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RIQUEZA E MISÉRIA DO TRABALHO NO
BRASIL Coleção:* Mundo do Trabalho Organizador:* Ricardo Antunes Autores:* István Mészáros, Luciano Vasapollo, Márcio Pochmann, Geraldo Augusto Pinto, Paula Regina Pereira Marcelino, Eurenice Lima, Fabiane Santana Previtalli, Luci Praun, Ada Ávila Assunção, Nise Jinkings, Jair Batista da Silva, Simone Wolff, Sávio Cavalcante, Claudia Mazzei Nogueira, Juliana Coli, Liliana Rolfsen Petrilli Segnini, Isabella Jinkings, Elaine Regina Aguiar Amorim, Vera Navarro, Maria Aparecida Alves, Maria Augusta Tavares, Ariovaldo de Oliveira Santos, Giovanni Alves, José dos Santos Souza, Ricardo Antunes *Páginas:* 528 *ISBN: *85-7559-083-9 *Editora*: Boitempo
Debate: Trabalho, cultura e política: Os dilemas da América Latina e do Brasil no século XXI. Chico de Oliveira Ricardo Antunes Wilson Cano Afrânio Mendes Catani Gilberto Maringoni ORELHA DE FRANCISCO DE OLIVEIRA PARA RIQUEZA E MISÉRIA DO TRABALHO NO BRASIL
"O título diz tudo: Riqueza e miséria do trabalho
no Brasil. Ricardo Antunes reuniu uma grande
equipe, formada por seus orientandos em
doutorado e mestrado no Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas da Unicamp, colaboradores
de outras instituições de docência e pesquisa, e
ainda um gigante como István Mészáros, para
dar conta do novo e renovado estatuto do
trabalho no Brasil. Um empreendimento de
fôlego e uma publicação primorosa, em que seus
colaboradores aparecem em sua plena qualidade
e não como "auxiliares de pesquisa", costume
muito vigente nas instituições acadêmicas e não-
acadêmicas. Este livro não é, portanto, apenas a
melhor referência de hoje sobre o tema, mas um
documento que deveria ser paradigmático para
todo trabalho coletivo na pesquisa científica.
Não é preciso descrevê-lo, porque basta que os
leitores examinem o sumário para que se dêem
conta da abrangência, da profundidade e da
atualidade do conjunto. A questão do trabalho
continua sendo a mais importante no capitalismo
contemporâneo, apesar do que proclamam os
arautos de um capitalismo canibalesco
completamente desorganizado, da perda de sua
centralidade, substituída por redes, técnica,
ciência e comunicação; e apesar dos próprios
cientistas sociais e filósofos que disseram "adeus
ao trabalho". Então por que as burguesias e os
Estados tentam – e vêm obtendo êxito em vários
aspectos – desqualificar o trabalhador, demiti-lo
aos milhões, reestruturar atividades para melhor
explorar, combater as organizações de classe e
os partidos políticos das esquerdas que se
mantêm na luta para transformar o trabalho de
opressão em liberdade, cumprindo a velha
promessa da modernidade?
Aqui se resgata a verdadeira centralidade do
trabalho, na velha lição de Marx, que ademais
aprofundava o que já houvera sido anunciado
desde os filósofos da Antiguidade clássica: os
homens, e sua sociedade, são reciprocamente
determinantes e determinados pelo trabalho.
Não restará nenhuma dúvida depois do exame
minucioso, que repassa desde velhas ocupações
fabris até aquelas criadas pelas novas técnicas e
as do trabalho chamado "imaterial", como os
produtores e trabalhadores da música dita
erudita; a pesquisa foi a campo, desceu aos
infernos onde velhas e novas formas de
exploração se juntam para manter submisso o
trabalhador e fetichizar o
produto do seu trabalho. Um marxismo – o
campo teórico privilegiado para estudar o
trabalho – que não teme o empírico, que não se
contenta com os enunciados e pressupostos,
mas volta a eles depois de confrontá-los com a
experiência para lograr uma nova síntese à
altura das novas complexidades e das urgências
da transformação. Este exame não reifica o
trabalho: ele será desnecessário, ou passará do
estatuto da necessidade para o reino da
liberdade, exatamente quando a sociedade for
capaz de eliminá-lo como o meio por excelência
da exploração, da usurpação e da dominação e
conservar e ampliar indefinidamente sua
qualidade de labor, de criação.
O trabalho liberta. Essa curta e terrível frase,
que constava nas entradas dos campos de
concentração nazistas, encontrou ali sua mais
horrenda verdade: o capitalismo primeiro
aprisiona, explora e mata; quando os
trabalhadores e outros setores da sociedade
tomam em suas mãos as rédeas que fazem a
iniqüidade, então o trabalho liberta. Ricardo
Antunes e os demais autores deste livro
demonstram aqui, à saciedade, como se dão tais
processos no Brasil de hoje; o porquê do
fracasso das políticas neoliberais e da
capitulação das forças políticas que um dia se
opuseram à exploração capitalista; como se dá a
destruição das organizações que os
trabalhadores
criaram para fazer frente ao seu temível
adversário, o capital; como essas organizações
são cooptadas, anulando a promessa da
transformação. E as potencialidades para a
transformação da prisão em liberdade, dadas
também pelos homens e mulheres que
trabalham. Esse Prometeu acorrentado que, ao
romper os grilhões da necessidade, eliminar-se-á
a si mesmo ao libertar a humanidade. Salve
Ricardo e seus amigos-colaboradores. O Brasil,
os trabalhadores e as ciências sociais vos
agradecem. "
Francisco de Oliveira
SUMÁRIO PARTE I: A EXPLOSÃO DO DESEMPREGO E AS DISTINTAS MODALIDADES DE PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO* 1. A ERA DA INFORMATIZAÇÃO E A ÉPOCA DA INFORMALIZAÇÃO: RIQUEZA E MISÉRIA DO TRABALHO NO BRASIL Ricardo Antunes 2. DESEMPREGO E PRECARIZAÇÃO: UM GRANDE DESAFIO PARA A ESQUERDA István Mészáros 3. O TRABALHO ATÍPICO E A PRECARIEDADE: ELEMENTO ESTRATÉGICO DETERMINANTE DO CAPITAL NO PARADIGMA PÓS-FORDISTA Luciano Vasapollo 4. DESEMPREGADOS DO BRASIL Márcio Pochmann
PARTE II: AS FORMAS DIFERENCIADAS DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA DO CAPITAL E A NOVA MORFOLOGIA DO TRABALHO 5. UMA INTRODUÇÃO À INDÚSTRIA AUTOMOTIVA NO BRASIL Geraldo Augusto Pinto 6. HONDA: TERCEIRIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO – A OUTRA FACE DO TOYOTISMO Paula Regina Pereira Marcelino 7. TOYOTA: A INSPIRAÇÃO JAPONESA E OS CAMINHOS DO CONSENTIMENTO Eurenice Lima 8. O CASO MERCEDES-BENZ: ABC E CAMPINAS Fabiane Santana Previtalli 9. A REESTRUTURAÇÃO NEGOCIADA NA VOLKSWAGEN: SÃO BERNARDO DO CAMPO Luci Praun 10. CICLOS CURTOS E REPETITIVOS DE TRABALHO: O CASO DE UMA FÁBRICA DE METAIS Ada Ávila Assunção 11.A REESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO NOS BANCOS Nise Jinkings 12.A FACE PRIVADA DE UM BANCO PÚBLICO: OS EXPERIMENTOS FLEXÍVEIS NO BANCO DO BRASIL Jair Batista da Silva 13.O MUNDO VIRTUAL E REIFICADO DAS TELECOMUNICAÇÕES: O CASO SERCOMTEL Simone Wolff e Sávio Cavalcante 14.A FEMINIZAÇÃO DO TRABALHO NO MUNDO DO TELEMARKETING Claudia Mazzei Nogueira 15.A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO IMATERIAL: O CASO DO CANTOR DO
ESPETÁCULO LÍRICO Juliana Coli 16. ACORDES DISSONANTES: ASSALARIAMENTO E RELAÇÕES DE GÊNERO EM ORQUESTRAS Liliana Rolfsen Petrilli Segnini 17. PRODUÇÃO E DESREGULAMENTAÇÃO NA INDÚSTRIA TÊXTIL E DE CONFECÇÃO Isabella Jinkings e Elaine Regina Aguiar Amorim 18.A INDÚSTRIA DE CALÇADOS NO TURBILHÃO DA REESTRUTURAÇÃO Vera Navarro 19. A DUPLA FACE DA INFORMALIDADE DO TRABALHO: "AUTONOMIA" OU PRECARIZAÇÃO Maria Aparecida Alves e Maria Augusta Tavares
PARTE III: DIMENSÕES DA CRISE DO SINDICALISMO - CAMINHOS E DESCAMINHOS 20. A NOVA CRISE DO SINDICALISMO INTERNACIONAL Ariovaldo de Oliveira Santos 21. TRABALHO E SINDICALISMO NO BRASIL DOS ANOS 2000: DILEMAS DA ERA NEOLIBERAL Giovanni Alves 22.OS DESCAMINHOS DAS POLÍTICAS DE FORMAÇÃO/QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL: A AÇÃO DOS SINDICATOS NO BRASIL RECENTE José dos Santos Souza 23. CONSTRUÇÃO E DESCONSTRUÇÃO DA LEGISLAÇÃO SOCIAL NO BRASIL Ricardo Antunes