Rodão 201

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www.sintraturb.com.br O RODÃO Florianópolis, junho de 2012 >> número 201 ANO 15 >> Movimento histórico marca avanço da resistência contra os patrões no setor rodoviário, a exemplo da Paulotur. Vitórias vão mudar a vida de centenas de trabalhadores [PAG. 2] GREVE NA SANTO ANJO >> O que melhorou nas condições de trabalho dos companheiros [PAG. 3] >> Como ficaram os salários e quais os índices de aumento [PAG. 4] >> Duas assembleias na Paulotur vão discutir acordo na empresa [PAG. 4]

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Greve na Santo Anjo

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www.sintraturb.com.brO RODÃO

Florianópolis, junho de 2012 >> número 201ANO 15

>> Movimento histórico marca avanço da resistência contra os patrões no setor rodoviário, a exemplo da Paulotur. Vitórias vão mudar a vida de centenas de trabalhadores [PAG. 2]

GREVE NA SANTO ANJO

>> O que melhorou nas condições de trabalho dos companheiros [PAG. 3]

>> Como ficaram os salários e quais os índices de aumento [PAG. 4]

>> Duas assembleias na Paulotur vão discutir acordo na empresa [PAG. 4]

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O RODÃO é uma publicação do Sindicato dos Trabalhadores em transporte Urbano, Rodovi-ário, Turismo, Fretamento e Es-colar da região metropolitana de Florianópolis (Sintraturb).

ENDEREÇO: Avenida Mauro Ramos, 72, Centro/Florianópolis/SC Fone/Fax: (48) [email protected] www.sintraturb.com.br

TIRAGEM: 1.000 exemplares IMPRESSÃO: Diário Catarinense

Expediente

O RODÃO Florianópolis, junho de 2012

O RODÃO

2 RODOVIÁRIOPÁGINA

Santo anjo dá exemplo e realiza greve de 2 dias

O dia dos namorados não foi “de casal” tranquilo e amoroso entre os traba-lhadores e administração da empresa Santo Anjo. É que o clima na empresa “não é nada romântico”, porque a super-exploração e o desrespeito do patrão e administradores contra os trabalhadores não permite um bom clima de trabalho.

E não é de hoje que o sin-dicato denuncia essa situa-ção. Estamos buscando ne-gociação com a empresa há mais de 3 anos. A relação ficou ainda pior porque a empresa já demitiu arbi-trariamente companheiros que buscaram dialogar sobre os problemas, há tempos atrás.

A partir de denúncia do Sintraturb, já se chegou a um acordo judicial na Justiça do Trabalho, em Criciúma. A empresa pas-sou a cumprir alguns itens da legislação que eram desrespeitados, porém, sem grandes mudanças nas questões estruturais.

Com a mudança do ge-rente de RH da empresa,

há um ano, o Sintraturb fez mais uma tentativa de bus-car o diálogo e a negocia-ção dos vários problemas apontados. Mas tudo ficou na promessa de mudar o relacionamento e de resol-ver estas situações.

Na garagem a relação é quase do tempo da es-cravidão, com péssimas condições de trabalho, baixos salários e muito autoritarismo.

O resultado disso tudo foi uma greve nos dias 12 e 13 de Junho. Em muitas décadas de existência da empresa o patrão ainda não tinha sentido a força coletiva de seus trabalha-dores.

E essa greve é só o c o m e ç o . A g o ra o s ( a s ) trabalhadores(as) da em-presa aprenderam a lição e sabem a força que tem em suas mãos, que é a de

se NEGAR A TRABALHAR, quando tem desrespeito e salários baixos.

Essa é a primeira grande vitória dessa greve, a LI-ÇÃO de arrancar do patrão o que era de direito e vinha sendo negado, a LIÇÃO de perceber que o patrão não é todo poderoso e pode ser enfrentado, derrotado e colocado no seu devido lugar de explorador.

UM GRANDE PASSO, MAS A LUTA CONTINUA

Só o fato da companhei-rada da Santo Anjo ter se organizado e mobilizado, rompendo com o medo e a desconfiança de déca-das de sindicato pelego, já é uma grande vitória. Mas, objetivamente, todos os principais problemas que foram levantados e que motivaram a greve FORAM SOLUCIONADOS.

É claro que a empresa “teve que nos engolir” e vai tentar descumprir os itens negociados, es-pecialmente os relativos as condições de trabalho e jornada. Temos que estar atentos e fiscalizar o cumprimento de cada um dos itens. Qualquer problema, a categoria deve procurar o sindi-cato imediatamente. A direção do sindicato vai estar atenta e cobrando os prazos acordados, bem como a continuidade do processo de negociação.

Não vamos resolver todos os problemas e nem chegar a condições ideais de trabalho e sa-lários de uma vez só. São décadas de exploração e sem mobilização da com-panheirada. Cabe a todos (as) nós mantermos essa chama acesa, com a cate-goria se filiando ao sindi-cato e participando das atividades, assembleias e reuniões. Assim vamos continuar avançando e melhorando nossas con-dições de trabalho e de remuneração.

Estamos todos(as) de parabéns.

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3O RODÃO Florianópolis, junho de 2012 RESULTADOS DA GREVE SANTO ANJO

>> Veja as principais mudanças conquistadas com a greve

Os resultados da nossa luta

A empresa vinha con-seguindo dividir os tra-balhadores, sacaneando o pessoal da garagem de uma maneira e o pessoal de operação/viagem de outras formas. Mas no fim das contas, todo mundo vinha sendo desrespei-tado e explorado. Dessa vez, todo mundo junto, resolvemos gritar: AGORA BASTA, AGORA É GREVE!

Essa luta começou com os companheiros da gara-gem, por conta das ques-tões a seguir. Veja o que foi resolvido.

Ambiente de traba-lho: está sujo e sem ma-nutenção, especialmente os banheiros. Faltando algumas ferramentas e outras em péssimo esta-do. A empresa se compro-meteu a imediatamente melhorar as condições

de higiene, especialmente dos banheiros, onde será feito limpeza diariamen-te. Também assumiu o compromisso de fazer um amplo levantamento das condições do local, de fer-ramentas e das condições de salubridade e seguran-ça. Garantiu também o uso de EPI de boa qualidade e pagamento de insalubri-dade e periculosidade a todos que estiverem em exposição a riscos.

Banco de horas: Mes-mo sem acordo com o sin-dicato, a empresa vinha impondo banco de horas ao pessoal da oficina e garagem. Assumiu o com-promisso do FIM DO BAN-

CO DE HORAS, passando a realizar a compensação semanal conforme a Lei prevê. Ou seja, a compen-sação de hora-extra de um dia pode ser feita por DIMINUIÇÃO das horas trabalhadas em outro dia, mas somente dentro da MESMA SEMANA. Tudo o que passar das 44 horas semanais, DEVERÁ SER PAGO como hora-extra.

Controle da jornada: Todos devem REGISTRAR O HORÁRIO de entrada e saída do trabalho, inclu-sive para os intervalos de descanso e alimentação. Assim, todo o tempo efe-tivamente trabalhado vai estar sendo remunerado

corretamente. Garantia de uma folga por semana, sendo a cada 6 semanas, no mínimo, uma folga obrigatoriamente em do-mingo. A lei prevê, no máximo, 2 horas-extras por dia. Se fizer mais, a remuneração deve ser com 100% sobre a hora normal.

Uniforme: Ninguém mais vai pagar antecipa-damente pelo forneci-mento de uniforme. Tudo o que a empresa EXIGIR (macacão, botinão etc) ela deverá fornecer gratui-tamente aos trabalhado-res. Serão dois conjuntos de uniforme por ano. Se for necessário mais, será

avaliado o motivo e for-necido, sem pagamento, se não for por mau uso da parte da categoria.

Mesmas tarefas e sa-lários diferentes: A em-presa reconheceu que não pode ocorrer essa falta de isonomia de tratamento. Fará, com prazo até o fi-nal de Agosto, um amplo levantamento das funções e tarefas da manutenção, definindo claramente as atribuições da função A, B e C. Cada trabalhador da garagem fará, de acordo com o salário que recebe nessas três classificações, APENAS AS TAREFAS de sua função.

Aumento salarial: O aumento salarial será li-near e retroativo a maio. O índice é de 4,88% de re-ajuste pelo INPC, mais um aumento real de 1,12%, totalizando 6%.

Tíquete alimentação: O valor do tíquete alimen-tação será de R$ 220,00, retroativo a maio. A partir de janeiro de 2013 o valor passará a R$ 250. Nestes valores NÃO HAVERÁ DES-CONTO, ou será simbólico para segurança jurídica da empresa junto ao PAT.

Jornada de trabalho: Será de 07 h 20 min di-árias, com compensação semanal de eventuais horas-extras, que podem ser no máximo 2 horas por dia. Caso ultrapasse esse limite, o valor da hora-extra deve ser de 100%, segundo a CLT.

I n t ra j o r n a d a : N ã o ficou definida a forma, devendo ser retomada a negociação e considerar a nova lei profissional, bem como, as características da viagem.

Interjornada: mínimo de 11 horas de descanso entre um dia e outro de

trabalho, mesmo quando em viagens longas, tu-rismo/fretamento, com permanência fora do do-micílio.

Folgas semanais: ga-rantida uma folga a cada 6 dias trabalhados e o seu gozo. Se eventualmente for trabalhada, deverá ser paga em dobro. No mínimo, a cada 6 semanas trabalhadas a folga deverá ser, obrigatoriamente, no domingo.

Paradas extras: A cada 4 horas de viagem deverá acontecer uma parada de 30 minutos (e não mais de 20 minutos como está

hoje). Este tempo é remu-nerado.

Controle da jornada: A pegada e a largada devem ser registradas no cartão/boletim, remunerando todo o tempo efetivamen-te trabalhado e a disposi-ção da empresa. O modelo do Boletim de Registro será reavaliado, podendo retornar ao anterior, que facilita o controle por par-te dos trabalhadores, e de período mensal.

Escalas de trabalho: acabou o desrespeito de ficar ligando num dia para saber a escala de trabalho do dia seguinte. Em 75 dias a empresa deverá implantar um sistema onde as escalas de tra-

balho serão divulgadas com, no mínimo, 15 dias de antecedência, já pre-vendo também as FOLGAS SEMANAIS.

Se a empresa não cum-prir esse prazo, pagará MULTA DE 2% do piso de motorista, para cada tra-balhador, a cada 10 dias, ou fração, de atraso. É cláusula penal específica deste item.

Outras situações: Em relação a jornada ainda tem questões que conti-nuarão a ser negociadas, considerando a nova re-gulamentação. São exem-plos: o tempo de espera, as viagens em duplas etc.

Uniforme: A partir do próximo mês de agosto,

ninguém mais vai pagar antecipadamente pelo fornecimento de unifor-me. Tudo o que a empresa EXIGIR (inclusive cinto, sapatos, jaquetas etc.) deverá fornecer gratuita-mente aos trabalhadores. Serão dois conjuntos de uniforme por ano. Se for necessário mais, será ava-liado o motivo e fornecido, sem pagamento, se não for por mau uso da par-te do(a) trabalhador(a). Quem já pegou um jogo de uniforme neste ano, receberá outro jogo, sem pagamento antecipado, antes de maio de 2013. Quem ainda não pegou será avaliada a necessi-dade.

Na garagem

Mudanças na operação

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4 O RODÃO Florianópolis, junho de 2012RESULTADOS DA GREVESANTO ANJO

Como ficam os salários na Santo Anjo

Piso motorista inte-restadual: R$ 1.703,00 – 4 , 8 8 % I N P C , m a i s 2,9% de aumento real, totalizando 7,78%.

Piso motorista inter-municipal: R$ 1.475,00 – 4 , 8 8 % I N P C , m a i s 1,9% de aumento real, totalizando 6,78%.

P i s o m í n i m o : R $ 808,60 – Este será o ME-NOR salário pago pela empresa, totalizando um aumento de 15,5% sobre o atual piso mínimo.

Demais salários: todos os salários das demais funções existentes na empresa serão aumenta-dos pelo índice de 4,88% INPC, mais aumento real de 1,12%, totalizando 6%.

Diárias de viagem: R$ 25,00 (25% de aumento) para viagens dentro de SC. R$ 35,00 (16,7% de aumento) para viagens fora de SC.

Tíquete Alimentação: O valor do tíquete alimen-

tação será de R$ 220,00, retroativo a maio. A partir de janeiro de 2013 o va-lor passará a R$ 250,00. Nestes valores NÃO HA-VERÁ DESCONTO, ou será simbólico para segurança jurídica da empresa junto ao PAT.

Alojamentos: A empre-sa reconhece os proble-mas existentes nos aloja-mentos e se comprometeu a solucionar os problemas imediatamente, substi-tuindo as roupas de cama, colchões e cobertas, espe-cialmente em Criciúma, revisar os aparelhos de ar condicionado durante o inverno, especialmente em Porto Alegre.

A empresa vai rever a situação da alimentação nos finais de semana no alojamento de Porto Ale-gre, facilitando o desloca-mento dos trabalhadores para restaurantes mais próximos.

Novas contratações:

No prazo máximo de 45 dias, a empresa vai con-tratar mais 8 motoristas para facilitar a montagem dos quadros de escala dentro do prazo já infor-mado.

Liberação de Dirigen-te Sindical: A empresa concordou em liberar, ar-cando com o ônus salarial, um trabalhador de seu

quadro que seja dirigente sindical, pelo período de 60 dias a cada 12 meses.

Dias parados: As ho-ras paralisadas em fun-ção da greve NÃO SERÃO DESCONTADAS e nem compensadas. No cartão/boletim deverá constar como greve.

Proibição de puni-ção: Não poderá haver nenhum tipo de punição, retaliação ou perseguição a nenhum dos trabalha-dores que participou do

movimento grevista, sob pena de nova greve.

Continuidade da ne-gociação: As demais cláu-sulas da pauta de rei-vindicações, bem como os aspectos da nova lei profissional dos motoris-tas, continuarão a ser ne-gociadas para fechamento de acordo coletivo global.

A próxima reunião está marcada para a primeira semana do mês de julho.

OUTRAS CLÁUSULAS GERAIS

Duas assembleias para discutir situação da Paulotur

A direção do Sintraturb está convocando duas assembleias para discutir a situação da Paulotur. Depois das vitórias con-

quistadas no ano passado, estamos discutindo com os patrões a realização de um novo acordo coletivo.

O sindicato entregou a

pauta de reivindicações no mês de março. Três meses depois, os patrões da Paulotur apresentaram uma contraproposta ao sindicato.

A primeira assembleia vai ocorrer no dia 26 de junho, às 21 horas, em Ga-ropaba. O encontro será na Igreja próxima a casa do companheiro Hélio.

O segundo encontro será no dia 27 de junho, na Praia de Fora, no cam-po de futebol suíço no bairro Marivone, em Pa-lhoça.

Assembleia da Paulotur no ano passado

O sindicato vai apre-sentar a contrapropos-ta patronal para que a companheirada avalie e decida se aceita o acordo ou organiza a greve.Por isso, é muito importante a participação de cada um e de cada uma dos traba-lhadores e trabalhadoras da Paulotur.

Os companheiros da Paulotur e da Santo Anjo, tem sido o verdadeiro exemplo entre o setor ro-doviário da Grande Floria-nópolis, e agora é a hora de mostrar mais uma vez

toda a nossa união, força e responsabilidade não só com o nosso futuro, mas com o futuro de toda a companheirada.

E aí, companheirada da Catarinense, Reu-nidas e outras empre-sas? Vamos fazer como a galera da Santo Anjo e Paulotur ou vamos con-tinuar levando porrada dos patrões?

Tá na hora de se or-ganizar para mudar de vida.