Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela...

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DA COMUNICAÇÃO EM MÍDIAS DIGITAIS Fabiana ANDRADE-PEREIRA Junior Ribeiro de FREITAS ROMPENDO AS FRONTEIRAS ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO: ANÁLISE DE USO DA REDE SOCIAL LINKEDIN PELA GERAÇÃO Y São Paulo 2011

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Fabiana Andrade Pereira / Junior Ribeiro de FreitasTrabalho realizado como pré-requisito do Centro Universitário SENAC, Unidade Lapa-Scipião, como exigência para obtenção do grau de Especialista do curso de pós-graduação lato sensu em Gestão da Comunicação em Mídias Digitais. A pesquisa aborda o uso da rede social LinkedIn pela Geração Y e as motivações que a levam a integrar esse espaço a outras redes sociais. É demonstrado, por meio de levantamentos bibliográficos, que o uso das redes sociais virtuais faz com que as pessoas também atribuam novos sentidos e significados, sobretudo às noções de público e privado. Com base nas características dos Ys, buscou-se compreender como são os profissionais desta geração e qual a visão deles sobre trabalho e carreira. Por possuir uma quantidade expressiva de usuários pertencentes a esta geração, o LinkedIn se destaca atualmente como uma importante ferramenta de e-recruitment. Devido a isso, é demonstrada a importância das suas funcionalidades para atender a emergência desses novos profissionais, além de apresentar o que tem sido feito para garantir que seus usuários adquiram laços sociais e ampliem seu networking por meio da rede. Observando processos diversos de integração de redes sociais profissionais com redes de caráter pessoal, esta pesquisa verificou como os indivíduos da Geração Y se comportam diante desse movimento. Para tanto, foi necessário compreender as motivações de compartilhamento de conteúdo, expressividade e exposição pessoal dos Ys nesses espaços. Para essa geração, as redes sociais são ambientes de construção do capital social necessário para a manutenção dos laços sociais e para a conquista de oportunidades de negócios e carreira. A partir das apresentações teóricas, este trabalho permite uma reflexão ímpar acerca da influência das redes sociais no processo de hibridização entre espaços virtual e real da Geração Y, uma vez que ela não consegue mais desvincular sua vida pessoal da profissional.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DA COMUNICAÇÃO EM MÍDIAS DIGITAIS

Fabiana ANDRADE-PEREIRA

Junior Ribeiro de FREITAS

ROMPENDO AS FRONTEIRAS ENTRE O PÚBLICO E O

PRIVADO: ANÁLISE DE USO DA REDE SOCIAL LINKEDIN PELA GERAÇÃO Y

São Paulo

2011

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Fabiana ANDRADE-PEREIRA

Junior Ribeiro de FREITAS

ROMPENDO AS FRONTEIRAS ENTRE O PÚBLICO E O

PRIVADO: ANÁLISE DE USO DA REDE SOCIAL LINKEDIN PELA GERAÇÃO Y

Trabalho realizado como pré-requisito

do Centro Universitário SENAC, Unidade

Lapa-Scipião, como exigência para

obtenção do grau de Especialista do

curso de pós-graduação lato sensu em

Gestão da Comunicação em Mídias

Digitais.

Orientadora Profa. Ms. Cátia Lassalvia

São Paulo

2011

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Autorizamos a reprodução total ou parcial do conteúdo deste trabalho, desde

que citada a fonte.

A553r

Andrade-Pereira, Fabiana

Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da

rede social LinkedIn pela Geração Y/ Fabiana Andrade-Pereira, Junior

Ribeiro de Freitas. - São Paulo, 2011.

79 f.: il.; 30 cm.

Orientadora: Cátia Lassalvia

Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) – Pós-Graduação em

Gestão da Comunicação em Mídias Digitais. Centro Universitário SENAC,

Unidade Lapa-Scipião, São Paulo, 2011.

Inclui CD.

1. Redes sociais - usos. 2. Redes sociais profissionais. 3. LinkedIn. 4.

Geração Y. 5. Privacidade. 6. Hibridização. 7. Capital social. 8. Web 2.0. 9.

Web Social. 10. Convergência. I.Freitas, Junior Ribeiro de. II. Lassalvia,

Cátia. III. Título: Análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y.

CDD 302.2314

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Fabiana ANDRADE-PEREIRA

Junior Ribeiro de FREITAS

Título: Rompendo as fronteiras entre o

público e o privado: análise de uso da

rede social LinkedIn pela Geração Y.

Trabalho realizado como pré-requisito

do Centro Universitário SENAC, Unidade

Lapa-Scipião, como exigência para

obtenção do grau de Especialista do

curso de pós-graduação lato sensu em

Gestão da Comunicação em Mídias

Digitais.

Orientadora Profa. Ms. Cátia Lassalvia

São Paulo, ____/____/2011.

Examinador(a):_________________________________________________

Conceito:_________________________

Orientador(a)___________________________________________________

Conceito:_________________________

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Dedico este trabalho ao meu companheiro de jornada, Julius Cesar, que ficou ligado o tempo que durou esta pesquisa e aguentou toda a sobrecarga; Dedico aos meus pais que entenderam porque eu não saia do quarto; Dedico aos meus amigos que, DE FORMA ALGUMA me deixaram sozinha neste momento complexo e que ficaram felizes com o fim deste TCC, uma vez que agora estou livre pra voltar a vida social real: Alana, Bruna Gavranich, Wagner, Camila, Rodrigo, Gledson, Alex Bastos, Alex, Ricardo, Lidi, Manú, Renato, Ju Guerra, Ferri, Jay, Cris, Paulo, Mana, Henrik, Fuinha, Tatu, Roger, Luana, Keila, Cu, Renata, Meninas da BV-FAPESP e outros (se eu esqueci de alguém, mil perdões!) - muito obrigada pelo apoio e pelos momentos de descontração pessoalmente e via redes sociais! =) Um agradecimento especial à Milena pelas super dicas do mundo acadêmico =* Dedico aos professores e colegas da pós! Muito <3

Dedico às minhas lindezas Melissa e Nicoli por tentarem me tirar da frente do computador a todo custo pra gente brincar e ser feliz; Dedico ao meu querido Jr Freitas por ter aguentado a “tia Fabi”. Obrigada pela parceria, gato! ;)

Foi uma luta, mas sinto muitoooo orgulho por ter conquistado mais essa etapa na minha vida! XD

http://br.linkedin.com/in/fabiandradep

Dedico este trabalho, primeiramente, aos meus pais que

tornaram mais essa etapa possível, e me incentivaram sempre a correr atrás dos meus sonhos. Agradeço também aos meus irmãos André, Adriana, Cláudia e Eliana, que mesmo distantes e sem entender o que eu faço até hoje sempre estiveram ao meu lado torcendo pelas minhas conquistas. Aos meus amigos de turma que me receberam de braços abertos a capital paulista, sempre curtindo bons momentos juntos e me ensinando os melhores lugares para beber nessa cidade.

Aos grandes amigos que fiz nesse um ano de nova vida em São Paulo, especialmente a galera do @GrupoTV1. Todos frita! Aos amigos de Paraguaçu Paulista que sempre me apoiaram e nunca deixaram de olhar na minha cara mesmo que a distância e visitas fossem cada vez mais longas. A professora e orientadora Cátia, pela paciência, entusiasmo, apoio e ensinamentos a este trabalho. A minha grande amiga Fabiana Andrade Pereira, com quem divido a produção deste trabalho, e agradeço pelos ensinamentos, paciência, horas perdidas de sono, cervejas, confidências e risadas que compartilhamos juntos. Foi apenas um ano dessa etapa, mas que não será esquecida nunca. Pessoas maravilhosas, professores excelentes e momentos incríveis que me trouxeram muitas coisas boas. Obrigado a todos e a cerveja!

http://br.linkedin.com/in/juniorfreitas

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AGRADECIMENTOS

Aos nossos pais e amigos,

À nossa orientadora Cátia Lassalvia,

A Deus,

Às redes sociais,

Às plataformas mobile,

Às redes wi-fi,

À cerveja,

Nossa eterna gratidão!

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“Good Internet companies

never ambush their users”.

(Reid Hoffman)

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RESUMO

A pesquisa aborda o uso da rede social LinkedIn pela Geração Y e as

motivações que a levam a integrar esse espaço a outras redes sociais. É

demonstrado, por meio de levantamentos bibliográficos, que o uso das redes

sociais virtuais faz com que as pessoas também atribuam novos sentidos e

significados, sobretudo às noções de público e privado. Com base nas

características dos Ys, buscou-se compreender como são os profissionais desta

geração e qual a visão deles sobre trabalho e carreira. Por possuir uma

quantidade expressiva de usuários pertencentes a esta geração, o LinkedIn se

destaca atualmente como uma importante ferramenta de e-recruitment.

Devido a isso, é demonstrada a importância das suas funcionalidades para

atender a emergência desses novos profissionais, além de apresentar o que

tem sido feito para garantir que seus usuários adquiram laços sociais e

ampliem seu networking por meio da rede. Observando processos diversos de

integração de redes sociais profissionais com redes de caráter pessoal, esta

pesquisa verificou como os indivíduos da Geração Y se comportam diante

desse movimento. Para tanto, foi necessário compreender as motivações de

compartilhamento de conteúdo, expressividade e exposição pessoal dos Ys

nesses espaços. Para essa geração, as redes sociais são ambientes de

construção do capital social necessário para a manutenção dos laços sociais e

para a conquista de oportunidades de negócios e carreira. A partir das

apresentações teóricas, este trabalho permite uma reflexão ímpar acerca da

influência das redes sociais no processo de hibridização entre espaços virtual e

real da Geração Y, uma vez que ela não consegue mais desvincular sua vida

pessoal da profissional.

Palavras-chave: Redes sociais – usos; Redes sociais profissionais; LinkedIn;

Geração Y; Privacidade; Hibridização; Capital Social; Web 2.0; Web Social;

Convergência.

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ABSTRACT

The research discusses the use of LinkedIn social network by the Generation Y

and the motivations that lead to integrate this space with other social

networks. Is shown through of literature surveys, that the use of social

networking makes people have new assignments of sense, especially the

notions of public and private. Based on the characteristics of the Ys, we sought

to understand how are the professionals of this generation and which are their

view of work and careers. For having a expressive amount of users belonging

to this generation, LinkedIn today is highlighted as an important tool for e-

recruitment. Due of this, it is proved the importance of its functionality to

serve the emergence of these new professionals, and presents what has been

done to make sure that users purchase their social links and expand theirs

networking through of net. Noting many processes of professional social

networks integration with networks of personal character, this research

verified how Generation Y behave with this movement. It was necessary to

understand the motivations of content sharing, personal expression and

exposure of the Ys in these spaces. For this generation, social networking are

environments to the construction of social capital needed for the maintenance

of social links and the achievement of business opportunities and careers.

Based on the theoretical presentations, this work provides a unique reflection

on the influence of social networks in the process of hybridization between

virtual and real spaces of Generation Y, since they can not unlink their

personal lives and work.

Keywords: Social Networks – usage; Professional Social Network; LinkedIn;

Generation Y; Web 2.0; Privacy; Hybridization, Social Capital, Social Web,

Convergence.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................. 10

1.1 A Geração Y e o LinkedIn ............................................................. 14

1.2 Hibridação dos espaços público e privado: vida pessoal e

profissional conectadas ..................................................................... 16

2. OBJETIVOS ..................................................................................... 17

3. JUSTIFICATIVA .............................................................................. 18

4. HIPÓTESE ....................................................................................... 20

5. METODOLOGIA ............................................................................... 21

6. O PÚBLICO E O PRIVADO PELO OLHAR DAS REDES SOCIAIS: UMA

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA ...................................................... 23

6.1 As delimitações entre público e privado na sociedade em rede .... 23

6.2 Os conceitos de público e privado no compartilhamento de

conteúdos em redes sociais pela Geração Y ....................................... 27

7. A GERAÇÃO Y E SUA RELAÇÃO COM O TRABALHO ........................... 33

7.1 Características da Geração Y ........................................................ 33

7.2 Os profissionais da Geração Y ...................................................... 37

7.2.1 Geração Y: Profissionais que reconfiguram as organizações com suas

novas perspectivas de trabalho e carreira ................................................ 40

8. AS REDES SOCIAIS PROFISSIONAIS .............................................. 44

8.1 Redes Sociais para estar no mercado de trabalho ........................ 44

8.2 As Redes Sociais Profissionais ..................................................... 45

8.3 O LinkedIn ................................................................................... 47

8.3.1 Funcionalidades do LinkedIn ........................................................... 52

8.3.2 Integração do LinkedIn com outras redes sociais .............................. 55

9. GERAÇÃO Y: VIDA PESSOAL E PROFISSIONAL INTEGRADAS .......... 58

9.1 Geração Y e a demanda por integração ........................................ 58

9.2 O capital social: o que motiva a expressividade e a criação de

laços sociais pela Geração Y em redes sociais .................................... 60

9.3 Vida pessoal e a profissional interconectadas: uso do LinkedIn e

consequências para a Geração Y ........................................................ 66

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 70

REFERÊNCIAS .................................................................................... 73

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1. INTRODUÇÃO

A Cibercultura1 pode ser entendida como uma nova estrutura social e de

valores, legitimada pela emergência do ciberespaço, da sociedade em rede e

de percepções diversificadas sobre o mundo. Nela estão inseridos o

imediatismo, a presença constante das novas tecnologias nos hábitos mais

simples, a modelagem de valores diferenciados que impactam formas de

comunicação, relacionamento e de trocas sociais. Segundo Fragoso (2000, p.

1), uma “experiência exorbitante da realidade”.

Modificam-se, além das noções de global e local, também os conceitos

sobre tempo e espaço, privado e público, oral e escrito, individual e coletivo –

sendo explícito o impacto social de todas essas transformações. A “noção de

rede”, compreendida como pontos e seus nós, substitui a hierarquização das

estruturas de relacionamento e comunicação, dando lugar à descentralização

como formato de operação. Esse movimento, segundo Lévy, gera uma

hibridização das linguagens, acarretando processos de “desterritorialização da

experiência”. (LÉVY, 1996, p. 35).

O fenômeno da sociedade em rede passa a atrair a atenção de

pesquisadores preocupados em compreender sua potencialidade, os

movimentos e as articulações que nelas ocorrem. (RADOMSKY; SCHNEIDER,

2007, p. 250). Entre os maiores teóricos que descrevem a dinâmica das redes

sob o âmbito sócio-tecnológico, destacamos Castells em sua obra "A

Sociedade em Rede" (1999), que demonstra como as redes, de um modo

geral, precisam ser compreendidas como fenômeno social com alto grau de

poder influenciador.

Dentro deste contexto, esta monografia pretende recortar, no uso de

uma rede social específica, como se dão as percepções sobre o que é

informação pública e o que é contexto privado, tendo como base o

entendimento de um perfil geracional – a chamada Geração Y.

1 Ciberespaço é definido como “o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores”. Trata-se de um novo meio de comunicação estruturado. A Cibercultura é a cultura contemporânea fortemente marcada pelas tecnologias digitais. (LÉVY, 1999, p. 92).

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O LinkedIn, a rede que estudaremos nesta monografia, é uma rede

social de caráter profissional. Ela possui grande representatividade entre as

redes profissionais do mundo, com número de usuários muito expressivos –

101 milhões de usuários até o mês de janeiro de 2011 (LINKEDIN, 2011a),

contra os 35 milhões de usuários do seu maior concorrente – a rede social de

origem francesa Viadeo2, do mesmo segmento. (VIADEO, 2011).

As faixas etárias que tiveram o maior crescimento de uso nesta rede

foram as de 18-24 anos e de 25-34 anos, que em 2008 representavam juntas

29% do total dos usuários. Já em 2011 alcançaram 56,7% do total. Ao

observar as mesmas faixas etárias no uso do LinkedIn no âmbito da América

Latina, elas representam 75% - sendo um dos índices mais elevados no uso

da rede profissional, perdendo somente para o total da Ásia - que possui 76%

das pessoas com idades entre 18-34 anos.

Entre os países latino-americanos que mais utilizam esta rede, o Brasil é

o líder, com mais de 3 milhões de usuários, seguido do México e da Argentina

que juntos formam 2,3 milhões de usuários. (LINKEDIN, 2008; 2011a).

Estes dados são importantes no contexto desta monografia, pois

demonstram que os usuários dos 18 a 34 anos estão participando de redes

sociais virtuais, inclusive das mais segmentadas, como o LinkedIn. Nelas eles

buscam encontrar novas formas de obter contatos e networking. Segundo o

site3 da própria rede, os jovens têm apostado nesta rede social e utilizado

suas ferramentas para fazer seus primeiros contatos profissionais.

Para auxiliá-los nisso, no final de 2010, o LinkedIn lançou uma

ferramenta para orientação profissional de estudantes de graduação – um

recurso que mapeia suas carreiras, mostrando o caminho de profissionais bem

sucedidos e oferecendo os recursos necessários para motivar as oportunidades

de trabalhos – o LinkedIn Career Explorer4. (LINKEDIN, 2011b).

Os jovens representados por esta faixa de 18-34 anos pertencem à

Geração Y, segundo definiu Tapscott (2010) para designar pessoas nascidas

entre 1977 a 1997. Também chamados de “Geração Internet” ou “Geração do

2 http://www.viadeo.com 3 http://www.linkedin.com 4 http://blog.linkedin.com/2010/10/04/linkedin-career-explorer

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Milênio”, eles têm como principal característica terem crescido sob a

“ascendência do computador, da internet e de outras tecnologias digitais”. Ou

seja, devido ao fato de terem crescido em uma sociedade digitalizada, essa

pode ser considerada a “primeira geração imersa em bits”. Eles são apontados

como os protagonistas das mudanças nos comportamentos sociais, que

envolvem novas formas de comunicação, interação e sociabilidade. Entre

esses impactos, tornaram-se grandes defensores e usuários de redes sociais

virtuais.

Tapscott e Williams (2007, p. 30) definem que a Web 2.0 emerge como

uma plataforma global, na qual a colaboração e o compartilhamento exercem

papel central, “remodelando quase todos os aspectos das relações humanas”.

Os processos comunicativos se articulam e dão visibilidade ao funcionamento

das novas formas de sociabilidade, nas quais “seres digitais”, membros das

comunidades virtuais que habitam o ciberespaço, constroem as suas

identidades num contexto comunicacional capaz de gerar uma teia de novas

sociabilidades midiáticas. (MARCELO, 2001, p. 85).

Nesse contexto, surge o conceito da Web Social5, designada para

descrever pessoas se socializando e usando tecnologia interativa para

conseguir o que desejam – de relacionamento a manifestação em defesa de

seus direitos ou de sua “arte”.

Em sua maior parte, a Web Social é formada por redes sociais, por

conteúdo gerado pelo usuário, pela blogosfera e por sites de

compartilhamento de conteúdo, que agregam novas perspectivas

comunicacionais, tornando evidente a percepção sobre comportamentos

típicos da cibercultura.

As redes sociais, segundo Sayon (2008),

[...] nasceram para integrar membros com interesses e ideologias ligados pela relevância de um determinado assunto e para proporcionar

integração e interatividade através de comunicação e compartilhamento de conteúdo.

5 Os conceitos de Web 2.0 e Web Social são tão congruentes que muitas vezes são apresentados como sinônimos.

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Para Figueiredo (2009, p. 22), o ato de “estar on-line” nas redes sociais

e o hábito de compartilhamento vêm promovendo modificações profundas no

nosso cotidiano. Esse fato é ainda mais perceptível quando levamos em

consideração o acesso à banda larga e a mobilidade6.

Por meio das redes sociais virtuais é possível se comunicar com

indivíduos que estão fora da rede social real e partilhar interesses comuns,

estabelecendo assim, a manutenção dos laços sociais. De outra forma, eles

poderiam existir, mas não seriam tão visíveis, ou em alguns casos, nem

seriam possíveis.

Por isso, as redes sociais passaram a ser potenciais agregadoras de

valor de capital social, aumentando a rede de relacionamentos – do círculo de

amizades ao networking profissional7.

No ano de 2010, diversas plataformas de redes sociais viram potencial

no Brasil e lançaram suas versões em língua portuguesa. Segundo o artigo

"Social Networks/Blogs Now Account for One in Every Four and a Half Minutes

Online", publicado em 15 de junho de 2010 do Blog NielsenWire8, 86% do

usuários brasileiros utilizaram redes sociais, e lideram o ranking mundial nessa

categoria. A rede social mais acessada pelos brasileiros é o Orkut9, rede de

relacionamento do Google, no qual compõe 50% dos seus usuários. Outras

ferramentas de redes sociais virtuais de diferentes seguimentos tiveram

crescimentos consideráveis e têm sido cada vez mais utilizadas.

Para se ter idéia da proporção do crescimento da utilização desse meio,

é possível observar alguns números em relatórios disponibilizados por

empresas de pesquisas como The Nielsen Company10 - que revela outro

fenômeno importante: o mercado de produtos e serviços para internet ou os

modelos de negócios que utilizam a Internet como canal primário ou

6 Lemos (2005) define mobilidade como o movimento do corpo entre espaços, entre localidades, entre espaços privados e públicos. Trata-se de colocar máquinas e objetos computacionais imersos no cotidiano de forma onipresente – computação ubíqua. 7 Networking é a construção de relacionamentos que atendem a interesses pessoais e profissionais. (GRINBERG, 2009). 8 http://blog.nielsen.com/nielsenwire 9 www.orkut.com 10 http://www.nielsen.com – Empresa dedicada na análise, mensuração, oportunidades e identificação de tendências de negócios on-line. É um excelente canal de coleta de dados e estudos sobre o comportamento dos consumidores on-line.

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secundário de comercialização. Assim como as pessoas, muitas empresas

estão investindo na criação de perfis para “estar presente” nas redes sociais.

Carvalho (2010, p. 2) descreve que a mudança comportamental do

consumidor diante da realidade atual pode ser caracterizada como uma

“combinação do espaço tradicional e do ciberespaço, do racional e do

emocional, da comunicação virtual e da presença física”. Para ele, ocorre uma

convergência desses fatores em um único indivíduo, pertencente à nova

sociedade de consumo e que necessita se expressar.

1.1 A Geração Y e o LinkedIn

De acordo com os dados do ComScore (2011), a audiência da internet

no Brasil é composta por 63% de pessoas com idade entre 15 e 35 anos, que

navegam em média 24,3 horas por mês. O aumento da população on-line no

Brasil se deve, sobretudo, ao “boom” das redes sociais, que abordam todos os

temas e integram novos meios de comunicação entre os usuários.

Tapscott (2010) define essa faixa etária como a Geração Y,

caracterizada pela grande assimilação de tecnologia, “já que cresceram com

ela”, enquanto as outras gerações tiveram de se “adaptar a ela”. Tapscott

destaca:

[... eles] passaram a ver a tecnologia simplesmente como uma parte do seu ambiente e a absorveram como todas as outras coisas. [...] A tecnologia foi completamente transparente para a Geração Internet.

(TAPSCOTT, 2010).

Assistimos a um movimento no qual as redes sociais buscam criar

produtos direcionados à Geração Y, por entender que elas expressam os

anseios da geração digital – talvez a primeira das várias que estão por vir.

Essa geração que já nasceu sob o signo da cibercultura e da web social anseia

por plataformas para sua liberdade de expressão e a possibilidade de

compartilhar conteúdos diversificados: os insumos para que possam adquirir

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capital social – expresso como visibilidade, popularidade, reputação e

autoridade nas redes.

Um exemplo de rede que tem sido bastante acessada no Brasil, e que

representa um importante modelo de segmentação e clusterização11, é o

LinkedIn - ferramenta de relacionamento entre profissionais do mundo todo,

criada em 2002, e que será o foco do nosso trabalho.

É interessante perceber também como tendência generalizada o

movimento de integração entre as redes. A partir de uma postagem única,

várias podem ser atualizadas ao mesmo tempo. Um exemplo disso é a

integração do MSN12 com o Twitter13, ou de aplicativos14 externos - como os

agregadores.

Nesse contexto, o que nos inquieta – precisamente por representar um

comportamento novo – é explicar as razões que levam as pessoas a misturar

redes com informações e propósitos tão diferentes. Ou seja, por que as

pessoas, em particular a Geração Y, parecem achar normal a integração de

informações profissionais e mais sérias a outras que são puro entretenimento

e socialização entre amigos e conhecidos virtuais.

De acordo com o Portal Terra (2010), em sua seção sobre Tecnologia, a

rede social LinkedIn foi bastante relutante no início à implementação de novas

funcionalidades de integração, mas nos últimos tempos buscaram desenvolver

APIs15 e plugins16 para integração com o Twitter, Microsoft Outlook, MSN e

outros.

Integrar, portanto, parece ter se tornado um valor, algo importante

para o profissional da Geração Y - já que para ele as informações pessoais

11 Clusterização: Método de agrupamento por afinidade e semelhanças. 12 www.msn.com 13 www.twitter.com 14 Aplicativos sociais são programas desenvolvidos para serem disponibilizados em sites de redes sociais (como Orkut, Facebook, MySpace, Twitter, entre outras) para utilização opcional pelos usuários. 15 API: Application Programming Interface (ou Interface de Programação de Aplicações) é um conjunto de rotinas e padrões estabelecidos por um software para a utilização das suas funcionalidades por programas aplicativos que não querem envolver-se em detalhes da implementação do software, mas apenas usar seus serviços. Fonte: Wikipedia. 16 Plugin (também conhecido por plug-in, add-in, add-on) é um programa de computador usado para adicionar funções a outros programas maiores, provendo alguma funcionalidade especial ou muito específica. Fonte: Wikipedia.

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podem acrescentar ao mundo profissional, e vice-versa, fazendo parte de sua

personalidade.

1.2 Hibridação dos espaços público e privado: vida pessoal e profissional conectadas

Com a globalização e a convergência17 instauradas na vida das pessoas

e vivenciadas em ambientes virtuais, fica difícil observar as delimitações entre

tempo e espaço, público e privado, pessoal e coletivo, vida pessoal e

profissional. Esse fato é resultante da percepção híbrida do estar on-line e off-

line. Ou seja, a hibridização entre o espaço físico e espaço digital ocorre com

naturalidade. (LEMOS, 2005).

Santaella (2008, p. 130) destaca que o ciberespaço se tornou “parte

integrante de um espaço de fluxos”. Ou seja, passou a ser um local de

práticas sociais e de compartilhamento que “deixaram de viver nas áreas

limítrofes entre a cultura física e da virtual.”

A autora compreende que a evolução das tecnologias multifuncionais

“introduziu condições sociais inesperadas”, que prometem reconfigurar

experiências e entendimento sobre espaço e cultura. Ela enfatiza que essas

tecnologias “[...] com seus canais abertos para a intimidade, ensejam os mais

variados graus de privacidade em ambientes públicos, tornando movediças as

fronteiras entre o público e o privado”.

Por meio de pesquisa bibliográfica, este trabalho propõe analisar o que

tem acontecido com as percepções sobre público e privado no ambiente das

redes, em especial no LinkedIn. Nosso foco terá recorte preferencial na

Geração Y, que já integra o mercado de trabalho e que possui perspectivas e

anseios diferentes das gerações anteriores.

17 De acordo com Jenkins (2006, p. 27) “convergência [também] é uma palavra que consegue definir transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais”.

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2. OBJETIVOS

Este trabalho tem por objetivo analisar se a Geração Y atribui valor à

diferenciação e se, na prática, faz distinção entre o que são informações de

redes sociais de caráter pessoal, de outras de caráter mais profissional e

público. O foco do nosso estudo será o uso da rede social profissional

LinkedIn.

Ou seja, dado um ambiente como a rede social LinkedIn, que destina-

se principalmente ao universo das relações profissionais e corporativas, e que

é acompanhado por recrutadores de empresas em busca de novos

profissionais, quais são as motivações dos usuários para a valorização dessa

mistura de informações pessoais e profissionais? Como fazem discernimento

sobre os limites da informação em redes sociais de caráter tão diferentes?

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3. JUSTIFICATIVA

Nossa escolha deve-se à importância que o tema mídias sociais e capital

social vêm adquirindo nos últimos anos, com impactos significativos para os

campos da comunicação e do desenvolvimento de produtos e negócios.

No ponto de vista acadêmico, o tema se justifica pela premência em

compreendermos os fenômenos da web social, das mídias sociais, dos novos

perfis de consumo como agentes de re-significação de valores e percepções no

universo da cibercultura.

Buscamos entender com isso:

a) o comportamento social em rede, em especial da Geração Y,

antecipando algumas tendências para as gerações que a sucederão;

b) as estratégias que as redes sociais virtuais utilizam para atrair novos

usuários, para mantê-los em movimento, criando e adotando produtos e

serviços de acordo com suas necessidades;

c) os conceitos sobre trabalho, profissão e empreendedorismo;

d) as percepções sobre tempo e espaço, indivíduo e coletivo, público e

privado, entre outros aspectos nominalmente opostos.

Esses pontos foram mencionados, sobretudo, por fazer parte do

percurso metodológico desta pesquisa. A maioria dos materiais de referência

utilizados para a construção deste trabalho se baseia em conteúdos que

abordam um ou mais desses aspectos.

Este estudo é importante, principalmente, por demonstrar as

peculiaridades das redes sociais virtuais como meio de comunicação e das

possibilidades de interação e relacionamentos que elas proporcionam.

Tomaél, Alcará e Di Chiara (2005, p. 93) destacam que a configuração

social em rede é característico do ser humano e que pode ter diversas formas.

Assim, o indivíduo vai delineando e expandindo sua rede conforme sua

Page 20: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

19

inserção nas comunidades virtuais, que funciona como um dos principais

meios de concretização dessa sociabilidade virtual.

Com as redes sociais virtuais, as relações podem independer do tempo

e do espaço. Mesmo assim, o que mais vemos são relações que refletem a

realidade ao seu redor e a influência que já existe no mundo real. Por ter essa

dimensão, a representação e a interpretação das relações em rede estão

fortemente ligadas à realidade que a cerca; a rede é influenciada pelo seu

contexto e esse por ela. (TOMAÉL; ALCARÁ; DI CHIARA, 2005, p. 93).

De acordo com a pesquisa da YouthNet (2009) é crucial compreender

como as pessoas se comportam on-line, e entender que as mudanças

tecnológicas significam uma mudança no comportamento das pessoas. A

observação e análise fornecem uma visão sobre como se comportam as novas

gerações, como elas interagem por meio das tecnologias, e revelam

informações importantes que confrontam essas pessoas quando estão em

meio virtual.

A Pesquisa também destaca que é precisamente a natureza “híbrida da

vida” desses jovens que precisa ser entendida – a junção do mundo virtual

com o mundo físico, uma vez que eles são “Nativos Digitais”.

Eles são fundamentalmente diferentes das gerações anteriores, na

medida em que cresceram com comunicação digital e têm diferentes

expectativas e necessidades, no qual combinam aspectos físicos e virtuais em

uma rede contínua de comunicação, informação, entretenimento e

compartilhamento.

Page 21: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

20

4. HIPÓTESE

A hipótese preliminar deste trabalho é que as noções sobre público e

privado, pessoal e profissional, ganham novas significações para a Geração Y.

Para eles, portanto, não haveria problema nenhum de uma rede social

profissional – que atua muitas vezes como seu currículo e portfólio

profissionais – expor publicamente o lado pessoal e de entretenimento de suas

vidas, pois tudo faria parte de um todo de sua personalidade, não havendo

necessidade de uma etiqueta mínima que diferencie quem eu sou no trabalho

de quem eu sou com meus amigos e familiares.

Page 22: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

21

5. METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste trabalho optamos pela análise

bibliográfica, tendo como base autores transdisciplinares, capazes de olhar a

realidade a partir de prismas diferenciados, mas que tratam dos temas

Comunicação e Cibercultura com amplo domínio. Estão na lista principalmente

Tapscott (2009; 2010), Castells (1999), Recuero (2005; 2006; 2009), Jenkins

(2008), Lemos (2002; 2005), Lévy (1996; 1999), Solove (2004; 2007; 2008)

e outros.

Estes autores nos apóiam na contextualização dos sobre Geração Y,

Web 2.0, comportamento de usuários de redes sociais e redes sociais

profissionais.

Também serviram como base para este estudo, sites e institutos de

pesquisas que mensuram constantemente a audiência da internet, como

Alexa, ComScore, Johnson Controls, Pew Internet & American Life Project,

YouthNet e IBOPE Nilsen Online - que forneceram dados secundários como

audiência, gráficos e considerações, úteis para fomentar a pesquisa com

números atuais que comprovam o grande poder dos usuários da internet e as

redes sociais, principalmente a utilização destes sites por usuários da Geração

Y. Estes sites serviram como base para analisar e comparar o comportamento

dos novos profissionais na internet.

Parte das informações utilizadas neste trabalho foi encontrada na

Internet, visto que ainda são poucos os livros e materiais acadêmicos que

falam a respeito do conteúdo relacionado à pesquisa. Para encontrar estes

materiais foi utilizado o Google Acadêmico18, importante buscador de teses,

artigos acadêmicos e livros do mundo todo. Devido ao tema ser de interesse

atual, também encontramos em Blogs (como o Nilsen Wire e o Blog do próprio

LinkedIn) e grupos de discussão (tal como o grupo Geração Y19, no Facebook)

diversas informações sobre o tema da pesquisa.

18 http://scholar.google.com.br 19 http://www.facebook.com/GeracaoY

Page 23: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

22

Foram realizadas pesquisas utilizando palavras chave como: Geração Y,

redes sociais profissionais, LinkedIn, Geração Y e trabalho, privacidade nas

redes sociais, público e privado, uso de redes sociais por jovens, integração,

redes sociais, Web 2.0, compartilhamento de informações na internet,

peering, interoperabilidade e audiência das redes sociais. Todos estes termos

também foram pesquisados em língua inglesa, a fim de encontrar um maior

número de materiais disponíveis, visto que no Brasil esse assunto ainda é

pouco discutido e os materiais nacionais necessitam de maior aprofundamento

teórico, pois as maiores referências são autores estrangeiros.

A falta de materiais em língua portuguesa e, principalmente, de fontes

que teorizariam o tema deste trabalho foi a principal dificuldade encontrada. O

Brasil ainda não possui muitos materiais teóricos especializados, disponíveis

ao público, sobre o tema que fomente pesquisas e estudos a respeitos dessas

novas inovações e comportamentos de usuários na internet. Muitos estudos

são realizados por empresas e, muitas vezes, estas informações não estão

disponíveis.

Por se tratar de um assunto recente e que sofre alterações a cada dia, é

difícil encontrar materiais atualizados sobre os assuntos discutidos, e as

rápidas mudanças ocorridas na internet, impedem que sejam produzidos

novos materiais sem que se tornem obsoletos em curto período de tempo.

Para este trabalho não houve a necessidade de uma pesquisa de campo

mais aprofundada a respeito da opinião dos usuários que utilizam a rede social

LinkedIn, pois foram utilizadas fontes teóricas e dados secundários

quantitativos que responderam as dúvidas e hipóteses que surgiram no início

desse tema.

Page 24: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

23

6. O PÚBLICO E O PRIVADO PELO OLHAR DAS REDES

SOCIAIS: UMA CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Este capítulo tem o objetivo de fazer uma revisão bibliográfica e de

promover uma reflexão a respeito dos impactos da comunicação em rede

sobre os conceitos de público e privado.

Nesta monografia, essa discussão ganha importância ímpar, na medida

em que acreditamos haver, com a emergência das mídias sociais e de pessoas

conectadas em rede, o surgimento de novas atribuições de sentido sobre o

que deve ser informação pública e o que deve ser mantido na esfera privada.

6.1 As delimitações entre público e privado na sociedade em rede

Como visto na introdução desta pesquisa, a internet tem possibilitado

novas práticas de sociabilidade que geraram transformações na subjetividade

humana. As pessoas agora contam com ferramentas capazes de dotar sua

existência de novos significados, perante os demais e perante o mundo

globalizado da sociedade em rede. Blogs, redes sociais e demais mídias sociais

agora são espaços no qual as formas subjetivas modernas ganham contorno e

visibilidade. (SIBILIA, 2003).

Lemos (2002) afirma que os dispositivos tecnológicos que propiciam

acesso ao ciberespaço favorecem "novas construções de imagens

identitárias"20 a fim de expressar ao mundo todas as faces e narrativas do eu21

20 Imagens Identitárias: movimento de construção das imagens (sociais, científicas, políticas, etc.) e das Identidades que se constroem juntos a partir de fluxos contínuos em que um encontra-se imbricado no outro em constantes e diversificadas construções. Falar somente em Imagem e/ou Identidade separadamente reduz a importância de se compreender como ambos os conceitos funcionam quando se encontram implicados. Com vista a uma definição de Imagética, as comunicações tenderão a refletir sobre a construção e desconstrução de imagens no decurso da História, a imagem do possível, a imagem virtualmente atualizada, a imagem do meio, imagem do entre e imagem dos espaços. (SILVA, 2009, p. 164). 21 Narrativas do eu: narrativas construídas pelos sujeitos que protagonizam e apresentarem suas trajetórias de vida, em relação às expectativas do outro, como traços identitários associados ao universo simbólico. A reflexão sobre a espetacularização e a estetização da intimidade, por meio da midiatização das narrativas do eu, serve como base para a compreensão do papel da atividade produtiva na vinculação de sujeitos em comunidades imaginadas. (CASAQUI, 2010, p. 1).

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24

na vida cotidiana. Dessa forma, as mídias sociais diversas viabilizam as novas

práticas contemporâneas no qual as pessoas descrevem fatos das suas vidas

privadas, seus interesses e demais aspectos das suas vivências na cultura

contemporânea. O autor também salienta que esses dispositivos e as novas

mídias criam uma relação na qual público e privado se confundem.

Sobre a convergência entre público e privado, Santaella (2008) ressalta

sua importância para a construção dos “espaços híbridos” – aqueles oriundos

da mescla entre os espaços físico e virtual. A consequência da “intersecção do

físico com o virtual” é a composição de um “mundo híbrido, pautado pela

interconexão de redes e sistemas on e off-line”.

Segundo a autora, a internet e seu poder comunicativo, sobretudo

através das redes de socialização como as mídias sociais, “propiciam novas

formas de compartilhamento e de troca inimagináveis no espaço físico”. A

autora considera que isso criou uma “desvalorização do espaço público

fisicamente localizável”, dando maior valor a “esfera pública globalizada”

propiciada pelas redes virtuais, “comprovando que transformações nas mídias”

são capazes de moldar as experiências sociais.

Com a crescente inserção das mídias sociais como um aspecto rotineiro

na vida de pessoas comuns, estamos assistindo a mudanças de percepção

sobre onde termina o público e começa o privado.

Santaella (2008) também ressalta que a internet e a Web causaram um

“deslocamento da esfera pública para a imaterialidade das redes” por meio da

apropriação das mídias eletrônicas e dos sistemas de informação. Quando nos

apropriamos dessas informações – agora mais públicas e mais fáceis de serem

encontradas – estamos criando múltiplos lugares e comunidades, com

capacidade de manipulação de informações, bens e serviços e,

consequentemente, tornando nossas vidas tecnicamente mediadas.

Sendo assim, o espaço híbrido se torna um ambiente no qual emergem

novas formas de sociabilidade, que, segundo Santaella, são capazes de

“caracterizar as múltiplas faces das mudanças mais recentes do mundo da

comunicação e da cultura”. Em seu artigo, a autora destaca as mídias

Page 26: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

25

locativas22 e a mobilidade como principais responsáveis pela visão híbrida do

mundo na atualidade, por permitir uma relação entre conteúdo digital com

localidades físicas e o contato com o virtual de qualquer localidade física. Para

a autora, é principalmente a mobilidade que explicaria o mundo híbrido.

Por sua vez, Sibilia (2003) faz uma revisão bibliográfica, na qual aponta

que a separação entre os âmbitos público e privado é uma invenção recente,

surgida na Europa durante os acontecimentos dos séculos XVIII e XIX, no qual

destaca que a privacidade surgiu

[...] quando um certo espaço de “refúgio” para o indivíduo e a família começou a ser criado no mundo burguês, almejando um território a

salvo das exigências e dos perigos do meio público que começava a adquirir um tom cada vez mais ameaçante. [...] Em tempos de incertezas, curiosamente, a mítica singularidade do eu conserva a sua força – nutrida por uma cultura do individualismo cada vez mais depurada. (SIBILIA, 2003).

Essa diferença de percepção entre público e privado também é discutido

por Sennett (1999) em sua obra “O declínio do homem público: as tiranias da

intimidade”, que busca descrever e compreender os sentidos e as concepções

da intimidade na contemporaneidade. O autor descreve que até o século XVIII

a sociedade era considerada pública por suas características que regulavam e

favoreciam o enriquecimento das relações públicas. A partir do século XIX,

devido às mudanças do capitalismo e das crenças religiosas, ocorre o que ele

aponta como “o esvaziamento da esfera pública” sendo substituída por uma

sociedade “baseada na hipervalorização da intimidade”, que teria como

principais sintomas a “cultura narcísica” e as “comunidades destrutivas”

formada por pequenos círculos identitários e fechados.

Sibilia (2003) aponta que os séculos XIX e XX foram marcados por uma

valorização do espaço “íntimo” e privado, pois “em contraposição aos rituais

hostis da vida pública, o lar foi transformado no território da autenticidade e

da verdade, um refúgio no qual era permitido ser “si mesmo””. Com isso, a

modernidade foi responsável por delimitar os dois campos: o espaço público e

o espaço privado, dando, para cada um, funções diferenciadas e opostas.

22 Mídias locativas são dispositivos e sistemas capazes de “agregar conteúdo digital a uma localidade física, servindo para funções de monitoramento, vigilância, mapeamento, geoprocessamento, localização, anotação ou jogos”, exemplos: GPS, a rede social FourSquare, entre outros. (SANTAELLA, 2008, p. 132).

Page 27: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

26

Na atualidade, a delimitação entre essas esferas vem sendo

amplamente rediscutida. Alguns autores contemporâneos voltados para os

estudos das redes virtuais, ciberespaço e cibercultura - tais como Santaella

(2008), Lemos (2002), Castells (1999), Lévy (1999) além de outros,

defendem que a percepção sobre o público e o privado é consequência das

novas formas de comunicação e expressão propostas pelas novas Tecnologias

da Informação e Comunicação (TIC), que foram sendo apropriadas pela

sociedade.

Dupas (2005, p. 41) com uma visão política e econômica sobre os

conceitos de público e privado, ressalta alguns pontos críticos. Primeiramente

reforça que, na atualidade, não há uma fronteira exata entre uma esfera e

outra, no qual ele analisa como “indispensável para localizar o cidadão e

constituir a cidadania”. Uma vez que na sociedade virtual essa fronteira passa

a não ser mais delimitada, torna-se “permeável e problemática”, pois apesar

dos elos culturais e sociais do “indivíduo virtual” existir com a comunidade, o

elo político fica fragilizado por exigir “uma troca real entre homens que se

reconhecem como livres e iguais”, e destaca:

A internacionalização das mídias e o progressivo rompimento do delicado equilíbrio de fronteiras entre Estado, sociedade civil e

indivíduo fazem a prática da liberdade dissociar-se cada vez mais da idéia de compromisso com sua sociedade e seu meio cultural. A democracia passa, assim, a ser ameaçada em duas frentes principais: o individualismo extremo, que abandona a vida social aos aparelhos de gestão e aos mecanismos de mercado, e a desagregação das sociedades política e civil. (DUPAS, 2005, p. 34).

Devido a isto, o autor (p. 35) considera a “visão tecnocrática e

funcional” como uma ameaça à democracia: causada pelo individualismo,

abandono da vida social real e da desagregação da sociedade política em

detrimento de uma “sociedade atomizada”, em que a necessidade de

“interconexão” – que ele define como a capacidade de “estar ou não

conectado”, traz a tona as questões de inclusão e exclusão.

Page 28: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

27

6.2 Os conceitos de público e privado no compartilhamento de

conteúdos em redes sociais pela Geração Y

"Estamos no meio de uma revolução da informação, e ainda estamos

tentando entender suas implicações sobre nossas vidas", declara Solove

(2004, p. 14, tradução nossa), na Introdução do seu livro “The digital person:

tecnology and privacy in the Information Age”. O autor também escreveu no

ano de 2007 o livro “The future of reputation: gossip, rumor and privacy on

the internet” e no ano de 2009 o “Understanding Privacy”. Todos os livros

tratam das seguintes questões: a difusão das informações pessoais na

internet, a privacidade versus a liberdade de expressão.

Em “Understanding Privacy”, o autor (2009) propõe uma visão

diversificada sobre diversas teorias que abordam o termo “privacidade” como

forma de estabelecer um conjunto de aplicações baseadas em problemáticas

atuais, no qual o conceito torna-se ainda mais complexo, uma vez que agora

há muito mais informações pessoais disponíveis no ciberespaço às vistas do

público em geral.

O que está nítido na atualidade é o embaralhamento dos conceitos de

público e privado. Sibilia (2003) diz que isso ocorre devido aos meios técnicos

e digitais permitirem práticas comunicativas, muitas vezes com conotações

confessionais, consideradas significativas da cultura de nossa época, cujas

ferramentas são exatamente a peculiar “inscrição na fronteira entre o

extremamente íntimo e o absolutamente público”.

Isso dependerá muitas vezes da intenção de uso que os sujeitos farão

dessas ferramentas e o que farão com a sua própria representação no

ciberespaço. Também desenha um cenário no qual passa a ser possível

compreender por que as ferramentas sociais da web possibilitam a exposição

de nossas vidas ao outro, e mais ainda, por que as pessoas parecem não se

opor a isso.

Page 29: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

28

Para Sibilia (2003), “os novos mecanismos de construção e consumo

identitário encenam uma espetacularização do eu que visa o reconhecimento

nos olhos do outro e, sobretudo, ao cobiçado fato de ser visto”.

Nesse sentido, Lemos (2002, p. 12-13) destaca:

O ciberespaço faz com que qualquer um possa não só ser consumidor, mas, também, produtor de informação. A liberação do pólo da emissão parecer ser um dos motivos para a efervescência desses fenômenos. O que pode parecer um fenômeno minoritário e sem importância,

reveste-se, na realidade, no sintoma da nossa época, ou seja, a

democratização da comunicação, a elevação da vida banal ao estado de "arte", o compartilhar esse novo espaço com e através do "outro" criando assim um verdadeiro fenômeno comunicacional e social.

Para o autor, trata-se, portanto, da visibilidade e da intersubjetividade

entre os sujeitos como valores adquiridos através da sociabilidade pelas

mídias sociais. Isso faz com que, no ciberespaço, qualquer pessoa possa ser

vista, lida ou ouvida por outros sujeitos. A vida comum se transforma em

“algo espetacular” na medida em que pode ser compartilhada, verificada,

seguida por muitos olhos potenciais. As redes sociais se tornam, portanto, o

espaço legitimado para que esse novo comportamento e subjetividade.

Lago (2010) aponta para um redimensionamento das esferas privada e

íntima, evidenciando que

[...] a dimensão da exposição e captura de conteúdos de natureza mais privada e íntima, que através da Internet passaram a transbordar para a esfera do conhecimento público, seria tão grande quanto a importância e influência que a Internet passou a exercer nas vidas dos

usuários; e, no mais das vezes, legitimada por estes últimos na

medida que eles próprios atuariam ativamente em tal processo por estarem eles mesmos disponibilizando online informações (escritas, imagens, vídeos e links postados) sobre suas vidas pessoais, verdadeiras ou fantasiosas (mas nem por isso irreais, enquanto expressão legítima de desejos verdadeiros).

O autor salienta que as redes sociais foram feitas para servirem de

instrumentos por estabelecer alguma forma de relacionamento entre as

pessoas, fato que notadamente exige uma redução do estado de privacidade,

uma vez que as redes sociais dispõem de ferramentas que são alimentadas

Page 30: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

29

pela expressividade e criatividade das pessoas, aliadas a diversos canais que

possibilitam uma interação com o outro.

Castells (1999, p. 23) circunscreve esse comportamento como sendo

uma característica básica da “sociedade em rede”, afinal “a sociedade em rede

é uma sociedade hipersocial, não uma sociedade de isolamento” onde “as

pessoas integraram as tecnologias nas suas vidas, ligando a realidade virtual

com a virtualidade real”. Para ele, essas ferramentas sociais perderiam a sua

naturalidade se fossem conjugadas a noções de extrema privacidade, pois elas

são instrumentos que permitem a exposição e a avaliação pelo outro. Mais do

que isso, são atraentes justamente por favorecer as mais diferentes formas de

expressão.

Solove (2009, p. 02) explica que é extremamente difícil definir o

conceito de privacidade, precisamente por ser um "fluid concept" (conceito

fluido), pois engloba diversas ideias sobre o uso adequado ou inadequado de

informações. Porém privacidade é, de certa forma, a "personal bubble” (bolha

pessoal) que protege os indivíduos de alguns males da sociedade. Também

expõe "que estar na sociedade é se envolver em constantes atritos e que

estamos colidindo sempre um com os outros", ou seja, cada indivíduo tem

uma perspectiva particular do que é privacidade e isto, consequentemente,

dependerá de um julgamento. O autor articula que o conceito foge ainda mais

de um consenso quando é contraposto ao direito de liberdade de expressão -

maior qualidade das ferramentas de redes sociais.

O receio diante das questões de privacidade ocorre devido os indivíduos

acharem que elas contrapõem a liberdade de expressão, principalmente para a

Geração Y que tem consigo a emergência de estar conectados em rede. Para

eles a concepção de privacidade está mais para a privação do que respeito a

intimidade do indivíduo.

É por essas e outras razões que fica difícil discutir a sociabilidade das

redes a partir de conceitos tradicionais sobre público e privado. As relações

virtualmente fundamentadas se baseiam em princípios que navegam em

ambas as esferas, não podendo ser classificadas por apenas uma delas.

Apesar das diversas regras de condutas apresentadas por aqueles que

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30

defendem uma “netiqueta23”, conforme aponta Mancini (2011), de certa forma

elas limitariam as possibilidades do agir espontâneo e livre no ciberespaço.

Uma mudança fundamental está ocorrendo na identidade humana e nas

suas atividades em comunidade. Como muitas vezes aconteceu na história da

humanidade, a sociedade é impulsionada pela mudança social, que é

alavancada pela evolução tecnológica. Tapscott (2009, p. 69) comenta que “a

Geração Y por serem os mais ativos utilizadores das redes sociais estão na

vanguarda deste tema”, principalmente na complexidade em torno das

questões como privacidade.

Isto também é enfatizado pela pesquisa “Millennials will make online

sharing in networks a lifelong habit” realizada em 2010 pela Pew Internet &

American Life Project24. A pesquisa ouviu a opinião de diversos especialistas

em tecnologia, buscando entender o futuro da internet e da “Geração

Y/Milênio”. Segundo seus resultados, esta geração seria responsável por levar

a sociedade para um novo mundo de comunicação pessoal e de

compartilhamento de informações usando novas mídias.

A pesquisa revelou que os padrões de comunicação dos "nativos

digitais" são baseados no uso de tecnologia e de redes sociais, fato que deve

ser tratado como característica que prosseguirá por toda a vida desta geração,

causando reflexos em muitas áreas e em outras gerações.

De acordo com os especialistas entrevistados no estudo, pode haver

modificações nos interesses da Geração Y em relação aos aspectos de

compartilhamento, privacidade, troca de informações, etc., mas o padrão

geral para a divulgação e exposição permanecerá como um “padrão histórico”

– ou seja, a Geração Y marcará novos limites da privacidade e a identidade da

sociedade atual.

23 Netiqueta: decorrente da fusão de duas palavras: o termo inglês net (que significa rede) e o termo etiqueta (conjunto de normas de conduta sociais). Trata-se de um conjunto de recomendações para evitar mal-entendidos em comunicações via internet, especialmente em e-mails, chats, listas de discussão, etc. Serve, também, para regrar condutas em situações específicas (por exemplo, ao colocar-se a resenha de um livro na internet, informar que naquele texto existem spoilers; citar nome do site, do autor de um texto transcrito, etc.). Fonte: Wikipedia. 24 A Pew Internet & American Life Project é um dos sete projetos que compõem o Pew Research Center, um centro de análise de fatos “que fornece informações sobre as questões, atitudes e tendências que moldam a América e o mundo”. O Projeto produz relatórios a fim de conhecer os impactos da Internet nas famílias, comunidades, trabalho, casa, vida diária, educação, saúde, vida cívica e política.

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31

O que nos parece é que a Geração Y tem “atitudes liberais” ao tratar do

compartilhamento de suas informações. No entanto, o paradigma sobre o que

é público e o que é privado está em estado de evolução, no qual as pessoas

podem simplesmente ser mais tolerantes e menos incomodadas às indiscrições

dos outros.

Tapscott (2009, p. 64-65) contesta esse fato no livro “Grown up digital”

no capítulo denominado “The dark side of social networking: is privacy over?”.

O autor exprime que os Ys postam informações sobre si e demais conteúdos

pessoais simplesmente porque querem e gostam compartilhar, e salienta que

“a Geração Net não entende porque privacidade é importante”. Mesmo as

redes sociais fornecerem medidas que protegem a privacidade, não se reduz a

quantidade de informações que as pessoas compartilham, e muitas vezes,

ocorre o movimento contrário: por achar que estão mais seguras no mundo

on-line as pessoas tendem a compartilhar mais informações.

Solove (2009, p. 02) diz que mesmo as pessoas disponibilizando

informações pessoais na internet, ao mesmo tempo elas ainda cultivam uma

expectativa de privacidade. A questão em torno da privacidade está em voga

não somente por causa da exposição, mas é devido principalmente à presença

de instituições que estão se apropriando dessas informações sem

consentimento, como empresas e governos e, cada vez mais, crescem os

registros sobre as pessoas na internet abastecendo bancos de dados e não se

sabe como essas instituições vêm utilizando essas informações - e isso levanta

uma série de preocupações.

O autor também argumenta que seremos capazes de abordar as

questões de privacidade de forma mais eficaz somente quando

compreendermos mais profundamente o que está em jogo quando o termo é

invocado. Nas redes sociais como o LinkedIn estariam em jogo valores

mínimos de capital social como visibilidade, reputação, popularidade e

autoridade. Contudo, agora esses valores estão “supervalorizados” a ponto de

serem mais importantes que outros como a privacidade. Segundo o autor,

uma vez que os indivíduos estão buscando estabelecer valores digitalmente, o

correto é dar a eles o controle sobre o que pode fazer com eles.

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A pesquisa realizada pela Pew Internet & American Life Project (2010)

demonstra um otimismo sobre este aspecto, pois os entrevistados acreditam

que essa inadvertência perante o compartilhamento de informações deve

mudar conforme a geração amadurece. Porém, Staddon (2009) enuncia que

essa tensão entre metas de redes sociais de ampliar conexões e servirem de

ferramentas dinâmicas de comunicação versus violações de privacidade podem

ser equilibradas com a construção da conscientização do usuário, prontificando

a privacidade como utilidade, sugerindo a implementação das configurações

de privacidade.

Essas implementações de privacidade são importantes no contexto das

redes sociais, mas necessitam de adaptações para acomodar a

interdependência das redes sociais, assim como a permitir a preservação da

utilidade da rede.

Dessa forma, independente da tipologia e objetivo da rede social, a

questão do compartilhamento público de conteúdo versus privacidade está

constantemente provocando debates.

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33

7. A GERAÇÃO Y E SUA RELAÇÃO COM O TRABALHO

Neste capítulo abordaremos os nativos digitais, também chamados de

Geração Y. Nosso foco será aferir, mediante pesquisa bibliográfica, como eles

compreendem trabalho e evolução de carreira. Essa visão será fundamental

para que seja possível entender como são os profissionais desta geração –

objeto da análise monográfica – e como as tecnologias atribuíram significações

e papéis no uso de redes sociais como o LinkedIn.

7.1 Características da Geração Y

A Geração Y representa os nativos digitais, aqueles que cresceram em

plena evolução tecnológica, em uma sociedade em rede, e que estiveram em

contato desde sempre com a cultura digital.

Cada geração é produto dos acontecimentos, avanços tecnológicos,

mudanças sociais, condições econômicas e outros fatos que ocorrem durante o

seu amadurecimento. Isso é responsável pelo conjunto de comportamentos e

valores adquiridos pelos sujeitos.

Essa geração assimilou os acontecimentos de forma tão intensa que,

consequentemente, teve predisposição natural para o uso das novas

tecnologias. Mas não é só isso. Esse contexto gerou novas significações e

valores na vida, nos ambientes de estudo e trabalho. Aqui nosso interesse

particular é entender como essa geração delineia os limites entre informação

pública e informação privada no contexto das redes sociais – um ambiente

público por sua natureza.

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De acordo com o estudo "Generation Y and the Workplace: annual

report 2010" realizado pela Johnson Controls25 (2010, p. 22), essa geração

representa o equivalente a 25,47% da população mundial e “vão dominar a

força de trabalho, consumo e política.” (TAPSCOTT, 2008).

Tapscott (2010, p. 20) aponta que a assimilação tecnológica obtida

durante todo crescimento dessa geração “causou um impacto profundo no seu

modo de pensar, a ponto de mudar a maneira como o seu cérebro está

programado”. O autor expõe que essa mudança foi positiva sob diversos

aspectos, sobretudo por eles saberem lidar naturalmente com a “vasta

quantidade de informações” e manterem um equilíbrio entre os mundos digital

e físico.

O autor também faz um panorama das mudanças sociais decorrentes da

atuação da geração que vem “remodelando todas as instituições da vida

moderna, do local de trabalho ao mercado, da política à educação”, no qual

aponta como principal consequência a “ascensão do computador, da internet e

das outras tecnologias digitais”. Dessa forma, por terem assimilado as

tecnologias e “por crescerem com ela”, a absorção das mídias digitais foi algo

“transparente” para a Geração Y.

Sobre as características da Geração Y, Tapscott e Williams (2007, p. 63)

contextualizam:

É a primeira geração a crescer na era digital, e isso a torna uma força para colaboração. Esses jovens estão crescendo banhados em bits. [...]

Essa é a geração da colaboração devido a uma razão principal: [...] os jovens dessa geração crescem interagindo. Em vez de serem apenas recipientes passivos da cultura de consumo em massa, a Geração Net26

passa o seu tempo pesquisando, lendo, inspecionando, autenticando, colaborando e organizando [...]. A internet torna a vida uma colaboração contínua e maciça, e essa geração adora isso. Eles não conseguem imaginar uma vida em que os cidadãos não tinham as

ferramentas para pensar criticamente, trocar opiniões, desafiar, autenticar, verificar ou desmascarar o tempo todo.

25 Johnson Controls é uma empresa global líder em tecnologia que atende a clientes em mais de 150 países. A empresa oferece produtos, serviços e soluções de qualidade para otimizar a eficiência e a operação de edifícios, baterias para veículos convencionais, híbridos e elétricos e também sistemas de interiores e componentes para automóveis. O interessante é que esta pesquisa foi realizada com o intuito de estabelecer parâmetros para construções de edifícios e ambientes organizacionais de forma a atender a atual demanda da sociedade e da nova geração de trabalhadores. Fonte: http://www.johnsoncontrols.com.br 26 Geração Net, Geração Milênio, Ys ou Millennials citados diferentemente pelos autores são considerados como Geração Y ou Ys, como explicado na Introdução desta pesquisa.

Page 36: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

35

Como se trata de uma geração que visa a conectividade, interatividade

e imediatismo em todos os processos, esperam as mesmas características de

suas relações. Isso dita novos paradigmas nas relações e percepções, bem

como uma apresentação diferenciada nos ambientes profissionais e

acadêmicos – o que pode inclusive significar alguma forma de conflito quando

se deparam com pessoas de outra geração, menos imersas em tecnologia.

Howe e Strauss (2000) na obra "Millennials Rising: The Next Great

Generation", que definem os sujeitos dessa geração como "Millennials",

explicam que esta é uma geração que profere tendências, sendo a maioria

delas uma inversão dos valores das gerações anteriores, como a Geração X e

Baby Boomer27.

Ao contrário das gerações anteriores, os Ys tiveram os mais profundos

avanços tecnológicos das últimas décadas que colocaram vastas opções à sua

disposição, entre elas uma riqueza de informações disponíveis por meio da

Internet.

Considerada por Tapscott (2010, p. 34) como a “Primeira Geração

Global”, por possuírem os maiores índices de pessoas com acesso à rede,

sobretudo por utilizarem os recursos e ferramentas da Web 2.0, os Ys são

aqueles que vêm “possibilitando a comunicação global como nunca antes”, e

esse contato com os demais do mundo vem propiciando uma unificação de tal

forma que eles se tornam parecidos em suas atitudes, princípios e

comportamentos, no qual o autor destaca:

A nova rede é um meio de comunicação que permite que as pessoas

criem seu próprio conteúdo, colaborem entre si e construam

comunidades. Tornou-se uma ferramenta de auto-organização. [...]

Enquanto os adultos usavam a internet para ver páginas da rede, os jovens usavam a internet para se comunicar com os amigos. Suas experiências on-line eram o núcleo do que se tornaria a Internet 2.0 – uma plataforma de comunicação totalmente nova e revolucionária. (TAPSCOTT, 2010, p. 29).

27 Geração X: é o termo que se refere às pessoas nascidas em 1965 até 1976. Os integrantes desta geração estão entre os mais bem instruídos da história. Eles enfrentaram algumas das maiores taxas de desemprego. Consideram o rádio, a tevê, o cinema e a internet como mídias não especializadas, disponíveis para que todos acumulem informações e apresentem seu ponto de vista. Baby Boomers: se refere aos filhos da Segunda Guerra Mundial, já que durante a guerra houve uma explosão populacional. Normalmente são as pessoas nascidas entre 1946 e 1964. Foi o impacto da revolução nas comunicações, liderada pela ascensão da televisão, que moldou essa geração. (TAPSCOTT, 2010).

Page 37: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

36

Com isso, a Geração Y é formada por estudantes, trabalhadores e

consumidores com novas perspectivas, que estão trazendo consideráveis

mudanças em todos os âmbitos da sociedade. Como estudantes, estão

exigindo novas formas de ensino e aprendizagem, com pedagogias mais

dinâmicas e mais de acordo com a vida cotidiana e com o mercado atual

globalizado, baseado em conceitos colaborativos. Como trabalhadores, buscam

constantemente novos desafios, dedicados a aquilo que realmente se

identificam e procurando um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

Como consumidores, estão transformando mercados e exigindo inovadoras

ações de marketing, venda e pós-venda devido, principalmente, ao poder de

influência que exercem através das ferramentas da Web 2.0. Em vez de

consumidores, eles querem ser prosumers28 – no qual buscam co-inovar

produtos e serviços deixando-os de acordo com suas expectativas.

Também é devido à apropriação dessas ferramentas que esta geração

integra uma cultura povoada por nichos e “tribos” de pessoas que

compartilham de gostos e interesses por afinidade. Tapscott (2010, p. 48-49)

aponta oito “normas” características da Geração Y, no qual se destacam

alguns pontos fundamentais, como:

1. Liberdade para fazer, escolher, expressar: usam a tecnologia para fugir

das restrições tradicionais e integrar a vida profissional à vida pessoal e

social. Eles buscam a liberdade para “mudar de emprego, para

encontrar seu próprio caminho e para se expressar”;

2. Possibilidades de customização e personalização: querem deixar em

produtos e serviços a marca da sua personalidade. Buscam produzir,

criar, modificar conteúdos fugindo de padronizações;

3. Querem investigar: procuram informações sobre tudo, pesquisam

conteúdos sobre os assuntos que lhe interessam na rede,

principalmente opiniões sobre produtos e serviços;

4. Gostam de integridade: buscam posições transparentes de empresas

antes de investir ou de trabalhar para elas;

28 Prosumer é um termo originado do inglês que provém da junção de producer (produtor) + consumer (consumidor) ou professional (profissional) + consumer (consumidor). Fonte: Wikipedia.

Page 38: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

37

5. Buscam entretenimento e diversão no trabalho, educação e na vida

social: buscam forma se integrar em ambientes que propiciem dar

vazão a sua criatividade;

6. Buscam colaboração e relacionamentos diversos: como cresceram

diante de ambientes interativos e compartilhadores, são mais flexíveis e

aceitam com mais facilidades trabalhos colaborativos, e facilmente

criam redes de influência on-line;

7. Gostam de velocidade: são imediatistas, instantâneos;

8. Gostam de inovar: buscam constantes formas de colaborar, se divertir,

aprender e trabalhar – de preferência, tudo isso ao mesmo tempo.

Ao descrever essas normas, o autor faz alguns questionamentos que

envolvem todos os âmbitos da vida destes jovens, uma vez que suas

perspectivas e visões alteram temas de grande impacto. Entre eles, a inclusão

no mercado de trabalho, no qual suas atitudes, ideais e normas exigem

compreensão dos demais, algumas vezes resultando em choques com as

gerações antecessoras.

7.2 Os profissionais da Geração Y

Vasconcelos et al. (2010, p. 227) apontam que a Geração Y vem sendo

objeto de estudos em diversas áreas do conhecimento, pois suas

características estão relacionadas aos conceitos de mudança, interatividade,

colaboração e tecnologia, de tal forma que definiram seu entendimento do

mundo - refletindo no modo de ser e agir na sociedade e, consequentemente,

no ambiente de trabalho.

Há 12 anos, aproximadamente, os primeiros representantes da Geração

Y começaram a entrar no mercado de trabalho e nas universidades. Com o

acompanhamento sistemático desses impactos, alguns novos talentos tentam

transpor para o profissional as abordagens de colaboração, compartilhamento

Page 39: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

38

de conhecimento e de inovação, tornando um desafio para as organizações

compreender esses indivíduos. (TAPSCOTT, 2010, p. 50-51).

A pesquisa desenvolvida pela Johnson Controls (2010, p. 24-25) explica

que os profissionais pertencentes à Geração Y possuem quatro características

principais, que se subdividem em outras. Elas estão compiladas no quadro a

seguir:

Quadro 1 – Características e sub-características dos profissionais pertencentes a

Geração Y

CARACTERÍSTICAS

SUB-CARACTERÍSTICAS

Digitais e Ligados ao Social

Aceitam rapidamente as tecnologias São capazes de utilizar múltiplos dispositivos digitais

simultaneamente Gerenciam grandes quantidades de dados

paralelamente com outros processos e estímulos Procuram estar digitalmente, globalmente e

constantemente conectados Participam ativamente em redes sociais e enxergam-

nas como potenciais ferramentas de colaboração e sociabilidade, “dentro e fora das fronteiras da empresa”

Buscam trabalhar em ambientes que favoreçam as relações sociais e com organização horizontal

Desafiantes

Apreciam o posicionamento claro dos seus superiores Necessitam de feedbacks imediatos sobre seus

desempenhos Esperam ser consultados e incluídos nas decisões de

gestão Demandam por constantes desafios intelectuais

Gostam de oportunidades de aprendizagem e de qualificação contínua

Buscam ascender rapidamente na carreira

Escassos

Compõem a faixa etária mundialmente mais populosa,

no entanto a distribuição dos Ys entre os países não são iguais, gerando uma demanda por profissionais qualificados e que entendam os novos modelos de negócios que estão surgindo

Forma nos Estados Unidos a maior geração desde os Babys Boomers, e na Índia representam mais da metade da população. Entretanto, no Reino Unido eles são o menor índice diante do total da população

Não priorizam a estabilidade no trabalho, que faz essa geração ser comumente considerada “infiel”

Transformadores

Estão desencadeando novas formas de sociabilidades Estão estabelecendo tendências comportamentais que

se propagam com força a ponto de influenciar o comportamento social das gerações futuras.

Page 40: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

39

Alguns pontos destacados no quadro também são indicados por

Tapscott (2010, p. 20) quando descrever que a Geração Y está “derrubando

hierarquias rígidas e obrigando as empresas a repensar seus métodos de

recrutamento, remuneração, desenvolvimento e supervisão de talentos”. As

organizações passam a entender que as relações internas necessitam se

tornar mais horizontais, organizadas em rede. A comunicação interna das

organizações também necessitou de novas abordagens, uma vez que esses

profissionais querem ouvir e serem ouvidos.

Dessa forma, esta geração tem exigido uma nova realidade no ambiente

profissional, tanto que está reconfigurando as organizações com suas

perspectivas de carreira, na qual buscam flexibilidade de ação, horário e local

de trabalho e, especialmente estão em busca de ambientes que propiciem a

colaboração. Tapscott (2008) reforça esta questão ao dizer que:

Eles têm a expectativa de um ambiente de trabalho inovador, com flexibilidade de horário, mobilidade e um processo de tomada de decisão muito ágil. Eles ficarão frustrados se encontrarem um ambiente de controles rígidos e que os digam como é melhor que eles façam o trabalho deles. O velho modelo de "recrutar, gerenciar e

manter" os empregados não funciona mais.

Sobre esse aspecto, Lafuente (2009, p. 74) exprime que as “empresas

jovens reconhecem a importância de oferecer a sua força de trabalho a

flexibilidade e a liberdade de ações necessárias ao estímulo da criatividade”, e

às formas de expressão desses profissionais.

Com isso, verifica-se que as escolhas profissionais dos indivíduos da

Geração Y são influenciadas pelas oportunidades de desempenhar papéis

significativos em suas vidas, uma vez que encaram o trabalho não somente

como fonte de renda, mas como uma fonte de satisfação e aprendizado.

Por isso, esta mudança de paradigma altera todo o entendimento sobre

carreira, estabilidade, vínculo profissional, entre outros aspectos valorizados

pelas gerações anteriores.

Page 41: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

40

7.2.1 Geração Y: Profissionais que reconfiguram as organizações com suas

novas perspectivas de trabalho e carreira

Apesar de trazer energia e inovação para local de trabalho, a Geração Y

é um desafio para a gestão empresarial e de pessoas. Um ponto que é

destacado constantemente na literatura é o choque de gerações. Lafuente

(2009, p. 71) diz que no ambiente corporativo “sempre houve indivíduos com

diferentes valores, idéias e maneiras de comunicar e fazer as coisas”, afinal

são atritos normais de convivência. Ocorre que, “pela primeira vez na história

corporativa há quatro gerações29”, com perspectivas e necessidades

diferentes, compartilhando o mesmo ambiente. Consequentemente, acordos

organizacionais estão sendo revistos, pois de um lado está a hierarquia

tradicional, e do outro está a descentralização, a flexibilidade e os

questionamentos aos superiores vindo de profissionais que tem visões

diferenciadas das estabelecidas.

Mesmo cada geração tendo sua forma de trabalhar, autores como

Tapscott e Willians (2007, p. 70) destacam que a Geração Y em particular

mobilizou uma grande transformação no ambiente de trabalho, principalmente

ao mencionar que:

Cada uma das gerações anteriores levou características singulares ao seu local de trabalho, mas a adoção da alta tecnologia, a criatividade, a conectividade social e a diversidade incorporadas na Geração Net

realmente a diferenciam das outras. Os trabalhadores dessa geração transformarão o local de trabalho e a maneira como os negócios são conduzidos com uma intensidade que não vemos desde o “homem-organização” da década de 1950.

Os autores expõem que a Geração Y, enquanto funcionários, causariam

choque por representarem uma força diante de uma estrutura estática,

exigindo a revisão de valores, substituindo as normas por outras não-

29 Quatro gerações: A autora considera a Geração Next ou Geração Z como já ascendendo ao mercado de trabalho. Ao seguir a linha proposta por Tapscott, percebe-se que esta geração ainda não possui idade suficiente para estar ativa no mercado de trabalho, entretanto, isso irá depender de qual base teórica é considerada e isso não está claro no artigo. Porém, será mantida a proposta de “quatro gerações” da autora, pois daqui poucos anos esse fato será uma realidade. Nesta pesquisa consideramos as três principais: Geração Baby Boomer, Geração X e Geração Y.

Page 42: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

41

tradicionais, trocando as imposições pelo sentimento de “fazer parte” e de

“estar envolvido” nos processos.

Como resultado disso, surgem transformações profundas na cultura,

estrutura, processo e economia de trabalho, modificando os locais de trabalho

fechados, hierárquicos e com relações de empregatícias rígidas, sendo

valorizado os ambientes colaborativos, auto-organizados e distribuídos.

A pesquisa da Johnson Controls (2010, p. 86) enfatiza que a sinergia e

a disposição da Geração Y em trabalhar em equipe e de forma colaborativa no

ambiente corporativo tende a ser o fator que mais destaca esses indivíduos

perante os demais. Enquanto as pessoas das outras gerações estão

acostumadas a realizar reuniões formais, 73% dos Ys preferem as formas de

comunicações informais, envolvendo inclusive o uso de ferramentas sociais em

rede.

Eles querem o estado da arte da tecnologia e de ferramentas de colaboração, tais como wikis e mensagens instantâneas, que os ajudam para trabalhar. Quando convém, eles anseiam por trabalhar

desde outras localidades, em casa, por exemplo, e esperam que as

tecnologias estejam disponíveis nestas localizações remotas. (TAPSCOTT, 2008).

Devido a isso, com a Geração Y no mercado, a maneira como ocorre a

comunicação no ambiente de trabalho também necessita de mudanças, pois o

conceito da rede é muito mais presente nesta geração que nas gerações

anteriores. Por serem mais sociáveis, se sentem à vontade ao utilizar novas

formas de comunicação que visam agilizar as decisões (pois prezam o

imediatismo) e facilitam o contato entre os profissionais no ambiente

corporativo (como utilizando recursos de comunicação remota e da web 2.0).

Mas essas soluções nem sempre estão de acordo com a realidade dos demais

profissionais que pertencem a outras gerações.

Santiago (2010, p. 15) reforça essa afirmação, e diz que a Geração Y

exige grande atenção das organizações para suas expectativas em relação ao

trabalho e a forma como se comunicam, e que esse fato trouxe necessidades

expressas para as empresas repensarem, não somente sua comunicação

externa, assim como a comunicação interna com seus funcionários.

Page 43: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

42

Lipkin e Perrymore (2010, p. 97) adicionam que a Geração Y trouxe ao

ambiente de trabalho um novo estilo de comunicação interpessoal que fez a

comunicação empresarial sofrer “uma metamorfose, gerando grande confusão

intergeracional, já que os indivíduos de outras gerações não foram criados

dentro da mesma linguagem”. Para as autoras, os Ys foram responsáveis pela

modificação das bases da comunicação profissional e pessoal mais do que

qualquer outra geração, contribuindo para “o declínio da linguagem

profissional formal no ambiente de trabalho”.

Para alcançar seus objetivos, os Ys trazem para o ambiente de trabalho

noções de colaborativismo que vem restaurando as formas de trabalho por

demonstrarem, às organizações, que seus talentos não são prejudicados pela

liberdade de ação e expressão, e que estes fatos são até benéficos para os

negócios. A Geração Y é uma força de trabalho social e colaborativa, e sua

relação com o espaço é visível e aberto.

Outro ponto valorizado por essa geração é o equilíbrio entre a vida

pessoal e o profissional, pois “acreditam que a realização pessoal é o objetivo

do trabalho”. (SANTIAGO, 2010, p. 15).

Lafuente (2009, p. 75) também aborda este aspecto e aponta que, ao

proporcionar esse equilíbrio aos profissionais, cria-se um “poderoso recurso

para ancorar os talentos”. Para os Ys, o equilíbrio entre o profissional e o

profissional está totalmente ligado à flexibilidade de trabalho. Os Ys são

impulsionados pela vida pessoal e social e o trabalho deve ser reflexo disso.

Dentro desta conotação, Vasconcelos et al. (2010, p. 230-231) menciona que

“o trabalho estará para objetivos e a remuneração estará para o concílio entre

a vida pessoal com o profissional”. Por isso, trabalhar para esta geração é

muito mais que ter um emprego, principalmente por estar arraigado nas

qualificações pessoais.

O perfil desses profissionais é visto como inovador, cuja liderança

exercida se baseia em pilares de confiança, focam resultados, mas são

motivados por feedbacks constantes.

É possível compreender nas descrições anteriores que o ambiente

organizacional está com um público misto, formado por diferentes gerações.

Page 44: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

43

Porém a Geração Y trouxe novas noções que estão reconfigurando a visão de

trabalho. Por terem ideais diferenciados, a Geração Y procura basicamente

transpor para o profissional suas habilidades, no qual consideram parte de si,

como pessoa.

Os jovens pensam e se relacionam de forma diferente, e estão dispostos a trabalhar em um ambiente de constantes mudanças. Ainda

que os integrantes da geração net sejam confidentes, criativos, independentes e tenham mente aberta, eles tendem a ser um grande desafio para gerenciar. Eles demandam novas oportunidades para aprender e responsabilidade, querem feedbacks instantâneos, primam

por balancear a vida profissional e pessoal e anseiam por relacionamentos fortes no ambiente de trabalho. Por isto, as companhias precisam alterar sua cultura de gestão destes jovens, sem,

no entanto, perder o respeito com as necessidades dos outros funcionários. Se cultivado propriamente, esta geração traz vantagens para organização no que se refere à inovação e competitividade. (TAPSCOTT, 2008).

Esses ideais criam choque em ambientes organizacionais mais

tradicionais por propor algo diferente de tudo que foi sugerido pelas gerações

anteriores, porém o assunto agora vem sendo mais discutido por ser

considerado como atual reflexo da sociedade – na qual a Geração Y trouxe

profissionais competentes com formas de gestão inovadoras e bem sucedidas.

O desafio das organizações está em reter esses profissionais, que não estão

preocupados em estabilidade profissional, mas sim em atingir seus objetivos

profissionais e pessoais.

Page 45: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

44

8. AS REDES SOCIAIS PROFISSIONAIS

Neste capítulo serão apresentadas as redes sociais como importante

ferramenta de e-recruitment, como é o caso do LinkedIn – nosso objeto de

estudo.

8.1 Redes Sociais para estar no mercado de trabalho

A Geração Y vê a internet como meio natural de integração - “antes, a

internet era considerada uma mídia. Hoje, é um ponto de convergência”. A

sociabilidade construída através das redes sociais é o motor da Geração Y,

que, por meio do uso desses recursos, obtém acesso a um universo de

relações e informações virtuais. Eles encontram nessas redes sociais os

recursos necessários para produzir e compartilhar diversificados conteúdos

com os demais e ampliar suas redes de contato. (COGO, 2009).

Conforme apresentado na Introdução deste trabalho, as redes sociais

são as principais responsáveis pelo tempo de conexão dos internautas, sendo

a maior parte deles pertencentes à Geração Y.

Além de essas redes servirem como espaço de expressão das narrativas

do “eu”, o potencial também se deve pela possibilidade de conexão entre

pessoas com interesses similares, de uma forma que jamais seria possível

antes da internet. Com o avanço tecnológico e o lançamento de vários

produtos como celulares, tablets e netbooks que facilitam a entrada na

internet, essa conexão entre pessoas se tornou algo simples e comum no

cotidiano do indivíduo visto que não é necessário conhecer alguém

pessoalmente ou estar próximo para criar uma conexão, elas surgem de forma

espontânea como base os interesses de cada um.

De acordo com a pesquisa da Johnson Controls (2010) os nativos

digitais utilizam as redes sociais para fins de sociabilidade, para criar grupos,

Page 46: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

45

para criar e distribuir conteúdos e para manter uma rede networking. O

estudo também aponta que os elementos fundamentais das redes sociais são

perfis "amigos" que constituem uma identidade cultural30 ou grupo social. As

conexões criam oportunidades para conhecer, conectar e ser visto um grupo

maior e mais diverso do que seria possível face a face.

Como o usuário esta cada vez mais presente nestas redes, elas também

servem como espaço para as marcas e organizações criarem relacionamentos

com os consumidores, clientes e demais interessados. Devido ao seu poder

comunicativo, a cada dia surgem novas aplicações e diferentes redes focadas

em diferentes propósitos.

8.2 As Redes Sociais Profissionais

As redes sociais como LinkedIn, Xing31, Viadeo, Twitter e Facebook

representam uma nova tendência de ampliar contatos, compartilhar

informações, conhecimentos e conteúdos criados pelo próprio usuário. Cada

vez mais, as mídias sociais são profissionalmente relevantes, sobretudo na

área de recursos humanos e nas questões de recrutamento e seleção de

pessoas.

O advento e crescimento de redes profissionais representam uma nova

oportunidade para acelerar o processo de busca de empregos, promover os

serviços e competências de pessoas e empresas para ampliar a rede de

relacionamentos, conhecida como networking.

As redes sociais profissionais são aquelas destinadas para a construção

de perfis, no qual visa desenvolver uma rede de contatos on-line com outros

profissionais. O conceito de compartilhamento é essencial nas redes sociais

profissionais, nos quais os principais objetivos são as trocas de

recomendações, conselhos, sugestões, etc. Essas trocas favorecem a criação

30 Identidade cultural é o sentimento de identidade de um grupo ou cultura, ou de um indivíduo, na medida em que ele é influenciado pela sua pertença a um grupo ou cultura e/ou seus mecanismos de afiliação/exclusão do mesmo. Fonte: Wikipedia. 31 www.xing.com

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46

de um clima de confiança que, consequentemente, facilita os contatos e as

negociações.

De acordo com o site da Kioskea.net (2010) as redes sociais

profissionais tem como objetivo principal criar contatos a partir dos seus

contatos, isto é, criar conexões a partir de conexões, ampliando o networking,

facilitando a vinculação entre profissionais de uma mesma área de atuação. O

site também aponta que estas redes, quando corretamente utilizadas, podem

facilitar o recrutamento de novos funcionários, novos clientes, sócios,

fornecedores e demais interessados.

Com isso, estas redes são novas ferramentas que passam a auxiliar as

antigas técnicas de captação de profissionais usadas pelos recursos humanos,

tornando o processo de seleção pró-ativo, uma vez que oferecem recursos

para localizar profissionais que tenham competências essenciais para os

negócios de determinadas organizações - incluindo as redes sociais como

ferramentas essenciais ao e-recruitment32.

Conforme descreve Sendin (2010), “as ferramentas de recrutamento

on-line caíram no gosto dos gestores de recursos humanos, que encontraram

nelas uma solução mais barata para buscar muitos profissionais em pouco

tempo”. Em seu artigo a autora menciona que atualmente as empresas

buscam criar perfis em redes como LinkedIn, Facebook e Twitter, e salienta

que:

No ano passado [2009], 355 gestores de pessoas dos Estados Unidos

disseram aos consultores da Jobvite (empresa de recrutamento online) que já usavam ou pretendiam usar sites como LinkedIn, Facebook e Twitter para encontrar e atrair candidatos. A maioria (72%) pretendia

até reduzir o investimento em formas tradicionais de recrutamento, como empresas terceirizadas, e aumentar o investimento nas redes sociais. (SENDIN, 2010).

A principal vantagem do e-recruitment via redes sociais apontada

autora é a rapidez no processo de seleção, menos burocracia e a redução

significativa de custos com esses processos – índice que chega a um

abatimento de até 90%, se comparado com os métodos tradicionais.

32 e-recruitment: recrutamento on-line - o processo de recrutamento de pessoas com uso recursos eletrônicos, em especial a internet. Fonte: Wikipedia.

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47

As principais vantagens para as empresas que se utilizam o e-

recruitment estão diretamente relacionadas com a possibilidade de adquirir

um número de candidatos consideravelmente maior do que poderiam aderir

por meio das metodologias tradicionais de captação; bem como com a possível

agilidade dos processos de recrutamento devido à automatização das suas

fases.

Ao mesmo tempo, as empresas podem contar com uma vasta

disponibilidade de informações acerca de novos talentos, podendo usar os

filtros e demais recursos presentes nas redes sociais para localizar o

profissional certo para a vaga disponível.

Para os profissionais, as redes sociais profissionais são

importantes, pois permitem que os currículos tenham visualização global, além

de poderem atualizar constantemente suas informações (diferentemente dos

bancos de dados das empresas e demais setores de recrutamento) e

agregarem valores a elas, como demonstrar diferentes habilidades e

competências além das profissionais.

Além deste fato, permite manter um contato com pares, que talvez não

seria possível se não fosse o uso dos recursos das redes sociais ao prontificar

as conexões existentes através de afinidades. O portal Administradores33

recomenda, inclusive, que o endereço do perfil do LinkedIn seja citado no

currículo do profissional, pois essa têm se destacado como uma ferramentas

para contato ou para estratégia de carreira, pelos internautas no país. (DVS,

2011).

8.3 O LinkedIn

O LinkedIn é uma rede social de compartilhamento de informações, cuja

característica principal é formar uma comunidade voltada para negócios e

construção de relacionamento e conexões entre profissionais de todas as áreas

33 http://www.administradores.com.br

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48

do mercado e também estudantes acadêmicos e pessoas que estejam

entrando no mercado de trabalho.

A empresa responsável pela rede foi fundada em dezembro de 2002

(LINKEDIN, 2011b) por Reid Hoffman34 e alguns membros da equipe de

fundadores do PayPal35, site pioneiro em pagamentos feitos pela internet que

também teve um dos seus criadores como fundador do YouTube36. O site

como é conhecido hoje foi lançado apenas em 5 de maio de 2003, apenas 5

meses após a empresa ter sido fundada na sala de estar de Reid Hoffman. No

final do primeiro mês de operação, o site já contava com 4.500 membros

inscritos em sua rede e continuou com um crescimento desenfreado até os

dias de hoje.

Com o “boom” das redes sociais e surgimento da Web 2.0 já descritos

neste trabalho, o LinkedIn viu uma adequação e aceitação do público à novas

redes mais segmentadas e focadas para determinados fins, e criou um serviço

que além de inovador, facilitaria processos no meio digital como o e-

recruitment e a conexão entre profissionais.

O site recebeu uma imensa aceitação pelo target e após 494 dias do seu

lançamento já havia atingido seu primeiro milhão de usuários utilizando a rede

e hoje possui mais de 100 milhões de profissionais cadastrados, numa média

de 1 membro cadastrado a cada segundo do dia, e 1 milhão de novos usuários

a cada 12 dias. (LINKEDIN, 2011b).

Com o interesse de estar presente para todos os profissionais do

mundo, atualmente o site atinge mais de 200 países sendo que metade dos

usuários ativos está nos Estados Unidos, país que se destaca pela aceitação de

inovações e novos serviços no meio digital, considerado também o berço dos

grandes sites conhecidos pelo mundo todo.

O crescimento da rede não se deve apenas ao fato de ser inovadora e

segmentada, mas sim pelo trabalho conjunto de grandes nomes que integram

a gestão da empresa, que se pauta por um modelo mais aberto de

gerenciamento. Entre os profissionais que gerenciam a empresa, encontram-

34 http://www.linkedin.com/in/reidhoffman 35 http://www.paypal.com 36 http://www.youtube.com

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49

se grandes nomes de empresas como Yahoo!37, Google38, Microsoft39, Tivo40,

PayPal e Electronic Arts41, profissionais pioneiros na criação novos serviços e

ferramentas da Web 2.0.

O LinkedIn atualmente possui versões em 6 diferentes línguas (inglês,

francês, alemão, italiano, português e espanhol) para facilitar a entrada de

novos membros na rede, e existem projetos para a sua tradução em novas

línguas, atingindo novos públicos e mercados em outros países.

Embora a maioria dos usuários cadastrados seja de países de primeiro

mundo como Estados Unidos, Canadá e da Europa Ocidental, e conforme visto

na Introdução, o Brasil entra no ranking sendo responsável por mais de 3

milhões (10% do total) de usuários cadastrados nesta rede. (LINKEDIN,

2011b).

O Brasil é o quinto país com maior número de usuários, ultrapassando

Noruega, Itália, Espanha e França. De acordo com estudo realizado pelo site

Alexa.com42 (2011) o LinkedIn lidera a 42ª posição dos sites mais visitados do

país, superando sites como Caixa Econômica Federal43, Correios44, Banco

Bradesco45 e Banco do Brasil46, sites de serviços públicos e financeiros que

atingem grande número de visitação.

37 http://www.yahoo.com 38 http://www.google.com 39 http://www.microsoft.com 40 http://www.tivo.com 41 http://www.ea.com 42 http://www.alexa.com 43 http://www.caixa.gov.br 44 http://www.correios.com.br 45 http://www.bradesco.com.br 46 http://www.bancodobrasil.com.br

Page 51: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

50

Figura 1: Ranking de sites

Fonte: Alexa (2011).

A Figura 1 apresenta a posição do LinkedIn no ranking dos sites mais

acessados no Brasil. Esse número comprova que hoje o LinkedIn é tão

importante para os usuários da internet brasileira, quanto serviços públicos

que possuem uma abrangência e diferentes classes de usuários. A posição do

site também demonstra que embora seja uma rede segmentada, sua

audiência de usuários possui maior interesse nesse tipo de comunidade, do

que todas as outras audiências que procuram por serviços públicos.

Gráfico 1: O crescimento de Redes Sociais.

Fonte: ComScore (2011).

Conforme estudo realizado pela ComScore em fevereiro de 2011,

demonstrado no Gráfico 1, o uso de redes sociais no Brasil cresceu 10% no

BRASIL DEMAIS PAÍSES

Page 52: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

51

ano de 2010 em comparação ao ano de 2009, enquanto no mundo todo este

aumento foi de apenas 4%.

O Brasil lidera o ranking com o maior número de usuários on-line da

América latina e é considerada a 8ª maior audiência de internet no mundo,

com aproximadamente 40 milhões de pessoas em 2010, sendo 62,7% destes

usuários com idades de 15 a 34 anos, sendo eles pertencentes a Geração Y,

conforme podemos verificar no Gráfico 2.

Gráfico 2: Composição da Audiência da Internet Brasileira de usuários acima de 15 anos nos anos de 2009 e 2010.

Fonte: ComScore (2011).

Destes 40 milhões de usuários conectados à internet no Brasil, o

LinkedIn absorve o índice de mais de 1% destes usuários. Embora esse

volume seja pequeno comparado aos números gigantescos de membros

cadastrados em redes como Facebook e Orkut, o LinkedIn prova o seu

crescimento e audiência, e afirma-se como a principal rede social profissional

no Brasil.

O site do LinkedIn que conhecemos hoje sofreu várias alterações desde

seu lançamento em 2002, visto que desde essa data a internet em geral

passou por grandes mudanças, incluindo linguagens de programação, novos

softwares, novos gadgets e meios de acesso até a forma como ela é utilizada.

Com o surgimento da Web 2.0, o usuário deixou de ser apenas um

participantes passivo e se tornou cada vez mais ativo nas redes, necessitando

de meios que o fizessem interagir junto as novas redes. Esses dados

Dez. 2009

Dez. 2010

Faixa etária

Page 53: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

52

comprovam que os profissionais estão aderindo as novas formas e tendências

de comunicação a fim de buscar oportunidades de negócios, carreira,

valorização de currículo e visualização do mesmo.

8.3.1 Funcionalidades do LinkedIn

Entre seus principais recursos podemos destacar o compartilhamento de

informações, notícias e documentos importantes para outros profissionais,

além de fomentar a participação ativa em fóruns, a criação de grupos de

discussão categorizados por áreas e temas que são criados pelos próprios

usuários, garantindo maior integração e conexão entre eles.

As características da Web 2.0 que o LinkedIn agrega, foram

importantíssimas para o crescimento rápido desta rede social. Isso justificaria

o aumento obtido na sua audiência, que chega aos rankings de maiores

acessos em redes sociais do mundo, sendo considerada a maior rede

profissional da internet.

O perfil de um usuário no LinkedIn é considerado um currículo, no qual

o usuário agrega informações profissionais, qualificações, méritos,

competências, recomendações de outros usuários e integração de redes

sociais, como por exemplo o SlideShare47, onde é possível expor no perfil

apresentações e documentos como artigos, teses, trabalhos acadêmicos que

qualificam o profissional. Em vez do usuário enviar o portfólio de seus

trabalhos para os recrutadores, o LinkedIn torna essa exposição de maneira

fácil, pois nestes perfis se encontra todas as informações que os profissionais

desejam ser exibir e compartilhar com seus pares.

Pelo fato de o LinkedIn usar uma plataforma livre na internet e de fácil

usabilidade, ele trouxe a facilidade para o profissional deixar aberto ao mundo

seus conhecimentos e vida profissionais compartilhando experiências,

aprendizados e seus méritos, ou seja, prontificam a adesão de capital social

47 www.slideshare.net

Page 54: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

53

importante em seu meio. Antes, o currículo de um profissional só poderia ser

visto por uma empresa ou algum Headhunter48; isso se o mesmo tivesse

alguma forma de contato direto com os recrutadores ou departamento de

recursos humanos das empresas.

Pelo site é possível encontrar novas oportunidades de trabalho por meio

de buscas segmentadas, aproximar-se de empresas e contratantes e entrar

em contato direto com outros profissionais por meio do InMail49, ferramenta

de comunicação entre usuários cadastrados.

Para os recrutadores também é possível anunciar vagas e fazer

pesquisas mais detalhadas a fim de encontrar profissionais qualificados,

segmentando por nível, escolaridade, idade, sexo e qualificações, o que facilita

o processo de e-recruitment como citado anteriormente.

O LinkedIn recomenda aos usuários por meio de um gráfico (conforme

será apresentado na Figura 2 a seguir), no perfil de cada profissional que deve

ser preenchido com detalhes sobre sua vida profissional. Esse interesse

demonstra que a ferramenta preza pela criação de um diretório mais completo

de profissionais, podendo oferecer novos serviços a recrutadores e empresas,

além de entender quais as necessidades dos usuários fornecendo ferramentas

para aproveitar melhor dos recursos disponíveis.

Figura 2: Porcentagem de preenchimento do perfil no LinkedIn

Fonte: LinkedIn (2011b).

A conexão entre usuários do LinkedIn é outro fator bastante importante

em suas funcionalidades. Por meio dessas conexões é possível encontrar

diversos outros profissionais que possuam algum tipo de ligação com o usuário

48 Headhunter ou caça-talentos é uma pessoa ou um grupo de pessoas ou empresas especializadas na procura de profissionais talentosos ou gestores de topo; 49 http://www.linkedin.com/static?key=about_inmail

Page 55: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

54

cadastrado, como por exemplo: pessoas que trabalham na mesma empresa,

pessoas que trabalharam com pessoas conectadas ao usuário, pessoas que

fizeram algum curso acadêmico com o usuário, amigos e colegas. Esta vasta

gama de opções de conexões é gerada automaticamente por listas atualizadas

conforme vão se criando novos laços e nunca deixam de oferecer novas

conexões, pois a cada nova conexão o sistema define quais novas conexões

podem ser oriundas oferecendo uma ampliação da rede networking do usuário

gerando, assim, uma imensa rede de contatos sejam eles próximos ou não. A

Figura 3 exemplifica as conexões. O sistema apresenta que por meio das

conexões já existentes de um usuário, ele está interligado a milhões de novos

usuários.

Figura 3: Conexões no LinkedIn

Fonte: LinkedIn (2011b).

No LinkedIn é possível editar e publicar informações tornando-as

visíveis aos demais participantes sem a necessidade de avisar os outros

membros, já que a plataforma envia notificações diretamente a rede de

contato tornando essas informações acessíveis a todos de forma rápida e

descentralizando os dados e integrando as informações em outras redes, Web

Search Engines50 e diretórios profissionais.

Todo perfil cadastrado no LinkedIn possui integração direta com o maior

buscador da internet - o Google - e por meio do site é possível definir quais

informações serão expostas a internet e quais são sigilosas a rede de contato.

50 Web Search Engines: Buscadores, tais como Google, Bing e outros.

Page 56: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

55

Dessa forma o usuário pode definir quem e por onde suas informações podem

ser vistas.

Dessa forma, novas oportunidades de emprego e crescimento

profissional podem ser almejadas e alcançadas, pois se criou uma nova forma

das empresas procurarem por profissionais qualificados para suas vagas, de

forma rápida e segura além da facilidade do próprio profissional buscar novas

vagas e desafios.

8.3.2 Integração do LinkedIn com outras redes sociais

Entende-se por integração o ato ou processo de integrar, incorporar,

complementar e constituir um todo pela adição de partes ou elementos

(MICHAELIS, 2011).

Estas “partes e elementos”, no contexto desta pesquisa, podem ser

associados aos diversos recursos oferecidos pelas redes sociais em busca de

interação entre diferentes bases. Nessa concepção, uma determinada rede

pode ir muito além de suas fronteiras e do seu papel, originalmente

estabelecido, agregando novos elementos que se integram, e que alteram seu

ambiente de significação.

A idéia principal desta rede social, que é de criar conexões entre

profissionais, sempre esteve presente ao longo dos seus nove anos de

existência. Isso é continuadamente aprimorado e a rede busca adquirir novas

opções para o compartilhamento de informações, estímulos para manter os

profissionais conectados à rede e interessados pelos seus serviços. Por meio

destas mudanças, o LinkedIn foi evoluindo, agregando novos recursos e

produtos que se adequassem aos seus utilizadores formados, sobretudo, pela

Geração Y.

Seguindo as tendências da Web, o LinkedIn vêm buscando se integrar

com outras redes e sites de compartilhamento, e apropria-se desse benefício

criado pela tecnologia e projetos de código aberto, onde desenvolvedores são

Page 57: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

56

permitidos pelo próprio site a criarem novas ferramentas e conexões entre

softwares, gadgets e dispositivos móveis tornando o site acessível a todos e a

toda rede.

Essa integração entre redes sociais pode ser considerada como um

estímulo a mais para que elas continuem exercendo sua atividade e

conquistando novos usuários. Quando uma rede, por mais que seja de grande

audiência não se comunica com outras, existe a chance dessa rede perder

usuários para outras mais interligadas e que facilitem o processo de

comunicação.

Como a Geração Y é caracterizada como imediatista e instantânea,

conforme descrito no Capítulo 7, podemos analisar que quanto maior a

facilidade de estar em todos os ambientes virtuais ao mesmo tempo, facilita o

processo de comunicação e evita a perda de tempo atualizando rede a rede.

Essa integração gera maior interesse pelo usuário, pois suas mensagens

chegam ao alcance de todos sem a necessidade de informar rede a rede.

Além disso, por meio das integrações e conexões, o indivíduo está

interligado em inúmeros grupos de referência, ou seja, comunidades e redes

nas quais se mantém atualizado, usando várias fontes de informação

disponíveis.

A possibilidade de interagir com outras pessoas e divulgar produtos

criados pelo próprio usuário, participar de discussões e grupos, e estar

presente na internet expondo o “eu profissional” são fatores que agregaram

valor ao profissional presente nesta rede.

O LinkedIn também segue padrões de interoperabilidade, que é um

conceito presente nessa onda de compartilhamento e integração, pois

representa a capacidade de um sistema de se comunicar com outro. Para que

um sistema seja considerado interoperável, ele deve trabalhar com padrões

abertos, desde que esteja dentro das regras e conceitos de código aberto ou

open source51 - propiciando uma crescente forma de interligação entre outras

51 Open source: O termo código aberto, ou open source em inglês, foi criado pela OSI (Open Source Initiative) e refere-se a software também conhecido por software livre. Genericamente trata-se de software que respeita as quatro liberdades definidas pela Free Software Foundation. Fonte: Wikipedia.

Page 58: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

57

fontes de informação. Ou seja, o sistema deve se comunicar com outras

plataformas ou redes sociais, e estar aberto a receber novas conexões.

No LinkedIn há uma área destinada a desenvolvedores, bastante rica de

informações importantes para o desenvolvimento de novas plataformas e

principalmente para que o site não fique isolado das outras redes em

constante evolução, fornecendo documentações, códigos e regras para estes

desenvolvedores criem livremente aplicativos e gadgets para o uso da

ferramenta em outros meios e sites.

Assim como qualquer sistema interoperável, o LinkedIn possui regras

bastante claras sobre o uso de sua plataforma para criar conexões com outros

sistemas. Em sua página para desenvolvedores, a rede social define sua

política e explica por que é importante contribuir para esse colaborativismo do

site.

Atualmente o LinkedIn preza a integração com as principais redes

sociais de grande audiência na internet. Por meio do site é possível conectar o

perfil profissional às atualizações de redes de uso pessoal como Facebook,

Twitter, SlideShare, entre outras.

O LinkedIn, embora seja uma rede de compartilhamento de informações

profissionais, fornece a possibilidade de mesclar informações pessoais e

profissionais utilizando as inúmeras formas de integração e valorizando a

capacitação do profissional através das redes.

Page 59: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

58

9. GERAÇÃO Y: VIDA PESSOAL E PROFISSIONAL

INTEGRADAS

Este capítulo explica como os indivíduos da Geração Y estão se

comportando diante do movimento de integração que vêm ocorrendo em

redes sociais como o LinkedIn.

Os conceitos de capital social teorizado por Bourdieu, Recuerdo e

Rodrigues, que versam sobre os valores adquiridos através dos laços sociais e

o comportamento de compartilhamento de conteúdos dos indivíduos,

mostram-se particularmente interessantes para explicar as motivações de

participação e expressão dos sujeitos nas redes sociais.

9.1 Geração Y e a demanda por integração

[Vejam isso! Com FlitterIn eu posso conectar com meu futuro patrão, meus amores do passado e minha

atual obsessão em um só lugar!]

Figura 4 – Cartoon FlitterIn: agrega Facebook, Twitter e LinkedIn

Fonte: Mashable (2009).

Page 60: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

59

Integração é um termo facilmente assimilado pela Geração Y, por fazer

parte do conjunto de características semelhantes às da sua geração - estando

ligada aos contextos de união, colaboração e agregação.

Os Ys cresceram em meio a três grandes pontos integralistas,

intimamente ligados, sendo um a consequência do outro: a globalização, a

sociedade em rede e a cultura da convergência.

O processo de globalização vivido por esta geração é a integração

mundial expressa no “agir globalmente”, diferente dos acontecimentos

vivenciados pelas gerações anteriores. Eles cresceram em um mundo no qual

os “estados-nação” são interconectados e interdependentes, cujas

consequências são advindas dos processos históricos, da expansão e da nova

estruturação do capitalismo, dos avanços tecnológicos e científicos. Isso

provoca, além da mobilidade de capitais e mercadorias, a ubiquidade das

tecnologias de informação e telecomunicações. (SÁNCHEZ-RUIZ, 2000, p. 16).

De acordo com Terra (2010, p. 02) a internet é considerada um espaço

de integração. Com as ferramentas de mídias sociais, a convergência passa a

ser amplamente difundida, em detrimento dos processos interativos,

colaborativos e participativos dos usuários. Entre essas ferramentas, estão os

sites de redes sociais que são as mais utilizadas pela Geração Y.

Nestes sites os indivíduos encontram, nos ambientes virtuais e nos seus

recursos, os atrativos necessários para a produção e compartilhamento de

conteúdos em diferentes linguagens, que prontificam a comunicação e a

conexão entre as pessoas e até instituições. Dessa forma, esses sites formam

um “lócus, no qual a interação social visa à construção coletiva, à mútua

colaboração, à transformação e compartilhamento de idéias em torno de

interesses mútuos dos atores sociais que a compõem”. (COMITÊ GESTOR DA

INTERNET NO BRASIL, 2010, p. 02).

A maioria desses pontos é ressaltada por Tapscott e Williams (2007, p.

11) ao descreverem o novo mundo da “Wikinomics” como uma perfeita

integração entre “tecnologia, demografia e economia global”, capaz de

promover “uma força inexorável de mudança e inovação”. A base da nova

economia se dá através da colaboração pela internet, baseado em quatro

Page 61: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

60

princípios que se complementam: abertura, peering, compartilhamento e ação

global. Dessa forma, nota-se que todos os termos se referem à ação conjunta,

onde estar conectado é uma necessidade e uma valoração da sociedade atual,

globalizada e em rede.

O processo de integração não é algo imposto para a Geração Y, mas é

uma consequência da sua vivência, algo tão necessário e natural que faz parte

de todos os valores que moldam os indivíduos desta geração.

Os Ys vêem tudo com muita naturalidade, parte de seu modo de vida.

Da integração “das coisas” surgem soluções que ampliam o leque de serviços,

recursos, eficiência, monitoramento e gestão das ferramentas que favorecem

a conexão, a troca de informações e conhecimento entre os indivíduos. A isso

damos o nome de capital social, amplamente valorizado pela Geração Y, e que

estabelece seu lugar e suas causas no mundo.

Todas as características culturais, sociais, políticas e econômicas

observadas nesta geração estão arraigadas na sua relação com as tecnologias:

a penetração tecnocrata no cotidiano com seus movimentos de integração e

colaborativismo.

Dessa forma, o movimento de integrar os recursos de várias redes

sociais acontece de forma quase natural. Esses usuários esperam ambientes

que sirvam de espaços convergentes e que ofereçam cada vez mais recursos

dinâmicos. Essas são as condições estruturais para o capital social da Geração

Y acontecer.

9.2 O capital social: o que motiva a expressividade e a criação de laços

sociais pela Geração Y em redes sociais

As redes sociais se alimentam dos laços sociais. Da relação do indivíduo

com esses laços é formado o capital social – que se refere, principalmente, às

“conexões entre os indivíduos e ao valor implícito das conexões internas e

externas da sua rede social”. (RECUERDO, 2005).

Page 62: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

61

Esses laços sociais podem ser fortes ou fracos e irão depender do grau

de proximidade e intimidade entre os agentes que formam as conexões. Os

laços entre as pessoas são mais fortes quando há mais canais de ligação ou

quanto há um motivo forte e claro para os contatos: amigos, parentes, etc. Os

laços fracos se tratam dos contatos fortuitos, cuja tendência no mundo off-line

é se desmanchar com o tempo. Porém, é por meio desses laços que os

indivíduos entram em contato com universos sociais distintos.

As redes sociais permitem a manutenção desses laços fracos ou

conexões, que emergem da estrutura dos grupos sociais. Por isso,

compreender a natureza das conexões auxilia na percepção dos tipos de

valores que são gerados nessas redes.

Esse fato será importante para entender “em troca do quê” os Ys são

motivados a se expressar e interagir com os demais. Esses valores compõem

o capital social, principal responsável pelo sentimento de pertencimento a um

determinado grupo, uma vez que o ciberespaço potencializa a criação de

conexões por diversas afinidades.

Pierre Bourdieu (1985, p. 248) que introduziu o conceito de capital

social no discurso sociológico contemporâneo o descreve como “o agregado

dos recursos efetivos ou potenciais ligados à posse de uma rede durável de

relações mais ou menos institucionalizadas de conhecimento ou

reconhecimento mútuo”.

Recuerdo (2009, p. 107-108) ressalta a importância de analisar o

capital social nos sites de redes sociais, por se tratar da “verificação dos

valores constituídos nesses ambientes”. Esse entendimento pode auxiliar na

percepção do capital social que está em emergindo dessa coletividade e, dessa

forma, compreender sua dinâmica e os fenômenos que nelas ocorrem.

Quando comparamos a rede social off-line com os sites de redes sociais,

percebemos a diferença das especificidades de capital social. A quantidade de

conexões que pode ser criadas em sites de redes sociais é muitas vezes

superior ao do mundo off-line, oriundos da maior capilaridade e da rapidez de

conexões. Além disso, as redes se alimentam de popularidade, visibilidade e

compartilhamento.

Page 63: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

62

Conforme aponta Recuerdo (2006), a principal vantagem da rede social

on-line se deve justamente à amplificação da rede social e à conectividade

com diferentes grupos sociais.

A autora identifica, entre os capitais apontados por Bertoline e Bravo52,

duas formas de capital social significativos e proporcionados aos usuários de

redes sociais: o "capital social relacional" e o “capital social relacional

cognitivo”.

O primeiro estaria ligado basicamente à percepção do indivíduo; e o

segundo, relacionado, além da percepção, também à sua capacidade de

emissão de informação e influência na rede. (RECUERDO, 2009, p. 108).

Analisando os capitais sociais, Recuerdo (2009, p. 109-115) aponta

quatro principais valores constituídos a partir do uso das redes sociais. Eles

estão compilados no Quadro 2:

Quadro 2 – Valores e Capital Social em Sites de Redes Sociais

VALOR PERCEBIDO

DESCRIÇÃO DO VALOR

TIPO DE CAPITAL

SOCIAL

Visibilidade

Trata-se de um valor por proporcionar que "os nós sejam mais visíveis na rede", seja para ancorar no suporte social e de obtenção de informações relevantes, como também para manter laços sociais fisicamente distantes. De qualquer forma a visibilidade é decorrente da presença e atuação do indivíduo na rede social;

Relacional

Reputação

Decorre da percepção construída de alguém pelos demais, ou seja, as impressões do "eu" sobre os nós.

Essas impressões advêm das expressões do indivíduo e da aceitação desses conteúdos pelos outros. Dessa forma, as redes sociais "são extremamente efetivas para a construção de reputação”, pois permite o feedback das percepções qualitativas causadas pelo conteúdo expressivo perante os demais membros. Dessa forma, pode-se trabalhar a reputação através das informações publicadas e da construção da visibilidade social;

Relacional cognitivo

Popularidade

Está relacionada à audiência, no qual é maior visualizado na rede, sendo possível verificar "as conexões e as referências a um indivíduo", no qual prontifica sua posição como central em uma rede

Relacional

52BERTOLINE, S.; BRAVO, G. Social capital, a multidimensional concept. 2001. Disponível em: < http://web.archive.org/web/20030318075349/http://www.ex.ac.uk/shipss/politics/research/socialcapital/other/bertolini.pdf >.

Page 64: Rompendo as fronteiras entre o público e o privado: análise de uso da rede social LinkedIn pela Geração Y

63

Popularidade

social, demonstrando sua capacidade influenciadora perante os nós ou seu poder de ser conector. Dessa forma, a popularidade está relacionada a quantidade de comentários, referências, links, entre outros pontos que permitam quantificar a percepção dos demais. Portanto, "esse valor relaciona-se com o número de conexões ou relações de um determinado nó com os outros", sendo diferente da reputação por permitir "uma medida quantitativa da localização do nó em uma rede";

Relacional

Autoridade

Trata-se de um valor por se referir ao poder de influência de um nó em uma rede social. Está ligada a reputação, porém ancorado no capital social relacional e cognitivo por buscar na influência a capacidade de gerar autoridade e de difundir informações. Dessa forma, a medida de uma autoridade se deve aos "aos processos de difusão de

informações nas redes sociais” e da percepção dos demais indivíduos da importância contida nessas informações.

Relacional cognitivo

Fonte: Adaptação de Recuerdo (2009, p. 114).

É importante salientar que os tipos de capital social e os valores

atribuídos a eles serão diferentes, de acordo com os propósitos dos sites de

redes sociais. Porém eles permitem a identificação de padrões

comportamentais dos indivíduos. (BRANDÃO; PARREIRAS; SILVA, 2007).

A possibilidade de identificar padrões é importante, inclusive, para a

atuação mercadológica dentro dessas redes, pois ela permite a visualização de

nichos. A análise quantitativa e qualitativa permite a inserção de ações de

marketing e publicidade de marcas extremamente focadas. Foram

entendimentos como esses que despertaram o interesse de empresas pelo

tema rede social.

No Quadro 2, feito com base nos apontamentos de Recuerdo, podemos

observar quais capitais e valores são importantes para os indivíduos que

compõem redes sociais, como Orkut, Facebook, Twitter, LinkedIn e outras.

Nessas redes, há diversos recursos que permitem a expressividade,

fornecendo aos indivíduos condições de percepções (ser percebido e perceber)

e compartilhamento de conteúdo com os demais, o que ampara a manutenção

dos laços sociais.

Ao analisarmos a rede social profissional LinkedIn, percebemos que os

valores e capitais sociais apontados por Recuerdo também podem ser

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64

identificados nela. Conforme apresentado no Capítulo 8, os membros da

Geração Y estão utilizando as redes sociais profissionais como importante

instrumento para buscar oportunidades no mercado de trabalho. Essa geração

busca manter a atuação dentro dessas redes como forma de identificar as

oportunidades que estejam de acordo com suas expectativas profissionais e

pessoais, uma vez que para eles ambas as esferas são congruentes e inter-

relacionadas. Eles, ao mesmo tempo, buscam formas de expressar

conhecimentos e de estabelecer novos laços sociais.

As funcionalidades do LinkedIn oferecem oportunidades para a

construção do capital social. Para Lane (2009), esse seria o “principal objetivo

do site”.

O Quadro 3 demonstra como o capital social relacional e relacional

cognitivo discutidos por Recurdo (2009) podem ser adquiridos no LinkedIn

através das funcionalidades proporcionadas aos seus usuários:

Quadro 3 – Capital social identificados nas funcionalidades do LinkedIn

CAPITAL SOCIAL

FUNCIONALIDADES DO LINKDEIN

Relacional

Permite a criação de conexões por afinidades diversas, tais como instituições educacionais, empregos anteriores, pares,

áreas relacionadas a área de atuação, conexões de conexões; permite a busca por novas conexões através dos contatos

como e-mail, outras redes sociais e recomendações de contato; permite o envio de convites para participação na rede;

Oportuniza a amplificação dos laços fracos ao criar conexões a partir de conexões, uma vez que elas são importantes para a recomendação profissional;

Possui ferramentas para interação como mensagens; Disponibiliza link para visualização de perfis extra-rede; Busca a integração com outras redes como forma de tentar

ampliar a rede networking dos seus usuários; Apresenta o número de conexões e faz um mapeamento do

grau das conexões possíveis através das já existentes;

Possui recursos que ajudam o usuário a criar uma imagem profissional;

Apresenta vagas que tenham relação com seu perfil e apresenta perfis de acordo com as vagas disponíveis.

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Relacional cognitivo

Possui ferramentas para criação e gestão de grupos de discussão e de interesses;

Oportuniza a recomendação do indivíduo por seus pares; Possui recursos para o compartilhamento de informações; Possui recursos para facilitar a busca de informações dentro da

rede; Permite criar estatísticas das conexões existentes na rede; Busca aderir recursos de outras redes sociais como forma de

ampliar a circulação de informações dentro da rede;

Busca criar relevância do profissional em buscadores como Google, Bing, e outros.

Fonte: LinkedIn (2011b); Recuerdo (2009).

O LinkedIn, por priorizar a criação de conexões de conexões, aposta na

“força dos laços fracos”53. De acordo com Raud-Mattedi (2005, p. 67) são

esses laços aqueles mais fundamentais para quem, por exemplo, está em

busca de emprego. É, principalmente, através dos laços fracos que as

informações a respeito de novas vagas chegam a potenciais candidatos. É

através do contato com “conhecidos”, inclusive por intermédio da própria rede

social, que os profissionais terão a oportunidade de entrar em contato com

informações ou produzirão e compartilharão conteúdos que farão com que

estas pessoas sejam reconhecidas pelo grupo e adquiram o capital social.

Esse capital permite “identificar as formas de inserção social das ações

econômicas e a influência destas relações sociais nos resultados econômicos”.

Com isso, para os profissionais da Geração Y estar em contato com o maior

número de pessoas e compartilhar o conhecimento é uma forma de constituir

os valores que serão importantes para o profissional e para as conquistas

pessoais, pois “além dos objetivos econômicos, os atores perseguem também

objetivos sociais” de reputação, popularidade, visibilidade e autoridade.

Granovetter (1973 apud RAUD-MATTEDI, 2005, p. 67) teoriza sobre a

importância dos laços fracos presentes nas redes sociais e argumenta que as

ações dos atores sociais são condicionadas pelo seu pertencimento a redes de

relações interpessoais, ressaltando:

53 Teoria de GRANOVETTER, M. The Strength of Weak Ties. In: American Journal of Sociology, vol. 78, n. 6 1360-1380, 1973.

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66

Na medida em que as redes pessoais agem como canais de circulação de informações, a posição de um indivíduo na rede, assim como a qualidade da rede são elementos fundamentais. Assim, é menos importante estar fortemente inserido numa rede (de amigos ou de parentes, por exemplo) do que ter acesso, por meio de laços fracos (ou seja, de conhecidos), a várias redes. Os laços fracos são decisivos

porque estabelecem pontes entre as redes, permitindo assim o acesso a universos sociais diversificados e a uma maior variedade de informações. [...] Neste sentido, o mercado (de trabalho, no caso) não é o resultado de escolhas racionais por parte de indivíduos considerados como independentes, já que os laços sociais influenciam as trajetórias. (RAUD-MATTEDI, 2005, p. 66-67).

Redes sociais voltadas para o mercado de trabalho como o LinkedIn,

procuram, por meio de funcionalidades e agregação com outras redes,

amplificar a conexão de laços sociais. O LinkedIn procura classificar os laços,

colocando o número de grau daquela conexão. Por meio do LinkedIn é possível

visualizar todos os graus dos laços das redes sociais e verificar qual grau dos

laços podem trazer mais informações ou oportunidade de trabalho.

Do mesmo modo, as informações que circulam nessas redes têm a

intenção de auxiliar, mostrar e agregar os valores aos profissionais, o que

também está associado à construção de capital social.

Utilizando-se dos recursos de propagação de informações, os usuários

esperam receber como retorno status no grupo, melhores oportunidades e

autoridade perante os pares, ou seja, os valores relacionais cognitivos.

Também é através do compartilhamento de informação que se pretende a

construção de uma imagem e de importância na rede social, que forma o valor

relacional. Ao mesmo tempo, difundir informações na rede é também

interagir, tentar ampliar e complexificar os laços sociais.

9.3 Vida pessoal e profissional interconectadas: uso do LinkedIn e

consequências para a Geração Y

No Capítulo 7 foram apontadas as características da Geração Y, que não

distingue a vida profissional da pessoal simplesmente por achar que ambos

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estão ancorados no ser. Com o avanço das tecnologias, como dos dispositivos

móveis que prontificam respostas em tempo real, é ainda mais “derradeiro a

libertação em relação ao lugar”, ou desterritorizalização dos espaços, como

define Bauman (2004, p. 81). Com isso, há uma emergência pela

“interconexão”, como define Dupas (2005, p. 36), no qual a vida se resume

basicamente em “estar ou não conectado”. Para ele, no mundo da

interconexão a distinção entre a vida privada e a vida profissional é diluída.

Castells (1999, p. 284) também descreve esse fenômeno e diz que até

o século XX o lar era a representação do espaço privado. Com a flexibilização

proporcionada pelas TIC na sociedade em rede, as pessoas se tornam capazes

de transportar para os seus lares diversas ações pertencentes aos outros

âmbitos cotidianos. Logo, a separação de ambientes como trabalho e lazer

passa a não ser delimitada e o “significado dos termos privacidade, lar e

comunidade mudaram de forma significativa”.

Sennett em seus livros “A corrosão do caráter: consequências pessoais

do trabalho no novo capitalismo” (1999) e “A nova cultura do capitalismo”

(2008) faz uma análise sociológica das transformações do mundo do trabalho

oriundas do que ele chama de “capitalismo tardio”. Segundo o autor, “é

dimensão do tempo do novo capitalismo” que afeta a vida dos indivíduos,

cujas características principais é a “flexibilização” e o ”fluxo a curto prazo”

Essas características viriam do fim das “rotinas burocráticas”, da

estabilidade do emprego em detrimento de exigências flexíveis e projetos de

curta duração, sendo isso os principais motivos que modificaram a ética do

trabalho e da sociedade. (SENNETT, 1999, p. 25; 32).

O autor em seus livros traz uma visão crítica ao novo sistema

capitalista, onde expõe que as características do capitalismo tardio é

responsável pela corrosão do caráter dos seres, pois por mais que tudo se

torna flexível, maleável e adaptável, ao mesmo tempo se formam novas

formas de poder e controle sobre os indivíduos, e é ressaltado pelo autor que:

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[...] o comportamento flexível gera liberdade pessoal. [...] imaginamos o estar aberto à mudança, ser adaptável, como qualidades de caráter necessárias para a livre ação - o ser humano livre porque capaz de mudança. [...] A repulsa à rotina burocrática e a busca da flexibilidade produziram novas estruturas de poder e controle. (SENNETT, 1999, p. 54).

Para este trabalho não será adotada a visão crítica de Sennet, somente

a contextualização que ele faz da sociedade, que é muito importante. O autor

defende que as “modernas comunicações” instituíram uma linha divisória com

as questões de rotina desses indivíduos que tem como “força tênsil” a

capacidade de “ser adaptável a circunstâncias variáveis”. Porém, essa

flexibilidade, adaptabilidade e quebra de rotina exigida pela nova “cultura

capitalista”, ou sociedade em rede, geram novas “emoções fogem ao controle”

e empurram os indivíduos para “fora das fronteiras morais normais”.

(SENNETT, 1999, p. 42; 53; 59).

Dessa forma, vida on-line e off-line estariam se tornando híbridas, da

mesma maneira como não há mais a distinção clássica entre privado e público

(Capítulo 6), sendo as barreiras entre pessoal e profissional diluídas, pois o

novo modo de produção flexível incorporou as tecnologias como práticas

profissionais, pessoais, sociais e culturais.

Estar em rede, ser flexível e adaptável tornam-se, assim, condições de

inserção no mundo do trabalho e, sobretudo, símbolo de eficiência e de participação daquilo que os autores chamam de mundo conexionista, expressão que denomina esse ideal de rede associado à valorização de novos paradigmas. (RODRIGUES, 2010, p. 04).

A rede social LinkedIn permite a agregação de diferentes laços, no qual

cabe ao indivíduo a sua classificação e organização. De qualquer forma os

laços fortes se fazem importantes, pois são os que estão intimamente ligados

ao pessoal, e os laços fracos foram demonstrados por Granovetter como

eficientes para criação de oportunidades. Dessa forma, o LinkedIn não busca

se constituir somente como uma rede profissional, uma vez que considera que

todos os laços podem proporcionar oportunidades. Da mesma forma a

Geração Y leva esse fato em consideração, tanto que não veem razões para

distinguir as esferas.

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Esse fato traz à tona outro fator importante – a imagem humanizada do

profissional – que é também decorrente da flexibilidade e da capacidade de

ser adaptável. Tendo a possibilidade de conectar o pessoal com o profissional,

os indivíduos da Geração Y também buscam agregar às suas competências

outras qualidades ligadas ao caráter.

A exposição de informações pessoais em uma rede social profissional

pode trazer implicações para o profissional? Houve modificações no

entendimento sobre privacidade? Os indivíduos da Geração Y conseguem

distinguir a tipologia de informações? Estas questões serão respondidas a

seguir.

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10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base no que foi exposto nesta monografia e tendo por método o

levantamento bibliográfico, consideramos os seguintes pontos importantes

para as considerações conclusivas deste estudo:

As redes sociais são importantes ferramentas de interatividade e

disseminação de informações, que servem para a construção da

sociabilidade, legitimando a subjetividade e o reconhecimento perante

os outros. Atualmente, por possuírem milhões de usuários ativos no

mundo, são as principais responsáveis pela inclusão de informações

pessoais na Web, pois seus recursos de interação promovem a criação

de espaços colaborativos, de comunicação e compartilhamento de

conteúdos. É difícil perceber uma delimitação clara e valoração sobre a

diferença entre as esferas pública e privada nas redes sociais, pois a

emergência desses sites serve de ferramenta para a expressividade e

compartilhamento de conteúdos pelos seus usuários, formados, em sua

maioria, pela Geração Y. Para esses indivíduos, os perfis em redes

sociais são demonstrações públicas de identidade e promovem a troca

de valores entre os participantes.

A Geração Y, por suas características peculiares e perspectivas

colaborativas, está trazendo consideráveis mudanças em todos os

âmbitos da sociedade em que atuam. Como profissionais, buscam

constantemente novos desafios, dedicados àquilo com que realmente se

identificam: um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, já que

essa diferença espacial não deve existir.

As empresas buscam estes profissionais pertencentes à Geração Y

também nas redes sociais – que passaram a servir como importante

ferramenta de e-recruitment, como o LinkedIn. O objetivo dessas redes

é, por meio de suas funcionalidades, multiplicar os laços sociais que

podem criar oportunidades de negócios dos seus utilizadores, tanto para

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empresas como para pessoas. Para isso, é necessário que a rede

ofereça novas formas de participação e recursos para o

compartilhamento de conteúdo. O LinkedIn promove integração com

demais redes sociais de caráter pessoal, como Twitter, MSN e outras,

buscando expandir funcionalidades e cumprindo seu propósito de

fornecer aos seus usuários diferentes formas de facilitar a amplificação

de networking.

Os Ys, por crescerem imersos nos meios digitais, enxergam estes

movimentos integralistas e interoperáveis, que ocorrem em redes, como

condições favoráveis para a construção do seu capital social. Valores

como visibilidade, reputação, popularidade e autoridade têm motivado

esta geração a expor suas narrativas, a ampliar seus contatos e a

compartilhar conteúdos em redes sociais agindo em prol da manutenção

dos laços sociais fortes e, sobretudo, dos laços fracos. Dessa forma,

buscam construir nesses espaços, além da representação virtual de

identidade, um ponto de unificação dos propósitos interconectados de

suas vidas.

Com essas considerações, são expostos os cumprimentos dos objetivos

deste trabalho, no qual se buscou analisar a rede social LinkedIn e seu uso

pela Geração Y. Por meio da análise feita, foi possível entender que os

usuários Y não fazem distinção entre as informações de redes sociais de

caráter pessoal, de outras de caráter mais profissional.

O fato de redes sociais profissionais como o LinkedIn estimularem a

expressividade dos seus usuários, por meio da integração com redes de

caráter pessoal, demonstra uma resposta ao modo de agir do mercado e

também uma compreensão sobre o fato de informações profissionais

conviverem com informações pessoais – pelo menos para parte desse público.

Os Ys são impulsionados pela vida pessoal e social, e o trabalho deve ser

somente mais um reflexo ou ângulo dessa realidade – pois eles o encaram não

somente como fonte de renda, mas como uma fonte de satisfação e

aprendizado.

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Essa hibridização pessoal-profissional, natural da Geração Y, vem sendo

notada por empresas e qualificada muitas vezes como uma característica

positiva e inovadora. Ela favorece a demonstração das competências

importantes exigidas pelos atuais postos de trabalho: capacidade de

sociabilidade, criatividade, facilidade de lidar com meios de comunicação e

participação em trabalhos colaborativos.

Dessa forma, os Ys atribuem novas significações às esferas de público e

privado, profissional e pessoal, e aos conceitos de privacidade – por

entenderem que é por meio de compartilhamento de conteúdo que o seu

capital social é construído. Esses nativos digitais não são irresponsáveis;

possuem apenas visões diferentes do mundo que os cerca.

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