Risco na medida certa - by KPMG

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32 Gestão Risco na medida certa Assim como abre janelas de oportunidades, o desenvolvimento também potencializa riscos para as corporações, tanto do ponto de vista do crescimento orgânico dos negócios como pela entrada de capital estrangeiro no Brasil. Esse não é um tema novo no ambiente corporativo brasileiro, mas o dinamismo da economia nacional e o grau de interdependência dos mercados globalizados acentuam a relevância de uma abordagem mais complexa e integrada da gestão de riscos, que GESTÃO O mercado sinaliza a necessidade de estruturas mais robustas de gerenciamento dos fatores que podem ameaçar a estratégia das corporações André Coutinho, sócio da KPMG no Brasil na área de Risk & Compliance Guilherme Dultra, gerente sênior da KPMG no Brasil na área de Enterprise Risk Management posicione essa prática como um dos pilares da estratégia da empresa. “Os novos desafios do cenário nacional enfatizam a percepção de que o gerenciamento adequado dos riscos confere uma vantagem competitiva, à medida que preserva a geração de valor e contribui para a concretização dos objetivos da corporação” , opina André Coutinho, sócio da KPMG no Brasil na área de Risk & Compliance. Essa transição de modelos de gestão de riscos

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O mercado sinaliza a necessidadede estruturas mais robustas degerenciamento dos fatores quepodem ameaçar a estratégiadas corporações

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Risco na medida certa

Assim como abre janelas de oportunidades, o desenvolvimento também potencializa riscos para as corporações, tanto do ponto de vista do crescimento orgânico dos negócios como pela entrada de capital estrangeiro no Brasil. Esse não é um tema novo no ambiente corporativo brasileiro, mas o dinamismo da economia nacional e o grau de interdependência dos mercados globalizados acentuam a relevância de uma abordagem mais complexa e integrada da gestão de riscos, que

GESTÃO

O mercado sinaliza a necessidade

de estruturas mais robustas de

gerenciamento dos fatores que

podem ameaçar a estratégia

das corporações

André Coutinho, sócio da KPMG no Brasil na área de Risk & Compliance

Guilherme Dultra, gerente sênior da KPMG no Brasil na área de Enterprise Risk Management

posicione essa prática como um dos pilares da estratégia da empresa.

“Os novos desafios do cenário nacional enfatizam a percepção de que o gerenciamento adequado dos riscos confere uma vantagem competitiva, à medida que preserva a geração de valor e contribui para a concretização dos objetivos da corporação”, opina André Coutinho, sócio da KPMG no Brasil na área de Risk & Compliance. Essa transição de modelos de gestão de riscos

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é apoiada pelos resultados da recente pesquisa Enterprise Risk Management, realizada pela KPMG no Brasil.

O estudo indica uma maior demanda dos conselhos de administração e comitês de auditoria para que o gerenciamento evolua para uma condição além do compliance. Isso não significa menor preocupação com o compliance, mas, sim, a adoção de uma filosofia que compreenda a gestão de riscos de maneira integral e integrada, de modo a

cobrir todas as frentes de exposição da corporação – operacionais, de crédito, de mercado ou legal.

“No Brasil, a partir da Lei Sarbanes-Oxley, que foi promulgada nos EUA em 2002, houve uma mudança de rota na forma como as corporações vêem o gerenciamento de riscos. O compliance assumiu um papel de muito destaque, em detrimento de outros pontos de atenção, que agora voltam à agenda das empresas”, analisa Guilherme Dultra,

gerente sênior da KPMG no Brasil na área de Enterprise Risk Management.

O compliance é muito importante, mas as corporações devem voltar a entendê-lo como uma das ferramentas de apoio da gestão de riscos como um todo. O gerenciamento de riscos deve ser um instrumento de controle de toda a organização, de modo que o administrador tenha a visão geral do ambiente de negócios ao planejar sua estratégia e possa dosar corretamente

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GESTÃO

Com qual efetividade você considera que sua empresa gerencia os seguintes aspectos de riscos?

Estratégicos Riscos de crédito

Mercado Imagem/reputacionais

Políticos Regulatórios TI Operacionais Fiscais Meio ambiente

Trabalhistas

50%

45%

40%

35%

30%

25%

20%

15%

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Muito alta Alta Média Baixa Muito baixa Não aplicável/Não sabe

o quanto a corporação pode se expor. “As corporações devem fazer uma associação mais clara entre planejamento estratégico e gestão de risco corporativo”, acrescenta Coutinho.

Em transiçãoOs resultados da pesquisa Enterprise Risk Management indicam que os executivos ouvidos têm a gestão de riscos na conta de uma prática muito importante, mesmo admitindo que sua corporação ainda não desenvolveu processos nem implantou mecanismos, normas e procedimentos específicos para esse gerenciamento integral.

Ainda assim, na maioria das empresas (54%), ou o gerenciamento de riscos não foi implementado (16%) ou a empresa adota apenas ações isoladas sobre riscos (38%). Quanto à eficácia do ambiente de controles internos, os entrevistados avaliam que ainda há espaço para algumas (38%) ou muitas (47%) melhorias.

Os três itens considerados mais importantes para o sucesso do gerenciamento de riscos nas empresas são cultura forte e sensibilização de riscos em toda a organização (23%), apoio da alta administração (17%)

e alinhamento da gestão de riscos com o planejamento e a execução da estratégia corporativa (15%).

Outro dado relevante enfatiza a falta de gerenciamento contínuo das exposições: 69% dos entrevistados avaliam que a alta administração não demonstra preocupação contínua com o gerenciamento de riscos corporativos (20%) ou ainda deixa margens para melhorias (49%). “Isso quer dizer que, de alguma forma, alguém na corporação se preocupa com o tema, mas não se trata de uma ação estruturada. Não existem

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16%

19%

17%

15%

13%

9%

5%4%

2%

Proteger e reforçar a capacidade de geração de valor da organização

Apoiar a organização no atingimento de seus objetivos estratégicos

Prevenção a perdas

Assegurar conformidade com questões regulatórias

Proteger e reforçar a reputação da organização

Assegurar alocação eficiente de recursos e capital

Transparência e relatórios claros aos investidores

Maximizar a lucratividade das unidades de negócio

Minimizar a volatilidade dos ganhos

processos operacionais estabelecidos. O tema pode ser mencionado em uma reunião de diretoria ou do conselho de administração, mas a corporação não tem uma rotina de gerenciamento”, explica Coutinho.

A gestão de riscos só deixará de ser segmentada e descentralizada com a implantação de processos, formatação de relatórios e adoção de uma cultura organizacional específica, preferencialmente com um executivo exclusivo ou muito dedicado ao tema.

O que sua empresa considera serem os objetivos e benefícios mais importantes do gerenciamento de riscos? Escolha até três itens:

Geração de valorA transição nos modelos de gestão de riscos também é percebida na forma como os executivos avaliam as múltiplas finalidades desta prática. Para a maioria dos entrevistados, o gerenciamento das ameaças potenciais é, principalmente, um elemento capaz de proteger e reforçar a capacidade de geração de valor da organização (19%), para apoiar o alcance dos objetivos estratégicos da corporação (17%) e prevenir perdas (16%).

“Há uma clara mudança da percepção. Os executivos entendem que gerenciar riscos auxilia na prevenção de perdas. Mas, acima de tudo, começam a perceber que o mapeamento e o controle de ameaças contribuem para a execução da estratégia organizacional”, analisa Guilherme Dultra.

Apesar de a governança corporativa no Brasil estar estruturada de maneira diferente do que acontece nos Estados Unidos, por exemplo, a transição de modelos em gestão de riscos acompanha o que predomina em

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GESTÃO

Com qual sucesso você considera que a avaliação de riscos em sua organização adiciona valor aos seguintes itens?

Muito alta Alta Média Baixa Muito baixa Não aplicável/Não sabe

50%

45%

40%

35%

30%

25%

20%

15%

10%

5%

0%Melhora o

relacionamento com órgãos regulatórios e agências de ratings

Melhora a relação com os investidores

Aumenta o valor para os acionistas

Melhora a rentabilidade

das unidades de negócios

Melhora a reputação

corporativa

Reduz a volatilidade de

ganhos

Melhora o processo

de tomada de decisões estratégicas

Melhora o relacionamento

com clientes

mercados mais maduros. As grandes corporações brasileiras ainda têm, em sua maioria, um grupo controlador, muitas vezes familiar. Cada vez mais estes grupos percebem a importância de ampliar o debate sobre os riscos do negócio, tanto interna quanto externamente, aumentando assim o nível de confiabilidade de sua gestão e a transparência do processo. “As corporações precisam relatar seus riscos para o mercado e para os acionistas”, complementa André Coutinho.

O progressivo aumento nos processos de abertura de capitais das empresas brasileiras em Bolsa também eleva a demanda por maiores níveis de

proteção e reforço da capacidade da organização em gerar valor, por conta de conselheiros e membros de comitês de auditoria. A pesquisa mostra que esses profissionais estão sintonizados com o novo momento da gestão de riscos: 38% dos respondentes informaram que há mais de dois integrantes do conselho de administração com conhecimento prático de gerenciamento de riscos; 12% relataram a existência de dois integrantes e 23%, de um membro. Eles estão em cargos de supervisão, sabem se o risco está sendo bem administrado na corporação e entendem que desempenharão melhor suas atribuições se puderem contar com processos estabelecidos para isso. O

maior interesse dos conselheiros, da alta administração e dos executivos das corporações também está direcionando as expectativas de investimentos em gestão de riscos, com ênfase no desenvolvimento de processos, implantação de normas e procedimentos, e estruturação de relatórios e formas de monitoramento.

A pesquisa Enterprise Risk Management, realizada pela KPMG no Brasil, contou com a participação de executivos seniores de empresas e membros de conselhos de administração e de comitês de auditoria. A íntegra do estudo pode ser acessada em www.kpmg.com.br.