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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA ÁREA DE PETROLOGIA, METALOGÊNESE E EXPLORAÇÃO MINERAL DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROCHAS META-VULCÂNICAS MÁFICAS DA UNIDADE INTERMEDIÁRIA DO GREENSTONE BELT DE RIACHO DE SANTANA, ESTADO DA BAHIA: ESTUDO PETROGRÁFICO E GEOQUÍMICO. Salvador 2010 JOILMA PRAZERES SANTOS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA

ÁREA DE PETROLOGIA, METALOGÊNESE E EXPLORAÇÃO MINERAL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ROCHAS META-VULCÂNICAS MÁFICAS DA UNIDADE

INTERMEDIÁRIA DO GREENSTONE BELT DE RIACHO

DE SANTANA, ESTADO DA BAHIA: ESTUDO

PETROGRÁFICO E GEOQUÍMICO.

Salvador

2010

JOILMA PRAZERES SANTOS

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Por

Joilma Prazeres Santos

Geóloga (Universidade Federal da Bahia - 2008)

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Submetida em satisfação parcial dos requisitos ao grau de

MESTRE EM CIÊNCIAS - GEOLOGIA

à

Câmara de Ensino de Pesquisa e Pós-Graduação da

Universidade Federal da Bahia

Profª. Drª. Angela Beatriz de Menezes Leal (Orientadora – UFBA)

COMISSÃO EXAMINADORA:

--------------------------------------------------------------- Drª. Cristina Maria Burgos de Carvalho

(Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais – CPRM-BA)

--------------------------------------------------------------- Dr. Luiz Rogério Bastos Leal

(Professor – IGEO/UFBA)

Data da defesa: 16/08/2010 Resultado final: Aprovado (X)

“Rochas Meta-vulcânicas Máficas da Unidade Intermediária do Greenstone Belt de Riacho

de Santana, Estado da Bahia: Estudo petrográfico e geoquímico”.

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"A Deus pelo dom da vida e a oportunidade

de lapidar o meu ser.

E em especial a minha família, pois

correspondem a base da minha existência"

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AGRADECIMENTOS

Considerando esta dissertação como uma das etapas desta minha caminhada, o

agradecer nem sempre é uma tarefa fácil, nem justa. Para não correr o risco da injustiça,

agradeço de antemão a todos que de alguma forma passaram pela minha vida e contribuíram

para a construção do meu ser depositando um pouco de carinho, conhecimento, compreensão,

respeito e amor.

Agradeço em especial a minha família espiritual que emana e renova a cada instante os

fluídos vitais para o meu aprimoramento moral e intelectual.

A Profª. Angela Beatriz de Menezes Leal pelo apoio e orientação durante todo o

desenvolvimento da pesquisa, e principalmente pela atenção, paciência estando sempre

presente, sugerindo, questionando e ajudando para que este trabalho tivesse êxito.

A Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pela concessão de

bolsa de estudo e a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) pela ajuda financeira

para a realização dos trabalhos experimentais.

Ao Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA) pela utilização

do espaço físico e pelo apoio logístico.

Ao corpo técnico da CPGGeo-UFBA na pessoa Nilton Santos e a Gilzélio (in

memória) pela amizade e auxílio na liberação de documentos para execução das viagens de

campo e trâmites burocráticos.

A equipe da Biblioteca Shiguemi Fugimori do Instituto de Geociências – UFBA pelo

cordial e excelente atendimento durante a pesquisa desenvolvida.

Aos colegas e amigos do curso de pós-graduação em geologia do Instituto de

Geociências-UFBA, em especial a Ana Carolina Oliveira Pinheiro, André Luis Dias Santos,

Giselle Chagas Damasceno e a Uyara Machado Cabral pelo grande apoio, incentivo e

companheirismo nas horas mais difíceis deste curso.

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Ao corpo docente do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia que

transmitiu e incentivou a busca pelo conhecimento, pois a vida é uma escola onde ocorrem

trocas de experiências.

A minha família por demonstrar constantemente carinho, amor, compreensão,

incentivo e, principalmente força para que essa jornada terminasse com sucesso. Agradeço em

especial a meus pais Jaime e Janete, a meus irmãos Josiene e Jadilson, aos meus tios Jurandir

e Liberata pelo apoio financeiro e pela paciência, e a Rogério pelo apoio incondicional

durante a conclusão desta dissertação.

Peço perdão se esqueci de alguém, e sintam-se agradecidos.

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RESUMO

Na Plataforma Sul-Americana, inúmeros greenstone belts arqueanos (~ 2,9 a 3,2Ga)

são identificados no Cráton do São Francisco, Estado da Bahia, entre eles destacam-se os de

Riacho de Santana, Umburanas, Contendas Mirante e Mundo Novo. O greenstone belt de

Riacho de Santana (GBRS) localizado na porção sudoeste do Estado da Bahia, Brasil, ocorre

como unidade no embasamento cristalino do Bloco Guanambi-Correntina.

Segundo Silveira & Garrido (2000), o GBRS apresenta três unidades litoestratigráficas

reconhecidas: (i) Unidade Inferior, compreende rochas ultramáficas komatiíticas com finas

intercalações de meta-basaltos e meta-gabros, associados a formações ferríferas bandadas

(BIFs), quartzitos, meta-cherts, rochas cálcio-silicáticas e xistos aluminosos; (ii) Unidade

Intermediária, constituída por meta-basaltos e meta-gabros, meta-tufos de composição

intermediária a ácida, xistos aluminosos e xistos grafitosos, e (iii) Unidade Superior,

compreende uma sequência de rochas silicáticas-carbonáticas.

Neste trabalho são apresentados as descrições geológicas, petrográficas, as análises de

química mineral e de geoquímicas de elementos maiores, traços e terras raras das rochas

meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária com inferências sobre os processos

responsáveis pela formação destas rochas.

As rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS são

caracterizadas por apresentarem texturas granoblástica e nematoblástica, tendo como minerais

predominantes a actinolita/tremolita, hornblenda e plagioclásio e, subordinadamente assinala-

se a presença de minerais opacos e titanita. Ocorre como minerais secundários o quartzo,

epídoto e carbonatos. Sinais de alterações secundárias estão registradas nos cristais de

plagioclásio, através dos processos de saussuritização e sericitização. Apesar das rochas não

apresentarem mais a mineralogia primária preservada, foi identificado resquícios das texturas

ígneas ofítica e intergranular. Em todas as amostras, a parâgenese mineral metamórfica

observada é característica da fácies xisto verde (actinolita + hornblenda + andesina - média de

37,35% An).

A química mineral permitiu classificar os anfibólios no grupo dos cálcicos, e dentro

deste grupo como Fe-hornblenda, com razões Mg/(Mg + Fe+2

) entre 0,39 e 0,46. Os cristais de

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plagioclásio apresentam composição de andesina, com teores de anortita em torno de 40,93–

33,09%. Os dados de temperatura adquiridos pela análise dos plagioclásios sugerem que o

magma atingiu no mínimo, temperaturas da ordem de 1128oC a 1187

oC.

As rochas meta-vulcânicas máficas foram classificadas como basaltos, demonstrando

baixa razão de álcalis versus sílica, demonstrando caráter toleítico, fortemente enriquecido em

ferro. Com a evolução magmática observa-se empobrecimento de Cr, Ni, CaO e Al2O3 e

enriquecimento de SiO2, TiO2, FeOt, K2O, Na2O e elementos incompatíveis. O

comportamento geoquímico dos elementos maiores sugere um forte controle dos minerais

plagioclásio e clinopiroxênio no fracionamento magmático.

Padrões de elementos terras raras (ETR) normalizados para o manto primitivo

sugerem que o magma primário das rochas meta-vulcânicas máficas do GBRS foi derivado a

partir de reservatórios mantélicos primitivos ou por uma mistura entre reservatórios

enriquecidos e empobrecidos. Os padrões planos de ETR/pesados indicam processo de fusão

relativamente rasa com ausência de granada na fonte. Algumas amostras apresentaram

enriquecimento anômalo de elementos LIL e presença de anomalia negativa de Sr, similar

àquelas observadas do embasamento, sugerindo que o processo de contaminação destes

magmas com as rochas do embasamento granítico-gnáissico do Bloco Guanambi-Correntina

teve um papel importante na formação dessas rochas.

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ABSTRACT

In the South American Plataform, many Archean greenstone belts (~ 2.9 to 3.2Ga) are

identified in São Francisco Craton, Bahia State, among them stand out from the Riacho de

Santana, Umburanas, Contendas Mirante and Mundo Novo. The Riacho Santana greenstone

belt (RSGB) located in southwestern Bahia, Brazil, occurs as a unit in the basement of

Guanambi-Correntina Block.

According to Silveira & Garrido (2000) presents the RSGB recognized three

lithostratigraphic units: (i) Lower Unit comprises ultramafic komatiites with thin

intercalations of meta-basalts and meta-gabbro, associated with the banded iron formations

(BIFs), quartzites, meta-cherts, calcisilicate rocks and aluminous schists; (ii) Intermediate

Unit, consisting of meta-basalts and meta-gabbro, meta-tuffs of intermediate to acid

composition, aluminous schists and graphitic schists, and (iii) Higher Unit comprises a

sequence of carbonate-silicate rocks.

In this work, the descriptions will be presented geological, petrographic, the analysis

of mineral chemistry and geochemistry of major, trace and rare earth elements of meta-

volcanic mafic rocks of the Intermediate Units with inferences about the processes

responsible for the formation of these rocks.

The meta-volcanic mafic rocks of the Intermediate Unit are characterized by

presenting inequigranular, nematoblastic and granoblastic textures, with the predominant

mineral tremolite/actinolite, hornblende and plagioclase and subordinate occurs the presence

of opaque minerals and titanite. The secondary minerals include quartz, epidote and

carbonates. Secondary changes are recorded in plagioclase crystals, through the processes of

saussuritization and sericitization. Although the rocks have no more preserved primary

mineralogy was identified remnants of igneous ophitic and intergranular textures. In all

samples, the metamorphic mineral paragenesis observed is characteristic of greenschist facies

(actinolite + hornblende + andesine - average of 37.35% An).

The mineral chemistry allowed to classify the group of calcic amphiboles, and within

this group as Fe-hornblende, with ratios of Mg/(Mg + Fe+2

) between 0.39 and 0.46. The

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plagioclase crystals have the composition of andesine, with anorthite content of around 40.93

to 33.09%. The temperature data of plagioclase suggest that the magma reached a minimum

temperature in the range of the 1128oC 1187

oC.

The meta-volcanic mafic rocks were classified as basalts, showing a low ratio of alkali

versus silica, showing tholeiitic character, strongly enriched in iron. With the magmatic

evolution is observed depletion of Cr, Ni, CaO and Al2O3 and enrichment of SiO2, TiO2,

FeOt, K2O, Na2O and incompatible elements. The geochemical behavior of major elements

suggests a strong control of the minerals plagioclase and clinopyroxene at magmatic

fractionation.

Patterns of rare earth elements (REE) normalized to the primitive mantle suggest that

the primary magma of the rocks of the mafic meta-volcanic from the RSGB was derived from

primitive mantle reservoirs or a mixture of enriched and depleted reservoirs. Standards plans

heavy REE indicate relatively shallow melting process with the absence of garnet in the

source. Some samples showed anomalous enrichment of LIL elements and presence of

negative anomalies of Sr, similar to those observed basement, suggesting that the process of

contamination of these magmas with granitic-gneissic rocks of Guanambi-Correntina

basement had an important role in the formation of these rocks.

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS.......................................................................................................... iv

RESUMO............................................................................................................................... vi

ABSTRACT........................................................................................................................... viii

SUMÁRIO............................................................................................................................. x

ÍNDICE DE FIGURAS......................................................................................................... xiii

ÍNDICE DE FOTOGRAFIAS............................................................................................. xvi

ÍNDICE DE FOTOMICROGRAFIAS............................................................................... xvii

ÍNDICE DE TABELAS........................................................................................................ xviii

CAPÍTULO I......................................................................................................................... 19

1. Introdução........................................................................................................................... 20

1.1 Características Gerais das Sequências Greenstone Belts........................................... 21

1.1.1 Correlações Estratigráficas........................................................................... 21

1.1.2 Correlação Geoquímica................................................................................ 25

CAPÍTULO II....................................................................................................................... 26

2.1 Objetivos.................................................................................................................... 27

2.2 Problema.................................................................................................................... 27

2.3 Localização e vias de acesso...................................................................................... 28

2.4 Aspectos Fisiográficos............................................................................................... 28

CAPÍTULO III...................................................................................................................... 30

3. Metodologia........................................................................................................................ 31

3.1 Levantamento dos Dados Bibliográficos................................................................... 31

3.2 Trabalhos de Campo.................................................................................................. 31

3.3 Métodos Petrográficos............................................................................................... 32

3.4 Química Mineral........................................................................................................ 36

3.5 Métodos Químicos..................................................................................................... 37

CAPÍTULO IV...................................................................................................................... 38

4. Contexto Geológico Regional............................................................................................ 39

4.1 Bloco Guanambi-Correntina....................................................................................... 39

4.1.1 Complexo Santa Isabel.................................................................................... 39

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4.1.2 Greenstone Belt de Riacho de Santana............................................................ 44

4.1.3 Rochas Graníticas/Sieníticas Paleoproterozóicas............................................ 45

4.1.3.1 Álcali- feldspato sienitos.......................................................................... 45

4.1.3.2 Sienitos/Granitos...................................................................................... 45

4.2 Supergrupo Espinhaço............................................................................................... 47

4.2.1 Grupo Serra Geral............................................................................................ 47

4.3 Supergrupo São Francisco.......................................................................................... 47

4.4 Coberturas Sedimentares Tércio-Quaternárias........................................................... 47

CAPÍTULO V........................................................................................................................ 49

5. O Greenstone Belt Riacho de Santana (GBRS).................................................................. 50

5.1. Aspectos Geológicos Locais...................................................................................... 50

5.1.1 Unidade Inferior............................................................................................... 52

5.1.1.1 Rochas Ultramáficas e Komatiíticas........................................................ 52

5.1.1.2 Meta-basaltos e Meta-gabros................................................................... 53

5.1.1.3 Quartzitos e Meta-cherts.......................................................................... 54

5.1.1.4 Xistos........................................................................................................ 55

5.1.1.5 Rochas Calcissilicáticas e Meta-Carbonatos........................................... 55

5.1.2 Unidade Intermediária..................................................................................... 56

5.1.2.1 Rochas meta-vulcânicas máficas............................................................. 56

5.1.2.2 Xistos aluminosos.................................................................................... 56

5.1.2.3 Meta-cherts............................................................................................... 58

5.1.2.4 Grafita xistos e Grafititos......................................................................... 58

5.1.3 Unidade Superior............................................................................................. 58

5.1.3.1 Quartzitos e meta-cherts........................................................................... 58

5.1.3.2 Meta-carbonatos....................................................................................... 60

5.1.3.3 Formações Ferríferas Bandadas............................................................... 60

5.1.3.4 Rochas Pelíticas....................................................................................... 60

5.1.3.5 Meta-basaltos e Meta-tufos...................................................................... 61

CAPÍTULO VI...................................................................................................................... 62

6. Petrografia e química mineral das rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade

Intermediária do GBRS.................................................................................................... 63

6.1 Petrografia................................................................................................................ 63

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6.2 Química Mineral....................................................................................................... 70

CAPÍTULO VII..................................................................................................................... 79

7. Geoquímica das Rochas Meta-vulcânicas Máficas da Unidade Intermediária do GBRS. 80

7.1 Classificação e nomenclatura..................................................................................... 80

7.2 Geoquímica dos Elementos Maiores.......................................................................... 86

7.3 Geoquímica dos Elementos Traços............................................................................ 88

7.4 Padrões de Elementos Incompatíveis (spidergrams).................................................. 91

7.5 Padrões de Elementos Terras Raras............................................................................ 93

CAPÍTULO VIII................................................................................................................... 96

8. Caracterização da Fonte Mantélica..................................................................................... 97

8.1 Utilização de razões entre elementos HFS................................................................. 97

8.2 Investigação do Processo de Assimilação Crustal................................................ 100

CAPÍTULO IX...................................................................................................................... 101

9. Considerações Finais........................................................................................................... 102

CAPÍTULO X....................................................................................................................... 104

10. Referências Bibliográficas................................................................................................ 105

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1.1 Esboço da coluna estratigráfica do Greenstone Belt de Contendas

Mirante (GBCM), de idade Arqueana, Estado da Bahia (Marinho et

al. 1994)................................................................................................ 22

Figura 1.2 Esboço da coluna estratigráfica do Greenstone Belt de Umburanas

(GBU), de idade Arqueana, Estado da Bahia (Cunha & Fróes 1994). 23

Figura 1.3 Esboço da coluna estratigráfica do Greenstone Belt de Riacho de

Santana (GBRS), idade Arqueana, Estado da Bahia (Silveira &

Garrido 2000)...................................................................................... 23

Figura 1.4 Esboço da coluna estratigráfica do Greenstone Belt de Mundo Novo

(GBMN), idade Arqueana, Estado da Bahia (Mascarenhas & Silva

1994)..................................................................................................... 24

Figura 2.1 Mapa de localização, situação e vias de acesso a área de estudo

(Fonte IBGE 2008)............................................................................... 29

Figura 3.1 Mapa de Caminhamento dos pontos visitados (Modificado de

Silveira & Garrido 2000)...................................................................... 35

Figura 4.1 Localização do Cráton do São Francisco, esboço geológico e

compartimento geotectônico do Estado da Bahia (Adaptado e

Modificado de Barbosa & Domingues 1996). GBRS – Greenstone

Belt de Riacho de Santana.................................................................... 40

Figura 4.2 Esboço geológico do Cráton do São Francisco (CSF). (A) Mapa

geológico simplificado mostrando as principais litologias do CSF e a

localização dos greenstone belts (adaptado de Barbosa & Sabaté

2002). (B) Mapa geológico regional do GBRS (Modificado e

adaptado de Cunha & Fróes 1994; Bastos Leal et al. 2003)................ 46

Figura 5.1 Mapa geológico local simplificado do Greenstone Belt de Riacho de

Santana, Bahia, Brasil (modificado de Silveira & Garrido

2000)..................................................................................................... 51

Figura 6.1 (A) Diagrama de classificação geral dos quatros principais grupos de

anfibólios, segundo Leake (1978) e (B) Aumento do campo para a

visualização do comportamento entre borda e núcleo dos

cristais................................................................................................... 72

Figura 6.2 Diagrama de nomenclatura dos anfibólios com (CaA > 1,5; (Na +

K)A > 0,5; Ti < 0,5 e AlC < Fe+3

), proposto por Leake (1978).............

74

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Figura 6.3 Diagramas de variação composicional sendo (A) referente as bordas

e (B) aos núcleos dos plagioclásios, segundo os componentes

moleculares albita (Ab), anortita (An) e ortoclásio (Or) das rochas

meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do

GBRS.................................................................................................... 76

Figura 7.1 Diagrama de classificação de rochas vulcânicas, segundo Cox et al.

(1979), para as rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade

Intermediária do GBRS. Os círculos fechados representam as

amostras meta-vulcânicas máficas do GBRS. Esta mesma

simbologia é mantida para as figuras subsequentes............................. 81

Figura 7.2 Diagrama A (Na2O + K2O), F (FeOt), M (MgO), segundo Irvine &

Baragar (1971) para as rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade

Intermediária do GBRS. A linha cheia representa a suíte toleítica do

Hawaí, segundo MacDonald & Katsura (1964)................................... 82

Figura 7.3 Diagrama catiônico de Jensen (1976). HFT – Toleítos ricos em ferro

e HMT – Toleítos ricos em MgO......................................................... 82

Figura 7.4 Diagramas de variação entre MgO (% em peso) vs. elementos

maiores (% em peso) para as rochas meta-vulcânicas máficas da

Unidade Intermediária do GBRS.......................................................... 87

Figura 7.5 Diagramas de variação entre MgO (% em peso) e os elementos

traços (ppm) para as rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade

Intermediária do GBRS........................................................................ 89

Figura 7.6 Diagramas de variação entre MgO (% em peso) e Rb/Sr, Zr/Nb, La/Sm e

Nb/Th para as rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária

do GBRS.................................................................................................. 91

Figura 7.7 (A) Padrão de distribuição de elementos incompatíveis para as

rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS

e (B) padrões dos ambientes OIB (Ocean Island Basalt), E-MORB

(Enriched Mid-Ocean Ridge Basalt) e N-MORB (Normal Mid-

Ocean Ridge Basalt) de acordo Sun & McDonough (1989)................ 92

Figura 7.8 Diagrama de elementos terras raras (ETR) normalizados para o

manto primitivo (McDonough & Sun 1995) para as rochas meta-

vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS. Para

comparação são mostrados no diagrama os padrões médios para

Basaltos de Ilha Oceânica (OIB) e Basaltos de Cordilheira Meso-

Oceânica Normal (N-MORB) e Enriquecido (E-MORB) (Sun &

McDonough 1989). O campo em cinza representa uma média de

rochas do embasamento granítico-gnáissico do Bloco Guanambi-

Correntina (Dados químicos extraído de Bastos Leal et al. 1998).......

95

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Figura 8.1 Inferência da(s) fonte(s) das rochas meta-vulcânicas máficas da

Unidade Intermediária do GBRS utilizando diagramas de variação

(A) Zr/Y vs Nb/Y e (B) Nb/Th vs Zr/Nb. Nestas figuras são

mostrados campos de fontes mantélicas de basaltos associados a

diversos ambientes tectônicos (Condie 2005). Abreviações: UC,

crosta continental superior; PM, manto primitivo; DM, manto

empobrecido raso; HIMU, alto μU (fonte U/Pb); EM1 e EM2, fontes

mantélicas enriquecidas; ARC, basaltos de arco; DEP, fonte

mantélica empobrecida profunda; EN, componentes enriquecidos;

REC, componentes reciclados. Dados de outros greenstone belts

Arqueanos são mostrados para comparação: Província Superior do

Canadá (campo tracejado), greenstones Norseman, Boston

Township e Steep Rock Late (campo cinza escuro), Províncias

Báltica e Yilgarn (campo cinza claro)..................................................

99

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ÍNDICE DE FOTOGRAFIAS

Foto 4.1 Aspecto geral das rochas charnockíticas e tonalíticas do Complexo Santa

Isabel. Ponto RS–07. Coordenadas: 0720563/8503085.............................. 41

Foto 4.2 Rocha tonalítica do CSI com uma foliação incipiente, aflorando em

forma de blocos. Ponto RS–107. Coordenadas: 0720227/8498588............ 42

Foto 4.3 Rocha tonalítica do CSI aflorando em um corte de estrada, na forma de

lajedo descontínuo, bastante deformado, apresentando dobras parasíticas.

Ponto RS–07. Coordenadas: 0720563/8503085.......................................... 42

Foto 5.1 Rocha ultramáfica da Unidade Inferior do GBRS, no Morro do Canela.

Ponto RS-117. Coordenadas: 0708159/8550194......................................... 52

Foto 5.2 Rocha ultramáfica da Unidade Inferior do GBRS, em corte de estrada.

Ponto RS-100. Coordenadas: 0734297/8483658......................................... 53

Foto 5.3 Aspecto geral do meta-basalto da Unidade Inferior do GBRS. Ponto RS-

102. Coordenadas: 0730515/8487966.......................................................... 54

Foto 5.4 Aspecto geral do meta-chert da Unidade Inferior do GBRS, na forma de

bloco rolado. Ponto RS-103. Coordenadas: 0720964/8496864................... 55

Foto 5.5 Aspecto geral da rocha meta-vulcânica máfica da Unidade Intermediária

do GBRS, destacando as venulações preenchidas por plagioclásio. Ponto

RS–02. Coordenadas: 0711158/8502660.................................................... 57

Foto 5.6 Meta-vulcânica máfica da Unidade Intermediária do GBRS com veios de

quartzo boudinados e mostrando foliação incipiente. Ponto RS–01.

Coordenadas: 0711633/8503112................................................................. 57

Foto 5.7 Aspecto geral dos quartzitos intercalados com meta-cherts, em corte de

estrada em direção a Bom Jesus da Lapa. Ponto RS–03. Coordenadas:

0711160/8502656........................................................................................ 59

Foto 6.1 Aspecto geral das rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade

Intermediária do GBRS. Ponto RS–104. Coordenadas: 0714307/8501714 63

xvi

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ÍNDICE DE FOTOMICROGRAFIAS

Fotomicrografia 4.1 Aspecto geral da textura granoblástica. Rocha tonalítica do

CSI. Amostra RS–07. A – Sem analisador e B – Com

analisador. Pl = plagioclásio; Qtz = quartzo e Bt = biotita.

Aumento de 200x ...................................................................... 43

Fotomicrografia 6.1 Aspecto geral das texturas granoblástica e nematoblástica.

Rocha meta-vulcânica máfica (actinolita xisto) da Unidade

Intermediária do GBRS. Amostra RS–04. A – Sem

analisador; B – Com analisador. Hbl = hornblenda; Act =

actinolita; Pl = plagioclásio e Op = mineral opaco. Aumento

de 200x....................................................................................... 65

Fotomicrografia 6.2 Aspecto geral da textura e a disposição subdiomórfica dos

cristais de plagioclásio. Rocha meta-vulcânica máfica

(hornblenda actinolita xisto) da Unidade Intermediária do

GBRS. Amostra RS-01. A – Sem analisador; B – Com

analisador. Hbl = hornblenda; Act = actinolita e Pl =

plagioclásio. Aumento de 200x.................................................. 65

Fotomicrografia 6.3 Aspecto geral do plagioclásio com geminação incompleta e

extinção ondulante com inclusões de titanita e actinolita.

Rocha meta-vulcânica máfica da Unidade Intermediária do

GBRS. Amostra RS–04. A – Sem analisador; B – Com

analisador. Act = actinolita; Pl = plagioclásio; Tit = titanita;

Op = mineral opaco. Aumento de 200x..................................... 66

Fotomicrografia 6.4 Aspecto geral dos contatos entre os cristais de plagioclásio,

anfibólios e quartzo. Rocha meta-vulcânica máfica (actinolita

xisto) da Unidade Intermediária do GBRS. Amostra RS–05A.

A – Sem analisador; B – Com analisador. Pl = plagioclásio;

Hbl = hornblenda; Act = actinolita, Tit = titanita, Qtz =

quartzo, Op = mineral opaco. Aumento de 100x....................... 66

Fotomicrografia 6.5 Aspecto detalhado dos contatos entre os cristais de

plagioclásio, actinolita e minerais opacos. Rocha meta-

vulcânica máfica (actinolita xisto) da Unidade Intermediária

do GBRS, podendo observar o cristal de actinolita sendo

consumido pelo mineral opaco. Amostra RS–04. A – Sem

analisador. B – Com analisador. Pl = plagioclásio; Act =

actinolita; Hbl = hornblenda; Tit = titanita; Op = mineral

opaco. Aumento de 200x........................................................... 67

xvii

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 3.1 Relação dos pontos visitados da área de estudo, incluindo tipo

litológico, coordenadas, localização do ponto, amostra coletada,

petrografia, análise química de rocha total e química

mineral...................................................................................................

33

Tabela 6.1 Resumo das características mineralógicas e texturais de cada amostra

das rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do

GBRS..................................................................................................... 68

Tabela 6.2 Composição química, em % de peso, dos anfibólios das rochas meta-

vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS,

correspondendo ao núcleo (N) e borda (B) dos cristais. Fe-hbl -

ferro-hornblenda; (L) – Classificação segundo Leake (1978).

Fórmula estrutural calculada com base em 23 átomos de

oxigênio................................................................................................. 73

Tabela 6.3 Composição química, em % de peso, dos plagioclásios das rochas

meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS.

Fórmula estrutural calculada com base em 32 átomos de oxigênio. N

- núcleo. B – borda............................................................................... 75

Tabela 6.4 Temperatura dos plagioclásios e o seu valor médio para a rocha

meta-vulcânica máfica da Unidade Intermediária do GBRS,

representada pela amostra RS - 01. N - núcleo. B - borda. n - número

de amostras. KW (1970) – Temperatura Kudo & Weill (1970). M

(1973) - Temperatura Mathez (1973).................................................... 78

Tabela 7.1 Análises químicas de elementos maiores (% em peso), traços (em

ppm) e terras raras (em ppm) das rochas meta-vulcânicas máficas da

Unidade Intermediária do GBRS. As amostras RS-07, RS-124A e B

representam amostra do embasamento granítico-gnáissico do BGC.

WP-R amostras coletadas por Walter Peixoto, RS amostras coletadas

por Joilma Prazeres e Angela Leal........................................................ 83

Tabela 7.2 Razões de ETR das rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade

Intermediário do GBRS com valores de N-MORB, E-MORB e OIB

(Sun & McDonough 1989).................................................................... 94

xviii

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Capítulo I

Neste capítulo será feita uma breve discussão sobre os greenstone belts, suas formas

de ocorrências e correlações estratigráficas e geoquímicas.

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1. Introdução

Greenstone Belt são produtos de múltiplos processos geológicos, tais como:

tectonismo, magmatismo, sedimentação e metamorfismo que operavam sob diferentes escalas

espaciais e temporais (Condie 1981; Polat et al. 1998; Van Kranendonk 2004; Condie 2005;

Polat & Kerrich 2006; Benn et al. 2006). Diversas ocorrências de sequências greenstone belts

de idades arqueanas, ocorrem no mundo, destacando-se as da Província Superior do Canadá,

na América do Norte (Polat & Kerrich 2001); da África (Parman et al. 2001, 2003; Chavagnac

2004); do Oeste da Austrália (Bateman et al. 2001; Beresford et al. 2002); e do Cráton da

Dharwar, na Índia (Manikyamba et al. 2004; Srivastava et al. 2004).

Na Plataforma Sul-Americana, inúmeros greenstone belts arqueanos (~ 2,9 a 3,2 Ga)

são reconhecidos no Cráton do São Francisco, Estado da Bahia, entre eles destacam-se os de

Contendas Mirante (Marinho 1991; Marinho et al. 1994), Umburanas (Cunha & Fróes 1994;

Bastos Leal et al. 2003; Menezes Leal et al. 2007; Santos & Menezes Leal 2008), Riacho de

Santana (Silveira & Garrido 2000; Menezes Leal & Paul 2006; Prazeres Santos & Menezes

Leal 2008; Prazeres Santos et al. 2010) e Mundo Novo (Mascarenhas & Silva 1994; Peucat et

al. 2002).

As sequências do tipo greenstone belts do Estado da Bahia tem sido alvo de pesquisas

sistemáticas desde o clássico trabalho de Mascarenhas (1973), complementados por Silva

(1987), Cordani et al. (1985), Marinho et al. (1994), Schrank & Silva (1993), Cunha & Fróes

(1994), Silveira & Garrido (2000), Bastos Leal et al. (2003), dentre outros, incluindo um

sistemático programa de exploração mineral, devido a presença de ouro, metais base e

minerais industriais associados (Silva & Cunha 1999). No entanto, apesar do significativo

avanço no conhecimento geológico e grande interesse econômico, existem ainda lacunas no

conhecimento sobre as características evolutivas de suas fontes mantélicas, suas relações com

as mineralizações e os processos geodinâmicos associados.

Economicamente, os Greenstone Belts são responsáveis por grande parte de depósitos

minerais ao redor do mundo. Os diversos tipos de depósitos minerais como os de ouro em

zonas de cisalhamento; sulfetos maciços de metais base em rochas vulcânicas máficas a

félsicas; Ni-Cu-Cr em rochas Komatiíticas e sills associados; ferro e manganês em formações

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ferríferas bandadas; além de minerais industriais (calcários e dolomitas para insumo agricola)

e de pedras ornamentais.

Nesta pesquisa de dissertação serão caracterizados os aspectos geológicos,

petrográficos com química mineral e geoquímica das rochas meta-vulcânicas máficas

pertencentes a Unidade Intermediária do greenstone belt de Riacho de Santana (GBRS).

1.1 Características Gerais das Sequências Greenstone Belts

As sequências greenstone belts consistem em cinturões de rochas verdes,

representadas por derrames magmáticos de origem máfica e félsica, intercalados com

formações ferríferas bandadas, cherts e rochas vulcanoquímicas que foram submetidas a

processos deformacionais, a graus variados de metamorfismo, geralmente variando da fácies

xisto verde a anfibolito, sendo dispostas entre estruturas dômicas de granitóides tonalítico-

trondhjemítico granodiorítico (série TTG) (Silva & Cunha 1999).

Existem vários modelos de evolução geotectônica para os greenstone belts, sendo

sugeridos diversos ambientes de formação como riftes continentais colapsados, arcos de ilhas

e bacias back-arc, entre outros. Os greenstone belts são constituídos por rochas vulcânicas,

dominadas por basaltos e, em menor quantidade, por rochas sedimentares. Observa-se que ao

longo do tempo a quantidade de sedimentos contido nestas sequências aumentou, assim como

a quantidade de rochas máficas diminui. Estas mudanças são atribuídas à maturidade que o

processo de tectônica de placas vem sofrendo ao longo da história geológica da Terra.

1.1.1 Correlações Estratigráficas

Estratigraficamente, as sequências greenstone belts arqueanas do Estado da Bahia são

estruturadas em três unidades litológicas principais: Inferior, Intermediária/Média e Superior.

As figuras de 1.1 a 1.4 mostram as colunas litoestratigráficas dos principais greenstone belts

arqueanos do Estado da Bahia, a saber: Riacho de Santana (GBRS), Umburanas (GBU),

Contendas Mirante (GBCM) e Mundo Novo (GBMN). A seguir serão descritas, de modo

simplificado, as principais litologias que compõem as unidades Inferior, Intermediária/Média

e Superior dos GBRS, GBU, GBCM e GBMN.

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Unidade Inferior: geralmente esta unidade compreende rochas ultramáficas

komatiíticas, com intercalações de rochas meta-vulcânicas máficas associadas a formações

ferríferas bandadas (BIF’s), quartzitos, meta-cherts, rochas calcissilicáticas e xistos

aluminosos.

A unidade Inferior dos GBRS, GBU, GBCM e GBMN é constituída por estes arranjos

litológicos, sendo que apenas no GBU e GBRS ocorrem registros da ocorrência de rochas

komatiíticas (Figuras 1.2 e 1.3).

Unidade Intermediária/Média: predominam nesta unidade rochas meta-vulcânicas

máficas e/ou meta-félsicas (meta-andesito, meta-dacitos e meta-riolitos) com intercalações de

meta-tufos, meta-carbonatos e formações ferríferas bandadas (BIF’s). Ocorrem raramente

nesta unidade as lavas ultramáficas.

A Unidade Intermediária/Média dos GBRS, GBU, GBCM e GBMN apresentam este

arranjo litológico podendo variar a predominância das rochas meta-vulcânicas máficas sobre

as félsicas ou vice-versa (Figuras 1.1 a 1.4).

Figura 1.1 – Esboço da coluna estratigráfica do Greenstone Belt de Contendas Mirante (GBCM), de

idade Arqueana, Estado da Bahia (Marinho et al. 1994).

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Figura 1.2 – Esboço da coluna estratigráfica do Greenstone Belt de Umburanas (GBU), de idade

Arqueana, Estado da Bahia (Cunha & Fróes 1994).

Figura 1.3 – Esboço da coluna estratigráfica do Greenstone Belt de Riacho de Santana (GBRS),

idade Arqueana, Estado da Bahia (Silveira & Garrido 2000).

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Unidade Superior: predominam as rochas meta-sedimentares constituídas por

quartzitos, meta-carbonatos, meta-pelitos e meta-cherts. Podem ocorrer intercalações finas de

meta-vulcânicas félsicas e máficas e BIF’s.

De modo geral, a Unidade Superior dos GBRS, GBU, GBCM e GBMN apresentam

este arranjo litológico.

Esta distribuição estratigráfica também é observada em outras localidades do mundo,

como na Província Superior do Canadá, na América do Norte; no Greenstone Belt de

Barberton, na África do Sul; no Oeste da Austrália e na parte Central da Índia, sendo que

nestas sequências o arranjo litoestratigráfico é disposto na forma de grupos, como por

exemplo, no Grupo Kambalda na Austrália (Bateman et al. 2001) onde ocorrem depósitos de

meta-carbonatos e meta-cherts, e na Índia, no Grupo Bailadila (Manikyamba et al. 2004),

onde ocorrem depósitos de BIF’s e meta-conglomerados, dentre outros.

Figura 1.4 – Esboço da coluna estratigráfica do Greenstone Belt de Mundo Novo (GBMN), idade

Arqueana, Estado da Bahia (Mascarenhas & Silva 1994).

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1.1.2 Correlação Geoquímica

Do ponto de vista geoquímico as sequências greenstone belts apresentam as seguintes

relações:

As sequências vulcanossedimentares que apresentam rochas da série cálcio-alcalina

estão associadas às rochas meta-vulcânicas félsicas. Podem ocorrer em faixas isoladas ou

intercaladas com as rochas meta-vulcânicas máficas ou ultramáficas. Distingue-se vários

greenstone belts que possuem ocorrência de maneira expressiva de rochas de origem cálcio-

alcalina com intercalações de basaltos toleíticos, como o Greenstone Belt do Rio Itapicuru

(GBRI), o Greenstone Belt Kalgoorlie na Austrália (Bateman et al. 2001), o Greenstone Belt

Contendas Mirante (GBCM) e o Greenstone Belt de Umburanas (GBU). Outros greenstones

apresentam ocorrências isoladas de rochas com afinidade cálcio-alcalina, por exemplo, o

Greenstone Belt de Barberton, na África do Sul (Parman et al. 2001, 2003; Chavagnac 2004)

e outros como o Greenstone Belt Riacho de Santana (GBRS) não há registro desse tipo de

assinatura litológica.

Em relação às séries toleíticas, observa-se a ocorrência dessa assinatura geoquímica

em todos os tipos de greenstone belts aqui mencionados apresentando vários ciclos máficos e

ultramáficos com camadas de diversas espessuras. No Greenstone Belt Kalgoorlie, na

Austrália e o de Umburanas, no Estado da Bahia ocorre uma grande quantidade de derrames

basálticos toleíticos em comparação com os demais tipos estudados.

As séries komatiíticas geralmente estão associadas às Unidades Inferiores e, mais

raramente, a Intermediária/Média intercaladas aos níveis meta-vulcânicos máficos e

apresentando dimensões diversificadas, podendo ou não ter a ocorrência de texturas spinifex.

Ocorrem no Greenstone Belt Kalgoorlie na Austrália, no Grupo Abitibi no Greenstone Belt da

Província Superior do Canadá, no Greenstone Belt Barberton, na África do Sul e nos

Greenstone belts do Rio Itapicuru, Umburanas, Riacho de Santana, no Brasil.

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Capítulo II

Neste capítulo serão caracterizados os objetivos e os problemas que impulsionaram o

desenvolvimento deste trabalho. Será mostrando também a localização e vias de acesso da

área de pesquisa, bem como os principais aspectos fisiográficos da região.

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2.1 Objetivos

Os objetivos desta pesquisa de dissertação têm como escopo principal a caracterização

dos aspectos geológicos, petrográficos, de química mineral e geoquímicos das rochas meta-

vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS, situado na porção sudoeste do Estado

da Bahia.

Através deste estudo pretende-se contribuir de forma significativa para o

conhecimento evolutivo deste greenstone belt, possibilitando uma comparação com os outros

greenstone belts arqueanos do mundo, fornecendo novas informações para o entendimento a

cerca da fonte mantélica e dos processos responsáveis pela formação destas rochas.

2.2 Problema

Este trabalho, por se mostrar atual e oportuno, visa obter conhecimentos para

responder os seguintes questionamentos:

1- Qual o comportamento dos elementos maiores, menores e terras raras na evolução

magmática das rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS? O

processo metamórfico/hidrotermal superimposto a estas rochas pode ter afetado a química

destas rochas?

2- Em que condições de temperatura foram cristalizadas e/ou reequilibradas as rochas

meta-vulcânicas máficas da área de estudo? Ocorrem diferenças entre a química mineral das

fases minerais anfibólio e plagioclásio a partir da integração dos dados referentes a borda e

núcleo de cada fase mineral analisada?

3- Quais as características da fonte mantélica que gerou as rochas meta-vulcânicas

máficas da Unidade Intermediária do GBRS? Estas rochas foram afetadas por assimilação de

material crustal?

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Responder a essas questões significa dar um passo importante no entendimento dos

processos evolutivos que envolveram a gênese destas rochas.

2.3 Localização e vias de acesso

A área de estudo está localizada na porção sudoeste do Estado da Bahia, abrangendo

as cidades de Riacho de Santana e Bom Jesus da Lapa, e dista cerca de 500 km da cidade de

Salvador (Figura 2.1).

O acesso à área de pesquisa pode ser realizado através das principais rodovias

asfaltadas, saindo de Salvador pela BR-324, em direção a BR-116, até a cidade de Vitória da

Conquista, passando pela BA-262 seguindo-se até Brumado, e daí pela BA-030 até Caetité

transpondo pela BR-430 até chegar à cidade de Riacho de Santana.

2.4 Aspectos Fisiográficos

A região apresenta clima seco a subúmido e semi-árido e temperatura média anual de

22,2°C, estando a área inserida totalmente no polígono das secas. A pluviosidade máxima

alcança valores em torno de 1410 mm/ano e a estimativa da mínima encontra-se em torno de

375 mm/ano, com tempos chuvosos nos períodos de novembro a janeiro.

A vegetação típica da região é representada por espécies do tipo caatinga, cerrado

arbóreo aberto, com florestas estacionais deciduais que caracterizam o contato entre a

caatinga e a floresta estacional, sendo a maior parte desse território recoberto por cerrado.

A cidade de Riacho de Santana pertence à bacia hidrográfica do São Francisco, tendo

como rio principal o Riacho de Santana, tem como principais açudes os da Barreira Vermelha,

da Laguna e do Pau Preto.

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Figura 2.1 – Mapa de localização, situação e vias de acesso a área de estudo (Fonte: Google Maps 2010).

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Capítulo III

Neste capítulo serão caracterizadas as metodologias que foram utilizadas para o

desenvolvimento da pesquisa.

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3. Metodologia

Os objetivos a serem alcançados por esta pesquisa foram determinantes para adoção de

uma metodologia multidisciplinar de investigação. A sistemática utilizada inclui diferentes e

sucessivas atividades desenvolvidas durante 18 meses, no curso de Pós-Graduação em

Geologia, no Instituto de Geociências na Universidade Federal da Bahia, demonstrada a

seguir.

3.1 Levantamento dos Dados Bibliográficos

A etapa inicial da pesquisa foi realizada pelo levantamento e integração de todo o

acervo bibliográfico a cerca do contexto geológico regional da área de pesquisa, abrangendo

também as publicações relacionadas à geoquímica e química mineral de rochas meta-

vulcânicas máficas, além da obtenção das cartas topográficas que recobrem a área de estudo.

O estudo bibliográfico foi desenvolvido de forma bastante detalhada no que diz

respeito ao tema greenstone belts em geral, incluindo-se neste parâmetro as ocorrências

brasileiras e de outros países.

As cartas topográficas que recobrem a área da pesquisa são da Superintendência do

Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), na escala de 1:100.000, correspondendo as folhas

de Riacho de Santana (SD-23-Y-L-III); Bom Jesus da Lapa (SD-23-X-DMIR-365); Rio das

Rãs (SD-23-X-D-IV) e Macaúbas (SD-23-L-1). Nestas cartas foram lançados os dados

bibliográficos anteriores, inclusive a geologia, e pontos de amostragem obtidos nos trabalhos

executados pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), pela professora Angela

Beatriz de Menezes Leal em seu pós-doutoramento e neste trabalho.

3.2 Trabalhos de Campo

Para esta programação foram utilizadas as cartas topográficas citadas no sub-item

anterior e o mapa geológico do projeto Riacho de Santana realizado pelos geólogos Walter

Peixoto e Ives Antonio de Almeida Garrido.

Foi realizada uma viagem de campo em junho de 2009, a qual contou com o apoio do

curso de Pós-Graduação em Geologia e com o acompanhamento do Professor Dr. Luiz

Rogério Bastos Leal. Durante essa campanha de campo foram cumpridas as atividades

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referentes à descrição dos afloramentos e a coleta de amostras para estudos petrográficos,

geoquímicos e de química mineral.

Apesar da escassez de estradas transitáveis e principalmente de afloramentos que

dificultam a realização de uma amostragem sistemática e controlada de toda a sequência

greenstone belt, foi possível realizar uma descrição completa dos afloramentos das rochas que

a compõe, principalmente as rochas meta-vulcânicas máficas, objeto de nossa investigação.

Os sítios geológicos tiveram suas características descritas em campo abordando as litologias,

mineralogias conhecidas e estimadas, medidas de estruturas e tipos de contato quando

possível.

No total foram visitados 32 afloramentos na área de estudo com a coleta de 32

amostras, distribuídas em: 15 amostras de rochas meta-vulcânicas máficas, 5 de rochas

ultramáficas, 6 amostras do embasamento e 6 amostras de granitóides. O mapa de

amostragem da área pode ser visualizado na figura 3.1 e a tabela 3.1 mostra a relação dos

pontos visitados da área de estudo, incluindo tipo litológico, coordenadas, localização do

ponto, amostra coletada, petrografia, análise química de rocha total e química mineral.

3.3 Métodos Petrográficos

Foram confeccionadas 16 lâminas delgadas, sendo 13 das rochas meta-vulcânicas

máficas e 3 do embasamento. Todas as lâminas delgadas foram confeccionadas no

Laboratório de Laminação da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM). O estudo

petrográfico foi realizado em 13 lâminas delgadas de rochas meta-vulcânicas máficas com o

auxílio dos microscópios binoculares da marca Olympus modelo BX41, pertencentes ao

Laboratório de Mineralogia Óptica e Petrográfica do Instituto de Geociência UFBA e abrange

uma análise descritiva de forma macro e microscópica das rochas meta-vulcânicas máficas e

do embasamento granítico gnáissico do Complexo Santa Isabel.

Na análise petrográfica foi dado ênfase a descrição das paragêneses minerais e/ou

associações minerais constituintes, granulometria, relações texturais e as transformações

mineralógicas das rochas, bem como a avaliação modal de seus constituintes minerais.

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Amostras Tipos Litológicos Coordenadas (UTM) Localização Amostra

Coletada

Petrogra

fia

Análise de

Química

Total

Química

Mineral

RS-01 Rocha Máfica 0711633/8503112 Corte da BR-430 em direção a Bom Jesus da Lapa. x x x x

RS-02 Rocha Máfica 0711158/8502660 Entrada da Capoeira Domingo. x x x -

RS-03

Quartzitos intercalados com

meta-cherts 0711160/8502656 Corte de estrada em direção a Bom Jesus da Lapa. - - - -

RS-04 Rocha Máfica 0708493/8506598 Corte de estrada na BR-430 em direção a Bom Jesus da Lapa. x x x x

RS-05A e B Rocha Máfica 0722641/8500966 Entrada do lado esquerdo do Bar do Edvaldo. x, x x,x x,x x

RS-06 Rocha Máfica 0721114/8503676

Bloco rolado na estrada do lado esquerdo da BR-430 em direção a

Bom Jesus da Lapa. x x x -

RS-07 Embasamento 07021147/8503676 Saindo do bar de Edvaldo em direção a Bom Jesus da Lapa. x x x -

RS-100 Rocha Ultramáfica 0734297/8483658

Corte de estrada do lado direito a sudeste da cidade de Riacho de

Santana (Fora da área). x - - -

RS-101 Granitóide 0734282/ 8482337

Próximo a cidade de Riacho de Santana na porção sudeste (Fora

da área). x - - -

RS-102 Rocha Máfica 0730515/8487966

Corte de estrada na porção sudeste de Riacho de Santana (Fora da

área). x - -

RS-103 Meta-Chert 0720964/ 8496864 Próxima a BR-430 em direção a cidade Riacho de Santana. - - - -

RS-104 A e B Rocha Máfica 0714307/8501714 Bloco rolado próximo a estrada em direção a Bom Jesus da Lapa. x, x x,x - -

RS-105 A e B Rocha Máfica 0710912/8504781 Corte de estrada que liga Riacho de Santana a Bom Jesus da Lapa. x, x x,x x -

RS-106 Quartzito 0708533/8506644 Na estrada que liga Riacho de Santana a Bom Jesus da Lapa. - - - -

RS-107 Embasamento 0720227/8498588 Estrada carroçável do lado esquerdo saindo de Riacho de Santana. x - - -

RS-108 BIF 0718836/8500921 Próximo a BR-430 em direção a Bom Jesus da Lapa. - - - -

RS-109 Rocha Máfica 0723769/8496114

Estrada saindo da BR-430 em direção a Riacho de Santana do

lado direito, estrada não pavimentada. x x - -

RS-110 Rocha Ultramáfica 0723952/8496108 Estrada em direção a Riacho de Santana do lado direito. x - - -

RS-111 Granitóide 0724041/8494122 Próximo a BR-430 em direção a Bom Jesus da Lapa. x - - -

RS-112 Rocha Ultramáfica 0714470/8552800 Próxima a fazenda Silvestre. x - - -

RS-113 Rocha Ultramáfica 0714529/8552317 Corte de Estrada em direção a fazenda Silvestre. x - - -

Tabela 3.1 – Relação dos pontos visitados da área de estudo, incluindo tipo litológico, coordenadas, localização do ponto, amostra coletada, petrografia, análise

química de rocha total e química mineral.

33 33

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Amostras Tipos Litológicos Coordenadas (UTM) Localização Amostra

Coletada

Petrogra

fia

Análise de

Química

Total

Química

Mineral

RS-114 Granitóide 0712054/8551468 Estrada não pavimentada em direção ao povoado de Silvestre. x - - -

RS-115 Granitóide 0695511/8549217 Estrada em direção ao Morro do Canela. x - - -

RS-116 Granitóide 0697764/8551071

Estrada em direção ao Morro do Canela aproximadamente 1km do

ponto anterior. x - - -

RS-117 Rocha Ultramáfica 0708159/8550194 Morro de Canela. x - - -

RS-118 Granitóide 0711211/8550360 Estrada carroçável em direção a Bom Jesus da Lapa. x - - -

RS-119 Rocha Máfica 0710153/8504574 Estrada carroçável em direção a Bom Jesus da Lapa. x x x -

RS-120 Rocha Máfica 0710158/8504534

Estrada carroçável paralela a BR-430 em direção a Riacho de

Santana. x - - -

RS-121 Rocha Máfica 0710051/8504396

Estrada carroçável paralela a BR-430 em direção a Riacho de

Santana. x x x -

RS-122 Embasamento 0723986/8498876 Corte de Estrada na BR-430 próximo a Riacho de Santana. x - - -

RS-123 Embasamento 0723814/8496480 Corte de estrada em direção a Riacho de Santana. x - - -

RS-124 A e B Embasamento 0723438/8495082 Pedreira de Riacho de Santana. x, x x,x x,x -

(Tabela 3.1 – Continuação)

34

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36

35

Figura 3.1 - Mapa de Caminhamento dos pontos visitados (Modificado de Silveira & Garrido

2000).

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36

Vale salientar que os dados obtidos pelos estudos petrográficos serviram como

elemento de orientação para a seleção de amostras para o estudo geoquímico e para a análise

de química mineral.

3.4 Química Mineral

As análises de química mineral foram realizadas no Laboratório da Université Blaise

Pascal em Clermont Ferrand (França). Foram escolhidas as amostras RS-01 RS-04 e RS-05B

como representativas das rochas meta-vulcânicas máficas da área de estudo. No entanto até o

presente momento, o Laboratório de Microssonda da Université Blaise Pascal em Clermont

Ferrand nos enviou apenas o resultado da análise da amostra RS-01 que será considerada

neste trabalho. Nessa amostra foram analisados 36 campos e obtidos dados químicos das fases

minerais plagioclásio (18 análises) e anfibólio (18 análises).

O aparelho utilizado foi uma microssonda eletrônica do tipo Cameca SX 100 em

condições de operação de 15 kV, 15 nA, com espessuras do raio incidente variando entre 5 e

10µm. Analisou-se os elementos SiO2, Al2O3, FeO, MgO, CaO, TiO2, MnO, Na2O e K2O e

Zn, e utilizado como padrões silicatos naturais, com exceção do elemento Zn que foi

calibrado usando ZnS sintético. O tempo de análise para cada elemento foi de

aproximadamente 10s.

Após a obtenção dos dados referentes aos elementos acima citados, foram empregados

dois aplicativos numéricos para calcular as fórmulas estruturais dessas fases, em ambientes

MS-DOS como: PASFORM (Bjerg et al. 1995) e Amphical (Yavuz 1998). Para o cálculo das

temperaturas foram utilizados os procedimentos encontrados nos trabalhos de Kudo & Weill

(1970) e Mathez (1973). E nos aplicativos em ambiente WINDOWS como EXCEL e WORD

os valores dos cálculos são organizados e descritos.

Na confecção de diagramas binários foram utilizados os programas Minpet da versão

2.02, de Richard (1995) que adota os critérios da IMA (International Mineralogical

Association) e o Amphical, de Yavuz (1998). Estes diagramas permitiram uma rápida

visualização, análise e interpretação dos dados obtidos, bem como a classificação das fases

minerais analisadas.

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37

3.5 Métodos Químicos

As análises geoquímicas em rocha total foram realizadas em nove amostras das rochas

meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS. Em todas as amostras foram

determinados as concentrações de elementos maiores e traços. Em sete amostras foram

dosados elementos terras raras. Foram analisadas ainda três amostras do embasamento

gnáissico-migmatítico (RS-07, RS-124A e B) para elementos maiores, traços e terras raras.

Foram utilizadas também seis análises de elementos maiores e traços de Silveira & Garrido

(2000) representados pela sigla WP-R.

A preparação das amostras foi realizada no Laboratório de Preparação de Amostas do

Departamento de Geoquímica/ UFBA, seguindo as seguintes etapas: britagem no britador de

mandíbulas, quarteamento e moagem no shater box.

As análises químicas foram efetuadas no Acme Analytical Laboratories, Vancouver,

Canada. Os elementos maiores (SiO2, Al2O3, Fe2O3, CaO, MgO, Na2O, K2O, MnO, TiO2,

P2O5 e Cr2O3) e alguns elementos traços (Ba, Nb, Ni, Sr, Sc, Y e Zr) foram dosados por

Espectrômetro de Emissão ICP (Jarrel Ash AtomComp Model 975 /Spectro Ciros Vision) e

os outros elementos menores e terras raras por Espectrômetro de Plasma Induzido (ICP-MS:

Perkin-Elmer ELAN 6000). No caso do Na2O e K2O as análises com teores abaixo de 1%

foram obtidas por absorção atômica após digestão de HCl e HClO4. Perda ao fogo (LOI) foi

estimada pela ignição em 1g de amostra a 950°C por 90 minutos. A reprodutibilidade

analítica (1σ) obtida através de 20 medidas repetidas do padrão SO-18 foi menor que 0,1 %

para todos os elementos maiores, exceto para SiO2 (1σ = 0,3 %) e Al2O3 (1σ = 0,16 %) e de

0,45% a 6,89% para elementos traços, exceto para Ta, o qual teve um erro mais alto de

17,8%.

Os resultados analíticos obtidos foram utilizados na projeção de diagramas de

classificação de rochas, na confecção de diagramas de distribuição entre elementos maiores,

traços e elementos terras raras. Para facilitar a interpretação dos dados geoquímicos foram

utilizados dois aplicativos numéricos (software) em ambientes Windows: o GCDkit 2.23

(Janousek et al. 2006) e o Minpet 2.02 (Richard 1995).

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38

Capítulo IV

Neste capítulo serão descritas as principais unidades geológicas regionais da área de

estudo.

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39

4. Contexto Geológico Regional

O arcabouço da área de estudo está inserido no domínio geotectônico do Bloco

Guanambi-Correntina (Barbosa & Dominguez 1996), localizado na porção central do Cráton

do São Francisco (Almeida 1977), onde são encontrados remanescentes de rochas

vulcanossedimentares representado pelo Greenstone Belt de Riacho de Santana (Silveira et.

al. 1996), limitados a oeste e a leste, respectivamente, pelas unidades metassedimentares da

Bacia do São Francisco e pelo Espinhaço Setentrional.

A figura 4.1 mostra o mapa geotectônico simplificado da área de estudo, destacando as

principais unidades geológicas da região, bem como o Greenstone Belt de Riacho de Santana.

A seguir serão descritas as principais unidades geológicas da área de pesquisa a saber; Bloco

Guanambi-Correntina (Complexo Santa Isabel, GBRS, rochas sieníticas/graníticas),

Supergrupo Espinhaço e São Francisco e Coberturas Terciárias e Quaternárias.

4.1 Bloco Guanambi-Correntina

O Bloco Guanambi-Correntina (BGC) é composto por terrenos graníticos-gnáissicos

migmatíticos e por domínios vulcanossedimentares intrudidos por granitóides

paleoproterozóicos. Os segmentos oriental e ocidental do BGC são parcialmente recobertos

por rochas sedimentares meso e neoproterozóicas dos Grupos Chapada Diamantina e Bambuí,

respectivamente. O segmento norte é recoberto por sedimentos terciários quaternários

(Silveira & Garrido 2000) (Figura 4.1).

4.1.1 Complexo Santa Isabel

Segundo Barbosa & Dominguez (1996), o Complexo Santa Isabel (CSI) corresponde a

rochas gnáissicas de origem orto e para derivadas cuja paragênese mineral foi equilibrada na

fácies granulito.

A evolução prematura do BGC durante o arqueano é representada pela deformação das

rochas do Complexo Santa Isabel e marcada pela formação de núcleos granitóides através

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33

Figura 4.1 – Localização do Cráton do São Francisco, esboço geológico e compartimento geotectônico do Estado da Bahia (Adaptado e

Modificado de Barbosa & Domingues 1996). GBRS – Greenstone Belt de Riacho de Santana.

40

1- Coberturas Fanerozóicas

2- Faixas de Dobramentos (AP –Araçuaí; RR –

Formosa do Rio Preto)

3- Coberturas Plataformais do Neoproterozóico

(Supergrupo São Francisco)

4- Coberturas Plataformais do Mesoproterozóico

(Supergrupo Espinhaço)

5- Cinturões Móveis do Paleoproterozóico

6- Sequência Sedimentar e Metassedimentar do

Arqueano e do Paleoproterozóico

7 e 8 – Blocos Arqueanos (BJ-Bloco Jequié, BG-

Bloco do Gavião; BGC-Bloco Guanambi-

Correntina; P-Bloco Paramirim; M-Bloco Mairi);

S-Serrinha; DS-Dobramento sobradinho; DM-

Dobramento Macururé.

BRASIL

BAHIA

CRÁTON DO SÃO

FRANCISCO

GBRS

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41

Foto 4.1 – Aspecto geral das rochas charnockíticas e tonalíticas do Complexo Santa Isabel. Ponto RS–

07. Coordenadas 0720563 / 8503085.

de sucessivos episódios de plutonismo de composição tonalítica-trondhjemítica-granodiorítica

(TTG) e eventos metamórficos e retrabalhamento crustal, cujas idades U-Pb e Rb-Sr variam

de 3,35 e 2,6 Ga (Jardim de Sá et al. 1976; Brito Neves et al. 1980; Mascarenhas & Garcia

1989; Rosa et al. 2000).

Segundo Silva et al. (1980), esta unidade é caracterizada predominantemente por

rochas da suíte charnockítica (enderbitos, noritos, charnockitos, opdalitos e jotunitos),

tonalitos, e variedades migmatizadas, afetadas por k-feldspatização Paleoproterozóica.

Bastos Leal et al. (em preparação) dataram as rochas granulíticas do CSI, pelo método

U-Pb em zircão, pelo método de diluição isotópica, e obtiveram a idade de cristalização igual

a 2954 ± 100 Ma, identificada como a idade do protólito. Estes mesmos autores separaram

outro grupo de zircão e observaram idade de 2250 ± 2,1 Ma (U-Pb), sugerindo tratar da época

do metamorfismo de alto grau que afetou a região.

Na área de estudo, o CSI ocorre na porção sudoeste da cidade de Riacho de Santana, e

é representado por rochas charnockíticas e tonalíticas que afloram na forma de grandes blocos

rolados (Foto 4.1), apresentam coloração variando de cinza claro a cinza rosado, com

granulometria média, constituído macroscopicamente por plagioclásio, quartzo e biotita. Uma

foliação incipiente é observada.

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42

Foto 4.3 – Rocha tonalítica do CSI

aflorando em um corte de estrada, na

forma de lajedo descontínuo,

bastante deformado, apresentando

dobras parasíticas. Ponto RS–07.

Coordenadas 0720563 / 8503085.

Foram observadas na área de trabalho duas fácies do CSI, sendo uma caracterizada por

uma leve foliação e disposta em blocos rolados (Foto 4.2) e a outra fácies migmatizada,

bastante deformada, com dobras parasíticas e dobras apertadas (Foto 4.3).

Foto 4.2 – Rocha tonalítica do CSI com uma foliação incipiente, aflorando em forma de blocos.

Ponto RS–107. Coordenadas 0720227 / 8498588.

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43

Fotomicrografia 4.1 – Aspecto geral da textura granoblástica. Rocha tonalítica do CSI. Amostra

RS–07. A – Sem analisador e B – Com analisador. Pl = plagioclásio; Qtz = quartzo e Bt = biotita.

Aumento de 200x.

As rochas do CSI apresentam predominantemente textura granoblástica e,

subordinadamente, lepidoblástica. São compostas essencialmente de plagioclásio, quartzo,

microclínio e biotita, tendo como minerais acessórios a titanita, apatita e minerais opacos.

Cristais de zircão ocorrem como mineral traço.

Os cristais de plagioclásio ocupam cerca de 35% do volume total da rocha, com teor

de anortita em torno de 36%, caracterizando-os como andesina (método Michel Levi, Kerr

1969). Os tamanhos variam entre 0,02 mm a 0,3mm, de formato subidioblástico. Apresentam

geminação segundo a lei albita e nos cristais isentos de geminação ocorre extinção ondulante

(Fotomicrografia 4.1). Alguns cristais apresentam-se com geminação encurvada, bastante

fraturados, mostrando-se saussuritizados e sericitizados, além de ocorrer inclusões de titanita

e zircão.

O quartzo ocupa 30% do volume total da rocha. Ocorre como cristais xenoblásticos,

com dimensão variando de 0,04mm a 0,07mm, com contato serrilhado entre si e curvo com os

cristais de plagioclásio e biotita.

O microclínio ocupa cerca de 20% do volume total da rocha. Os cristais apresentam-se

subdioblásticos, com tamanhos entre 0,02mm a 0,08mm. Seus contatos são retos e curvos

entre si e com os cristais de plagioclásio e quartzo.

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A biotita ocupa cerca de 10% do volume total da rocha, apresentando cristais com

tamanhos variando de 0,02 a 0,05mm, mostrando formato subdioblástico. Os contatos são

retos e curvos entre os cristais de plagioclásio, titanita e quartzo. Ocorre raramente em suas

bordas e em seus planos de clivagem o processo de cloritização.

A titanita ocupa cerca de 3% do volume total da rocha. Os cristais apresentam-se

subidioblásticos, com dimensões em torno de 0,02mm. Os cristais estão inclusos nos

plagioclásios e sendo formadas pela alteração dos minerais opacos.

Os minerais opacos ocupam cerca de 1% do volume total, de forma xenoblástica, com

bordas oxidadas, tendo contato curvo com os cristais de plagioclásio, titanita e biotita.

A apatita ocupa cerca de 1% do volume total da rocha. Ocorre como cristais

subdioblásticos, tamanho de aproximadamente 0,03mm. Estão localizados intersticiais aos

cristais de plagioclásio mostrando assim contato reto e curvo.

O zircão ocorre como mineral traço, aspecto subidioblástico, com faces às vezes

arredondada, incluso nos cristais de plagioclásio.

4.1.2 Greenstone Belt de Riacho de Santana

O Greenstone Belt de Riacho de Santana (GBRS) é caracterizado como um sequência

vulcanossedimentar de idade arqueana (Silveira & Garrido 2000). Localiza-se na porção

central do Cráton do São Francisco (CSF), a sudoeste do Estado da Bahia (Figura 4.2 A). Seu

arranjo litoestratigráfico é representado por três unidades geológicas (Silveira & Garrido

2000) denominadas de Inferior, Intermediária e Superior. A figura 4.2B mostra o

posicionamento do GBRS em relação às litologias do Bloco Guanambi-Correntina. No

Capítulo V as unidades litoestratigráficas que compõem o GBRS serão descritas com mais

detalhe.

A

B

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45

4.1.3 Rochas Graníticas/Sieníticas Paleoproterozóicas

As rochas graníticas da área de estudo estão representadas pelo Batólito de Urandi-

Guanambi (Figura 4.2B). São corpos de grandes dimensões circulares, localizados na porção

extremo sudoeste da cidade de Riacho de Santana. Em geral, expressam-se por terrenos

elevados e relevo intensamente acidentado. O Batólito Urandi-Guanambi compreende álcali-

feldspato sienitos e sienitos/granitos.

4.1.3.1 Álcali- feldspato sienitos

Os corpos de álcali-feldspato sienitos estão localizados na porção sul da cidade de

Riacho de Santana e na borda leste do sienito/granito Cara Suja e em contato com as

sequências litoestratigráficas do GBRS (Figura 4.2B).

Segundo Silveira & Garrido (2000) são corpos isotrópicos, de tonalidade cinza-

amorronzado a castanho, de granulação grossa, com aspectos porfirítico, pegmatoidal, com

pouca ou quase nenhuma matriz. Ocorre textura porfirítica, com cristais euédricos de

feldspato potássico medindo em média aproximadamente três centímetros, imersos em uma

matriz constituída por feldspatos, anfibólios, quartzo e magnetita.

4.1.3.2 Sienitos/Granitos

Os sienitos/granitos são corpos intrusivos, expostos na área de pesquisa em forma de

blocos rolados e lajedos. Correspondem a litologias com tonalidades variando de cinza a cinza

rosado, isotrópicos, levemente orientados, com granulação média a grossa e porfirítica.

Segundo Silveira e Garrido (2000), observa-se textura inequigranular, hipidiomórfica

e constituída por feldspatos, quartzo, plagioclásio, hornblenda, titanita, biotita, apatita e como

mineral traço, o zircão. Os cristais que constituem a matriz possuem tamanhos em torno de

0,2 a 0,4mm, contendo feldspatos, anfibólios, biotita, e pirita disseminada.

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Figura 4.2 - Esboço geológico do Cráton

do São Francisco (CSF). (A) Mapa

geológico simplificado mostrando às

principais litologias do CSF e a localização

dos greenstone belts (adaptado de Barbosa

& Sabaté 2002). (B) Mapa geológico

regional do GBRS (Modificado e adaptado

de Cunha & Fróes 1994; Bastos Leal et al.

2003).

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4.3 Supergrupo Espinhaço

O Supergrupo Espinhaço é constituído por litologias metassedimentares

predominantemente detríticas e meta-vulcânicas ácidas a intermediárias de idade

Mesoproterozóica (1,7 Ga, método U-Pb, Rb-Sr e Pb-Pb; Cordani et al.1992).

O Supergrupo Espinhaço é dividido em Região Setentrional e Chapada Diamantina. A

divisão do Supergrupo Espinhaço (Grupo Santo Onofre), na região Setentrional, proposto por

Barbosa & Dominguez (1996), corresponde a dois grupos: Borda Leste e Serra Geral. O

Supergrupo Espinhaço na Região da Chapada Diamantina divide-se em Grupos Paraguaçu e

Chapada Diamantina. Na área de pesquisa ocorre apenas o Grupo Serra Geral.

4.2.1 Grupo Serra Geral

As unidades desse grupo localizam-se na porção extremo leste-nordeste da região de

estudo (Figura 4.2B). São constituídos por quartzitos de origem fluvial e eólica. Segundo

Barbosa & Dominguez (1996), existe limite basal bastante expressivo entre o Grupo Serra

Geral e o Grupo Borda Leste.

4.4 Supergrupo São Francisco

Na região de Riacho de Santana, o Supergrupo São Francisco é representado pelo

Grupo Bambuí (Figura 4.2B). São rochas carbonáticas e argilosas compostas por

paraconglomerados de matriz esverdeada e associação de sedimentos sílico-argilosos com

níveis de para-conglomerado (tilito), sendo este restrito à base do Grupo Bambuí, constituindo

a expressão de uma glaciação de escala continental no Neoproterozóico (Mascarenhas & Silva

1994).

4.5 Coberturas Sedimentares Tércio-Quaternárias

Esta unidade se estende por toda a área de estudo (Figura 4.2 B). Segundo Silveira &

Garrido (2000), as coberturas detríticas compreendem extensos depósitos terrígenos

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representados por sedimentos argilo-arenosos, argilo-siltosos e areno-argilosos,

inconsolidados, com tonalidades variando de creme a vermelho, com uma superfície de

erosão extensiva que evidencia a exposição de espessos elúvios.

Ocorrem na base dessas camadas terrígenas um nível laterítico ferruginoso,

concrecionário, pisolítico, litificado, de espessura variando em torno de seis metros. Os

aluviões e colúvios correspondem a sedimentos inconsolidados, constituídos por sedimentos

silte-arenosos e areno-argilosos, portando horizonte de cascalho que são depositados ao longo

dos riachos da região.

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Capítulo V

Neste capítulo serão abordados os aspectos geológicos dos tipos litológicos das

Unidades Inferior, Intermediária e Superior do GBRS.

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50

5. O Greenstone Belt Riacho de Santana (GBRS)

5.1 Aspectos Geológicos Locais

O Greenstone Belt de Riacho de Santana (GBRS) é caracterizado com um típico

greenstone belt de idade arqueana (Silveira & Garrido 2000). Estende-se ao longo de uma

faixa norte-sul, descontínua, com aproximadamente 84 km de comprimento e largura média

de 12 km, delineado entre o Batólito de Urandi-Guanambi, sienitos e rochas granítica-

gnaíssica-migmatíticas arqueanas do Complexo Santa Isabel pertencentes ao embasamento do

Bloco Guanambi-Correntina.

Segundo Silveira & Garrido (2000), o GBRS apresenta um arranjo litoestratigráfico

representado por três unidades geológicas principais, a Unidade Inferior, a Unidade

Intermediária e a Unidade Superior. As rochas que constituem as três unidades

litoestratigráficas estão expostas em pequenas janelas isoladas em diversas partes da área de

estudo, representadas em cortes de estrada, blocos rolados e lajedos que surgem entre as

coberturas detríticas, restringindo dessa forma a exposição dos afloramentos. As principais

áreas de exposição do GBRS localizam-se a norte e a noroeste da cidade de Riacho de

Santana, e a oeste do povoado de Silvestre (Figura 5.1).

As litologias que compõem o GBRS foram depositadas em um microcontinente

afetado posteriormente pelo ciclo Transamazônico, estruturando-as em deformações

progressivas, e reequilibrando-as na fácies xisto verde, gradando para a fácies anfibolito,

próximo do embasamento.

Datação radiométrica, pelo método Sm-Nd (rocha total) realizado nas rochas meta-

vulcânicas máficas da Unidade Inferior do GBRS apontam idade de 3.201 ± 102 Ma para a

cristalização dessas rochas (Bastos Leal et al., em preparação). Valores de ƐNd(t) variam entre

+2,3 e +3,7 sugerindo, a priori, que processo de contaminação crustal foi importante na

formação dessas rochas (Bastos Leal et al., em preparação).

A seguir serão descritas as litologias que compõem as Unidades Inferior, Intermediária

e Superior do GBRS.

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Figura 5.1 – Mapa geológico local simplificado do Greenstone Belt de Riacho de Santana, Bahia,

Brasil (Modificado de Silveira & Garrido 2000).

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Foto 5.1 – Rocha

ultramáfica da Unidade

Inferior do GBRS, no Morro

do Canela. Ponto RS-117.

Coordenadas 0708159 /

8550194.

5.1.1 Unidade Inferior

A Unidade Inferior do GBRS está localizada predominantemente na porção norte da

cidade de Riacho de Santana e menos expressiva, na sua porção noroeste (Figura 5.1).

Compreende rochas ultramáficas e komatiíticas com finas intercalações de meta-basaltos e

meta-gabros, associados a xistos aluminosos, rochas calcissilicáticas, formações ferríferas

bandadas, quartzitos, meta-cherts e meta-carbonatos.

5.1.1.1 Rochas Ultramáficas e Komatiíticas

As rochas ultramáficas ocorrem na porção norte da cidade Riacho de Santana e no

Morro do Canela, próximo ao povoado de Silvestre. São meta-komatiítos, meta-peridotitos e

meta-piroxenitos, aflorando na forma de grandes blocos rolados (Foto 5.1). São rochas

homogêneas, predominando tonalidades em tons de verde escuro a verde acinzentado,

granulação variando entre fina a média, intensamente deformadas e bastante alteradas (Foto

5.2). Ocorrem associadas a essas rochas, finas intercalações de meta-basaltos e meta-gabros.

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Foto 5.2 – Rocha ultramáfica da Unidade Inferior do GBRS, em corte de estrada.

Ponto RS-100. Coordenadas 0734297 / 8483658.

5.1.1.2 Meta-basaltos e Meta-gabros

Os meta-basaltos e meta-gabros ocorrem na parte noroeste da cidade de Riacho de

Santana, de forma menos expressiva do que aquelas da inferior, com finas intercalações nas

rochas ultramáficas. Afloram na forma de blocos rolados e em cortes de estrada nas encostas

(Foto 5.3). São rochas de coloração verde a verde azuladas, de granulometria fina a média

apresentando mais raramente granulometria grossa. A associação mineralógica é constituída

por plagioclásio, hornblenda, quartzo, epídoto, actinolita e minerais opacos. Apresentam uma

foliação incipiente e veios finos preenchidos por quartzo.

Neste domínio, os meta-basaltos encontram-se associados aos xistos, rochas

calcissilicáticas e formações ferríferas bandadas.

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Foto 5.3 – Aspecto geral do meta-

basalto da Unidade Inferior do

GBRS. Ponto RS-102. Coordenadas

0730515 / 8487966.

5.1.1.3 Quartzitos e Meta-cherts

Os quartzitos e meta-cherts ocorrem na porção noroeste da cidade de Riacho de

Santana, em forma de blocos rolados (Foto 5.4). São rochas de coloração cinza claro a

azulado, predominando a cor cinza esverdeado, tendo alterações pontuais de minerais

ferruginosos, de granulação fina, homogêneo, maciço, compostos essencialmente de cristais

de quartzo, tremolita, clorita, magnetita e com disseminação de sulfetos finos, principalmente

pirita. Nos tipos posicionados na porção sudeste da sequência greenstone é comum o

aparecimento de granada, cordierita e sillimanita.

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Foto 5.4 – Aspecto geral do meta-chert da Unidade Inferior do GBRS, na

forma de bloco rolado. Ponto RS-103. Coordenadas 0720964/ 8496864.

5.1.1.4 Xistos

Os xistos aluminosos apresentam coloração variando de verde escuro a azulado, com

granulação fina a média, e dobrados. Observa-se nessas rochas a existência de descontínuas

venulações de quartzo boudinados. São rochas homogêneas e ocorrem intercaladas com as

rochas calcissilicáticas e básicas dispostas de forma estreita nos afloramentos.

5.1.1.5 Rochas Calcissilicáticas e Meta-carbonatos

As rochas calcissilicáticas e os meta-carbonatos ocorrem na forma de pequenos corpos

de coloração cinza esbranquiçada, com aspecto maciço. São rochas que têm em sua

composição quartzo, plagioclásio, diopsídio e calcita.

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5.1.2 Unidade Intermediária

As rochas dessa unidade ocorrem na porção central da área de trabalho, e em relação à

cidade de Riacho de Santana, estão localizadas na porção noroeste e, de forma menos

expressiva, á norte (Figura 5.1). São constituídas por rochas meta-vulcânicas máficas (meta-

basaltos e meta-gabros), xistos aluminosos, meta-cherts, grafita-xisto e grafititos.

5.1.2.1 Rochas Meta-Vulcânicas Máficas

As rochas meta-vulcânicas máficas estão dispostas na parte noroeste da cidade de

Riacho de Santana e ocorrem de forma expressiva em relação aquelas rochas meta-vulcânicas

máficas da Unidade Inferior (Figura 5.1). Ocorrem na forma de blocos rolados próximos a

estrada que liga Riacho de Santana a Bom Jesus da Lapa. São homogêneas, predominando a

tonalidade verde escura a verde acinzentada, com granulação fina a média, constituídas por

cristais de plagioclásio, quartzo, actinolita, titanita e apatita. Na maioria dos afloramentos as

rochas encontram-se altamente cisalhadas, orientadas, foliadas, com venulações descontínuas

preenchidas por plagioclásios e veios de quartzo de aproximadamente 4cm de espessura

(Fotos 5.5 e 5.6).

A caracterização petrográfica, o quimismo mineral e o comportamento geoquímico

dos elementos maiores, traços e terras raras das rochas meta-vulcânicas máficas dessa unidade

litoestratigráfica serão mostrados com mais detalhe nos Capítulos VI e VII.

5.1.2.2 Xistos aluminosos

Os xistos aluminosos mostram escassa exposição. Apresentam granulometria fina,

predominando a cor cinza azulada, com feição típica de meta-tufos. São rochas que têm em

sua constituição minerais como quartzo, biotita, andaluzita, granada, clorita, opacos e

turmalina.

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Foto 5.5 – Aspecto geral da rocha meta-vulcânica máfica da Unidade

Intermediária do GBRS, destacando as venulações preenchidas por

plagioclásio. Ponto RS–02. Coordenadas 0711158 / 8502660.

Foto 5.6 – Meta-vulcânica máfica da Unidade Intermediária do GBRS

com veios de quartzo boudinados e mostrando foliação incipiente.

Ponto RS–01. Coordenadas 0711633 / 8503112.

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5.1.2.3 Meta-cherts

Os meta-cherts ocorrem na área de estudo de forma pouco expressiva. Apresentam

granulometria fina, de tonalidade oscilando de cinza escuro a claro, anisotrópico, foliados e

cisalhados. São constituídos essencialmente por cristais de quartzo, possuindo minerais

opacos, grafita e magnetita como minerais traços.

5.1.2.4 Grafita xistos e Grafititos

As rochas do tipo grafita xistos e grafititos são muito raras na área, ocorrendo em

localidades distintas na região de estudo. Ocorrem com granulometria fina, foliadas,

crenuladas e intercaladas com xistos aluminosos e meta-cherts. Observa-se a ocorrência de

cristais de andaluzita de hábito prismático e acicular, não orientados. As rochas são

constituídas por cristais de andaluzita, grafita e minerais opacos.

5.1.3 Unidade Superior

Esta unidade está localizada na porção noroeste da cidade de Riacho de Santana,

ocorrendo em faixas descontínuas, e sustenta os morros e serras isoladas no meio das

coberturas detríticas. É constituída por uma sequência de quartzitos, meta-cherts, meta-

carbonatos, formações ferríferas bandadas (BIF’s), rochas meta-pelíticas, meta-basaltos e

meta-tufos.

5.1.3.1 Quartzitos e meta-cherts

As rochas quartzíticas e os meta-cherts ocorrem preferencialmente a noroeste da

cidade de Riacho de Santana, estando dispostas de forma geral desenvolvendo elevações

residuais. Os quartzitos possuem várias colorações, predominando as tonalidades cinza claro,

cinza escuro e cinza azulado. Apresentam-se orientados, cisalhados e com estrutura maciça.

São constituídas por quartzo, sericita, clorita, magnetita, hematita, minerais opacos e epídoto,

sendo observada a presença de sulfetos disseminados.

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Foto 5.7 – Aspecto geral dos quartzitos intercalados com meta-cherts, em corte de estrada

em direção a Bom Jesus da Lapa. Ponto RS – 03. Coordenadas 0711160 / 8502656.

Os meta-cherts apresentam granulometria fina, coloração esbranquiçada a cinza

escuro, maciços, geralmente mostram aspectos proeminentes de recristalização, adquirindo

assim uma feição semelhante à de um quartzito (Foto 5.7). São constituídos essencialmente de

quartzo, hematita e minerais originários de carbono amorfo.

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5.1.3.2 Meta-carbonatos

Os meta-carbonatos ocorrem preferencialmente a NNE da cidade de Riacho de

Santana, formando camadas estreitas intercaladas por clorita, sericita, meta-cherts, formações

ferríferas bandadas, meta-basaltos e meta-tufos.

Apresentam-se com coloração cinza claro a branco, granulação fina a média,

desenvolvendo uma leve foliação, bandados, mostrando intercalações com níveis

centimétricos de meta-cherts e de diopsídio, tendo bandas alternadas de magnetita e tremolita.

São granulares, hipidiomórficos, e constituídos essencialmente por calcita e,

subordinadamente, por diopsídio e hematita. Foram classificados como calcilutitos e

calcilutitos areno-margosos, dolomitizados, composto por junções de calcita e dolomita,

moscovita e clorita, quartzo e minerais opacos representados por grafita associados a sulfetos.

5.1.3.3 Formações Ferríferas Bandadas

As formações ferríferas bandadas (BIF’s) estão dispostas na porção NNE da área de

trabalho, e foram encontrados na forma de blocos rolados e gossans, bastante alterados. Esse

litotipo é pouco expressivo, e apresenta fácies do tipo óxido e com elevados teores

magnéticos.

São rochas de granulometria fina, de cor amarronzada a avermelhada, maciços,

isotrópicos, apresentando níveis de cherts de tonalidade cinza claro que se alternam com

outras litologias ricas em magnetita e hematita.

5.1.3.4 Rochas Meta-Pelíticas

São rochas de coloração variando de cinza até cinza azulada, apresentando cores

creme e violeta quando alterados, de granulação fina a média, aspecto xistoso e com estrutura

crenulada. Nas zonas de cisalhamento, este tipo litológico apresenta-se por vezes filitoso,

placóide e siltoso.

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São classificadas como sericita xistos, clorita xistos, filitos, meta-siltitos, intercalados

por meta-carbonatos e quartzitos. São constituídos essencialmente por sericita, clorita, cristais

de quartzo, grafita, sulfetos e raros cristais de granadas.

5.1.3.5 Meta-basaltos e Meta-tufos

Esse conjunto de rochas ocorre de maneira restrita na área de GBRS. Os meta-basaltos

apresentam-se com uma coloração entre verde claro a cinza esverdeado, de granulação

oscilando de fina a bastante fina, com aspectos deformacionais expressos pela foliação e

cisalhamento. A mineralogia essencial dessa rocha é composta por clorita, hornblenda,

tremolita, plagioclásio e epídoto.

Em relação aos meta-tufos apresentam coloração cinza esverdeada e quando alterados

aparentam uma tonalidade violeta, de granulometria fina a extremamente fina, orientada, com

aspecto xistoso, imerso em sua matriz fina constituída por cristais de óxido de ferro e

quartzo.

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Capítulo VI

Neste capítulo serão caracterizadas as rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade

Intermediária do GBRS, nos aspectos petrográficos e de química mineral.

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6. Petrografia e química mineral das rochas meta-vulcânicas máficas da

Unidade Intermediária do GBRS

Neste capítulo serão abordados o estudo petrográfico das rochas meta-vulcânicas

máficas da Unidade Intermediária do GBRS e o quimismo mineral das fases anfibólio e

plagioclásio dessas rochas, utilizando diagramas de nomenclatura (Leake 1978) e estimativas

de temperatura (Kudo & Weill 1970; Mathez 1973).

As rochas meta-vulcânicas máficas que ocorrem associadas a Unidade Inferior do

GBRS ocorrem de forma menos expressiva e intercaladas as rochas ultramáficas, dificultando

a sua amostragem. Desta forma, apenas serão abordados neste capítulo àquelas rochas meta-

vulcânicas máficas que se encontram associadas à Unidade Intermediária do GBRS (Figura

5.1).

6.1 Petrografia

Os litotipos meta-vulcânicos máficos são corpos que se apresentam sob a forma de

blocos arredondados a subarredondados, de granulação fina a média e coloração variando de

verde a verde azulado. São rochas isotrópicas, maciças, por vezes foliadas e, não raramente

mostram veios preenchidos por quartzo, epídoto e plagioclásio (Foto 6.1).

Foto 6.1 – Aspecto geral das rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade

Intermediária do GBRS. Ponto RS-104. Coordenadas: 0714307/8501714.

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A partir dos aspectos de campo (estruturas, intensidade de deformação), da associação

mineralógica e das texturas identificadas, as rochas meta-vulcânicas máficas em geral foram

classificadas como actinolita xisto e actinolita hornblenda xisto, esta última nomenclatura fez-

se em função do quimismo mineral da amostra RS-01, e as demais devido a abundância

desses minerais no volume total da rocha.

De forma geral, as rochas são anisotrópicas, predominando as texturas granoblásticas e

nematoblásticas, nas quais há um desenvolvimento da orientação dos cristais de hornblenda e

actinolita/tremolita. Possuem granulometria fina, com contatos em sua maioria curvos e retos.

São constituídas predominantemente por anfibólios (hornblenda, ferro-hornblenda (amostra

RS-01) e actinolita/tremolita) e plagioclásio (An 33–40%) e, em menores proporções,

ocorrem quartzo e titanita. Os cristais de zircão, minerais opacos e apatita ocorrem como

minerais acessórios. A mineralogia primária nestas rochas é raramente preservada. Entretanto,

as texturas ofítica e intergranular são comuns e facilmente reconhecidas.

A seguir são apresentadas as características principais dos minerais constituintes

dessas rochas:

Os anfibólios (53–80% modal) são representados por cristais de hornblenda e

actinolita/tremolita. Ocorrem em coloração verde claro, apresentando pleocroísmo moderado

oscilando de verde claro a verde escuro, formam grãos idioblásticos a xenoblásticos,

facetados, de tamanhos entre 0,03 a 0,22mm, hábito prismático e tabular. Possuem contatos

retos, lobulados e curvos entre si e com os cristais de plagioclásio, quartzo, minerais opacos e

titanita. Apresentam as texturas granoblástica e nematoblástica (Fotomicrografias 6.1 e 6.2).

Nas amostras RS-01 e RS-02 não apresentam orientação e os cristais de anfibólios

ocorrem ocupando os interstícios dos plagioclásios, lembrando resquícios das texturas ofítica

e intergranular, com cristais idiomórficos a subdiomórficos.

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Fotomicrografia 6.2 - Aspecto geral da textura e a disposição subdiomórfica dos cristais de

plagioclásio. Rocha meta-vulcânica máfica (hornblenda actinolita xisto) da Unidade Intermediária

do GBRS. Amostra RS–01. A – Sem analisador; B – Com analisador. Hbl = hornblenda; Act =

actinolita e Pl = plagioclásio. Aumento de 200x.

Os cristais de plagioclásio perfazem entre 23–32% da composição modal das rochas

analisadas, apresentam teores de anortita em torno de 33–38% (método Michel Levi, Kerr

1969) e com base na química mineral, os plagioclásios apresentam uma composição

andesítica com conteúdos de anortita entre 33,09–40,93%.

Fotomicrografia 6.1 - Aspecto geral das texturas granoblástica e nematoblástica. Rocha meta-

vulcânica máfica (actinolita xisto) da Unidade Intermediária do GBRS. Amostra RS–04. A – Sem

analisador; B – Com analisador. Hbl = hornblenda; Act = actinolita; Pl = plagioclásio e Op =

mineral opaco. Aumento de 200x.

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Fotomicrografia 6.3 - Aspecto geral do plagioclásio com geminação incompleta e extinção

ondulante com inclusões de titanita e actinolita. Rocha meta-vulcânica máfica da Unidade

Intermediária do GBRS. Amostra RS–04. A – Sem analisador; B – Com analisador. Act =

actinolita; Pl = plagioclásio; Tit = titanita; Op = mineral opaco. Aumento de 200x.

Fotomicrografia 6.4 – Aspecto geral dos contatos entre os cristais de plagioclásio, anfibólios e

quartzo. Rocha Meta-vulcânica máfica (actinolita xisto) da Unidade Intermediária do GBRS.

Amostra RS-05A. A – Sem analisador; B – Com analisador. Pl = plagioclásio; Hbl = hornblenda;

Act = actinolita, Tit = titanita, Qtz = quartzo, Op = mineral opaco. Aumento de 200x.

Os cristais apresentam-se subidioblásticos a xenoblásticos, com tamanhos variando de

0,02 a 0,12 mm. São geminados segundo a lei albita e, não raramente, as lamelas de

geminação encontram-se incompletas ou até mesmo ausentes, mostrando extinção ondulante

(Fotomicrografia 6.3). Na maioria das vezes, ocorrem equidimensionais com contatos retos a

lobulados com os minerais máficos (Fotomicrografia 6.4). Os cristais de plagioclásio

encontram-se bastante microfraturados e transformados pelos processos de sericitização e

saussuritização. Em algumas amostras (RS-01 e RS-02) preserva o hábito ripiforme.

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A B

Fotomicrografia 6.5 – Aspecto detalhado dos contatos entre os cristais de plagioclásio, actinolita e

minerais opacos. Rocha meta-vulcânica máfica (actinolita xisto) da Unidade Intermediária do

GBRS. Amostra RS-04. A – Sem analisador. B – Com analisador. Pl = plagioclásio; Act =

actinolita; Hbl = hornblenda; Tit = titanita; Op = mineral opaco. Aumento de 200x.

A titanita ocupa cerca de 3 a 10% da composição modal das rochas meta-vulcânicas

máficas da região estudada, e está presente com dimensões entre 0,01 a 0,04mm. Encontram-

se sob a forma de aglomerados granoblásticos e subidioblásticos dispostos de maneira

aleatória e associados aos plagioclásios e aos anfibólios com contatos curvos (Fotomicrografia

6.5).

Os cristais de quartzo (2-11% modal) mostram-se em grãos de bordas curvas e

serrilhadas e fraca extinção ondulante. Formam cristais xenoblásticos de dimensões variadas

podendo atingir até 0,3mm. São comuns os “intumescimentos” de quartzo nas bordas dos

grãos de plagioclásio e anfibólios, indicando condições de recristalização dinâmica por

processos de migração de borda dos grãos.

Os cristais de minerais opacos, apatita e zircão são acessórios nas lâminas. Os

minerais opacos ocorrem xenoblásticos, estando inclusos nos cristais de titanita e nos

plagioclásio. Podem ser identificados intersticiais aos cristais de anfibólios. Os minerais

opacos são provavelmente de composição titano-magnetita e/ou ilmenita.

Os cristais de zircão são bem formados, de tamanho entre 0,01 a 0,04mm, inclusos e

associados aos cristais de anfibólios. A apatita ocorre de forma acicular, subidioblástica e

apresenta contato reto e curvo com os cristais de anfibólios.

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Amostras Principais Minerais Minerais

Acessórios

Minerais de

Alteração Texturas

Litotipo

Coordenadas

(UTM) Referência do Ponto

RS – 01

Hornblenda (40%)

Plagioclásio (32%)

Actinolita/tremolita (13%)

Titanita (10%)

Quartzo (2%)

Minerais Opacos

(3%)

-

Blasto ofitica/

Subofitica

(reliquiares),

Granoblástica/

nematoblástica

Actinolita

Hornblenda

xisto

0711633/8503112 Bloco rolado próximo ao corte

da BR-430 em direção a Bom

Jesus da Lapa.

RS – 02

Actinolita/tremolita (63%)

Plagioclásio (30%)

Titanita (4%)

Quartzo (2%)

Epídoto (1%)

-

Blasto ofitica/

Subofitica

(reliquiares),

Granoblástica/

nematoblástica

Actinolita xisto

0711158/8502660

Entrada da Capoeira Domingo.

RS – 04

Actinolita(55%)

Plagioclásio (30%)

Quartzo (10%)

Minerais Opacos

(3%)

Titanita (2%)

-

Granoblástica/

nematoblástica

Quartzo

Actinolita xisto

0708493/8506598

Corte de estrada na BR-430 em

direção a Bom Jesus da Lapa.

RS – 05A

Actinolita/tremolita (64%)

Plagioclásio (23%)

Titanita (8%)

Quartzo (3%)

Minerais Opacos

(2%)

-

Granoblástica/

nematoblástica

Titanita

Actinolita xisto

0722641/8500966

Entrada do lado esquerdo do

Bar do Edvaldo.

RS – 05B

Actinolita/tremolita(69%)

Plagioclásio (24%)

Quartzo (4%)

Minerais Opacos

(2%)

Epídoto (1%) Granoblástica/

nematoblástica

Actinolita xisto

0722641/8500966

Entrada do lado esquerdo do

Bar do Edvaldo.

RS – 06

Actinolita/tremolita (60%)

Plagioclásio (25%)

Quartzo (6%)

Titanita (4%)

Minerais Opacos

(2%)

Carbonato (3%)

Granoblástica/

nematoblástica

Quartzo

Actinolita xisto

0721114/8503676

Bloco rolado na estrada do lado

esquerdo da BR 430 em direção

a Bom Jesus da Lapa.

RS – 104A

Actinolita/tremolita (50%)

Plagioclásio (36%)

Minerais Opacos (5%)

Quartzo (4%)

Epídoto (2%)

Carbonato (3%)

Granoblástica e

nematoblástica

Actinolita xisto

0714307/8501714

Bloco rolado próxima a estrada

em direção a Bom Jesus da

Lapa

Tabela 6.1 – Resumo das características mineralógicas e texturais de cada amostra das rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS.

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68

Amostras Principais Minerais

Minerais

Acessórios

Minerais de

Alteração Texturas

Litotipo

Coordenadas

(UTM) Referência do Ponto

RS – 104B

Actinolita/tremolita (55%)

Plagioclásio (26%)

Quartzo (7%)

Minerais Opacos (6%)

Titanita (3%)

Carbonato

(3%)

Granoblástica e

nematoblástica

Quartzo

Actinolita xisto

0714307/8501714

Bloco rolado próxima a

estrada em direção a Bom

Jesus da Lapa

RS – 105A

Actinolita/tremolita (52%)

Plagioclásio (21%)

Quartzo (10%)

Titanita (5%)

Hornblenda (5%)

Minerais Opacos

(4%)

Carbonato

(3%)

Granoblástica e

nematoblástica

Titanita

Hornblenda

Actinolita xisto

0710912/8504781

Corte de estrada que liga

Riacho de Santana a Bom

Jesus da Lapa

RS – 105B

Actinolita/tremolita (48%)

Plagioclásio (23%)

Hornblenda (10%)

Quartzo (8%)

Minerais Opacos (6%)

Titanita (3%)

Carbonato

(2%)

Granoblástica e

nematoblástica

Quartzo

Hornblenda

Actinolita xisto

0710912/8504781

Corte de estrada que liga

Riacho de Santana a Bom

Jesus da Lapa

RS – 109

Actinolita/tremolita (45%)

Plagioclásio (21%)

Ortoclásio (11%)

Hornblenda (9%)

Biotita (8%)

Minerais Opacos

(4%)

Apatita (2%)

- Granoblástica e

nematoblástica

Hornblenda

Actinolita xisto

0723769/8496114

Estrada saindo da BR-430 em

direção a Riacho de Santana

do lado direito, estrada não

pavimentada.

RS – 119

Actinolita/tremolita (68%)

Plagioclásio (23%)

Quartzo (5%)

Titanita (2%)

Minerais Opacos

(2%)

-

Granoblástica e

nematoblástica

Quartzo

Actinolita xisto

0710153/8504574

Estrada carroçável em direção

a Bom Jesus da Lapa.

RS – 121

Actinolita/tremolita (57%)

Plagioclásio (28%)

Quartzo (7%)

Minerais Opacos (6%)

Epídoto (2%)

-

Granoblástica e

nematoblástica

Quartzo

Actinolita xisto

0710051/8504396

Estrada carroçável paralela a

BR-430 em direção a Riacho

de Santana.

(Tabela 6.1 – Continuação)

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70

6.2 Química Mineral

Este item tem por objetivo, a partir do quimismo das principais fases minerais

(plagioclásio e anfibólio) das rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do

GBRS, determinar a variação química, em termos de seus membros finais, no início (núcleo

dos cristais) e no fim (bordas dos cristais) da cristalização/recristalização, determinando suas

respectivas variedades mineralógicas e estimar, dentro das limitações dos geotermômetros, a

temperatura de cristalização da fase mineral (plagioclásio).

Para isto, como foi descrito no item 3.4 da metodologia, foram escolhidas 3 amostras

dessas rochas (RS-01, RS-04 e RS-05B). No entanto, o Laboratório responsável pela

realização das análises, até o presente momento, nos encaminhou apenas a amostra RS-01, a

qual será tratada neste item.

Os pontos analisados, sempre que possível, foram localizados do núcleo (N) para a

periferia (B) do mesmo grão. Foram analisados mais de um grão de uma mesma fase mineral

numa mesma amostra. Aqueles pontos localizados no núcleo do grão foram denominados por

“N”, enquanto que aqueles pontos localizados na periferia, borda dos grãos, receberam a

denominação de “B”.

A fórmula estrutural dos minerais foi calculada com o auxílio do programa Amphcal

(Yavuz 1994), utilizando o método (Leake 1978) para o recálculo do anfibólio e do programa

Minpet 2.02, de Richard (1995) para os feldspatos, ambos adotam os critérios da IMA

(International Mineralogical Association). As fórmulas para os cálculos das temperaturas

obtidas são encontradas no trabalho de Kudo & Weill (1970) e Mathez (1973).

Anfibólios

Cristais de anfibólios foram reconhecidos em todas as amostras das rochas meta-

vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS. A tabela 6.2 mostra as composições

químicas dos anfibólios. A classificação utilizada para os anfibólios está de acordo com as

novas recomendações da IMA. As fórmulas estruturais foram calculadas para 23 átomos de

oxigênio.

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71

Para a nomenclatura dos anfibólios em diagramas classificatórios, seguiu-se os

critérios de Leake (1978) de acordo com os limites dos campos estabelecidos, sendo estes

fundamentados em alguns parâmetros propostos. Dessa forma utilizou-se o parâmetros CaB ≥

1,50; (Na + Ca)A < 0,50 para os anfibólios cálcicos.

Todos os anfibólios analisados possuem (Ca+Na)B > 1 e NaB < 0,5 e pertencem ao

grupo dos anfibólios cálcicos (Leake 1978). Estes anfibólios mostram razões Mg/( Mg + Fe+2

)

entre 0,39 e 0,41 (Tabela 6.2). Os cristais analisados não apresentam variações de composição

significativas do núcleo para a borda: SiO2 (42,93 a 47,70%), TiO2 (0,27 a 0,58%), Al2O3

(6,22 a 10,71%), FeO (19,85 a 22,34%), MgO (7,04 a 9,11%), CaO (11,73% a 12,24%), Na2O

(0,62 a 1,23%) e K2O (0,35 a 0,65%). Os anfibólios apresentam uma gradação composicional

à medida que aumenta o teor de silício (Si) refletindo em um suave aumento nos valores da

razão Mg/Mg+Fe+2

.

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72

Figura 6.1 – (A) Diagrama de classificação geral dos quatros principais grupos de anfibólios,

segundo Leake (1978) e (B) Aumento do campo para a visualização do comportamento entre

borda e núcleo dos cristais.

A

B

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Amostras

RS - 01

66N 66B 68N 68B 72N 72B 76N 76B 80N 80B 82N 82B 86N 87B 88N 88B 90N 90B

SiO2 43,70 44,80 45,22 45,74 43,95 45,77 45,28 45,60 45,89 47,12 47,02 47,70 44,64 44,89 43,96 42,93 44,04 45,05

TiO2 0,42 0,27 0,33 0,41 0,34 0,31 0,39 0,34 0,36 0,36 0,32 0,32 0,37 0,45 0,46 0,58 0,38 0,37

Al2O3 9,22 9,20 8,29 8.26 9,47 8,32 8,27 8,34 7,95 6,93 7,11 6,22 9,13 8,79 9,81 10,61 9,65 9,59

FeO 21,21 21,00 21,22 21,42 21,83 20,91 21,37 21,30 21,00 20,56 19,85 20,32 21,56 21,44 21,74 22,34 21,20 20,74

Fe2O3 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

MnO 0,37 0,37 0,30 0,28 0,38 0,32 0,36 0,34 0,37 0,34 0,34 0,39 0,27 0,30 0,33 0,37 0,27 0,26

MgO 7,27 7,89 7,97 8,19 736 8,17 8,37 8,10 8,08 8,93 8,98 9,11 7,60 7,89 7,34 7,04 7,31 7,66

CaO 12,03 12,12 12,15 12,12 11,94 12,17 11,92 11,73 11,77 12,08 12,24 12,08 12,01 11,80 11,88 12,00 11,98 12,19

Na2O 0,95 0,86 0,89 1,02 1,00 0,81 0,93 0,88 0,89 0,79 0,62 0,73 1,02 0,99 1,26 1,13 0,93 0,83

K2O 0,49 0,48 0,46 0,43 0,52 0,44 0,44 0,42 0,40 0,35 0,35 0,31 0,50 0,50 0,56 0,65 0,60 0,51

Cr2O3 0,14 0,03 0,05 0,03 0,01 0,05 0,03 0,04 0,06 0,00 0,02 0,05 0,11 0,08 0,10 0,23 0,17 0,13

Total 95,80 97,02 96,88 97,90 96,80 97,27 97,36 97,05 96,77 97,46 96,85 97,23 97,21 97,13 97,44 97,88 96,53 97,33

Si 6,77 6,82 6,71 6,94 6,75 6,95 6,88 6,94 7,02 7,12 7,12 7,22 6,82 6,85 6,72 6,54 6,77 6,84

Al IV 1,20 1,18 1,09 1,06 1,25 1,05 1,12 1,06 0,98 0,88 1,27 0,78 1,18 1,15 1,28 1,46 1,23 1,16

Soma T 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,39 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00

Al VI 0,46 0,47 0,40 0,41 0,46 0,44 0,36 0,44 0,45 0,35 0,39 0,33 0,46 0,44 0,49 0,45 0,52 0,56

Fe2+ 2,47 2,39 2,46 2,47 2,49 2,44 2,40 2,52 2,58 2,45 2,35 2,46 2,53 2,53 2,56 2,46 2,53 2,48

Fe3+ 0,28 0,29 0,25 0,24 0,31 0,22 0,32 0,19 0,10 0,15 0,16 0,11 0,23 0,21 0,22 0,39 0,20 0,16

Mg 1,68 1,79 1,81 1,85 1,68 1,85 1,89 1,84 1,84 2,01 2,03 2,05 1,73 1,80 1,67 1,60 1,67 1,73

Mn 0,05 0,05 0,04 0,04 0,05 0,04 0,04 0,04 0,05 0,04 0,04 0,05 0,04 0,04 0,04 0,05 0,04 0,03

Ti 0,05 0,03 0,04 0,01 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,05 0,05 0,07 0,04 0,04

Cr 0,02 0,00 0,01 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00 0,01 0,01 0,01 0,01 0,03 0,02 0,02

Li 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Soma C 5,01 5,02 5,01 5,02 5,03 5,04 5,05 5,07 5,07 5,04 5,01 5,05 5,04 5,08 5,04 5,05 5,02 5,02

Ca 2,00 1,98 1,99 1,97 1,96 1,98 1,94 1,92 1,93 1,95 1,99 1,96 1,97 1,93 1,95 1,96 1,97 1,98

Na 0,28 0,25 0,26 0,30 0,30 0,24 0,27 0,26 0,26 0,23 0,18 0,21 0,30 0,29 0,33 0,33 0,28 0,25

K 0,10 0,09 0,09 0,08 0,10 0,09 0,09 0,08 0,06 0,07 0,07 0,06 0,10 0,10 0,11 0,13 0,12 0,10

Soma B 2,38 2,32 2,34 2,35 2,36 2,31 2,30 2,26 2,25 2,25 2,24 2,23 2,37 2,32 2,39 2,42 2,37 2,33

Mg/(Mg+Fe2) 0,40 0,43 0,42 0,43 0,40 0,43 0,44 0,42 0,42 0,45 0,46 0,45 0,41 0,41 0,40 0,39 0,40 0,41

Nomenclatura

(L) Fe-hbl Fe-hbl Fe-hbl Fe-hbl Fe-hbl Fe-hbl Fe-hbl Fe-hbl Fe-hbl Fe-hbl Fe-hbl Fe-hbl Fe-hbl Fe-hbl Fe-hbl Fe-hbl Fe-hbl Fe-hbl

Tabela 6.2 - Composição química, em % de peso, dos anfibólios da rocha meta-vulcânica máfica da Unidade Intermediária do GBRS, correspondendo ao

núcleo (N) e borda (B) dos cristais. Fe-hbl - ferro-hornblenda; (L) – Classificação segundo Leake (1978). Fórmula estrutural calculada com base em 23

átomos de oxigênio.

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Plagioclásio

Os plagioclásios foram classificados no sistema ternário Albita (Ab), Anortita (An) e

Ortoclásio (Or), conforme as recomendações de Deer et al. (1992). Os resultados das

microanálises químicas dos plagioclásios correspondentes aos núcleos (N) e bordas (B) dos

cristais estão descritos na tabela 6.3.

A composição dos plagioclásios variam de An40,93Ab58,82Or0,73 a An33,09 Ab66,42 Or0,25,

com pouca variação entre os grãos estudados (Tabela 6.3), apresentando concentração de An

em média de 37,35%. Quando comparados núcleos e bordas dos grãos constata-se que o

conteúdo de anortita apresenta uma variação incipiente. Por exemplo, o cristal 64N e 64B,

apresenta teores de An do núcleo (37,91%) para borda (35,95%) com variação de 1,96% de

anortita, o cristal 70N (36,57%) e 70B (33,09%) com variação entre núcleo e borda de 3,48%

e assim por diante (Tabela 6.3).

Figura 6.2 – Diagrama de nomenclatura geral dos quatro principais grupos de anfibólios com

(CaB > 1,5; (Na + K)A > 0,5; Ti < 0,5 e AlC < Fe+3

), proposto por Leake (1978).

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Tabela 6.3 - Composição química, em % de peso, dos plagioclásios da rocha meta-vulcânica máfica da unidade Intermediária do GBRS. Fórmula

estrutural calculada com base em 32 átomos de oxigênio. N - núcleo. B – borda.

Amostras

RS - 01

64N 64B 70N 70B 74N 74B 78N 78B 84N 84B 94N 94B 96N 96B 98N 98N 100N 100B

SiO2 58,69 59,61 58,85 59,70 58,30 58,87 59,93 59,57 58,77 59,04 57,95 58,85 57,81 58,61 59,05 59,30 59,94 58,16

Al2O3 24,95 25,47 25,73 24,87 26,11 25,52 24,86 25,01 25,62 25,30 25,70 25,45 25,21 25,69 25,41 25,64 24,79 25,63

FeO 0,14 0,13 0,13 0,25 0,17 0,32 0,37 0,45 0,24 0,29 0,03 0,25 0,45 0,19 0,22 0,46 0,26 0,29

CaO 7,86 7,44 7,65 7,07 8,48 7,77 7,15 7,54 8,08 7,54 8,39 7,86 8,59 8,19 7,79 7,73 7,03 8,43

Na2O 7,05 7,27 7,26 7,88 6,98 7,19 7,39 7,35 7,04 7,30 6,74 7,04 6,81 7,94 7,20 7,24 7,49 6,74

K2O 0,07 0,07 0,12 0,10 0,05 0,05 0,11 0,10 0,07 0,11 0,06 0,06 0,05 0,06 0,07 0,07 0,11 0,04

Total 98,76 99,99 99,74 99,87 100,09 99,72 99,81 100,02 99,82 99,58 98,87 99,51 98,92 100,68 99,74 100,44 99,62 99,29

Si 10,61 10,63 10,54 10,67 10,43 10,55 10,71 10,64 10,53 10,59 10,48 10,56 10,48 10,46 10,58 10,56 10,73 10,49

Al 5,31 5,35 5,43 5,24 5,51 5,39 5,24 5,27 5,41 5,35 5,48 5,38 5,39 5,40 5,37 5,38 5,23 5,45

Fe 0,02 0,02 0,02 0,04 0,03 0,05 0,06 0,07 0,04 0,04 0,01 0,04 0,07 0,03 0,03 0,07 0,04 0,04

Ca 1,52 1,42 1,47 1,36 1,63 1,50 1,37 1,44 1,55 1,55 1,62 1,51 1,67 1,57 1,49 1,47 1,34 1,63

Na 2,47 2,51 2,52 2,73 2,43 2,50 2,56 2,55 2,44 2,53 2,36 2,45 2,40 2,75 2,50 2,50 2,60 2,35

K 0,02 0,02 0,03 0,02 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,03 0,01 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,02 0,01

Total 19,95 19,95 20,01 20,06 20,04 20,00 19,96 19,99 19,99 20,09 19,96 19,95 20,02 20,23 19,99 20,00 19,96 19,97

An 37,91 35,95 36,57 33,09 40,05 37,41 34,68 35,91 38,65 37,71 40,60 38,04 40,93 36,18 37,16 36,84 33,84 40,85

Ab 61,60 63,54 62,69 66,42 59,71 62,34 64,81 63,59 60,85 61,56 59,15 61,71 58,82 63,36 62,34 61,76 65,66 58,90

Or 0,50 0,51 0,75 0,49 0,25 0,25 0,51 0,50 0,50 0,73 0,25 0,25 0,25 0,46 0,50 0,50 0,51 0,25

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Nos diagramas da figura 6.3 observa-se que os grãos de plagioclásios referentes aos

núcleos e bordas predominam uma composição andesina apresentando conteúdos de anortita

correspondentes entre 40,93 – 33,09 %.

Figura 6.3 – Diagramas de variação composicional sendo (A) referente as bordas e (B) aos

núcleos dos plagioclásios, segundo os componentes moleculares albita (Ab), anortita (An) e

ortoclásio (Or) das rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS.

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Geotermometria

A partir dos dados de química mineral, foram realizados estudos de geotermometria da

fase plagioclásio. As fórmulas obtidas, bem como a determinação das temperaturas dos

estágios de cristalização dos plagioclásios, basearam-se nos geotermômetros de Kudo & Weill

(1970) (KW) e Mathez (1973) (M), assumindo condições anidras. Os valores das

temperaturas dos pontos analisados, em graus centígrados, estão apresentados na tabela 6.4.

O plagioclásio é um dos minerais mais comuns em rochas, e a divisão do sódio e do

cálcio entre o plagioclásio e o líquido coexistente tem sido extensivamente utilizado para

estudos geotermométricos. As estimativas de temperatura nesta fase mineral variaram no

núcleo de 1196,3ºC a 1179,6ºC (KW) e 1121,7ºC a 1136,4ºC (M) enquanto que para as

bordas foram encontradas temperaturas de 1188,6ºC a 1165,4ºC (KW) e 1109,3ºC a 1129,6ºC

(M). As temperaturas médias obtidas apresentaram valores em torno de 1187,4 ºC (núcleo) e

1181,2ºC (borda) pelo método Kudo & Weill (1970) e de 1128,6ºC (núcleo) e 1123,2 ºC

(borda) pelo método Mathez (1973) (Tabela 6.4).

Estes dados são interpretados como temperatura de cristalização dos plagioclásios e

nos leva a admitir que o magma atingiu, no mínino, temperaturas da ordem de 1128 ºC a

1187ºC.

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Pontos

nº Fases

Geotermômetros ºC

KW (1970) M (1973)

64 N 1190.4 1131.3

B 1182.6 1124.4

70 N 1181.6 1123.5

B 1175.1 1117.8

74 N 1188.9 1130.0

B 1184.8 1126.3

78 N 1182.2 1124.0

B 1184.7 1126.2

84 N 1189.1 1130.1

B 1188.6 1129.6

94 N 1192.8 1133.4

B 1187.7 1128.8

Rs-96 N 1196.3 1136.4

B 1178.4 1120.7

98 N 1185.5 1126.9

B 1183.8 1125.5

100 N 1179.6 1121.7

B 1165.4 1109.3

Média N (n = 9) 1187.4 1128.6

B (n = 9) 1181.2 1123.2

Tabela 6.4 - Temperatura dos plagioclásios e o seu valor médio para a rocha meta-vulcânica

máfica da Unidade Intermediária do GBRS, representada pela amostra RS–01. N - núcleo. B

- borda. n - número de amostras. KW (1970) – Temperatura Kudo & Weill (1970). M (1973)

- Temperatura Mathez (1973).

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Capítulo VII

Neste capítulo serão caracterizadas as rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade

Intermediária do GBRS, no aspecto referente a geoquímica.

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7. Geoquímica das Rochas Meta-vulcânicas Máficas da Unidade

Intermediária do GBRS

Neste capítulo será avaliada a geoquímica das rochas meta-vulcânicas máficas

(actinolita xisto ou hornblenda actinolita xisto) da Unidade Intermediária do GBRS. Através

do estudo petrográfico sistemático foram selecionadas nove (09) amostras consideradas

menos alteradas do processo metamórfico (RS-01, RS-02, RS-04, RS-05A, RS-05B, RS-06,

RS-105B, RS-119 e RS-121). No entanto, a presença de plagioclásio

sericitizado/saussuritizado, de carbonato e de fraturas e vênulas preenchidas por epídoto nas

amostras estudadas, sugere que estas rochas sofreram alteração química durante o

metamorfismo de baixo a médio grau. Como será mostrado, foi observada a dispersão de

alguns elementos, principalmente nos diagramas entre elementos maiores e elementos LIL

(Large Ion Lithophite) como K, Rb, Ba e Th das rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade

Intermediária do GBRS. Foram utilizados ainda dados de elementos maiores e traços de seis

(06) análises de Silveira & Garrido (2000) representados pelas siglas WP-R. Três (03)

amostras do embasamento gnáissico-migmatítico (RS-07, RS-124A e RS-124B) também

foram dosadas.

As composições dos elementos maiores, traços e terras raras estão apresentadas na

tabela 7.1.

7.1 Classificação e nomenclatura

No presente estudo, fez-se uso da classificação de rochas vulcânicas baseado no

conteúdo de álcalis total versus sílica (Na2O + K2O vs SiO2), proposto por Cox et al. (1979).

Este diagrama é recomendado pela Subcomissão de Sistemática de Rochas Ígneas como um

esquema classificatório internacionalmente aceito para todas as rochas vulcânicas. Vale

acrescentar que todos os óxidos de elementos maiores foram normalizados para 100%, em

base anidra, seguindo as recomendações do uso do diagrama (Cox et al. 1979; Le Bas et al.

1986).

Na figura 7.1 foi observado que todas as amostras plotaram no campo do basalto,

abaixo da linha divisória de Zanettin (1984), representados por basaltos subalcalinos. De uma

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forma geral, as razões álcalis/sílica apresentam-se baixas, mostrando claramente o caráter

toleítico de todas as amostras da área, que será confirmado pelo diagrama AFM e pelo

diagrama Catiônico de Jensen.

No diagrama A (Na2O + K2O), F (FeOt), M (MgO) (Figura 7.2) todas as amostras

seguem o trend da suíte toleítica do Hawai (MacDonald & Katsura 1964; Irvine & Baragar

1971), destacando um enriquecimento em FeOt em relação ao MgO, típica de suítes evoluídas

a baixo ƒO2.

No diagrama catiônico de Jensen (1976) (Figura 7.3) todas as amostras plotaram no

campo dos toleítos ricos em ferro (HFT), confirmando o caráter toleítico das amostras

estudadas.

Figura 7.1 – Diagrama de classificação de rochas vulcânicas, segundo Cox et al. (1979), para as rochas

meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS. Os círculos fechados representam as

amostras meta-vulcânicas máficas do GBRS e os triângulos fechados as amostras WP-R de Silveira &

Garrido (2000). Esta mesma simbologia é mantida para as figuras subsequentes. A linha divisória no

diagrama é de Zanettin (1984) e separa os campos alcalinos dos subalcalinos.

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Figura 7.3 – Diagrama catiônico de Jensen (1976). HFT – Toleítos ricos em ferro e HMT – Toleítos

ricos em MgO.

Figura 7.2 – Diagrama A (Na2O + K2O), F (FeOt), M (MgO), segundo Irvine & Baragar (1971) para

as rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS. A linha cheia representa a

suíte toleítica do Hawaí, segundo MacDonald & Katsura (1964).

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Nota: A precisão de 1σ é computada para 20 análises repetidas para o padrão SO-18.

Amostra SiO2 TiO2 Al2O3 Fe2O3 MnO MgO CaO Na2O K2O P2O5 CO2 LOI Total

Elementos Maiores

RS-01 51,37 1,07 14,49 13,21 0,19 4,52 10,98 3,34 0,23 0,12 0,01 0,50 100,03

RS-02 48,11 1,04 13,38 15,59 0,22 6,56 12,32 1,76 0,31 0,10 0,02 0,60 100,01

RS-04 47,59 2,32 12,26 18,51 0,30 5,08 7,97 2,02 0,18 0,15 0,58 2,80 99,76

RS-05A 49,77 0,96 14,55 13,78 0,18 7,01 10,99 1,82 0,18 0,09 0,05 0,60 99,98

RS-05B 48,05 1,07 14,78 14,73 0,19 7,03 10,51 2,60 0,16 0,10 0,05 0,70 99,97

RS-06 46,54 2,38 14,44 12,72 0,52 7,53 6,42 2,43 0,40 0,41 0,63 6,10 100,52

RS-07 74,09 0,08 13,90 1,64 0,02 0,21 1,03 3,89 4,61 0,04 0,06 0,40 100,05

RS - 105B 55,60 1,11 12,30 19,90 0,33 4,90 6,69 1,00 0,14 0,24 0,23 0,16 98,19

RS-119 50,60 1,09 14,35 12,93 0,21 7,45 9,85 2,50 0,21 0,10 - 0,40 99,69

RS-121 48,57 0,64 14,48 11,43 0,19 9,40 12,71 1,12 0,24 0,04 - 0,80 99,62

RS-124A 58,37 0,41 18,88 10,43 0,13 3,65 1,13 2,02 2,90 0,08 - 1,30 99,67

RS-124B 69,29 0,37 14,31 3,51 0,06 0,62 1,67 2,86 5,50 0,18 - 0,90 99,59

WP-R-537B 52,20 0,64 13,40 12,65 0,23 7,30 10,50 2,20 0,27 0,07 0,32 0,84 100,62

WP-R-116 51,20 1,00 14,10 14,12 0,24 7,00 10,90 1,90 0,21 0,09 0,15 0,70 101,61

WP-R-207 51,60 0,87 14,90 13,75 0,35 8,00 9,60 0,98 0,06 0,09 0,29 0,58 101,07

WP-R-224 50,00 1,00 14,50 14,00 0,21 7,20 11,70 1,30 0,16 0,09 0,11 0,51 100,78

WP-R-320 50,60 1,30 14,90 13,98 0,22 6,00 10,00 2,70 0,27 0,11 0,14 0,49 100,71

WP-R-1173 54,30 0,98 13,70 11,09 0,19 6,30 8,20 4,10 0,08 0,08 0,13 0,77 99,92

Precisão 1σ (%) 0,30 0,01 0,16 0,08 0,01 0,03 0,05 0,06 0,50 0,02 - - -

Tabela 7.1 - Análises químicas de elementos maiores (% em peso), traços (em ppm) e terras raras (em ppm) das rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade

Intermediária do GBRS. As amostras RS-07, RS-124A e RS-124B representam amostras do embasamento granítico-gnáissico do BGC. WP-R amostras

coletadas por Walter Peixoto, RS amostras coletadas por Joilma Prazeres e Angela Leal.

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(Tabela 7.1 – Continuação)

Amostra Cr Ni Co Cu V Sc Cs Ba Rb Sr Nb Hf Zr Y U Th Ta Zn Rb/Cs Zr/Y Nb/Y Zr/Nb Nb/Th

Elementos Traços

RS-01 37,00 22,80 61,20 103,00 277,00 37,00 0,10 45,20 2,00 138,00 3,30 2,30 74,20 25,10 0,40 1,80 0,20 19,00 20,00 2,96 0,13 22,50 1,83

RS-02 20,00 15,80 56,20 14,10 295,00 38,00 0,90 53,60 9,70 123,00 3,00 1,90 70,60 27,60 0,40 0,90 0,20 14,00 10,80 2,56 0,11 23,50 3,33

RS-04 10,00 1,40 60,10 35,80 53,00 52,00 0,40 41,30 6,80 117,00 4,00 2,40 85,50 34,40 0,20 1,20 0,20 36,00 17,00 2,49 0,12 21,40 3,33

RS-05A 31,00 42,40 51,80 120,00 301,00 35,00 0,40 40,50 5,70 105,00 2,30 2,10 59,00 24,60 0,20 1,20 0,10 12,00 14,25 2,40 0,09 25,70 1,92

RS-05B 33,00 73,30 59,60 166,00 329,00 39,00 0,10 67,20 4,00 80,90 2,50 1,80 65,00 27,20 0,20 0,60 0,10 15,00 40,00 2,39 0,09 26,00 4,17

RS-06 12,00 59,10 51,70 43,30 225,00 31,00 0,30 208,00 8,30 152,00 15,40 4,90 177,00 34,70 0,40 1,30 0,90 279,00 2,18 5,10 0,03 11,50 11,80

RS-07 10,00 1,40 2,10 1,00 6,00 2,00 5,80 969,00 169,00 180,00 6,10 3,30 177,00 34,70 0,40 1,30 0,40 21,00 29,00 5,10 0,18 29,00 4,69

RS - 105B - - - - 10,00 40,00 0,50 27,00 5,00 117,00 24,00 5,00 128,00 64,00 10,00 5,00 10,00 0,00 0,10 2,00 0,38 5,33 4,80

RS-119 - 35,10 56,70 34,70 306,00 39,00 0,40 45,00 8,60 228,20 2,30 2,40 73,80 22,00 0,50 1,60 0,30 14,00 21,50 3,35 0,10 32,10 1,44

RS-121 - 26,90 53,30 7,00 225,00 38,00 0,30 66,00 9,50 107,70 7,40 1,20 42,10 16,50 0,20 0,90 0,10 7,00 31,70 2,55 0,45 5,69 8,22

RS-124A - 121,10 30,30 3,70 146,00 27,00 10,10 513,00 145,20 150,50 13,50 3,60 130,10 25,70 3,30 11,10 0,70 61,00 14,40 5,06 0,53 9,64 1,22

RS-124B - 2,70 4,60 43,30 31,00 3,00 5,40 1563,00 208,80 539,80 8,00 10,90 430,30 23,00 2,60 35,40 1,20 37,00 38,70 18,70 0,35 53,80 0,23

WP-R-537B 170,00 91,00 - - - - - 14,00 14,00 104,00 8,00 8,00 61,00 12,00 - 5,00 - - - - - - -

WP-R-116 265,00 87,00 - - - - - 48,00 11,00 87,00 5,00 8,00 81,00 16,00 - 5,00 - - - - - - -

WP-R-207 198,00 86,00 - - - - - 10,00 10,00 90,00 5,00 8,00 75,00 15,00 - 5,00 - - - - - - -

WP-R-224 141,00 108,00 - - - - - 10,00 9,00 111,00 5,00 8,00 77,00 20,00 - 5,00 - - - - - -

WP-R-320 245,00 70,00 - - - - - 48,00 10,00 124,00 5,00 8,00 102,00 21,00 - 5,00 - - - - - - -

WP-R-1173 92,00 48,00 - - - - - 16,00 8,00 91,00 9,00 8,00 78,00 15,00 - 5,00 - - - - - - -

Precisão 1σ (%) 0,01 6,80 - - - - - 4,60 1,00 4,20 0,60 0,40 3,90 0,80 0,40 0,70 0,20 7,80 - - - - -

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(Tabela 7.1 – Continuação)

Amostra La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu

Elementos Terras Raras

RS-01 7,30 15,30 2,34 12,90 2,60 1,09 3,96 0,67 4,35 0,96 2,84 0,38 2,15 0,41

RS-02 7,50 15,20 2,29 9,90 2,40 1,03 3,94 0,63 4,15 1,01 2,45 0,36 2,52 0,45

RS-04 3,00 7,80 1,49 8,50 3,00 1,40 5,24 0,91 5,65 1,30 3,80 0,54 3,16 0,58

RS-05A 4,30 10,10 1,58 7,80 2,80 0,96 3,43 0,66 4,56 0,90 2,65 0,34 2,73 0,41

RS-05B 4,30 10,70 1,54 10,20 2,50 0,94 3,88 0,65 4,30 1,00 2,79 0,39 2,39 0,48

RS-06 21,60 45,50 6,18 24,40 6,70 1,57 6,10 1,01 6,48 1,38 3,85 0,49 3,03 0,52

RS-07 40,10 65,00 6,71 23,30 3,00 0,49 2,54 0,37 1,65 0,24 0,67 0,10 0,43 0,12

RS-119 0,30 14,00 7,10 16,60 2,16 10,70 2,77 1,02 3,48 0,65 3,82 0,86 2,43 0,37

RS-124A 0,70 61,00 30,60 66,60 7,43 28,10 5,16 1,36 4,58 0,77 4,18 0,93 2,68 0,39

RS-124B 1,20 37,00 216,40 441,00 41,87 137,30 17,89 2,20 10,38 1,25 5,25 0,80 1,91 0,27

WP-R-537B - - - - - - - - - - - - - -

WP-R-116 - - - - - - - - - - - - - -

WP-R-207 - - - - - - - - - - - - - -

WP-R-224 - - - - - - - - - - - - - -

WP-R-320 - - - - - - - - - - - - - -

WP-R-1173 - - - - - - - - - - - - - -

Precisão 1σ (%) 0,30 0,70 0,10 0,50 0,10 0,03 0,10 0,03 0,10 0,03 0,10 0,02 0,10 0,01

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7.2 Geoquímica dos Elementos Maiores

Os diagramas binários de variação utilizando como índice de evolução o MgO para os

elementos maiores são mostrados na figura 7.4. Observa-se certa dispersão entre os elementos

maiores, principalmente entre os teores de K2O e Na2O, devido às alterações pós-magmáticas,

conforme demonstrado no estudo petrográfico, mas no geral há boa correlação entre os

elementos.

De maneira geral, as amostras das rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade

Intermediária do GBRS apresentam teores de Al2O3 (12,26 – 14,90 %) e CaO (6,42–12,71 %)

diminuindo com o decréscimo de MgO (4,52–9,40 %), SiO2 (46,54–55,60 %), TiO2 (0,64–

2,38 %), FeOt (11,09–18,51 %) e P2O5 (0,07–0,41) aumentam seus teores com a evolução

magmática (decréscimo de MgO). O trend mostrado pela variação de Al2O3 e CaO versus

MgO sugere a importância do fracionamento de plagioclásio e clinopiroxênio no processo

evolutivo. A correlação negativa entre P2O5 e MgO sugere que a formação da apatita pode ter

sido concentrada nas fases iniciais da diferenciação magmática.

Em relação ao K2O e Na2O observa-se grande dispersão em suas concentrações,

indicando que estes elementos devem ter sido afetados durante o processo de metamorfismo,

apesar de mostrar uma correlação positiva à medida que MgO decresce.

O FeOt demonstra um aumento de seus valores à medida que evolui a cristalização.

Este comportamento sugere um forte controle do piroxênio no fracionamento.

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Figura 7.4 – Diagramas de variação entre MgO (% em peso) vs. elementos maiores (% em peso) para as

rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS.

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7.3 Geoquímica dos Elementos Traços

Com o objetivo de determinar o comportamento dos elementos traços (Ba, Nb, Rb, Sr,

Y, Zr, Cr, Ni e Sc) para as rochas meta-vulcânicas máficas foram construídos diagramas de

variação dos elementos traços em função do MgO (Figura 7.5).

De um modo geral, nota-se uma diminuição dos elementos compatíveis Ni e Cr com o

decréscimo do MgO. Observa-se no diagrama da figura 7.5 que os conteúdos de Ni diminuem

com o decréscimo de MgO (entre 4.52 a 28.30%) e aproximadamente a 5% de MgO o

conteúdo de Ni chega a teores próximos do zero. Isto reflete a importância do fracionamento

da olivina no início da cristalização, passando a formar clinopiroxênio com a evolução

magmática. Comportamento semelhante é observado com o Sc, que aumenta seus teores com

a diminuição do MgO, sugerindo a importância do fracionamento de clinopiroxênio no

processo evolutivo magmático.

Em relação aos elementos incompatíveis Y, Zr e Sr observa-se um progressivo

aumento com a diminuição do MgO, embora discreto. O Ba apresenta um padrão

relativamente constante, tendendo a um leve enriquecimento à medida que a cristalização

avança.

O Rb e Nb apresentam-se muito dispersos dificultando uma análise mais precisa em

função do índice de variação (MgO), mas observa-se um leve empobrecimento desse

elementos à medida que a cristalização aumenta.

Inúmeros estudos geoquímicos (Humphris & Thompson 1978; Kerrich & Fryer 1979;

Ludden et al. 1982; Murphy & Hynes 1986; Arndt 1994; Brewer & Menuge 1998) em rochas

vulcânicas máficas e ultramáficas precambrianas sugeriram que os elementos HFSE (High

Field Strength Element), elementos terras raras (ETR) (exceto Ce e Eu que são móveis), Y

(comporta-se de forma semelhante aos ETR pesados), V, Al, Ti e Sc são menos susceptíveis a

alteração durante o metamorfismo de fácies xisto verde. Em particular, razões entre elementos

terras raras e entre os elementos HFS (e.g., Zr/Nb e Nb/Th) em rochas vulcânicas de

greenstone belts podem ser menos afetadas durante processos de alteração secundária pós-

magmática (Condie 1994). Dessa forma, razões de ETR e HFSE podem ser úteis na

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Figura 7.5 - Diagramas de variação entre MgO (% em peso) e os elementos traços (ppm) para

as rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS.

caracterização da composição mantélica das rochas máficas do GBRS e na avaliação da

atuação de processos secundários.

Utilizando os diagramas de variação entre razões de elementos traços (ETR e HFSE)

(Rb/Sr, Zr/Nb, La/Sm e Nb/Th) com o MgO (Figura 7.6), observa-se boa correlação de todas

as razões, apesar de mostrar dispersão relativamente pequena dos trends, refletindo talvez

pouca ou nenhuma alteração pós-magmática. Assim, como será demonstrado no capítulo VIII,

utilizaremos os elementos traços, particularmente os HFSE, para investigar e caracterizar a

fonte mantélica responsável pela formação das rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade

Intermediária do GBRS, uma vez que foi constatada através desses diagramas a pouca

mobilidade desses elementos.

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Figura 7.5 - Continuação.

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Figura 7.6 – Diagramas de variação entre MgO (% em peso) e Rb/Sr, Zr/Nb, La/Sm e Nb/Th

para as rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS.

7.4 Padrões de Elementos Incompatíveis (spidergrams)

O diagrama multielementar dos padrões de distribuição dos elementos incompatíveis

(spidergram) normalizados para o manto primitivo (McDonough & Sun 1995) é apresentado

na figura 7.7. Observa-se neste diagrama um suave enriquecimento de Rb, Ba e K em relação

aos outros elementos.

As rochas meta-vulcânicas máficas exibem forte fracionamento entre os elementos

mais e menos incompatíveis e expressivas anomalias negativas de Ba e Ti, sugestivas da

participação de feldspatos e ilmenita no fracionamento magmático, e de Nb e Sr.

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Figura 7.7 – (A) Padrão de distribuição de elementos incompatíveis para as rochas meta-vulcânicas máficas

da Unidade Intermediária do GBRS e (B) padrões dos ambientes OIB (Ocean Island Basalt), E-MORB

(Enriched Mid-Ocean Ridge Basalt) e N-MORB (Normal Mid-Ocean Ridge Basalt) de acordo Sun &

McDonough (1989).

A anomalia negativa de Sr está presente em todas as amostras das rochas meta-

vulcânicas máficas da unidade Intermediária do GBRS e no embasamento do BGC (amostras

RS-07 e RS-124A). As amostras RS-06 e RS-07 são caracterizadas por apresentarem

anomalia negativa de Eu (Figura 7.7), e anomalia negativa de K similar àquelas observadas no

N-MORB (Normal Mid-Ocean Ridge Basalt). Para as outras amostras, a ausência de anomalia

negativa de Eu no diagramas da figura 7.7A, indica que o fracionamento de plagioclásio foi

pouco expressivo.

A

B

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7. 5 Padrões de Elementos Terras Raras

O diagrama dos padrões de distribuição dos elementos terras raras (ETR)

normalizados para o manto primitivo (McDonough & Sun 1995) é apresentado na figura 7.8.

Na análise deste gráfico e com base nos dados da tabela 7.2 pode-se verificar três padrões de

ETR:

i) uma amostra (RS–04) segue o padrão de ETR leves (trend positivo) definido

pela média dos Basaltos de Cordilheira Meso-Oceânica Normal (N-MORB)

[(La/Yb)n = 0,64 versus N-MORB = 0,60], entretanto, possui padrões de ETR

intermediários e pesados mais elevados comparados com o N-MORB, e

concentrações mais elevadas em elementos LIL (Ba, Nb e K) (Figura 7.7A);

ii) o segundo padrão apresenta quatro amostras (RS–05A, RS–05B, RS–01 e RS–

02) mostrando padrões de ETR aproximadamente planos (ETR leve e pesado)

[(La/Sm)n = 0,96–1,75; (Sm/Yb)n = 1,03–1,31], sugerindo uma derivação de

uma fonte mantélica primitiva, sendo que as amostras RS–01 e RS–02

apresentam padrão de ETR leves e pesados semelhantes à média dos Basaltos

de Cordilheira Meso-Oceânica enriquecidos (E-MORB) [( La/Yb)n = 2,02–2,31

versus E-MORB = 1,8];

iii) e o terceiro padrão com uma amostra (RS–06) possuindo comportamento de

ETR leves mais enriquecidos [(La/Sm)n = 2,01 versus E-MORB = 1,8], mas

possuem padrões dos ETR pesados [(Sm/Yb)n = 2,4 ] relativamente planos.

De uma forma geral, as rochas meta-vulcânicas máficas estudadas apresentam

padrões variando entre a média do N-MORB (RS–04) e dos E-MORB (RS–01, RS–02, RS–

05A e RS–05B), com apenas uma amostra contendo padrões mais enriquecidos em ETR leves

(RS–06). No entanto, todas as amostras mostram padrões de ETR pesados planos, sugestivo

de câmara magmática relativamente rasa, na ausência de granada.

Comparando os padrões de ETR normalizados para o manto primitivo das rochas

meta-vulcânicas com as mesmas rochas em outros Greenstone Belts arqueanos (Província

Superior do Canadá e Greenstone Belt do Norseman, Boston Townshi e Steep Rock)

observou-se uma semelhança nos padrões de distribuição.

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Comparando os padrões de ETR das rochas meta-vulcânicas estudadas com os padrões

de ETR do embasamento granítico gnáissico, amostras RS-07, RS-124A e RS-124B deste

trabalho, e campo cinza (Bastos Leal et al. 1998), observa-se que a amostra RS-06 apresenta

um comportamento ETR leves semelhante ao embasamento sugerindo uma certa assimilação

crustal.

Razão Amostras

RS-01 RS-02 RS-04 RS-05A RS-05B RS-06 Média N-MORB E-MORB OIB

(La/Yb)n 2,31 2,02 0,64 1,07 1,22 4,84 1,61 0,56 1,81 11,56

(La/Sm)n 1,75 1,95 0,63 0,96 1,08 2,01 1,16 0,59 1,51 2,31

(Sm/Nb)n 1,31 1,03 1,03 1,11 1,14 2,40 1,24 1,23 0,30 0,28

Tabela 7.2 – Razões de ETR das rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do

GBRS com valores de N-MORB, E-MORB e OIB (Sun & McDonough 1989).

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Figura 7.8 - Diagrama de elementos terras raras (ETR) normalizados para o manto primitivo

(McDonough & Sun 1995) para as rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do

GBRS. Para comparação são mostrados no diagrama os padrões médios para Basaltos de Ilha

Oceânica (OIB) e Basaltos de Cordilheira Meso-Oceânica Normal (N-MORB) e Enriquecido (E-

MORB) (Sun & McDonough 1989). O campo em cinza representa uma média de rochas do

embasamento granítico-gnáissico do Bloco Guanambi-Correntina (Dados químicos extraídos de

Bastos Leal et al. 1998).

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Capítulo VIII

Neste capítulo serão discutidos aspectos a respeito da fonte mantélica e de possíveis

assimilações crustais nas rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do

GBRS.

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8. Caracterização da Fonte Mantélica

Inúmeros trabalhos (e.g., Weaver 1991; Fitton et al. 1997; Baksi 2001; Condie 2003,

2005) tiveram suas pesquisas utilizando razões entre elementos HFS (High Field Strength),

tais como Nb/Th, Zr/Nb, Zr/Y e Nb/Y para caracterizar domínios mantélicos isotopicamente

distintos (e.g., Hart et al. 1992) em rochas meta-vulcânicas máficas de greenstone belts.

Como os elementos HFS são considerados altamente incompatíveis, suas razões no processo

de fusão permanecem relativamente constantes e podem indicar características químicas da

fonte mantélica.

8.1 Utilização de Razões entre elementos HFS

No diagrama utilizando Nb/Y vs Zr/Y (Figura 8.1A), fontes derivadas de plumas são

diferenciadas de fontes não-pluma (manto empobrecido e magmas de arco vulcânico).

Observa-se que as amostras das rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do

GBRS plotaram ao longo ou próximo da linha divisória entre fontes mantélica derivadas de

pluma e não-pluma.

As amostras plotadas na figura 8.1A foram divididas em dois grupos: o primeiro grupo

com baixa razão Zr/Y e Nb/Y, e o segundo com valores relativamente altos nas razões Zr/Y e

Nb/Y. No primeiro grupo as amostras plotaram próximas do campo do manto empobrecido

(DM) e mostram indicações de misturas entre DM e manto primitivo (PM). O segundo grupo

pode ser resultante da mistura entre PM e componentes enriquecidos (EM); poucas amostras

deste grupo que plotaram no campo de fonte pluma podem ter sido formadas pela mistura

entre EM e OIB. Dentro deste contexto, EM representaria porções do manto enriquecido pela

adição de litosfera oceânica subductada e/ou litosfera subcontinental junto com sedimentos

crustais.

O diagrama Zr/Nb vs. Nb/Th (Figura 8.1B) revela que algumas amostras plotam

próximas da média de componentes enriquecidos (EM) e crosta superior (UC), enquanto que

apenas uma amostra plota entre os limites dos campos dos basaltos oceânicos e do campo

OIB. Embora nenhuma amostra demonstre evidências de ter sido derivada de apenas fonte do

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tipo DM, três amostras situam-se entre as fontes EM e DM, possuindo, no entanto,

contribuição menos significativa de DM.

Utilizando como base a razão Rb/Cs que distingue reservatórios PM (Rb/Cs = 20) de

reservatórios do tipo OIB (Rb/Cs = 80) (Hofmann & White 1983; McDonough et al. 1987),

algumas amostras das rochas meta-vulcânicas máficas do GBRS possuem razão Rb/Cs entre

10-20 similar às razões observadas nos reservatórios do tipo PM, embora os elementos Rb e

Cs sejam levemente afetados durante os processos de alteração.

Condie (2005) sugeriu que não existe manto geoquimicamente empobrecido em

tempos Arqueanos, devido à reciclagem e mistura com frações significativas de componentes

enriquecidos. Entretanto, os dados apresentados do GBRS não descartam a possibilidade de

basaltos derivados de fonte mantélica rasa e empobrecida ou a presença de componentes

mantélicos depletados; alguns basaltos da Província Superior do Canadá foram provavelmente

derivados de reservatórios mantélicos empobrecidos em profundidades relativamente rasas

(Polat et al. 1999).

Os dados químicos das rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do

GBRS mostram evidências de mistura entre componentes EM e DM (Figura 8.1B). Da

mesma forma, os padrões de ETR (Figura 7.8) sugerem mistura de componentes E-MORB

com manto depletado. Isto pode ser possível se a pluma (fonte de E-MORB), durante sua

ascensão, incorpora porções de material mantélico depletado de fonte rasa. Entretanto, apenas

o diagrama da figura 8.1 é insuficiente para identificar e caracterizar reservatórios mantélicos,

mas são significativos e convincentes se houver complementação com dados isotópicos (Sr,

Nd e Pb).

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Figura 8.1 - Inferência da(s) fonte(s) das rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do

GBRS utilizando diagramas de variação (A) Zr/Y vs. Nb/Y e (B) Nb/Th vs. Zr/Nb. Nestas figuras são

mostrados campos de fontes mantélicas de basaltos associados a diversos ambientes tectônicos (Condie

2005). Abreviações: UC, crosta continental superior; PM, manto primitivo; DM, manto empobrecido

raso; HIMU, alto μU (fonte U/Pb); EM1 e EM2, fontes mantélicas enriquecidas; ARC, basaltos de arco;

DEP, fonte mantélica empobrecida profunda; EM, componentes enriquecidos; REC, componentes

reciclados. Dados de outros greenstone belts Arqueanos são mostrados para comparação: Província

Superior do Canadá (campo tracejado), greenstones Norseman, Boston Township e Steep Rock Late

(campo cinza escuro), Províncias Báltica e Yilgarn (campo cinza claro).

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8.2 Investigação do Processo de Assimilação Crustal

Alguns autores têm mencionado que plumas mantélicas (porções mais profundas do

manto) podem ser contaminadas pela assimilação com a litosfera continental (e.g., Mahoney

et al. 1983; Mohr 1987), pelo manto astenosférico com assinatura empobrecida ou por fusões

de litosfera oceânica (e.g., Chen & Frey 1983, 1985; Schilling et al. 1985). Estas hipóteses

são frequentemente formuladas para explicar o enriquecimento anômalo de elementos LIL em

basaltos continentais (Cox & Hawkesworth 1985; Campbell 1985). Observa-se nas rochas

meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS significativas variações em

elementos LIL, principalmente na amostra RS-06, embora estas variações possam refletir

processos de alteração durante o metamorfismo de baixo grau. A presença de anomalia

negativa de Sr, similar àquelas observadas do embasamento, sugere contaminação destes

magmas com as rochas do embasamento granítico-gnáissico do BGC.

Estes resultados sugerem que as rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade

Intermediária do GBRS foram afetadas por algum grau de assimilação crustal. Entretanto, é

difícil explicar o efeito da contaminação crustal somente com as observações descritas acima.

A composição isotópica de Sr, Nd e Pb podem confirmar a hipótese de contaminação crustal

aventada para explicar o comportamento anômalo de alguns elementos químicos das rochas

meta-vulcânicas do GBRS. Bastos Leal et al. (em preparação) apresentaram dados de ƐNd (t)

para as rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS variando de + 2,3

e +3,7. Estes valores de ƐNd (t) levemente positivos podem sugerir que o processo de

assimilação crustal assumiu um papel importante na formação destas rochas.

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Capítulo IX

Este capítulo terá como escopo as considerações finais a respeito dos estudos

geológicos, petrográficos, de química mineral e geoquímicos das rochas meta-vulcânicas

máficas da Unidade Intermediária do GBRS.

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9. Considerações Finais

Neste trabalho foi apresentado o estudo petrográfico, de química mineral e geoquímico

das rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do Greenstone Belt de Riacho

de Santana e discutido seu significado petrogenético. Os estudos realizados nesta pesquisa

permitiram as seguintes considerações:

O Greenstone Belt de Riacho de Santana (GBRS) localiza-se na porção central do

Cráton do São Francisco, a sudoeste do Estado da Bahia e dista cerca de 500 km da cidade de

Salvador. O GBRS está inserido no Bloco Guanambi-Correntina e está exposto em várias

áreas de ocorrências, pequenas e isoladas, geralmente representadas por morros testemunhos,

distribuídas no meio de uma extensa e espessa cobertura detrítica que restringe a sua área de

exposição, por vezes dificultando a sua localização.

As rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS são

caracterizadas por apresentarem texturas inequigranular, granoblástica e nematoblástica,

tendo como minerais predominantes a tremolita/actinolita, hornblenda e plagioclásio e,

subordinadamente assinala-se a presença de minerais opacos e titanita. Como minerais

secundários ocorrem quartzo, epídoto e carbonatos. Sinais de alterações secundárias estão

registradas nos cristais de plagioclásio (processo de saussuritização/sericitização). Apesar das

rochas não apresentarem mais a mineralogia primária preservada, foram identificados

resquícios das texturas ígneas ofítica e intergranular.

A partir dos aspectos de campo (estruturas, intensidade de deformação), da associação

mineralógica e das texturas identificadas, as rochas meta-vulcânicas máficas foram

classificadas como actinolita xisto e actinolita hornblenda xisto, devido a predominância

desses minerais (actinolita/tremolita ou hornblenda) no volume total da rocha. As rochas estão

equilibradas na fácies xisto verde, conforme a paragênese mineral (actinolita + hornblenda +

andesina - média de 37,35% An).

A química mineral permitiu classificar os anfibólios no grupo dos cálcicos, e dentro

deste grupo como Fe-hornblenda, com razões Mg/(Mg + Fe+2

) entre 0,39 e 0,46. Os cristais de

plagioclásio apresentam composição de andesina, com teores de anortita em torno de 40,93–

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33,09%. Os dados de temperatura adquiridos pela análise dos plagioclásios sugerem que o

magma atingiu no mínimo, temperaturas da ordem de 1128oC a 1187

oC.

As rochas meta-vulcânicas máficas da Unidade Intermediária do GBRS posicionaram-

se no campo dos basaltos, com baixa razão de álcalis vs sílica, demonstrando caráter toleítico,

fortemente enriquecido em ferro.

As variações de elementos traços com MgO, em particular com Ni e Sc, sugerem que

a cristalização de olivina e clinopiroxênio foram fases minerais importantes no fracionamento

magmático. O comportamento do Al2O3 e CaO com o MgO é sugestivo da importância do

fracionamento do plagioclásio e clinopiroxênio na evolução magmática.

Padrões de ETR normalizados para o manto primitivo e as razões de elementos traços

sugerem que o magma primitivo das rochas meta-vulcânicas máficas foi derivado de um

reservatório mantélico primitivo ou por uma mistura entre reservatórios enriquecidos e

empobrecidos. Os padrões relativamente planos dos ETR pesados indicam que a fusão

mantélica ocorreu em profundidades relativamente rasas, na ausência de granada na fonte.

Enriquecimento anômalo de elementos LIL, especialmente para a amostra RS-06, e a

presença, de forma geral, de anomalia negativa de Sr similar àquela observada no

embasamento, sugere contaminação destes magmas com as rochas do embasamento granítico-

gnáissico do Bloco Guanambi-Correntina. Adicionalmente, valores de ƐNd(t) entre +2,3 e +3,7

sugeri, a priori, que processo de contaminação crustal foi importante na formação dessas

rochas (Bastos Leal et al., em preparação).

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Capítulo X

Neste capítulo serão listados todos os livros, artigos de revista, teses de doutorado

que auxiliaram na construção deste trabalho.

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10. Referências Bibliográficas

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