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Rio de Janeiro, terça-feira, 31 de março de 2020 www.jornalcorreiodamanha.com.br Presidente: Cláudio Magnavita Ano CXVIII Nº 23.468 A imprensa quer matar o estado democrático? Sob ataque, Presidente reage e usa rede nacional de rádio e televisão para pregar união Fundado em 15 de junho de 1901 Fundador: Edmundo Bittencourt EDIÇÃO EXPRESSA Edição Finalizada: 21h55 Força Nacional está no combate ao coronavírus O corpo humano virou uma arma, diz filósofo 65,9 milhões fora da força de trabalho O que se sabe sobre o “coronavoucher” PÁGINA 4 PÁGINA 12 PÁGINA 14 PÁGINA 5 Divulgação RECORDE Bolsonaro deixa o JN de saia justa ÚLTIMA HORA O aguardado pronun- ciamento do presidente Jair Bolsonaro surpreendeu. Teve o tom de conciliação de que o Brasil precisava neste momento, e deixou o Jornal Nacional em saia justa. O presidente dedicou um terço do tempo para de- talhar o pronunciamento do secretário-geral da Or- ganização Mundial de Saú- de, Tedros Adhanom Ghe- breyesus. O primeiro bloco do JN retratava o quadro da manhã. O apresentador teve que retornar de impro- viso no segundo bloco para corrigir as notícias que aca- bara de dar. Procuradoria quer rodovias liberadas PÁGINA 7 Procuradoria-Geral da Repú- blica, em pedido ao Supremo Tribunal Federal, sustenta que é necessário garantir o tráfego de veículos com mercadorias para evitar desabastecimento, inclusive de materiais. Procuradoria-Geral é contra fechamento de rodovias para evitar mais crises PÁGINAS 3 E 5

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Rio de Janeiro, terça-feira, 31 de março de 2020 www.jornalcorreiodamanha.com.br Presidente: Cláudio Magnavita Ano CXVIII Nº 23.468

A imprensa quer matar o estado democrático?

Sob ataque, Presidente reage e usa rede nacional de rádio e televisão para pregar união

Fundado em15 de junho de 1901

Fundador:Edmundo Bittencourt

E D I Ç Ã O E X P R E S S A

Edição Finalizada:

21h55

Força Nacional está no combate ao coronavírus

O corpo humano virou uma arma, diz filósofo

65,9 milhões fora da força

de trabalho

O que se sabe sobre o “coronavoucher”

PÁGINA 4

PÁGINA 12

PÁGINA 14

PÁGINA 5

Divulgação

RECORDE

Bolsonaro deixa o JN de saia justa

Ú LT I M A H O R A

O aguardado pronun-ciamento do presidente Jair Bolsonaro surpreendeu. Teve o tom de conciliação de que o Brasil precisava neste momento, e deixou o Jornal Nacional em saia justa. O presidente dedicou um terço do tempo para de-talhar o pronunciamento

do secretário-geral da Or-ganização Mundial de Saú-de, Tedros Adhanom Ghe-breyesus. O primeiro bloco do JN retratava o quadro da manhã. O apresentador teve que retornar de impro-viso no segundo bloco para corrigir as notícias que aca-bara de dar.

Procuradoria quer rodovias liberadas

PÁGINA 7

Procuradoria-Geral da Repú-blica, em pedido ao Supremo Tribunal Federal, sustenta que é necessário garantir o tráfego de veículos com mercadorias para evitar desabastecimento, inclusive de materiais.

Procuradoria-Geral é contra fechamento de rodovias para evitar mais crises

PÁGINAS 3 E 5

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2 Terça-feira, 31 de março de 2020OPINIÃO

Direção Executiva: Cláudio Magnavita (Editor Chefe) Fernando Vale Nogueira (Editor Executivo) [email protected]ção Edição Expressa: José Aparecido Miguel Redação: Affonso Nunes, Gabriel Moses, Guilherme Cosenza, Ive Ribeiro, Marcelo Perillier, Marcio Corrêa e Pedro Sobreiro. Estagiários: João Victor Ferreira e Willian Cobian. Serviço noticioso: Folhapress e Agência BrasilOperações: Bruno Portella. Projeto Gráfico e Arte: Leo Delfino (Designer)

[email protected] (21) 2042 2955 | (11) 3042 2009 | (61) 4042-7872 Whatsapp: (21) 97948-0452

Av. João Cabral de Mello Neto 850 Bloco 2 Conj. 520 - Rio de Janeiro - RJ CEP: 22775-057

www.jornalcorre iodamanha.com.br

Fundado em 15 de junho de 1901 Edmundo Bittencourt (1901-1929)Paulo Bittencourt (1929-1963)Niomar Moniz Sodré Bittencourt (1963-1969)

Os artigos publicados são de exclusiva responsabilidade dos autores e não necessariamente refletem a opinião da direção do jornal.

A economia do feijão com arrozEDITORIAL

A distribuição de recursos públicos a famílias desassisti-das é mais do que bem-vinda. É urgente, pois a fome está amea-çando milhões de pessoas que se viram sem qualquer renda por causa do coronavírus. Mas é um equívoco pensar que o problema será extinto logo após a sanção do presidente Jair Bolsonaro. Se não houver planejamento, have-rá um nó gigantesco a ser desfei-to. Afinal, a distribuição desses recursos pode não ser tão sim-ples abrindo espaço para confu-sões, roubos, convulsão.

Por mais ramificados que este-jam, será que os bancos públicos estão devidamente preparados para assumir essa tarefa com se-gurança e sem filas torturantes? Lembremos de 2017, quando o governo Temer liberou R$ 44 bi-

lhões de contas inativas do FGTS para movimentar a economia. Não foi um processo tranquilo.

Planejar é a palavra-chave. Os bancos de dados do governo sa-bem exatamente onde está cada pessoa que necessita do auxílio. Para que tirá-las de casa? Em-presas privadas também podem colaborar. Sem falar na Receita Federal, que tudo sabe, tudo vê. Tecnologia, nós temos.

Estamos em guerra. Não é hora de impor obstáculos a ações positivas. As informações têm que fluir para facilitar a distribuição dos recursos. E temos que ver, so-bretudo, que agora o governo não está liberando dinheiro para salvar números da macroeconomia, mas sim para viabilizar a economia mi-úda do dia a dia: literalmente, a economia do feijão com arroz.

NANI

Não sei por que a gente fica sempre a imaginar que nosso núcleo de amigos mais chegados nunca irá ostentar seus nomes nos obituários da Peste – descul-pem, mas o horror a esse vírus pandêmico me leva a não lhe explicitar o nome, nomeando-o apenas pelo genérico Peste. In-felizmente a Peste se aproxima tão veloz e despudoradamente nesta recém inaugurada terceira década do século XXI que o nú-cleo de amigos queridos, que nós pressupúnhamos imune a este horror, começa a abrir flancos. E o coração se dilacera um pouco a cada morte.

Semana passada estremeci com a brutalidade da morte de Daniel Azulay. Estremeci e cho-rei. Por todas as razões, além do artista singular de traço único, além da originalidade de sua figu-ra física, além da graça de se co-municar pela televisão, o que en-cantou várias gerações, além do olhar, do se vestir, do ser amigo.

Aos 72 anos, Daniel conti-nuava a parecer um menino, um menino de voz doce e olhos in-quietos sempre a buscar oportu-nidades para cativar o interlocu-tor. Ele jamais abandonaria sua persona modelada pela televisão durante décadas, ídolo natural de crianças de todas as idades, sem forçar barras mercadológi-cas, tão comuns hoje em dia.

Daniel Azulay foi meu ami-go por mais de quarenta anos e frequentava nosso Instituto na Urca com frequência. Arguto, culto, piedoso e bem informa-do, ele ora chegava para almoçar, ora chegava para tomar umas e outras, ora chegava para apenas jogar conversa fora. Mas o “con-versa fora” do Daniel sempre embutia um propósito de crista-lina generosidade.

Sabedor de como as institui-ções culturais estavam a capen-gar e a quase se findar por falta

de recursos e de ausência de be-neméritos, ele, o menino sonha-dor e solidário, sem dinheiros a tirar do bolso, vinha ofertar sua arte, sua imaginação. A mim sempre me comoveu sua dispo-nibilidade para construir proje-tos, para dizer sim às necessida-des dos que eram acolhidos por seu altruísmo. Agorinha mesmo, ao trazê-lo à minha mente e ao coração, acudiram-me fragmen-tos de várias de suas ideias, que fluíam com a fartura dos dota-dos de gênio.

Segundo ele, todos seus pro-jetos deveriam abrir na criança o mundo mágico do imaginário, do sonho possível ao desenvolvi-mento criativo a ser plantado nas cabecinhas em formação. Um público ainda virgem de vícios e de tolices que o avançar da idade acaba por infligir. Todas as mui-tas ideias do Daniel eram sempre contempladas com assentimento geral por nossa parte. E saía ele, lépido e fagueiro como sempre, a buscar patrocínio e apoio. Que nunca chegavam. Sequer uma

réstea de solidariedade aparecia. Daniel, bem humorado, desde-nhava dos ouvidos moucos, da falta de cultura de eventuais pa-trocinadores, do esperar horas a fio em antessalas dos empresá-rios. Até porque artista como ele tinha consciência de seus acer-tos, de sua grandeza, do querer ampliar cabeças de meninos em formação.

Hoje me dou conta de que Daniel, lá no fundinho de seu in-teresse pelas crianças, queria mes-mo era ser professor. Ou seja, ele parecia ter pressa em transformar gente miúda em gente grande. Grande no sentido filosófico de expansão do pensamento, futu-ros homens dotados de mais cria-tividade, em exercício progressi-vo para serem livres. Sempre.

Portanto, a morte de Daniel Azulay provoca uma extraordi-nária legião de órfãos, todas as muitas gerações de crianças de sua Turma do Lambe-lambe que plasmaram nele um título glo-rioso, o de ser Professor de Vida, um mestre a incutir arte e beleza.

Ricardo Cravo Albin

Amigos no obituário da pesteReprodução

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Terça-feira, 31 de março de 2020 3POLÍTICA

O CORREIO DA MANHÃ NA HISTÓRIA * POR BARROS MIRANDA

HÁ 75 ANOS: FEB DECIDE O RUMO DA GUERRA NA ITÁLIA

HÁ 100 ANOS: SENADOR VICTORINO MONTEIRO MORRE EM NAVIO

As principais notícias do CORREIO DA MANHÃ em 31 de março de 1945 foram: tomada de Monte Castelo pelos

pracinhas brasileiros decidiu o rumo da guerra na Itália; exércitos soviéticos e nor-te-americanos estão próximos de se encon-

trarem na Alemanha; e 500 aviões norte-a-mericanos fazem novos ataques aéreos no Japão, nas cidades de Kyushu e Shikoku.

As principais notícias do CORREIO DA MANHÃ em 31 de março de 1920 foram: senador Victorino Monteiro mor-

re a bordo do navio “Itapuã”; ex-secretário de Estado, Elihu Root mostra seu progra-ma de governo na Convenção Republica-

na; piora a situação financeira em Portu-gal; e manifestações na Dinamarca exigem a volta do gabinete ministerial de Zable.

[email protected]

“A GLOBO PASSA DOS LIMITES E CONTRIBUI PARA UM CLIMA DE INSTABILIDADE E INSEGURANÇA.”

“O GENERAL VILLAS BÔAS É UM SÍMBOLO VIVO DA MORALIDADE DAS FORÇAS ARMADAS”

Por Cláudio Magnavita* As últimas 48 horas têm sido extrema-mente preocupantes. Hoje, 31 de março, é o aniversário do Golpe de 64. Ontem, dia 30, o general Eduardo Villas Bôas emitiu uma dura nota tirando o presidente Bolsonaro das cordas, para onde fora jogado por uma metralhadora inces-sante das organizações Globo. Na mesma segunda, o general Braga Netto, ministro-chefe da Casa Civil, assume as entrevis-tas coletivas do governo fede-ral, que até sábado era palco absoluto do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Neste mesmo ciclo de horas, o ministro do STF Marco Auré-lio Mello recebe e encaminha à Procuradoria Geral da Repúbli-ca uma denúncia criminal con-tra o presidente da República, protocolado por inexpressivo deputado do PT. Ainda neste caldeirão, o governador do Rio ameaça indiretamente levar o Presidente a corte internacional.

Os telejornais da Globo e o seu canal de notícia passaram

as últimas 24 horas tentando descontruir o presidente por ele ter saído do Palácio para ouvir o povo, como ele próprio disse e como o general Villas Bôas endossou.

Não está mais havendo li-mite e respeito às instituições. O general, um símbolo vivo da moralidade das forças armadas por enfrentar em público uma doença que corrói a sua mobili-dade, mas amplifica a sua cora-gem e lucidez, afirma: “Conhe-ço o presidente e sei que ele não tem outra motivação que não o bem-estar do povo e o futuro do país. Pode-se discordar do presidente, mas sua postura re-vela coragem e perseverança nas próprias convicções. Um líder deve agir em função do que as pessoas necessitam, acima do que elas querem”.

Vivemos hoje uma realidade construída por uma organiza-ção, que parece estar à deriva desde da morte do seu patriarca. Ela funciona hoje como um por-ta-aviões sem almirante a bordo e com seus guardas-marinhas à

frente da sua artilharia atirando para todos os lados, sem preci-são e com um volume de tiros aleatórios primários. Tão pri-mários que desafiam os manuais de gestão política de qualquer veículo de comunicação.

Ontem dedicaram horas a mostrar a repercussão no exterior de notícias contra o presiden-te Bolsonaro. Muitas delas têm como origem agências noticiosas como a Reuters, que baseou o seu noticiário na própria Globo.

Uma simples saída não pro-gramada, encontrando pessoas que já estavam na rua, uma ida a uma padaria e a uma farmácia (o que não é proibido) e o retor-no ao Planalto.

O melhor exemplo deste paradoxo surgiu quando, ques-tionado por um repórter da CNN-Brasil por que ele estava ali numa padaria, o presidente responde: “Você não está aqui também?”

Para os telejornais da TV Globo e seu canal de notícias só existe um assunto: Bolsonaro.

Quando falam em Trump,

é para dizer que ele mudou de ideia. Quando fala dos governa-dores, é para dizer que eles con-testam o presidente.

Tudo o que o governo faz de concreto é eclipsado. O que é bom é do governo federal e o que é ruim é o governo Bolso-naro.

Podemos gostar ou não do presidente, mas ele foi eleito, empossado e tem mandato. A esquerda questiona a eleição ter sido pela maioria. Mas ele foi eleito dentro das regras consti-tucionais.

A dupla Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia segue esticando as cordas. Trouxeram para si o crédito da votação do auxílio, e o presidente do Senado usou as redes sociais para pedir “San-ciona logo, Bolsonaro”. Tenta faturar politicamente sobre algo que o próprio presidente encaminhou.

Hoje o presidente fala a na-ção, em pleno dia 31 de março. Aliás, nunca tivemos um ani-versário do Golpe com a corda tão esticada.

A Globo passa dos limites e contribui para um clima de instabilidade e insegurança. O presidente gasta parte do seu tempo para revidar os ataques. Villas Bôas e Braga Netto são obrigados a ir para a linha de frente.

Resta perguntar? O que es-tão querendo? Para onde que-rem levar o país em plena guerra pandêmica, onde estamos entre-gues à própria sorte, com fron-teiras fechadas, economia para-da e uma insanidade suicida?

Lembra a fabula do sapo e do escorpião que pede carona. Achando que o escorpião tinha bom-senso, aceita. No meio da travessia o sapo leva uma ferro-ada e os dois morrem. É o que deseja a Globo? Que todo o país morra? Que morra o esta-do democrático? O retrocesso do estado de direito, em tempos de guerra, pode correr riscos. A mídia tem que deixar de ser escorpião e permitir que a tra-vessia seja realizada de forma liberal, segura e preservando as instituições.

A imprensa quer matar o estado democrático?

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4 Terça-feira, 31 de março de 2020

CORREIO NACIONAL

País tem mais de 200 mortos e 5 mil casos de Covid-19

Primeira morte

Nova prioridade

Covid-19 mapeado

Trabalho em casa

O Ministério da Saúde anunciou nesta terça (31) que subiu para 201 o nú-mero de mortes por conta do coronavírus no Brasil. Em 24 horas, o país re-gistrou 42 novos óbitos da doença, maior número consolidado desde a che-gada do vírus no território.

No total, são 5.717 ca-sos oficiais confirmados

Mato Grosso do Sul confirmou a primeira morte por coronavírus no estado.

A vítima é uma mulher de 64 anos, moradora de Batayporã, que tinha pneu-mopatia crônica e estava internada num hospital particular em Dourados.

Conforme anunciou o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, durante coletiva de imprensa com ministros do Estado, o próximo grupo da campa-nha de vacinação contra a gripe será os dos cami-nhoneiros e portuários.

Pesquisadores ameri-canos e europeus conse-guiram um método para identificar a presença de an-ticorpos contra o Covid-19 no sangue humano. Os re-sultados podem indicar um caminho para desenvolver imunidade contra ele.

O Ministério da Econo-mia abriu edital para que pessoas físicas e empre-sas possam doar, até 8 de abril, computadores e ta-blets para que servidores públicos continuem o tele-trabalho durante a pande-mia do coronavírus.

- 1.138 a mais em relação aos divulgados na última amostra - e 3,5% de letali-dade no país.

Para conter o avanço da pandemia, o Ministério orienta que a população siga em isolamento social, diminuindo assim o ritmo de contágio e evitando que o sistema de saúde se sobrecarregue.

Isac Nóbrega / Presidência da República

Ministério da Saúde registra 42 óbitos de coronavírus em 24 horas

Equipes da Força Nacional de Segurança Pública vão par-ticipar das ações de prevenção e combate à pandemia do corona-vírus em todo o país. A autori-zação do Ministério da Justiça e Segurança Pública para que par-te do efetivo da tropa seja empre-gada no apoio às ações do Minis-tério da Saúde foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União desta segunda (30).

A portaria estabelece que a Força Nacional ajude os profis-sionais da saúde para que possam atender, com segurança, as pes-soas com suspeita de Covid-19. Os agentes também poderão re-forçar as medidas policiais de se-gurança, para garantir o funcio-namento dos centros de saúde, distribuição e armazenamento de insumos médicos, farmacêu-ticos, alimentícios e higiênicos.

“Em caráter episódico”, a Força Nacional também pode-rá ser utilizada para auxiliar no

Força Nacional em cenaJustiça autoriza uso da tropa no combate ao coronavírus

Tomaz Silva/Agência Brasil

Força vai ajudar ações da Saúde por 60 dias, podendo prorrogar período

NACIONAL

controle sanitário, evitar saques e vandalismos e proteger locais onde estejam sendo realizados testes rápidos da doença, bem como aplicar medidas coercivas previstas em lei.

As ações deverão ser sempre planejadas juntamente com o Ministério da Saúde e coordena-das com as autoridades responsá-

veis dos governos estaduais e do Distrito Federal.

Inicialmente, a medida vai vigorar por 60 dias, mas poderá ser prorrogada, de acordo com a necessidade. Durante esse prazo, os agentes que estejam atuando em outras missões de apoio aos estados e ao Distrito Federal po-derão ser realocados.

Buscando provar para a população brasileira de que não há nenhum desentendi-mento no governo federal, o general Braga Netto, ministro da Casa Civil, publicou, em suas redes sociais, um texto no qual menciona que o país pas-sa por uma situação atípica e que todos precisam colaborar para conseguirmos vencer este desafio.

No texto, ele diz que mui-tos protagonistas não enten-deram que a crise exige siner-gia, integração de esforços, a compatibilização de visões de curto e de longo prazo e que algumas falas podem acarretar em consequências imprevisí-veis. O general lembrou tam-

bém que, em um passado não muito distante, a greve dos caminhoneiros nos fez perce-ber a importância dos serviços essenciais para o dia a dia dos brasileiros.

Ele afirmou que conhece bem o presidente Bolsonaro e que o chefe do Executivo não tem outra motivação a não ser o bem estar da população e o futuro do Brasil.

Braga Netto encerra o texto dizendo que as pessoas podem discordar de Bolsona-ro, mas que sua postura revela coragem e perseverança das próprias convicções e que um líder deve ser agir em função do que as pessoas necessitam e acima do que elas querem.

A votação do projeto de lei que institui a Renda Básica de Cidadania Emergencial, benefí-cio a ser concedido em casos de epidemia e pandemia, foi adiada para 1º de abril. A decisão foi to-mada pelos líderes partidários.

Com isso, a sessão deliberati-va remota desta terça (31) vota-rá quatro projetos que também trazem medidas de combate ao novo coronavírus, como o que trata da telemedicina; a dispensa de justificativa para quarentena; ajuda financeira a hospitais e o que suspende por 120 dias a obrigatoriedade da manutenção das metas quantitativas e quali-tativas firmadas pelos prestado-res de serviço de saúde no âmbi-to do Sistema Único de Saúde.

General Braga Netto pede união no combate ao vírus

Senado adia projeto da renda básica

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Terça-feira, 31 de março de 2020 5

Reprodução

Jair Bolsonaro disse, em seu pronunciamento, que pediu ao Ministério da Saúde apoio do SUS a todos os Estados

Ajuda para trabalhadores informais já está à espera da sanção presidencial

Bolsonaro: “Trabalho para melhorar a vida das pessoas”

Dependendo da aprovação do Presidente da República, Jair Bolsonaro, o auxílio emergencial do governo, apelidado de “Coro-navoucher”, quando estiver em vigor, ajudará os trabalhadores informais com uma bolsa de R$ 600 ou R$ 1200 mensais pelo pe-ríodo de três meses. A previsão é que Bolsonaro aprove a medida, que foi aprovada por unanimida-de pelo Senado, ainda nesta terça--feira. No entanto, o povo ainda tem muitas dúvidas sobre como o auxílio vai funcionar. Por isso, o CORREIO DA MANHÃ vai explicar tudo nesta página.

QUEM PODE RECEBER?Trabalhadores informais e

autônomos acima de 18 anos,

Em pronunciamento nesta noite de terça-feira, o presiden-te da República, Jair Bolsonaro, disse em rede nacional de tele-visão que, nesses 15 meses de mandato, tem trabalhado para melhorar a vida das pessoas. De-fendeu o enfrentamento da pan-demia de coronavírus, da violên-cia, do desemprego e das mortes:

- Se fecharmos a movimenta-ção das pessoas, o que acontece com elas?

Bolsonaro disse que não nega a necessidade de medidas de pre-venção, mas lembrou as necessi-dades de camelôs, ambulantes, autônomos e caminhoneiros.

Ele acrescentou ter pedido ao Ministério da Saúde o apoio do SUS (Sistema Único de Saúde) para todos os estados. Enfatizou que seu objetivo é proteger em-

como motoristas de aplicativos e domésticas, por exemplo, e microempreendedores indivi-duais (MEI) que não estejam recebendo aposentadoria ou seguro-desemprego estão aptos ao recebimento do auxílio de R$ 600. Trabalhadores intermiten-tes, que estejam inscritos no Ca-dastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), cuja renda fami-liar total seja de até três salários mínimos (R$ 3.135) ou de meio salário mínimo (R$ 522,50) por pessoa também podem receber.

QUEM PODE RECEBER O VALOR MÁXIMO?

O auxílio máximo de R$ 1.200 só poderá ser retirado por mulheres chefes de família.

pregos e renda, anunciando que ampliou o Bolsa Família para 1,2 milhão de famílias e o adia-

QUANTAS PESSOAS DA MESMA FAMÍLIA PODEM RECEBER A VERBA?

No máximo duas pessoas, desde que os requisitos anterio-res sejam cumpridos.

QUEM FARÁ O PAGA-MENTO?

De acordo com o ministro Onyx Lorenzoni, Banco do Bra-sil, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste, Correios, Caixa Econômica Federal e agências lotéricas farão o pagamento dos auxílios. No entanto, enquanto Bolsonaro não oficializar o pro-jeto, sancionando o texto, não adianta ir para essas agências, porque os funcionários ainda não terão recebido nenhuma in-

os mais idosos e com doenças preexistentes, os mais vulnerá-veis ao coronavírus.

Porém, se ela já receber verba do Bolsa Família, terá de esco-lher entre o auxílio e o benefí-cio prévio.

SERÁ PRECISO DECLA-RAR ALGUMA COISA?A princípio, sim. O trabalhador que não paga INSS terá de fazer uma autodeclaração na Caixa Econômica Federal.

COMO FAZER PARA SER BENEFICIADO?

O governo ainda não comen-tou se os trabalhadores precisa-rão fazer um pedido oficial para receber o benefício ou se algum órgão federal fará uma lista com os trabalhadores beneficiados com a medida.

mento do pagamento de dívidas da população, entre outras medi-das, especialmente para atender

formação sobre a situação, não podendo ajudar.

QUEM JÁ RECEBE BPC PODE RECEBER O AUXÍ-LIO TAMBÉM?

Não. Quem recebe aposen-tadoria ou benefício assistencial, como seguro-desemprego e Be-nefício de Prestação Continuada (BPC) não será contemplado com o auxílio. Quem receber Bolsa Fa-mília terá que ponderar qual é mais vantajoso e escolher entre os dois.

COMO SERÁ FEITO?O pagamento acontecerá de for-

ma similar ao saque do FGTS. Isso quer dizer que grupos serão separa-dos para comparecerem às agências para sacarem ou transferirem o valor.

- O vírus é uma realidade. Ainda não existe remédio para ele. Todo indivíduo importa, como disse o diretor-geral da OMS (Organização Mundial de Saúde). Um milhão de com-primidos de cloroquina estão sendo produzidos por nossos laboratórios militares - afirmou ele, em outros trechos do pro-nunciamento.

O presidente agradeceu ao apoio dos profissionais de saúde, entre outras categorias, como homens e mulheres do campo, que produzem nossos alimentos.

Também agradeceu aos par-lamentares, governadores, pre-feitos, Judiciário e sociedade. E concluiu:

- Deus abençoe o nosso ama-do Brasil.

TUDO SOBRE O “CORONAVOUCHER”

BRASIL

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Terça-feira, 31 de março de 2020 7

550 caracteres Uptur molupti atisto is sum, ute dolesed qui od mo to volorem aut ut et acienih iliquae ruptatu rerovid ucilibus, venia nonserunt inimos moditia volupta teceatur?

Oditem. Itatinc imagnatistin earunt am, ommos acias eicid mo-dignis apit arci nempos dolore quis core autem fugia volorum core maio blanda corernatiam, con et ariti con ped est eum dolectatium aliquiatumet que prestrum autesedi volorae ctassitis re quam, ipsaepr epudam eum vo-lenimus, comnimus.

Menia simeni ut quo bla doluptu riorrum e

O procurador-geral da Repú-blica, Augusto Aras, pediu que o STF concedesse liminar suspen-dendo medidas de interdição de transportes adotadas por gover-nadores e prefeitos.

Em manifestação desta segun-da (30) enviada à corte, ele sugere que a decisão alcance os atos nor-mativos de estados e municípios que, “unilateralmente e sem ob-servar a legislação federal, tenham restringido a locomoção individu-al e o transporte intermunicipal e interestadual de pessoas e cargas, sob a justificativa de combater a propagação do coronavírus”.

A Procuradoria-Geral da Re-pública sustenta que é necessário garantir o tráfego de veículos com mercadorias para evitar desabas-tecimento, inclusive de materiais médico-hospitalares.

Para Aras, as restrições, em vez de protegerem o direito funda-mental à saúde, podem impedir o acesso a serviços médicos às pes-soas que precisam se deslocar para outros estados e municípios.

Além disso, segundo ele, “não apenas os usuários dos serviços de saúde podem ser privados do acesso a medicamentos e cuidados hospitalares, como também os profissionais que atuam em loca-

lidades diversas daquelas em que residem podem se vir impedidos de exercer suas funções”.

Aras argumentou também que a restrição ao ingresso de veí-culos de carga provenientes de ou-tras localidades pode prejudicar o direito social à alimentação, ante a possibilidade de privar popula-ções de ter acesso a mantimentos.

O parecer foi no âmbito de uma argüição de descumprimen-to de preceito fundamental, de relatoria do ministro Luiz Fux, ajuizada pela Confederação Na-cional dos Transportes, contra in-terdições determinadas por Goi-ás, Bahia, Mato Grosso, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além dos municípios de Florianó-polis (SC) e Tamandaré (PE), por violar o pacto federativo.

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O governo Bolsonaro confir-mou a realização do Enem 2020 nas datas já previstas. Neste ano, além da prova em papel, haverá a aplicação de uma edição digital, para 100 mil participantes.

O exame é a principal porta de entrada para o ensino supe-rior público. As inscrições esta-rão abertas entre os dias 11 e 22 de maio, de acordo com edital publicado nesta terça (31). A taxa de inscrição será a mesma do último ano, de R$ 85.

Havia a expectativa sobre a manutenção das provas nas datas previstas por causa da pandemia de coronavírus, que provocou o fechamento de escolas e, conse-quentemente, a interrupção de aulas. O Ministério da Educa-ção, no entanto, tem insistido com as datas.

As provas tradicionais, em pa-pel, vão ocorrer nos dias 1º e 8 de novembro. Já a aplicação digital, feita em computador, vai ocorrer nos dias 11 e 18 de outubro.

Serão abertas 100 mil vagas para o Enem digital, que ocorrerá em 60 municípios selecionados pelo Instituto Nacional de Es-tudos e Pesquisas Educacionais, órgão responsável pela prova.

Há um planejamento no go-verno federal para que até 2026 o Enem possa ser feito totalmen-te digital. Os maiores desafios para essa transição são a infraes-trutura de computadores e a pro-dução de questões para a prova.

O Enem digital seria ofereci-do inicialmente a 50 mil candi-datos, mas, em janeiro deste ano, o número foi ampliado para os 100 mil. As vagas, limitadas por

município, serão ocupadas por ordem de inscrição.

A estrutura da prova digi-tal será a mesma do original. No primeiro dia, os candidatos terão 5h30 para responder per-guntas de Linguagens, ciências humanas e redação. No segundo dia, 5h as questões de ciências da natureza e matemática.

De 6 a 17 de abril, o Inep abre o prazo da solicitação de isenção de taxa. Aqueles que tiveram isen-ção no ano passado e faltaram às provas terão o mesmo prazo para justificar a ausência, caso queiram solicitar nova liberação de paga-mento – sem a justificativa, have-rá necessidade de pagamento.

Alunos de escolas públicas concluintes do ensino médio e estudantes pobres podem ter acesso à isenção.

Provas serão realizadas nos dias 1º e 8 de novembro

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Aras disse que restrições impedem às pessoas acesso a serviços médicos

NACIONAL

O Senado aprovou o projeto de lei que prevê a distribuição dos alimen-tos da merenda escolar aos estudantes que estão com as aulas suspensas. De au-toria do deputado Hildo Rocha (MDB-MA), a matéria foi aprovada na Câmara na semana passa-da, e no Senado foi relata-da pelo senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL). O projeto segue agora para sanção presidencial.

A votação foi rápida, com a leitura do parecer e, em seguida, a votação simbólica. Desde o dia 20 de março, as sessões são realizadas de forma remota.

O primeiro lote com 500 mil kits de testes rá-pidos para o coronavírus, comprados pela empresa Vale, já chegaram ao Bra-sil. À remessa vinda da China desembarcou no aeroporto de Guarulhos e foi encaminhada para o centro de logística do Ministério da Saúde na capital paulista.

A Vale fechou a com-pra de 5 milhões de kits, produzidos pela empresa chinesa Wondfo, que tem registro na Anvisa, para a verificar infecções por Covid-19. O teste detec-ta anticorpos e divulga o resultado em apenas 15 minutos.

O ministro da Infraes-trutura, Tarcísio Freitas, afirmou, em coletiva no Palácio do Planalto, que a logística de transporte do país está funcionando, para garantir o abasteci-mento de insumos essen-ciais durante a pandemia. Ele citou o acerto feito com as companhias aére-as para manter a conexão entre as principais cida-des do país.

Segundo ele, os portos seguem operando nor-malmente e foi feito um acerto com os secretários estaduais de transporte para que não houvesse obstrução de rodovias, além da liberação de ativi-dades de suporte ao setor.

Merenda garantida mesmo sem aula

Novos testes rápidos chegam ao país

Logística do país está garantida

PRG pede rodovias liberadas

Governo confirma Enem

Procurador Augusto Aras sustenta ser necessário o tráfego de mercadorias

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8 Terça-feira, 31 de março de 2020

CORREIO CARIOCA

Com a pandemia, as auto-ridades se depararam com um novo comércio ilegal. Nesta segunda-feira (30), guardas municipais da 5ª Inspetoria, situada em Bangu, apreende-ram 90 máscaras cirúrgicas que estavam sendo comercializadas por ambulantes sem autori-zação, no calçadão de Bangu, localizado na Zona Oeste da cidade. Equipes realizavam ação de ordenamento no local quando flagraram o ambulan-te vendendo os produtos em uma banca. O homem fugiu do local após aproximação dos agentes da prefeitura. Desde sexta-feira (27), já foram apre-endidas 129 máscaras no calça-dão do bairro.

Em outra ação, na quinta--feira (26), guardas municipais da Unidade de Ordem Pública (UOP) de Copacabana apreen-deram 43 máscaras cirúrgicas e 100 pares de luvas, que estavam sendo vendidos por ambulantes irregulares na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, esqui-na com a Rua Siqueira Campos, na Zona Sul do Rio. Os produ-tos foram levados para o depó-sito da Prefeitura do Rio.

Além dessa apreensão des-ses materiais, a Guarda Mu-nicipal já retirou das ruas 876 frascos de álcool em gel sem procedência nos bairros de Bangu, Campo Grande, Cen-tro, Tijuca, Ipanema e Copa-cabana.

A secretária municipal de Saúde do Rio, Beatriz Busch, foi internada nesta segunda (30) com suspeita de coronavírus. Ela apresenta quadro de saúde está-vel e boa oxigenação no Hospital Barra D’Or, na Zona Oeste.

As informações foram divul-gadas pela pasta após uma análise do boletim médico na manhã des-ta terça 31). O documento conclui ainda que a secretária não precisa-va de suplementação de oxigênio.

Na unidade médica, a se-cretária foi submetida a vários exames, entre eles o teste para o coronavírus, que ainda carece de uma contraprova.O caso ligou um sinal de alerta, já que o prefei-to Marcelo Crivella esteve com a secretária nos últimos dias.

Guarda Municipal apreende 90 máscaras cirúrgicas

Secretária de saúde é internada

Foi confirmada nesta terça--feira (31) a morte da mais nova vítima da Covid-19 no estado do Rio de Janeiro. Cleuza Fernan-des tinha 32 anos e era ambulan-te. Ela era uma bastante conhe-cida na cidade de Rio Bonito, na Grande Rio, município em que vendia mariola na rodoviária.

Ao site G1, um parente da vítima que não se identificou disse que Cleuza, por trabalhar em uma rodoviária, tinha conta-to com muitas pessoas, mas que era uma pessoa saudável na vida adulta, mas que sofria de bron-quite quando era criança.

O familiar de Cleuza tam-bém negou que a vendedora am-bulante sofresse de tuberculose, e explicou que apenas o pai dela tinha a doença.

Cleuza passou mal no dia 8 de março e se dirigiu a UPA de Rio Bonito, onde foi medicada e man-dada para casa, entretanto, ao re-tornar à residência ela voltou a se

A vítima mais jovem no RioCleuza Fernandes, 32, morre de coronavírus em Rio Bonito

Reprodução/ arquivo pessoal

Cleuza, 32 anos, era vendedora e chegou a ser internada, mas não resistiu

sentir mal, precisando fazer muito esforço para conseguir respirar.

Ela então foi levada para o Hospital Darcy Vargas, que fica no centro de Rio Bonito, onde foi diagnosticada com uma pneumonia agressiva. Seu pul-mão e coração já haviam sido danificados, segundo relatou o familiar, e ela precisou ser entu-

bada, necessitando de aparelhos para respirar.

No dia 17 de março, com uma semana de internação, o es-tado de saúde de Cleuza piorou e ela faleceu. O exame para saber a causa da morte, entretanto, só teve resultado hoje (31), cons-tatando a morte da vítima mais jovem do coronavírus no estado.

Justiça autoriza reabertura das Lojas Americanas no estado

Ajuda para MEI’s

Previ-Rio aberto

Disk Campo Grande

Hemorio em Casa

A juíza Angélica dos Santos Costas, da 7ª Vara de Fazenda Pública do Rio, autorizou a reabertura das Lojas Americanas em todo o Rio.

A suspensão dos efei-tos de editais de interdição coercitiva foi concedida nesta segunda-feira (30).

De acordo com o texto da decisão judicial, autori-

A ALERJ vota nesta quarta-feira (01) o Projeto de Lei 2013/2020, do de-putado Waldeck Carneiro (PT), que destina recursos financeiros do Estado para subsistência de Microem-preendedores Individuais durante a pandemia.

O Instituto de Previ-dência e Assistência do Município do Rio de Ja-neiro abre nesta terça (31) o prazo para adesão, sem carência, ao Plano de Saú-de do Servidor Municipal. A Assim Saúde permane-ce como operadora.

O bairro da Zona Oeste foi o que mais recebeu de-núncias através do serviço da prefeitura “Disk Aglo-meração”, criado para re-ceber informações sobre aglomerações neste perí-odo de isolamento social graças ao Covid-19.

A partir desta quarta a doação de sangue passa-rá a atender condomínios do Rio. Para participar, os síndicos podem entrar em contato pelo telefone 21 96467-2154 ou o e-mail: <[email protected]>.

dades municipais e esta-duais devem se abster de lavrar editais similares. A juíza autorizou o funciona-mento das lojas para co-mercialização exclusiva de alimentos, itens de farmá-cia, produtos de higiene e limpeza, enquanto dura-rem as medidas restritivas adotadas em razão do co-ronavírus.

Divulgação

Apenas alimentos, produtos de higiene e limpeza serão comercializados

RIO

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Terça-feira, 31 de março de 2020 9RIO

O Comitê Organiza-dor dos Jogos Pan-Ame-ricanos Rio Masters 2020 e a Associação Internacio-nal de Jogos Masters adia-ram a realização do even-to na capital fluminense, em decorrência da pande-mia do novo coronavírus. A expectativa dos orga-nizadores era reunir de 10 a 15 mil atletas, de 24 modalidades, no período de 4 a 13 de setembro, na cidade do Rio.

O diretor-executivo do Comitê Organizador, Fábio Fleischhauer lem-brou que os jogos lidam com pessoas na faixa de 50 anos, e algumas no grupo de risco.

O Ministério Públi-co-RJ expediu recomen-dações para que as secre-tarias de Polícias Civil e Militar adotem medidas de proteção aos policiais.

Foi pedido aos secre-tários Rogério Figueredo, PM, e Marcus Vinícius Braga, Polícia Civil, que enviem uma resposta ofi-cial em até 48 horas.

No texto, o Grupo de Atuação Especializa-da em Segurança Pública alerta para instalações insalubres para policiais militares, principalmente em UPPs, além do uso de equipamentos comparti-lhados e a falta de produ-tos de higiene.

Em entrevista coletiva na manhã desta terça-fei-ra (31), o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, admi-tiu que, pela dificuldade de fazer testes em massa, pode haver subnotifica-ção nos diagnósticos do Covid-19. Mesmo assim, segundo o prefeito, gra-ças as medidas de isola-mento os CTIs não estão sobrecarregados.

-Os casos que a gen-te está confirmando são 15% do real. Se temos 560 (considerando isso) 15%, seriam 3 mil e poucos casos (ao todo). Porém, se olhar-mos internações e os casos de CTI, vemos que as me-didas que tomamos têm preservado – comemorou.

O Serviço de Atendimen-to Móvel de Urgência (SAMU 192) na cidade do Rio passou a ser responsabilidade da Secreta-ria de Estado de Saúde a partir desta segunda (30), que assumiu a gestão operacional do serviço e vai atuar no atendimento emer-gencial da população em parce-ria com o Corpo de Bombeiros.

A mudança atende a uma determinação do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Nes-te momento, o serviço deixa de ser administrado exclusivamente pelo Corpo de Bombeiros, que, no entanto, continuará cedendo instalações de quartéis de todas as regiões da cidade, onde ficarão os veículos e as equipes médicas que prestarão socorro a quem fi-zer o chamado pelo telefone.

A população fluminense se-guirá contando com o atendi-

mento do Corpo de Bombeiros em ocorrências como acidentes de trânsito.

O SAMU 192 vai operar com 112 veículos, sendo 35 Uni-dades de Suporte Avançado, 47 Unidades de Suporte Básico e

30 motolâncias. Enquanto as ambulâncias de Suporte Básico contarão com um motorista e um técnico de enfermagem, as de Suporte Avançado terão um condutor, um médico e um en-fermeiro, e serão equipadas com

ventilador mecânico, bomba de infusão, cardioversor desfibrila-dor, entre outros equipamentos.

- Queremos cobrir toda a capital com a maior rapidez pos-sível. As motolâncias, por exem-plo, serão acionadas para atender vítimas de ataques cardíacos. No trânsito do Rio, elas chegarão para prestar socorro num tempo mais curto do que chegariam as ambulâncias. Trabalhamos para salvar vidas - explicou o secretá-rio de Estado de Saúde, Edmar Santos.

O quadro de funcionários da empresa contratada contará com 2.170 plantões médicos nas UTIs móveis, 620 plantões de médicos, 449 técnicos de enfer-magem, 245 enfermeiros, 410 condutores, 30 rádio-operado-res e 77 técnicos auxiliares de regulação médica.

Pan-Americanos Masters Rio é adiado

MP-Rj alerta para a saúde de policiais

Crivella admitesubnotificação

A Pró-Reitoria de Graduação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) anunciou ontem (30) que o calendário do Vestibular Estadual 2021 será substituído. Um novo calendário será divulgado quando forem en-cerradas as medidas de isolamen-to social, estabelecidas por de-cretos estaduais como forma de prevenção ao novo coronavírus.

A decisão suspende a realiza-ção do 1o Exame de Qualificação, que seria aplicado no início de ju-nho. No vestibular estadual do Rio de Janeiro, os candidatos têm dois exames de qualificação com ques-tões objetivas para obter nota mí-nima e seguir para a segunda fase, que é discursiva. O desempenho nos exames de qualificação tam-bém garante pontos extras para a nota final do Exame Discursivo.

O cronograma do Vestibular 2021 estava em andamento, já que o prazo para pedir isenção da taxa de inscrição do 1o Exa-me de Qualificação terminou em 13 de março. O resultado dos pedidos seria divulgado em 8 de abril.

O Vestibular Estadual do Rio de Janeiro seleciona os can-didatos a vagas de graduação na Uerj e ao curso de formação de oficiais da Academia de Bombei-ro Militar D. Pedro II, do Corpo de Bombeiros Militar do Estado.

O estado do Rio de Janeiro está sob medidas de isolamento social desde 16 de março, quan-do começou a valer a suspen-são de aulas nas redes pública e privada. As medidas foram gradativamente ampliadas, até determinarem o fechamento do

comércio em 24 de março. As restrições ao funcionamento de diversos estabelecimentos termi-nariam hoje, mas foram renova-das ontem por mais 15 dias.

A Secretaria Estadual de Saúde do Rio recomenda que as pessoas saiam de casa apenas para comprar bens essenciais ou buscar atendimento médico, já que especialistas consideram que o isolamento social é uma das principais formas de conter a disseminação do coronavírus.

A doença é transmitida facil-mente por meio do contato com gotículas que uma pessoa doente pode liberar ao espirrar, tossir, falar ou respirar. Essas gotículas carregam o vírus e também po-dem deixar superfícies e objetos contaminados, o que requer cui-dados de higiene constantes.

Nova operação da Samu na capital

Vestibular suspenso

Decisão do Tribunal de Contas determina a gestão da Secretaria de Saúde

Calendário de ingressão na Uerj 2021 será substituído

Maurício Bazilio/ Secretaria do Estado de Saúde

Nova gestão do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência vale para a capital

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10 Terça-feira, 31 de março de 2020

CORREIO NO MUNDO

A Prefeitura de Praga anunciou nesta terça-feira (31) que vai alugar de 300 a 500 quartos de hotéis da ca-pital tcheca para moradores de rua, para reduzir o risco de contágio de coronavírus entre eles.

Os albergues da cidade, que recebiam 330 usuários por noite, estão sendo fecha-dos, pois a saúde pública con-sidera que eles não oferecem isolamento necessário para evitar transmissão.

Estima-se que cerca de mil pessoas vivam nas ruas de Praga.

Em comunicado da pre-feitura, o conselheiro de ha-bitação da cidade disse que se inspirou em medidas seme-lhantes adotadas em Chica-

go, Londres e Paris.Até as 10h (horário do

Brasil) desta terça-feira (31), a República Tcheca tinha 3.002 casos confirmados de infecção pelo coronavírus, e 25 mortes. A taxa é de 0,2 morto por 100 mil habitan-tes, uma das mais baixas da Europa.

Em estado de emergên-cia, o país fechou fronteiras para estrangeiros, proibiu voos internacionais, fechou todas as escolas e limitou o funcionamento das lojas.

Atitudes como essa de-mostram a solidariedade humana pelo mundo, sendo como uma das principais ar-mas no combate à prolifera-ção do Covid-19, ainda mais no continente europeu.

Nesta terça-feira (31), os Esta-dos Unidos e a França superaram a China em número de mortes por Covid-19.

Os norte-americanos registra-ram 3.416 mortes até a tarde desta terça, e a França tem 3.523 mortes -o país europeu agora é o terceiro com mais óbitos, atrás da Itália (mais de 12 mil) e da Espanha (mais de 8.000).

A China, onde o surto de coronavírus começou no fim de 2019, tem 3.309 mortes até a data de hoje.

Segundo dados divulgados pela Universidade Johns Hopkins, os Estados Unidos passaram dos 177 mil casos e são o país com maior número de pessoas que contraíram a infecção. Em seguida vêm Itália (105 mil), Espanha (94 mil), China (82 mil), Alemanha (68 mil) e França (52 mil).

Praga aluga até 500 quartos para moradores de rua

Estados Unidos e França superam a China

INTERNACIONAL

Uma menina belga de 12 anos de idade se tornou a pessoa mais jovem a morrer na Europa por causa do novo coronavírus, informou nesta terça (31) o go-verno da Bélgica.

A menina teve febre por três dias e piorou subitamente, se-gundo Steven Van Gucht, que coordena a equipe científica de combate à pandemia no país. O teste para coronavírus deu posi-tivo. O governo não informou o nome da menina, a cidade em que ela estava nem se ela tinha outros problemas de saúde.

“Pessoas de todas as idades podem ter complicações, ainda que elas sejam mais raras entre os mais jovens. Cada caso preci-sa ser tratado individualmente”, afirmou Van Gucht.

Foi a primeira morte de uma criança na Bélgica desde que o

Covid-19 não escolhe idadeMenina belga de 12 anos é a vítima mais nova do vírus na Europa

Reprodução

Bélgica registra quase 12 mil casos confirmados, com um total de 513 vítimas

coronavírus foi detectado pela primeira vez, em 3 de fevereiro.

Até esta terça, a pessoa mais jovem a morrer na Europa por causa do vírus era Vitor Godhi-no, 14, de Porto, em Portugal, que morreu no domingo (29).

Na semana passada, Julie Alliot, 16, morreu em Paris.

Em quarentena há 15 dias, a Bélgica registra quase 12 mil ca-sos confirmados (11º maior nú-

mero no mundo) e 513 mortes (10º maior número no mundo).

Os hospitais belgas têm cerca de mil pacientes em unidades de tratamento intensivo, 786 deles em aparelhos de respiração. Se-gundo o centro belga de comba-te à pandemia, a taxa de ocupa-ção das UTIs é de cerca de 53%.

Os exemplos mostram que o vírus é perigoso para todas as idades, não só para os idosos.

Mundo passa de 800 mil casos confirmados do Covid-19

Luta espanhola

Denúncia grega

Números nada bons

O início das dores

O número total de ca-sos confirmados pelo co-ronavírus no mundo pas-sou de 800 mil, segundo a Universidade Johns Ho-pkins, nos EUA, que faz o monitoramento com dados oficiais de todos os países. São 803.313 infectados.

O país com mais ca-sos segue sendo os EUA, com 164.719 confirmados,

País registrou 849 mor-tes pelo vírus entre ontem e hoje, o maior número em 24 horas desde o início da pandemia, embora a por-centagem de aumento te-nha sido levemente menor que nos dias anteriores, diz o Ministério da Saúde.

A organização não go-vernamental Human Rights Watch acusou hoje as auto-ridades gregas de deterem arbitrariamente quase 2 mil migrantes em condições inaceitáveis, que podem potencializar o alastramento da pandemia de covid-19.

Fontes do governo me-tropolitano de Tóquio in-formam que na terça (31) mais 78 casos do corona-vírus foram confirmados na capital japonesa. Isso leva o total de infecções a 521, o mais alto entre todas as províncias do Japão.

O chefe da agência da Organização das Nações Unidas para Assuntos Hu-manitários disse nessa se-gunda-feira (30) que os 10 casos de covid-19 na Síria, bem como a morte provo-cada pela pandemia, são apenas “o topo do iceberg”.

segundo a última atuali-zação. Em seguida, vêm Itália (101.739), Espanha (94.417), China (82.276) e Alemanha (67.051).

Com esses números, a China, primeiro país a identificar o vírus e local do primeiro epicentro da do-ença, responde por pouco mais de 10% do número de infectados no mundo.

Reprodução

Dados são da universidade Johns Hopkins, nos Estados unidos

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Terça-feira, 31 de março de 2020 11INTERNACIONAL

O presidente argen-tino, Alberto Fernández, fez críticas a Jair Bolso-naro pois o presidente brasileiro se opõe à im-plementação de quaren-tena e outras medidas mais severas para conter o coronavírus.

Ele afirmou que “as declarações e ações de Bolsonaro levam a pen-sar que o país pode entrar numa mesma espiral que a Itália” e acrescentou que se preocupa muito com o fato de que países como o Brasil “não entendam a gravidade do problema”. Além de problemas sani-tários, a crise política no Brasil se agrava.

Um grupo de traba-lhadores migrantes foi “desinfetado” por pulve-rização na cidade de Ba-reilly, no estado indiano de Uttar Pradesh. Ontem, um grupo de migrantes que retornava a Bareilly, no norte da Índia, foi re-cebido com um “banho” forçado de desinfetante. Em vídeo divulgado pela imprensa local e que vi-ralizou nas redes sociais, veem-se três pessoas com equipamentos de prote-ção, pulverizando a solu-ção desinfetante - usada para limpar superficies, e ruas - diretamente num grupo de trabalhadores indianos.

O cardeal Angelo de Donatis, que comanda a diocese de Roma em nome do papa Francisco, foi contagiado pelo covid-19, anunciou a Igreja nesta se-gunda (30).

De Donatis, 66, é o sé-timo habitante do Vaticano a ter infecção confirmada. Segundo o jornal britânico Guardian, ele não teve con-tato recente com o pontí-fice. Nenhum dos outros seis casos têm proximidade com o papa.

O cardeal fez o teste para o coronavírus após sentir sintomas de gripe. Comuni-cado da diocese diz que ele tem febre, mas seu estado ge-ral é bom. Ele está internado em um hospital de Roma.

Desde o fechamento de fron-teiras e o cancelamento de voos em vários países, cerca de 8.600 brasileiros foram repatriados, segundo o Itamaraty. Mas 6.960 ainda não voltaram, segundo o levantamento do ministério.

Na Índia, quase 180 turistas distribuídos em 27 cidades bus-cam uma chance de voltar em meio a um rígido isolamento de-cretado pelo governo. Na Áfri-ca do Sul, 400 brasileiros ainda aguardam repatriação, de acordo com dados da embaixada.

Em Cuba, um grupo chegou a dormir no aeroporto e agora está retido em um hotel, tendo que pagar preços altos nas diá-rias, refeições e até para uso de internet. Em Portugal, há pes-soas que tiveram os voos cance-lados até três vezes e que estão pagando tarifas muito acima das

normais para conseguir voltar.No Peru, a maioria dos que

estavam em Cusco e Lima foram repatriados em voos comerciais ou da Força Aérea Brasileira. Mas aqueles que estavam em ci-

dades mais distantes ainda estão sem previsão de volta. No último dia 26, um grupo foi transferido de Arequipa para Lima e aguar-da informações sobre o retorno ao Brasil. Eles tentam remarcar

os voos de volta desde o último dia 15, quando o governo decre-tou o fechamento das fronteiras e a suspensão dos voos.

Enquanto isso, correm o ris-co de contrair o coronavírus em território estrangeiro, sem poder recorrer aos seguros de viagem, que não cobrem gastos de saú-de em casos de pandemia. Em duas cidades, turistas brasileiros foram impedidos de sair da hos-pedagem onde estão após um hóspede ter a doença.

É o caso do engenheiro Felipe Nähring, 31, que está em Arequi-pa e foi impedido de sair do hotel poucas horas antes de um ônibus enviado pela embaixada buscar os brasileiros de lá para Lima. “Fui surpreendido com diversos policiais e profissionais de saúde na porta do meu quarto colocan-do-me em quarentena”, conta.

Crítica ‘hermana’ a Bolsonaro

Boas-vindas nada desejáveis

Cardeal próximo do Papa é infectado

Milhões de pessoas de todo o mundo não conseguirão receber cuidados de saúde se contraírem o novo coronavírus por não terem nacionalidade, o que pode exa-cerbar a disseminação da doença, alertaram ativistas de direitos hu-manos nesta terça-feira (31).

Eles pediram que os países façam com que os apátridas pre-sentes em seus territórios pos-sam receber assistência médica gratuita e ajuda para se isolarem sem risco de prisão ou detenção.

Os ativistas disseram que não faz sentido os países adotarem medidas para combater a proli-feração da covid-19 entre pesso-as reconhecidas como cidadãs e permitir que a doença se alastre em outros locais.

“Nossos sistemas de saúde são todos baseados na nacionalidade.

Se você é apátrida, é invisível para o Estado, mas não é invisível para o vírus”, disse Joshua Castellino, diretor-executivo da Minority Rights Group International.

Alguns especialistas estimam que pode haver cerca de 15 mi-lhões de pessoas em todo o mundo que não são reconhecidas como cidadãs por nenhuma nação.

Muitas vezes, elas vivem à margem da sociedade, privadas de direitos básicos como cuidados de saúde, habitação e emprego.

Algumas das maiores po-pulações de apátridas estão em Mianmar, Costa do Marfim, Tai-lândia e República Dominicana.

Castellino disse que o proble-ma poderia ser particularmente grave na África, onde milhões de pessoas não têm documentos.

Ele disse que a pandemia

ressaltou a importância de “não deixar ninguém para trás” -- uma promessa feita por líderes mun-diais em 2015, quando acer-taram metas abrangentes para acabar com a pobreza, a desi-gualdade e outros males globais.

Agências humanitárias temem que um surto seja quase impossível de controlar em todo o planeta.

As pessoas se tornam apátridas devido a uma série de razões his-tóricas, sociais e legais complexas, como a migração, leis de cidadania falhas e discriminação étnica.

Melanie Khanna, chefe da seção de apátridas da agência de refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU), disse que os apátridas podem relutar em procurar serviços de saúde se ficarem doentes por medo de serem presos.

A luta da repatriação contra o vírus

Desamparo na pandemia

Cerca de sete mil brasileiros tentam voltar ao país, mas encontram dificuldades

Invisíveis para o Estado, apátridas sofrem no mundo

Reprodução

Fechamento de fronteiras e cancelamento de voos altera a normalidade

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12 Terça-feira, 31 de março de 2020ECONOMIA

CORREIO ECONÔMICO

A pandemia de corovírus atingiu em cheio o Airbnb. O fechamento de aeroportos e froneiras para deter o avanço do Covid-19 levou a empresa ir-landesa a anunciar uma medida emergencial para socorrer parte dos anfitriões que oferecem 7 milhões de anúncios de acomo-dações em 220 países. Reser-vas feitas até 14 de março, com check-in entre esta data e 31 de maio, e quer foram canceladas serão reembolsadas em 25% do valor a que teria direito pela po-lítica normal de cancelamento da plataforma em circunstâncias normais. Os pagamentos come-çam a ser feitos em abril.

- Esse custo será coberto in-

Airbnb sai em socorro de anfitriões

O desemprego no Brasil havia aumentado para 11,6% no trimes-tre encerrado em feve-reiro, o último antes da pandemia do corona-vírus se espalhar pelo país, segundo dados di-vulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (31). Durante a pandemia e o período de isolamento social, o IBGE está coletando os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) somente por telefone. Os dados de fevereiro mostram que o de-semprego atingia 12,3 milhões de desempregados, subindo para 11,6%. No trimestre terminado em novembro, eram 11,2%.

O aumento interrompeu dois trimestres seguidos de quedas significativas no desemprego, de acordo com o IBGE. Porém, o instituto destacou que é normal que, no início do ano, ocorra essa

Desemprego chega a 11,6%Dados do IBGE mostram que tendência vinha antes da pandemia

Arquivo

O aumento da taxa interrompe sequência de aumentos

interrupção, porque o fim do ano já mostrava uma trajetória de taxas declinantes.

- Não tínhamos visto essa re-versão em janeiro, no entanto, ela veio agora no mês de feverei-ro, provocada por uma queda na quantidade de pessoas ocupadas e um aumento na procura por trabalho - disse Adriana Beringuy, analista da pesquisa.

Segundo a pesquisadora, o aumento na desocupação foi pu-xado pelos setores de construção, administração pública e serviços domésticos, e não pelo comércio,

Taxação de grandes fortunas passa a ser debatida

Olho nos bancos Nova regra

Governo estuda novo saque do FGTS

A pandemia do coronaví-rus no Brasil ressuscitou no Congresso uma pauta antes restrita à esquerda, a de ta-xação de grandes fortunas, e ainda deslocou o foco dos parlamentares a outra potencial fonte de recursos para conter a crise: o lucro de empresas bilionárias.

Embora alguns proje-tos continuem tendo a di-gital da oposição começa a haver uma movimenta-ção de partidos de cen-

tro e independentes em defesa principalmente da aplicação do empréstimo compulsório de parte do lucro de empresas.

A adoção desse recurso está prevista na Constitui-ção, que diz que a União pode, mediante lei, instituir empréstimos compulsórios para atender a despesas extraordinárias decorren-tes de calamidade pública. É o caso da pandemia do Covid-19.

O prefeito de Salvador, ACM Neto, defendeu uma maior regulação dos ban-cos privados brasileiros. “É preciso tomar medidas du-ras contra os bancos priva-dos. Esses caras só fazem ganhar dinheiro, inclusive na crise. Está todo mundo se lascando e esses caras ganhando dinheiro. Não é possível”, protesta.

O governo publicou MP para flexibilizar as exi-gências de realização de assembleias por empre-sas durante o período da pandemia do novo coro-navírus. Companhias de sociedade anônima, que são fracionadas em ações, poderão adiar suas as-sembleias gerais por até sete meses.

Reprodução

A taxação de fortunas está no texto constitucional desde 1988

A nova rodada de liberação de recursos do FGTS pode permitir saques de aproximada-mente R$ 1 mil por con-ta. O valor ainda está em análise pela equipe

do ministro Paulo Gue-des (Economia), que criou um grupo para discutir medidas de es-tímulo econômico por causa da pandemia do coronavírus.

que tradicionalmente costuma demitir no co-meço do ano os tempo-rários contratados para o Natal.

No caso da constru-ção, o setor não susten-tou o movimento de recuperação que vinha apresentando no fim do ano passado. O serviço doméstico, por sua vez, está muito ligado ao

período de férias das famílias, com as dispensas das diaristas, já que muitas famílias viajam, interrom-pendo a demanda por esse serviço, segundo o IBGE.

A taxa de informalidade caiu de 41,1% para 40,6% na compa-ração com o trimestre anterior. Porém, ainda representa um to-tal de 38 milhões de informais no Brasil. Nesse grupo estão os trabalhadores sem carteira, traba-lhadores domésticos sem carteira, empregadores sem CNPJ, os con-ta própria sem CNPJ e trabalha-dores familiares auxiliares.

Custos com cancelamento de reservas serão cobertos por fundo

teiramente pelo Airbnb – afirma Brian Chesky, CEO da compa-nhia irlandesa, que anunciou a criação de um fundo de US$ 250 milhões para ajudar os anfitriões neste momento.

O Airbnb também criou outro fundo para ajuda aos Superhosts, os anfitriões mais bem avaliados

da plataforma, de US$ 10 milhões. A partir de abril, a empresa ofere-cerá um subsídio de até US$ 5 mil, sem necessi-dade de reembolso, aos super anfitriões que alu-gam suas próprias casas e precisam de ajuda para pagar aluguel ou hipote-ca, além de anfitriões de

Experiências de longa data.O Airbnb deixou de cobrar,

de anfitriões e hóspedes, todas as taxas de serviço relacionadas a cancelamentos relacionados ao Covid-19. Nesses casos, a plata-forma reembolsa as taxas ou for-nece um crédito de viagem em valor equivalente.

Divulgação

Airbnb pagará anfitriões por reservas canceladas

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Terça-feira, 31 de março de 2020 13CULTURA

CORREIO CULTURAL

O Centro Cultural Ban-co do Brasil, o CCBB, lidera o ranking das 20 exposições mais visitadas do mundo em 2019 elaborado pela revista The Art Newspaper e divul-gado nesta terça-feira (31). Com sedes em quatro capitais brasileiras, a instituição ocupa os três primeiros lugares da lista. Em primeiro e segundo lugar, está a sua mostra sobre o estúdio Dreamworks, que revelava em mais de 400 itens os bastidores de animações como “Shrek” (2001) e “Ma-dagascar” (2005).

Ela teve 663 mil visitan-tes no espaço do centro cul-tural no Rio de Janeiro, com uma média de 11.380 pesso-

as por dia, e 605 mil visitan-tes em Belo Horizonte, com uma média de 9.227 pessoas por dia.

Em terceiro lugar, com um total de quase 599 mil vi-sitantes e média de 9.172 pes-soas por dia, está “Raiz”, ex-posição do chinês Ai Weiwei exibida no CCBB carioca entre agosto e novembro do ano passado -em São Paulo, ela ocupou a Oca, no Parque Ibirapuera.

A mostra ainda é a indivi-dual mais visitada do plane-ta, superando os públicos de mostras do norueguês Edvard Munch e do austríaco Gustav Klimt no Museu de Arte Me-tropolitano de Tóquio.

A pandemia bagunçou com-pletamente os calendários cine-matográficos ao redor do mun-do. Diversos estúdios precisaram adiar as estreias programadas para o primeiro semestre diante do fe-chamento de salas de cinema.

A Sony anunciou que vai adiar todas as suas principais estreias do ano para 2021, in-clusive aquelas que estavam pro-gramadas para entrar em cartaz no segundo semestre. Perderam suas datas originais de lança-mento o infantil “Pedro Coe-lho 2: O Fugitivo”, que foi para 15 de janeiro, e os blockbusters “Ghostbusters - Mais Além” e “Morbius”, agora previstos para 5 de março e 19 de março, res-pectivamente.

CCBB lidera ranking mundial de público em exposições

Sony reformula sua agenda de lançamentos

Por Affonso Nunes Com 72 anos recém completados, o jornalista paulistano Ricardo Kotscho tornou-se compositor de forma acidental. O cantor e violonista Fred Demarca, um dos inte-grantes da banda carioca Pietá, lançou no YouTube um clipe apresentando a canção inédita “520 anos depois” cuja letra foi montada a partir de trechos de reportagens de Kotscho, um de nossos melhores profissionais de imprensa.

No vídeo, gravado de sua va-randa, o compositor aparece com o rosto pela pela metade, com o seu violão de sete cordas, cantando e tocando versos como “O Brasil vai sendo enterrado aos poucos / sem choro nem vela”. O primeiro registro sonoro da canção, resume o artista, remete ao momento pelo qual o mundo atravessa, com a crise sanitária do coronavírus, que puxa outras crises a reboque, como a po-lítica, a financeira e a existencial.

- Gostei demais dessa música!

Kotscho vira compositorMúsico lança canção com letra de veterano jornalista paulistano

Mônica Ramalho/Divulgação

Fred Demarca disse que textos de Kotscho puxaram uma melodia que estava pronta

A batida do violão me fez lembrar o velho Geraldo Vandré... Fiquei muito feliz de ouvir as minhas pa-lavras cantadas – reagiu Kotscho diante da primeira audição de “520 anos depois”.

- Leio as matérias do Kots-

Baco Exu do Blues resume em EP seus dias de quarentena

Globoplay faz 15 lançamentos em abril

Quieto é melhor Baixa no jazz

O rapper Baco Exu do Blues captou o sentimento da quarentena em um EP surpresa, só com faixas iné-ditas, lançado nesta segun-da-feira (30). Em “Não tem bacanal na quarentena”, ele recupera canções de amor e rimas sexuais pelas quais é conhecido e também fala sobre temas atuais.

Gravado em estúdio ca-seiro e em três dias, o EP exa-la espontaneidade e reflete as circunstâncias e o período em que foi feito. As nove faixas curtas soam mais como reu-nião despretensiosa de ideias do que uma obra fechada. É uma fotografia da mente do rapper numa época de isola-mento e crise na saúde.

Enquanto as produtoras cinematográficas não vêem saída da crise a curto prazo, as plataformas de streaming nadam de braçada em dias de quarentena. A Globoplay anunciou para abril a estreia de 15 produções. Destaque a série de comédia român-tica “Todas as mulheres do

mundo”, que homenageia a obra de Domingos Oliveira em 12 episódios, uma pro-dução original Globoplay. Seu lançamento será no dia 23 de abril, para casar com o aniversário de um ano da morte do artista, e terá Emi-lio Dantas, Sophie Charlotte e Lilia Cabral no elenco.

O empresário Rodrigo Branco perdeu uma valiosa chance de ficar calado. Em suas redes sociais, o guia turístico de personalidades fez pronunciamentos racis-tas sobre a apresentadora de TV Maju Coutinho e de Thelma, participantes do Big Brother. Pediu descul-pas, disse que falou por impulso, mas o racismo é assim mesmo. Brota de re-pente. Lamentável.

E o Covid-19 faz mais uma vítima nas artes. O trompetista de jazz Wallace Roney morreu nesta ter-ça-feira (31), aos 59 anos. Díscipulo do genial saxofo-nista Miles Davis com quem estudou entre 1985 e 1991, Roney apresentou-se várias vezes ao lado do professor e ídolo. O músico estava morando na cidade de Nova York, epicentro da pandemia nos Estados Unidos.

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Baco Exu gravou as nove faixas em três dias no estúdio de casa

cho quase que dia-riamente. Em uma delas, uma frase em especial me chamou a atenção e a músi-ca desceu na hora. Compus essa melo-dia no ano passado, e a cada passo dado desse desgoverno, essa canção me mar-tela o pensamento. Adicionei às pala-vras de Kotscho, as minhas, aliando assim o aspecto di-

dático de sua frase à esperança da poesia. Assim acredito e trabalho: a cantoria vencerá o medo! - ex-plica Fred Demarca, ao comentar o processo criativo nesta parceria involuntária com o veterano jor-nalista.

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14 Terça-feira, 31 de março de 2020COMPORTAMENTO

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Por Diogo Bercito (Folhapress)

Quais são as suas primeiras impressões desta pandemia? ACHILLE MBEMBE - Por enquanto, estou soterrado pela magnitude desta calamidade. O coronavírus é realmente uma calamidade e nos traz uma série de questões incômodas. Esse é um vírus que afeta nossa capaci-dade de respirar.

- E obriga governos e hos-

pitais a decidir quem conti-nuará respirando.

- Sim. A questão é encontrar uma maneira de garantir que todo indivíduo tenha como respirar. Essa deveria ser a nossa prioridade política. Parece-me, também, que o nosso medo do isolamento, da quarentena, está relacionado ao nosso temor de confrontar o nos-so próprio fim. Esse medo tem a ver com não sermos mais capazes de delegar a nossa própria morte a outras pessoas. - O isolamento social nos dá, de alguma manei-ra, um poder sobre a morte?

- Sim, um poder relativo. Podemos escapar da morte ou adiá-la. A contenção da morte é o cerne dessas políticas de confi-namento. Isso é um poder. Mas não é um poder absoluto porque depende das outras pessoas. - Depende de outras pessoas também se isolarem?

- Sim. Outra coisa é que muitas das pessoas que morre-ram até agora não tiveram tem-po de se despedir. Diversas delas foram incineradas ou enterradas imediatamente, sem demora. Como se fossem um lixo de que precisamos nos livrar o mais ra-pidamente possível. Essa lógica

‘Nossa história não está garantida’

de descarte ocorre justamente em um momento em que pre-cisamos, ao menos em tese, da nossa comunidade. E não existe comunidade sem podermos di-zer adeus àqueles que partiram, organizar funerais. A questão é: como criar comunidades em um momento de calamidade?

- Que sequelas a pandemia deixará na sociedade?

- A pandemia vai mudar a maneira com que lidamos com o nosso corpo. Nosso corpo se tornou uma ameaça para nós pró-prios. A segunda consequência é a transformação da maneira com que pensamos no futuro, nossa consciência do tempo. De repente, não sabemos como será o amanhã.

- Nosso corpo também é uma ameaça a outros, se não

ficarmos em casa.- Sim. Agora todos temos

o poder de matar. O poder de matar foi totalmente democra-tizado. O isolamento é preci-samente uma forma de regular esse poder. - Outro debate que evoca a necropolítica é a questão sobre qual deveria ser a prioridade política neste momento, salvar a economia ou salvar a população. O go-verno brasileiro tem acenado pela priorização do resgate da economia.

- Essa é a lógica do sacrifício que sempre esteve no coração do neoliberalismo, que deveríamos chamar de necroliberalismo. Esse sistema sempre operou com um aparato de cálculo. A ideia de que alguém vale mais do que os outros. Quem não tem valor pode ser descartado. A questão

ENTREVISTA / ACHILES MBEMBE, FILÓSOFO

O coronavírus está mudando a maneira com que pensamos sobre o corpo humano. Ele virou uma arma, diz o filósofo camaronês Achille Mbembe. Ao sair de casa, afinal, podemos contrair o vírus ou transmiti-lo a outras pessoas. Já há mais de 735 mil casos confirmados e 34 mil mortes no mundo.

– Agora todos temos o poder de matar. O isolamento é justamente uma forma de regular esse poder – argu-menta o pensador, conhecido por ter cunhado em 2003 o termo necropolítica. Ele investiga, em sua obra, a ma-neira com que governos decidem quem viverá e quem morrerá - e de que maneira viverão e morrerão.

Formado em história na Sorbonne e em ciência polí-tica no Instituto de Estudos Políticos, Mbembe lecionou nas universidades Columbia, Yale e Duke; é atualmente professor na Universidade de Witwatersrand, em Joha-nesburgo. Na última sexta-feira, a África do Sul registrou as primeiras mortes pelo coronavírus.

é o que fazer com aqueles que decidimos não ter valor. Essa pergunta, é claro, sempre afeta as mesmas raças, as mesmas clas-ses sociais e os mesmos gêneros. - Como na epidemia de HIV, em que governos demoraram a agir porque as vítimas estavam nas margens: negros, homos-sexuais, usuários de droga? - Na teoria, o coronavírus pode matar todo o mundo. Todos estão ameaçados. Mas uma coisa é estar confinado num subúrbio, numa segunda residência em uma área rural. Outra coisa é es-tar na linha de frente. Trabalhar num centro de saúde sem más-cara. Há uma escala em como os riscos são distribuídos hoje.

- Diversos presidentes têm se referido ao combate ao co-ronavírus como uma guerra.

A escolha de palavra impor-ta, neste momento? O senhor escreveu em sua obra que a guerra é um claro exercício de necropolítica.

- Existe dificuldade em dar um nome ao que está aconte-cendo no mundo. Não é apenas um vírus. Não saber o que está por vir é o que faz estados em todo o mundo retomar as anti-gas terminologias utilizadas nas guerras. Além disso, as pessoas estão recuando para dentro das fronteiras de seus estados-nação.

- Há um maior nacionalis-

mo durante esta pandemia?- Sim. As pessoas estão

retornando para o “chez-soi”, como dizem em francês. Para o seu lar. Como se morrer longe de casa fosse a pior coisa que po-deria acontecer na vida de uma pessoa. Fronteiras estão sendo fechadas. Não estou dizendo que elas deveriam ficar abertas. Mas governos respondem a esta pandemia com gestos naciona-listas, com esse imaginário da fronteira, do muro.

- Depois dessa crise, va-

mos voltar a como éramos an-tes?

- Da próxima vez, vamos ser golpeados de uma maneira ainda mais forte do que fomos nesta pandemia. A humanidade está em jogo. O que esta pande-mia revela, se a levarmos a sério, é que a nossa história aqui na terra não está garantida. Não há garantia de que vamos estar aqui para sempre. O fato de que é plausível que a vida continue sem a gente é a questão-chave deste século.

“ “A pandemia vai mudar a maneira com que lidamos com o nosso corpo. Nosso corpo se tornou uma ameaça para nós próprios”

Não existe comunidade sem podermos dizer adeus àqueles que partiram, organizar funerais”

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Terça-feira, 31 de março de 2020 15

1- Isolamento acelera recupe-ração econômica, conta Clau-dia Gasparini. Um novo estudo elaborado por economistas do Massachusetts Institute of Te-chonology (MIT) e do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) aponta que a imposição de medidas de iso-lamento social pode acelerar a recuperação da economia após o fim de uma pandemia. Os es-tudiosos analisaram experiência norte-americana durante e de-pois da gripe espanhola, entre 1918 e 1920. (...) (LinkedIn)

2- No Brasil e em outros paí-ses já há registros de pessoas que morreram em consequência da infecção pelo novo coronavírus, mesmo sem fazerem parte dos grupos com maior probabilida-de de apresentarem quadro gra-ve de Covid-19, a saber, idosos e portadores de doenças crônicas, autoimunes e transplantados. No país, uma análise do Centro de Controle de Doenças mos-trou que 38% das pessoas inter-nadas tinham menos de 55 anos. (...)(Folha de S. Paulo)

3- Casos de síndrome respira-tória explodem e indicam sub-notificação de coronavírus. O número de pessoas hospitaliza-das com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), compli-cação causada por infecções res-piratórias como a gripe comum e a Covid-19, dobrou nos três primeiros meses de 2020 quan-do comparado ao mesmo perío-do de 2019. Contudo, segundo o Ministério da Saúde, apenas 4% desses casos já foram confir-mados com o novo coronavírus, contam Ana Letícia Leão e Di-mitrius Dantas. O pico desse au-mento coincide com o aumento dos casos de coronavírus. Foram

10.335 hospitalizações por pro-blemas respiratórios em compa-ração a 3.122 no ano anterior. (...) (O Globo)

4- Autoridades da Organiza-ção Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da ONU, afir-maram nesta terça-feira, 31, que as medidas de isolamento social são as mais adequadas para re-duzir o avanço da pandemia do novo coronavírus, que já atinge 823 mil pessoas em 177 países, com 39 mil mortes. Na região das Américas, há 163.068 ca-sos confirmados e 2.836 mor-tes, segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins, escreve Paulo Paulo Beraldo. (...) (O Estado de S. Paulo) 5 - Aumento do preço de remé-dios está suspenso por 60 dias, anuncia o ministro Paulo Gue-des (Economia) em entrevista nesta terça-feira. Brasil já conta com 201 mortos e 5717 casos de coronavírus.

6- Isolamento social é respei-tado por 60% dos brasileiros, indica software. Dado a partir da geolocalização, escreve Sabri-na Freire. Checa onde medida é

descumprida. 15 Estados usam a tecnologia. Criado pela Inloco, o software consegue mapear o comportamento de 1 indivíduo por meio de sinais de dispositi-vos de rede sem fio conectado a celulares. Os dados mostram que a média nacional de pessoas que têm cumprido o isolamento é de 60%. (...) (Poder360)

7- Deputada bolsonarista de-fende medidas de isolamento e diz não ser a hora de fazer car-reata contra quarentena, reporta Carolina Linhares. A deputada Carla Zambelli (PSL-SP), 39, diz que Bolsonaro tem proble-ma de comunicação, mas não de responsabilidade. Para Zambelli, Bolsonaro não está confrontan-do seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Ela defen-de o fechamento de escolas e igrejas e condena as carreatas que pedem reabertura de estabeleci-mentos.(...) (Folha de S. Paulo)

8- Einstein e Sírio já tiveram 452 afastados por coronaví-rus. Profissionais, de médicos a empregados da limpeza, são suspeitos ou foram infectados pelo novo coronavírus; parte

já voltou ao trabalho, escreve Pablo Pereira. Um levantamento do Sindicato dos Servidores de São Paulo, com dados do Diá-rio Oficial da Cidade, aponta que houve 1.080 afastamentos na rede pública por suspeita de contaminação. (...) (O Estado de S. Paulo)

9- Economista Raul Velloso: R$ 600 por 3 meses é pouco, de-veria ser R$ 1.000 por um ano. “Já que é para fazer, faz algo que se saiba com mais segurança que vai servir para manter aquelas pessoas com o mínimo de liqui-dez no bolso”, defende o econo-mista. (...) (UOL)

10- Segurança de funcionário é prioridade; Magazine Luiza an-tecipa projeto e abre plataforma a pequenos varejistas. A pande-mia de coronavírus fez o grupo antecipar um projeto, Parceiro Magalu, que estava em gestação e vai incluir milhões de vendedo-res, pessoas físicas ou pequenos varejistas, em seu site de vendas, afirma Frederico Trajano, presi-dente da empresa. Reabertura? “Nossa posição hoje é aguardar até garantir que protocolos de

segurança e saúde de trabalhado-res e clientes estejam aderentes e estejamos confortáveis com eles”. (...) (Folha de S. Paulo 11- In-vestigação sobre filho de Lula vai para vara de juiz anti-Lava Jato e favorável à defesa do petista. Sílvio Luís Ferreira da Rocha diz não haver ‘prova irrefutável’ con-tra ex-presidente no caso tríplex, reportam Felipe Bächtold e José Marques. A 69ª fase da Lava Jato, batizada de “Mapa da Mina” tem como principal alvo Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do ex-presidente e sócio da Ga-mecorp, empresa que recebeu R$ 83 milhões da Oi de 2004 a 2016. (...) (Folha de S. Paulo)

12- Golpe militar - Ministério da Defesa divulga ordem do dia de 31 de março e diz que 1964 é “marco para a democracia”. Golpe militar completa 56 anos nesta terça-feira (31). Na ditadu-ra (1964-1985), Congresso foi fechado e houve perseguição a opositores, com torturas e mor-tes, e censura à imprensa, escre-vem Filipe Matoso e Guilherme Mazui. Segundo relatório final da Comissão Nacional da Ver-dade 434 pessoas foram mortas ou desapareceram no regime mi-litar; 377 pessoas foram respon-sáveis pelas práticas de tortura e assassinato. (...) (G1)

Aumento do preço de remédios está suspenso por 60 dias

(*) José Aparecido Miguel, jornalista, diretor da Mais

Comunicação-SP (http://www.maiscom.com), trabalhou

em todos os grandes jornais brasileiro - e em todas as mídias. Foi editor-executivo do Jornal do

Brasil, no Rio, de 2007 a 2009. (http://www.outraspaginas.com.

br) E-mail - [email protected]

OUTRAS PÁGINAS NO BRASIL E NO MUNDOJOSÉ APARECIDO MIGUEL (*)

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