mas orientações?
A assistência mé-
dica é diferente na
capital e no interior
do estado. Algumas
cidades não possuem
o mesmo desenvolvi-
mento da capital e,
evidentemente, isso
gera custo, gera in-
teresses múltiplos e
procuramos conciliar
os interesses de uma
maneira harmônica.
O resultado que al-
cançamos ao longo
desses anos tem sido
palpável, uma vez que
a situação de harmo-
nia entre as Unimeds
do estado do Rio de Janeiro é bastante promissora. Eu
diria que esse é um estado harmonizado nos aspectos
operacionais, apesar das dificuldades e de cada um ter as
suas diferenças e suas necessidades próprias.
RC - Quais são as dificuldades que as operadoras de saúde
enfrentam?
Nossas principais dificuldades vêm do órgão regulador,
pois eles têm atuado de maneira extremamente intensa. A
Agência Nacional de Saúde (ANS) tem uma atuação comple-
tamente diferente de outras agências do governo. A ANS
veio para normatizar o mercado. Hoje está mais racional do
que no passado.
Porém, ela interfere de maneira muito drástica em de-
terminadas situações, como na operação do negócio entre
cliente e operadora. A agência tem a ação muito exacerbada
em alguns aspectos, ferindo nossos interesses de modo ge-
ral, indiscriminadamente.
Outro aspecto é o custo das tecnologias médicas. Quan-
do chegam ao Brasil, sejam importadas ou não, o valor é
muito alto. Nesse caso, a ANS não interfere. Então é pre-
ciso haver um equilíbrio
nessas cadeias. Acho
que o governo precisa
agir.
RC - Como a Federa-
ção enxerga as inú-
meras liminares que
o Ministério Público
determina contra as
operadoras e em fa-
vor dos clientes?
A Federação vê pre-
ocupada essa ques-
tão da judicialização
da saúde. Nisso, o
governo federal tem
os mesmos proble-
mas, uma vez que o
próprio judiciário au-
toriza o governo a
fornecer tratamento
para alguns procedi-
mentos que não prevê
em seus trâmites ha-
bituais. A justiça, de
modo geral, tem medo porque as pessoas querem os pro-
cedimentos, querem o melhor para sua saúde. Mas tem
que haver um controle nessa cadeia, porque se houver
benefícios só de um lado, vai haver desequilíbrio.
RC - A experiência do sistema Unimed tem sido apon-
tada como um dos mais bem-sucedidos modelos de co-
operativismo médico no mundo. A que o senhor atribui
esse fato?
O modelo Unimed nasceu da ideologia de alguns médicos,
que na época estavam insatisfeitos como o modelo de as-
sistência médica praticada no Brasil. Dessa forma, foi sendo
criado um corpo e se tornando profissional. Hoje, a Unimed
é a maior cooperativa médica do mundo e isso se deve, no
meu modo de entender, porque ela é uma cooperativa criada
e dirigida por médicos com uma visão bem humanística. A
Unimed conseguiu, ao longo desses anos, sedimentar sua
marca, sobre tudo nessa atividade da qual ela tem o objetivo
final, que é o atendimento médico da população. A cobertura
e o tratamento na Unimed certamente é mais humanizado,
mais efetivo e isso só tem fortalecido a marca.
“A presença da marca Unimed é
constante em nível nacional.”
Euclides Carpi, presidente da Federação das Unimeds do Rio
10
RC - Quais são as principais metas da Federação para os
próximos anos?
Precisamos aumentar nosso mercado porque os pla-
nos de saúde hoje em dia, em função dos custos médi-
cos, ainda são um modelo inacessível a uma grande parte
da população (classes sociais C, D e E). Na classe social
C, conseguimos penetrar um pouco, mas nas D e E ainda
não entramos. Essa é uma meta da Unimed, conseguir
entrar nesse mercado inexplorado pelas cooperativas.
Percebo que podemos evoluir um pouco mais nessa área,
cujo poder aquisitivo está cada vez maior, enquanto as
classes A e B estão cada vez mais estagnadas. Outro
objetivo é sedimentar ainda mais a marca, porque todos
os mercados são importantes.
RC - Como a Federação vê os investimentos que estão
sendo realizados pelas singulares, como a Rio e a Les-
te Fluminense, que estão construindo hospitais?
A tendência do mercado é exatamente essa: investir em
tecnologia e fazer o que se chamou de verticalização do ser-
viço, uma vez que você tem a gestão sobre o negócio, você
consegue equacionar preço, furar um aspecto da cadeia que
está exposto. Então, com serviços e recursos próprios, en-
tendemos que esse é um caminho a ser seguido pelas Uni-
meds. Na maioria das vezes, a rede própria consegue man-
ter um preço bastante perto da realidade do atendimento
médico. Hoje são mais de 90 hospitais no Brasil. É a maior
rede hospitalar própria do país.
RC - Qual é a média de atendimentos e procedimentos
médicos?
Hoje, somando todas as Unimeds no estado, são cerca
de um milhão e meio de clientes. São quase 13 mil coopera-
dos no estado do Rio de Janeiro. Nosso crescimento, entre
2005 e 2008, foi de 54,2%. Já o Sistema Nacional Unimed
possui 377 cooperativas médicas, está presente em 90%
do país, com mais de 106 mil médicos cooperados que pos-
suem a responsabilidade por 15 milhões de clientes. Por
ano, são realizadas mais de 65 milhões de consultas, quase
dois milhões de internações e 123 milhões de exames com-
plementares. Com essa responsabilidade, a Unimed possui
um papel preponderante na estrutura de saúde, o que im-
plica na busca permanente de superação, cuidado ético e
qualificação técnica.
RC - Que oportunidades o senhor vê para o cooperati-
vismo e, especificamente, para a área da saúde, com a
Copa do Mundo no Brasil e com os Jogos Olímpicos no
Rio de Janeiro?
Essa é a grande situação do momento. Certamente vai
gerar muitos recursos e postos de trabalho. E toda vez
que cresce o emprego, gera melhoria de qualidade de vida
do cidadão, o poder aquisitivo do povo melhora, e as co-
operativas, de maneira geral, vão ser beneficiadas. Para
nós, enquanto operadora de plano de saúde, essas obras
marcam uma oportunidade de negócio ímpar. Por exemplo,
as construtoras que vão realizar as obras, na maioria das
vezes, obrigam a todos os seus credenciados a oferece-
11
rem plano de saúde. Temos que aproveitar esse momento
para deslanchar e tentar melhorar a qualidade de vida.
A Copa do Mundo e as Olimpíadas foram extremamen-
te benéficas pelas cidades pelas quais passaram. É uma
oportunidade extremante positiva em todos os aspectos,
não somente para as cooperativas, como também para a
população de um modo geral.
RC - Com certeza, a Unimed vai desenvolver campanhas
de marketing nesse sentido...
A principal forma de campanha da Unimed é através do
esporte. A presença da marca é constante em nível nacio-
nal. O foco no esporte é uma estratégia de divulgação e for-
talecimento, uma vez que as operadoras de saúde precisam
vender saúde e o esporte é exatamente o que vai fazer com
que as pessoas se diferenciem das outras. Então, as coo-
perativas médicas têm investido no esporte e, certamente,
vão investir nos próximos anos.
1 - Angra dos Reis
2 - Araruama
3 - Centro Sul Fluminense
4 - Barra Mansa
5 - Cabo Frio
6 - Campos
7 - Costa do Sol
8 - Costa Verde
9 - Duque de Caxias
10 - Leste Fluminense
11 - Marquês de Valença
12 - Norte Fluminense
13 - Noroeste Fluminense
14 - Nova Friburgo
15 - Nova Iguaçu
16 - Petrópolis
17 - Resende
18 - Rio
19 - Teresópolis
20 - Três Rios
21 - Volta Redonda
Unimeds filiadas à Federação Rio
12
Anúncio TI Cred
13
Anúncio TI Cred
14
Causa&Efeito
Abdul Nasser é especialista em Direito Tributário e em Gestão de Cooperativas.Ronaldo Gaudio é especialista em Direito Processual Civil e MBA em Business Law.
Ambos são sócios da Gaudio & Nasser Advogados Associados.
Os Jogos Olímpicos de 2016 trarão
muitos benefícios sócio-econômicos
para o Rio. Mas para isto são necessá-
rio investimentos que, em sua grande
maioria, vêm das chamadas receitas
públicas derivadas, tributos, popular-
mente conhecidos como “impostos”.
Estas receitas derivam do patrimô-
nio do contribuinte, um fato notório. É
notório também que aproximadamente
90% dos investimentos estão projeta-
dos para a Barra da Tijuca. Isto implicou
em valorização imobiliária imediata dos
imóveis da região, em alguns casos, de
até 500%, isto só com o anúncio da vitó-
ria do Rio de Janeiro, sem sequer haver
um canteiro de obras relativas a isto na
região. O problema é que uma pequena
parcela da população será diretamente
beneficiada com as obras pagas por uma
grande parte da população que não rece-
berá beneficio direto algum.
Neste contexto, muitos especu-
ladores quadruplicaram seus investi-
mentos com o anúncio dessas obras.
Devemos perceber que este ganho
patrimonial dos especuladores, e até
de não especuladores, tem como ra-
zão de ser o investimento público que
será feito com recursos tributários.
Ocorre que esta fórmula não reflete
uma justiça social, pois, ainda que não
se criem ou aumentem os tributos em
geral, certamente serão reduzidos os
recursos públicos que poderiam ser
destinados, por exemplo, á saúde e
educação. O mais justo seria que os
beneficiários diretos, aqueles que ti-
veram valorização dos seus imóveis,
principalmente os especuladores, con-
tribuíssem também de forma direta e
proporcional a esta valorização, resti-
tuindo aos cofres públicos os ganhos
que tiveram em razão dos investimen-
tos realizados pelos governos envolvi-
dos no projeto.
Rio 2016: garantia de recursos e justiça tributáriaO Direito Brasileiro felizmente pos-
sui uma espécie tributária adequada
para isto, mas que não tem sido muito
utilizada, pois gera certas “antipatias
políticas”. É a Contribuição de Melho-
ria, espécie de contribuição compul-
sória devida por aqueles que tiveram
seus imóveis diretamente valorizados
em razão de investimentos públicos na
região entorno do imóvel. Neste caso,
a Contribuição de Melhoria represen-
taria justiça social, vez que o seu li-
mite geral é o custo total das obras
em torno do imóvel e individualmente o
custo total de valorização do imóvel do
contribuinte, cessando a contribuição
com o que ocorrer primeiro.
Assim, o Rio poderá dar um show
nestas Olimpíadas e, ao mesmo tem-
po, garantir que sejam aumentados os
investimentos nas áreas de necessi-
dades mais básicas, como segurança,
saúde e educação.
15
Segundo a solução de consulta n°
58 de 24 de abril de 2009 da Re-
ceita Federal, a retenção na fonte
da Contribuição para o PIS/Pasep
incidentes sobre pagamentos efetu-
ados por pessoas jurídicas a estas
cooperativas é devida apenas quando
os correspectivos preços tenham
sido estipulados pelos critérios pós-
estabelecidos, na modalidade custo
operacional, ou pelo critério misto.
Neste último caso, a retenção deve-
rá incidir apenas na parcela do preço
que se refira aos serviços efetiva-
mente prestados pelos cooperados.
A Receita Federal entende (S.C.
49/09) que as cooperativas que fabri-
cam produtos de laticínios, na hipótese
de realizarem vendas de produtos in-
dustrializados a partir de leite in natu-
ra entregue por suas cooperados pes-
soas jurídicas, são responsáveis pelo
recolhimento da Contribuição para o
PIS/Pasep devida por esses sócios em
A Receita Federal entende (S.C.
Nº 26/09) que a prestação de ser-
viço por cooperado de eleito para
cargo (eletivo) de direção, (art.12,
V, f da Lei nº 8.212/91), é fato gera-
dor de contribuição previdenciária,
sendo segurado obrigatório da Pre-
vidência, na modalidade de contri-
buinte individual. Assim, a coopera-
tiva que remunera um
contribuinte individu-
al cooperado, eleito
para cargo eletivo
INSS sobre remuneração de dirigentes e
conselheiros de socieadades cooperativas
(remunerado), deve contribuir com
20% sobre a remuneração ou retri-
buição paga ou creditada no decorrer
do mês ao segurado a este contri-
buinte individual que presta serviço
diretamente a empresa. Entretanto,
existem teses em contrário, inclu-
sive vitoriosas no âmbito do
Conselho de Contribuintes.
Retenção de Pis/Cofins emcooperativas operadoras de planos odontológicos
PIS/Pasep em cooperativas produtoras de laticínios
relação às receitas decorrentes das
vendas desses produtos. Entretanto,
não devem efetuar a retenção da Con-
tribuição para o PIS/Pasep em relação
ao montante do faturamento atribuído
às associadas optantes pelo Simples,
nem em relação às vendas de produtos
de laticínios que tenham as alíquotas
da contribuição reduzidas a zero.
16
Capa
Olímpico e cooperativo por naturezaOestado do Rio de Janeiro está
se preparando para receber
uma série de atividades esportivas
nos próximos anos: Jogos Mundiais
Militares em 2011, Copa das Confe-
derações em 2013, Copa do Mundo
em 2014, Olimpíadas e Paraolimpía-
das em 2016. Vários setores estão
atualizando procedimentos, implan-
tando novos projetos e aprimorando
equipes. Serão megaeventos espor-
tivos que vão mexer, principalmente,
com a economia do estado e do país.
Os diversos ramos cooperativis-
tas poderão participar do processo
de realização dos eventos esporti-
vos. Essa é uma condição ímpar que
nenhuma outra cidade sede teve, que
é a proximidade de grandes eventos
esportivos, não desacelerando as
atividades de produção envolvida.
Oportunidades para o cooperativismo
Fomentar projetos e cooperati-
vas que tenham como foco o aten-
dimento e o apoio na recepção de
esportistas e turistas. Esta é a
principal possibilidade que o presi-
dente da Organização das Coope-
rativas Brasileiras (OCB), Márcio
Lopes de Freitas, antevê para o co-
operativismo com a escolha do Rio
de Janeiro como cidade sede das
Olimpíadas em 2016.
“Com certeza, é uma grande opor-
tunidade para o cooperativismo bra-
sileiro, em especial, para as coopera-
tivas locais. Podemos fazer a mesma
referência à realização da Copa do
Mundo em 2014. Abre-se um leque
de oportunidades para o cooperati-
vismo e seus diversos ramos. É mais
um momento para o cooperativismo
se firmar”, disse Márcio Lopes.
Equipes treinadas
O diretor geral do Colégio Agrí-
cola Nilo Peçanha (Canp), José de
Arimathéia, citou a grande movi-
mentação de turistas que a cidade
17
Olímpico e cooperativo por naturezavai receber, mas lembrou que é pre-
ciso treinar os jovens.
“O Canp vai abrir cursos de turis-
mo e lazer para oferecer mão-de-obra
para aqueles que querem trabalhar
nos espaços recreativos de clubes,
cerimônias e hotéis”, adianta Arima-
théia, acrescentando que irá existir
um grande giro de recursos no setor
e que será preciso pessoal de apoio.
“O curso de turismo, que também
terá formação cooperativista, vai ser
oferecido na modalidade à distância
e, a partir de 2011, de maneira pre-
sencial. Todo setor que tiver o mínimo
de visão terá um mundo de oportuni-
dades. A questão é se preparar para
essa pauta”, pondera o diretor.
Em sua visão, o movimento co-
operativista precisa aproveitar o
momento como trampolim para a
difusão de sua doutrina. Para ele,
a principal questão, mais importan-
te que a preparação, é poder usar
esse momento como mobilizador e
deixar frutos.
“Acredito que, após 2016, o Rio
de Janeiro será muito diferente. É
um grande trunfo para a cidade para
os seus moradores. Hoje, nossa
preocupação é oferecer um proces-
so de qualificação e educação pro-
fissional o mais abrangente possível.
Temos um conjunto de perspectivas
e parcerias que são as melhores
possíveis”, aponta Arimathéia.
Justiça social
As Olimpíadas se apresentam
como uma boa oportunidade tam-
bém para as Cooperativas Habita-
cionais, que poderão prestar um
grande serviço ao Comitê Olímpico
e à população em geral.
Na visão do representante estadual
do ramo Habitacional, Afonso de Souza
Filho, as cooperativas poderão produzir
habitações que servirão durante o even-
to - alojamentos para os atletas visitan-
Foto
: Div
ulga
ção
Rio
20
16
18
Capa
tes dos diversos países, que, posterio-
mente, poderiam ser comercializados
com valores e condições acessíveis aos
associados cooperados.
“Estas construções, por serem
produzidas sem fins lucrativos e
sem a intermediação do incorpora-
dor, teriam um custo bem menor
- cerca de 30% menor. Seria a me-
lhor maneira de viabilizar a constru-
ção das Vilas Olímpicas destinadas
a receber atletas de todo mundo e,
posteriormente, serem bem apro-
veitadas para diminuir o défict habi-
tacional, além de melhor acomodar
em moradias dignas famílias mora-
doras de lugares impróprios, como
favelas, beira de córregos, lagoas,
rios e encostas com riscos de desa-
bamentos”, defende Afonso.
Na visão do representante, se-
riam bons projetos, bem localiza-
dos, com boa infraestrutura de
transporte, saúde e educação.
“Acredito que, se nossos gover-
nantes desejarem, as cooperativas
habitacionais poderão dar a maior e
melhor das contribuições: melhores
projetos, menores custos, melho-
res acomodações, melhor destino
às habitações e melhor justiça so-
cial”, vislumbra Afonso.
Taxistas serão beneficiados
Para o presidente do Sindicato
Nacional das Empresas de Adminis-
tração Aeroportuária, Pedro Azam-
buja, os Jogos Olímpicos vão somar
para o Brasil e, principalmente para
o Rio. “A cidade será a maior bene-
ficiada porque está no centro das
atenções”, disse.
Segundo Azambuja, os taxistas
serão os grandes beneficiados. “A
possibilidade de crescimento econô-
mico para a categoria é importante.
Eles ganharão, por exemplo, em trei-
namento de idiomas e de atendimento
turístico. Mas para isso é preciso uma
coesão de entendimentos”, ressalta.
O presidente da cooperativa de
táxi Aerocoop, que atua no Aeropor-
to Internacional Tom Jobim, Nilton
Cruz, lembra que os investimentos
serão em benefício de todos.
“Foi uma grande vitória que vai ge-
rar renda e emprego. O cooperativis-
mo está presente e se organizando
cada vez mais para atender melhor a
sociedade. Acredito que a segurança
e a organização na cidade vão perma-
necer, assim como as obras de me-
lhorias físicas”, acrescenta Nilton.
Para o gerente de Mercado da
Organização das Cooperativas Brasi-
leiras (OCB), Evandro Ninaut, a Copa
do Mundo no Brasil e as Olimpíadas
19
ção da Linha 4 do metrô, entre Gávea
e Barra, o maior desafio a ser venci-
do. Outras áreas, como segurança,
receberão investimentos para garan-
tir a tranquilidade da população.
Instalações e trabalho
O comprometimento do Brasil
com o esporte pode ser visto no in-
vestimento em instalações esporti-
vas no Rio. O estádio do Maracanã,
por exemplo, vai fechar pelos próxi-
mos dois anos para remodelação, in-
cluindo as áreas no entorno.
Mais da metade das instalações
para os Jogos Olímpicos já estão
construídas, pois foram utilizadas nos
Entre os decretos assinados
pelo governador Sérgio Cabral, para
preparar a cidade para os eventos,
estão a ampliação do programa Rio
Olímpico e o estabelecimento de
diretrizes para construções sus-
tentáveis. Ao todo, os investimen-
tos somam cerca de R$ 90 bilhões
e também estão previstos investi-
mentos privados no Estado.
Cabral informou que o governo
do estado vai criar um site para
que a população possa acompanhar
passo a passo o andamento das
obras. Dos projetos previstos, o
governador considera a implanta-
serão ótimas oportunidades para o
cooperativismo brasileiro na presta-
ção de diversos serviços.
“E em especial para as cooperati-
vas do Estado do Rio de Janeiro. As
oportunidades e os benefícios pode-
rão ser percebidos mais diretamente
por cooperativas dos ramos Trabalho,
Transporte e Turismo e Lazer. Caberá
às organizações estaduais atuarem
como catalizadoras dessas oportuni-
dades”, complementa Ninaut.
O que dizem as personalidades
O deputado estadual Dionísio Lins
lembrou que as três esferas do go-
verno estão trabalhando em conjun-
to. “Esses eventos serão tudo de
bom para a cidade, seus moradores
e trabalhadores”, disse.
Já o Ministro da Justiça, Tarso
Genro, avaliou que a solução dos pro-
blemas de segurança do país “é uma
batalha de médio e longo prazo. Essa
não é uma batalha de curto prazo.”
Para ele, os eventos devem servir
de objetivo para a construção de um
Jogos Pan e Parapan Americanos
Rio 2007: o Estádio João Havelan-
ge (proposto para abrigar as com-
petições de atletismo em 2016),
o Centro Aquático Maria Lenk, a
Arena Olímpica do Rio (que abrigará
as provas de ginástica e basquete
em cadeiras de rodas), o Velódromo
Olímpico do Rio, o Centro Nacional
de Equitação e o Centro Nacional
de Tiro Esportivo.
A família esportista desfrutará
de acomodações de alta qualidade,
com instalações arrojadas, vistas
estupendas e distâncias mínimas
para os locais de competição.
legado de segurança para o Rio de
Janeiro. “Colocamos a questão das
Olimpíadas como meta para deixar
um legado para a cidade”, disse.
Ainda segundo Genro, para pro-
mover as Olimpíadas o governo não
precisaria manter o Programa Na-
cional de Segurança Pública com Ci-
dadania (Pronasci), principal ação da
pasta para fortalecer a segurança
pública no país. “Para dar seguran-
ça, não precisaríamos do Pronasci.
Ocuparíamos a cidade do Rio de Ja-
neiro no período dos Jogos. Depois
a situação anterior voltaria, como
ocorreu em outros episódios.”
Investimentos do Estado
20
Capa
O Rio de Janeiro é uma cidade cosmo-
polita por suas origens, por suas festas
populares e pela receptividade de seus
moradores. Traduzir a cultura carioca
pode ser exemplificado na capacidade do
Rio em absorver grandes eventos, como
shows internacionais ao ar livre, e o Car-
naval - a maior festa popular do planeta.
Essa diversidade vai além, sendo obser-
vada nas várias manifestações culturais
brasileiras em praças e ruas da cidade.
O Rio de Janeiro destaca-se também
por suas belezas naturais. É uma metrópo-
le que conseguiu conservar as riquezas da-
das pela natureza: praias, montanhas e áreas
verdes, que tornam a cidade um lugar agradável
para seus moradores e um destino inesquecível. Por
tudo isso, a Cidade Maravilhosa é porta de entrada do
turismo brasileiro.
Outro fator que trouxe os jogos para o país, é que
atualmente o Brasil é a décima maior economia do mun-
do, com previsão de ser a quinta até 2016. O país é o
segundo maior exportador de produtos alimentícios, um dos
maiores produtores de petróleo e o quinto maior mercado pu-
blicitário. Sua economia diversificada é o motor da América
Latina e um dos 10 maiores mercados consumidores.
A paixão do carioca pelo esporte fica clara na quantidade
de espaços de laser: praias, ciclovias, clubes e campos espa-
lhados pela cidade. Todos os moradores da cidade e do país
serão beneficiados dos investimentos e oportunidades que
vão surgir.
Os eventos irão deixar um legado poderoso, que vai ao
encontro das necessidades de longo prazo da cidade. De con-
creto, uma modalidade já começou: a maratona de projetos,
orçamentos e obras. Resta saber se o governo vai ganhar
medalha de ouro nesse quesito.
Por que o Rio de Janeiro?
21
Mais de 2.000 visitantes, 10.000
m² de área ocupada em duas
tribunas do Jockey Club, 210 carros e
R$ 520 mil em eletroeletrônicos ven-
didos em apenas um final de semana.
Em 2009 os principais números do
feirão Unicred realmente impressio-
naram. Nesta quarta edição, o evento
superou todas as expectativas e sur-
preendeu mais uma vez, concedendo
mais de R$ 6,6 milhões em financia-
mento aos cooperados.
Ao lado das principais marcas
de automóveis, estiveram presen-
tes nomes conceituados no varejo
carioca como Casas Bahia, Todes-
chini e TAM Viagens. Os tradicionais
parceiros Unicred Rio, Seguros Uni-
med, Unipsico e Uniodonto também
participaram, além de expositores
de outros segmentos, como Cota-
ção DTVM e Hela Flávia Jóias.
As vantagens preparadas cuida-
dosamente pela Unicred Rio levaram
grande número de associados e suas
famílias ao Jockey nos dias 7 e 8 de
novembro. Também contribuíram
para o grande movimento, os anún-
cios publicados no caderno de bairro
do Jornal O Globo e outdoors veicu-
lados em pontos estratégicos da ci-
dade. Com essa campanha, a Coope-
rativa ampliou a divulgação para além
do quadro social, reforçando sua
imagem no mercado carioca e atin-
gindo um público importante para o
negócio. Diversos médicos ainda não
cooperados entraram em contato
com a Central de Relacionamento
para obter mais informações e com-
pareceram ao evento na Gávea.
Para atender a um público exigen-
te, a Unicred Rio preparou uma infra-
estrutura ainda mais confortável do
que nos anos anteriores. A área de
exposição ocupou 2.000 m², com 17
concessionárias espalhadas pela par-
te externa das tribunas B e C, onde
também foram montadas uma praça
de alimentação com diversas opções
gastronômicas e a recreação infantil.
Na área de negócios, foram ins-
talados oito postos de atendimento
para agilizar o processamento dos
pedidos e reduzir o tempo de espera.
Devido ao grande calor previsto para
o fim de semana, o lounge interno foi
equipado com aparelhos de ar condi-
Feirão Unicred bate recorde de vendascionado para garantir o conforto dos
visitantes. Ali funcionou também uma
agência Unicred Rio para apresentar
a cooperativa aos médicos ainda não
associados e oferecer seus principais
serviços ao quadro social presente.
O empenho da equipe rendeu elo-
gios por parte dos associados e o
espírito de cooperação foi um dos
marcos do feirão, garantindo o su-
cesso do evento. Na noite de domin-
go, ao encerrar as atividades com
uma festa para os funcionários, a
Unicred rio celebrou a conquista de
resultados financeiros inéditos e,
acima de tudo, a certeza de que sua
força está na união de esforços por
um objetivo comum.
210 automóveis foram negociados durante o Feirão
(Fonte: Unicred Rio)
22
RC - O Sescoop acaba de completar 10 anos de ativi-
dades no Brasil. Que conquistas a instituição alcançou
nesse período?
O Sescoop se consolidou nesses 10 anos e hoje é
uma instituição reconhecida pelo próprio Sistema ‘S’ e
também perante a sociedade brasileira como ferramenta
fundamental para o desenvolvimento do cooperativismo.
Nesse período, conquistou capacidade organizacional
com a formação de uma equipe devidamente preparada
para o atendimento ao Sistema Cooperativista Brasi-
leiro e às diversidades que dele fazem parte. As ações
realizadas pelo Sescoop nesses 10 anos foram determi-
nantes para o crescimento e consolidação do cooperati-
vismo e da família cooperativista.
RC - Quais são os principais projetos que o Sescoop
está desenvolvendo atualmente?
O Sescoop tem três objetivos básicos: capacitação,
formação e educação profissional; promoção social; de-
senvolvimento e monitoramento em cooperativas. Seus
projetos são direcionados aos dirigentes, cooperados,
funcionários e familiares. No desenvolvimento dessas ati-
vidades, são priorizadas as características regionais dos
13 ramos de atividade econômica onde se faz presente
o cooperativismo, e também das próprias cooperativas.
O objetivo é dar continuidade e aprimorar, por exemplo,
ações como os programas Cooperjovem, voltado para a
disseminação do cooperativismo junto às crianças, e o
Programa de Formação de Jovens Lideranças Coopera-
tivistas, para a preparação de novos líderes.
RC - Como o Sescoop está posicionado entre as demais
instituições do Sistema ‘S’?
O Sescoop é a menor e a mais jovem das instituições
que compõem o Sistema ‘S’, respondendo por 0,56% dos
recursos destinados ao segmento, mas com forte re-
presentação e legitimidade. Com uma postura correta, é
respeitado por todo o Sistema e pelos órgãos de controle
na gestão dos recursos. O Serviço Nacional de Aprendi-
zagem do Cooperativismo se destaca ainda por sua orga-
nização, coordenação e cumprimento de sua missão.
RC - Quais são os principais desafios para este braço
do Sistema ‘S’?
O grande desafio do Sescoop está no investimento no
maior capital do cooperativismo, a sua gente. Esta é a
grande força do movimento, as pessoas que dele fazem
parte e, por isso, investir em capacitação e formação de
Sescoop 10 Anos:crescimento econsolidação dafamília cooperativista
Em entrevista à Rio Cooperativo, o presidente da
Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio
Lopes de Freitas, comentou sobre as ações da insti-
tuição e ressaltou que o braço educacional do sistema,
o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo
(Sescoop) tem grande força no movimento cooperativis-
ta e investir em capacitação e formação de novas lide-
ranças é uma das prioridades.
Foto
s: D
ivulga
ção/
Sist
ema
OCB
23
novas lideranças é prioridade para o Sescoop. A ideia é
trabalhar pelo fortalecimento e continuidade do movimen-
to. Nessa mesma linha, estão os projetos direcionados à
profissionalização da gestão.
RC - Como fazer para que o cooperativismo e, especi-
ficamente, o trabalho do Sescoop sejam devidamente
reconhecidos pela sociedade?
Este é um trabalho de base, estrutural. A construção
de uma imagem positiva vem com o trabalho árduo. O
reconhecimento, a partir das ações e postura adotadas
no dia-a-dia. O Sescoop, como braço educacional do co-
operativismo, já é referência e, como instituição, busca
o aperfeiçoamento dos projetos que realiza, tendo como
meta um reconhecimento ainda maior por sua atuação.
Com isso, desenvolve-se o cooperativismo brasileiro, gal-
gando um espaço cada vez maior, consolidando-se como
referência por sua expressividade e participação na eco-
nomia do país.
RC - De que forma o apoio parlamentar, através das
Frentes Parlamentares do Cooperativismo (Frencoops)
nacional e estaduais, podem contribuir no processo de
fortalecimento do cooperativismo e do Sescoop?
O Sescoop não tem relação direta com represen-
tação política, por não ser esta a sua finalidade. O
cooperativismo precisa desse trabalho, focado, no
entanto, em sua entidade de representação, que é
a OCB. Ela atua em defesa dos interesses coopera-
tivistas, buscando a concretização de políticas pú-
blicas e uma legislação que atenda às necessidades
do setor. Para realização desse trabalho, a institui-
ção de representação conta com o apoio de pesso-
as comprometidas com as causas cooperativistas,
incluindo neste grupo os parlamentares que fazem
parte da Frencoop. Nos Parlamentos, em âmbito na-
cional, estadual e municipal, acontecem as decisões
legislativas que afetam o dia-a-dia das cooperativas,
fator que justifica a importância de uma boa relação
com tais esferas.
RC - Qual é a sua avaliação sobre o trabalho que
vem sendo desenvolvido pela unidade estadual no
Rio de Janeiro?
Vejo um esforço grande da unidade estadual, com um
trabalho focado na organização, no avanço e na busca
constante por melhorias. Há um espaço e um potencial
expressivos a serem explorados no estado, principal-
mente na área urbana do Rio de Janeiro. Mas há tam-
bém oportunidade para resgatar as origens do coopera-
tivismo agrícola, com menos expressividade na região.
“O grande desafio do Sescoopestá no investimento no maior
capital do cooperativismo,a sua gente. Esta é a grande força
do movimento, as pessoas quedele fazem parte.”
Márcio Lopes de Freitas,presidente do Sistema OCB-Sescoop
24
A Especial Coop Táxi é a primeira
e única cooperativa no Brasil a
oferecer serviço de transporte per-
sonalizado a pessoas com qualquer
deficiência física e idosos com difi-
culdades de locomoção. Os veículos
são novos, possuem ar condiciona-
do, som ambiente e lugar para dois
acompanhantes, além de serem equi-
pados com elevador hidráulico para
transportar a cadeira de rodas.
A ideia da adaptação dos car-
ros foi do presidente da cooperati-
va, Antônio Amaral, taxista desde
1983. Ele sempre viu dificuldades
no transporte de pessoas com defi-
ciências físicas.
Fundada em julho de 2003, a Es-
pecial Coop Táxi tem o objetivo de
oferecer transporte de melhor qua-
lidade aos cidadãos com necessida-
des especiais, dificuldade de locomo-
ção e idosos. O Decreto Nº 24.934,
de 9 de dezembro de 2004, instituiu
o Serviço de Transporte Especial de
Passageiros no Rio de Janeiro.
A luta começou bem antes, quan-
do Amaral se deparou as dificulda-
des do processo, uma lei que impe-
dia novas concessões até 2010.
“Existia uma carência no merca-
do para esse tipo de serviço. Levei
para a prefeitura o projeto Cidadania
Total. Após a criação da cooperati-
va, entrei com o processo para criar
o transporte especial. Mas levaram
cinco anos para o projeto sair do
papel, criando assim o fretamento a
taxímetro”, lembra.
A cooperativa começou a fun-
cionar com oito veículos em abril
de 2007, quando foi inaugurada em
solenidade realizada no Palácio da
Cidade, com a presença do então
prefeito César Maia. A tarifação
equivale a de um táxi especial e são
realizados em média 100 atendi-
mentos diários.
Veículos adaptados
Alguns problemas para trans-
portar cadeirantes são ressalta-
dos por Amaral. “Os táxis de hoje
possuem o botijão de gás veicular
ocupando praticamente toda a mala
do veículo. Além disso, a cadeira de
rodas motorizada não cabe dentro
do carro (no banco traseiro) e mui-
tos taxistas reclamam que danifica
o estofamento”, disse.
Outra dificuldade é conseguir fi-
nanciamento. “Somente em 2007
conseguimos o primeiro financia-
mento. Hoje, a frota é de 29 carros
Fiat Doblò 1.8 e somos 70 coope-
rados. Pretendemos ter um carro
para cada cooperado”, disse.
Mas a adaptação dos veículos
é cara e apenas três empresas fa-
Uma cooperativa mais que especial
Especial Coop Táxi é
primeira cooperativa
do país com carros
adaptados para
atender a cadeirantes
25
zem esse tipo de serviço: uma no
Rio de Janeiro, uma em São Paulo e
outra em Minas Gerais. O custo gira
em torno de R$ 32 mil. As adapta-
ções oferecem conforto e segurança,
como teto ampliado e com vidro para
dar maior visibilidade durante o traje-
to, colete de segurança para passa-
geiros com mobilidade reduzida e cin-
to de segurança para o cadeirante.
Já os motoristas são qualificados
para atenderem com cortesia e hu-
manidade os clientes especiais. Um
curso é ministrado pela Fundação Mu-
nicipal Lar Escola Francisco de Paula
(Funlar Rio), vinculada à Secretaria
Municipal de Assistência Social, para
que o treinamento seja constante.
Ideia do presidente da cooperativa levou cinco anos para sair do papel. Hoje, é exemplo para outros estados.
Intercooperação
A Especial Coop Táxi realiza a in-
tercooperação, pois supre a carên-
cia de cooperativas de táxis comuns
quando o pedido é de um cliente
cadeirante. “Temos acordos comer-
ciais com outras cooperativas para
oferecer atendimento a esse públi-
co específico”, disse Antônio.
Amaral também participou do
projeto Olimpíadas Rio 2016. Ele
encaminhou à prefeitura e ao comi-
tê organizador fotos, detalhes do
funcionamento e do atendimento e
defendeu que a cidade possui con-
dições, no que se refere ao trans-
porte, para receber atletas que irão
competir nas Paraolimpíadas.
O projeto de Antônio Amaral já
circula no Distrito Federal, São Pau-
lo e Belo Horizonte. Trata-se de um
mercado promissor e com muito es-
paço para crescimento.
Parte interna do veículo, adapatada para receber cadeira de rodas. Em primeiro plano, elevador de acesso
26
O município de São Gonçalo partiu
na frente e inseriu o Cooperati-
vismo no currículo escolar. A iniciati-
va aconteceu na Escola Estadual Va-
lentim dos Santos Diniz, pelo projeto
piloto do Nata - Núcleo Avançado de
Educação em Tecnologia de Alimen-
tos e Gestão de Cooperativismo.
A primeira escola a oferecer en-
sino médio integral no setor alimen-
tício no estado do Rio de Janeiro foi
inaugurada no dia 31 de agosto, no
complexo da antiga fábrica da CCPL,
em Colubandê, São Gonçalo. Em três
anos, a escola levará ao mercado de
trabalho os primeiros técnicos em
Engenharia de Alimentos do país.
O governador do estado, Sérgio
Cabral, disse durante a inauguração
da escola que, junto com as parcerias
privadas, há a possibilidade de cons-
truir soluções para a população.
“A parceria com o Grupo Pão de
Açúcar possibilitou a realização dessa
obra. Não há magia para que o proces-
so aconteça. É a formação de uma boa
equipe e muito trabalho focado no obje-
tivo em favor da população”, reforçou.
O professor de Introdução ao Co-
operativismo, Paulo Henrique Mari-
nho, destacou que é oportuno que a
educação técnica de qualidade che-
gue a todos.
“Abordaremos temas como a evo-
lução histórica do cooperativismo, as
causas do surgimento na Inglaterra
e sua prática na Europa e no Brasil,
dentre outros assuntos”, disse.
Segundo Marinho, a proposta da
matéria é fazer com que o aluno te-
nha uma visão do setor, com ênfase
no empreendedorismo.
“Acontecerão trabalhos de cam-
po, visitas em cooperativas agrope-
cuárias, para os alunos tenham o co-
nhecimento prático”, afirmou.
Já o presidente do conselho ad-
ministrativo da CCPL, Paulo Renato
Marques, enfatizou a maximização
do negócio do leite no estado.
“Um novo cuidado no setor lácteo
do estado pode ser observado e esta
A nata do cooperativismoescola vem de encontro com o reiní-
cio de um processo educacional téc-
nico e de industrialização, gerando
mão de obra na região”, afirmou.
Conhecimentos para o futuro
“Estamos respirando Brasil”,
disse o presidente da Federação
de Agricultura do Estado do Rio de
Janeiro (Faerj), Rodolfo Tavares, em
relação ao investimento de uma em-
presa genuinamente brasileira e com
responsabilidade social.
“O Rio de Janeiro está na ponta
dos investimentos de importantes
empresas que acreditam força da
nossa juventude”, disse.
O projeto do Nata teve o envolvi-
mento do Grupo Pão de Açúcar em sua
construção, firme no propósito de que
o conhecimento é o mais valioso dos
ativos e a educação, o único caminho
para estimular as mudanças necessá-
rias à construção de um país melhor.
Fundador do Grupo Pão de Açúcar, o
comendador Valentim dos Santos Diniz
foi um dos pioneiros empreendedores
que transformaram o Brasil no século
XX, exercendo papel determinante no
desenvolvimento do setor varejista.
Em sua homenagem, a escola do Co-
lubandê recebeu seu nome.
O resultado da parceria entre o
Governo do Estado do Rio e o Grupo
Pão de Açúcar, que investiu R$ 6,8
milhões no projeto, seguiu o exemplo
do Núcleo Avançado em Educação
(Nave), que funciona na Escola Es-
tadual José Leite Lopes, na Tijuca, e
tem como investidor a Oi Futuro.
Também presente na inauguração
da escola, o presidente do conselho
de administração do Grupo Pão de
Açúcar, Abílio Diniz, disse que mais
oportunidades estão sendo dadas a
cada vez mais brasileiros.O nome dado à escola é uma homenagem ao Comendador Valentim dos Santos Diniz
27
“Vamos ajudar a capacitar muitas
pessoas e espero que essa escola con-
tribua para formar mais profissionais.
O estado está mudando para melhor e
essa é uma decisão do Grupo, investir
com força no Rio”, decretou.
Laboratórios
Mais de 1.500 candidatos que
cursavam o 1º ano do ensino médio
da rede estadual disputaram as 120
vagas iniciais, numa média de 13 alu-
nos por vaga. A capacidade da escola
é para 600 alunos, nos cursos de lei-
te e derivados, panificação, carne e
derivados e vegetais processados.
As disciplinas do Nata são as
mesmas de uma unidade da rede
estadual de ensino, além das ma-
térias técnicas Introdução ao Coo-
perativismo, Introdução à Produção
Segundo a diretora do Nata, Marta Vi-
veiros, os alunos sairão com emprego pra-
ticamente garantido, já que o mercado não
conta com profissionais qualificados nessa
área. Formada em Biologia e Ciências Con-
tábeis e experiência de 12 anos em gestão
escolar, Marta afirma que seus alunos es-
tão bastante motivados.
“Nosso diferencial são as disciplinas técni-
cas, que se misturam com as do corpo comum,
nessa modalidade de ensino médio integrado.
O ganho é grande para todos, principalmente
para os alunos e moradores da região”, conta.
A escola oferece café da manhã, almoço
e lanche. “O motivo não poderia ser mais no-
bre. Os alunos estudam em tempo integral
e saem com formação técnica”, ressalta a
diretora, lembrando que haverá nova seleção
de alunos, no início de 2010, para as turmas
de panificação e de leite e derivados.
A infraestrutura tecnológica e o acaba-
mento visual impecável da escola também
são fatores motivadores para os alunos.
“Além de equipamentos de última geração,
como a lousa digital, a comunicação nas
áreas internas é de extremo bom gosto,
gerando um clima educacional agradável”,
diz a diretora.
Diretora afirma que ensino médio integrado forma jovens maduros
Leiteira, Programas
de Saúde, Relações
Interpessoais e dis-
ciplinas específicas
aplicadas nos labo-
ratórios técnicos.
Em um mesmo
lugar serão ofere-
cidos cursos pro-
fissionalizantes e
montado um centro de Pesquisa
Aplicada de Alimentos (Unipa). O
antigo prédio do departamento ad-
ministrativo da CCPL foi completa-
mente reformado e agora abriga as
salas de aula e os laboratórios do
Nata. São mais de 20 salas, labo-
ratórios de embalagens, química,
física, biologia, e usinas piloto.
A usina piloto de leite e derivados
está preparada para produzir em
pequena escala todos os produtos
que o mercado consome, como, por
exemplo, iogurte, doce de leite, man-
teiga e bebidas pasteurizadas, se-
gundo o consultor técnico do Grupo
Pão de Açúcar, Hélio Vilas Boas.
“Os estudantes também poderão
atuar em uma das outras três usi-
nas, que ficarão prontas até 2013:
panificação, manipulação de vegetais
e embutidos”, disse.
O laboratório de Microbiologia está
equipado para fazer análises microbio-
lógicas de leite e derivados, identifica-
ção e contagem de microorganismos,
entre outras funções.
Já o laboratório de físico-quimica,
está aparelhado para fazer todas
as análises de leite e derivados. Os
alunos poderão analisar as matérias-
primas e verificar se os produtos
estão de acordo com as regulamen-
tações técnicas de identidade e qua-
lidade do produto e se estão dentro
das legislações da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária e do Ministé-
rio da Agricultura.Usina piloto de leite e derivados
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, falou durante a inauguração
Paulo Henrique e Marta Viveiros
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Opinião
Professor José Horta Valadares é mestre em Administração, doutor em Agricultura e
Desenvolvimento, e professor adjunto da Universidade Federal de Viçosa (MG).
É sempre oportuno refletir sobre os princípios e os
valores cooperativistas, particularmente para con-
siderar o elemento fundamental que os distinguem na
prática empresarial cooperativa. Os princípios, dada
sua natureza e origem históricas, estão referenciados
às características de um tempo específico e, portanto,
sofrem modificações e adaptações por força da sua his-
toricidade. Como produto histórico, os princípios pas-
saram por sucessivas transformações e adequações,
refletindo as transformações do mundo.
Por outro lado, os valores cooperativistas são atem-
porais, porque significam desdobramentos de uma for-
te instituição da humanidade: a cooperação. Histori-
camente, foram criados alguns elementos explicativos
em torno dos valores cooperativos, estruturados como
princípios, que sofrem transformações à medida que são
produtos de uma sociedade referenciada a um tempo
histórico. Os valores cooperativistas são eternos e, em
sua transcendentalidade, assumem o status de institui-
ção, constituindo-se nas referências fundamentais ao
modelo empresarial cooperativo.
Não há a menor dúvida de que os sete princípios do
cooperativismo são importantes. Porém, os aspectos
que devem merecer maior atenção na análise das ca-
racterísticas do modelo empresarial cooperativo são os
valores do cooperativismo. Os valores a que nos refe-
rimos, basicamente, se resumem em: a cooperação; a
solidariedade; a atuação em grupo baseada no respeito
mútuo; a democracia e justiça social, e os consequen-
tes desdobramentos na prática da gestão empresarial
cooperativista e as interligações, desta prática empre-
sarial, com a vida das comunidades.
Nesta perspectiva, é o caso de se perguntar que
relações existem entre os valores cooperativos e as prá-
ticas modernas de responsabilidade social? Teria a res-
ponsabilidade social, no caso do cooperativismo, o status
de valor? Ou seria ela mais um Princípio Cooperativista?
Em meados da década de 50, nos Estados Unidos,
a responsabilidade social teve como referência em seu
surgimento um apelo moral ao homem. Segundo Bowen,
em um estudo sobre a ética e a vida econômica cristã,
neste mesmo período, a responsabilidade social baseia-
se em ações que sejam compatíveis com os fins e valo-
res de nossa sociedade.
A evolução do conceito, impressionado pelos valores
da sociedade nos quais as ações empresariais ocorrem,
resultou em uma interpretação de responsabilidade so-
cial focada na ética empresarial, no cumprimento das
leis, no bom relacionamento com os seus colaboradores,
clientes, comunidade e meio ambiente, assumindo um
papel importante na promoção social e no desenvolvi-
mento do país.
Confrontando o a interpretação contemporânea de
responsabilidade social com os clássicos valores coope-
rativistas, notamos a tendência de uma natural identi-
ficação nos propósitos gerais da ação responsável das
empresas modernas em seus relacionamentos comuni-
tários. A sociedade contemporânea se esforça em re-
cuperar valores sociais, políticos e econômicos levando
a que organizações de todos os tipos, notadamente as
organizações de natureza econômica, passem a adotar
critérios e posturas éticas na produção e comercializa-
Sobre princípios, valores empresariaise responsabilidade social no Cooperativismo
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ção de produtos e serviços aten-
dendo a critérios ambientais e de
sustentabilidade.
A despeito de encontrarmos
nas ideias e nas práticas de res-
ponsabilidade social as caracte-
rísticas básicas dos princípios e
valores cooperativistas observa-se que, nas empresas
movidas meramente pelos interesses do capital, estas
só se mantêm pela promessa de sustentabilidade nos
negócios, onde o objetivo principal é a promoção da ima-
gem empresarial.
Perante este ambiente competitivo de mercado e
de atitudes empresariais responsáveis duvidosas, é ne-
cessário que o cooperativismo adote uma postura que
afirme seus valores junto a seus cooperados, colabo-
radores, comunidade e meio ambiente, assumindo sua
verdadeira identidade de forma profissional e dissemi-
nando seus respectivos valores nas relações produtivas
de nossa sociedade.
É necessário, porém, que estas ações sejam con-
templadas com projetos sustentáveis e coerentes com
os valores de nossa sociedade, que tenham como foco o
ser humano e suas necessidades sociais, promovendo a
saúde, a educação, o bem-estar e o seu desenvolvimen-
to social. Nesta ótica, atentamos com certa cautela à
postura adotada e à razão de existência do próprio co-
operativismo, como argumento sustentável para todas
as ações de responsabilidade social realizadas pelas or-
ganizações cooperativistas. É interessante constatar
que as organizações não cooperativas estão se reves-
tindo de valores morais e éticos para se adaptar ao novo
ambiente mercadológico, e que as cooperativas, com
certa vantagem comparativa, terão apenas o trabalho
de transparecer seus ideais e seus valores para afirmar
uma verdadeira responsabilidade social.
Esta, em sua conceituação moderna, incorpora em
grande parte valores próprios ao cooperativismo, nota-
damente aqueles relacionados aos aspectos de um de-
senvolvimento harmonioso, justo e sensato da humani-
dade, capaz de promover o equilíbrio social e a eliminação
dos disparates da excessiva concentração de riquezas. A
convivência entre objetivos empresariais e objetivos co-
munitários preconizada pelo cooperativismo como modelo
de um novo comportamento que se oponha à exclusão
global e à ruptura cultural entre os povos aparece como o
ponto central das melhores práticas de responsabilidade
social contemporânea.
As necessidades do mundo moderno se enquadram
no mesmo conjunto de valores que o cooperativismo
vem depurando há mais de 150 anos, em torno do valor
maior, qual seja a promoção de um ambiente social no
qual a humanidade seja o centro das considerações para
um desenvolvimento sustentável e voltado à paz.
A despeito de todas as considerações de ordem prá-
tica decorrentes do fato de ser um empreendimento
negocial de natureza econômica, o cooperativismo de-
monstra que a natureza do econômico só se completa
na dimensão social da vida em comunidade. É possível
gerar desenvolvimento econômico sem exclusão, desem-
prego, concentração de renda e fome.
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Vantagens exclusivas, benefí-
cios, preço justo e atendimen-
to diferenciado. Essas são algumas
das características da Casmadin.
Ao assumir a presidência da As-
sociação dos Servidores Municipais
de Barra Mansa (Asbam), em junho
de 2001, Jonas Marins teve a ideia
de criar uma cooperativa de consu-
mo. A princípio seria de materiais de
construção, mas, após um estudo,
percebeu que o funcionário de uma
empresa chegava, em determinadas
épocas do ano, a gastar mais com
remédios do que com alimentação.
Nascia então, em agosto de
Casmadin e sua receita de cooperação
2002, a Casmadin, cooperativa de
consumo fechada, constituída por
servidores públicos municipais de
Barra Mansa, para vender medica-
mentos e produtos de perfumaria
com preço abaixo do mercado.
Da constituição da cooperativa
até a inauguração da farmácia, reali-
zada em agosto de 2003, muita coisa
aconteceu, como entraves burocráti-
cos e ameaças da concorrência.
“A farmácia foi aberta numa pe-
quena loja, mas em parceria com os
Laboratórios da Marinha e Aeronáuti-
ca oferecemos remédios de qualidade
com preços simbólicos”, diz Marins,
presidente da Casmadin.
Após decisão em assembleia, ser-
vidores públicos de todas as esferas
puderam se cooperar. “Com apenas
um ano de funcionamento, já tínhamos
mais de 2.000 cooperados, sendo ne-
cessário mudarmos a farmácia para
um imóvel maior”, disse Marins, fun-
Única cooperativa de consumo de Barra Mansa duplica de tamanho em sete anos
cionário público municipal há 19 anos.
Além dos descontos em folha para
servidores, a cooperativa pratica a de-
fesa econômica e social dos seus as-
sociados pela ajuda mútua, libertando-
os do comércio intermediarista.
“Além do preço praticado na coope-
rativa ser bem abaixo do que o merca-
do, toda e qualquer sobra é repartida
entre os cooperados ou usada em prol
da coletividade”, acrescenta Marins.
É uma tendência de uma coope-
rativa de consumo fechada se tornar
aberta em um determinado momento
e com a Casmadin não foi diferente.
Hoje, após sete anos, a cooperativa
duplicou de tamanho e possui mais
de quatro mil cooperados.
Recentemente, adquiriu uma
sede campestre e nos pró-
ximos meses vai abrir uma
filial no município de
Quatis.Farmácia da cooperativa. À direita, o presidente Jonas Marins
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3ª Capa
Anúncio Coopidade
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