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DESEMPENHO DO CLASSIFICADOR PNEUMÁTICO STURTEVANT NA PRODUÇÃO DE AREIA ARTIFICIAL Cunha, E. R.'; Almeida, S. L. M. 2 ; Tavares, L. M. M. 3 I, 3 -Programa de Engenharia Metalúrgica c de Materiais/COPPE - Universidade Federal do Rio de Janeiro- Cx. Postal 68505 - 21949-900- Rio de Janeiro - RJ [email protected] .br ; tavarcs@ufrj .br 2- Centro de Tecnologia Minera l- CETEM, Avenida Ipê, 900- Cidade Universitária, 21941-590, Rio de Ja neiro- RJ [email protected] O presente trabalho trata da avaliação do desempenho de um separador pneumático para classificação de areia produzida por um britador do tipo VSI (vertical shaji impactar) e finos do processo de produção de brita (produzidos usando britadores giratórios c cônicos), visando adequá-los para utilização como agregado miúdo na construção civil. A matéria- prima utilizada para este estudo é um charnokito da Pedra Sul Mineração Ltda, localizada no município de Matias Barbosa - MG. Após a britagcm os diferentes materia is são classificados com o auxílio do classificador pneumático Sturtevant, a fim de remover o material men or que 0,075 mm. Dessa maneira, o produto é adequado à especificação granulométrica prevista na nornm NBR 7211. Os resultados indicam que o classificador Sturtevant é capaz de gerar produtos que atendem a NBR 7211, com rendimentos de até 80%. Observou-se que o desempenho do classificador é apenas modestamente influenciado pela taxa de alimentação, mas depende sobremaneira da posição dos elementos de rejeição do aparelho (palhetas). Uma influência limitada, mas relevante, da forma da partícula na separação também foi observada. Por fim, a variável que apresenta a influência mais dramática no dcscpcnho do classificador é a umidade da alimentação, cuja elevação acima de 0,5% resulta cm forte deterioração da separação. Pala1•ras-chave: areia artificial, classificador pneumático Área temática: Cominuição 241

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DESEMPENHO DO CLASSIFICADOR PNEUMÁTICO STURTEVANT NA

PRODUÇÃO DE AREIA ARTIFICIAL

Cunha, E. R.'; Almeida, S. L. M. 2; Tavares, L. M. M.3

I, 3 -Programa de Engenharia Metalúrgica c de Materiais/COPPE - Universidade Federal do Rio de Janeiro- Cx. Postal

68505 - 21949-900- Rio de Janeiro - RJ

[email protected] .br; tavarcs@ufrj .br

2 - Centro de Tecnologia Mineral- CETEM, Avenida Ipê, 900- Cidade Universitária, 21941-590,

Rio de Janeiro- RJ

[email protected]

O presente trabalho trata da avaliação do desempenho de um separador pneumático para classificação de areia produzida

por um britador do tipo VSI (vertical shaji impactar) e finos do processo de produção de brita (produzidos usando

britadores giratórios c cônicos), visando adequá-los para utilização como agregado miúdo na construção civil. A matéria­

prima utilizada para este estudo é um charnokito da Pedra Sul Mineração Ltda, localizada no município de Matias Barbosa

- MG. Após a britagcm os diferentes materiais são classificados com o auxílio do classificador pneumático Sturtevant, a fim

de remover o material menor que 0,075 mm. Dessa maneira, o produto é adequado à especificação granulométrica prevista

na nornm NBR 7211. Os resultados indicam que o classificador Sturtevant é capaz de gerar produtos que atendem a NBR

7211, com rendimentos de até 80%. Observou-se que o desempenho do classificador é apenas modestamente influenciado

pela taxa de alimentação, mas depende sobremaneira da posição dos elementos de rejeição do aparelho (palhetas). Uma

influência limitada, mas relevante, da forma da partícula na separação também foi observada. Por fim, a variável que

apresenta a influência mais dramática no dcscpcnho do classificador é a umidade da alimentação, cuja elevação acima de

0,5% resulta cm forte deterioração da separação.

Pala1•ras-chave: areia artificial , classificador pneumático

Área temática: Cominuição

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INTRODUÇÃO

A demanda por areia, associada às crescentes restrições à sua exploração nos grandes centros urbanos, tem

resultado no di stanciamento de lavras de produção de areia dos grandes centros brasileiros de consumo. Por exemplo,

estima-se que em tomo de 90% da areia consumida na Região Metropolitana de São Paulo, sej a proveniente de o utros

municípios, sendo suprida por arcais localizados a distâncias de até I 00 km da capital (Valvcnlc, 2003). As ma iores

distâncias de tra nsporte c o maior custo final do produto em grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro c São Paulo, têm

criado oportunidades para a indústria de agregado no Brasil no sentido de buscar materiais alternativos à areia natural tais

como a produção das chamadas "areias artificiais" a partir de rcjcitos ou/c britas de pedreiras. Na Região Metropolitana do

Rio de Janeiro esse movimento já está sendo observado, sendo prevista a entrada cm operação de uma usina de produção de

areia de brita (areia art ificial) a cada ano, a parti r de 2003 (Mello c Calacs, 2003) .

Na produção de areia artificial, pelo fato do processamento utilizar normalmente britadores de impacto de eixo

vertical (VSI), essa areia apresenta elevada proporção de partículas menores que 0,075 mm (tipicamente entre I O c 25 %). A

fim de atender à especificação granulométrica imposta pela NBR 7211, toma-se necessário classifica-la de modo que a

fração de partículas menores que 0,075 mm seja limitada a um máximo de 5 %.

O presente trabalho analisa a aplicação do classificador pneumático Sturtcvant na classificação de finos gerados cm

uma usina piloto de britagem, que emprega o britador de impacto VSI, c finos produzidos na usina de britagem da Pedra Sul

Mineração Ltda. Embora existam diversas alternativas para a classificação de materiais nesse intervalo de tamanhos de

partícula, optou-se pelo uso do classificador pneumático Sturtevant, tendo cm vista a indisponibilidade de área no terreno da

mincradora para a construção de uma bacia de decantação. Esse trabalho se insere cm um projeto de pesquisa realizado cm

cooperação entre o CETEM, a COPPE!UFRJ c quatro empresas produtoras de agregado, no qual ainda serão comparadas

outras alternativas de classificação a seco e a úmido c finos gerados por outras mincradoras.

DESENVOLVIMENTO

As amostras de areia artificial (sem classificação) são constituídas pelo produto da peneira de abertura de 3 mm

produzido cm um britador VSI em uma usina piloto (detalhes do circuito podem ser encontrados cm outra publicação -

Almeida ct ai. , 2004). O outro produto analisado, denominado "pó-de-pedra", é resultante do processo de britagem cm

britadores giratórios e cônicos na usina industri al da Pedra Sul Mineração Ltda (Matias Barbosa, MG), com corte cm 4,8

mm.

Um diagrama esquemático do classificador Sturtevant, operado cm escala piloto, é apresentado na Fig. O I. O

equipamento apresenta capacidade nominal de 200 kg/h. O rotor (que possui diâmetro de 253 mm) é equipado com 12

elementos de rejeição (palhetas) e opera a uma frcqüência de 250 rpm. A sua alimentação é realizada com o auxílio de um

alimentador vibratório, que permite a manutenção da alimentação dentro de um intervalo de ±5% do valor estabelecido.

Nos ensaios foi analisada a influência da taxa de alimentação, da posição das palhetas, tipo c umidade do material

da alimentação. Taxas de alimentação de 44 a 200 kg/h c posições de palhetas de 30 o a 135° foram utilizadas nos ensaios.

Teores de umidade da alimentação foram variados de O até 4,9%. O controle da umidade foi realizado pela adição de água a

lotes de I O kg de amostra, seguindo de homogeneização cm um misturador cm V pelo período de 20 minutos.

Imediatamente após a mistura, a alimentação era levada ao alimentador vibratório c processada.

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Figura 01 - Diagrama esquemático do classificador Sturtcvant

Após a realização dos ensaios os produtos foram pesados, a fim de estabelecer o balanço de massas. Amostras dos

produtos grosso c fino de cada ensaio foram analisadas por pcnciramento pelo método híbrido (úmido/seco), usando uma

série de peneiras de 12,5 até 0,03 7 mm que segue uma progressão geométrica com razão igual a .fi . Essas informações,

após os devidos ajustes usando o método de multiplicadores de Lagrange (King, 2001), foram utilizadas no cálculo das

curvas de partição {Tromp) dos ensaios.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Influência do ângulo das palhetas e da taxa de alimentação

A fim de determinar a condição ótima de operação do separador é necessário avaliar o rendimento do processo. O

rendimento foi considerado como sendo a quantidade de fração grossa gerada cm relação à carga total alimentada ao

equipamento. A Tabela 1 demonstra que a posição das palhetas influencia significativamente o desempenho do

classifica dor. À medida que é elevado o ângulo das palhetas o processo de separação se toma menos eficiente, permitindo

que uma maior quantidade de finos (- 0,075 mm) contaminem o produto grosso (Tabela 2), o que resulta no aumento do

rendimento.

Tabela I - Síntese dos resultados dos ensaios de classificação

Material alimentado ao Posição Taxa de alimentação nominal

44 t/h 83 t/h 183 t/h class ificador palhetas

Rend . Imperfeição Finos* Rcnd . Imperfeição Finos* Rend. Imperfeição Finos*

Produto bri tador VSI 30 0,83 0,247 1,6 0,79 0,307 1,8 0,78 0,378 1,6

135 0,96 - 19,0 0,96 - 18,9 0,97 - 19,3 Produto dos britadores 90 0,94 0,789 15,7 0,94 0,837 16,5 0,94 0,869 15,7

cónicos 45 0,77 0,268 4,0 0,80 0,256 4,2 0,80 0,291 5,6

30 0,72 0,378 3,0 0,74 0,358 3,9 0,75 0,310 4,8

* % de particulas menores que 0,075 mm no produto grosso do classificador.

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Tabela 2- Dados da separação relativos aos ensaios no Sturtcvant

Material alimentado Ângulo das Taxa de alimentação 'Yo -0,075 mm d50

ao classificador palhetas (graus) medida (kg/h) no produto (mm) Curto Circuito(%)

Produto do britador 30 43 I ,59 0,111 7

VSI 30 107 1,8 1 0,109 4

30 202 1,57 0,107 6

30 52 3,02 0,115 4

30 110 3,87 0,115 6

30 264 4,82 0,089 lO

Produto dos 45 46 4,01 0,088 6

britadores cónicos 45 78 4,24 0,083 li

45 199 5,63 0,074 15

90 37 15 ,71 0,0 19* **

90 102 16,50 0,018* **

90 214 I 5,69 0,017* **

* Informação obtida por extrapolação **Dado não disponível

As curvas de partição de massas, apresentadas na Fig. 02, também demonstram a influência significativa do ângulo

das paletas no desempenho do separador. Elas mostram que a contaminação de grossos no produto fino é limitada c que a

influência da posição das palhetas está associada essencialmente à variação da granulomctria de corte c da imperfeição, com

efeito aparentemente limitado no curto-circuito.

Os ensaios tanto com o pó-de-pedra quanto o produto do britador VSI (Fig. 03) demonstram que a taxa de

alimentação exerce uma influência relativamente limitada na capacidade de separação do equipamento. Para uma mesma

posição de palhetas (seja ela 30°, 45°, 90° ou 135°), a quantidade de finos menor que 0,075 mm que reporta ao produto

grosso aumenta apenas modestamente com o aumento da taxa de alimentação. Isso mostra que o equipamento é

relativamente robusto à flutuações na taxa de alimentação.

A condição ótima de operação representa aquela na qual a proporção de material - 0,075 mm é tolerada pela NBR

7211 (a qual estabelece em 5% o limite para o teor de finos - partículas não deletérias ou contaminantes), enquanto o

rendimento e a taxa de alimentação são máximos. Nesse caso, a operação a 83 kg/h com palhetas posicioadas a 45° c 183

kg/h a 30° representam os valores ótimos, resultando em rendimentos de 80 e 75%, respectivamente.

Influência da umidade na classificação

As curvas de partição para os ensaios com úmidade controlada são apresentadas na Fig. 04, na qual observa-se o

efeito deletério da umidade na classificação pneumática. O aumento da umidade resultou em elevação significativa do fluxo

de curto circuito c da imperfeição (Tabela 3) c redução do tamanho de corte. Esses efeitos, aliados às crescentes perdas de

material grosso no produto fino, resultaram em um desempenho inaceitável (com relação à NBR721 1), mesmo com

umidades tão baixas quanto 0,8%. Uma vez que é responsável pela aglomeração das partículas, a umidade impede que a

alimentação seja adequadamente dispersa no rotor, o que é responsável pelo elevado curto-circuito no processo (Kolacz,

2002; Klumpar, 1992).

244

o 80 cn cn e 7o Cl

B60 :l

"O e 50 a. ~ 40 o 'r1 30 o 0.20 e a. 10

o 0,01 0,10

Tamanho representativo (rTrn)

· · 'X· · 45 graus/46 kg/h

--;;;-- 45 graus/78 kg/h

45 graus/199 kg/h

· · + · 90 graus/37 kg/h

--90 graus/1 02 kg/h

90 graus/214 kg/h

135 graus/57 kg/h

-a- 135 graus/99 kg/h

135 graus/229 kg/h

1,00

Figura 02 - Curvas de partição medidas dos ensaios de classificação de pó-de-pedra para diferentes inclinações dos elementos de rejeição c taxas de alimentação

100

90 ---+--52 kg/h -~ ~ 80 - - o - -11 o kg/h o 1/)

70 1/) ---tr-- 264 kg/h o .... Cl 60 o +' ::I 50 "O o ....

40 c. o Cll 30 o

ICI) c> 20 .... o c.

10 o .... a..

o 0,01 0,10 1,00

Tamanho representativo (mm)

Figura 03- Curvas de partição para ensaios com palhetas nas posições de 30° para o produto do britador VSI para diferentes taxas de alimentação.

Tabela 3- Influência da umidade no desempenho do classificador Sturtevant, com ângulo das palhetas fixo cm 30°

c taxa de alimentação controlada cm 240 kg/h ±10%, na separação de pó-de-pedra

Umidade(%) '% -0,075 mm no produto d50 (mm) Curto Circuito(%)

o 4,8 0,089 10

0,8 8,4 0,081 13

1,2 14,8 0,067 29

1,6 18,3 Não disponível 68

2,3 21,2 Não disponível 82

4,9 20,9 Não disponível 100

245

100

90 o · O &. ... _ .. 0 --. ' --· ;;t. 80 -·--- o b. \ ;+:~ _if

o !:; ' / ~ 1/)

70 I I 1/)

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/ " "O 50 -- +-- 1,2% o a. o 40 I I f:,. 1,6% C1l I I o 30 +- --- - - -+'

I

' •C11 - o -- 2,3% (.)o

o 20 ~4.9% a. .__-==-.a:' I e 10 D.. - .. _seco

o 0,01 0,10 1,00

Tamanho representativo (mm)

Figura 04- Curva de partição para os ensaios com úmidadc controlada com o pó-de-pedra (palhetas posicionadas a

30° c taxa de alimentação de 240 kg/h)

Comparação dos produtos classificados à norma da ABNT

As Figuras 5 e 6 comparam as análises granulométricas obtidas cm testes selccionados com o produto do circuito

de britagcm com o britador VSI c o pó-de-pedra, respectivamente, aos limites impostos pela NBR 7211. Em ambos os casos

observa-se um certa tendência das curvas se aproximarem ao limite máximo da ABNT, sendo que, para as taxas de

alimentação nominais em tomo de 44 kg/h, esse limite é ultrapassado. Essa não-confom1idadc à norma é melhor contornada

pelo controle das variáveis operacionais do britador VSI, conforme é discutido cm outro trabalho (Almeida et ai. , 2004). No

caso da extremidade inferior das distribuições granulométrica, observa-se que, tanto no caso do produto do circuito do

britador VSI quanto no pó-de-pedra, a proporção encontra-se dentro da proporção tolerável (5%), sendo apenas ultrapassada

no caso do ensaio com o pó-de-pedra à elevada taxa de alimentação.

100 -:7"" 1:ii l!l :Jii

-~ · 43 kg/h 80 ~

107 kg/h

~ 60 r

- {!:. ---- 202 kg/h

o --Limites ABNT 'O

"' -e- Material Inicial 'S E :o (J

"' 2 40 c

"' "' "' "' D..

20

o ....... 0,0 0,1 1,0 10,0

Tamanho representativo (mm)

Figura 05 - Distribuições granulométricas do produto grosso obtido nos ensaios com o produto do circuito com o britador

VSI, com as palhetas do classificador posicionadas a 30°, comparadas à especidificação de areia da ABNT (NBR 7211)

246

é o "tl ..!!! :::l

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"' "' "' "' a.

100

80

60

40

20

o 0,0

-<r- 52 kg/h

· ·O · 110 kg/h

--6- 264 kg/h

-Limites ABNT

-<>-Material Inicial

O, 1 1 ,O Tamanho representativo (mm)

10,0

Figura 06: Passante acumulado referente ao ensaio com pó-de-pedra (produto do britador cônico) c palhetas em

30" comparado aos limites máximo e mínimo da ABNT e ao material inicial.

Por fim, é importante destacar que existe alguma controvérsia sobre a real necessidade da remoção de finos da

areJa produzida a partir do processo de britagem (areia artificial). Ahn (2000) demonstra que é possível prescindir da

classificação do produto da britagcm da areia artificial, tendo cm vista que os finos (partículas menores que 0,075 mm) que

compõem a areia têm um importante papel no preenchimento de vazios deixados pelas partículas grossas. Isso confere

maior resistência mecânica ao concreto c argamassa, sem que seja necessário um aumento significativo da adição de água, o

que é de fundamental importância na obtenção de concretos com alta resistência . O fato desse material, denominado MFA

pelo autor (Manujàctured fine aggregate), ser capaz de atender às especificações de qualidade de argamassas e concretos,

está forçando uma re-avaliação das normas internacionais de areia, originalmente propostas para areias naturais, nas quais

os finos tipicamente correspondiam a materiais argilosos e deletérios. No Brasil, um grupo de trabalho (Sbrighi Neto, 2003)

encontra-se atualmentc revisando a NBR 7211 da ABNT, com perspectiva de flexibilização com relação à proporção de

finos no caso da areia manufaturada.

CONCLUSÕES

O ângulo de inclinação das palhetas exerceu uma influência significativa na separação, apresentando resultados

satisfatórios apenas para ângulos inferiores a 45°. A taxa de alimentação do classificador pneumático não apresentou uma

influência significativa nas características produto grosso para angulos baixos das palhetas (30° e 45°), apresentando uma

pequena variação no tamanho de corte do equipamento. A operação ótima do equipamento, dentro da especificação do

produto que atende a NBR 7211, corresponde ao uso da taxa de alimentação máxima (202 kg/h), com ângulo de palhetas de

247

30" cm rcl<:lção à direção de rotação do di sco. Isso resultou cm um rendimento de aproximadamente 75% c uma proporção

inferior a 5% de partículas - 0,075 mm.

A umidade exerce uma influência muito substancial na separação, uma vez que é responsável pela agregação das

partículas finas, que passam a reportar ao produto grosso. Isso é claramente observado pelas curvas de Tromp, nas quais o

tamanho de corte diminui c o fluxo de cw1o-circuito de grossos aumenta significativamente com a umidade, particularmente

acima de 0,5%.

A aderência da curva de distribuição granulométrica à banda especificada pela ABNT, entretanto, não depende

apenas do desempenho do classificador pneumático. Desvios na porção média c grossa da curva de distribuição

granulométrica foram eventualmente detectados, sendo que ações corretivas devam ser realização dentro do próprio circuito

de britagcm, pelo ajuste da abertura da peneira do produto, da taxa de alimentação do circuito, carga circulante, etc. Esse

tipo de ação permitirá obter uma uma curva de distribuição granulométrica que maximize a resistência c durabilidade do

concreto c argamassa, mantendo a trabalhabilidade dentro de limites aceitáveis para utilização no canteiro de obras.

Embora exista controvérsia quanto à real necessidade da remoção dos finos - conforme demonstram estudos de

Ahn (2000), entre outros - o classificador pneumático se mostra uma alternativa tecnicamente viável à produção de areia

artificial que atende as especificações atuais da ABNT, quando o processamento a úmido não é uma alternativa possível.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à FINEP pelo auxílio financeiro para a realização desse projeto, através do Fundo Sctorial

Mineral (CT-MINERAL) e ao CNPq pela concessão das bolsas aos pesquisadores envolvidos. Os autores também

agradecem ao Eng. Bernardo Piquct pelas importantes discussões durante a elaboração do trabalho.

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248

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