Rm 5. 1-2 - Benefícios Da JustificaçãoSermão-Exegético- Aris

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TEXTO: Rm. 5. 1-2 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça, na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus. INTRODUÇÃO No seu livro o conhecimento de Deus, Packer nos conta que em uma passagem de uma lenda grega, o príncipe Páris havia raptado a princesa Helena de Tróia. Os expedicionários gregos levaram um navio para resgatá-la, mas foram impedidos no meio do caminho por um persistente vento contrário. Agamenon, o general grego, mandou buscar sua filha em casa e num cerimonial matou-a em sacrifício para acalmar a evidente hostilidade dos deuses. Essa ação deu bom resultado, o vento começou a soprar e a frota alcançou Tróia sem mais dificuldades. Esta idéia de propiciação para aplacar a ira dos deuses é uma idéia do mundo pagão em geral. Para os gregos especialmente, existem vários deuses e nenhum deles tem domínio absoluto, mas o poder que eles têm é suficiente para tornar a vida mais fácil ou mais difícil. O temperamento deles é uniformemente incerto, ofendem-se com as menores coisas ou sentem ciúmes quando acham que estão sendo preteridos por outros deuses ou pessoas.

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Os benefícios da Justificação pela fé.

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TEXTO: Rm

TEXTO: Rm. 5. 1-2

Justificados, pois, mediante a f, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. por intermdio de quem obtivemos igualmente acesso, pela f, a esta graa, na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperana da glria de Deus.

INTRODUO

No seu livro o conhecimento de Deus, Packer nos conta que em uma passagem de uma lenda grega, o prncipe Pris havia raptado a princesa Helena de Tria. Os expedicionrios gregos levaram um navio para resgat-la, mas foram impedidos no meio do caminho por um persistente vento contrrio. Agamenon, o general grego, mandou buscar sua filha em casa e num cerimonial matou-a em sacrifcio para acalmar a evidente hostilidade dos deuses. Essa ao deu bom resultado, o vento comeou a soprar e a frota alcanou Tria sem mais dificuldades.

Esta idia de propiciao para aplacar a ira dos deuses uma idia do mundo pago em geral. Para os gregos especialmente, existem vrios deuses e nenhum deles tem domnio absoluto, mas o poder que eles tm suficiente para tornar a vida mais fcil ou mais difcil. O temperamento deles uniformemente incerto, ofendem-se com as menores coisas ou sentem cimes quando acham que esto sendo preteridos por outros deuses ou pessoas.

Para resolver o problema necessrio que se faa alguma oferenda para acalmar a sua ira e quem assim o faz recebe deles favores. Quanto maior a oferta, melhor. E aquele que sbio, na concepo deles, cuida para que a sua oferta seja bem expressiva para conseguir o resultado desejado.

ELUCIDAO

O livro de Romanos considerado por grandes telogos como a mais rica e excelente obra de teologia. considerado por Russel Shedd e tambm por Calvino como: o livro mais importante da Bblia; grande tesouro, preciosidade sem igual.

Este livro destinado igreja em Roma, como podemos ver na introduo da prpria carta, onde lemos que Paulo a escreve a todos os amados de Deus, que estais em Roma, chamados para serdes santos.. (Rm 1. 1).

Como nos diz Calvino ...[o] assunto principal de toda Epstola... consiste na justificao pela f.

Sem qualquer sombra de dvida, o autor da Epstola o Apstolo Paulo.

Com relao data, a despeito de todas as controvrsias que rodeiam esta questo, pleiteamos a posio ortodoxa da igreja, que sugere uma datao mais ou menos de 53 d.C em diante; indo no mximo 4 ou 5 anos mais tarde.

O livro pode ser esboado, sem qualquer prejuzo da seguinte maneira:

INTRODUO E TEMA(1.1-17).

A NECESSIDADE DA JUSTIA DIVINA (1.18-3.20).

A GLORIOSA PROVISO DIVINA DA JUSTIA (3.21-5.21).

A CONCRETIZAO DA JUSTIA PELA F (6.1-8.39).

A RELAO DA JUSTIA PARA COM O JUDEU (9.1-11.36).

APLICAES PRTICAS DA JUSTIA PELA F IGREJA (12.1-15.13).

CONCLUSO (15.14-16.27).

O texto escolhido para nossa prdica encontra-se no bloco, tal qual vemos no esboo, A gloriosa proviso divina da justia. Este bloco vai do captulo trs versculo vinte e um at o captulo cinco versculo vinte e um.

Falando-se de forma mais restrita, o nosso texto est inserido no bloco que vai do captulo cinco versculo primeiro at o versculo vinte e um. Este bloco mais restrito apresentado nos esboos como os benefcios da justificao.

Aqui, o Apstolo Paulo no est mais descrevendo a justificao, porquanto, nos captulos anteriores ele j exps a necessidade, a exata natureza e a prova escriturstica da justificao pela f. Ele j toma a justificao como certa, como bem denota a palavra, pois, no nosso texto. Mas, para uma melhor compreenso nossa, devemos colocar aqui aquilo que o Apstolo quer dizer com a palavra justificados.

O verbo que traduzimos por esta palavra est no particpio, e como qualquer verbo pode ser substantivado, como o caso, visto que no est acompanhado por um substantivo.

O verbo est no aoristo, que como todos aqui sabemos, indica uma ao que foi concluda. Este tempo verbal, o aoristo, indica uma idia de algo que aconteceu de uma vez por todas, uma ao fotogrfica (ao pontilear). No algo que tem a ver com processo. Para Paulo, ento, a justificao que Deus concedeu aos seus amados, eleitos, predestinados, de uma vez para sempre, no um processo.

Entretanto, mais importante ainda, observarmos que este verbo est na voz passiva. Essa voz usada quando o sujeito sofre a ao, quando o sujeito o recipiente da ao verbal, quando est sofrendo uma ao por uma outra pessoa (o agente). Portanto, Paulo declara peremptoriamente que o ser justificado uma ao que sofrida pelo homem. Esta ao independe do homem. O homem inteiramente passivo. E, o Apstolo j havia dito isto anteriormente, no cap. 3, verso 20, quando diz que ningum ser justificado pelas obras da lei, mostrando assim que o homem nada pode fazer para ser justificado.

Justificao na teologia Paulina, como nos diz Hoekema, indica o ato gracioso de Deus pelo qual Ele declara justos os pecadores crentes. A justificao tem como pressuposto a ira de Deus. E esta ira no pode ser aplacada pelos sacrifcios humanos. Esta ira santa de Deus s pode ser aplacada mediante o sacrifcio que Ele mesmo providencia, como vemos no captulo 03 desta carta. Nos versos 21-26, Paulo explica qual a base para a nossa justificao, e usa a palavra propiciao. Esta palavra traz no seu bojo a idia de cobertura de pecados, e ainda mais, traz a idia de apaziguamento da ira divina. S o sangue de Cristo pde apaziguar a ira do santo Deus.

De forma que, Paulo agora vai mostrar as implicaes do ser justificado. De forma que o Apstolo vai mostrar as bnos, os benefcios decorrentes da justificao. No sendo sua preocupao neste texto explic-la porque ele j o fez anteriormente.

De posse destas informaes, queremos convidar os irmos a meditarem conosco sobre o tema:

BENEFCIOS DECORRENTES DA JUSTIFICAO

1. TER PAZ COM DEUS.

O primeiro benefcio que o Apstolo Paulo nos mostra, e que est expresso no primeiro verso que ns lemos , indubitavelmente paz com Deus.

Aqui, temos um problema de ordem manuscritolgica.

O texto em apreo traz uma variante. Esta variante causa uma mudana radical no texto. Como veremos a seguir na argumentao alguns textos, sendo estes em maior nmero que os que preferem outra variante, trazem o verbo e)/xwmen, (tenhamos) que est no subjuntivo, e como sabemos, o verbo no subjuntivo indica probabilidade. Outros, manuscritos trazem a variante e)/xomen, (temos)que est no indicativo que indica certeza, fato. No subjuntivo, a expresso verbal traduzida como tenhamos paz com Deus ou conservemos a paz com Deus. J no indicativo a traduo da expresso verbal : temos paz com Deus.

Os textos Ecltico, o Nestle-Aland, o textus receptus e o texto majoritrio apresentam a variante e)/xomen, (temos) como a melhor variante para este texto.

J o texto de Westcott e Hort na verso de 1949, traz a variante e)/xwmen (tenhamos) como a melhor.

Qual o texto que deve ser escolhido? Qual das duas variantes a que melhor se adequa ao contexto e quais as razes para preferirmos uma em detrimento da outra?

A variante (tenhamos) conta, conforme nos diz o Dr. Champlin, com o apoio esmagador da evidncia externa. Esta variante conta tambm com o apoio das citaes de pais da Igreja como Orgenes, Crisstomo e Ambrosiastro.

Alguns autores acham que e)/xwmen (tenhamos) deve ser a variante escolhida. Entre esto David Brown e J. B. Lightfott que diz: se a autoridade externa para ser considerada, aquela (referindo-se a e)/xwmen) e no e)/xomen (temos) inquestionavelmente a leitura certa. Sendo que este autor termina a sua argumentao dizendo que a fora da frase podemos ter a paz com Deus; ou, no nos foi permitido continuar lutando contra Deus.

Entretanto, deve-se levar em considerao a evidncia interna do texto. E, naturalmente, esta e no a outra deve ter precedncia.

O contexto em que o versculo em apreo est inserido, tanto o anterior como o posterior, sugere que a leitura de e)/xomen (temos) (indicativo) melhor a ser adotada.

Logo de incio, fica claro o fato de que Paulo no est fazendo uma exortao (como indicaria o subjuntivo e)/xwmen), mas est declarando fatos, razo pela qual o uso do indicativo se adequa melhor ao texto.

No podemos deixar passar desapercebido o fato de que o verbo usado no incio da frase, traduzido para o portugus como justificado (Dikaiwqe/ntej) est no particpio aoristo. Como sabemos, quando o verbo est neste tempo verbal, o aoristo, indica uma idia de algo que aconteceu de uma vez por todas, como uma fotografia. Eles foram justificados para sempre. Conforme o contexto diz, pela propiciao do sangue de Cristo que eles foram justificados. Logo, isto implica, que a ira de Deus foi apaziguada e os justificados tm paz com Deus, e no podem ter paz com Deus. No foi por causa das suas aes que ele foram justificados, foi por causa da propiciao. Seguindo este mesmo raciocnio chegaremos concluso de que, tambm, no ser pelo seu esforo que eles tero paz com Deus, como indicaria o verbo no subjuntivo.

Alm disso, Paulo afirma no contexto posterior: obtivemos igualmente acesso (vs. 02). A palavra igualmente nos leva ao verso anterior. De modo que Paulo quer dizer: Assim como obtivemos acesso, tambm, da mesma forma, obtivemos paz ou vice-versa. uma declarao de fatos, uma certeza, portanto, deve ser usado o indicativo e no o subjuntivo.

Um pouco mais adiante, Paulo afirma que tambm ns fomos reconciliados com Deus (vers. 10 e 11).

Reconciliao o oposto de inimizade, de discrdia, de guerra. Aqueles que eram inimigos agora esto reconciliados. A relao entre Deus e o homem que era de discrdia, argumenta Paulo, passa agora a ser de paz, de amizade, porque a justificao traz como um dos seus resultados a paz.

Da infere-se, naturalmente, que se fomos reconciliados com Deus, naturalmente a paz com Ele uma conseqncia.

Por tudo isto que foi apresentado, e a despeito do fato de muitos pais da Igreja terem utilizado o subjuntivo, concordamos aqui, baseados na evidncia interna, que a variante e)/xomen a que representa o sentido mais exato do texto. A outra variante carece de sentido.

Ento, Paulo est dizendo que como benefcio da justificao a nossa condio diante de Deus no mais de quem est em inimizade com Ele, no estamos mais debaixo da Sua santa ira, mas estamos num estado de paz com Deus.

Paulo diz que agora depois da justificao, depois que Cristo assumiu o nosso lugar e tornou-se o nosso substituto, sendo obediente vontade de Deus e recebendo em nosso lugar o salrio do nosso pecado, a sua justia recaiu sobre ns, e assim o nosso estado para com Deus um estado de paz e no de inimizade. E isso no representa qualquer espcie de paz, mas a paz mais fundamental da vida humana: a paz com Deus.

A palavra paz expressa relacionamento com Deus. Expressa perdo e aceitao e se contrasta com inimizade, rebelio ou ira. Assinala a posio daqueles que outrora estavam debaixo de condenao mas agora esto a gozar da plena medida do divino perdo e do favor divino.

E sendo a justificao um ato nico, que no se repete, como j explicamos anteriormente, esta paz como conseqncia, como benefcio disto, algo que ningum pode nos tirar.

Mas, ainda h uma Segunda verdade. Neste texto veremos um segundo benefcio:

2. LIVRE ACESSO A DEUS

O acesso, conforme afirma William Barclay, denota um privilgio de aproximar-se ou ser introduzido presena de algum de alto prestgio; de alta posio; de alta considerao. nosso caso presena de um personagem real ou divino.

O termo tambm refere-se comumente ao ato do adorador na presena de Deus. Nesse acesso, os homens chegam at o trono do grande Rei, e no como escravos ou servos, e sim, como filhos.

Segundo o Dr. Champlin a palavra acesso subentende a nossa entrada e participao em todas as bnos espirituais, que nos so propiciadas em Cristo.

Aqui a idia de acesso a idia, de que os justificados no so simplesmente inimigos que foram perdoados, mas so filhos que vivem em comunho com Deus. E, Paulo descreve isto mais frente, especificamente no captulo 8, quando diz que estes, os justificados, receberam o esprito de adoo, e com este esprito chegam presena de Deus e clamam Aba, Pai..

O que Paulo diz que no apenas fomos reconciliados com Deus, porque como nos diz o Dr. Lloyd-Jones, em certo sentido, voc pode reconciliar-se com algum e no ter muita intimidade com a pessoa. Voc pode deixar de estar em inimizade; as barreiras, os empecilhos e os obstculos pode ser removidos; todavia, isto no tudo.

O fato que alm de nos dar a paz com Deus, Cristo nos coloca numa posio de acesso a Deus. Ou como pode ser traduzida a palavra, Cristo nos aproxima de Deus. Cristo, pela sua obra substitutiva que nos apresenta ao Pai. Cristo quem nos justifica e como resultado nos toma pela mo e nos guia at presena de Deus.

A idia do Apstolo Paulo a mesma idia do Escritor aos Hebreus que diz em 10. 19: Tendo, pois, irmos, intrepidez para entrar no Santos dos santos, pelo sangue de Cristo, aproximemo-nos com corao sincero.

Como todos sabemos, as pessoas comuns no tinham permisso para entrar no santo lugar, menos ainda no lugar santssimo. No santo dos santos s um homem poderia entrar, o sumo sacerdote, isto uma nica vez ao ano e no sem sangue.

No Velho Testamento vemos como so minuciosamente descritos tipos de paramentos e vestes que o sumo sacerdote tinha de usar. Conforme o Dr. Lloyd-Jones, as campainhas que eram fixadas nas orlas do seu grande manto tinham o objetivo de fazer o povo, que estava do lado de fora, saber que o sumo sacerdote estava voltando.

Esta expectativa demonstra que o povo sabia que era algo tremendamente arriscado, espantoso, sublime, era estar no lugar santssimo, estar na presena de Deus. A presena de Deus naquele lugar fazia, o povo do lado de fora, ficar na mais absoluta expectativa.

A grande questo era: ser que Deus aceitaria a oferta pelo pecado? E quando o povo ouvia o som das campainhas, a alegria era geral, porque a oferta pelo pecado fora aceita, Deus perdoou o seu povo.

Pensemos ainda, irmos, nos grandes homens do passado, como Daniel, Ezequiel e outros, que dizem que as suas foras fugiram; que eles caram ao cho, quando tiveram a viso de Deus. Diante disto notamos o quanto Deus Santo e quo grande a sua majestade, de maneira que nenhum mortal, poderia ter uma viso de Deus, ainda que plida, sem cair sem foras.

A presena de Deus fazia com que aqueles homens contemplassem o seu pecado, a sua indignidade, a sua impureza diante de Deus. Estavam ali se expondo, e, quando isto acontecia, a impresso de todos eles era a mesma que Isaas teve e disse: Ai de mim! Estou perdido, porque os meus olhos viram o Rei da Glria.

A idia que passa na cabea daqueles homens, a mesma nossa quando estamos diante de Deus, e nos perguntamos: Como posso ir presena de um Deus Santo, que um fogo consumidor? (Is. 33. 14) Como posso eu ter certeza de que Deus tem boa disposio comigo, apesar da minha indignidade, do meu pecado? Como ter certeza que posso ter esse acesso sem ser consumido?

O nico modo de ir presena de Deus em segurana tendo a conscincia de que o filho de Deus levou os meus pecados, e a culpa e a punio desses no Seu prprio corpo no madeiro. Somente quando sei que Deus levou embora o meu pecado e a minha culpa, que Ele me revestiu da justia de Seu Filho e que quando me ponho diante dEle, Ele no v os meus trapos sujos, e sim a perfeita roupagem da justia produzida por Cristo para mim, posso est na presena de Deus.

importante dizermos que o verbo est no tempo perfeito indica uma ao realizada no passado, cujos resultados permanecem no presente. Como nos explica a Chave Lingstica do Novo Testamento: temos e ainda possumos acesso.

desta maneira, diz Paulo, pela justificao no sangue de Cristo e no pelas nossas obras, que temos livre acesso a Deus.

E, preciso enfatizar isto, somente atravs de Cristo, podemos ter acesso a Deus, sem sermos exterminados na Sua presena.

APLICAO

O que estas coisas tm a ver conosco? O que podemos aplicar nas nossas vidas?

Queridos irmos, se estas coisas ditas no nos alegra o corao, alguma coisa est errada. Quando no compreendemos esta doutrina e suas implicaes, mostra que no compreendemos, de fato, o que significa est em guerra contra Deus; mostra que no compreendemos o que significa est sob a ira de Deus. Se to somente compreendermos isto, e os membros das nossas igrejas tambm a compreendessem, os nossos cultos seriam diferentes, mais reverentes, mais cheios de um sentimento sincero de adorao, de temor, e mais cheios de significado para cada um de ns. E, indo um pouco mais longe, o nosso cristianismo seria diferente. Compreenderamos infinitamente melhor que quando Cristo fez a paz entre o homem e Deus e nos Deus livre acesso, ele no somente nos livrou dos nosso pecados mais vis, torpes, flagrantes, mas tambm do pecado da justia prpria, de presuno, de arrogncia, de falso moralismo.

Esta doutrina deve nos levar mais profunda humilhao e contrio. Porque atravs dela descobrimos que no fizemos nada que pudesse nos justificar. Foi Deus quem nos justificou, pelo sangue de Cristo. E isto deve fazer os nossos coraes transbordar de alegria e prazer na presena do Senhor.

Quando algum diz que sabe estas coisas e no tem humildade, alguma coisa est errada. Como diz R. C. Sproul: Muitos tm acumulado um depsito de conhecimentos teolgicos, contudo seus coraes permanecem estreis e frios. Diz ainda mais: Muito conhecimento sem amor intil.

A busca de conhecimento insuficiente. Ele apenas um recurso para estimular o corao, para a alimentao da alma.

No adianta, como bem j disse um aluno desta casa, ter um cdigo teolgico brilhante sem se ter prtica de vida.

Se, de fato, compreendssemos quem ns ramos antes da justificao, e observssemos os benefcios que recebemos depois dela, na nossa vida jamais teria lugar para a prepotncia, para a soberba, mas seria uma vida permeada de humildade para com Deus e com o nosso prximo.

Se compreendssemos estas verdades, amaramos mais a Deus. A nossa lamentao daria lugar ao louvor. No brincaramos mais com Deus. No faramos barganhas com Ele. Nossa reclamao daria lugar gratido. Nossa ansiedade daria lugar dependncia de Deus.

Tudo isto nos acontecer, quando compreendermos que fomos justificados, e agora temos paz com Deus e livre acesso Deus.

CONCLUSO

Para concluir, quero vos fazer lembrar da nossa introduo. Para os gregos e os pagos de um modo geral necessrio fazer sacrifcios para satisfazer ao capricho dos deuses e para se obter deles algum favor.

Ao contrrio disto, a nossa justificao e os seus resultados que dela decorrem, no dependem daquilo que ns fazemos.

A ira de Deus foi aplacada por Cristo. E os seus resultados so permanentes e ningum pode nos tirar isto.

O nosso relacionamento com Deus de paz e de livre acesso.

Justificados, pois, mediante a f, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. por intermdio de quem obtivemos igualmente acesso, pela f, a esta graa, na qual estamos firmes....

A Deus toda glria. Joo Calvino. Romanos. Pg. 27.

Charles R. Erdman. Comentrios de Romanos. Pg. 64

Loureno Stelio Rega. Noes do Grego Bblico. Pg. 94.

Salvos pela graa. Pg. 179

R. N. Champlin. O Novo Testamento Comentado Versculo por Versculo. Pg. 645.

David Brown. Comentrio Exegtico y Explicativo de La Bblia.

J. B. Lightfoot. Notes On Epistles of St. Paul. Pg. 284. Traduo Prpria.

Reconciliao: O Mtodo de Deus, Pg. 273.

Chave Lingstica do Novo Testamento. Pg. 263.

R. C. Sproul. A Alma em Busca de Deus. Pg. 14