ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2.

17
ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2

Transcript of ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2.

Page 1: ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2.

ROLAGEM AUTOMÁTICA

FAIXA 2 DO CD:RECANTOS BRASILEIROS2

Page 2: ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2.

É Belém, é magia de Sábado.O navegar de rostos e de velasanunciam, como Plácido,o encontro da imagem singela.

Pé de taperebá, o seu berço.É Belém, é noite de oração.Dedos se perdendo nas contas dos terços. e vozes, pelos cânticos da Trasladação.

Page 3: ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2.

rios e estradas de homens de féinvadem a cidade, berço de Nossa Senhora,a Virgem Santa de Nazaré.

É Outubro, é segundo Domingo.Nos corações, de D. Fuas, a devoção.É madrugada, quase aurora,

Page 4: ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2.

São gratos em cera pela graça.São anjos flutuando na emoção.São as barcas navegando pela massa.São aplausos, flores e fogos da gratidão.

Page 5: ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2.

É Belém, é Passarela-Santa de devoção, gratidão e fé.No murmúrio da bençãoa certeza do amor da Mãe de Nazaré.

Page 6: ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2.

A Basílica, outrora ermida,à sombra de um pé de taperebá escuta a canção da despedida:volta Mamãe Divina, para nos abençoar.

Page 7: ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2.

É Outubro, é segundo Domingo,é a festa da gratidão e da fé.È meio-dia , é sol a pino,viva Nossa Senhora de Nazaré.

É Outubro, é segundo Domingo,é a festa da gratidão e da fé.È meio-dia , é sol a pino,viva Nossa Senhora de Nazaré.

Page 8: ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2.

IMAGENS DOS SITES:

acribeiro.blogs.sapo.pt;cancaonova.comr;

estadao.com.br;flickriver.com;

skyscrapercity.com; eturismodetalhes.blogspot.com.

A seguir o texto “Círio de Belém” complementa o tema da canção “Círio de Nazaré”. Caso seja de interesse é só utilizar o “ratinho”.

Page 9: ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2.

Alguém nascido no Pará pode morrer, sem antes deixar registrado o pouquinho que viu, escutou ou leu sobre a festa maior dos paraenses?

Como já passei dos cinquenta e, ainda mais, como o Círio de Belém completa mais de dois séculos de existência, achei por bem não facilitar e deixar consignado um pouco da sua história.

SURGIMENTO DA DEVOÇÃO

Apesar de a devoção à Santa ser demonstrada pelos paraenses desde o final do século XVIII, já existe há mais de um milênio. Até a imagem chegar ao Mosteiro de Caulina na Espanha, ela peregrinou por Galiléia, Belém e África, onde foi remetida para o Mosteiro de Caulina por Santo Agostinho.

Page 10: ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2.

Em 714 d.C., na batalha de Guadalete, o rei Rodrigo (ou Rodérico), dos Godos (povo da antiga Germânia), foi vencido pelos muçulmanos. Para fugir disfarçou-se de pastor e acompanhado por um abade romano rumou para Portugal. Conta a lenda que foi nas escarpas do monte Siano, que o abade mostrou ao rei uma pequena imagem da Virgem de Nazaré.

Rodrigo e o abade combinaram ficar em lugares próximos e, diariamente, acenderiam uma fogueira para sinalizar que estavam com saúde.

Numa das noites, como o abade não acendesse a fogueira, Rodrigo se dirigiu ao acampamento e o encontrou morto.

Entretanto, a pequena imagem não foi recuperada. Provavelmente, receoso pela profanação dos muçulmanos, o abade deve ter escondido a imagem em local onde fosse muito difícil encontrá-la.

Por certo, deve ter sido o que ocorreu, pois em 1179, quatro séculos depois, pastores portugueses vieram a encontrar a pequena imagem e a colocaram para ser venerada, num monte fronteiro ao Siano.

Dentre os muitos que compareciam para venerar a imagem estava Dom Fuas Roupinho.

Page 11: ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2.

Em 14 de setembro de 1182, com o milagre responsável pela salvação da vida de Dom Fuas Roupinho, nascia em Portugal a devoção à Virgem de Nazaré.

O MILAGRE PRIMEIRO

Contam que nesse dia, Dom Fuas caçava em mata envolvida por forte nevoeiro. Ao avistar um veado, passou a persegui-lo.

De repente, percebe que o mesmo despenca e cai num precipício. Vendo-se perdido,suplica a proteção da Virgem de Nazaré e dá-se o milagre. No local se conservam, até hoje , as marcas que as patas produziram sobre o solo, no momento em que o cavalo estancou, empinou e rodou sobre os cascos traseiros.

Impressionado com o milagre, Dom Fuas mandou erigir no local uma capela para a Virgem de Nazaré, Capela da Memória.

ORIGENS DA TRASLADAÇÃO E DO CÍRIO

A procissão chamada Círio acontecia anualmente, na Vila de Nazaré da província de Estremadura, situada a sudoeste da península ibérica. Atualmente, sempre em 14 de Setembro, os portugueses se reúnem para reverenciar Nossa Senhora de Nazaré.

Page 12: ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2.

Somente cinco séculos mais tarde, século XVII, é que ocorreu o início da difusão da devoção à Nossa Senhora de Nazaré, que foi trazida por padres jesuítas e fundadores de uma cidade a sudeste do Pará de topônimo Vigia.

Em outubro de 1700, o caboclo Plácido encontra, onde hoje se acha construída a Basílica de Nazaré, a imagem da Santa protegida pela sombra de um pé de taperebá que, até hoje, é venerada pelos fiéis da Amazônia.

Contam que Plácido levou a imagem para casa e que desapareceu em seguida, sendo reencontrada no mesmo lugar. Contam, ainda, que este fenômeno repetiu-se várias vezes. Este mesmo fenômeno, anos mais tarde, viria inspirar a Trasladação.

A história registra que foi também esse fenômeno que determinou a construção de uma pequena ermida no lugar onde a Santa foi encontrada. Somente em 22 de outubro de 1909 é que foi lançada a primeira pedra da atual basílica.

O PRIMEIRO CÍRIO E A EVOLUÇÃO DE SEUS ELEMENTOS

Em 08 de setembro de 1793, aconteceu o primeiro Círio de Nazaré e, desde aquela ocasião, os políticos pegam carona no prestígio da Santa. Relatam que, no primeiro Círio, o governador acompanhava a procissão com uma vela maior que sua própria estatura.

Page 13: ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2.

Até o ano de 1853, a procissão era realizada nas tardes dos segundos domingos de outubro. A partir de 1854, passou a ser realiza pelas manhãs por causa das chuvas vespertinas de Belém, as mesmas que servem de referência para a marcação de encontros ou compromissos.

Os elementos da procissão do Círio: a Berlinda; a Corda; os Anjos; e as Barcas foram sendo introduzidas com o passar do tempo. Em 1805 é incorporada a Barca que simboliza o milagre de Dom Fuas Roupinho.

Em 1826, aparece na procissão a Barca dos Fogos , que era ornamentada com as bandeiras das nações católicas. Somente em 1882, a Berlinda é introduzida para conduzir a imagem. Esta primeira berlinda encontra-se na cidade de Bragança e a segunda, na cidade de São Miguel do Guamá. A terceira surgiu inovada na sua arquitetura, entretanto foi abandonada por desagradar os fiéis. Hoje, a imagem é conduzida pela quarta berlinda, que tem arquitetura semelhante à primeira e à segunda.

Se a memória não falha, o anjo Custódio, o primeiro a acompanhar à procissão do Círio, era filho do Governador do Pará ou de importante personalidade do meio político da época. A partir deste momento, outros anjos passaram a ser destaques oficiais da procissão e também muitos romeiros passaram a expressar a pureza das crianças, vestindo-as como anjos.

Page 14: ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2.

A Corda para puxar a Berlinda é introduzida em 1885, pois no percurso, principalmente às margens da Baía de Guajará, existiam, naquela época, lugares alagados o que dificultavam a movimentação da Berlinda.

Foi introduzida, também, a Barca das Velas, destinada ao recolhimento das peças em cera. Essas peças, normalmente, representam ou os pedidos ou as promessas dos romeiros.

TRASLADAÇÃO

A Trasladação, procissão que acontece na noite do sábado, segue o mesmo itinerário, só em sentido inverso ao do Círio que acontecerá na manhã do domingo seguinte, ou seja do Colégio Gentil Bittencourt, ao lado da Basílica de Nazaré, para a Catedral da Sé.

A Trasladação encena o percurso feito por Plácido: do local onde foi encontrada a imagem até a sua casa.

O Círio encena o mistério do desaparecimento e o reaparecimento da imagem da Santa no berço por ela escolhido à sombra de um pé de taperebá.

Page 15: ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2.

TRADIÇÃO DE FÉ DOS PARAENSES

Foi assim, é assim e sempre será. Todos os anos, na noite do segundo sábado e na manhã do segundo domingo de outubro, os paraenses se reúnem para, com a alegria de foliões e a devoção dos humildes, realizar a Festa da Fé.

Nas manhãs de domingo, são mais de um milhão de romeiros e mais outro tanto, às margens do percurso que participam diretamente do evento.

É um momento mágico onde o gelo das almas é derretido, a mente é carregada de pensamentos positivos e o coração se enche de esperanças.

São milhares caminhando descalço sobre as brasas dissimuladas do asfalto. São milhares a disputar a ação mais nobre: de acompanhar o Círio transportando a Corda. Nesses, a convicção de que quanto maior o flagelo, maior será a graça ou o perdão. São milhares a depositar nas Barcas: cabeças, mãos, pernas, e braços moldados em cera simbolizando ou uma graça pedida ou o pagamento por uma outra alcançada.

São milhares com casas e barcos em miniaturas, da mesma forma, rogando ou demonstrando gratidão.

Page 16: ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2.

São todos cantando, desde 1909, os versos do poeta maranhense Euclides Faria, transformados no hino oficial do Círio: “Vós Sois o Lírio Mimoso”.

No colorido das roupas, na alegria tropical de lenços, ventarolas e outros adereços, bem como no coral de mais de milhão de vozes entoando o Hino,todos interpretam a festa apoteótica dos romeiros de Nazaré.

O retorno da Imagem à Basílica encontra um ambiente universal onde a maçaranduba da Amazônia, os vitrais parisienses e o mármore toscano de Carrara se esforçam para reconstruir o primeiro berço à sombra de um pé de taperebá .

O Círio chega ao seu final, todos voltam para seus lares, uns em trajetos onde é gasto pouco tempo, outros levarão mais que semana, entretanto todos renovados pela transfusão de uma energia fulgurante procedente da egrégora gerada pela magia do Círio.

Acreditamos ser essa peregrinação de todos os anos com muita fé e esperança; acreditamos ser esse acompanhar e segurar juntos a Corda, os que plasmam as características de solidariedade e hospitalidade do povo paraense. Essas características são percebidas quando um caboclo de doce olhar, de sotaque aberto e franco nos chama de maninho.

Page 17: ROLAGEM AUTOMÁTICA FAIXA 2 DO CD: RECANTOS BRASILEIROS2.

Maninhos: é muito importante que essa vivência da fé em festa ou da festa da fé, se manifeste em comportamentos e compromissos para a construção de uma sociedade mais justa e melhor equilibrada.

“Círio de Nazaré” são nossas rimas cheias de preocupação com o registro e com a comemoração do evento mágico que consagrou, como Padroeira do Pará e Rainha da Amazônia, o Lírio Mimoso a Virgem Santa Maria de Nazaré.