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RSÁ FILHO 1 FARINHA DE ROCHA UMA APLICAÇÃO PARA OS MINERAIS RAYMUNDO JOSÉ DE SÁ FILHO Geólogo, Mestre em Geologia e Especialista em Recuperação de Áreas Degradadas Diretor da RSÁ FILHO Consultoria Geológica e Ambiental Ltda No decorrer dos tempos, o homem vem fazendo uso do solo para as mais diversas atividades, destacando-se, a agricultura para prover o sustento das populações. O aumento populacional a nível mundial conduziu a um aumento na demanda de alimentos fazendo com que os pesquisadores desenvolvessem técnicas para aumentar a produção de cada hectare. Muitas destas técnicas foram desenvolvidas na direção de colocar a disposição das plantas nutrientes que aumentassem a fertilidade do solo. Surgiram os adubos químicos que proporcionaram safras recordes, durante muitos anos. O uso constante da adubação química começou a provocar a acidez do solo, causando a morte dos microorganismos e conseqüentemente gerando a queda da produção. Recentemente, surgiu a Agroecologia e com ela a busca por alternativas mais naturais e que viessem restaurar a capacidade do solo, fazendo com que os microorganismos se recuperassem. Estas alternativas buscam, também, a melhoria da qualidade dos alimentos produzidos. Uma das técnicas desenvolvidas é a rochagem, ou seja, a adubação com rocha, mais precisamente com rocha silicatada moída. Para uma melhor compreensão devem-se abordar alguns conceitos básicos: ROCHA: Agregado natural de um ou mais minerais (inclusive vidro e matéria orgânica) que constitui parte essencial da crosta terrestre e é claramente individualizado. MINERAL: agregado de um ou mais elementos químicos, apresentam-se na forma sólida ou cristalina. SOLO: parte superficial do manto de intemperismo, inconsolidada, contendo material rochoso desintegrado e decomposto que sob a ação de agentes inorgânicos e orgânicos e

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FARINHA DE ROCHA UMA APLICAÇÃO PARA OS MINERAIS

RAYMUNDO JOSÉ DE SÁ FILHO Geólogo, Mestre em Geologia

e Especialista em Recuperação de Áreas Degradadas Diretor da RSÁ FILHO Consultoria Geológica e Ambiental Ltda

No decorrer dos tempos, o homem vem fazendo uso do solo para as mais diversas atividades,

destacando-se, a agricultura para prover o sustento das populações. O aumento populacional a

nível mundial conduziu a um aumento na demanda de alimentos fazendo com que os

pesquisadores desenvolvessem técnicas para aumentar a produção de cada hectare. Muitas

destas técnicas foram desenvolvidas na direção de colocar a disposição das plantas nutrientes

que aumentassem a fertilidade do solo. Surgiram os adubos químicos que proporcionaram

safras recordes, durante muitos anos.

O uso constante da adubação química começou a provocar a acidez do solo, causando a morte

dos microorganismos e conseqüentemente gerando a queda da produção.

Recentemente, surgiu a Agroecologia e com ela a busca por alternativas mais naturais e que

viessem restaurar a capacidade do solo, fazendo com que os microorganismos se

recuperassem. Estas alternativas buscam, também, a melhoria da qualidade dos alimentos

produzidos.

Uma das técnicas desenvolvidas é a rochagem, ou seja, a adubação com rocha, mais

precisamente com rocha silicatada moída.

Para uma melhor compreensão devem-se abordar alguns conceitos básicos:

ROCHA: Agregado natural de um ou mais minerais (inclusive vidro e matéria orgânica) que

constitui parte essencial da crosta terrestre e é claramente individualizado.

MINERAL: agregado de um ou mais elementos químicos, apresentam-se na forma sólida ou

cristalina.

SOLO: parte superficial do manto de intemperismo, inconsolidada, contendo material

rochoso desintegrado e decomposto que sob a ação de agentes inorgânicos e orgânicos e

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misturada com quantidade variável de matéria orgânica, pode fornecer condições necessárias

ao crescimento das plantas.

Para geologia tem um sentido mais amplo inclui todo o manto intemperizado.

ROCHAGEM: termo de uso recente que significa a recuperação ou correção do solo com

rochas silicatadas moídas.

O termo rochagem evoluiu em semelhança a fosfatagem e calagem.

Pó de rocha, farinha de rocha ou pedra moída são alguns sinônimos para as rochas silicatadas

moídas.

Os pesquisadores e estudiosos do tema rochagem vêm desenvolvendo suas pesquisas

utilizando misturas de rochas de composição mineralógica diferentes, buscando acrescentar a

maior quantidade de elementos na farinha de rocha, com proporcionando uma maior

disponibilidade de nutrientes no solo.

Dentre as rochas mais usadas tem-se os granitos, gnaisses, granulitos, anfibolitos, dioritos,

basaltos que possuem em sua composição minerais como quartzo, mica, feldspatos,

piroxênios e muitos outros, portadores de Fe, Mg, Ca, Na, SiO2, Al, K, P, Mn, Cu, Mo etc.

Elementos Forma disponibilizada Fonte Fósforo HPO42-, H2PO4- Matéria orgânica, minerais sólidos

Potássio K+ Minerais sólidos

Cálcio Ca2+ Minerais sólidos

Magnésio Mg2+ Matéria orgânica, minerais sólidos

Enxofre SO32-, SO42- Matéria orgânica, minerais sólidos

Ferro Fe²+, Fe³+ Minerais sólidos

Manganês Mn² +, Mn4+ Minerais sólidos

Boro BO33-, B4O72- Minerais sólidos

Molibdênio MoO42- Minerais sólidos

Cobre Cu+, Cu²+ Minerais sólidos

Zinco Zn²+ Minerais sólidos

Cloro Cl- Minerais sólidos

Cobalto Co²+ Minerais sólidos

As farinhas de rocha apresentadas no mercado são provenientes da mistura de rochas

silicatadas (são aquelas cujos constituintes são silicatos) de origens diversas.

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As rochas moídas podem ser utilizadas como corretivos ou recuperadores do solo e também,

como melhoradores, pois disponibilizam vários elementos considerados como nutrientes para

a vegetação.

Os silicatos são considerados insolúveis em água, entretanto os elementos (nutrientes) são

disponibilizados pela ação dos ácidos orgânicos do solo e pela atividade dos micro-

organismos existentes.

A utilização da farinha de rocha vem crescendo e os pesquisadores procuram determinar quais

as rochas mais apropriadas a procura por jazidas adequadas tem estimulado o

desenvolvimento de uma nova opção na geologia que pode ser considerada como geologia

agroecológica ou seja a pesquisa de depósitos de rochas que possuam características

indicadas para o uso na agricultura.

Campos (2005) menciona que a rocha a ser moída deve levar em consideração a presença dos

principais nutrientes necessários para a maioria das culturas. O referido autor apresenta uma

lista com a composição dos principais minerais formadores de rocha e também, os acessórios

(aparecem em pequenas proporções).

Mineral Composição Quartzo SiO2

Plagioclásio CaAl2SiO8NaAlSiO3

Feldspato alcalino (K,na) [AlSi3O8]

Olivina (Mg,Fe)2[SiO4]

Hornblenda (Na,K)0-1Ca2(Mg,Fe²Fe³,Al)5[Si6-7Al2-1O22](OH,F)2

Tremolita Ca2(Mg,Fe)5[Si8O22](OH,F)2

Diopsídio Ca(Mg,Fe)[Si2O6]

Augita (Ca,Na,Mg,Fe²,Mn,Fe³,Al,Ti2[Si,Al2]6)

Biotita K2(Mg,Fe²)6-4(Fe³,Al,Ti)0-2 [Si6-5Al2-3O20](OH,F)4

Calcita CaCO3

Dolomita CaMg(CO3)2

Sodalita Na2[Al6Si6O24]Cl2

Titanita CaTi[SiO4](O,OH,F)

Talco Mg6[Si8O20](OH)4

Apatita Ca5(PO4)3(OH,F,Cl)

Gipsita CaSO42H2O

Epidoto CaFeAl2O OH[Si2O7][SiO4]

Barita BaSO4

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A procura por rochas adequadas à utilização como recuperador de solo tem levado à pesquisa

das pedreiras de rochas ornamentais (principalmente “granitos”) no Brasil e o Estado da Bahia

detentor de extensa faixa de rochas silicatadas não poderia ficar de fora.

Ressalte-se que os rejeitos de pedreiras não são os únicos produtos que podem ser

empregados na preparação da farinha de rocha. Estudos já realizados mostram que a mistura

de litologias como calcário, xistos, basaltos etc são, também, fontes dos elementos necessários

na nutrição vegetal.

Neste trabalho apresentaremos os resultados da pesquisa realizada em áreas situadas no

distrito de Bomfim de Ipirá, no município de Ipirá, distante de Salvador cerca de 230km.

Localização

A área está localizada no distrito de Bonfim de Ipirá, município de Ipirá, no centro leste do

Estado da Bahia. Situa-se a norte-nordeste da cidade de Ipirá, distante cerca de 30 km.

Aspectos geológicos regionais

Regionalmente, as áreas de pesquisa situam-se sobre o ambiente geológico denominado de

Complexo Ipirá que é representado por um grupamento de rochas supracrustais (gnaisses

aluminosos, rochas calcissilicáticas, metacarbonatos, quartzitos, gnaisses bandados,

formações ferríferas e xistos grafitosos) com metabasitos e metaultrabasitos associados, cuja

principal área de afloramento encontra-se na porção centro-oeste do domínio Capela de Alto

Alegre-Riachão de Jacuípe.

A unidade Serra do Camisão destaca-se pela expressiva ocorrência de rochas calcissilicáticas,

que, muito embora em grande parte tenham sido cartografadas separadamente, aparecem

também compondo uma associação indivisa juntamente com metacarbonatos, quartzitos,

gnaisses bandados, gnaisses grafitosos, metabasitos, metaultrabasitos, gnaisses kinzigíticos e

formações ferríferas.

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Aspectos geológicos locais

Localmente, todo o pacote de minério encontra-se intimamente associado aos corpos (veios)

de rochas calcossilicatadas, apresentando uma largura da ordem de 350 metros com uma

profundidade acima dos 35 metros, medida ao longo dos poços de pesquisa e antigas

escavações abertas por garimpeiros.

As análises químicas realizadas nas amostras coletadas nas várias etapas da pesquisa até aqui

desenvolvidas mostram que o minério é detentor de teores anômalos de P2O5..

Além do fósforo observa-se que muitas outras substâncias apresentam valores acima do

normal, o que torna o material em pesquisa bastante atraente para uso na agricultura,

principalmente na recuperação de solos, onde o uso constante de adubos químicos provocou

um aumento substancial da acidez e consequentemente eliminando a presença de seres vivos e

microorganismos, fundamentais para a vida útil do solo.

Silva (2005) realizou estudos petrográficos em 22 amostras coletadas na faixa

mineralizada de Bomfim de Ipirá constatando a existência das seguintes rochas:

ultramáficas, vulcânicas, granito, calcitito e apatitito. Todas as litologias mencionadas

são constituídas por elementos classificados como macronutrientes e ricas em

micronutrientes.

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Mapa geológico regional (Folha Pintadas – PLGB/CPRM, 1991)

Informação sobre a substância mineral

É importante, ressaltar as características do minério pesquisado: trata-se de um pacote de

rochas intensamente milotizadas, rico em apatita, em forma de grãos sub angulares a sub

arredondados, associada a muscovita/vermiculita, calcossilicatadas e quartzitos. A

granulometria do minério apresenta uma variação muito grande, passa de grãos finos a

matacões, de dimensões quase métricas.

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Poço de pesquisa atravessando faixa mineralizada rica em apatita

A substância mineral alvo deste relatório foge às características do termo no ponto de vista

teórico, pois se pretende explorar o pacote de rocha milonitizada e não as concentrações

minerais nela contidas. A apatita, calcita/dolomita e outros minerais integram a composição

do “minério”.

O material pesquisado apresenta em sua composição os macros e micronutrientes necessários

ao desenvolvimento normal dos vegetais é um produto natural, onde a moagem e o

peneiramento tem como objetivo oferecer ao consumidor as partículas menores e

conseqüentemente mais facilmente atacadas pelos micro organismos existentes no solo

liberando, então os elementos para a absorção pelas raízes dos vegetais.

O material é entregue ao consumidor com a denominação de NATURALPLUS, um produto

natural com granulometria inferior a 4 mm e com a presença de P, K, Ca, Mg, Na, Fe, Mn, S e

traços significativos de Zn, Cu, B, Mo, Co, V e Ni.

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Resultados de análises químicas (Macro e micronutrientes)

Amostra P K Ca Mg Na Fe Mn Al Ti SiO2

% % % % % % % % % %

SC1-250 0,05 2,10 4,00 2,50 1,20 3,30 0,26 4,50 0,22

SC1-310 0,01 3,40 0,55 0,65 0,84 3,90 0,04 4,50 0,20

SC1-390 0,02 1,80 1,20 0,95 1,20 5,40 0,05 4,50 0,18

SC2-200 0,28 1,50 8,50 6,20 0,18 1,80 0,18 2,90 0,10

SC2-375 0,09 3,50 4,50 3,50 0,18 1,90 0,08 4,10 0,12

SC2-475 0,02 0,17 8,70 6,40 0,12 3,30 0,32 2,80 0,17

SC3-150 0,05 1,20 >10 0,66 0,13 2,70 0,06 3,70 0,14

SC3-350 1,20 0,90 5,00 2,90 0,08 3,10 0,08 3,60 0,10

SC3-600 0,48 1,10 >10 4,50 0,19 2,40 0,26 3,40 0,19

SC4-150 1,50 1,60 >10 3,80 0,09 0,97 0,06 3,20 0,10

SC4-400 0,96 3,80 3,50 3,00 1,10 2,10 0,16 4,50 0,25

SC4-775 0,05 1,70 7,10 5,10 0,47 3,20 0,14 3,70 0,16

SC5-250 0,69 3,20 1,80 0,29 0,99 3,40 0,05 4,40 0,16

SC5-350 1,80 2,90 7,90 2,70 0,82 1,70 0,09 4,50 0,10

SC5-425 0,34 1,50 4,10 1,50 1,60 5,90 0,09 4,40 0,36

SC6-225 0,65 0,04 >10 2,80 0,02 3,70 0,19 2,70 0,08

SC6-300 0,19 2,60 2,50 1,50 1,50 6,20 0,07 4,50 0,59

SC6-400 0,20 3,30 4,50 2,60 1,40 6,00 0,11 4,50 0,39

SC7-300 1,50 0,89 4,90 2,60 0,81 3,50 0,07 3,70 0,18

SC7-300 N 0,70 2,40 2,80 1,30 0,8 3,40 0,05 4,50 0,64

SC7-300 N DUP 0,73 2,40 2,80 1,30 0,97 3,40 0,04 4,50 0,65

SC7-300 S 1,60 3,70 4,00 0,85 0,80 2,50 0,09 4,40 0,14

SC8-250 CP 0,003 2,10 1,60 1,70 0,42 4,60 0,02 5,00 0,31

SC8-300 CP 0,33 8,40 0,73 0,13 0,20 1,40 <0,01 4,90 0,08

SC8-400 CP 0,07 2,80 3,40 2,90 1,70 3,90 0,09 4,40 0,13

Amostra P K Ca Mg Na Fe Mn Al Ti SiO2

Produção 1 0,28 3,80 3,40 1,90 1,50 2,70 0,08 4,60 0,16

Produção 2 0,28 3,80 3,30 1,80 1,50 2,80 0,08 4,60 0,16

Produção 3 0,28 3,80 3,50 1,90 1,50 2,70 0,08 4,70 0,15

Produção 4 0,28 3,70 3,30 1,80 1,50 2,80 0,08 4,70 0,15

Produção 5 0,26 3,50 3,00 1,60 1,40 2,50 0,07 4,60 0,14

A tabela acima mostra os resultados analíticos do “minério” parte inicial e do produto final.

Observe-se que estão caracterizados os macro e micronutrientes mais comuns. Outros

resultados mostram que o minério é rico em uma grande variedade de elementos químicos.

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Caracterização do minério

O material pesquisado é um milonito, resultante dos eventos tectônicos que atuaram sobre as

rochas locais, sobretudo nas litologias calcissilicáticas enriquecidas em apatita, originando um

material friável constituído por grãos de apatita, feldspatos, quartzo, vermiculita e outros

minerais originando um “minério” com teores anômalos de fósforo, magnésio, potássio, ferro

e outros elementos. O pacote de minério apresenta uma granulometria de fina a grossa com

presença de blocos quase métricos. É importante esclarecer que a pesquisa foi desenvolvida

para avaliação e quantificação do pacote de rochas milonitizadas, visto que apresenta em sua

composição elementos carentes pelos vegetais denominados de macro e micro nutrientes. O

aproveitamento deste “minério” como regenerador de solos foi iniciado pela equipe técnica,

quando analisava o aproveitamento da apatita para extração de fósforo. O material existente

será utilizado in natura, sem nenhum beneficiamento, a não ser a moagem e o peneiramento.

O recurso mineral será utilizado in natura, passando por britagem, moagem e peneiramento

para atingir a granulometria ideal para os fins previstos.

Usina piloto implantada na área

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É importante tecer neste momento algumas considerações sobre o teor do minério, que como

já foi mencionado anteriormente é formado de uma mistura de rochas e minerais,

intensamente milonitizados. A partir destas informações procurou-se estabelecer o teor

mínimo necessário para a utilização do “minério” diretamente na agricultura. Deve-se

enfatizar que o produto final é uma mistura de rochas e minerais que fornecem todo o elenco

de nutrientes necessário ao desenvolvimento sadio dos vegetais. Deve-se ter em mente que o

importante no produto em pauta é a sua vasta gama de elementos presentes e não a maior ou

menor presença deste ou daquele elemento. Baseado nesta premissa as amostras passaram a

ser analisadas qualitativamente e quantitativamente visando identificar sua composição em

termos de macro e micronutrientes.

Projeta-se o aproveitamento de toda a faixa de material milonitizado, originando um único

produto que apresentará uma composição, contendo toda a gama de macronutrientes e

micronutrientes existentes.

O minério apresenta-se inconsolidado, podendo ser extraído por meio de ferramentas manuais

e com o emprego de pás carregadeiras, possibilitando a implantação de lavra a céu aberto com

bancadas como vem sendo realizado ao longo da encosta da serra do Camisão.

Atualmente, o grupo que detém os direitos de pesquisa vem desenvolvendo seus estudos para

aproveitamento do material originado da milonitização do pacote de rochas pré-existentes,

rico em apatita e outras substâncias minerais como condicionador ou fertlizador de solos.

Composição média

Considerando as características do recurso mineral em questão, torna-se imperioso que sejam

apresentados explicitamente conceitos utilizados na estimativa dos valores médios:

1. – O recurso mineral pesquisado apresenta uma composição mineralógica variada, fruto de

eventos tectônicos que provocaram a milonitização das rochas existentes.

2. – Tendo em vista que o uso final do produto é como condicionador de solo (Portaria MA

84) com macro e micronutrientes, necessários ao desenvolvimento do vegetal. A tabela 1

mostra os elementos existentes no recurso mineral pesquisado.

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Tendo em vista que o produto final deve apresentar uma composição de elementos (macro e

micronutrientes) e que esta composição não tem valores predeterminados, pois os nutrientes

vegetais são insubstituíveis ou seja a ausência de um determinado elemento não pode ser

suprida por um outro. (MOTA, 2003 Informação verbal)

Considerando que a Legislação pertinente ao uso do produto não especifica a necessidade de

teores para condicionadores de solo e que o produto, como já foi mencionado representa uma

mistura de minerais com seus elementos específicos, não se apresenta um teor para o minério.

Composição do minério em macros e micronutrientes

ELEMENTOS

MACRONUTRIENTES MICRONUTRIENTES

PRINCIPAIS SECUNDÁRIOS

P Ca Fe

K Mg Mn

S B

Mo

Cu

Zn

Cl

Co

Inicialmente os trabalhos prenderam-se aos locais dos bolsões de apatita, onde o teor de P2O5

é bastante elevado. Entretanto, com o avanço não só da pesquisa mineral em si, como também

com os resultados emanados dos experimentos agrícolas, verificou-se que a rocha

milonitizada era detentora de elementos importantíssimos ao desenvolvimento vegetal. Os

experimentos em viveiros e no campo vem demonstrando o potencial do material como

condicionador de solo.

Conclusões

As reservas medidas do “minério” nas áreas pesquisadas e com relatório de pesquisa aprovado

pelo DNPM ultrapassam a faixa de 25 milhões de toneladas o que permite estabelecer uma

vida útil para a jazida superior a 100 anos.

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Deve-se ressaltar que o minério da região de Ipirá mostra ser uma mistura natural, o produto

NaturalPlus é resultado de processo de moagem não acontecendo a colocação de nenhuma

outra rocha que não sejam as extraídas na faixa mineralizada.

A descoberta da utilização das rochas como regenerador do solo pode ser considerada como

de relevância não só como recuperador de solos como também extremamente útil na

recuperação de áreas degradadas pela mineração, notadamente, dos conhecidos bota-fora,

geradores de impactos ambientais. A aplicação do pó de rocha na agricultura poderá eliminar

ou minimizar consideravelmente o material rejeitado. Outra questão que poderá ser resolvida

é referente aos resíduos resultantes das serrarias de “granito ornamental”.

Referências

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RIBEIRO R. M., TANNER DE OLIVEIRA, M.A.F. Comportamento do Diopsidito sob ataque microbiano. Rev. Brasileira de Geociências, v. 15, nº 3, p 202/206, setembro de 1985, São Paulo.

SÁ FILHO, R.J. de Relatório Único Final de Pesquisa para Fosfato, Terra Produtiva Mineradora Ltda/RSÁFILHO Consultoria Geológica e Ambiental Ltda, Reservado, Salvador Bahia, 2000

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THEODORO, S. C. Fertilização da Terra pela Terra: Uma alternativa de Sustentabilidade para o Pequeno produtor rural. Tese de doutoramento. Centro de Desenvolvimento Sustentável. Universidade de Brasília, Brasília: 2000

VEIGA, P., COUTO, P. A. Projeto Apatita, relatório final. (Salvador) : CPRM, 1971. Convênio CPRM/DNPM