RL 11Questoes de Literatura de Massa E Critica Literaria - Renato de Oliveira Dering

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  • Revista Litteris ISSN: 19837429 n. 12 - setembro de 2013 - Volume II

    Revista Litteris www.revistaliteris.com.br n. 12 - setembro de 2013

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    QUESTES DE LITERATURA DE MASSA E CRTICA LITERRIA

    Renato de Oliveira Dering1

    RESUMO: O estudo que segue articula crtica literria s manifestaes da literatura de

    massa, levantando indagaes e proposies acerca do fazer literrio e de seus

    receptores. Deste modo, o objetivo da pesquisa parte da proposta de questionar os

    estudos literrios, apontando levantamentos acerca do sujeito-leitor, estudos culturais e

    indstria cultural.

    Palavras-chave: literatura de massa; crtica literria; literatura contempornea; best-

    sellers.

    O sculo XX ficar na histria (ou nas histrias) como um sculo infeliz. Alimentado e treinado pelo pai e pela me, o andrgino sculo

    XIX, para ser um sculo-prodgio, revelou-se um jovem frgil, dado

    s maleitas e aos azares. Boaventura Sousa Santos

    Muito se comenta sobre o nmero aglomerado de livros que entraram no

    mercado nas ltimas dcadas, os famosos e rentveis ttulos denominados, grosso modo,

    como best-sellers. H um conceito j cristalizado sobre seu passado, presente e futuro,

    que se volta pra uma tradio de literatura de mercado e do avano tecnolgico. Esse

    conceito generalizado e passvel de questionamentos invivel para o estudo literrio,

    que deve englobar no apenas o cnone, mas abrir portas ou janelas para outras

    vertentes a literatura marginal.

    Diversos autores percebem e concebem o best-seller apenas como uma

    mercadoria de vnculo meramente comercial, alm de ser voltada para um consumismo

    massificado, no conseguindo ultrapassar essa barreira econmica. Contudo,

    percebemos em primeira instncia um erro recorrente que se estabelece na traduo e

    1 Mestre em Letras (UFV). Professor da Universidade Federal de Gois Campus Jata. Jata Brasil.

    [email protected]. http://lattes.cnpq.br/7891833942208165.

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    atribuio de que toda produo popular ou de massa seja considerada um best-seller,

    sem preocupaes de nomenclatura ou analtica, em grande maioria.

    O escritor Manuel Villar Raso define o best-seller como "um produto fruto da

    moda, que vende como perfume ou modelo de carro"2. Porm, o que apontamos que

    se for um perfume ou modelo de carro da moda, esse best-seller pode ser dado como um

    Chanel ou Volskwagen, que existe j faz um bom tempo no mercado se re-configurando

    e fazendo sucesso desde o seu surgimento. Logo, essas colocaes, apesar de refletirem

    o pensamento de grande parte dos estudiosos mais conservadores e do senso comum

    universitrio, no traduzem toda a realidade dessas obras literrias, que ainda carecem

    de estudos.

    De fato, sua marca econmica inegvel, principalmente por serem as

    Revolues Industriais responsveis por sua tamanha visibilidade. Contudo, h de se

    pensar, em primeiro plano, que a literatura de massa e o best-seller no se tratam de

    nomenclaturas sinnimas. Isto , enquanto o primeiro termo se refere a uma vertente

    literria veiculada para um grande nmero de sujeitos histricos, sociais e dialgicos, o

    segundo se relaciona apenas aos livros que so mais vendidos. conseqncia da

    literatura de massa, em sua maioria, que ela atinja o status de best-seller, todavia o

    processo inverso ainda muito questionvel, pois neste caso, a ordem dos fatores altera

    e muito o resultado dessa problemtica. A relao pode ser direta, mas no

    simplificada.

    De forma analgica, uma das instncias que viabilizam e justificam os estudos

    da literatura de massa, ainda que veiculados ao valor mercadolgico, se referencia aos

    folhetins dos sculos anteriores. Os folhetins eram contnuas histrias contadas em

    jornais de grande circulao, tendo seu preo acessvel, justamente para atingir boa

    parcela da populao consumidora desses peridicos. A cada dia um novo captulo

    dessa histria era publicado, o que fazia com que o leitor comprasse o prximo

    exemplar do jornal (SODR, 1985).

    2 Disponvel em Acesso: 12

    nov 2012.

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    Nomes como Alexandre Dumas, na Europa e Jos de Alencar, no Brasil,

    escreveram histrias em jornais, que posteriormente foram publicadas em livros. O

    prprio cone da literatura brasileira, Machado de Assis, teve histrias folhetinescas

    transformadas em livros, como A mo e a luva. Ambas as instncias supracitadas se

    voltam a um grande pblico leitor, contudo, evidente que devemos desmembrar os

    contextos histricos e as necessidades de cada poca. A necessidade de hoje est

    emaranhada ao avano tecnolgico e a ampla visibilidade da arte nas diversas mdias.

    Mas, ento, por que esses nomes no so considerados escritores de literatura

    de massa, se escreviam, tambm, para as massas consumidoras de jornais? Portanto, o

    que considerado literatura?

    certo, de que apesar dos clssicos gregos e seus sucessores ainda estarem em

    voga nos estudos acadmicos, a sociedade de consumo adotou novos modelos para

    perpetuar a literatura e as demais artes, e esse fator se d principalmente pela evoluo

    industrial, como j percebemos. No culpemos, portanto, as novas mdias por essa

    mudana brusca. A prpria perspectiva do que se trata de produo e reproduo

    literria foram tomando outros rumos em conformidade com a sociedade. Primeiro, para

    que no desaparecessem juntamente ao turbilho de acontecimentos evolutivos dessa

    poca, depois, para tambm poderem se fixar nesse novo re-arranjamento scio-

    histrico-cultural.

    Contudo, a literatura, bem como as demais artes, proveniente dessa nova

    configurao, comearam a adquirir um valor pejorativo: produto de mercado. Mas

    como no ser de mercado se toda produo e reproduo artstica ou no ps

    Segunda Grande Guerra se tornou um produto econmico, uma vez que a sociedade do

    sculo XX e XXI extremamente capitalista? E este atributo no de todo ruim, como

    os mais pessimistas acreditam! Entendemos, portanto, que independente da abordagem

    que se faa de uma obra artstica, preciso cautela nas falcias e uma precisa anlise

    que desconsidere as vises generalizadas ou conservadoras da literatura.

    Sobre literatura, destacamos, portanto, um dos primeiros conceitos

    estabelecidos por Terry Eagleton (1983) em seu livro Teoria da Literatura: uma

    introduo. Inicialmente, o terico retoma a ideia que a literatura escrita imaginativa

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    que no tem funo em ser verdica, propondo, em seguida, que o emprego da

    linguagem diferenciado, peculiar, pois ela transforma e intensifica a linguagem

    comum e se afasta do cotidiano. Temos, deste modo, que a literatura no tem a

    obrigao nem inteno em ser imediatista, objetiva. Assim sendo, podemos

    conceber a literatura como uma escrita que por alguma razo seja valorizada, no se

    preocupando com o imediatismo e se afastando do corriqueiro. Logo, a literatura de

    massa poderia ser desconsiderada como arte?

    Para isso, devemos lembrar, tambm, que os juzos de valores presentes na

    literatura e nas demais artes so historicamente variveis, pois mantm relaes com as

    ideologias sociais, portanto so mutveis e refletem a necessidade de uma determinada

    poca. Isto , toda arte condicionada pelo seu tempo e representa a humanidade em

    consonncia com as idias e aspiraes, as necessidades e as esperanas de uma

    situao histrica particular (FISCHER, 1977, p. 17). Logo, como apontamos, os

    juzos de valores atribudos literatura e as demais artes no so regras fixas e

    estanques, e para atingir certa identificao preciso (re)constru-los em cada sujeito. A

    arte, talvez seja, a responsvel por essa busca e construo.

    claro que o homem quer ser mais do que apenas ele mesmo. Quer

    ser um homem total. No lhe basta ser um indivduo separado; alm da parcialidade da sua vida individual, anseia uma plenitude que sente e tenta alcanar, uma plenitude de vida que lhe fraudada pela individualidade e todas as suas limitaes (FISCHER, 1977, p. 12,

    grifo do autor).

    Portanto, no apenas fatores como linguagem que tornam uma obra literria,

    contudo a funo que essa obra exerce na sociedade e a fora que ela adquire ao atingir

    o sujeito-leitor. O leitor, como sujeito que recebe a obra literria, quem a faz

    perpetuar. Seja aquele leitor que busca a leitura por hbito ou que simplesmente compra

    um livro pela capa, ele o responsvel por sua movimentao. Leitores so leitores,

    independente de sua posio social ou de gosto literrio.

    Uma das observaes a serem levantas est na possibilidade desse sujeito-leitor

    de literatura de massa buscar nessas obras valores plenos que se perderam dentro da

    literatura, ou de que as obras consagradas j no conseguem suprir, devido aos

    movimentos scio-culturais provenientes da segunda metade do sculo XX. A

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    sociedade criou novos moldes e possibilidades, e essas novas modulaes repercutiram

    no leitor e em sua produo. preciso que tenhamos a conscincia de que [...] as

    identidades nacionais no so coisas com as quais nascemos, mas so formadas e

    transformadas no interior da representao (HALL, 2006, p. 48). Elas se alteram, no

    so estanques.

    Um dos fatores perceptveis da sociedade de hoje o seu teor consumista. Seja

    por livros ou fast-food, o consumismo uma caracterstica da sociedade capitalista dos

    sculos XX e XXI. Mas essa caracterstica no esgota a totalidade dos atributos dessa

    sociedade, muito menos os diminui. Se no fosse esse poder de tornar a literatura

    visvel, talvez ela j no tivesse fora alguma. Logo, essa apenas uma e no a

    concentrao de todas as outras possibilidades desse novo modelo social. Isto, pois a

    [...] cultura popular uma das fontes de uma cultura nacional, mas no a fonte

    (COELHO, 2003, p. 20). Seria um equvoco, portanto, afirmar que toda literatura de

    massa tem por objetivo um pblico receptor passivo e consequentemente o consumo

    desregrado e desmedido, podendo indagar aqui, inclusive, a funo da prpria literatura

    e a opacidade do leitor. A literatura ou no para ser consumida por sujeitos-leitores?

    Para definir, ento, uma obra como literria ou no, deve-se pontuar como ela

    se constitui, o que ela representa, bem como os sujeitos que a recebem. preciso, deste

    modo, tomar a devida cincia das possibilidades reveladas pelo texto, considerando

    aspectos extrnsecos e intrnsecos a obra. No questo de tornar a literatura de massa

    um cnone, ou um tipo de literatura culta, sequer reduzi-la a uma literatura imprpria,

    indigna. Contudo, constatar sua presena no percurso da histria da literatura. Boa

    ou ruim ela faz parte desse percurso histrico literrio.

    Deve-se prender, no entanto, a posio de que cada obra diferenciada das

    demais, e, assim como Conan Doyle conhecido por Sherlock Holmes, tambm

    desconhecido como escritor que se dedicava aos romances histricos (SODR, 1985).

    A massificao da qual trabalhada para reduzir, de maneira geral, quase todas as

    literaturas populares, faz parte de uma vertente da sociedade que se industrializou e

    passa por constantes processos de mudana. A mudana uma faca de dois gumes, e

    muitos tm medo pra que lado ela vai cortar. Contudo, essa dicotomia entre alta e baixa

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    cultura/literatura/arte devido a processos mercantis trata-se de uma das falcias mais

    enganosas atualmente.

    A literatura contempornea (e aqui estamos nos referenciando s produes

    posteriores a dcada de 1950) que sofreu influncia dos mecanismos de industrializao

    parece ser deixada de lado, sendo contrastada apenas com as historicamente aceitas ou

    institucionalizadas como tal, o que deixa transparecer o pr-conceito de uma obra sobre

    outra. Deste modo, desconsidera-se as peculiaridades de cada uma, subjulgando-as,

    muitas vezes, sem o devido debruar literrio. Ser simplesmente uma cultura de algum

    tipo j era um valor em si; mas no faria mais sentido elevar uma cultura acima de outra

    [...] (EAGLETON, 2005, p.27). Do mesmo modo em que no h como dizer que uma

    cultura superior ou inferior, no plausvel afirmar a existncia de uma literatura culta

    e outra inferiorizada, ainda mais se no houve parmetros norteadores. Pondera-se,

    ento, na distino entre obras literrias e de seus modos de apresentao para a

    sociedade, que, por sua vez, se diferem. Logo, so distintos, no melhores ou piores.

    Essa precauo deve-se ao fato de pontuar as diferenas culturais, temporais,

    espaciais e de produo existente entre as literaturas. Para os ps-modernistas, em caso

    contrrio, modos de vida totais devem ser louvados quando se trata de dissidentes ou

    grupos minoritrios, mas censurados quando se trata das maiorias (EAGLETON, 2005,

    p.27). O que acontece, de maneira geral, elitizar o que produzido pela(s) minoria(s) e

    desconsiderar o popular, porm, no se deveria excluir a existncia das diferenas, pois

    [...] o estudo da cultura contribui no combate a preconceitos, oferecendo uma

    plataforma firme para o respeito e a dignidade nas relaes humanas (SANTOS, 2003,

    p. 9). Aceitar a manifestao de outras culturas, que no a destinada elite, o primeiro

    passo para verificar como ela se porta na sociedade e suas efetivas contribuies.

    Contudo, possvel aceitar a Saga Crepsculo ou Harry Potter como

    literatura? Compagnon (2001) afirma que, de modo geral, poderia se conceber literatura

    como todo impresso ou manuscrito que h nas prateleiras de bibliotecas. Por este

    parmetro sim, mas talvez por outros no! Mas no se pode prender literatura ou obras

    literrias a conceitos generalizados, por essa razo ns defendemos uma leitura crtica e

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    analtica dessas e das demais obras veiculadas massa, por entender que se trata de um

    anseio literrio social que vem ganhando fora com o advento da indstria cultural.

    No plausvel afirmar que apenas por adentrar a indstria cultural, uma

    determinada obra perca seu valor. Essas obras esto vinculadas ao mercado industrial,

    sem dvida, e por essa razo presas ao conceito da massificao e consumo fcil

    (KOTHE, 1994), o que justificaria a definio de uma literatura de mercado. Mas tal

    afirmao pe em risco o prprio valor das literaturas.

    Para tanto preciso refletir se o preceito de vendagem revela a obra como

    literria ou simplesmente mercadoria de compra e venda, ou seja, at que ponto essa

    cultura pode ser a representao da cultura literria popular e no mera produo de

    uma indstria cultural?

    Deste modo, percorrer por essa linha de alta vendagem e afirmar a literatura

    de massa como inferior generalizar tudo o que produzido por essa massa, cair em

    uma falcia viciosa. Ainda, desconsiderar certos tipos de culturas e esquecer que a

    massa tambm produtora de uma realidade cultural. Cada cultura o resultado de

    uma histria particular, isso inclui tambm suas relaes com outras culturas, as quais

    podem ter caractersticas bem diferentes (SANTOS, 2003, p. 12).

    Ocorre, no entanto, a desconsiderao da cultura de massa, logo, a condio

    de no literrias s obras que provm dessa cultura uma das conseqncias. Temos,

    portanto, que o que importa pode no ser a origem do texto, mas o modo pelo qual as

    pessoas o consideram (EAGLETON, 1983, p. 9). Logo, afastar-se de conceitos j

    estabelecidos sem uma reflexo concisa essencial para realizar uma anlise desse porte

    e que gera tanta discusso. Pois no podemos conceber que [...] a literatura uma

    inevitvel petio de princpio. Literatura literatura, aquilo que as autoridades (os

    professores, os editores) incluem na literatura (COMPAGNON, 2001, p. 46). preciso

    atentar para o perigo das imposies arbitrrias do que seja ou no literrio, que pe em

    risco o vnculo entre a obra e quem a torna conhecida, o sujeito-leitor.

    Para que a prpria crtica e teoria literria possam abrir esse campo,

    preciso que se continue acreditando nas virtudes da literatura e na leitura literria

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    (PERRONE-MOYSS, 2000) e por assim dizer, que estes (crticos, tericos,

    professores...) vejam a literatura em consonncia com seu tempo histrico e cultural.

    Por isso chamamos a ateno para a importncia dos estudos referentes ao fenmeno da

    literatura e cultura de massa.

    Precisamos entender, portanto, que o processo de leitura surge na interao

    dinmica entre o leitor e o texto, contudo impossvel afirmar que toda a apreenso do

    texto se dar em primeira instncia. O sujeito, como ser scio-histrico, vai constituindo

    seu repertrio e o perfazendo a cada nova leitura (ISER, 1999). Por isso o texto no

    pode ser visto como algo acabado nele mesmo, finito, ou ser compreendido apenas por

    quem o faz ou ativa (autor ou leitor). Isto , um texto no uma regra clara e objetiva,

    no qual tudo se encontra, um texto, tal como aparece na sua superfcie (ou

    manifestao) lingstica, representa uma cadeia de artifcios expressivos que o

    destinatrio deve actualizar (ECO, 1993, p. 53, grifo do autor). Por isso temos que a

    obra de arte deve apoderar-se da platia no atravs da identificao passiva, mas

    atravs de um apelo razo que requeira ao e deciso (FISCHER, 1977, p. 15). E o

    responsvel por essa interao o sujeito-leitor.

    o sujeito que carrega em si ideologias que permitem ir alm da

    passividade, seja na literatura popular ou na de marcado. Uma vez que o discurso a

    materializao de ideologias, pode-se afirmar que o texto a materializao do discurso.

    Essa relao de sentidos que se estabelece entre leitor e obra dialgica. O leitor, com o

    poder de eleger o que quer abstrair da obra, sai do consenso de passividade, pois sempre

    interage com a obra (ORLANDI & RODRIGUES, 2006). Portanto, a totalidade se

    concretiza na medida em que o leitor ocupa a posio previamente esboada, cria

    representaes e constitui o sentido do texto (ISER, 1999, p.66).

    Mas como relacionar indstria cultural, cultura de massa e best-seller?

    Qual o rumo da ps-modernidade literria? Respondemos a esses questionamentos

    observando que a ps-modernidade est se concretizando aos poucos e, talvez, j at

    estejamos passando por ela sem dar o devido crdito. Isso ocorre, principalmente, por

    estarmos abitolados a uma ideia de encontrar na literatura contempornea um tipo de

    literatura que j no mais a mesma de antes. As artes perderam as rdeas de outrora,

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    e isso no ruim! preciso que se adentre ao processo scio-histrico e cultural que se

    faz presente para que se possa compreend-lo. Logo, a pergunta no como se dar a

    relao entre indstria, literatura e cultura de massa, porm identificar por que A dama

    das camlias ou Senhora melhor ou pior que Harry Potter ou Senhor dos Anis? Que

    parmetros utilizaremos para isso? Negar qualquer tipo de literatura promover o

    declnio da sociedade.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    COELHO, Teixeira. O que indstria cultural. So Paulo: Brasiliense, 2003.

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    Cleonice P. B. Mouro. Belo Horizonte: UFMG, 2001.

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    _________________. A ideia de cultura. Trad. Sandra Castello branco. So Paulo:

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    ECO, Umberto. Leitura do Texto Literrio Lector in fabula. Lisboa, Presena, 1993.

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    HALL, Stuart. A identidade cultural na ps-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva

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    ISER, Wolfgang. O ato da leitura: uma teoria do efeito esttico. Trad. Johannes

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    KOTHE, Flvio Rene. A narrativa trivial. Braslia: Editora Universidade de Braslia,

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    ORLANDI Eni P. e RODRIGUES, Suzy Lagazzi. Discurso e Textualidade. Campinas:

    Editora Pontes, 2006.

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    Companhia das Letras, 2000.

    SANTOS, Jos Luiz dos. O que cultura? So Paulo: Brasiliense, 2003.

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    SODR, Muniz. Best-Seller: a literatura de mercado. So Paulo: tica, 1985.