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Rio de Janeiro, dezembro de 2006 Ano XIII – Nº 102 ISSN 1676-3220 R$ 7,90 www.comunitaitaliana.com A MAIOR MÍDIA DA COMUNIDADE ÍTALO-BRASILEIRA Cassino da Urca será reformado por italianos Felicidade? Pesquisa revela que italianos casam menos e número de divórcios aumenta enquanto no Brasil população idosa cresce

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Rio de Janeiro, dezembro de 2006 Ano XIII – Nº 102

ISS

N 1

676-

3220

R$

7,90

www.comunitaitaliana.com

A m A i o r m í d i A d A c o m u n i d A d e í t A l o - b r A s i l e i r A

Cassino da Urca será reformado por italianos

A vez do Rio

Felicidade?Pesquisa revela que italianos casam

menos e número de divórcios aumenta enquanto no Brasil população idosa cresce

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EditorialBalanço..........................................................................................06

Cose NostreFaturamento.da.moda.feita.na.Itália.deve.crescer.pelo.menos.18.por.cento............................................07

OpinioneQUAMDIU?.Per.quanto.tempo?......................................................08

EntrevistaAtriz.e.diretora.brasileira.Florinda.Bulkan.fala.sobre.seu.sucesso.na.Itália.......................................................14

EconomiaMissione.impreditoriale:.È.conclusa.la.tappa.italiana.a.Roma.e.a.Milano..............................16

PerfilValentino.Rizzioli.assume.presidência.do.GEI.e.fala.sobre.expansão.dos.negócios.entre.Brasil.e.Itália............20

NotizieItália.è.in.distacco.alla.Fiera.della.Providenza.2006............................................................27

AtualidadeNumero.di.immigrati.regolari.in.Italia.ha.quase.raggiunto.quello.degli.emigrati.italiani.nel.mondo..................36

48 50Turismo Sui.sentieri.di.SissiI.giardini.di.Castel.Trauttmandsdorff.a.Merano.sono.la.meta.preferita.per.le.gite

Música Batuque.italianoMúsico.Maurizio.Belli.conta.sobre.a.arte.de.tocar.pandeiros

Fotografia Eterna.divaAtriz.Sophia.Loren.posa.para.calendário.Pirelli.2007

Gastronomia Ceia.de.NatalPrato.à.base.de.bacalhau.é.a.dica.de.uma.autêntica.italiana.para.a.ceia.de.Natal

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40 54

CAPA A.hora.do.“não”Istat.divulga.dados.que.reafirmam.tendência.italiana.de.“fugir”.do.casamento

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entretenimento com cultura e informaçãoeditorial

FUNDADO EM MARÇO DE 1994

Julio Vanni

COSE NOSTRE

É inevitável.Ofimdoanoseaproximaecomeçamosafazercontas:oquepaga-mos,oquetemosapagareoquevemparaoanoqueseinicia.Masobalançonãoéapenasfinanceiro.Étambémsinônimodeorganizaçãoespiritual.Ehajaespírito

paraodia-a-diaqueenfrentamoscomoaumentodaviolência,dodesemprego,odesca-socomacoisapública,dentretantosoutrosobstáculos.

Nós,daRedaçãodeComunità,setivéssemosqueescolherumapalavrapararesu-miresteanoquetermina,certamente,optaríamospor“inovação”.Éanossametaatravésdapráticadeumjornalismomodernoedasinúmerasformasqueimplantamosparache-garatéopontodeencontrocomnossosleitores.Buscamosobjetivosousadosealcança-mosumpúblicoquefazopiniãoeadiferençanasociedadebrasileira.Para2007,conti-nuaremoscomprometidoscomumserviçodeinformaçãoeentretenimento,mirandooprazernaleituradeComunitàItaliana.

OgovernoProdicomeçouhápoucosmeses,masjábateuumrecorde:somente31porcentodapopulaçãoitalianaestásatisfeitacomasaçõesrealizadaspelacen-

tro-esquerdanopoder.Earespostanegativadoscidadãoschegoutãocedoqueadirei-taitalianaounãotevetempoounãoquisseorganizarparaumaoposiçãoconstrutiva.Berlusconi vem demonstrando força para protestar. Mesmonão tendocumpridoaspromessasdediminuiçãode taxaedaliberalizaçãodaeconomiaduranteoscincoanosemquegovernouabota.

Acusadodepopulista,porfazerumaoposiçãocapazdelevarmaisde200milpessoasparapraçaspúblicas[aliás, se fossem os da esquerda chamariam isso de democracia sadia],oex-premieraindapedearecontagemdosvotosdositalianosnoexteriorquegarantiramumamaioriadeapenasumrepre-sentantenoSenadoitalianoparaoatualgoverno.Preocupadoemacertaratãopolêmica“finanziaria”italiana,Prodiparecenãoseimportarcomascríticaseatribuitodooperíododecri-seatualaogovernoanterior.

Em setembro,os “velhinhos”,pensionistas italianosnoexterior,sesurpreenderamcomadeliberaçãogovernamentaldequeteriamsuasapo-sentadoriasrevistase,portanto,apartirdeentãonãomaisreceberiamseusdevidosesti-pêndios.Masoespíritonatalinopareceterpesadoeapósdoismesessem“umalira”dedepósito,adecisãofoirevistaetudovoltouaonormal.

Orabolas,seráqueLulatinharazãoquandoafirmourecentementequeaoatingir-mosumacertaidade,seguimososrumosmaisàdireita?

Umafotografiadasociedadeitalianaatualmostraumatendênciaqueseverificatam-bémnoBrasil.Onúmerodecasamentosvemdiminuindoeapopulaçãoidosaestá

emaumento.Matériadecapadestaedição,otemaédiscutidoporespecialistasevocêpoderáacompanharosreflexosdesteestudo.

Umaboanotíciaanimaoscariocas.ObelíssimoprédiodoextintoCassinodaUrcaseráreformadoparaabrigarasededoInstitutoEuropeudeDesign.Criadoem1966,emMilão,oórgãoéreferênciainternacionalemarquiteturaetraráaoRiodeJaneiroespecia-listascomtécnicasparaoaproveitamentoda“criatividadenatural”dacidade.Oacordo[que foi assinado graças ao empenho da Prefeitura do Rio e dos órgãos diplomáticos ita-lianos]prevêcotasdeaulasparajovenscarentes.

Comestaúltimaediçãode2006,desejamosatodososleitorescomemoraçõescompaz,saúdeealegria.

BoaLeitura!

DIREtOR-PREsIDENtE / EDItOR:Pietro Domenico Petraglia

(RJ23820JP)

DIREtOR:Julio Cezar Vanni

VICE-DIREtOR EXECUtIVO:Adroaldo Garani

PUblICAÇãO MENsAl E PRODUÇãO:Editora Comunità ltda.

tIRAGEM:30.000 exemplares

EstA EDIÇãO FOI CONClUíDA EM:14/12/2006 às 12:30h

DIstRIbUIÇãO:brasil e Itália

REDAÇãO E ADMINIstRAÇãO:Rua Marquês de Caxias, 31

CEP: 24030-050tel/Fax: (21) 2722-0181 /

(21) 2719-1468

E-MAIl:[email protected]

sUbEDIÇãORosangela Comunale

[email protected]

REDAÇãO:Nayra Garofle

e sílvia souza (estagiária)

REVIsãO / tRADUÇãOAna Paula torresCristiana Cocco

PROJEtO GRáFICO E DIAGRAMAÇãO:Alberto Carvalho

CAPA:Royalty-Free/Corbis

COlAbORADOREs:braz Maiolino – Pietro Polizzo – Venceslao soligo – Marco lucchesi – Domenico De

Masi – Franco Urani – Fernanda Maranesi – Giuseppe Fusco – beatriz Rassele

CORREsPONDENtEs:Guilherme Aquino (Milão)Ana Paula torres (Roma)

Giordano Iapalucci (Florença)Marcos Petti (são Paulo)

ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos

e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo

assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da Revista.

la rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori e sprimono, nella massima libertà, personali

opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione.

IssN 1676-3220

Filiato all’Associazione

stampa Italiana in brasile

Pietro Petraglia Editor

Balanço

Em clima de Natal, o presidente da república da Itália, Gior-gio Napolitano, observa o presépio doado pelos meninos de

uma instituição para menores em Nisida. A iniciativa aconteceu durante o encontro, na fundação Città della scienza, em Napoli, com estudantes comprometidos com o trabalho voluntário contra a Camorra, facção mafiosa que age ao redor da cidade no tráfico de drogas, cigarros e jogo clandestino. “Nunca perdi a confiança em Nápoles”, disse o presidente referindo-se à sua cidade de origem.

Privada patriotaUma privada com uma

descarga que funcio-nava ao ritmo do hino na-cional italiano foi confisca-da pela polícia no norte da Itália, gerando um grande debate nacional sobre pa-triotismo. O vaso sanitário era a criação de dois artis-tas locais e estava em ex-posição no Museu de Arte Moderna de bolzano. Os promotores dizem que o hino Fratelli d’Italia é um símbolo nacional a ser pro-tegido e nunca deveria ser alvo de ridicularização. Os advogados de defesa do museu argumentaram que, apesar de o hino ter um va-lor patriótico e sentimen-tal, ele não é um símbolo nacional.

Fontana de TreviUma organização católica fez um acordo com a prefeitura

de Roma, na Itália, para que o dinheiro arrecadado diaria-mente na famosa fonte italiana Fontana di Trevi sirva para abrir um supermercado. A idéia é distribuir alimentos gratuitamente à população pobre. Os turistas costumam jogar moedas no local porque, segundo a tradição, quem coloca dinheiro na fonte vol-ta a Roma. A Fontana di Trevi recebe, diariamente, 3 mil euros, somando mais de 1 milhão anuais. O montante será recolhido no fim de cada dia por funcionários autorizados.

Tem gôndola no BrasilRepresentantes do governo veneziano entregaram no início de no-

vembro uma gôndola veneziana para a população de Nova Vene-za, em santa Catarina. A embarcação genuinamente italiana é de ma-deira e era utilizada para transporte de pessoas nos canais de Venezia, principalmente de turistas. Esta é a terceira gôndola original que é do-ada pela província para outro país. são Petersburgo [Rússia] e toronto [Canadá] possuem uma embarcação cada. A do brasil tem a cor preta, 10,75 metros de comprimento, 1,75 de largura e pesa 600 quilos.

Muito visitadoOs Museus Vaticanos

bateram recorde de vi-sitação e atingiram um pú-blico de mais de quatro mi-lhões de visitantes. No ano em que se completam cinco séculos desde sua fundação, os museus ocupam boa par-te das 1.400 salas dos Pa-lácios Vaticanos, abrigam a maior coleção de arte anti-ga do mundo, além da Ca-pela sistina pintada por Mi-chelangelo. Em 2005, foram computados 3.822.234 visi-tantes. bento 16 definiu os Museus Vaticanos como uma “teologia de imagens” e um “santuário de arte e fé” que representam uma grande responsabilidade “do ponto de vista da mensagem cris-tã”. O complexo é o mais vi-sitado da Itália e o quarto no mundo após o louvre de Paris, o Metropolitano de Nova York e o britânico de londres.

Fafá em RomaFafá de belém cantou Chico buarque e emocionou romanos. A

cantora brasileira apresentou 14 músicas escritas por Chico en-tre 1966 e 1980 e que compõem o CD “tanto Mar”. Elogiado pela crí-tica internacional, a grande novidade deste álbum é que contém du-as músicas cantadas em italiano, com adaptação de sergio bardotti, que é lembrado como um apreciado tradutor de Vinicius de Moraes, tom Jobim e do próprio Chico buarque. trata-se de “Occhi negli oc-chi” [Olho nos olhos], escrita por Chico em 1976, e “Fatta apposta” [Sob Medida], escrita em 1979 para a trilha sonora de um filme.

Nova ópera para BocelliO italiano Andrea bocelli can-

tará pela primeira vez, em abril de 2007, no teatro bellini da Catania, com o papel principal de “Andréa Chéneir”, de Umber-to Giordano. A apresentação será transformada em uma edição de DVD-CD duplo pela gravadora in-glesa Decca. Junto com bocelli, cantarão a soprano Martina se-rafin e o barítono Alberto Gazale dirigidos por Alun Francis, atual diretor da sinfônica de berlim, com “regia” de Federico tiezzi.

Relíquias italianasTropas italianas da Força

Interina das Nações Uni-das no líbano (Unifil) desco-briram no sul do país artefatos da era romano-bizantina. Ofi-ciais encontraram jóias, vasos e esqueletos datados dos sécu-los 3 e 4 d.C. enquanto faziam escavações na região de sha-ma, ao sul de tiro, para cons-truir uma nova base italiana no país. Os objetos foram en-tregues à Direção Arqueológi-ca de tebnin, na presença do vice-ministro italiano das Re-lações Exteriores, Ugo Intini, que visitava o líbano acompa-nhado pelo embaixador Gabrie-le Checchia.

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Made in Italy cresceO faturamento da moda feita na Itália deve crescer pelo menos

menos 18 por cento no final de 2006, segundo estimativas da consultoria de negócios Merrill lynch. As avaliações foram divulga-das por Paola Durante, chefe departamental corporativa da consul-tora, na Milano Fashion Global Summit 2006, uma reunião que com-preende diversas experiências de pessoas que atuam no setor.

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Exposição: “Tazio sEcchiaroli

o cinEma no olhar”A mostra revisita 30 anos de carreira do ita-liano que era o paparazzo de Fellini. Iné-dita, a coletânea apresenta 60 fotografias originais de secchiaroli, falecido em 1998, aos 73 anos. As imagens pertencem ao “Ar-chivio tazio secchiaroli”, dirigido pelo filho do artista. Imortalizado no filme “la Dol-ce Vita”, tazio secchiaroli tem histórias que

na estante

agenda culturalPaRliamONEcon l’Avvocato Giuseppe Fusco

[email protected]

QUamDiU? pEr QUanTo TEmpo?

opinião serviço

Meridiano Celeste & Bestiário, de Marco lucchesi. O novo livro de poemas do autor traz quase 70 textos, entre os quais um com seu próprio nome. Há citações dos fi-lósofos Farias brito e spinoza nu-ma obra que pode ser definida co-mo um livro que repele sínteses, até por parecer, de modo um tanto enganador, também uma síntese. O poeta vive um movimento em expansão que parece caracterizar a experiência que ele chama para si através de uma variedade verti-ginosa de outras tantas vivências do presente e do passado. Editora Record, 128 págs., R$27,90.

frases“Estou muito feliz. É um sonho que sempre busquei em

toda a minha vida, principalmente porque é algo muito difícil para um zagueiro”

Fabio Cannavaro,

jogador do Real Madrid, ao receber de uma revista francesa o prêmio “Bola de

Ouro” como o melhor jogador da Europa.

“Macché dieta! Io sono di Napoli, e a Napoli abbiamo sempre fame. Io credo che il merito sia del dna di mia madre, che era ancora una donna bellissima quando se n’é andata. E poi sono fotogenica”

Sofia Loren, attrice, rispondendo ai giornalisti sul segreto per l´eterna

gioventù presentata nelle pagine del nuovo calendário Pirelli 2007.

“É a única realidade multiétnica que eu conheço. Há mais de cem anos os brasileiros vivem numa sociedade aberta, sabem viver juntos. É por isso que esse país tem uma disposição natural para a arquitetura”

Massimiliano Fuksas, arquiteto italiano, que em visita ao Brasil palestrou sobre arte em São Paulo e defende a ética no lugar da estética.

inspiraram a produ-ção. E são as imagens desta fase, do fim da década de 1950, que podem ser vistas na mostra. Além de dire-tores como o próprio Fellini, a exposição traz astros e estrelas que filmaram nos es-túdios de Cinecittá, em Roma, tais como

Ava Gardner, Claudia Cardinale, brigitte bar-dot, entre outros. Outro destaque é a sessão especial dedicada aos atores sophia loren e Marcello Mastroianni, de quem secchiaroli foi fotógrafo pessoal e de confiança.

De 9 de dezembro a 11 de fevereiro de 2007, de segunda a sábado, das 10h às 21h e aos domingos das 12h às 21h. Local: Caixa Cultural, Galeria da Paulista, Avenida Paulista, 2083. Entrada Gratuita. Informações: (11) 3321-4400E-mail: [email protected]

Em outubro último, fiz uma viagem por toda a Itália. Conheci lu-gares incríveis e tirei várias fotos. Esta é uma das que eu gosto

muito. É o Rio tevere, com sua beleza ímpar, que corre suas águas verdes e tranqüilas em direção a Igreja de são Pedro, no Vaticano. Jairo Favario — Niterói, Rio de Janeiro

click do leitor

cartas

Mande sua foto comentada para esta coluna pelo e-mail: [email protected]

Arq

uivo

pes

soal

“Depois da edição 100 percebi que algumas coisas mudaram na re-

vista e a criação do ‘Italian style’ foi o maior barato. Achei ótimo os papéis higi-ênicos estampados! Um bom presente pra quem tem humor e gosta de se divertir com os amigos.”

GabRieLLa FoNtaNiNi,Rio de Janeiro – RJ,

por e-mail

“U ma das partes que mais gosto na revista é a de serviços. Eu, leitor

fiel, costumo consultar as dicas dadas pela revista. Por isso, acho que devem vir mais indicações de livros, festas e por que não de filmes também? Acho muito interessan-te e uma página é pouco.”

aNtoNio aMato, Santa Catarina, FL,

por e-mail

“É interessante ter na revista os colunistas de Firenze, Milão e Roma. É mais uma

forma de estarmos ligados com o dia-a-dia ita-liano e as novidades de lá. Quanto ao ‘Il lettore Racconta’ achei o máximo! Que maneira emo-cionante de contar a história da família, isso me envolve como leitora de um jeito comovente!”

MaRiâNGeLa boRGo, Vitória – ES,

por e-mail

enquete

Ecco qualche cosa sul famoso decreto del Ministro bersani, convertito nella legge

248 del 4 agosto con cui venivano cancella-ti i benefici fiscali ai pensionati residenti al-l’estero appartenenti alla cosiddetta “no tax area”, ossia, i non tassati.

Allora, nessuno se n’è accorto e nessuno è stato avvertito. Chissà poi perché il Mini-stro bersani ha pensato di usare il decreto legge, strumento che presupporrebbe l’ur-genza di disciplinare qualche cosa che non va bene, o affrontare una emergenza.

Cosí, essendo il decreto legge di effica-cia immediata, i disciplinati e solerti buro-crati dell’INPs, hanno preso carta, scarta-facci, faldoni, penna e calamaio e hanno ri-fatto, a tambur battente, tutti i calcoli, al centesimo, e la già magra pensione, ad otto-bre è arrivata purgata, con perdita di liquidi anche dell´80%., ai circa cento-mila pensionati sparsi, smarriti e smagriti nel mondo.

È vero che un altro velocissi-mo decreto ha rimesso le cose a posto: cari pensionati, c’è stato un malinteso, non vi preoccupa-te, entro la fine dell’anno vi resti-tuiremo tutto.

Non è stata colpa di nessu-no: troppe carte, troppe circola-ri, troppo questo e quello e poi, capite, abbiamo anche il sistema informatico che non capisce a vo-lo le disposizioni, non si adatta, non si adegua. Appunto: colpa del sistema.

- senhor, não podemos fazer nada, o si-stema não aceita. Mais alguma coisa? Não podemos, senhor, o sistema está fora do ar. O estorno do desconto injustificado? Noven-ta dias úteis, senhor. O INPs agradece.

Questa parte mi viene meglio in porto-ghese, e voi la capite, perché sicuramente vi è capitato di sentire certe voci fredde, mecca-

niche, monotone, indifferenti, irritanti, e voi... impotenti e verdi di rabbia.

Novanta giorni per restituire lo scippo. staremo a vedere. Restituiranno i soldi sot-tratti velocemente, nudi e crudi, senza uno straccetto di interesse, visto che sono rima-sti nei loro forzieri? Il pensarlo è pura follia. Figuriamoci. Anzi, vuoi vedere che tasseran-no anche le restituzioni?

Parlando di tasse e di soldi, ho sentito dire che i nostri connazionali residenti na bota sono sempre più ridenti, ridono cosí tanto, a denti stretti, che gli si è infiamma-

ta la mascella. Noi a Rio diciamo: inflamação buco-maxilo-facial.

la stessa infiammazione sembra abbia colpito el senador argentino Pallaro luigi, il quale ha spalancato troppo la bocca quando gli hanno detto che gli italiani residenti al-l’estero l’anno prossimo riceveranno 14 mi-lioni di Euro, e poi tanti altri, e di piú, nel 2008, e via passando il tempo...

Roma locuta est: il Ministero degli Esteri ha già i soldi per pagare le bollette dei Con-solati, comprare il materiale di cancelleria, erogare i sussidi, snellire, sburocratizzare e, soprattutto, bandire anche un megaconcor-so locale per l’assunzione di personale capa-ce di evadere le pratiche della cittadinanza. Insomma: preagendamento, agendamento, la chiamata. Oggi? Figuriamoci: stiamo chia-mando quelli del 2003...

Cincischiamo, cari amici, per non pian-gere, perché, parliamo seriamente, le cose in Europa e nel mondo non vanno tanto bene.

l’Europa ha paura di cambiare, affron-ta una grande e grave crisi di identità, cosí decide di non decidere, in perenne guerra ideologica tra false destre, false sinistre e centri squilibrati, una mediocrità frutto di una concezione burocratica, economicista e impositiva del sogno unificatore.

E questo mentre la polveriera libanese sta per esplodere di nuovo, Israele si sente minacciata sempre di più, il Medio Oriente è in fiamme, e negli stati Uniti la vittoria democratica ha fatto rinascere idee isolazio-niste e nazionaliste. E se veramente gli UsA dovessero dire: Mondo, ci odi ? Allora, ar-rangiati. Non succederà.

tuttavia, come diceva Cicerone, “nulla acies humani ingenii tanta est quae pene-trare in coelum, terram intrare possit”

sicuramente il latinorum lo sapete.

Empresas italianas descontam do salário o tempo que os empregados usam para fumar. Você acha justo?

55,6% - Sim. O empregado deixa de produzir para prejudicar a saúde.

44,4% - Não. As empresas devem respeitar a escolha do empregado.

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 24 e 27 de novembro.

Adria, Cidade dos Sonhos, de Vicente de Paulo Clemente e Maria das Graças Clemente. É o relato de uma viagem sonhada à ádria, cidade do norte da Itália. Quase um guia de viagem de tão pormenorizadas as passagens, o livro é um encontro do casal com o local de onde vieram os ascendentes de Maria das Gra-ças, os Casellato. As fotografias em preto e branco descrevem com nostalgia os lugares visi-tados. Editar Editora Associada, 244 págs. Venda pelo telefone (32) 3217-7671 ou pelo e-mail [email protected].

Rep

rodu

ção

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articolo

In un articolo del giugno scorso avevo sottolineato l’eccezionale sviluppo dei grandi paesi asiatici Cina ed

India che, sia pure con imposta-zioni assai diverse, avevano im-boccato un cammino di crescita costante ed elevata, con pro-spettive grandiose di progresso economico [e purtroppo anche di problemi ambientali].

la Cina in particolare, con la sua popolazione di 1,3 miliardi, un mercato interno potenzial-mente enorme, la laboriosità della popolazione, disciplina, bassi salari/costi sociali/tasso cambiale, eccezionale vocazio-ne al risparmio e quindi agli investimenti interni ed esteri,

Panama raddoppia il suo canale

Franco Urani

Approvato referendum che autorizza la costituzione di una terza via di comunicazione parallela

aumenta ogni anno la sua pro-pensione a relazionarsi con il mondo, e cioè sia con i paesi ricchi (Nord America e Europa). Questi paesi le offrono know-how e grandi sbocchi esportativi, sia con quelli in via di sviluppo e poveri da dove può ricevere la materia prima di cui è carente e sviluppare massicce esportazio-ni a prezzi popolarissimi.

Crediamo che la pragmatica politica cinese nei paesi poveri, specie africani, basata su cospicui investimenti diretti e massimizza-zione degli scambi commerciali, potrà rivelarsi assai più efficace rispetto a quella europea di que-sti decenni basata su interventi frammentari, coinvolgimenti con

poteri locali incapaci e corrotti, mancanza di programmi.

Un ruolo di sempre maggiore importanza verrà pure assunto dagli scambi tra il Nord Ameri-ca lato Atlantico e Cina-Giappo-ne, il cui incremento è frenato dall’insufficienza del Canale di Panama, in funzione da inizio 1914, dove transitano annual-mente - su 2 vie di comunicazio-ne parallele - 14.000 navi fino a 75.000 ton. con 275.000 milioni di ton. di merci.

I nuovi grandi traffici tra Estremo Oriente/Nord Ameri-ca lato Atlantico avvengono quindi in parte su navi di oltre 100.000 ton. e su rotte assai lunghe ed onerose che passa-no generalmente dall’Oceano Indiano, canale di suez, Medi-terraneo e traversata dell’Atlan-

tico, mentre dal Canale di Pana-ma – ormai ingolfato - si passa in appena due giorni tra Atlan-tico e Pacifico.

Fatto importante e recentis-simo è che, dopo anni di studi, è stato ora approvato dall’80%

dei panamensi un referendum proposto dalla PANAMA CANAl AUtHORItY che autorizza la costruzione di una terza via di comunicazione parallela, oltre alle due esistenti, che consen-tirà - dal 2014 - il passaggio attraverso l’istmo di mega-navi di stazza fino a 120.000 ton., con investimento previsto di oltre 5 miliardi di dollari, im-piego diretto di 35.000 addetti, possibilità di transito annuo di un 200.000 milioni di ton., in aggiunta all’attuale, totale del complesso dei 3 canali di Pana-ma 450/500 milioni di ton. di merci, contro 300.000 milioni di ton. del canale di suez. le opere dovrebbero venire in gran parte spesate da UsA, Cina, Giappone, principali utilizzato-ri del Canale ed i benefici per l’economia di Panama sarebbero certamente cospicui.

E già si sta pensando a nuo-vi e più importanti passi, consi-derando che il nuovo complesso Panama sarebbe ben presto in-sufficiente. sta infatti prendendo corpo l’antico progetto del vicino Nicaragua per realizzare un cana-le concorrente capace di sfrutta-re il lago Cocibolca – il secon-do dell’America latina – in cui potrebbero transitare navi con stazza fino a 250.000 ton., con-tro le 120.000 ton. futuramente previste per Panama, preveden-dosi peraltro un investimento che supererebbe i 20 miliardi di dollari che comporterà quindi un rigoroso studio di fattibilità e tempi certo lunghi per l’eventua-le realizzazione.

In questo contesto, il ca-nale di suez si ridurrebbe gra-dualmente al solo utilizzo delle rotte marittime mediterranee ed europee e quindi, anche nel

lungo termine, non dovrebbe avere necessità di essere am-pliato, compensandosi l’incre-mento specifico dei traffici con l’eliminazione di quelli attual-mente diretti o provenienti dal Nord America.

“E già si sta pensando a nuovi e più importanti passi, considerando che il nuovo complesso sarebbe ben presto insufficiente”

opinione

Il regalo di NataleEzio MaranEsi

“Un giorno fantastico nel senso letterario dal termine come mai ve ne erano stati”

Si capì subito che non era un giorno come gli altri. sembrava primavera. Il telegiornale del mattino

mostrava il sorriso giovanile, a quarantadue denti, di Romano Prodi, che annunciava ad un fol-to pubblico giubilante di contri-buenti del ceto medio la riduzio-ne del 50% di tutte le imposte e tasse italiane. sullo sfondo, un coro di bambini del teatro alla scala cantava l’Inno alla Gioia, dalla Nona di beethoven. tra il pubblico, nell’ultima fila, quasi a sottolineare che i V.I.P. sono uguali a tutti gli altri, berlusco-ni reggeva una enorme stella co-meta, splendente, che al termi-ne del discorso avrebbe portato al capo del governo. Gli sedeva-no accanto Fini, Casini e i vari capi-corrente, vestiti da Re Ma-gi, che su un vassoio esibivano l’oro, l’incenso e la mirra di cui più tardi avrebbero fatto dono a Prodi. bossi e Calderoli, in un angolo, non condividevano il tri-pudio generale, non esultavano, ma qualcosa aveva sciolto le loro fredde anime padane; infatti na-scondevano, con un certo pudo-re, cartelli su cui campeggiavano le scritte “Ave Roma caput mun-di” e “W la Calabria”.

A bagdad neanche un feri-to; sciiti e sunniti intonavano, in verità un po’ stonati, arie da “Jesus Christ superstar”, men-tre in Piazza san Pietro alcuni cardinali recitavano versetti del Corano a migliaia di cattolici prostrati, viso alla Mecca e se-dere al vento.

le cronache locali mostra-vano a Napoli gli assoldati della camorra che spazzavano le stra-de dei quartieri spagnoli e gli ad-detti alla raccolta dei rifiuti che portavano via gli ultimi sacchi di immondizie della Pasqua scor-sa. tutti i motociclisti portavano il casco e il sindaco Rosa Russo Iervolino ringraziava il popolo, voce alla Callas, in piazza del Plebiscito.

Persino le rubriche di gossip, normalmente tanto idiote quan-to noiose, apparivano pregnan-ti di simbologia positiva: si è visto Vittorio sgarbi all’uscita di un night stringendo tene-ramente la Mussolini, Victoria beckham, vestita fino ai denti, che faceva la calza, i principi savoia che decoravano l’albero di Natale con luci e palle gial-le, aiutati da leggiadre fanciulle in larghe sottane [naturalmen-te il principe era sotto, a tenere la scala], il cuoco Vissani con la barba fatta che, condannato a escogitare piatti inutilmente sofisticati, finalmente si poteva concedere il lusso di un panino col salame di Cremona.

In seconda serata, in una divertentissima puntata di Por-ta a Porta, un simpatico Fassi-no allietava il pubblico con bat-tute e barzellette allegre. Era molto ingrassato, tipo Giuliano Ferrara e, anziché sulla poltro-na, se ne stava sdraiato su un triclinio come trimalcione, ben a suo agio, fumando un narghi-

lé con aria un po’ lasciva. sulle poltrone, i rappresentanti della sinistra moderata, dell’estrema sinistra e quelli dei partiti del-l’opposizione, si tenevano per mano. Nessuno interrompeva; al contrario quando qualcuno par-lava tutti indistintamente sor-ridevano e davano segnali di assenso mostrando di condivi-dere le garbate, per niente po-lemiche affermazioni dell’ora-tore. bruno Vespa, vestito da cardinale [non aveva osato ve-stirsi da Papa o da Gesù, come avrebbe desiderato], impartiva benedizioni ai suoi ospiti, tra i quali, come lui ama mostrare, non mancavano alcune “bbone” superdotate [solo fisicamente, s’intende]. Al termine della tra-smissione, tutti in coro canta-rono il “Va’ pensiero”. Avevano infatti raggiunto gioiosamente un compromesso: c’era infatti chi voleva cantare “bella ciao” e chi “bianco Natale”.

Fu un giorno fantastico, nel senso letterario del termine, co-me mai ve ne erano stati. Alla sera eravamo stanchi, ma felici: avremmo voluto che le ore non avessero mai fine.

Ci svegliammo incazzati, e tonti, la mattina dopo. Era an-cora buio alle otto e c’era mol-

ta nebbia su tutta l’Italia, a Pizzighettone, a Fie-

sole e persino a trapani. Freddo

umido, smog; minacciava neve. sembrava ci fosse un problema di black out, e infatti la luce an-dava e veniva. Nei momenti “in” sapemmo che c’erano stati 300 morti a bagdad, 200 in una al-luvione in Guatemala, la signo-ra totti aspettava un altro figlio e bobo Vieri aveva rotto il flirt con l’ultima “velina”. I politici abbaiavano, ringhiavano e qual-cuno mordeva pure. Prodi annun-ciava una nuova tassa sui gatti, sui pappagalli e sulle suocere. Perché i criceti no? Francesca Al-derisi continuava a forare i tim-pani commentando estasiata la cartolina illustrata della signora Giuseppa da san Diego. Un gior-no tragicamente uguale a tutti gli altri.

Permaneva, vago, il ricordo di ieri. Ciò che era accaduto era talmente inconsueto che la gen-te era certa di aver sognato, non capiva. Il Governo, la RAI, le re-dazioni dei giornali furono inon-date da e-mail; la gente voleva sapere se era stato un miraggio. Ci fu una interpellanza al Mini-stero dell’Interno; furono i val-ligiani della Val di susa, i “No tav”, piemontesi tosti e disubbi-dienti testardi che, come al soli-to, volevano vederci chiaro. C’era molto nervosismo nelle piazze e i soliti estremisti approfittavano dello sconcerto per rompere qual-che vetrina. Verso mezzogiorno ci fu una schiarita; apparve persino uno scampo di arcobaleno. sulla sua coda stava seduto un gigan-tesco babbo Natale. Ghignava sornione e beffardo. Aveva posto la mano sinistra sull’avambrac-cio destro, all’altezza del gomi-to, mano destra chiusa a pugno. Volgare quanto inequivocabile. Era il 26 dicembre.

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marco lucchesi / articolo

As razões de IbsenA

Noruega – de céus puros, e fiordes, e paisagens de gelo – deixara de ser, desde 1814, província da Dinamarca. E começara a buscar suas raízes, a recolher as sagas, a repensar a história e a geogra-fia, valorizando a própria língua. A construção do futuro marca-

va a nova geração, que sonhava com um país soberano e fraternidade escandinava. A Noruega e o Mundo. E Henrik Ibsen cresceu sob a égide desses ideais. Nascido em 1828, em skien, pequena cidade próxima de Christiania, corria em suas veias o sangue de marinheiros escoceses e alemães. Filho de abastado comerciante, viu o pai dissipar o patrimô-nio, e foi obrigado, aos dezesseis anos, a ganhar a vida como ajudante de farmácia, em Grimstad. Corria o ano de 1848 e com ele a Revolução, na Alemanha, França, Itália e Hungria. Vemos um Ibsen engajado. Obras como Norma, Catilinia. Colabora num jornal operário. Mas é o teatro que o reclama. Um teatro romântico, de grandes façanhas, como Os heróis de Heligoland, ou Os pretendentes da coroa. E como a História desfi-zesse a ilusão de um mundo panescandinavo – com a ausência da No-ruega no conflito entre a Dinamarca e a Prússia –, Ibsen impõe-se um

auto-exílio na Itália, onde redige seus dramas realistas: Peer Gynt, Casa de bonecas, brand. Já se tornara um

leitor assíduo de sören Kirkegaard. Já lhe absorvera a idéia de liberdade.

E correra meio-mundo. Egito e Alemanha. Ibsen retor-

na à Noruega, famoso em toda a Europa,

e lido por ber-nard shaw,

D’Annunzio, Hauptmann e strindberg. Apesar disso, continua solitário. Como nos quadros de Kaspar Friedrich. Festejado aos setenta anos na Noruega, com uma estátua, junto ao teatro de Christiania, Ibsen faleceu em maio de 1906, reconhecido, afinal – após inúmeras diatribes – como um dos fundadores do teatro contemporâneo.

E, de fato, sua obra parece arraigada em nosso horizonte, com as nuvens de incerteza, que prometem inesperadas redenções. O sol do futuro. De uma verdade que busca seus raios. O centro. Não mais que o centro. A descoberta de um princípio. E de toda uma vida que se volta para a identidade. Cessa o destino coletivo. O sistema (de Kant, Hegel, ou Marx), no qual o indivíduo parece fadado a desaparecer, em meio a não sei quantos motores e ideologias. A Humanidade. A Razão. A luta de Classes. Paris e as multidões. Contra essa tendência em larga escala, a voz solitária e poderosa de Kirkegaard, defende o superlugar do indiví-duo. Indiviso. Munido de destino. De síntese. Irrevogável. Irredutível... Era o pensamento de Kirkegaard fazendo vibrar as cordas de Ibsen.

tinha início a busca da verdade. De pedras. E de espinhos. Mas como não lutar, beirando a crueldade, para atingir uma idéia do que somos, perdida nas formas pergrinas de ser e estar? Pai ou filho (e aqui, turgueniev). Marido ou mulher (em strindberg, Puppenheim), sujeito ou cidadão, como em Il fu Mattia Pascal (de Pirandello), cujo protagonista vive depois da morte civil. Conhecer algo da verdade, eis a tarefa. Opção que decide colher a verdade, por mais volátil, median-te uma abordagem, a revelar a teia de ilusões que corroem Rubreks e Heddas, Osvalds e Alvings. E não se trata de uma diminuição do hu-mano. De uma parcela de bufões. tal como nos saltimbancos, de Alek-sandr blok, todos estão presos por um tênue fio de adesão e medo. É o que vemos, às raias de uma atitude glacial em Casa de bonecas. Diz Nora: “Existe outra tarefa de que tenho de me desembaraçar primeiro. Preciso tentar educar a mim mesma. E você não é o homem que pode me ajudar. tenho de fazê-lo sozinha. E é por isso que agora eu vou

deixá-lo”. Depois dessas palavras, a audiência permanece descon-certada. Muitos aplaudem; outros, indignados, deixam

o teatro. Mas Nora decidiu abandonar seu mundo

de bonecas, a casa, o marido e os filhos, por ter descoberto que sua vida era uma não-vida. Que não passava – como Mattia Pascal – de um ser morto, em vida. Que era preciso buscar as forças que haviam de levá-la a si mesma, longe do papel que lhe fora outorgado, primeiro pelo pai, depois pelo marido. Diz Nora: “tenho sido sua boneca-mu-lher, como fui a filha-boneca de meu pai. E agora os nossos filhos têm sido as minhas bonecas. Eu me divertia muito quando você brincava comigo, da mesma forma pela qual eles se divertiam muito quando eu brincava com eles. É isso que tem sido nosso casamento”. E agora. A coragem de ser. Contra tudo. E todos. Uma reeducação que cumpria ultimar, libertando-se da genealogia de bonecas semivivas, e demais automatismos, propostos pelo egoísmo de thorwald, que pôs a lume a relação, ou a quase-relação conjugal, de que Nora não passava de um satélite.

Aos que condenaram Ibsen por “tanta crueldade” (o abandono do lar e dos filhos), a resposta veio, firme, com Os fantasmas. O convívio ganha contornos sinistros. se Nora – por hipótese – não houvesse partido, as conseqüências teriam sido terríveis... Como quem passa da condição de pseudo-vida, como a das bonecas, para a de não-vida, dos fantasmas, da pura maldição. E temos na lembrança as figuras dostievskianas, arrasadas por um mal secreto, torturando Gávrilas, Rogójins e Míchkins, a seguir, pelas trevas, da culpa à expiação. Em Ibsen, a urgência e a liberdade varrem dos céus as nuvens – lutera-nas – do pecado. seus personagens são mais kirkegaardianos. Mesmo quando aparentemente harmoniosos. Não ter desespero é uma forma de desespero... Ibsen despreza a culpa. E persegue a verdade. Além da cena – quando a peça atinge uma pétrea inflexão. E tudo come-çando e terminando – insiste Kirkegaard – pelo casamento: uma es-pécie de maldição dos átridas, passando de geração em geração, co-mo a sífilis, em Os fantasmas, ou o suicídio, em Hedda Gabler.

Mesmo assim – dentro do fluxo hereditário – como são fortes seus personagens femininios!... Como distam dos de Victorien sardou, le-vados à ópera por Giacomo Puccini, como a tosca, a ponto de morrer por seu amor. Em Puccini-sardou, o sacrifício de si. Em Ibsen, a des-coberta. terror e beleza andam inseparáveis. Como aquela atmosfera de A cidade morta, de D’Annunzio, em meio à escavação das ruínas gregas, no combate entre natureza e cultura. A verdade, acima de tudo. Por mais volátil, subjetiva e perigosa. Não há outra... Para Ul-fheim, caçador ibseniano de Quando nós, os mor-tos, acordamos: “A princípio nada é perigoso. Mas, inespera-

damente, encontramo-nos num ponto do qual não podemos voltar ou seguir adiante”. É bem essa a intensidade de tamanha inflexão. A pa-ralisia. O medo. Mas Ibsen avança para uma espécie de libertação, seja de que modo for. Na de Hedda Gabler, a morte voluntária:

“É um alívio saber que existe, apesar de tudo, algo de inde-pendente e corajoso neste mundo, algo que ilumina um raio de bondade absoluta...sei que loevborg teve a coragem de ade-quar a vida à sua idéia. Ele fez algo exemplar, onde se espraia um reflexo de beleza. Ele teve força e vontade de deixar mais cedo o banquete da vida”.

O mesmo que Hedda estava disposta a deixar. seu apetite de vida era intenso. Não havia como não buscar a morte. A vida clama pela morte. Outra saída seria impensável. A moîra de Hedda era-lhe ante-rior. E quem semeia o nada, colhe abismos.

Outra saída – involuntária – é a de quem sonha a Ressurreição. O artista, que não amou, porque temia perder a própria arte. E que passou pela vida em transe. Perdido. Uma vida sem vida. E no limite. Junto ao precipício, entre as montanhas. Até quando decide perscru-tar a própria identidade:

“Rubeck: - Estamos livres. Há ainda muita vida para nós.Irene - O desejo de vida está morto dentro de mim. Agora res-surgi, e te procuro com o olhar: e te encontro. E vejo que tu, e a Vida... sois cadáveres, tal como eu fui...”Rubeck “- Pois bem, nós dois, mortos, queremos de uma só vez beber a vida até a última gota, antes de voltarmos à tumba”.

O branco da neve. O perigo das montanhas. E nessa Ressurreição, uma avalanche leva Irene e Rubeck para o Gorgo. Eis o que parece marcante no teatro de Ibsen. O possível no impossível. Essa alta-vol-tagem dramática.

E, hoje, mais do que nunca, marcados por uma crise de repre-sentação e de verdade, de queda em queda, e de altitude em altitude, buscamos esse árduo princípio, como quem espe-ra um céu claro depois da tempestade.

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entrevista

Marcos PEtti

O brilhode umaestrela

ComunitàItaliana - Que di-ferenças você vê entre a Florinda atriz e a direto-ra?

Florinda Bolkan - bom, como atriz eu fiz 50 filmes ou, talvez, até mais e, como diretora, fiz um até agora. Eu acho que foi um crescimento, um grito de liberda-de. Uma coisa é você atuar e ou-tra é julgar a atuação de outras pessoas e dar a direção de como representar. Então, foi um passo a mais, eu subi um degrau. CI- Como você começou a sua carreira no Brasil e com quais diretores trabalhou? Florinda Bolkan - Infelizmente eu tenho que lhe dizer que nunca tra-balhei aqui. Eu fui para Paris. Eu era bastante jovem. Foram umas férias que depois viraram o tur-ning point da minha vida. De Paris fui para Roma. Ao me despedir da Europa para voltar, encontrei um grupo que era naturalmente o mais hot que tinha, o do Visconti. Ele fez um teste, o provino, como eles chamam na Itália e, a partir desse teste, eu comecei a trabalhar. CI- Então foi o Luchino Visconti que a lançou...

Florinda Bolkan - Foi ele o res-ponsável (risos).CI- Quando você nasceu seu pai ti-nha 60 anos e se casou com uma jovem de 18 anos. É verdade?Florinda Bolkan - Minha mãe era muito jovem e meu pai era um senhor. Meu pai a conheceu quando tinha 12 anos e disse: “Eu vou casar com essa menina”. Ninguém acreditou. E depois ele se casou com ela. É uma história muito linda. CI- Mas você chegou a ter conta-to com seu pai? Como foi sua re-lação com ele?Florinda Bolkan - Meu pai morreu quando eu era muito pequena. lembro-me pouco dele. só sei que ele existiu. Eu tenho uma idéia dele através da biblioteca que ele tinha. Meu pai era um poeta, foi deputado duas vezes e um intelec-tual. Ele tinha a melhor biblioteca do Ceará, que acabou sendo do-ada para o Instituto Cearense de letras. Foi nela que eu comecei a ler e a sonhar com a Europa.CI- Aqui no Brasil você trabalhou com o Fábio Barreto?Florinda Bolkan - Eu trabalhei com o Fábio em “bela Donna”

(1998). Fiz uma mulher de pesca-dores. Foi uma experiência muito gratificante embora eu não tives-se que mostrar nenhuma beleza, nenhuma sofisticação. Eu voltei às minhas raízes de cearense. CI- Foi uma homenagem a você?Florinda Bolkan - Não, não. A atriz principal era uma america-na. Era uma história que se pas-sava no Ceará e a ‘bela donna’ era essa menina americana que tinha vindo com o marido. Eu era a mãe do rapaz que se apaixona por ela. É uma história muito, muito in-teressante. Principalmente pra mim foi interessante. Às vezes, é difícil você parecer feia, mais velha e paupérrima. Gostei muito de fazer esse papel.CI - A mídia fez uma crítica nega-tiva do “Eu Não Conhecia Tururu” (2002), que foi o seu primeiro fil-me como diretora. Como você re-cebeu essa crítica? Florinda Bolkan - Eu aprendi, prin-cipalmente não morando no bra-sil, durante minha carreira, que a crítica era sempre muito negativa comigo. Mas lembro do que dizia Giuletta Masina, mulher do Felli-ni. Um dia eu estava triste por-

que a crítica não tinha sido exata-mente como eu pensava e ela me disse: “Florinda, não se preocupe porque em Napoli, os jornais sa-em, os napolitanos lêem, depois eles jogam no lixo e os pobres se limpam” (risos). A gente esque-ce. O importante é que você con-tinue, persevere, melhore. Aquele filme foi o possível que eu fiz. Foi minha alma. Ele ganhou dois prê-mios. Você não pode dizer que um filme é horroroso quando tem du-as atrizes que ganharam um prê-mio em Gramado. Então, calei a boca. Vou fazer um próximo bre-vemente, espero. E continuo com minha coragem e a consciência de que estou fazendo alguma coisa boa. Pra mim, pelo menos. CI - Há quanto tempo você está na Itália? Como vê a trajetória do cinema italiano do final dos anos 90? Florinda Bolkan - Eu estou na Itália desde 1967. Eu acho que o cine-ma italiano, na época em que eu estava lá, alcançou o ápice, o que tinha de mais criativo, embora o Visconti já fosse um senhor, como também Patroni Griffi, Dino Risi, e todos os grandes diretores daque-

les anos. Eles já tinham uma certa idade, não eram mais os jovens dos primeiros filmes. tanto que eu já cheguei pensando que tudo tivesse acabado. Mas estava explodindo. O mais jovem era Elio Petri que fez o filme mais extraordinário do mo-mento. Um filme italiano que ga-nha o Oscar tem o seu mérito.CI - Qual foi esse filme do Petri?Florinda Bolkan - “Indagine su un Cittadino al di sopra di ogni sospetto” (1970), que é o filme pelo qual eles (a Mostra) estão fazendo uma homenagem àquele período. Foi o filme que ganhou o Oscar, foi um momento que a cinematografia italiana deu um impulso muito importante. CI - E depois... Florinda Bolkan - Depois eu acho que arrefeceu. Ficou menos políti-co e mais humano. Entrou mais nos problemas familiares, problemas humanos de amor. O próprio Nan-ni Moretti fez o “Caro Diario”. É um filme leve, Conta sobre uma passa-gem humana dentro de problemas que são normais na vida, mas que afetaram ele numa cidade como Roma. Eu acho que tem várias lei-turas do cinema italiano. O cinema,

neste momento, atravessa um perí-odo [e espero que eu não esteja er-rada] de crescimento. tem muitas pessoas fazendo cinema e que isso seja um “empurrão”. Não se pode negar que o cinema italiano tenha ainda grandes representantes.CI - Então o cinema hoje está nas mãos de uma nova geração?Florinda Bolkan - totalmente. Os mais velhos pararam um pouco de fazer e está mais nas mãos dos jovens. tem um sangue novo que, talvez, possa trazer grandes novidades. CI - Você certamente acompa-nha as notícias daqui. Como foi para você a atuação do governo atual e o que tem a dizer para o futuro presidente?Florinda Bolkan - Eu acho que é sempre muito positivo apostar na novidade, em uma coisa que nós não conhecemos. Porque o que nós conhecemos já sabemos. O presidente lula foi uma grande es-perança, todo mundo apostou e, sinceramente, foi um pouco frus-trante o ocorrido durante esses quatro anos. Acho que chocou um pouco a alma de todo mundo. E posso dizer que, pra mim mes-

ma, foi um golpe forte porque nós estávamos esperando e apostando numa coisa linda. Isso não quer di-zer que não melhore. Nós só pode-mos esperar que seja melhor. CI - Como é para você o Brasil visto de longe? Em que precisa-ria mudar?Florinda Bolkan - Eu acho que o brasil visto de fora é mais boni-to do que visto de dentro. Existe uma propaganda muito positiva lá fora. O país deveria se preocupar com áreas que são totalmente, na minha opinião, esquecidas. Como a social, incluindo a pobreza, e a educação. Não sei se apostei na educação porque eu tive um pai poeta e vim do Ceará. Então, eu quis aprender línguas porque eu sabia que o mundo é vasto. Não é só o Ceará. O fato de serem nega-dos o ensino, a saúde e a assistên-cia a uma criança já pequenina é, para mim, o maior delito que um governo pode cometer. As crianças são o espelho do nosso futuro. se nós não dermos a elas alimento, educação e saúde, crescerão com ódio, com rancor e paupérrimas pois não têm nem onde se apega-rem para que criem o próprio futu-ro. Pra mim, o brasil tem se nega-do realmente a ver essa situação que é muito problemática aqui e no Ceará. Hoje, eu saí e vi pesso-as dormindo na rua. Não deveria ser assim. Quando você lê as cifras que eles admitem serem gastas nisso e naquilo, vê a inverdade. Eu estou num país em que a vida melhorou sim, mas melhorou para uma elite. Pra mim seria prioridade melhorar o nível de vida. Os paí-ses do primeiro mundo, como nós chamamos, apostam um pouqui-nho aqui e ali. Na Itália, o médico della mutua te dá o remédio. Eu fiquei fascinada com o que aconteceu há quatro anos. Como é que nós somos roubados com o que está aconte-cendo? Mas quem esquece? Eu não esqueço. temos que ser cons-cientes de que

alguma coisa não está funcionan-do. Deveria funcionar... CI - E a sua vida pessoal hoje?Florinda Bolkan - Eu estou mui-to contente. Vivo na Itália. te-nho uma criação de cavalos, que é uma coisa de infância, vem lá do Ceará. Gosto muito da Campagna, vivo a 50 km de Roma, em brac-ciano. tenho uma vida muito tran-qüila, não tenho uma vida de star. sou muito amada e respeitada na Itália. Vivo muitíssimo bem com a minha estrutura psíquica e físi-ca. tomo muito cuidado com o fí-sico porque acho que a idade vai passando. Agora... o tempo passa. Não é que eu sou mais aquela. Eu sou uma outra mulher. Eu tenho uma ong, a Florinda bolkan, que começou no Ceará e pretendo ex-pandir em outras áreas, aos pou-cos. Ah, é hora de ir.CI - Só para concluir: uma recor-dação que você tem da Itália e do Brasil. Florinda Bolkan - bom, eu posso dizer que devo meu nascimento ao brasil e sou ligadíssima a este país. Porque eu sou como uma ár-vore: nasceu na-quele lugar e pertence àque-le lugar. Mas eu fui dar frutos em outro lugar e o meu coração está lá. Eu amo a Itália. Amo. É um lugar onde devo tudo, de-vo tudo o que possuo.

Nascida em Uruburetama, em 1941, a cearense Florinda Bulcão, ou Bolkan, como foi batizada no exterior, radicou-se na Itália e visita o Brasil todos os anos, mais precisamente o Rio de Janeiro onde mora a família. Na ocasião da 30ª Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo, Florinda participou da coletiva do júri, que iria trazer os indicados ao prêmio. O destaque nesta edição do evento ficou para a exibição de filmes do cenário político italiano dos anos 60 e 70 nos quais Florinda foi uma das musas dos diretores. “Eu acho que o cinema italiano na época em que eu estava lá alcançou o ápice, o que tinha de mais criativo”, analisa Bolkan.

“Eu apostei na educação. Então eu quis

aprender línguas

porque eu sabia que

o mundo é vasto. Não é só o Ceará”

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Per Andrade, il brasile signifi-ca poi una piattaforma di espor-tazione per tutta l’America latina estremamente importante per le imprese europee.

– Il brasile – afferma – è il paese migliore per arrivare su tutto il mercato latinoamericano.

Il presidente della Fiemg considera di grande importan-za gli incontri bilaterali che si svolgono durante le attività delle missioni imprenditoriali, ma sot-tolinea: “A volte sono un po’ fru-stranti perché le persone credo-no che faranno gli affari in breve tempo e non è così.”

Per Carlos Eduardo Abijaodi, manager del Centro Internacio-nal de Negócios dello stato di Minas Gerais, la globalizzazione ha portato allo stesso tempo un vantaggio e uno svantaggio agli imprenditori. “Oggi – spiega – è necessario approfondire le cono-scenze e capire cosa l’altro può

economia

Si scaldano i rapporti tra Brasile e Italia. Conclusa tappa italiana della missione imprenditoriale. Arrivederci ad aprile in Brasile

È tempo di affariana PaUla torrEs E GUilhErME aqUino

“Le stime per il 2006 sono di un aumento del 20% del flusso commerciale tra Brasile e Italia, circa il 40% in più di quello degli ultimi quattro anni.” Paulo Skaf

I rapporti commerciali tra bra-sile e Italia possono e devo-no intensificarsi per il bene dei due paesi. E’ così che la

pensano i rappresentanti di go-verno e imprenditori che hanno partecipato alla missione im-prenditoriale brasile-Italia svol-tasi a Roma, Milano, Vicenza e Parma. buoni i primi risultati che indicano un aumento degli scam-bi commerciali nel 2006. Dopo questo incontro autunnale in Italia, il prossimo appuntamen-to sarà per l’aprile 2007, quan-do un’altra missione imprendi-toriale, questa volta comandata dal ministro Emma bonino, si re-cherà in brasile per proseguire con le attività di avvicinamento commerciale tra le due nazioni.

Nell’ottobre 2005, il presidente luiz Inácio lula da silva arrivava

in Italia per partecipare al Forum “Destinazione brasile” e per invi-tare personalmente gli imprendi-tori italiani ad investire in brasile. Quella era soltanto la prima di una serie di iniziative che sarebbero state organizzate per cercare di intensificare gli scambi economi-ci tra il belpaese e il Gigante su-damericano. Nel marzo scorso, un gruppo di oltre 200 imprenditori italiani si è recato in brasile per conoscere da vicino la realtà del paese e stabilire dei contatti di collaborazione con gli imprendito-ri locali. Durante quella program-mazione, sono stati realizzati circa 2mila incontri bilaterali.

Dal 20 al 27 ottobre scorsi si è svolta invece la seconda par-te della missione imprenditoriale

con la visita degli imprenditori brasiliani in Italia. Roma è stata la prima tappa del viaggio, dove ai partecipanti della missione è stato offerto un raffinato cock-tail di benvenuto presso le sale di Palazzo Pamphilj, sede del-l’Ambasciata del brasile.

Il forum “Italia e brasile”, prima attività programmata, è stato realizzato presso la sede della Confindustria. Ad iniziare i lavori, luca Cordero di Monte-zemolo, presidente della Confin-dustria, nonché della Fiat, una delle aziende italiane più no-te in brasile, e presidente della Ferrari, che il giorno precedente aveva sì perso il campionato con Michael schumacher, ma vinto la gara del Gran Premio del brasile con Felipe Massa, la nuova spe-ranza brasiliana. Questo fatto a Montezemolo non è per niente sfuggito ed è servito per fare un esempio di quanto possa essere

positivamente produttiva la coo-perazione tra Italia e brasile. “Un grande pilota brasiliano – affer-ma – su una straordinaria mac-china italiana: è il miglior esem-pio di collaborazione”.

Montezemolo ha poi sottoli-neato che il mercato brasiliano rappresenta un’opportunità che le imprese italiane, soprattutto le piccole e medie, devono cogliere, non solo per le potenzialità di un paese che cresce e che sta attuan-do forti riforme strutturali, ma an-che perché il brasile può diventare una piattaforma per gli altri merca-ti del sudamerica. “Il nostro obiet-tivo – ha detto Montezemolo – è quello di spingere, come Confindu-stria, le piccole e medie imprese ad incontri faccia a faccia con poten-ziali patner’’. Inoltre il presidente degli industriali ha sottolineato anche le intenzioni dell’Italia nei confronti del brasile. ‘’Il nostro

obiettivo – ha proseguito – vuo-le essere anche quello di una por-ta per l’Europa per gli imprenditori brasiliani’’. Montezemolo ha poi ri-cordato: “la Fiat è leader di merca-to in brasile e puntiamo al brasile per una forte ricerca di carburante alternativo’’. Per il leader di Confin-dustria ‘’la presenza di aziende in brasile come Fiat e Pirelli è di vec-chia data e ha permesso, sulla scia di queste aziende, l’ingresso di più di 40 aziende fornitrici nel paese sudamericano’’.

secondo Paulo skaf, presiden-te della Fiesp (Federazione delle industrie dello stato di san Pao-lo), le iniziative organizzate lun-go quest’anno hanno già comin-ciato a dare risultati positivi. le stime per il 2006 sono di un au-mento del 20% del flusso com-merciale tra brasile e Italia, cir-ca il 40% in più di quello degli ultimi quattro anni. Mantenendo questo ritmo, la meta è quella di arrivare al 2008 con un flusso di 10 milioni di dollari, cifra ancora modesta se considerati i poten-ziali di entrambi i paesi, ma sicu-ramente più consistente dei 4 mi-lioni di dollari degli ultimi anni.

Per Emma bonino, ministro per le politiche europee e com-mercio internazionale, interve-nuta anche lei al forum, il brasile rappresenta una grande opportu-nità per la imprese, soprattutto per le piccole e medie, che com-pongono la maggior parte del tessuto industriale italiano. “Con il brasile – ha affermato - abbia-mo un rapporto soddisfacente, in aumento e in crescita. la nostra ferma convinzione è che questo rapporto positivo e soddisfacen-te può e deve dare molto di più. le modalità della crescita eco-

nomica – ha aggiunto - possono consentire l’incremento dei no-stri rapporti economici’’. Per lei, l’obiettivo della missione degli imprenditori brasiliani in Italia e anche quello dell’aprile 2007 de-gli italiani in brasile deve essere di portare dei risultati per raffor-zare la reciprocità delle imprese.

Per quanto riguarda invece il Wto (Organizzazione mondia-le per il commercio), bonino ha comunicato: “con il mio omologo luiz Fernando Furlan abbiamo ri-badito l’interesse ad una ripresa e ad un rilancio dei negoziati il più presto possibile. la crescita dei nostri rapporti politici, cultu-rali, economici con il brasile – ha aggiunto – spero che siano il vo-lo per accelerare anche il dossier Unione Europea-Mercosur’’.

In seguito al forum, si sono svolti gli incontri bilaterali tra le imprese brasiliane e italiane. l’ini-ziativa ha portato alla conclusio-ne di accordi di collaborazione tra aziende che avevano partecipa-to anche all’incontro di marzo in brasile. Altre, invece, hanno avuto modo di fare un primo contatto, com’è il caso di due imprese del settore di calzature femminili del-la città di Jaú, nello stato di san Paolo. Per i loro proprietari par-tecipare a questa missione è sta-ta una prima esperienza per sen-tire più da vicino come funziona il mercato italiano e approfittare per dare un’occhiata alle vetrine e capire quali saranno le tendenze della prossima stagione.

– È la prima volta che parteci-po ad un evento di questo gene-re. – spiega Eduardo Arietti, pro-prietario della Mix brasil, azienda produttrice di calzature femmini-li – sono venuto per presentare il

nostro prodotto e per avvicinarmi alla realtà italiana. Non credo sarà possibile realizzare qualche accor-do di collaborazione così subito – aggiunge – ma l’importante è fare dei contatti e pensare al futuro.

Arietti ha inoltre sottolinea-to che un viaggio in Italia era già in programma per l’anno prossi-mo, per conoscere la terra di ori-gine della sua famiglia. Parteci-pare alla missione è stata allora un’ottima scusa per anticipare l’arrivo in Italia.

– E poi, voglio anche appro-fittare per vedere le tendenze della moda per la prossima sta-gione – confessa.

Robson braga de Andrade, pre-sidente della Fiemg (Federazione delle industrie dello stato di Mi-nas Gerais) racconta che durante l’incontro di marzo in brasile, nel solo stato di Minas Gerais, perciò escluse le tappe di san Paolo e Rio Grande do sul della missione im-prenditoriale, sono stati realizzati oltre 700 incontri bilaterali tra le imprese locali e quelle italiane. In molti casi c’è stata una successiva concretizzazione delle collabora-zioni nell’ambito dell’importazio-ne ed esportazione. Andrade ha poi dichiarato che le istituzioni di Minas Gerais sono in trattativa per riuscire a portare nello stato delle aziende italiane presenti nel settore dell’ingegneria e apparec-chiature meccaniche.

– Viviamo un momento mol-to opportuno per l’ingegneria che pare sarà di lunga durata, cosa che potrebbe contribui-re agli investimenti nel settore meccanico, soprattutto per la produzione di macchinari da es-sere utilizzati in diversi segmen-ti dell’industria brasiliana.

Il proprietario della Mix Brasil, Eduardo Arietti

Il ministro per le politiche europee e comercio internazionale, Emma Bonino

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Ana Paula Torres

ROma

Mercadinho de NatalEstá de volta o tradicional mercadinho

de Natal da praça Navona, no centro de Roma. Composto por 111 barracas que exi-bem e vendem artigos natalícios, o com-plexo está de cara nova. Agora os estandes devem seguir um modelo padrão tanto no tamanho como na cor, que deve ser o ver-de. Além de objetos e artesanato, o merca-dinho também oferece opções de lazer para as crianças e muitas guloseimas. As ativida-des se encerram em janeiro, com a festa da befana, no dia 6.

O casamento mais esperado do ano aconteceu no dia 18 de novem-bro em bracciano, cidade de 13

mil habitantes, nos arredores da capital italiana. As estrelas hollywoodianas tom Cruise e Katie Holmes provocaram o maior alvoroço em Roma, onde ficaram hospeda-dos no luxuoso hotel Hassler, localizado no coração da cidade, em frente à praça de Espanha.

O casal escolheu um cenário de contos de fadas para selar a união. A celebração, seguindo o rito da seita de cientologia, da qual tom e Katie fazem parte, acon-teceu no castelo Odescalchi, constru-ído no século 12 e definido como um dos mais luxuosos da Europa. A pre-feitura da cidade presenteou os noi-vos com uma réplica do castelo.

Os preparativos também man-tiveram toda a pompa. O casal não quis economizar em nada [estima-se que a comemoração custou ao todo US$ 1 milhão] e, entre um dos itens do casamento, o que mais chamou a atenção foi o bolo. Com cinco an-dares, o doce foi todo recheado com

mousse de chocolate e decorado com rosas feitas de marzipan.

Um dos momentos mais bonitos da fes-ta foi quando Katie e tom desceram de uma rampa de pedra ao som de tambores e com bandeiras medievais. todo o local estava de-corado com flores brancas. Poucos foram os convidados italianos. Estavam presentes o prefeito de Roma Walter Veltroni, amigo de longa data de tom; o estilista Giorgio Armani responsável pela organização do evento e tra-jes dos noivos; e o cantor Andrea bocelli, que fez uma apresentação durante a recepção.

Casamento à italiana para Tom e Kate Brasil cantado

Intitulado “Onda tropicale”, o mais recente trabalho da famosa cantora

romana Fiorella Mannoia é totalmente dedicado à música brasileira.“Este disco chega como conclusão de um caminho muito longo durante o qual amadureci o desejo de contar a história de um po-vo, de uma terra extraordinária, de uma atmosfera única e mágica, afirma a ar-tista. Neste cd, ela canta seis faixas em português e outras em italiano, forman-do duetos com grandes nomes da MPb, como Milton Nascimento, Gilberto Gil, Chico César, Djavan e Carlinhos brown.

Bom apetite!Em meio à natureza, a poucos quilôme-

tros de Roma, o tradicional restaurante “la cuccagna” é uma ótima opção para um almoço ou jantar em companhia da família e ou amigos. Os pratos servidos são pre-parados com produtos locais e respeitando receitas antigas. Pela sua localização, pró-xima aos estúdios de saxa Rubra, é bastan-te frequentado por personalidades do meio artístico ligados à televisão italiana RAI. O estabelecimento fica na Via Flaminia 1612, km 16.400.

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offrire per complementare il tuo lavoro. In passato non avevamo questa preoccupazione, esisteva solo una conoscenza molto su-perficiale dell’altro. Oggi – con-tinua – è necessario diventare forti attraverso le alleanze stra-tegiche.” Per Abijaodi, un pun-to favorevole è la somiglianza tra l’economia brasiliana e italiana. “l’economia italiana vive al 90% delle piccole e medie imprese. In brasile, – dichiara – abbiamo oggi un potenziale da sviluppare con piccole e medie imprese. Per-ché il brasile non sarà mai una Cina di grandi produzioni. Il no-stro prodotto – aggiunge – sarà sempre differenziato, con valore aggregato. Il brasile è innovati-vo, il nome brasile è carismatico. E noi sappiamo lavorare bene.”

A Roma sono stati realiz-zati anche dei seminari tecnici che hanno affrontato i seguen-ti temi: l’internazionalizzazione delle piccole e medie industrie, l’infrastruttura e l’edilizia, l’am-biente, etanolo ed altre fonti

energetiche alternative, e coo-perazione finanziaria.

Durante il suo soggiorno ro-mano, il ministro per lo svilup-po, industria e commercio estero del brasile, luiz Fernando Fur-lan, ha avuto modo di incontrar-si con Giampiero benedetti, un rappresentante del gruppo Da-nieli-Ceará steel, che è responsa-bile per la siderurgica del Ceará e ha già investito circa 100 mi-lioni di dollari nella produzione di acciaio in questa regione del brasile. Durante l’incontro, l’im-prenditore ha comunicato che l’azienda investirà altri 400 mi-lioni nello stato, durante i pros-simi quattro anni.

Il ministro brasiliano si è riu-nito, inoltre, con il vice-ministro per il commercio internazionale italiano Gianfranco Caprioli. Du-rante il colloquio, è stata indivi-duata la possibilità che entrambi i governi firmino accordi nei set-tori della biotecnologia e nano-tecnologia, nonché in altri campi di interesse reciproco.

Milano: maggiore esportatrice per il BrasileMilano è la capitale degli affari italiani. E, come non poteva non essere, palco dei principali in-contri tra imprenditori brasiliani e italiani. Dopo la visita a Ro-ma, la missione imprenditoriale del brasile è passata per il capo-luogo lombardo e per i distretti commerciali nelle città di Parma e Vicenza. È la provincia che più esporta per il brasile (nel 2006 sono stati più di 192 milioni di euro, il 17,3% del totale naziona-le). Dopo viene torino, con 156 milioni in esportazioni e, al terzo posto, la città di trieste. Milano è anche il primo comune con im-prese carioca. sono 407, circa il 14.2% del totale, davanti a Ve-rona, con 355 (il 12,4% del to-tale) e Mantova, con 243 (l’8,5% del totale). Ossia, il nord Italia è concentrato in verde e giallo.

Il primo passo è stato quel-lo di stabilire le regole del gioco. Per incrementare il commercio tra i due paesi, è necessario cono-scere a fondo gli strumenti finan-ziari e i servizi innovativi per via-bilizzare le azioni concrete degli imprenditori brasiliani e italiani. Ed è stato giustamente questo il tema del primo incontro della missione in terra lombarda, con l’approvazione di una nuova linea di credito per favorire lo svilup-po e stringere i legami economi-ci. si è creato un finanziamento a media e lunga scadenza per l’ac-quisizione di beni come macchi-nari per l’industria. sACE, sPIMI, bID-RIAl, Promos, bNDEs, banco do brasil, APEX hanno sviluppa-to una linea di azione comune. Il Joint Credit Facility ha come principali partner importanti isti-tuzioni finanziarie brasiliane e italiane. l’accordo prevede ancora la costituzione di un fondo di in-vestimenti bilaterale per favorire lo sviluppo di collaborazioni in-dustriali e commerciali tra le im-prese brasiliane ed italiane.

— Il brasile è uno degli oriz-zonti nel futuro mercato globale. E tutto questo rappresenta un si-gnificativo progresso del dialogo istituzionale con il paese – di-chiara il presidente della Promos, bruno Ermolli.

Il seminario, promosso dalla Assolombarda, Camera di Com-mercio di Milano/Promos, Inte-ramerica Development bank e Regione lombardia, partner di

peso, ha riunito più di cento imprenditori brasiliani e italiani che vogliono abbattere frontiere e attraversare l’oceano Atlantico alla ricerca di nuove opportuni-tà. Non è un caso che il dibattito si è avuto al Museo della scienza e tecnologia, a Milano.

Il brasile è uno dei principa-li obiettivi internazionali per la ‘esportazione’ del modello italiano della piccola e media impresa. Da qui il passo seguente della comi-tiva brasiliana: conoscere da vici-no le realtà dei distretti industria-li di Parma e Vicenza, conosciuti per la loro eccellenza nel settore della piccola e media impresa. E le partnership hanno tutte le carte in regola per avere successo. la ba-se produttiva di ambedue i paesi è simile (considerando i distretti in-dustriali e i sistemi economici lo-cali a un inestimabile patrimonio culturale e di fiducia, le cui basi sono state lanciate dall’immigra-zione italiana, molto forte in bra-sile. Inoltre, i due paesi condivi-dono le stesse opinioni e rispetto alle regole del commercio mon-diale e stanno lottando contro un mercato globalizzato che minaccia la tradizionale industria di bas-so livello tecnologicol. Insieme, Italia e brasile, unendo le forze, possono comobattere la minaccia che viene dalla Cina e dagli altri produttori asiatici. E questo sen-za tenere conto che il brasile ha immense ricchezze minerali capa-ci di trasformarsi in un importante serbatoio/riservatorio mondiale di materie prime di prima necessità.

— stiamo ritornando qui con centinaia di imprenditori. tra l’al-tro, la Fiesp con la presidenza del Consiglio dei Ministri sta già pro-grammando la visita del presiden-te della Repubblica del brasile, nel marzo del prossimo anno. Qui, in Italia, noto una certa preoccu-pazione, forse, con il nostro bas-so indice di crescita. Il brasile era un paese che sarebbe potuto crescere dal 5 al 6%, ma si trova ben al di sotto di questo nume-ro, e per ragioni già abbastanza conosciute. Noi, della Fiesp, spe-riamo che all’inizio del prossimo governo ci sia un’evoluzione, uno choc di gestione per sciogliere le corde, che permetta al paese un ritorno alla crescita per creare gli impieghi che sono necessari in brasile – afferma a Comunità uno dei rappresentanti della Fie-sp, thomaz Zannotto.

economia

1) Il presidente dell’ICE, Umberto Vattani e l’ambasciatore del Brasile, Adhemar Bahadian. 2) Il manager del Centro Internacional de

Negócios dello stato di Minas Gerais Carlos Eduardo Abijaodi 3) Il presidente della Fiemg, Robson de Andrade

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perfil

Valentino Rizzioli acaba de assumir a presidência do Gruppo Esponenti Italia-ni (GEI), entidade que re-

presenta a atividade empresarial italiana em atuação no brasil, e complementa a função das ações desenvolvidas pela Embaixada, consulados, do Instituto Italia-no de Comércio Exterior (ICE) e do Instituto Italiano de Cultura (IIC). Ele ocupa o lugar do empre-sário Giuseppe Farini, da sipcam-Agro, de são Paulo, por um perío-do de dois anos. No brasil, o GEI surgiu em maio de 2000. trata-se do terceiro escritório no mundo, depois de Nova York e londres. Nas reuniões mensais, na sede em são Paulo, o quadro se compõe de associados italianos e ítalo-brasi-leiros de destaque.

— A finalidade é promover a integração, as idéias e as pro-postas de expansão dos negócios — diz Rizzioli.

Os encontros permitem apro-ximar também personalidades do mundo político, empresarial e cultural. Entre os que já foram convidados para as reuniões, es-tão o presidente luiz Inácio lula da silva, o ex-prefeito da capital paulista e atual governador elei-to do estado, José serra, o atual ministro do Planejamento, Orça-mento e Gestão, Guido Mantega, e os ex-ministros brasileiros luiz Felipe lampreia, Pedro Malan, Pratini de Moraes, Guido Mante-ga e luiz Dulci. Entre os italia-nos, o ex-ministro Adolfo Urso e o atual vice-premiê e ministro das Relações Exteriores, Massimo D’Alema. Rizzioli é formado em

Engenharia pela Academia Ae-ronáutica Militar de Pozzuoli e também fez cursos de especiali-zação em administração de em-presas e finanças.

O GEI brasileiro criou na ges-tão anterior o Prêmio Américo Vespúcio [homenagem ao na-vegador florentino] oferecido a personalidades italianas e brasi-leiras em decorrência da contri-buição dada para a aproximação econômica, cultural e social en-tre brasil e Itália.

— Já foram premiados o go-vernador de Minas Gerais, Aécio Neves, o ex-presidente italiano da Câmara de Deputados, Pier Ferdinando Casini, o ministro oriundi luiz Fernando Furlan, en-tre outros — afirma.

Valentino Rizzioli acumula ainda a função de presidente da Case New Holland (CNH), holding do grupo Fiat e líder mundial em máquinas agrícolas e equi-pamentos de construção civil, e de vice-presidente executivo da Fiat do brasil. De todo o grupo, destacam-se setores produtivos como o de automóveis (Fiat au-tomóveis), o de produção de má-quinas agrícolas e de construção (CNH) e o de veículos industriais (Iveco). Em 2005, a CNH teve um faturamento de cerca de R$ 1,9 bilhão de reais, resultado que apresentou queda em relação ao ano de 2004, com aproximada-mente R$ 2,8 bilhões de reais.

segundo a empresa, a cri-se do setor agrícola foi o fator que causou o declínio nos núme-ros. A desvalorização do dólar e a queda das cotações internacio-

rá o Congresso como seu aliado e, por isso, poderia aproveitar o seu segundo mandato para apro-fundar as reformas que não foram possíveis no primeiro, mas que são essenciais para o futuro do brasil, como a reforma política, fiscal e a previdenciária, o que é muito trabalho para apenas qua-tro anos — avalia.

Nascido em Calto, na provín-cia de Rovigo (RO), Valentino Ri-zzioli vive no brasil desde 1969. sobre a economia brasileira, ele analisa os prós e os contras.

— Atualmente, o brasil vive uma democracia consolidada na qual o conceito de responsabi-lidade fiscal foi finalmente com-preendido. E isso dá um enorme passo para a discussão econômi-ca. Mas o país precisa crescer. O problema a ser resolvido é: co-mo avançar sem ameaçar a esta-bilidade? É o desafio do governo atual — declara.

Mercado InternacionalRizzioli falou também à Comuni-tàItaliana sobre as taxas de im-portação brasileiras com a entra-da de produtos italianos.

— O brasil é um país mui-to fechado ao mercado interna-cional. Deveria ser mais aberto. O país melhorou muito na sua competitividade. Deveria pensar na abertura de modo programá-tico. Estabelecer uma data racio-nal, definir as regras e cumprir o quanto prometeu. seria uma ta-refa importante que requereria grande empenho de todos. Mas, em compensação, todos teríamos muito a ganhar — ressalta.

sobre o panorama das empre-sas italianas no brasil, Rizzioli diz que houve uma “gradual, mas continua diminuição da presença empresarial italiana no brasil”:

— Nos últimos anos, impor-tantes empresas italianas deixa-ram o país. Além disso, empresas de outras nações, como as es-panholas, foram mais agressivas que as italianas por aqui. Entre as quinhentas maiores empresas brasileiras, somente treze são ita-lianas, contra 61 americanas, 17 alemãs, 16 francesas e 15 espa-nholas, segundo a revista “Me-lhores e Maiores” da Exame. Con-siderando a proximidade cultural entre os dois povos e a enorme população de origem italiana no brasil, estes números são muito baixos. Estou no brasil há mais

de 30 anos. Apesar das oscilações da economia brasileira, não nos arrependemos nunca de ter acre-ditado e investido neste país. A perspectiva, a longo prazo, é fun-damental para os empresários ita-lianos que estejam pensando hoje em expandir os seus negócios.

No ano passado, o fatura-mento líquido das empresas do grupo foi de pouco mais de R$ 16 bilhões, o que corresponde a cerca de 10% do faturamento da Fiat Mundial. Estima-se que no biênio 2006-2008 o grupo Fiat investirá no país cerca de R$ 3 bilhões. Das empresas privadas, o quadro de funcionários do gru-po fechou o ano de 2005 com 28 mil empregados. Entre os indire-tos, calcula-se que as atividades das empresas já tenham gerado mais de 100 mil.

Das 15 empresas que o gru-po Fiat detém, a iniciativa de se investir também na área cultural demonstra comprometimento, o que faz a diferença nas grandes corporações. É o que acontece com a Fundação torino, de belo Horizonte, fruto de uma parceria entre a Fiat e o governo italiano. A instituição oferece ensino bilín-güe desde a escola maternal até o ensino médio. Na mesma direção, a Fundação mantém um Centro de línguas que promove o ensino da cultura e língua italianas. E mais recentemente, em fevereiro deste ano, foi criada a Casa Fiat de Cul-tura, também na capital mineira, que agrupa duas galerias a fim de hospedar exposições e even-tos culturais de grande porte. Pa-ra o início de 2007, está prevista a exposição “Velocità” que dará abordagem ao desenvolvimento do design nas áreas de aviação e automobilística.

nais de commodities causaram a retração no mercado de agribusi-ness em 2005. Nesse mesmo ano, o mercado brasileiro de tratores apresentou recuo de 38,4% e, o de colheitadeiras, 72,6%. Apesar do resultado, a empresa, de um total de Us$ 200 milhões, irá in-vestir Us$ 100 milhões no lança-mento de novas máquinas agrí-colas, nas unidades de Curitiba (PR) e Piracicaba (sP).

Outros 80 milhões serão apli-cados para gerar um aumento entre 10% e 15% na capacidade de pro-dução de máquinas para a constru-ção civil, em Contagem (MG), as-sumindo a participação de 36% no mercado. E 20 milhões de dólares serão usados para a modernização no sistema administrativo, que envolve os processos de pós-venda das duas principais marcas da CNH, a Case e a New Holland. segundo Rizzioli, a decisão deste aporte de capital vem da matriz italiana. Na América latina, o faturamento re-presenta 8% da CNH Mundial, que foi de Us$ 11,8 bilhões em 2005. O brasil retém 50% das vendas to-tais na América latina.

Embora 2005 tenha sido um ano difícil para o mercado de ca-minhões no país, a Iveco, com sede em sete lagoas (MG), con-seguiu aumentar suas vendas em 8,2%, com 4.363 caminhões vendidos e seu market share su-biu de 4,6% para 5,2%. Na Fena-tran do ano passado, apresentou oito novos produtos.

Em relação às expectativas para o segundo mandato do pre-sidente lula, Rizzioli espera que o governo “mantenha suas boas realizações, como a responsabili-dade na condução da economia, sem colocar em risco a estabi-lidade, promovendo um maior crescimento econômico”.

— O brasil precisa crescer. Parece que o presidente lula te-

Horizontepromissor

Marcos PEtti

Valentino Rizzioli assume presidência do Gruppo Esponenti Italiani (GEI) e fala da atuação do grupo Fiat no Brasil

“O Brasil vive uma democracia consolidada na qual o conceito de responsabilidade fiscal foi finalmente compreendido”

Rizzioli: integração, idéias e propostas de expansão dos negócios

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arquitetura

Presente de Natal italiano

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Instituto Europeu de Design e Prefeitura restauram Cassino da Urca e transformam o local em centro de pesquisa e ensino de design, moda, artes visuais e comunicação

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sar Maia afirma que a restauração devolverá à população e ao bair-ro da Urca toda a sua beleza.

— Um fato interessante é que durante a obra estão sendo en-contradas peças de valor relativo, mas que resgatam os elementos de memória do Cassino, fato im-portante para as futuras gerações. As peças servirão para decorar a sede do Instituto — informa.

As obras já começaram, mas o término integral da restaura-ção do antigo cassino tem previ-são para 2010. Porém, em 2008 os cariocas já terão, como parte cultural da cidade, o IED de por-tas abertas para os alunos.

— Há dois prédios, um próxi-mo à areia da praia e o segundo do outro lado da rua. Iniciaremos o restauro pelo que é próximo à praia recuperando a fachada ori-ginal, descaracterizada pela ocu-pação da tV tupi. Paralelamen-te, vamos reforçar a estrutura de todo o complexo construído e o muro que o recobre. Em fevereiro de 2008, inauguraremos a sede do IED no prédio instalado per-to da praia e começaremos o ano letivo. Até 2010 esperamos estar como todo o projeto terminado — declara o diretor-geral.

Paschina diz ainda que os in-teressados no IED Rio podem es-perar uma escola com uma forte vocação internacional, com um enfoque de atenção sobre te-máticas contemporâneas da so-ciedade e do ambiente. Isso vai oferecer atividades didáticas ex-perimentais e inovadoras. Para o diretor-geral, a sede carioca será um centro que vai motivar e es-timular os estudantes com ativi-dades transversais em diferentes áreas, com projetos desenvolvi-dos em parcerias com empresas.

— teremos um corpo docen-te de profissionais de alto nível, inseridos no mercado. O IED tem uma forte vocação de intercâmbio e 70% dos professores serão bus-cados no mercado local. O restan-te virá da Europa. Os alunos terão ainda a possibilidade de começar o curso no Rio e continuar em barcelona ou Milão — afirma.

sobre o comitê científi-co do IED Rio, Paschi-na é categórico e as-segura que o Instituto já formou 55 mil pro-fissionais de 85 paí-ses em seus 40 anos de existência. sendo as-

sim, de acordo com ele, há mui-tos brasileiros que foram alunos e professores da instituição. Eles agora ajudam na identificação desses profissionais.

A filial carioca contará com cursos de comunicação, artes vi-suais, design e moda. Além dis-so, o IED colocará à disposição da Prefeitura, bolsas de estu-do em quantidade equivalente a 10% do total das matrículas, abrindo vagas para estudantes de baixa renda.

Em março de 2007, outro ins-tituto será inaugurado, desta vez em Veneza. segundo um dos dire-tores do IED, o centro estará vol-tado para a valorização dos bens culturais, desenhos de embarca-ção e produção audiovisual.

— Assim como a filial do Rio, a de Veneza será dedicada a cur-sos de formação superior e pós-graduação, seguindo a temática da cidade — conta.

IED: uma trajetória de 40 anostudo começou em 1966, em Mi-lão. Por 40 anos, o IED tem es-tabelecido parcerias com empre-

“O IED Rio será um laboratório onde buscaremos soluções simples para problemas complexos, em profunda integração com as vocações criativas da cidade” Stefano PaSchina, diretor-geral do iedHistória é o que não falta

na cidade do Rio. são pré-dios tombados, esquinas com “vida própria”, cal-

çadas famosas transformadas em pontos de encontros de poetas e músicos. Frutos de uma época em que bastavam um barzinho, um violão, um teatro para represen-tar, um palco para cantar e um cassino para jogar. Décadas e dé-cadas se passaram desde a inau-guração do prédio, construído em 1922, que abrigou o lendário Cassino da Urca e o Hotel balne-ário. O edifício, que também foi sede da primeira emissora de tV brasileira, a extinta tupi [1953 a 1980], ficou por mais de 20 anos em estado de pleno abandono. Mas um acordo assinado entre a Prefeitura da cidade e o Instituto Europeu de Design (IED) que vi-sa a restauração do imóvel trouxe ares de renovação ao espaço dan-do ao Rio um verdadeiro presen-te de Natal com validade de um quarto de século. Isso porque a parceria prevê o uso do local por exatos 25 anos e o contrato ainda é renovável por mais 25, em troca de revitalização. O motivo disso tudo? O imóvel será transformado na sede carioca do IED.

O diretor-geral do Instituto, stefano Paschina, diz que a vonta-de de realizar o projeto é antiga e que, apesar de já existir uma sede em são Paulo, o desejo se intensi-ficou depois de oito visitas à cida-de maravilhosa. A escolha do lo-cal, inclusive, foi devido à história de produção cultural do prédio.

— O IED está completando 40 anos e decidimos marcar esta data com a instalação da sede no Rio.

Desta forma nasce sob o signo vi-sionário e futurista que sempre marcou a instituição. O próprio nome Instituto Europeu de Design era inovador em 1966, quando foi criado em Milão. Naquela época ainda não tínhamos o conceito de União Européia que temos hoje. O IED Rio será um laboratório onde buscaremos soluções simples pa-ra problemas complexos, em pro-funda integração com as vocações criativas da cidade — conta.

segundo Paschina, todos os custos com o restauro do patri-mônio cultural serão arcados pe-lo Instituto, assim como toda a instalação da sede, incluindo o mobiliário e os equipamentos. Em março do ano que vem, serão apresentados o projeto arquitetô-

nico com a maquete e os detalhes referentes aos custos e à obra. Mas de acordo com a Prefeitura do Rio, o IED investirá cerca de R$ 15 milhões na restauração.

Em coletiva à imprensa o Prefeito Cesar Maia destaca a importância da parceria públi-co-privada:

— O fato mais importante desta parceria é a sua finalidade: intensificar a vocação natural da cidade, que é a criatividade e o entretenimento. O Instituto po-tencializará talentos, o que vai gerar um impacto na economia, através da qualificação de profis-sionais capazes de criar, inventar e produzir — ressalta.

sobre a recuperação do pa-trimônio cultural da cidade, Ce-

O prédio, que abrigou o Hotel Balneário, o Cassino da Urca e a TV Tupi, estava

desativado há quase 30 anos. Abaixo, o imóvel em estado de deterioração

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sas, estratégia fundamental do seu sistema educacional, tanto durante o processo de formação, como nos eventos realizados no fim dos anos acadêmicos.

Depois de Milão, foi a vez de Roma [1973], turim [1989], Ma-dri [1994], barcelona [2002] e são Paulo [2005]. Atualmente, o Instituto é uma organização in-ternacional que ministra cursos superiores de três anos, de atua-lização, avançados e pós-gradua-ção Máster.

Em toda a sua história, o Instituto Europeu de Design formou estudantes de 85 pa-íses diferentes e a ligação en-tre o Knowing e Knowing how to do [saber e saber fazer] é a premissa dorsal do desenvolvi-mento de habilidades e compe-

tências culturais, criativas e crí-ticas que representam o segredo de seu sucesso.

O IED pertence a organizações e associações acadêmicas como Cumulus [sob a seção Erasmus do Programa Sócrates, programa de educação transnacional da União Européia], ElIA [Liga Européia de Institutos de Artes] e IAA [Associa-ção Internacional de Publicidade], que formam uma rede de parceiros para trocas de programas culturais e educacionais e, entre outras coi-sas, possibilitam organizar mostras importantes como “Made in Italy” e “Italian Design”, realizadas na Itália e em outros países.

Cassino da Urca: um lugar cheio de histórias para contarNos anos 20 foi construído um edifício, localizado no bairro da Urca, com a finalidade de atrair

turistas. Antes de se trans-formar em Cassino da Ur-

ca, o Hotel balneário, com seus 34 aposentos

foi uma das contra-partidas exigidas

pela Prefeitura no contrato de concessão pa-ra a urbaniza-

ção do bairro. Desta forma, tam-bém foram lançados, nas praias do Russel e do Flamengo, os ho-téis Glória e Central e, na “prin-cesinha do mar”, o Copacabana Palace. logo depois, na década de 30, o Hotel balneário da Urca literalmente “abriu o jogo” se-guindo a tendência da época.

No teatro pertencente ao es-paço, reinavam artistas como Dalva de Oliveira, Emilinha bor-ba, Marlen, Dick Farney, Grande Otelo, Virginia lane, Manuel Pêra e Paulo silvino. Foi ali também

que Carmen Miranda vestiu sua primeira baiana estilizada dando início à sua carreira.

— É um lugar cheio de histó-ria — afirma, emocionado, stefa-no Paschina.

toda a produção artística que envolvia o Cassino da Urca se tornou uma usina de criativi-dade. tanto que nos anos 30 foi criada uma agência de publicida-de dentro do local para promover e divulgar os eventos. Em 1941, a casa recebeu a visita de Walt

Disney com um show especial para o convidado, com Russo do Pandeiro e linda batista.

Relembrando um pouco mais de história, o governo de Getúlio Vargas, conhecido como o Estado Novo, havia terminado há menos de um ano quando o jogo de azar foi proibido, em 1946. Os espetá-culos e as boates poderiam con-tinuar funcionando, mas o baca-rá [jogo de azar com cartas] foi interrompido e as roletas tiveram que parar de rodar. Assim, sem as suas principais atrações, em pou-co tempo o prédio do cassino es-tava abandonado.

TV Tupi: marco da TV BrasileiraO grande empresário da época, Assis Chateaubriand, presidente da empresa de comunicação Diá-rios Associados, abriu seus estú-

dios, em 1953, na Urca. A tV tupi, canal 6, do Rio de Janeiro, trans-mitia programas de auditório do mesmo prédio onde um dia havia sido o Hotel balneário e o Cassino. A partir daí, a tV tupi passou a veicular peças teatrais e novelas, antes transmitidas pelas rádios.

No entanto, por ordem do go-verno federal, em 1980, a tV tupi foi tirada do ar e teve sua con-cessão cassada. Desde então, o prédio do Cassino está fechado e em deterioração.

1) Fachada do prédio descaracterizada pela TV Tupi; 2) Um dos muitos espetáculos realizados no Hotel Balneário; 3) Vista aérea do antigo Cassino da Urca

“O Instituto potencializará talentos, o que vai gerar um impacto na economia, através da qualificação de profissionais capazes de criar, inventar e produzir” ceSar Maia, Prefeito do rio

O que chamou a atenção também do seu marido, Victor Piccoli, 46, foi o vestido verme-lho usado por Kelly le brock, em A Dama de Vermelho (the Woman in Red, 1984), mas, segundo ele, a cena visualizada do filme daria mais destaque.

— seria interessante uma foto ao lado para associar o fil-me a quem não lembra e para os mais jovens que não conhecem — opina.

— Os modelos são atuais. A moda não mudou, mas as ten-dências estão voltando — obser-va a coordenadora psicopedagó-gica Emília souza Aranha, 53.

A diretora do IIC, Fiorella Pi-ras, explica que a intenção foi mostrar a passagem, através do tempo, do uso de trajes do sécu-lo passado para os da atualidade, estes últimos expostos na sala seguinte e produzidos pelas alu-nas de pós-graduação da FAAP.

— É uma casa que está para ser fechada, onde os trajes estão dispostos em baús para partirem, para se mudarem. É o encerra-mento de uma época de hábitos — esclarece.

Quem foi à exposição tam-bém pôde conferir o trabalho de Valentino. Ele já elaborou rou-pas para Nancy Reagan, mulher do ex-presidente Ronald Reagan, como uma saia curta de veludo e casaco bordado, expostos no cai-xote. Quem já viu o clássico do cinema italiano “la Dolce Vita”, de Fellini, não esquece o vesti-do curto preto em crepe com laço na frente desenhado por sorelle Fontana e usado por Anita Ek-berg e que está na exposição.

Antecipando a abertura da mostra, a Câmara de Comércio or-ganizou um encontro com espe-cialistas em moda e história, on-de foi possível discutir sobre as tendências do mercado das grifes italianas no brasil e, claro, sobre a alta moda made in Italy.

— O berço da moda contem-porânea se inicia em Florença

após a segunda Guerra Mundial — explica o professor de História da Moda na FAAP, João braga.

Paola Paduan, responsável pe-la importação de marcas famosas como Ermenegildo Zegna, D&G e Giorgio Armani, em entrevista ao site www.textilia.net fala um pouco de cada estilo de marca.

— Armani é clássico, coeren-te. Faz ternos e peças impecáveis para o dia-a-dia e, por isso, con-segue atingir um público amplo. Gucci é mais para quem gosta de ostentar. Já a Prada é mais discre-ta, tem uma linha ampla, especial-mente com os acessórios, e atinge um público vasto — detalha.

Em relação à moda brasilei-ra, Paduan pondera:

— Não quero menosprezar a moda brasileira. Quando vejo o trabalho de lino Villaventura, acho fantástico. Carlos Miéle e Alexandre Herchcovitch também são interessantes. Acho que a moda brasileira tem futuro mas, às ve-zes, ainda faltam ma-térias-primas mais cuidadosas como zí-peres e outros aviamentos. são partes importantes que preci-sam ser apri-morados.

— Pre-cisamos só aprimorar nos-so know-how, pois temos muita criativi-dade — com-p l e m e n t a braga.

Glamour de exportaçãomoda

Marcos PEtti

Modelos exclusivos de Valentino, Versace e outros, que também vestiram musas do cinema, do teatro e da aristocracia são expostos na FAAP, em São Paulo

Qual a mulher que não gostaria de poder usar ao menos uma vez na vida um vestido longo preto e

azul em dupla face assinado por Gianni Versace? Ou um vestido de coquetel curto em seda bor-dado de Giorgio Armani? Roupas que só são confeccionadas para a elite. Esses são apenas alguns modelos de peças únicas e origi-nais criadas pelas mãos dos mais conceituados estilistas italianos do século 20. Elas fazem parte de uma coleção vinda do Museo della Moda e Fundação Cultural sartirana Arte, de Pavia, na lom-bardia. Ao total são 40 trajes de noite que o público pode ver de perto até o dia 17 de dezembro na Fundação Armando álvares Penteado (FAAP), em são Pau-lo. A mostra Abiti Gran sera, que abrange trajes usados entre os anos de 1950 e 1990, é uma re-alização do Instituto Italiano de Cultura de são Paulo (IIC-sP), do Consulado Geral da Itália, da Em-

baixada da Itália e do Museu de Arte brasileira (MAb-FAAP).

Personalidades italianas e in-ternacionais do cinema, teatro e, da aristocracia, já tiveram o pri-vilégio de um dia usarem mode-los exclusivos. Audrey Hepburn, no filme “A Princesa e o Plebeu” [1970], usou um vestido longo de cetim marfim, idealizado por Irene Galitzine, russa de nasci-mento, mas radicada na Itália e que já vestiu sophia loren.

Quem não se lembra da lendá-ria estrela do cinema, Ava Gard-ner, casada com Frank sinatra, que fez, entre muitos, “A Hora Fi-nal” [1959], “A sentinela dos Mal-ditos” [1977] e, bem antes disso, vestiu em “A Condessa Descalça” [1954] um vestido longo em voile verde-água com corpete bordado, de Fernanda Gattinoni.

Opiniões do público é o que não faltaram nesta exposição. Pa-ra os que viveram a “geração co-

ca-cola” ou os “anos rebeldes” foi um mo-mento de relem-brar cenas de atri-zes consagradas usando determi-nados vestidos. Apesar de toda a história exis-tente por trás das vestimen-tas, o evento também teve um quê de novidade. Os mais novos

que passaram pela mostra puderam co-nhecer um pou-

co de história, arte e estilo.

— Eu estou achando fantás-tica. Vi esses mo-delos nos filmes — conta a co-merciária Maria luiza lucchesi, de 46 anos.

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weekend notizie

ACIB: corsi saranno mantenutiDopo aver reso noto un comuni-

cato ai suoi associati, in cui si annunciava l’intenzione di cancella-re l’apertura di nuovi gruppi di allie-vi per il 2007, il presidente dell’ Asso-ciação Cultural ítalo-brasileira (ACIb), il medico Aldo Chianello, ha garantito che non ci sarà interruzione delle at-tività relative all’insegnamento della lingua italiana nello stato. l’ACIb pro-testa dicendo che il governo italiano non ripassa da due anni i sussidi per la manutenzione dell’entità, il che risul-terebbe in un deficit di circa 300 mila euro nel preventivo annuo.

— siamo riusciti a regolarizzare i bilanci del 2002, 2003 e 2004. E il go-verno si è dimostrato disponibile alla risoluzione di questa situazione, quindi prima della fine dell’anno avremo una risposta quanto al saldo di 2005 e 2006 – ha spiegato Chianello.

l’istituzione finora si è mantenuta con l’aiuto del console a Rio, Massimo bellelli, che si è sforzato nei negoziati fatti con il governo.

Immobili: settore in crescitaIl mercato immobiliare italiano nel 2006 continua a crescere (+1,2%),

ma non come negli anni precedenti. lo rileva il Centro Ricerche Eco-nomiche sociali di Mercato per l’Edilizia e il territorio (Cresme). Dopo il boom degli ultimi anni (+5,7% nel 2004, +3,7% nel 2005) il mercato risente della debolezza dell’economia. le compravendite si spostano dai nuclei urbani alla periferia e ai comuni più esterni. Particolarmente ral-lentata la crescita nella provincia di Roma (+0,7%). sul fronte dei prezzi delle abitazioni l’incremento è del 3,8% rispetto al 2005.

Sfida italianaDopo aver vinto la sfida in tv, le fatine Winx, le più amate dalle ragaz-

zine (sono le terze bambole più vendute al mondo e fatturano oltre 1 miliardo di euro con tutti i prodotti derivati), tentano ora l’avventura cinematografica. Il film in 3D è già in preparazione negli studi romani del-la neonata Rainbow CGI, una struttura per la produzione in computer 3D, figlia della Rainbow spa, la società del giovane vulcanico Iginio straffi diventata in 11 anni leader nell’animazione con ‘tommy & Oscar’, ‘Winx’ e ‘Monster Allergy’.

Il successo delle Winx è ormai planetario: la serie è in onda in 130 paesi, trasmessa con successo ovunque, compresi gli stati Uniti e persi-no il Giappone, dove sarà il primo cartoon di produzione indipendente ad essere trasmesso in free television. Aver sfidato sullo stesso terreno del-l’animazione giapponesi e americani è motivo di grande orgoglio per la Rainbow, una società nata nella campagna marchigiana (la sede è in un grande campo di girasoli), affollata di talenti tutti giovanissimi, e anche per Rai Fiction.

Solo un’italianaC’è solo una top manager italiana tre le prime 50 donne più in-

fluenti nel mondo aziendale a livello globale: è Frida Giannini della Gucci. la graduatoria del Wall street Journal Europe è guidata da Melinda Gates, moglie del co-fondatore della Microsoft, scelta per la sua attività nella filantropia, e vede silvana Armani (moda) e laura Ferro (farmaceutica) entrare nella classifica delle dieci donne più influenti d’Europa.

L´Unione si riunisce a BHUna trentina di persone dell’Associazione degli Amici dell’Unione

di Minas Gerais si sono riunite a belo Horizonte [capitale dello stato] per discutere di congiuntura politica italiana e brasiliana. Alla fine della giornata è stato approvato un documento finale che riporta i tratti principali della discussione ed indica le linee programmatiche dell’attività dell’Associazione per il 2007. In particolare, saranno avvia-ti contatti coi partiti del centro-sinistra mineiro, sarà ampliato e reso disponibile ad altre associazioni il website dell’Unione di Minas Gerais e intensificato il lavoro di sensibilizzazione politica con gli elettori ita-liani del collegio.

PFM: nuovo progettoPer celebrare il 35° anno di attività la Premiata Forneria Marconi pub-

blica il progetto di musica e immagini ‘stati di immaginazione’. Un progetto strumentale in otto brani nato da un’idea di Iaia De Capitani, manager della Pfm che ha pensato di fornire alla band l’ispirazione attra-verso otto lavori visivi di una durata che va da poco meno di quattro a nove minuti e che dura, complessivamente, 52 minuti.

LigabueEsce domani nei negozi il dvd ‘liga-

bue-Nome e Cognome tour/2006’, box set con 5 dvd che include 4 con-certi più contenuti speciali. Un anno, un unico tour, ma produzioni, scalet-te e musicisti diversi: tutto è stato documentato in modo fedele grazie alle registrazioni integrali di quattro concerti. Ad illustrare il ‘prima’ ed il ‘dopo’ di ogni show il rockumentario ‘Giorno per giorno’, diario della tour-nee realizzato con interviste e riprese di backstage.

Italia: distacco alla Fiera della ProvvidenzaSolidarietà. È stata questa la parola che ha riunito 44 paesi e 15 stati brasiliani, distri-

buiti su 500 mila metri quadrati nel Riocentro, a Rio de Janeiro. E la partecipazione ita-liana alla 46ª edizione della Fiera della Provvidenza, realizzata dal 6 al 10 dicembre, ancora una volta è stata uno dei punti forti dell’evento. Questo perché, comandato dalla signora Matilde bellelli, consorte del console, lo spazio destinato al paese è stato uno di quelli che ha richiamato più visite fin dalla prima ora di apertura. Pasta, pentole e vini attraevano l’at-tenzione dei visitatori, spinti specialmente dalla possibilità di preparare liste per il cenone natalizio e per i regali di fine anno.

Oltre al console Massimo bellelli, erano presenti il direttore generale della tIM brasil, Francesco luccati, e gli imprenditori Diego tomassini e Rolando Monzani. Questi ultimi, inoltre, hanno accompagnato il lancio dello champagne berlucchi, che arriva sulle gondo-le dei supermercati brasiliani verso la metà di gennaio, ed è stato offerto in degustazione ai clienti dello stand italiano. la bevanda farà parte della cena preparata dallo chef di cucina Francesco Carli, del ristorante Cipriani, nel Copacabana Palace.

Gli introiti della Fiera sono destinati al banco della Provvidenza, che presta assistenza a più di tre milioni di persone. Prodotti importati erano venduti con perfino il 50% di sconto e tra le novità dello stand erano in offerta occhiali, borse e profumi italiani. l’intenzione di battere il record di vendite e di essere il paese che avesse contribuito di più con la banca era la meta italiana, che è saltata dal 9° posto del ranking, nel 2004, al 2°, nel 2005. In quel-l’occasione, il 16% del totale ottenuto con l’evento proveniva dallo stivale. (S.S.)

Le pratiche e l’ efficienza di 100 anni di ufficio stampa nel mondoA San Paolo una conferenza per riunire le esperienze internazionali degli uffici stampa

Una Conferenza Internazionale per festeggiare il 100º anniversario degli Uffici stampa si è svolta a san Paolo il 10 novembre. Una pratica iniziata nel 1906 dal

giornalista Ivy lee, quando aprì il suo primo ufficio di comunicazione per svolgere le attività di assessorato presso il barone John Rockefeller. Dopo cent’anni, l’avanzo del-la tecnologia e delle pratiche moderne sono alleate dei professionisti di quest’area della comunicazione. Idealizzata dal sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de são Paulo e promossa dalla Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), la giornata ha contato sulla partecipazione di noti giornalisti brasiliani ed anche internazionali, che hanno aggregato all’incontro le esperienze dei loro paesi. All’apertura il professor dottor Gaudêncio torquato, della Escola de Comunicação e Artes (ECA-UsP) ha parlato della comunicazione imprenditoriale. Il presidente dell’Ordine dei Giornalisti Italiani (ODG), lorenzo Del boca, ha parlato della legge 150 regolamentata nel 07/06/2000, che disciplina l’esercizio delle attività di informazione e comunicazione nelle pubbliche amministrazioni. (M.P.)

Pollini e MoschinoIl gruppo Aeffe, presieduto da Mas-

simo Ferretti, ha nominato due nuovi amministratori delegati al-la guida di Pollini e Moschino. I due amministratori sono Antonella to-masetti, che sarà a capo del gruppo Pollini e thierry Andretta, alla gui-da di Moschino. Il gruppo Pollini è stato acquistato dal gruppo Aeffe nel 2001 con un fatturato di 65 mln di euro (+11%). Da Moschino, invece, Andretta eredita una società con un fatturato di 70 mln di euro e un giro d’affari di 200 mln di euro.

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Avanço na curaSão encorajadores os resultados de um es-

tudo piloto feito em nove pacientes com câncer colo-retal submetidos a uma imunotera-pia. Os seis meses de tratamento aconteceram no Istituto dei Tumori di Milano. Durante o pro-cesso não houve a progressão da doença e não foi verificada a metástase. “É apenas o primeiro passo mas estamos chegando perto do momen-to da vacina que cura esses tumores”, informou um dos oncologistas da instituição.

A dança do coraçãoAlém de proporcionar momentos de

prazer, bailar ao som da boa e ve-lha valsa também pode fazer bem à bati-da e funcionalidade cardíacas. E mais do que qualquer outro exercício aeróbico. Pelo menos é isso que revela o estudo conduzido pela Azienda Ospedaliera Car-diológica G.M Lancisi di Ancona e apre-sentado em encontro da American Heart Association. O benefício que o ritmo traz se concentra no fato de que os fãs da valsa geralmente dão seguimento à prá-tica da dança e, com isso, aumentam a realização de exercícios físicos.Polêmico mas eficaz

Vários são os tabus contra o abacate. Uns dizem que provoca os famosos

“quilinhos a mais”. Já para outros, o con-sumo não é recomendado aos portadores de hipertensão arterial e outras patologias ligadas à ingestão excessiva de gordura. Mas, nos últimos tempos, estudos compro-varam que o fruto também tem qualida-des a serem apreciadas. Pesquisas feitas a partir da década de 90 demonstraram que o consumo moderado do abacate contri-bui para reduzir os triglicerídeos, o coles-terol lDl e o colesterol total. Outras ex-periências feitas com diabéticos revelaram que, após um mês de consumo regulado do abacate, os pacientes apresentaram dimi-nuição do índice glicêmico no sangue.

SaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute

“Remédio” refrescanteEla hidrata e é ideal para ser consumida em dias de calor. Rica em

açúcar, vitaminas do complexo b e sais minerais, a melancia ainda possui apenas 33 calorias para cada 100 gramas. Mas os benefícios não param por aí. O fruto possui ainda excelentes propriedades diuréticas e, por isso, é recomendada aos que têm problemas renais, pressão alta e reumatismo. Além disso, o suco de melancia provoca a eliminação de ácido úrico. A eficácia desse verdadeiro “refresco” é também comprovada no tratamento da acidez estomacal, obesidade, bronquites crônicas, problemas de boca e garganta. Na hora de comprar, dê preferência para a melancia que tem casca firme, lustrosa e sem manchas escuras. Para quem não sabe, a melancia é originária da índia.

Fora gordura!O hábito de comer nozes depois das

refeições pode auxiliar no combate aos danos de gordura nas artérias. Um estudo, realizado pelo Hospital Clínico da Universidade de barcelona e publica-do na revista da Universidade America-na de Cardiologia, mostrou que tanto o azeite como as nozes ajudam a reduzir a repentina inflamação e oxidação das artérias decorrente de uma refeição rica em gorduras saturadas. Para obter um bom resultado, os pesquisadores reco-mendam uma dose diária de 28 gramas de nozes.

Vem chegando o verão

Sol, mar, água fresca e férias. A expec-tativa por um verão arrasador é grande e tem levado centenas de pessoas a se prepararem para a estação de olho no

corpo. A contar pela primavera [estação que só termina no dia 20 de dezembro com médias entre 22 e 30 graus], a temporada de exibição de corpos sarados em clubes, piscinas e praias parece já ter começado. Nesta época do ano, estima-se o aumento em cerca de 33% na bus-ca por academias. Mas especialistas alertam: a prática de exercícios sem a orientação ou avaliação médica pode acabar em prejuízos à saúde e lesões graves. Os riscos aumentam

quando as atividades são feitas em busca de um resultado em curto prazo.

De acordo com o coordenador do depar-tamento médico de futebol amador do Flu-minense Futebol Clube e diretor do Centro de Avaliação, Reabilitação e treinamento (Cart) do Hospital Procórdis, em Niterói, o cardio-logista Gustavo Campos, o ideal para quem quer “fazer bonito” no verão é a prática regu-lar de exercícios.

— Nesta época, ocorre um aumento dos pacientes que buscam especificamente o cor-po ideal em pouco tempo e por isso acabam se lesionando. Qualquer pessoa que inicie um exercício físico deve procurar um médico es-pecialista para ser avaliada e orientada. Isso minimiza malefícios causados pelos exercí-cios quando realizados por pessoas com al-gum tipo de limitação física ou alteração clí-nica — explica Campos.

Não dá para fazer milagres, mas é possível saber o melhor tipo de exercício e minimizar o risco de buscar um corpo ideal em apenas 30 ou 60 dias. Para tanto, é feita a anamne-se [história médica do paciente]. trata-se de um exame físico completo, direcionado para a parte cardiovascular e mioarticular. Depen-dendo da idade do paciente, da história fa-miliar e de seu histórico médico podem ser solicitados exames complementares antes de iniciar qualquer sessão de exercícios.

Quem não segue às orientações aumenta de duas a três vezes o risco de se lesionar. No caso dos problemas com o coração, o mais freqüente é a dor muscular conhecida como mialgia. Mas em muitos casos há as lesões musculares, como alerta o fisioterapeuta e acupunturista Marcus tercio Caloiero.

— As mais comuns são as tendíneo-mus-culares, como lesões musculares e tendinites, e algias de coluna, que podem ser causadas até mesmo por hérnia de disco. As partes mais atingidas são, portanto, ombros, cotovelos, jo-elhos e coluna. Como “punições”, os pacientes são submetidos a tratamentos fisioterápicos e com acupuntura, a repousos e, dependendo da lesão, podem também ser submetidos à inter-venção cirúrgica — descreve.

Para quem pensa que a questão resume-se aos “loucos por acade-mias”, Gustavo Campos sa-lienta que 2% da po-pulação da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, pra-tica exercício ao

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ar livre. É aí que as academias se esforçam para atrair mais adeptos.

— Competir com uma praia, um parque ou uma lagoa Rodrigo de Freitas é muito difícil e por isso as academias buscam novos progra-mas e modalidades para aumentar o número de clientes. Mas, mesmo quem deseja realizar apenas sua caminhada diária, deve procurar orientação, pois o exercício mal feito e orien-tado causa o mesmo grau de problema, seja ele feito ao ar livre ou dentro de uma acade-mia. O que muda, às vezes, é o mecanismo de lesão, como o impacto causado nas articula-ções no asfalto ou corridas feitas na areia da praia — salienta o médico.

Ainda segundo o cardiologista, em se tra-tando do já batido tema “Ditadura da beleza”, além das pessoas que correm para ter o corpo perfeito e não medem sacrifícios, há os que sempre pensam que não estão fortes o sufi-ciente e continuam malhando para aumentar o tamanho de seus músculos [dismorfia].

— tanto homens como mulheres são atin-gidos, mas os jovens normalmente são os mais acometidos por esses distúrbios — analisa.

Rumo à estação mais quente do ano, cresce a procura pela malhação em academias. Mas médicos alertam para a freqüência e o tipo dos exercícios

Dupla imbatívelOs brasileiros têm mais um motivo

para festejar na hora das refeições. É que a combinação de arroz com feijão, tradição na culinária brasileira, é capaz de gerar boa parte dos nutrientes neces-sários para o organismo diariamente. O arroz é rico em amido e proporciona uma boa fonte de energia para o organismo. Além disso, é rico em ferro, proteínas e vitaminas do complexo b.

O feijão, por sua vez, também con-tém ferro, outros sais minerais e é um dos vegetais mais ricos em proteína, ab-sorvida e processada através da ajuda do amido encontrado no arroz.

A TV que aliviaUma equipe de pesquisadores ita-

lianos da Università degli Studi di Siena produziu um artigo científico so-bre o efeito analgésico de ver televisão durante a retirada de sangue, publicado na revista médica “Archives of Disease in Childhood. O experimento foi feito com 69 crianças entre sete e 12 anos de idade, acompanhadas pelos pais. “Nos-sos resultados sustentam o benefício de introduzir um ambiente de distração du-rante procedimentos menores em crian-ças: o nível mais alto de dor relatado por elas durante os esforços das mães em distraí-las mostra a dificuldade que têm de interagir positivamente em um momento difícil”, concluíram os pesqui-sadores italianos.

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Sanja Gjenero

Pratique exercícios com maior segurança e efetividade Consulte seu médico: Qualquer dúvida ou desconforto, procure orientação profis-sional. Realizar uma avaliação física para elaboração de um programa de treinamen-to será uma atitude de grande utilidade prática. Não se deixe levar por propagan-das muitas vezes enganosas prometendo resultados milagrosos com outros recursos recomendados para substituir os benefí-cios do exercício ativo.

Usar roupas adequadas: A função da roupa durante o exercício é proporcionar proteção e conforto térmico. Agasalhos que provo-cam aumento excessivo da sudorese devem ser evitados porque provocam desconfor-to e desidratação, não exercendo nenhum efeito positivo sobre a perda de peso.

Hidratar-se: Deve-se ingerir líquidos an-tes, durante e depois de exercícios. A perda excessiva de líquidos e a desidra-tação constituem a principal causa de mal-estar durante o exercício.

Sentir bem-estar: Escolha a modalidade e, sobretudo, a intensidade de exercício que traga prazer e boa tolerância. Ao fazer exercícios prolongados, ajuste a intensi-dade que permita sua comunicação verbal sem que a respiração ofegante prejudique sua fala. Esta é uma forma prática de ajus-tar uma intensidade adequada

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Guilherme Aquino

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Novo restauranteTrata-se do “Pane e Acqua”, fruto de

dois jovens apaixonados por culiná-ria, os teruzzi, e de uma designer vetera-na e famosa no mundo inteiro, Rossana Orlandi. Até aí nada demais. A questão é que você, além de comer muito bem, po-de levar para casa a mobília do local. Cla-ro, neste caso a conta fica um pouco mais salgada. A mesa da foto custa E 3.800 mas o menu tem preços muito mais em conta. Com E 20, 30 se “come” uma co-zinha refinada e de muito bom gosto. O Pane e Acqua, tem apenas 35 mesas e fica na rua Matteo bandello, 4, bem perto da estação Conciliazione, do metrô.

notizie

Immigrazione italiana a San PaoloUna visione storica tra l’Italia e il bra-

sile di fine XIX secolo e inizi del XX è stata oggetto del “4º Corso Immigrazio-ne Italiana nello stato di san Paolo: dati storici e ricerca genealogica”, organizzato dalla Filef e dal Circolo toscano, con l’ap-poggio del Memorial do Imigrante di san Paolo. Nel corso di quattro sabati, i parte-cipanti hanno avuto un’idea degli aspet-ti geografici e storici dei periodi dei due paesi e quindi come si è svolto il processo d’immigrazione degli italiani verso il bra-sile. Condotto dal professore di storia e

ricercatore di immigrazione italiana Virgi-nio Mantesso Neto, il corso ha segnala-to agli alunni come comporre dei dati per fare l’albero genealogico dei loro antena-ti trovando le informazioni necessarie su diversi siti web. Inoltre, ogni fine setti-mana un invitato speciale ha parlato di un tema legato allo scopo principale. Per conoscere meglio la storia di coloro che hanno fatto “la ‘Merica” sono state realiz-zate alcune visite guidate al Memorial do Imigrante e in fattorie nell’entroterra di san Paolo. (M.P.)

Buoni risultatiTre mesi dopo l’inaugurazione ufficiale

della sua fabbrica a Rio de Janeiro, la Falmec, marca italiana di attrezzature per cucina, già festeggia le vendite della sua linea nazionale. Attualmente, nella fabbri-ca a bangu vengono prodotte 80 cappe al giorno, numero che dovrebbe arrivare a 120 già agli inizi del 2007. l’aspettativa iniziale della marca era che le vendite del-la linea nazionale corrispondessero al 30% delle vendite nel paese, ma questo numero ha già raggiunto la quota del 50%.

la linea nazionale della Falmec è com-posta da otto modelli di cappa, che sono offerti al mercato a prezzi fino al 30% in-feriori di quelli della linea importata dal-l’Italia. Questa riduzione del prezzo finale al consumatore si deve tanto all’uso di manodopera e materie prime nazionali, e anche dovuto al risparmio fatto con le tasse d’importazione.

Questi risultati faranno che la mar-ca concluda il 2006 con un giro di affari 15% superiore a quello del 2005, anno in cui l’operazione brasiliana ha fattura-to R$ 15 milioni.

Memória e EvoluçãoA Itália, saída de joelhos, pobre e arrasa-

da, da segunda Guerra Mundial, renasceu das cinzas e dos escombros da destruição. A indústria bélica deu lugar a de bens de consu-mo. O italiano, primeiro sobre as rodas de uma Vespa e depois enfiado dentro de uma Cinque-cento da Fiat, começou a se destacar no campo do design, da indústria de ponta, aplicando na vida cotidiana do pós-guerra toda a genialida-de da sua milenar cultura. Os resultados deste arco do tempo e de suas conquistas até os dias de hoje estão nas 350 fotografias expostas no Museu de História Contemporânea, em Milão. Elas retratam todas as mudanças da Itália ao longo do último meio século de existência.

A contagem regressiva para o salão Internacional do Móvel, em abril, já começou. Pelo menos para en-

contrar vagas em hotéis e elaborar um pa-cote terrestre bacana pela lombardia. Há empresas de turismo que estão organizan-do pacotes especiais destinados aos inte-ressados em participar do maior encontro

de designers do mundo. Depois, claro, para quem tiver tempo, vale a pena conferir ou-tros lugares perto de Milão. Afinal, o salão acontece na primavera, com dias mais lu-minosos e floridos. E com os Alpes numa esquina e a Riviera Italiana na outra, vale a pena dar uma “saidinha” de Milão para respirar outros ares.

Expectativa milanesa

Em breve no BrasilJá está chegando em terras brasilei-

ras um dos melhores vinhos italianos da última safra. O “supertuscan”, pro-duzido pela tenuta sette Ponti, foi con-siderado, pela segunda vez, o primeiro vinho italiano entre os dez melhores do mundo, segundo a Wine Spectator, pres-tigiosa revista especializada. O feito de-ve ser comemorado e anunciado. O autor da façanha é o empresário Antonio Mo-retti. Ele trouxe para o campo das uvas a paixão pessoal pela bebida de baco. O resultado foi o mesmo já alcançado pelo grupo do qual é o líder no setor do luxo e da alta moda. Da confecção de sapa-tos artesanais e sob medida para a cul-tura do vinho foi um passo. De Maremma e da sicilia, Moretti extrai as uvas para ganhar o mundo.

Natal musicalO cantor sting vai

dar o ar de sua graça aos milaneses nas festas natalinas. O cantor e composi-tor inglês, já quase um italiano por adoção [e apaixonado pela Tosca-na, onde ele possui uma villa] está voltando ao mercado com um disco novo. Nele, o ex-líder do The Police, grupo que marcou o mundo pop nos anos 80, volta no tempo, mas muito mais atrás. Ele embarcou numa aventura musical da idade medieval. O roqueiro vai se apresentar, no dia 13, na solene igreja de Santa Maria delle Grazie, perto do centro de Milão, a mesma onde está o afresco a Última Ceia, de leonardo da Vinci. se alguém duvida que a arte seja divina, aí está uma boa chance para confrontar a idéia. Para quem ficar de fora, está prevista a montagem de um telão na praça em frente. O mesmo espaço já tinha sido palco de leituras da obra de Dante Alighieri . Assim, podemos dizer que, a esta al-tura, todos estão “acostumados” com momen-tos solenes “profanos”. A igreja fica em Corso Magenta, na esquina com a Via Caradosso.

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Il nuovo ufficio di Obiettivo LavoroAdesso tocca a san Paolo ospitare il

nuovo ufficio di Obiettivo lavoro dopo un anno stabilito a Rio de Janeiro. In una mattinata al CIEE l’agenzia di gestione di ri-sorse umane italiana ha presentato i suoi progetti di collaborazione che intende ini-ziare nel capoluogo paulistano, mercato po-tenziale per trovare la mano d’opera interes-sata. «È una fase sperimentale, un momento di [sic] conoscerci. siamo in brasile per re-starci», dice il direttore dello sviluppo, Mau-rizio Mirri. Come ha fatto a Rio, l’Obiettivo lavoro cerca professionisti infermieri. l’area

di automazione industriale e programmatori per l’informatica sono inoltre ricercate. la Camera di Commercio di san Paolo ha sotto-scritto un accordo con l’agenzia per disponi-bilizzare dei servizi, come corsi formativi di lingua. Per il ministro console di san Paolo, Marco Marsilli, «È un lavoro tra i due partner che ci arricchisce e ci mostra le potenzia-lità dei due mercati. Come Consolato man-terremo un’attenzione al progetto e faremo secondo la nostra legislazione», conclude. Per ulteriori informazioni potete scrivere a [email protected]. (M.P.)

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Os produtos acima mencionados estão disponíveis

apenas no mercado italiano.

A força da terra

Discussão sobre uso de energia renovável chega ao Brasil impulsionada por sucesso na Itália

sílvia soUza

meio ambiente

No momento em que se dis-cutem questões como o tratado de Kyoto, a emis-são cada vez maior de po-

luentes como o monóxido de car-bono e a diminuição da camada de ozônio, que o bioenergy World desembarcou no brasil, mais pre-cisamente em salvador, dos dias 29 de novembro a 3 de dezembro. sucesso na Europa, o evento, que apresenta profissionais discutin-do tópicos sobre bioenergia, des-ponta na América numa promoção da Consultoria Empresarial brasil Itália (Cebi) e tenta mostrar um potencial pouco difundido: a bio-energia. Com origem na terra [da agropecuária (plantações e ani-mais), das florestas e da gerência de resíduos], é o tipo de energia armazenada durante a vida das plantas, originalmente capturada através do processo da fotossín-tese e que é classificada nas fases líquida, sólida e gasosa.

A idéia de trazer o debate pa-ra as Américas surgiu quando a Cebi foi convidada para expor um painel em Verona, onde ocorreu o encontro europeu sobre o tema, em fevereiro. A intenção é que o evento seja realizado bienal ou anualmente.

— Acontece que o brasil, prin-cipalmente no nordeste, desperdi-

ça produtos que podem se trans-formar em energia. Queríamos associar a bionergy a um grande evento de agropecuária, pois a produção de energias renováveis está ligada a esse setor. Precisa-mos sensibilizar os produtores so-bre o destino final dos materiais gerados. Escolhemos salvador para fugir do eixo Rio-são Paulo, onde o mercado está em vias de satura-ção — explica um dos diretores da Cebi, Massimo Ferrarese.

Para tanto, além de nomes italianos e brasileiros, profissio-nais argentinos, austríacos, dina-marqueses e suecos apresentaram experiências e resultados do uso de biocombustíveis líquidos, tais

como o biodiesel e bioetanol; de biogás, que é feito a partir de resí-duos agrícolas e animais; dos eco-pellets [“comprimidos” de madeira triturada ou prensada utilizados no aquecimento de residências], além de outras fontes. A oportunida-de ocorreu na Fenagro [uma das maiores exposições agropecuárias do país] que teve mais de 1.100 expositores e 300.000 visitantes. A Câmara ítalo-brasileira de Co-mércio e Indústria do Rio de Ja-neiro também apoiou o evento.

— Enviamos um delegado e distribuimos material informativo sobre as oportunidades e ofertas no setor na Itália. E o governo italiano se fez presente envian-do representante do Ministério do Meio Ambiente para a abertu-ra da feira — conta o diretor da Câmara, basílio Catrini.

Especialistas afirmam que a bioenergia representa uma direção

para colaborar na solução dos de-safios para produção de energia, conservação do meio ambiente, suportando o crescimento e ofere-cendo uma maior segurança ener-gética. Ao considerarmos o con-texto atual de aumento dos preços de petróleo e efeitos crescentes das mudanças do clima, a ativida-de tem atraído a atenção dos po-líticos, das instituições multilate-rais, da agricultura, do mundo dos negócios, da gestão florestal, dos investidores e naturalmente, das populações ao redor do mundo.

— O uso da bionergia é rentá-vel e sentimos que esse é o momen-to do brasil. A compra de pellets é uma área que deve crescer. Devi-do à facilidade de uso, o fato de ser mais barato que o óleo e, ain-da menos poluente, essas cápsulas

são a sensação na Europa. Calcula-se que, em cinco anos, a demanda pelo produto triplique e o conti-nente trabalhe com um limite de produção, enquanto a serragem no brasil é jogada fora. salientamos na bioenergy World Américas que estamos no ponto para a exporta-ção — analisa Ferrarese.

Como a biomassa compreende todo tipo de vegetação do plane-ta, estimativas apontam a exis-tência de cerca de 220 bilhões de toneladas secas, que poderiam equivaler à energia. Isso sem fa-lar na quantidade que a fotossín-tese é capaz de regenerar. Por is-so, organizações de estudos sobre a bioenergia acreditam que em 2050, as fontes renováveis pos-sam gerar entre 30 e 50% da ener-gia consumida no planeta. Pier Luigi Sarze Amadé, presidente da Fieragrícola de Verona prestigia o evento

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capa

Crise nos casamentos, filhos que não querem deixar a boa vida que é mo-rar com os pais, gente não interes-sada em assumir responsabilidade so-

bre outra pessoa e a tarefa de congregar a maior população idosa da Europa. Esse é o retrato da sociedade italiana atual, segundo o Instituto Italiano de Pesquisas Econômicas e sociais e o Instituto Nacional de Estatísti-cas (Istat). Os dois divulgaram no mês de no-vembro estudos que refletem as preferências e atitudes características da população eco-nomicamente ativa da bota. O resultado pode não parecer novo, mas tem muitos pontos em comum com a realidade brasileira.

No país onde se tem a sede do catolicis-mo, a idéia de casamento não tem sido se-guida à risca nem pelos mais jovens nem pe-los mais adultos. Um relatório, que não era feito desde 1975, mostra que, em 30 anos, o número de enlaces sofreu uma redução de 32,4%, ou seja, de 373.784 bodas ocorridas (1975) se passou para 250.974 no ano pas-sado. Dos casamentos celebrados pela Igreja Católica, que unia 91,6% de casais, em 2005 a percentagem chegou a 67,6%.

Ainda segundo o documento intitulado “Até que a morte nos separe: Características e evo-lução dos casamentos na Itália”, nos últimos dez anos, o número de divórcios aumentou em 66%. A maioria das separações ocorreu entre o terceiro e o quinto ano de casamento. somente em 2004 foram registradas 352 sentenças por dia, ou seja, uma a cada quatro minutos.

A idade também parece ser um fator im-portante na hora da decisão pelo matrimônio. Entre os homens, o “sim” é dito em média aos 33,7 anos [em 1975, a união era feita aos 26

anos]. Já as mulheres arremessam seus buquês aos 30,6 anos, o que na década de 70, acontecia aos 25. Outro dado importante é percebido como planejamento em caso de crise. Ao se casar, 54,3% das moças e rapazes optam pela separação de bens.

A maioria dos casamentos hoje ocorre no sul do país, so-bretudo na região de Campania, com um índice de 5,3 por cada mil habitantes; enquanto em Emilia Romagna, no norte, o registro é de 3,5 casamentos por cada mil pessoas.

Em solo brasileiro, o número de casa-mentos é mais que três vezes maior do que o apresentado na Itália. Em 2004, foram 806.968 uniões. Outra diferença está na média de idade para o enlace. No brasil, tanto os homens quanto as mulheres “juntam as escovas” mais cedo. Eles, em média aos 30,4 anos. Elas, com 27.

O ítalo-brasileiro Marcello Cappuc-ci parece estar na média das estatísti-cas para Itália e brasil. Aos 36 anos, o professor universitário revela que deseja casar, porém, é indiferente à formaliza-ção da união. segundo ele, não existe idade ideal para o casamento, mas sim, maturidade. sendo que lhe falta o prin-cipal: encontrar a pessoa certa.

— Acho que essa questão de casar e a melhor idade para isso não são tão proeminentes para o homem. Não te-mos tanta pressa. Me preocupo em encontrar alguém disposto a cons-truir. Acho que os homens deixam as coisas acontecerem mais natu-ralmente — pondera Cappucci.

Economista e advogado, Mar-cello também considera que a es-tabilidade financeira é um fator

que conta na hora de dizer “sim” ou “não”, e co-menta que em seu círculo de ami-zades esse pensa-mento é um consenso.

— Conheço muita gente solteira na minha faixa etária. Os amigos que

casaram e separaram ou não tinham maturidade suficiente, ou tinham objetivos incomuns, ou se uniram por conveniência, ou ainda, conseqüência de uma gravidez inesperada. Eu quero construir e isso inclui filhos, mas no máximo dois — avisa.

Por conta dessa tendência, pesquisadores comentam que apesar dos cenários diferentes, Itália e brasil acompanham um processo evolutivo. O sociólogo José Henrique Organista explica que, ao se ponderar sobre o futuro das duas popula-ções, há que se considerar efeitos como histórico de forma-ção, industrialização e investimentos sociais.

— A despeito de ambos os países se constituírem antes como Estado e somente mais tarde como Nação, a Itália obteve maior êxito em sua industrialização tardia e na distribuição de benefícios não-mercantis, tais como: educação, previdência, seguro desemprego, etc., construindo um Estado de bem Estar social ativo. O brasil, apesar de obter um crescimento eco-nômico sustentável por longas décadas, se caracterizou pela concentração de renda, trabalho e produção. somente a partir da Constituição de 1988 a lei universaliza os benefícios não-mercantis. Infelizmente, essa universalização tem demorado a se tornar ativo, sendo, por enquanto, lei morta — analisa.

sabendo que o brasileiro consegue dar um jeitinho para tudo, os números podem não refletir a sociedade como um todo, con-forme explica a antropóloga Jacqueline Ma-rins. Ela conta que apesar de o casamento ainda ser significativo, principalmente para as mulheres, ao viver junto com alguém, por um período de tempo comprovado, já se obtém os mesmos direitos reservados aos casais firmados “no papel”.

— Agora, se a procura por casamen-to caiu no catolicismo, também caiu em

outras crenças, pois a variável, nesse caso, em jogo, é a descrença ou

algo parecido na instituição. E sendo assim, vale também no civil. No último censo aumentou no brasil, mais significati-vamente, o número de pessoas que se dizem sem religião e não os que têm religião — re-corda Jacqueline.

Idosos: uma população silenciosase casar tem sido uma opção pouco pro-vável para os italianos, não é de ho-je que governo e entidades da ‘bota’ se preocupam com o envelhecimento da população. No final de 2005, ha-via 58.751.711 pessoas no país. O número foi aumentado em relação à 2004 em quase 300 mil habitantes, principalmente por causa da presen-ça de mais estrangeiros. Enquanto isso, a fecundidade diminuiu para 1,32 filho por mulher, sendo que no relatório anterior era de 1,33. Jacqueline Marins avalia que o grau de instrução das mulheres é

um dos definidores deste baixo ín-dice de fecundidade.

— Aqui as mulheres que se casam mais tarde são as mais instruídas e não

tem filhos ou quando os tem, não passam de 2. Ou seja, a instrução determina o nú-

mero de filhos, mais do que a pobreza. Na Itá-lia, como o grau de instrução feminino é maior,

penso que a população tenderá a envelhecer mais do que se renovar. Eles inclusive já “im-portam” nossos “mulatinhos” — comenta.

No dia 31 de dezembro de 2005, o percen-tual de idosos (relação entre a população de

mais de 65 anos de idade e a de menos de 15) registrou um aumento, que chegou a 140,4% contra 137,8% de 2005. As pessoas com mais de 80 anos, ou seja, a parcela chamada de “grandes idosos”, já representam 5% do total da população, segundo o Anuá-rio Estatístico 2006 do Istat. Mas o fenômeno de envelhe-cimento não é estranho.

— A modernidade trouxe muito para quem investiu ne-la. Nações como a Itália alcan-çaram um patamar de “civili-dade”, de conhecimento, em que viver se tornou mais fácil

em todos os sentidos, principalmente, naquilo que ainda nos é tão caro, a saber: o respeito e a importância a noção de cidadania. Acho que essa é a principal diferença entre o brasil e os países “desenvolvidos”, no sentido econômico e geográfico — salienta Jacqueline.

No brasil, dados do último Censo alertam que essa parcela da população tem crescido recentemente. Na virada do século, eram mais 14 milhões pessoas com 60 anos ou mais. Rio de Janeiro e Porto Alegre apareciam como as capitais com maior proporção de idosos: eram 12,8% e 11,8% de suas populações, respecti-vamente. Com a ascensão da população ido-sa, a chamada terceira Idade cada vez mais busca seu espaço na sociedade, provando que a vida não termina na aposentadoria. Em des-taque no modelo de organização da família brasileira, 62,4% dos idosos se apresentaram como responsáveis pelos domicílios.

— Estamos passando por mudanças signi-ficativas em nossa sociedade, assim como os italianos. Não se pode afirmar se essas mu-danças são boas ou ruins. Depende do pon-to de vista, como todo antropólogo diz, do observador. A sensação é de que elas estão acontecendo de uma forma muito rápida mas, na verdade, elas já caminham a um bom tem-po e nós é que não nos demos conta — fina-liza Jacqueline.

O futuro a quem pertence?

Estudos recentes fazem radiografia da população italiana e o número de casamentos diminui em 32,4%

sílvia soUza

Marcello Cappucci: padrinho de casamento com a amiga Sandra Schumacher

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Acompanhe os númerosCasamentos na Itália (em 2005) 250.974Casamentos no brasil (em 2004) 806.968

Média de idade para o casamento (mulher italiana) 30,6 anosMédia de idade para o casamento (mulher brasileira) 27 anos

Média de idade para o casamento (homem italiano) 33,7 anosMédia de idade para o casamento (homem brasileiro) 30,4 anos

“Essa questão de casar e a melhor idade para isso

não são tão proeminentes para o homem.

Marcelo caPPucci,ProfeSSor univerSitário

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attualità

Verso un’Italia multietnica

Oggi: uno immigrato ogni 19 abitanti, tra dieci anni, incidenza raddoppiata

Dal Dossier statistico Im-migrazione Caritas/Mi-grantes 2006, presentato di recente a Roma, risulta

che il numero degli immigrati re-golari in Italia ha quasi raggiunto quello degli emigrati italiani nel mondo. l’Italia si colloca, così, accanto ai grandi paesi europei di immigrazione, come la Germania, spagna, Francia e Gran bretagna. Ogni 10 stranieri, 5 sono europei, 2 africani, 2 asiatici e 1 america-no. I brasiliani non si trovano tra le etnie di maggior presenza in Italia, come accade con i rome-ni, gli albanesi, i marocchini, gli ucraini o i cinesi, ma allo stesso tempo, compongono una comu-nità di certa espressività, inse-rita in vari settori della società, incluso quello dell’imprenditoria. secondo dati del Dossier statisti-co, tra un totale di 150 paesi, il

brasile si trova al 21° posto in classifica, con 30.691 cittadini residenti in Italia, il che rappre-senta l’1,4% della popolazione straniera presente nel territorio. Cittadini questi che garantiscono uno dei più grandi volumi di ri-messe in denaro inviate dall’Italia all’estero ogni anno.

“Oggi – ha detto il Presidente del Consiglio Romano Prodi, du-rante la presentazione – l’immi-grazione è un fenomeno struttu-rale profondo e alla luce di tale sviluppo va affrontata la questio-ne della cittadinanza, che è una conseguenza di questo sviluppo, uno sbocco necessario e non una questione a sé stante. si sta an-dando verso un inserimento in profondità, - continua – come è avvenuto per i nostri italiani in belgio”. In un altro momento del suo discorso Prodi fa riferimento

al profilo del lavoratore immigra-to: “E’ il caso di attirare in Italia altresì l’immigrazione qualificata, anche al fine di non dare l’impres-sione che da noi l’immigrazione è qualcosa di residuale.” Un altro punto problematico è la conces-sione della cittadinanza, che vie-ne vista in questo modo dal primo ministro: “In materia di cittadi-nanza si tratta, congiuntamente, di semplificare le procedure e di ridurre i tempi di attesa: il nu-mero degli anni è una determina-zione importante, ma ancora più importante è presentare questo passaggio come un diritto”.

In Italia i soggiornanti dei paesi dell’Est Europa sono circa un milione: i principali gruppi so-no, tra gli extracomunitari, quello albanese e ucraino; tra i comuni-tari, quello polacco; tra gli stati che stanno per entrare nell’Unio-ne Europea, quello romeno, che è il più numeroso in assoluto. tra i continenti, per l’Africa il primo gruppo è quello marocchino, per l’Asia il cinese e il filippino, per l’America il peruviano e lo statu-nitense. Dall’America latina, in particolare dall’Uruguay e dall’Ar-

gentina, vi è un flusso di oriundi italiani che entrano in Italia come turisti per completare la pratica relativa all’acquisizione della cit-tadinanza italiana, e poi, si spo-stano in spagna dove gli italiani sono 56 mila, per lo più originari del sudamerica.

l’incidenza degli immigra-ti sulla popolazione è del 5,2%, con 1 immigrato ogni 19 residen-ti. tra dieci anni, l’incidenza sarà raddoppiata e verranno supera-ti i valori che oggi si riscontra-no in Germania e in Austria. le province con il più alto tasso di incidenza della popolazione stra-niera sono: Prato (12,6%), bre-scia (10,2%), Roma (9,5%), Por-denone (9,4%), Reggio Emilia (9,3%), treviso (8,9%), Firenze (8,7%), Modena (8,6%), Macera-ta e trieste (8,1%).

In Italia, l’immigrazione di-venterà sempre più l’unico fat-tore di crescita demografica in grado di porre rimedio alla pre-valenza dei decessi sulle nascite. Gli ultrasessantacinquenni diven-teranno nel 2.050 più di un terzo dei residenti e, rispetto alla po-polazione in età lavorativa che si ridurrà notevolmente, incideran-no per il 66%. Gli immigrati in Italia sono una popolazione gio-vane, concentrata per il 70% nel-la fascia d’età tra i 15 e 44 anni, mentre solo il 47,5% degli ita-liani si colloca in quella fascia. secondo le previsioni Eurostat/Istat, i giovani lavoratori italiani diminuiranno di 1.350.000 unità nel 2.010 e di 3.209.000 unità nel 2.020.

Oltre il 50% dei lavoratori stranieri proviene dall’Europa

Per quanto riguarda la pre-senza brasiliana in Italia, no-nostante non vi sia una gran-de comunità come quelle della Romania o Albania, è possibile dire che i brasiliani occupano una posizione interessante. Nel 2005, l’Italia ha rilasciato 2.175 visti per inserimento al brasile, pari all’1% del totale. Di questi, 450 unità si riferivano al lavo-ro subordinato, 833 allo studio e 265 per motivi religiosi.

l’immigrazione dal continen-te americano in Italia è pari al 10,6% del totale degli stranie-ri. l’87% proviene dall’America centro-meridionale, essendo le principali collettività quelle del Perù, 2,2% del totale di stra-nieri, dell’Ecuador, 2,1% e del brasile, 1,4%. l’immigrazione americana continua ad essere in prevalenza composta da donne, circa il 67% ed il brasile, insie-me al Perù ed Ecuador si affer-ma come paese di maggior pro-venienza. Inoltre, secondo dati forniti dal dossier, risulta che il 62% degli immigrati americani abbia tra i 19 ed i 40 anni di età, oltre ad essere nella mag-gior parte celibi o nubili.

Lavoratori immigrati in Italiale assunzioni effettuate nel 2005 confermano la tendenza degli anni precedenti. Oltre il 50% dei lavoratori stranieri presenti in Italia proviene dall’Europa, so-prattutto dalla Romania e Alba-nia. Ci sono poi dei gruppi di im-

migrati che hanno aumentato la propria presenza in proporzione all’inizio del 2005, com’è il caso dei brasiliani, che hanno avuto un incremento del 6,8%.

I lavoratori provenienti dal-l’America Centro Meridionale ar-rivano in Italia soprattutto per svolgere delle mansioni umili, spesso nel settore domestico. In questo caso, le donne rappresen-tano quasi il 61% dei lavoratori assunti nel 2005.

Per quanto riguarda il ca-so specifico del brasile, ci so-no state 13.142 assunzioni nel 2005, pari all’1,7% del totale delle assunzioni. le cessazioni sono state invece 12.246, pari all’1,6%, essendo così il saldo positivo per i lavoratori brasilia-ni di 896 unità, pari al 6,8% del totale generale.

l’imprenditoria sudamerica-na, invece, è gestita essenzial-mente da peruviani, brasiliani e ecuadoriani, con una quota di ti-tolari di impresa intorno all’1% per ciascuna collettività. I bra-siliani e peruviani, insieme agli egiziani, hanno grande presenza nel settore di servizi professiona-li, come servizi alle imprese sud-divisi in società di pulizie, attivi-tà immobiliari, noleggio, servizi di assistenza informatica.

Il brasile occupa il 15° po-sto nella classifica dei titolari di impresa con cittadinanza estera per principale settore di attività economica, mentre nel caso del-l’imprenditoria al femminile, la posizione brasiliana scende dal 15° all’8° posto.

L’invio di rimesse ai paesi di originele rimesse proveniente dall’Ita-lia hanno subito nel 2005 un

incremento del 15,8% rispetto all’anno precedente, confer-mando le tendenze mondiali. secondo le stime della banca Mondiale, le rimesse interna-zionali verso i paesi in via di sviluppo sono passate da 96,5 a circa 167 miliardi di dollari dal 2001 al 2005. I primi dieci beneficiati per volume di dena-ro ricevuto nel 2005 sono stati: India (21,7 miliardi di dollari), Cina (21,3 miliardi), Messico (18,9 miliardi), Filippine (13,4 miliardi), Marocco (4,7 miliar-di), serbia e Montenegro (4,6 miliardi), Pakistan (4,1 miliar-di), bangladesh (3,8 miliardi), Colombia (3,7 miliardi) e brasi-le (3,6 miliardi).

Nel caso brasiliano, dei 3,6 miliardi di dollari ricevuti nel 2005, 63 milioni di euro sono stati inviati dall’Italia, secon-do dati della banca d’Italia. In questo modo, il brasile si col-loca all’8° posto nelle gradua-torie delle rimesse che partono dall’Italia, dietro rispettiva-mente a Cina, Romania, Filippi-ne, Marocco, senegal, Colombia e Albania.

Italiani x immigratiNel 2005 sono stati segnala-ti all’Ufficio Nazionale Antidi-scriminazioni Razziali 867 casi di discriminazione, concentrati specialmente nel Centro-Nord. le denunce sono venute per lo più dagli africani, causate soprat-tutto dal colore della pelle. le discriminazioni riguardano vari aspetti della vita quotidiana, dal lavoro agli alloggi.

Il 40% degli italiani ritie-ne che gli immigrati siano mag-giormente coinvolti nelle atti-

vità criminali. tra le 550 mila denunce del 2004, quelle con-tro cittadini stranieri sono state in media del 21,3%, con valori molto elevati in città del Nord come bologna, Verona, Firenze e Padova. I reati più ricorrenti so-no quelli contro il patrimonio e quelli contro la persona. Per al-cune nazionalità le denunce so-no in diminuzione, albanesi, per esempio, per altre come romeni, in aumento.

I motivi dei flussi migratoriDei 6 miliardi e mezzo di abitanti del pianeta, soltanto 960 milio-ni abitano nei paesi a sviluppo avanzato, mentre ben un miliar-do e 400 milioni di persone vi-vono con meno di due dollari al giorno e 192 milioni sono i di-soccupati. Nonostante non sia l’unico, i flussi migratori sono un regolatore di queste differenze socioeconomiche.

l’Unione Europea si presen-ta come un’area ad alta con-centrazione di immigrati, la cui presenza costituisce una necessità demografica, perché il Vecchio continente, anche se è prevista un’immigrazione netta di 40 milioni di persone, nel 2050 vedrà diminuire di 7 milioni di unità la popolazione nel suo complesso e di 52 mi-lioni di unità la popolazione in età lavorativa.

Dai dati contenuti nel dos-sier, risulta che quasi la metà della popolazione mondiale vive al di sotto della soglia di po-vertà. secondo le Nazioni Uni-te, più cresce la distanza tra i più ricchi e i più poveri, più au-mentano i flussi migratori. E’ da sottolineare, però, che la cau-sa della mobilità umana non ri-siede nella povertà assoluta o nella disoccupazione, ma nel-l’attrazione esercitata dagli sti-pendi più alti e dalle migliori condizioni sociali dei paesi di arrivo. l’esempio più attuale è proprio quello del brasile, dove la stabilità economica raggiun-ta dopo decenni di incertezze è stata accompagnata da almeno 500 mila partenze.

I flussi migratori contribui-scono allo sviluppo dei paesi di origine attraverso l’invio di ri-messe, l’apporto delle competen-ze acquisite nel caso di chi rien-tra, e degli investimenti da parte delle comunità all’estero.

ana PaUla torrEsCorrispondente • roma

“L’immigrazione dal continente americano in Italia è pari al 10,6% del totale degli stranieri. L’87% proviene dall’America centro-meridionale”

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E agora fica a saudadenayra GaroFlE

Brasil e Itália ficam de luto depois da morte de Mario Zan e Mario Merola

atualidade atualidade

Quem te viu e quem te vê!

Consulado do Brasil em Milão ganha novas instalações e agiliza atendimento

Ele era italiano, mas apren-deu a se apaixonar pe-lo brasil. Um dos maiores sanfoneiros do país mor-

reu em novembro deixando um legado de composições inesque-cíveis. Mario João Zandomene-ghi, conhecido como Mario Zan, nasceu em Veneza e aos quatro anos de idade foi trazido pelos pais à terra do carnaval. O ho-mem que compôs o hino dos 400 anos da capital paulista, autor da música “Nova Flor” [muitas vezes chamada de “Os homens não devem chorar”] sofreu uma insuficiência respiratória no Hospital Central sorocabana e, aos 86 anos, não resistiu.

Mas o sentimento de perda para italianos e brasileiros não parou por aí. Enquanto o brasil perdia o instrumentista italia-no, a Itália também se despe-dia do “rei da canção napolita-na”, o cantor Mario Merola, de 72 anos, considerado o último representante de Nápoles depois de totó.

Merola, que estava interna-do no hospital san leonardo, de Castellammare di stabia, e mor-reu por complicações cardíacas, levou a música popular napo-

de são Paulo, em 2004, o san-foneiro declarou que entrou na Record para pedir que tocassem suas músicas.

— saí de lá 33 anos depois. E esse tempo todo empregado com carteira assinada — contou ao repórter.

Na mesma época, um locu-tor, ao ouvir o som de Zan, ficou encantado e disse em seu pro-grama de rádio no Rio de Janei-ro: “Enquanto nós, cariocas, fi-camos babando para os gringos ouvindo música estrangeira e imitando, existe um sanfoneiro em são Paulo que faz verdadeira música brasileira”. Era o próprio compositor Ary barroso, consa-grado mundialmente, o dono da bronca e do elogio.

O veneziano tornou-se tão brasileiro que, ao ler um livro sobre a vida da marquesa de santos, resolveu visitar o tú-mulo no cemitério da Conso-lação, em são Paulo. Ele con-siderava injusto que ela fosse lembrada na história, apenas, como “amante de Dom Pedro I”. Zan se baseava no fato de que a própria, antes de morrer, doou toda a riqueza dividindo os bens entre seus escravos e a cidade de são Paulo. Ao chegar ao local do sepultamento da marquesa, o artista constatou a sujeira e o descaso. Mandou limpar tudo e, depois de mui-to procurar, conseguiu comprar um túmulo em frente ao da mar-quesa onde foi enterrado como desejava.

litana pela primeira vez a Mi-lão, em 1976. Algumas de suas canções marcaram a história da música popular como “lacrime napulitane” e “I figli so piezz è core”.

A morte do napolitano, que ocorreu depois de quatro pa-radas cardíacas, abalou toda a Itália. O presidente da região da Campania, Antonio bassolino também lembrou, com carinho, o cantor.

— Era um extraordinário in-térprete da alma popular de Ná-poles — lamenta.

Mario Merola recebeu o títu-lo de “rei da canção popular na-politana” depois de ter dado a seu trabalho um caráter de es-petáculo regional e, ao mesmo tempo, uma dimensão nacional. Resultado: provocou um sucesso nunca visto antes para a chama-da “sceneggiata” [canção popu-lar napolitana].

Zan começou sua carreira profissional aos 13 anos, gravou 200 músicas e lançou 300 dis-cos de 78 rotações, 110 lPs e

mais de 50 CDs, além ter supera-do a marca de cem canções com-postas. sua estréia foi no rádio. Numa entrevista ao jornal Folha

Merola: “o rei da canção napolitana”

Zan: o maior sanfonista do Brasil

Modelo exportação. A partir de agora, os bra-sileiros que passarem pelo Consulado de Mi-

lão terão uma grata surpresa. Atendimento eficiente, informa-ções na ponta da língua do recep-cionista, instalações modernas e confortáveis, serviços de emissão de documentos funcionando a to-da velocidade e, o principal, sen-do despachados no mesmo dia. A mudança se nota logo na entrada. literalmente, o corpo diplomáti-co se aproximou mais do brasilei-ro na cidade ao descer os serviços ao público do quinto para o pri-meiro andar. — tínhamos cons-tatado, já há 18 meses, que as instalações não eram adequadas ao atendimento ao público devi-do à precariedade da estrutura. A comunidade brasileira aumen-tou muito nos últimos anos, qua-se cem mil brasileiros — conta à ComunitàItaliana, o secretário Claudio Moscardo.

Não foi fácil iniciar a reforma, a começar pelos recursos escas-sos, pela burocracia. Mas devagar-zinho, o Ministério das Relações Exteriores, em brasília, foi se sen-sibilizando com o problema e o fi-nanciamento para a obra saiu pa-ra a alegria e felicidade geral dos brasileiros do norte da Itália.

— Foi a coroação física da melhoria dos métodos de traba-lho — define Moscardo.

Ou seja, não foi apenas uma reforma estrutural, houve tam-bém e, principalmente, uma mu-dança de comportamento dos funcionários diante dos novos desafios, a começar pelo apren-dizado das modernas técnicas de work flow, fluxo do trabalho.

— Identificamos a crise, re-alizamos um diagnóstico. Perce-bemos que era necessário moti-vá-los e dar a eles treinamento e isso foi feito. Hoje todos sabem fazer o serviço de todos e o ín-dice de produtividade aumentou bastante — diz o secretário.

Faz parte de um passado, não tão remoto assim, um setor ficar prejudicado por causa da falta de um funcionário. O nervosismo e a sobrecarga de trabalho em cima dos dependentes do Consulado fi-caram para trás. O corpo diplo-mático e de apoio parou com os deveres de casa e os prazos lon-gos para entregá-los. Como uma cadeia de montagem de uma in-dústria [com a vantagem que os

empregados se revezam nas ativi-dades diminuindo a alienação ao trabalho] os documentos, que an-tes levavam semanas e até meses para ficar prontos, são emitidos no mesmo dia.

basta a pessoa chegar ao gui-chê com todos os pré-requisitos necessários que pode ser informa-da pelo sistema telefônico ou pela internet. O Consulado presta ser-viços como os de um moderno car-tório. A personalização do atendi-mento evita erros primários.

— O brasileiro gosta do con-tato visual, se cria mais confian-ça e se transmite melhor e mais claro as regras do jogo. Um erro no preenchimento do formulário pode ser explicado e corrigido ali, na hora, na frente da pessoa — destaca Moscardo.

A inauguração acontece, ago-ra, em dezembro, antes das fé-rias. Em dias de pico, o consu-lado chegava a atender cerca de 450 pessoas. A média diária gira em torno de 200 visitantes. Mas o que se anuncia é um atendimento de primeiro mundo.

Nas novas instalações do Consulado foi prevista até mes-mo uma “salinha” para a troca de roupas de bebês e crianças pe-quenas. O serviço é rápido. Atrás

dos guichês estão os funcionários locais concursados e/ou terceiri-zados, e os vices-cônsules com poder de decisão. As carteiras de passaporte também são emitidas no mesmo local graças a um pro-grama de computador que estava em teste provisório mas acabou sendo “aprovado” por ser muito funcional.

Para dar maior continuidade e garantia de que o pedido será atendido no mesmo dia, o horário de abertura foi modificado. O Con-sulado abre das 8 às 12h30min, duas horas a menos em compa-ração ao antigo expediente. Mas quem estiver lá dentro tem a cer-

teza de sair com a papelada as-sinada e carimbada embaixo do braço. Esta foi a saída encontrada pelo corpo consular para honrar a promessa de imprimir uma gestão eficiente e profissional.

E como ali dentro ninguém é bancário, mas deve receber os pagamentos dos emolumentos, o Consulado decidiu terceirizar esta parte. Nenhum funcionário pega em dinheiro. Para isso, foi aberta, dentro do salão de aten-dimento, uma filial do banco do brasil com um caixa para receber cada euro gasto a fim de cobrir os custos dos pedidos de docu-mentos. Os guichês do Consulado funcionam para a entrada e a sa-ída de documentos. E só.

Uma outra medida adotada pelo Consulado foi a interrupção de serviços e informações passa-das por telefone através de um operador. tudo é eletrônico. Isso libera o funcionário para traba-lhar junto ao público e evita que uma mensagem seja mal compre-endida ou transmitida. Qualquer pessoa pode acessar pelo telefo-ne todas as informações necessá-rias para a utilização de um dos

31 serviços disponíveis pelo Con-sulado: da adoção de filhos ao divórcio, passando pela emissão de passaportes, de certificados de serviço militar, de procuração, dentre outras operações.

O Consulado de Milão atende aos moradores de todas as regi-ões Norte e Nordeste da Itália: Valle D’Aosta, lombardia, Vene-to, trentino Alto-Agide, Friuli, Venezia-Giulia, liguria, Emilia Romagna e parte da toscana. O endereço é Corso Europa, 12, no centro da cidade. O telefo-ne 3357278117 funciona 24 ho-ras por dia. A página na rede é http://consbramilao.it

GUilhErME aqUinoCorrespondente • milão

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“Sissi fu la prima testimonial importante di questa caratteristica della città. Da quel momento, cominciarono ad arrivare persone da tutta l’Europa per fare le cure.”irene Schullian

turismo

I Giardini di Castel trauttmans-dorff situati nella città di Me-rano, sono la meta preferita per le gite in Alto Adige. Gra-

zie alla loro unicità ed al sensibi-le spirito innovativo, nel 2005, a soli quattro anni dalla loro crea-zione, sono stati eletti “Il Parco più bello d’Italia”. Ma la notorietà di questo luogo è legata soprat-tutto ai ricordi dei soggiorni del-l’imperatrice Elisabetta d’Austria.

Il fascino della città nasce dal suo clima mite e sano, dal paradisiaco paesaggio che fonde la bellezza della natura a quella dei castelli, fortezze e sontuosi palazzi nobiliari, ma anche dal-

Sui sentieri di Sissi

In passato, luogo di soggiorno dell’imperatrice d’ Austria. Oggi, meta

preferita del turismo in Alto Adige

ana PaUla torrEsCorrispondente • roma

la sua rinomata ospitalità. Un soggiorno di cura a Merano è particolarmente consigliato in presenza di patologie delle vie respiratorie e cardiache, reumati-smi e arteriosclerosi, ma soprat-tutto durante la convalescenza di malattie gravi.

Irene schullian, pubbliche relazioni dei Giardini di Castel trauttmansdorff, racconta che la fama di Merano arriva quando l’imperatrice Elisabetta d’Austria, soprannominata sissi, trascor-re insieme alle figlie, l’inverno del 1870-1871 presso il Castel trauttmansdorff. Grazie alla gua-rigione della figlia Marie Valerie,

la città conquista notorietà come città di cura.

– “siccome Merano ha un cli-ma particolarmente mite d’inver-no e a quei tempi faceva ancora parte dell’Impero Austroungari-co, – spiega schullian – lei ve-niva qua per le cure. Questo fu il momento più importante per Me-rano, quando venne riconosciu-ta come città di cura. sissi fu la prima testimonial importante di questa caratteristica della città. Da quel momento, cominciarono ad arrivare persone da tutta l’Eu-ropa per fare le cure”.

Il castello e i suoi giardinil’area su cui si estendono oggi i Giardini di Castel trauttman-sdorff viene menzionata per la prima volta in un documento at-torno al 1300, quando aveva la caratteristica di una fortezza. Verso la metà del XVI secolo la nobile famiglia trauttmansdorff acquistò il complesso per abitar-lo. Quando la stirpe si estinse, la fortezza fu lasciata andare in rovina finché un parente, il con-te Joseph von trauttmansdorff la comprò e al suo posto fece co-struire un castello. Attorno al 1900 la proprietà passò alle mani del barone tedesco von Deuster, ma il fascismo portò successiva-mente all’esproprio del nobile, determinando così la fine repen-

tina del periodo aureo del signo-rile palazzo.

Il complesso decadde a vista d’occhio e nel 1977, grazie allo statuto di autonomia, la proprie-tà delle mura abbandonate passò alla Provincia Autonoma di bol-zano. Verso la fine degli anni ’80 fu adottata la delibera per co-struire un giardino botanico sul terreno circostante il castello. In un secondo momento, si decise di risanare il castello e di farne la sede del touriseum, un museo che racconta 200 anni di storia del turismo nel tirolo.

Nel giugno 2001, dopo sette anni di lavori, sono stati aperti i giardini, mentre il museo è stato inaugurato nel 2003. Dal punto di vista botanico, ma anche del-la composizione paesaggistica, i giardini offrono un’immagine in mutazione continua. le varie fioriture si susseguono nel corso dell’anno, regalando ai visitato-ri una varietà di colori e profumi intensi. Circa 150 mila tulipani e narcisi annunciano l’arrivo del-la primavera, seguiti da ciliegi giapponesi, rododendri, peonie, rose e dai riflessi della lavanda. In estate sbocciano le ninfee e i fiori di loto, mentre migliaia di girasoli riflettono la loro luce nel-l’Oliveto. Chiudono la ridda cro-matica del mare di fiori gli aster, le dalie e le camelie autunnali.

le condizioni climatiche fa-vorevoli di Merano consentono di presentare nei Giardini di Castel trauttmansdorff la variopinta molteplicità di più di 80 mondi paesaggistici, con 5.400 specie e varietà di piante in un totale di 500 mila piante diverse tra di lo-ro ma sistemate in modo naturale e armonico. lo spettro spazia dal tipico paesaggio altoatesino ai campi di riso giapponesi, fino ai raggruppamenti di piante del ba-cino del Mediterraneo. Compren-de inoltre, paesaggi naturali del-l’Europa, America e Asia. Quattro sono le grandi aree in cui si sud-dividono i giardini: i boschi del mondo, i giardini del sole, il pae-saggio dell’Alto Adige e i giardini acquatici e terrazzati.

Un’altra particolarità è che il visitatore ha la possibilità di ammirare non solo l’arte prodot-ta dalla natura, ma anche quel-la nata dalle mani degli uomini. lungo il percorso ci sono undi-ci padiglioni che ospitano delle opere le quali interpretano i pro-cessi della natura, illustrando nei dettagli i fenomeni del mondo vegetale, sia sul piano artistico che didattico. I padiglioni sono stati realizzati da artisti locali, nazionali ed internazionali se-condo determinati temi e sono stati concepiti come attrattiva particolare dei giardini botanici. tra le strutture più interessanti è da sottolineare l’“Organo dei pro-fumi”, un indovinello dei profu-mi che i visitatori riscoprono nei frutti e negli arbusti dei Giardi-ni di Castel trauttmansdorff. Un muro di calcestruzzo divide la piattaforma in due locali. Il cor-tile coperto funge da spazio di esposizione e sosta protetta dal maltempo. le immagini nella ve-trina sul retro del muro svelano le risposte al gioco olfattivo. An-che lo spazio dedicato alle pian-te acquatiche è da non perdere. Con l’aiuto di cuscinetti d’aria, le piante acquatiche fanno galleg-giare le loro foglie sopra l’acqua, dove respirano come le piante terrestri. Il padiglione invita ad una passeggiata sul fondo del la-ghetto. le sue colonne pendola-ri che raffigurano gambi stilizza-ti di ninfee, fanno da supporto a elementi di copertura che di-spensano ombra. Nella loro forma somigliano a foglie galleggianti e con un po’ di fantasia si posso-no vedere anche scafi di barche i

cui corpi hanno uno scheletro in compensato.

Ma non finisce qui. Oltre alle piante ed ai padiglioni, tutto il complesso di Castel trauttmans-dorff offre ancora delle attratti-ve ai suoi visitatori. Il “Mosaico geologico”, per esempio, rappre-senta graficamente i mondi delle pietre del tirolo, dell’Alto Adige e del trentino. Fungono da punti di orientamento le città più im-portanti e le cime più alte delle Alpi. Fasci di piccole tessere di mosaico blu riproducono i fiumi mentre le pietre massicce simbo-leggiano i tipi di pietre che for-mano le montagne della regione.

la “Grotta” invece, è carat-terizzata da un frastuono assor-dante che accompagna la gene-si della terra. lo presentazione multimediale nella Grotta ha la durata di dodici minuti e riporta ai primordi dell’esistenza organi-ca sulla terra.

C’è poi la “Passeggiata di sis-si”, un sentiero attraverso il bo-sco di roverella che l’imperatri-ce fece realizzare durante i suoi soggiorni in quelle terre. Niente però è più originale del “binoco-lo di Matteo thun”. Attraversan-do il bosco di roverella, lungo la passeggiata di sissi, vi si arriva ad una nuova piattaforma pano-ramica spettacolare. In questo punto del parco, ad altezze verti-ginose, si aprono delle prospetti-ve suggestive sulla Valle dell’Adi-ge e sulla corona di montagne che racchiude la città di Mera-no. Nel 2005, l’architetto Matteo thun ha realizzato la struttura a forma di binocolo che accentua la veduta sulla bellezza dei giar-dini e dei paesaggi circostanti. la piattaforma trasmette la sen-sazione di essere sospesi libera-mente nell’aria.

I giardini ed il castello pos-sono essere visitati da marzo a novembre durante tutta la set-timana. Per i visitatori diversa-mente abili la struttura mette a disposizione gratuitamente delle sedie a rotelle con motore elet-trico. tutte le mattine sono in corso delle visite guidate sia in lingua italiana che tedesca, op-pure il visitatore può scegliere di utilizzare una delle audiogui-de, disponibili in italiano, tede-sco, inglese e francese. la dura-ta consigliabile della visita va da almeno tre ore a mezza giornata. All’interno della struttura i turi-sti possono usufruire dei servizi di un ristorante con capacità per 300 persone e di un piccolo ma accogliente caffè presso il la-ghetto delle ninfee.

Nelle tiepide serate estive i Giardini di Castel trauttmansdorff offrono ai loro visitatori un ul-teriore intrattenimento. si tratta delle “Notti d’incanto”, esibizioni di gruppi musicali da tutto il mon-do che, grazie alla disposizione ad anfiteatro dei giardini, posso-no contare su una qualità acusti-ca invidiabile, oltre all’atmosfera estremamente suggestiva.

Il TouriseumAll’interno del castello si trova il touriseum, il primo museo dell’ar-co alpino dedicato esclusivamen-te al turismo nei suoi vari aspetti, illustrando tanto il punto di vista della popolazione locale quanto quello dei vacanzieri. Fa vedere come il turismo è nato nel tirolo e come ha trasformato il territorio e i suoi abitanti. Il linguaggio dei testi esplicativi è piacevole, diver-tente e spiritoso con l’obiettivo di incuriosire e stupire il visitatore.

Nell’esposizione permanente è illustrata, in ordine cronologi-

co e in tre lingue (tedesco, ita-liano e inglese), la storia del tu-rismo nel tirolo (prima del 1919) e in Alto Adige (dopo il 1919). la visita è animata da una sce-nografia fatta di pareti rocciose, modellini, teatri meccanici, figu-re intagliate nel legno (di cui 15 in grandezza naturale), suoni e filmati. le postazioni multime-diali forniscono informazioni ag-giuntive, mentre il gioco dell’Adi-ge offre momenti di evasione. lo spazio riservato ai bambini ag-giunge un elemento ludico e la torretta delle vignette turistiche guarnisce il tutto con un tocco di umorismo. le stanze storiche del castello custodiscono la raccolta di studio sul turismo, attualmen-te composta da 7 mila oggetti.

Visitatori soddisfatti Dal 15 marzo al 15 novembre 2005 hanno visitato i Giardini e il touriseum circa 300 mila persone, con una media di 1.300 ingressi al giorno. trauttmansdorff si con-ferma così l’attrazione turistica più visitata di tutto l’Alto Adige.

Dall’inaugurazione dei Giar-dini di Castel trauttmansdorff, avvenuta nel 2001, sono stati intervistati circa 22 mila visita-tori. Oltre il 90% giudica otti-ma la struttura e i servizi offer-ti, mentre il 53% dichiara di aver trascorso tra le 4 e 6 ore in vi-sita all’intero parco. Dall’indagi-ne risulta anche che i turisti più assidui sono i tedeschi, 68,2%, seguiti dagli italiani, 14,9%, svizzeri, 7%, austriaci, 6,4% e da altri paesi, 3,5%.

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cinema

Mario Monicelli torna sul set a 91 anni d’età per girare Le Rose del De-serto, film ambienta-

to in libia, durante il secondo conflitto mondiale. Di guerra, il grande regista se n’era già occu-pato quasi cinquant’anno fa in La grande guerra, premiato con il leone d’oro alla Mostra di Cine-ma di Venezia.

le Rose del Deserto è stato presentato ai giornalisti lo scor-so 22 novembre a Roma e dal 1° dicembre è in esibizione in ol-tre duecento sale cinematografi-che italiane. Il sessantacinque-simo film del maestro Monicelli, liberamente tratto dal romanzo Il deserto della libia di Mario tobino, e dalla Guerra di Alba-

nia di Giancarlo Fusco, racconta la storia di una sezione sanita-ria dell’esercito italiano che si accampa nell’estate del 1940 a sorman, una sperduta oasi nel deserto della libia. In quel luo-go, la guerra appare molto lon-tana e il maggiore comandante passa il tempo a scrivere appas-sionate lettere d’amore alla sua giovane moglie. Nel campo c’è un’aria rilassata finché un frate italiano che vive sul posto non coinvolge i militari nel soccor-so della popolazione locale che ha molto bisogno di cure medi-che. si sparge ben presto la voce della loro capacità e disponibili-tà per cui la spedizione militare sembra trasformarsi in una mis-sione umanitaria. la situazione della guerra nell’Africa setten-trionale però a un certo pun-to cambia bruscamente. la cor-sa vittoriosa verso l’Egitto delle truppe comandate dal generale Graziani viene arrestata dagli in-glesi e si trasforma in una fuga precipitosa. Il campo di sorman

A 91 anni, il grande regista presenta Le Rose del Deserto

Il ritorno di Monicelliviene invaso prima dai soldati in fuga, poi dai feriti. Quando le sorti degli italiani stanno per precipitare arrivano in soccorso i tedeschi, ma poi tutto precipita di nuovo.

Da subito si capisce chi è che firma la regia de le Rose del De-serto. Ironia, cinismo, leggerez-za e rimandi neanche troppo ve-lati all’attualità appaiono come un marchio dello stile del mae-stro. Il Monicelli vero, palpitan-te, la nervatura gagliarda della sua arte sta tutta nei personag-gi, nell’interpretazione di Miche-le Placido, un frate simeone poco attento alla dottrina ma concre-to nel suo aiuto umanitario; in quella garbata e intensa del Mag-giore Alessandro Haber, poeta ir-reale in mezzo alla barbarie della guerra; nella levità del tenentino Giorgio Pasotti con le sue pul-sioni carnali sempre mitigate dal zelante lavoro sul fronte. È così che quel punto infinitesimale nel deserto libico durante la seconda guerra mondiale, quell’oasi ari-da di palme rinsecchite dove la trentunesima sezione sanità ha

dislocato il suo campo, diventa territorio fertile, vivo per la com-media umana di Monicelli che raggiunge picchi di intensa poe-sia in alcune sequenze. su tutte quella del matrimonio per procu-ra officiato in mezzo al deserto davanti alla sepoltura in pietra del neosposo che è già diventato un caduto per la patria.

Il più recente dei film di Mo-nicelli si inserisce perfettamen-te nella filmografia del regista, come lui stesso ha conferma-to durante la conferenza stam-pa: – “lo stile di questo film è il mio, – afferma Monicelli – lo stesso della Grande guerra, dei soliti ignoti, di Amici miei, di speriamo che sia femmina. Una commedia ironica, a tratti amara, e in certi casi perfino drammati-ca, tragica. Del resto, – aggiunge – la commedia all’italiana è pro-prio questa”.

Però, questa volta il regi-sta ha girato delle scene che in passato visse in prima persona, perché anche lui fece la guerra in libia. – “se faccio film sul-la guerra è perché penso sia da

rifiutare – spiega – ma io non sono un pacifista. Nel 1939, ad esempio, non vedevo l’ora che la guerra iniziasse, perché avevo capito che era l’unico modo per liberarci del fascismo e nazismo. E così è stato. E dunque – con-tinua – non sono per la pace a qualsiasi costo”.

Ma Monicelli affronta an-che altri temi. Rivendicando, ad esempio, la bontà del modo di essere all’italiana: – “Negli an-ni quaranta come adesso, in fon-do siamo rimasti gli stessi. sia-mo generosi, – prosegue – non ci perdiamo mai d’animo. Non vogliamo essere eroi, ma poi, se dobbiamo morire, non la faccia-mo tanto lunga”.

Però, il regista coglie l’occa-sione per esprimere la sua opi-nione e dire che adesso queste virtù stanno per scomparire: – “se stiamo cambiando, è in peg-gio. – osserva – chi ci governa vuole che siamo non più uomi-ni, ma uomini economici. Voglio-no dirci come comportarci, cosa comprare. Ormai la nostra vita è regolata dall’economia. la co-sa più orrenda che ci possa es-sere, si valutano le persone solo in base al rendimento, altrimen-ti si viene eliminati. l’Apocalis-se, per me, è regolarci secondo criteri solo economici” – conclu-de. Parole forti, le sue. Che fanno il paio con quelle pronunciate a proposito dell’atteggiamento dei soldati del film verso le donne, col loro modo di parlarne come degli oggetti: – “È così anche adesso – attacca – quel maschili-smo fascista si è mantenuto fino ad oggi”.

ana PaUla torrEsCorrispondente • roma

La storia di Emanuele Spera, da cuoco a co-protagonista nel film di Monicelli

Favola contemporanea

ana PaUla torrEsCorrispondente • roma

Emanuele spera, uno dei co-protagonisti del film di Mario Monicelli – nel qua-le interpreta un ragazzo di

origine sarda a cui non interessa assolutamente niente della guer-ra, ma soltanto tornare in sar-degna e riabbracciare la moglie rimasta incinta – racconta a Co-munità la magia del primo incon-tro con il grande regista.

– “Monicelli mi ha visto la prima volta mentre lavoravo a Roma. In quel periodo, – spie-ga l’attore – consegnavo il pa-ne, e mentre lui camminava in zona via dei serpenti gli ho ta-gliato la strada, passando di cor-sa. Ho visto che questo signore pensieroso mi guardava ma non diceva una sola parola. Ho pro-vato a chiedergli se c’era qual-cosa che non andava, ma non mi ha risposto. Per lui intorno non c’era nulla oltre a me. Pra-ticamente mi ha fatto una lastra con gli occhi. A questo punto, – ricorda – ho chiamato il mio capo e gli ho spiegato la situa-zione. lui mi ha detto che quel signore era Mario Monicelli, il più grande regista italiano anco-

ra vivente. Questa informazione mi ha stupito e mi sono subito domandato cosa voleva da me un regista. Il mio datore di lavoro si è fatto avanti e Monicelli gli ha chiesto chi ero io. Gli ha rispo-sto che ero un suo dipendente e Monicelli se n’è andato. Il giorno dopo – racconta Emanuele spe-ra – Monicelli è tornato a cer-carmi e abbiamo fissato un ap-puntamento. Ci siamo visti in un locale e in questa occasione lui mi ha parlato di questo film. Era verso aprile 2004, mi ha spiega-to che doveva fare questo film sulla guerra e che era alla ricer-ca dei personaggi. Mi ha chie-sto di andare a fare dei provi-ni e gli ho risposto subito che non ero un attore, ma che face-vo il cuoco di professione. Non ha cambiato idea e ha insistito nel convincermi ad andare a fa-re i provini. sono andato diverse volte a fare dei provini finché il 23 marzo di quest’anno, esatta-mente due giorni prima del mio compleanno, ricevo la notizia di essere stato scelto da Mario. Mi hanno portato la sceneggiatura e un mese dopo, il 22 aprile, sia-

mo partiti per iniziare le riprese in tunisia”.

Emanuele spiega che Mario Monicelli era alla ricerca di ra-gazzi che raffigurassero l’Italia durante la seconda guerra mon-diale. Contrariamente ai fisici snelli, palestrati e alle facce ben curate dei ragazzi di oggi. – “Gli servivano brutti come me, bassi e tarchiati. Anzi, – aggiunge – anche con il culo basso, come ha proprio detto Mario.”

l’attore ricorda con affetto i momenti trascorsi insieme a Monicelli: – “Come persona è un signore adorabile, un vecchietto schietto, diretto, sincero. Con lui – afferma – è piacevole par-lare di qualsiasi cosa. sul set, invece, si trasforma e diventa una bestia. Dai suoi 90 anni si trasforma in un arrabbiatissimo ragazzo di 30. lui mette a silen-zio una troupe di 250 persone. In tunisia, – ricorda – a 50°C all’ombra, in cui noi giova-ni eravamo stremati dal caldo, distrutti dal camminare con la sabbia, dalle riprese fatte sia di giorno che di notte, lui invece, era fermo, impassibile accanto alla macchina da presa con il suo cappelletto, con la sua seg-giola che si portava sempre die-tro, impassibile a strillare e a prendersela con tutti, nessuno escluso E sottolinea – Era il pri-mo ad entrare sul set e l’ultimo

cinema

ad uscire. le riprese sono dura-te da metà aprile a metà giu-gno”.

Come succede spesso in Ita-lia, il film è stato doppiato ed Emanuele spiega il motivo: – “In questo caso era un film di guer-ra e venivano rispecchiate tan-te zone d’Italia. Di conseguenza – dichiara – la mia faccia, il mio fisico, non sembravano di un ra-gazzo romano, ma assomigliava-no molto ad un ragazzo sardo di 20 anni. Quindi, l’unico proble-ma era la mia parlata, che Moni-celli ha dovuto per forza modi-ficare con il doppiaggio. A tutti gli altri, invece, provenienti da tutte le zone d’Italia, ha chiesto di recitare nel proprio dialetto di origine”.

Emanuele spera dice di non aver mai pensato di diventare attore e non si illude riguardo il futuro. “Mi sto preparando, stu-dio dizione e recitazione. Piano piano sto entrando in questo mondo che è bellissimo ma allo stesso tempo difficilissimo. Co-munque sia, – aggiunge – que-sta sarà sempre un’esperienza indimenticabile.”

la sua vera passione, inve-ce, sono gli alcolici, motivo per il quale ha studiato per diventare barman. – “Questa mia grande passione mi ha portato a girare il mondo. sono stato due anni in Australia e, sempre per lavoro, sono andato anche in Indonesia e Polinesia. In Australia ero an-dato per fare dei cocktail, per la-vorare come barman, ma in quel luogo e con quella cultura, ero un disoccupato. Allora – confes-sa – ho avuto la necessità, per non tornare a casa, di inventare un lavoro, e la strada più sempli-ce è stata quella di andare a la-vorare in un ristorante italiano.

la passione per il mare e per la scoperta di nuove culture un giorno sicuramente porterà Ema-nuele in brasile, come si capisce anche dalle parole che dedica al popolo brasiliano. – “Nonostante la grande diversità tra classi so-ciali, alla fine i brasiliani riesco-no ad avere sempre il sorriso in faccia. Questa per me è una cosa fantastica, che apprezzo molto in questa gente.”

Il film è il sessantacinquesimo del direttore

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Quanto mais perto, melhor

O italiano Eugenio Barba visita o Rio de Janeiro e expande a filosofia de seu grupo teatral que tem como um dos

fundamentos a aproximação com o público

rosanGEla coMUnalE

Ele gosta do clima mais in-timista, de platéias peque-nas e estimula a proximida-de entre ator e espectador.

Não é preciso dizer que este ci-dadão vem da Itália, mais preci-samente do sul, conhecido pela hospitalidade e simplicidade de sua gente. Pois é assim que Eu-genio barba, aos 70 anos, ainda mantém a proposta com a qual criou a antropologia teatral e, assim, fundou o grupo europeu Odin teatret, na Dinamarca.

Em recente passagem pelo brasil, ele se instalou no Rio de Janeiro com o objetivo de pro-mover uma série de eventos no Centro Cultural banco do brasil (CCbb). A programação contou com cinco espetáculos de teatro, seis demonstrações de trabalho, dois workshops e onze mostras de vídeo, além de uma conferência.

O Odin teatret existe há 42 anos e, segundo seu fundador, a idéia é não restringir as apresen-tações às salas de espetáculos. Além disso, há a necessidade de que o pensamento seja estimula-

do política e socialmente através das peças, ou seja, não pode se optar apenas pelo puro entrete-nimento.

— A antropologia teatral não busca princípios universais, mas indicações úteis. Ela não tem a humildade de uma ciência, mas uma ambição em relevar conhe-cimento que possa ser útil para o trabalho do ator bailarino. Ela não se preocupa em descobrir leis, mas em estudar regras de comportamento — explica.

Em sua conferência no Rio, barba falou sobre a origem da companhia e expandiu-se para temas cruciais do teatro contem-porâneo como a importância do texto, a relação binomial “verda-de cênica” versus “organicidade” e a participação do corpo como elemento primordial na constru-ção da expressividade da cena [princípio da ação orgânica].

sobre os primórdios da companhia, fundada em 1964, apenas com atores amadores, que tiravam dinheiro do pró-prio bolso para montar seus es-petáculos, barba tenta escla-recer o que o moveu a criar o Odin teatret.

— O teatro era uma neces-sidade nossa. Uma maneira de encontrar um sentido na vida. O mais importante era não desis-tir. Um típico reflexo infantil. A origem foi isso. Uma energia pre-ta. O desejo de não querer ab-sorver o que os outros pensavam

de nós. De querer ter orgulho de ser diferente, de ser estrangeiro — afirma.

Uma de suas atrizes, Rober-ta Carrieri, é italiana e participa do grupo há 32 anos. Ela ain-da guarda lembranças de quando seu trabalho começou no Odin teatret.

— Dez anos depois de seu surgimento, a companhia co-meçou a trabalhar em ruas, pra-ças. Não era mais o espectador que buscava o ator, mas o ator que buscava o espectador em seu bairro — fala a atriz.

Superação de obstáculosComo diz o ditado, nem tudo é um mar de rosas em início de carreira. E com barba não foi di-ferente. Nascido em Galípoli, um povoado no sul da Itália, aos 17 anos, ele foi para a Noruega e trabalhou como soldador e ma-rinheiro. Graduou-se, em segui-da, em literatura Francesa e No-rueguesa e História da Religião na Universidade de Oslo. Depois de passar pela Polônia e pela ín-dia, barba voltou à capital no-rueguesa em 1964 mas, por ser estrangeiro, não conseguiu en-contrar trabalho no teatro pro-fissional. Obteve, portanto, a lis-ta de candidatos reprovados na Escola Estadual de teatro de Os-

lo e, com alguns dos aspirantes a atores, fundou o Odin teatret. Em 1966, o grupo se estabeleceu na pequena cidade de Holstebro, no noroeste da Dinamarca, onde permanece até hoje.

Atualmente, o grupo ocupa um lugar de relevância não só pe-la sua produção teatral, mas tam-bém pelos métodos de trabalho, fundamentos da International School of Theatre Anthropology (ISTA), também criado por ele e que estrutura seu método teatral e difunde a cultura do grupo em vários lugares do mundo.

“O mais importante era não desistir. Um típico reflexo infantil. A origem foi isso. Uma energia preta. O desejo de não querer absorver o que os outros pensavam de nós. De querer ter orgulho de ser diferente, de ser estrangeiro”

Um pouco do talento do cinema italia-no exibido na 63ª Mostra Internacio-nal de Arte Cinematográfica de Vene-za, que aconteceu em setembro, foi

também conferido em terras brasileiras. Com-posto por sete filmes, seis deles inéditos, o festival Venezia Cinema Italiano II, passou por são Paulo e brasília e também pelo Cine-ma Odeon, na Cinelândia, no Rio de Janeiro.

As expectativas do festival ficaram por conta de “la stella che non c´è” [2006], de

Gianni Amelio, vencedor do leão de Prata co-mo filme revelação, e Nuovomondo [2006], de Emanuele Crialese, candidato ao Oscar 2007. Além deles, foram exibidos lettere dal sahara [2004], Quijote [2006], Non prendere impeg-ni questa sera [2006], Come l´ombra [2006] e Il feroce saladino [1937].

De acordo com a Embaixada da Itália no brasil, idealizadora do evento, mais de oito mil pessoas prestigiaram a mostra dos filmes nas três cidades. Para o embaixador Michele

Valensise, o tema comum entre as obras exi-bidas pode explicar o porquê de ter desperta-do o interesse do grande público.

— todos os filmes têm o mesmo fio con-dutor e falam sobre o intercâmbio de culturas. Muitos se identificam com os temas porque narram histórias de muitas famílias italianas daqui ou de seus ancestrais. A iniciativa do evento é de caráter cultural e se encaixa bem nos relacionamentos entre a Itália e o brasil. Este ano, trouxemos a mostra ao Rio pela pri-meira vez — destaca Valensise.

Em visita à capital fluminense, durante o festival, o ator protagonista de “Nuovomondo”, o siciliano Vincenzo Amato, falou um pouco so-bre a “nova safra” do cinema italiano e também a respeito da indicação ao Oscar de 2007.

—Não podemos viver ainda da época doura-da. Não temos mais Fellini, De sica ou Rosselli-ni. O que aconteceu foi a acomodação do cinema italiano, com um sistema rígido, meio “soviéti-co”, digamos assim. Antes havia uma estrutura já pronta com os grandes diretores. Agora acho que isso está acabando. sabemos que fazer cine-ma é caro. Mas com a revolução digital, é possí-vel fazer um bom filme com um custo bem me-nor. Adorei o projeto deste filme. Finalmente a o cinema italiano está despontando para o públi-co e para a imprensa — analisa Amato.

Ainda no Rio de Janeiro, o embaixador Valensise ressaltou a importância da reali-zação do festival que não custou nada aos cofres públicos. O segredo, segundo ele, foi contar com parcerias com empresas como a tIM, as prefeituras das cidades de são Pau-lo e do Rio de Janeiro, o governo do Distrito Federal, a bolsa de Marcadorias e Futuros, o Grupo Estação, o Cinema Odeon e os Institu-tos Italianos de Cultura.

— Recolhemos recursos sem tocar nos cofres públicos. Fizemos tudo apenas com as parcerias e o evento foi gratuito — reforça o embaixador.

Para o prefeito do Rio, Cesar Maia, a idéia de divulgar o cinema italiano vai de encontro à iniciativa de trabalho nos planos de inter-venção da cidade.

— Estamos com um grupo de arquitetos e historiadores trabalhando em alguns projetos. O Rio de Janeiro, no século 19, era basicamen-te uma cidade européia com influências arqui-tetônicas, nas artes, dentre outras áreas. Pedi a eles que tentem identificar de que forma es-sa influência foi sendo modificada pela norte-americana. temos que resgatar essas questões. O cinema italiano torna a população de peri-feria personagem principal. O humor é de for-ma direta e isso traz popularidade. Precisamos dessa sinergia dos europeus e não da cultura enlatada dos americanos — reflete.

Além do prefeito, o diretor do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro, Rubens Piovano, também aprovou a iniciativa.

— Estamos satisfeitos em poder ter essa grande ocasião de aproveitar o que a Embai-xada organizou junto com a bienal de Veneza — diz.

Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro sediam mostra de filmes italianos recentemente exibidos na terra de Marco Polo

Como se fosse em Veneza

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Roberta Carrieri: 32 anos de dedicação ao Odin

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música

“Io canto” è il titolo del nuovo album di lau-ra Pausini, presentato lo scorso 10 novembre

contemporaneamente in ben 47 paesi. Pubblicato dall’Atlantic–Warner Music, questo disco è un omaggio della cantante alla can-zone italiana, nel quale laura in-terpreta “Io canto”, di Riccardo Cocciante, “Due”, di Raf, “scrivi-mi”, di Nino buonocore, “Il mio canto libero”, di lucio battisti, “Destinazione paradiso”, di Gian-luca Grignani, “stella gemella”, di Eros Ramazzotti, “Come il sole all’improvviso”, di Zucchero, “Cin-que giorni”, di Michele Zarrillo, “la mia banda suona il rock”, di Ivano Fossati, “spaccacuore”, di samuele bersani, “Anima fragile”, di Vasco Rossi, “Non me lo so spie-gare”, di tiziano Ferro, “Nei giar-dini che nessuno sa”, di Renato Zero, “In una stanza quasi rosa”, di biagio Antonacci, “Quando”, di

Pino Daniele, e “strada facendo”, di Claudio baglioni.

– Fare un disco di cover, e quindi – spiega laura Pausini – trovarsi a dover scegliere quelle canzoni che hanno accompagna-to, accompagnano e accompa-gneranno ogni giorno della mia vita, non è stata cosa semplice. Avrei dovuto pubblicarne dieci di questi album, – afferma – per pensare di poter raccogliere l’es-senza di tutto ciò che amo. C’è la musica che ascolto nei momenti più tristi come in quelli specia-li, le canzoni che da ragazzina cantavo nei piano bar, quelle che mi hanno insegnato, su tutto, ad emozionarmi e ad amare la mu-sica. A prescindere dai generi e dagli stili. E poi – aggiunge – c’è una piccola parte di tutte quelle canzoni che avrei voluto scrivere, che sono parte del meraviglioso talento e dell’arte che questi can-tautori ci hanno regalato.

E dalla parte dei cantauto-ri coinvolti in questo progetto, arrivano parole di apprezzamen-to per il lavoro della Pausi-ni. Riccardo Cocciante, autore del brano che dà il nome al cd, ha così parlato di laura Pausi-ni: – Io canto, tu canti, e tutti canteranno, spero con la stes-sa energia che si sente nella tua interpretazione.

– talvolta le belle canzoni e i grandi interpreti si cercano re-ciprocamente, si fanno la corte, ammiccano, si accarezzano e in-fine si amano – ha invece dichia-rato Nino buonocore – Ed ecco che le parole e le note di “scrivi-mi”, grazie alla limpida voce e al-l’inimitabile personalità di laura, brillano di un rinnovato splendo-re che a molti risulterà assoluta-mente inedito e speciale.

Michele Zarrillo, a sua volta, afferma di aver sempre pensato che il canto sia l’espressione del-

l’anima, uno dei modi più istinti-vi per farsi riconoscere.

– Ascoltando “Cinque giorni” cantata da laura Pausini – ricor-da – ho provato una fortissima emozione ed ho avuto la confer-ma che una canzone, come altre forme d’arte, anche attraverso il tempo non subisce mutamenti, ma acquisisce naturalmente più forza, specialmente se ad inter-pretarla è un’artista del talento e della passione di laura. le sa-rò infinitamente grato per avermi reso parte delle sue emozioni.

Ivano Fossati, invece, dice di aspettarsi dalla Pausini una versio-ne travolgente della sua canzone. Per samuele bersani, è scontato dire che sia contento di far parte di questo nuovo progetto di lau-ra, quanto è scontato parlare del-la grande stima che nutre nei suoi confronti. la canzone “spaccacuo-re” ha più di dieci anni e, secondo bersani, con la versione di laura è come se il brano riprendesse vita.

tiziano Ferro, il giovane e bravo cantautore di latina, nel lazio, si lascia andare ed esprime in modo chiaro cosa ne pensa.

– Conosco laura da cinque anni e mi è sempre piaciuta per-ché è una donna capace di as-sumersi le proprie responsabilità. Questo disco ne è la dimostrazio-ne. Con il curriculum ed il talen-

to del quale è dotata – continua –, laura avrebbe facilmente po-tuto selezionare e confrontar-si con brani storici della cultura classica e sempreverde, con stan-dard o pietre miliari della musica di ogni tempo e paese. laura ha scelto col cuore – spiega –. lau-ra ha scelto le canzoni alle quali vuole bene, ha deciso di essere circondata da amici e soprattutto ha capito e dimostrato che è solo con la vera passione che si muo-vono passi nuovi e si effettuano scelte importanti come quella della produzione di un “tribu-te album”. la ammiro – dichiara – perché ha dato prova del fatto che l’istinto è il padre di ogni ve-ra convinzione, che è a sua volta vero sintomo di talento indiscus-so. solo con la stessa spontanei-tà che contraddistingue laura si può risultare sempre credibili, onesti ed in grado di sostenere ogni nuovo progetto.

Anche Renato Zero, un altro importante rappresentante della musica italiana, esprime la sua opinione:

– le mie composizioni mi so-no sempre rimaste incollate ad-dosso – sottolinea – E non che io non le abbia spronate a far visita a qualche altro illustre interprete. Macché! Da qui, le bambine non si sono mai mosse. È colpa mia. Forse me le sono coccolate troppo! Ma a noi cantautori, si sa, piace il ta-glio sartoriale. E mentre sembrava ormai tutto scontato, – continua – ecco che arriva la Pausini! si prende per mano una mia canzo-ne per farle girare un po’ il mondo. Che dire? sono davvero orgoglioso. tanto più che laura ed io abbiamo molti brividi in comune… e questo sarà uno di quelli che restano!

– Una canzone che sento più che mia, se non fosse lei a can-tarla la gelosia mi devasterebbe. – ha invece dichiarato biagio An-tonacci.

Dalle parole di Claudio ba-glioni, è invece possibile consta-tare l’umiltà di laura:

– Qualche anno fa, – ricorda il cantautore romano – durante una manifestazione musicale con artisti internazionali, stavo fir-mando autografi quando compar-ve alla fine della fila laura, già famosa in mezzo mondo a chie-dermene uno per lei. Era seria e non mi prendeva in giro. Così – aggiunge – scrissi il mio no-me, ringraziandola in cuor mio di

quel gran regalo che mi faceva. Oggi me ne fa un altro, ancora più grande, prendendo una mia canzone e benedicendola con quell’incredibile prodigio del suo canto. E questa volta voglio rin-graziarla a voce. Ciao laura. la tua generosità è commovente e sincera. E piena di vita e di arte.

“Io canto” si preannuncia co-me un altro grande successo per la Pausini, dato il grande numero di prenotazioni effettuate pres-so i siti internet di vendita onli-ne ancora prima di essere messo sul mercato. Ottime notizie per la cantante italiana attualmen-te più famosa al mondo, che co-sì chiude alla grande forse l’anno più speciale della sua vita. Per laura, il 2006 si è aperto con il trionfo al Grammy di los Ange-les, diventando la prima artista italiana a vincere questo impor-tante premio dopo Domenico Mo-dugno nel 1958. Mesi dopo, l’al-lora Presidente della Repubblica Carlo Azeglio Ciampi, le ha con-ferito il titolo di Commendatore.

In realtà, il successo di lau-ra Pausini dura ininterrottamen-

te dalla fine del 2004, occasione in cui è uscito in tutto il mondo l’album “Resta in ascolto”, anco-ra oggi tra i primi in classifica in molti paesi. Dopo è avvenu-to il tour mondiale con 60 date tra Europa, stati Uniti e America latina, toccando città come Ro-ma, Parigi, londra, los Angeles, Mexico City e san Paolo, ed arri-vando ad un totale di oltre mez-zo milione di spettatori.

Nel luglio 2005, invece, laura ha partecipato al live 8 al Circo Massimo di Roma. Durante l’au-tunno dello stesso anno, ha in-terpretato il singolo dell’album postumo di Ray Charles insie-

me ad artisti come Diana Ross, George Michael e Mary J blige. In quello stesso periodo, è sta-to pubblicato il cd e dvd “live in Paris ‘05” con il concerto a le Ze-nith, Parigi. In seguito, ha detta-to con Michael bublé nell’inter-pretazione di “You’ll never find another love like mine”. Alla fine del 2005, laura è stata premiata con il Grammy latino nella cate-goria “Migliore album pop femmi-nile” per “Escucha”, la versione in spagnolo di “Resta in ascolto”.

I primi passilaura Pausini nasce a solarolo, provincia di Ravenna, nella re-gione dell’Emilia Romagna il 16 maggio 1974. Nel 1993 parteci-pa al Festival di sanremo, nella sezione “Nuove proposte” con il brano “la solitudine” e vince. Nello stesso anno, pubblica l’al-bum “laura Pausini” (Warner Mu-sic), che rimane in classifica nel-le prime dieci posizioni lungo un intero anno in Italia.

l’anno successivo, partecipa nuovamente al Festival di sanre-mo e arriva terza in classifica con

il brano “strani amori”. Pubblica due dischi: “laura” e “laura Pau-sini” (versione in spagnolo), en-trambi con la Warner Music. Gran-di soddisfazioni ha invece nel 1995, quando riceve ben tre pre-mi internazionali: Migliore arti-sta internazionale al Festivalbar, “World music award” a Monte-carlo, come “best selling italian artist”, e “lo Nuestro” a Miami, come “Cantante rivelazione di lingua latina sul mercato ameri-cano”. laura è ormai un’artista di fama internazionale ed altri pre-mi continuano ad arrivare.

Nel 1997 parte il suo primo tour mondiale intitolato “laura

Pausini – World Wide tour ‘97”. Nello stesso anno, si esibisce al Concerto di Natale alla presenza di Papa Giovanni Paolo II. Negli anni successivi vengono pubbli-cati altri suoi album e partono altri tour, mentre nel 2000 laura presenta il disco “tra te e il ma-re”, che contiene il brano “Per vi-vere”, canzone dedicata ai bam-bini abbandonati in strada che la Pausini ha adottato in brasile, e che ora vivono nell’educandario Romão de Mattos Duarte, a Rio de Janeiro.

Nel 2003 duetta con Céline Dion, Mariah Carey, Gloria Este-fan, Ricky Martin, Alejandro sanz e shakera in “todo para ti”, can-zone scritta e interpretata da Mi-chael Jackson per le famiglie del-le vittime dell’attentato dell’11 settembre a New York. Aderisce ad altre iniziative e riceve una lettera di ringraziamento da Kofi Annan per aver contribuito alle cause benefiche riconosciute dal-le Nazioni Unite. Infatti, l’amore per il canto e per la solidarietà sembrano avere lo stesso livello di importanza nella vita di laura

Pausini. tra le tante iniziative a cui prende parte, sono da sotto-lineare quelle del 2004, quando è stata testimonial della campa-gna televisiva di beneficenza per l’adozione a distanza a favore di NPH Italia “Nuestros peque-nos hermanos”, con la canzone “Il mondo che vorrei”. sostiene, come testimone, la raccolta fon-di per la lotta contro l’Aids pro-mossa dalla legga italiana per la lotta contro l’Aids, aderisce alla campagna di Amnesty Interna-tional contro la violenza sulle donne e si impegna a favore del-la campagna sociale per il test Hpv delle donne europee.

Esce “lo canto”Nuovo album di Laura Pausini rende omaggio alla musica italiana

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“Avrei dovuto pubblicarne

dieci di questi album, per

pensare di poter raccogliere

l’essenza di tutto ciò che amo.”

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dança

La consacrazione del balletto italiano

Marcos PEtti

música

Elisa silvaespeCial para Comunità

O italiano Maurizio Belli mostra virtuosidade em instrumento de repique, consagrado no Brasil

Apaixonado por música, entrevistar Maurizio belli é um perigo. Numa livra-ria, no coração do bairro

carioca, de Ipanema, surge uma conversa despretensiosa. Desne-cessário falar que o objetivo não era a elaboração da entrevista que segue. Mas belli surpreende com projetos como o anúncio do fes-tival internacional de pandeiro que será realizado ano que vem, em Angra dos Reis, e outras me-tas, por que não dizer, um tanto quanto inusitadas para um italia-no. Prova disso é o que ele revela mais adiante. “Gostaria de mon-tar no Rio de Janeiro, juntamente com meus amigos pandeiristas um trio ou um quarteto”, diz ele.

ComunitàItaliana – Como surgiu o fascínio p ela percussão? Maurizio Belli – Eu comecei estu-dando flauta transversa no con-servatório Civica scuola di Musi-ca de Milão. Depois me apaixonei pelos instrumentos de percussão. Desde o início, o instrumento que mais me fascinou foi o pandeiro (ou tamburello em italiano). CI – Dentre os instrumentos de per-cussão, o pandeiro é o mais fácil? Belli – Pelo contrário, o pandei-ro é um dos instrumentos de per-cussão mais difíceis.

A percussão é a forma mais criativa de se fazer música que é uma expressão vital. Ela sempre esteve ligada à vida do ser huma-no. Qualquer coisa que encontra-mos na rua pode ser transformada em um instrumento de percus-são: um simples buraco cavado no chão do tamanho da palma da sua mão, por exemplo. se bater-mos a mão em cima deste bura-co, será emitido um som. Qual-quer coisa que provocar um som pode ser um instrumento de per-cussão. O pandeiro, por exemplo, é um instrumento que nasceu da peneira, instrumento de trabalho transformado em ferramenta mu-sical. Ele sempre foi considerado um instrumento pobre mas, aqui no brasil, no chorinho e no sam-ba de roda, ele é líder. CI – Este fascínio já dura quanto tempo?Belli – A minha pesquisa começou há vinte anos. Em Milão, conheci um músico brasileiro: Gilson sil-veira, excelente percussionista e pandeirista da melhor qualidade que teve a idéia de criar uma es-cola para ensinar samba aos ita-

lianos. Daí, eu comecei a tocar pandeiro no estilo brasileiro. De-pois, comecei a estudar a tradi-ção do tamburello em meu país e segui para Nápoles onde esta tradição é mais forte. CI – Tenho certeza de que a maio-ria das pessoas acredita que o pandeiro surgiu na África.Belli – Não, existem, sim, pan-deiros na áfrica, bem como no mundo inteiro. O pandeiro é um instrumento muito antigo. surgiu com as civilizações sumerianas onde, hoje, é o atual Iraque. Na Itália, a tradição do pandeiro se deu por influências árabes, do im-pério otomano e dos mouros. Em um período mais remoto, a Itália recebeu dos gregos esta influên-

cia. O pandeiro historicamente sempre foi um instrumento tipica-mente feminino. O nome dele era Tympanon, um instrumento mui-to importante para o coro da tra-gédia grega, tocado por mulheres juntos com outros instrumentos de percussão e de sopro. No sul da Itália, mais especificamente na Puglia, temos na dança popular da pizzica pizzica, as lembranças dos rituais dionisíacos para cele-brar a colheita da uva.CI – Tecnicamente falando, como é que o brasileiro toca pandeiro? Belli – O brasil é o único país no mundo em que o pandeiro é toca-do na horizontal. talvez na áfrica alguns países toquem o pandeiro também nesta posição.

CI – Então, o Brasil toca na horizon-tal por influência africana, talvez? Belli – Não poderia afirmar. Na ver-dade, na cidade de Paraty e na re-gião Nordeste, onde existe a tra-dição do cavalo-marinho, sejam talvez os dois únicos lugares no brasil onde o pandeiro é tocado na vertical, devido à tradição portu-guesa. No mundo inteiro, o pan-deiro é tocado na maneira que po-demos chamar de oriental, que é o pandeiro tocado na vertical. No brasil, o pandeiro é tocado na ma-neira que podemos chamar de eu-ropéia, como é tocado na orquestra clássica, na posição horizontal. CI – São muitas as técnicas para se tocar pandeiro? Belli – sim, existem inúmeras téc-nicas. Podemos afirmar que cada pandeirista tem uma técnica pes-soal. Acho que o pandeiro é um instrumento onde a criatividade pode, realmente, ter seu livre de-senvolvimento. Podemos aplicar todas as técnicas tradicionais juntas no mesmo instrumento: tocar o pandeiro na horizontal, na vertical, de cabeça pra baixo, apoiando-o numa perna ou entre elas, com uma baqueta fina ou uma vassourinha, tocar dois pan-deiros ao mesmo tempo, enfim, não tem limite.CI – Quais os planos do músico Maurizio Belli para 2007?Belli – Estou organizando um fes-tival internacional de pandeiros em Angra dos Reis. O objetivo é apresentar os vários tipos de pandeiros que existem no mundo e as técnicas para tocá-los.

Eu também gostaria de mon-tar no Rio de Janeiro, junto com meus amigos pandeiristas, um trio ou quarteto, tipo o quinteto Villa-lobos, que é só de sopro. A pro-posta deste conjunto nasceu da idéia de juntar diferentes pandei-ros que falam línguas diferentes, produzem timbres e ritmos diferen-tes e também representam culturas totalmente diferentes. O objetivo é mostrar que, através dos ritmos antigos e do poder dos pandeiros e conseqüentemente da música, as pessoas podem se falar apesar das diferenças de raça ou de religião e, assim, caminhar para a paz mun-dial. Aliás, acabei de formar um duo com bernardo Aguiar, um pandei-rista da jovem guarda muito bom, que agora toca com Carlos Malta no Pife Muderno. Eu já conhecia ele, foi um reencontro maravilhoso de-pois de muito tempo.

“Esquentai vossospandeiros!” Un viaggio metafisico. Così

si definisce lo spettacolo Canto branco em um Mo-mento de Horizonte Verti-

cal [Canto bianco in un momen-to di orizzonte verticale, n.d.t.], che il balletto teatro di torino (btt) ha portato il mese scorso al theatro são Pedro, a san Pa-olo, in unica presentazione. Do-po l’anteprima a buenos Aires, la venuta della Compagnia alla ca-pitale paolista apre la stagione mondiale di première in America latina. In seguito, il btt è an-dato a Montevideo, in Uruguai e poi percorrerà altri palcoscenici fino a maggio dell’anno prossimo, quando termina questa stagio-ne. lo spettacolo è stato creato specialmente per l’apertura della biennale di Venezia-Danza 2006, a giugno di quest’anno, al teatro Piccolo Arsenale di Venezia.

Promosso dall’Istituto Italia-no di Cultura (IIC) di san Paolo, insieme alla regione Piemonte, al Consolato Generale d’Italia, alla secretaria Estadual da Cultura di san Paolo e con lo sponsor della bauducco, lo spettacolo è firmato da Matteo levaggi, ballerino e uno dei più giovani coreografi degli ul-timi anni nella compagnia. Così come nella biennale 2006, la core-ografia è stata divisa in tre parti.

— Ho suddiviso la danza in tre momenti: attesa, realizzazione e chiusura, creando un disegno in-terno ai ballerini, fatto di picco-li dettagli in opposizione al suo-no são Pedro e allo spazio bianco, enorme, cercando di tracciare le li-nee di sviluppo interiore, mutante e dinamico – risalta levaggi.

la notte della prima, dietro le quinte del piccolo theatro são Pedro la direttrice del balletto, loredana Furno, era tranquilla pochi minuti prima dell’inizio dello spettacolo e ha detto:

— spero che il nostro la-voro piaccia. Il pubblico di qui è molto caloroso. Abbiamo balleri-ni di varie nazionalità. C’è un rus-so, un olandese, uno spagnolo, un giapponese e un argentino.

Alla fine, il pubblico paolista ha lasciato il teatro con una buona im-pressione della performance del bal-letto, anche gli esperti in danza.

— la qualità tecnica dei bal-lerini è al di sopra di quella dei contemporanei brasiliani – spie-ga la ballerina e insegnante di danza Renata sanches, 29.

Ma le qualità dello spettacolo non si limitano soltanto agli at-tributi tecnici. Molti meriti han-no rapito l’attenzione del pubbli-co. C’è stato perfino chi trovava una particolarità nella parte mu-sicale dello spettacolo.

— È stata interessante la modernità della presentazione – considera l’avvocato leandro Chiarottino, 33.

secondo la traduttrice Marli luise, 54, ciò che l’ha colpita di più è stato lo sfondo musicale.

— la scelta della musica è stata fantastica. Che musica era? la qualità tecnica è molto buo-na. si sente che dietro a tutto questo c’è un lavoro incredibile – dichiara.

la compagnia si è formata negli anni ’70 a torino, in Pie-monte, con l’obiettivo di propor-re un repertorio alternativo in confronto agli spettacoli di dan-za di quegli anni, oltre ad offri-re un discorso che comprendesse altre discipline dello spettacolo. Nel primo decennio di attività, la Compagnia ha tracciato come meta la presentazione della dan-za in tutti i luoghi, avendo come panno di sfondo l’espressività e la tecnica di intepretazione, mo-dificandosi grazie ad altri generi di spettacolo, tra cui la prosa al primo posto.

Nel decennio seguente, dan-do contintuità alla ricerca del nuovo, la Compagnia ha aperto un ampio spazio alle creazioni contemporanee incorporando [nuovi, ndt] coreografi, tra cui Job sanders, Roberto Castello, bertrand d’At, Charles Vodoz, Jozsef tari e ha ottenuto dalla fondazione José limon, di New York, l’autorizzazione ad inseri-re nel suo repertorio “there is a time”, una delle opere fon-damentali del coreografo ame-ricano.

Nelle sue ultime sta-gioni, il balletto teatro di torino si è occupato di danza contem-poranea, con coreografie di luca Veggetti, loris Petrillo, Gigi Ca-ciuleanu e la famosa americana Karole Armitage.

lungo gli anni, la Compag-nia ha realizzato oltre a 60 al-lestimenti ed ha portato i suoi spettacoli in importanti tournée all’estero: Mosca e san Pietro-burgo [1991], Messico [1993], Cuba [1994 e 1999], taiwan [1995], Cina [1995 – 2001], Egitto [1995], Grecia [1997 e 2000], turchia [1997 e 1999], Germania [Stoccolma – 1998, Bremerhaven e Colonia – 1999], Corea [Seul – 1999], tuni-sia [1999], UsA [Miami 2000 – 2002], spagna [Madrid, Me-rida, Lãs Palmas, 2002], Malta [2004], Francia [Cannes al Pa-lais des Festivals per “Les Étoi-les de Ballet 2000” e Parigi, al Théâtre des Champs-Élysées per la solennità “Lês Étoiles du XXI siècle”, 2005], Zagreb [Biennale della Musica – Aprile 2005].

Per il 2007, la direttrice dell’IIC, Fiorella Piras, anticipa le attrazioni che l’istituzione porterà a san Paolo. Una di queste sarà la venuta del balletto dell’Esperia, ancora senza data definita. Dello spettacolo del balletto teatro di torino, dice:

— sono orgogliosa per la scelta della qualità. È uno stimo-lo. stiamo avanzando su questa strada – ha concluso.

Compagnia di Torino fa tournée in America Latina e inizia spettacolo in terra paolista

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fotografia

Rivelato. Esse é o nome que marcou a abertura para a imprensa no shopping Iguatemi, em são Pau-

lo, da exposição fotográfica do calendário mais cultuado da Pi-relli dos últimos 42 anos. Como a palavra em italiano, sugere, a retrospectiva “revela” aos olhos do espectador a sensualidade fe-minina capturada pelas lentes dos mais prestigiados fotógrafos da arte e da moda, em diferen-tes décadas e lugares. A novi-dade para os cliques de 2007 é a participação da atriz napoli-tana sophia loren que, aos 72 anos, ainda esbanja exuberância e sensualidade.

A exposição fotográfica já percorreu o circuito cultural da Europa, passando pelo Museu de berlim, na Alemanha, e o Mo-Ma, em Nova York. Além disso, a Pirelli trouxe ao brasil pela pri-meira vez o backstage de 40 fo-tos selecionadas num trabalho de criação contínua produzido até hoje. A primeira edição saiu em 1964 e percorreu várias dé-cadas até chegar à sua última edição, de 2006. segundo a Pi-

A Bella Donna

Exposição em São Paulo mostra o que o calendário Pirelli já produziu em quatro décadas e a diva italiana Sophia Loren posa para a edição 2007

relli, só não foram produzidas as edições entre os anos de 1975 e 1983, quando estourou a crise do petróleo. Ao todo, foram 33 edições e incontáveis fotos clica-das por profissionais, entre eles, a participação de três mulhe-res: sarah Moon [1972], Joyce tennyson [1989] e Annie leibo-vitz [2000], que já colaborou pa-ra revistas consagradas de moda, como a Vanity Fair e a Vogue. Pa-ra o diretor de marketing, Nicola tommasini, o calendário traduz o espírito da Pirelli e expressa os atributos da marca: inovação, emoção e estilo.

— Há mais de 40 anos ele surpreende a cada nova edição, ultrapassa limites, renova concei-tos e revela idéias — conta.

Em meio a celebridades co-mo o ator John Herbert e a mo-delo Cláudia liz, o presidente do conselho da Pirelli na América latina, Giancarlo Rocco Di tor-repadula, antecipou à Comuni-tàItaliana os eventos para os próximos anos.

— O Calendário 2007 percor-rerá a cidade de shangai, na Chi-na. Faremos também um concurso

e Diana Dondoe. Das brasileiras, foram convidadas Adriana lima, liliane Ferrarezi, Isabeli Fonta-na. A edição do mesmo ano mar-ca os 75 anos de atuação da Pi-relli no brasil.

Na edição de 2006 apare-cem Jennifer lopez e Gisele bündchen, esta última quase ir-reconhecível por seu bronzeado. Elas foram fotografadas pela du-pla Mert Alas e Marcus Piggot e Cindy Crawford (1994) por Herb Ritts. A top model Naomi Cam-pbell foi revelada em 1995, pe-la segunda vez, pelas lentes do americano Richard Avedon, fa-lecido em 2004 depois de sofrer uma hemorragia cerebral. Foram também retratadas algumas per-sonalidades masculinas na úni-ca edição de 1998, com John Malkovich, bono Vox e bb King, o consagrado “rei do blues”.

sob o tema “Un letto e Cin-que storie”, o calendário de 2007 foi apresentado à impren-sa, colecionadores e convida-dos o mês passado, em londres, no battersea Evolution Park. Na ocasião, aos 72 anos, a atriz ita-liana sophia loren fez o lança-mento do material e não perdeu a oportunidade de dizer que fi-cou surpresa com o convite para ser clicada.

— Quando me chamaram, pensei: o que será que eles pre-tendem fazer comigo? Mas logo decidi aceitar. O resultado ficou ótimo — avalia.

Além da diva italiana, a espe-rada edição do próximo ano revela em 26 fotos a beleza de grandes nomes do cinema hollywoodia-no, como a norte-americana Hila-ry swank, a espanhola Penélope Cruz, a inglesa Naomi Watts e a francesa lou Doillon.

Marcos PEtti

de modelos brasileiras em 2008, na bahia. Elas são as mais bonitas do mundo — opina.

Assim como Vênus, imorta-lizada na obra de botticelli pe-la sua beleza, muitas beldades conhecidas do público não po-deriam deixar de ser ‘flertadas’. No calendário de 2005, o fotó-grafo francês Patrick Demarche-lier escolheu o cenário do Rio de Janeiro para clicar 13 modelos, entre elas, as tops mundiais Na-omi Campbell, Michelle buswell

A atriz espanhola Penelope Cruz também foi clicada

comportamento

Do mundo para Turim

Alimentos exóticos, receitas da vovozinha e culturas em extinção ganham espaço e força com o Salone del Gusto

GUilhErME aqUinoCorrispondente • milão

“Antes eu abria, comia e só. Agora, além de comê-lo, faço doces, sucos, vinagre e ge-

léia que duram todo o ano lá em Canudos, no sertão baiano” conta à ComunitàItaliana a produtora de umbu, a brasileira Judite Maria de santana durante o Slow Food e Terra Madre - Salone del Gusto. O encontro anual reúne cerca de cinco mil lavradores, camponeses, pescadores e pequenos criadores de todo o mundo preocupados em preservar as qualidades originais dos alimentos em risco de extin-ção. A colheita do umbu faz par-te de um dos “presidi” do movi-mento do “slow Food” no brasil. Antes da chegada da iniciativa, 50 famílias viviam do umbu.

— Hoje já são 200 famílias em três municípios que produzem e comercializam a fruta como su-co. Doces que vão parar nas me-rendas escolares distribuídas pelo governo — conta José Milton, um

dos responsáveis pela cooperativa que reúne os pequenos produtores e que já exporta para a Europa.

O Salone del Gusto de tu-rim também abriu as portas pa-ra outros produtos brasileiros já presentes no mercado europeu graças ao comércio solidário. É o caso do guaraná, fruto ama-zônico transformado na famosa bebida de mesmo nome, recolhi-do por famílias dos índios sateré Mawé, um grupo étnico com oi-to mil pessoas espalhadas por 80 vilarejos no interior da reserva indígena, no coração da floresta.

Mas é o feijão, velho guer-reiro da cesta básica do brasilei-ro, que mais chama a atenção. O feijão Canapu é vermelho e a sua origem é Africana. Ele foi trazi-do pelos escravos no século 16 e se ‘enraizou” no solo do Norte-Nordeste do país. O seu grão é tão grande quando o de milho e, uma vez preparado, revela notas de sabor de noz, feno e mato cor-

tado. Ele é plantado e colhido no interior do estado do Piauí.

— É um feijão do nosso se-mi-árido, se adaptou muito bem, ótimas características organoléti-cas, as propriedades que estimu-lam os sentidos do ser humano. O canapu é muito resistente à fal-ta de água. tentamos resgatar o

cultivo desta cultura que é de ci-clo longo e estava perdendo ter-reno para as culturas de ciclo cur-to. Repassamos também técnicas de convívio de uma cultura com outra, implantamos o conceito de desenvolvimento sustentável com respeito ao meio ambiente, sem o uso de agrotóxicos ou de quaisquer produtos químicos. A vinda do Slow Food nos ajudou a conscientizar os agricultores familiares da importância deste produto para a economia local — comenta o engenheiro agrônomo e responsável pelo projeto, José Antonio de souza.

Os brasileiros, juntos com re-presentantes de todo o planeta,

trocaram informações sobre téc-nicas de cultivo e de distribui-ção. Ao lado de africanos, asi-áticos, americanos, aborígenes e europeus, os produtos do pa-ís disputavam as curiosidades de visitantes italianos e estran-geiros, além de jornalistas espe-cializados dos quatro cantos do globo. Durante quatro dias, eles se reuniram em assembléias com um objetivo. Valorizar e preser-var a cultura da alimentação sau-dável e fiel às suas raízes.

Slow FoodO movimento slow Food é a sal-vação da lavoura, da pesca, das criações. turim reuniu a maior e principal feira de idéias, experiên-cias de técnicas agro-alimentares de produtos tradicionais históri-cos em todo o mundo. A inciativa segue o lema “Diga-me o que co-mes que te direi quem és”.

Uma revolução silenciosa está ganhando corpo nas plantações e nas criações espalhadas por to-do o planeta, com importância igual, quer nos vales dos Alpes italianos ou nas margens do rio Amazonas. O povo persistente e lento do Slow Food conquista terreno nos cinco continentes. O consumidor do século 21 está mais atento à qualidade do ali-mento sem o uso de agrotóxicos. Ele apóia o resgate de antigas técnicas de cultivo das plantas e de pastoreio dos animais em busca do sabor e do perfume de iguarias perdidos no tempo.

A vida moderna impôs, goe-la abaixo do homem, organismos geneticamente modificados e ca-deias de fast-food. Há vinte anos, um pequeno exército de branca-leone, liderado pelo italiano Car-lo Petrini, começou a dar vida ao movimento de resistência e de luta pela reeducacão do paladar.

Camponeses de todo o mundo participaram do evento

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comunidade

A cidade paulista de São Carlos celebra padroeiro e é reconhecida na tecnologia e educação, uma vocação iniciada com uma “ajudinha” bem italiana

Motivos para comemorar

sílvia soUza

Considerada a capital da tecnologia devido às uni-versidades e instituições de pesquisa [tradição e in-

vestimentos iniciados no romper do século 20, quando se destacavam as sociedades culturais italianas Vittorio Emanuele, de 1900, e Dan-te Alighieri, de 1902], a cidade de são Carlos, no interior de são Pau-lo, celebrou 149 anos de emanci-pação político-administrativa. O município, que recebeu milhares de italianos para o trabalho nas lavouras de café, mantém a liga-ção com a bota, reafirmada a cada 4 de novembro, mesmo dia de são Carlos borromeu, seu padroeiro. E às vésperas de completar seu ses-quicentenário, uma série de ati-vidades e eventos dão conta das transformações e inovações, mar-cas registradas da cidade.

De procissão à nova ilumi-nação na Catedral, cujo projeto custou R$ 50 mil e significa a instalação de 275 holofotes dis-tribuídos pelo jardim, vitrais e cúpula da igreja, passando pela inauguração de um relógio re-gressivo e shows comemorativos, os festejos desta comunidade parecem não ter fim. A progra-mação teve início com a alvo-rada festiva, fogos de artifícios

e repique dos sinos nas igrejas. À tarde, a imagem de são Carlos partiu da sede da Prefeitura se-guindo em procissão até a Cate-dral para missa solene.

Mas foi à meia-noite que um público estimado em mais de cinco mil pessoas acompanhou a inauguração do relógio que marca a quantidade de dias, ho-ras, minutos e segundos restan-tes para 4 de novembro de 2007, quando a cidade fará 150 anos. A solenidade contou com a presen-ça do prefeito Newton lima e da primeira dama Ana lima.

— Estamos trabalhando para que são Carlos tenha um ano de comemorações que possam mar-car sua história. Ao lado desses eventos culturais, educacionais e do conhecimento também es-tamos realizando obras como a Estação de tratamento de Esgoto de são Carlos, que, pela primei-ra vez, irá tratar 100% do esgoto — explica o prefeito.

À exemplo dessas iniciativas, a ligação com a Itália se mani-festa na forma de investimentos. Da parceria com as regiões italia-nas de Marche, toscana, Úmbria e Emilia Romagna, firmada com ou-tras quatro cidades paulistas, re-sultou, em abril de 2005, a cria-

ção do Consórcio Intermunicipal Central Paulista brasil-Itália.

— Já houve duas visitas de técnicos italianos à nossa região e a aprovação do projeto “Per-curso de Colaboração para a Im-plementação de Políticas de De-senvolvimento local Integrado entre Regiões”, que possui quatro subprojetos cuja verba total gira em torno de R$ 1,5 milhão. Além desses recursos, também constam cerca de R$ 400 mil para aquisi-ção de computadores, contratação de pessoal e material de consumo para as prefeituras envolvidas — detalha Newton lima.

Influência italianaEm sua fundação, o povoado ti-nha pequenas casas ao redor da capela e seus moradores eram, em sua maior parte, herdeiros dos primeiros proprietários de terras da sesmaria do Pinhal. Neste pe-ríodo, as fazendas de café pio-neiras estavam consolidadas e são Carlos recebeu gente trazida pelo Conde do Pinhal em 1876. A grande maioria deles era ori-ginária das regiões setentrionais da Itália. Os imigrantes vinham para trabalhar nas lavouras e, graças às suas habilidades, atu-avam também na manufatura e no comércio. Foi daí que a influ-

ência cultural européia resultou na atuação de sociedades educa-cionais tais como a Vittorio Ema-nuele e a Dante Alighieri, que se empenhavam no desenvolvimen-to social da cidade.

A presença dos italianos era tão grande que durante as pri-meiras décadas do século 20, o governo italiano manteve um vi-ce-consulado em são Carlos. Com a crise cafeeira de 1929, os imi-grantes deixaram a atividade ru-ral, passando a trabalhar no cen-tro urbano como operários nas oficinas, no comércio, na pres-tação de serviços, na fábrica de artefatos de madeira e de cerâ-mica e na construção civil. Era o passo final para a materialização da indústria como principal fonte econômica no município.

O Santosão Carlos, cujo nome significa “homem prudente”, foi um italiano que nasceu em Arona, atual pro-víncia de Novara, no Piemonte, em 1538. Considerado um dos santos mais ativos a favor da Igreja e do povo, são Carlos borromeo morreu em 4 de novembro de 1584, aos 46 anos. Costumava dizer que um bis-po muito cuidadoso de sua saúde não consegue chegar a ser santo e que a todo sacerdote e a todo apóstolo devem lhe sobrar traba-lhos para fazer em vez de ter tem-po de sobra para perder.

são Carlos fundou 740 esco-las de catecismo com três mil ca-tequistas e 40 mil alunos. Fundou também seminários para formar sacerdotes, e redigiu para esses institutos regulamentos. Foi ami-go de são Pio V, são Francisco da borja, são Felipe Neri, são Félix de Cantalicio e são André Aveli-no. Em Arona, sua cidade natal, existe uma imensa estátua em sua devoção.

Empresários italianos visitam estabelecimentos em São Carlos

comunidade

Da Itália, passando pelos gabinetes da Procurado-ria Geral do Estado do Rio de Janeiro para o mun-

do do samba. Por si só a traje-tória é inusitada e se torna mais surpreendente já que se trata de Francesco Conte. Esse italiano de nascimento, de 49 anos, da ci-dade de Casteluccio superiore, na basilicata, é mais um exem-plo daquelas histórias de famílias que desembarcaram em terras brasileiras e que deram certo. Ao apagar das luzes de 2006, Con-te faz um balanço dos trabalhos desenvolvidos junto ao governo fluminense e se descobre um ver-dadeiro admirador do carnaval carioca. E mais: apaixonado por Direito, ele ainda encontra tem-po para participar de projetos de incentivo à cultura italiana no Rio de Janeiro.

segundo ele, a definição de novos mercados, tecnologias, oportunidades comerciais e in-tercâmbio científico são conse-qüências práticas do processo de propagação cultural e lingüísti-co. A partir deste ponto de vis-ta, surgiu a idéia de criação de um curso de idioma italiano mi-nistrado por professores do Insti-tuto Italiano de Cultura (IIC) do

Rio de Janeiro para os Procura-dores do Estado e servidores do quadro de apoio da Procuradoria Geral do Estado (PGE).

— A difusão da cultura e do idioma italiano sempre me pareceu um projeto estratégico tanto para a Itália quanto para o brasil. Re-alizamos inúmeros seminários de cultura italiana, nas áreas da lite-ratura, arquitetura e pintura. Além disso, tivemos a satisfação de re-alizar duas edições do seminário Rio Roma Americana, em conjunto com o Comune di Roma e a AslA [Associazione di Studi Sociali La-tino-Americani]. Criamos, na PGE, um curso de Direito Romano, em cuja área nossa biblioteca é uma das melhores. É inegável que o combustível para tais realizações e parcerias é o meu sentimento de italianidade — explica.

sobre a continuidade dos tra-balhos para 2007, Conte garan-te que, mesmo com sua saída em tempos de mudança de governo, há perspectivas de que a idéia seja levada adiante.

— Os projetos são institucio-nais e não pessoais. Exemplifica-mos: o curso de idioma italiano agregou valor à PGE, a par de des-cortinar a possibilidade de vários Procuradores do Estado fazerem

pós-graduação no brasil e na Itália. É possível que um ou outro projeto possa ser redimensionado. Porém, a hipótese de ruptura total não es-tá em nosso horizonte — desta-ca, acrescentando que, no ano que vem, abrirá um escritório de advo-cacia e escreverá um livro jurídico no campo do processo civil.

Mas a história de Conte no mundo acadêmico e jurídico da-ta de 1976, quando começou a estudar na faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), concluindo o curso quatro anos depois. Dessa caminhada, um de seus maiores orgulhos é ter chefiado, por duas vezes consecutivas, a PGE.

— Em 1985, após árduo con-curso público de provas e títulos, fui nomeado e tomei posse no cargo de Procurador do Estado. Ocupei vários cargos de chefia e de direção no âmbito da Procura-doria Geral do Estado. Em 1º de janeiro de 1999 – aliás data do meu aniversário – fui nomeado, pela primeira vez, Procurador-ge-ral do Estado pelo então Governa-dor Anthony Garotinho. Em 2003, fui nomeado secretário de Estado Chefe do Gabinete Civil, pela Go-vernadora Rosinha Garotinho. Em 2004, fui nomeado, pela segunda

vez, Procurador-geral do Estado, cargo que exerço até o presente momento. Chefiar a PGE, por duas vezes, é uma honra — declara.

Como todo italiano, Conte re-vela a satisfação de confiar a seus pais, Giovanni e soccorsa Conte, a história de êxito de sua vida e carreira. De acordo com o procu-rador, eles ajudaram a transfor-mar o sonho da imigração numa realidade bem sucedida.

— Os meus pais imigraram pa-ra o brasil quando eu tinha 2 anos de idade. Infelizmente, 3 anos após, minha mãe faleceu. É uma perda irreparável em minha vida. Como disse o poeta, é um espinho cheirando a flor. Meu pai sorvetei-ro, trabalhava de domingo a do-mingo. Ensinou-me os valores fun-damentais da minha vida como a decência, honestidade, dignidade e o respeito ao meu semelhante. À memória de meus pais dedico es-ta reportagem. Naquele momento de dor conheci meu pai “d’alma”, professor Giuseppe D’Angelo e meu pai afetivo, o conceituado hemato-logista Dr. braz Maiolino. tais lem-branças me convidam a lágrimas de incomensurável orgulho destes notáveis italianos — revela.

sobre o fato de participar da diretoria da Virando Esperança, escola de samba mirim da Unidos do Viradouro, Conte não esconde a alegria de ter sido convidado a ser o presidente de honra:

— Há certas coisas que não têm uma explicação lógica. A mi-nha residência é no município do Rio de Janeiro e as correntezas da vida me trouxeram para a Vi-radouro, uma das maiores insti-tuições de Niterói. Eu não tenho uma visão racional para isso. É um trabalho que me deixa feliz, dá sentido à vida, aprimora a mi-nha experiência pessoal e recicla as minhas energias.

segundo ele, importantes ações estão sendo atualmente desenvolvidas na Viradouro pelo presidente Marco lira nas áreas de qualificação profissional, des-portiva e de saúde.

— O desafio é ampliá-las através da participação e do compromisso social de empresas em seus respectivos segmentos de atuação — conclui

Na cadência do Direito

O Procurador Geral do Estado do Rio, Francesco Conte, nascido na Basilicata, fala sobre imigração, carreira e conta como se tornou presidente de honra de uma escola de samba fluminense

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Nayra Garofle

Sapori d’Italia

Quem disse que bacalhau é prato de português está muito en-ganado. Na Itália, o peixe é bastante consumido e, apesar de o país ser conhecido pela variedade de massas, os italianos sabem direitinho como combinar um bom macarrão com um

molho à base de frutos do mar. Em época de Natal, se prepara muito pernil, cabritos e doces. Entretanto, no dia 24 de dezembro, véspera do dia mais festejado do ano, os italianos têm costume de preparar um bom “linguine al bacccalà”. Ou seja, uma combinação de massa com bacalhau para nenhum português pôr defeitos.

Concettina D’Amico Cava, de 61 anos, é uma italiana bastante ale-gre e que adora recepcionar as pessoas em casa. Esta calabresa, de Fuscaldo, aprimorou a arte de cozinhar em vários cursos realizados na Itália. Casada com luciano Cava, de basilicata, os dois se conheceram no brasil e já estão juntos há 43 anos. Desta união nasceram os gê-meos Antônio Carlos e Francisco luciano, de 41.

Dona Concettina, que já foi proprietária do restaurante temperarte, em Ipanema, hoje, gosta mesmo é de cozinhar para os amigos ou de aju-dar nas confraternizações da Associação Calabresa do Rio de Janeiro.

Com o sotaque aflorado, apesar de tanto tempo morando no brasil, a italiana recebeu a equipe de Comunità e deu uma verdadeira aula de culinária para a repotagem ao contar segredos que muitos brasilei-ros não sabem. Não é novidade, mas todo italiano cozinha o macarrão apenas com água e sal, não lava a massa e despeja bastante azeite para que fique bem solta. O molho, segundo ela, é à base de tomate cozido e peneirado, extraindo só a polpa.

Depois das aulas em sua cozinha contando sobre como devemos manter o espírito natalino, Dona Concettina serviu o “linguine al bac-calà” ali mesmo, em seu “ambiente de trabalho”.

— sou muito simples porque vim lá de baixo. Ensinei aos meus fi-lhos que é preciso valorizar as pessoas pelo o que elas são e não pelo o que elas têm — afirma.

Após tanta fartura [porque calabrês come muito bem, obrigado], Dona Concettina abriu mão de sua receita que, agora, pode ser confe-rida aqui na revista. bom apetite!

Bacalhau no Natal?Iguaria.típica.da.gastronomia.lusitana.é.“prato.cheio”.também.na.Itália

Linguine al Baccalà

Ingredientes500 gr. de macarrão tipo linguine ou espaguete de boa qualidade;500 gr. de bacalhau demolhados e sem espinhas separados em lascas grandes;2 kg de tomate sem pele e sem semente;5 colheres de azeite extra-virgem;1 cebola média bem picada;1 dente de alho bem amassado;pimenta-do-reino;Uma pitada de açúcar;1 colher de sopa salsinha picada

Modo de preparoRefogue numa panela funda o azeite, a cebola e o alho. Jun-te os tomates passados no liquidificador. Jogue no refogado. Acrescente a pitada de açúcar e leve ao fogo brando por uma hora mexendo de vez em quando. Por último, junte o bacalhau e deixe cozinhar por mais 10 minutos. À parte, cozinhe o macar-rão numa panela funda com bastante água. salgue o suficiente. Escorra bem ao dente. Ponha no prato individual ou, se preferir, numa bela travessa e tempere com este molho, decorando com as lascas de bacalhau por cima, a pimenta e a salsinha. sirva bem quente.

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Dona Concettina: o prazer de cozinhar estampado no rosto

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