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1 Distribuição Gratuita Fevereiro / Março de 2016 - Ano 8 - nº 51 www.obrasedicas.com.br MINAS GERAIS ARTE, PAISAGEM E HISTÓRIA

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Revista Obras & Dicas 51

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MINAS GERAISARTE, PAISAGEM E HISTÓRIA

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Fevereiro / Março / 2016Nº 51 - Ano 8Foto: Denise Farina

Diretor-GeralDonizeti Batista

Diretora EditorialArquiteta Denise Farina

Jornalista responsávelCris Oliveira - Mtb 35.158

Projeto Gráfi co / EditoraçãoMarcelo Arede

Dep. Financeiro Bruna Lubre

Sugestõ[email protected]

Vendas:Had Captações e Propaganda Ltda-ME17 3033-3030 - 3353-2556 [email protected]@obrasedicas.com.brwww.obrasedicas.com.br

Distribuição Gratuita. Dirigida aos setores relacionados à Construção Civil - São José do Rio Preto e Região.

*Artigos assinados representam opniões dos autores.

revista obras e dicas

EXPEDIENTE

Conhecer Minas Gerais e seus encantos não caberia numa edição ou mesmo num livro. De Ouro Preto a Inhotim,

passando pela modernidade de Pampulha, Minas é um capítulo à parte na história do Brasil. Há que se descobri-la aos poucos e é só um pouquinho disso que nossa revista traz aos leitores nesta edição 51.Trazemos também algumas novidades da Re-vestir, que são muito bem vindas. Numa épo-ca de crise econômica, é pertinente descobrir o que as empresas estão lançando de novo e

Ser Mineiro é ser religioso e conservador,é cultivar as letras e artes,

é ser poeta e literato,é gostar de política e amar a liberdade,

é viver nas montanhas,é ter vida interior,

é ser gente.

Ser Mineiro - Carlos Drummond de Andrade

Denise FarinaDiretora Editorial

[email protected]

EDITORIAL

competitivo no mercado da construção civil.O incrível Museu do Amanhã, no Rio de Ja-neiro, obra do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, está em nossas páginas , assim como a entrevista da arquiteta Neide Senzi, que parece esculpir suas obras com luzes.Enfi m, renomados arquitetos da região expli-cam a importância de se contratar um escri-tório de arquitetura, início primordial de uma obra bem planejada e entregue às mãos de quem sabe concebê-la.Boa leitura!

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A DOÇURA DE MINAS

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ÍNDICE

PAPO DE OBRA

PROJETOA LUZ E SUAS

MÚLTIPLAS FACETAS

REVESTIR14ª EDIÇÃO DA EXPO REVESTIR

CULTURABEM-VINDOS AO

UNIVERSO MONDRIAN!!!

OBRAS PREMIADASBIBLIOTECA BRASILIANA

ESPECIALMAS AFINAL, O QUE FAZEM OS ARQUITETOS?

ESPECIALMUSEU DO AMANHÃ REALIDADE DO HOJE

CAPA MINAS GERAISARTE, PAISAGEM E HISTÓRIA

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PLATAFORMA BIM

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BIM vem do inglês Building Information Modeling, ou seja, signifi ca Modelo de Informação da Construção. A Platafor-

ma Bim consiste em representar fi elmente tudo o que vai ser construído na obra, ainda no computador. Com ela é possível extrair informações do projeto, como quantitativo de materiais e peças, defi nir etapas e ordem em que cada elemento vai ser construído e verifi car a compatibilização entre os projetos envolvidos numa mesma obra.

Para saber mais sobre o tema, conversa-mos com o arquiteto Rafael Sinhorini, que ministra cursos e consultorias de Revit (um dos softwares do BIM), através da escola de

PLATAFORMA BIM

computação gráfi ca Área Z. Acompanhe os principais tópicos.

ImplantaçãoEnquanto arquiteto, demorei um pou-

co para efetivamente trabalhar utilizando o BIM no desenvolvimento dos meus proje-tos. Meu primeiro contato foi há pouco mais de 08 anos, eu havia feito um curso básico de um dos softwares com essa tecnologia e já comecei a utilizá-lo em um dos maiores projetos que tínhamos em andamento. Re-sultado: por não ter total domínio das ferra-mentas acabamos perdendo todos os prazos combinados com o cliente. Hoje eu sei que

essa não é a melhor forma de implantar a tecnologia BIM. Nos cursos que atuo como Docente Certifi cado da Autodesk, uso par-te das aulas para explicar sobre isso. O mais indicado é, em primeiro lugar, não desen-volver o primeiro projeto para um cliente na ativa. O ideal é reservar algumas horas por dia para que parte da equipe comece a utilização da nova tecnologia, mas desen-volvendo um projeto antigo do escritório que, preferencialmente, já tenha sido todo executado e que possui todos os itens já so-lucionados. Dessa maneira a equipe pratica de forma tranquila e os resultados aparecem muito mais rápido.

PAPO DE OBRA Foto: Divulgação

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PAPO DE OBRA Foto: Divulgação

BIMComecei a participar de fóruns, palestras e

eventos organizados pela própria fabricante e fui percebendo o quanto a tecnologia BIM estava em foco e o quanto estavam surgindo novos softwares com essa plataforma. Acho que qualquer profi ssional que tenha um con-tato mais aprofundado com essa tecnologia, vai perceber que não existe uma opção entre BIM e CAD, talvez exista a escolha entre co-meçar a utilizá-lo agora ou ir deixando para fazer isso mais para frente.

BIM X CADQuando pensamos em CAD, estamos

falando apenas de um desenho auxiliado pelo computador. Quem utiliza um software CAD, basicamente realiza as mesmas ações que se realizava com prancheta, régua para-lela, esquadros e escalímetros, a única dife-rença está na ferramenta em si, ao invés da lapiseira riscando sobre o papel, trabalhamos com um comando específi co dentro do sof-tware para realizar tal ação.

Trabalhar com o BIM exige um raciocínio bem diferente. Você não desenha uma linha que vai representar a função de uma parede, você efetivamente constrói essa parede, por-tanto, é preciso indicar do que essa parede é feita, como é formada a sua estrutura, quais elementos irão compor seus revestimentos e assim por diante. Tudo isso infl uência mui-to a forma de projetar, é preciso pensar em cada detalhe da obra, e apesar de um pouco mais complexo é isso que garante um melhor projeto, se comparado com o projeto desen-volvido em CAD. É justamente essa diferen-ça na forma de pensar que, a meu ver, tem difi cultado a implantação de tecnologia BIM.

AplicaçãoAtualmente o uso de softwares BIM se

aplica em basicamente todas as etapas da construção civil, desde grandes projetos de infraestrutura, até a área da construção de edifi cações passando por todos os tipos de projetos, arquitetônico, estrutural, elétrico hidráulico, automação, ar condicionado etc. Existem soluções para todas essas áreas.

CapacitaçãoPara fazer uso do BIM o arquiteto precisa

fazer o curso. Procure uma escola com pro-fi ssionais certifi cados e especialmente que

seja um Centro de Treinamento Autorizado, isso garante que o curso esteja numa mesma linguagem indicada por quem desenvolveu o software.

VantagensAtualmente o uso da tecnologia BIM en-

volve todos os ciclos de vida do edifício. É possível trabalhar nessa plataforma desde a análise de viabilidade do terreno, até a fase de demolição ou manutenção do edifício. Mas é importante ressaltar que, para isso, é necessário trabalhar com vários softwares ao mesmo tempo.

Outras vantagens são: facilidade e agilidade na documentação (com a edifi cação toda mo-delada, a geração de desenhos como plantas, cortes e vistas é feita automaticamente pelo programa); facilidade na revisão e alteração de projetos; facilidade na compatibilização de projetos (se todos os envolvidos com o projeto trabalharem com a plataforma BIM, a compatibilização de todos esses projetos atinge um nível de excelência): cálculo solar (com a edifi cação toda modelada, é possível indicar com extrema fi delidade o caminho que o sol percorre em torno dela); quantifi -cação de materiais e gerenciamento de obra (se a modelagem for realizada preocupando--se com a fi delidade de informações, será possível extrair a quantidade exata de todos

os materiais que envolvem a obra).

DesvantagensNum primeiro momento, talvez a grande

desvantagem seja o maior tempo para de-senvolvimento de um projeto, porém isso pode ser minimizado com a prática dentro dos softwares. Quando entendemos que projetar em BIM é, efetivamente, reprodu-zir a obra dentro do computador, fi cará fácil perceber que todo esse tempo “gasto” com o projeto vai refl etir numa obra mais rápida e precisa, sem tantos problemas.

ClientesPara o cliente só existem vantagens, pois

ele terá um projeto mais fi el à realidade da obra, isso sem falar em alguns novos aplicati-vos desenvolvidos para o público leigo, onde existe uma conectividade com o projeto de-senvolvido em BIM, e o cliente através de seu tablet ou smartphone consegue navegar pelo seu futuro imóvel, extraindo informações. Já conheço casos onde o uso da tecnologia foi solicitado pelo cliente no momento de fe-chamento do contrato. O próprio governo federal está de olho nessas vantagens que a tecnologia BIM traz para o contratante, e já está exigindo, em algumas de suas licitações, que os projetos sejam entregues em arquivos com extensões compatíveis com BIM.

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MAS AFINAL, O QUE FAZEM OS ARQUITETOS?Muitas pessoas ainda desconhecem as reais funções de um arquiteto, e isso não é somente entre leigos, acontece até mesmo entre

pessoas que trabalham nas mais diversas funções da cadeia produtiva do mercado da construção civil.Outros acham que contratar um arquiteto é questão de status, por se tratar de mão de obra cara, muito específi ca, e que esse

profi ssional vai acabar “criando” coisas que irão apenas encarecer o projeto. Mas a verdade é que os arquitetos são imprescindíveis para o bom resultado de um projeto. Por isso conversamos com alguns deles,

que falam sobre as funções que exercem, os investimentos que os clientes terão que fazer, e o que levar em conta antes de contratar esses profi ssionais. Acompanhe.

ESPECIAL Fotos: Divulgação

Amanda Peixe“O arquiteto é o profi ssional que conse-

gue aliar a forma e a função. Além de pro-curar uma estética adequada, ele tem como principal foco atender às funções que serão exercidas em cada ambiente. Além de me-didas ideias ao corpo humano (ergonomia),

ainda sabe adequar o espaço com as dimen-sões do mobiliário, circulação, etc. O pro-jeto arquitetônico não deve contar apenas com o prédio, mas com toda programação de mobiliário, circulação, locação de pontos de elétrica/hidráulica e compatibilização de todos os projetos da obra.

Não existe um preço médio, pois cada profi ssional oferece um tipo de serviço. Al-guns fazem apenas projetos de decoração, outros fazem a total compatibilização de to-dos os projetos da obra. No nosso escritório cobramos um preço justo e acessível a todos os bolsos. Fazemos desde planos para pe-quenas casas de 60m² até grandes indústrias, tudo adequado às necessidades do cliente.

O trabalho do engenheiro e do arquiteto são completamente diferentes e ambos ne-cessários. O trabalho de um complementa o trabalho do outro.

A experiência sempre acrescenta. Um bom profi ssional é aquele que nunca para de estudar, aprender e se aperfeiçoar. Existem profi ssionais que acabaram de se formar,

mas que sempre fazem cursos, estagiaram na área, também existem arquitetos forma-dos há anos que fi zeram poucos projetos e nunca se atualizaram. O tempo de formação não importa muito, o mais importante mes-mo é o tempo de estudo e trabalho que o profi ssional tem na área.

Na minha opinião, cada um é que deve saber o preço a cobrar pelo seu trabalho. A defi nição de fama é muito ampla, mas acre-dito que a melhor é estar ativo no mercado de trabalho com uma cartela de clientes sa-tisfeitos. Quando você tem clientes felizes, é porque teve sucesso no seu trabalho.

No nosso escritório tratamos cada projeto como um projeto de vida. Muitas pessoas economizaram e se programaram por mui-to tempo para executar sua construção. Por isso o nosso respeito ao cliente não fi ca ape-nas na sua obra, mas em todo o esforço que ele teve para chegar até aqui. O nosso traba-lho é garantir que o cliente tenha o melhor custo x benefício, apresentar as melhores soluções, opções e novidades do mercado.”

“O arquiteto é o profi ssional que conse-gue aliar a forma e a função. Além de pro-curar uma estética adequada, ele tem como principal foco atender às funções que serão exercidas em cada ambiente. Além de me-didas ideias ao corpo humano (ergonomia),

ele teve para chegar até aqui. O nosso traba-lho é garantir que o cliente tenha o melhor custo x benefício, apresentar as melhores soluções, opções e novidades do mercado.”

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“Nós, profi ssionais arquitetos, temos a formação para elaborar o projeto arquite-tônico com funcionalidade e conforto, sem abrir mão dos padrões estéticos e sonhos do cliente. Pode-se contratar um arquiteto em três fases: para elaboração do projeto (adicionando os projetos complementares que são: elétrico, hidráulico e estrutural, fei-tos por engenheiros de cada área); para o acabamento, que é a escolha dos materiais e revestimentos, detalhes, gesso, iluminação, etc: e para a ambientação, que inclui o de-senho de mobiliários e/ou escolha em lojas especializadas, tapeçaria, cortinas e decora-ção em geral.

Quanto ao investimento, normalmen-te cobro o valor por m² de cada fase, que parte de R$ 35 a R$100 por metro quadra-do, dependendo de até qual fase o cliente deseja chegar. Para qualquer tipo de obra é necessária à contratação de um arquiteto,

“Em alguns processos e projetos é obriga-tória a contratação de um responsável técni-co, por exemplo, aprovações legais (alvará de construção, laudos técnicos, regularizações, reformas, entre outros) que dependem da emissão do registro de responsabilidade téc-nica (RRT). Além das obrigações legais, o ar-quiteto é o profi ssional capacitado em atuar desde a concepção do estudo preliminar do projeto até a execução da obra. Uma vez que o curso de arquitetura prioriza a disciplina de desenvolvimento de projetos, fazendo uso de novas tecnologias com a intenção de garantir o conforto, a sustentabilidade, a inclusão so-cial e a humanização dos espaços construídos.

O custo da mão de obra depende do ser-viço a ser contratado. No caso de projetos executivos com aprovações legais cobra-se por m², ou uma porcentagem do valor da obra. Por exemplo: o projeto de uma clínica médica de aproximadamente 200m², com aprovações legais junto à secretaria de obras e vigilância sanitária, cobramos em média R$ 50 o metro quadrado ,ou 5% do valor da obra. No caso de execução e gestão de obras, que envolvem os levantamentos orçamentários, a compra de materiais, a contratação da mão

de obra, o aluguel de equipamentos, entre outros, o valor a ser cobrado é de 10%.

O arquiteto deve ser contratado de acordo com a necessidade do cliente. Suas atribui-ções permitem que ele realize projetos arqui-tetônicos novos ou de reforma, adequações de acessibilidade, levantamentos arquitetôni-cos, arquitetura de interiores, laudos técnicos, pareceres técnicos, assessoria, consultoria, assistência técnica e gestão de obras, entre outros.

O melhor arquiteto é aquele que sabe quais são suas atribuições profi ssionais e tem o compromisso com a garantia da qualidade do seu trabalho e das suas relações. É aque-le que investe na sua capacitação, buscando evoluir tecnicamente e ter uma relação direta com a execução da obra. Os novos profi ssio-nais se apropriam das novas tecnologias, dos novos conceitos, aplicando seus ideais de ma-neira proativa, e tem pelo projeto uma consi-deração como se fosse seu ‘primeiro amor’. Já os profi ssionais experientes têm a previsão sobre os possíveis eventos, e utilizam suas ‘cartas na manga’ para lidar com imprevistos da atuação profi ssional.

A capacidade gera a fama, porém a fama

Daniela Abudi

não garante a capacidade. O resultado de um trabalho bem feito capacita o profi ssional para enfrentar um mercado restrito e competitivo. A fama é a consequência do reconhecimento dos clientes e da sociedade de uma maneira geral, gerando a publicidade espontânea e es-tratégica. Os preços expressivos não necessa-riamente condizem com a fama, mas sim com o aumento e manutenção de uma estrutura formalizada, que requer mais recursos huma-nos e materiais.”

Fábio Shiota

pois o profi ssional está apto a fazer refor-mas também, o que é sempre um desafi o interessante, pois conseguir transformar um espaço em outro, com uma estrutura pré--estabelecida, exige muita criatividade.

Sobre contratar um profi ssional que aca-bou de se formar, acredito que, em primeiro lugar deve existir confi ança e empatia entre as partes, pois é um trabalho no qual entra-mos na vida pessoal dos clientes. Conver-sar com os já clientes e/ou fornecedores, e conhecer outros trabalhos realizados pelo profi ssional, é uma forma racional de exer-cer sua escolha.

Acredito que a fama é uma forma de re-conhecimento, mas infelizmente, no mundo globalizado de hoje, nem tudo que vemos é verdade, mas não acredito que pessoas que trabalham de forma errada se fi rmem no mercado por muito tempo, em qualquer área.”

“Em alguns processos e projetos é obriga-tória a contratação de um responsável técni-co, por exemplo, aprovações legais (alvará de construção, laudos técnicos, regularizações, reformas, entre outros) que dependem da emissão do registro de responsabilidade téc-

globalizado de hoje, nem tudo que vemos é verdade, mas não acredito que pessoas que trabalham de forma errada se fi rmem no mercado por muito tempo, em qualquer

formalizada, que requer mais recursos huma-

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“Acredito muito naquela piadinha que diz: não é porque temos um rim que sabemos trata-lo da maneira correta. Nós, arquite-tos, passamos boa parte das nossas vidas estudando e nos especializando para trans-formar sonho em realidade. Isso não quer dizer que faremos apenas do nosso jeito, mas sim aperfeiçoaremos, com técnica e co-nhecimento, o desejo do cliente, orientando nas escolhas e prevenindo erros. Eu afi rmo e reafi rmo que um projeto bem feito e bem resolvido promove muito mais satisfação do que um projeto mais barato e com menos envolvimento.

Na minha concepção projetual leio o cliente, entendo seu dia a dia, se cozinha, se gosta de ler, o que espera da sua nova casa, entre outras informações tomadas no brie-fi ng da primeira reunião, busco referencias e a partir dai crio individualmente e exclusiva-mente o projeto. A alma do arquiteto é para

Ana Paula Martinez

Flávia Bonadio

isso, transformar um projeto, uma obra, em vida diária e feliz.

O mercado é bem variado e até nessa va-riação temos que tomar cuidado, pois um valor muito abaixo de mercado é de se pen-sar. Precisamos começar a ter mais valor do que preço. E tudo que envolve qualidade, envolve mais tempo, e o que envolve mais tempo envolve mais valor.

A experiência deve contar sim, não sou a mesma arquiteta de quando sai da faculdade, o dia a dia nos melhora, e muito. Mas preci-samos, no inicio, de pessoas que nos deem oportunidade para aprendermos. Amando o que faz, sendo honesto perante a isso, o resta se aprende.

Eu acredito que, o que deve medir valor é o serviço que será apresentado, não acredi-to que fama condiz com qualidade. Para mim fama e sucesso é no boca a boca, quantos (clientes) te indicariam, por exemplo.”

“Um arquiteto é responsável pelo proje-to. Seja residencial ou comercial. O planeja-mento de onde se vai passar a maior parte do tempo depende exatamente do conforto que estes espaços podem te oferecer. Além do que, para as aprovações de projetos em prefeitura, vigilância sanitária, etc, é necessá-rio o projeto arquitetônico sob a responsa-bilidade de um profi ssional.

O custo varia para cada tipo de projeto, difi culdade e metragem. E assim como em outras profi ssões, quanto maior a experi-ência do profi ssional, maior o preço. Não é a fama que condiz com a capacidade. O sucesso não vem de graça. Existe muito tra-balho por trás do sucesso. E depois de tanto trabalho e tanta experiência, não é possível se igualar com quem está entrando no mer-cado.”

Flávia Bonadio“Um arquiteto é responsável pelo proje-

to. Seja residencial ou comercial. O planeja-mento de onde se vai passar a maior parte

trabalho e tanta experiência, não é possível trabalho e tanta experiência, não é possível se igualar com quem está entrando no mer-

“Acredito muito naquela piadinha que diz: Ana Paula Martinez

Eu acredito que, o que deve medir valor é o serviço que será apresentado, não acredi-to que fama condiz com qualidade. Para mim fama e sucesso é no boca a boca, quantos

Eu acredito que, o que deve medir valor é o serviço que será apresentado, não acredi-to que fama condiz com qualidade. Para mim fama e sucesso é no boca a boca, quantos (clientes) te indicariam, por exemplo.”

ESPECIAL Fotos: Divulgação

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“O arquiteto é o profi ssional técnica e legalmente autorizado a fazer o projeto ar-quitetônico, a exigência central para que um edifício seja construído ou reformado. Tem formação em conhecimentos bastante téc-nicos, o que o habilita a atuar em todas as fases do projeto, seja como consultor, autor, coordenador ou responsável técnico. Mas essencialmente, o arquiteto é o profi ssional que ‘constrói’ a cidade. Ele cria os espaços a serem utilizados por todos nós, as residên-cias, ambientes de trabalho, lazer, estudo e por aí afora.

Em todo ambiente construído deverá es-tar presente o trabalho do arquiteto. A falta da contratação do profi ssional da arquitetu-ra também pode gerar desperdício na obra, ante a inexistência do projeto, elevando ex-pressivamente seu custo fi nal, e injustifi can-do a não contratação do arquiteto, se acaso tal decisão fosse por ordem econômica.

Mas não falamos ainda do senso estético que deve permear a atividade do arquiteto. A arquitetura poderá ser uma obra de arte, mas responsável para com as pessoas e seu contexto. Nesse aspecto artístico, podemos sentir a boa arquitetura, já que o belo nos afeta emociona e conduz.

A atividade profi ssional do arquiteto urba-nista é regulada pelo Conselho de Arquite-tura e Urbanismo, o CAU, que estabelece critérios para a remuneração do projeto arquitetônico de edifi cações, ou seja, os ho-norários do profi ssional. Trata-se de uma re-ferencia a ser observada pelos profi ssionais e não tem a função de se sobrepor a negocia-ção entre arquiteto e cliente. Basicamente, são duas formas de estipular os honorários: por percentual sobre o custo da obra e o cálculo pelo custo do serviço. Em media estipula-se, para um projeto arquitetônico médio, o percentual em torno 5% do custo fi nal da obra.

A escolha de um profi ssional de arquitetu-ra, por parte do cliente, pode ser: por pre-ço, afi nidade com o trabalho, competência, etc. Na realidade, a escolha pode se dar por todas essas formas. Mas é fato que a expe-riência infl ui decididamente na qualidade do produto fi nal. Estágios supervisionados du-

Luiz Venezianorante a graduação não são sufi cientes para a aquisição de experiência para o exercício profi ssional de forma satisfatória.

Como em todas as profi ssões, o arquite-to há de ser um eterno insatisfeito com o conhecimento que possui, estando constan-temente em busca de mais saber. O avanço tecnológico, em todas as áreas, muda dras-ticamente nossa vida, o que podemos sentir cada vez em menores espaços de tempo. O arquiteto deve ser um profi ssional constan-temente conectado com esse avanço e de-verá atualizar-se constantemente.

Mas de alguma forma o profi ssional tem que começar sua carreira, seja em um es-critório de arquitetura consolidado, em uma empresa, ou em carreira solo. Logicamente, de inicio, o que receberá em retribuição por seu trabalho, como em todas as profi ssões, terá um valor menor, pela pouca experiência a ser agregada. Mas isso não quer dizer que um recém-formado não possa desenvolver um bom projeto. Como se diz: cada caso é um caso e cada profi ssional é um profi s-sional.

Durante o exercício profi ssional, o arqui-teto deve buscar uma linguagem própria de expressão de seu pensamento sobre a ar-quitetura, o espaço construído, aplicando essa linguagem a seus projetos, de forma a constituir-se uma identidade própria. Vemos isso no trabalho de muitos arquitetos que se destacam por todo mundo. Paralelamente, conforme sua produção for se desenvolven-do, suas obras vão ganhando destaque pela referida linguagem, pela qualidade projetual, beleza espacial e tantas outras qualidades, acarretando-lhe a nominada ‘fama’ profi s-sional. Trata-se de um processo gradativo e natural, que deve ser buscado pela maioria dos arquitetos urbanistas.

Mas não necessariamente a ‘fama’ esta atrelada a um bom projeto de arquitetura. Diversos fatores também podem contribuir para isso. Podemos exemplifi car com o fato de um arquiteto fazer um projeto de uma residência para uma pessoa ‘famosa’ e ga-nhar expressão social e profi ssional pelo fato em si, mas não necessariamente pelo pro-jeto que foi feito, não se discutindo aqui sua

qualidade. O certo é que, um arquiteto que tenha

conseguido ascensão profi ssional, certamen-te agregara mais valor ao projeto arquitetô-nico, cobrando, por assim dizer, preços mais expressivos. Sempre levando em conta que, não necessariamente um projeto caro está atrelado a capacidade do profi ssional, ou mesmo a qualidade do produto entregue. Projeto caro ou barato não é expressão de um bom ou mau projeto.”

“O arquiteto é o profi ssional técnica e legalmente autorizado a fazer o projeto ar-quitetônico, a exigência central para que um edifício seja construído ou reformado. Tem formação em conhecimentos bastante téc-nicos, o que o habilita a atuar em todas as

atrelado a capacidade do profi ssional, ou mesmo a qualidade do produto entregue. Projeto caro ou barato não é expressão de

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“O material de trabalho do arquiteto é o espaço, como este espaço deve ser articu-lado e elaborado para abrigar a necessidade requerida de uma maneira estética com pro-porção e bom gosto, funcionalidade e tec-nicamente correto. Os ‘porquês’ dependem muito em que área estamos atuando, pois a atuação do arquiteto é muito abrangente. Antes precisamos responder: para que pre-cisamos de um arquiteto?

Para construir uma residência, reformar, construir um consultório, loja, fazer o visual merchandising de uma loja ou marca, para construir uma empresa, projetar uma facha-da, restaurar um edifício histórico, fazer a decoração, defi nir os revestimentos, proje-tar uma praça, um loteamento e assim vai. Atualmente, alem desta condição primordial de concepção do projeto, o arquiteto age como um grande gerenciador de informa-ções, entre todos os profi ssionais envolvidos nos projetos complementares ao projeto arquitetônico e nas informações relativas à execução da obra.

É impossível estabelecer um custo de for-ma genérica. Atualmente o custo no mer-cado é estabelecido por m², o meu próprio escritório trabalha desta forma, mas com certeza seria melhor estabelecer um custo em função das horas gastas para elaboração de um projeto, mas isto não é uma realidade nossa.

Do ponto de vista jurídico há justaposição na área de atuação dos arquitetos e enge-nheiros, portanto não é necessário contratar um arquiteto para qualquer tipo de obra, pois o engenheiro pode ser contratado ao invés de um arquiteto. A necessidade pode ser do ponto de vista estético, funcional e técnico, neste ponto de vista, arrisco dizer que se a pessoa quer um espaço construído com uma estética bem defi nida e coeren-te, a necessidade de envolver um arquiteto no processo é essencial. Usei o termo ‘me arrisco dizer’ pois, há espaços construídos belíssimos, nos quais não foram envolvidos nenhum arquiteto, como é o caso da arqui-tetura vernacular.

Se a ideia é dar oportunidade para o cres-cimento de um profi ssional que você per-

cebe que tem um potencial, mas carece de experiência pratica, a contratação de um recém formado é mais que recomendada. Agora, se a intenção é contratar o profi s-sional mais barato, talvez na hora que você sentar para fazer o primeiro churrasco num domingo a tarde, você tenha o sol batendo bem no seu rosto, por exemplo.

O valor de um projeto esta intimamente ligado ao tempo gasto para a sua elaboração e o padrão da construção a ser executada. Quanto mais experiente o arquiteto e maior o padrão da construção, o detalhamento vai num nível que beira a neurose. Como por

Roberto Magalhães

exemplo, projetar um criado mudo onde o fi o do carregador do celular fi ca embutido de maneira a não aparecer e não amassar quando se encosta o criado mudo na pare-de.

O mais importante, para mim, em rela-ção à contratação de um arquiteto, é que a relação entre quem contrata e o arquite-to seja prazerosa. O cliente não deve ser para o arquiteto a pessoa que ‘estraga’ as suas boas ideias; e o arquiteto não deve ser para o cliente aquele que só fi ca ‘inventando moda’, para isto a relação entre os dois deve ser sincera e honesta, e isto é o importante.”

“O material de trabalho do arquiteto é o espaço, como este espaço deve ser articu-lado e elaborado para abrigar a necessidade requerida de uma maneira estética com pro-porção e bom gosto, funcionalidade e tec-nicamente correto. Os ‘porquês’ dependem

Roberto Magalhães

suas boas ideias; e o arquiteto não deve ser para o cliente aquele que só fi ca ‘inventando moda’, para isto a relação entre os dois deve ser sincera e honesta, e isto é o importante.”

ESPECIAL Foto: Divulgação

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PROJETO

A LUZ E SUAS MÚLTIPLAS FACETAS

A arquiteta e lighting designer Neide Senzi é a nossa entrevistada desta edição. Ela é especialista em Lighting Design com curso na Penn State University- USA em Architectural Lighting, e há mais de 25 anos realiza projetos de iluminação e consultoria na área de efi ciên-cia energética. Neide contou um pouco sobre seus desafi os, as novidades do setor e, claro, a importância da iluminação. Confi ra.

NEIDE SENZIObras&Dicas – “Deixo [...] neste livro, as

imagens da luz que capturei nas mais diversas aplicações de arquitetura para que seus olhos vejam, interpretem, vivenciem, experimen-tem, associem, se emocionem e transformem o que veem em mais uma experiência da vida.” Essa é sua refl exão no tocante ao livro “Lighting Design”. Fale um pouco sobre essa experiência.

Neide Senzi - Este livro surgiu a partir do convite da editora J.J. Carol, que selecionou profi ssionais de diversos segmentos, relacio-nados à arquitetura, e me convidou a repre-sentar o lighting designer, através da publica-ção de projetos realizados em 15 anos de

atuação. Foi excitante, pois durante o proces-so pude recordar toda a minha trajetória, atra-vés de cada projeto desenvolvido e cada ima-gem coletada, que expressava o meu “sentir a luz”. Estou agora no processo de lançar outro livro com o tema “Iluminação em ambientes de saúde”, da VJ Editora. Ele surgiu pela vasta experiência neste segmento e aborda o pen-samento do gerir, criar, construir e manter um projeto de um edifício de saúde, mas não tem o foco em ser um portfólio e sim um livro di-dático e técnico, onde convidei profi ssionais para participar, com enfoque em diversos segmentos dentro desta metodologia como: gestor hospitalar, arquiteto, interiores, enge-

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nheiro de instalações, gerenciador da obra, e cliente. Enfim, uma coletânea de aspectos da metodologia de se construir, de fato, um pro-jeto de excelência.

Obras&Dicas - Quais são as tendência do momento quando o assunto é iluminação?

Neide Senzi - O grande enfoque hoje é a economia de energia, pois estamos sendo impactados com aumentos progressivos e, sem dúvida, a iluminação vem sendo bastante discutida sob o aspecto da sustentabilidade e eficiência energética. Assim, tem que ser pri-mordial abordar este aspecto em qualquer projeto luminotécnico e, sem dúvida, a busca por soluções que contribuem com esta otimi-zação das contas de luz é primordial.

Obras&Dicas - O que tem sido feito para equilibrar boa iluminação e menor gasto?

NS – Fomos, durante muito tempo, bom-bardeados por produtos de baixa eficiência, mas com preço baixo de compra. Portanto, a qualidade da luz se restringia ao efeito, a dramaticidade dos ambientes e não se anali-sava seu custo energético. Se criava ambientes cênicos com alto apelo visual e estético, mas com lâmpadas de baixa vida útil, alta geração de calor e consumo, portanto a indústria sem-pre buscou novas tecnologias que equilibrasse esta equação. Nos deparamos com produtos de alta eficiência, mas com custo alto, ou vice e versa. Este tem sido um grande desafio.

O&D - Acredita que as pessoas estão mais conscientes sobre a importância de um proje-to de iluminação?

NS - A luz tem um papel muito determinan-te nos ambientes, que é a identidade estética e visual transmitida aos espaços, à arquitetura, decoração. É ela que molda a imagem do es-paço e nos impacta com a relação emocio-nal que a luz transmite ao lugar. Ela pode ser aconchegante, íntima, acolhedora, nos trans-mitindo sensações de bem-estar, conforto e intimidade. É o que chamo do “humor” da luz, portanto ela atua tanto sob o aspecto estético como na emoção. É a magia da luz.

O&D – Em qual proporção uma iluminação incorreta é capaz de prejudicar uma residên-cia, ou ambiente comercial?

NS - Não projetar, da forma como descrevi acima, é um risco, e a iluminação se transforma

Foto: Rubens Campos

Indústria e Laboratórios Mahle

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no vilão. Se distancia dos elementos da deco-ração ou arquitetura e nos envia informações erradas, resultando no caos visual, desvirtua-mento estético e nos remete a uma confusão de sentimentos e de percepção do espaço ou seus elementos e, consequentemente, nos traz desconforto e empobrecimento visual. A escolha errada das luminárias geram efeitos perturbadores, ofuscam e desequilibram o es-paço o que é muito comum, tanto quanto a cor da luz. Muitas vezes, a luz mais branca, acima de 4000 K, transmite um ambiente mais frio, impessoal, apático para ambientes de es-tar. Já as lâmpadas com luz mais morna trans-mitem relaxamento, e não são indicados para ambientes de trabalho frequente. Por isso, a necessidade de analisar todos os elementos de um projeto, as pessoas que irão frequentar ou viver naqueles ambientes, idade, funções, etc. Somente assim conseguimos formar uma imagem ideal da luz.

O&D - Qual o erro mais comum que as pessoas comentem na iluminação?

NS - É escolher a luminária apenas como peça decorativa ou de design, esquecendo do efeito a ela atribuída, quantidade de luz que proporciona ao ambiente, altura de instalação, posicionamento do facho luminoso, que pode gerar ofuscamento, calor excessivo, luz de-mais ou de menos. Enfi m esta é uma análise atribuída ao estudo da escolha como um todo, não só pelo design, mas também por seus as-pectos técnicos.

O&D - Qual conselho daria a quem tem interesse de trabalhar no setor?

NS - Primeiramente escolher esta especiali-dade pela paixão, e não porque está na moda ser lighting designer, como oportunidade fi nanceira ou do momento de sua vida pro-fi ssional. Esta especialização exige dedicação total, se atualizar a cada dia, buscar conheci-mento incessante, pensar em luz 24 horas, pois com as constantes mudanças, o profi ssio-nal não dedicado exclusivamente se desatuali-za em questões de horas.

O&D – Assim como em projetos arquitetô-nicos, os de iluminação também aliam o brie-fi ng do cliente com inspiração do profi ssional?

NS - Ter o briefi ng do cliente é fundamental para se pensar e projetar a luz, entender seu modo de vida, seus hábitos, suas preferências,

PROJETO Foto: Byron-Prujansky

Museu Pelé

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seus gostos, a atividade que exerce em cada espaço. É uma conversa permanente, inclusi-ve durante a obra, pois o projeto de arquitetu-ra é orgânico, nasce e renasce a cada momen-to, assim como o pensar do cliente, portanto se atualizar com ele é imprescindível.

O&D - Qual o maior desafio que você já

encontrou durante seu trabalho?NS - Muitas vezes nos deparamos com o

cliente desejando um efeito de luz, uma quan-tidade de pontos ou luminosidade, ou até um conceito da iluminação que sabemos que se distancia de sua real necessidade, ou que me-lhor se adéqua ao seu ambiente e uso deste espaço. Isso porque ele imagina um cenário como uma fotografia e não no dia a dia, no uso frequente daquele ambiente. Aí sim se faz necessário conversar muito, expor ideias e mostrar, de fato, que seria um risco, pois depois de instalada a iluminação, se torna bem complexa sua alteração.

Museu PeléO Museu Pelé foi desenvolvido para expor

todo o acervo de peças do ex-jogador Pelé e se localiza no Valongo em Santos, área do por-to, onde o edifício original possuía apenas as paredes originais do século 19. Portanto, neste prédio foi construído outro, internamente em vidro e a estrutura da fachada foi toda restau-rada e preservada, assim a iluminação foi con-cebida em dois conceitos distintos: da fachada, valorizando sua arquitetura colonial da época, enfatizando as janelas e os azulejos portugue-ses originais; e do acervo, onde se focou todos os objetos que contam a trajetória do Rei.

A iluminação foi pensada em cada detalhe, e projetada ponto por ponto de forma individual, devido as grandes diferenças das peças expo-sitivas. Assim, a focalização se deu caso a caso, pensada com muito cuidado para não compe-tir com o valor de cada objeto expostos. “Ela devia acentuar e enfatizar, mas não competir. Foi um grande desafio, mas o resultado ficou diferenciado”, destaca Neide.

O projeto foi todo concebido em led, des-de os projetores da fachada até os spots da exposição. O objetivo era alcançar a melhor eficiência energética aliado ao baixo custo de operação e manutenção.

Indústria e Laboratórios Mahle

Projetos

A construção de 18 mil m² em um terreno de 125 mil m² em Vinhedo tem arquitetura de Loeb e Capote Arquitetos Associados. “O conceito da iluminação era estabelecer uma integração entre esta forte arquitetura, inova-dora e contemporânea e, com a luz, criar uma identidade visual artística e cênica, nada usual para um edifício fabril”, pontua Neide.

Com a arquitetura integrada ao entorno, os taludes do terreno são expostos com a cor na-tural da terra e estas paredes foram acentuadas com a iluminação mais amarelada do vapor de sódio, fixadas por trás das vigas, escondidas para gerar um impactante efeito cênico e con-tribui para a ambientação moderna e tecnoló-gica dos espaços.

No acesso principal, circulação, vestíbulo e entradas, as instalações prediais se encontram aparentes e foram suportes para o uso de lâmpadas fluorescentes azuis, estas lâmpadas, imperceptíveis, iluminam de forma indireta o espaço, gerando uma sensação de infinito e criando contrastes com a luz amarelada dos taludes. Este efeito acentua a transparência das grandes paredes de vidro, delineia a fachada e enfatiza os espaços internos, como também a luz indireta branca dos pilares que confere rit-mo a fachada.

Museu Pelé

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ESPECIAL

MUSEU DO AMANHÃ REALIDADE DO HOJE

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Foto: Byron-Prujansky

O Museu do Amanhã foi construído no Píer Mauá, na zona portuária do Rio de Janeiro. São aproximadamente 30

mil m² com jardins, espelhos d’água, ciclovia e área de lazer. O prédio tem 15 mil m² e arquitetura sustentável e o projeto arquitetô-nico utiliza recursos naturais do local. A água da Baía da Guanabara utilizada na climatização do interior do museu é reutilizada no espelho d´água.

O prédio foi projetado pelo arquiteto es-panhol Santiago Calatrava. O edifício conta com espinhas solares que se movem ao lon-go da claraboia, projetada para adaptar-se às mudanças das condições ambientais. Depen-dendo da hora do dia, a aparência externa do prédio se modifica em prol da maior captação de energia solar. Isso porque o teto do prédio é formado por grandes abas, que se abrem e fecham de acordo com a intensidade do sol, privilegiando as placas fotovoltaicas, respon-sáveis pela captação de energia solar que é convertida em energia elétrica para o prédio.

Para conceber o desenho do edifício, Cala-trava considerou aspectos culturais e históricos da capital carioca e se inspirou em elementos da fauna e da flora brasileiras, numa pesquisa que levou a várias visitas ao Jardim Botânico, ao parque Lage e ao sítio Burle Marx.

As obras tiveram início em 2010 e a inaugu-ração aconteceu em dezembro de 2015. Está orçado em R$ 215 milhões, custeados pela venda dos CEPACs (Certificados de Potencial Adicional de Construção), ou seja, sem re-cursos do tesouro municipal. Teve o apoio da Fundação Roberto Marinho e conta ainda com um investimento de R$ 65 milhões do Banco Santander, seu patrocinador máster.

A seleção de materiais foi realizada a partir de critérios ambientais, dando preferência aos que contêm componentes reciclados, baixa toxidade e alta durabilidade. A entrada de luz e ventilação naturais é privilegiada pela utilização de grandes esquadrias de vidro nas fachadas principal e posterior e esquadrias triangulares nas faces laterais. O projeto usa essencialmen-te o concreto como matéria prima, capaz de dar forma aos seus elementos curvos e/ou inclinados, além de funcionar como suporte para a estrutura metálica da cobertura, que se assemelha a um casco de navio invertido. O projeto conceitual da estrutura da cobertura foi desenvolvido no Brasil pela Projeto Alpha Engenharia.

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Saiba MaisTrata- se de um museu de ciências que

tem como objetivo explorar as possibilida-des do futuro. Por meio de ambientes au-diovisuais, instalações interativas e jogos, o público é levado a examinar o passado, en-tender as várias tendências da atualidade e imaginar futuros possíveis para os próximos 50 anos.

O Museu do Amanhã é cheio de possibi-lidades. O conteúdo da exposição principal percorre uma narrativa multimídia estrutura-da em cinco grandes momentos – Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhã e Nós –, cada um encarnando grandes perguntas que a hu-manidade sempre se fez – De onde viemos? Quem somos? Onde estamos? Para onde vamos? Como queremos ir?

Em 2015 o museu recebeu, como doa-ção, a escultura Puffed Star II, do renomado artista norte-americano Frank Stella. O tra-balho consiste de uma estrela de vinte pon-tas e seis metros de diâmetro que foi instala-do no espelho d’água do museu, em frente à Baía de Guanabara.

ESPECIAL Foto: Byron Prujansky

Espaço Vida

Espaço Atrio

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Espaço Cosmos

Arquitetura

Espaço Matéria

Fotos: 1 e 3 Byron Prujansky - Foto 2: Thales Leite

Arquitetura

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Espaço Pensamento

Santiago Pevsner Calatrava Valls Nasceu em Valência em 28 de julho de

1951, é arquiteto e engenheiro cujo traba-lho tem se tornado bastante popular nas úl-timas décadas.

Calatrava licenciou-se em arquitetura em 1974. Mudou-se para Zurique para estudar engenharia civil, licenciando-se em 1979 e doutorando-se em 1981.

O partido de seus projetos é considerado único e altamente infl uente. Torna-se difícil estabelecer um perfi l da arquitetura de Cala-trava, devido a sua complexidade e heterodo-xia irredutíveis a fórmulas que combinam uma presença visual marcante com conhecimen-tos tecnológicos sólidos.

Frequentemente inspirado por formas orgâ-nicas como esqueletos, seus trabalhos eleva-ram o desenho de certas obras de engenharia para novos patamares. Calatrava gosta de evi-denciar o movimento das forças que animam as construções. Introduz soluções móveis e confi gurações dinâmicas, frequentemente assimétricas. Talvez por isso seja classifi cado como um dos mais ativos “estruturistas” con-temporâneos. Também gosta de dotar suas realizações de conotações organicistas e sur-realistas. Inspira-se primordialmente nos se-res da natureza (antropomórfi cos, harmonias e equilíbrios dos esqueletos ou das formas naturais, articulações-rótulas, tendões-cabos); assume muitos riscos na busca de um estilo próprio que se baseia na natureza. Em sua curta trajetória, já tem obras sufi cientemente importantes para ser reconhecido. Dotado de um grande talento para o desenho, tam-bém se ocupou de pesquisas paralelas à sua arquitetura.

Fonte: Wikipédia

ESPECIAL

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RAM076-16 Feicon SP - Anuncio de visitacao arquitetos 23x27.pdf 1 19/02/16 14:11

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14ª EDIÇÃO DA EXPO REVESTIRANTECIPAMOS AS TENDÊNCIASProfi ssionais do setor, empresas revendedoras e grandes fabricantes que ditam tendência quando o assunto é revestimentos em geral, estão

ansiosos para a chegada da 14ª edição da Expo Revestir, que acontece entre os dias 01 e 04 de março, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.

Para os mais curiosos, a Obras&Dicas adianta alguns lançamentos que irão movimentar o evento deste ano.

Fotos: DivulgaçãoREVESTIR

A Nina Martinelli mostra, em primeira mão, a linha Brick, feita de cerâmica e que traz a possibilidade de diversos acabamentos, o que propõe versatilidade na escolha. Indicado para todos os ambientes, internos e externos, o Brick possui fácil manutenção e a alta dura-bilidade da cerâmica.

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Entre os lançamentos da espanhola Roca, duas linhas se destacam: Debba e Mini, e apostam no uso inteligente do espaço no ba-nheiro.

A Debba propõe agilidade na montagem de ambientes ao oferecer o lavatório de louça integrado ao gabinete, feito de MDF e reves-tido de melamina, material mais resistente à umidade e com sistema Softclose, que facilita a limpeza.

A linha Mini preza pelos aspectos funcio-nal e minimalista, com tamanho reduzido, e é ideal para ambientes compactos. Vem com cuba de apoio integrada na cor branca, gabi-nete, espelho e a espelheira que, juntos, pri-vilegiam o design moderno.

A indústria Santa Luzia apresenta coleções que vem do reuso de plásticos reciclados e recicláveis. Entre as linhas, destaque para a Vértice, feita a partir de fl ocos selecionados de poliuretano reciclado (PUR), que propi-

ciam conforto térmico e acústico. O obje-tivo é modernidade aos ambientes, com

as mesmas características dos Ecobri-cks, revestimentos inspirados nos ti-jolinhos ingleses.

Os principais lançamentos da OWA são forros e revestimentos de madeira Nexa-custic (produzido em MDF) – indicado para teatros, auditórios, restaurantes, estúdios, salas de videoconferência e casas de shows; placas acústicas Sonex illtec - painéis acústicos suspensos, resistentes ao fogo e com uma variedade de formatos geométricos, cores e composições; e forros minerais.

Fotos: Divulgação

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A Colormix lança os ladrilhos da linha Pau-lista, produzidos na Espanha, que trazem no conceito da coleção, o ar cosmopolita e urba-no da cidade de São Paulo. A linha é oferecida com duas tonalidades de cinza, cada uma com dois modelos decorados e um liso.

REVESTIR

A linha de cimentícios do Grupo SRS foi criada com formas variadas na paleta de cores que transita pelos cinzas, azuis e terrosos para áreas internas e externas.

Com foco no mundo fashion da Bahia, sur-giu o Projeto Renda-se, especifi camente no Richelieu, uma das ricas artes manuais pro-duzidas por rendeiras. Os desenhos foram impressos para trazer a riqueza brasileira para estampar paredes e pisos. O mesmo conceito foi aplicado em outras coleções que passeiam por temas como pesca e tribos in-dígenas, impressas por meio das cores e das formas geométricas.

A Mapei traz uma série de produtos que preparam a base para a instalação dos revestimentos. Entre eles: Ultraplan Eco - argamassa de regula-rização autonivelante de endurecimento ultrarrápido; Planipre SC- argamassa de regularização reforçado com fi bra, que funciona para regularizar pequenos defeitos nas superfícies; Eco Prim Grip - primer promotor de aderência universal à base de resinas acrílicas e agregados minerais de baixíssima emissão de compostos orgânicos voláteis (COV); e Primer G - ideal para tratar bases porosas antes da aplicação de argamassas autoni-velantes.

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CAPA

MINASArte, Paisagem e História

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MINASArte, Paisagem e História

Dizem que um mineiro achou uma gar-rafa e que, ao esfregá-la, surge um gê-nio que lhe concede três desejos.

- Quero um queijo, pediu de pronto o mineiro!

- E seu segundo desejo? Perguntou-lhe o gênio.

- Quero outro queijo!

Desejos concedidos, o gênio então faz o que seria sua derradeira pergunta :

- E seu último desejo?

- Eu quero um monte de mulher bonita...

Então o gênio curioso, após ter realizado o último desejo de seu libertador, pergunta:

-Responda-me homem... por quê deixou para pedir mulher bonita só no último pedido?

Acanhado e mansinho, o mineiro responde:

-Porque eu fiquei com vergonha de pedir outro queijo!

Piada pertinente, pois conhecendo Minas

Gerais, dá para entender a paixão de seu povo pelo principal alimento do Estado. Ao se degustar um delicioso queijo da Serra da Canastra, um meia cura ou um do Serro, fica compreensível porque desde 2008, o modo de preparo dos queijos artesanais de algu-mas regiões do Estado foi reconhecido como patrimônio cultural do Brasil , pelo Instituto do patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Mas, Minas Gerais reserva ainda muitas ma-ravilhas. O Estado da região Sudeste , que é um dos mais populosos e economicamente avançados do Brasil, possui grande importân-cia histórica , belezas naturais, cultura peculiar acentuada por manifestações religiosas tradi-cionais e culinária típica do interior, além da importância nacional de produções artísticas contemporâneas. Ou seja: todo um cenário altamente favorável ao turismo!

Fotos: Denise Farina

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Claro que o olhar de arquiteto me levou às belíssimas edifi cações que, em Minas, são preservadas com orgulho. Tiradentes, Con-gonhas, Sabará, Ouro Preto, Mariana são joias da nossa arquitetuta colonial e, de tão vivas, parecem nos contar a todo momento histórias de amores e sofrimentos.

O casario de Ouro Preto, com sua gama de cores, fi ncado entre íngremes ladeiras forra-das de pedras, quase nos faz esquecer o pas-sado escravagista. No entanto, o Museu da Inconfi dência, no centro da cidade, nos atinge como um golpe duro na face: lá estão, entre mobiliário colonial, pinturas, objetos e ouri-vesaria, instrumentos de tortura dos escravos e restos mortais dos inconfi dentes. Chega a chocar e, no mínimo, emocionar o visitante mais sensível. Acho tão importante a visita quanto o é visitar as inúmeras e luxuosas igre-jas e suas obras do Aleijadinho, ou as antigas minas de ouro.

O que dizer de Congonhas e as estátuas dos profetas do Aleijadinho? Magnífi cas, re-ais, idiossincráticas! Dá vontade de sentar nos degraus da igreja e bater papo com qualquer uma delas que, em sua maioria, joga o olhar para a bela serra, se gabando de ser mineira...

Pois, então, Minas é assim: orgulhosa de si, de suas tradições, de seu passado. Em meio à serras encantadoras, clima ameno, arte contemporânea e colonial, culinária simples e maravilhosa, está uma grande parte da nossa história. Conhecer Minas é conhecer nosso passado e isso implica reconhecer nossa iden-tidade; é saber que muita gente lutou e sofreu para sermos o que somos hoje e permitiu a você poder pensar nisso tudo, comendo um pãozinho. De queijo, claro.

CAPA

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Fotos: Denise Farina

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INHOTIMConhecer Inhotim deveria ser bancado

pelo governo e obrigatório em todas as esco-las do Brasil. Não estou exagerando. Por mais que lhe digam que é uma experiência incrível, você sai de lá maravilhado, pois conhecer o local é uma experiência única e enriquecedora para qualquer tipo de espírito; dos mais sensí-veis aos mais truculentos. Não há como não fi car de boca aberta!

Sede de um dos mais importantes acervos de arte contemporânea do Brasil e o maior centro de arte ao ar livre da América Latina, o Instituto Inhotim, em Brumadinho, MG (a cerca de 60 km de Belo Horizonte), segun-do alguns, é o melhor passeio que você ainda não fez.

Tunga, Adriana Varejão, Cildo Meireles, Amílcar de Castro são alguns dos artistas na-cionais presentes , mas lá estão também artis-tas estrangeiros e todos são nomes importan-tes da arte contemporânea mundial.

Reserve uns dois dias, chapéu e sapatos confortáveis e explore cada metro deste lugar mágico. Surpreenda-se com Adriana Varejão e seus enormes “azulejos” azuis, pintados em grandes telas ou suas paredes “descarnadas” de resina, como se fossem entranhas sangren-tas de uma casa cujas estruturas tivessem vida ou guardassem em carne viva a história de seus moradores... Encante-se com Janet Car-diff e sua Forty Part Motet, instalação sonora em 40 canais, com duração de 15 minutos, cantada pelo coro da catedral de Salisbury.

Alguns artistas têm sua própria galeria, de arquitetura surpreendente e perfeitamente adaptadas à natureza circundante. É o caso de Doug Aitken e seu Sonic Pavilion. Trata-se de um furo de 200 metros de profundidade no solo e nele instalada uma série de microfones para captar o som da Terra. Este som é trans-mitido em tempo real, por meio de um sofi s-ticado sistema de equalização e amplifi cação, no interior de um pavilhão de vidro, vazio e circular, que busca uma equivalência entre a experiência auditiva e aquela com o espaço.

Não entendeu nada? Não tem problema, pois cada obra possui uma explicação em português e inglês, e mesmo que você não leia ou não seja exatamente um apaixonado por arte, deixe-se levar pela emoção que cada obra em si irá lhe proporcionar. Sim, porque indiferente é o que você não vai fi car... E eu garanto que você vai me dar razão.

CAPA Fotos: Denise Farina

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C O M P R E O N L I N Ew w w . v e r o m o b i l i . c o m . b r

S H O W R O O MR u a O n d i n a , 2 3 1 - S . J . R i o P r e t o

gizMÁ NIEYAMA +VEROMOBILI

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CAPA

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CULTURA

Piet Mondrian, pintor, criador do movimento neoplasticismo juntamente com Theo van Do-esburg, lançou em 1919 a revista DE Stijl, que signifi ca em sua tradução literal “O Estilo”. O cenário mundial era um pós-guerra e o que podemos chamar de movimento DE Stijl nasce

como uma tentativa de criar uma arte internacional envolvida num espírito de harmonia e ordem.

Mondrian acreditava que somente fazendo arte era possível construir uma teoria da arte, e a obra deve ter uma estrutura própria e uma essência teórica rigorosa. Acreditava que não é possível conhecer algo sem a percepção, mas que a essência das coisas não se conhece na percepção e sim com a refl exão dela.Todos os quadros de Mondrian entre 1920 e 1940 assemelham-se uns aos outros: uma “grade” de coordenadas, que formam quadros de diversos tamanhos cobertos de cores elementares, com predomínio frequente do branco (luz) e a presença do negro (não luz), onde cada um deles depende de uma situação perceptiva diferente: o resultado em termos de valores é sempre o mesmo. Todas as experiências da realidade devem, ao fi nal, revelar a estrutura constante da cons-ciência. Isso porque para Mondrian, o artista não tem o direito de infl uenciar o próximo emotiva e sentimentalmente.- Desde jovem interessou-se por pintura, porém enfrentou a rejeição da família que era muito religiosa e encarava a arte como uma atividade pecaminosa.- Lecionou arte por um período, porém insatisfeito com a profi ssão, resolveu dedicar-se à pintura.- Entrou em contato, ainda jovem (a partir de 1908), com a Teosofi a (conjunto de doutrinas religio-sas de caráter sincrético) que infl uenciou muito sua visão de mundo e formação pessoal e artística.- No início de sua carreira foi muito infl uenciado pelo impressionismo e naturalismo. Nesta fase, destacam-se as pinturas Árvores ao andar e O Moinho Vermelho.- Em 1913, foi conhecer a exposição de arte cubista na cidade de Amsterdã. Esta visita impressio-nou muito Mondrian e teve grande infl uência na formação de seu estilo artístico.- Em 1919, junto com outros artistas, fundou a revista De Stijl.- Em 1930, entrou para o grupo “Cercle et carré” e no ano seguinte para o grupo “Abstração--Criação”.- Em 1938, esteve em Londres e, em 1940, foi para Nova Iorque, cidade em que fi cou muito impressionado com o Jazz. Foi lá que morreu, em 1944.

Apoio

ACABAMENTOS & COMPLEMENTOS

ARTCON- Árvores a luz da Lua - 1908- A árvore vermelha - 1908- Paisagem - 1909- A Igreja de Domburg - 1910- O Moinho Vermelho - 1910- Evolução - 1911- Macieira em fl or - 1912

- Composição (árvore) - 1913- Composição com cores B - 1917- Tabuleiro com cores claras - 1919- Composição com vermelho, amarelo e azul - 1921- Composição com amarelo - 1930- Broadway Boogie-Woogie - 1942

Principais obras de Mondrian

Por Priscila Alves, arquiteta

BEM-VINDOS AO UNIVERSO MONDRIAN!!!

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A Linha Básica ArtConreúne peças versáteis para diferentes composições e ambientes, sem deixar de lado a qualidade e com muita economia.Linha Básica ArtCon.Linha Básica ArtCon.Essencial para sua casa.Perfeita para seu bolso.

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OBRAS PREMIADAS

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BIBLIOTECA BRASILIANANASCE DO SONHO DE UM APAIXONADO POR LIVROS

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Fotos: Ricardo Amado

No final de 1999, o bibliófilo José Min-dlin transmitiu para o neto, Rodrigo Mindlin Loeb, e para o amigo Eduar-

do de Almeida, uma missão: tocar o projeto da biblioteca que abrigaria a rara coleção de livros – o maior acervo particular do Brasil, com cerca de 17 mil títulos e 40 mil volumes – que doou para a Universidade de São Paulo (USP). Quando Mindlin faleceu, em feverei-ro de 2010, aos 95 anos, a obra avançava, vencendo obstáculos, e sua concretização era apenas uma questão de tempo.

O edifício de 21.950 m2 foi inspirado em conceituadas bibliotecas de outros países, como a Beinecke Rare Book & Manuscript Library (Biblioteca Beinecke de Manuscritos e Livros Raros), da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e a Biblioteca Saint Gene-viève, de Paris, na França. A Library of Con-

gress (Biblioteca do Congresso), de Washing-ton, foi consultada para definir diretrizes de conservação das obras.

O complexo abriga também o acervo do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), a Biblio-teca de Obras Raras e Especiais da USP e o Departamento Técnico do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP (SIBI), além de livraria, cafeteria, sala de exposições e auditório para 300 pessoas.

O projeto levou em conta elementos sus-tentáveis. Todos os espaços são ligados por uma grande cobertura com lanternim central de vidro laminado, o que permite a entrada de luz natural, promovendo economia de ener-gia, além de filtros UV e um plano de chapa perfurada, que protegem os livros de radiação solar direta. O Instituto de Elétrica e Eletrônica (IEE) da USP desenvolveu um projeto de ge-

ração de energia fotovoltaica na cobertura do edifício. Com potência de 150kv, visa suprir a demanda do complexo durante o dia.

O paisagismo integrado criou um bosque no entorno da edificação. A implantação da obra teve remanejamento de algumas árvores com replantio bem sucedido. A construção também foi compensada com o plantio de mi-lhares de mudas no bairro do Butantã.

A Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin consumiu cerca de R$ 130 milhões. Além dos recursos orçamentários da USP, a construção do edifício contou com o apoio do Ministé-rio da Cultura, da Fundação Lampadia e do BNDES, e com o patrocínio (por meio da Lei Rouanet) da Petrobras, CBMM, CSN, Fun-dação Telefônica, Suzano Papel e Celulose, Votorantim, Grupo Santander, Raízen, Cosan, Natura e CPFL.

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O ProjetoO projeto de arquitetura foi concebido e de-

senvolvido pelos escritórios de Eduardo de Al-meida e Rodrigo Mindlin Loeb, com a assessoria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. A obra foi iniciada em setembro de 2006 e o prédio da Biblioteca foi inaugurado no dia 23 de março de 2013.

A Associação Paulista de Críticos da Arte (APCA) escolheu o edifício da Biblioteca Brasi-liana Guita e José Mindlin como a melhor obra na categoria Arquitetura em 2013.

Os 4.000m2 de áreas de acervo contam com sistema de ar condicionado e controle de umidade, sistema de sprinkler pré action e de-tecção, e monitoramento através de câmeras e sensores. Uma praça coberta articula uma pas-sagem pública livre com acesso ao auditório, à livraria, cafeteria e uma grande sala de exposi-ções.

Trata-se de projeto e obra com aplicações de conceitos bioclimáticos que contribuem ao aumento da efi ciência energética e conservação de energia, assegurando as condições de con-forto para os ocupantes e usuários e a guarda adequada de acervos de obras raras.

Foram levadas em consideração e aplicadas técnicas e soluções acessíveis para uma dura-bilidade dos materiais, desde os sistemas de impermeabilização até a grande cobertura e sis-tema de quebra sóis nas fachadas ensolaradas.

Um dos diferenciais do projeto é o sistema de controle ambiental, monitoramento e segu-rança do acervo:

- sistema de monitoramento ambiental do acervo em tempo real, através de sensores conectados a um sistema informatizado, permi-tindo verifi car a qualquer momento a tempera-tura, umidade, níveis de CO2 e partículas das áreas de acervo (anéis);

- ar condicionado 24horas com controle de umidade e fi ltro de partículas;

- iluminação em LED com níveis máximos de 50 lux;

- controle de acessos biométrico;- sistema de câmeras de monitoramento liga-

do a central de segurança;- controles em sistema central de automação

da edifi cação BMS, com possibilidade de utili-zação de softwares de identifi cação de risco e ameaças;

- esterilizadores de ar em funcionamento 24 horas; e

- monitoramento visual a partir do vazio cen-tral, todos participam.

Foto: Ricardo AmadoOBRAS PREMIADAS

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