Rio Cooperativo n°10

32
CAPA

description

Revista para o público cooperativista

Transcript of Rio Cooperativo n°10

Page 1: Rio Cooperativo n°10

CAPA

Page 2: Rio Cooperativo n°10

2

2ª CAPAUnicred Rio

Page 3: Rio Cooperativo n°10

3

26

28

30

Rio Cooperativo é uma publicação da Montenegro Grupo deComunicaçãoContatos e Publicidade: (21) 2215-9463 - 2533-6009E-mail: [email protected]: www.montenegrocc.com.br

Editor executivo e jornalista responsável:Cláudio Montenegro (MTb 19.027)Redator-chefe: Leonardo Poyart (MTb 24.393)Produção visual: Leandro FigueiredoSecretaria administrativa: Marcia Fraga e Débora AraújoColaboraram nesta edição: Abdul Nasser e Ronaldo Gaudio

Fotos: Leonardo Poyart, Arquivos Unimed e OCB.

Conselho Editorial: Rodolfo Tavares (Faerj-Senar-Rio)

Distribuição: Lideranças cooperativistas, dirigentes, gerentes, co-operados e funcionários de cooperativas de todos os segmentos (agropecuário, consumo, crédito, educacional, especial, habitacio-nal, infraestrutura, mineral, produção, saúde, trabalho, transporte e turismo), empresários, administradores e gestores, assessores ju-rídicos, auditores, contadores, profissionais de recursos humanos, associações, sindicatos, federações e entidades de classe de forma geral, orgãos e instituições governamentais, universidades, clínicas e hospitais, fornecedores de produtos e serviços para cooperativas e demais formadores de opinião.

Os artigos publicados são de inteira responsabilidade de seus auto-res, não correspondendo necessariamente à opinião dos editores.

Capa desta edição: Cristo Redentor/Acervo Sxc

Edição nº 10 - Dezembro de 2009

Sumário

EducaçãoA nata do cooperativismo

ConsumoCasmadin e sua receita de cooperação

OpiniãoSobre princípios, valores empresariais e responsabilidade social no cooperativismo

Seções

Circulando

Causa e efeito

Editorial

EntrevistaEuclides Malta Carpi,presidente da Federação das Unimedsdo Estado do Rio de Janeiro.

CapaOlímpico e cooperativo por natureza.

CréditoFeirão Unicred bate recorde de vendas

EntrevistaMárcio Lopes de Freitas,presidente do Sistema OCB-Sescoop

DiferencialUma cooperativa mais que especial

4

8

16

21

22

24

26

28

30

514

514

4

8

16

21

22

24

Page 4: Rio Cooperativo n°10

4

Editorial

Cláudio MontenegroEditor Executivo

Vocação natural para sediar eventos esportivos é

algo indiscutível quando nos referimos ao Rio de Ja-

neiro. O que não se podia imaginar, nem o mais otimis-

ta dos torcedores, era a tamanha alegria que a nação

demonstraria com a escolha da cidade como sede das

Olimpíadas de 2016. Uma verdadeira comoção nacional

arrebatou o povo brasileiro que, pela primeira vez em sua

história, verá de perto o desfile de atletas de nações de

todo o mundo, voltando todas as atenções do planeta

para a cidade e, por tabela, para o país.

Além disso, o Brasil vive um momento de grande sim-

patia mundial, sendo respeitado como nunca o fora. Sede

da Copa do Mundo em 2014, a conquista do petróleo do

pré-sal e, por fim, o Rio 2016. Tudo tem conspirado a

nosso favor nos últimos tempos e, certamente, deve-

mos tirar proveito daquilo de melhor que este momento

ímpar nos propiciar.

Numa reflexão menos desportiva e mais voltada para

o senso real, podemos vislumbrar oportunidades de

ouro, prata e bronze para as cooperativas brasileiras,

em praticamente todos os setores.

No ramo Produção, não é difícil imaginar, por exem-

plo, a demanda de serviços de costureiras (uniformes,

bandeiras, camisas e materiais alusivos) e artesanato

(souvenirs, brindes, troféus etc.).

No Transporte, os taxistas compõem outra catego-

ria que será privilegiada com a vinda de turistas para o

município. Caberá a eles, através de suas cooperativas,

estarem preparados para atender adequadamente ao

público que virá em peso. Cursos de idiomas e relações

interpessais serão um diferencial para quem quiser se

destacar na concorrência que surgirá.

Os profissionais de educação também poderão vis-

lumbrar uma grande oportunidade para suas escolas e

cursos, oferecendo aulas de idiomas para o público em

geral e língua portuguesa para estrangeiros.

Em Turismo e Lazer, é irrelevante dizer o quanto po-

derão se beneficiar os guias de turismo reunidos em co-

operativas, disponibilizando seus serviços para o merca-

do, em condições mais competitivas.

As cooperativas de crédito poderão criar linhas de

crédito específicas para seus associados acompanharem

os jogos, bem como as cooperativas de saúde deverão

estar preparadas para atender à demanda de serviços

de cobertura aos atletas, por exemplo.

Por sua vez, as cooperativas do ramo mineral poderão

aumentar suas produções para fornecer matéria-prima

para o mercado, como pedras e rochas artesanais.

O agronegócio é outro setor que estará em alta, com

as cooperativas agropecuárias maximizando suas produ-

ções para atender ao mercado interno e, em consequên-

cia, aumentando as exportações.

As cooperativas habitacionais também poderão ter

importante papel nesse processo, vindo a participar da

construção de moradias nas vilas olímpicas.

No ramo Trabalho, possibilidades incontáveis: desde ser-

viços gerais (higiene e limpeza, jardinagem, segurança etc.)

a serviços especializados (manutenção de equipamentos,

sistemas de informática, dentre outros). E tudo isto sem

falar na intercooperação que poderá surgir, com os diversos

ramos interagindo entre si e apoiando uns aos outros.

Ou seja, oportunidades não irão faltar e quem estiver

preparado irá se destacar, cabendo a cada um cumprir

com seu papel. A sorte está lançada!

Boa leitura e saudações cooperativistas!

Alea jacta est“As oportunidades multiplicam-se à medida que são agarradas.”

Sun Tzu, autor de A Arte da Guerra

Page 5: Rio Cooperativo n°10

5

JogoRápido

RC – Quais são as expectativas da Coopidade com

esta expansão de sua área de atuação?

As expectativas são grandes e tudo indica que o pró-

ximo ano será bastante promissor para a Coopidade.

Acreditamos que iremos colher os frutos dessa

nova fase em pouco tempo, pois os projetos estão

caminhando a passos largos para sua concretização.

Nossa participação na XI Flumisul foi fundamental para

tomarmos a decisão de investir no Sul Fluminense, pois

a receptividade ao nosso trabalho foi muito grande.

Conseguimos trabalhar a intercooperação com a co-

operativa de consumo Casmadin, que nos abriu as por-

tas para a Asbam (Associação do Servidores de Barra

Mansa), que nos acolheu em suas dependências. Além

disso, passamos a colaborar com o SOS Barra Mansa,

uma forte entidade assistencial da região. Também es-

tamos em entendimentos com o Centro de Referência

do Idoso, uma instituição municipal que recebeu muito

bem a nossa proposta de trabalho.

A Cooperativa dos Cuidadores de Idosos e Doentes

Dependentes (Coopidade) está abrindo sua primeira filial

na cidade de Barra Mansa, no Sul Fluminense. O projeto

de expansão da cooperativa surgiu após uma série de par-

cerias iniciadas com instituições locais, como a Casmadin

(cooperativa de consumo), o SOS Barra Mansa e a Asbam

(Associação dos Servidores Municipais de Barra Mansa).

A intercooperação e a aproximação com a prefeitura

de Barra Mansa, além do incentivo de secretários, fize-

ram da cidade uma excelente escolha para a cooperativa.

O primeiro passo é promover a capacitação de profis-

sionais locais, para atuarem como cuidadores de idosos.

Para isso, terá início, em janeiro, a primeira turma do

curso de Formação de Cuidadores de Idosos em Barra

Mansa, ministrado pela Coopidade. O curso é ministrado

por profissionais do ramo, dentre enfermeiros, fisiotera-

peutas, nutricionistas e médico geriatra.

A diretoria da cooperativa prevê que o atendimento

aos clientes terá início ainda no primeiro mês de 2010.

Circulando

Coopidade passa a cuidar dos idosos do Sul Fluminense

Foto da Rosa

A expansão da cooperativa acontece após as come-

morações de 10 anos de atividades no Rio de Janeiro.

Com mais de 400 cooperados, a Coopidade é reconhecida

nacionalmente no ramo, tendo sido uma das cinco fina-

listas do Prêmio Cooperativa do Ano 2009, na categoria

Trabalho – Gestão Profissional.

Rosa Maria dos Santos, presidente da Coopidade

As diretoras Rosa Maria e Rosana Consuelo (à esquerda) e representantesde instituições de Barra Mansa

Page 6: Rio Cooperativo n°10

6

Ato Cooperativo é aprovado na Câmara dos Deputados

Enquanto representantes da Organização das Cooperativas

Brasileiras (OCB) e da Frente Parlamentar do Cooperativismo

(Frencoop) concluíam, em dezembro, o balanço da Agenda Le-

gislativa do setor em 2009, uma nova conquista foi registrada

pelo segmento na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF).

O Projeto de Lei Complementar (PLP) 271/2005, que dispõe

sobre o adequado tratamento tributário ao Ato Cooperativo,

foi aprovado por unanimidade na Comissão de Desenvolvimento

Econômico, Indústria e Comércio (CDEIC) da Casa.

Para o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, a apro-

vação do Ato Cooperativo é, com certeza, um destaque entre

as muitas vitórias do cooperativismo neste ano: “O projeto re-

trata um anseio de todos que fazem parte do movimento, o

adequado tratamento tributário ao ato cooperativo. É uma

conquista que deve ser comemorada e que marca uma cami-

nhada longa em busca desse reconhecimento.”

O substitutivo apresentado pelo relator atende às neces-

sidades e demandas do setor cooperativista. Agora, o PLP

271/2005, um dos projetos prioritários da Agenda Legisla-

tiva do Cooperativismo, segue para Comissão de Finanças e

Tributação onde passará por nova avaliação parlamentar.

(Fonte: www.cooperativismodecredito.com.br)

Circulando

Em audiência pública promovida pela Comissão de

Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, da

Câmara dos Deputados, em dezembro, para debater a

viabilidade econômica dos planos de saúde das coopera-

tivas médicas, o presidente da Federação das Unimeds

do Estado de São Paulo, Humberto Jorge Isaac, recla-

mou do que classifica como tributação excessiva sobre

as cooperativas e da “judicialização da medicina”.

Isaac informou que as cooperativas pagam 3,65% de

PIS e Cofins e 2% a 5% de INSS, além do Imposto de

Renda da Pessoa Jurídica.

Outro problema que preocupa, segundo o médico,

é a autorização, pela Justiça, de procedimentos sem

respaldo contratual e a inclusão de procedimentos em

contratos já vigentes, já que as operadoras não podem

reajustar as mensalidades para cobrir o novo custo.

Isaac informa que a receita anual das cooperativas

com planos de saúde é de R$ 21,1 bilhões. Já as despe-

sas assistenciais são de R$ 17,3 bilhões.

Para o presidente da Confederação Nacional das Co-

operativas Médicas (Unimed) do Brasil, Eudes Aquino,

as cooperativas precisam de tratamento diferenciado,

pois pagam impostos que antes só eram arcados pelas

empresas mercantis.

O diretor de Normas e Habilitação da ANS, Alfredo

Cardoso, afirmou que a crise financeira e a epidemia de

gripe A tiveram reflexos no caixa das operadoras. Se-

gundo ele, 50% das cooperativas médicas foram liquidadas,

entre elas as Unimeds de Salvador e de São Paulo.

(Fonte: Oscar Telles - Agência Câmara)

Cooperativas médicas reclamamde tributação elevada

Page 7: Rio Cooperativo n°10

7

Curtas

A Cremendes, cooperativa de crédito Lu-

zzati mais antiga do Brasil, comemorou seus

80 anos de atividades ininterruptas na cidade

de Mendes. A cooperativa, primeiro banco da

cidade de Mendes, iniciou seus trabalhos em

20 de outubro de 1929.

A Credicerj, Cooperativa de Crédito dos

Empregados da Ampla, completa quatro dé-

cadas de existência em janeiro de 2010.

As vendas de espumantes e vinhos nacio-

nais aumentaram em 45% no segundo semes-

tre de 2009. No ano passado, foram vendidos,

no Brasil, cerca de 10 milhões de litros de

espumantes produzidos no Rio Grande do Sul.

Os resultados positivos são fruto tanto do au-

mento do consumo interno, como da expansão

das exportações, que saltaram de 3,5 milhões

de litros, em 2007, para mais de 26 milhões,

até novembro deste ano. O maior crescimento

nas vendas ao exterior foi obtido pela Coopera-

tiva Vinícola Garibaldi, com acréscimo de 349%

nos seus resultados de 2008 a 2009.

A Comissão de Agricultura, Pecuária,

Abastecimento e Desenvolvimento Rural rea-

lizou audiência pública para discutir a criação

de uma diretoria de agronegócio e cooperati-

vismo no Banco Nacional de Desenvolvimen-

to Econômico e Social (BNDES). O debate

foi proposto pelo deputado Zonta (PP-SC), e

foram convidados representantes de várias

esferas do governo. O deputado argumenta

que o BNDES tem uma falta de identidade his-

tórica com os dois segmentos, o que acaba

prejudicando o financiamento na área agríco-

la, especialmente de cooperativas.

A Agência Nacional de Transportes Terres-

tres (ANTT) prorrogou o prazo para o recadas-

tramento dos transportadores que já têm o

Registro Nacional de Transportadores Rodoviá-

rios de Cargas (RNTRC). A data limite, que era

18 de dezembro de 2009, será substituída por

um calendário escalonado conforme o número

final dos atuais registros. O calendário está

disponível no site da ANTT: www.antt.gov.br.

A Unimed Leste Fluminense cresceu e

acaba de conquistar a marca histórica de

150 mil clientes. Parabéns ao presidente Be-

nito Petraglia e sua diretoria.

Contribuir para a geração de trabalho e renda e o desenvolvimento das

associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis do cen-

tro da cidade do Rio de Janeiro. Este é o objetivo de uma rede composta

por 17 integrantes, entre entidades e empresas, para estimular o desen-

volvimento sustentável da atividade.

A ideia do grupo é formular ações de apoio ao fortalecimento institucio-

nal das associações e cooperativas. Além disso, todos os participantes se

comprometem a buscar recursos que contribuam para viabilizar instalações

adequadas, aquisição de equipamentos, capacitação dos catadores e divul-

gação do projeto, com o objetivo de sensibilizar a população para a separação

do material reciclável para a coleta seletiva.

A rede é integrada pela Defensoria Pública Geral do Estado, Banco do

Brasil, Eletrobrás, Petrobras, Sebrae, Associação Brasileira das Indústrias

de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla), Abihpec, Associação Pólo Novo Rio

Antigo, Fórum Estadual Lixo e Cidadania e Movimento Nacional de Catadores.

Em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal,

Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o projeto foi implantado nas cidades de

Teresópolis, Mesquita, Barra Mansa e Rio de Janeiro.

(Fonte: Monitor Mercantil Digital)

Apoio a catadores de materiais recicláveis

Procapcred atinge R$ 1 bilhão para ramo Crédito

O Programa de Capitalização de Cooperativas de Crédito (Procapcred) al-

cançou a casa de R$ 1 bilhão, alocados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento

Economico e Social (BNDES). O BNDES também prorrogou o prazo de vigência

do Programa para dezembro de 2010, por meio da Circular nº 113/09.

Segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o valor total

alocado para o programa chega a R$ 1 bilhão. Nesta nova etapa são R$ 400

milhões, que podem ser utilizados para o crescimento patrimonial das coope-

rativas de crédito por meio do aumento das cotas partes do quadro social.

No lançamento do programa em 2006, o limite orçamentário do Progra-

ma era de R$ 300 milhões. Em 2008, passou para R$ 600 milhões.

A manutenção do Procapcred faz parte do plano de ação do Conselho Espe-

cializado de Crédito da OCB (Ceco), e conta o apoio da Frente Parlamentar do

Cooperativismo (Frencoop). Atualmente, são mais de 4,2 milhões de associados

em todo o País que se beneficiam do cooperativismo de crédito.

(Fonte: www.cooperativismodecredito.com.br)

Page 8: Rio Cooperativo n°10

8

Top of Mind

Há quanto tempo existe a Federação?

A Federação tem 38 anos. Foi fundada com três sin-

gulares e hoje são 21 no estado do Rio de Janeiro. A Fe-

deração desenvolveu, ao longo dos anos, trabalhos como

órgão representativo das singulares das Unimeds do

estado, com representatividade em todo o sistema Uni-

med. Passamos por diversas realidades, acompanhando

o desenvolvimento e as mudanças do país. Nosso foco

sempre foi a vontade pela liderança no setor e, graças

ao trabalho de toda a equipe, alcançamos destaque me-

recido no cenário nacional.

Como está o sistema Unimed hoje no Rio de Janeiro?

As Unimeds se sedimentaram, não só no estado do Rio,

mas em nível nacional e, nos últimos dez anos, galgaram um

sucesso espetacular sob o ponto de vista de marketing, de

imagem e de força do nome. A marca está se sedimentando

de uma maneira muito firme no mercado de planos de saú-

de. Tem maior conhecimento público da população, sendo a

primeira marca lembrada em nome. Conseguiu ao longo do

tempo uma força muito grande, sobretudo na confiança dos

clientes, uma vez que ela é querida pelos próprios médicos.

E isso facilitou muito essa empatia de marca e população

dentro do mercado.

As 21 Unimeds cobrem 100% do estado do Rio de Janeiro,

de forma que a população toda está assistida pela marca Uni-

med. Em nível nacional, estamos em quase 90% do território.

Entrevista

Oriundo da cidade de Itaperuna, Euclides Malta

Carpi começou sua atividade profissional como

médico anestesista. Foi presidente da Unimed Norte

Fluminense entre 1992 e 2009. Passou pela diretoria

da Federação na gestão Dagoberto José da Silva, en-

tre 1997 a 2005, e, no mandato seguinte, voltou, já

no cargo de presidente, sendo reeleito em 2009. Sua

trajetória dentro do sistema Unimed continua e, este

ano, foi indicado para a diretoria financeira da Unimed

do Brasil.

Confira, a seguir, entrevista exclusiva concedida à

Rio Cooperativo.

Page 9: Rio Cooperativo n°10

9

RC - Como é adminis-

trar entidades com

realidades tão diferen-

tes sobre um mesmo

regime e com as mes-

mas orientações?

A assistência mé-

dica é diferente na

capital e no interior

do estado. Algumas

cidades não possuem

o mesmo desenvolvi-

mento da capital e,

evidentemente, isso

gera custo, gera in-

teresses múltiplos e

procuramos conciliar

os interesses de uma

maneira harmônica.

O resultado que al-

cançamos ao longo

desses anos tem sido

palpável, uma vez que

a situação de harmo-

nia entre as Unimeds

do estado do Rio de Janeiro é bastante promissora. Eu

diria que esse é um estado harmonizado nos aspectos

operacionais, apesar das dificuldades e de cada um ter as

suas diferenças e suas necessidades próprias.

RC - Quais são as dificuldades que as operadoras de saúde

enfrentam?

Nossas principais dificuldades vêm do órgão regulador,

pois eles têm atuado de maneira extremamente intensa. A

Agência Nacional de Saúde (ANS) tem uma atuação comple-

tamente diferente de outras agências do governo. A ANS

veio para normatizar o mercado. Hoje está mais racional do

que no passado.

Porém, ela interfere de maneira muito drástica em de-

terminadas situações, como na operação do negócio entre

cliente e operadora. A agência tem a ação muito exacerbada

em alguns aspectos, ferindo nossos interesses de modo ge-

ral, indiscriminadamente.

Outro aspecto é o custo das tecnologias médicas. Quan-

do chegam ao Brasil, sejam importadas ou não, o valor é

muito alto. Nesse caso, a ANS não interfere. Então é pre-

ciso haver um equilíbrio

nessas cadeias. Acho

que o governo precisa

agir.

RC - Como a Federa-

ção enxerga as inú-

meras liminares que

o Ministério Público

determina contra as

operadoras e em fa-

vor dos clientes?

A Federação vê pre-

ocupada essa ques-

tão da judicialização

da saúde. Nisso, o

governo federal tem

os mesmos proble-

mas, uma vez que o

próprio judiciário au-

toriza o governo a

fornecer tratamento

para alguns procedi-

mentos que não prevê

em seus trâmites ha-

bituais. A justiça, de

modo geral, tem medo porque as pessoas querem os pro-

cedimentos, querem o melhor para sua saúde. Mas tem

que haver um controle nessa cadeia, porque se houver

benefícios só de um lado, vai haver desequilíbrio.

RC - A experiência do sistema Unimed tem sido apon-

tada como um dos mais bem-sucedidos modelos de co-

operativismo médico no mundo. A que o senhor atribui

esse fato?

O modelo Unimed nasceu da ideologia de alguns médicos,

que na época estavam insatisfeitos como o modelo de as-

sistência médica praticada no Brasil. Dessa forma, foi sendo

criado um corpo e se tornando profissional. Hoje, a Unimed

é a maior cooperativa médica do mundo e isso se deve, no

meu modo de entender, porque ela é uma cooperativa criada

e dirigida por médicos com uma visão bem humanística. A

Unimed conseguiu, ao longo desses anos, sedimentar sua

marca, sobre tudo nessa atividade da qual ela tem o objetivo

final, que é o atendimento médico da população. A cobertura

e o tratamento na Unimed certamente é mais humanizado,

mais efetivo e isso só tem fortalecido a marca.

“A presença da marca Unimed é

constante em nível nacional.”

Euclides Carpi, presidente da Federação das Unimeds do Rio

Page 10: Rio Cooperativo n°10

10

RC - Quais são as principais metas da Federação para os

próximos anos?

Precisamos aumentar nosso mercado porque os pla-

nos de saúde hoje em dia, em função dos custos médi-

cos, ainda são um modelo inacessível a uma grande parte

da população (classes sociais C, D e E). Na classe social

C, conseguimos penetrar um pouco, mas nas D e E ainda

não entramos. Essa é uma meta da Unimed, conseguir

entrar nesse mercado inexplorado pelas cooperativas.

Percebo que podemos evoluir um pouco mais nessa área,

cujo poder aquisitivo está cada vez maior, enquanto as

classes A e B estão cada vez mais estagnadas. Outro

objetivo é sedimentar ainda mais a marca, porque todos

os mercados são importantes.

RC - Como a Federação vê os investimentos que estão

sendo realizados pelas singulares, como a Rio e a Les-

te Fluminense, que estão construindo hospitais?

A tendência do mercado é exatamente essa: investir em

tecnologia e fazer o que se chamou de verticalização do ser-

viço, uma vez que você tem a gestão sobre o negócio, você

consegue equacionar preço, furar um aspecto da cadeia que

está exposto. Então, com serviços e recursos próprios, en-

tendemos que esse é um caminho a ser seguido pelas Uni-

meds. Na maioria das vezes, a rede própria consegue man-

ter um preço bastante perto da realidade do atendimento

médico. Hoje são mais de 90 hospitais no Brasil. É a maior

rede hospitalar própria do país.

RC - Qual é a média de atendimentos e procedimentos

médicos?

Hoje, somando todas as Unimeds no estado, são cerca

de um milhão e meio de clientes. São quase 13 mil coopera-

dos no estado do Rio de Janeiro. Nosso crescimento, entre

2005 e 2008, foi de 54,2%. Já o Sistema Nacional Unimed

possui 377 cooperativas médicas, está presente em 90%

do país, com mais de 106 mil médicos cooperados que pos-

suem a responsabilidade por 15 milhões de clientes. Por

ano, são realizadas mais de 65 milhões de consultas, quase

dois milhões de internações e 123 milhões de exames com-

plementares. Com essa responsabilidade, a Unimed possui

um papel preponderante na estrutura de saúde, o que im-

plica na busca permanente de superação, cuidado ético e

qualificação técnica.

RC - Que oportunidades o senhor vê para o cooperati-

vismo e, especificamente, para a área da saúde, com a

Copa do Mundo no Brasil e com os Jogos Olímpicos no

Rio de Janeiro?

Essa é a grande situação do momento. Certamente vai

gerar muitos recursos e postos de trabalho. E toda vez

que cresce o emprego, gera melhoria de qualidade de vida

do cidadão, o poder aquisitivo do povo melhora, e as co-

operativas, de maneira geral, vão ser beneficiadas. Para

nós, enquanto operadora de plano de saúde, essas obras

marcam uma oportunidade de negócio ímpar. Por exemplo,

as construtoras que vão realizar as obras, na maioria das

vezes, obrigam a todos os seus credenciados a oferece-

Page 11: Rio Cooperativo n°10

11

rem plano de saúde. Temos que aproveitar esse momento

para deslanchar e tentar melhorar a qualidade de vida.

A Copa do Mundo e as Olimpíadas foram extremamen-

te benéficas pelas cidades pelas quais passaram. É uma

oportunidade extremante positiva em todos os aspectos,

não somente para as cooperativas, como também para a

população de um modo geral.

RC - Com certeza, a Unimed vai desenvolver campanhas

de marketing nesse sentido...

A principal forma de campanha da Unimed é através do

esporte. A presença da marca é constante em nível nacio-

nal. O foco no esporte é uma estratégia de divulgação e for-

talecimento, uma vez que as operadoras de saúde precisam

vender saúde e o esporte é exatamente o que vai fazer com

que as pessoas se diferenciem das outras. Então, as coo-

perativas médicas têm investido no esporte e, certamente,

vão investir nos próximos anos.

1 - Angra dos Reis

2 - Araruama

3 - Centro Sul Fluminense

4 - Barra Mansa

5 - Cabo Frio

6 - Campos

7 - Costa do Sol

8 - Costa Verde

9 - Duque de Caxias

10 - Leste Fluminense

11 - Marquês de Valença

12 - Norte Fluminense

13 - Noroeste Fluminense

14 - Nova Friburgo

15 - Nova Iguaçu

16 - Petrópolis

17 - Resende

18 - Rio

19 - Teresópolis

20 - Três Rios

21 - Volta Redonda

Unimeds filiadas à Federação Rio

Page 12: Rio Cooperativo n°10

12

Anúncio TI Cred

Page 13: Rio Cooperativo n°10

13

Anúncio TI Cred

Page 14: Rio Cooperativo n°10

14

Causa&Efeito

Abdul Nasser é especialista em Direito Tributário e em Gestão de Cooperativas.Ronaldo Gaudio é especialista em Direito Processual Civil e MBA em Business Law.

Ambos são sócios da Gaudio & Nasser Advogados Associados.

Os Jogos Olímpicos de 2016 trarão

muitos benefícios sócio-econômicos

para o Rio. Mas para isto são necessá-

rio investimentos que, em sua grande

maioria, vêm das chamadas receitas

públicas derivadas, tributos, popular-

mente conhecidos como “impostos”.

Estas receitas derivam do patrimô-

nio do contribuinte, um fato notório. É

notório também que aproximadamente

90% dos investimentos estão projeta-

dos para a Barra da Tijuca. Isto implicou

em valorização imobiliária imediata dos

imóveis da região, em alguns casos, de

até 500%, isto só com o anúncio da vitó-

ria do Rio de Janeiro, sem sequer haver

um canteiro de obras relativas a isto na

região. O problema é que uma pequena

parcela da população será diretamente

beneficiada com as obras pagas por uma

grande parte da população que não rece-

berá beneficio direto algum.

Neste contexto, muitos especu-

ladores quadruplicaram seus investi-

mentos com o anúncio dessas obras.

Devemos perceber que este ganho

patrimonial dos especuladores, e até

de não especuladores, tem como ra-

zão de ser o investimento público que

será feito com recursos tributários.

Ocorre que esta fórmula não reflete

uma justiça social, pois, ainda que não

se criem ou aumentem os tributos em

geral, certamente serão reduzidos os

recursos públicos que poderiam ser

destinados, por exemplo, á saúde e

educação. O mais justo seria que os

beneficiários diretos, aqueles que ti-

veram valorização dos seus imóveis,

principalmente os especuladores, con-

tribuíssem também de forma direta e

proporcional a esta valorização, resti-

tuindo aos cofres públicos os ganhos

que tiveram em razão dos investimen-

tos realizados pelos governos envolvi-

dos no projeto.

Rio 2016: garantia de recursos e justiça tributáriaO Direito Brasileiro felizmente pos-

sui uma espécie tributária adequada

para isto, mas que não tem sido muito

utilizada, pois gera certas “antipatias

políticas”. É a Contribuição de Melho-

ria, espécie de contribuição compul-

sória devida por aqueles que tiveram

seus imóveis diretamente valorizados

em razão de investimentos públicos na

região entorno do imóvel. Neste caso,

a Contribuição de Melhoria represen-

taria justiça social, vez que o seu li-

mite geral é o custo total das obras

em torno do imóvel e individualmente o

custo total de valorização do imóvel do

contribuinte, cessando a contribuição

com o que ocorrer primeiro.

Assim, o Rio poderá dar um show

nestas Olimpíadas e, ao mesmo tem-

po, garantir que sejam aumentados os

investimentos nas áreas de necessi-

dades mais básicas, como segurança,

saúde e educação.

Page 15: Rio Cooperativo n°10

15

Segundo a solução de consulta n°

58 de 24 de abril de 2009 da Re-

ceita Federal, a retenção na fonte

da Contribuição para o PIS/Pasep

incidentes sobre pagamentos efetu-

ados por pessoas jurídicas a estas

cooperativas é devida apenas quando

os correspectivos preços tenham

sido estipulados pelos critérios pós-

estabelecidos, na modalidade custo

operacional, ou pelo critério misto.

Neste último caso, a retenção deve-

rá incidir apenas na parcela do preço

que se refira aos serviços efetiva-

mente prestados pelos cooperados.

A Receita Federal entende (S.C.

49/09) que as cooperativas que fabri-

cam produtos de laticínios, na hipótese

de realizarem vendas de produtos in-

dustrializados a partir de leite in natu-

ra entregue por suas cooperados pes-

soas jurídicas, são responsáveis pelo

recolhimento da Contribuição para o

PIS/Pasep devida por esses sócios em

A Receita Federal entende (S.C.

Nº 26/09) que a prestação de ser-

viço por cooperado de eleito para

cargo (eletivo) de direção, (art.12,

V, f da Lei nº 8.212/91), é fato gera-

dor de contribuição previdenciária,

sendo segurado obrigatório da Pre-

vidência, na modalidade de contri-

buinte individual. Assim, a coopera-

tiva que remunera um

contribuinte individu-

al cooperado, eleito

para cargo eletivo

INSS sobre remuneração de dirigentes e

conselheiros de socieadades cooperativas

(remunerado), deve contribuir com

20% sobre a remuneração ou retri-

buição paga ou creditada no decorrer

do mês ao segurado a este contri-

buinte individual que presta serviço

diretamente a empresa. Entretanto,

existem teses em contrário, inclu-

sive vitoriosas no âmbito do

Conselho de Contribuintes.

Retenção de Pis/Cofins emcooperativas operadoras de planos odontológicos

PIS/Pasep em cooperativas produtoras de laticínios

relação às receitas decorrentes das

vendas desses produtos. Entretanto,

não devem efetuar a retenção da Con-

tribuição para o PIS/Pasep em relação

ao montante do faturamento atribuído

às associadas optantes pelo Simples,

nem em relação às vendas de produtos

de laticínios que tenham as alíquotas

da contribuição reduzidas a zero.

Page 16: Rio Cooperativo n°10

16

Capa

Olímpico e cooperativo por naturezaOestado do Rio de Janeiro está

se preparando para receber

uma série de atividades esportivas

nos próximos anos: Jogos Mundiais

Militares em 2011, Copa das Confe-

derações em 2013, Copa do Mundo

em 2014, Olimpíadas e Paraolimpía-

das em 2016. Vários setores estão

atualizando procedimentos, implan-

tando novos projetos e aprimorando

equipes. Serão megaeventos espor-

tivos que vão mexer, principalmente,

com a economia do estado e do país.

Os diversos ramos cooperativis-

tas poderão participar do processo

de realização dos eventos esporti-

vos. Essa é uma condição ímpar que

nenhuma outra cidade sede teve, que

é a proximidade de grandes eventos

esportivos, não desacelerando as

atividades de produção envolvida.

Oportunidades para o cooperativismo

Fomentar projetos e cooperati-

vas que tenham como foco o aten-

dimento e o apoio na recepção de

esportistas e turistas. Esta é a

principal possibilidade que o presi-

dente da Organização das Coope-

rativas Brasileiras (OCB), Márcio

Lopes de Freitas, antevê para o co-

operativismo com a escolha do Rio

de Janeiro como cidade sede das

Olimpíadas em 2016.

“Com certeza, é uma grande opor-

tunidade para o cooperativismo bra-

sileiro, em especial, para as coopera-

tivas locais. Podemos fazer a mesma

referência à realização da Copa do

Mundo em 2014. Abre-se um leque

de oportunidades para o cooperati-

vismo e seus diversos ramos. É mais

um momento para o cooperativismo

se firmar”, disse Márcio Lopes.

Equipes treinadas

O diretor geral do Colégio Agrí-

cola Nilo Peçanha (Canp), José de

Arimathéia, citou a grande movi-

mentação de turistas que a cidade

Page 17: Rio Cooperativo n°10

17

Olímpico e cooperativo por naturezavai receber, mas lembrou que é pre-

ciso treinar os jovens.

“O Canp vai abrir cursos de turis-

mo e lazer para oferecer mão-de-obra

para aqueles que querem trabalhar

nos espaços recreativos de clubes,

cerimônias e hotéis”, adianta Arima-

théia, acrescentando que irá existir

um grande giro de recursos no setor

e que será preciso pessoal de apoio.

“O curso de turismo, que também

terá formação cooperativista, vai ser

oferecido na modalidade à distância

e, a partir de 2011, de maneira pre-

sencial. Todo setor que tiver o mínimo

de visão terá um mundo de oportuni-

dades. A questão é se preparar para

essa pauta”, pondera o diretor.

Em sua visão, o movimento co-

operativista precisa aproveitar o

momento como trampolim para a

difusão de sua doutrina. Para ele,

a principal questão, mais importan-

te que a preparação, é poder usar

esse momento como mobilizador e

deixar frutos.

“Acredito que, após 2016, o Rio

de Janeiro será muito diferente. É

um grande trunfo para a cidade para

os seus moradores. Hoje, nossa

preocupação é oferecer um proces-

so de qualificação e educação pro-

fissional o mais abrangente possível.

Temos um conjunto de perspectivas

e parcerias que são as melhores

possíveis”, aponta Arimathéia.

Justiça social

As Olimpíadas se apresentam

como uma boa oportunidade tam-

bém para as Cooperativas Habita-

cionais, que poderão prestar um

grande serviço ao Comitê Olímpico

e à população em geral.

Na visão do representante estadual

do ramo Habitacional, Afonso de Souza

Filho, as cooperativas poderão produzir

habitações que servirão durante o even-

to - alojamentos para os atletas visitan-

Foto

: Div

ulga

ção

Rio

20

16

Page 18: Rio Cooperativo n°10

18

Capa

tes dos diversos países, que, posterio-

mente, poderiam ser comercializados

com valores e condições acessíveis aos

associados cooperados.

“Estas construções, por serem

produzidas sem fins lucrativos e

sem a intermediação do incorpora-

dor, teriam um custo bem menor

- cerca de 30% menor. Seria a me-

lhor maneira de viabilizar a constru-

ção das Vilas Olímpicas destinadas

a receber atletas de todo mundo e,

posteriormente, serem bem apro-

veitadas para diminuir o défict habi-

tacional, além de melhor acomodar

em moradias dignas famílias mora-

doras de lugares impróprios, como

favelas, beira de córregos, lagoas,

rios e encostas com riscos de desa-

bamentos”, defende Afonso.

Na visão do representante, se-

riam bons projetos, bem localiza-

dos, com boa infraestrutura de

transporte, saúde e educação.

“Acredito que, se nossos gover-

nantes desejarem, as cooperativas

habitacionais poderão dar a maior e

melhor das contribuições: melhores

projetos, menores custos, melho-

res acomodações, melhor destino

às habitações e melhor justiça so-

cial”, vislumbra Afonso.

Taxistas serão beneficiados

Para o presidente do Sindicato

Nacional das Empresas de Adminis-

tração Aeroportuária, Pedro Azam-

buja, os Jogos Olímpicos vão somar

para o Brasil e, principalmente para

o Rio. “A cidade será a maior bene-

ficiada porque está no centro das

atenções”, disse.

Segundo Azambuja, os taxistas

serão os grandes beneficiados. “A

possibilidade de crescimento econô-

mico para a categoria é importante.

Eles ganharão, por exemplo, em trei-

namento de idiomas e de atendimento

turístico. Mas para isso é preciso uma

coesão de entendimentos”, ressalta.

O presidente da cooperativa de

táxi Aerocoop, que atua no Aeropor-

to Internacional Tom Jobim, Nilton

Cruz, lembra que os investimentos

serão em benefício de todos.

“Foi uma grande vitória que vai ge-

rar renda e emprego. O cooperativis-

mo está presente e se organizando

cada vez mais para atender melhor a

sociedade. Acredito que a segurança

e a organização na cidade vão perma-

necer, assim como as obras de me-

lhorias físicas”, acrescenta Nilton.

Para o gerente de Mercado da

Organização das Cooperativas Brasi-

leiras (OCB), Evandro Ninaut, a Copa

do Mundo no Brasil e as Olimpíadas

Page 19: Rio Cooperativo n°10

19

ção da Linha 4 do metrô, entre Gávea

e Barra, o maior desafio a ser venci-

do. Outras áreas, como segurança,

receberão investimentos para garan-

tir a tranquilidade da população.

Instalações e trabalho

O comprometimento do Brasil

com o esporte pode ser visto no in-

vestimento em instalações esporti-

vas no Rio. O estádio do Maracanã,

por exemplo, vai fechar pelos próxi-

mos dois anos para remodelação, in-

cluindo as áreas no entorno.

Mais da metade das instalações

para os Jogos Olímpicos já estão

construídas, pois foram utilizadas nos

Entre os decretos assinados

pelo governador Sérgio Cabral, para

preparar a cidade para os eventos,

estão a ampliação do programa Rio

Olímpico e o estabelecimento de

diretrizes para construções sus-

tentáveis. Ao todo, os investimen-

tos somam cerca de R$ 90 bilhões

e também estão previstos investi-

mentos privados no Estado.

Cabral informou que o governo

do estado vai criar um site para

que a população possa acompanhar

passo a passo o andamento das

obras. Dos projetos previstos, o

governador considera a implanta-

serão ótimas oportunidades para o

cooperativismo brasileiro na presta-

ção de diversos serviços.

“E em especial para as cooperati-

vas do Estado do Rio de Janeiro. As

oportunidades e os benefícios pode-

rão ser percebidos mais diretamente

por cooperativas dos ramos Trabalho,

Transporte e Turismo e Lazer. Caberá

às organizações estaduais atuarem

como catalizadoras dessas oportuni-

dades”, complementa Ninaut.

O que dizem as personalidades

O deputado estadual Dionísio Lins

lembrou que as três esferas do go-

verno estão trabalhando em conjun-

to. “Esses eventos serão tudo de

bom para a cidade, seus moradores

e trabalhadores”, disse.

Já o Ministro da Justiça, Tarso

Genro, avaliou que a solução dos pro-

blemas de segurança do país “é uma

batalha de médio e longo prazo. Essa

não é uma batalha de curto prazo.”

Para ele, os eventos devem servir

de objetivo para a construção de um

Jogos Pan e Parapan Americanos

Rio 2007: o Estádio João Havelan-

ge (proposto para abrigar as com-

petições de atletismo em 2016),

o Centro Aquático Maria Lenk, a

Arena Olímpica do Rio (que abrigará

as provas de ginástica e basquete

em cadeiras de rodas), o Velódromo

Olímpico do Rio, o Centro Nacional

de Equitação e o Centro Nacional

de Tiro Esportivo.

A família esportista desfrutará

de acomodações de alta qualidade,

com instalações arrojadas, vistas

estupendas e distâncias mínimas

para os locais de competição.

legado de segurança para o Rio de

Janeiro. “Colocamos a questão das

Olimpíadas como meta para deixar

um legado para a cidade”, disse.

Ainda segundo Genro, para pro-

mover as Olimpíadas o governo não

precisaria manter o Programa Na-

cional de Segurança Pública com Ci-

dadania (Pronasci), principal ação da

pasta para fortalecer a segurança

pública no país. “Para dar seguran-

ça, não precisaríamos do Pronasci.

Ocuparíamos a cidade do Rio de Ja-

neiro no período dos Jogos. Depois

a situação anterior voltaria, como

ocorreu em outros episódios.”

Investimentos do Estado

Page 20: Rio Cooperativo n°10

20

Capa

O Rio de Janeiro é uma cidade cosmo-

polita por suas origens, por suas festas

populares e pela receptividade de seus

moradores. Traduzir a cultura carioca

pode ser exemplificado na capacidade do

Rio em absorver grandes eventos, como

shows internacionais ao ar livre, e o Car-

naval - a maior festa popular do planeta.

Essa diversidade vai além, sendo obser-

vada nas várias manifestações culturais

brasileiras em praças e ruas da cidade.

O Rio de Janeiro destaca-se também

por suas belezas naturais. É uma metrópo-

le que conseguiu conservar as riquezas da-

das pela natureza: praias, montanhas e áreas

verdes, que tornam a cidade um lugar agradável

para seus moradores e um destino inesquecível. Por

tudo isso, a Cidade Maravilhosa é porta de entrada do

turismo brasileiro.

Outro fator que trouxe os jogos para o país, é que

atualmente o Brasil é a décima maior economia do mun-

do, com previsão de ser a quinta até 2016. O país é o

segundo maior exportador de produtos alimentícios, um dos

maiores produtores de petróleo e o quinto maior mercado pu-

blicitário. Sua economia diversificada é o motor da América

Latina e um dos 10 maiores mercados consumidores.

A paixão do carioca pelo esporte fica clara na quantidade

de espaços de laser: praias, ciclovias, clubes e campos espa-

lhados pela cidade. Todos os moradores da cidade e do país

serão beneficiados dos investimentos e oportunidades que

vão surgir.

Os eventos irão deixar um legado poderoso, que vai ao

encontro das necessidades de longo prazo da cidade. De con-

creto, uma modalidade já começou: a maratona de projetos,

orçamentos e obras. Resta saber se o governo vai ganhar

medalha de ouro nesse quesito.

Por que o Rio de Janeiro?

Page 21: Rio Cooperativo n°10

21

Mais de 2.000 visitantes, 10.000

m² de área ocupada em duas

tribunas do Jockey Club, 210 carros e

R$ 520 mil em eletroeletrônicos ven-

didos em apenas um final de semana.

Em 2009 os principais números do

feirão Unicred realmente impressio-

naram. Nesta quarta edição, o evento

superou todas as expectativas e sur-

preendeu mais uma vez, concedendo

mais de R$ 6,6 milhões em financia-

mento aos cooperados.

Ao lado das principais marcas

de automóveis, estiveram presen-

tes nomes conceituados no varejo

carioca como Casas Bahia, Todes-

chini e TAM Viagens. Os tradicionais

parceiros Unicred Rio, Seguros Uni-

med, Unipsico e Uniodonto também

participaram, além de expositores

de outros segmentos, como Cota-

ção DTVM e Hela Flávia Jóias.

As vantagens preparadas cuida-

dosamente pela Unicred Rio levaram

grande número de associados e suas

famílias ao Jockey nos dias 7 e 8 de

novembro. Também contribuíram

para o grande movimento, os anún-

cios publicados no caderno de bairro

do Jornal O Globo e outdoors veicu-

lados em pontos estratégicos da ci-

dade. Com essa campanha, a Coope-

rativa ampliou a divulgação para além

do quadro social, reforçando sua

imagem no mercado carioca e atin-

gindo um público importante para o

negócio. Diversos médicos ainda não

cooperados entraram em contato

com a Central de Relacionamento

para obter mais informações e com-

pareceram ao evento na Gávea.

Para atender a um público exigen-

te, a Unicred Rio preparou uma infra-

estrutura ainda mais confortável do

que nos anos anteriores. A área de

exposição ocupou 2.000 m², com 17

concessionárias espalhadas pela par-

te externa das tribunas B e C, onde

também foram montadas uma praça

de alimentação com diversas opções

gastronômicas e a recreação infantil.

Na área de negócios, foram ins-

talados oito postos de atendimento

para agilizar o processamento dos

pedidos e reduzir o tempo de espera.

Devido ao grande calor previsto para

o fim de semana, o lounge interno foi

equipado com aparelhos de ar condi-

Feirão Unicred bate recorde de vendascionado para garantir o conforto dos

visitantes. Ali funcionou também uma

agência Unicred Rio para apresentar

a cooperativa aos médicos ainda não

associados e oferecer seus principais

serviços ao quadro social presente.

O empenho da equipe rendeu elo-

gios por parte dos associados e o

espírito de cooperação foi um dos

marcos do feirão, garantindo o su-

cesso do evento. Na noite de domin-

go, ao encerrar as atividades com

uma festa para os funcionários, a

Unicred rio celebrou a conquista de

resultados financeiros inéditos e,

acima de tudo, a certeza de que sua

força está na união de esforços por

um objetivo comum.

210 automóveis foram negociados durante o Feirão

(Fonte: Unicred Rio)

Page 22: Rio Cooperativo n°10

22

RC - O Sescoop acaba de completar 10 anos de ativi-

dades no Brasil. Que conquistas a instituição alcançou

nesse período?

O Sescoop se consolidou nesses 10 anos e hoje é

uma instituição reconhecida pelo próprio Sistema ‘S’ e

também perante a sociedade brasileira como ferramenta

fundamental para o desenvolvimento do cooperativismo.

Nesse período, conquistou capacidade organizacional

com a formação de uma equipe devidamente preparada

para o atendimento ao Sistema Cooperativista Brasi-

leiro e às diversidades que dele fazem parte. As ações

realizadas pelo Sescoop nesses 10 anos foram determi-

nantes para o crescimento e consolidação do cooperati-

vismo e da família cooperativista.

RC - Quais são os principais projetos que o Sescoop

está desenvolvendo atualmente?

O Sescoop tem três objetivos básicos: capacitação,

formação e educação profissional; promoção social; de-

senvolvimento e monitoramento em cooperativas. Seus

projetos são direcionados aos dirigentes, cooperados,

funcionários e familiares. No desenvolvimento dessas ati-

vidades, são priorizadas as características regionais dos

13 ramos de atividade econômica onde se faz presente

o cooperativismo, e também das próprias cooperativas.

O objetivo é dar continuidade e aprimorar, por exemplo,

ações como os programas Cooperjovem, voltado para a

disseminação do cooperativismo junto às crianças, e o

Programa de Formação de Jovens Lideranças Coopera-

tivistas, para a preparação de novos líderes.

RC - Como o Sescoop está posicionado entre as demais

instituições do Sistema ‘S’?

O Sescoop é a menor e a mais jovem das instituições

que compõem o Sistema ‘S’, respondendo por 0,56% dos

recursos destinados ao segmento, mas com forte re-

presentação e legitimidade. Com uma postura correta, é

respeitado por todo o Sistema e pelos órgãos de controle

na gestão dos recursos. O Serviço Nacional de Aprendi-

zagem do Cooperativismo se destaca ainda por sua orga-

nização, coordenação e cumprimento de sua missão.

RC - Quais são os principais desafios para este braço

do Sistema ‘S’?

O grande desafio do Sescoop está no investimento no

maior capital do cooperativismo, a sua gente. Esta é a

grande força do movimento, as pessoas que dele fazem

parte e, por isso, investir em capacitação e formação de

Sescoop 10 Anos:crescimento econsolidação dafamília cooperativista

Em entrevista à Rio Cooperativo, o presidente da

Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio

Lopes de Freitas, comentou sobre as ações da insti-

tuição e ressaltou que o braço educacional do sistema,

o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo

(Sescoop) tem grande força no movimento cooperativis-

ta e investir em capacitação e formação de novas lide-

ranças é uma das prioridades.

Foto

s: D

ivulga

ção/

Sist

ema

OCB

Page 23: Rio Cooperativo n°10

23

novas lideranças é prioridade para o Sescoop. A ideia é

trabalhar pelo fortalecimento e continuidade do movimen-

to. Nessa mesma linha, estão os projetos direcionados à

profissionalização da gestão.

RC - Como fazer para que o cooperativismo e, especi-

ficamente, o trabalho do Sescoop sejam devidamente

reconhecidos pela sociedade?

Este é um trabalho de base, estrutural. A construção

de uma imagem positiva vem com o trabalho árduo. O

reconhecimento, a partir das ações e postura adotadas

no dia-a-dia. O Sescoop, como braço educacional do co-

operativismo, já é referência e, como instituição, busca

o aperfeiçoamento dos projetos que realiza, tendo como

meta um reconhecimento ainda maior por sua atuação.

Com isso, desenvolve-se o cooperativismo brasileiro, gal-

gando um espaço cada vez maior, consolidando-se como

referência por sua expressividade e participação na eco-

nomia do país.

RC - De que forma o apoio parlamentar, através das

Frentes Parlamentares do Cooperativismo (Frencoops)

nacional e estaduais, podem contribuir no processo de

fortalecimento do cooperativismo e do Sescoop?

O Sescoop não tem relação direta com represen-

tação política, por não ser esta a sua finalidade. O

cooperativismo precisa desse trabalho, focado, no

entanto, em sua entidade de representação, que é

a OCB. Ela atua em defesa dos interesses coopera-

tivistas, buscando a concretização de políticas pú-

blicas e uma legislação que atenda às necessidades

do setor. Para realização desse trabalho, a institui-

ção de representação conta com o apoio de pesso-

as comprometidas com as causas cooperativistas,

incluindo neste grupo os parlamentares que fazem

parte da Frencoop. Nos Parlamentos, em âmbito na-

cional, estadual e municipal, acontecem as decisões

legislativas que afetam o dia-a-dia das cooperativas,

fator que justifica a importância de uma boa relação

com tais esferas.

RC - Qual é a sua avaliação sobre o trabalho que

vem sendo desenvolvido pela unidade estadual no

Rio de Janeiro?

Vejo um esforço grande da unidade estadual, com um

trabalho focado na organização, no avanço e na busca

constante por melhorias. Há um espaço e um potencial

expressivos a serem explorados no estado, principal-

mente na área urbana do Rio de Janeiro. Mas há tam-

bém oportunidade para resgatar as origens do coopera-

tivismo agrícola, com menos expressividade na região.

“O grande desafio do Sescoopestá no investimento no maior

capital do cooperativismo,a sua gente. Esta é a grande força

do movimento, as pessoas quedele fazem parte.”

Márcio Lopes de Freitas,presidente do Sistema OCB-Sescoop

Page 24: Rio Cooperativo n°10

24

A Especial Coop Táxi é a primeira

e única cooperativa no Brasil a

oferecer serviço de transporte per-

sonalizado a pessoas com qualquer

deficiência física e idosos com difi-

culdades de locomoção. Os veículos

são novos, possuem ar condiciona-

do, som ambiente e lugar para dois

acompanhantes, além de serem equi-

pados com elevador hidráulico para

transportar a cadeira de rodas.

A ideia da adaptação dos car-

ros foi do presidente da cooperati-

va, Antônio Amaral, taxista desde

1983. Ele sempre viu dificuldades

no transporte de pessoas com defi-

ciências físicas.

Fundada em julho de 2003, a Es-

pecial Coop Táxi tem o objetivo de

oferecer transporte de melhor qua-

lidade aos cidadãos com necessida-

des especiais, dificuldade de locomo-

ção e idosos. O Decreto Nº 24.934,

de 9 de dezembro de 2004, instituiu

o Serviço de Transporte Especial de

Passageiros no Rio de Janeiro.

A luta começou bem antes, quan-

do Amaral se deparou as dificulda-

des do processo, uma lei que impe-

dia novas concessões até 2010.

“Existia uma carência no merca-

do para esse tipo de serviço. Levei

para a prefeitura o projeto Cidadania

Total. Após a criação da cooperati-

va, entrei com o processo para criar

o transporte especial. Mas levaram

cinco anos para o projeto sair do

papel, criando assim o fretamento a

taxímetro”, lembra.

A cooperativa começou a fun-

cionar com oito veículos em abril

de 2007, quando foi inaugurada em

solenidade realizada no Palácio da

Cidade, com a presença do então

prefeito César Maia. A tarifação

equivale a de um táxi especial e são

realizados em média 100 atendi-

mentos diários.

Veículos adaptados

Alguns problemas para trans-

portar cadeirantes são ressalta-

dos por Amaral. “Os táxis de hoje

possuem o botijão de gás veicular

ocupando praticamente toda a mala

do veículo. Além disso, a cadeira de

rodas motorizada não cabe dentro

do carro (no banco traseiro) e mui-

tos taxistas reclamam que danifica

o estofamento”, disse.

Outra dificuldade é conseguir fi-

nanciamento. “Somente em 2007

conseguimos o primeiro financia-

mento. Hoje, a frota é de 29 carros

Fiat Doblò 1.8 e somos 70 coope-

rados. Pretendemos ter um carro

para cada cooperado”, disse.

Mas a adaptação dos veículos

é cara e apenas três empresas fa-

Uma cooperativa mais que especial

Especial Coop Táxi é

primeira cooperativa

do país com carros

adaptados para

atender a cadeirantes

Page 25: Rio Cooperativo n°10

25

zem esse tipo de serviço: uma no

Rio de Janeiro, uma em São Paulo e

outra em Minas Gerais. O custo gira

em torno de R$ 32 mil. As adapta-

ções oferecem conforto e segurança,

como teto ampliado e com vidro para

dar maior visibilidade durante o traje-

to, colete de segurança para passa-

geiros com mobilidade reduzida e cin-

to de segurança para o cadeirante.

Já os motoristas são qualificados

para atenderem com cortesia e hu-

manidade os clientes especiais. Um

curso é ministrado pela Fundação Mu-

nicipal Lar Escola Francisco de Paula

(Funlar Rio), vinculada à Secretaria

Municipal de Assistência Social, para

que o treinamento seja constante.

Ideia do presidente da cooperativa levou cinco anos para sair do papel. Hoje, é exemplo para outros estados.

Intercooperação

A Especial Coop Táxi realiza a in-

tercooperação, pois supre a carên-

cia de cooperativas de táxis comuns

quando o pedido é de um cliente

cadeirante. “Temos acordos comer-

ciais com outras cooperativas para

oferecer atendimento a esse públi-

co específico”, disse Antônio.

Amaral também participou do

projeto Olimpíadas Rio 2016. Ele

encaminhou à prefeitura e ao comi-

tê organizador fotos, detalhes do

funcionamento e do atendimento e

defendeu que a cidade possui con-

dições, no que se refere ao trans-

porte, para receber atletas que irão

competir nas Paraolimpíadas.

O projeto de Antônio Amaral já

circula no Distrito Federal, São Pau-

lo e Belo Horizonte. Trata-se de um

mercado promissor e com muito es-

paço para crescimento.

Parte interna do veículo, adapatada para receber cadeira de rodas. Em primeiro plano, elevador de acesso

Page 26: Rio Cooperativo n°10

26

O município de São Gonçalo partiu

na frente e inseriu o Cooperati-

vismo no currículo escolar. A iniciati-

va aconteceu na Escola Estadual Va-

lentim dos Santos Diniz, pelo projeto

piloto do Nata - Núcleo Avançado de

Educação em Tecnologia de Alimen-

tos e Gestão de Cooperativismo.

A primeira escola a oferecer en-

sino médio integral no setor alimen-

tício no estado do Rio de Janeiro foi

inaugurada no dia 31 de agosto, no

complexo da antiga fábrica da CCPL,

em Colubandê, São Gonçalo. Em três

anos, a escola levará ao mercado de

trabalho os primeiros técnicos em

Engenharia de Alimentos do país.

O governador do estado, Sérgio

Cabral, disse durante a inauguração

da escola que, junto com as parcerias

privadas, há a possibilidade de cons-

truir soluções para a população.

“A parceria com o Grupo Pão de

Açúcar possibilitou a realização dessa

obra. Não há magia para que o proces-

so aconteça. É a formação de uma boa

equipe e muito trabalho focado no obje-

tivo em favor da população”, reforçou.

O professor de Introdução ao Co-

operativismo, Paulo Henrique Mari-

nho, destacou que é oportuno que a

educação técnica de qualidade che-

gue a todos.

“Abordaremos temas como a evo-

lução histórica do cooperativismo, as

causas do surgimento na Inglaterra

e sua prática na Europa e no Brasil,

dentre outros assuntos”, disse.

Segundo Marinho, a proposta da

matéria é fazer com que o aluno te-

nha uma visão do setor, com ênfase

no empreendedorismo.

“Acontecerão trabalhos de cam-

po, visitas em cooperativas agrope-

cuárias, para os alunos tenham o co-

nhecimento prático”, afirmou.

Já o presidente do conselho ad-

ministrativo da CCPL, Paulo Renato

Marques, enfatizou a maximização

do negócio do leite no estado.

“Um novo cuidado no setor lácteo

do estado pode ser observado e esta

A nata do cooperativismoescola vem de encontro com o reiní-

cio de um processo educacional téc-

nico e de industrialização, gerando

mão de obra na região”, afirmou.

Conhecimentos para o futuro

“Estamos respirando Brasil”,

disse o presidente da Federação

de Agricultura do Estado do Rio de

Janeiro (Faerj), Rodolfo Tavares, em

relação ao investimento de uma em-

presa genuinamente brasileira e com

responsabilidade social.

“O Rio de Janeiro está na ponta

dos investimentos de importantes

empresas que acreditam força da

nossa juventude”, disse.

O projeto do Nata teve o envolvi-

mento do Grupo Pão de Açúcar em sua

construção, firme no propósito de que

o conhecimento é o mais valioso dos

ativos e a educação, o único caminho

para estimular as mudanças necessá-

rias à construção de um país melhor.

Fundador do Grupo Pão de Açúcar, o

comendador Valentim dos Santos Diniz

foi um dos pioneiros empreendedores

que transformaram o Brasil no século

XX, exercendo papel determinante no

desenvolvimento do setor varejista.

Em sua homenagem, a escola do Co-

lubandê recebeu seu nome.

O resultado da parceria entre o

Governo do Estado do Rio e o Grupo

Pão de Açúcar, que investiu R$ 6,8

milhões no projeto, seguiu o exemplo

do Núcleo Avançado em Educação

(Nave), que funciona na Escola Es-

tadual José Leite Lopes, na Tijuca, e

tem como investidor a Oi Futuro.

Também presente na inauguração

da escola, o presidente do conselho

de administração do Grupo Pão de

Açúcar, Abílio Diniz, disse que mais

oportunidades estão sendo dadas a

cada vez mais brasileiros.O nome dado à escola é uma homenagem ao Comendador Valentim dos Santos Diniz

Page 27: Rio Cooperativo n°10

27

“Vamos ajudar a capacitar muitas

pessoas e espero que essa escola con-

tribua para formar mais profissionais.

O estado está mudando para melhor e

essa é uma decisão do Grupo, investir

com força no Rio”, decretou.

Laboratórios

Mais de 1.500 candidatos que

cursavam o 1º ano do ensino médio

da rede estadual disputaram as 120

vagas iniciais, numa média de 13 alu-

nos por vaga. A capacidade da escola

é para 600 alunos, nos cursos de lei-

te e derivados, panificação, carne e

derivados e vegetais processados.

As disciplinas do Nata são as

mesmas de uma unidade da rede

estadual de ensino, além das ma-

térias técnicas Introdução ao Coo-

perativismo, Introdução à Produção

Segundo a diretora do Nata, Marta Vi-

veiros, os alunos sairão com emprego pra-

ticamente garantido, já que o mercado não

conta com profissionais qualificados nessa

área. Formada em Biologia e Ciências Con-

tábeis e experiência de 12 anos em gestão

escolar, Marta afirma que seus alunos es-

tão bastante motivados.

“Nosso diferencial são as disciplinas técni-

cas, que se misturam com as do corpo comum,

nessa modalidade de ensino médio integrado.

O ganho é grande para todos, principalmente

para os alunos e moradores da região”, conta.

A escola oferece café da manhã, almoço

e lanche. “O motivo não poderia ser mais no-

bre. Os alunos estudam em tempo integral

e saem com formação técnica”, ressalta a

diretora, lembrando que haverá nova seleção

de alunos, no início de 2010, para as turmas

de panificação e de leite e derivados.

A infraestrutura tecnológica e o acaba-

mento visual impecável da escola também

são fatores motivadores para os alunos.

“Além de equipamentos de última geração,

como a lousa digital, a comunicação nas

áreas internas é de extremo bom gosto,

gerando um clima educacional agradável”,

diz a diretora.

Diretora afirma que ensino médio integrado forma jovens maduros

Leiteira, Programas

de Saúde, Relações

Interpessoais e dis-

ciplinas específicas

aplicadas nos labo-

ratórios técnicos.

Em um mesmo

lugar serão ofere-

cidos cursos pro-

fissionalizantes e

montado um centro de Pesquisa

Aplicada de Alimentos (Unipa). O

antigo prédio do departamento ad-

ministrativo da CCPL foi completa-

mente reformado e agora abriga as

salas de aula e os laboratórios do

Nata. São mais de 20 salas, labo-

ratórios de embalagens, química,

física, biologia, e usinas piloto.

A usina piloto de leite e derivados

está preparada para produzir em

pequena escala todos os produtos

que o mercado consome, como, por

exemplo, iogurte, doce de leite, man-

teiga e bebidas pasteurizadas, se-

gundo o consultor técnico do Grupo

Pão de Açúcar, Hélio Vilas Boas.

“Os estudantes também poderão

atuar em uma das outras três usi-

nas, que ficarão prontas até 2013:

panificação, manipulação de vegetais

e embutidos”, disse.

O laboratório de Microbiologia está

equipado para fazer análises microbio-

lógicas de leite e derivados, identifica-

ção e contagem de microorganismos,

entre outras funções.

Já o laboratório de físico-quimica,

está aparelhado para fazer todas

as análises de leite e derivados. Os

alunos poderão analisar as matérias-

primas e verificar se os produtos

estão de acordo com as regulamen-

tações técnicas de identidade e qua-

lidade do produto e se estão dentro

das legislações da Agência Nacional

de Vigilância Sanitária e do Ministé-

rio da Agricultura.Usina piloto de leite e derivados

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, falou durante a inauguração

Paulo Henrique e Marta Viveiros

Page 28: Rio Cooperativo n°10

28

Opinião

Professor José Horta Valadares é mestre em Administração, doutor em Agricultura e

Desenvolvimento, e professor adjunto da Universidade Federal de Viçosa (MG).

É sempre oportuno refletir sobre os princípios e os

valores cooperativistas, particularmente para con-

siderar o elemento fundamental que os distinguem na

prática empresarial cooperativa. Os princípios, dada

sua natureza e origem históricas, estão referenciados

às características de um tempo específico e, portanto,

sofrem modificações e adaptações por força da sua his-

toricidade. Como produto histórico, os princípios pas-

saram por sucessivas transformações e adequações,

refletindo as transformações do mundo.

Por outro lado, os valores cooperativistas são atem-

porais, porque significam desdobramentos de uma for-

te instituição da humanidade: a cooperação. Histori-

camente, foram criados alguns elementos explicativos

em torno dos valores cooperativos, estruturados como

princípios, que sofrem transformações à medida que são

produtos de uma sociedade referenciada a um tempo

histórico. Os valores cooperativistas são eternos e, em

sua transcendentalidade, assumem o status de institui-

ção, constituindo-se nas referências fundamentais ao

modelo empresarial cooperativo.

Não há a menor dúvida de que os sete princípios do

cooperativismo são importantes. Porém, os aspectos

que devem merecer maior atenção na análise das ca-

racterísticas do modelo empresarial cooperativo são os

valores do cooperativismo. Os valores a que nos refe-

rimos, basicamente, se resumem em: a cooperação; a

solidariedade; a atuação em grupo baseada no respeito

mútuo; a democracia e justiça social, e os consequen-

tes desdobramentos na prática da gestão empresarial

cooperativista e as interligações, desta prática empre-

sarial, com a vida das comunidades.

Nesta perspectiva, é o caso de se perguntar que

relações existem entre os valores cooperativos e as prá-

ticas modernas de responsabilidade social? Teria a res-

ponsabilidade social, no caso do cooperativismo, o status

de valor? Ou seria ela mais um Princípio Cooperativista?

Em meados da década de 50, nos Estados Unidos,

a responsabilidade social teve como referência em seu

surgimento um apelo moral ao homem. Segundo Bowen,

em um estudo sobre a ética e a vida econômica cristã,

neste mesmo período, a responsabilidade social baseia-

se em ações que sejam compatíveis com os fins e valo-

res de nossa sociedade.

A evolução do conceito, impressionado pelos valores

da sociedade nos quais as ações empresariais ocorrem,

resultou em uma interpretação de responsabilidade so-

cial focada na ética empresarial, no cumprimento das

leis, no bom relacionamento com os seus colaboradores,

clientes, comunidade e meio ambiente, assumindo um

papel importante na promoção social e no desenvolvi-

mento do país.

Confrontando o a interpretação contemporânea de

responsabilidade social com os clássicos valores coope-

rativistas, notamos a tendência de uma natural identi-

ficação nos propósitos gerais da ação responsável das

empresas modernas em seus relacionamentos comuni-

tários. A sociedade contemporânea se esforça em re-

cuperar valores sociais, políticos e econômicos levando

a que organizações de todos os tipos, notadamente as

organizações de natureza econômica, passem a adotar

critérios e posturas éticas na produção e comercializa-

Sobre princípios, valores empresariaise responsabilidade social no Cooperativismo

Page 29: Rio Cooperativo n°10

29

ção de produtos e serviços aten-

dendo a critérios ambientais e de

sustentabilidade.

A despeito de encontrarmos

nas ideias e nas práticas de res-

ponsabilidade social as caracte-

rísticas básicas dos princípios e

valores cooperativistas observa-se que, nas empresas

movidas meramente pelos interesses do capital, estas

só se mantêm pela promessa de sustentabilidade nos

negócios, onde o objetivo principal é a promoção da ima-

gem empresarial.

Perante este ambiente competitivo de mercado e

de atitudes empresariais responsáveis duvidosas, é ne-

cessário que o cooperativismo adote uma postura que

afirme seus valores junto a seus cooperados, colabo-

radores, comunidade e meio ambiente, assumindo sua

verdadeira identidade de forma profissional e dissemi-

nando seus respectivos valores nas relações produtivas

de nossa sociedade.

É necessário, porém, que estas ações sejam con-

templadas com projetos sustentáveis e coerentes com

os valores de nossa sociedade, que tenham como foco o

ser humano e suas necessidades sociais, promovendo a

saúde, a educação, o bem-estar e o seu desenvolvimen-

to social. Nesta ótica, atentamos com certa cautela à

postura adotada e à razão de existência do próprio co-

operativismo, como argumento sustentável para todas

as ações de responsabilidade social realizadas pelas or-

ganizações cooperativistas. É interessante constatar

que as organizações não cooperativas estão se reves-

tindo de valores morais e éticos para se adaptar ao novo

ambiente mercadológico, e que as cooperativas, com

certa vantagem comparativa, terão apenas o trabalho

de transparecer seus ideais e seus valores para afirmar

uma verdadeira responsabilidade social.

Esta, em sua conceituação moderna, incorpora em

grande parte valores próprios ao cooperativismo, nota-

damente aqueles relacionados aos aspectos de um de-

senvolvimento harmonioso, justo e sensato da humani-

dade, capaz de promover o equilíbrio social e a eliminação

dos disparates da excessiva concentração de riquezas. A

convivência entre objetivos empresariais e objetivos co-

munitários preconizada pelo cooperativismo como modelo

de um novo comportamento que se oponha à exclusão

global e à ruptura cultural entre os povos aparece como o

ponto central das melhores práticas de responsabilidade

social contemporânea.

As necessidades do mundo moderno se enquadram

no mesmo conjunto de valores que o cooperativismo

vem depurando há mais de 150 anos, em torno do valor

maior, qual seja a promoção de um ambiente social no

qual a humanidade seja o centro das considerações para

um desenvolvimento sustentável e voltado à paz.

A despeito de todas as considerações de ordem prá-

tica decorrentes do fato de ser um empreendimento

negocial de natureza econômica, o cooperativismo de-

monstra que a natureza do econômico só se completa

na dimensão social da vida em comunidade. É possível

gerar desenvolvimento econômico sem exclusão, desem-

prego, concentração de renda e fome.

Page 30: Rio Cooperativo n°10

30

Vantagens exclusivas, benefí-

cios, preço justo e atendimen-

to diferenciado. Essas são algumas

das características da Casmadin.

Ao assumir a presidência da As-

sociação dos Servidores Municipais

de Barra Mansa (Asbam), em junho

de 2001, Jonas Marins teve a ideia

de criar uma cooperativa de consu-

mo. A princípio seria de materiais de

construção, mas, após um estudo,

percebeu que o funcionário de uma

empresa chegava, em determinadas

épocas do ano, a gastar mais com

remédios do que com alimentação.

Nascia então, em agosto de

Casmadin e sua receita de cooperação

2002, a Casmadin, cooperativa de

consumo fechada, constituída por

servidores públicos municipais de

Barra Mansa, para vender medica-

mentos e produtos de perfumaria

com preço abaixo do mercado.

Da constituição da cooperativa

até a inauguração da farmácia, reali-

zada em agosto de 2003, muita coisa

aconteceu, como entraves burocráti-

cos e ameaças da concorrência.

“A farmácia foi aberta numa pe-

quena loja, mas em parceria com os

Laboratórios da Marinha e Aeronáuti-

ca oferecemos remédios de qualidade

com preços simbólicos”, diz Marins,

presidente da Casmadin.

Após decisão em assembleia, ser-

vidores públicos de todas as esferas

puderam se cooperar. “Com apenas

um ano de funcionamento, já tínhamos

mais de 2.000 cooperados, sendo ne-

cessário mudarmos a farmácia para

um imóvel maior”, disse Marins, fun-

Única cooperativa de consumo de Barra Mansa duplica de tamanho em sete anos

cionário público municipal há 19 anos.

Além dos descontos em folha para

servidores, a cooperativa pratica a de-

fesa econômica e social dos seus as-

sociados pela ajuda mútua, libertando-

os do comércio intermediarista.

“Além do preço praticado na coope-

rativa ser bem abaixo do que o merca-

do, toda e qualquer sobra é repartida

entre os cooperados ou usada em prol

da coletividade”, acrescenta Marins.

É uma tendência de uma coope-

rativa de consumo fechada se tornar

aberta em um determinado momento

e com a Casmadin não foi diferente.

Hoje, após sete anos, a cooperativa

duplicou de tamanho e possui mais

de quatro mil cooperados.

Recentemente, adquiriu uma

sede campestre e nos pró-

ximos meses vai abrir uma

filial no município de

Quatis.Farmácia da cooperativa. À direita, o presidente Jonas Marins

Page 31: Rio Cooperativo n°10

31

3ª Capa

Anúncio Coopidade

Page 32: Rio Cooperativo n°10

32

Para se destacar em um mercado cada vez mais acirrado e competitivo, é necessário utilizar as ferramentas mais adequadas para trabalhar a imagem de sua empresa.

Aliar criatividade e bom gosto, sensibilidade e praticidade, dinamismo e qualidade. Este é o compromisso da Montenegro Comunicação & Eventos, uma agência que anali-sa as necessidades de cada cliente e propõe soluções eficazes de comunicação, gerando resultados positivos.

Com um atendimento personalizado e em sintonia com os objetivos de sua empresa, a Montenegro é for-mada por profissionais com vasta experiência em co-municação empresarial.

O trabalho gerenciado pela Montenegro é dinâmico. São parcerias com cada cliente, colaborador e fornece-dor; são laços construídos com profissionalismo, a fim de garantir a segurança necessária para desenvolver uma política de comunicação corporativa de sucesso.