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“Competência para resultados: estudo de caso da Subsecretaria de Assuntos Administrativos do Ministério da Saúde” por Rodrigo dos Santos Santana Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre Modalidade Profissional em Saúde Pública. Orientador: Prof. Dr. José Manuel Santos de Varge Maldonado Rio de Janeiro, junho de 2015.

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“Competência para resultados: estudo de caso da Subsecretaria de Assuntos

Administrativos do Ministério da Saúde”

por

Rodrigo dos Santos Santana

Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre Modalidade

Profissional em Saúde Pública.

Orientador: Prof. Dr. José Manuel Santos de Varge Maldonado

Rio de Janeiro, junho de 2015.

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Esta dissertação, intitulada

“Competência para resultados: estudo de caso da Subsecretaria de Assuntos

Administrativos do Ministério da Saúde”

apresentada por

Rodrigo dos Santos Santana

foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:

Prof. Dr. José Antonio Silvestre Fernandes Neto

Prof. Dr. Francisco Javier Uribe Rivera

Prof. Dr. José Manuel Santos de Varge Maldonado – Orientador

Dissertação defendida e aprovada em 16 de junho de 2015.

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Catalogação na fonte Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica Biblioteca de Saúde Pública

S232c Santana, Rodrigo dos Santos Competência para resultados: estudo de caso da Subsecretaria

de Assuntos Administrativos do Ministério da Saúde. / Rodrigo dos Santos Santana. -- 2015.

vii,74 f. : il.

Orientador: José Manuel Santos de Varge Maldonado Dissertação (Mestrado) – Escola Nacional de Saúde Pública

Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2015.

1. Educação Continuada. 2. Gestão em Saúde. 3. Competência Profissional. 4. Força de Trabalho. 5. Administração de Recursos Humanos. 6. Modernização do Setor Público. 7. Políticas Públicas. I. Título.

CDD – 22.ed. – 658.57

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DEDICATÓRIA

Esse trabalho é dedicado à minha mãe Ivani

Anunciação dos Santos, ao meu pai José

Santana e à minha irmã Monalisa dos Santos

Santana.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos colegas do Ministério da Saúde, em especial aos colegas da Subsecretaria de

Assuntos Administrativos-SAA.

Agradeço também ao Diretor do Instituto Nacional de Câncer – INCA Dr. Santini, por seu apoio em

minha trajetória e seu incentivo.

Aos meus amigos, familiares e a Nara, pelo apoio e compreensão de minhas ausências.

Agradeço à amiga Soraya, pelas orientações e dicas.

Aos professores da banca, por avaliarem meu trabalho.

E agradeço em especial, ao Professor José Maldonado, por sua paciência, sabedoria e amizade.

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INDICE

INDICE .............................................................................................................................................................................. 6

RESUMO ........................................................................................................................................................................... ii

PALAVRAS-CHAVE: .......................................................................................................................................................... ii

ABSTRACT........................................................................................................................................................................ iii

KEYWORDS: ................................................................................................................................................................. iii

LISTA DE SIGLAS ......................................................................................................................................................... iv

LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................................................................... vi

LISTA DE TABELAS .................................................................................................................................................... vii

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................. 8

Objetivo Geral: ................................................................................................................................................................. 10

JUSTIFICATIVA ........................................................................................................................................................... 10

PANORAMA TEÓRICO E CONCEITUAL ............................................................................................................... 14

Reforma do Estado: Um Panorama .................................................................................................................................. 14

O conceito de gestão para resultados ............................................................................................................................... 16

O conceito de gestão por competências ............................................................................................................................ 19

Projeto Gestão Por Competências No Ministério da Saúde: histórico ............................................................................ 21

Diagnóstico da Implementação do Projeto de Gestão por Competências no Ministério da Saúde ................................. 31

A nova lógica de Gestão por Competências no Ministério da Saúde e a Educação Permanente .................................... 37

METODOLOGIA ........................................................................................................................................................... 42

Levantamento e análise ─ bibliográfica e documental ..................................................................................................... 44

Observação Participante .................................................................................................................................................. 45

Entrevistas ........................................................................................................................................................................ 45

Análise dos Dados............................................................................................................................................................. 47

Considerações éticas ........................................................................................................................................................ 47

RESULTADOS ............................................................................................................................................................... 49

CONCLUSÃO ................................................................................................................................................................. 61

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REFERÊNCIAS .............................................................................................................................................................. 63

ANEXO I – DOCUMENTOS LEVANTADOS E ANALISADOS ............................................................................. 68

ANEXO II – ROTEIRO DA ENTREVISTA ................................................................................................................ 70

ANEXO III – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TCLE ........................................... 72

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RESUMO

As mudanças no contexto social brasileiro, atreladas aos novos desafios do Estado, bem como da

administração pública, têm gerado aprimoramentos e alterações, na cultura das organizações

públicas, tanto no que diz respeito ao perfil de competências de seus gestores e servidores, quanto

às formas de desenvolvê-las. Para o atingimento da missão institucional, cada vez mais vem sendo

atrelado à definição de estratégias organizacionais e mensuração de resultados, visando o

desenvolvimento de políticas públicas e o lucro social. Assim, o processo de gestão de pessoas por

competências tem sido um dos principais recursos, apropriado pelas organizações, uma vez que seu

foco é no desenvolvimento de seu desempenho, sustentabilidade e resposta à sociedade. O presente

trabalho é um estudo de caso exploratório que investigou como se deu o processo de criação e

institucionalização da Gestão por Competências no Ministério da Saúde e analisou o nível de

implementação da Gestão por Competências na Subsecretaria de Assuntos Administrativos-SAA. A

SAA tem papel fundamental no desenvolvimento da força de trabalho do Ministério da Saúde, e os

processos de educação permanente devem ser fomentados e articulados por esta unidade meio,

subordinada a Secretaria Executiva do Ministério da Saúde. Entretanto, a dinâmica de consolidação

e implementação de um projeto dessa complexidade esbarra em variáveis institucionais, políticas e

conjunturais, o que evidencia que ainda existe um longo caminho a percorrer para o alcance de seus

objetivos.

PALAVRAS-CHAVE:

Educação Permanente, Gestão para Resultados, Gestão por Competências, Reforma do Estado.

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ABSTRACT

The changes in the Brazilian social context, linked to the new challenges of the State and public

administration, have generated enhancements and changes in the culture of the public, both with

regard to the profile of skills of its managers and servers, on ways to develop them. For the

achievement of the institutional mission, increasingly has been linked to the definition of

organizational strategies and measurement of results, for the development of public policies and

social profit. So the people management process expertise has been one of the key features, suitable

for organizations, since its focus is on the development of performance, sustainability and response

to society. This work is an exploratory case study that investigated how was the process of creation

and institutionalization of Management Skills at the Ministry of Health and reviewed the level of

implementation of the Management Skills in the Secretariat for Administrative Affairs-SAA. The

SAA plays a key role in developing the Ministry of Health's workforce, and lifelong learning

processes should be fostered and articulated by this middle unit, under the Executive Secretariat of

the Ministry of Health. However, the dynamic of consolidation and implementation a project of this

complexity comes up against institutional, political and situational variables, which shows that there

is still a long way to go to achieve your goals.

KEYWORDS:

Permanent Education, Managing for Results, Management Skills, State Reform

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LISTA DE SIGLAS

BVS Biblioteca Virtual em Saúde

CEP Comitê de Ética e Pesquisa

CGESP Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas

CGIG Coordenação-Geral de Inovação Gerencial

CGRH Coordenação-Geral de Recursos Humanos

CHA Conhecimento, Habilidade e Atitude

CODEP Coordenação de Desenvolvimento de Pessoas

CONJUR Consultoria Jurídica

CPLP Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

DAGD Departamento de Apoio a Gestão Descentralizada

DAS Direção e Assessoramento Superiores

DASP Departamento Administrativo do Serviço Público

DATASUS Departamento de Informática do SUS

DESD Departamento de Economia da Saúde e Desenvolvimento

DLOG Departamento de Logística do SUS

ENAP Escola Nacional de Administração Pública

ENSP Escola Nacional de Saúde Pública

EP Educação Permanente

Fiocruz Fundação Oswaldo Cruz

FNS Fundo Nacional de Saúde

GM Gabinete do Ministro

IBICT Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações

INCA Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da

Silva

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v

MS Ministério da Saúde

OMS Organização Mundial de Saúde

PDI Plano de Desenvolvimento Individual

PNDP Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoas

SAA Subsecretaria de Assuntos Administrativos

SAS Secretaria de Atenção a Saúde

SCTIE Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos

SE Secretaria Executiva

SGEP Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa

SGTES Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde

SPO Subsecretaria de Planejamento e Orçamento

SUS Sistema Único de Saúde

SVS Secretaria de Vigilância em Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fases da Implantação das Competências Gerenciais Pg. 15

Figura 2 - Modelo de Competências – Ministério da Saúde Pg. 21

Figura 3 - Composição do Perfil Individual de Competências Gerenciais Pg. 22

Figura 4 - Lógica da Gestão de Pessoas por Competências do MS Pg. 24

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Unidades Organizacionais

Pg. 27

Tabela 2- Competências Organizacionais do Ministério da Saúde

Pg. 28

Tabela 3- Competências Organizacionais do Ministério da Saúde

Pg. 36

Tabela 4- Competências Submetidas à Validação

Pg. 37

Tabela 5- Competências Gerenciais do MS

Pg. 38

Tabela 6 - Síntese das opiniões em relação à Missão da SAA

Pg. 51

Tabela 7 - Síntese das opiniões em relação ao perfil de servidor competente da SAA

Pg. 52

Tabela 8- Síntese das opiniões em relação aos conhecimentos de um servidor competente da SAA

Pg. 53

Tabela 9 - Síntese das opiniões em relação às Habilidades de um servidor competente da SAA

Pg. 54

Tabela 10 - Síntese das opiniões em relação às Atitudes de um servidor competente da SAA

Pg. 56

Tabela 11 - Síntese das opiniões em Desafios Futuros da SAA

Pg. 57

Tabela 12 - Síntese das opiniões em Competências Futuras dos Servidores da SAA

Pg. 58

Tabela 13 – Conhecimentos, Habilidades e Atitudes - CHA

Pg. 57

Tabela 14 - Competência Técnica para os Servidores da SAA Pg. 58

Tabela 15 - Competência Técnica para os Servidores da SAA, com descrição e Atributos Observáveis Pg. 58

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INTRODUÇÃO

A busca pela eficiência dos serviços públicos propiciou historicamente diversas reformas

administrativas. Modelos de gestão foram revistos, adotaram-se práticas de gestão por processos,

projetos e programas, buscando-se maior celeridade, efetividade e economicidade das entregas de

produtos e serviços públicos. Nesse contexto, grandes alterações na gestão da máquina estatal foram

realizadas, principalmente nas últimas décadas, dentre elas destaca-se a reforma do serviço civil,

que concentrou seus esforços na meritocracia burocrática e na profissionalização do agente público.

Considerando a evolução dos estudos e conceitos relacionados às entregas feitas pelo

Estado, chegou-se a ideia de uma gestão focada em resultados, que em última análise, significa

atender às demandas e expectativas dos cidadãos, criando valor ao público (MARINI e MARTINS,

2009).

Neste contexto, desde o ano de 2007, o Ministério da Saúde (MS) vem empreendendo

esforços, no sentido de implementar um modelo de Gestão para Resultados, que considere aspectos

como o desenvolvimento da saúde no Brasil e fortalecendo as instituições que compõem o Sistema

Único de Saúde – SUS (BRASIL, 2009). As melhorias nos processos de trabalho, na formação dos

servidores, no estabelecimento de metas e nas pactuações com intergestores, fortalecem o modelo

de governança do SUS, qualificando as entregas para os cidadãos.

Para tanto, ações foram propostas no sentido de formular uma agenda estratégica,

denominada Mais Gestão é Mais Saúde. Esta agenda representou uma mudança organizacional e

administrativa na Gestão Federal do Sistema Único de Saúde – (SUS), e teve seu início no ano de

2008 envolvendo todas as unidades do Ministério da Saúde. Para o desenvolvimento desta agenda

houve a construção de um mapa estratégico, bem como projetos de gestão de custos, reestruturação

organizacional, gestão por competências, gestão do conhecimento dentre outras ações organizativas

na pasta.

Dentro do processo de reforma administrativa e de mudança no modelo de gestão no

Ministério da Saúde, representado pelas ações do Mais Saúde, destaca-se o objeto deste estudo, o

Projeto de Gestão de Pessoas por Competências no Ministério da Saúde. Esta ação foi iniciada no

ano de 2010 e coordenada internamente por uma equipe composta pela extinta Coordenação-Geral

de Inovação Gerencial – CGIG e pela Coordenação-Geral de Recursos Humanos (CGRH),

atualmente Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas (CGESP).

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O Projeto de Gestão de Pessoas por Competências no Ministério da Saúde teve seu modelo

pautado nas diretrizes da Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal, instituída pelo Decreto

nº 5.707, de 23/02/2006, e alinhado ao Planejamento Estratégico do Ministério da Saúde. Objetivou

identificar as Competências Organizacionais críticas para o sucesso das entregas do Ministério da

Saúde, desdobrá-las em Competências Profissionais e desenvolvê-las junto ao quadro de servidores.

As Competências Profissionais, no escopo do projeto, foram dividas em Competências

Gerenciais-Gerais e Competências Técnicas - Conhecimentos, Habilidades e Atitudes (CHA) – que

todo o corpo de gestores e servidores, respectivamente, deveriam apresentar para o exercício eficaz

e eficiente de suas atividades.

O projeto teve no início de sua execução, a identificação das competências organizacionais.

Posteriormente foram mapeadas com as principais lideranças do Ministério da Saúde as

Competências Gerenciais-Gerais. Tais competências foram relacionadas a trilhas de

desenvolvimento, visando preencher a lacuna de desenvolvimento apresentada por cada gestor.

Foram identificadas lacunas de desenvolvimento pela avaliação de cada gestor em relação à

Competência Gerencial-Geral estabelecida. Esta etapa de avaliação foi realizada por intermédio de

autoavaliação e avaliação da chefia imediata.

No que se refere à abrangência do escopo do projeto, todas as Secretarias Finalísticas do

Ministério da Saúde e sua Secretaria Executiva foram participantes. Entretanto, o mapeamento das

Competências-Técnicas foi executado apenas na Diretoria-Executiva do Fundo Nacional de Saúde –

FNS, em caráter de teste (projeto piloto).

Em função disso, há que se notar que o desdobramento das competências profissionais no

que concerne às Competências Técnicas não foi aplicado no resto do Ministério e tão pouco na

Subsecretaria de Assuntos Administrativos – SAA do Ministério da Saúde, unidade subordinada à

Secretaria Executiva – SE. Deste modo, o foco principal da pesquisa será a SAA, área do Ministério

da Saúde responsável por processos transversais da pasta e que tem em seus macro desafios que

fomentar condições para a efetivação das políticas de saúde propostas pelas demais Secretarias do

Ministério da Saúde.

Além disso, dará continuidade à implementação do Projeto de Gestão por Competências,

por intermédio da Coordenação Geral de Gestão de Pessoas que compõe a sua estrutura

organizacional.

A SAA conta com quatro Coordenações-Gerais, responsáveis pela gestão administrativa do

Ministério da Saúde. Por conta de seu desafio institucional, a SAA ao longo dos anos aperfeiçoa seu

processo de planejamento e foca suas ações para resultados que impactem no bom desempenho do

Ministério da Saúde.

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Para contribuir com a política de desenvolvimento das pessoas no Ministério da Saúde e

focar as ações de capacitação para o alcance dos resultados, busca-se com a releitura de todo o

processo realizado pelo Projeto de Gestão por Competências, resgatar o esforço desprendido em

2010 e nos anos subsequentes, identificando seu status atual e suas potencialidades na SAA.

Objetivo Geral:

Descobrir Investigar o nível de implementação do projeto Gestão por Competências do

Ministério da Saúde, na Subsecretaria de Assuntos Administrativos-SAA, buscando a continuidade

das ações e o fortalecimento das diretrizes do plano de desenvolvimento dos servidores.

Este objetivo geral desdobra-se nos seguintes objetivos específicos:

Identificar as Competências desejáveis para resultados, na visão dos Gestores da SAA

e atores estratégicos do Ministério da Saúde.

Propor uma Competência Técnica ao corpo de servidores com foco nos resultados

institucionais.

JUSTIFICATIVA

A reforma do Estado tornou-se tema central nos anos 90 em todo o mundo, sendo uma resposta

ao processo de globalização em curso, que reduziu a autonomia dos mesmos de formular e

implementar políticas públicas (Pereira, 1998).

A administração tida como burocrática clássica, foi introduzida no país com a criação em 1936

do Departamento Administrativo do Serviço Público – DASP, considerada a primeira reforma

administrativa (PEREIRA, 1998).

De fato, a administração pública teve como conceito consagrado o Estado como executor direto

do desenvolvimento, na gestão de políticas públicas e no provimento de serviços, o que pode ser

caracterizado como o estado de bem-estar desenvolvimentista. Neste sentido, seu modelo de gestão

alinhava-se ao modelo burocrático ortodoxo, nos moldes do tipo ideal weberiano mecanicista

(hierarquia, verticalização, rigidez, insulamento, etc.) (BRASIL, 2009). O modelo burocrático no

Brasil perdurou até a década de 90. De acordo com Bresser-Pereira (2010), com o aumento do

tamanho do Estado, a administração burocrática tornou-se ineficiente.

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Diversos foram os movimentos desde então para reformulação do modelo de gerenciar a

máquina estatal, com discussões do papel do Estado, seja ele como promotor de bem estar social ou

regulador do mercado. A Reforma Gerencial surge como consequência administrativa da

consolidação do Estado Social e ao mesmo tempo como fundamental de sua legitimação (Bresser-

Pereira, 2010). Segundo o autor, uma característica da Reforma Gerencial no Brasil, foi a distinção

das atividades de exclusividade do Estado e as não exclusivas realizadas por organizações públicas

não estatais.

Bresser-Pereira (2010) afirma que a Reforma Gerencial nasceu da pressão da sociedade por

maiores resultados das atividades do Estado, com eficiência e redução dos custos da máquina

estatal. No entanto, a transição do estado burocrático para o Modelo Gerencial evidenciou,

principalmente na perspectiva administrativa, que a diminuição do tamanho do Estado presente na

ideologia neoliberal, não se adequava às necessidades do país.

Com a necessidade de se tornar mais eficiente, o Estado brasileiro teve que expandir seu papel

de atuação, com o aumento da disponibilização de seus produtos e serviços para a sociedade. Nesta

perspectiva, a Governança Pública aparece como um conceito que tenta expandir o conceito de

administração pública, propondo múltiplos arranjos de diversos atores no desenvolvimento e gestão

de Políticas Públicas e serviços, impondo ao Estado um papel de direcionador estratégico de

modelos de gestão neoburocráticos flexíveis. O conceito de Governança está necessariamente

ligado ao papel do Estado eficiente (premissa básica do Modelo Gerencial), uma vez que a

organização dos serviços e arranjos institucionais propicia o alcance de resultados.

A Gestão para Resultados, neste sentido, é resultante de ações e serviços oriundos de um

Modelo Gerencial, organizados em arranjos institucionais (Modelos de Governança) com foco no

desenvolvimento de atividades que promovam a liderança na organização, criação de uma

consciência estratégica (com foco no planejamento das ações), organização dos processos de

trabalho, instituição de gerenciamento de projetos, contratualização de resultados, gestão da

informação e do conhecimento, financiamento e gestão de pessoas.

Portanto, ao se focar em uma Gestão para Resultados, observam-se componentes que envolvem

a organização e as pessoas. Neste sentido, o tema de Gestão por Competências, mais precisamente

as competências organizacionais, assume um papel de destaque na academia e por consequência nas

organizações. A partir da década de 1990, diversos autores discorrem sobre o tema, destacando o

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papel das competências essenciais de uma organização e sua função de sustentação das estratégias

definidas e, consequentemente, à entrega de resultados organizacionais.

A implementação de um modelo de gestão por competências no Ministério da Saúde requereu a

disponibilização de recursos financeiros, de lideranças, servidores e de tempo, o que justifica a

necessidade de uma releitura de todo o projeto, seus avanços durante sua trajetória de execução e a

proposição de sua continuidade no que se refere às Competências Técnicas, mais precisamente a

uma competência técnica focada em resultados para os servidores da Subsecretaria de Assuntos

Administrativos - SAA.

O processo de Gestão por Competências no Ministério da Saúde constituiu-se em um esforço

institucional. Atualmente o Ministério da Saúde conta com um rol de Competências Essenciais,

Gerenciais-Gerais e Competências Técnicas Gerais.

Neste sentido, esta pesquisa pretende à luz da literatura de Gestão por Competências e

Gestão para Resultados, propor Competência Técnica para a Subsecretaria de Assuntos

Administrativos (SAA).

Ainda é exígua a produção de conhecimento acerca da implementação do projeto de gestão

por competências no âmbito do Ministério da Saúde, sobretudo por seu pouco tempo de atuação.

Entretanto, torna-se relevante a análise proposta neste projeto, na perspectiva de registro e

problematização de seu percurso até o momento.

A motivação inicial para esse estudo está relacionada a necessidade de melhor entender o

percurso de criação do Projeto de Gestão por Competências e seus desdobramentos.

No primeiro capítulo, é delineado um panorama das reformas administrativas que ocorreram

no Brasil e a importância da gestão por competências na qualificação desse processo. No segundo

capítulo é apresentada uma breve revisão teórica da literatura em relação aos conceitos de gestão

por competências, gestão para resultados e governança. A seguir descreve-se a abordagem

metodológica que norteou a realização da pesquisa, que se configura como um estudo de caso

exploratório. No terceiro capítulo apresentam-se os resultados e, no quarto, a discussão dos

principais achados encontrados no estudo, tentando-se responder às perguntas de pesquisa propostas

incialmente, bem como cumprir com os objetivos do projeto. Por fim, nas considerações finais são

ressaltados os pontos mais importantes e algumas conclusões preliminares.

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A hipótese que o estudo buscou explorar é que o Projeto de Gestão por Competências é um

projeto estratégico de mapeamento das competências essenciais, gerenciais gerais e técnicas gerais

que não foi capilarizado na Instituição, uma vez que não houve desdobramentos para todas as

unidades organizacionais no que se refere à criação de competências técnicas. Para isso, optou-se,

por utilizar a metodologia criada no Projeto e implementá-la na Subsecretaria de Assuntos

Administrativos .

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PANORAMA TEÓRICO E CONCEITUAL Deleitar-se com a leitura é trocar horas aborrecidas por horas

de prazer.

(Montesquieu)

Para entender a lógica do processo de criação e desenvolvimento do Projeto de Gestão de

Pessoas por Competências no âmbito do Ministério da Saúde, optou-se por apresentar a reforma do

Estado, bem como uma distinção entre as reformas administrativas que ocorreram no país e revisar

alguns conceitos que permitissem a apreensão de nosso objeto de estudo. Assim, escolheu-se os

conceitos de gestão para resultados, gestão por competências, governança.

Reforma do Estado: Um Panorama

A reforma do Estado tornou-se tema central nos anos 90 em todo o mundo, sendo uma resposta

ao processo de globalização em curso, que reduziu a autonomia dos mesmos de formular e

implementar políticas públicas (PEREIRA, 1998).

A administração tida como burocrática clássica, foi introduzida no país com a criação em 1936

do Departamento Administrativo do Serviço Público – DASP, considerada a primeira reforma

administrativa (PEREIRA, 1998).

De fato, a administração pública teve como conceito consagrado o Estado como executor direto

do desenvolvimento, na gestão de políticas públicas e no provimento de serviços, o que pode ser

caracterizado como o estado de bem-estar desenvolvimentista. Neste sentido, seu modelo de gestão

alinhava-se ao modelo burocrático ortodoxo, nos moldes do tipo ideal weberiano mecanicista

(hierarquia, verticalização, rigidez, insulamento, etc.) (BRASIL, 2009). O modelo burocrático no

Brasil perdurou até a década de 90. De acordo com Bresser-Pereira (2010), com o aumento do

tamanho do Estado, a administração burocrática tornou-se ineficiente.

Diversos foram os movimentos desde então para reformulação do modelo de gerenciar a

máquina estatal, com discussões do papel do Estado, seja ele como promotor de bem estar social ou

regulador do mercado. A Reforma Gerencial surge como consequência administrativa da

consolidação do Estado Social e ao mesmo tempo como fundamental de sua legitimação

(PEREIRA, 2010). Segundo o autor, uma característica da Reforma Gerencial no Brasil, foi a

distinção das atividades de exclusividade do Estado e as não exclusivas realizadas por organizações

públicas não estatais.

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Bresser-Pereira (2010) afirma que a Reforma Gerencial nasceu da pressão da sociedade por

maiores resultados das atividades do Estado, com eficiência e redução dos custos da máquina

estatal. No entanto, a transição do estado burocrático para o Modelo Gerencial evidenciou,

principalmente na perspectiva administrativa, que a diminuição do tamanho do Estado presente na

ideologia neoliberal, não se adequava às necessidades do país.

Com a necessidade de se tornar mais eficiente, o Estado brasileiro teve que expandir seu papel

de atuação, com o aumento da disponibilização de seus produtos e serviços para a sociedade. Nesta

perspectiva, a Governança Pública aparece como um conceito que tenta expandir o conceito de

administração pública, propondo múltiplos arranjos de diversos atores no desenvolvimento e gestão

de Políticas Públicas e serviços, impondo ao Estado um papel de direcionador estratégico de

modelos de gestão neoburocráticos flexíveis. O conceito de Governança está necessariamente

ligado ao papel do Estado eficiente (premissa básica do Modelo Gerencial), uma vez que a

organização dos serviços e arranjos institucionais propicia o alcance de resultados.

A Gestão para Resultados, neste sentido, é resultante de ações e serviços oriundos de um

Modelo Gerencial, organizados em arranjos institucionais (Modelos de Governança) com foco no

desenvolvimento de atividades que promovam a liderança na organização, criação de uma

consciência estratégica (com foco no planejamento das ações), organização dos processos de

trabalho, instituição de gerenciamento de projetos, contratualização de resultados, gestão da

informação e do conhecimento, financiamento e gestão de pessoas.

Portanto, ao se focar em uma Gestão para Resultados, observam-se componentes que envolvem

a organização e as pessoas. Neste sentido, o tema Gestão por Competências, mais precisamente as

competências organizacionais, assume um papel de destaque na academia e por consequência nas

organizações. A partir da década de 1990, diversos autores discorrem sobre o assunto, destacando o

papel das competências essenciais de uma organização e sua função de sustentação das estratégias

definidas e, consequentemente, à entrega de resultados organizacionais.

No Brasil aconteceram duas grandes reformas administrativas: a burocrática, iniciada em

1937 e a gerencial, que começa em 1995. A reforma administrativa burocrática ocorreu no primeiro

governo Vargas e objetivou transformar a administração pública brasileira de patrimonial para um

serviço profissional, meritocrático e de competência técnica. Bresser-Pereira (2009)

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O conceito de gestão para resultados

PEREIRA (2009), afirma que ao tornar a administração pública mais eficiente, legitimou os

grandes serviços sociais (educação, saúde, previdência e assistência social) que depois da revolução

de 1930 e da transição democrática de 1985, resultaram no regime democrático e social brasileiro.

O autor explica que a Administração Pública Gerencial é uma resposta à expansão das funções

econômicas e sociais do Estado.

Neste sentido, tem ligação direta com a eficiência da administração, com a necessidade de

reduzir custos e aumentar a qualidade dos serviços. Valores como o da eficiência e qualidade, bem

como o desenvolvimento de cultura gerencial nas organizações públicas, são marcas do modelo

gerencial.

Para o autor, a administração pública gerencial é um avanço e um rompimento em certo

modo com a administração burocrática, mas não negando todos seus princípios. Na realidade

Bresser-Pereira (1995) entende que a administração gerencial está apoiada na administração

burocrática e na admissão dos critérios de mérito, sistema estruturado de remuneração das

carreiras, avaliação de desempenho e no treinamento sistemático.

Entretanto, é necessário especificar melhor o conceito de resultados, haja vista que não há

um consenso teórico em torno de sua utilização. RUA (2007), afirma que a resultado é

genericamente usado para designar coisas tão diferentes quanto produtos preliminares e

intermediários, produtos finais, efeitos e até impactos.

Nesse sentido, para FIGUEIREDO e FIGUEIREDO (1986), os produtos são indicadores do

que uma gestão realiza suas prioridades e demandas que são atendidas, juntamente com os

interesses articulados, benefícios e objetivos perseguidos; Todavia, produtos não significam

resultados RUA (2007), define que um produto final é sempre uma saída direta, objetivamente

constatável, da operação de um sistema: bens ou serviços.

Para PEREIRA (1995) a diferença fundamental da administração burocrática para a

gerencial está na forma de controle, que deixa sua base do processo para concentrar-se nos

resultados. O autor afirma que na Administração Gerencial, a estratégia está relacionada com a

definição dos objetivos que o gestor deve atingir em sua unidade, em sua autonomia na gestão dos

recursos (financeiros, patrimoniais e pessoas), com foco no atingimento dos objetivos e no controle

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a posteriori dos resultados. Em síntese, desloca-se da ênfase dos procedimentos (meios) para os

resultados (fins).

O aumento da flexibilidade e da qualidade da atuação da administração pública está pautado

nos preceitos do modelo teórico do gerencialismo. Assim, o enfoque deixa de ser, procedimental e

legalista, para ter relevância na qualidade com o cumprimento de metas e resultados que podem ser

medidos e controlados.

GAETANI (2009) afirma que a nova gestão pública é composta de um conjunto de ideias

orientadas para o desempenho, focadas em resultados, com ênfase na contratualização, flexibilidade

e práticas descentralizadas ou delegadas.

Neste sentido, considerando os preceitos de uma administração gerencial do Estado, uma

gestão de qualidade é aquela que gera resultados. Para Marini e Martins (2009) resultados no setor

público correspondem ao atendimento das demandas e expectativas dos cidadãos-usuários, na

perspectiva de criação de valor público. Na visão dos autores os resultados não acontecem por

acaso e argumentam que nos Governos em geral, as políticas, programas e projetos não são auto-

orientados para resultados. Afirmam ainda que mesmo tendo os resultados pré-definidos, os

mesmos não são autoexecutáveis.

Marini e Martins (2009) apresentam que a Gestão para Resultados não é apenas uma

obsessão da agenda da nova gestão pública, na verdade é cada vez mais importante que o tema seja

discutido e implementado haja vista que as demandas se tornam mais complexas e os recursos mais

escassos alinhados ao desenvolvimento dos recursos tecnológicos que permitem condições

melhores e inéditas na geração de resultados.

Existem muitas metodologias de gestão do desempenho já consolidadas, testadas em

diversos contextos e organizações e consagradas pela literatura gerencial. Alguns modelos mais

abrangentes se posicionam na perspectiva de governos ou organizações como um todo (estratégia e

organização) e modelos mais focados em determinadas dimensões do desempenho organizacional,

tais como finanças, marketing, operações e logística (Marini e Martins, 2009).

Neste sentido, os autores analisam atributos para um bom modelo de gestão para resultados.

Primeiramente o modelo deve ser dinâmico não se limitando apenas na mensuração do

desempenho.

Em consonância com o dinamismo do modelo de gestão para resultados, Marini e Martins

(2009), ressaltam que o mesmo também deve ser abrangente e basear-se num conceito que envolva

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tanto o esforço quanto os resultados propostos, partindo-se da premissa que não há resultados sem

alinhamento de esforços na contrapartida de que esforços desalinhados não promovem resultados.

Neste sentido, o modelo de gestão para resultados ganha o caráter multidimensional,

considerando a necessidade de integrar diversos atores ou dimensões de esforços em busca de um

resultado específico. Os autores elencam como dimensões que contribuem aos resultados os

processos de trabalho (cadeia de valor, fluxos e manuais), recursos (infraestrutura e financiamento),

estruturas (cargos e funções), sistemas informacionais e principalmente pessoas.

Considerando o aspecto estratégico das pessoas na organização, os estudos voltados à gestão

para resultados buscaram alinhar as demandas e expectativas da sociedade ao desempenho das

ações do Estado, por meio do desempenho das pessoas que compõem a máquina estatal (servidores

públicos).

Nesse sentido, a Gestão por Competências tem papel fundamental em congregar os

resultados esperados de um governo ou organização ao desempenho e desenvolvimento das

pessoas.

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O conceito de gestão por competências

A partir da década de 1980, com o advento da globalização, várias transformações mundiais

simultâneas passaram a alterar as relações econômicas e de poder entre os países, assim como

provocaram a revisão de princípios e valores éticos, políticos e socioculturais até então

considerados consolidados e amplamente aceitos (ALMEIDA, 2002).

Sob o impacto de processos liberalizantes, a partir do final do séc. XX o que acontece em

um país acaba afetando direta ou indiretamente nos outros, como por exemplo, no comércio exterior

com a entrada de novos produtos e serviços, o que estimula a concorrência entre as organizações e

resultam na busca por melhor qualidade dos produtos e serviços e em seus processos de produção.

Deste modo, a acirrada concorrência entre as organizações e a busca por um diferencial

competitivo ocasionou a necessidade de buscar pessoas com competências mais amplas e

complexas que fossem capazes de rearranjar recursos criativamente nas novas situações de trabalho.

Em função disso, competência se tornou um dos conceitos mais discutidos atualmente por

acadêmicos e profissionais. Neste contexto, diferentes correntes teóricas e áreas do conhecimento

têm investido na busca de definições e no estudo das competências com diferentes enfoques,

interpretações, classificações e finalidades práticas.

Não obstante, o conceito de competências como o entendemos hoje começa a ser elaborado

em 1973 por David McClelland, um psicólogo da Universidade de Harvard que passou a se

questionar quanto à necessidade de se reduzir vieses na seleção profissional e procurou identificar

características pessoais estatisticamente associadas ao bom desempenho no trabalho ou ao sucesso

na vida profissional (SAMPAIO, 2009). A partir das contribuições deste autor, vários outros

teorizaram sobre o conceito de competências.

Ainda versando sobre o conceito de Gestão por Competências SPARROW e BOGNANNO

(1994), afirmam que competências são repertórios comportamentais identificados como relevantes

para obtenção de resultados em um trabalho específico, numa carreira profissional ou até mesmo no

contexto de uma estratégia organizacional.

Já LE BOTERF (2000) ressalta que uma pessoa sabe agir com competência quando sabe

combinar um conjunto de recursos pertinentes para realizar em um contexto particular, atividades

profissionais que são conduzidas a à produção de um resultado que atenda critérios pré-definidos de

desempenho.

Nesse sentido, é possível classificar as competências como profissionais (quando são

atribuídas às pessoas ou equipes de trabalho) e organizacionais (quando são relacionadas a uma

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organização como um todo ou em suas unidades). A sistemática, portanto é de que as competências

profissionais aliadas a recursos e processos, dão origem e sustentação às competências da

organização, e a Gestão por Competências é o alinhamento das competências humanas com as

competências organizacionais com vistas ao atingimento dos objetivos estratégicos de uma

organização (BRANDÃO, 2012).

Considerando a literatura vigente que versa a respeito de Gestão por Competências é

possível afirmar que de um modo geral, as diferentes definições de competência levam em

consideração o conhecimento, a habilidade e a atitude.

Nesse sentido, DURAND (2000) reforça que os conhecimentos são definidos como uma

série de informações assimiladas e estruturadas pelo indivíduo dentro de um esquema preexistente

que tornam possível que ele compreenda o mundo. A habilidade consiste na capacidade de fazer

agir de maneira concreta e de acordo com objetivos ou processos pré-definidos. E as atitudes, por

sua vez, seriam aspectos sociais e afetivos relacionados ao trabalho.

Assim sendo, a competência pode ser entendida como desempenho individual em

determinado contexto de trabalho, observável em termos de comportamentos e resultante da

mobilização de conhecimentos, habilidades e atitudes (DURAND, 2000; DUTRA, 2004).

O mapeamento de competências aperfeiçoa o desempenho na organização, uma vez que

identifica as necessidades de treinamento e de capacitação. Isso ocorre haja vista que, fornece

insumos que subsidiam ações de educação continuada aos trabalhadores de uma organização, que

por sua vez executam suas atribuições focadas na competência desenvolvida, produto do

mapeamento realizado (FAIAD et al, 2012).

No Brasil, com o objetivo de normatizar e de desenvolver um conjunto de conhecimentos,

habilidades e atitudes necessários ao desempenho das funções dos servidores, visando ao alcance

dos objetivos da instituição, foi instituída a Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal, por

meio do Decreto nº 5.707/2006. O Decreto buscou propor uma diretriz para os Órgãos da

Administração Direta, no que tange ao mapeamento das competências de seus servidores (BRASIL,

2006).

Atualmente, nesse contexto, a procura por capacitação é crescente, pois o mercado de

trabalho seja ele privado seja público, prioriza a competência. Dessa maneira, políticas públicas são

implementadas com a finalidade de garantir que as capacitações sejam ofertadas e aconteçam de

forma efetiva a fim de justificar sua existência.

A fundamentação teórica apresentada acima dá suporte ao percurso metodológico adotado

nesta pesquisa e fornece elementos para a análise e discussão dos resultados encontrados.

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Projeto Gestão Por Competências No Ministério da Saúde: histórico

A Gestão de Pessoas por Competências no âmbito do Governo Federal foi estabelecida

como diretriz por meio do Decreto nº 5.707, de 23 de fevereiro de 2006 e constitui-se como um

marco da administração pública no que tange o desenvolvimento de pessoas na administração

pública federal. A Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoas (PNDP) tem por finalidade a

melhoria da eficiência e da qualidade dos serviços públicos, partindo-se da premissa que

desenvolver permanentemente o servidor público é essencial para o alcance dos resultados

esperados pelos cidadãos.

Na lógica desta política, a concepção de capacitação é ampliada, no sentido de ser

reconhecida como um processo permanente de aprendizagem que contempla diversas formas de

aprender e diferentes métodos de ensino. Dentro desta perspectiva, é possível para administração

pública interessada em desenvolver seu corpo de gestores e servidores, estabelecer processos de

aprendizagem em serviço, cursos presenciais e a distância, grupos de estudos, intercâmbios de

conhecimentos e visitas técnicas.

A Política Nacional, neste sentido, busca reconhecer e dar relevância ao papel de

desenvolvimento das escolas de governo e atribuindo à Escola Nacional de Administração Pública –

ENAP a promoção, elaboração e execução das ações de capacitação que contribuam aos planos de

capacitação desenvolvidos pelos órgãos da administração pública federal, no que tange à habilitação

dos servidores no exercício de cargos efetivos e comissionados de direção e assessoramento

superiores – DAS (BRASIL, 2006).

Em consonância ao preconizado na Política Nacional de desenvolvimento de pessoas, o

projeto de implantação da Gestão por Competências no Ministério da Saúde, teve seu início em 08

de fevereiro de 2010, como desdobramentos da mudança de modelo de gestão proposta pelo projeto

Mais Saúde, 2008-2011. Foi coordenado por duas unidades da Secretaria Executiva do Ministério

da Saúde, na qual uma equipe de servidores passou por um processo de capacitação no tema de

Competências, em uma oficina realizada pela consultora contratada para a implementação do

projeto, que utilizou a metodologia de mapeamento de competências adotada na ENAP.

O projeto teve como objetivo realizar o mapeamento das competências organizacionais e

individuais necessárias para o atingimento das metas e objetivos estratégicos do Ministério da

Saúde.

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Para viabilizar a execução do projeto, foi proposto um arranjo institucional de governança

por intermédio da criação de um Grupo Coordenador do projeto instituído pela Portaria MS nº

61/2010 (BRASIL, 2010).

A composição deste grupo foi definida no artigo 2º da portaria, e teve sua composição

disposta da seguinte forma:

três representantes da então Coordenação-Geral de Recursos Humanos da

Subsecretaria de Assuntos Administrativos;

um representante do Departamento de Informática do SUS – DATASUS da

Secretaria Executiva; e

um representante da equipe de comunicação do Gabinete da Secretaria Executiva do

Ministério da Saúde.

Além do intitulado Grupo Coordenador, a portaria trouxe outro arranjo institucional

denominado Grupo Consultivo.

A composição deste grupo foi disposta da seguinte forma:

dois representantes do Gabinete do Ministro;

dois representantes da Secretaria de Atenção à Saúde – SAS;

dois representantes da Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS;

dois representantes da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos –

SCTIE;

dois representantes da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa – SGEP;

dois representantes da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde –

SGTES;

dois representantes da Subsecretaria de Assuntos Administrativos – SAA;

um representante do Fundo Nacional de Saúde – FNS;

um representante da Consultoria Jurídica- CONJUR/MS;

um representante da Subsecretaria de Planejamento e Orçamento – SPO;

um representante do Departamento de Logística – DLOG;

um representante do Departamento de Apoio a Gestão Descentralizada – DAGD; e

um representante do Departamento de Economia da Saúde e Desenvolvimento –

DESD.

O grupo consultivo teve como atribuições apoiar o desenvolvimento dos planos operacionais

de trabalho para implementação do projeto e acompanhar e avaliar os resultados das ações

(BRASIL, 2010).

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23

Foi realizada uma oficina para a construção e divulgação da lógica de implantação do

projeto, bem como a habilitação da equipe para receber o repasse metodológico do serviço de

consultoria. Cabe ressaltar que todo trabalho executado no projeto seguiu as diretrizes instituídas

pelo Decreto nº 5.707, de 23/02/2006 (Goulart, 2010 – Relatório Produto 1).

O Decreto nº 5.707/2006 determina que a Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoas

(PNDP) deve ser implementada pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta,

autárquica e fundacional. Para isso, os órgãos e entidades devem priorizar, nos dois primeiros anos

de sua vigência, a qualificação de suas unidades de gestão de pessoas para a execução das ações de

capacitação (BRASIL, 2006).

O projeto teve como objetivos a identificação, descrição e a avaliação das competências

gerenciais necessárias ao alcance das metas e objetivos do Ministério da Saúde. Além disso

preconizava a modelagem, descrição e validação das competências técnicas, seguindo, conforme

afirmado, a metodologia adotada pela Escola Nacional de Administração Pública – ENAP, gestora

da Gestão por Competências no âmbito do governo federal.

O projeto em 2010, teve sua lógica de implementação por fases, conforme apresentado na

Figura 1

Figura 1 - Fases da Implantação das Competências Gerenciais

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Fonte: Goulart, 2010 - Relatório produto 1.

A Figura 1 mostra as macro-etapas de implementação da Gestão por Competências no

Ministério da Saúde. Dividas por fases de implementação perpassa desde a criação e definição da

equipe de trabalho no projeto até a construção de um plano de capacitação para os servidores do

MS.

Na fase 1, foi constituída uma equipe de trabalho formada pelo grupo coordenador e por um

grupo consultivo. Os grupos foram formados por representantes de todas as Secretarias do

Ministério da Saúde e recebeu o repasse metodológico do mapeamento de competências.

A fase 2, representou a definição do Modelo de Gestão por Competências do Ministério da

Saúde, que levou em consideração a missão da instituição, o planejamento estratégico, documentos

direcionadores dos principais programas da pasta, bem como as diretrizes da Política Nacional de

Saúde e as diretrizes da Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal do Ministério do

Planejamento Orçamento e Gestão.

O trabalho previu uma Análise documental, representada pela fase 3, em que foram

selecionados documentos direcionadores das ações e projetos do Ministério da Saúde. O principal

objetivo desta fase era o de identificar as competências organizacionais e gerenciais da instituição.

A fase 4 compreendeu na utilização da técnica de entrevista sob a ótica dos gestores da

instituição. Em suma a fase buscou descobrir a opinião desses atores em relação às competências

que este grupo deveria apresentar para o cumprimento das ações no Ministério.

Posteriormente às entrevistas, iniciou-se a fase 5, que envolveu a descrição das

competências organizacionais, uma vez que já haviam sido levantados os documentos bases bem

como colhidas as percepções dos gestores envolvidos.

Na fase 6, foram realizadas as validações das competências organizacionais do ministério da

saúde por meio de preenchimento de formulário impresso pelos gestores envolvidos no projeto. Em

sequência foram realizadas a descrição das competências individuais compreendida como fase 7 no

projeto, a validação das competências na lógica anteriormente utilizada que correspondeu à fase 8.

Foram propostas trilhas de desenvolvimento para composição de um plano anual de

capacitação no Ministério da Saúde. Estas trilhas estão alinhadas às competências individuais dos

servidores, bem como as devolutivas realizadas com as informações de perfis de competências, o

que corresponde respectivamente com as fases 09, 10 e 11.

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A fase 12 foi o estabelecimento de um plano anual de capacitação, pautado nas etapas do

projeto e visando o preenchimento da lacuna de competência evidenciada.

A lógica do trabalho foi uma construção coletiva, sintetizando as competências

organizacionais e gerenciais, sob o entendimento dos participantes.

Para viabilizar o desenvolvimento do projeto de Gestão de Pessoas por Competências do

Ministério da Saúde, foram constituídos dois grupos. O primeiro deles intitulado "Grupo

Coordenador" foi composto pela Coordenação de Modelagem de Estruturas Organizacionais e pela

Coordenação-Geral de Recursos Humanos (atualmente respectivamente Coordenação de Inovação

de Processos e de Estruturas Organizacionais e Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas). O

segundo foi o grupo chamado "Grupo Consultivo" com representantes de algumas unidades

organizacionais do Ministério da Saúde. A divisão dos grupos e dos participantes por unidades

organizacionais do Ministério da Saúde, são melhor representados pela Tabela-1.

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Tabela-1: Unidades Organizacionais

GRUPO COORDENADOR

GRUPO CONSULTIVO

Coordenação de Modelagem de Estruturas

Organizacionais (Atualmente: Coordenação de

Inovação de Processos e de Estruturas

Organizacionais)

Coordenação-Geral de Recursos Humanos

(Atualmente: Coordenação-Geral de Gestão de

Pessoas)

Gabinete do Ministro

Secretaria de Atenção à Saúde

Secretaria de Vigilância em Saúde

Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos

Estratégicos

Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa

Secretaria de Gestão do Trabalho e da

Educação na Saúde

Subsecretaria de Assuntos Administrativos

Fundo Nacional de Saúde

Consultoria Jurídica

Subsecretaria de Planejamento e Orçamento

Departamento de Logística

Departamento de Apoio à Gestão

Descentralizada

Departamento de Economia da Saúde e

Desenvolvimento

Fonte: Goulart, 2010 - Relatório produto 2.

No processo foi desenvolvido uma análise documental que subsidiou a descrição das

competências organizacionais e gerenciais do Ministério da Saúde. Esta análise foi realizada pelos

participantes do grupo coordenador e consultivo. Foram analisados diversos documentos

institucionais, Decretos de Estrutura Regimental, Regimento Interno, Leis Orgânicas da Saúde e

artigos da Constituição Federal de 1988 (Goulart, 2010 – Relatório produto 2).

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Da análise documental, resultou na proposição das competências organizacionais agregadas

por categoria, macro-ações que estão relacionadas com as principais entregas e eixos norteadores

das atividades das unidades do Ministério da Saúde.

A análise dos documentos foi realizada durante uma oficina de Gestão por competências,

conduzida pela consultoria da Professora Sônia Goulart. Os participantes foram divididos em

grupos, que deveriam analisar os documentos e identificar no conjunto de informações de seu grupo

as competências organizacionais e as competências gerenciais do Ministério.

O resultado dessa análise documental foi sintetizado em dois documentos contendo as

competências organizacionais e as competências gerenciais. Esses documentos serviram de base

para a descrição inicial das competências organizacionais e gerenciais do Ministério da Saúde.

Foram elencadas áreas de ação do Ministério da Saúde e descritas às respectivas competências que

podem ser visualizadas na Tabela 2.

Tabela 2: Competências Organizacionais do Ministério da Saúde

Categoria Competências Organizacionais

Assistência Ser capaz de executar ações de assistências terapêutica integral, inclusive farmacêutica

Fiscalização

Ser capaz de controlar a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse

para a Saúde

Ser capaz de participar no controle e na fiscalização da produção, transporte, guarda e

utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos

Ser capaz de avaliar o impacto que as tecnologias provocam à saúde

Ser capaz de participar na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde

do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas;

Ser capaz de coordenar e fiscalizar o Sistema Único de Saúde.

Gestão

Capacidade de gerir insumos críticos para a saúde.

Ser capaz de gerir ações de promoção, prevenção e vigilância da saúde.

Capacidade de atuar com uma estrutura organizacional que de suporte à agenda

estratégica do MS e viabilize o alcance dos objetivos institucionais.

Capacidade de planejar e alocar seus recursos de forma econômica, priorizando a

alocação destes em investimentos que apresentem uma melhor relação custo benefício.

Ser capaz de criar uma cultura de desempenho dentro do MS, com vistas a dar

sustentabilidade ao modelo de gestão para resultados que visa o alcance dos objetivos

estratégicos do MS.

Ser capaz de garantir e entregar serviços com qualidade e eficácia, considerando as

necessidades e anseios da população, objetivando a melhoria das condições de saúde

destes.

Ser capaz de redefinir / atualizar constantemente as competências essenciais do órgão,

tendo como referência o plano plurianual, as mudanças no ambiente interno e externo e

consequentes alterações no planejamento estratégico.

Ser capaz de implementar, estimular e garantir a logística dos insumos e materiais que

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contemplam os serviços entregues à população de forma eficaz, objetivando a redução

dos gastos e ganhos de escala.

Capacidade de promover inovações nos processos e instrumentos de gestão do Sistema

Único de Saúde;

Ser capaz de superar a fragmentação das políticas e programas de saúde por meio da

organização de uma rede regionalizada e hierarquizada de ações e serviços e da

qualificação da gestão;

Ser capaz de adotar, em parceria com estados e municípios, ações com o objetivo de

alcançar as metas prioritárias do Pacto pela Vida.

Ser capaz de contribuir para o fortalecimento da gestão do SUS, em cada eixo de ação

do Pacto de Gestão do SUS, valorizando a relação solidária entre gestores;

Ser capaz de contribuir para a superação de problemas relativos à gestão do SUS como:

o financiamento, a regionalização e as redes de atenção à saúde, a integração dos

processos e dos instrumentos de planejamento e programação, a gestão da educação e

do trabalho, a participação social, o controle público e a revisão do processo normativo

vigente.

Pesquisa Ser capaz de fomentar pesquisa científica e tecnológica em saúde.

Pessoas

Elaborar o Plano Anual de Capacitação, em consonância com as diretrizes da Política

Nacional de Desenvolvimento de Pessoal

Acompanhar a execução do Plano Anual de Capacitação - PAC e avaliar a

implementação do Programa de Educação Permanente do Ministério da Saúde –

PEP/MS.

Elaborar o Relatório de Execução do Plano Anual de Capacitação.

Desenvolver e Implementar o Sistema de Gestão de Pessoas por Competências - SGPC

Desenvolver e Implementar um Banco de Talentos para gerenciar o Sistema de Gestão

de Pessoas por Competências.

Orientar e instrumentalizar os servidores do Ministério da Saúde com o intuito de

aperfeiçoar o desempenho no trabalho.

Subsidiar o processo de elaboração do Plano de Desenvolvimento Profissional por

Competências –PDC.

Ser capaz de ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;

Capacidade de criar e estimular uma cultura de compartilhamento do conhecimento,

promovendo vínculo nos relacionamentos e visão de interdependência.

Capacidade de estimular e capacitar de forma racional, efetiva e permanente dos

colaboradores

Capacidade de estabelecer parcerias com as escolas de governo, órgãos federais,

municipais e unidades da Federação, objetivando o desenvolvimento dos colaboradores

do MS.

Capacidade de estabelecer uma política de recrutamento e seleção de profissionais por

competência, por meio do estabelecimento de critérios estratégicos e com vistas à

recomposição da força de trabalho do MS e constituição de equipes com o perfil

adequado às funções a serem exercidas.

Ser capaz de participar na formulação da política e na execução de ações de

saneamento básico;

Ser capaz de formular a política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e

outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção;

Ser capaz de formular a execução da política de sangue e seus derivados.

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Políticas

Ser capaz de formular políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de

doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para

sua promoção, proteção e recuperação.

Ser capaz de formular a política nacional de saúde. Ou Ser capaz de formular e

promover a política nacional de saúde.

Ser capaz de atuar na formulação de estratégias e no controle da execução da política

de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros,

cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada

esfera do governo.

Capacidade de implementar os instrumentos da Política Nacional de Desenvolvimento

de Pessoal, com eficácia e adaptando-os à realidade e necessidades do MS que

possibilite o alcance dos objetivos estratégicos da organização.

Capacidade de induzir políticas através da transferência de recursos, por meio da

adesão de municípios, estados e União, através dos seis grandes blocos de

financiamento (Atenção Básica, Média e Alta Complexidade da Assistência, Vigilância

em Saúde, Assistência Farmacêutica, Gestão do SUS e Investimentos em Saúde).

Ser capaz de articular ações que visem qualificar e assegurar o SUS como política

pública conforme o Pacto em Defesa do SUS.

Saúde do Trabalhador

Ser capaz de colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do

trabalho;

Ser capaz de informar ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas

sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como

os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão,

periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional;

Ser capaz de gerir e disponibilizar informações sobre saúde.

Ser capaz de executar ações de saúde do trabalhador;

Vigilância

Ser capaz de executar ações de vigilância sanitária;

Ser capaz de executar ações de vigilância epidemiológica;

Ser capaz de promover a vigilância nutricional e a orientação alimentar;

Fonte: Goulart, 2010 – Anexo - Relatório produto 2.

Após o levantamento documental e definição das competências organizacionais, conforme a

Tabela-2 foram realizadas entrevistas com os principais gestores do MS para identificação das

Competências Gerenciais Gerais.

As entrevistas fizeram parte de uma das etapas do modelo de Gestão por Competências do

Ministério da Saúde. O projeto foi dividido em ciclos para sua implementação, sendo que, o

primeiro foi a definição de estratégia de implementação, posteriormente a construção de cinco

competências gerenciais gerais (onde todos os gestores da casa seriam avaliados) e por último a

modelagem das competências técnicas. As entrevistas foram realizadas por duplas de participantes

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do grupo coordenador totalizando 84 entrevistados do Ministério. Com base nas respostas dos

gestores foram identificadas competências organizacionais e gerenciais.

A síntese das informações coletadas nas entrevistas com os gestores foram transcritas para

um documento que serviram de base para a descrição inicial das competências organizacionais e

gerenciais, conforme representado na Figura 2

Figura 2 – Modelo de Competências – Ministério da Saúde

Fonte: Goulart, 2010 - Relatório produto 1.

As fontes para a modelagem das competências foram as chefias imediatas dos gestores e

uma autoavaliação.

A Figura 3 mostra como foi a composição do perfil individual de competências gerenciais.

Para compor este perfil, foram feitas duas avaliações: autoavaliação e avaliação pela chefia

imediata, com pesos iguais. A autoavaliação era feita pelo servidor e considerava sua percepção no

que tange às suas competências, das lacunas que acreditava possuir. Sobre quais aspectos ele

deveria melhorar seja nos conhecimentos dos assuntos de sua rotina, nas habilidades em lhe dar

com o dia-a-dia do trabalho ou nas atitudes que deveria apresentar no cotidiano. Já a avaliação das

chefias considerava os mesmos aspectos, entretanto sob a ótica da chefia imediata, considerando as

interações do servidor com seus pares e demais unidades.

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Figura 3 - Composição do Perfil Individual de Competências Gerenciais

Fonte: Goulart, 2010 - Relatório produto 1.

Diagnóstico da Implementação do Projeto de Gestão por Competências no Ministério

da Saúde

Este tópico tem como objetivo descrever os dados provenientes da coleta realizada no

Ministério da Saúde, bem como uma análise das informações do projeto como um todo e da teoria

selecionada. A organização deste capítulo foi estruturada pela identificação dos fatores críticos de

sucesso, gargalos e desafios na implementação do modelo de Gestão de Pessoas por Competências

no MS e por fim na análise das entrevistas realizadas.

Em relação aos fatores críticos de sucesso do processo de implementação do modelo de

Gestão de Pessoas por Competências no Ministério da Saúde, se faz necessário retomar a discussão

do processo de reforma da administração pública. Na visão de Farah (2006) o objetivo geral da

reforma era a adoção de um novo paradigma capaz de agir no aprendizado contínuo dos servidores

e de novos conteúdos. Neste sentido o processo brasileiro teve como uma de suas primeiras

tentativas de profissionalização do serviço público e consequentemente de seus servidores na “Era

Vargas”, com a implantação da administração pública burocrática, pautada na meritocracia com

foco central no modelo weberiano, onde foram valorizados estratégias como concurso público e

treinamentos (BRASIL, 1995).

Entretanto com o colapso do modelo weberiano, adotado no Brasil e evidenciado na

década de 1990, foi adotado um modelo de reforma que tinha como preceito a utilização do

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conceito de governança e dos princípios políticos que orientaram as propostas (visto a nova

realidade de abertura política no país), quais foram: accountability, controle social (MATHIAS-

PEREIRA, 2008).

Neste sentido, diversas ações serviram de fomentadores da implantação de processos

de capacitação e treinamento dos servidores públicos brasileiros, todas elas com foco na efetividade

da prestação de serviços. Numa tentativa de otimização dos processos envolvidos, surgiram o

Programa da Qualidade e Participação na Administração (QPAP), definido como instrumento de

mudança cultural (a mudança desejada era do modelo burocrático para o modelo gerencial)

(PAULA, 2005); além do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GesPública)

que fora instituído pelo Decreto nº 5.378, de 23 de fevereiro de 2005, responsável pela melhoria da

qualidade dos serviços públicos, aumento da competitividade do país e proposição de um modelo de

excelência da administração pública (BRASIL, 2009).

Diversas ações e iniciativas foram adotadas no decorrer dos anos de implementação do

GesPública e proveniente destes esforços no intuito de se obter a excelência no serviço público que

em 2006 o Decreto nº 5.707 estabeleceu a Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal

(PNDP), que propôs novas diretrizes para o desenvolvimento de pessoas.

Neste sentido, o Ministério da Saúde iniciou um projeto que tinha como base as ações

preconizadas na PNDP. Entretanto após revisitar os principais resultados do Projeto de Gestão de

Pessoas por Competências do Ministério da Saúde, pode-se afirmar que seu modelo teve por base as

competências organizacionais e os direcionadores estratégicos previstos do programa Mais Saúde.

Por se tratar de uma grande ação coletiva, que envolveu diversos atores e gestores desta pasta, o

projeto com um todo não foi concluído, observando-se que ocorreram entraves em sua fase de

implementação, supostamente por mudanças na alta gestão do Ministério, bem como mudanças em

suas diretrizes estratégicas.

Observou-se na releitura dos produtos da consultoria da Professora Sônia Goulart, que os

resultados do projeto estavam orientados em ciclos. No primeiro ciclo definiu-se um modelo de

Gestão por Competências onde foram mapeadas Competências Gerenciais Gerais e Competências

Técnicas para o cargo de Agente Administrativo da Secretaria Executiva.

Constata-se que os demais ciclos do projeto, não tiveram resultados aparentes e infere-se

que alinhado à mudança de gestão, fatores como a falta de um plano de comunicação efetivo, um

sistema informatizado para contemplação das fases do projeto e emissão de relatórios gerenciais,

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validação de competências e devolução dos perfis poderia auxiliar no resgate do projeto e na

construção de uma Agenda alinhada ao plano anual de capacitação.

Avaliando as características do modelo de Gestão de Pessoas por Competências do

Ministério da Saúde com a literatura existente sobre o tema foi possível identificar alguns gargalos

na efetivação do projeto como um todo (processo de mapeamento das competências, modelo

proposto pela consultoria), sendo os mais relevantes apontados a seguir.

A equipe de trabalho do projeto foi definida por portaria do órgão e foram criados dois

grupos de trabalho (Grupo Coordenador e Grupo Consultivo). O intuito destas instâncias era

absorver a metodologia trazida pela consultoria contratada. Brandão (2012) afirma que para o

mapeamento de competências é necessário identificar as competências organizacionais necessárias

à consecução dos objetivos da organização. Nota-se que após a oficina de trabalho realizada com os

grupos na Fase 1 os grupos de trabalho produziram de forma coletiva, uma síntese das

competências organizacionais e gerenciais do Ministério da Saúde (GOULART, 2010).

O projeto tinha como premissa básica a agenda estratégica do Ministério da Saúde –

Programa Mais Saúde: Direito de todos – 2008-2011. As macro-diretrizes do modelo de gestão por

competências foram estabelecidas pelo Decreto 5.707 que instituiu a Política Nacional de

Desenvolvimento de Pessoal (PNDP). Carbone et al. (2009) sugerem que primeiramente haja uma

pesquisa documental com análise da missão institucional, visão de futuro e objetivos, bem como de

outros documentos que possam contribuir para o entendimento do negócio da organização. Neste

sentido, observa-se que a construção do modelo no Ministério da Saúde foi produto da oficina

realizada com o grupo coordenador e consultivo e validado pelos gestores da pasta.

O produto da oficina foi a identificação de competências organizacionais e gerenciais,

validação por meio de análise documental e entrevistas com o primeiro escalão do Ministério.

Naquele momento foram definidas oito competências organizacionais, cinco competências

gerenciais básicas, comuns a todos os ocupantes de função gerencial, e cinco competências técnicas

básicas consideradas fundamentais ao alcance dos objetivos organizacionais do Ministério da Saúde

(GOULART, 2010).

Foram selecionados os documentos direcionadores dos programas estratégicos e das

Políticas de Saúde, além da Missão institucional, regimento interno e estrutura organizacional do

MS, agenda estratégica e Constituição Federal. Na leitura dos relatórios (produtos da consultoria) é

possível identificar uma inversão na ordem das fases preconizadas por Brandão (2012) e Carbone et

al. (2009), haja vista que primeiramente foram estruturados dois grupos por portaria no MS com

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representantes dos diversos Órgãos daquela pasta, para ai definirem Competências (Organizacionais

e Gerenciais Gerais) e após estas competências serem validadas pelos gestores de primeiro escalão,

fosse realizado uma análise documental (de instrumentos e peças definidas em oficina).

Na fase seguinte a técnica escolhida de entrevista teve como propósito identificar

competências organizacionais e gerenciais do Ministério da Saúde na perspectiva de seus gestores.

Foram entrevistados 84 gestores do Ministério da Saúde. A síntese das informações levantadas nas

entrevistas formaram um documento de base para descrição inicial das competências no MS,

(GOULART, 2010). Segundo Brandão et al. (2009) a técnica de entrevista é um dos métodos que

podem ser utilizados para coleta de informações no mapeamento de competências.

Com base na análise documental e das entrevistas o grupo coordenador iniciou a descrição

das competências organizacionais do Ministério da Saúde, (GOULART, 2010). Analisando os

produtos da consultoria, observou-se que na descrição das competências foram observados alguns

aspectos importantes na visão de Brandão (2012), para que os mesmos indiquem o desempenho

esperado, tais como descrições curtas, não obvias e sem duplicidades ou redundâncias.

Após a descrição das competências pautada na análise documental e nas entrevistas, houve a

necessidade de validação das mesmas. Para isso foi enviado formulário impresso aos gestores

(Formulário de Validação das Competências Organizacionais). As competências resultantes da

validação podem ser observadas por meio da Tabela 3.

Após a definição das competências organizacionais do Ministério da Saúde, ocorreu a fase de

descrição das Competências Gerenciais orientadas pela consultoria da Prof.ª Sonia Goulart.

Observa-se que as competências propostas foram descritas de forma simples, com uma linguagem

não complexa e aparentemente praticáveis e compreensíveis. Na Tabela 4, são descritas as

competências gerenciais para o Ministério da Saúde, que foram submetidas à validação e escolha

final dos gestores.

Observa-se que a metodologia de descrição das competências individuais, aqui evidenciadas

como Competências Gerenciais utilizada pela consultoria é a pautada na literatura por Carbone et

al. (2009), onde o mais indicado é descrever as competências profissionais sob a forma de

referenciais de desempenho, comportamentos objetivos e passíveis de observação no ambiente de

trabalho. Dutra (2004) por sua vez, afirma que algumas competências individuais são exigidas para

todos os trabalhadores e podem ser classificadas em Competências Genéricas ou Técnicas.

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Tabela 3 – Competências Organizacionais do Ministério da Saúde

Competências Organizacionais do Ministério da Saúde (com adaptações)

Fonte: GOULART, Sonia. Relatório Produto 2 – Projeto de Implantação da Gestão por Competências do

Ministério da Saúde. 2010.

Vale salientar que no rol acima apresentado, algumas descrições não seguem à risca o

proposto pela literatura no que concerne aos comportamentos objetivos e passiveis de observação

como, por exemplo, no caso da competência de Gestão de Pessoas “...para que possam dar o suporte

efetivo....”, onde observar a efetividade do suporte por conta do comportamento do Gestor tem

como característica de mensuração apenas o critério discricionário de quem observa.

Competência Organizacional Descrição

Promoção da Saúde Coordenar o Estado e a Sociedade para uma

ação convergente de adoção de práticas e

comportamentos saudáveis

Atenção à Saúde Articular a organização das redes de Atenção

à Saúde, com a perspectiva de um modelo de

desenvolvimento voltado para a equidade em

sua dimensão pessoal e territorial

Complexo Industrial/ Produtivo da Saúde Garantir ao país a produção e aquisição de

insumos críticos e tecnológicos relacionados

à saúde, por meio do fortalecimento do

Complexo Industrial e de Inovação em Saúde

Força de Trabalho em Saúde Definir diretrizes para a formação de

recursos humanos na área de saúde,

caracterizando-a como um investimento

essencial para a perspectiva de evolução do

Sistema Único de Saúde (SUS)

Qualificação da Gestão Promover a inovação contínua nos processos

e instrumentos de gestão do Sistema Único

de Saúde (SUS). Direcionar o

desenvolvimento das competências

gerenciais e técnicas dos profissionais de

Saúde para o alcance dos objetivos

estratégicos do Ministério

Participação e Controle Social Fortalecer a gestão do SUS, pela promoção

da relação articulada entre os atores sociais e

políticos da área da saúde, com ênfase na

consolidação dos Conselhos de Saúde

estaduais e municipais

Cooperação Internacional Representar o Brasil no cenário internacional

de saúde, cooperando com o

desenvolvimento dos sistemas de saúde dos

países da América do sul e Central, da CPLP

e da África

Competência Essencial Formular, promover e controlar a execução

da Política Nacional de Saúde

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Tabela 4 – Competências Submetidas à Validação

Fonte: GOULART, Sonia. Relatório produto 2 – Projeto de implantação da Gestão por Competências do

Ministério da Saúde, 2010 com adaptações.

O processo de validação das Competências Gerenciais Gerais, deu-se por meio de ajustes e

apresentação aos Secretários do MS e posteriormente aos demais gestores. Foi estabelecida uma

escala de importância de 1 a 4 a cada competência descrita. Participaram da validação um total de

163 gestores do Ministério, sendo que a amostra inicial proposta foi de 30% do corpo gerencial,

entretanto chegou-se a um total de 48% de participação.

Foram apresentadas treze Competências Gerenciais Gerais, sendo que o pactuado aos

gestores na validação é que fossem escolhidas cinco Competências Gerenciais Gerais que

compuseram o Plano de Desenvolvimento Gerencial do Ministério da Saúde para os anos de

Competência Gerencial Descrição

Gestão de Pessoas Gerenciar sua equipe, integrando as pessoas e administrando

conflitos, de forma ética e respeitosa

Gestão de Pessoas Identificar as necessidades de capacitação de sua equipe, para que

possam dar o suporte efetivo à execução das atividades da Unidade

Gestão de Pessoas Dar feedback aos colaboradores, de forma clara e eficaz,

objetivando torná-los conhecedores das suas principais

necessidades de desenvolvimento

Planejamento Participativo Planejar e executar de forma participativa as atividades de sua

unidade, alinhando-as à estratégia e missão do MS

Planejamento Participativo Delegar tarefas à equipe, estruturando o trabalho, otimizando o

tempo e recursos empregados

Gestão de Resultados Alcançar resultados eficientes, considerando os objetivos de sua

unidade e das unidades e instituições relacionadas

Gestão de Resultados Avaliar e monitorar os resultados atingidos

Processo Decisório Decidir sobre as ações de sua Unidade, responsabilizando-se pela

decisão tomada com base em informações consistentes e

disponíveis

Articulação Estabelecer parcerias internas e externas para melhorar a eficiência

e sustentabilidade dos processos de sua área de atuação

Comunicação Saber expressar-se de forma objetiva e clara, representando o MS

nas diversas instâncias governamentais e empresariais, para

públicos internos e externos

Gestão de Recursos Gerir os recursos públicos relacionados à sua Unidade de atuação

de forma a garantir sua efetiva aplicação com foco nos resultados

definidos

Gestão Administrativa Gerir sua Unidade, definindo prioridades de atuação em

conformidade com os princípios e diretrizes do SUS

Gestão Administrativa Atuar com foco no cliente, utilizando instrumentos que imprimam

qualidade aos serviços oferecidos pelo MS

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2010/2011, GOULART (2010). A tabela 5 apresenta o rol de Competências validadas pela amostra

de gestores do MS participantes da pesquisa:

Tabela 5 – Competências Gerenciais do MS

Fonte: GOULART, Sonia. Relatório produto 2 – Projeto de Implantação da Gestão por

Competências do Ministério da Saúde. 2010

O conjunto de observações, resultante da análise do histórico do projeto no Ministério da

Saúde, possibilitou a captação de insumos para uma confrontação de quais deverão ser as ações do

projeto Gestão por Competências na SAA, à luz de toda legislação vigente e da literatura, para

alcançar seus objetivos estratégicos com foco em resultado, bem como, subsidiar propostas para a

política de educação permanente da Secretaria e demais ações de desenvolvimento de pessoas.

Tal iniciativa se for implementada, poderá contribuir para o aperfeiçoamento contínuo de

todas as unidades do Ministério da Saúde, havendo necessidade apenas da reprodução das etapas

metodológicas presentes nesta pesquisa.

A nova lógica de Gestão por Competências no Ministério da Saúde e a Educação

Permanente

Mudanças das diretrizes estratégicas do Ministério da Saúde, bem como de seu corpo

Gestor, tiveram impacto direto na implementação das ações de Gestão por Competência realizadas

sob a ótica do Mais Saúde: Direito de todos e da consultoria contratada e gerida pela Prof.ª Sonia

Goulart.

A nova gestão do Ministério da Saúde, entendeu que o projeto até então desenvolvido no

MS estava alinhado às diretrizes estabelecidas na Política Nacional de Educação Permanente em

Competência Gerencial Descrição

Gestão de Pessoas Gerenciar sua equipe, integrando as pessoas e administrando conflitos,

de forma participativa, ética e respeitosa;

Planejamento Participativo Planejar e executar, em conjunto com sua equipe, as ações da unidade,

alinhando-as às estratégias do MS;

Gestão de Resultados Monitorar e avaliar continuamente os resultados alcançados pela

equipe, a fim de propor redirecionamentos, considerando os objetivos

da Unidade e as estratégias do MS;

Gestão Administrativa Delegar tarefas à equipe, estruturando o trabalho, otimizando o tempo

e recursos disponíveis;

Articulação Estabelecer redes de parcerias internas e externas ao MS, para

melhorar o desempenho dos processos de trabalho sob sua

responsabilidade.

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Saúde, instituída pela Portaria GM/MS nº 1.996/2007, e ratificada pela Portaria GM/MS nº

278/2014, estabeleceu diretrizes para sua implementação.

O projeto de Gestão por Competências, em sua implementação original, tinha como

pressuposto o mapeamento das lacunas de competências dos servidores do MS e a proposição de

Planos de Desenvolvimento Individual – PDI. Entretanto os pressupostos da Educação Permanente

(EP), por sua vez, apontam para um movimento “ascendente” na construção das principais

estratégias de enfrentamento dos desafios que se apresentam a partir da análise dos processos de

trabalho pelos coletivos de trabalhadores (gestores e suas equipes).

A EP acontece no cotidiano das pessoas e das organizações e leva em consideração os

conhecimentos e as experiências que os indivíduos trazem consigo. Além disso, atender demandas

individuais em um órgão como o Ministério da Saúde torna-se inviável, tendo em vista o expressivo

quantitativo de servidores ativos em âmbito nacional, cerca de 80 (oitenta) mil, com lotação em

Brasília/DF e Unidades descentralizadas nos estados, (BRASIL, 2014).

Atualmente, a Coordenação de Desenvolvimento de Pessoas da Coordenação-Geral de

Gestão de Pessoas/SAA, enquanto unidade responsável pela gestão de processos educacionais no

Ministério da Saúde, trabalha as competências já identificadas de forma coletiva, sem realizar o

mapeamento, a partir de ofertas institucionais (considerando as necessidades e os objetivos

estratégicos do MS) que atendam amplamente o conjunto de trabalhadores e que possam ter, de

fato, impactos positivos no trabalho, (BRASIL, 2014).

Em 2011 foi realizado um piloto de mapeamento de competências técnicas para o Fundo

Nacional de Saúde (FNS), com a metodologia de identificação por grupo focal e descrição validada

em nível de Coordenações. Em 2012, a identificação de competências técnicas foi estendida para

todo o Ministério objetivando o levantamento dos atributos e a descrição das Competências

Técnicas Específicas e, em 2013, foi realizada a etapa de validação das Competências Técnicas

Gerais, em que aproximadamente 1200 servidores validaram as competências propostas, como

resultado da contribuição de 31 grupos focais realizados entre abril e outubro/2012, (BRASIL,

2014).

A Figura 4, apresenta a nova lógica de Gestão de Pessoas por Competências no Ministério

da Saúde e seu alinhamento com o Plano de Educação Permanente. Observa-se que o Planejamento

estratégico do Ministério subsidia a definição das Competências Organizacionais que por sua vez

definem as Competências Gerenciais e Técnicas do MS e resultam no Plano de EP.

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Figura 4: Lógica da Gestão de Pessoas por Competências do MS

Fonte: (BRASIL, 2014), Portal do MS – Página de Gestão de Pessoas.

O modelo de Competências Técnicas Gerais do Ministério é decorrente do modelo geral

definido para a instituição, e tem por base as competências organizacionais e o Planejamento

Estratégico do MS. São categorizadas como gerais, ou seja, aquelas que todos os servidores do MS

devem apresentar no exercício de suas atividades. A princípio, o MS optou por descrever as

competências por cargo. O primeiro cargo a ter suas competências gerais identificadas, descritas e

mapeadas foi o de Agente Administrativo. A descrição das mesmas foi iniciada com a análise

documental do resultado das entrevistas realizadas pela equipe da Coordenação de

Desenvolvimento de Pessoas - CODEP/CGESP. Esse processo também teve o objetivo de subsidiar

a avaliação de desempenho do estágio probatório dos Agentes Administrativos, bem como analisar

as informações contidas no edital elaborado para o último concurso público desse quadro

profissional, (BRASIL, 2014).

Após a descrição, realizou-se um grupo focal com Agentes Administrativos, indicados como

representantes das Secretarias do Ministério, para a realização da validação semântica e

metodológica.

Uma das características principais do grupo focal é a diversidade de opiniões sobre o mesmo

fato, o que permite traçar um panorama geral do objeto pesquisado (IERVOLINO e PELICIONI,

2001, Apud BRASIL 2014). Para os autores a coleta de dados através do grupo focal tem como uma

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de suas maiores riquezas basear-se na tendência humana de formar opiniões e atitudes na interação

com outros indivíduos.

As competências no Ministério da Saúde, tiveram sua descrição ajustada e definida. No

decorrer do processo foi constatado que a lógica de mapeamento de competências por cargo,

preconizada no projeto iniciado em 2010 não era adequada à realidade do Ministério. Não retrataria

o que realmente é necessário para execução das atividades referentes às unidades que compõem a

estrutura do órgão, segundo a nova gestão.

Neste sentido, foi alterada a lógica de mapeamento de competências técnicas, uma vez que

no projeto iniciado no ano de 2010 a competência técnica fora proposta para o cargo do indivíduo,

deveria ser proposta para a para área (unidade) em que o indivíduo exerce suas atribuições.

Definiu-se, então como piloto para o mapeamento de competências técnicas o Fundo

Nacional de Saúde – FNS O mapeamento de competências técnicas do FNS, foi realizado por

processos de trabalho, com a metodologia de identificação por entrevistas e grupos focais e

descrição validada em nível de Coordenação (BRASIL, 2014).

Em 2012 o Mapeamento das Competências Gerenciais Gerais foi retomado com o segundo

ciclo, no qual tais competências foram desdobradas em comportamentos de evidências e foi

inserida, no modelo, a avaliação do gestor pela equipe subordinada (piloto realizado no FNS).

Foram obtidos 249 perfis completos, correspondentes a 67,8% do total de gestores do

Ministério da Saúde. Entende-se por perfis completos aqueles que possuem avaliação da chefia e

autoavaliação. No FNS o perfil completo incluiu a avaliação da equipe diretamente subordinada, na

competência Gestão de Pessoas, em realização de procedimento piloto que seria estendido a todas

as unidades em 2013, (BRASIL, 2014).

Em 2012 também foram identificadas, descritas e validadas as Competências Técnicas

Gerais. A metodologia utilizada foi a de Grupo Focal. Foram realizados 30 grupos focais com

servidores de todas as áreas do Ministério da Saúde e descritas as competências técnicas gerais. As

competências descritas foram validadas por 1.134 servidores, um total de 45% do efetivo de

servidores do MS, em Brasília, (BRASIL, 2014).

Para Faiad et al. (2012) a descrição de competências deve ser realizada em torno de

referências a comportamentos observáveis no desenvolvimento do trabalho. Neste sentido a

descrição deve ser realizada utilizando-se de um verbo e um objeto de ação, além de poderem ser

adicionadas para melhor entendimento, condições e critérios para sua descrição. Portanto as

competências observadas seguem a lógica preconizada na literatura, o que facilita a capacidade de

mensuração do avaliador.

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Observou-se neste estudo que o Projeto de Gestão de Pessoas por Competências, teve

esforço e participação de diversas unidades do Ministério da Saúde, Gestores e Servidores. Suas

ações desencadearam num rol de Competências Organizacionais, Competências Gerenciais Gerais,

além de Competências Técnicas dos agentes administrativos da Secretaria Executiva.

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METODOLOGIA

Metodologia é o conjunto de procedimentos e regras utilizados por determinado método,

caracterizado pela maneira ou caminho trilhado para chegar em algum fim ou objetivo (Richardson,

2010).

Este capítulo apresenta as etapas metodológicas do projeto de dissertação, descrevendo o

tipo de pesquisa, os participantes da pesquisa, os instrumentos que serão utilizados, bem como a

maneira de coleta e análise dos dados.

O estudo proposto é de natureza descritiva, pois analisou os aspectos presentes no Projeto de

Gestão por Competências do Ministério da Saúde e tem como objetivo informar o pesquisador a

respeito das situações, fatos, opiniões ou comportamentos, extraídos da releitura dos produtos

oriundos do projeto estudado, além de aplicação de questionário semiestruturado. Não obstante, a

pesquisa tem um caráter aplicado, pois tem uma finalidade prática de utilização de seus resultados o

que estará em conformidade com as características exigidas em um projeto de dissertação de

mestrado profissional, focado nos interesses da instituição em que se aplica o método.

Esta pesquisa se configura como um estudo de caso que utiliza dados qualitativos. O objeto

de estudo se encaixa nessa caracterização, pois trata-se de uma forma de investigação de fenômenos

atuais, contemporâneos, inseridos no seu contexto e sobre os quais o pesquisador tem pouco

controle, e onde as fronteiras entre o fenômeno em si e o contexto não estão claramente

estabelecidas (GOLDENBERG, 2004; YIN, 2005; MINAYO, 2012).

in 5 discute que a adoção do Estudo de Caso adequada em estudos organizacionais

quando as questões de pesquisa propostas são do tipo “como” e “por que” e quando lida-se com

uma situação que, por sua natureza, está inserida em contextos sociais. Embora o pesquisador

utilize um quadro teórico referencial como ponto de partida nos estudos de caso, alguns dos estudos

organizacionais enquadram-se em situações em que o pesquisador se depara com problemas a

serem compreendidos e para os quais estudos experimentais não podem ser aplicados; ou com

situações nas quais estudos de natureza predominantemente quantitativa não são suficientes para a

compreensão dos fenômenos sociais complexos envolvidos nas mesmas.

Ainda de acordo com o mesmo autor, o estudo de caso baseia-se principalmente em

informações qualitativas, aproveitando-se ao máximo os dados oriundos de múltiplas fontes

bibliográficas, documentos, entrevistas, observações, entre outros (GOLDENBERG, 2004; YIN,

2005; MINAYO, 2012).

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Para Minayo (2012), o estudo de caso, enquanto método de pesquisa, é utilizado para

compreender uma unidade em profundidade, que pode se tratar de um fenômeno individual, grupal,

organizacional, social, político, entre outros. Segundo a mesma autora, num estudo de caso três

aspectos devem ser considerados: a natureza da experiência enquanto fenômeno a ser investigado, o

conhecimento que se pretende alcançar e a possibilidade de generalização a partir dos resultados da

pesquisa.

Segundo Goldenberg (2004) a definição de estudo de caso não se resume a uma técnica

específica “mas [ ] uma análise holística, a mais completa possível, que considera a unidade social

estudada como um todo, seja um indivíduo, uma família, uma instituição ou uma comunidade, com

o objetivo de compreendê-los em seus próprios termos” GOLDENBER, 4, p. 5 . Acrescenta

que esse método reúne o máximo possível de informações por meio de diferentes técnicas de

levantamento de dados, com a finalidade de abordar a totalidade de uma situação e descrever a

complexidade de um caso real. Para tanto, a autora ressalta que o pesquisador deve delimitar o foco

de seu objeto de estudo a fim de selecionar o que lhe parece mais relevante para atender às questões

levantadas por sua pesquisa, uma vez que é irreal supor que se pode ver, descrever e descobrir a

relevância teórica de tudo (GOLDENBERG, 2004).

Segundo Yin (2005), esse método apropria-se de um delineamento de pesquisa de caráter

altamente descritivo, sem que o pesquisador busque alterar a situação investigada, mas sim

compreendê-la e analisá-la tal como ela é. Dessa forma, o pesquisador deve desenvolver uma

“descrição robusta”, ou seja, uma descrição factual, literal, sistemática e o mais completa possível

de seu objeto de estudo, mapeando, descrevendo e analisando o contexto, as relações e as

percepções que envolvem o caso (MINAYO, 2012).

Apesar de seu caráter descritivo detalhado, o estudo de caso também deve ser fortemente

analítico, de modo a interrogar a situação dada contrapondo-a com outras situações já conhecidas e

com as teorias existentes, podendo contribuir para gerar novos questionamentos e novas teorias para

futuras investigações (YIN, 2005). Além disso, deve gerar conhecimentos sobre as características

relevantes de eventos concretos presentes no caso, tais como intervenções e processos de mudança,

assim como o contexto em que essas ações ocorreram, o rumo de determinado processo em curso e

as possíveis formas de interpretá-lo (MINAYO, 2012).

Sendo assim, a coleta de dados para a análise do processo de criação e implementação do

projeto de gestão por competências foi realizada a partir de levantamento e análise bibliográfica;

levantamento e análise documental, observação participante e entrevistas com informantes-chave.

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Levantamento e análise ─ bibliográfica e documental

Existe diferença entre a análise bibliográfica e a documental. Para Oliveira (2007), a

primeira se fundamenta na busca e análise de informações publicadas, tais como artigos, livros e

outras publicações científicas (acadêmicas), ou mesmo literatura gris (produzida como parte de

trabalho de pesquisa científica, ou mesmo como ensaios, mas que não foram publicadas nas revistas

mais renomadas “cientificamente” . Essas publicações são fontes secundárias de dados, isto ,

trazem informações que já foram trabalhadas analiticamente.

A pesquisa documental, por seu lado, está centrada na análise de documentos variados, que

não são de caráter científico, e se constituem como fontes primárias de dados. Nesse caso “a fonte

de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, que podem ser recolhidos no

momento em que o fato ou o fenômeno ocorre, ou mesmo depois” MARCONI; LAKATOS, 6,

p.6 . Podem ser considerados “documentos”: cartas, memorandos e outros tipos de

correspondência; agendas, avisos e minutas de reuniões; atas e outros relatórios escritos de eventos

em geral; documentos administrativos – propostas organizacionais, planos de trabalho ou outros

documentos internos; estudos ou avaliações formais das organizações, inclusive aquelas sob estudo;

recortes de jornais e outras matérias publicadas na mídia (escrita, falada ou eletrônica); vídeos,

filmes etc.

O levantamento bibliográfico foi iniciado na construção do projeto de pesquisa e ampliado

durante todo o processo de elaboração do trabalho, utilizando-se fichamentos dos textos estudados.

Para Minayo (2008), a realização de fichamentos revela o caráter operacional ou artesanal da

análise bibliográfica, por meio do qual se organiza as leituras e os pontos relevantes para a

discussão do objeto de estudo. A busca de literatura referente ao recorte do objeto deste estudo, e

suas diferentes dimensões, foi elaborada a partir de livros, periódicos e outras publicações

relevantes relacionadas à reforma do estado, gestão para resultados e gestão por competências.

As bases de dados utilizadas para o acesso a essa bibliografia foram Google Acadêmico,

BVS – Saúde, OMS, Scielo, Wiley Online Library, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e

Dissertações (IBICT). Utilizaram-se palavras-chave que fossem referidas ao objeto de estudo,

reforma do estado, gestão para resultados e gestão por competências, governança entre outras.

Foram analisadas publicações nos idiomas português e espanhol, tendo sido levantados 50 textos,

sendo 20 artigos e 30 livros.

Paralelamente, foram consultados os arquivos (físicos e eletrônicos-sites) do Ministério da

Saúde, onde se encontra a maioria da documentação do Projeto buscando-se: atas de reuniões,

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45

resoluções, informes, relatórios, entrevistas publicadas, planos de trabalho, produtos etc. Um total

de 30 documentos foram encontrados, de diferentes tipos, dos quais foram selecionados 15 (que

estão listados e agrupados por afinidade temática no Anexo I.

Observação Participante

Becker (1994) define a observação participante como sendo uma coleta de dados onde o

pesquisador participa da dinâmica na instituição analisada, observando o comportamento das

pessoas em situações cotidianas. Para Whyte (2005, p. 303), a observação participante implica em

saber ouvir, escutar, ver, fazer uso de todos os sentidos, como também aprender quando perguntar e

quando não perguntar, assim como que perguntas fazer na hora certa.

Para Berreman (1990), ao iniciar a observação participante, o pesquisador normalmente tem

uma ideia geral do problema de pesquisa a ser estudado, o que aconteceu neste caso, dada a minha

vinculação ao Ministério da Saúde, como já mencionado; entretanto, sem qualquer participação

direta no Projeto de Gestão por Competências.

A observação participante permite o uso de diversas ferramentas de coleta de dados, além da

observação propriamente dita, tais como conversas formais, informais ou casuais, leitura de

documentos específicos, participação transitória em reuniões etc. (SEIDMAN, 2006).

Quaisquer que sejam os meios escolhidos deve haver o registro sistemático do que é

observado e o estabelecimento de uma rotina para que o pesquisador não perca informações

relevantes à pesquisa em decorrência das limitações de memória (BERREMAN, 1990; FOOTE-

WHYTE, 1990). Os achados devem ser cuidadosamente registrados, por meio de diário de campo,

em que são feitas anotações relativas ao que foi observado ou ouvido, ou por outros meios como

gravações, fotografias e filmagem, entre outros.

Assim, foi realizado um processo de “imersão” e de participação em algumas atividades da

Subsecretaria de Assuntos Administrativos, localizada na Secretaria Executiva do Ministério da

Saúde, em Brasília. Foram viabilizados cinco episódios de “imersão” no período de 03/01/2013 a

30/08/2014, que buscaram englobar tanto aspectos descritivos quanto analítico-reflexivos sobre a

história e o funcionamento do Projeto, onde foi possível conhecer e conversar com a equipe que o

coordena; acompanhar a sua rotina de atividades. Com o intuito de sistematizar as informações

observadas, foram elaborados diários de campo onde foram registradas as informações coletadas

durante esses períodos.

Entrevistas

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Para Cruz Neto (1994), a entrevista com informantes-chave é considerada o procedimento

mais usual em um trabalho de campo, pois é por meio dela que o pesquisador busca obter

informações a partir da fala dos atores entrevistados, não podendo ser confundida com uma

conversa despretensiosa, uma vez que existem propósitos bem definidos nela.

Na literatura atual, existem diversas formas ou modelos de entrevista, sendo que a

classificação mais utilizada é a que as distingue em: estruturada, semiestruturada e não estruturada

(MINAYO, 2008). A entrevista estruturada baseia-se na utilização de um questionário como

instrumento de coleta de informações, o que garante que a mesma pergunta seja realizada da mesma

forma a todas as pessoas que forem entrevistadas (GIL, 1999; MINAYO, 2012); a semiestruturada,

por sua vez, se diferencia por seu caráter mais aberto, uma vez que permite ao entrevistado falar

livremente sobre o assunto, por meio da combinação entre perguntas fechadas e abertas (GIL, 1999;

MINAYO, 2012); por fim, a entrevista não estruturada caracteriza-se por ser totalmente aberta,

pautando-se pela flexibilidade e busca do significado dos fatos, na concepção do entrevistado

(MAY, 2004 p.149; MINAYO, 2012).

Neste estudo empregou-se a entrevista semiestruturada, por se tratar de uma estratégia mais

flexível no que diz respeito aos temas a serem abordados e também para proporcionar certa

liberdade aos informantes-chaves, possibilitando captar percepções de fatos ou questões que

pudessem, por ventura, não ter sido levantadas no roteiro.

Segundo Minayo (2012), a modalidade de entrevista semiestruturada deve obedecer a um

roteiro que é utilizado pelo pesquisador e possui claro apoio na sequência de questões, facilitando a

abordagem e garantindo o cumprimento dos objetivos no caso de um pesquisador menos experiente.

As entrevistas foram realizadas pessoalmente ou por telefone, segundo a disponibilidade do

informante-chave, e contou com um roteiro previamente estabelecido (Anexo II). As perguntas do

roteiro foram formuladas por tópicos organizados de maneira simples, seguindo a ordem

cronológica dos acontecimentos referentes ao objeto de estudo, mas também foram adaptadas,

quando necessário, de acordo com o andamento das entrevistas. Os informantes-chave foram

selecionados segundo sua participação no processo de implementação do Projeto ou sua posição

institucional.

O rol de participantes selecionados foi composto por Gestores e atores estratégicos do MS e

da Subsecretaria de Assuntos Administrativos, Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas,

Coordenação-Geral de Documentação e Informação, Coordenação-Geral de Material e Patrimônio e

Coordenação-Geral de Serviços Gerais, bem como de atores que têm interação com a Subsecretaria

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de Assuntos Administrativos e que necessitam dos serviços e resultados desta Secretaria, em um

total de quatro entrevistados.

Nesse sentido, foi proposto um formulário com sete perguntas em relação à percepção dos

entrevistados considerando à missão institucional da Subsecretaria de Assuntos administrativos-

SAA, perfil de servidor competente, conhecimentos, habilidades e atitudes desejáveis para cada

servidor, desafios para esta Unidade Organizacional e competência relacionada a estes desafios.

Após a seleção dos participantes, o contato inicial foi realizado por e-mail ou telefone para

agendamento da entrevista. As entrevistas se realizaram por telefone ou pessoalmente, com média

de duração de 30 a 40 minutos, sendo que, em dois casos, houve mais de um momento de

entrevista, pois, gentilmente, todos autorizaram ser contatados quantas vezes fossem necessárias.

As entrevistas subsidiaram o atingimento do objetivo específico 1, de Identificar as

Competências desejáveis para resultados, na visão dos Gestores da SAA e atores estratégicos do

Ministério da Saúde, uma vez que a opinião dos entrevistados foi insumo para a análise e

proposição de conhecimentos, habilidades e atitudes para o alcance dos resultados destacados nas

falas dos entrevistados.

Análise dos Dados

As informações obtidas por meio de bibliografias, leitura de documentos, observação

participante e entrevistas foram organizadas de modo que favorecessem a análise de seus

respectivos conteúdos (BARDIN, 2002). Os dados coletados a partir dessas diferentes fontes foram

confrontados (triangulados), tendo em vista responder as perguntas da pesquisa e a consecução dos

objetivos formulados neste projeto. Buscou-se também problematizar as ideias discutidas nas

entrevistas e conversas, assim como as registradas nos diários de campo.

A análise dos dados, propiciou o atingimento do objetivo específico 2, de Propor uma

Competência Técnica ao corpo de servidores com foco nos resultados institucionais, uma vez que

os insumos analisados de forma triangular como pressupõe esta pesquisa, serviram de base para a

proposição da competência, e sua descrição. Paralelamente, os resultados obtidos, facilitaram a

construção de uma competência extra, não pensada no projeto inicial, mas que devido à ocorrência

foi descrito para utilização na Subsecretaria de Assuntos Administrativos.

Considerações éticas

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Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Escola Nacional

de Saúde Pública Sergio Arouca (CEP/ENSP), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Foram respeitados todos os preceitos éticos requeridos e todos os informantes-chave

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo III), aprovado pelo

CEP/ENSP (Anexo III).

Elaboração da dissertação

A última etapa deste trabalho correspondeu à redação final e elaboração das principais

conclusões e sugestões.

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RESULTADOS Não basta descrever e produzir fatos; não se pode

escapar da tarefa que consiste em elaborar seu sentido.

(Pierre Grieco, p. 137) 1

Após a descrição do o Diagnóstico da Implementação do Projeto de Gestão por

Competências no Ministério da Saúde, e de seus diversos produtos entregues, bem como o

cruzamento da parte conceitual, apresentada no referencial teórico dessa pesquisa, destaca-se que

em relação ao objetivo geral de “Descobrir o nível de implementação do projeto Gestão por

Competências do Ministério da Saúde, na Subsecretaria de Assuntos Administrativos-SAA”,

constatou-se não foram finalizadas etapas do projeto, conforme seu escopo original iniciado no ano

de 2010 e por consequência, algumas unidades não tiveram seus trabalhos desdobrados,

destacando-se como exemplo a Subsecretaria de Assuntos Administrativos – SAA, objeto de estudo

desse trabalho.

Nesse sentido, as entrevistas estruturadas neste trabalho, ocorreram com o roteiro

preestabelecido, sendo que os entrevistados se dispuseram a emitir suas opiniões quanto à sua

percepção sobre a SAA.

A primeira pergunta respondida pelos entrevistados, “Em sua opinião, qual é a missão da

SAA? Como ela deve ser reconhecida institucionalmente?”, tinha relação com a percepção a cerca

da missão institucional da SAA. A escolha desta pergunta baseou-se no conceito trazido pelo

referencial teórico onde, Carbone et al. (2009) sugerem que primeiramente haja uma análise da

missão institucional, visão de futuro e objetivos, para contribuir no entendimento do negócio da

organização.

A importância dos resultados obtidos com as entrevistas foi constituir numa identidade da

SAA, subsidiando as análises das perguntas posteriores e o atingimento dos objetivos desta

pesquisa.

Em síntese, nota-se que, de maneira geral os entrevistados entendem que a SAA tem um

“papel de unidade meio, que visa à manutenção do funcionamento do Ministério da Saúde por

meio de provisão de força de trabalho, insumos administrativos, processos e informação” (Dados

da Pesquisa).

Nesse sentido, a pergunta foi feita buscando o alinhamento entre o que já havia sido

construído no Projeto de Gestão de Pessoas por Competências do Ministério da Saúde, alinhado aos

1 GRIECO, P. In: Guérin, F et al, Compreender o Trabalho pata Transformá-lo, SP: Ed. Edgar

Blucher, 2001, p. 137.

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produtos da consultoria contratada. A análise das respostas dos entrevistados foi utilizada como um

norte para o papel institucional da Subsecretaria de Assuntos Administrativos-SAA, como uma

“identidade” da organização.

Fazendo um paralelo com a Gestão de Competências do Ministério da Saúde, a pergunta 1

funcionou para esta pesquisa como uma Competência Organizacional, ou seja, seu resultado de

análise (SAA tem um papel de Unidade meio, que visa a manutenção do funcionamento do

Ministério da Saúde por meio de provisão de força de trabalho, insumos administrativos, processos

e informação), é basilar para escolha dos atributos da competência para resultados na SAA

(Conhecimentos, Habilidades e Atitudes).

Para melhor entendimento da análise das perguntas, a Tabela 6, com trechos das entrevistas,

apresenta pontos chave das opiniões dos entrevistados.

Tabela 6 – Síntese das opiniões em relação à Missão da SAA

Trecho da entrevista Pontos Chave

“...a SAA deve ser reconhecida como unidade estratégica

responsável pelo suporte ao pleno funcionamento da instituição

Ministério da Saúde em sua totalidade...”

“...Implementar estratégias de gestão de pessoas, recursos,

processos e informação, contribuindo para o funcionamento e

desenvolvimento do Ministério da Saúde...”

“...é o “Coração do MS”. Portanto, podemos a partir disso

imaginar a missão... Prover de forma ininterrupta todos os

insumos capazes de oxigenar e reoxigenar a instituição visando à

descontinuidade da atividade fim...”

Suporte e funcionamento

do Ministério da Saúde;

Estratégias de

funcionamento e

desenvolvimento do

Ministério da Saúde;

Provimento de Insumos

para atividades fim;

Fonte: Dados da pesquisa.

No tocante à segunda pergunta do questionário, “Em sua opinião, o que é um servidor

competente no âmbito da SAA?” o propósito deste questionamento era o de identificar quais

atributos de competência numa perspectiva macro (no entendimento do entrevistado), eram

importantes serem observados em cada servidor. Conforme trazido no referencial teórico, Faid et al.

(2012), por exemplo, afirmam que a descrição de competências deve ser feita em torno de

referências a comportamentos observáveis no trabalho.

Nesse sentido, a opinião dos entrevistados em relação a comportamentos observáveis de um

servidor competente, agrega valor no tocante à análise das respostas subsequentes que estão

relacionadas aos atributos de competência de conhecimentos, habilidades e atitudes. A pergunta

tornou-se relevante, uma vez que, deixa o entrevistado à vontade para emitir uma opinião, sem estar

focado em apenas responder a uma pergunta mais específica.

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51

Observou-se que pelo relato dos entrevistados, um servidor competente na SAA necessita de

“bom desenvolvimento dos processos de trabalho, com visão sistêmica e capacidade de prevenção

e comprometimento com as atividades”(Dados da pesquisa).

Com o intuito de nortear a escolha dos atributos da Competência para Resultados na SAA, a

pergunta dois, apresentou insumos para a análise proposta da metodologia deste trabalho.

Analisando a literatura sobre o tema em questão, bem como, a análise documental do Projeto de

Gestão de Pessoas por Competências do Ministério da Saúde, juntamente com a percepção dos

entrevistados.

Para melhor entendimento da análise das perguntas, a Tabela 7, apresenta trechos das

entrevistas e pontos chave das opiniões.

Tabela 7 – Síntese das opiniões em relação ao perfil de servidor competente da SAA

Trecho da entrevista Pontos Chave

“...É aquele que agrega qualidades necessárias ao

bom desenvolvimento dos processos de trabalho da

unidade – em geral relativas à detenção de

conhecimento técnico; capacidade de aplicação do

conhecimento para a resolução de demandas...”

“...pessoa capaz de ter visão sistêmica de todos os

processos os processos de trabalho da subsecretaria

e que auxiliasse de forma propositiva com sua

experiência e conhecimentos para a melhoria ações

no âmbito dessa unidade organizacional...”

“...Pessoa com faro de prevenção apurado,

comprometido e compromissado com as atividades,

leal com as prioridades estabelecidas pela gestão...”

“Um servidor que atenda as demandas, no menor

prazo possível e com qualidade. Além de buscar

soluções para os diversos problemas do cotidiano,

visando otimizar o trabalho...”

Desenvolvimento dos processos de trabalho

Visão sistêmica dos processos de trabalho;

Faro de prevenção e comprometimento com as atividades

Atender demandas com prazo e qualidade

Fonte: Dados da pesquisa.

As perguntas de número três, quatro e cinco desta pesquisa, são específicas e têm como

objetivo central identificar de forma mais direta quais são na opinião dos entrevistados os atributos

necessários para um servidor, no atingimento de resultados na SAA.

A relevância das perguntas seguintes está pautada no referencial teórico uma vez que

segundo Durand (2000), os conhecimentos são definidos como uma série de informações

assimiladas e estruturadas pelo indivíduo dentro de um esquema preexistente que tornam possível

que ele compreenda o mundo. A habilidade consiste na capacidade de fazer agir de maneira

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concreta e de acordo com objetivos ou processos pré-definidos. E as atitudes, por sua vez, seriam

aspectos sociais e afetivos relacionados ao trabalho.

Portanto em relação à terceira pergunta do questionário “Quais os principais conhecimentos

que o servidor necessita para desempenhar suas atividades com foco em Resultados na SAA, com

nível ótimo de qualidade?”, observou-se que no entendimento dos entrevistados “O Servidor deve

Conhecer sobre a Estrutura Organizacional do Ministério da Saúde, Processos de trabalho,

Planejamento Estratégico, Sistemas de informação, Gerenciamento de Projetos e Direito

Administrativo”. E esta síntese de opiniões foi fundamental para qualificação do atributo do

conhecimento, parte de uma competência por definição.

Para melhor entendimento da análise das perguntas, a Tabela 8, apresenta trechos das

entrevistas e seus pontos chave.

Tabela 8– Síntese das opiniões em relação aos conhecimentos de um servidor competente da SAA

Trecho da entrevista Pontos Chave

• Deve conhecer a instituição na qual trabalha

– sua missão, visão, valores e estrutura

organizacional; competências regimentais

(“negócio da SAA”); deve conhecer os objetivos

estratégicos da Unidade e seus processos

estratégicos; deve possuir conhecimentos de

Planejamento, Avaliação e Monitoramento;

• "Deve conhecer sobre a estrutura

organizacional do Ministério da Saúde ;Deve

conhecer sobre gerenciamento de projetos;

Deve conhecer sobre mapeamento de processo;

Deve conhecer sobre gestão de pessoas e do

conhecimento; Deve conhecer sobre direito

administrativo; Deve conhecer sobre a

estratégia do MS;

Deve conhecer a legislação que rege as suas

atividades de rotina, indispensável conhecer os

preceitos legais que doutrinam a AP, precisa

conhecer as ferramentas, sistemas,

mecanismos... utilizados para exercer suas

funções, e por fim conhecer os limites de sua

atuação;

"Gestão pública, todas as etapas de licitação e

contratação; Orçamento e finanças públicas;

Missão, Visão, Estrutura organizacional,

competências Regimentais, Processos,

Planejamento, Monitoramento e Avaliação.

Estrutura organizacional, Gerenciamento de

Projeto, mapeamento de processos, gestão de

pessoas e do conhecimento, direito

administrativo, estratégia;

Legislação, rotinas, Administração Pública,

Ferramentas e Sistemas, limites de atuação;

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53

Fonte: Dados da pesquisa

A quarta pergunta do formulário, aborda o atributo da competência que considera as

habilidades. Neste sentido perguntou-se aos entrevistados “Quais as principais habilidades que o

servidor necessita para desempenhar suas atividades com foco em Resultados na SAA, com nível

ótimo de qualidade”. Vimos no referencial teórico que, a competência pode ser entendida como

desempenho individual em determinado contexto de trabalho, observável em termos de

comportamentos e resultante da mobilização de conhecimentos, habilidades e atitudes (Durand,

2000; Dutra, 2004).

A síntese de opiniões foi fundamental para qualificação do atributo da habilidade, parte de

uma competência por definição, pois no entendimento dos entrevistados “o servidor deve saber se

relacionar com as pessoas e trabalhar em equipe, ter boa articulação, dar e receber feedbacks,

além de capacidade de reflexão e construção de soluções”.

Para melhor entendimento da análise das perguntas, a Tabela 9 apresenta trechos das

entrevistas e os seus pontos chave.

Tabela 9 – Síntese das opiniões em relação às Habilidades de um servidor competente da SAA

Trecho da entrevista Pontos Chave

“Deve saber aplicar o conhecimento que detém para a

resolução das demandas, possuir boa capacidade de

relacionamento interpessoal e articulação com as unidades

com as quais seu trabalho tem interface, apresentar interesse

pela busca de novos conhecimentos para seu

aprimoramento";

"Deve saber conviver em equipe, cooperar, dar e receber

feedback e ser resiliente”;

Resolução de Demandas,

Relacionamento Interpessoal;

Cooperar, Feedback,

Resiliência;

Gestão de documentos e arquivos; Editoração;

Gestão de Recursos Humanos; Gestão de

contratos administrativos; Engenharia civil,

elétrica e arquitetura.".

Gestão Pública, Contratação, Orçamento, Gestão

de Documento, Recursos Humanos, Engenharia

Civil, Engenharia Elétrica e Arquitetura.

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54

“Deve saber fazer a articulação e encadear os assuntos com

as áreas que se interelacionam com a unidade para garantir a

estruturação dos sistemas macros, saber criar canais de

reflexões capazes de robustecer e semear o debate amplo

entre atores envolvidos na construção das soluções e tomadas

de decisões”;

"Deve saber fazer Memorando, oficio despacho de forma

clara e objetiva, Sessão pública de licitação, Pesquisa de

mercado, Planejamento de licitações, contratações,

Orçamentário e financeiro, Operar o SIAFI, SIASG e SIPAR,

Arquivar documentos e organizar arquivos, Termo de

Referência e Projeto Básico, Edital de licitação, Publicação

de livros, Gestão do conhecimento, Organizar/Contratar

treinamentos, Controle de pagamento de folha de servidores,

licenças e afastamentos, pedidos de aposentadoria".

Articulação, encadeamento de

assuntos, sistemas, promoção de

debates;

Atividades Operacionais,

Sistemas, Pesquisa, Execução da

folha de pagamentos.

Fonte: Dados da pesquisa

A última pergunta de caráter específico, no que se refere aos atributos da competência,

estava relacionada às atitudes. Perguntou-se aos entrevistados na quinta pergunta, “Quais as

principais atitudes que o servidor deve apresentar para desempenhar suas atividades com foco em

Resultados na SAA, com nível ótimo de qualidade?”. Objetivou-se nesta pergunta saber quais as

atitudes deveriam estar presentes em um servidor competente da SAA. Em síntese os entrevistados

disseram que “O Servidor deve ser Proativo e articulador”.

Nesse sentido, Goulart (2010) afirma que uma competência deve ser iniciada com um termo

como “saber”, “ser capaz de” ou “capacidade de”, seguido de um vergo e um objeto de ação, al m

disso, deve ser realizada utilizando-se um substantivo e seguida de um detalhamento de seu

conteúdo.

Com base em todo trabalho de análise dos relatórios de produto da consultoria, bem como

das entrevistas realizadas com Gestores da SAA e atores estratégicos do MS, iniciou-se a descrição

da competência técnica para os servidores da SAA. Brandão e Bahry (2005) afirmam que uma

competência deve representar um desempenho, deve conter um comportamento observável e

sempre que possível uma condição na qual se espera tal desempenho ou comportamento.

Para facilitar o entendimento por parte da organização e dos servidores Goulart (2010)

acrescenta que as competências devem ser descritas de forma simples e acurada. Faid et al. (2012),

por exemplo, afirmam que a descrição de competências deve ser feita em torno de referências a

comportamentos observáveis no trabalho.

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Para melhor entendimento da análise das perguntas, a Tabela 10 apresenta trechos das

entrevistas e seus pontos chave.

Tabela 10 – Síntese das opiniões em relação às Atitudes de um servidor competente da SAA

Trecho da entrevista Pontos Chave

“Deve ser proativo e, principalmente, apresentar interesse na

busca da resolução de demandas.”

“Deve ser proativo e, principalmente, apresentar interesse na

busca da resolução de demandas.”

“Deve ser proativo e articulado”;

“Deve ser proativo, paciente, perseverante, articulador,

persuasivo, seguro e criterioso”

Proativo, resolução das

demandas;

Proativo, interesse,

resolução de demandas

Proativo, Articulado

Proativo, paciente,

articulador, persuasivo,

seguro e criterioso.

Fonte: Dados da pesquisa

A sexta pergunta do questionário aborda de uma forma macro e não específica, o que o

entrevistado imagina sobre “Quais os desafios futuros da SAA?”. O objetivo desta pergunta mais

uma vez era o de captar, elementos complementares às cinco primeiras perguntas, que por algum

motivo tenham passado despercebidos pelo entrevistado. Tratou-se de uma pergunta de

complemento. Sua relevância configurou-se no tratamento dos dados, uma vez que em síntese os

entrevistados imaginam como desafios futuros para SAA “melhorar a sua capacidade operacional,

integrando melhor suas áreas e processos de trabalho visando o matriciamento das suas unidades,

aumento sua eficiência”. Esta síntese contribuiu no atingimento dos objetivos específicos desta

pesquisa.

Para melhor entendimento da análise da pergunta, a Tabela 11 apresenta trechos das

entrevistas e pontos chave.

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Tabela 11 – Síntese das opiniões em Desafios Futuros da SAA

Trecho da entrevista Pontos Chave

“A SAA tem como desafio a melhoria sua

capacidade operacional para subsidiar,

efetivamente, os processos da instituição que

dependem de sua atuação, bem como ser

reconhecida internamente pela capacidade de

resposta ágil e tempestiva às demandas”

“A SAA deverá integrar melhor as áreas, revisar

seus processos de trabalho, matriciar as

coordenações”;

“A SAA deverá estruturar suas áreas e rever os

processos de trabalhos macro, aproximar a gestão

das coordenações, agir preventivamente na

formação e capacitação dos servidores e promover

o nivelamento dos colaboradores com grupos auto

geridos”

“A SAA deve estabelecer um planejamento de

ações, alinhado às necessidades das demais áreas

do Ministério, que consiga antecipar as demandas,

aumentando a eficiência do trabalho

desenvolvido”.

Melhoria de Capacidade

operacional, subsidiar processos,

capacidade de resposta ágil;

Integrar, revisar processos e

Matriciar;

Estruturar, rever processos, captar

servidores e promover

nivelamento;

Planejar ações, alinhar áreas e

aumentar eficiência.

Fonte: Dados da pesquisa

A sétima e última pergunta do questionário, busca fazer uma amarração de forma indireta

sugerindo ao entrevistado que estabeleça qual seria uma competência com foco em resultados na

SAA, uma vez que o participante, já havia tido contato com vários conceitos no que se refere à

construção de uma competência, seja nas perguntas um a cinco, onde foram abordados desde a

missão institucional até as atitudes de um servidor. A pergunta apresentava o questionamento de

que “Considerando os desafios descritos, que competências você entende que servidores da SAA

precisarão desenvolver imediatamente?”. Conforme o que fora apresentado no referencial teórico

desta pesquisa, para Cruz Neto (1994), a entrevista com informantes-chave é considerada o

procedimento mais usual em um trabalho de campo, pois é por meio dela que o pesquisador busca

obter informações a partir da fala dos atores entrevistados, não podendo ser confundida com uma

conversa despretensiosa, uma vez que existem propósitos bem definidos nela.

Nesse sentido, as sete perguntas propostas estavam alinhadas com a lógica do projeto inicial

de gestão por competências do Ministério da Saúde, e foram aplicadas com os atores-chave,

segundo uma construção de raciocínio que passou desde a missão até a proposição indireta de uma

competência. Observou-se que em síntese o entendimento dos entrevistados é de que “O Servidor

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da SAA deve saber identificar oportunidades, sendo proativo, Interessado, Flexível e com Visão

sistêmica".

Tabela 12 – Síntese das opiniões em Competências Futuras dos Servidores da SAA

Trecho da entrevista Pontos Chave

"Proatividade, interesse pela obtenção de resultados e

melhoria da capacidade relacional. E ressalto, ainda, o

compromisso com o trabalho, como um valor individual

de extrema importância a ser cultivado";

"Ser capaz de identificar continuamente oportunidades

e obstáculos nos âmbitos interno e externos. Ser capaz

de promover, gerenciar e avaliar a produção e a

disseminação de conhecimento no âmbito da SAA";

“Capacidade e maturidade de responsabilização” pelas

tarefas à sua área atribuída, agilidade nos

desdobramentos de ações que anteveem os efeitos

negativos de tomadas de decisões que sejam ausentes de

informações que às subsidiem, libertar-se de modelos

mentais de funcionamentos retrógados e alienados da

capacidade da máquina publica, flexível, capacidade de

síntese, ser objetivo, resguardado e transparente e por

fim leal com a instituição.

"Metodologias de planejamento, visão sistêmica dos

processos de trabalho da SAA."

Proatividade, resultados, capacidade

relacional;

Identificar Oportunidades,

disseminação de conhecimento;

Responsabilização, agilidade,

tomada de decisão;

Planejamento, visão sistemica

Fonte: Dados da pesquisa

A proposição de Competência Técnica para a Subsecretaria de Assuntos Administrativos

considerou os trabalhos realizados em 2010, por meio da releitura dos produtos da consultoria

contratada pelo Ministério da Saúde e conduzida pela Prof.ª Sonia Goulart (Relatórios dos produtos

de consultoria), além da literatura sobre o tema. O objetivo da análise documental e literatura é

fomentar a construção da Competência, juntamente com a percepção dos entrevistados.

Para Brandão et al. (2009) a entrevista é um dos métodos utilizados para coleta de dados no

mapeamento de competências. Deve ser realizada com pessoas-chave na organização.

A definição utilizada nesta pesquisa para construção da competência técnica dos servidores

da SAA caracterizou-se de forma genérica, ou seja, a competência proposta é destinada a todo

ocupante de cargo comissionado ou efetivo que tenha exercício em Unidades da Subsecretaria de

Assuntos Administrativos.

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58

A tabela 13 apresenta os atributos de competência no entendimento dos participantes da

pesquisa. Foi considerado em sua estruturação a quantidade de vezes em que o atributo foi citado,

quando tabuladas as informações da entrevista. Consideram-se como atributos os Conhecimentos,

Habilidades e Atitudes (CHA) evidenciados.

Tabela 13 - CHA

Conhecimento

(deve conhecer...)

Habilidade

(deve saber fazer...)

Atitude

(deve ser...)

Processos (4)

Estrutura Organizacional (2)

Planejamento Estratégico (2)

Sistemas de informação (2)

Gerenciamento de Projetos (1)

direito administrativo (1)

Articular-se (3)

Trabalhar em equipe (2)

Dar e receber Feedback (1)

Refletir (1)

Propor soluções (2)

Proativo (4)

Articulado (2)

Fonte: Dados da pesquisa

As respostas dos entrevistados foram analisadas e os atributos das Competências –

Conhecimentos, Habilidades e Atitudes (CHA) para os servidores da SAA, foram retiradas das falas

dos Gestores da SAA e dos atores estratégicos do MS, com o intuito de compilar as informações e

fomentar a descrição final da competência técnica. Para esta análise foram utilizadas as sínteses das

pergunta três (Quais os principais conhecimentos que o servidor necessita para desempenhar suas

atividades com foco em Resultados na SAA, com nível ótimo de qualidade?) que avalia o atributo

Conhecimento, pergunta quatro (Quais as principais habilidades que o servidor necessita para

desempenhar suas atividades com foco em Resultados na SAA, com nível ótimo de qualidade?) que

avalia o atributo da Habilidade e Pergunta cinco (Quais as principais atitudes que o servidor deve

apresentar para desempenhar suas atividades com foco em Resultados na SAA, com nível ótimo de

qualidade?) que avalia o atributo da Atitude.

A síntese do atributo (Conhecimento), considerando a metodologia proposta é “O Servidor deve

Conhecer sobre a Estrutura Organizacional do Ministério da Saúde, Processos de trabalho,

Planejamento Estratégico, Sistemas de informação, Gerenciamento de Projetos e Direito

Administrativo”.

Para o atributo de Habilidade, verificou-se que sua síntese é “O Servidor deve saber se

relacionar com as pessoas e trabalhar em equipe, ter boa articulação, dar e receber feedbacks,

além de capacidade de reflexão e construção de soluções”.

Ainda analisando os dados das entrevistas, percebeu-se que no atributo Atitude, a síntese

considerando a metodologia proposta é “O Servidor deve ser Proativo e articulador”.

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59

Com a análise dos dados e na documentação foi possível ter uma visão da situação atual do

projeto de competências (diagnóstico). Paralelamente, levantando as percepções dos Gestores

(produto da entrevista) e confrontando com a pesquisa na literatura, atingiu-se o objetivo específico

de “Propor uma Competência Técnica focada em resultados, para os servidores da SAA”. Que

pode ser representada pela Tabela 14, que apresenta a descrição da competência técnica para os

servidores da SAA:

Tabela 14: Competência Técnica para os Servidores da SAA

Fonte: Dados da pesquisa

A análise documental alinhada às entrevistas com os gestores da SAA e atores estratégicos

do MS, fomentou a definição dos Conhecimentos, Habilidades e Atitudes necessárias aos servidores

da Subsecretaria no alcance dos resultados institucionais.

Após análise de informações dos participantes da pesquisa, bem como da releitura de parte

do Projeto de Implementação da Gestão por Competências do Ministério da Saúde, foi possível

realizar uma matriz das entrevistas, comparando as respostas dos participantes, aproximando os

comportamentos desejáveis e observáveis e propondo uma competência Técnica com foco em

Resultados, para atingimento do Objetivo desta pesquisa.

O resultado do estudo da implementação do Projeto de Gestão por Competências na SAA e

as entrevistas realizadas resultou em uma Competência Técnica de Gestão para Resultados:

“Alcançar resultados eficientes, considerando a estrutura organizacional, processo de trabalho e

sistemas de informações de sua Unidade e instituições relacionadas” além de uma Competência

Técnica de Articulação (adicional), que foi acrescida, visto a grande incidência do atributo

“articulação” por parte dos entrevistados: “Firmar parcerias internas e externas para propor

soluções em sua área de atuação”.

Para melhor entendimento dos resultados desta pesquisa, segue o Tabela 15, com as

Competências Técnicas, sua descrição e atributos observáveis, considerando a metodologia aplicada

e legislação vigente sobre o tema:

Competência Técnica Descrição

Gestão para Resultados

Alcançar resultados eficientes, considerando a estrutura

organizacional, processo de trabalho e sistemas de informações de

sua Unidade e instituições relacionadas.

Articulação Firmar parcerias internas e externas para propor soluções em sua

área de atuação.

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60

Tabela 15: Competência Técnica para os Servidores da SAA, com descrição e Atributos Observáveis

Fonte: Dados da pesquisa

Após a compilação dos dados, propõe-se Competência Técnica focada em Resultados contendo

os três componentes:

Conhecimento: Representado por – Conhecer sobre determinado assunto;

Habilidade: Representado por – Saber fazer determinado produto ou serviço;

Atitude: Comportamentos observáveis desejados – Querer fazer algo ou alguma coisa.

O produto deste estudo destina-se à Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas, como insumo

para o plano de desenvolvimento de pessoal, educação permanente, gestão do desempenho além de

contribuir para a Modelagem dos Processos e outras ações de gestão na SAA.

Competência

Técnica

Gestão para Resultados Articulação

Descrição

Alcançar resultados eficientes, considerando a estrutura

organizacional, processo de trabalho e sistemas de

informações de sua Unidade e instituições relacionadas.

Firmar parcerias internas e

externas para propor soluções

em sua área de atuação.

Conhecimento

O Servidor deve Conhecer sobre a Estrutura Organizacional do Ministério da Saúde,

Processos de trabalho, Planejamento Estratégico, Sistemas de informação, Gerenciamento de

Projetos e Direito Administrativo.

Habilidade O Servidor deve saber se relacionar com as pessoas e trabalhar em equipe, ter boa articulação,

dar e receber feedbacks, além de capacidade de reflexão e construção de soluções

Atitude O Servidor deve ser Proativo e articulador

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61

CONCLUSÃO

O breve referencial teórico apresentado anteriormente permitiu, neste trabalho, estabelecer

uma aproximação entre os conceitos de gestão para resultados, governança e gestão por

competências que se constituem no pilar do arcabouço teórico no qual se ancora este estudo.

O objetivo geral deste trabalho foi de investigar o nível de implementação do projeto Gestão

por Competências do Ministério da Saúde, na Subsecretaria de Assuntos Administrativos-SAA.

Para isso, o referencial teórico foi estruturado em seu início com um histórico das reformas

administrativas no Estado, que consistiram em políticas públicas seguidas pela administração

visando mitigar problemas em seus modelos gerenciais, tendo em vista as mudanças oriundas da

sociedade e das entregas que o Estado deve realizar.

Em seguida, foi discutido o tema que abordou a Gestão para Resultados na

administração pública, sendo esta entendida não apenas por uma obsessão da agenda da nova gestão

pública (Marini e Martins, 2009), uma vez que se tornou cada vez mais necessário ampliar as

formas de resolutividade do Estado, face à complexidade das demandas e desafios postos pela

população brasileira.

Neste sentido, este trabalho abordou questões da gestão do desempenho para a

administração pública, bem como metodologias empregadas, como, por exemplo, modelos focados

no desempenho organizacional, finanças, marketing e logística.

Na lógica do desempenho institucional, o trabalho abordou os esforços do Ministério

da Saúde na estruturação de diretrizes estratégicas, para o cumprimento de sua missão institucional,

como a criação de um agenda estratégica denominada Mais Saúde: Direito de todos, que consistiu

na adoção de medidas relacionadas ao Planejamento Estratégico, Gestão de Processos

Organizacionais, Logística, Redesenho Organizacional, Gestão do Conhecimento e Gestão de

Pessoas por Competência.

No que tange à Gestão de Pessoas, o trabalho abordou a Política Nacional de

Desenvolvimento de Pessoas do Governo Federal e suas diretrizes, e fez destaque ao projeto de

Gestão de Pessoas por Competência, iniciado no Ministério da Saúde em 2010 por intermédio de

consultoria contratada. Verificou-se que o projeto não teve desdobramento na SAA e assim,

procedeu-se à descrição das Competências focadas em resultados e, além disso, proposição uma

competência técnica para a Subsecretaria de Assuntos Administrativos, resultando no cumprimento

dos objetivos específicos dessa pesquisa.

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62

Reitera-se porém, que esta pesquisa resultou num estudo de caso exploratório muito inicial e

preliminar acerca da criação e desenvolvimento do Projeto de Gestão por Competências no âmbito

do Ministério da Saúde, que fornece alguns elementos para a sua divulgação e para pensar seu

desenvolvimento futuro.

Quanto à dimensão social, estima-se que este estudo conseguiu estruturar um olhar

diferenciado de como se constituiu o projeto em tela e a importância de seus desdobramentos para o

desenvolvimento de ações estratégicas no âmbito do Ministério da Saúde, assim como levantar

algumas questões sobre sua continuidade. Na dimensão institucional, o estudo proporcionou um

panorama, ainda muito preliminar, sobre o desenvolvimento de competências no âmbito do

Ministério da Saúde.

Na perspectiva acadêmica, espera-se que este estudo represente uma pequena contribuição

para a melhor compreensão sobre a experiência do Ministério da Saúde.

Em termos de uma agenda futura de pesquisa relacionada à temática e à natureza do objeto

trabalhado nesta pesquisa, poderiam ser melhor explorados, tais como o aprofundamento do estudo

sobre a gestão por competência e a educação permanente, especificamente no que se refere às ações

realizadas no âmbito do Ministério da Saúde, e possíveis propostas inovadoras para a sua

manutenção, especificamente no que se refere à sua consolidação; a análise do impacto (positivo ou

negativo) de sua implementação;.

O desenvolvimento desta pesquisa foi uma dupla fonte de aprendizagem do ponto de vista

institucional e profissional, pois estudar o histórico da instituição e do projeto com um todo

permitiu melhor conhecê-la e a proposição e identificação de maximizar suas potencialidades.

Espera-se ter contribuído para o registro e consolidação da memória a gestão por

competência no âmbito do Ministério da Saúde e sua importância encorajando novas pesquisas dada

a relevância do tema.

Por fim, é importante mencionar que este estudo apresenta limites muito claros, que dizem

respeito tanto ao fato do Projeto estar ainda em fase inicial de implementação, quanto ao tempo

disponível para a realização desta pesquisa. Como já mencionado, no que se refere à revisão da

literatura, a produção de conhecimentos relacionados à Gestão por competências no âmbito do

Ministério da Saúde ainda é incipiente e os documentos sobre sua criação e desenvolvimento

também são escassos. Essa constatação exigiu um esforço importante de análise baseada em análise

documental com evidências pouco sólidas e que não permitem conclusões, mas sim apenas um

delineamento muito preliminar de possíveis tendências.

Page 69: Rodrigo dos Santos Santana - ARCA: HomeAs mudanças no contexto social brasileiro, atreladas aos novos desafios do Estado, bem como da administração pública, têm gerado aprimoramentos

63

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Ministério da Saúde. Brasília, nov. 2010.

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no Ministério da Saúde. Brasília, nov. 2010.

Page 72: Rodrigo dos Santos Santana - ARCA: HomeAs mudanças no contexto social brasileiro, atreladas aos novos desafios do Estado, bem como da administração pública, têm gerado aprimoramentos

66

GOULART, S. M. G. Relatório produto 6 – Relatório Técnico das Competências Técnicas dos

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dos servidores do MS, conforme o Decreto 5.707/06 e a Portaria MP n. 208/06. Brasília, nov.

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Page 74: Rodrigo dos Santos Santana - ARCA: HomeAs mudanças no contexto social brasileiro, atreladas aos novos desafios do Estado, bem como da administração pública, têm gerado aprimoramentos

68

ANEXO I – DOCUMENTOS LEVANTADOS E ANALISADOS

QUADRO 01 – DOCUMENTOS LEVANTADOS E ANALISADOS

N0

NOME/TIPO DO

DOCUMENTO DATA E LOCAL PRINCIPAL CONTEÚDO

ATAS DE REUNIÕES

1

Ata de reunião 001 06/11/2009 – MS/DF

Discutir e aprovar as definições iniciais para a implantação do

projeto.

2

Sumula de reunião 17/11/2009 – MS/DF Apresentação do projeto a equipe de Comunicação da

Secretaria Executiva do Ministério da Saúde

3

Ata de Reunião 002 20/11/09 – MS/DF Definições sequenciais do Projeto de Implantação da Gestão

por Competências

4

Ata de Reunião 003 26/02/2010 – MS/DF

Descrição das competências gerenciais obtidas nas entrevistas,

e definições sequenciais do Projeto de Implantação da Gestão

por Competências.

5

Ata de Reunião 004 2806/2010 – MS/DF Fechamento da descrição das competências validadas.

6

Súmula de Reunião 05/01/2010 – MS/DF Alinhamento projeto GPxC e Consultoria Publix

7

Sumula de Reunião 08/03/210 – MS/DF Definições para um Sistema de Gestão por Competências

8

Súmula de Reunião 11/06/2010 –MS-DF Apresentação do projeto Gestão por Competência;

Apresentação da equipe; Conceito de Competência.

9

Súmula de Reunião 04/10/2010 – MS-DF Projeto “Gestão de Pessoas por Competências”

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LEGISLAÇÃO / DECLARAÇÕIES / RESOLUÇÕES

N0

NOME/TIPO DO

DOCUMENTO DATA E LOCAL PRINCIPAL CONTEÚDO

10

Decreto nº 5.707

Legislação, Brasília,

23 de Fevereiro de

2006

Institui a Política e as Diretrizes para o Desenvolvimento de

Pessoal da administração pública federal direta, autárquica e

fundacional, e regulamenta dispositivos da Lei no 8.112, de 11 de

dezembro de 1990.

11

PORTARIA Nº 61

Legislação, Brasília,

de 08 de Fevereiro de

2010

Institui o Projeto Gestão de Pessoas por Competências, no âmbito

do Ministério da Saúde.

OUTROS DOCUMENTOS

N0

NOME/TIPO DO

DOCUMENTO DATA E LOCAL PRINCIPAL CONTEÚDO

12 Apresentação Gestão por

Competências

Documento de trabalho

(Powerpoint), Brasília-

DF, 08 de Agosto de

2010

Apresentação do Andamento do projeto para a Secretária

Executiva do MS e demais dirigentes.

13 Modelo Educação Corporativa -

Síntese

Documento de Trabalho

(Powerpoint), Brasília-

DF, 25 de Novembro de

2010

Apresenta um quadro síntese do modelo de educação

Coorporativa do Ministério da Saúde

14

Reunião de Alinhamento - Grupo

Consultivo

Documento de Trabalho

(Powerpoint), Brasília-

DF, 08 de Julho de 2010

Apresenta principais análises e conceitos ao grupo consultivo

do projeto Gestão de Pessoas por Competências

15 Seminário Competências

Documento de Trabalho

(Powerpoint), Brasília-

DF, 06 de Agosto de

2010

Facilitar a implementação das estratégias da organização

mediante a identificação e desenvolvimento das competências

organizacionais e das pessoas

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70

ANEXO II – ROTEIRO DA ENTREVISTA

Observação: o termo “servidor” aplica-se nesse questionário a todos as carreiras

que compõem a força de trabalho da SAA. 1. Em sua opinião, qual é a missão da SAA? Como ele deve ser reconhecida institucionalmente?

2. Em sua opinião, o que é um servidor competente no âmbito da SAA?

3. Quais os principais conhecimentos que o servidor necessita para desempenhar suas atividades com foco em Resultados na

SAA, com nível ótimo de qualidade? Iniciar a frase com: Deve conhecer...

4. Quais as principais habilidades que o servidor necessita para desempenhar suas atividades com foco em Resultados na

SAA, com nível ótimo de qualidade? Iniciar a frase com: Deve saber fazer...

QUESTIONÁRIO PARA LEVANTAMENTO DE COMPETÊNCIAS COM OS GESTORES DA SAA

Dados do entrevistado

Nome:

Área:

Data da entrevista:

Questões

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71

5. Quais as principais atitudes que o servidor deve apresentar para desempenhar suas atividades com foco em Resultados

na SAA, com nível ótimo de qualidade? Iniciar a frase com: Deve ser...

6. Quais os desafios futuros da SAA?

7. Considerando os desafios descritos, que competências você entende que servidores da SAA

precisarão desenvolver imediatamente?

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72

ANEXO III – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO - TCLE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Prezado participante,

Você está sendo convidado(a) a participar da pesquisa COMPETÊNCIA PARA RESULTADOS:

ESTUDO DE CASO DA SUBSECRETARIA DE ASSUNTOS ADMINISTRATIVOS - SAA ,

desenvolvida por Rodrigo dos Santos Santana, discente de Mestrado Profissional de Políticas e

Gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio

Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/FIOCRUZ), sob orientação do Professor Dr. José Manuel

Santos de Varge Maldonado.

O objetivo central do estudo é: Analisar o nível de implementação da Gestão por Competências na SAA,

em relação ao projeto Gestão por Competências no MS, visando a continuidade das ações e o

fortalecimento das diretrizes do plano de desenvolvimento dos servidores.

O convite a sua participação se deve à sua atuação enquanto formador de opinião e liderança na

Subsecretaria de Assuntos Administrativos. Sua participação é voluntária, isto é, ela não é obrigatória, e

você tem plena autonomia para decidir se quer ou não participar, bem como retirar sua participação a

qualquer momento. Você não será penalizado de nenhuma maneira caso decida não consentir sua

participação, ou desistir da mesma. Contudo, ela é muito importante para a execução da pesquisa.

Serão garantidas a confidencialidade e a privacidade das informações por você prestadas. Qualquer dado

que possa identificá-lo será omitido na divulgação dos resultados da pesquisa, e o material será

armazenado em local seguro.

Ministério da Saúde

FIOCRUZ

Fundação Oswaldo Cruz Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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A qualquer momento, durante a pesquisa, ou posteriormente, você poderá solicitar do pesquisador

informações sobre sua participação e/ou sobre a pesquisa, o que poderá ser feito através dos meios de

contato explicitados neste Termo.

Os participantes desta pesquisa não serão identificados, bem como o conteúdo de suas respostas. As

respostas serão consolidadas num arquivo geral e subsidiarão a pesquisa.

A sua participação consistirá em responder perguntas de um roteiro de entrevista/questionário ao

pesquisador do projeto. A entrevista será gravada, posteriormente serão transcritas e armazenadas em

arquivos digitais, mas somente terão acesso às mesmas o pesquisador e seu orientador. O tempo de

duração da entrevista é de aproximadamente uma hora.

Ao final da pesquisa, todo material será mantido em arquivo, por pelo menos 5 anos, conforme

Resolução 466/12 e orientações do CEP/ENSP.

O benefício (direto ou indireto) relacionado com a sua colaboração nesta pesquisa é o de contribuir para

um melhor desenvolvimento dos servidores da Subsecretaria de Assuntos Administrativos, por meio da

construção de competência focada em resultados institucionais.

Cabe ressaltar que os riscos desta pesquisa são mínimos. Por se tratar de uma complementação de

projeto já implementado no Ministério da Saúde, as contribuições de sua participação servirão como

fomento. Entretanto, os riscos mínimos serão mitigados com a preservação da identidade dos

participantes da pesquisa e de suas respostas.

Os resultados serão divulgados em palestras dirigidas ao público participante, relatórios individuais para

os entrevistados, artigos científicos e na dissertação/tese.

Ressalta-se que os participantes da pesquisa que vierem a sofrer qualquer tipo de dano previsto ou não

no termo de consentimento e resultante de sua participação no estudo, além do direito à assistência

integral, têm direito à indenização, conforme itens III.2.0,IV.4.c, V.3, V.5 e V.6 da Resolução CNS

466/12.

Este termo é redigido em duas vias, sendo uma para o participante e outra para o pesquisador. Todas as

páginas deverão ser rubricadas pelo participante da pesquisa e pelo pesquisador responsável, com ambas

as assinaturas apostas na última página. O termo apresentado deve conter local destinado à inserção das

referidas rubricas – pesquisador e participante.

Em caso de dúvida quanto à condução ética do estudo, entre em contato com o Comitê de Ética em

Pesquisa da ENSP. O Comitê de Ética é a instância que tem por objetivo defender os interesses dos

participantes da pesquisa em sua integridade e dignidade e para contribuir no desenvolvimento da

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pesquisa dentro de padrões éticos. Dessa forma o comitê tem o papel de avaliar e monitorar o

andamento do projeto de modo que a pesquisa respeite os princípios éticos de proteção aos direitos

humanos, da dignidade, da autonomia, da não maleficência, da confidencialidade e da privacidade.

Tel e Fax - (0XX) 21- 25982863

E-Mail: [email protected]

http://www.ensp.fiocruz.br/etica

Endereço: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/ FIOCRUZ, Rua Leopoldo Bulhões,

1480 –Térreo - Manguinhos - Rio de Janeiro – RJ - CEP: 21041-210

___________________________________________

Rodrigo dos Santos Santana

Discente de Mestrado Profissional de Políticas e Gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação em

Saúde

Contato com o(a) pesquisador(a) responsável:

Professor Doutor José Manuel Santos de Varge Maldonado

Tel (21) 2598-2596

e-mail: [email protected]

BsB, 28 de Março de 2014

Declaro que entendi os objetivos e condições de minha participação na pesquisa e concordo em

participar.

_________________________________________

(Assinatura do participante da pesquisa)

Nome do participante: