Rodrigues & Garcia-Marques (2005)

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Rodrigues, D. & Garcia-Marques, T. (2005). Marquemos o encontro ao cimo da escada: O papel da activação fisiológica na atracção interpessoal [Let’s meet on top of the stairs: Impact of arousal on interpersonal attraction]. Análise Psicológica, 23, 472-436.

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A atracção inicial refere-se à atracção sentidano primeiro momento em que duas pessoas se vêem.A importância do seu estudo reside no facto deeste fenómeno poder aumentar a probabilidadedas interacções futuras, factor essencial para o de-senvolvimento de uma relação amorosa.

À semelhança de outros fenómenos sociais,também a atracção inicial não tem uma definiçãototalmente objectiva. Tendo em conta a definiçãode atracção proposta por Duck (1994), pode serum aspecto em particular – um cheiro, uma trocade olhares, um aspecto físico, a associação de umacaracterística da outra pessoa a algo agradável,entre uma grande variedade de factores – que de-sencadeia na pessoa a vontade de querer interagire conhecer melhor outra. Mas o que uma pessoasente num primeiro contacto? A literatura suge-re-nos uma diferenciação entre os sentimentos deatracção geral e de atracção romântica (e.g., White,Fishbein & Rutstein, 1981).

Por um lado, a atracção geral pode ser con-ceptualizada como um conjunto de sentimentos

de amizade e de voluntariedade no desejo de co-nhecer a outra pessoa. Este tipo de atracção apro-xima-se do estilo primário de amor designado por“storge” (Lee, 1973; Hendrick & Hendrick, 1986).Por outro lado, a atracção romântica pode serdefinida como um conjunto de sentimentos maisespecíficos, nomeadamente a voluntariedade nodesejo de conhecer o outro de uma forma maisíntima. A atracção romântica interliga-se em gran-de parte com o estilo primário de amor “eros”(Lee, 1973; Hendrick & Hendrick, 1986) e como conceito de “passionate love” (Berscheid & Reis,1998; Hendrick & Hendrick, 1989), definido co-mo “a state of intense longing for union with ano-ther” (Hatfield & Rapson, 1994, p. 93).

A voluntariedade na interacção com outra pes-soa pode ser influenciada por um conjunto de facto-res, alguns dos quais passíveis de exercer o seuefeito no momento em que se pretende estabele-cer a interacção, ou no momento em que se rece-be a primeira informação acerca do outro. A lite-ratura sugere alguns factores pessoais e situacio-nais que podem actuar como facilitadores e po-tenciadores da voluntariedade para estabelecer umaprimeira interacção, tais como a atractividade fí-sica percebida da outra pessoa ou a partilha do mes-mo espaço de trabalho por ambas as pessoas (Bers-cheid & Reis, 1998; Meston & Frohlich, 2003).Assim sendo, a diferente informação que o reci-piente recebe sobre o alvo em diferentes contex-

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Análise Psicológica (2005), 4 (XXIII): 427-436

Marquemos o encontro ao cimo da escadaO papel da activação fisiológica na atracção interpessoal

DAVID RODRIGUES (*)TERESA GARCIA-MARQUES (*)

(*) Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Lisboa.A correspondência relativa a este artigo deve ser en-

viada para: Teresa Garcia-Marques, Instituto Superiorde Psicologia Aplicada, Rua Jardim do Tabaco, 34,1149-011, Lisboa. E-mail: [email protected]

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tos, é passível de exercer influência no sentimen-to de atracção activado.

Neste artigo focamos o papel de uma outra fon-te de informação, mais concretamente, as reac-ções fisiológicas do organismo perante o estímu-lo alvo. A literatura sugere-nos que a activaçãofisiológica produz enviesamentos nos “sentimen-tos” reportados pelas pessoas, quando esta ne-cessita de uma explicação (Cotton, 1981; Foster,Witcher, Campbell & Green, 1998). A activaçãofisiológica, por se associar a uma manifestaçãoafectiva, exerce influência sobre a percepção queas pessoas têm dos seus “sentimentos”. Mas seráque esta influência se estende à dimensão da atrac-tividade interpessoal?

IMPACTO DA ACTIVAÇÃO FISIOLÓGICA NAATRACTIVIDADE INTERPESSOAL

Ao longo da evolução do estudo das relações in-terpessoais, alguns investigadores verificaram quea atracção e a paixão poderiam advir de uma atri-buição “errada” de determinadas sensações fisio-lógicas. Com base na teoria das emoções de Scha-chter e Singer (1962), assumiu-se que sentimentosamorosos podem advir da experiência de activa-ção fisiológica atribuída enviesadamente a senti-mentos de amor ou paixão por uma pessoa do gé-nero oposto presente no contexto (Foster et al., 1998;Pierce, Byrne & Aguinis, 1996).

De acordo com as investigações de Schachter(1964), as emoções são experienciadas como umaactivação fisiológica à qual se atribui uma desig-nação cognitiva, que pode ser “incorrecta”. Deacordo com o autor, sempre que um indivíduo seencontra em situações de activação fisiológica(“arousal”) sem qualquer tipo de explicação pa-ra tal, tende a criar uma explicação com base nosfactores externos que o rodeiam, não sendo tole-rados estímulos “sentimentos” sem qualquer de-signação cognitiva.

Os pressupostos desenvolvidos pelo autor de-ram origem à teoria da atribuição enviesada (“mi-sattribution theory”), segundo a qual diferentesníveis de excitação provocam nas pessoas dife-rentes reacções emocionais, consoante as designa-ções cognitivas elaboradas para cada situação (Cot-ton, 1981; Foster et al., 1998).

No seguimento desta teoria, Dutton e Aron (1974)investigaram o impacto de determinados factores

contextuais nos sentimentos de atractividade. Nainvestigação pedia-se a pessoas do género mas-culino para atravessarem uma ponte de madeiracom 140 metros de comprimento, situada a 70 me-tros do solo de um parque em Vancouver. A meioda travessia, uma rapariga atractiva pedia aos par-ticipantes para criarem uma história com base nu-ma figura ambígua do TAT (“Thematic Appercep-tion Test”), fornecendo-lhes também o seu nú-mero de telefone, para o caso de quererem maisinformações acerca do estudo. Os resultados mos-traram que estas pessoas, comparativamente comas que realizaram a travessia numa ponte subs-tancialmente menos elevada (a 3 metros do solo),criaram histórias com mais componentes sexu-ais, fazendo também mais contactos telefónicos.De acordo com os autores, a excitação resultantedo estímulo ambíguo (neste caso uma ponte de ma-deira que abanava com o vento) pode ter sidoatribuída a outra fonte presente no meio ambien-te (neste caso a rapariga atractiva). Mais concre-tamente, a activação fisiológica sentida pelas pes-soas ao atravessar a ponte parece ter sido atribuí-da à rapariga, aumentado a sua atractividade.

Esta perspectiva sugere que perante uma si-tuação desencadeadora de excitação fisiológica,para a qual não parece existir explicação, o indi-víduo tenta dar uma designação ao que sente combase no contexto que o rodeia (Allen, Kenrick,Linder & McCall, 1989; Cotton, 1981). Ora se umadeterminada situação deixar no indivíduo resí-duos excitatórios, tal leva a que as suas reacçõesemocionais em situações subsequentes podem seraumentadas (Zillmann, 1971). No entanto, as pes-soas não transferem a sua excitação para uma se-gunda situação, se estiverem conscientes da suaorigem (Zillmann, 1978). Assim, por exemplo,haverá maior probabilidade de ocorrer “transfe-rência” da activação fisiológica, resultante da acti-vidade física, se houver um distanciamento tem-poral relativamente à sua origem.

Sinclair, Hoffman, Mark, Martin e Pickering(1994) demonstraram tal facto ao constataremque após exercício físico, os participantes repor-taram ter voltado ao seu estado inicial de cansa-ço após três minutos, apesar das medidas fisioló-gicas indicarem que tal só aconteceu após cincominutos. Vários autores que utilizaram o para-digma da activação fisiológica concluíram que oestímulo ambíguo apresentado imediatamente aseguir à activação fisiológica não produzia tanto

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impacto, comparativamente com um estímulo apre-sentado algum tempo depois. Na sua investiga-ção, Cantor, Zillmann e Bryant (1975) pediramàs pessoas para pedalarem numa bicicleta duran-te um minuto e para visualizarem um filme eró-tico, apresentado imediatamente a seguir ao exer-cício ou passado algum tempo. Os resultados per-mitiram verificar que as pessoas que esperaramvários minutos antes de verem o filme reporta-ram maiores nível de excitação durante a sua vi-sualização, atribuindo os resíduos excitatórios doexercício ao filme, contrariamente às pessoas queviram o filme de imediato.

Esta breve revisão dos estudos dedicados aoimpacto da activação fisiológica nos julgamentosemocionais sugere-nos a possibilidade da atrac-ção inicial por uma pessoa alvo poder ser afecta-da pelos acontecimentos contextuais, se estes pro-moverem activação fisiológica no indivíduo. Assim,de acordo com a teoria da transferência da exci-tação de Zillmann (1971), é possível que os resí-duos excitatórios ainda presentes no sistema ner-voso, resultantes do exercício físico efectuado pe-las pessoas, consiga intensificar a atracção sen-tida pela pessoa alvo após um intervalo de tem-po. Parece, porém, ser condição necessária quedurante esse intervalo de tempo não se faça qual-quer referência ao exercício físico efectuado, demodo a que as pessoas não estabeleçam relaçõesde causalidade (Meston & Frohlich, 2003).

Mas, se hipotetizamos a ocorrência de trans-ferência e subsequente atribuição errónea à atrac-tividade sentida por uma pessoa alvo, nada nosleva a pressupor que este efeito se verifique sem-pre e em qualquer circunstância. Vários factoresque interferem no julgamentos de atractividadepodem inibir ou mesmo contrariar este efeito.

Características da Pessoa Alvo – Um factor cominfluência directa na atractividade de uma pessoaalvo é, sem dúvida, as suas próprias característi-cas. A maioria dos estudos acerca dos factoresque influenciam a atracção utiliza pessoas muitoatractivas ou pessoas pouco atractivas, sendo vas-ta a literatura que sugere o desencadeamento dediferentes graus de atracção, consoante a atracti-vidade física da pessoa alvo (Allen et al., 1989;Foster et al., 1998). Note-se, porém, que ao con-trário dos homens, as mulheres tendem a não dartanta importância a características físicas, massim a outros atributos tais como as ambições

futuras da outra pessoa, a sua profissão, entre ou-tros aspectos. Além disso, tendem a preferir par-ceiros mais velhos, com bens materiais e com um“status” social mais elevado (Antill, 1983; Bers-cheid & Walster, 1974; Byrne, Clore & Worchel,1966; Chapdelaine, Levesque & Cuadro, 1999;Feingold, 1990; Graziano, Jensen-Campbell, She-bilske & Lundgren, 1993; Jellison & Mills, 1967;Sprecher, Sullivan & Hatfield, 1994). É possível,assim, que as características da pessoa alvo sejamde tal modo salientes e promotoras de atractivi-dade ou não atractividade, que inibam ou inver-tam o impacto da transferência da activação.

Para além das características da pessoa alvo,temos factores associados ao próprio indivíduoque podem inibir a manifestação do efeito. Con-sidere-se, por exemplo, o facto deste estar ou nãoenvolvido numa relação amorosa.

Relacionamento Amoroso – O facto de um in-divíduo estar envolvido amorosamente com ou-tro interfere quer no grau de atractividade sen-tida, quer no grau de atractividade percebida. Narealidade, indivíduos envolvidos numa relação ro-mântica demontraram perceber uma pessoa alvocomo menos física e sexualmente atractiva, com-parativamente com indivíduos não envolvidos ro-manticamente (Simpson, Gangestad & Lerma,1990). Relevante para a abordagem atribucionalé o estudo de Meston e Frohlich (2003), no qual severificou que após andarem de montanha-russa,os indivíduos acompanhados pelo seu parceiroromântico não se consideraram tão atraídos pelafotografia de uma pessoa alvo, quando compara-dos com os indivíduos acompanhados de um fa-miliar ou de um amigo.

De forma a estudar experimentalmente este efeitode transferência da activação fisiológica, activá-mos indivíduos fisiologicamente através de umaactividade física, para de seguida os colocar nu-ma situação criada com o objectivo específico deisolar a situação de “primeiro contacto” com a pes-soa alvo. De acordo com a hipótese em estudo,esperávamos que os participantes activados fi-siologicamente reportassem níveis superiores deatracção, comparativamente com os não activa-dos, mas apenas quando este julgamento se afas-tasse temporalmente da verdadeira causa da acti-vação. Controlámos as características da pessoa

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alvo escolhendo uma pessoa avaliada por um con-junto de juízes como possuindo características neu-tras no que respeita à sua beleza física e simpatia(Berscheid & Walster, 1974; Maruyama & Miller,1981). Além disso, a sua idade era semelhante àdos participantes e não apresentava ambições es-pecíficas face ao seu futuro. Com vista a verifi-car o possível efeito moderador do relacionamen-to, questionámos os participantes sobre a sua actualsituação amorosa.

MÉTODO

Participantes e Delineamento

Foi pedida a colaboração de 72 estudantes dogénero feminino do Instituto Superior de Psico-logia Aplicada (ISPA), com idades compreendi-das entre os 18 e os 31 anos de idade, sendo a mé-dia de 21.46 anos de idade (d.p.=2.36). Cerca de73% da amostra respondente referiu estar envol-vida, no momento da sua participação, numa re-lação amorosa.

Os participantes foram distribuídos de uma for-ma aleatória por cada uma das condições experi-mentais, definidas pelo delineamento factorial 2(sem activação fisiológica vs. com activação fi-siológica) x 2 (avaliação imediata vs. avaliaçãoapós três minutos).

Material

A realização do estudo envolveu a necessida-de de mensurar o “nível de atracção” sentido por

uma pessoa alvo, numa situação que por si só nãoinduziria a níveis elevados de atracção. Como tal,foi adaptada uma medida de atracção interpes-soal e foi seleccionada uma pessoa alvo.

Medida de atracção. Para alcançar os objecti-vos da investigação, foram utilizados os itens daescala utilizada por White et al. (1981) corres-pondentes às medidas de atracção geral e român-tica. Em pré-teste, estes itens demonstraram umaelevada consistência interna (α=.81) e uma forterelação entre os itens, sendo 70.08% da variabi-lidade associada à medida explicada pelos facto-res.

À semelhança da medida original, considerá-mos que os oito itens em conjunto representam umamedida global de atracção, constituída por umamedida de atracção geral (quatro afirmações ini-ciais) e por uma medida de atracção romântica (qua-tro restantes afirmações) (Tabela 1).

Material. A escolha da pessoa alvo (género mas-culino) foi feita de acordo com o critério de neu-tralidade em termos de beleza física e de simpa-tia, sendo apresentada num vídeo no qual falavasobre si e sobre os seus gostos pessoais durante 51segundos, tendo uma parede branca como fundo.

Foi conduzido um pré-teste para verificar aspercepções dos indivíduos face a um conjunto decaracterísticas da pessoa alvo, a determinadas ca-racterísticas do vídeo e à credibilidade do estudo,todas avaliadas numa escala de sete pontos. Osresultados de 13 juízes permitiram verificar quea pessoa alvo foi considerada neutra tanto emtermos da sua beleza (M=3.62), como em termosda sua simpatia (M=4.69). Além disso, os juízes

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TABELA 1Medida de atracção

Medidas Itens Escala de resposta

1. Sinto que há semelhanças entre nós. Atracção geral 2. Desejaria conhecê-lo melhor.

3. Gostaria de trabalhar com ele. 4. Penso que me daria bem com ele. 5. Considero-o fisicamente atractivo. Nada 1 2 3 4 5 6 7 Muito

Atracção romântica 6. Acho-o excitante. 7. Desejaria beijá-lo. 8. Desejaria encontrar-me com ele.

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consideraram consensualmente que a informaçãotransmitida era neutra (M=3.92) e que a duraçãodo vídeo se adequava ao objectivo proposto (M=3.69),ou seja, um vídeo de auto-apresentação retiradode um “site” de convívio na “internet”, destinadoa estabelecer novas amizades.

Procedimento

Numa primeira fase foi pedida a participaçãodos alunos num estudo que estava a ser conduzi-do pelo ISPA, acerca da ergonomia das escadasde acesso aos diferentes pisos. Assim, pediu-seàs pessoas que se colocassem no topo das esca-das (3.º andar) e que descessem a um ritmo nor-mal e seguidamente a um ritmo acelerado até àrecepção da faculdade, de modo a que fosse pos-sível registar os tempos médios em ambas as si-tuações. No final desta dupla tarefa foi distribuí-do um questionário de despiste constituído poroito questões, com o qual se pretendia medir asatitudes dos estudantes face às tarefas propostas.

De seguida, foi pedida a participação para umoutro pré-teste de material. Este destinava-se a es-tudar o papel da internet no âmbito das relaçõesinterpessoais. A tarefa consistia na visualizaçãode um filme com 50 segundos e no posterior pre-enchimento de uma escala referente ao mesmo.Enquanto que metade das pessoas visualizaram ovídeo imediatamente após o preenchimento do ques-tionário de despiste, às restantes foi dito que o ví-deo iria ser apresentado após um filme com apro-ximadamente três minutos, que as ajudaria a re-laxar. O filme apresentado correspondia a um ex-certo de um documentário intitulado “The com-plete cosmos: Earth patrol”1.

Às pessoas que não realizaram exercício físi-co pediu-se apenas para participarem no pré-tes-te do vídeo, tendo metade dos participantes visua-lizado o vídeo da pessoa de imediato e a outra me-tade após o filme “The complete cosmos: Earthpatrol”.

Após a visualização do filme, os participantes

avaliação a atracção sentida pela pessoa alvo,reportaram o seu estado de espírito no momento(“Qual o seu estado de espírito enquanto visuali-zava o vídeo?”) e referiram se tinham ou não umarelação amorosa. Os participantes que foram acti-vados fisiologicamente foram adicionalmente ques-tionados sobre a sua percepção de: (a) existênciade uma relação entre as duas tarefas (“Antes devisualizar o vídeo participou numa experiênciaacerca da ergonomia das escadas do ISPA. Em quemedida considera que existe relação entre ambasas tarefas?”), e (b) influência da primeira tarefano desempenho da segunda (“Em que medidaconsidera que ter corrido pelas escadas do ISPAinfluenciou a forma como avaliou a pessoa do ví-deo?”). A resposta a todas as medidas de contro-lo foi feita numa escala de sete pontos, que va-riava entre “Nada” e “Muito”.

RESULTADOS

Medidas de atracção

Medida de atracção geral. Os itens associa-dos à medida de atracção geral (Tabela 1) demons-traram compor um único factor (57,8% da vari-ância explicada), apresentando elevado nível deconsistência interna (α=.75), pelo que foram agre-gados pela sua média numa medida única de atrac-ção geral.

Medida de atracção romântica. Os itens asso-ciados à medida de atracção romântica (Tabela 1),apresentaram-se também organizados em tornode um único factor (74,5% da variância explica-da), revelando uma elevada consistência interna(α=.87). Assim, foi calculada a sua média, comorepresentativa da medida de atracção romântica.

Medidas de Controlo

A análise das respostas às questões de contro-lo permitiu verificar o grau de homogeneidade en-tre os grupos e ausência de impacto destas medi-das nas medidas de atracção.

Relação entre as tarefas. A média dos dois itens(r=.80) que procuravam aceder à percepção cons-ciente do impacto da actividade de subir escadasno grau de atracção reportado pelos indivíduos,foi computada e correlacionada com as duas me-

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1 O excerto foi submetido a pré-teste e concluiu-seser neutro em termos da sua agradabilidade (M=4.00 ed.p.=1.00) e do estado de espírito desencadeado pelasua visualização (M=4.29 e d.p.=.76).

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didas dependentes, com o objectivo de aceder àsua possível influência nos dados obtidos. Os da-dos sugerem a não existência de uma relação en-tre esta medida e o nível de atracção geral (r=.15,p=.26) ou o nível de atracção romântica (r=.04,p=.32).

Impacto da Manipulação

Com vista a estudar as hipótese do impacto con-junto da actividade fisiológica e momento de ava-liação no grau de atracção geral e romântica re-portados pelos participantes, introduziram-se es-tas duas variáveis de forma independente no mo-delo de análise de variância associada ao delinea-mento 2 (sem activação fisiológica vs. com acti-vação fisiológica) x 2 (avaliação imediata vs. ava-liação após três minutos). Em ambas as análisesforam feitas transformações dos dados em ranksde modo a verificarem-se os pressupostos e nor-malidade e homogeneidade associados ao mode-lo de análise de variância.

Medida de atracção geral. Tanto a activação fi-siológica (F (1,68)=.68, p=.41), como o intervalode tempo precedente à avaliação da atracção sen-tida pela pessoa alvo (F (1,68)=.02, p=.90) nãopromoveram por si só diferenças nos “sentimen-tos” de atracção sentidos pela pessoa alvo. Espe-rava-se porém, um efeito da interacção destas duasvariáveis independentes, apresentando-se este muitomarginal (F (1,68)=2.13, p=.15).

Os dados parecem, no entanto, reflectir o pa-drão esperado pela hipótese, visto o exercício fí-sico aliado a um intervalo de tempo antes do “pri-meiro encontro” com a pessoa alvo, ter dado ori-gem a níveis de atracção geral superiores, com-parativamente com os níveis de atracção das pes-soas que não realizaram exercício físico. Na rea-lidade o contraste entre estes dois grupos na con-dição “avaliação após três minutos” (M=3.28 pa-ra o grupo de controlo e M=3.89 para o grupo ex-perimental), apresentou-se marginalmente signi-ficativo (t (68)=1.61, p=.06), enquanto o contras-te entre este grupo (M=3.44) e o grupo experimen-tal (M=3.46) na condição “avaliação imediata”não originou diferenças significativas (t (68)=-.45,p=.33).

Medida de atracção romântica. Apesar das pes-soas do grupo que realizou exercício físico terem--se sentido mais atraídas romanticamente pela pes-soa alvo (M=2.15) quando comparadas com os par-ticipantes da situação de controlo que não foramactivados fisiologicamente (M=2.00), essa diferen-ça não atingiu clara significância estatística (F (1,68)=1,80, p=.18).

A variável “momento de avaliação” não afec-tou os sentimentos partilhados pelos participan-tes, uma vez que os que esperaram cerca de trêsminutos para ver o filme da pessoa alvo não sesentiram significativamente mais atraídos deuma forma romântica (M=2.17), quando compa-radas com as pessoas que viram o filme imedia-

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FIGURA 1Medida de atracção geral no grupo de controlo e experimental quando feita imediatamente ou

após 3 minutos

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tamente (M=1.97) (F (1,68)=.31, p=.58). Verifi-cou-se igualmente uma ausência de impacto con-junto das duas variáveis, pelo que os resultadosda interacção que se esperava verificar entre osfactores afastaram-se bastante da significância es-tatística (F (1,68)=.28, p=.60).

Papel do Relacionamento Amoroso

No seguimento de uma hipótese colocada porMeston e Frohlich (2003), foi verificado se as me-didas de atracção e a variável “relacionamento amo-roso” estariam relacionadas. Os dados sugeremdiferenças nos “sentimentos” de atracção geral re-portados pelas pessoas que afirmam estar envol-vidas num relacionamento amoroso (M=3.42) eas pessoas que não têm tal envolvimento (M=3.88)(t (43)=1.61, p=.06) bem como diferenças nos “sen-timentos” de atracção romântica, onde as pesso-as envolvidas numa relação amorosa reportam ín-dices inferiores (M=1.92) do que as não envol-vidas (M=2.71) (t (43)=2.71, p=.01)2.

Uma análise a posteriori dos participantes queindicaram não estar envolvidos numa relação amo-rosa, sugere que as pessoas que realizaram exer-

cício (M=4.40) se sentiram marginalmente maisatraídas pelo alvo de uma forma geral, quando com-paradas com as pessoas que não activadas fisio-logicamente (M=3.50) (t (10)=-1.44, p=.09). Noque respeita à atracção romântica, não se verifi-caram diferenças significativas entre o grupo acti-vado fisiologicamente (M=2.75) e o grupo de con-trolo (M=2.68) (t (10)=-.06, p=.48).

A análise dos participantes que referiram estarenvolvidos num relacionamento amoroso, revelaum padrão idêntico ao da análise geral. Os parti-cipantes activados fisiologicamente referiram sen-tir-se mais atraídos de uma forma geral pela pessoaalvo (M=3.69) comparativamente com os parti-cipantes do grupo de controlo (N=20, M=3.25), em-bora tal diferença não tenha assumido significân-cia estatística (t (31)=-.87, p=.20). Da mesma for-ma, as pessoas que realizaram exercício físico nãose sentiram significativamente mais atraídas deuma forma romântica (M=2.00) comparativamen-te com as pessoas não activadas (M=1.88) (t (31)=-.80, p=.23).

Note-se que esta partição da análise estatísticaenvolveu um número reduzido de participantesem cada condição, pelo que se poderá verificaruma reduzida potência de teste. Poderá, assimacontecer que o efeito em estudo esteja presentepara indivíduos que estejam e não estejam envol-vidos numa relação amorosa. Os dados sugerem,no entanto, que o efeito será mais marcado junto da-queles que não têm presentemente um compro-

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FIGURA 2Medida de atracção romântica no grupo de controlo e experimental quando feita

imediatamente ou após 3 minutos

2 Note-se, no entanto, que esta variável não interagiucom a activação fisiológica e com o espaçamento tem-poral anterior à visualização do vídeo da pessoa alvo.

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misso amoroso, visto o teste associado a um nú-mero reduzido de participantes se revelar margi-nalmente significativo. Assim, e tal como suge-rido na literatura, consideramos que a existênciade uma relação amorosa na vida privada das pes-soas fez com que julgamentos de atracção senti-da não fossem tão elevados (Meston & Frohlich,2003; Simpson et al., 1990).

DISCUSSÃO

O objectivo do presente estudo foi o de tentarperceber a influência de determinados factoresna atracção geral e romântica reportada pelosparticipantes. Mais concretamente, estudou-se oimpacto: (a) da activação fisiológica, manipula-da pelo exercício físico “subir e descer escadas”,o que promoveu um acelerar dos batimentos car-díacos (Mandler, 1992; Sinclair et al., 1994) e (b) dotempo, manipulado pelo intervalo anterior à vi-sualização do filme da pessoa alvo.

Os resultados do estudo, embora longe de con-clusivos, sugerem que o factor estudado condu-ziu ao enviesamento das reacções emocionais de-sencadeadas. Mais concretamente, verificou-se queas pessoas que realizaram exercício físico tende-ram a reportar níveis de atracção geral superio-res, comparativamente com os respectivos gru-pos de controlo. No entanto, estas diferenças ape-nas atingem significância estatística quando men-surados após algum intervalo de tempo do momen-to da activação fisiológica.

Tal é congruente com a ideia de que os resí-duos excitatórios presentes no sistema nervoso daspessoas originaram enviesamentos nos processosde atribuição dos sentimentos relativos à pessoaalvo, dadas as condições contextuais. Os indiví-duos que se sentiram activados fisiologicamentee não tinham uma razão saliente no meio para tal,após se dissociarem da situação de activação (pas-sar algum tempo), tenderam a fazer uma atribui-ção enviesada do que estavam a sentir para um es-tímulo ambíguo – neste caso a pessoa alvo – jul-gando-se como mais atraídos, pelo menos em ter-mos gerais, comparativamente com as pessoas quenão realizaram qualquer exercício físico. Assim,parece ter havido uma tendência para que as pes-soas activadas devido ao exercício físico transfe-rissem o que estavam a sentir para um estímulo am-bíguo presente no meio, na altura em que lhes foi

pedido para darem uma designação aos seus sen-timentos (Allen et al., 1989; Cotton, 1981; Fosteret al., 1998; Mandler, 1992). Salienta-se, porém,a fraca magnitude do efeito em estudo. Lembre-mos que estes fenómenos resultam de atribuiçõesenviesadas feitas pelas pessoas num determinadomomento temporal e que os enviesamentos se pas-síveis de ocorrer (que é o foco do estudo) não sãosempre esperados (o sistema cognitivo deve-se opôra enviesamentos) tal como referem Foster et al.(1998). Ainda assim, torna-se positivo o facto dosefeitos terem emergido nos dados recolhidos nu-ma amostra com as mesmas características que aaqui apresentada.

O mesmo padrão de resultados era esperado noque diz respeito aos níveis de atracção românticareportados. Apesar dos dados sugerirem a possi-bilidade dos indivíduos activados fisiologicamen-te se sentirem mais atraídos romanticamente, averdade é que o efeito não emerge de uma formaclara e não ambígua. Vários factores podem tercontribuído para esta ambiguidade. Em primeirolugar, a própria natureza da medida: poucos ounenhum participante se sentiu à vontade para ex-pressar querer beijar alguém que desconhece to-talmente, pois só teve um contacto indirecto porbreves minutos. A variabilidade associada à me-dida sofre a sua expressão. Em segundo lugar, lem-bremo-nos que a maioria dos participantes esta-vam envolvidos numa relação amorosa, o que pa-rece moderar o efeito em estudo, podendo ter ain-da maior impacto numa expressão intensa comoa de uma relação amorosa. Assim, pensamos queeste efeito é delicado, que se expressa em fraca ma-gnitude e que futuros estudos que o pretendam fo-car devem tornar mais sensível a medida, aumen-tar a potência dos testes estatísticos que o detec-tam, aumentando a dimensão da amostra e con-trolar para um conjunto de variáveis que podemafectar o efeito. Como exemplo, atenda-se ao queFeingold (1990) refere sobre as pessoas do géne-ro masculino, como dando mais valor à belezafísica e à idade aquando de uma relação amoro-sa, e às pessoas do género feminino como valori-zando mais outros aspectos como o status social,profissão e ambições. A nossa amostra foi cons-tituída totalmente por pessoas do género femini-no e a pessoa alvo apresentava-se de uma formaem algo “seca”: não demonstrava grandes ambi-ções futuras e tendo um emprego de fotógrafo eeditor de imagem, com o qual talvez as partici-

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pantes não se tenham identificado, influenciandoconsequentemente os julgamentos de atracção sen-tida (Graziano et al., 1993).

Um aspecto que nos parece claro neste estudoé o de que a existência de uma relação amorosana vida privada dos indivíduos poderá actuar co-mo inibidor dos enviesamentos da atracção sen-tida pela pessoa alvo. Os dados obtidos vão ao en-contro do que se esperava, ou seja, as pessoas en-volvidas num relacionamento amoroso sentiram--se significativamente menos atraídos quer de umaforma geral, quer de uma forma romântica peloestímulo. De acordo com Simpson et al. (1990) eMeston e Frohlich (2003), estes efeitos podem de-ver-se à visualização do outro enquanto uma po-tencial ameaça para a estabilidade da relação amo-rosa. Futuros estudos que foquem a questão doenviesamento deverão, assim, controlar para estavariável incluindo-a no delineamento do estudo.

Em suma, neste estudo ficou patente o fenóme-no de impacto da activação fisiológica nos senti-mentos de atracção sentida por uma pessoa coma qual se toma um conhecimento muito superfi-cial. Existe um grande número de situações navida diária das pessoas que podem ser referidascomo activadoras fisiológicas. De entre os maisbanais encontramos o simples subir de uma esca-da, as aulas de ginástica, os filmes excitantes, ouo presenciar um desastre. Mas outros mais com-plexos poderão ser observados, como o de duaspessoas que trabalhem juntas em projectos queenvolvam muita responsabilidade e que sejam de-sencadeadores de elevada ansiedade. Na realida-de, a paixão sempre foi um mistério da mente e daalma. Apaixonamo-nos por várias razões. A acti-vação fisiológica sentida no momento de encon-tro parece ser uma delas... parece ser um peque-no empurrão para o “fogo que arde sem se ver”.

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RESUMO

No presente artigo é estudado o impacto da activa-ção fisiológica prévia na atracção sentida por uma pessoaalvo, quer a nível geral, quer a nível romântico, no “pri-meiro momento” de um encontro. O nível de activaçãofisiológica foi manipulado através do exercício físico (su-bir e descer escadas) realizado pelos participantes antesde avaliarem a pessoa alvo – considerada como “neu-tra” em termos de beleza física e simpatia.

Verificou-se que numa amostra de 72 pessoas do gé-nero feminino, a excitação fisiológica provocou níveisde atracção geral tendencialmente mais elevados, com-parativamente com as pessoas que não realizaram exer-cício físico. Estes efeitos foram-se acentuando com o au-mento da distância temporal entre a activação fisioló-gica e os julgamentos de atracção. O facto de um indi-víduo estar envolvido amorosamente com outro inter-feriu no grau de atractividade reportado pela pessoa--alvo, sugerindo a hipótese de moderação do efeito emestudo.

Palavras-chave: Atracção interpessoal, activação fi-siológica.

ABSTRACT

This paper addresses the question of how previousarousal influences perceived attraction (general and ro-mantic) for a target person (pre-tested to be “neutral” inbeauty and friendliness). The level of arousal was ma-nipulated by making half of the participants engage inphysical exercise (running up and down the stairs). Per-ceived romantic and general attraction for the target per-son was measured either immediately after the exerci-se or after 3 minutes of rest.

The 72 participants in this study were all females.The aroused participants reported higher levels of ge-neral attraction for the target person relatively to the par-ticipants who didn’t exercise. In addition, delay from arou-sal seems to moderate this effect, since the participantswho had a rest between arousal and the judgments re-ported higher levels of general attraction. Finally, par-ticipants’ involvement in a loving relationship in theirlives, affected the attraction felt for the target; whichsuggests this variable to be a moderator of the presenteffect.

Key words: Initial attraction, physiologic activation.

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