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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL TECNOLOGIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL: EDIFICIOS TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO PATOLOGIAS GERADAS POR ERROS DE EXECUÇÃO DE ESTRUTURA DE CONCRETO ARMADO: CAUSAS, MEDIDAS PREVENTIVAS E CONSEQUÊNCIAS Robson Silva de Morais JUAZEIRO DO NORTE, CE 2017

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT

DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL TECNOLOGIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL: EDIFICIOS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO

PATOLOGIAS GERADAS POR ERROS DE EXECUÇÃO DE ESTRUTURA DE

CONCRETO ARMADO: CAUSAS, MEDIDAS PREVENTIVAS E CONSEQUÊNCIAS

Robson Silva de Morais

JUAZEIRO DO NORTE, CE

2017

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ROBSON SILVA DE MORAIS

Aluno do Curso de Tecnologia da Construção Civil - URCA

PATOLOGIAS GERADAS POR ERROS DE EXECUÇÃO DE ESTRUTURA DE

CONCRETO ARMADO: CAUSAS, MEDIDAS PREVENTIVAS E CONSEQUÊNCIAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Tecnologia da Construção Civil com habilitação em Edifícios, da Universidade Regional do Cariri, como requisito para a obtenção do Grau de Tecnólogo em Construção Civil habilitação em Edifícios.

Orientador (a): Prof. Esp. Dirceu Tavares de Figueiredo

JUAZEIRO DO NORTE, CE 2017

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PATOLOGIAS GERADAS POR ERROS DE EXECUÇÃO DE ESTRUTURA DE CONCRETO ARMADO: CAUSAS, MEDIDAS PREVENTIVAS E

CONSEQUÊNCIAS

Elaborado por Robson Silva de Morais

Aluno do Curso de Tecnologia da Construção Civil – URCA

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________ Prof. Esp. Dirceu Tavares de Figueiredo

(Orientador)

__________________________________________________ Prof. Esp. Jefferson Luiz Alves Marinho

(Avaliador)

Prof. Esp. Samuel Bezerra Cordeiro (Avaliador)

Monografia aprovada em ______ /_______ /_________, com nota_________.

JUAZEIRO DO NORTE – CE 2017

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Dedico este trabalho aos meus pais, Francisco Chagas e Luciana Maria por terem contribuído diretamente em minha formação pessoal e profissional e também pelo apoio que me deram ao longo dessa jornada.

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AGRADECIMENTOS A Deus, por sempre estar presente na minha vida permitindo que eu realize os meus sonhos, me guiando para as melhores realizações da minha vida. Aos meus pais, Francisco Chagas e Luciana Maria por me darem força principalmente nesses últimos anos que foram muito difíceis. Sou grato pelos conselhos, incentivos, esforços, paciência, dedicação e especialmente por sempre acreditarem no meu potencial. Amo muito vocês. A toda a minha família e também aos meus amigos, pelo apoio e incentivo tanto de maneira direta como indireta. Aos professores do curso de Tecnologia da construção civil da URCA, por partilharem seu conhecimento cientifico e profissional, alem dos conselhos e orientações, principalmente aos professores Aluizo Tavares e Paulo de Souza por ministrarem disciplinas relacionadas a concreto armado, que é um tema que gosto muito e a maneira que eles lecionavam me despertou um maior interesse ao assunto. Ao professor e orientador deste trabalho Dirceu Tavares, pelo conhecimento repassado, pelos conselhos, orientações, pela paciência e atenção prestados. Aos amigos da graduação que me acompanharam ao longo dessa jornada, sempre compartilhando conhecimento. Pelos momentos de alegria que ficarão guardados pra sempre.

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“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis.”

José de Alencar

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RESUMO

O presente trabalho visa analisar as manifestações patológicas em estruturas de

concreto armado que tenham sido originadas por erros na sua execução, onde são

elencadas as principais causas dessas patologias, as medidas preventivas que

devem ser tomadas, utilizando da boa pratica de execução para evitar o surgimento

da mesma e os tipos de patologias mais comuns por falhas de execução. O que

trouxe a necessidade desse estudo foi devido a uma grande parte das origens

patológicas estarem relacionadas a falhas na execução de estruturas, pela falta de

profissionais qualificados e que tenham conhecimento do assunto. Para a produção

desse trabalho foi realizado um estudo bibliográfico das recomendações das normas

e de diversos autores do ramo da construção civil, com relação a técnicas

construtivas e a patologias de estruturas de concreto armado. O trabalho apresentou

um passo-a-passo da boa pratica de execução de estruturas de concreto armado,

desde a montagem de formas ate a etapa de cura, relacionando as principais causas

de patologias em cada etapa de execução.

PALAVRA CHAVE: Patologia; Estrutura; Concreto armado; Processo construtivo.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Montagem de fôrma de pilar ...................................................................... 15

Figura 2: Fôrmas de viga, laje e pilar ........................................................................ 16

Figura 3: Erro na distribuição das armaduras............................................................ 17

Figura 4: Mudança de posição de armadura ............................................................. 18

Figura 5: Armazenamento de sacos de cimento ....................................................... 22

Figura 6: Lançamento com funis, trombas e calhas .................................................. 24

Figura 7: Fissuras por retração hidráulica ................................................................. 28

Figura 8: Fissuras devido à dilatação térmica ........................................................... 29

Figura 9: Fissuras ocasionadas por flexão ................................................................ 30

Figura 10: Fissuras devido à compressão ................................................................. 30

Figura 11: Fissuras devido ao cisalhamento ............................................................. 31

Figura 12: Fissuras devido à punção ........................................................................ 31

Figura 13: Avanço da carbonatação pelo ensaio de fenolftaleína ............................. 32

Figura 14: Corrosão das armaduras .......................................................................... 33

Figura 15: Tipos de corrosão ..................................................................................... 34

Figura 16: Desagregação do concreto ...................................................................... 35

Figura 17: Eflorescência do concreto ........................................................................ 36

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9

1.1 Justificativa ................................................................................................... 10

1.2 Objetivos ...................................................................................................... 10

1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................ 10

1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................ 11

1.3 Metodologia .................................................................................................. 11

2 PATOLOGIA EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO .......................... 12

3 CAUSAS E MEDIDAS PREVENTIVAS NA EXECUÇÃO .................................. 14

3.1 Montagem de fôrmas e escoramentos ......................................................... 14

3.2 Montagem das armaduras ........................................................................... 16

3.3 Instalações ................................................................................................... 20

3.4 Mistura do concreto ...................................................................................... 20

3.5 Transporte .................................................................................................... 23

3.6 Lançamento ................................................................................................. 24

3.7 Adensamento ............................................................................................... 25

3.8 Cura ............................................................................................................. 26

3.9 Desforma e Remoção dos escoramentos .................................................... 26

4 TIPOS DE PATOLOGIAS MAIS COMUNS (CONSEQUÊNCIAS) ..................... 28

4.1 Fissuras ........................................................................................................ 28

4.1.1 Fissuras devido à retração hidráulica .................................................... 28

4.1.2 Fissuras devido à variação de temperatura ........................................... 29

4.1.3 Fissuras devido à flexão ........................................................................ 29

4.1.4 Fissuras devido à compressão .............................................................. 30

4.1.5 Fissuras devido ao cisalhamento ........................................................... 31

4.1.6 Fissuras devido à punção ...................................................................... 31

4.2 Carbonatação ............................................................................................... 32

4.3 Corrosão das armaduras .............................................................................. 33

4.4 Desagregação do Concreto ......................................................................... 34

4.5 Eflorescência ................................................................................................ 35

5 Conclusão ......................................................................................................... 37

REFERENCIAS ......................................................................................................... 39

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1 INTRODUÇÃO

Os materiais mais utilizados como elementos estruturais segundo Neville

(2013) são concreto e aço, principalmente quando são utilizados de modo

combinado, sendo denominado de concreto armado, o seu uso é mais comum em

fundações, pilares, vigas, Lages, escadas, caixas d’água. O crescimento do uso

desse material deve-se a facilidade de obtenção dos materiais empregados na sua

composição, diminuindo assim o seu custo.

Devido ao elevado crescimento do uso do concreto armado e a falta de

conhecimento do material, as edificações começaram a apresentar algumas

anomalias, como trincas, fissuras, corrosão, desagregação e etc., essas anomalias

trouxeram a necessidade de um estudo mais aprofundado sobre a origem e análise

das falhas que causam a deterioração estrutural, daí surgiu um novo campo de

estudo na engenharia civil, chamado de patologia das estruturas. As patologias nas

estruturas de concreto armado são as de maiores riscos na edificação, pois são os

elementos estruturais (fundações, pilares e vigas) que dá a estabilidade a uma

edificação, acarretando assim em outras patologias, visto que, havendo uma falha

em algum desses elementos, pode ocasionar na deterioração da estrutura,

diminuindo a vida útil da edificação, além de causar o colapso da edificação

podendo ter vítimas fatais, e também gerar outras patologias na obra após

finalizada.

Levantamentos estatísticos feitos por Helene (2003) e Piancastelli (2017),

revelam que grande parte das origens patológicas são ocasionadas por falhas no

processo de execução, já que a maioria dos profissionais de execução não tem um

conhecimento técnico e executam a obra apenas com bases empíricas. Essa falta

de profissionais qualificados na fase de execução da obra prejudica muito no

resultado final da obra, isso porque os profissionais de execução muitas vezes não

identificam com antecedência as falhas que podem gerar patologias, onde se

podiam reparar as falhas antes que elas se agravassem.

As patologias podem ser evitadas se um profissional técnico acompanhar a

obra orientando os operários com relação aos cuidados na execução, e ainda

fiscalizando a maneira de executar as estruturas, se está de acordo com as normas

ou seguindo a técnica indicada por autores da área de execução de estruturas de

concreto armado.

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1.1 Justificativa

A escolha desse tema deve-se a grande presença de patologias nas

estruturas de concreto armado, que Segundo Helene (2003) em relação à origem

das patologias atribui-se aos erros de execução como a segunda maior causa das

manifestações patológicas. Dessa maneira, continua o autor apresentando que 40%

das patologias são provenientes de projetos inadequados, seguidos por 28% de

problemas na execução, 18% pelo uso de materiais de baixa qualidade, 10% pelo

mau planejamento e 4% pela má utilização da edificação. Outro estudo feito por

Piancastelli (2017) sobre as origens patológicas com maior incidência no Brasil

aponta a execução como a principal origem das patologias com 51%, em seguida

vem as falhas de projeto com 18%, utilização com 13%, materiais 7%, fortuitas 6%,

manutenção 3% e outros casos 2%.

Devido à grande ocorrência de patologias por erros de execução de

estruturas, o intuito desse trabalho é contribuir com um levantamento bibliográfico

sobre os cuidados na execução de estruturas de concreto armado, com

recomendações dos autores do ramo da construção civil em relação à execução de

estruturas de concreto armado, listando as principais falhas que podem gerar

patologias futuramente, para que o construtor se atente a verificar a execução

identificando os erros para corrigi-los com antecedência, evitando assim o

surgimento de patologias, o que pode ocasionar na redução da vida útil e no

desempenho da edificação, podendo levar a edificação ao colapso tendo como

conseqüência prováveis riscos de acidentes fatais.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Esse trabalho tem como objetivo geral fazer um estudo bibliográfico sobre a

execução de estruturas de concreto armado relacionando as patologias que podem

surgir por erros gerados pela má execução de estruturas de concreto armado em

uma edificação.

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1.2.2 Objetivos Específicos

1. Apresentar as principais causas de patologias decorrentes de falhas na

execução de estruturas de concreto armado;

2. Mostrar as etapas de execução de estruturas que devem ser acompanhadas

com mais atenção para evitar patologias;

3. Apontar os tipos de patologias mais comuns ocasionados por erros de

execução.

1.3 Metodologia

O desenvolvimento deste trabalho é baseado em uma revisão bibliográfica

geral sobre as patologias que podem surgir por erros de execução de estruturas de

concreto armado, medidas preventivas que podem ser feitas para evitar o

aparecimento dessas patologias, as causas das patologias mais comuns e as

consequências que podem surgir se não forem tomados certos cuidados.

O levantamento de dados e as informações contidas neste trabalho foram

obtidos por meio de pesquisa eletrônica via internet, via livros dos autores mais

reconhecidos no ramo da Engenharia Civil, bem como em dissertações e artigos, e

também através de monografias relacionadas ao tema abordado aqui.

No referencial teórico o conteúdo é iniciado com um conceito básico sobre

patologias em estruturas de concreto armado, para um melhor entendimento do

leitor, em seguida são elencadas as causas e medidas preventivas na execução de

estruturas de concreto armado, onde são demonstradas as medidas preventivas que

devem ser seguidas para que as patologias em estruturas de concreto armado não

ocorram, e também demonstradas as causas das patologias, no qual são explicados

os principais motivos do aparecimento das patologias, por fim, são apresentados os

tipos de patologias mais comuns em estruturas de concreto armado que são as

consequências.

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2 PATOLOGIA EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO

De acordo com os princípios de Souza e Ripper (1998) o crescimento

acelerado da construção civil provocou a necessidade de inovações, que traziam

grandes riscos, já que eram de pouco conhecimento, tendo que estudar mais a

fundo sobre essas novas técnicas construtivas e materiais utilizados. Com esse

desenvolvimento tecnológico aumentou-se o conhecimento sobre estruturas e

materiais, principalmente no estudo e análise dos erros acontecidos, que tem

causado deterioração nas estruturas.

Com o surgimento do concreto armado houve um grande crescimento no

uso deste material, já que suas técnicas de aplicação e obtenção dos materiais

empregados eram de grande facilidade. Com esse aumento no uso desse material

vieram as manifestações patológicas que eram causadas pela falta de conhecimento

do material e de como empregá-lo corretamente. (TRINDADE, 2015)

Com o objetivo de estudar as manifestações patológicas no concreto

armado, foi desenvolvida uma nova área de estudos, chamada de patologia do

concreto armado.

Segundo Souza e Ripper (1998, p. 14):

“entende-se genericamente por patologia das estruturas, esse novo campo da Engenharia das Construções que se ocupa do estudo dos sintomas, causas, origens dos problemas patológicos, formas de manifestação, conseqüências e mecanismos de ocorrência das falhas e dos sistemas de degradação das estruturas. Estes danos podem causar incômodos para aqueles que irão utilizar a obra segundo o fim para que foi feita, tais como pequenas infiltrações até problemas de maior risco que podem levar a estrutura ao colapso.”

Trindade (2015) salienta que quando a etapa de concepção da estrutura não

é bem feita, devido a um mau planejamento ou falhas técnicas, por meio de um

desconhecimento ou negligencia do profissional, o que pode contribuir para o

surgimento das manifestações patológicas em estruturas de concreto armado.

Podem-se originar desde a etapa do estudo preliminar, com um mau lançamento da

estrutura, erro em execução de anteprojeto ou até mesmo na elaboração do projeto

final de engenharia.

Terminada a etapa de concepção do projeto, com todos os estudos e

projetos concluídos, inicia-se a fase da execução da estrutura. Para o inicio dessa

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etapa, deve ser feito um planejamento do canteiro de obras, de uma forma que torne

o processo de execução mais prático, como armazenar os materiais que vão ser

utilizados na execução o mais próximo possível de onde ele vai ser utilizado.

Nessa etapa deve-se atentar totalmente na leitura e interpretação correta do

projeto, tendo que entender todas as informações contidas nele, tais como escalas,

dimensões e posições e locações dos elementos estruturais e demais medidas para

que a execução ocorra de modo que obedeça as especificações de projeto, evitando

que futuramente surjam manifestações patológicas.

No momento em que é iniciada a construção, a mesma já está suscetível à

ocorrência de falhas das mais diversas naturezas, associadas a causas variadas

como falta de condições de local de trabalho, falta de mão de obra qualificada,

inexistência do controle de qualidade, execução da obra com pouca qualidade,

materiais com baixa qualidade ou armazenados de forma que altere as suas

propriedades e também a irresponsabilidade técnica devido a falta de

acompanhamento. “Pode-se citar como exemplos de patologias geradas por erros

na execução de estruturas de concreto armado, trincas em vigas devidas à falta de

barras de aço, trincas de elementos estruturais devido ao mau escoramento das

formas, falhas no concreto devido à precária vibração do concreto”. (TRINDADE,

2015)

Quando não há uma frequente fiscalização e não se tem um bom comando

de equipes, normalmente relacionados a uma baixa capacitação profissional do

engenheiro e do mestre de obras, podem levar a graves erros em determinadas

atividades, como a implantação da obra, escoramento, fôrmas, posicionamento e

quantidade de armaduras e a qualidade do concreto, desde a fabricação até a cura.

(SOUZA E RIPPER, 1998).

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3 CAUSAS E MEDIDAS PREVENTIVAS NA EXECUÇÃO

Na execução de atividades de concretagem é possivel identificar falhas na

montagem de armaduras e formas, no preparo do concreto, no transporte, no

lançamento, no adensamento e na cura do concreto, que podem provocar patologias

nas estruturas de concreto armado, diminuindo a resistência dessas estruturas.

3.1 Montagem de fôrmas e escoramentos

A importância das fôrmas e escoramentos nas estruturas é principalmente

garantir que o elemento estrutural tenha exatamente o formato que foi especificado

no projeto, para isso deve ser assegurada a exatidão e rigidez das formas e

escoramentos, minimizando os problemas nas estruturas.

Souza e Ripper (1998, p. 31-32) exemplificam as falhas Construtivas mais

comuns relacionadas diretamente às fôrmas e aos escoramentos convencionais:

• Quando as fôrmas não são limpas e quando não se aplica desmoldante antes da concretagem, o elemento estrutural pode sofrer distorções e "embarrigamentos" natos (o que leva à necessidade de enchimentos de argamassa maiores dos que os usuais e, conseqüentemente, à sobre carga da estrutura);

• Insuficiência de estanqueidade das fôrmas, o que torna o concreto mais poroso, por causa da fuga de nata de cimento através de defeitos na madeira como juntas e fendas próprias da madeira, com a conseqüente exposição desordenada dos agregados;

• Retira das fôrmas e escoramentos antes do período de hidratação do concreto, o que resulta em deformações indesejáveis na estrutura e até mesmo em acentuada fissuração;

• Remoção dos escoramentos de forma que mude o comportamento das cargas na estruturas (especialmente em balanços, casos em que as escoras devem ser sempre retiradas da ponta do balanço para o engaste), o que provoca o surgimento de trincas nas peças, como conseqüência da imposição de comportamento estático não previsto em projeto.

Segundo Adriolo (1984) na etapa de montagem de formas deve-se seguir as

especificações de projeto de fôrmas já que são elas que dão as dimensões,

geometria e alinhamento das estruturas de concreto armado, estando totalmente

estaque para evitar vazamentos da nata de cimento, e suportando o peso do

concreto armado até que o mesmo adquira resistência e rigidez suficiente para

receber as cargas previstas.

Conforme Milito (2004) a montagem das formas de pilares é feita por painéis

verticais envolvidos por gravatas de travamento, colocadas em toda a extensão do

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pilar para evitar que o painel se abra durante a concretagem, a distância entre as

gravatas na base do pilar não pode ser maior que 40 centímetros (Figura 1). Para

melhorar o travamento das fôrmas dos pilares, pode-se utilizar arame recozido,

espaguetes ou tensores. O prumo dos painéis deve ser verificado e ainda escorar os

painéis para combater o contraventamento nas duas direções.

Figura 1: Montagem de fôrma de pilar

Fonte: Marcelli, 2007

No caso de concretagem de pilares altos, o painel deve conter janelas

intermediarias a cada 2 metros, altura máxima recomendada para o lançamento do

concreto, essas janelas também facilitam a execução do adensamento evitando a

segregação do concreto.

Para Azeredo (1977) as fôrmas das vigas são formadas por três painéis,

dois para as faces laterais da viga e um para o fundo da viga, esses painéis são

ligados por meio de gravatas que são formadas por três travessas paralelas aos

painéis da viga.

Os painéis do fundo da viga devem ser lançados a partir do topo do pilar e

também devem ser nivelados com o auxilio de cunhas de madeira, para escorar os

garfos a travessa horizontal, em seguida são lançados os painéis laterais da viga,

encostados na borda do painel de fundo. (YAZIGI, 2009)

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Milito (2004) salienta que nas fôrmas de vigas altas não é o suficiente a

ancoragem dos painéis laterais com arame recozido, espaguete ou tensores, sendo

necessário um escoramento lateral com mão francesa entre a parte superior da

gravata e a travessa horizontal.

Segundo Yazigi (2009) para as formas de laje são lançados compensados

do soalho da laje sobre longarinas horizontais, que podem ser perfis metálicos ou

pontaletes de madeira, essas longarinas devem ser suportadas por escoras

metálicas com regulagem de altura ou por pontaletes com o auxilio de cunhas para

ajudar no nivelamento da forma da laje, As extremidades das longarinas próximas às

vigas necessitam ser apoiadas em sarrafos pregados no garfo das escoras, os

soalhos da laje devem ser pregados aos sarrafos laterais dos painéis laterais das

vigas (Figura 2).

Figura 2: Fôrmas de viga, laje e pilar

Fonte: Aquino, 2017.

3.2 Montagem das armaduras

Segundo Trindade (2015) nas obras em que se utiliza o concreto armado,

não é raro que ocorram falhas na disposição das barras de aço. Isso acontece

principalmente por uma má interpretação dos projetos, podendo ocasionar uma

inversão na posição das barras de aço em determinado elemento estrutural.

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As deficiências mais frequentes nas armaduras apontadas por Souza e

Ripper (1998, p. 32-33) são:

• Má interpretação dos elementos do projeto, o que, em geral, implica na inversão do posicionamento de algumas armaduras ou na troca das armaduras de uma peça com as de outra;

• Insuficiência de armaduras, como conseqüência de irresponsabilidade, dolo ou incompetência, com implicação direta na diminuição da capacidade resistente da peça estrutural;

• Mau posicionamento das armaduras, que se pode traduzir na não observância do correto espaçamento das barras (em lajes isto é muito comum, como se vê na Figura 3).

Figura 3: Erro na distribuição das armaduras

Fonte: Souza e Ripper, 1998

• No deslocamento das barras de suas posições originais, muitas vezes motivado pelo trânsito de operários e carrinhos de mão, por cima da malha de aço, durante as operações de concretagem, que é particularmente comum nas armaduras negativas das lajes (ver Figura 4) e poderá ser crítico nos casos de balanço. O recurso a dispositivos adequados (espaçadores, pastilhas, caranguejos) é fundamental para garantir o correto posicionamento das barras da armadura;

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Figura 4: Mudança de posição de armadura

Fonte: Souza e Ripper, 1998

• Cobrimento de concreto insuficiente, ou de má qualidade, o que facilita a implantação de processos de deterioração tal como a corrosão das armaduras, ao propiciar acesso mais direto dos agentes agressivos externos. Também neste caso torna-se indispensável o recurso aos espaçadores;

• Dobramento das barras sem atendimento aos dispositivos regulamentares, fazendo com que o aço venha a "morder" o concreto, provocando seu fendilhamento por excesso de tensões trativas no plano ortogonal ao de dobramento;

• Deficiências nos sistemas de ancoragem, com utilização indevida de ganchos (na compressão, por exemplo), que, muitas vezes, só vêm a introduzir estados de sobretensão (como já se referiu, para o caso do dobramento). Outra situação falha é a registrada com a não observância do correto comprimento de ancoragem, necessário para redução, ao mínimo, dos esforços transferidos ao concreto. Em ambos os casos, o resultado será o surgimento de um quadro fissuratório que, algumas vezes, poderá trazer conseqüências bastante graves;

• Deficiências nos sistemas de emenda, que, para além daquelas já referidas para as ancoragens, podem surgir também como resultado da excessiva concentração de barras emendadas em uma mesma seção, e por utilização incorreta de métodos de emenda, especialmente quando do uso de soldas;

• Má utilização de anticorrosivos nas barras da armadura, que são pinturas efetuadas nas barras para diminuir a possibilidade do ataque da corrosão, mas reduzem a aderência das barras ao concreto.

Para o armazenamento do aço deve ser observada a agressividade do

ambiente para saber se o tratamento do aço vai ser simples ou mais rigoroso. Para

meios altamente agressivos recomenda-se um armazenamento de pouca duração,

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em galpões fechados cobrindo o aço com lonas plásticas, receber as barras de aço

já cortadas, dobradas e montadas, em pequenas quantidades, e também pintar as

barras com pasta de cimento de baixa consistência. Em ambientes de agressividade

media é recomendado um armazenamento sobre travessas de madeira com 30 cm

de espessura, apoiadas em um solo com uma camada de brita como proteção,

pintando as barras com pasta de cimento de baixa consistência. Já em ambientes de

baixa agressividade o armazenamento pode ser feito sobre travessas de madeira de

20 cm de espessura, protegida com uma camada de brita. (MILITO, 2004)

Para a utilização da armadura nas estruturas deve-se fazer uma limpeza

para remover a camada de materiais que possam dificultar a aderência do concreto

com o aço, essa limpeza pode ser feita com jateamento de areia, escova de aço ou

saco de estopa úmido, dependendo do estado da barra. (MILITO, 2004)

Na confecção das armaduras é recomendado que se utilize uma bancada

feita com marcação de gabaritos, para auxiliar o armador na execução de serviços

de corte e dobra do aço.

Adriolo (1984) recomenda que na fase de montagem de armadura sejam

conferidos os cortes, dobras, dimensões, posições, espaçamentos, emendas,

traspasses, arranques e cobrimentos, verificando se as armaduras estão

obedecendo as especificações do projeto. A armadura deve estar limpa de qualquer

substancia que venha prejudicar a aderência do concreto ao aço. A montagem da

armadura pode ser feita por amarração, utilizando arames recozidos ou em caso de

aços que a solda não altere suas características de resistência, a montagem pode

ser feita por pontos de solda.

Ripper (1999) salienta que os espaçamentos entre as barras de aço para

armadura principal de laje não devem ultrapassar 20 cm, já as armaduras

secundárias ou de distribuição, recomenda-se uma espaçamento de no máximo 33

cm, e a distância mínima entre as barras não deve ser menor que 2 cm para evitar

que o aço dificulte a passagem dos materiais do concreto ocasionando assim a

segregação concreto, podendo deixar a armadura exposta. Em vigas de altura maior

que 60 cm se aconselha a utilização de armadura de pele, a fim de evitar fissuras

por retração do concreto, o espaçamento entre as barras deve ser menor que 1/3 da

largura da viga e menor que 30 cm.

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Para atender o cobrimento da armadura é indicado o uso de espaçadores,

que podem ser de plástico ou de argamassa composta por uma parte de cimento e

duas de areia, esses espaçadores devem ser posicionados e fixados entre a

armadura e a forma, a fim de evitar que a armadura encoste na forma, cumprindo

assim o cobrimento especificado no projeto. (YAZIGI, 2009)

3.3 Instalações

Em algumas obras as passagens de instalação são feitas após a

concretagem das peças de concreto, tendo que furar a peça para a instalação dos

embutidos, esse furo necessita ser restaurado para fixar o embutido na peça de

concreto, mas a restauração muitas vezes não é executada da maneira correta, por

esse motivo recomenda-se que sejam previstas as instalações antes da

concretagem, já para evitar “quebra-quebra”.

Adriolo (1984) recomenda que o embutido seja instalado antes do

lançamento do concreto, sendo bem fixado para que não sofra deslocamento

durante a concretagem e também devem estar limpos de materiais que possam

prejudicar a sua fixação. As tubulações e eletrodutos devem ser protegidas por

flanges ou tampas em suas extremidades, a fim de evitar que o concreto ou outros

detritos possam obstruir as tubulações. Na etapa de adensamento deve-se atentar

na localização dos embutidos para que essa região seja adensada de maneira

adequada, evitando o contato do vibrador com o embutido com a intenção de não

danificá-lo.

3.4 Mistura do concreto

Na fase de preparo os componentes do concreto devem ser misturados nas

proporções estabelecidas pelo traço de concreto especificado em projeto ou

conforme especificado a dosagem feita por laboratório de tecnologia em concreto.

Essa operação pode ser realizada em betoneiras, em centrais

dosadoras/misturadoras ou ate mesmo manualmente utilizando enxada e pá, onde o

concreto é misturado até formar uma massa homogênea. É necessário observar a

sequência de colocação dos materiais, o tempo de mistura, a correção da água

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arrastada pelos agregados e possíveis erros nas quantidades adicionadas dos

materiais. (GONÇALVES, 2015)

As falhas mais comuns relacionadas a fase de preparo do concreto são

devido a erros de dosagem do concreto, por não utilizar as quantidades certas de

cada material componente do concreto, principalmente a água e cimento que estão

diretamente relacionados a resistência do concreto, pelo uso incorreto de aditivos

alterando as características de resistência e durabilidade do concreto, e também na

utilização de agregados reativos que possibilitem reações expansivas no concreto,

provocando a desagregação e fissuração do mesmo. (SOUZA e RIPPER, 1998)

Segundo a NBR 12655:2006 descreve como etapas de preparo do concreto

são as seguintes:

• Caracterização dos materiais componentes do concreto;

• Estudo de dosagem do concreto;

• Ajuste e comprovação do traço do concreto;

• Preparo do concreto.

Segundo Ripper (1999), os sacos de cimento devem ser guardados em

locais que os proteja da chuva e umidade como em barracões, devem ser colocados

a uma altura mínima de 30 cm do solo e uma distância de 30 cm das paredes para

evitar contato direto com a umidade (Figura 5), as pilhas não podem ultrapassar uma

altura de 10 sacos, apenas em casos de pouca duração podem chegar a uma altura

de 15 sacos, a duração media da estocagem de cimento em sacos é de 30 dias

variando conforme o clima seco ou úmido recomenda-se empilhar os sacos de forma

que os sacos que cheguem fiquem separados dos sacos antigos, para na hora de

preparar o concreto se utilize os sacos antigos.

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Figura 5: Armazenamento de sacos de cimento

Fonte: Milito, 2004

Os agregados devem ser armazenados o mais próximo da betoneira, a fim

de facilitar o transporte de materiais para o preparo do concreto, separados por

baias de madeira de acordo com as suas granulometrias e mantidos em solos firmes

e limpos, caso o solo não apresente uma superfície adequada, é recomendado que

se aplique uma camada de 10 cm de concreto magro. Em caso de chuvas fortes e

prolongadas recomenda-se cobrir os agregados com lonas plásticas para evitar

desperdício de materiais por carreamento. Deve-se observar também a presença de

outros materiais nos agregados como: folhas de arvore, serragem, argila, papel entre

outros materiais que possam alterar as propriedades do concreto. (YAZIGI, 2009)

Segundo Milito (2004), o concreto pode ser misturado manualmente ou

mecanicamente através de betoneiras ou usinas de concreto, o preparo manual do

concreto é mais utilizado em obras de pequeno porte, onde a mistura dos materiais é

realizada em uma superfície limpa e impermeável. O primeiro passo para a mistura é

espalhar a areia formando uma camada de 10 a 15 cm, deixando uma abertura no

meio da camada de areia, em seguida, espalha-se o cimento sobre a areia, para

depois fazer a mistura com pá ou enxada ate que a mistura fique homogênea, é feita

uma nova abertura na camada de cimento e areia para um melhor espalhamento da

brita, que deve ser misturada aos outros dois elementos, novamente se faz uma

abertura no meio da mistura para a adição de água, tendo cuidado para que a água

não escorra carreando os materiais da mistura, e por fim a todos os componentes

são misturados ate que fiquem com a consistência desejada.

Para a mistura em betoneira a boa prática recomenda colocar primeiramente

uma parte de água para limpar a betoneira e fazer a imprimação da mesma, em

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seguida coloca-se a brita, depois o cimento e por fim se coloca a areia para fazer o

tamponamento dos outros materiais já adicionados, a água é adicionada ate que

atinja a consistência desejada, o tempo de mistura deve ser contado a partir de

quando todos os materiais forem misturados, o tempo mínimo de mistura esta

relacionado ao diâmetro “d” em metros, da caçamba do misturador conforme a

tabela 1 a seguir.

Tabela 1: Tempos mínimos de mistura de acordo com o diâmetro e tipo de betoneira

TEMPOS MÍNIMOS DE MISTURA

Misturador tipo Eixo Vertical Eixo Horizontal Eixo Inclinado

Tempo mínimo de

mistura (seg.)

30√𝑑 90√𝑑 120√𝑑

Fonte: Adaptado pelo autor de Millito (2004)

3.5 Transporte

Depois de ser misturado o concreto deve ser transportado para o local de

lançamento da maneira mais rápida possível, para evitar a perda da homogeneidade

pela separação dos materiais componentes do concreto. Esse transporte pode ser

executado na direção horizontal, vertical ou obliqua, e os equipamentos utilizados

para o transporte do concreto dependem do porte da obra e da distância do local de

mistura ate o local onde o concreto será lançado. Quando a distância de transporte é

pequena, este pode ser realizado por meio de carrinhos de mão, ou carrinhos

motorizados com distância de até 300 m em um solo áspero. O transporte também

pode ser realizado através de caminhões betoneira, onde deve ser verificado o

tempo em que o caminhão levou da usina ate o descarregamento do concreto na

obra, para que o concreto chegue à obra antes do inicio de pega e em uma

trabalhabilidade adequada. (AZEREDO, 1977)

Segundo a NBR 14931 “O sistema de transporte deve, sempre que possível,

permitir o lançamento direto do concreto nas fôrmas, evitando o uso de depósitos

intermediários; quando estes forem necessários, no manuseio do concreto devem

ser tomadas precauções para evitar segregação.”

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3.6 Lançamento

Ripper (1984) salienta que na etapa de lançamento do concreto deve-se

atentar ao tempo de lançamento, onde esse não deve ultrapassar uma hora, caso

esse prazo não seja respeitado, o concreto irá começar a perder sua

trabalhabilidade, podendo alterar outras características importantes do concreto,

como a sua resistência. Outro fator que pode causar patologias na execução do

lançamento é a altura em que o concreto vai ser despejado que não deve

ultrapassar 2 m, essa altura pode ser reduzida dependendo das dimensões da peça

e da taxa de armadura existente. Quando a altura de lançamento for superior a

recomendada, a base da peça concretada pode sofrer segregação de brita formando

ninhos de pedra, isso pode comprometer a resistência do elemento estrutural pela

presença de muita brita e pouco cimento e areia, deixando vazios na peça, nesse

caso a armadura pode ficar exposta aos agentes agressivos devido a porosidade do

concreto. Para evitar isso se aconselha utilizar argamassa com o mesmo traço do

concreto em camada de 5 a 10 cm na base da peça a ser concretada. (MARCELLI,

2007)

Segundo Ripper (1999), no lançamento em peças maiores que 3 m

recomenda-se uma concretagem por etapa, utilizando janelas nas laterais das

formas (cachimbos), no lançamento em peças altas é indicado o uso de funis,

trombas e calhas na concretagem (Figura 6).

Figura 6: Lançamento com funis, trombas e calhas

Fonte: Ripper 1999

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3.7 Adensamento

Para Marcelli (2007) O adensamento do concreto tem a finalidade de

eliminar os vazios, melhorando o preenchimento da forma da peça concretada,

deixando o concreto mais denso e compacto. A qualidade do adensamento impacta

diretamente na resistência do concreto (Tabela 2).

Tabela 2: Relação entre os índices de vazios e a resistência do concreto

Fonte: Bauer, 2000

Marcelli (2007) relaciona dois tipos de adensamento, o manual e o

mecânico. O manual é indicado para obras de pequeno porte ou que não tenha

acesso a energia elétrica, esse tipo de adensamento é executado com o auxilio de

socador, que pode ser uma barra de ferro, que consiste em executar golpes no

concreto ate que se apresente uma camada lisa na superfície do concreto, a

espessura máxima a ser compactada por esse tipo de adensamento é de 20 cm. Já

o adensamento mecânico é mais indicado, devido a sua eficiência, embora tenha

que ser executado por um profissional experiente, porque no caso de excesso de

vibração pode haver uma segregação dos materiais e exsudação da água.

Para esse tipo de adensamento que se utiliza vibradores de imersão que

segundo a NBR 14931 (p.21) deve-se tomar cuidado nos seguintes aspectos:

• Preferencialmente aplicar o vibrador na posição vertical;

• Vibrar o maior número possível de pontos ao longo do elemento estrutural;

• Retirar o vibrador lentamente, mantendo-o sempre ligado, a fim de que a cavidade formada pela agulha se feche novamente;

• Não permitir que o vibrador entre em contato com a parede da fôrma, para evitar a formação de bolhas de ar na superfície da peça, mas promover um adensamento uniforme e adequado de toda a massa de concreto, observando cantos e arestas, de maneira que não se formem vazios;

• Mudar o vibrador de posição quando a superfície apresentar-se brilhante.

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3.8 Cura

Segundo Marcelli (2007) o processo de cura do concreto é responsável para

manter o teor de água para a reação química do concreto, a perda de água seja por

altas temperaturas, baixa umidade ou presença de ventos fortes, pode prejudicar o

processo de hidratação do concreto, reduzindo assim a sua resistência. Essa perda

de umidade por evaporação pode gerar fissuras por retração plástica,

comprometendo assim a impermeabilidade do concreto facilitando a penetração de

agentes agressivos, o que pode levar a armadura à corrosão. Recomenda-se que o

período mínimo de cura seja de 7 a 10 dias, mantendo o concreto úmido o tempo

todo. Existem vários processos de cura, mas os mais utilizados são:

• Cura por irrigação: Processo que consiste em molhar o concreto

periodicamente.

• Cura com lamina de água: Método onde se mantêm uma lamina de água de

com espessura aproximada de 5 cm durante todo o período de cura.

• Cura com proteção da superfície: Essa proteção pode ser realizada cobrindo

a superfície da peça com lonas plásticas, sacos de cimento ou uma camada

de areia, esses elementos devem estar úmidos durante todo o processo de

cura.

• Cura molhando as fôrmas de madeira: Consiste em molhar as superfícies

laterais das fôrmas de madeira de vigas e pilares, para que a mesma

permaneça úmida no processo de cura.

3.9 Desforma e Remoção dos escoramentos

Ripper (1984) recomenda que na etapa de remoção de formas e

escoramentos é aconselhado tomar muito cuidado para não submeter a peça a

cargas não previstas, devido a mudança da condição de contorno da peça, podendo

provocar fissuras ou trincas, por esse motivo é recomendado que se peça ao

projetista um programa de desforma progressiva. No caso de balanços como

consolos e marquises, a remoção dos escoramentos deve ser realizada da

extremidade da peça até o apoio, já as peças bi apoiadas, os escoramentos devem

ser retirados do meio do vão da peça até os apoios. A retirada das formas e

escoramentos não devem ser executadas antes dos seguintes prazos:

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• Faces laterais - 3 dias

• Retirada de algumas escoras - 7 dias

• Faces inferiores, deixando-se algumas Escoras bem encunhadas - 14 dias

• Descimbramento total, exceto as do item abaixo - 21 dias

• Vigas e arcos com vão maior do que 10 m - 28 dias

Esses prazos podem ser reduzidos com a utilização de aditivos, como o

acelerador de pega, que causa uma grande redução do período de retirada de

formas e escoramentos.

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4 TIPOS DE PATOLOGIAS MAIS COMUNS (CONSEQUÊNCIAS)

Quando não são tomados certos cuidados como foi citado no capitulo

anterior, a obra corre o risco de aparecimento de patologias nas estruturas da

edificação que são as conseqüências de não seguir as medidas preventivas.

4.1 Fissuras

As fissuras que são aberturas que afetam a superfície do elemento

estrutural, essas aberturas tem espessura de até 1 mm, quando a abertura for entre

1 mm a 3 mm já se torna uma trinca e quando for maior que 3 mm é chamada de

rachadura. As aberturas são problemas para estrutura, porque facilitam o caminho

para a entrada de agentes agressivos.

4.1.1 Fissuras devido à retração hidráulica

Quando a cura do concreto é malfeita, o elemento estrutural fica propenso a

aparições de fissuras desse tipo. Isso devido a perda de água na peça, já que o

excesso de calor de hidratação e uma ineficiente proteção térmica do elemento

estrutural geram tensões internas, provocando retração que resulta em esforços de

tração (Figura 7). (HELENE, 1992, apud GONÇALVES, 2015)

Figura 7: Fissuras por retração hidráulica

Fonte: Rizzo, 2016

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4.1.2 Fissuras devido à variação de temperatura

Segundo Marcelli (2007) Esse fenômeno ocorre com maior frequência em

peças esbeltas e longas, como é o caso de vigas continuas e lajes de vários panos,

devido a sua grande movimentação sobre o efeito da variação de temperatura,

quando existem vínculos que impedem essa movimentação, podem ser provocadas

tensões elevadas gerando a formação de fissuras na peça (Figura 8).

Figura 8: Fissuras devido à dilatação térmica

Fonte: Site AEC Web, 2017.

4.1.3 Fissuras devido à flexão

Segundo Camaduro e Zatt (2000) as fissuras surgem na superfície da peça

sujeita a maiores esforços de tração, tendo maiores aberturas no ponto mais

tracionado da peça que diminuem à medida que avançam em direção a linha neutra

(Figura 9).

Este tipo de fissura pode ocorrer quando houver deficiência nos materiais

empregados na execução e também por mudança no tipo de utilização da estrutura,

isso por o aumento de cargas que não foram previstas em projeto. (HELENE, 1992,

apud GONÇALVES, 2015).

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Figura 9: Fissuras ocasionadas por flexão

Fonte: Site O Blog da Engenharia Civil, 2015

4.1.4 Fissuras devido à compressão

As fissuras causadas por esforços de compressão surgem na direção

paralela ao esforço sendo capazes de aumentar de tamanho de forma continua, que

pode ser resultado de um concreto heterogêneo. Nas peças que estão submetidas a

grandes esforços de compressão, como os pilares, as fissuras ocorrem na parte

central de uma das faces do pilar, podendo ser conseqüência do fenômeno de

flambagem causado pela flexão composta. (CAMADURO e ZATT, 2000)

Figura 10: Fissuras devido à compressão

Fonte: Marcelli, 2007

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4.1.5 Fissuras devido ao cisalhamento

As fissuras de cisalhamento surgem normalmente no ponto de cortante

máximo (Figura 11), e podem ser causadas por um mau dimensionamento da seção

de concreto, armadura insuficiente ou distribuída de forma errada para combater

esse tipo de esforço, que nesse caso a armadura que combate esses esforços são

os estribos. (MARCELLI, 2007)

Figura 11: Fissuras devido ao cisalhamento

Fonte: Camaduro e Zatt, 2000

4.1.6 Fissuras devido à punção

Segundo Marcelli (2007) Esse fenômeno ocorre com maior frequência em

elementos estruturais de concreto que estão submetidos a esforços pontuais, como

é o caso de lajes que se apóiam diretamente em pilares ou vice-versa (Figura 12).

Pode ser causado por vários motivos como: excesso de carga, concreto de baixa

resistência, erros na execução ou armadura insuficiente ou mal posicionada junto

aos apoios.

Figura 12: Fissuras devido à punção

Fonte: Giugliane e Viegas, 2012

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4.2 Carbonatação

A carbonatação é uma das patologias com a maior parte responsável pela

das corrosões de armadura, ela transforma o hidróxido de cálcio, com elevado PH,

em carbonato de cálcio, que tem um PH reduzido. Essa redução de PH é prejudicial

a armadura, porque o concreto com um PH variando entre 12 e 13, protege a

armadura de corrosão, agora para valores menores que 9,5 a armadura já inicia o

processo de corrosão eletroquímica. Vários fatores podem influenciar para o avanço

da carbonatação, como por exemplo, a presença de umidade no concreto, a

quantidade de dióxido de carbono no meio ambiente, a porosidade do concreto e a

existência de fissuras. (VITORIO, 2003)

As técnicas utilizadas para verificar a profundidade de carbonatação são

através de indicadores químicos de PH, que pode ser base de fenolftaleína, que se

aplica em corpos-de-prova extraídos da peça analisadas, onde se deve observar a

mudança de coloração do concreto. Na utilização do ensaio da fenolftaleína a região

não carbonatada adquire uma coloração róseo-avermelhada (Figura 13). (SANTOS,

2012)

Figura 13: Avanço da carbonatação pelo ensaio de fenolftaleína

Fonte: Gonçalves, 2017.

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4.3 Corrosão das armaduras

A corrosão da armadura é o processo de deterioração da fase metálica do

aço, provocado pela perda de sua seção, devido à formação do produto de corrosão

por oxido de ferro expansivo no entorno das armaduras, que pode aumentar o seu

volume de 8 a 10 vezes o volume original, essa expansão gera tensões internas no

concreto que não foram previstas, podendo resultar no fissuramento ou ate mesmo

desplacamento do concreto, o que deixa a armadura exposta aos agentes

agressivos causando a aceleração do processo de corrosão do aço (Figura 14).

(CASCUDO, 2005 apud SILVA, 2011)

Figura 14: Corrosão das armaduras

Fonte: Site Reforma Fácil, 2010.

Quando o concreto é bem executado, e apresenta uma boa qualidade,

mantendo o seu PH entre 12,7 e 13,8 devido a sua alcalinidade, se forma uma

camada de oxido passiva na superfície da armadura, essa camada protege a

armadura da corrosão desde que o concreto não permita a infiltração de agentes

agressivos. (DOS SANTOS, 2014)

Segundo Figueiredo (2013) a corrosão das armaduras é caracterizada de

varias formas, sendo elas por corrosão generalizada, localizada, por pite e com

formação de fissuras (Figura 15). A corrosão generalizada acontece em grande parte

da superfície do aço, podendo reduzir sua seção de maneira uniforme ou irregular,

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esse tipo de corrosão acontece pela carbonatação do concreto. A corrosão

localizada trata-se de uma combinação da corrosão uniforme e a por pites, ela atua

em zonas relativamente extensas do material, e pode ocorrer pela mudança ou

heterogeneidade da composição química do concreto. Já a corrosão com formação

de pites o ataque acontece em regiões mais localizadas da superfície do material,

podendo romper a camada passiva do metal em pontos específicos, ela é mais

comum pela ação de íons de cloreto. E por fim a corrosão com formação de fissuras

que advem da ação da corrosão combinada com tensões elevadas de tração,

formando fissuras no metal.

Figura 15: Tipos de corrosão

Fonte: Figueiredo, 2013

4.4 Desagregação do Concreto

A desagregação é um ataque químico expansivo de produtos inerentes ao

concreto ou devido à baixa resistência do mesmo, que provocam a perda de massa

de concreto, caracterizando-se por agregados soltos ou de fácil remoção. Vários

fatores contribuem para o surgimento da desagregação como fissuras,

movimentação das formas, corrosão do concreto, ataques biológicos e o fenômeno

da calcinação.

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A desagregação do concreto pode ser antecipada dependendo das

características da própria pasta, como o teor de umidade e as adições para melhorar

a resistência. Caso a mistura do concreto não tenha sido executada de forma

adequada, seguido de um lançamento correto e um bom adensamento, o concreto

pode ficar segregado facilitando a desagregação do mesmo (Figura 16). (CANOVAS,

1988 apud BORGES, 2008)

Figura 16: Desagregação do concreto

Fonte: Silva et al., 2016.

4.5 Eflorescência

Conforme Granato (2012) a eflorescência age na formação de depósitos

salinos na superfície do concreto, resultante das infiltrações de água ou de

intempéries. Sua constituição química é de metais alcalinos e alcalino-ferrosos.

Quando esses sais infiltram no concreto, seja por águas pluviais ou solo saturado,

eles se acumulam na superfície da peça ate que a água evapore formando

depósitos salinos. Esses sais podem causar degradação profunda por serem

constituídos de agentes agressivos, podendo ainda modificar o aspecto visual da

estrutura, pois há um contraste de cor entre os sais e o substrato sobre os quais se

depositam (Figura 17).

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Figura 17: Eflorescência do concreto

Fonte: Site Planus Engenharia, 2016.

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5 Conclusão

O assunto abordado nesse trabalho está relacionado às patologias que

podem ter sido originadas por falhas na execução de estruturas de concreto armado,

sendo apresentadas as principais causas dessas patologias, os cuidados a serem

tomados pelos profissionais na hora de executar as estruturas de concreto armado,

desde a montagem das formas até a cura do concreto e seguidamente a desforma e

remoção dos escoramentos, e também são apresentadas os principais tipos de

patologia, uma vez tendo o conhecimento da origem da patologia e de como ela se

comporta, fica mais fácil de tomar medidas preventivas para evitar o surgimento da

mesma.

O estudo bibliográfico apresentado nesse trabalho mostrou a necessidade

de um conhecimento das técnicas construtivas de execução de estruturas de

concreto armado, visto que é um material muito utilizado, e a falta de conhecimento

na execução desse material resulta na grande incidência de patologias ocasionadas

por erros de execução.

Pode-se perceber na pesquisa que várias patologias podem ser evitadas

com a presença de um profissional qualificado, e que conheça as normas que

regulamentam a execução de estruturas de concreto armado ou a boa técnica

indicada pelos autores da área da construção civil. O profissional tendo esse

conhecimento ele pode perceber as falhas com antecedência para tomar as

providências de corrigi-la evitando que essa falha possa causar uma patologia

futuramente.

Como o trabalho foi desenvolvido utilizando técnicas construtivas antigas,

mas que ainda hoje são utilizadas, algumas com menor frequência devido aos

avanços tecnológicos, como na utilização de equipamentos mais modernos tornando

o processo executivo mais eficiente, aperfeiçoando a técnica construtiva de

execução de estruturas de concreto armado tornando o serviço mais prático e

seguro com relação às falhas de execução. Isso contribui para a qualidade e

durabilidade das estruturas de concreto armado. Esses avanços da técnica

construtiva pode ser uma boa opção de continuar esse trabalho, a fim de despertar o

interesse dos construtores na utilização das novas tecnologias de execução de

estruturas de concreto armado.

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O trabalho mostrou como devem ser executadas as estruturas de concreto

armado, através de um passo-a-passo das técnicas construtivas indicadas por vários

autores da área da construção civil, e também atentando nas falhas de execução

que podem gerar patologias futuramente, para que se tenha o conhecimento da

origem do problema patológico a fim de saber como evitá-lo.

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