RIQUEZA E SOCIEDADE NA COMARCA DE ARACAJU: UM ESTUDO SOBRE A DINÂMICA SOCIAL … · 2017-02-07 ·...

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1 RIQUEZA E SOCIEDADE NA COMARCA DE ARACAJU: UM ESTUDO SOBRE A DINÂMICA SOCIAL DA ELITE SERGIPANA (1855-1889) Bruna Morrana dos Santos 1 A partir de meados do século XIX, as profundas transformações que provocaram o desenvolvimento da sociedade urbano-industrial estavam ligadas às novas exigências do capitalismo. No contexto nacional, o fim das rebeliões que eclodiram durante o período regencial e as transformações sociais e político-econômicas processadas no país durante o chamado Gabinete de Conciliação, contribuíram para a consolidação do sistema centralizado. Economicamente, foi durante este período de estabilidade política que o Brasil vivenciou uma fase de modernização, desenvolvimento da urbanização e consequentemente, o aparecimento de diferentes camadas urbanas. Ao fazer uma síntese da evolução econômica do Império, Caio Prado Júnior assegurou que “o Brasil inaugurava-se num novo plano que desconhecera no passado, e nascia para a vida moderna de atividades financeiras”. 2 Nesse conjunto de circunstâncias, oficializou-se através da Resolução de 17 de março de 1855, a mudança da capital da província de São Cristóvão para Aracaju. Tal acontecimento, promovido pela elite política, gerou uma discussão historiográfica profícua a respeito de quem teria sido o mentor da ideia da transferência: o presidente da província Inácio Joaquim Barbosa ou João Gomes de Melo, o Barão de Maruim? Por enquanto, não vamos nos aprofundar nessas querelas. Apesar de encontrarmos registros nas fontes e na historiografia, deve-se evitar fazer generalizações no que diz respeito à vinda “forçada” dos funcionários públicos e das famílias tradicionais para uma cidade em situação precária. Embora na época Aracaju estivesse aquém de outros centros urbanos como Laranjeiras e Maruim, é evidente que houve um interesse dessas pessoas, seja econômico ou político, em migrar para a nova capital que estava se formando. Nas palavras de Maria da Glória Santana de Almeida, aos poucos Aracaju passou a abrigar “os mais importantes prédios públicos, a rua do comércio, a praça dos comícios e das 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Sergipe UFS, sob a orientação do Prof. Dr. Augusto da Silva. Professora de História do Ensino Fundamental e Médio na Rede Pública Estadual de Sergipe - SEED/SE. E-mail: [email protected] 2 JÚNIOR, Caio Prado. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 193.

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RIQUEZA E SOCIEDADE NA COMARCA DE ARACAJU: UM ESTUDO SOBRE A

DINÂMICA SOCIAL DA ELITE SERGIPANA (1855-1889)

Bruna Morrana dos Santos1

A partir de meados do século XIX, as profundas transformações que provocaram o

desenvolvimento da sociedade urbano-industrial estavam ligadas às novas exigências do

capitalismo. No contexto nacional, o fim das rebeliões que eclodiram durante o período

regencial e as transformações sociais e político-econômicas processadas no país durante o

chamado Gabinete de Conciliação, contribuíram para a consolidação do sistema centralizado.

Economicamente, foi durante este período de estabilidade política que o Brasil vivenciou uma

fase de modernização, desenvolvimento da urbanização e consequentemente, o aparecimento

de diferentes camadas urbanas. Ao fazer uma síntese da evolução econômica do Império, Caio

Prado Júnior assegurou que “o Brasil inaugurava-se num novo plano que desconhecera no

passado, e nascia para a vida moderna de atividades financeiras”.2

Nesse conjunto de circunstâncias, oficializou-se através da Resolução de 17 de março

de 1855, a mudança da capital da província de São Cristóvão para Aracaju. Tal acontecimento,

promovido pela elite política, gerou uma discussão historiográfica profícua a respeito de quem

teria sido o mentor da ideia da transferência: o presidente da província Inácio Joaquim Barbosa

ou João Gomes de Melo, o Barão de Maruim? Por enquanto, não vamos nos aprofundar nessas

querelas. Apesar de encontrarmos registros nas fontes e na historiografia, deve-se evitar fazer

generalizações no que diz respeito à vinda “forçada” dos funcionários públicos e das famílias

tradicionais para uma cidade em situação precária. Embora na época Aracaju estivesse aquém

de outros centros urbanos como Laranjeiras e Maruim, é evidente que houve um interesse

dessas pessoas, seja econômico ou político, em migrar para a nova capital que estava se

formando. Nas palavras de Maria da Glória Santana de Almeida, aos poucos Aracaju passou a

abrigar “os mais importantes prédios públicos, a rua do comércio, a praça dos comícios e das

1Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Sergipe – UFS, sob a

orientação do Prof. Dr. Augusto da Silva. Professora de História do Ensino Fundamental e Médio na Rede Pública

Estadual de Sergipe - SEED/SE. E-mail: [email protected] 2JÚNIOR, Caio Prado. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 193.

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retretas as oficinas de objetos e as lojas de comércio. Fábricas de fundição de ferro, de sabão,

de tecidos. Lojas atacadistas. Templos”.3

Grosso modo, o objetivo central da pesquisa é estudar a composição social e econômica

da elite da Comarca de Aracaju e as suas estratégias de reprodução da riqueza. Pretende-se,

mais especificamente, determinar o nível de riqueza do grupo social dominante, inferir como

estavam situados socialmente os indivíduos ligados pelos laços de compadrio e matrimônio e,

ao mesmo tempo, investigar como se deu o deslocamento da elite sergipana da região do Vale

do Cotinguiba para Aracaju.

Ao longo deste artigo apontaremos traços da trajetória social de indivíduos que viveram

em Aracaju dentro do recorte cronológico estudado (1855-1889). Essa metodologia foi

introduzida pela autora italiana Simona Cerutti (1998) na sua análise sobre a história das

corporações em Turim no século XVII. Distinguindo-se da tradição social francesa e da

abordagem thompsiana, que privilegiam a análise macro-histórica, Cerutti reduz a escala de

análise para explicar os fenômenos históricos. Buscando escapar das críticas às classificações

baseadas nos níveis de riqueza ou de renda, sugere a alternativa de reconstruir grupos sociais a

partir das relações que ligam os indivíduos. A proposta da autora é muito frutífera para a análise

dos membros da elite, pois permite “verificar como um certo número de indivíduos,

frequentemente muito diferentes uns dos outros, podiam viver juntos dentro de uma mesma

instituição”4.

Para atingir os objetivos propostos, a pesquisa está sendo desenvolvida a partir de um

lastro documental composto por inventários, testamentos, fontes paroquiais, jornais, e

processos judiciais. Durante a fase de tratamento inicial, o trabalho quantitativo está sendo feito

através da construção de tabelas de números onde estão sendo dispostos os dados obtidos com

o cruzamento das fontes.

O sociólogo Pierre Bourdieu assinala que, a fim de se manter na estrutura social ou

aumentar a sua posição, os agentes utilizam-se de estratégias de reprodução que podem ser

definidas como “conjunto de práticas, do ponto de vista fenomenológico, bastante diferentes,

3 ALMEIDA, Maria da Glória Santana. Sergipe: fundamentos de uma economia dependente. Petrópolis: Editora

Vozes, 1984, p. 225. 4 CERUTTI, Simona. Processo e experiência: indivíduos, grupos e identidades em Turim no século XVII. In:

Jogos de escalas: a experiência da microanálise. Rio de Janeiro: FGV, 1998, p. 198.

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pelas quais os indivíduos ou as famílias tendem inconsciente e conscientemente, a conservar ou

aumentar o seu patrimônio [...]”5 No entanto, tais estratégias dependem do volume e estrutura

do capital a ser reproduzido. Por isso, as famílias da elite estreitavam os laços de solidariedade

através dos batismos e dos casamentos, sacramentos sancionados pela Igreja Católica.6 Por

exemplo, em 31 de julho de 1859 na Matriz de São Salvador do Aracajú, o comerciante e oficial

da Guarda Nacional José Teixeira da Cunha, batizou Maria, filha de Dionísio Pereira Rabello

e Maria Violante Carneiro de Leão:

Aos trinta e um dias do mez de Julho do anno de mil oitocentos e cincoenta e

nove nesta Matriz de São Salvador da Cidade de Aracajú o Reverendo Vigario

Elizario Vieira Muniz Telles Baptizou e põs os Santos oleos á Maria, branca

com idade de dois mezes, filha legitima do Capitão Dionizio Pereira Rabello,

e Dona Maria Violante Carneiro Leão, forão Padrinhos o Capitão Jozé

Teixeira da Cunha, e Dona Jozefina Le Roi: do que para constar mandei fazer

este assento, em que me assigno: Nada mais se continha no referido assento,

que finalmente copiei, e me assigno.7

A partir de então, estava firmado o laço entre José Teixeira da Cunha e o também

Capitão Dionísio Pereira Rabello, que na época do batismo atuava como oficial da Secretaria

da Tesouraria Provincial. Como nesse período não existia registro civil no Brasil, o batismo

representava uma espécie de certidão de nascimento da criança.

José Teixeira da Cunha, filho legítimo de José Teixeira da Cunha e Dona Josepha de

São José da Silveira, nasceu na cidade de Angra8 em Portugal, no início do século XIX

(aproximadamente em 1802 ou 1803). Foi batizado na Freguesia de Nossa Senhora da

Conceição dos Clerigos, na mesma cidade de Angra. Em seu testamento, Cunha relatou como

e quando foi a sua chegada ao Brasil:

Declaro que vim como já dice, este Imperio do Brazil, tendo desenove para

vinte anos de idade, no anno de mil oito centos e vinte e dois, para a

Companhia de meu Irmão Joaquim Pereira da Cunha, que então se achava na

cidade da Bahia, mas que faleceu na cidade de Estancia desta Provincia de

Sergipe d’ElRei.9

5 BOURDIEU, Pierre. A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: Edusp; Porto Alegre, RS: Zouk, 2008,

p. 122. 6 Durante o período estudado, a Igreja sergipana ainda estava subordinada à Arquidiocese da Bahia e só no ano de

1912 foi criada a Diocese de Aracaju. 7 Inventário de José Teixeira da Cunha, AGJES, Fundo: Aracaju, Cartório do 2º Ofício, cx. 2323, nº 222, p. 204. 8 O nome da cidade é Angra do Heroísmo localizada no arquipélago dos Açores em Portugal. 9 Inventário de José Teixeira da Cunha, AGJES, Fundo: Aracaju, Cartório do 2º Ofício, cx. 2323, nº 222, p. 204.

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Mais tarde, residindo em Laranjeiras, casou-se sob as bênçãos da Igreja Católica com

Delmira Rosa da Silveira, filha de um major. Dessa união nasceram dois filhos: Maria Teixeira

da Cunha e Nicolau Teixeira da Cunha. A filha mais velha de Cunha contraiu primeiras núpcias

com Antonio Alfonso Ribeiro. Não tendo filhos com o primeiro cônjuge, Maria Teixeira da

Cunha casou-se outra vez e foi morar com o seu segundo marido, Francisco Pereira Novaes, na

província da Bahia, um dos principais centros comerciais do Império.

O outro filho do capitão, Nicolau Teixeira da Cunha, morava na cidade de Laranjeiras

onde seu pai possuía oito casas, dentre elas a que estava instalada a loja. Segundo Maria da

Glória Santana de Almeida, “até o final do século, as casas de exportação estrangeiras se

estabeleceram nas cidades de Maruim e Laranjeiras, então os mais importantes centros

comerciais e financeiros da província.”10. No testamento, José Teixeira da Cunha apontou que

após o seu falecimento, estas oito propriedades ficariam em posse da sua cunhada:

Declaro que deixo a minha cunhada Dona Maria dos Anjos e Sousa oito

moradinhas de cazas terreas de taipa e telha, sitas nesta cidade, sendo três na

rua do meio juntas humas as outras, duas na rua do Cangaleixo, também

unidas huma a outra, duas nas [?] destas, e huma no bêco do Bistão.11

Em 1855, ano da mudança da capital de São Cristóvão para Aracaju, José Teixeira da

Cunha já possuía uma casa de palha na Rua da Aurora, considerada o coração da cidade. No

Correio Sergipense de 27 de junho de 1855, foi publicada uma notícia a respeito de um

arrombamento realizado na casa do negociante:

Ao amanhecer do dia 25 do corrente foi achada a parede da pequena casinhola

coberta de palha em que atualmente rezide nesta Cidade o Sr. José Teixeira da

Cunha, rico negociante de Laranjeiras; por esse arrombamento abrirão a porta

de detraz, e roubarão huns vinte e tantos mil réis em cobre, diversos papeis de

pouca importância, julgando talvez, ser letras ou créditos de valor e deixando

tudo o mais intacto os generozos rateiros, que se suppoem ser algum fingido

camarada que a titulo de patrício visita e sabe dos cantos da casa d’aquelle

negociante.12

Ter uma casa naquela rua era um privilégio desfrutado apenas pelos mais abastados

como José Teixeira da Cunha, homem de posses e que tinha muitos negócios na nova capital

da província, inclusive uma sociedade com Joaquim da Silva Passos.

10 DINIZ, Diana Maria de Faro Leal (Coord.) Textos para a História de Sergipe. 2. ed. São Cristóvão: Editora

UFS; Aracaju: IHGSE, 2013, p. 141. 11 Inventário de José Teixeira da Cunha, AGJES, Fundo: Aracaju, Cartório do 2º Ofício, cx. 2323, nº 222, p. 15. 12 Correio Sergipense, 27 de Junho de 1855, nº 32, p. 02.

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Já viúvo, José Teixeira passou os últimos momentos de vida em Laranjeiras na sua casa

localizada à rua direita do comércio. Falecido13 em 11 de novembro de 1861, deixou registrado

no testamento que uma de suas últimas vontades era a doação da quantia de cinquenta mil réis

para suas afilhadas e vinte cinco mil réis para os afilhados, desde que apresentassem antes da

partilha dos bens, a certidão que comprovasse o apadrinhamento. Desse modo, o seu compadre

Dionísio Pereira Rabello, visando a garantia do valor deixado para a sua filha, entrou com uma

petição destinada ao Juiz municipal de Órfãos em fevereiro de 1862:

Diz Dionizio Pereira Rabello, que tendo o finado Capitão José Teixeira da

Cunha em uma das verbas de suas disposições testamentarias deixado a

quantia de cincoenta mil reis a cada uma de suas afilhadas, que se mostrasse

competentemente habilitada com certidão de Baptismo em cujo numero se

acha Maria da Solidade Rabello Leite, filha legítima do Sppe., como prova

com a Certidão junta requer a VSa que se sirva por seo respeitavel despacho

mandar juntar aos autos de Inventario que se está procedendo pa este juizo dos

bens deixados pelo dito finado a fim de na partilha ser contemplada a dita sua

filha nestes tro14

Algum tempo depois, em agosto de 1862, Francisco Pereira Novais, genro de José

Teixeira da Cunha, também solicitou a parte da sua filha Silvana, que além de neta, foi batizada

pelo capitão no ano de 1855:

Aos vinte oito de janeiro de mil oito centos e cincoenta e cinco baptisei

solenimmene e pus os Santos Oleos a Silvana, branca, nascida a quatorze de

Dezembro pp, filha legitima de Francisco Pereira Novaes, e D. Maria Teixeira

da Cunha: forão padr.os Jose Teixeira da Cunha, viúvo, d’esta Freg.a, e pos a

corôa de N. Snr Nicolão Teixeira da Cunha, soltr.o da Freg.a do Coração de [?]

das Laranjeiras: do q’ mdei faser este assento, que assignei Conego Francisco

Per.a de Sousa, Vigro Collo. 15

Assim como os casos citados anteriormente, vários outros representantes de afilhados

(as) do capitão apresentaram certidões que comprovaram o laço estabelecido na pia batismal.

A partir dessas informações contidas no testamento de José Teixeira da Cunha, podemos

identificar os lugares por onde ele passava e mantinha relações.

13 A respeito disso, constatou-se que as informações não convergem, pois Sebrão Sobrinho na obra Laudas para a

História de Aracaju (1954) nos faz entender que o negociante voltou rico para Portugal e, no entanto, as fontes até

aqui consultadas não fazem menção ao retorno José Teixeira da Cunha ao seu país de origem. 14 Inventário de José Teixeira da Cunha, AGJES, Fundo: Aracaju, Cartório do 2º Ofício, cx. 2323, nº 222, p. 202,

17/12/1861. 15 Inventário de José Teixeira da Cunha, AGJES, Fundo: Aracaju, Cartório do 2º Ofício, cx. 2323, nº 222, p. 126,

17/12/1861.

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Depois de resolvido o conflito de jurisdição entre o juiz de órfãos de Laranjeiras e o juiz

de órfãos de Aracaju, coube ao juízo da capital, por decisão superior do Tribunal da Relação do

Distrito, a tramitação do processo de inventário post-mortem de José Teixeira da Cunha. Para

inventariante e testamenteiro foi nomeado em primeiro lugar o Major Agostinho José Ribeiro

Guimarães.

Um fato interessante é que na década de 1860, o nome de José Teixeira da Cunha foi

incluído pelo periódico oficial Correio Sergipense na lista “dos mais ricos proprietários e

negociantes da Provincia convocados por Sua Excellencia o Sr. Presidente da Provincia para se

reunirem em Palacio – no dia 24 de setembro para tratarem da recepção de Suas Magestades

Imperiais”.16 De acordo com o inventário, entre os bens do capitão estavam: móveis (cômoda

de jacarandá, mesa de jantar, cadeiras), oratório, portadas de madeira branca, tijolos, esteios de

aroeira, porção de pedra de alvenaria, dois escravos, e bens de raiz (terrenos e casas). Como já

foi mencionado, José Teixeira da Cunha possuía várias casas em Aracaju e Laranjeiras. Todos

os bens avaliados correspondem ao monte-mor de setenta e dois contos setecentos e vinte cinco

mil e setenta e um réis (72:725$071). Subtraindo os custos e as dívidas (9:869$317), o valor

líquido partilhável foi de sessenta e dois contos oitocentos e cinquenta e cinco mil setecentos e

cinquenta e quatro réis (62:855$754).

Durante o processo de divisão dos bens, ocorrido em 1862, os herdeiros beneficiados

foram Nicolau Teixeira da Cunha, de 17 anos e a neta órfã de pai e mãe, Silvana Leocadia

Novaes, que representou Maria Teixeira da Cunha. Cada um deles recebeu a quantia de

20:951$918 réis.

Em caso de falta dos genitores, os padrinhos e madrinhas acabavam exercendo um papel

paternal, ou seja, de proteção e cuidado. Rufina Francisca de Araujo, natural da Freguesia de

Nossa Senhora da Conceição do Aracajú, iletrada, falecida em 18 de fevereiro de 1884, declarou

no testamento que, por não ter tido filhos, “[eu] istituo por minha universal herdeira a minha

afilhada Brasiliana Fransisca d’Araujo”17. Brasiliana herdou bens como uma casa de taipa e

telha localizada na Rua de Maruim, seus móveis e objetos, e terrenos na Rua da Aurora aforados

a diversos proprietários. Mas, Rufina Fransica de Araujo demonstrou preocupar-se com mais

16 Correio Sergipense, 08 de outubro de 1859, nº 65, p. 04. 17 Inventário com testamento de Rufina Fransisca de Araujo, AGJES, Fundo: Aracaju, Cartório do 1º Ofício, cx.

2084, nº 07, p. 04, 26/02/1884.

7

outra pessoa: “Declaro que, se do [?] desse terreno houver alguma sobra, quero que minha

afilhada e herdeira, dê a minha sobrinha, afilhada Adelaide Francisca d’Araujo, de vinte a trinta

mil reis [...]”18 Além disso, a testadora especificou o que deveria ser feito caso a herdeira

contraísse matrimônio19:

Declaro que, se minha afilhada e herdeira Brasiliana vier a se casar, o seo

marido já mais poderá dispôr da casa e terreno a [?], á rua de Maroim, que lhe

lego, e se falecer mesmo casada, mais sem deixar filhos, os seus bens, isto é,

os que de mim houver herdado, passarão se por sua morte ainda existirem, aos

meos sobrinhos.20

Além das relações materiais é preciso chamar atenção também, para a presença de

procuradores que representavam os padrinhos no ato batismal. Esta “importância se daria não

só para os pais das crianças, que escolhiam cuidadosamente aqueles com quem pretendiam

manter a aliança, mas também para os que eram escolhidos. Estes não só aceitavam o convite,

como se davam o trabalho de instituir procuradores para representá-los”21. Como exemplo

tomemos o batismo de Idalina, branca, filha do Capitão e farmacêutico Marcelino José Jorge22

e de Candida Sampaio Jorge, realizado no dia 24 de Outubro de 1866 na Igreja Matriz de Nossa

Senhora da Conceição do Aracajú. Na cerimônia, estiveram presentes como padrinhos, o

tenente Joaquim Martins Fontes e a sua esposa Eufemia Guerra Fontes. O casal Eufemia e

Joaquim representou por procuração José Amancio do Outeiro e Elisa Aguiar do Outeiro,

ambos moradores da província da Bahia.

Além de Diogo Eugenio Fabio Guerra, Eufemia Guerra Fontes era filha do primeiro

casamento23 do capitão de mar e guerra da Marinha José Moreira Guerra com Eufemia Pinheiro

Guerra. Do segundo consórcio com a dona de casa Maria da Gloria Guerra, nasceram Nilo

18 Inventário com testamento de Rufina Fransisca de Araujo, AGJES, Fundo: Aracaju, Cartório do 1º Ofício, cx.

2084, nº 07, p. 05, 26/02/1884. 19 Brasiliana Francisca de Araujo casou-se com o faroleiro da Barra da Cotinguiba, José dos Santos Monteiro. 20 Inventário com testamento de Rufina Fransisca de Araujo, AGJES, Fundo: Aracaju, Cartório do 1º Ofício, cx.

2084, nº 07, p. 06, 26/02/1884. 21 BRÜGGER, Silvia Maria Jardim. Minas patriarcal: família e sociedade, São João del Rei, séculos XVIII e XIX.

São Paulo: Annablume, 2007, p. 315. 22 Marcelino José Jorge morava na Rua de São Cristóvão numa casa avaliada em 700$000 réis pertencente a José

Teixeira da Cunha. 23 É interessante citar um anúncio publicado pela primeira esposa de José Moreira Guerra no Correio Sergipense

de 22 de janeiro de 1858, nº 04, p. 04: “Dona Eufemia Pinheiro Guerra seintifica a todos para que se não chame a

ignorância que ninguem celebre contrato algum de compra e venda de bens moveis e semoventes com seu marido

José Moreira Guerra; por isso que findas as ferias, tem a anunciante de propôr lhe accao de divorcio, e de annullar

as liberdades, que por prejudicar anunciante e seus herdeiros acaba elle de conferir a uma escrava barregam, e a

outro”. Aracajú 19 de Janeiro de 1858.

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Moreira Guerra, Jade Moreira Guerra e Enedina Moreira Guerra. No cargo de capitão dos portos

da província, foi descrito como “um oficial activo, cuidadoso e circumspecto”24. Reformou-se

em 1864 por ter mais de 35 anos de serviço e apresentar-se em estado de moléstia.

Ironicamente, Sebrão Sobrinho enfatizou a relação de “generosidade” do Barão de

Maruim com a família Guerra: “Construiu casas para amigos pobres e afilhados e a sua afilhada,

a filha do Guerra, ganhou uma casa, a em que está hoje o Palácio Serigi. Deu terras ao compadre

Guerra, ao capitão João Batista de Sales”25. Partindo do pressuposto de que o Barão de Maruim

era um político muito influente e rico, é evidente que não há nada de generosidade neste ato,

mas a alimentação de uma rede de influências, trocando bens, supostamente públicos, pelo

apoio político.

Além da carreira militar, José Moreira Guerra também teve participação ativa na

política, principalmente na época da mudança da capital. Vários insultos foram dirigidos aos

responsáveis pela retirada da primazia da cidade de São Cristóvão, inclusive Guerra: “O povo

da velha capital, esbulhada da sede do governo, desfila o seu rosário de lamentos, apelidando o

presidente Inácio de Catinga, o capitão dos portos, José Moreira Guerra de “Guerra do Diabo”

[...]26 O capitão estava em constante contato com o estreito círculo dos homens detentores de

capital político e simbólico. Ele precisava manter-se dentro desse campo, participar das lutas

simbólicas e para isso, ofereceu recepções que reforçavam os laços clientelistas:

Aracajú, 25 de Março de 1861 – “Teve hoje lugar o jantar que os membros

d’Assembleia Provincial offerecerão a S. Ex. o Sr. Dr. Thomaz Alves Junior.

Em casa do Sr. Capitão do Porto José Moreira Guerra foi o lugar da reunião.

Perto de dusentas pessoas ahi se congregarão. A reunião esteve muito

animada, e principiando as 4 horas da tarde terminou as nove horas da noite.

Durante o jantar houverao diversos brindes, sendo o primeiro o que S. Ex.

dirigio á Assemblea provincial de Sergipe, e o ultimo a S.M. o Imperador o

Senhor Dom Pedro 2º.”27

Assim como o negociante José Teixeira da Cunha, o capitão dos portos José Moreira

Guerra também esteve envolvido na recepção do imperador Dom Pedro II e da Imperatriz

Thereza Cristina em Aracaju. Certamente por causa do posto que ocupava e do prestígio que

possuía, na manhã de 11 de janeiro de 1860, Guerra foi um dos primeiros a avistar a entrada da

24 Correio Sergipense, 26 de setembro de 1857, nº 43, p. 01. 25 SOBRINHO, Sebrão. Laudas da História de Aracaju. Aracaju: Prefeitura Municipal de Aracaju, 1954, p. 222. 26 Gazeta de Sergipe, 17 e 18 de março de 1999, nº 12.054, p. 11. 27 Correio Sergipense, 02 de abril de 1861, nº 26, p. 04.

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esquadrilha imperial na barra do Coringuiba e logo em seguida, “o sr. capitão do porto fez ás

pessoas de VS. MM. II. os seus respeitosos cumprimentos, indo beijar-lhe ás mãos [...]”28

A respeito do casamento de Eufemia Guerra e Joaquim Martins Fontes, Sebrão Sobrinho

insinua que este enlace matrimonial foi “obra” do seu padrinho, o Barão de Maruim, pois casou

o tenente com “a garotinha baianinha de nove anos, de quem, em ledo, doce engano, se afirma

haver querido casar-se o dr. Barbosa, u’a maturidade, em aurora da velhice, a caminho da

Morte!”29. O “Dr. Barbosa” a que ele se refere é Inácio Joaquim Barbosa, presidente da

província de Sergipe, que junto com o Barão de Maruim transferiu a capital de São Cristóvão

para Aracaju. Outro intelectual, José Calasans, compartilha da mesma ideia que Sebrão

Sobrinho: “Inácio Barbosa quiz também casar com a filha de José Moreira Guerra, capitão dos

Portos, segundo me conta a professora Elvira Guerra Fontes, neta do aludido comandante”30.

No inventário do capitão Guerra, falecido em 31 de janeiro de 1878, constam bens como:

oratório com cinco imagens, sofá, cadeiras, mesa, relógio de parede, revólver, uma comenda e

três hábitos, tacho de cobre, escravos, uma casa de taipa e telha na rua do Gerú e terrenos. Antes

da partilha, Joaquim Martins Fontes e Eufemia Guerra Fontes entraram com termo de

desistência no Juízo Municipal de Órfãos o qual dizia o seguinte:

Joaquim Martins Fontes e sua mulher D. Eufemia Guerra Fontes veem perante

V.Sa para desistencia da herança que lhe houver de tocar no inventario de pai

e sogro o Coronel José Moreira Guerra, desistencia que faz em favor dos

Orfãos filhos do 2º consorcio d’aquelle finado.

Requerem a V.Sa mande tomar por termo para assignarem.

Pelo que pedem a V.Sa favoravel despacho. 31

O monte-mor foi avaliado em quatro contos trezentos e vinte e quatro mil réis (4:324$).

Desse montante, 700$000 correspondeu ao dote da filha mais velha. Pela mediação do adot, “a

economia rege as trocas matrimoniais, os casamentos tendem a se realizar entre as famílias da

mesma posição do ponto de vista econômico”.32 Depois de retirados os valores dos custos e

28 Correio Sergipense, 11 de janeiro de 1860, nº 06, p. 01. 29 SOBRINHO, op. cit., p. 267. 30 CALASANS, José. Aracaju: contribuição à história da capital de Sergipe. Aracaju, 1942, p. 55. 31 Inventário de José Moreira Guerra, AGJES, Fundo: Aracaju, Cartório do 2º Ofício, cx. 2329, nº 360, p. 51,

03/04/1878. 32 BOURDIEU, Pierre. A terra e as estratégias matrimoniais. In: O Senso Prático. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011, p.

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dívidas, o monte partilhável ficou na cifra de três contos setecentos e cinquenta e cinco mil

trezentos e oitenta réis (3:755$380).

No entanto, Eufemia Guerra Fontes foi tomada de surpresa pela morte por moléstia do

cônjuge Joaquim Martins Fontes no dia 25 de julho de 1878, ou seja, cinco meses após o

falecimento do seu pai José Moreira Guerra. Isto nos faz levantar uma questão: por que morria

muita gente ao mesmo tempo? Será preciso investigar melhor esta hipótese no decorrer da

pesquisa, mas em certo sentido, tal fato pode relacionar-se com as condições anti-higiênicas de

Aracaju. Quanto a isso, o relatório provincial de 1878 mostrou qual era a situação naquele ano:

“Nesta capital: como em algumas outras localidades da provincia, manifestam se febres

intermitentes e perniciosas, que reinam endemicamente na ephoca de transição do verão para o

inverno e vice-versa.”33. Vale ressaltar que, na segunda metade do século XIX, a província

sergipana ainda sofria com a epidemia de varíola (bexiga), e Aracaju não foi uma exceção.

Antonio Samarone de Santana elenca uma série de moléstias que se transformaram em graves

problemas de saúde em Sergipe durante o período oitocentista:

As epidemias de febre amarela (typhus d’América), malária (febre palustre),

peste bubônica (peste do rato), febres intestinais (tifóide) e a temível cholera

morbus eram presenças frequentes. Entre as endemias encontramos os

reumatismos, afecções, cataraes, oftalmias, bronquites, disenteria, sarampo,

coqueluche e sarna. A tuberculose (peste branca) ainda não era identificada

claramente como problema de saúde pública, apesar da elevada taxa de

mortalidade.34

Eufemia Guerra Fontes, a viúva, foi a inventariante do marido. O casal teve oito filhos:

Genesio Guerra Fontes (casado), Cynesio Guerra Fontes (18 anos), Manoel Guerra Fontes (17

anos), Joaquim Guerra Fontes (13 anos), Elvira Guerra Fontes (12 anos), Maria José Guerra

Fontes (09 anos), Oscar Guerra Fontes (08 anos) e José Guerra Fontes (03 anos). A herança

deixada pelo capitão reformado do exército, correspondia ao monte-mor de um conto e

trezentos mil réis (1:300$000). Retirando o valor dos custos com o processo (100$000), o

montante total dos bens a serem partilhados foi de um conto e duzentos mil réis (1:200$000).

Sharyse Piroupo do Amaral fez um profundo levantamento documental nas comarcas

de Maruim, Laranjeiras e Aracaju para estabelecer uma comparação das fortunas dos

33 Relatório com que o exm. snr. dr. José Martins Fontes, 1º vice-presidente, abriu a 1ª sessão da 22ª legislatura da

Assembléa Provincial de Sergipe no dia 1º de março de 1878. [Aracajú] Typ. do Jornal do Aracajú [n.d.], p. 06. 34 SANTANA, Samarone Antonio. As Febres do Aracaju: dos miasmas aos micróbios. Dissertação (Mestrado em

Ciências Sociais) – Núcleo de Ciências Sociais, Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, 1997, p. 68.

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inventariados. Estes foram classificados por Shayse Piroupo em oito faixas de fortuna: “as duas

primeiras relativas à população pobre; da terceira a quinta faixa, às camadas médias; e as três

últimas faixas às camadas mais ricas”35. Dessa maneira, pelo valor da fortuna de Joaquim

Martins Fontes, podemos – segundo a classificação de Sharyse Piroupo - encaixá-lo na primeira

faixa, isto é, na categoria de população pobre.

Durante a partilha amigável dos bens, realizada em agosto de 1878, o filho mais velho

do casal Genesio Guerra Fontes dirigiu-se ao cartório e renunciou ao direito que tinha à herança

em benefício de seus irmãos menores. Eufemia Guerra Fontes ficou com o valor de seiscentos

mil réis (600$000) e os outros sete herdeiros com a mesma quantia, sendo que cada um dos

filhos recebeu oitenta e cinco mil e setecentos e quatorze réis (85$714). O valor partilhado entre

os herdeiros veio de quinhões de escravos domésticos que o casal possuía.

A partir das trajetórias aqui apresentadas, percebeu-se que na segunda metade dos

oitocentos houve uma diversificação no perfil da elite. O fato é que encontramos nesse grupo

social que se consolida em Aracaju e estabelece laços entre si, uma presença considerável de

bacharéis, comerciantes, funcionários públicos e militares.

Isso seria, portanto, uma consequência do que Gilberto Freyre chamou de declínio ou

desintegração do sistema patriarcal, o qual deixa de ser quase inteiramente agrário. À medida

em que surgem na cidade estes elementos novos e brilhantes, como médicos e bacharéis, cresce

o desprestígio da aristocracia rural moradora das casas-grandes das fazendas. Nesse sentido,

ocorreu uma espécie de transição do patriarcalismo absoluto, para o semipatriarcalismo que

desenvolver-se-ia nos sobrados das cidades. No entanto, isso não significa dizer que o

patriarcalismo – entendido como forma de organização dominante da família, sociedade e

economia - desapareceu do Brasil e da província sergipana.

FONTES PRIMÁRIAS

AGJ-AJU/C.1º OF. Inventário – Cx.02/2084.

AGJ-AJU/C.2º OF. Inventário – Cx.16/2323.

AGJ-AJU/C.2º OF. Inventário – Cx.22/2329.

35 AMARAL, Sharyse Piroupo. Escravidão, Liberdade e Resistência em Sergipe: Cotinguiba, 1860-1888. 273 f.

Tese (Doutorado em História) - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia,

Salvador, 2007, p. 56.

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Relatório com que o exm. snr. dr. José Martins Fontes, 1º vice-presidente, abriu a 1ª sessão da 22ª

legislatura da Assembléa Provincial de Sergipe no dia 1º de março de 1878. [Aracajú] Typ. do Jornal do

Aracajú [n.d.].

JORNAIS

Correio Sergipense, 27 de Junho de 1855, nº 32.

Correio Sergipense, 26 de setembro de 1857, nº 43.

Correio Sergipense, 08 de outubro de 1859, nº 65.

Correio Sergipense, 11 de janeiro de 1860, nº 06.

Correio Sergipense, 02 de abril de 1861, nº 02.

Gazeta de Sergipe, 17 e 18 de março de 1999, nº 12.054.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Petrópolis: Editora Vozes, 1984.

AMARAL, Sharyse Piroupo. Escravidão, Liberdade e Resistência em Sergipe: Cotinguiba,

1860-1888. 273 f. Tese (Doutorado em História) - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas,

Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2007.

BOURDIEU, Pierre. A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: Edusp; Porto Alegre,

RS: Zouk, 2008.

________________. O Senso Prático. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2011.

BRÜGGER, Silvia Maria Jardim. Minas patriarcal: família e sociedade, São João del Rei,

séculos XVIII e XIX. São Paulo: Annablume, 2007.

CALASANS, José. Aracaju: contribuição à história da capital de Sergipe. Aracaju, 1942.

CERUTTI, Simona. Processo e experiência: indivíduos, grupos e identidades em Turim no

século XVII. In: Jogos de escalas: a experiência da microanálise. Rio de Janeiro: bFGV, 1998.

DINIZ, Diana Maria de Faro Leal (Coord.) Textos para a História de Sergipe. 2. ed. São

Cristóvão: Editora UFS; Aracaju: IHGSE, 2013.

JÚNIOR, Caio Prado. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1994.

SANTANA, Samarone Antonio. As Febres do Aracaju: dos miasmas aos micróbios.

Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Núcleo de Ciências Sociais, Universidade

Federal de Sergipe, Aracaju, 1997, p. 68.

SOBRINHO, Sebrão. Laudas da História de Aracaju. Aracaju: Prefeitura Municipal de

Aracaju, 1954.

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