Rompendo Dificuldades Charles Swindoll

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 

Índices para catálogo sistemático: 

1. Dificuldades diárias: Superação: Guia de vida cristã: Cristianismo 248.86 

Copyright © 2004 by Charles R. Swindoll.  GETTING THROUGH THE TOUGH STUFF - Published by W Publishing Group, a division of Thomas Nelson, Inc., R O. Box 141000, Nashville, TN 37214 - USA 

Gerência editorial: Jussara Fonseca Tradução: Maria Luisa Costa Cisterna Revisão: Flávia de Abreu Lamounier 

Capa: Luciano Buchacra 

Projeto gráfico e diagramação: Editora Motivar Comunicação: Afrânio Simões 

As citações bíblicas utilizadas nesta obra estão devidamente autorizadas e foram  retiradas das versões: Nova Versão Internacional - NVI; Nova Tradução na Linguagem 

de Hoje - NTLH e Revista e Atualizada - RA.  Copyright © 2006 por Editora Motivar (Edição em Português) 

Publicado no Brasil com a devida autorização e todos os direitos reservados pela: 

www.editoramotivar.com 

Caixa Postal 1844 30331-970 - Belo Horizonte - MG 

Brasil 

SOMOS FILIADOS À: 

• ABEC - Associação Brasileira de Editores Cristãos  • CBL - Câmara Brasileira do Livro

• ECPA - Evangelical Christian Publishers Association 

Swindoll, Charles R. Rompendo dificuldades / Charles R. Swindoll; tradução Maria Luisa Costa Cisterna. -- Belo Horizonte :Editora Motivar, 2005. 

Título original: Getting through the tough stuff. Bibliografia. ISBN 85-99295-03-9 

1. Consolação 2. Motivação (Psicologia) 3. Vida cristã 4. Vida humana - Ciclos - Aspectos religiosos -Cristianismo I. Título. 

05-5735 CDD-248.86 

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É com grande gratidão por sua vida e 

 pelas respostas notáveis às dificuldades 

que dedico este volume à nossa filha 

mais velha, 

CHARISSA ANN SWINDOLL 

Eu e sua mãe damos o máximo 

de louvor a Deus por tê-la sustentado 

"em trabalhos, em açoites e perigos". 

Foi a graça que a protegeu até aqui e 

será a graça que a capacitará 

a encorajar outros a continuar  

enquanto ela viver. 

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Conteúdo 

 

INTRODUÇÃO 9 

CAPÍTULO 1

Rompendo as dificuldades da tentação 13 

CAPÍTULO 2

Rompendo as dificuldades do mal-entendido 25 

CAPÍTULO 3 

Rompendo as dificuldades da ansiedade 37 

CAPÍTULO 4Rompendo as dificuldades da vergonha 49 

CAPÍTULO 5

Rompendo as dificuldades da dúvida 61 

CAPÍTULO 6 

Rompendo as dificuldades do divórcio 73 

CAPÍTULO 7

Rompendo as dificuldades do novo casamento 87 

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CAPÍTULO 8

Rompendo as dificuldades da confrontação 99 

CAPÍTULO 9 

Rompendo as dificuldades da dor 111 

CAPÍTULO 10

Rompendo as dificuldades do preconceito 123 

CAPÍTULO 11 

Rompendo as dificuldades da hipocrisia 135 

CAPÍTULO 12 

Rompendo as dificuldades da inadequação 147 

CAPÍTULO 13

Rompendo as dificuldades da desqualificação 159 

CAPÍTULO 14

Rompendo as dificuldades da morte 175 

Conclusão 

Sempre acontece alguma coisa! 187 

Notas finais 189 

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 Introdução 

 A vida é uma cebola que descascamos chorando. - PROVÉRBIO FRANCÊS Quando estamos por baixo, algo sempre aparece -geralmente o nariz enxerido 

dos nossos amigos. - ORSON WELLES  A vida oferece uma proposta difícil e os primeiros cem anos 

são os mais complicados. - WILSON MIZNER 

A VIDA E AS DIFICULDADES ANDAM DE MÃOS DADAS. Elas surgem como as tempestadesque se formam gradual e intensamente. Algumas vezes os ventos da adversidade nos assolamenquanto os nossos barômetros mostram que a pressão atmosférica está em nível baixo.  

Talvez seja essa a sua situação. Por isso mesmo que escolheu este livro. Parece bem maisfácil lidar com as dificuldades quando ainda estão se aproximando. Mas com que freqüência issoacontece? São os ataques ameaçadores que estão além do horizonte, aquela opressão mental quenão conseguimos ver que nos deixam de pernas bambas. Você sabe bem sobre o que estou falando.  

A adversidade tem seu modo característico de nos deixar em pedaços. Depois do ataque

inicial, ficamos sem chão, imaginando o que teria nos atingido. É a dificuldade que põe à prova oâmago da nossa existência, deixando para trás as suas conseqüências contrastantes. Ou ela fortaleceas nossas mais profundas crenças ou destrói a nossa fé. Tudo isso depende da nossa reação. Emalgumas ocasiões, somos atingidos de uma forma tão brutal que toda nossa vida muda. 

Li a respeito de um casal que trabalhou durante um bom tempo na Costa Leste dos EstadosUnidos para comprar a casa própria. Eles trabalharam durante anos para economizar, fizeram umplanejamento cuidadoso e administraram essas economias com grande cautela. Finalmentealcançaram o seu alvo e fizeram planos para comprar sua primeira casa. Isso aconteceu no verão de1989. Ficaram apaixonados por uma linda casinha nos arredores da cidade de Charleston. Adocumentação estava em ordem. A casa estava pronta. O sonho logo se tornaria realidade. Contudo,na manhã de 22 de setembro, o furacão Hugo solapou a costa leste, causando terrível destruição.Como alguns se lembram, Charleston foi a mais atingida. Sem qualquer aviso, a casa nova daquelecasal, que representava seu tão querido sonho para o futuro, foi levada pelas ondas monstruosas dofuracão Hugo. Quando o nível das águas baixou, só sobraram pilhas úmidas de pesadelos. Elestinham pela frente muitas decisões difíceis e dolorosas. Dificuldades a serem vencidas.  

Se você não consegue se ver nessa situação, talvez consiga em outros exemplos. Você não fazum check-up há dois ou três anos e decide fazer uma consulta com a sua médica. Ela passa um diaou mais fazendo exames, furando seu braço, fazendo radiografias, ultra-som e ouvindo-o. Ela nãodiz muita coisa e, depois de algumas horas, já em casa, o telefone toca. Ela pede que você volte ao

seu consultório para uma consulta de retorno. Lá ela explica que apareceu alguma coisa diferenteem um dos exames. Não sabe bem ao certo o que é. No dia seguinte, depois de estudar algumasradiografias, ela confirma a presença de um tumor. A cirurgia vem logo a seguir. As coisas não

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estão nada bem. Mais alguns dias angustiantes se arrastam e finalmente chega o temível relatório:câncer. É um estágio agressivo da doença e que deixa pouca chance de sobrevivência depois de umano, se é que chega a isso. É uma dificuldade e tanto. 

Digamos que você já esteja casado a trinta anos. Com sentimentos confusos, você se lembrado dia do 30° aniversário de casamento que foi há cinco meses... e você estava em Maui sozinha.

Embora a água do mar fosse maravilhosa, com ventos vindo do oceano, soprando na praia, seumarido permaneceu calado e carrancudo. Você não ligou para não estragar as suas férias relaxantes.Algumas semanas depois, ele se senta e, com um olhar inexpressivo, murmura: "Há outra pessoaem minha vida. Eu não a amo mais." O choque a deixa amortecida. Sua cabeça gira. Você já viu aluta de outros casais por causa de uma separação, mas nunca imaginou que isso aconteceria a vocêalgum dia. Ainda assim, aquilo está acontecendo e você tenta vencer os dias de maioresdificuldades e desilusões, em uma época em que a vida deveria ser divertida e não apenassuportada. Os filhos já são adultos e a aposentadoria se aproxima. Talvez não agora. Hoje você temum futuro a enfrentar, sozinha. Pensamentos de dificuldades financeiras assombram a sua mente,assim como perguntas sobre o que saiu errado. Dificuldade de fato.  

Mais um exemplo. Você é um daqueles pais ou mães patriotas que, com orgulho, vêem seufilho subir a bordo de um transporte militar com toda sua potência, pronto para o combate, emdireção a algum lugar no Oriente Médio com um nome difícil de se pronunciar. Você apoiou suadecisão de se alistar junto aos fuzileiros navais, de treinar com afinco e agora ele sai em suaprimeira missão no estrangeiro. O conflito naquela região devastada pela guerra nunca diminuiu.No momento ele ferve e seu único filho desembarca no meio do turbilhão. Você espera comansiedade alguma notícia da sua chegada em segurança. Em vez disso, notícias rápidas edesconexas chegam às tevês com detalhes de um acidente de helicóptero em algum lugar nodeserto. Quais são as chances? Claro que ele está bem. Deus não permitiria que ele morresse! No

entanto um telefonema de um capelão de voz sombria confirma o seu pior medo. As lágrimascorrem por seu rosto quando a realidade escurece a esperança. Seu filho está morto, juntamentecom os outros seis em um acidente inexplicável.  

Nada pode prepará-lo para circunstâncias tão arrasadoras. A vida é um casaco que nuncaserve em nós. Estamos sempre puxando ali, apertando daqui e afrouxando acolá. A vida não seencaixa em nossos planos. Passamos a vida num estado contínuo de ajustes, manobras, mudanças,crenças e dúvidas. É isso que exigem as dificuldades. 

Felizmente Deus nos deu a perspectiva correta. Ele providenciou um Salvador e seu nome éJesus. Ele quer receber as pancadas da vida por você, ajudá-lo a passar pelas dificuldades. Verdadeseja dita, Ele pode ser o leme da sua vida quando ventos fortes soprarem, pode ser a sua bússola

quando perder o rumo, o seu porto quando não dá mais para seguir em frente. Ele é a resposta. Eleo encontra nas encruzilhadas críticas da vida e faz toda a diferença. 

Nos capítulos a seguir, quero guiá-lo numa caminhada em alguns textos aleatórios tirados dosquatro primeiros Üvros do Novo Testamento. Vamos visitar algumas cenas da vida e do ministériode Jesus – aqueles lugares onde ele enfrentou suas próprias dificuldades e encontrou-se com outrosque também passavam por experiências semelhantes. Vamos descobrir como Ele se encontrou comessas pessoas e as alcançou, oferecendo-lhes ajuda para guiá-las. Por Ele ser o mesmo "ontem, hojee sempre", nenhuma tempestade é destruidora demais, nenhuma escalada é alta demais. Ele sabecomo lidar com essas coisas. Ele pode ajudá-lo. Na verdade, Ele pode dar a você força sobrenatural

durante esse processo. Há uma antiga tradução do Novo Testamento de Charles B. Williams, intitulada The NewTestament in the Language of the People (O Novo Testamento na linguagem do povo). Nessa

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excelente tradução uma nota de rodapé de Filipenses 4:13, diz: "Tenho poder para todas as coisasatravés dele, que colocou um dínamo em mim."1

 

Isso não é maravilhoso? Quando Cristo entra em nossa vida, Ele coloca um dínamo ali. É umreservatório de força que pode ser ajustado e adaptado, liberando ou retendo essa força quandonecessário, dependendo do terreno. Ele pode controlar. Ele pode manter as coisas num ritmo

tranqüilo. Como? Por quê? Porque Ele está presente. Este é o bilhete de embarque - sua presençaoperando profundamente em nós. Adiante, falaremos mais sobre isso. Antes de prosseguirmos, permita-me usar algumas destas linhas para agradecer àqueles que

me ajudaram a tornar este livro uma realidade. Meu amigo de longa data e editor talentoso emChicago, Mark Tobey, que investiu centenas de horas transformando minhas palavras emexpressões significativas. Mais uma vez, Carol Spencer, aqui em Frisco, Texas, que me prestouassistência na pesquisa de todas as notas e correu atrás de permissões de direitos autorais.Finalmente,  Mary Hollingsworth no Shady Oaks Studio em Fort Worth, Texas, e sua maravilhosaequipe de editores, leitores e diagrama-dores que deu forma ao livro, o que significa que todos os

toques finais foram feitos de forma cuidadosa e profissional. Eu os agradeço de coração!  

Agora vamos começar. Não importa se você levou uma pancada de algo que não viu ou se vênuvens ameaçadoras se aproximando, talvez você precise de alguém para ajudá-lo a passar peladificuldade. 

Se você estiver pronto, vou em frente. Não há o que temer. De verdade. O Deus que nos amaquer nos ajudar. Vire a página e descobriremos isso juntos. 

- CHARLES SWINDOLL 

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CAPÍTULO 1 

 Rompendo as dificuldades da tentação 

MEU POEMA PREFERIDO é o de   Robert Frost, The Road Not Taken (O caminho nãotrilhado). Ele fala claramente da importância de se tomar o caminho correto quando somos tentadosa tomar outro. 

Dois caminhos separavam-se num bosque amarelado,E aflito por não poder trilhar os doisE ser um viajante, ali fiquei tempo prolongadoE observei num deles o que podia ser avistado:A curva, um arbusto, e nada depois.

Então escolhi o outro, tão belo quanto promissor,Por ter talvez uma aparência mais ditosaVisto que seu tapete relvado era-me sedutor.Mas aos viajantes, ambos mostravam o mesmo fulgorAqui e ali, a relva sempre vistosa.E naquela manhã ambos igualmente se estendiam

Com suas folhas tenras, nunca antes pisadasReservei o outro para dias que ainda viriamMas cônscio de que outros caminhos se ramificariam,Pensava sobre as folhas ali deixadas.

E direi um dia, como alguém que se arrependeu,Quando a saudade marcar sua presença:Dois caminhos separaram-se naquele bosque, e eu –  E eu escolhi aquele que de pronto me envolveuE esta escolha fez toda diferença.*

*N.T.: Famoso poema de Robert Frost (1874-1963), poeta americano ganhador de vários prêmios literários, incluindo oPulitzer (1943). Tradução livre de Isabel Thomé.

As tentações aparecem como a conhecida bifurcação de Frost. Determinamos o nosso destinopelo modo como reagimos. Pegue a estrada errada, e o final pode ser terrível. É isso que faz comque a nossa luta contra as tentações seja inacreditavelmente difícil. As conseqüências que nãoqueremos enfrentar nos assombram.

Mas antes de falarmos da nossa luta, vamos dar uma olhada na tentação que Jesus enfrentou.Nossa jornada começa em um ponto crítico em sua vida. A cena é descrita no início do evangelhoescrito por Mateus. É importante ler toda a narrativa para se ter uma idéia da natureza dessa terrível

experiência diabólica. Permita que a intensidade do relato prenda a sua atenção:

A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, depois de jejuar

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quarenta dias e quarenta noites, teve fome. Então, o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filhode Deus, manda que estas pedras se transformem em pães. Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Nãosó de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Então, o diabo o levouà Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-teabaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te susterãonas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra. Respondeu-lhe Jesus: Também está escrito: Nãotentarás o Senhor, teu Deus. Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos osreinos do mundo e a glória deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então,Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a eledarás culto. Com isto, o deixou o diabo, e eis que vieram anjos e o serviram. (Mateus 4:1-11.)  

QUANDO JESUS ENCONTRA O TENTADOR 

Mateus 4 abre o início do ministério de Jesus. Seu trabalho oficial ainda não haviacomeçado. Ele era um adulto solteiro de 33 anos. Ainda não havia escolhido os doze discípulos.Não havia feito seu primeiro sermão. Nem mesmo havia sido criticado. Ele era jovem, inexperientee quase um desconhecido.

Em seu batismo, nas águas frias do rio Jordão, a mensagem e missão de Jesus foramconfirmadas quando Deus proclamou: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo."(Mateus 3:17.) Imediatamente o Espírito levou Jesus a um deserto desconhecido. Sozinho epensativo, Jesus jejuou durante 40 dias e noites. Quando ficou fraco por falta de comida e porcausa das condições do deserto, o tentador aproveitou.

Essa não é uma estratégia inteligente? O inimigo sabe exatamente quando estamos maisvulneráveis. Ele sabe esperar com paciência uma rachadura na armadura que nos deixa maisexpostos. Satanás esperou até que Cristo parecesse vulnerável antes de começar a sua série de trêsexaustivas tentações. A seguinte era sempre mais intensa que a anterior.

A NATUREZA DA TENTAÇÃO 

Na primeira tentação, o diabo ridicularizou Jesus, que respondeu com citações das Escrituras.Em vez de retroceder, Satanás ridicularizou Jesus uma segunda vez. Mais uma vez Jesus resistiu aoteste do adversário com o poder da verdade bíblica. Satanás persistiu. Levou Jesus a uma montanhaalta e o tentou pela terceira vez. Jesus respondeu à altura com a força das Escrituras. E assim foi.Esse diálogo é um artifício retórico que Mateus usa para deixar clara a sua idéia. Mateus queria queos seus leitores capturassem a força impiedosa de Satanás e seus ataques repetidos, a cada um dos

quais Cristo resistiu com firmeza.Lembre-se, Jesus não veio como um rei guerreiro e conquistador, tomando o mundo comfogos de artifício, bandeiras e banda. Seria desse modo que chegaríamos se quiséssemos ser reis!Mas não Jesus. Mateus explica que Cristo veio como um rei humilde para tomar posse de um reinodiferente. Ele veio de modo silencioso e humilde, como um servo, movendo-se pela escuridão danoite terrena sem que alguém notasse. Ele chegou sem muita pretensão, mas com um propósito. Eleveio para morrer... para pagar o preço do pecado. Sua missão era a cruz e ninguém melhor do queSatanás para saber disso. A estratégia do diabo de frustrar aquela missão era tirar Jesus da jogadaantes do seu ministério começar. Ele esperava lograr o Filho de Deus para que se submetesse a ele,usando uma tinha de ataque em três fases.

"A primeira tentação era de natureza pessoal". O tentador se esgueirou e sussurrou em seuouvido: "Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães". Aos pés dos doisestavam algumas pedras pequenas e Usas, talvez cascalhos de rocha calcária que era abundante

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naquela região desértica. Jesus havia completado 40 dias de jejum, e seu corpo estava fraco efaminto. Satanás tenta aquele jovem faminto para assumir o controle da situação. Teria sido muitofácil para Jesus ceder e cuidar das suas próprias necessidades. Àquela altura, Jesus já estavaconsciente dos seus dons e poderes superiores. Ele poderia ter pegado um punhado daquelas pedrase se transformado no rei do pão. Por causa da sua compaixão, ele teria saciado a fome das crianças

famintas e famílias raquíticas de toda aquela região. Que modo dramático de conquistar o coraçãodo povo para sua causa! Quem não seguiria um homem daqueles que operava milagres? Por issoque a sedução era "pessoal". Era como se Satanás tivesse sugerindo: "Você pode se tornar oMessias sem nem mesmo precisar ir para a cruz!" 

Jesus sondou a armação do diabo e respondeu: "Está escrito: Não só de pão viverá o homem,mas de toda palavra que procede da boca de Deus". Que resposta magnífica! Que afirmação para sefazer com o estômago vazio! Jesus sabia que muito mais estava em jogo do que as suasnecessidades físicas. Ele veio para redimir a alma humana. Jesus resistiu à tentação de usar os seusdons para exibir a sua glória por razões egoístas. Ele veio fazer a vontade do Pai e consumar o seuesplêndido propósito. Sendo assim, não perdeu tempo e rejeitou a tentação de abusar do seu poder. 

Estou convencido de que a maioria de nós quase nunca é tentada nas áreas mais fracas, mas,sim, em nossas áreas mais fortes. Eu não sou o primeiro a observar isso. Um homem escreveu: 

"Devemos constantemente nos lembrar de que somos tentados através dos nossos v dons. Uma pessoadotada de charme irá ser tentada a usar esse charme 'para se safar de todo'. A pessoa que tem o poder daspalavras será tentada a usar suas palavras de ordem para produzir desculpas enganosas para justificar a suaconduta. Uma pessoa com uma imaginação vivida e sensível passará pela agonia de uma tentação que umapessoa estóica nunca experimentará. A pessoa com os dons da mente será tentada a usar esses dons para simesma e não em benefício de outros, para que seja senhor e não servo dos homens. O lado terrível da

 

tentação é que exatamente onde somos mais fortes, devemos manter uma guarda constante." 2 

Deus deu a cada um de nós dons e habilidades - não de transformar pedras em pão, mas detransformar palavras em ação. Alguns têm o incrível dom da persuasão. Se não for controlado,essas pessoas podem ceder com facilidade à tentação de passar para frente alvos inferiores em vezdos propósitos nobres que Deus planejou. Os que têm dom na área da disciplina podem sertentados a tomar medidas corretivas exageradas e até mesmo chegar a extremos abusivos. Essas sãotentações de natureza pessoal que nos seduzem em direção a padrões perigosos de auto-satisfação.

Em um dos seus momentos mais difíceis, Jesus resistiu a essa tentação pessoal. Contudo odiabo persistiu.

"A segunda tentação era de natureza pública". A seguir, Satanás levou Jesus à cidade de

Jerusalém e subiram em um lugar alto. Se estou correto quanto ao local exato, eles subiram juntosao ponto mais alto do templo, a 157 metros de altura acima da base do Ribeiro de Cedrom. Issoeqüivale a 45 andares! De pé, ao lado do Rei dos reis, o diabo rosnou: "Se és Filho de Deus, atira-teabaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles tesusterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra". Citando o Salmo 91, Satanás, demodo presunçoso, instigou uma demonstração pública do poder de Deus que protegeria Jesus damorte certa.

Imagine, Satanás estava tentando Jesus para que desse um mergulho do pináculo do templode Salomão! Satanás queria sensacionalismo. O diabo sabia que Deus não permitiria que o seu

Filho morresse, pelo menos ainda não, e não daquele modo. Ele morreria de modo cruel eagonizante no Calvário. Ele não teria morrido se pulasse. Sua vida teria sido preservada. O diabodeve ter dito algo como: "Que oportunidade de causar impacto! [Trocadilhos à parte.] Muita gente

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de todos os cantos o seguiriam como aquele que opera maravilhas, um sensacionalista que podepular do pináculo e sobreviver para contar a história. Imagine só. Sairia nos tablóidessensacionalistas. Noticiário a cabo! Pense nas pessoas que creriam em você! E nem teria de ficardependurado numa cruz tosca. Que oferta! Isso é, um pouco de sensacionalista não faz mal aninguém, Jesus. As pessoas adoram isso!"

Mais uma vez, Jesus conseguiu enxergar o cerne do plano do diabo e respondeu com palavrasconsistentes: "Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus."

Usando as Escrituras como escudo, Jesus evitou cometer o pecado que a Bíblia descrevecomo o pecado da presunção - abusar de Deus e do seu povo. Só Deus sabe quantos obreirosreligiosos dançam na beira dessa tentação. O que há de errado com um toque de sensacionalismo?Por que não flertar com o perigo ou viver à beira da tolice indiferente e clamar por livramentoatravés da intervenção divina? Por que não dá para fazer isso, principalmente considerando que iráatrair multidões? O que há de errado? Duas razões vêm à minha mente:  

"A primeira, atrair pessoas pelo sensacionalismo inicia um processo que não podemos

completar". Um ato sensacionalista exige um segundo... que precisa ser maior do que o primeiro. Eo segundo ato exige um maior ainda como terceiro. Logo estaremos presos em uma armadilha deuma espiral descendente que nunca terminará. Precisamos inventar uma melhor do que a últimapara fazer com que as multidões venham. 

"A segunda, o sensacionalismo atrai a atenção para o indivíduo em vez de atraí-la para o Deus vivo". Ela cria uma atmosfera circense. 

De fato, o que há de errado em segurar uma cobra se Deus protege? Que há de errado em umsalto livre de vez em quando se precisamos conquistar uma multidão? Gosto muito da cautela daafirmação que li recentemente: "Um evangelho fundamentado em sensação-promoção está fadadoao fracasso."3 Claro que Jesus teria sobrevivido ao salto, mas a tentação era para ver se ele confiarianum truque sensacional em vez de no poder da cruz. Felizmente Jesus resistiu à tentação denatureza pública na dificuldade da sedução satânica. Como sempre, o tentador tinha mais umaprova na manga. 

"A terceira tentação era de natureza do poder". Jesus e Satanás deixaram o pináculo dotemplo e foram levados rapidamente ao pico de uma montanha com vista para todos os reinosconhecidos do mundo. Quem sabe a altura do monte? Além de cada horizonte estendiam-se terras eImpérios. A única coisa que podemos fazer é imaginar a cena panorâmica abaixo. Eu e você jáestivemos em lugares altos onde pudemos admirar uma cidade de luzes ou um lago brilhante. Essescenários nos deixam maravilhados. Mas nada disso se compara ao que os dois, sozinhos, devem ter

visto. Deus tinha planos para que seu Filho governasse sobre todos os reinos da Terra, mas esse

plano não incluía a oferta presunçosa de Satanás. Repito, o plano do Pai seria consumado através dosofrimento na cruz exclusivamente. Satanás abominava a idéia de Jesus chegar ao Calvário. Lúcifersabia que a cruz representava o lugar onde ele próprio experimentaria seu juízo final. A cruz não erauma opção para o diabo. Satanás tentou Jesus para que Ele desejasse obter aquele poder através daobediência e adoração a ele, e não ao Deus Todo-Poderoso. 

O RESULTADO DAS TENTAÇÕES 

Alguns anos atrás, viajava com meu amigo Chuck Colson, ex-confidente e chefe dosfuncionários do Presidente Richard Nixon na Casa Branca, para uma conferência. Perguntei-lhe por

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que uma pessoa desejaria ser presidente. Na minha opinião, não há dinheiro ou prestígio no mundoque fizesse valer a pena tanto esforço e estorvo. Ele sorriu e respondeu de pronto: "Uma palavra,meu amigo: 'Poder'. Tudo se resume a poder".4 Poucos de nós terão a tentação de buscar o poderpresidencial. Contudo somos tentados a abrir o nosso caminho para o poder através de esquemasilícitos, não é verdade? O diabo sabe que desejamos isso. Não é de se admirar que ele nos ganhe

nessa área. Quando ele faz isso, Jesus é um bom modelo a ser seguido.  

Sem hesitação, Ele respondeu: "Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus,adorarás, e só a ele darás culto". Se você estiver procurando uma ilustração para recusar uma ofertamaligna, sua procura acabou aqui. Assim, Mateus conclui: "E com isso, o deixou o diabo." 

Não seria maravilhoso se toda dificuldade de todas as nossas tentações começasse eterminasse tão rápido assim? Pa, pa, pa... um, dois, três... e terminou. Infelizmente isso é umaexceção e não a regra. 

QUANDO O TENTADOR CRUZA O SEU CAMINHO 

Por um lado, talvez você esteja vivendo uma situação de paz e tranqüilidade relativas. Semgrandes preocupações. As contas estão em dia, seu investimento está indo bem, os filhos nocaminho certo, o emprego assegurado. A vida é boa. Por outro lado, sua vida pode estar em perigo.Nada funciona do modo como planejou. Parece que nunca tem o descanso de que precisa. Vocêorou desesperadamente durante semanas, talvez meses. Nenhuma resposta. Nada. Parece que Deussumiu. Você está desgastado, imaginando se o sol vai voltar a brilhar. Não importam as suascircunstâncias, fique em guarda. Na tranqüilidade ou no desespero, você é presa fácil. Se vocêparar para ouvir com atenção, poderá escutar o sibilar da voz do inimigo. Apenas o adore, apodere-se do estilo de vida que ele sugere e você estará negligente e vulnerável. Antes que se dê conta,você complicou as coisas e a dificuldade da tentação fica mais intensa.  

A tentação não é uma encruzilhada que apenas Jesus teve de enfrentar. Ela é uma bifurcaçãocomum no caminho. Quanto menos esperamos, chegamos nela. A nossa experiência não será tãodramática como uma visitação pessoal do diabo, mas outra tentação virá. E depois, mais outra. Eoutra. 

O que estou sugerindo? É óbvio que precisamos estar atentos. Por isso, vou oferecer trêsestratégias simples para ajudá-lo a resistir ao ataque da tentação e não ser pego despreparado.  

"Primeiro, não se assuste; esteja pronto". Você não pode ser promovido em sua carreira

além do nível de tentação. Não há como ter uma vida tão tranqüila, sentindo-nos tão seguros aponto de estarmos protegidos dos ataques de Satanás. As tentações começam como batalhasinternas na mente e como lutas da vontade. Elas nos atacam no mais profundo recôndito docoração. É interessante notar que ninguém sabe disso. Esperar a tentação nos ajuda a mantermo-nosalerta para a batalha espiritual. Quando Paulo escreveu aos cristãos coríntios, ele os encorajou aprestarem contas uns aos outros "para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lheignoramos os desígnios" (2 Coríntios 2:11). 

Vou ser específico de um modo doloroso agora. Um grande campo de batalha da tentação queestá bem escondido hoje em dia é a pornografia na Internet. As estatísticas daqueles que são

viciados nela são impressionantes, sem mencionar aqueles que fazem uso dela no segredo do seumundo velado. Como sei que essa tentação é penetrante e traiçoeira, preciso ficar alerta e pronto.Todos os meses, milhares de novos sites pornográficos aparecem na Internet. Muitos deles estão

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prontos para encher a sua tela quando nem mesmo você os quer.  

Certa vez eu estava procurando um mapa de uma pequena cidade no norte do Texas onde eu euns amigos faríamos um passeio em nossas motos Harley e depois pararíamos para comer umchurrasco. Escrevi o nome da cidade no computador e foi só isso. Imediatamente, em letrasgarrafais vi "sexo" na tela. Isso foi só o começo. Conforme eu tentava tirar aquela janela, mais

cenas chocantes apareceram. Não conseguia sair daquele site nem mesmo pressionando a tecla"escape". Cada um deles era mais tentador à carne do que o outro.  

Com determinação, abaixei-me e desliguei o computador por completo... totalmente.Finalmente! Mas, acredite se quiser, quando voltei a ligá-lo mais tarde, o site continuava lá - umatentação indesejada, mas muito real. Felizmente meu filho mais novo, Chuck, conseguiu limpar ocomputador. Tudo começou com uma busca rápida e simples de uma pequena cidade no norte doTexas. É essencial estarmos alertas a isso. 

Essa é uma boa oportunidade para mencionar algumas ferramentas eletrônicas para ajudar atodos os usuários de computador.  BsafeOnline e  NetAccountability usam a tecnologia e

relacionamentos cristãos para derrotar o adversário. BsafeOnline é um software que funciona comoum filtro da web que bloqueia de modo eficaz a pornografia na rede antes de chegar em casa ou noescritório. NetAccountability é um software é um "sistema de amigo" online que dá vida à prestaçãode contas. Por uma pequena taxa, podemos fazer uso desse programa para lutar contra a tentação.Escolhemos um parceiro com quem iniciamos um relacionamento de prestação de contas. Essapessoa tem acesso à nossa atividade na internet e nós, a dele. Desse modo, a qualquer momento,nós ou o nosso parceiro pode procurar aquilo que o outro anda vendo. Saber que temos uma pessoaa quem prestar contas nos ajuda a resistir à tentação.  

Visite o site www.netaccountability.com.  Eu achei essa ferramenta muito eficaz e a

 

recomendo com grande entusiasmo. Não deixe de visitar também o   Insight for Living nowww.insight.org, um site com links de ferramentas de estudo bíblico e outros sites de ajuda que

 

oferecem assistência para proteger a nossa casa e o nosso escritório das garras tentadoras dapornografia.  

Essas são boas maneiras de ficarmos alerta contra o tentador. Não devemos nos assustar coma tentação; devemos estar prontos. 

"Segundo, não seja cego; identifique-a". Dê à tentação o nome que quiser. O adversário teminúmeros métodos de ataque que são raramente explícitos. Por isso nem sempre os vemos.Precisamos pedir a Deus que nos ajude a identificar a sua presença e nos armar para o impacto.  

No castelo de Wartburg, na Alemanha, há uma parede manchada de tinta que ilustra bem oque quero dizer. Ela fica no quarto que foi usado pelo grande reformador, Martinho Lutero, que, nomeio do seu momento de oração e estudo, identificou a presença do inimigo. A história conta queele pegou o tinteiro e o jogou de encontro à parede para acertar o diabo. Lutero sentiu aaproximação sinistra do adversário e reagiu da melhor maneira que podia.  

Você tem esse tipo de sensibilidade espiritual? Eu e Cynthia já estivemos em alguns lugaresonde sentimos a presença palpável do mal. Acredite, não somos o tipo caça-bruxas. Não somos otipo de pessoas que vê demônios em todos os becos escuros ou atrás de cada porta. Não somosassim. No entanto somos extremamente sensíveis às realidades do mal. Em certas ocasiões

sussurramos no ouvido um do outro: "O inimigo é parte disso. Isso não vem do Senhor. Vamosembora!" 

Um cônjuge espiritualmente sensível é um dom maravilhoso vindo do Senhor. Mas se você

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não tem um, procure um amigo que entenda as lutas que você tem e a intensidade dessas batalhas.O apoio dessa pessoa é de grande importância. Um amigo de confiança pode ajudá-lo a estarpreparado, apoiá-lo em oração e sustentá-lo quando você ficar fraco. Os Alcoólicos Anônimosfuncionam dessa forma há anos. Quando o indivíduo começa a fraquejar, há sempre alguém paraajudar e fortalecer com um simples telefonema.  

Creia, os tinteiros não podem frustrar os planos do diabo de modo permanente. A tentaçãosempre volta. Por isso, não fique cego; identifique-a.  

"Terceiro, não seja esperto; rejeite-a". Já vi muitos cristãos imaturos pensar, de modoingênuo, que podem se preparar para desafiar o diabo a um duelo. Que pensamento tolo! Tente essaabordagem e vai perder a luta. Tente entrar em um jogo de esperteza com o inimigo e ele o pegarádesprevenido. Nem chegue perto. Em vez disso, faça o que o apóstolo Tiago ordena: "Sujeitai-vos,portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós." (Tiago 4:7.) A palavra-chave é"resistir". Que grande conselho! Note que essa exortação tem dois passos: submeter-se a Deus eresistir ao diabo. Satanás quer fazer com que revertamos a ordem e façamos o oposto. Ele quer que

resistamos a Deus e nos submetamos a ele. Que armadilha! Não banque o esperto; rejeite-a. 

UMA PALAVRA FINAL DE ESPERANÇA 

Encontramos em Hebreus 4 algumas palavras bem confortantes para aqueles que estãodeterminados a vencer a dificuldade da tentação. Leia essa porção das Escrituras Sagradas comvagar e com cuidado. Espero que você não deixe de perceber o poder e a esperança que essesversos trazem. 

Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele

tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto,confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça parasocorro em ocasião oportuna. (Hebreus 4:15-16.)

Durante muito tempo eu lutei para entender o significado dessas palavras. O que eu nãoconseguia entender era "como" Jesus poderia ter sido tentado em todas as coisas. Veja a lógica.Primeiro, eu tenho vivido por mais tempo que Jesus viveu. Muitos dos que estão lendo este livro,sem dúvida, têm vivido por mais tempo que eu. Jesus viveu 33 anos e morreu. Seu ministério durouapenas três anos. Como, por exemplo, Ele poderia ter conhecido as tentações que acontecemquando estamos envelhecendo? Como Ele poderia entender as tentações de um soldado servindo naInglaterra durante a Segunda Grande Guerra? Como Ele poderia compreender as lutas intensas deuma jovem profissional tentando alcançar o sucesso profissional na América no século 21?Deixamos escapar alguma coisa se essa for a nossa lógica.  

Não significa que Cristo não tenha experimentado cada tentação que eu e você enfrentamos.Ele absorveu o impacto do poder do inimigo e resistiu a ele sem ceder ao pecado. Nenhum outroser humano poderia suportar a força desenfreada do poder de Satanás. Alguns cristãos podemsuportar 30% do poder do inimigo. Outros têm fé suficiente para suportar 50% de seu ataque antesde ceder. Alguns outros, 70% talvez. Ainda assim, ninguém a não ser o próprio Jesus Cristo resistiuà força total - 100% da fúria de Satanás. Cristo, o sumo-sacerdote, resistiu a tudo por nós. Por isso

Ele é uma fonte confiável que nos possibilita atravessar a dificuldade da tentação. Ele já passou porisso. Ele sentiu essa dor. Ele nos fortalece com poder para que continuemos firmes. 

Gosto da paráfrase de Eugene Peterson desse texto em sua interpretação da Bíblia chamada

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The Message (A mensagem): 

"Não temos um sacerdote que não tem contato algum com a nossa realidade. Ele passou por fraquezase provações, de tudo experimentou - com exceção do pecado. Acheguemo-nos a Ele e busquemos oque Ele está pronto para nos dar. Pegue a misericórdia e aceite a ajuda."

Por isso confiar em Deus em nossas dificuldades faz tanto sentido. Nenhum outro, a não serJesus, poderia dizer: "Já passei por todos os ataques do inimigo. E quando você se deparar com astentações, confie em mim. Eu tenho o poder, eu posso lhe dar o dínamo de que precisa para vencer.Pegue a misericórdia; aceite a ajuda." 

Felizmente a sua opção se resume a uma. O que você precisa está nele. Ele é tudo que vocêprecisa. Ele é suficiente. A propósito, Martinho Lutero fez mais do que jogar tinta na parede docastelo. Ele usou a tinta para escrever esse estupendo hino "Castelo Forte". Uma dessas estrofes érelevante demais para ser ignorada. 

A nossa força nada faz, Estamos, sim, perdidos; Mas nosso Deus socorro traz E somos protegidos.Defende-nos Jesus, o que venceu na cruz, Senhor dos altos céus; E, sendo o próprio Deus, Triunfa na

batalha.5 

Se há alguém qualificado para vencer a batalha, essa pessoa é Jesus. Quando você permiteque Ele lute por você. Ele luta. A pergunta é bem simples: "você permitirá que Ele lute?"

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CAPÍTULO 2 

 Rompendo as dificuldades do mal-entendido 

SER GRANDE É SER MAL-ENTENDIDO", disse Ralph Waldo Emerson1 Lendo isso, talvez vocêpense: "Se isso é verdade, sou maior do que penso!" Poucas coisas na vida são tão difíceis desuportar quanto ser mal-entendido. Para piorar a situação, ser mal-entendido é uma experiência

humana muito comum. Podemos estar nos dando muito bem quando, repentinamente, batemos defrente com alguém que interpreta mal as nossas ações e julga de forma equivocada nossamotivação. Como resultado disso, podemos passar meses, e até mesmo anos, tentando sobreviver aisso. A dificuldade do mal-entendido me lembra o jogo de hockey no gelo. 

Os jogadores de hockey adoram bater de frente. Será por isso que inventaram esse jogo? Doistimes de seis jogadores de patins tentam marcar um gol batendo num disco de borracha de 8 cm emdireção à rede do adversário. O que acontece é um jogo de infindáveis colisões com atletas quegostam de bater uns nos outros. 

Claro, isso requer habilidade (é o que vivo me dizendo). Posso até mesmo identificar alguma

beleza em dois homens sobre patins trombando um no outro. Contudo as coisas podem piorarbastante, principalmente quando luvas voam e a pancadaria começa. Nesse momento, você cai forabuscando abrigo... a menos que seja um torcedor. Os torcedores adoram um tumulto. No mesmoinstante, o banco de reservas fica vazio e todos correm para o gelo como abelhas assassinas e tudoacaba em números. O punho do número 47 está socando o nariz do três, que está rasgando a camisado 50, que está dando um chute na barriga do 13, que está estrangulando o 65, que está empurrandoo rosto do 74 com máscara e tudo. Praticamente a única coisa que os jogadores de hockey nãofazem é morder. Isso porque sobraram poucos dentes em cada um. 

No entanto o mal-entendido não é um jogo. A vida pode ser bem feia. Luvas voam, emoçõesesquentam e o resultado é um borrão de caos e dor. Vencer a dificuldade do mal-entendido podeser uma provação longa e exaustiva. Assim como aprendemos sobre as tentações, precisamos noslembrar de que não estamos sozinhos. 

MAL-ENTENDIDO? VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO 

Permita-me dar-lhe alguns exemplos do cotidiano e da Bíblia. Tanto um quanto outro ilustracomo essas colisões desagradáveis acontecem. Espero que você encontre consolo e ajuda quandoperceber que não é a única pessoa a enfrentar essa luta.  

"Alguns exemplos do cotidiano" Vamos imaginar que você realmente queira ajudar alguém necessitado. Você se arrisca a

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abordar a pessoa com compaixão. Sua motivação é a mais pura possível. Seu coração é justo. Parasua surpresa, tudo sai errado. Alguém cheio de ciúmes conclui que você está fazendo isso por suaprópria causa e começa a questionar a sua motivação. Nada do que você diga ou faça conseguemudar a opinião desse crítico. Agora os outros o vêem como alguém que quer chamar a atenção eintrometido e começam a falar que você é um daqueles cristãos que querem parecer mais santos e

ocupados do que os outros. Mal-entendido. Ou você descobre que uma amiga está em dificuldade. Parte do problema é causada por ela

própria. Você começa a orar pela situação. Seu coração tem a motivação correta. Depois de umtempo, você começa a sentir que o Senhor espera que você a confronte em amor para que se sintaencorajada a assumir as responsabilidades e mudar. Cai fora! Ela explode, questionando sua"verdadeira" intenção. Ela acha que você a está julgando. Uma amizade cheia de calor setransforma num bloco de gelo. Mal-entendido. 

Por zelo ao trabalho, você decide incrementar a produtividade da empresa com uma grandeidéia. Por conta própria, você faz com que uma linha de produtos da empresa seja líder no mercado.

Tudo funciona muito bem. O resultado é uma promoção e o reconhecimento público do chefe dodepartamento. Todos aplaudem sua criatividade e diligência. Bem, quase todos. Para sua surpresa,seu supervisor direto começa a achar que você quer o cargo dele. Sentindo-se ameaçado por seusucesso, ele o vê como uma pessoa ambiciosa, presunçosa e confiante demais. Ele infemiza suavida na empresa. Uma confusão se forma... mdo porque você teve uma grande idéia e quis fazer omelhor que podia. Mal-entendido. 

Felizmente Deus não deixa de fora da sua Palavra experiências de mal-entendido.Encontramos na Bíblia numerosos exemplos de como até mesmo os escolhidos do Senhor foramatingidos e forçados a suportar os ataques do mal-entendido.  

"Dois exemplos da Bíblia" Depois de alguns baques dolorosos, a vida de José muda. Ele foi rejeitado e vendido como

escravo por seus irmãos. Quando a poeira abaixa, ele vai parar na casa de Potifar, um oficial de altoescalão no Egito. Devo explicar que aqueles irmãos malvados não compreenderam corretamente otratamento especial que o pai dava a José, o que os fez se livrarem de José de uma vez por todas.No entanto a Bíblia diz: "O Senhor era com ele e que tudo o que ele fazia o SENHOR prosperavaem suas mãos". Isso não é maravilhoso? E as coisas melhoram ainda mais. Leia como a história sedesenvolve. 

Vendo Potifar que o SENHOR era com ele e que tudo o que ele fazia o SENHOR prosperava em suasmãos, logrou José mercê perante ele, a quem servia; e ele o pôs por mordomo de sua casa e lhe passouas mãos tudo o que tinha. E, desde que o fizera mordomo de sua casa e sobre tudo o que tinha, oSENHOR abençoou a casa do egípcio por amor de José; a bênção do SENHOR estava sobre tudo oque tinha, tanto em casa como no campo. Potifar todo o que tinha confiou às mãos de José, de maneiraque, tendo-o por mordomo, de nada sabia, além do pão com que se alimentava. José era formoso deporte e de aparência. (Gênesis 39:3-6.)

Tudo sairia de uma forma ideal para esse jovem se não fosse por um pequeno detalhe: "Joséera formoso de porte e de aparência". A mulher de Potifar o desejava para si. José rejeitou seusavanços sedutores várias vezes. Ela não desistia. Um dia, enquanto José fazia suas tarefas na casa, a

ousada mulher de Potifar o agarrou num abraço cheio de desejo. José se manteve firme. Libertou-sedos seus braços e virou-lhe as costas. Irada, ela agarrou sua capa quando ele fugiu do quarto. Elaficou com sua capa como comprovação de sua acusação: "Estupro! Ele tentou estuprar-me!" Seu

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discurso bombástico, mas sem base, fez José ir parar numa masmorra egípcia, onde ele foi forçadoa passar anos na obscuridade. Não havia explicação que o fizesse sair daquela situação. Ele foraacusado injustamente. A palavra é "mal-entendido". 

Houve também Davi. O jovem pastor passou sua mocidade cuidando do rebanho do seu pai.Certo dia ele ouviu o assobio do seu pai vindo da sua casa. Samuel estava ali, um profeta do Senhor

que tinha vindo ungi-lo com óleo - óleo digno de um rei. Rei de Israel, para ser mais preciso. Numdia, Davi cuidava do rebanho, no outro, dizem-lhe que reinaria sobre a nação. Pouca coisa mudadepois disso, até que o pai de Davi, Jessé, o envia ao campo de batalha para entregar comida aosirmãos que estavam servindo como soldados do exército de Israel, em prontidão contra os filisteus.No campo de batalha, cumprindo sua tarefa, Davi nota um gigante andando de lá para cá insultandoo exército de Israel. Ele fica cada vez mais indignado com os insultos venenosos que saíam da bocado gigante. Com uma única pedra atirada de modo certeiro da sua funda, Davi derruba o grandeinimigo de Israel no Vale de Ela. O rei Saul foi testemunha do evento e, de queixo caído, convidouDavi para estar a seu lado. Na corte do rei Saul, Davi se tornou o músico e servo pessoal do rei.

Acontece que aquilo era uma aproximação muito desconfortável para o invejoso Saul, queobservava o jovem Davi crescer no favor do Senhor e com o povo de Israel. Ele não agüentou. Nãocustou muito para que a popularidade de Davi causasse ira em Saul. Seu ciúme era tão intenso queele tentou acertar Davi com uma lança. Davi passou os próximos doze anos vivendo como fugitivono deserto da Judéia. Outro caso clássico de mal-entendido. As colisões com mal-entendido podemdesestruturar as melhores pessoas.

Esses exemplos do Antigo Testamento fazem-me lembrar de outra pessoa que venceu adificuldade do mal-entendido. Na verdade, tudo o que aconteceu na existência terrena desseindivíduo, do nascimento à morte, estava envolto numa teia de mal-entendidos. Sua dor e seusofrimento imerecidos não "pareceram" durar a vida toda; de fato, duraram a vida toda. 

MAL-ENTENDIDO? CONHEÇA AQUELE QUE ENTENDE 

A pessoa mais mal-entendida que já viveu foi Jesus Cristo. Os críticos fizeram chacota sobreas circunstâncias do seu nascimento. Debateram sua origem divina com ridicularização étnica edeboches maldosos a ponto de o acusarem de pertencer a Satanás. Desdenharam os seus propósitos.Proferiram ultrajes contra os seus ensinamentos. Desconfiaram da sua motivação, criticaram seusmétodos e sentiram-se irados com a sua mensagem. Por fim, os Kderes judeus conspiraram com osoficiais romanos para matá-lo. Isso explica o que o apóstolo João quis dizer com: "A luz

resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela[...] Veio para o que era seu, e osseus não o receberam." 0oão 1:5,11.) Cristo veio em trevas incompreensíveis onde se deparou nadamais que mal-entendido inflexível. 

"Mal-entendido pelos fariseus" Jesus iniciou seu ministério e autenticou sua reivindicação de que era o Messias através dos

milagres que fez na região. No entanto, seus feitos sobrenaturais causaram chacota e escândalo dosfariseus, os Kderes rehgiosos de Israel que não compreenderam a sua missão redentora. 

Os primeiros versos de Marcos 3 proporcionam o pano de fundo para o conflito inicial: "De

novo, entrou Jesus na sinagoga e estava ali um homem que tinha ressequida uma das mãos. Eestavam observando a Jesus para ver se o curaria em dia de sábado, a fim de o acusarem." (w. 1-2.) 

Já estavam prontos para caçá-lo! Jesus mal tinha começado o seu ministério e esses homens já

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tramavam contra ele. O fato de um homem com a mão ressequida ter aberto caminho até Jesus nãoimportava para os fariseus. Nem mesmo a sua cura. Estavam primordialmente concentrados nosábado. E há algumas coisas que um bom judeu não faz no sábado!

Gosto muito do jeito que Jesus fez o que era certo, confrontando os seus críticos com umapergunta crucial: "E disse Jesus ao homem da mão ressequida: Vem para o meio! Então, lhes

perguntou: É lícito nos sábados fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá-la? Mas elesficaram em silêncio." (w.3-4.) 

É óbvio! Os legalistas se sentem pouco à vontade quando são expostos. De fato não gostaramda pergunta. Precisamos entender os fariseus. Eles fazem as regras - os perfeitos guardadores daLei. Eles representam o legalismo do primeiro século em toda a sua força. São os caras quedistribuem cópias das regras da igreja a todos os novos membros e visitantes - e é melhorcumprirmos todas. Aquela lista interminável de regras ficou muito mais importante do que a Lei deMoisés! Tornaram-se mestres do enfado. Por exemplo, Moisés disse: "Lembra-te do dia do sábado,para o santificar". Eles acrescentaram detalhes... coisas como: "Nem penses em andar no gramadoda sinagoga, porque podes esmagar a grama, o que não deixa de ser trabalho". (Tente não rirpensando nesse absurdo.) Ninguém teve coragem de desafiar os líderes religiosos por causa do seuabuso espalhafatoso de poder. Ninguém, isto é, até que Cristo, o Senhor do sábado, veio ao mundo. 

Sabendo que "o sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa dosábado" (Marcos 2:27), Jesus buscava cada oportunidade para satisfazer uma necessidade. Cienteda traição dos críticos, ele lhes perguntou se o sábado era um dia para matar ou curar, para fazer obem ou o mal. Boa pergunta, o que os deixou sem fala. 

Cheio de justa indignação com os fariseus hipócritas e orgulhosos, e grande compaixão pelohomem aleijado, Jesus fez aquilo que veio para fazer. Ele restaurou o pecador ferido. Os fariseusmurmuraram em desaprovação. Desafiando-os, Jesus quebrou umas de suas regras impostas porhomens, que os fariseus viam como sendo mais importante que o ministério. E odiavam Jesus porisso. Sem compreender corretamente as suas ações, eles não gostaram quando Jesus ultrapassou alinha de segurança. Eles exigiam que todos ficassem dentro dos padrões da sua religião legalista ecega. Infelizmente, ainda há um monte de pequenos fariseus correndo para lá e para cá dentro dasnossas igrejas atualmente. Pessoas prontas para criticar quando os outros deixam de seguir as regras- suas regras. Pessoas assim "nunca" entendem os que vivem da graça. 

MAL-ENTENDIDO POR SEU PRÓPRIO POVO 

Leia mais adiante em Marcos 3 e veja uma outra situação de mal-entendido. Jesus se encontracom um grupo de pessoas que havia se reunido quando ele entrou em sua cidade natal. Embora hajauma dúvida se a cidade em questão é Nazaré ou Cafarnaum, creio que tenha sido a cidade queJesus adotou como seu lar, Cafarnaum, que ficava a 48km de Nazaré. Os residentes do locallembravam-se de Jesus como um jovem que vivia junto a seus pais. Eles estavam curiosos com asua repentina fama e, sem dúvida, correram para ver a novidade em primeira mão. A Bíblia contaessa história melhor do que eu. 

Então, ele foi para casa. Não obstante, a multidão afluiu de novo, de tal modo que nem podiam comer.E, quando os parentes de Jesus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si.

(w. 20-21.)

Preciso fazer uma breve interrupção para adicionar um pensamento. O povo local de uma

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cidade nunca compreende como um de seus moradores pode chegar a ser famoso. Como diz a letrade uma música sertaneja, o povo sempre pensa em você como se ainda tivesse 16 anos. Apesar dapopularidade inesperada de Jesus, essas pessoas não conseguiam entender o que estavaacontecendo. Vamos analisar o crescimento da sua popularidade nos primeiros capítulos doevangelho de Marcos. 

Primeiro, lemos: "Então, correu célere a fama de Jesus em todas as direções, por toda acircunvizinhança da Galiléia". Esse trecho é Marcos 1:28. Alguns versos mais adiante, Marcosacrescenta: "À tarde, ao cair do sol, trouxeram a Jesus todos os enfermos e endemoninhados. Todaa cidade estava reunida à porta", (w. 32-33.) Mais à frente, no capítulo 2, Marcos descreve outracena notável com a multidão que ia aglomerando-se: "Dias depois, entrou Jesus de novo emCafarnaum, e logo correu que ele estava em casa. Muitos afluíram para ali, tantos que nem mesmo

 junto à porta eles achavam lugar; e anunciava-lhes a palavra." (w. 1-2.) 

A multidão continuava a chegar e os números iam aumentando. Quando Jesus finalmentechega a Cafarnaum e encontra o homem com a mão mirrada (Marcos 3), toda a região já tinha

ouvido falar desse pregador da sua terra natal. Que rotina mais ocupada! Marcos deixa claro que oenvolvimento de Jesus com a necessidade das pessoas o mantinha bastante ocupado. Nem tinhatempo para comer (v.20). 

As pessoas não conseguiam entender a obsessão óbvia de Jesus pelo ministério. Tinham umpouco de vergonha dele. Então decidiram dar um jeito nele. Por quê? Porque (prepare-se) estavamconvencidos: "Ele perdeu a cabeça". O grego sugere que ele estava "fora de si". Falando de formaclara, eles concluíram que Jesus estava louco. Que tal esse mal-entendido? Estamos servindo aDeus com sinceridade de coração e com diligência, e as pessoas ao nosso lado acham que estamosdoidos. 

Não há dúvida de que pensavam o mesmo a respeito dos homens que Cristo escolheu para

liderar. André e Pedro? Não exatamente exemplos de inteligência e excelência! Esses homens erampescadores que viraram religiosos fanáticos. Abriram mão de um negócio lucrativo para se

 juntarem a um trio-elétrico evangélico. Nenhum deles tinha habilidades específicas. Esses eram oshomens com quem Jesus estava se envolvendo. Por isso os moradores daquela cidade pensaram:"Vamos dar um jeito nele. Ele vai cair em si depois que voltar para casa". Eles não entenderam aquestão. Interpretaram a situação muito mal. Para eles, a paixão de Cristo pendia entre o fanatismoe a insanidade. 

Ouvi dizer que, quanto mais Thomas Edison se aproximava da invenção da lâmpadaincandescente, menos comia ou dormia. Ele não tocava na comida. As lamparinas da sua oficina

ficavam acessas durante dias. Ainda assim, após mais de setecentas experiências fracassadas, osonho de Edison de fazer a lâmpada funcionar tornou-se realidade. Todas as vezes em que eu evocê acendemos uma lâmpada, deveríamos dizer: "Obrigado, Sr. Edison. Você conseguiu. Por suapersistência, nunca vou ficar no escuro". E as pessoas da época de Edison? Ficaram um poucopreocupadas com ele também. Achavam que era um excêntrico; alguns achavam que estava prestesa ficar louco. A grandeza é seguida do mal-entendido. 

Não custa se colocar no lugar de alguém considerado fora de si quando não está. Envolva-sepessoalmente. Você já imaginou a dor de ser chamado de louco? Ou, indo um pouco mais distante,

 já imaginou o horror de ser colocado num sanatório quando se é mais saudável do que as pessoasao seu redor? Jesus sentiu tudo isso. Ele foi completamente mal-entendido por seu próprio povo.

No entanto, não era só isso. Uma coisa é ser chamado de louco. Outra pior ainda é ser chamado dedemoníaco. 

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"Mal-entendido pelos escribas" 

Os escribas vieram também. O primeiro grupo não compreendeu as ações de Jesus. Osegundo grupo não entendeu a sua paixão. Agora essas pessoas não conseguiam entender o seupoder. Um grupo de escribas de Jerusalém chegou a Cafarnaum. Enquanto viajavam, de acordocom Marcos, eles diziam: "Ele está possesso de Belzebu" e "É pelo maioral dos demônios que

expele os demônios." (Marcos 3:22.) Já tive minha cota de críticas e mal-entendidos, mas sou grato por nunca ter sido criticado porisso (até onde eu saiba!). Imagine a dor de ser chamado de Satanás. Jesus respondeu as violentasacusações dos escribas. Com uma lógica poderosa, desarmou de modo sistemático os ataques deles.Se Ele fosse Satanás, como poderia expulsar demônios do seu próprio reino? Um reino dividido nãoseria um reino. Leia Marcos 3:24-29 e veja o poder da sua resposta. Os escribas nãocompreenderam o poder de Jesus, repudiando-o como sendo demoníaco. 

Um breve alerta cai muito bem aqui. Palavras duras podem alvejar o cérebro como estilhaçosde metralhadora. De modo trágico, a vítima pode passar boa parte da vida tentando tirar osestilhaços. Quem disser que palavras não o atingem deve ser afogado e esquartejado. Nada está

mais longe da realidade do que essa afirmação. Nomes feios e palavras de baixo calão nos causammuito mal e o mal pode ser permanente. Devemos cuidar do que dizemos sobre as pessoas,principalmente sobre os nossos filhos e as pessoas queridas.  

Embora fosse completamente Deus, Jesus também era humano. Aquela acusação deve teratingido fundo as suas emoções humanas. Isso é o que acontece quando os mal-entendidos ocorrem.No auge do desentendimento, o outro procura atacar o seu caráter. E isso dói... profundamente.Jesus chegou à Galiléia fazendo notáveis milagres entre os necessitados para ser chamado de diabopor seus críticos. Nem dá para imaginar como Ele deve ter se sentido. Talvez esperamos que osnossos inimigos digam palavras duras assim, mas não esperamos que isso venha da nossa própria

família. 

"Mal-entendido por sua família" O pior dos quatro ataques que Jesus sofreu veio da sua própria família. Como deve ter sido

difícil para Ele ser mal-entendido por seus próprios familiares. 

Nisto, chegaram sua mãe e seus irmãos e, tendo ficado do lado de fora, mandaram chamá-lo.Muita gente estava assentada ao redor dele e lhe disseram: Olha, tua mãe, teus irmãos e irmãsestão lá fora à tua procura. Então, ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus

irmãos? E, correndo o olhar pelos que estavam assentados ao redor, disse: Eis minha mãe emeus irmãos. Portanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.(Marcos 3:31-35.) 

Depois de estudar com cuidado esse texto, estou convencido de que os familiares que Marcosmenciona esperaram lá fora à procura de Jesus porque criam que Ele estava demente. Queriampoupá-lo da vergonha e protegê-lo de mais chacota pública. 

 A. T. Robertson escreveu que isso é "uma figura patética de uma mãe e irmãos fora da casa,pensando que Jesus estava fora de si e queriam levá-lo para casa."2

 

Você já passou pela dor da sua família se virar contra você por causa de um mal-entendido?

Isso é o que eu chamaria de uma decepção de um ataque interno. É terrível. Tira o seu chão e odesmoraliza. Em alguns casos, não há recuperação. Acho que esse é o tipo mais doloroso de mal-entendido. 

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Como a mãe e os irmãos de Jesus estavam errados! Eles o julgaram mal. Além do mais, elesagiram má com Ele. Percebendo que não estavam compreendendo, Jesus recusou-se a ir até eles.Sua maior prioridade era com aqueles que reuniram ao seu redor para ouvir o que tinha a dizer,para receber o que Ele havia trazido. 

Para você que já foi mal-entendido pela família de um modo doloroso, seja gentil quando

falar com aqueles que o ofenderam, principalmente se forem seus pais ou sogros. Uma estranhateoria surgiu muitos anos atrás que repudiava o valor do respeito aos pais, principalmente quandoestivessem errados. Só quando somos pais há muitos anos percebemos a dificuldade e a dor quecausamos quando erramos com os nossos filhos. Meu conselho é bem simples: vá com calma.Considere que esse relacionamento é como um terreno sagrado, mesmo que esteja certo.  

Jesus resistiu sair e exortar a sua mãe e os outros membros da família em público. Elecontinuou fazendo o que estava fazendo, deixando que eles tentassem entender o que estavaacontecendo. 

Essa deve ter sido uma das experiências mais dolorosas durante o início de seu ministério -ver sua família se voltar contra Ele em público. Ainda assim, apesar de ser mal-entendido, Elepersistiu. Você também pode fazer o mesmo. 

AJUDA PARA PASSAR PELA DIFICULDADE 

Deixe-me ajudá-lo a passar pela dificuldade do mal-entendido. Três pensamentos simples mevêm à mente. Eles funcionaram comigo, por isso eu os ofereço a você.  

"Quando for mal-entendido, pergunte 'quem'?" Esse é um conselho antigo de se considerar afonte. Jesus, em várias circunstâncias, procurou se ver através dos olhos das outras pessoas. Usoucada oportunidade que o ajudasse a entender por que o viam como viam e como deveria reagir.

Perguntar "quem" é um bom começo. "Se o mal-entendido continuar,pergunte 'porquê'?" Você pode ser mal-entendido por estar

fazendo algo inadvertidamente. Todos temos pontos cegos que nos impedem de ver a imagem porinteiro... como os outros nos vêem. Se você geralmente é mal-entendido na mesma área, seria sábioavaliar "por quê". Todos precisamos nos avaliar de tempos em tempos. Perguntar por que ésaudável. 

"Quando o mal-entendido for resolvido, pergunte 'o quê'?" O que podemos aprender comessa experiência? Poderíamos ter reagido a essa situação de uma forma mais madura?Reconhecemos os nossos próprios erros? Temos certeza de que não há outros elementos aconsiderar? Aprender com os mal-entendidos pode prevenir dor e angústia no futuro. 

Vou terminar este capítulo com duas palavras importantes: perdão e amargura. Sem aprimeira, vamos titubear pela vida agarrados à segunda. O mal-entendido pode gerar profundaamargura que não acaba com facilidade. O perdão precisa acontecer se esperamos nos livrar de umpassado doloroso. Isso não significa que você concorda. Não significa que você tem uma amizadeprofunda com quem o magoou. Mas significa que abriu mão da situação... para sempre. E, sim,perdoar significa esquecer de fato. A amargura deposita germes perigosos no nosso banco dememória. Pode causar doença que nos enfraquece e nos rouba a alegria e a paz conforme os anos seacumulam. Sendo assim, você precisa perdoar, esquecer. A amargura substitui o perdão, ou operdão apaga a amargura. Os dois não podem co-existir. 

Se você estiver lendo estas palavras e perceber que está sendo consumido pela amargura, eu oencorajo a encarar a situação e liberá-la. Você não pode mudar o passado, mas a sua amargura podemudá-lo. Você deve buscar o perdão. Haverá outras colisões com mal-entendidos, assim como no

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  jogo de hockey que mencionei anteriormente. Você será atacado várias vezes e a sua amarguraficará mais intensa até que chegue ao perdão completo. Você descobrirá, quando colidir com umapessoa que o entenda mal, que pode lidar com a situação - pode liberá-la.  

Lembra-se das palavras de Emerson? "Ser grande é ser mal-entendido". Esta é uma afirmaçãomelhor: "Perdoar aquele que nos compreende mal nos faz maiores ainda."  

Pai nosso, percebemos que é impossível superar a dificuldade do mal-entendido sozinhos. Somente oSenhor pode tornar isso capaz... Como é bom quando isso acontece! Sabemos que essa grandezacomeça e termina contigo. Ajuda-nos a viver como o seu Filho viveu, enfrentando quem noscompreendeu errado de cabeça erguida. Que possamos ouvir as suas palavras de acusação e insulto eaprender a viver acima delas. Coloca essas palavras deste capítulo em nosso coração, trazendo novaesperança e refrigério. Ajuda-nos a perdoar completamente. Peço principalmente por aqueles cujavida está sendo consumida pelo ácido do ressentimento e incapacitada pela amargura. Leva-nos, Pai,ao lugar de alívio, onde não importe quem nos compreendeu mal, para que possamos seguir em

 frente, como seu Filho fez... até a cruz. 

 No nome triunfante de Jesus, eu oro. Amém. 

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CAPÍTULO 3 

 Rompendo as dificuldades da ansiedade 

O QUE O DEIXA NERVOSO ATUALMENTE? Não estou falando de pequenas coisas que atacama sua mente. Não estou referindo-me a pequenos problemas sem importância que interrompem seudia como uma torneira que pinga, chaves perdidas ou um pneu furado pela manhã. Estou falando de

monstros mentais que causam úlcera, que rastejam em sua mente, vão com você para cama eroubam-lhe o sono. Há também as preocupações implacáveis que tiram a alegria do tão esperadoferiado. Estou referindo-me àquelas preocupações que você não consegue esquecer. Alguma coisaassim lhe causa ansiedade? 

Alguns anos atrás, o Centro Nacional de Ansiedade em Maplewood, Nova Jersey, publicouum artigo chamado "As Dez Maiores Ansiedades da Década de 90". Elas eram: (1) Aids, (2) abusode drogas, (3) lixo nuclear, (4) camada de ozônio, (5) fome, (6) os sem-teto, (7) o déficit nacional,(8) poluição atmosférica, (9) poluição hídrica e (10) lixo. Desde o negro 11 de setembro de 2001, oCentro revisou a lista e colocou o "terrorismo mundial" como a principal fonte de ansiedade. Ofundador do Centro, Alan Caruba, afirma que "a lista da década de 90 refletia prioritariamenteassuntos sociais e ambientais."7 Hoje, é claro, acrescentaríamos o medo de um ataque terrorista,

preocupações com uma grande guerra, ameaça de um ataque nuclear vindo da Coréia do Norte ouda China, o risco de perder um bom emprego e, talvez, pensamentos inquietantes de passar avelhice sozinho. 

O que é interessante, embora nós todos tenhamos uma lista, as nossas preocupações maisinexoráveis e profundas têm efeitos semelhantes. Elas nos deixam inquietos. Elas roubam o sorrisodo nosso rosto. Trazem nuvens escuras em nosso futuro apontando o nosso passado vergonhoso. Asansiedades insistentes funcionam como ladrõezinhos em cantos escuros do nosso pensamentoroubando a nossa paz e seqüestrando a nossa alegria. 

Quando deixada sem controle, a ansiedade acaba com todos os nossos recursos e nos deixaemocionalmente arruinados e espiritualmente imobilizados. Por isso que as dificuldades daansiedade devem ser confrontadas de uma forma direta. O primeiro passo nesse processo é analisar

e compreender o seu poder. 

UMA VISÃO GERAL DA ANSIEDADE 

Em meus mais de quarenta anos de ministério pastoral, sempre tenho ensinado ou faladosobre ansiedade e, todas as vezes, enfatizado o relevante conselho do apóstolo Paulo em sua cartaaos fihpenses. Digite as palavras "ansiedade" ou "preocupação" no programa de busca do meucoração e Fihpenses 4 aparece rapidamente em minha mente. 

"O que é ansiedade" Para buscarmos algumas pistas fundamentais sobre a natureza da ansiedade, devemos analisar

as palavras confortantes do pastor do primeiro século que escreveu a um rebanho ansioso.  

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Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos. Seja a vossa moderação conhecida detodos os homens. Perto está o Senhor. Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejamconhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E apaz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em CristoJesus. (Fihpenses 4:4-7.)

Logo descobrimos uma ordem de seis palavras que poderiam ser interpretadas literalmentecomo: "Parem de se preocupar com tudo!" A palavra grega para "ansioso" é merimnao, quesignifica "estar distraído ou dividido". Em latim, a palavra usada é anxius que engloba o sentido deengasgar ou estrangular. A palavra em alemão wurgen deriva da palavra inglesa worry(preocupação). A dificuldade da ansiedade ameaça estrangular-nos, tirando-nos a vida, deixando-nos asfixiados pelo medo enquanto tentamos respirar a esperança.  

Jesus usou termos semelhantes quando se referiu à preocupação em sua parábola do semeadorem Marcos 4. O Ilustrador Mestre pintou um quadro na mente dos seus ouvintes sobre umsemeador espalhando as suas sementes em quatro diferentes tipos de solo. Nessa parábola, Elemenciona uma semente crescendo entre os espinhos. Quando faz isso, Jesus enfatiza tanto anatureza real quanto o poder destrutivo da ansiedade. Ele disse: "Outra parte caiu entre os espinhos;e os espinhos cresceram e a sufocaram, e não deu fruto", (v.7; ênfase do autor). Depois, quando osdiscípulos perguntaram a Jesus sobre o significado da parábola, Ele interpretou as suas própriaspalavras. Quanto às sementes jogadas entre os espinhos, Ele explicou: "Os outros, os semeadosentre os espinhos, são os que ouvem a palavra, mas os cuidados do mundo, a fascinação da riquezae as demais ambições, concorrendo, sufocam 3. palavra, ficando ela infrutífera." (w. 18-19; ênfasedo autor.) 

Aquele que jogava as sementes semeou a Palavra. O semeador é Jesus e os seusensinamentos, mas a referência também pode incluir qualquer pessoa que semeie a verdade pormeio do ensino e da pregação. O solo seria o coração e a mente daqueles que ouvem a verdadequando ela está sendo semeada. A ansiedade brota como mato e espinhos, crescem em volta da

Palavra de Deus, sufoca a vida e a paz que ela traz. Numa lição vivida sobre as sementes e o solo,Jesus faz uma ligação direta entre os efeitos devastadores da ansiedade e desse estrangulamento.Eles nos sufocam! 

"O que a ansiedade faz" Tenho minha própria definição de ansiedade.   A ansiedade é um desconforto doloroso da

mente que se alimenta de medos iminentes. 

Sua forma mais branda nos agita, a mais séria nos causa pânico. Agora é um bom momento defazermos uma pausa e irmos mais fundo. Por que a ansiedade é algo tão errado e espiritualmente

debilitante? Quero fazer três afirmações que nos ajudam a responder essa pergunta. Espero que elassirvam de base para uma ilustração da época bíblica. 

"A ansiedade enfatiza o ponto de vista humano e estrangula o de Deus; desse modo sentimosmedo". Quando nos preocupamos, o nível de percepção dos eventos humanos que nos rodeiam ficatão alto que a perspectiva de Deus é sufocada. A preocupação estrangula a perspectiva divina emnossa rotina diária, o que nos deixa tensos. 

"A ansiedade sufoca a nossa habilidade de distinguir as circunstâncias secundarias do que é essencial; sendo assim, ficamos distraídos". Em meio a detalhes preocupantes, acrescentamos maismedo, dúvidas, tarefas, expectativas e pressões. Por fim, perdemos o foco do que realmente

importa. Ficamos distraídos por eventos menores e, ao mesmo tempo, deixamos de lado o que éessencial. As pessoas que dão frutos são aquelas que geralmente estão relaxadas. As improdutivas,por outro lado, são tensas já que permitiram que preocupações secundárias emaranhassem a sua

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mente como num espinheiro que leva à distração. "A ansiedade drena a nossa alegria e faz com que julguemos os outros em vez de aceitá-los;

assim, tornamo-nos pessoas negativas". Tornamo-nos pessoas negativas quando as preocupaçõesvencem a batalha. Inevitavelmente levamos as nossas preocupações aos outros. As preocupaçõesfuncionam como o mau colesterol, entupindo as artérias do nosso coração espiritual e o fluxo de

amor e graça para com os outros. Por fim, enquanto os espinhos aumentam, ficamos maisnegativos, amargos e limitados, o que não traz benefício a ninguém. 

Nessas horas difíceis, quando a ansiedade se esgueira enchendo a nossa mente de medo,distração e amargura, precisamos buscar aquele que oferece a paz que excede todo o entendimento.Felizmente não estamos sozinhos nessa luta. Os que estavam mais perto de Jesus enquanto estavana Terra também não estavam. Há uma cena bíblica onde Jesus aparece como um Mestre gentil ecompassivo oferecendo perspectiva e correção a um amigo aflito.  

O RETRATO DA ANSIEDADE NO PRIMEIRO SÉCULO

A cena que tenho em mente está registrada em Lucas 10. Esse é um dos eventos mais íntimosna vida de Jesus. Ele estava na casa de três de seus melhores amigos - Marta, Maria e Lázaro - quemoravam na vila de Betânia, próximo a Jerusalém.

Por algumas razões que não foram reveladas, Jesus escolheu a casa deles como lugar derefugio, um retiro ideal para a pressão do ministério público. Foi ali que Ele encontrou um portoseguro, entre pessoas que não lhe faziam perguntas específicas, que o aceitavam como Ele era, quenão eram críticos e que não tinham negócios escusos. Quando leio essa história, fico imaginando seJesus vivesse na Terra hoje, Ele teria escolhido minha casa? E a sua casa seria um daqueles lugaresonde Ele encontraria repouso e alívio?

Vamos deixar a Bíblia recriar essa cena contundente. Veja como esses três indivíduos reagemà vista de um famoso amigo e de seus discípulos cansados e famintos.

Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na suacasa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta que dava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lheos ensinamentos. Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, seaproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique aservir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta!Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma sócoisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada. (Lucas 10:38-42.)  

Antes de prosseguir, preciso explicar algumas coisas.Preciso deixar claro que o nome de Marta não tem um significado importante. Nem o fato de

ser mulher. A pessoa que cedeu às distrações que produziram tanta ansiedade poderia ter sidoqualquer uma... e poderia ter sido um homem ou uma mulher, velho ou jovem, rico ou falido.

Também devo enfatizar que Marta não é a nossa única preocupação. Devemos entender ahistória como um todo e todas as personagens envolvidas. Deus fez sua criação com uma variedademisteriosa e maravilhosa de temperamentos e personalidades. Algumas pessoas são sonhadoras eartísticas enquanto outras apreciam um organograma. Algumas insistem nos detalhes; outras têmuma visão mais ampla. Você entendeu?

John Trent e Gary Smalley usam quatro animais para descrever os quatro tipos detemperamentos que temos.2 

1. As lontras são pessoas que gostam de diversão e levam tudo na brincadeira. Divertem-se

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sempre e possuem uma atitude despreocupada em quase todas as situações. Minha esposa, Cynthia,me faz lembrar uma lontra. Ela diz que esse tipo de personalidade tem os seus benefícios, mas sefosse encarregada do piquenique, levaria apenas balões! E, ainda assim, correria o risco de pendurá-los sem fixá-los, portanto se soltariam.

2. Os leões, por sua vez, assumem o controle. Numa festa, nunca deixam que alguém fique

sem um chapeuzinho, um pedaço de bolo e um papelzinho com o nome colado na roupa.3. Os labradores são o tipo voltado para relacionamentos, pessoas agradáveis com quem

você gostaria de estar numa situação difícil. A lealdade e a compaixão estão no topo da lista deprioridades do tipo labrador.

4. Temos também os castores, saltitando de lá para cá, dando duro, colocando o nariz emtudo e dando conta de todos os detalhes. Quase têm uma obsessão por detalhes. São pessoasdaquelas do tipo que identificam erros ortográficos no boletim da igreja e corrige a gramática dopregador.

Essa pode ter sido uma longa interrupção, mas acho que Marta era uma mistura - parte leão e

parte castor. Ela ficou feliz de ver Jesus, com Certeza, mas logo percebeu que tinha um grandetrabalho em suas mãos. Precisava cozinhar, colocar a mesa e entreter os convidados. Tudo issoexigia um planejamento sério e uma execução eficiente. Ninguém pode acusar Marta depreguiçosa. 

Maria, por outro lado, se encaixa entre o labrador e a lontra. Compreendendo a raridade domomento na presença de Jesus, ela se sentou como um cão leal à sombra do seu dono. Ela não viuaquele dia como um projeto a ser desenvolvido, mas como um momento íntimo a ser desfrutado.Não há nada de certo ou errado em ambos os temperamentos, a menos que sejam levados aoextremo. Foi exatamente isso que Jesus confrontou em Marta. 

A história de Lucas nos dá um estudo eloqüente sobre contraste. Depois de Marta ter recebidoJesus à porta (Lucas 10:38), ela deve ter ido direto para a cozinha. Sabemos disso porque Lucaspassa rapidamente para o que Maria fez. Ele escreve: "Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e estaque dava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos." (v. 39) 

Quando Jesus apareceu inesperadamente, Maria decidiu aproveitar o momento, parar tudo eouvir os seus ensinamentos. No entanto Marta estava "ocupada de muitos serviços" (v. 40). Emoutras palavras, Maria aproveitou a oportunidade, mas Marta, ansiosa e distraída, deixou omomento passar. Talvez não conseguisse evitar. Afinal, ela era provavelmente a mais velha. (Tenhodito sempre que os pais devem uma coisa ao filho mais velho: "desculpas!" Ele passa a vida todatendo de assumir responsabilidades e estar adiante.) Não é de se surpreender que Marta assumisse a

responsabilidade. Infelizmente ela é tão responsável que tira tudo do foco.  

Marta atinge seu limite e, num momento de exasperação, deixa escapar: "Senhor, não teimportas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, quevenha ajudar-me." (v. 40.) 

Tenho certeza de que ela falou isso para Jesus enquanto olhava atravessada para a irmã maisnova, Maria. Com as mãos nos quadris, com a testa molhada de suor, Marta provavelmente ficoubatendo o pé em protesto. Os leões batem muito o pé. 

Essa cena me lembra das palavras de uma amiga , Jeanne Hendricks, em seu livro A Woman  for All Seasons (Uma mulher para todas as horas). Num capítulo intitulado "The Tale of Two

Sisters" (Um conto de duas irmãs), Heanne decreve uma experiência semelhante em sua própriacozinha muitos anos atrás. 

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"A frustração é um problema muito sério. Alguns anos atrás, dei um jantar de Ação de Graças emminha pequena casa, que não tinha muito espaço na cozinha. O Senhor e eu tivemos muitas conversassobre minha casa ser tão pequena, mas Ele sempre dizia: "Espere" e eu fazia o melhor que podia -pensava. Um pouco antes de servir o jantar, dei um pulo na cozinha para olhar o peru que estavaassando. Eu o tirei de um lugar para colocar em outro, mas era tudo muito apertado para tal operação.De repente ele escorregou e caiu no chão! Dois pensamentos me vieram à mente: (1) o chão estavalimpo e (2) ninguém viu. Eu peguei o peru e o coloquei de volta na bandeja, grata por ninguém tervisto minha falta de jeito. Logo senti pena de mim. Encostei-me na parede e chorei de frustração. Emmeu coração, eu disse: 'Senhor, eu lhe disse! Veja o que aconteceu! Ilido por sua culpa!'Então ouvi as risadas e conversa no outro cômodo e me senti envergonhada. E se alguém entrasse e mevisse daquele jeito? Peguei um jornal e cobri a sujeira no chão, e decidi que resolveria isso com oSenhor mais tarde. Acho que sei um pouco como Marta se sentiu."-'

As preocupações desequilibradas de Marta sobre o preparo da refeição a impediram de seconcentrar em Jesus. Por sua ansiedade ter-lhe tirado o que havia de melhor nela, ela nãoaproveitou o encontro que promove mudança de vida com o Salvador. O estresse que ela colocousobre si sufocou sua habilidade de saborear as palavras de Cristo e de experimentar o benefício

tranqüilo da sua presença. Gosto muito da forma como o nosso Senhor responde. Ele se dirige gentilmente à ela:

"Marta, Marta". Jesus gentil, gracioso e calmo. Ele não lhe passou um sermão, apontando-lhe odedo. Ele não abriu a Bíblia da família e ordenou que ela lesse dez versos em voz alta. Nada disso.Tenho a convicção de que Ele sentiu compaixão por Marta. Ele poderia ter passado seus braçosfortes ao redor dela, sussurrando: "Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto,pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe serátirada." (w. 41-42.) 

Jesus identificou o problema de Marta. Ela permitiu que a ansiedade do momento

obscurecesse a sua atitude e roubasse a sua alegria. Com freqüência esse tipo de mentalidadedistorcida nos mostra com clareza o nosso descontentamento. Fico imaginando se a linguagemcorporal de Marta traiu seu estresse interior. 

Maria escolheu a melhor parte - o estilo de vida e a paz aos pés de Jesus. Ela seria capaz dese lembrar desses momentos preciosos com o seu Salvador para o resto da vida. Marta poderia tertido somente frustração e arrependimento se Jesus não a tivesse exortado.  

ANSIEDADE... ÍNTIMA E PESSOAL 

Depois de estudar durante anos a dificuldade da ansiedade (e cedendo a ela mais vezes do queposso me recordar), condensei o que aprendi a respeito do seu poder destrutivo em quatroprincípios práticos. Eles podem parecer negativos à primeira vista, mas quando os ponho emprática, eles podem se tornar um antídoto poderoso contra a ansiedade. Vou facilitar a memorizaçãodeles em operações matemáticas - adição, subtração, multiplicação e divisão. 

"Preocupamo-nos quando adicionamos pressão desnecessária a um copo já cheio". Esse éum erro comum que as pessoas ocupadas cometem. É a adição que nos derrota! Preocupamo-nosquando adicionamos pressão da imagem exterior, quando lutamos cada vez mais para nos tornarparecidos com os outros, quando intensificamos a nossa responsabilidade emocional em resposta àluta de alguém. Preocupamo-nos quando adicionamos expectativas infundadas que os outros têm denós. Eu mesmo já lutei com isso durante anos. Como pastor, costumava me preocupar com aexpectativa de muita gente. Que modo horrível de viver ou de ministrar! 

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A ansiedade espreita nas expectativas criadas que são tão comuns no ministério da igrejalocal. Há muito de lontra em mim para querer satisfazer a todos e muito de labrador para mepreocupar. Não gosto de críticas, mas as recebo. Quando tento satisfazer às expectativas dos outros,eu adiciono pressão desnecessária. Felizmente, durante os últimos dez anos, o Senhor me ajudou adeixar isso de lado. A preocupação com tais coisas me deixava com raiva de mim mesmo, do povo

de Deus e do ministério. Através do poder da Palavra e da assistência graciosa do Espírito, Deusajudou a me libertar das garras da preocupação em agradar. Eu e você nos preocupamos quandoadicionamos ao copo que já está cheio. Adicionar me dá raiva.  

"Preocupamo-nos quando subtraímos a presença de Deus das nossas crises". Preocupamo-nos quando nos esquecemos da presença de Deus e da sua soberania. Preocupamo-nos quandosubtraímos o seu tempo dos nossos planos. Quando tiramos a oração da nossa rotina diária. Quandosubtraímos a perspectiva divina das dificuldades. A ansiedade toma conta de nós quandosubtraímos o poder infinito de Deus das nossas ineficazes iniciativas.  

O falecido Peter Marshall, conhecido capelão do Senado dos Estados Unidos, orou:  

"Pai... restrinja o nosso impulso de trabalhar sem trégua para que não sejamos expostos ao medo e àdúvida, à fraqueza e à impaciência que desgastam o nosso temperamento, nos rouba a paz da mente, eescurecem o céu quando ele deveria ser azul, que interrompem a música nos átrio do nosso coração."

Esse temperante pastor entendia o perigo de deixar Deus de fora da equação mais difícil danossa vida. Adversidade menos a presença de Deus é igual à dúvida e medo. Sempre. Nossa músicaé interrompida dos átrios do coração. A subtração nos deixa indecisos.  

"Preocupamo-nos quando multiplicamos os nossos problemas causados por soluções prematuras". Quando criamos soluções muito depressa, as complicações aparecem. Depois nospreocupamos quando as nossas chamadas soluções fracassam. A ansiedade toma conta de nósquando insistimos em achar um modo de sair das dificuldades da vida em vez de tomar o caminhode Deus através delas. Também nos rendemos à ansiedade quando multiplicamos os nossos medoscom uma imaginação fértil. Quando pensamos sempre no pior, ficamos com medo como umacriança que ouve um barulho no armário ou vê um monstro debaixo da cama. A nossa imaginaçãopode ser muito fértil em meio as dificuldades, e o medo resultante dela pode nos paralisar. Amultiplicação causa medo em nós. 

"Preocupamo-nos quando dividimos a vida entre o que é secular e o que é sagrado". Deusnão quer separar a nossa vida em compartimentos. Ele quer que cada aspecto dela esteja sob seucontrole. Uma confiança seletiva faz com que esqueçamos da sua provisão diária. Quanto menos

permitimos que Ele faça parte da nossa vida, mais ansiosos ficamos. Como é fácil dizer a nósmesmos que "esta" parte está no âmbito da preocupação de Deus, mas "aquela outra", não. Errado!Dividir a nossa vida entre secular e sagrado faz com que esqueçamos da bondade de Deus. Dividirnos faz esquecer as coisas.

Antes de irmos para o próximo capítulo, não seria mal se você parasse alguns minutos agorae refletisse sobre a sua lista de preocupações. Reflita bem através dos acontecimentos ao longo dasua vida. O que o deixa ansioso? Superar esses medos não é tão fácil quanto ir à igreja ou achar umverso mágico na Bíblia. Talvez você já saiba disso. A verdade é que, não importa o que estejaenfrentando, a preocupação vai fazer mais mal do que bem. 

Eugene Peterson traduziu muito bem as palavras de Jesus em termos mais atuais. Leia aseguinte passagem com cuidado e em voz alta. Permita-se assimilá-las.  

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"Se você decidir aceitar a Deus, viver uma vida de adoração, não precisa se preocupar o que vai ter dealmoço ou se as roupas em seu armário estão na moda. Há mais coisas na vida do que a comida emseu estômago, mais do que a aparência externa do que as roupas em seu corpo. Olhe para os pássaros,livres e soltos, não estão agarrados a nenhum emprego. Estão aos cuidados de Deus. E você vale muitomais para Ele do que os pássaros.

Alguém, por acaso, que já ficou inquieto na frente de um espelho, conseguiu aumentar sequer umcentímetro na sua altura? Todo aquele tempo e dinheiro desperdiçados em moda - você acha que issofaz alguma diferença? Em vez de ir olhar a moda, saia aos campos e observe as flores. Elas nunca vãoàs compras ou se enfeitam, mas você já viu cores e desenhos mais bonitos? Os dez homens e mulheresmais bem-vestidos do país parecem desarrumados perto delas.

Se Deus dá tanta importância à aparência das flores do campo - a maioria das quais nunca é vista -você não acha que Ele vai cuidar de você, se orgulhar de você e fazer o melhor por você? O que estoutentando fazer é com que você relaxe, para que não se preocupe tanto com o "obter" para que possaresponder à "provisão" de Deus. As pessoas que não conhecem a Deus e a sua forma de agirpreocupam-se com essas coisas, mas você conhece Deus e a sua forma de agir. Mergulhe a sua vida narealidade de Deus, na iniciativa dele, nas suas provisões. Não se preocupe em perder a oportunidade.

Você verá que todas as suas preocupações eram cuidadas.Dê a sua total atenção ao que Deus está fazendo agora e não se exaspere com o que pode ou nãoacontecer amanhã. Deus o ajudará a lidar com todas as dificuldades que aparecem em seu caminhoquando for o tempo certo."(Mateus 6:26-34, The Message.).

Preocupação com o amanhã? Preso em ansiedades que você não consegue expulsar?Sentindo-se como Marta? Jesus o convida a "olhar os pássaros, livres e soltos" e a ver que eles"estão aos cuidados de Deus". Seja sincero, você não acha que Deus se preocupa mais com você doque com esses pardais pequeninos ou com os corvos? Absolutamente sim. 

Então, relaxe. Pare com toda essa preocupação sobre o amanhã... ou a semana que vem... ou omês que vem. Deus é especialista em ajudá-lo a passar pelas dificuldades, não importa o queaconteça.

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CAPÍTULO 4 

 Rompendo as dificuldades da vergonha 

QUANDO O ASSUNTO É VERGONHA PÚBLICA, poucos se lembram de Jesus. Se eu lhe pedirque faça uma lista de nomes de vinte pessoas que merecem passar vergonha, provavelmente vocênão incluiria o nome de Jesus Cristo. Claro que não estou sugerindo que Ele mereça passar por umavergonha em público, mas, com muita facilidade, nos esquecemos de que Ele passou por isso. 

O Filho de Deus imaculado levou todos os nossos pecados sobre si quando morreu na cruz.Foi ali que Ele sofreu a vergonha do mundo. Todas as maldades cometidas pela humanidade Eledepositou sobre si quando sofreu e morreu em nosso lugar. O horror de  Auschwitz, as maldades deStalin, de Pol Pot e de Saddam Hussein, as atrocidades em  Ruanda, o assassinato silencioso dedezenas de milhões de crianças abortadas, a profundidade máxima de cada pensamento pecaminosoe os resultados das nossas ações impensadas - tudo isso foi colocado sobre Cristo na cruz. Suamorte personificou a vergonha. 

Todos os que viram e sentiram o poder do filme de Mel Gibson "A Paixão de Cristo"acordaram para a profundidade da vergonha que Cristo sofreu por nós durante as suas horas finaisde agonia na Terra. Conforme tudo aquilo ia se tornando mais claro para mim enquanto assistia aofilme, acabei caindo em pranto. 

Em seu livro The Execution of Jesus (A execução de Jesus), William Riley Wilson escreve:

"A cruz não só era o tipo mais doloroso de morte como também era considerado o mais degradante. Ocondenado era deixado nu e exposto à sua agonia, e geralmente os romanos não permitiam quefossem enterrados, deixando o corpo da vítima dependurado na cruz até desintegrar. Podemosentender porque, segundo a lei judaica, qualquer um que fosse crucificado era consideradoamaldiçoado."7 

Ser amaldiçoado é sofrer vergonha. O monge do século XII, Bernardo de Clairvaux,descreveu essa vergonha do seguinte modo: 

Oh, Cabeça sagrada, agora ferida,

 

Carrega vergonha e tormento,Cercada de escárnioCom espinhos como ma única coroa;

Quão pálido és por causa da angústia,Com ataques e escárnio,Como está enfraquecida essa faceoutrora radiante como a alva!2 

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EXAMINANDO E EXPLORANDO A VERGONHA PÚBLICA 

O antigo monge compreendia que havia agonia e crueldade ligadas à vergonha. A vergonhanos toca mais profundamente do que a culpa. A culpa pode permanecer como uma questãoparticular. Aprendemos a manter essas acusações a salvo do conhecimento público. No entanto, a

dificuldade da vergonha nos acompanha aonde quer que vamos como um relatório de erros. Avergonha nos amarra ao passado torturante, deixando tudo à vista. Vergonha particular - a vergonhaque surge dos anos de abuso físico ou sexual, ou do sofrimento solitário que emerge por causa dealguma deficiência como distúrbios da fala, ansiedade ou distúrbios alimentares, ou do tempopassado na cadeia, num hospital psiquiátrico ou numa clínica para dependentes químicos. Avergonha se torna uma voz acusadora e intermitente nas sombras da sociedade que sussura: "Você éum inútil! Você não significa nada para ninguém! Você é totalmente indigno! Você nunca vai dápara nada! Você estragou tudo! Você está acabado!" 

A vergonha penetra e vai mais fundo do que o constrangimento; corta mais profundamentedo que a decepção. As suas cicatrizes são feias e quase sempre permanentes. Como a pior formade ódio por si mesmo, a vergonha faz com que muitos se escondam num tipo de morte em vida,que finalmente termina em suicídio. 

A vergonha deixa uma jovem mãe acorrentada emocionalmente num passado traumático porcausa da violência física sofrida nas mãos do pai alcoólatra. 

A vergonha assombra uma mulher de meia idade que é forçada por outros a seguir em frentedepois do adultério do marido seguido de divórcio. 

A vergonha investe com violência contra um adolescente perdido num mundo de confusão ereclusão causado por sua incapacidade de aprender com a facilidade que seus colegas aprendem.  

A vergonha impede uma criança que nasceu com uma deformidade ou deficiência de experimentar

as alegrias das férias ou de uma excursão. A vergonha ataca um líder de igreja apanhado em umrelacionamento ilícito com um membro da igreja e ele é forçado a confessar seu pecadopublicamente. 

Um homem que agora respeito e considero um grande amigo passou pela profundeza dessagrande vergonha. Ele era um pastor respeitado, bem-casado e com uma bela família. No entantohavia um problema escuso nessa história. Ficamos sabendo que ele estava envolvido sexualmentecom uma mulher da igreja. Quando tudo veio à luz, ele confessou seu pecado à frente da igreja esentiu a profundidade da vergonha pública.  

Anos mais tarde, numa conversa com ele sobre esse terrível período da sua vida, ele disse:

"Não acho que tenha palavras para descrever a vergonha pela qual eu e a minha família passamos.Descobri que posso dar um jeito na culpa, mas não consigo lidar com a vergonha. Eu e minhaesposa ainda olhamos para trás, para aquele dia negro, e o chamamos de 'Domingo Negro'".Juntamente com a sua esposa e os seus filhos, ele sentiu o que poucos sentem - a alienaçãodolorosa da vergonha pública. Até hoje os seus olhos ficam marejados quando o dia negro émencionado. 

A dificuldade da vergonha não pode ser simplesmente descartada. A desgraça persistentepermanece e nos mantém paralisados em suas garras. 

Contudo esse desespero sem fim não precisa ser o nosso destino indefinidamente. As

cicatrizes não precisam ser permanentes. Cristo deseja nos encontrar nesses lugares sombrios e noscolocar num lugar seguro redimindo a nossa dignidade e o nosso valor. Sua graça é maior do que anossa vergonha. Onde abundou o pecado, superabundou a graça! Jesus se torna o nosso amparo

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pessoal da vergonha, que caminha conosco nos dias difíceis cheios de agonia quando nos sentimosmais solitários e amedrontados. Como Ele pode fazer isso? Lembre-se, Ele já passou por isso. Elesentiu as dores da humilhação e falta de dignidade. Na verdade, não há limite para a profundidadeda vergonha que Ele pode nos ajudar a superar, porque não há limite para a graça que Ele é capazde nos suprir. 

Viaje comigo de volta a uma cena no primeiro século. Jesus confronta uma mulher triste ehumilhada pega na mais vergonhosa das circunstâncias. Podemos ver quando Ele a resgata daspoderosas garras da vergonha. 

UMA ADÚLTERA E OS SEUS ACUSADORES 

Uma mulher sem nome é o centro de uma das cenas mais pungentes de todo o NovoTestamento. Em meio ao seu pecado, ela se encontra com Jesus, o Salvador do mundo. Elapresumiu que as suas ações feitas no escuro nunca seriam conhecidas na luz. Ela possuía um

pecado vergonhoso e secreto. Certo dia, ela ficou cara a cara com Jesus, o Cordeiro de Deusimaculado, cujo olhar penetrante esquadrinhou a sua desgraça. Temos uma grande dívida com um dos discípulos de Jesus, João, por incluir essa narrativa

como parte dos registros do ministério de Cristo ao povo de Judá. Leia com cuidado a suadescrição dessa cena tão delicada. 

Jesus, entretanto, foi para o monte das Oliveiras. De madrugada, voltou novamente para o templo, etodo o povo ia ter com ele; e, assentado, os ensinava. Os escribas e fariseus trouxeram à sua presençauma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos, disseram a Jesus:Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. E na lei nos mandou Moisés que taismulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes? Isto diziam eles tentando-o, para terem de que oacusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo. Como insistissem na pergunta, Jesusse levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra.

 

E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. Mas, ouvindo eles esta resposta e acusadospela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até aos últimos,ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava. Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais alémda mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e nãopeques mais. (João 8:1-11.)

Você acabou de ler uma das cenas dramáticas mais notáveis de toda a Bíblia. Fico só

imaginando se fôssemos uma mosca na parede do templo assistindo ao desenrolar dessa cena.  Tudo começou cedo de manhã quando Jerusalém ainda estava úmida com o orvalho. Sombraslilases cobriam o chão entre as colunas do templo. Pássaros chilreavam nas árvores. Várias pessoaschegavam para o que eu chamaria hoje de estudo bíblico, para aprenderem daquele que ensinavacomo ninguém. Elas vieram para ouvir um mestre de trinta e poucos anos de Nazaré. Ele era jovem,mas sábio além dos seus poucos anos. Não faziam idéia do que ouviriam dele naquela manhã. Umamultidão se reuniu para ouvir Jesus no pátio do templo; não havia dúvida de que muitos tinhampassado a noite no chão frio para conseguir um lugar próximo a Ele. Jesus sentou-se com eles,como os rabinos faziam, e começou a ensinar. 

De repente, um grupo de escribas e fariseus com semblantes descontentes interrompe Jesus,arrastando uma mulher desgrenhada em direção ao pátio. As pessoas devem ter ficado surpresassem conseguirem crer naquela cena terrível. Jesus ficou de pé e encarou o grupo de clérigos

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hipócritas e a sua prisioneira humilhada sendo arrastada. Aquele grupo era composto de legalistasde Israel que destruíam a graça, todos eles arrumados para mais um dia de julgamento e críticas.Vinham trazendo um exemplo público de alguém que não pertencia ao meio deles. Não umhomem, mas uma mulher. Mas não apenas qualquer mulher... uma mulher da vida que tinhaacabado de sair da cama de um homem que não era seu marido. Na verdade, eles a pegaram no ato.  

A mulher - cujo nome João não menciona nessa história - deve ter ficado parada ali tremendocomo um cachorro que acabou de apanhar, muda de medo. Ela olhava para o chão, seu cabelodespenteado, roupas rasgadas. A vergonha estava estampada em sua fronte. Seus acusadoresplanejavam usá-la para encurralar Jesus. Eles detestavam Jesus, os seus ensinamentos e a suacrescente popularidade. Acima de tudo, odiavam a sua graça. O objetivo deles era vê-lo morto,custasse o que custasse. O que eles estavam fazendo naquela manhã era parte de um planodiabólico para se livrarem a si mesmos e à nação do ameaçador profeta de Nazaré. 

Os líderes religiosos dirigiram-se a Jesus. "Mestre, esta mulher foi pega em flagranteadultério. Pela Lei de Moisés somos obrigados a apedrejá-la. O que tem a dizer?" É interessante

notar que eles usam o nome de Moisés antes de fazerem a acusação.  Isso era parte da armadilha. Eles arrastaram essa pobre mulher e a trouxeram até Jesus queestava com a multidão de olhos arregalados, reivindicaram a autoridade de Moisés e olharam paraEle com desdém: "O que tem a dizer?" O autor inglês William Barclay escreve:  

"Os escribas e fariseus buscavam alguma acusação que pudesse desacreditar Jesus; e aqui elesacharam que tinham-no colocado numa encruzilhada sem escapatória. Quando uma questão legaldifícil surgia, a coisa natural a se fazer era levá-la a um rabino para que tomasse uma decisão. Dessemodo, os escribas e os fariseus foram até Jesus como rabino."'

O Mishnah, o livro do judaísmo de tradições religiosas, não poupava palavras. Ele ordenavaque um homem pego em adultério deveria ser amarrado pelo pescoço com uma toalha por baixo dacorda para que não ferisse sua pele e pendurado até os joelhos em excremento animal. Uma mulherpega em adultério enfrentava o apedrejamento púbüco. Moisés escreveu que, se o ato ocorresse nacidade, tanto o homem quanto a mulher deveriam ser apedrejados. Essa mulher da história eraculpada? Absolutamente sim. Ao que tudo indicava eles a pegaram no ato sexual. A palavra gregapara "surpreender" significa literalmente "pegar", sugerindo que seus acusadores a pegaram emflagrante ato de adultério e a prenderam enquanto ainda estava na cama com seu parceiro. Mas e ohomem? Ele escapou? Provavelmente não, já que os líderes religiosos eram em um número muitosuperior. Desconfio que ele era um co-cons-pirador (talvez um deles!) que foi envolvido no lúgubre

encontro. Uma conspiração não é algo fora de cogitação já que conhecemos a maldade do coraçãodos acusadores. A trêmula mulher desalinhada, humilhada perante o grupo de estudo bíblico, nãoera nada mais do que uma isca para causar um evento maior. Eles tinham Jesus em vista. Eles nãodavam a mínima para a mulher ou seu futuro. Naquele momento, ela não significava nada para elesou para qualquer outra pessoa no que dizia respeito ao assunto - exceto para Jesus. 

Aquele inabalável jovem Mestre ficou em silêncio observando toda a cena. Achoimpressionante que Jesus sempre diz mais em seu silêncio do que com as suas palavras. Hásabedoria no silêncio em alguns momentos cruciais quando as acusações voam de lá para cá e osânimos estão acirrados. No entanto Jesus conhecia o coração daqueles homens. Ele leu a sua

motivação como em um livro aberto. Ele sentiu a tentativa deliberada de pegá-lo despreparado eenganá-lo usando as suas próprias palavras. 

Considere as opções que Ele tinha. Jesus poderia imediatamente concordar com o

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apedrejamento, e eles o acusariam de hipocrisia. Um homem que ensinava sobre a importância dacompaixão e do perdão não permitiria uma punição tão dura. Além do mais, se Jesus tivesse dado aordem, ele teria sido acusado de traição. Apenas os oficiais romanos tinham o poder de determinarum veredito de morte a uma pessoa. Jesus não teria autoridade legal para que mandasse apedrejá-laaté a morte. 

Por outro lado, se Ele apenas tivesse pedido que a perdoassem e a libertassem, eles o teriamacusado de condescendência com o pecado, ignorando a Lei de Moisés.  

Segundo a narrativa de João, Jesus não escolheu nenhuma das duas opções: "E, tornando ainclinar-se, continuou a escrever no chão".

A única vez que as Escrituras falam que Jesus escreveu alguma coisa, foi nessa cena. Mas oque Ele escreveu? Há alguns que acreditam que Jesus rabiscou algumas coisas na areia enquantoponderava. Contudo a palavra grega usada para "escrever" sugere mais alguma coisa. 

Creio que João tenha sido uma testemunha ocular. Escrevendo no final do século primeiro,ele registra que Jesus "escreveu" na areia. O termo grego usado por João, que em português traduz-se por "escreveu", é katagrapho. A segunda metade da palavra, grapho é o verbo "escrever". Oprefixo kata significa "contra". Em outras palavras, estou sugerindo que João pretendia mostrar queJesus escreveu algo na areia que fosse incriminador aos Kderes religiosos. Talvez Ele tenha escritoalgo "contra" eles. Será que Jesus se inclinou e começou a escrever os pecados dos acusadores damulher em letras grandes o suficiente para que eles pudessem ler? Pare e imagine a cena dosacusadores lendo os seus próprios pecados na areia. Não podemos dizer ao certo que foi isso o queaconteceu, mas se foi, imagine a surpresa daqueles homens. 

QUEM OU O QUE O CONDENA? 

O silêncio foi quebrado pelas palavras de Jesus. Embora permaneça a dúvida sobre o queexatamente Ele escreveu na areia, o que Ele disse tem um significado muito claro. Enquanto osescribas e fariseus franziam a testa e olhavam fixamente para Jesus, João diz que Ele se levantou elhes disse: "Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra." (v.7.)Que choque! Aquela resposta incisiva os golpeou como um soco na cara.

Na verdade, o texto quer literalmente dizer: "Os sem pecados, primeiro, sobre ela, atire apedra". Pode parecer um português meio estranho, mas a sentença é bem enfática em grego. Jesusdisse: "O primeiro que eu convido a atirar a pedra é o que não tem pecado! Certifique-se de quenão tem qualquer pecado contra você. E só assim você está apto a trazer vergonha, acusação e até

mesmo a morte a esta mulher. Apenas tenha certeza de que o seu coração é puro e imaculado."Um silêncio constrangedor se segue à resposta pungente de Cristo.Um terrível silêncio tomou conta da matilha de cães raivosos. Que momento! Peter Marshall

interpreta essa cena de um modo muito vivido:

“Olhando para o rosto daqueles homens, Cristo vê o passado de cada um no fundo de um poço de memória e consciência”. Ele olha para dentro do seu coração e o dedo em movimentoescreve... Idolatra...

Mentiroso...Bêbado...

Assassino...Adúltero...

Há o som de pedra após pedra caindo ao chão. Não sobraram muitos fariseus. Um por um,

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eles se espeiraram - como animais - nas sombras... esquivando-se nas ruas cheias, sumindo namultidão.'

Pode imaginar tal cena? Consegue ouvir o baque das pedras caindo no chão? Consegue sentira humilhação daqueles que foram embora? O apóstolo João escreve: "Mas, ouvindo eles estaresposta e acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais

velhos até aos últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava." (v. 9-)Você não teria dado tudo para fazer parte dessa lição naquela manhã? Após dispensar os

acusadores, Jesus olhou dentro dos olhos da mulher que estava cheia de vergonha pela exposição econdenação. Como se não bastasse, lá estava ela, perante o justo Juiz do Universo, culpada deadultério, tendo quebrado a santa lei de Deus. Quando os seus olhos encontraram o olhar doSalvador imaculado, precisamos perceber que não houve na história um contraste tão grande decaráter: uma mulher... um homem; uma pecadora... o Filho de Deus sem pecado; a adúltera cobertade vergonha... o Santo do céu. Imagine isso! Nunca duas pessoas tão diferentes estiveram tãopróximas.

Isso é que faz do diálogo final entre eles algo tão profundo. É aqui que a graça cobre avergonha.

"Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estãoaqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disseJesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais." (w. 10-11.)

A única pessoa na Terra que poderia condenar a mulher recusou-se a fazê-lo. Ao invés disso,Ele a libertou. Será que foi a primeira vez que ela própria parou de se condenar? É isso o que Jesusfaz por nós numa situação humilhante de vergonha - Ele nos livra da auto-condenação quando nos

liberta. Livre enfim! 

A TODOS OS SOBRECARREGADOS COM A VERGONHA 

Há momentos em que desejaria ter uma varinha de condão para tirar o peso da vergonhadaqueles que sofrem com ela, dizendo: "Vergonha, vá embora!" Mas isso não funciona assim.Entretanto o que Jesus fez por aquela mulher sofrida naquela manhã há tantos séculos, Ele querfazer por você também. As coisas não acontecem instantaneamente, mas tendo a oportunidade deintervir e trazer alívio (como Ele fez com a mulher naquela manhã), Jesus pode fazer uma diferençaprofunda! 

Dois pensamentos me vêm à mente enquanto termino este capítulo sobre a vergonha. Eisduas afirmações simples que espero ajudá-lo em sua luta para esquecer as memórias dolorosas e ospensamentos vergonhosos. 

"Primeiro, aqueles que estão menos aptos a condenar você, o farão". Pode ter a certezadisso. Aqueles com o coração mais pesado do que as pedras que seguram serão os primeiros que asatirarão. Fique longe dos fariseus atuais, que amam expor o seu pecado e esfregar o seu nariz emsua vergonha. Tenha a certeza de que está bem longe daqueles que jogariam pedras de justiçaprópria em você. 

"Segundo, aquele que está mais apto a condená-lo, não o fará". Você pode ter certeza disso

também. Fique próximo dele. Perto dele, você vai descobrir que pode recuperar-se mais rápido.Aproxime-se e confesse o seu pecado àquele que está apto a condená-lo, mas não o faz. E como

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aquela mulher, você será capaz de ir em frente e aproveitar a sua nova liberdade e o propósito paraviver. 

No livro O Peregrino de John Bunyan*, o jovem cristão segue a sua jornada carregando umpesado fardo nas costas. O fardo é o pecado - todo o seu vergonhoso passado. O peso estáfortemente atado a ele com cordas. Ele não consegue alívio. A vergonha e a desgraça juntamente

com a sua autocondenação arqueiam o seu corpo. Finalmente, ele chega ao Wicket Gate. Ele abre oportão e segue um caminho estreito que leva a um precipício. Lá ele encontra Jesus Cristo, o únicoapto a condená-lo, mas ainda assim Ele não o faz. O jovem cristão olha o grande abismo e vê umacruz rota e, ao lado, um túmulo vazio. Enquanto olha e medita sobre a cruz e o túmulo, o fardo queestava amarrado a ele começa a se afrouxar. Seu coração se enche de música em gratidão:  

De longe vim, sob o peso dos meus pecados; sem encontrar lenitivo ao meu sofrimento, até que cheguei a este lugar. Que lugar é este? 

Aqui deve ser o princípio da minha alegria?  Aqui deve cair o peso que está em minhas costas? Aqui devem arrebentar as cordas que me prendem? Bendita cruz! Bendito sepulcro! 

 

Bendito seja para sempre Aquele que se envergonhou por mim!5 

Do que você precisa para chegar a esse momento de definição? Não dei muita importância aseu pecado? Nem por um minuto. O meu e o seu pecado pregaram Jesus na cruz. Os nossospecados separaram até mesmo o Filho de Deus da comunhão íntima com o Pai. O nosso fracasso ea nossa vergonha enfiaram estacas em suas mãos e seus pés. Sua vergonha e a minha costuram avida de Jesus. Mesmo assim, a Bíblia proclama: "Aquele que não conheceu pecado, ele o fezpecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus." (2 Coríntíos 5:21.) 

Em outras palavras, Ele tomou o nosso lugar na bendita cruz! Naquele bendito sepulcro!Vamos encarar os fatos. Há e haverá momentos em nossa vida nos quais seremos "pegos emflagrante". Pode não ser adultério, mas outra coisa qualquer. É pecado do mesmo jeito. Mas porcausa de Jesus, não precisamos viver a auto-condenação e a vergonha debilitante. As palavras doSalvador para você na dificuldade da vergonha são as mesmas do passado: "Nem eu tampouco tecondeno; vai e não peques mais". Isso significa que você está livre.  

Se você está lendo isto e sentindo o peso do seu próprio passado vergonhoso e estilo de vida

pecaminoso, eu o convido para vir ao Salvador. Ele é o único que está perfeitamente apto a julgá-loe condená-lo, mas por causa da sua morte, Ele está pronto para perdoá-lo e libertá-lo. Seu convitepara a liberdade exige uma resposta. Não é algo automático. Para ser liberto dos grilhões davergonha você precisa vir ao precipício da cruz e reconhecer a sua necessidade de Jesus. Ele estaráesperando por você para purificá-lo e torná-lo completo.

"Você está cansado? Exausto? Desgastado com a religião? Venha a mim. Corra para mim evocê terá a sua vida de volta. Vou mostrar-lhe como ter descanso de verdade. Ande comigo etrabalhe comigo - observe como faço isso. Aprenda o ritmo natural da graça. Não voudepositar nada pesado ou inadequado sobre você. Permaneça em minha companhia e você

aprenderá a viver livre e leve." (Mateus 11:28-30, The Message) 

O "ritmo natural da graça" vai libertá-lo verdadeira e completamente. O que está esperando?

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CAPÍTULO 5 

 Rompendo as dificuldades da dúvida 

 A DÚVIDA SUGERE UM GAMA DE OPÇÕES. Para muitos, a dúvida representa a descrença, opior tipo de blasfêmia. Para outros, a dúvida expõe o outro lado da sinceridade - aquela parte emnós nunca antes vista até que seja colocada à prova através de questões da vida. Tudo se resume aisto: podemos ter dúvidas persistentes e ainda assim permanecermos pessoas de fé? Pessoascapazes e firmes de ambos os lados discordam. 

O grande reformador, Martinho Lutero, não considerava a dúvida em sua teologia. Eleconsiderava poucas coisas mais prejudiciais do que a dúvida, que ele chamava de "monstro daincerteza", do "evangelho do desespero".7 No entanto, Alfred Lord Tennyson, escreveu: "Há mais féna dúvida sincera, creia-me, do que na maior parte dos credos."2

 

Durante séculos, a Igreja tem tido representantes em ambos os lados. Por um lado, semprehouve os Jonathan Edwardses, os George Whitefields, os   Dwight L. Moodys, cujos sermõescontundentes carregavam tanta certeza que ficamos a imaginar se eles já tiveram uma dúvida que

fosse. Por outro lado, Deus deu à sua Igreja C. S. Lewis, Flannery O'Connor, Blaise Pascal e, maisrecentemente, Philip Yancey, que nos encorajam a questionar. 

É possível a dúvida e a fé coexistirem? Um pai no Novo Testamento responderia com umsonoro "Sim!" Ele é o pai do menino possuído com um demônio. Em sua angústia ele buscou aajuda de Jesus. Ele passou momentos tenebrosos buscando qualquer remédio para a horripilante etorturante loucura de seu filho. Nada funcionou. A cena é capturada pelo evangelho de Marcos. Elatraz um conflito muito verdadeiro entre a esperança e o desespero. 

E trouxeram-lho; quando ele viu a Jesus, o espírito imediatamente o agitou com violência, e, caindo

ele por terra, revolvia-se espumando. Perguntou Jesus ao pai do menino: Há quanto tempo isto lhesucede? Desde a infância, respondeu; e muitas vezes o tem lançado no fogo e na água, para o matar;mas, se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. Ao que lhe respondeu Jesus: "Sepodes! Tudo é possível ao que crê. E imediatamente o pai do menino exclamou [com lágrimas]: Eucreio! Ajuda-me na minha falta de fé!" (Marcos 9:20-24.)

QUANDO A DÚVIDA SURGE 

Aquele pai angustiado via seu filho se contorcer no chão como um animal sofrendo de raiva.Ele se debatia contra a dificuldade da dúvida para reunir fé o suficiente para crer. E ele era ousado

o bastante para reconhecer que precisava da ajuda de Jesus para superar essa dificuldade. Fico felizpor Deus ter decidido incluir esse diálogo franco na Bíblia. E você? 

Talvez você mesmo ocupe um lugar entre os duvidosos deste mundo. Se esse for o caso, este

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capítulo é para você. Para piorar a questão, talvez você viva entre pessoas que nunca questionarama fé. A piedade dessas pessoas o faz sentir isolado, até mesmo um estranho... deslocado. Suasdúvidas podem tê-lo feito afundar em desespero. Você também clamou: "Senhor, eu creio. Ajuda-me na minha falta de fé." 

Daniel Taylor, em seu livro The Myth of Certainly (O mito da certeza), não usa o termo

"cristão que duvida". Ele se refere a esse grupo de pessoas com os "cristãos que duvidam". Falandofrancamente, esse termo funciona melhor para mim. Não há muita dignidade na dúvida, mas há umtoque de dignidade na reflexão. Taylor levanta uma variedade de questões que representam as lutascomuns do cristão que reflete. Veja alguns exemplos: 

• Num momento achamos perfeitamente natural e inquestionável que Deus exista e que se importacom o mundo, e no outro achamos isso uma ingenuidade da nossa parte?•  Alguma vez você já sentiu vontade de sair no meio do culto porque ele parecia vazio e mecânico?

 

•  Um colega de trabalho diz: "Os cristãos deixam o cérebro na porta de entrada da igreja todos osdomingos e alguns nem voltam para buscá-lo na saída". Você discorda ou concorda com a pessoa?•  Você tem certeza de que conhece o desejo de Deus em relação às questões políticas, sociais e

morais específicas que a sociedade enfrenta.

De acordo com Daniel Taylor, a pessoa não reflexiva pergunta: "O que pode ser pior do queperguntas não respondidas?" Para ele, uma pessoa reflexiva consideraria "respostasinquestionáveis" a sua grande dificuldade. O cristão reflexivo é aquele que pensa de modoprofundo e geralmente questiona. Quando duvidamos, a nossa mente está funcionando.  

Taylor explica: 

"Há uma longa tradição de pessoas de fé que valorizam e participam da reflexão e que usam a suainteligência e a imaginação dadas por Deus em favor da sociedade onde vivem. Esses cristãos

envolvem-se com zelo em sua cultura, algumas vezes moldando-a, outras vezes como críticos, massempre como pessoas que acham que o empenho humano vale a pena. No entanto há um aspecto maisproblemático da reflexão. Pensar, como muitos descobriram, pode ser perigoso. Pode causarproblemas - com outros, mas também conosco mesmo. E há uma suspeita nos círculos religiosos deque, se não formos cuidadosos, podemos ter problema com Deus.'"*

Quando posso permitir que meu intelecto desafie as minhas crenças? Quando possoquestionar? Quando posso refletir? E, sinceramente, quando posso duvidar? Possivelmentenaqueles momentos de encruzilhada, entre a dúvida e a fé, que são tão comuns para a maioria denós. Quando nos deparamos com uma calamidade repentina e inesperada. Quando oramos por algo

específico, e o oposto acontece. Quando perdemos um funcionário ou colega de trabalho ou quandoo nosso melhor amigo se muda para outro Estado. Quando fazemos o que é correto e sofremosterrivelmente por isso. Quando fazemos um curso na escola que faz mais sentido do que aquilo emque a nossa igreja acredita. Ai! 

Quando a vida nos leva a viradas inesperadas ou trágicas, ficamos atormentados pelasdificuldades da dúvida. 

Felizmente a Bíblia não permite que sejamos levados pelas ondas dos nossosquestionamentos. Uma conhecida história no evangelho de João nos mostra que a resposta paraessas dúvidas é uma pessoa. Seu nome é Jesus e - assim como ajudou um discípulo em dificuldade

- Ele nos ajuda em nossa descrença... transformando os questionamentos persistentes em uma fémais estável. 

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UM TOME REFLEXIVO 

Lembra-se do Tome que duvidava? Claro que sim. Que característica difícil! Meu coração seenche de compaixão pelo rapaz. Eu prefiro pensar nele, graças à análise de Daniel Taylor, como o"Tome Reflexivo". Ele é o discípulo sincero que não deixou o cérebro na entrada da sinagoga. Ele

tinha fé em suas dúvidas quando as suas perguntas não eram respondidas. Ele teve coragem dequestionar a multidão, levantar o dedo e buscar respostas que fizessem sentido. Eu chamo esse tipode sinceridade não apenas de tranqüilizadora, mas também de corajosa. Gostaria de ver ocristianismo cheio de cristãos corajosos dispostos a declarar abertamente as suas lutas, chorarquando estão sofrendo, admitir suas dúvidas em vez de negá-las. 

 Na sombra da morte certa 

João 11 retrata a natureza crua da dúvida em meio às dificuldades da vida. Aqui vemos onosso homem, Tome, com a sua mente funcionando e a sua fé na corda bamba. 

Dois dias após ter ouvido sobre a morte de Lázaro, Jesus anunciou a seus discípulos que Eleiria à Judéia, onde Lázaro seria enterrado. Os discípulos conheciam os perigos de ir até lá. Jesus erainimigo público número um na lista dos mais procurados da Judéia. Para piorar, os líderesreligiosos já vociferavam ameaças contra a sua vida. 

Não é de se surpreender que os doze tentassem persuadir Jesus a alterar seu itinerário paranão correr perigo. "Mestre, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e voltas para lá?" (v. 8.) 

Não sei o que você acha, mas essa reação faz muito sentido para mim.Não se deixando persuadir, Jesus insistiu em voltar para a Judéia, dizendo: "Lázaro morreu; e

por vossa causa me alegro de que lá não estivesse, para que possais crer; mas vamos ter com ele."(w. 14-15.) A essa altura algo notável aconteceu. O Tome Reflexivo, aquele que era assombrado

por dúvidas, fala francamente, e sobre isso João escreve: Então, Tomé[...] disse aos seuscondiscípulos: 'Vamos também nós para morrermos com ele'." (v.l6.) 

Um arrepio certamente correu a espinha de Tome quando ele ouviu Jesus falando de voltar àBetânia. No entanto aquele arrepio logo se transformou em uma decisão. Ele conhecia o perigo e,aparentemente, se resignou a seguir a decisão irreversível de Jesus, apesar... de essa ser uma decisãoque pudesse acabar com a sua vida. 

Contudo as palavras de Tome estão carregadas de dúvida. O especialista no NovoTestamento,  Merrill Tenney, escreve: "Sua fé era corajosa, mas não triunfante. Ele contava com apossibilidade do martírio como um dever, mas ele não considerava o conceito de vitória sobre a

morte e todos os seus poderes. A fé não havia passado ainda de resolução para percepção."5

 Tudo o que Tome podia ver era que a viagem para Betânia significava a morte certa. Ele não

conhecia ninguém com quem desejasse morrer a não ser com o seu Mestre e com os outrosdiscípulos. Eu chamo isso de lealdade. 

 Face a face com um futuro incerto João 14 mostra que Tome tinha dúvidas sobre o futuro também. Eles foram à Jerusalém. Foi

ali que Jesus enfrentou a sombra da cruz. Ele correu até o segundo andar de um prédio namovimentada cidade onde Jesus e os doze teriam a última refeição juntos. Jesus deu-lhes a notícia

de que sua morte estava próxima. A separação era inevitável. Enquanto Jesus observava o recintopara ver as reações, Ele percebeu medo e dúvida nos olhos deles. Foi quando Ele disse as maiscarinhosas palavras para tentar acalmar a mente preocupada deles e fortalece-lhes a determinação

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abalada. 

Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitasmoradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vospreparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vóstambém. E vós sabeis o caminho para onde eu vou. (João 14:1-4.)

Jesus mal havia terminado de falar quando Tome explodiu: "Senhor, não sabemos para ondevais; como saber o caminho?" (v. 5.) Adoro a sua sinceridade irrefletida! Os outros estavampensando a mesma coisa, mas apenas Tome teve coragem de dizê-lo. Ele não estava discutindo enem tentando obstruir os planos. Ele estava afirmando a verdade. Ele não tinha pista alguma sobreaonde Jesus iria e por isso questionou o comentário de Jesus" ...vós sabereis o caminho". Averdadeé que ele não sabia o caminho. Nenhum deles sabia. Por isso ele perguntou: "Como saber ocaminho?" 

"Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão

por mim. Se vós me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai. Desde agora o conheceise o tendes visto." (w. 6-7.) 

Pense nisso. Se Tome não tivesse expressado as suas dúvidas naquela pergunta, Jesus talveznunca tivesse pronunciado essas palavras... palavras que, na realidade, trouxeram esperança econsolo a muitos até os dias de hoje. Boa pergunta, Tome. Muito bom.  

Em sua dificuldade com a dúvida, Tome desejava dizer: "Não entendo muito bem essateologia, Jesus. Não está muito clara para mim. Há alguma •coisa sobre esse céu que não consigo

entender". Sem um traço sequer de admoestação, Jesus deu uma explicação a Tome de modogracioso e respeitou as suas dúvidas. Ele compreendeu a sua confusão, o seu medo, a sua dor.  

Verdade seja dita, Tome estava sofrendo. Os seus sonhos haviam se partido. As suasesperanças, esmagadas. O seu plano de ter um rei terreno triunfante caiu por terra numa únicadeclaração de intenção. Pouco depois daquele diálogo sincero entre Jesus e os seus discípulos,Tome ficou assistindo, a distância, à morte violenta e torturante de Jesus. Ele viu o sangue jorrarpela rua. Ele viu as estacas grossas de ferro desaparecendo nas mãos e nos pés de Jesus. Elecontorceu seu rosto quando viu a lança rasgar o seu corpo. Logo tudo havia terminado. Com aquilo,o Tome Reflexivo sofreu - desaparecendo nas sombras do depressivo e confuso dia em Jerusalém...completamente arrasado. Ele se retirou. 

Antes de prosseguirmos, preciso dizer que as pessoas reflexivas geralmente sofrem sozinhas.Pessoas como Tome vivem momentos de reclusão e solidão. (Sei bem... sou uma delas.) 

Até mesmo as pessoas mais chegadas a mim não sabem muito bem as questões com as quaiseu luto de modo intenso. Talvez não devessem saber mesmo. Mas as lutas permanecem. Não meentendam mal. Não tenho dúvida sobre a minha fé no Senhor Jesus. Certamente não duvido do seusangue que pagou o preço completo pelos meus pecados e a sua ressurreição. Mas assim comoTome, tenho perguntas. Muitas delas. Meu livro de aprendizado ainda não acabou de ser escrito.Meus pensamentos ainda estão sendo impressos e compilados. A tinta ainda não secou no meudiário de perguntas. Confesso a você que não é muito incomum eu lutar durante uma semana comquestões difíceis. 

Quando meu pai morreu aos 87 anos, ele havia morado conosco durante quatro anos antes de  julgarmos necessário colocá-lo no lugar limpo e tranqüilo onde ele morou por mais um longotempo. Eu e minha irmã cuidávamos dele com todo cuidado até os seus dias finais num hospital. Eu

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sofria em silêncio. No que dizia respeito às minhas responsabilidades como pastor numa igrejadinâmica que crescia, era como se alguém tivesse ligado a minha tomada e continuei trabalhando. 

Eu preguei no enterro do meu pai para um grupo pequeno de amigos e parentes. Falei deforma clara e adequada sobre as promessas de Deus e sobre a esperança que temos além da morte.Enterrei o corpo frágil do meu pai com graça e equilíbrio como todos os bons pastores fazem.

Nunca perdi o pique. Já havia feito aquilo centenas de vezes no ministério. Poderia fazer aindamais de olhos fechados... e sempre com compaixão e carinho. 

Minha irmã Luci e eu voltamos de avião para casa. Aproveitando um período de silêncio, elaperguntou: "Querido, você crê em cada palavra que pregou hoje?" A pergunta me fez pensar...profundamente.  

"Não", disse eu com um suspiro. "Há coisas que ainda estão em processo de decisão." 

"Não é isso que estou perguntando", ela tornou ao assunto gentilmente. "Sei que você crê emmuito daquilo. Só quero saber se você crê em 'cada coisa que disse'. Porque, se crê, somos muitodiferentes." 

Eu disse: "Não. Há coisas que são difíceis de acreditar. Nem tudo encaixa no meu coração ena minha mente". Ela parou por um instante e pegou a minha mão com carinho. Enquantoderramava lágrimas quando respondeu: "Que bom, querido. E isso não tem problema". Talvez porcausa da sua carinhosa expressão de amor e sinceridade, eu fiquei olhando para as nuvens lá fora ecomecei a chorar por meu pai e pela perda.  

Temo que muitos cristãos pensem que conseguiram pegar a mensagem do cristianismo eembalá-la numa caixa escrevendo em cima: "Não pergunte. Não fale nada". Do outro lado estáescrito: "Sem chance para as dúvidas e questionamentos." 

Alguém em sua família precisa lhe dar permissão para chorar quando um ente querido morre?Quero dizer, sofrer de verdade? Você sente a liberdade de admitir: "Não tenho certeza?" Há espaçopara os seus pensamentos e questionamentos? Em resumo: está certo questionar? Sim, está! Naverdade, é preciso! Você precisa questionar ou não vai crescer. Você vai acabar assimilando asrespostas de alguém e, em muitos casos, elas serão inadequadas para as suas perguntas... Se vocêfor sincero para fazê-las. 

Percebo respostas prontas geralmente vindas de pessoas que não sofreram muito. São pessoasque estão isoladas do mundo real. São fechadas... sem disposição para ficarem vulneráveis. Derepente, vem o divórcio. Ou alguém morre em condições trágicas ou perde o emprego. A realidadeas atinge e a tempestade começa ameaçando a sua existência tranqüila. A explosão emocionalresulta em mais perguntas do que respostas. Essas pessoas descobrem coisas que não sabiam. Estão

num dilema que não conseguem resolver. Àquela altura, as soluções simplistas são substituídaspelas reflexões realistas... e as coisas profundas de Deus começam a emergir, deixando para trás asrespostas rasas. 

Isso explica por que Jesus não repreendeu Tome dizendo: "Procure no seu caderno! Jáfalamos sobre isso no meu sermão no Monte das Oliveiras - página 59". Na verdade Ele falou:Tome, suas perguntas serão respondidas em mim. "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida" 0oão14:6). 

Como Ele podia ser "o caminho" quando se achavam no fim da Unha? Como Ele podia serchamado de "verdade" quando parecia um engodo? Como Ele podia ser "a vida" quando acabaram

de descobrir a sua morte iminente? Mais perguntas complicadas persistiam na alma quebrada deTome. Durante os três dias da morte de Cristo, os discípulos sofreram, assombrados com medo,assolados pela dúvida. Então, quando Jesus apareceu novamente a eles, tudo mudou. 

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João recorda aquele encontro que causou grandes mudanças:  

Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam osdiscípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco! E,dizendo isto, lhes mostrou as mãos e o lado. Alegraram-se, portanto, os discípulos ao verem o Senhor.Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos

envio ...Ora, Tome, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. 0oão20:19-21, 24.)

Com esperanças frustradas e sonhos desfeitos, Tome não era encontrado em nenhum lugar.Ele havia se perdido em suas dúvidas e em seu desapontamento. Onde quer que estivesse, os outrosdiscípulos logo o encontraram e exclamaram: "Vimos o Senhor!" 

No entanto isso não era o suficiente para o nosso amigo reflexivo. Ele queria uma provatangível. Por isso Tome disse: "Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser odedo, e não puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei." (v. 25.) 

Mais uma vez, Tome teve dúvidas. Ele não creu de modo cego porque os outros creram. Ele

precisava mais do que alguns amigos animados para convencê-lo de que aquele evento horrível quetinha testemunhado dias antes havia milagrosamente se transformado. Ele queria tocar as mãos deJesus, sentir as cicatrizes e colocar a dedo na ferida feita com a lança antes que pudesse acreditar. Eera justamente aquilo que Jesus tinha em mente para Tome. João escreve sobre esse eventotambém: 

Passados oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos, e Tome, com eles. Estando asportas trancadas, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco! E logo disse a Tome:Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega também a mão e põe-na no meu lado; não sejasincrédulo, mas crente. Respondeu-lhe Tome: Senhor meu e Deus meu! (w. 26-28.)

Depois de ter enfrentado de forma sincera as suas dúvidas, Tome descobriu uma fé firme.Quando se convenceu, ele cedeu. 

Vencemos a dificuldade da dúvida do mesmo modo - enfrentando essas dúvidas e levando-asao Salvador! Assim como Tome. 

"Qualquer pergunta que façamos sem malícia não é uma pergunta cética. É uma buscasincera. Jesus responde de uma forma graciosa: "Porque me viste, creste? Bem-aventurados os quenão viram e creram." (v. 29.) 

Você está entre os "que creram" do verso acima. "Bem-aventurados os que não viram ecreram". Bem-aventuradas vocês, Maria, Doris, Bárbara e Martha. Bem-aventurados vocês, Bob,Bill, Nathan e Frank. Bem-aventurados todos vocês que não viram, mas creram! Bem-aventuradosvocês que levaram as suas dúvidas a Ele e as depositaram ao pé da cruz. É ali - na cruz - ondeaqueles que não conseguem lidar com as dúvidas são capazes de compreender. É o lugar aondetodos devemos ir... mais cedo ao invés de mais tarde. 

QUANDO NÃO CONSEGUIMOS AGÜENTAR 

Posso terminar este capítulo escrevendo a você de uma forma pessoal? Sim, a você. Quando

vivemos de modo realista e reflexivo, chegamos a lugares onde sentimos que não vamos agüentar.Pode parecer que não, mas esses são os lugares mais saudáveis da vida. Mas são também os maisdifíceis. Quando chegamos ao limite, quando a dor parece insuportável, quando algo inacreditável

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ocorre, as dúvidas chegam inesperadamente. Não as negue; reconheça-as. Os momentos de dúvidassão uma escola. Conforme tentamos compreendê-las, um novo tipo de fé é forjado. Essa fé vemcom vagar e é saudável. Ela é modelada na bigorna do plano misterioso de Deus e parte dele nuncaseremos capazes de explicar. Mas tudo bem. 

A verdadeira pergunta é como. Como fazemos esse novo tipo de fé crescer na dificuldade da

dúvida? "Primeiro, correndo risco e fracassando, nem sempre de uma forma segura". Não dá para

viver uma vida de medo. Nem sempre conseguimos viver em segurança. Vencer as dúvidassignifica começar a viver pela fé e não pelo que vemos. Essa nova jornada tem seus riscos. Nãoconseguimos ver o que há além de cada curva ou prever cada perigo. Algumas vezes fracassamos,mas isso não é fatal! É a maneira pela qual crescemos, confiando em Deus nos riscos e nosfracassos. Vá em frente. Recuse-se a viver em segurança.  

"Segundo, continuamos crescendo quando abrimos mão ou perdemos coisas valiosas e nãoencontrando segurança no que é temporal". No cerne dessa técnica está o princípio de não se

apegar a nada. Eu e Cynthia conhecemos um casal que chega mais próximo do ideal de pais que jáconhecemos. Todo Natal recebemos um cartão deles. Durante anos eles foram o modelo de famíliapara nós. Contudo, certo dia, encontraram-se à beira de um terrível abismo. Sua preciosa filha deuentrada num hospital psiquiátrico depois de tentar o suicídio por causa de distúrbio de alimentação.Nossos queridos amigos chegaram ao fundo do poço. Eles não estavam sorrindo e citando versos daBíblia. Eles não ficavam sorrindo para a vida, repetindo clichês cansativos como: "Apesar de tudo,Deus é maravilhoso, Ele é bom". Não, eles quase se afogaram em suas dúvidas. Choraramamargamente. Questionaram tudo no qual creram. 

Eles continuavam sendo pessoas de fé enquanto estavam perdidos na escuridão? Claro quesim. Com a graça de Deus, com o tempo, eles liberaram essas dúvidas depois de enfrentá-las comsinceridade e se recusaram a buscar segurança no que é temporal. Hoje, olhando para trás, estãoconvencidos de que aqueles dias solitários provaram ser os melhores dias da sua vida. Hoje atrajetória deles com Deus é muito mais madura do que antes.  

"Terceiro, continuamos a crescer questionando e investigando as incertezas, sem nosagarrarmos impensadamente ao que é ortodoxo". Leia isso mais uma vez, em voz alta. Não dá paraengolir as respostas de alguém de modo cego. Mantemos a nossa mente e o nosso coração na buscada verdade de Deus. Procurando nas Escrituras, buscando a sabedoria e o entendimento de Deus. Éisso o que quero dizer com questionar e investigar. 

"Quarto, crescemos admitindo ou lutando com a nossa humanidade, sem negar as nossaslimitações e esconder os nossos medos". Posso garantir a você que este escritor das coisas de Deuscompreende quando você se depara com a dúvida. Já passei por isso mais vezes do que vocêpoderia acreditar. Você definitivamente não está sozinho. 

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NÃO DUVIDE; CREIA 

Talvez você tenha lido pela primeira vez em sua vida que há um lugar na cruz para suasdúvidas e seus questionamentos. Pode ser que alguma alma bem-intencionada tenha forçado você a

crer ou sentir que os seus questionamentos são uma ofensa para Deus. Você precisa ouvirnovamente as carinhosas palavras daquele que conhece as suas dúvidas e os seus medos melhor doque você mesmo. Ele diz: "Que a paz esteja com você. Olhe as minhas mãos e os meus pés. Olhecom olhos de fé e creia. Você é bem-aventurado quando crê apesar das dúvidas." 

Senhor, a nossa fé encontrou um lugar de descanso em seu Filho, Jesus. Mesmo assim, como Tome,lutamos contra os medos - temos dúvidas. Não entendemos tudo na vida ainda. Não até que estejamoscom o Senhor. Obrigado por aceitar as nossas lutas e obrigado por não ignorar as nossas perguntas.

 Já fiz algumas delas centenas de vezes. Obrigado por entender, embora nós choremos com perdas,ainda o amamos. Quando questionamos sobre as tragédias e calamidades da vida, não estamosduvidando do seu direito de governar... lutamos para abrir mão dos nossos próprios direitos. Estamostentando entender o que acontece. 

Obrigado por não nos rejeitar quando fracassamos. Obrigado por não nos deixar à mercê das nossasdúvidas. Obrigado pela mensagem do seu Livro, que inclui pessoas sinceras como Tome, que

 finalmente disse: "Senhor meu e Deus meu". Tenha paciência conosco conforme tentamos chegar aesse ponto também. 

Oro isso em nome de Jesus. Amém. 

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CAPÍTULO 6  

 Rompendo as dificuldades do divórcio 

SOU PASTOR. Esse é meu dom e minha paixão. Não importa se estou estudando na tranqüilidadedo meu gabinete ou pregando em um culto cheio de gente, o que flui da profundidade do meu sersão os sermões - observações e implicações, aplicações e exortações da Palavra de Deus. Tudo issotem atravessado minha alma, tem sido impresso por meus dedos na página e, finalmente,expressado por meus lábios primeiro para minha congregação e depois através das ondas do rádio.

Todos os sermões, não importa se escritos ou falados, devem ter uma natureza instrutiva.Devem ser baseados na verdade de Deus, não em opiniões humanas. Há quase um século, outropregador, muito mais capacitado do que eu, chamado Charles Haddon Spurgeon falou aos seusalunos, incentivando-os a buscarem a verdade e a doutrina fundamental em seus sermões:

"Os sermões 'precisam conter o verdadeiro ensinamento' e a doutrina precisa ser sólida,fundamental e abundante. Não subimos ao púlpito para falar por falar; temos instruções a dar,instruções que são essenciais, e não podemos nos dar o luxo de não falar nada. A nossa gama deassuntos não pode ser indefinida e, assim sendo, somos indesculpáveis se os nossos discursos foremtriviais e destituídos de substância."7 

Conforme eu planejava como entraria neste capítulo sobre as duras realidades do divórcio, euresisti à tentação de escrever sobre trivialidades. Você sabe disso se passou por esse trauma ou seconhece alguém que também já passou. Precisamos da perspectiva de Deus - a sua verdade nãoadulterada das páginas da sua Palavra combinada com as expressões carinhosas e claras do seuFilho, Jesus. 

Confesso que, enquanto escrevo este capítulo, sinto um peso em meu coração. Este é umassunto sério e triste. No entanto, já que o divórcio é algo tão comum em nossos dias, um livrosobre as dificuldades da vida estaria incompleto sem um capítulo sobre esse tópico. Espero que aointeragir com os ensinamentos bíblicos, você seja desafiado a pensar com mais profundidade eviver com mais cuidado. 

Mais do que isso, se você está à beira do divórcio ou lutando com os pensamentos deabandonar o seu cônjuge, você precisa saber que não está sozinho. Aquele que entende os seusdesejos mais profundos e os seus fardos mais íntimos se importa com a sua dor e consegueidentificar-se com você em sua decepção. Seu nome é Jesus. Ele conhece todas as suas razões paraquerer sair do casamento. Ainda assim, Ele está ao seu lado hoje, sem apontar seu dedo divino ourepreendê-lo por falta de fé, mas está ansioso para acalmá-lo e consolá-lo, ajudá-lo a pensar maisprofundamente e trazer uma nova determinação para que confie nele mais um dia.  

Assim, você permanecerá comigo pelas várias páginas seguintes? Se você já estiver no meiode um terrível divórcio ou procurando um modo de fugir de um relacionamento doloroso e

machucado, estas não serão verdades fáceis de ler e meditar. Mas fique comigo, por favor. OuvindoDeus através da sua Palavra, posso dar-lhe um conselho confiável daquele que é o MaravilhosoConselheiro e Príncipe da Paz. Pare e lembre-se - Ele criou a idéia de casamento. Ele foi o

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idealizador do casamento, o supremo Arquiteto. Ele é o mais apto conselheiro para ajudá-lo em seurelacionamento destruído. Para início de conversa, foi Ele quem criou você.  

A primeira parada em nossa jornada em busca da perspectiva é uma viagem no tempo.Vamos voltar ao plano bíblico do casamento para ver como tudo começou. 

QUANDO O CASAMENTO COMEÇOU 

O casamento começou pouco depois do início da existência da vida humana. O primeirocapítulo de Gênesis fornece uma descrição ampla da atividade divina nos primeiros seis dias dacriação. O clímax da sua criação da Terra e o Universo acontece quando Deus diz: "Façamos ohomem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar,sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis querastejam pela terra." (Gênesis 1:26.) O narrador inspirado continua: "Criou Deus, pois, o homem àsua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou." (v. 27.) 

Gênesis 2 se abre como uma lente de zoom sob a direção do Espírito Santo e descreve aseqüência da criação humana. Primeiro, lemos sobre a criação de Adão: "Então, formou oSENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homempassou a ser alma vivente." (v. 7.) 

Logo a seguir, Deus criou a mulher: 

"Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lheseja idônea... Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomouuma das suas costelas e fechou o lugar com carne. E a costela que o SENHOR Deus tomara aohomem, transformou-a numa mulher e lha trouxe." (w. 18, 21-22.)

Essa deve ter sido uma cena magnífica. Que casamento mais lindo! Vendo a solidão e a aridezda alma de Adão, Deus decidiu intervir e mudar tudo aquilo. De forma espantosa, da costela deAdão, Ele desenhou uma criatura graciosa e singular - uma mulher. E Deus trouxe Eva para Adãopara o primeiro relacionamento de casamento. Sem marcha nupcial, sem vestido de noiva, semcerimônia das alianças, sem mãos úmidas, sem a mulher do cerimonial estressada gritando ordemàs assistentes. Apenas uma cena calma no jardim, com Deus, o homem e a mulher unindo-se.Perfeito. Harmonia perfeita. Casal perfeito. Plano perfeito... declarado em palavras simples: "Porisso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. Ora, um eoutro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam." (w. 24-25.) 

Numa breve narrativa, Deus realiza seu plano original para um casamento ideal:  

•  O primeiro casamento aconteceu entre um homem e uma mulher.•  O casal foi unido pelo próprio Deus.•  Eles deveriam viver o seu relacionamento do modo de Deus e para a glória de Deus.

Uma observação cuidadosa no plano revela quatro ingredientes essenciais: "rompimento, permanência, unidade e intimidade". Vamos refletir sobre cada um deles. 

Primeiro, precisa haver rompimento. "Deixa o homem pai e mãe". O tipo de casamentooriginalmente planejado por Deus exige que tanto o noivo quanto a noiva rompam os laços de

dependência com os seus pais ou responsáveis. Isso garante que o relacionamento de casamentocomece sem emoções rivais. O princípio também implica numa clara dependência em Deus einterdependência entre os cônjuges. 

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Segundo, precisa haver permanência. "E se une à sua mulher". A palavra usada para "unir"significa literalmente "juntar ou colar duas partes". Há a idéia de permanência. Adão e Evadeveriam ter um relacionamento impenetrável e duradouro.  

O terceiro ingrediente essencial é a unidade. "Tornando-se os dois uma só carne". Isso não éuniformidade. O homem e a mulher devem ser diferentes. Devem ter papéis distintos. Devem

manter as características e o temperamento singulares dados por Deus. Apesar da singularidade,Deus planejou uma unidade que deve prevalecer - o cuidado duradouro de um relacionamentounificado. 

 De modo apropriado, o toque final que Deus planejou foi a intimidade. "Ora, um e outro, ohomem e a sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam". No caso de Adão e Eva, essa erauma intimidade carinhosa ordenada por Deus sem manchas de pecado. Livre de vergonha. Semmalícia. A íntima liberdade emocional e as delícias sexuais do primeiro marido e esposa vão alémda nossa compreensão. O casamento dos dois era perfeito. Absolutamente perfeito... até Gênesis 3.  

ONDE O CASAMENTO DEU ERRADO 

O que deu errado? A resposta está em uma palavra: "pecado". 

Provavelmente você já conhece a história. Deus deu a Adão e Eva a perfeita liberdade deviver na abundância do jardim. Ele os proibiu de uma coisa apenas: que não comessem do fruto daárvore do conhecimento do bem e do mal. Esse conhecimento traria morte espiritual e física(Gênesis 2:17). No entanto, eles não obedeceram a Deus. Comeram o fruto proibido e deram inícioa uma avalanche de destruição e maldade.  

O pecado teve um efeito destrutivo sobre a  permanência talvez mais do que sobre orompimento, a unidade e a intimidade. O pecado enfraqueceu o laço de casamento selado no santoaltar de Deus. Em vez de pregar sobre esse assunto, irei apenas dar destaque a um aspecto. Se háuma mancha horrível nos registros dos relacionamentos humanos desde aquele dia até os dias dehoje, essa mancha é o rompimento da permanência no casamento. 

O QUE ACONTECEU COM A PERMANÊNCIA? 

As estatísticas revelam um problema epidêmico. Se a tendência continuar, mais do que ametade de todos os casamentos americanos terminará em divórcio antes de completar dez anos.

Embora isso me perturbe, há dois lados dessa questão que me procuram muito. Sinto uma grandedor só de mencioná-los aqui, mas devo fazê-lo. 

Primeiro, fico preocupado com o fato de casais cristãos serem tão suscetíveis ao divórcioquanto os incrédulos. Apesar dos recursos divinos inesgotáveis à nossa disposição, a possibilidadede um casamento cristão durar a vida toda é tão remota quanto para os incrédulos. Os seguidores deJesus Cristo estão preferindo abandonar o compromisso do casamento. Os números alarmantescrescem a cada ano. 

 A segunda parte que me preocupa muito é a destruição que o divórcio causa nos filhos. Eessa destruição inclui filhos adultos do divórcio. Atualmente, menos de três quartos de todos os

filhos nos Estados Unidos vivem em lares onde ambos os pais estão presentes. O cenário não énada melhor em outros países. O divórcio está incapacitando as novas gerações. 

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 Por que nos preocupar? "E daí?" Talvez você se pergunte. Falando de forma franca, porque o divórcio não foi

planejado por Deus, nem o agrada. O divórcio na Igreja é uma epidemia. Sendo curto e grosso,Deus planejou que houvesse um homem e uma mulher num casamento para a vida toda. Deus seagrada com um pai e uma mãe (de sexos opostos) que criam os seus filhos no saudável temor e na

instrução do Senhor. Deus é honrado e se agrada grandemente quando as famílias funcionam comuma comunicação aberta, sendo modelo nos papéis de homem e mulher e edificando a confiança, oamor, a disciplina e a segurança (só para citar alguns exemplos). Na verdade, Deus quer que a suaIgreja seja um modelo dessas características - e que não as manche com o divórcio.  

Uma outra preocupação crítica é que o divórcio começa com um ciclo que nunca melhora-sempre piora. Quando o pensamento de romper o casamento se torna uma opção, a permanência docasamento é sutilmente minada. E quando essa mentalidade se torna realidade, a bola de nevecomeça a crescer. A história revela que quando os lares de uma nação são destruídos de formapermanente, as bases desse país começam a ruir. 

Nós que passamos a vida em um contexto de pecado penetrante não conseguimos imaginarcomo seria viver num contexto de inocência penetrante. Pare e pense. Faça duas colunas em suamente. 

INOCÊNCIA  PECADO 

Paz, harmonia e alegria  Conflito, luta e ira 

Comunicação aberta, intimidade, desejo de 

obedecer a Deus 

Comunicação fechada, egoísmo, desejo de agradar a mim mesmo 

ou culpar os outros se eles não 

me fazem feliz, ou culpar a Deus  por isso. 

Amor, afeição, cuidado,segurança e compromisso

sacrificial 

Exigências, ódio, competição, baixa auto-estima 

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O escritor John Powell faz um trabalho habilidoso em seu livro Happiness Is an Inside job (Afelicidade é um trabalho interno) onde ele descreve como somos ingênuos em desejar a felicidadeatravés da vida de outra pessoa. Leia as suas palavras com cuidado, refletindo sobre elas.

"Alguns anos atrás, um advogado especializado em divórcio sugeriu que a maioria dos casos

 

de divórcio acontece como resultado de expectativas romantizadas. Jack imagina que estarcasado com Jill será o auge do êxtase. Ele a chama de 'anjinho' e 'queridinha'. Ela é tudoaquilo de que ele precisa. Ele canta para ela músicas românticas. Pouco tempo depois dogrande dia, a realidade surge: há mal-humor, ganho de peso, jantares queimados, secador decabelo, mau-hálito e cheiro de suor. Ele fica imaginando como foi parar ali. Ele secretamenteacha que ela o enganou. Ele apostou sua felicidade no 'rostinho de anjo' e perdeu.Por outro lado, antes de se casar, o coração de Jill batia um pouco mais acelerado quandopensava em Jack. Será o paraíso estar casada com ele. 'Jackie e eu e o bebê, nós três... no meuParaíso Azul'. Logo há as cinzas de cigarro, sua compulsão por esportes na televisão,pequenas atitudes que magoam. As roupas são jogadas no chão em ordem cronológica. Seucavaleiro em armadura brilhante se torna um desleixado. A tampa da pasta de dentes sumiu.

A maçaneta que ele prometeu consertar sempre sai na mão dela. Jill chora muito, começa aprocurar "conselheiros matrimoniais" nas páginas amarelas. Jack a levou de modo galantepara ver o pôr-do-sol. Depois disso, tudo foi escuridão. Em torno de 50% de todos oscasamentos terminam em divórcio e 65% de todos os segundos casamentos terminam em umatristeza traumática. Quando esperamos que alguém ou alguma coisa nos faça feliz, a desilusãoé o resultado quase certo. Tais expectativas são como um piquenique que termina com chuva.O lugar chamado "Camelot" e a pessoa chamada "Certa" não existem... Certa vez vi umacharge com uma mulher enorme de pé ao lado do marido franzino exigindo: "Faça-me feliz!"Era uma charge e a intenção era fazer rir. Era uma distorção da realidade. Por isso que eraengraçada. Ninguém pode nos fazer verdadeiramente feliz ou verdadeiramente infeliz."2 

Quando iremos aprender isso? O casamento nunca foi planejado para nos fazer felizes. Sendoassim, sua infelicidade não é a razão para romper um compromisso para a vida toda. A felicidade écomo a cobertura do bolo. Como já tenho dito durante anos, não é o amor que mantém ocasamento; é o compromisso. O amor, como uma emoção, declina e se desgasta com o tempo. Nãohá muitas noites sob as estrelas. Doença, decepções, mágoas, envelhecimento e adversidade - tudoisso funciona contra o amor romântico, mas essas mesmas lutas são capazes de fortalecer ocompromisso. 

Todas essas más notícias salientam o poder destrutivo do pecado. Desde o início dodesmoronamento em Gênesis 3, todos os casamentos sofrem o estresse da influência destrutiva do

pecado. Luta, abuso, engano, baixa auto-estima, egoísmo e imoralidade - acrescente tudo isso àmassa do casamento e não é de se admirar que precisemos do poder de Deus para sobreviver. A boanotícia é esta: há esperança em Cristo para superar a dificuldade do divórcio, não importa ondevocê esteja no ciclo. 

NA ÉPOCA DE JESUS: SUA INSTRUÇÃO RELATIVA AO DIVÓRCIO 

O ensinamento fundamental de Cristo sobre o divórcio está em Mateus 19, Jesus estavapreocupado com a questão do divórcio até em sua época, pois era muito freqüente tanto entre as

pessoas comuns quanto entre os fariseus. Mateus retrata a cena no capítulo 19 do seu evangelho.Ele mostra os líderes religiosos mais uma vez tentando encurralar Jesus, mas a armadilha dessa vezera em torno da questão do divórcio. 

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"Vieram a ele alguns fariseus e o experimentavam, perguntando: É lícito ao marido repudiar asua mulher por qualquer motivo?" (v. 3.) 

Para entender o que levou os fariseus a fazerem essa pergunta, devemos compreenderprimeiro um evento que ocorreu na história do povo hebreu. No início, Deus planejou que Israelfosse a sua testemunha para o resto do mundo. No entanto o povo judeu antigo, lutando contra a

incredulidade, finalmente cedeu aos padrões mundanos de uma vida egoísta. Isso os levou a realizarcasamentos mistos com os gentios. O que "distinguia" os judeus dos gentios ficou cada vez maisconfuso. Para corrigir o erro e preservar a pureza da nação, Deus permitiu que Moisés liberasseuma carta de divórcio se uma "coisa indecente" fosse encontrada do cônjuge (veja Deuteronômio24:1-4). Isso deveria ser uma exceção, mas nunca uma regra. Como John Stott destaca, o divórcioera "apenas uma concessão divina à fraqueza humana".3 

Várias respostas Devemos admitir que há uma variedade de interpretações do significado de "coisa indecente".

A expressão dividia até as pessoas da época de Jesus. O especialista bíblico D. A. Carson escreve: 

"As opiniões eram basicamente divididas em campos opostos: tanto a escola de Hillel como aescola de Shammai permitiam o divórcio (um homem separan-do-se da mulher: o oposto nãoera considerado) com base em erwat dabar ("coisa indecente", Deuteronômio 24:1), mas elesdiscordavam do que "indecente" incluiria. Shammai e seus seguidores interpretavam aexpressão como indecência em geral, não necessariamente o adultério somente;  Hillelexpandiu o significado além do pecado a todos os tipos de ofensas reais ou imaginárias,incluindo uma refeição mal-preparada.   HilleliteR. Akiba permitia o divórcio no caso deolhares a mulheres mais bonitas."'* 

Os fariseus esperavam que Jesus caísse direto na controvérsia  Hillel versus Shammai ondepoderiam acuá-lo independentemente da sua resposta. Jesus percebeu sua estratégia e, em vez deser empurrado para o ringue, Ele decidiu seguir a lógica do profeta Malaquias, que registra aspalavras do próprio Deus sobre o assunto quando escreveu: "Eu odeio o divórcio." (Malaquias2:16.) Apesar de ser culturalmente aceito, o divórcio não é normal, não é neutro, nem é umapromessa válida de uma saída fácil de um conflito. O divórcio sempre foi algo destrutivo. As suasconseqüências são duradouras e tem um longo alcance. Embora, em algumas situações, ele sejapermitido. 

Uma análise criteriosa Jesus decidiu concentrar a atenção dos fariseus no plano original de Deus para o casamento

quando respondeu: "Então, respondeu ele: Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os fezhomem e mulher e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher,tornando-se os dois uma só carne?" (Mateus 19:4-5.) Ele então abordou a permanência e asantidade do casamento com uma ordem poderosa: "Portanto, o que Deus ajuntou não o separe ohomem." (v. 6.).

Os fariseus persistiam em aprofundar o assunto: "Por que mandou, então, Moisés dar carta dedivórcio e repudiar?" (v. 7.) Jesus nem pestanejou. Em sua resposta a essa pergunta, Ele deu três

esclarecimentos importantes, dois dos quais estão no verso 8. Jesus respondeu: "Por causa dadureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foiassim desde o princípio", (v. 8.) Primeiro Jesus corrigiu os fariseus: Moisés não ordenou o

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divórcio; ele o permitiu. Segundo, Jesus reiterou que o divórcio não era o plano original de Deusdizendo: "Não foi assim desde o princípio". Finalmente Jesus especificou o significado de "coisaindecente" - a passagem controversa de Deuteronômio 24:1, que colocava mais lenha na fogueirano debate que dividia os campos de Hillel e Shammai: "Eu, porém, vos digo: quem repudiar suamulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério e o que

casar com a repudiada comete adultério." (v. 9) A palavra grega que Mateus usa para "relações sexuais ilícitas" é   porneia. A palavra

 pornografia tem origem nessa palavra. Ela não se limita a adultério, embora ela a inclua. Ela podese referir a incesto, lesbianismo, atos homossexuais e, definitivamente, um estilo de vida de mal-comportamento sexual fora dos laços do matrimônio. 

Não parece que Jesus estivesse dando permissão para os casais se divorciarem por causa deuma única relação sexual fora do casamento. Porneia não denota isso. Quando Jesus usou essapalavra, Ele estava enfatizando um desejo contínuo da parte de um dos parceiros de se manterinfiel sexualmente, uma determinação de buscar a intimidade sexual com uma outra pessoa fora do

casamento. Deixe-me acrescentar que o parceiro fiel não está obrigado a deixar o casamento. Deus (queodeia o divórcio) deseja que o parceiro fiel permaneça tempo o suficiente para Deus fazer ocasamento destruído funcionar novamente, curar e restaurar. Preciso deixar claro também que podeser algo vago tentar determinar quem é fiel e quem não é. No entanto aquele que "não" cometeuuma série de atos indecentes é estimulado a permanecer fiel e permitir que Deus opere. Já vipessoas que mais tarde disseram: "A melhor coisa que fizemos foi permanecermos juntos. Eudecidi perdoá-lo. Compreendi que foi um mau passo, uma quebra na intimidade. Não sei bem o quetemos pela frente. Mas tenho certeza de que nossos filhos, o casamento e o nosso futuro merecemque andemos adiante". Você já ouviu sobre o amor firme. Eu chamo essa reação de compromissovigoroso. Meus aplausos a ele. 

Uma aceitação necessária 

Mateus não deixa claro se os fariseus compreendem a seriedade do ensinamento de Cristo,mas ele nos dá uma dica de que os discípulos sim: "Disseram-lhe os discípulos: Se essa é acondição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar." (Mateus 19:10.) 

Jesus confirma o que eles disseram, mas os corrige também: 

Mas Jesus disse: "Nem todos são maduros o suficiente para viver uma vida conjugai. É necessário

uma certa aptidão e graça. O casamento não é para todos. Alguns, desde o nascimento, não pensamem se casar. Outros nunca são pedidos em casamento - ou aceitam. E alguns decidem não se casarpor causa do reino. Mas se você é capaz de crescer na grandeza do casamento, vá em frente."(Mateus 19:11-12, The Message). 

Em outras palavras, se você tem o dom do celibato ou é celibatário por qualquer razão queseja, permaneça solteiro... isso é muito bom! Isso é maravilhoso - aceite a sua vida de solteiro comoum dom de Deus. Mas se você decidir casar-se, leve esse compromisso muito a sério e faça comque seja permanente. Esse é o plano original de Deus para o casamento.  

ALGUMAS CONCLUSÕES DIFÍCEIS QUE EXIGEM UMA RESPOSTA 

Permita-me encorajá-lo a pensar sobre três coisas quando refletir sobre o ensinamento de

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Cristo a respeito do divórcio. Primeiro, a santidade do casamento exige um compromisso pessoal, assim como a santidade

da vida exige o nascimento. Não sonharíamos em tirar uma vida do útero. Isso é aborto!Permaneceríamos firmes contra isso até o fim. Precisamos concordar, com a mesma paixão, que asantidade do casamento exige compromisso. Você não tem o direito de abortar seu casamento

simplesmente por causa das lutas, das dificuldades ou das inconveniências. Eu repito - nenhumcasamento se mantém com o amor romântico somente. O amor é importante. Na verdade, o amor évital, mas ele pode se tornar frágil com o tempo. O compromisso fortalece o casamento quando aamor sofre fatiga. 

Segundo, a necessidade de compromisso é enfraquecida por causa da nossa natureza pecaminosa. Por isso que nos momentos de fraqueza temos a tentação de pular fora. O pecado entrae com ele a concessão, o enfraquecimento da vontade e quaisquer sub-produtos da carnalidade:abuso, infidelidade, egoísmo, brigas, rancores, comentários destrutivos, vergonha, sarcasmo e umnúmero de outras tendências destrutivas. Tudo isso enfraquece o compromisso. Sem ajuda, algunspodem desistir nesse estágio. Talvez seja esse o seu caso enquanto lê essas consideraçõesatentamente. 

Terceiro, a nossa natureza pecaminosa pode ser contra-atacada por Jesus Cristo. Ele éverdadeiramente a resposta. Ele é o remédio, não importa o quanto seu casamento tenha problemas.Sem Ele, estamos em um beco sem saída. Falando francamente, fico impressionado que algumincrédulo possa ter um casamento feliz e realizado. Mas sabe de uma coisa? Alguns podem superaras dificuldades. Tenho visto casamentos aparentemente gratificantes e satisfatórios entre os nãocristãos. De um modo notável, eles conseguem fazer isso sem o poder de Cristo. No entanto orelacionamento dessas pessoas nunca alcança a plenitude que o Arquiteto original planejou para ocasamento. 

Sem Jesus, um casamento sólido é virtualmente impossível de se manter. Se seu casamento jáestá em apuros, você não deve tentar superar as dificuldades de uma possibilidade de divórcio semdepender totalmente em Jesus por seu poder. Com Jesus no âmago dos parceiros, nenhumcasamento está perdido. Sempre há uma saída se ambos desejarem se render a Ele e permitir queEle opere do seu modo e em seu tempo. 

Recentemente um homem me disse: "Quero que você saiba que voltei para a minha esposa.Nós nos separamos e logo arrumei um caso extraconjugal. Sofri as conseqüências e a futilidadedisso. Estou voltando. Chuck, nunca havia sentido a presença de Deus e a sua força como sintoagora." 

É disso que precisamos nas circunstâncias difíceis de um divórcio iminente ou um casamentoproblemático: a presença e a força de Cristo. Contudo, para deixar as coisas bem claras, Ele não vaiinvadir o seu coração sem um convite. Ele espera para entrar - ser convidado a operar em seu favorou em favor do seu parceiro. Para começar uma obra sobrenatural de cura e restauração, parareverter os anos de dor, mal-entendidos, amargura e remorso, Cristo precisa ser convidado. 

Talvez você tenha acabado de experimentar os horrores de um longo e terrível divórcio. Seucônjuge deixou você por outra pessoa mais atraente. Você se sente descartado, usado e traído. Vocêprecisa saber que, embora eu desejaria dizer que entendo a profundidade da sua dor, não entendo deverdade. Não consigo porque nunca passei por uma rejeição abjeta de alguém que pensei que me

amasse mais do que qualquer coisa no mundo. Mas conheço alguém que entende. Aquele queconhece a dor da vergonha da rejeição, o horror da injustiça e o choque da infidelidade. Seu nome éJesus. Ele passou por tudo isso e por muito mais. Sugiro que você vá até Ele e à sua bendita cruz.

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Somente Ele pode pegar os cacos da sua vida e, de forma amorosa, colocar os pedaços no lugar,segurando cada um com empatia e cuidados compassivos. 

Talvez você já venha sofrendo há anos com um divórcio. Ainda assim a dor permanece,principalmente naqueles momentos quando você está sozinho. Deixe-me novamente lembrar você:Jesus está ali naqueles momentos de solidão e vergonha que permanecem enquanto todos seguem

com a sua vida. Você permitirá que ele o conforte agora? Espero que sim. Não tente lidar com asdificuldades sozinho, meu amigo. Confie completamente nele apesar do que você sofre. Recuse-sea desistir. Permita que Ele se torne a sua estabilidade e força. Ele espera que você o chame.  

Essa foi uma conversa séria, não um "papo vazio". Mas a conversa séria é necessária quandoa tentação de pular fora é forte. A menos que seja essencial para a sua sobrevivência, não faça isso!

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CAPÍTULO 7  

 Rompendo as dificuldades do novo casamento 

QUANDO EU E CYNTHIA MORÁVAMOS NO SUL DA CALIFÓRNIA, O SR E a Sra. PatoSelvagem voaram até o nosso quintal numa tarde fria. Tinham escolhido o nosso quintal e a nossa

piscina como habitação temporária. E pelo que observei, deviam estar em lua-de-mel. Era uma belavisão vê-los se aconchegarem um no outro e esfregarem o bico um no do outro.  

A cabeça verde-esmeralda do macho ficava perto da sua amada em sua beleza macia emarrom. Ela abanava-se, grasnava e retorcia-se de prazer. 

Embora perdido na beleza dessa que via da nossa cozinha, de repente olhei para a minhadireita e tive de rir. Nosso grande cachorro, Sha-sha (um samoedo russo) tentava se fazer de cão decaça. Ele fixou a atenção em um dos patos. Lá estava eu, desfrutando a linda cena de dois patossentindo-se seguros e românticos enquanto o nosso cachorro lambia os beiços pensando no jantar!

Uma analogia quase perfeita do casamento. Primeiro pensei na linda noiva e no noivo quandochegam ao altar aproveitando a animação e a beleza do dia especial - uma linda noiva vestida debranco, o noivo elegante em seu smoking preto e uma gravata-borboleta. Ambos com aquele "jeitoemocionado".

Infelizmente muitos não prestam atenção aos perigos. Eles não vivem felizes para sempre.Conforme o tempo passa, deixam de lado as coisas mais importantes e preocupam-se com questõesmenores. Esquecem-se dos predadores que espreitam ao seu redor.

Os patos são muito devotados uns aos outros. Na verdade os estudos documentam quepreferem morrer ao lado do parceiro baleado por um caçador. Acho isso fascinante.

O casamento deveria ser assim. Não uma jornada fácil, não um estilo de vida simples e cheiode alegrias, mas uma fronteira selvagem, perigosa e divertida. Mike Mason, em seu excelente livro

intitulado The Mystery of Marriage (O Segredo do Casamento), escreve:

"Em todos os lugares na sociedade, há grades, muros, alarmes, números de telefone que não constamna lista e as mais elaboradas precauções para manter as pessoas a uma distância segura. No entanto,no casamento, tudo isso é o oposto. No casamento os muros são baixos e, não só o homem e a mulhermoram sob o mesmo teto, como dormem sob a mesma coberta. A vida deles é escancarada e,conforme um estuda a vida do outro e tenta fazer com que ele reaja, não há procedimentos-padrão aseguir, nem formalidades a manter. Um homem e uma mulher se defrontam à mesa do café da manhãe, em meio a um tumulto de migalhas e secadores de cabelo e prestações da casa própria, elesprecisam se encontrar. Esse é o propósito da ordem do casamento. Todos os outros tipos de propósitospermeiam os sonhos e milhões de desculpas são criadas para evitar essa tarefa indispensável e central.

Mas o fato é que o casamento está enraizado em nada mais do que na pura união frenética de almacom alma, sem algemas. Não há um livro de regras para isso, não há lei a se recorrer, exceto a lei doamor. Embora o casamento possa ter a aparência de uma instituição altamente estruturada, formalizada e

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arraigada na tradição, na verdade ele é a associação humana mais crua, livre e imprevisível. É oespaço sideral da sociedade, a fronteira selvagem."7 

E é assim que deve ser. Maridos e esposas devem voar livres. Livres, um ao lado do outro,parceiros juntos para sempre, que conhecem as alegrias e os êxtases da intimidade e que estejamprontos para estar por perto quando o outro cair, ficar ao lado do nosso escolhido até o fim. Mas

nem sempre ficamos. É aqui que a alegoria acaba. O pato permanece porque é um pato. Por causado instinto. Mas nós somos livres para não permanecermos. O divórcio acontece... com freqüência.Perigos surgem. Relacionamentos acabam. O compromisso enfraquece. Os predadores atacamsorrateiramente. Não é de se surpreender que o laço de amor e permanência se rompa. Vimos agravidade disso no capítulo anterior.

O tempo passa. Há momentos de descuido e esquecimento quando os patos voam baixodemais no alvo dos homens com as poderosas armas. Os casais podem ser negligentes do mesmomodo. Eles se esquecem dos predadores que estão à espreita, sempre prontos para o próximo passo.  

Obviamente, todos os que vêem o casamento como êxtase sem-fim de prazer romântico,

como o céu na Terra vivem num mundo de sonhos. Posso garantir, depois de mais de cinqüentaanos com a mesma senhora, que essa é a responsabilidade mais desafiadora da vida! Manter onosso casamento forte, pleno, satisfatório e enriquecedor não é algo simples nem fácil.  

Em vez de perguntar: "Quais as bases para o divórcio?" sugiro que prestemos atenção àperspectiva de Deus sobre a dificuldade do novo casamento. Uma pergunta melhor seria: QuandoDeus aceita o novo casamento? 

Depois de refletir muito e gastar um bom tempo estudando, finalmente conclui que há trêssituações na Bíblia nas quais Deus permite um novo casamento. Vamos discutir cada uma delas. 

ESTUDO DAS POSSIBILIDADES DO NOVO CASAMENTO NA BÍBLIA 

No meu entender, a Bíblia deixa clara essas três situações. Quero analisá-las e concluir estecapítulo com alguns conselhos sérios (exortações talvez seja uma palavra melhor) a todos os quefirmaram um compromisso de casamento ou que logo irão se casar.  

O novo casamento é permitido no caso de um parceiro imoral que não se arrepende. Nocapítulo anterior vimos essa primeira situação com muitos detalhes; precisamos então de umarápida avaliação aqui. Como você se recorda, os fariseus estavam determinados a encurralar Jesusna questão do divórcio. Sua resposta abrangeu outros aspectos.  

Respondeu-lhes Jesus: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiarvossa mulher; entretanto, não foi assim desde o princípio. Eu, porém, vos digo: quem repudiar suamulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério e o quecasar com a repudiada comete adultério. (Mateus 19:8-9 - grifo do autor.)

Como vimos anteriormente, o Senhor odeia o divórcio. No entanto, segundo essa passagem,há algo que Ele odeia mais: ver o laço do matrimônio quebrado pelo outro cônjuge que busca umestilo de vida que desagrada a Deus e que demonstra uma teimosia em se arrepender. Para provar oquanto Ele despreza a infidelidade, Jesus permitiu que o cônjuge fiel se divorcie e venha a se casarnovamente. 

Não confunda as coisas. Sou totalmente a favor do arrependimento. E o que é maisimportante, o Senhor também. O divórcio, em tais casos de rebelião e imoralidade contínua, e um

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subseqüente casamento permanece como último recurso. Quase sem exceção (e eu quero realmentedizer quase sem exceção), meu conselho para as pessoas que vêm a mim com essa dificuldade é:"Fiquem juntos e se arrependam por completo - perdoem por completo e tentem lidar com isso coma ajuda de Deus e com a ajuda do povo de Deus". Olho bem nos olhos da parte culpada, se ele ouela admitir sua imoralidade, e clamo que se arrependa, fazendo o possível para que a pessoa mude

(já implorei por isso literalmente!). Mas se isso não acontece, creio que a exceção em Mateus 19permite que o parceiro fiel, que não tenha cometido nenhum ato de infidelidade, saia do casamentoe case-se novamente. Isso é o que Jesus afirma e é nisso que acredito. Gostaria de lembrar-lhes deque existem outros que ensinam diferente e eu os respeito. Posso discordar com eles, mas respeito oseu direito de manter uma outra posição. O que você lera nas próximas páginas são convicções quetenho por mais de quatro décadas de estudo das Escrituras e prática pastoral. 

O novo casamento é permitido no caso de abandono do parceiro incrédulo. Muitos paissolitários que amam Cristo podem mostrar em sua Bíblia uma passagem bem conhecida dasEscrituras. Essa é a passagem em que encontramos a segunda situação na qual Deus permite o

cônjuge inocente a se casar depois de um fracasso no casamento. Todos nós devemos ser bonsalunos das Escrituras, mas aqueles com o casamento ameaçado devem ser alunos sérios ecuidadosos de 1 Coríntios 7. Se você não for, firme um compromisso de reservar um tempo paraestudar esse capítulo tão útil e criterioso.

Permita-me começar a nossa consideração dessa passagem descrevendo o contexto. Nosversos iniciais do capítulo 7, o apóstolo Paulo revela que ele preferiria que todos ficassem solteirospara se dedicarem totalmente a Cristo. Ele admite, porém, que "cada um tem de Deus o seu própriodom; um desta maneira, e outro daquela." (v. 7.) Aquelas pessoas que não têm o dom do celibato -habilidade dada por Deus para permanecer solteiro e satisfeito - são encorajadas a buscar umaparceria de casamento com um membro do sexo oposto. 

Continuando o capítulo, Paulo descreve três categorias de pessoas e como cada grupo deve seportar diante da questão do casamento e o novo casamento. O primeiro grupo a quem ele fala é ogrupo dos "não casados" nos versos 8-9. São os solteiros e os viúvos. Ele prefere que elespermaneçam sem se casar, mas se não conseguirem permanecer assim e felizes, eles devem secasar ou devem se casar novamente, se for o caso.  

A seguir, Paulo fala aos "casados" e coloca a frente deles o desafio de permaneceremcasados. De modo mais específico, ele afirma que "a mulher não se separe do marido (se, porém,ela vier a separar-se, que não se case ou que se reconcilie com seu marido); e que o marido não seaparte de sua mulher" (w. 10-11). Ele pede que os que são casados encontrem o contentamento.

Esposas, analisem o seu marido. Maridos, conquistem a sua esposa. Cuidem-se, relacionem-se,perdoem-se, trabalhem juntos e façam uma avaliação dos votos de casamento. Comecem de novoconquistando-se mútua e romanticamente. Tirem um tempo juntos durante a semana. Gastemtempo aprofundando e harmonizando o seu relacionamento - custe o que custar, faça isso.

Em sua carta aos cristãos, Paulo advoga a permanência do casamento de uma formaconsistente. No entanto ele entende a dura realidade. Quem sabe por que... ou como? Talvez eletenha passado por um divórcio em sua própria família no passado e sentia empatia por aqueles quenão conseguiam se reconciliar. Talvez por isso ele ofereça uma maneira temporária de aliviar aquestão. Paulo dá a eles um conselho paternal, permitindo a separação no caso de não haver uma

reconciliação genuína. Há momentos em que a esposa (ou o marido) deve fugir para preservar a suaprópria vida ou proteger os filhos. Em situações desesperadas, a separação é permitida por questãode saúde ou segurança, compreendendo, preciso acrescentar, que o cônjuge inocente deve procurar

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ajuda ou intervenção profissional.Finalmente, Paulo se dirige àqueles que estão em "jugo desigual" no casamento - onde o

cristão é casado com um não cristão - nos versos 12-16. Examine com cuidado essas poderosaspalavras pastorais. Leia a passagem com vagar, várias vezes. Analise-as.

Aos mais digo eu, não o Senhor: se algum irmão tem mulher incrédula, e esta consente em morar comele, não a abandone, e a mulher que tem marido incrédulo, e este consente em viver com ela, nãodeixe o marido. Porque o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa, e a esposa incrédula ésantificada no convívio do marido cristão. Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros; porém,agora, são santos. Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos, não fica sujeito àservidão nem o irmão, nem a irmã; Deus vos tem chamado à paz. Pois, como sabes, ó mulher, sesalvarás teu marido? Ou, como sabes, ó marido, se salvarás tua mulher? (1 Coríntios 7:12-16.) 

Considero esse um grande conselho para os nossos dias, você concorda? Paulo apela para apermanência quando possível, mesmo num relacionamento desequilibrado espiritualmente. A

presença do parceiro salvo em casa santifica o lar, trazendo as bênçãos de Deus. Os filhos estão soba influência da verdade bíblica. Pelo menos um dos pais se converteu e conhece o Senhor de modopessoal. O parceiro que não se importa com as coisas de Cristo vive a sua vida na presença doparceiro salvo, compassivo e amoroso. Nesse sentido, o parceiro não convertido é separado para ascoisas de Cristo. Isso não significa que ele venha a se tornar cristão necessariamente. Significa queo parceiro está sob a contínua influência de um estilo de vida piedoso, permitindo que o EspíritoSanto faça a sua maravilhosa obra.

Vamos voltar agora às instruções bíblicas e enfatizar as palavras "não fica sujeito à servidão".Como você pode imaginar, essa expressão já causou muita controvérsia. São várias as opiniões...principalmente em relação à servidão... a quê? Talvez essa seja a sua pergunta. Você se lembra docapítulo anterior onde discutimos sobre rompimento, permanência, unidade e intimidade"!Obviamente essa passagem tem a ver com permanência. No casamento, o homem e a mulher (paranão causar confusão, a Bíblia deixa claro que o casamento só pode ser entre um homem e umamulher) são colados um no outro. A palavra servidão significa estar ligado. E, na verdade, é assimque diz 1 Coríntios 7:39: "A mulher está ligada enquanto vive o marido; contudo, se falecer omarido, fica livre para casar com quem quiser, mas somente no Senhor." (Itálico acrescentado.) 

A propósito, o verso que acabamos de ler deixa claro que a morte é outra situação legítimapara o novo casamento. Essa é uma verdade óbvia que não merece uma discussão maisaprofundada. 

Baseado no estudo desta parte das Escrituras, estou convencido de que o cônjuge cristão estáliberado para se casar novamente se for abandonado. Talvez seu parceiro incrédulo saiu de casa enão quis mais voltar. Muito provavelmente ele tenha se casado novamente, e tenho a convicção deque o laço entre vocês foi rompido. De acordo com a Palavra de Deus, você está livre para se casarnovamente se o parceiro incrédulo o abandonou. 

Deixe-me acrescentar uma precaução necessária sobre o que significa "abandonar" o cônjuge.Não estou falando de uma briga que termina com um pisando duro e batendo a porta. Isso não éabandono, é frustração. Todos já passamos por isso. Eu já passei e você também. Não é agradável,mas é real. Sair fora as vezes é a melhor opção. Fazemos isso para evitar um homicídio! Todos

precisam de um pouco de espaço de vez em quando. O abandono, porém, significa largar o cônjugepor vontade própria e de forma permanente. Isso geralmente acontece... e até entre os cristãos.  

Vou parar por aqui nessa questão de abandono. É o momento de acrescentar uma nota de

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cautela. Tenha muito cuidado com aquilo que você acrescenta à Bíblia. O negócio de Deus é ocasamento permanente. Ele nunca planejou criar múltiplas rotas de fuga. Por favor, não queroparecer duro ou injusto. Talvez você esteja ferido e triste depois de enfrentar a dificuldade dadestruição do casamento. Valorizo a sua situação. Ela pode ser algo muito difícil. Ao contrário dospatos, nós podemos racionalizar o nosso comportamento. O fardo da comprovação recai sobre

você. Tenha a certeza de que pode sustentar a sua concepção de um casamento infeliz com basenuma interpretação conservadora e cuidadosa da Palavra de Deus. Essa é a rota mais segura. Vocêpode esperar a bênção de Deus sobre o seu futuro seguindo as suas instruções e não permitindo queas suas emoções dirijam os seus passos e ditem as suas decisões.  

Deus quer que você fique onde está para trazer a redenção ao cônjuge incrédulo. Já ouvihistórias maravilhosas de parceiros que persistiram e se recusaram a parar de crer e orar. Por fim,depois de muita intercessão, eles puderam testemunhar a salvação do parceiro. No entanto hámuitos casos em que essa mudança não ocorre. Essas pessoas foram claramente abandonadas. Emtais casos, se seu parceiro incrédulo decide sair de casa para sempre, você estará livre para se casar

com outro. O comentarista R. C. H. Lenski aborda essa situação de forma concisa e clara: 

“Desse dia em diante, os laços matrimoniais estão rompidos e assim permanecem agora e para

sempre”. O cônjuge que saiu de casa os rompeu. Nenhuma lei segura o cônjuge incrédulo...Precisamos dizer que o cônjuge cristão fará, através da bondade e persuasão cristãs, todo o que puderpara evitar o rompimento. No entanto quando isso não funcionar, o veredito de Paulo é: "Que seaparte." O abandono é exatamente como o adultério em relação aos efeitos que causam. Ambosdestroem o laço do matrimônio... A união é a essência do casamento. Quando ela é interrompida, aunião que Deus planejou que fosse permanente é destruída e de uma forma pecaminosa. Há somenteuma única diferença no caso de adultério - o cônjuge inocente pode perdoar e continuar o casamentoou pode aceitar os resultados devastadores, o rompimento do casamento. “No caso de abandono, a

primeira alternativa não é possível; o cônjuge que foi embora não pode continuar no casamento já queeste não existe mais.” 

Alguns anos atrás, conheci uma distinta senhora cristã cujo marido, um médico, a haviaabandonado. Ele era um grande especialista, mas um péssimo parceiro de casamento. Eleliteralmente a deixou. Eles tinham três filhos pequenos. Ela passou por vários momentos difíceiscom ele para que ele fosse embora sem qualquer explicação.

Os anos se passaram. Certo dia ela encontrou um homem que havia conhecido quando eramestudantes. Ele nunca havia se casado. Apaixonaram-se. Eu tive o privilégio de fazer o casamento

deles com base em meu entendimento de 1 Coríntios 7 sobre o abandono. Eu os vi há pouco tempoe estavam felizes como nunca. As bênçãos de Deus estavam sobre aquele relacionamento. O futurodos dois é promissor. O casamento, afetuoso, talvez até mais forte do que já tivera. Juntos elescaminharam na Palavra de Deus e, sem vergonha, seguiram em frente com a permissão dele. 

O novo casamento é permitido no caso de fracasso matrimonial antes da conversão. Estepróximo caso sobre o novo casamento é baseado em dois versos em 2 Coríntios 5.  

Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemosCristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo. E, assim, se alguém está em Cristo, énova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. (w. 16-17.)

Você se lembra de quando estava perdido? Esses versos nos lembram muito bem da diferençaentre o antes e o agora. Tudo começa de novo quando somos salvos. O Salmo 103:12 afirma:

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"Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões". Vamos aplicarisso ao casamento antes da conversão. Antes de ser salva, a pessoa pode escolher um parceiro,casar-se por todas as razões erradas, e o casamento se esfacelar. Alguns voltam a se casar váriasvezes... terminando com três ou mais casamentos fracassados, cada um acabando em divórcio. Porsua vez, essas pessoas experimentam os horrores que acompanham esse padrão destrutivo.

Finalmente, quando estão no fundo do poço em terrível desespero, elas buscam Cristo. Tornam-se"nova criatura". A palavra grega para "nova" nessa passagem é kainos. Não novo em termos detempo, como recente, mas "novo na forma". Novo como numa natureza diferente em oposição aovelho. Quando você vai a uma concessionária de automóveis e compra um carro kainos, você estácomprando um que nunca foi dirigido antes. Novo em folha. E quando uma pessoa é comprada damorte para a vida, através da fé em Jesus Cristo, há uma kainos criatura. É como a expressão "novocomeço". Tudo é novo. Isso não é maravilhoso? Todas as transgressões do passado são perdoadas eapagadas. Sim, T-O-D-AS.

Deixe-me perguntar-lhe uma coisa: O divórcio é uma transgressão? Nunca encontrei ninguémque dissesse que não. Talvez você pense que não é possível perdoar o divórcio. Se for o caso, se não

for perdoado, é a única transgressão que não é perdoada, o que, francamente, é ilógico. Jesus faloude um novo mandamento. Paulo escreve sobre o novo homem (Efésios 4:24). O apóstolo Pedroencoraja os cristãos a buscarem o novo céu e a nova terra (2 Pedro 3:13), onde toda a justiça iráhabitar. Todos estes são o mesmo Kainos como usado aqui... uma nova criatura. À luz desseargumento, entendo que ao nos convertermos, começamos uma nova vida. Francamente, essa é amelhor notícia que já ouvi, você concorda? Confie em mim: Deus pode fazer todas as coisas novas -até mesmo um novo começo no casamento, oferecendo um futuro lindo que antes parecia negro porcausa de um passado destruído. Onde abundou o pecado, superabundou a graça! 

ALGUNS SÉRIOS ALERTAS PARA OS QUE SÃO CASADOS - OU PARA OS QUE DESEJAM SE CASAR 

Lembra-se do Sr. e Sra. Pato Selvagem? Perambulavam felizes em nosso jardim, semperceberem os perigos que espreitavam no mato. Repito, os casais casados podem facilmente cairnesse tipo de êxtase ingênuo, ignorando os desafios inevitáveis que estão pela frente. Já que isso éverdade, quero terminar o capítulo oferecendo quatro exortações que devem ser lembradas paraproteger você e o seu casamento da lenta erosão que pode resultar em uma morte dolorosa. 

Primeiro, aos que não são casados: sejam pacientes! Alguns permanecerãomaravilhosamente satisfeitos a vida toda como solteiros enquanto outros oram, sofrem e desejam

um parceiro de casamento. Minha exortação é séria: não permita que esse desejo faça com quevocê se apresse a um compromisso do qual pode se arrepender. Espere em oração, de forma sábia,para escolher um parceiro. Quem dera pudesse convidar todos os solteiros impacientes para sesentarem comigo numa sessão de aconselhamento com um casal brigando. Você mudaria logo deidéia! Muitas pessoas são casadas com parceiros que adorariam dá-lo de presente a você. Naverdade, esses parceiros diriam que estão disponíveis! Creia em mim, você também não iria querê-los. Há algo pior do que não ter um parceiro - é ter o parceiro errado. Por favor, tenha paciência. 

Segundo, aos casados: estejam satisfeitos! Deus é soberano. Ele está operando. E Ele será fiela você apesar da sua terrível situação. 

Você já ouviu falar sobre o Casamento Anônimo? É um trote que fazem com os noivos e asnoivas que estão para se casar. O Casamento Anônimo manda uma mulher velha e rabugentavestindo um avental rasgado e cabelo com rolinhos. Ela é bem gorda. Além de tudo, ela o

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ridiculariza o dia todo para checar se ele realmente quer se casar. Para a noiva, eles mandam umhomem gordo e peludo vestindo uma camiseta barata. Ele bebe cerveja e fica refestelado em frenteà televisão. Ali ele dorme a maior parte do dia, até anoitecer. É impressionante como funciona! 

A questão é, mantenha a realidade em mente. Os reality shows na televisão distorcem averdade. Há pouca coisa real nos reality shows. Não confie em Hollywood ou nos programas de

televisão no que diz respeito à vida de casado - nunca! Recebemos de volta o que investimos nocasamento. Ele não é o que mostram na tela. A satisfação vem quando Deus nos dá a habilidade demudarmos nós mesmos, não o cônjuge. Então, por favor, seja satisfeito.  

Terceiro, aos infelizes - estou referindo-me a você que tem o direito de acabar com ocasamento e se casar novamente: tenha cuidado! Você é o pato mais vulnerável no lago. Está àbeira do desastre; pelo fato de estar tão faminto por um relacionamento amoroso, você estávulnerável ao perigo. Tome qualquer decisão importante com vagar. Busque conselhos sábios.Prossiga com cuidado. Previna-se contra uma queda livre. Ouça bem o que os seus poucos amigoscristãos confiáveis têm a dizer. Por favor, seja cuidadoso. 

Quarto, aos que se casaram novamente: sejam gratos... e compreensivos! Gostaria de poder

dizer que terá aceitação aonde quer que você vá. Gostaria também de garantir que todas as igrejasestarão de braços abertos quando você entrar, sorrindo positivamente. Não se anime. Isso podeacontecer... ou não. Entretanto, seja grato ao Senhor por sua provisão e a sua graça inigualável. Façao possível para entender aqueles que não vêem a mão do Senhor em sua felicidade. Em outraspalavras (lá vamos nós outra vez!), atravesse a dificuldade do novo casamento com a mão de Cristosegurando a sua firmemente. Ele irá usá-lo e ensiná-lo. Talvez até irá surgir um tipo diferente deministério que você nunca tenha sonhado. 

A você que se casou novamente - você que teve o direito de recomeçar - aproveite o seu novorelacionamento. Esse é um casamento que deve durar a vida toda. Cultive-o. Aprofunde o seu amor.

Aproveite a sua nova vida! Perante Deus, depois de ter acertado toda essa situação, você tem odireito aos prazeres que agora são seus para aproveitar. Posso deixar aqui algumas palavras finais a todos os cristãos? Tenham extremo

discernimento. Cuidado com os conselhos que dá. Não se apresse em dizer que aquele rapaz é oPríncipe Encantado para a sua amiga só porque ela está tão sozinha. Em vez disso, ajude-a de formaamorosa a esperar a orientação clara de Deus... mesmo que isso signifique uma vida sem umparceiro. Por outro lado, se o casal já procurou aconselhamento espiritual e decidiu que é a vontadede Deus que os dois se casem - relaxe e deixe as coisas prosseguirem.  

Ninguém morreu e deixou o mundo a seu encargo. Deseje-lhes toda a felicidade. Quem sabe?Pode ser que você passe por isso e precise da compreensão e a aceitação dos outros. 

Senhor, obrigado por sua maravilhosa graça em nossa vida... em nosso casamento... em nosso lar.Sem a sua graça, essas coisas todas seriam um problema. Obrigado pelo amor dos amigos que nosajudaram a passar pelas dificuldades - quando sempre aconteceu alguma coisa errada. Obrigado

 pelas palavras sábias dos conselheiros que nos ajudaram durante tantos anos. Obrigado por Cristo,que, mesmo sendo solteiro, compreendeu a vida dos descasados melhor do que qualquer um.Obrigado por Paulo, o grande apóstolo, que, sem dúvida, perdeu a sua esposa ou sentiu a dor doabandono e entendia a dor. Obrigado pela verdade da Bíblia. Queremos que ela fale mais alto do quequalquer outra voz em nossa cultura confusa. Dê força e encorajamento a todos os que estão lendoeste livro e precisam de uma direção clara, um toque da graça e muita misericórdia vinda do Senhor.Eu também peço que me dê convicção firme onde ela for necessária. Finalmente, Pai querido, que

 possamos honrá-lo, não porque precisamos, mas porque queremos. 

 No nome de Jesus, o único Senhor e Salvador, eu oro. Amém. 

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CAPÍTULO 8 

 Rompendo as dificuldades da confrontação 

A EXPERIÊNCIA É O MELHOR MESTRE.7 Provavelmente você já colocou esse ditado bemconhecido em prática e descobriu que ele é bem confiável. A experiência certamente acaba com atolice e a ingenuidade da teoria. No entanto, será que esse ditado é absolutamente verdadeiro? Nãoacho. Claro que aprendemos fazendo - não tenho dúvida quanto a isso. Mas acho que vocêconcordaria se acrescentássemos outra palavra a esse ditado para torná-lo ainda mais correto:  Aexperiência orientada é o melhor mestre. 

Se você toca um instrumento musical, talvez tenha começado quando ainda era criança,orientado por um professor experiente. Quando eu era adolescente, meu professor de oboé era o Sr.Valanni, que era um músico da Orquestra Sinfônica de Houston. No início de cada aula semanal,que acontecia em nossa casa, esse grande músico juntava as partes do seu oboé, eu também, ecomeçávamos a tocar. Algumas notas e ele exclamava: "No, no, no, no, no, no!" O que, em italiano,significa: "Não, não, não, não, não, não!" Ele corrigia meus dedos e a pressão que eles faziam ou

me informava a melhor maneira de "assoprar" as notas. Continuávamos mais umas notas e eleparava novamente. Semana após semana, o ano todo, durante 45 minutos, o Sr. Valanni meorientava sobre a técnica mais aceitável do oboé.

A brilhante cirugiã instrui seus colegas com sua orientação hábil; o inabalável piloto orienta oseu jovem co-piloto na preparação precisa de decolagem e, ou, aterrisagem. A famosa solista ensinaseu aluno na impecável arte vocal.  

A experiência orientada é o melhor mestre porque ela inclui um elemento crucial egeralmente desagradável do processo: a confrontação. A confrontação orienta o professor de oboéque mostra ao seu jovem aluno qual a forma correta dos lábios no instrumento, o cirurgião

experiente, a instruir seu colega mais jovem sobre o protocolo de uma incisão limpa, ou oprofissional respeitado, a ensinar inúmeras vezes a jovem cantora o mesmo trecho da música atéque ela chegue próximo à perfeição. 

Infelizmente, a confrontação é quase sempre evitada, porque carrega em si um aspectonegativo. Ninguém gosta de ser confrontado. Acho que sei por que isso é verdade. Porque fomosofendidos por pessoas em nossa vida que sabiam como afrontar em vez de confrontar. Há umagrande diferença. A confrontação nunca é divertida. Vencer a dificuldade da confrontação de formacorreta exige que compreendamos de modo sólido a perspectiva de Deus sobre o processo. Maisuma vez, vamos à Bíblia para buscar essa perspectiva. 

COMPREENDENDO A CONFRONTAÇÃO BÍBLICA 

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É interessante ver que a palavra confrontação não aparece na Bíblia, mas esse conceitopermeia a história bíblica. Na verdade, vejo pelo menos cinco sinônimos no Antigo e NovoTestamentos que esclarecem a idéia. Vamos começar pela mesma página onde acharemos oprimeiro de quatro deles no livro de Provérbios. 

 Repreensão (1) "O caminho para a vida é de quem guarda o ensino, mas o que abandona a repreensão andaerrado." (Provérbios 10:17.) 

"Quem ama a disciplina ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é estúpido."(Provérbios 12:1.) 

Ninguém gosta de uma firme repreensão. Mas precisamos dela de tempos em tempos,principalmente quando ela vem de Deus ou de alguém que não só está apto a repreender como nosama e quer o melhor para nós. Ela traz grandes benefícios. Na verdade, Provérbios 13:18 ensina:"Pobreza e afronta sobrevêm ao que rejeita a instrução, mas o que guarda a repreensão seráhonrado." 

O segundo sinônimo é "repreensão" (do Inglês rebuke), que é um pouco mais rígido do que"repreensão", mas carrega a idéia de confrontação orientada. 

 Repreensão (2) "Mais fundo entra a repreensão no prudente do que cem açoites no insensato." (Provérbios17:10.) 

Açoite o corpo do tolo dia após dia, mês após mês e você verá pouco ou nenhum impacto.

Mas para aquele que tem um espírito compreensivo e flexível ao ensino, uma repreensão com tato ésuficiente. O terceiro sinônimo é "ferida". 

 Ferida "Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos de quem odeia são enganosos."(Provérbios 27:6.) 

A confrontação pode ser uma experiência que machuca - dói lá no fundo. Mas quando o queconfronta é um amigo, que nos ama de verdade, os benefícios são reais e duradouros. 

A propósito, nem todos têm o direito de nos ferir... apenas um amigo confiável e chegado -alguém como um mentor. Ainda assim, algumas pessoas (principalmente outros cristãos!) achamque têm o "dom da confrontação". Os legalistas são os principais a terem esse tipo de pensamento.Eles com freqüência são uma afronta a outros. Usam versos bíblicos para sustentarem o seucomportamento cáustico e exigente. Eu e você somos mais abertos à confrontação vinda de alguémem quem confiamos, de alguém que nos ama e se importa conosco. Por isso que a melhorconfrontação é aquela que acontece na infância entre pais e filhos. A confrontação orientada éessencial nos anos de crescimento. Os pais que não confrontam não têm sabedoria. A instruçãoamorosa e graciosa que resultam das "feridas" de um pai fiel é digna de confiança e duradoura. 

Um quarto sinônimo é "correção". 

Correção 

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"Corrige o teu filho, e te dará descanso, dará delícias à tua alma."  

(Provérbios 29:17.) 

"Corrigir" também carrega a idéia de confrontação usada para aprimorar o caráter da pessoa.Traz a idéia de resgatar alguém do caminho errado e colocá-lo no caminho correto. 

Finalmente, a palavra "disciplina" com freqüência é sinônimo de "confrontação". Para

analisar melhor a palavra, precisamos sair das páginas de Provérbios para o Üvro de Hebreus, noNovo Testamento. 

 Disciplina "É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o painão corrige? Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo,sois bastardos e não filhos." (Hebreus 12:7-8.) 

"Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza;ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de

 justiça." (v. 11.) 

Repreensão, ferida, correção, disciplina. Esses são termos cheios de significado. Ao contráriodo que o povo pensa, a confrontação é a arte de se tornar instruído e capacitado. Afrontar é umatática suja e rápida. Um ataque. Ela surge facilmente quando os ânimos estão acirrados. Há muitaspessoas críticas, mordazes e inflexíveis. Talvez você seja uma dessas pessoas que dizem: "Nãopreciso de uma lição de como repreender alguém. Faço isso com os pés nas costas. Mostre-me algode que preciso saber". Se você é assim, mais do que ninguém precisa lidar com isso porque isso nãoé confrontação; é ataque. Sendo curto e grosso, é abuso. 

É esse tipo de mal-entendido que espero esclarecer neste capítulo. Chega dessa partenegativa. 

O que significa confrontação 

Quando colocadas juntas, todas essas palavras bíblicas ajudam a ajustar o foco da verdadeiraconfrontação. Veja como eu defino a confrontação: Confrontação é falar a verdade em um encontro

 pessoal, face a face, com alguém que amamos para discutir uma questão que precisa de atenção ecorreção. 

Deixe-me repetir - o objetivo da confrontação não é atacar nem ofender. Essa é umaabordagem controladora do "rei da cocada preta", que nunca funciona. Não. A confrontação tem aintenção de definir uma questão preocupante com a esperança de causar uma mudança necessáriacom discrição e amor. 

Como a confrontação funciona 

Superar a dificuldade da confrontação requer alguma elaboração. Já refleti sobre esseprocesso e cheguei a quatro princípios que corroboram o que creio que a Bíblia afirma.  

Primeiro, exponha o problema com discrição e deforma direta. A confrontação raramente éfeita de forma indireta ou em público. Precisa ocorrer uma comunicação firme, mas envolvida comgraça. 

Segundo, exemplifique - sem muito exageros ou emoção. Os exemplos servem para provar umargumento. Algo está acontecendo e que não pode continuar por uma série de razões que precisamficar claras. Identifique o que demonstra que não ocorreu uma mudança e exemplifique de modo

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específico. Tenha cuidado para manter as suas emoções sob controle. Permita que algum tempo sepasse entre a ofensa e a confrontação para que, em oração, qualquer mágoa, ira ou frustração sediluam. 

Terceiro, sugira um plano de ação. Não deixe a pessoa que você confrontou ficar quebrandoa cabeça sem saber como pode melhorar. Isso não é construtivo e pode resultar em questões mais

sérias ou complicações inesperadas. A melhor abordagem é simplesmente identificar o problema esugerir, com calma, maneiras para se corrigi-lo. 

Finalmente, demonstre compaixão e compreensão. Não deixe essa etapa de lado! Se deixar,você vai acabar acusando em vez de confrontar. Compaixão, cuidado, preocupação e amor sãoingredientes fundamentais para o sucesso da confrontação.  

Essas virtudes são mais facilmente compreendidas quando as vemos em ação. Mais uma vezpermita-me citar o Mestre, que toda a sua vida passou por dificuldades de confrontação - para Eletambém ela era algo difícil de agüentar! Pedro precisou com freqüência da confrontação firme deCristo, que incluiu uma série de intervenções que acabaram por formar nele uma fé perseveranteque não se abalava facilmente. 

JESUS E PEDRO: CONFRONTAÇÃO BÍBLICA EM AÇÃO 

Conforme Jesus se aproximava da sombra de sua cruz, seus episódios de confrontaçãoaumentavam e se intensificavam. Três passagens retratam os seus encontros com Pedro - umhomem que Ele amava profundamente e que demonstrava com freqüência sua devoção ao Mestre.Em cada cena vemos Jesus moldar com maestria e amor o caráter de Pedro "transformando odiscípulo bruto e cheio de irregularidade numa pedra perfeitamente lapidada para o fundamento da

igreja."2 

Quando confrontar - Mateus 16:21-23 Na primeira cena, a sombra da cruz paira sobre Jesus e os seus discípulos: "Desde esse

tempo, começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir paraJerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto eressuscitado no terceiro dia." (v.21.) 

Os discípulos esperavam Jesus estabelecer seu reinado terreno - um reino literal que oslibertaria do poder e da opressão do governo gentílico. Cristo, o Ungido de Deus, seria o

conquistador. Por isso é que a idéia de um Messias sofredor nunca passou pela cabeça deles. Emvez de abraçarem esse conceito, eles queriam protegê-lo. Pedro com freqüência falava o que lhevinha à mente, "jogando seus braços protetores em volta de Jesus como que para poupá-lo de umcaminho suicida".3 Mateus escreve: "E Pedro, chamando-o à parte, começou a reprová-lo, dizendo:Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá." (v.22.) 

Estou alegre por Deus não mais estar registrando os acontecimentos nas Escrituras, porque, seestivesse, a maioria de nós apareceria nas páginas fazendo muitas das mesmas coisas que Pedro fez.O zeloso discípulo que tinha a melhor das intenções em proteger Jesus, mas a sua perspectiva eraequivocada e acabou passando vexame. O pensamento dele estava 180 graus fora do curso correto.

Jesus não poupou palavras para, rapidamente, confrontar Pedro e seu entendimento errado. "MasJesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque nãocogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens." (v. 23.)  

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Que repreensão e tanto! Deve ter doído já que Pedro não respondeu. Gosto de pensar que aúnica reação dele foi abaixar a cabeça. Imagine estar convencido do seu próprio ardor por Cristo e,de repente, perceber que a sua boca está sendo usada pelo adversário. Como Pedro, muitas vezesnão percebemos que estamos errados até que alguém se importe em nos confrontar. Momentosantes Jesus se referiu a Pedro como a rocha sobre a qual Ele edificaria a sua Igreja (v. 18). Minutos

mais tarde a rocha mostra que tem uma rachadura óbvia quando ele se torna o porta-voz de Satanás. "Tem compaixão de ti, Senhor!" "Arreda, Satanás!" Palavras duras em franca justaposição...

de dois dos melhores amigos. Ninguém nunca amou Pedro mais do que o Salvador. Ninguém viumais potencial em Pedro do que Jesus. Por isso Ele se importou de confrontá-lo. 

A partir dessa cena pungente, vejo duas respostas para a pergunta "quando confrontar."Primeiro, devemos confrontar quando as pessoas se tornam pedra de tropeço para nós ou para osoutros e certamente para o Evangelho. Segundo, devemos confrontar quando as pessoas seconcentram em seus próprios interesses em vez dos de Deus. Ambas são confrontações válidas.  

Deixe-me dar-lhe um conselho sem cobrar extra por isso. Em seu círculo de amigos, tenha

certeza de que você tem alguns que se preocupam menos com o seu conforto e mais com o seucaráter. A maioria de nós quer estar cercado de amigos que nos façam sentir bem. Esse tipo deamigo é fácil de encontrar. É bem mais difícil achar e manter amizades que estão dispostas adeixarem para lá o nosso conforto pelo bem do caráter, confrontando-nos quando estamos errados.Alguns poucos amigos assim são de grande valor. 

 Por que confrontar - Lucas 22:31-34 

A segunda cena é de maior magnitude do que a primeira, porque está mais próxima da cruz.A morte de Jesus está para acontecer, e o trabalho do inimigo está mais intenso. Na privacidade doCenáculo, Jesus acaba uma grande lição sobre o que significa ser servo, tendo lavado os pés dosdiscípulos. O que Ele diz a seguir deve ter causado espanto naqueles que estavam no ambientequando, mais uma vez, se dirige a Pedro: "Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vospeneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando teconverteres, fortalece os teus irmãos." (w. 31-32.) 

Não passe por cima dessa parte rápido demais. Você consegue imaginar ser escolhido entreos colegas e ouvir que Satanás tem um plano só para você? Ele literalmente disse: "Satanásimplorou por você". Em outras palavras: "Ele o quer para si. Ele quer você!" O que Ele estádizendo? "Pedro, você está no centro do interesse do diabo." 

Você acha que isso ainda acontece? Você acha que os demônios de Satanás estão tramando

destruir, ou pelo menos incapacitar espiritualmente, pessoas importantes na família de Deus? Semdúvida. Não duvide disso nem por um minuto! Felizmente o Salvador ainda ora por nós (João17:15; 1 João 2:1). Ele ora consistentemente pela nossa preservação e pela nossa força. Estas sãoumas das palavras mais sérias de toda a Bíblia: "Satanás implorou para peneirá-los como trigo."  

Jesus tinha todos os discípulos em mente quando Ele usou o pronome no plural. Quandoparamos para pensar sobre isso, vemos que Ele incluiu você e eu. Seria sábio lembrar dessa cenaquando quisermos andar sozinhos sem a proteção de Cristo. Não há nada que Satanás deseja maisdo que termos uma confiança exagerada em nós mesmos. Ele se alegra quando nos vê caminhandode forma independente. É justamente quando estamos mais vulneráveis e essa foi exatamente a

armadilha na qual Pedro caiu. Percebemos a sua vulnerabilidade quando lemos a resposta dele aJesus: "Senhor, estou pronto a ir contigo, tanto para a prisão como para a morte." (v. 33.) 

Em outras palavras: "Senhor, manda ver! Posso lidar com qualquer  coisa... prisão e até a

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morte. Sou seu homem de confiança." 

Uma das técnicas mais eficazes do adversário é esperar até que ele possa identificar umapontinha de autoconfiança - sem mencionar uma arrogância completa. É aí que ele parte para oataque. Quando ouço alguém falar de outra pessoa que caiu num pecado terrível "Eu nunca faria talcoisa!", estremeço. Naquele exato momento, a pessoa está mais vulnerável do que nunca. Assim

estava Pedro. Não é de surpreender que Jesus tenha confrontado sua reverente fanfarronice: "Afirmo-te,

Pedro, que, hoje, três vezes negarás que me conheces, antes que o galo cante", (v. 34.) Só estamosprotegidos contra os planos malignos de Satanás pela graça de Deus e do seu poder sobre nós.  

Essa cena nos ajuda a compreender/wr que confrontar. Mais uma vez, vejo duas razões.  A primeira, confrontamos para fortalecer áreas de vulnerabilidade. Segundo, confrontamos

para diminuir a nossa confiança exagerada - para alertar sobre os pontos fracos. Confrontar aquelesque amamos ajuda a protegê-los dos ataques sinistros de Satanás e da confiança exagerada edestrutiva que possam ter. 

Como confrontar - Lucas 22:47-62 A cena final acontece no início do dia antes da morte agonizante de Cristo. Para ser mais

preciso, era madrugada daquele fatídico dia. Os discípulos já tinham tido sua última refeição comJesus. Cristo tinha suportado a exaustiva vigília no jardim do Getsêmani. Logo vem a turbasurgindo na escuridão, com as suas tochas tremeluzindo nas sombras das oliveiras. Judas, o traidorcom homicídio no coração, lidera a multidão. Os discípulos, ao lado de Jesus, ficam cada vez maisindignados e partem para a sua defesa: "Os que estavam ao redor dele, vendo o que ia suceder,perguntaram: Senhor, feriremos à espada? Um deles feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe aorelha direita." (w. 49-50.).

Você se interessaria por saber a identidade do agressor empunhando uma espada e partindopara cima do servo para defender Cristo? Lucas não revela seu nome, mas João, sim. Vocêadivinhou: Pedro, o impetuoso, ataca novamente (João 18:10). Jesus imediatamente assume ocontrole da situação. Fazendo isso, Ele confrontou o agressivo discípulo. "Deixai, basta. E,tocando-lhe a orelha, o curou." (Lucas 22:51.)

Após confrontar Pedro, Jesus volta a sua atenção ao grupo peçonhento de líderes religiososque estavam prontos para prendê-lo.

"Então, dirigindo-se Jesus aos principais sacerdotes, capitães do templo e anciãos que vieram prendê-

lo, disse: Saístes com espadas e porretes como para deter um salteador? Diariamente, estando euconvosco no templo, não pusestes as mãos sobre mim. Esta, porém, é a vossa hora e o poder dastrevas." (w. 52-53.) 

Ignorando a pergunta incisiva de Jesus e a sua confrontação direta, seus acusadores maléficoso prenderam e o arrastaram à casa do sumo-sacerdote. Atrás deles, espreitando nas sombras commuito medo, ia Pedro vacilante - que já fora presunçoso e exageradamente autoconfiante em suafidelidade. Agora ele temia por sua vida. Movendo-se de maneira furtiva nas sombras da alvorada,o pescador resoluto e mandão da Galiléia fez o que prometeu que nunca faria - ele negou o seuSenhor quando foi pressionado a revelar a sua identidade (w. 54-60). Não uma vez. Não duas. Mas

três vezes consecutivas - exatamente como havia sido previsto por Jesus algumas horas antes.Naquele momento, Pedro ouviu o galo cantar e, rapidamente, ele viu o olhar do seu Mestre, a quemnegara três vezes. Lucas escreve:

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"Então, voltando-se o Senhor, fixou os olhos em Pedro, e Pedro se lembrou da palavra doSenhor, como lhe dissera: Hoje, três vezes me negarás, antes de cantar o galo. Então, Pedro, saindodali, chorou amargamente." (w. 61.62.)

Observando novamente essa incrível cena, vejo quatro métodos de confrontação que Jesususou para corrigir Pedro e os seus acusadores. São métodos que estão disponíveis a nós também.

•  Uma ordem inesperada e veemente: "Deixai, basta." (v. 51.)•  Uma pergunta que leva a pensar: "Saístes com espadas e porretes como para deter um salteador?"

(v. 52.)•  Uma sentença analítica e elaborada: "Diariamente, estando eu convosco no templo, não pusestes asmãos sobre mim. Esta, porém, é a vossa hora e o poder das trevas." (v. 53) • Um olhar: "Então,voltando-se o Senhor, fixou os olhos em Pedro, e Pedro se lembrou da palavra do Senhor." (v. 61.)

DA PRÓXIMA VEZ QUE VOCÊ PRECISAR CONFRONTAR 

Superar a dificuldade da confrontação geralmente significa resistir à tentação de nos

concentrarmos em nossas próprias necessidades em vez de concentrarmos nas necessidades daqueleque devemos confrontar. Na verdade, como já mencionei nas páginas anteriores, cuidar dasnecessidades dos outros deve ser a base para qualquer confrontação. David Augsburger, em seulivro que já ajudou tantas pessoas, Caring Enough to Confront  (Importando-se o bastante paraconfrontar), refere-se ao processo de confrontação como sendo um processo de cuidado. Gostodessa idéia. Ele também descreve quatro abordagens egocêntricas do processo de confrontação quedevemos evitar a qualquer custo. 

Primeiro, há a abordagem agressiva. Essa abordagem traz grandes doses de vingança edesprezo para com o ofensor. Segundo, há a abordagem medrosa. O que nos espera é a frustração e

amargura mal-resolvida no fim de um beco sem saída. Terceiro, há a de capacho. Não há nada depositivo nessa abordagem já que ela demonstra falta de determinação. Quatro, há o métodoconcessivo, que pode parecer nobre, mas raramente resolve qualquer coisa.4

 

Insisto que você siga o exemplo de Jesus, que de forma amorosa, mas firme, partiu para aconfrontação com uma grande determinação. Sem se abster da verdade, Ele sempre buscousatisfazer às necessidades dos que estavam mais próximos de si. A partir do seu exemplo, encontrotrês fatores essenciais para o que podemos chamar de confrontação que traz afirmação à pessoa ehonra a Deus. 

Primeiro, tenha certeza. Tenha certeza de que há uma boa razão para confrontar outroindivíduo. As confrontações devem ser um evento raro. Não devemos gostar de fazer tal coisa. Sevocê acha que gosta, preocupe-se e pare logo com isso, examinando a sua mais provávelmotivação. 

Segundo, seja específico. Seja específico a respeito dos propósitos da confrontação. Nãodeixe a especulação tomar conta. Agir de forma vaga leva a um resultado incerto, não importa oquanto as nossas palavras sejam graciosas e cheias de tato. Tenha certeza de que sabe o motivo daconfrontação. Deixe essa razão clara para a pessoa que você confronta. Seja preciso e conciso emsuas palavras. 

Terceiro, seja sensível. Cada situação é diferente da outra. Um longo período de oração devepreceder qualquer confrontação cara a cara. Sem essa disciplina de reflexão, você se coloca na mira

do ataque do inimigo. Além do mais, a pessoa que você está confrontando perceberá a incerteza e odesconforto em suas palavras. Não corra risco. Se você não tiver tempo de orar e buscar conselhosábio sobre a questão, não vá em frente. Não faça isso sozinho. Já vi esta abordagem do tipo vá-em-

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frente-Clint-Eastwood inúmeras vezes. Em todas as vezes, vi uma trilha de sangue das almas queficaram feridas. 

Esse é um bom momento para acrescentar: tenha certeza de que o método que você usa é oideal para as necessidades da pessoa observando a sua própria motivação. Nada disso tem que vercom você! Preste atenção no tempo. Escolha com cuidado as palavras. E, com certeza, ore com

fervor. Enfrentar a dificuldade da confrontação não é algo simples ou fácil, principalmente quando

significa desafiar a pessoa que você ama de verdade. Mas se amamos a pessoa tanto quanto Cristoamou Pedro, não vamos desistir. Vamos nos importar o bastante para confrontar.

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CAPÍTULO 9 

 Rompendo as dificuldades da dor  

VOCÊ VIU O FILME de Mel Gibson, A Paixão de Cristo? Nunca vi nada igual. Ele descreve osdetalhes da dor e da angústia terríveis que Jesus sofreu em suas últimas horas de vida no mundo.Até agora, milhões de espectadores no mundo sentiram-se tocados pelas palavras e cenas daquelaterrível e violenta situação. Pessoas de todas as idades, culturas e raças assistiram chocadas às cenasrealistas da história sagrada que a cada minuto ficava mais sangrenta e intensa. O filme levantoucontrovérsias sem precedentes na história contemporânea. Mas por quê? Por que tal choque arespeito dessa história que tem sido contada durante décadas? Por que a interpretação de Gibsonsobre os últimos dias de Cristo levantou tanta afronta? 

Minha resposta seria: por que o filme descreve e apoia a Palavra revelada de Deus. Muitos preferem pensar que Jesus era manso, humilde e gentil de coração. Acham descanso

tranqüilo no amoroso Pastor de Israel, que sorri para as criancinhas, cura os doentes, aumenta osfamintos e fala, com a sua voz mansa, sobre um reino que não é deste mundo. Poucos ousam irmais além. Eles ainda resistem a crer em sua dor - em sua terrível humilhação, que culminou em

uma morte horrível nas mãos de homens injustos inclinados a amaldiçoar, à crueldade, à miséria eao homicídio. Ninguém deseja prender-se a tal maldade abjeta.

No entanto é assim que a Bíblia retrata Jesus - um "homem de dores e que sabe o que épadecer." (Isaías 53:3.) 

A Bíblia está cheia de representações carinhosas do Salvador. São nomes que todos nósamamos pronunciar em músicas e orações: Príncipe da Paz, Senhor dos Exércitos, o Bom Pastor, oMédico dos médicos, Estrela da Manhã, Leão de Judá, Cordeiro de Deus. 

  Mas Homem de Dores? Não se parece com o nome de qualquer pessoa com quemgostaríamos de ter contato, certo? Até que nós mesmos passemos por uma severa prova de dor.

Envoltos por um mundo de dor, machucados pelos ataques brutais da vida. Aí Ele é tudo de queprecisamos. 

ENTENDENDO A DOR 

Muito tempo antes de Mel Gibson ter sequer pensado sobre fazer um filme que enfatizassedramaticamente a paixão de Cristo, o profeta Isaías já tinha escrito o roteiro origina. Ele seria abase para a trama que desenrolou cerca de oito séculos depois. Isaías, sob a inspiração do EspíritoSanto, escreveu sobre a promessa de Deus do Messias - aquele que, acima de todos, entende a suador e a minha - o Homem de Dores. 

Como ela se relaciona com a vida de Jesus 

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Normalmente não pensamos no Messias em termos de fraqueza, tristeza, dor profunda eaflição. Ainda assim, Isaías o descreve exatamente dessa maneira, usando quase todos os sinônimospossíveis para sofrimento. Veio devagar, refletindo sobre a penetrante profecia do antigo profeta. 

"Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e,como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso. Certamente,

ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos poraflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelasnossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomossarados." (Isaías 53:3-5.)

"Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e,como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca." (v. 7.)

"Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar... Ele verá o fruto do penoso trabalho desua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos,porque as iniqüidades deles levará sobre si." (w. 10-11.)

Não parece um Messias muito manso, você não concorda? Não, Jesus enfrentou e por issoentende a profundeza da dor e do sofrimento humanos. Dê mais uma olhada na lista de Isaías:rejeitado, dores, padecer, moído, esmagado, oprimido, aflito, traspassado, como cordeiro levado aomatadouro. Hoje poderíamos dizer: "Ele já passou por isso... já fez isso, embora não gostemos depensar a respeito". Gostamos de pensar sobre o Messias como alguém que ganha, não que perde.Queremos vê-lo com roupas brancas montado num cavalo branco. Gostaríamos que Eleconquistasse e fosse vitorioso. No entanto não é dessa forma que a sua vinda foi profetizada. 

O escritor do livro de Hebreus no Novo Testamento segue o mesmo tema do sofrimento deCristo quando escreve: "Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e

lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da suapiedade". (Hebreus 5:7.) Acho esse pensamento um consolo notável. O Filho de Deus, em toda asua divindade, sendo também totalmente humano, sentiu a morte iminente e clamou ao seu Pai nocéu que o consolasse e o ajudasse. 

Pare e pense um instante sobre o que você acabou de ler. Tudo isso tem a ver com dor - essapalavra de três letras da qual tentamos fugir de alguma forma. No entanto, Jesus não escolheu essecaminho. Ele aceitou a dor, Ele resistiu-lhe e aceitou-a. O Webster's Dictionary define a dor físicacomo "uma sensação básica do corpo induzida por um estímulo nocivo, recebida por terminaçõesnervosas, caracterizada por incômodo físico... aflição mental ou emocional aguda." Jesus conhecia

a dor física e emocional, conforme veremos nas páginas seguintes. Como Homem de Dores, Eleentende e identifica-se com as nossas lutas e mágoas mais profundas. 

Se existe alguém que pode consolá-lo na dor, você o encontra no Homem de Dores doprofeta Isaías. 

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Como ela se relaciona conosco Você e eu chegamos ao mundo chorando. Os médicos dizem que um dos sinais da boa saúde

dos pulmões dos recém-nascidos é o choro inicial e agudo. A pequenina criança com o seucorpinho acaba de passar pelo apertado canal vaginal, com muita dor, deixando para trás o calor do

útero, e surge de repente no mundo cruel e frio - um mundo de dor.Do momento em que nascemos até o nosso suspiro final, a dor é a nossa companheira,

embora preferíssemos que não fosse. No entanto, a dor tem os seus benefícios. No aspecto físico,por exemplo, ela sinaliza algum problema escondido e ajuda as mães cuidadosas e os médicos aidentificarem o problema. No aspecto pessoal, como Cristo, aprendemos a obediência com ascoisas que sofremos (Hebreus 5:8). Espiritualmente falando, a dor da adversidade nos ajuda a nostransformarmos em pessoas maduras de fé (Tiago 1:2-4).

Philip Yancey, em sua criteriosa obra Where Is God When It Hurts ( Deus  Sabe queSofremos), escreve:

"Jamais li um poema exaltando as virtudes da dor, nem vi jamais uma estátua erigida em sua honra ououvi um hino a ela dedicado. A dor é sempre qualificada como 'desagradável'.  Realmente, os cristãos não sabem como interpretar a dor. Muitos deles, se postos contra a parede emuma hora difícil, admitiriam provavelmente que a dor é um erro de Deus. Achariam que Ele deveriater tido mais cuidado e inventado uma melhor maneira de enfrentar os perigos do mundo. Estoumesmo convencido de que a dor tem tido propaganda injusta. Talvez devêssemos ter estátuas, hinos epoemas exaltando a dor. Qual a razão para que eu pense assim? Porque, se fizéssemos um examerealmente acurado, veremos a estrutura da dor por um prisma completamente diferente. Ela é, talvez,um modelo perfeito da capacidade inventada.""'2 

A dor emocional ou mental não é tão objetiva. C. S. Lewis, que quase sempre acerta emcheio, acrescenta esse comentário: "A dor mental é menos dramática do que a dor física, mas ela émais comum e mais difícil também de suportar. É mais fácil dizer 'meu dente está doendo' do que'meu coração dói'... No entanto, algumas vezes ela persiste e seu efeito é arrasador."5

Adoro essa citação! Em outras palavras, já é horrível ter de ir ao dentista quando tenho dor dedente, mas para onde vou quando meu coração está machucado? Digo que a resposta não é tãodifícil: Vamos a Jesus, o Homem de Dores, que conhece a aflição, que entende o sofrimento e ador. A dor tem a sua forma de nos fazer buscar o Salvador. Isso é essencial para o nossocrescimento e bem-estar espiritual. Se você se sente desprezado, esquecido, rejeitado, esmagado ouaflito, Jesus entende (Hebreus 4:15). Até que ponto Ele entende? 

Para responder, vamos reviver as horas finais da vida de Jesus e dar uma olhada nascategorias de dor que Ele sofreu. 

A DOR NO GETSÊMANI E A ANGÚSTIA DA CRUZ 

No começo do ministério de Jesus, João Batista dirigiu-se à multidão olhando para Eledizendo: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!" 0oão 1:29). Fiquei imaginando oquanto essas palavras o amedrontaram - sabendo que um dia seria mesmo um cordeiro "conduzidoà morte". Contudo o seu sofrimento físico era apenas uma porção pequena daquilo que realmente

Ele teria de sofrer. 

 Dor no relacionamento 

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Mateus 26:30 conta que Jesus e os seus discípulos tinham acabado de comer a sua últimarefeição juntos, terminando com um hino. Esse deve ter sido um momento bem emocionante navida do Salvador enquanto refletia sobre a angústia torturante que viria a enfrentar e sobre os queEle seria forçado a deixar para trás. Os homens com os quais Ele viveu durante vários meses nãosabiam o que em breve se desenrolaria. No entanto Jesus sabia o que estava por vir, daquele

momento até à cruz. Aquele era um momento em que mais precisava dos seus amigos mais íntimos,aquelas horas ameaçadoras no Getsêmani. 

Em seguida, foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vosaqui, enquanto eu vou ali orar; e, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou aentristecer-se e a angustiar-se. Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte;ficai aqui e vigiai comigo. (Mateus 26:36-38.)

Getsêmani. A palavra significa "prensa de óleo". Simbolicamente é fácil ver como elarepresenta os lugares de profunda dor e agonia mental. Todos temos os nossos Getsêmanis paraenfrentar. Talvez você esteja no ápice do seu agora. Talvez não; pode ser que o seu aconteça nofuturo. Pode ser que você má acabou de passar por um para entrar em outro sem tempo sequer pararespirar. Sempre acontece alguma coisa! É nessa hora que ter alguns amigos últimos significa tudo.Apoiamo-nos neles e tiramos força deles. 

Em uma das cenas mais íntimas da vida de Jesus, Mateus escreve que o Salvador convida osseus melhores amigos para ficarem ao seu lado como uma fonte de encorajamento e apoio:"Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível,passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres", (v. 39) A dor deCristo era tão intensa que Ele implorou ao Pai que o livrasse daquilo. Não se apresse. No evangelhode Lucas, lemos que Jesus orou com tanta intensidade que o seu suor se tornou "como gotas de

sangue" e caíram ao chão (Lucas 22:44). Mergulhado na agonia da dor, Jesus buscou seus amigos na esperança de encontrar algum

encorajamento. Mas, naquele momento, quando Ele mais precisava, seus discípulos odesapontaram terrivelmente. Leia com cuidado essa cena tocante e convincente, e permita que aspalavras de Mateus o toquem de forma profunda. Emocione-se. 

E, voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudestesvós vigiar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto,mas a carne é fraca. Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passarde mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade. E, voltando, achou-os outra vez

dormindo; porque os seus olhos estavam pesados. Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez,repetindo as mesmas palavras. Então, voltou para os discípulos e lhes disse: Ainda dormis e repousais!Eis que é chegada a hora, e o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos de pecadores. Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima. (Mateus 26:40-46.)

Cada vez que Jesus procurava um dos seus amigos, eles estavam cochilando na relva. Quecena patética! Para piorar a situação, como vimos no capítulo anterior, um deles mais chegadoestava pronto para traí-lo publicamente. Jesus ajoelhou-se no Getsêmani, com o espírito contrito esentindo-se traído, com angústia na alma e aflito, sentindo falta do consolo daqueles que Eleensinou durante três anos. Completamente sozinho, Ele experimentou uma dor profunda do

relacionamento de amizades que falharam. Logo sentiria o beijo de um traidor.  Não há lugar mais solitário do que o nosso próprio Getsêmani. Os grupos de apoio são

ótimos. Eu creio neles e os encorajo em nossa igreja. No entanto há Getsêmanis pessoais pelos

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quais devemos passar sozinhos. Sempre sentiremos uma solidão profunda quando enfrentamos adificuldade da dor. É aí que Cristo vai estar. O nosso melhor amigo pode nos decepcionar. Algunstentarão entender, mas nem sempre conseguirão. Alguns, falando francamente, nos esquecerão.Outros poderão se voltar contra nós. Em nossa agonia por apoio no relacionamento, encontramostudo de que precisamos em Cristo. Veremos que, nessas horas, Ele é mais chegado do que um

irmão. Sei disso. Ele já se encontrou comigo em meus próprios Getsêmanis e Ele ainda continuaráfazendo isso várias e várias vezes. 

 Dor interna Um amigo meu que foi membro da nossa equipe de liderança da igreja, David Carder, passou

anos aconselhando pessoas aflitas. David tinha uma percepção rara sobre a realidade da dor internaconforme observava: "Saber não coloca os sentimentos automaticamente em ordem". Não acha queessa é uma percepção excelente? 

Embora Jesus soubesse toda a sua vida que sofreria uma morte terrível na cruz, tal

conhecimento não lhe tirou a agonia interna pela qual Ele passou quando a hora crítica chegava. 

Jesus soube durante 33 anos que seu cálice de sofrimento estava por vir. Saber de tudo issodurante tanto tempo não colocou os seus sentimentos de dor em ordem. Quando todo o peso dasituação recaiu sobre Ele no Getsêmani, Ele suplicou por alívio. 

Eis uma lição vital para todos nós: Quando dizemos às pessoas que estão sofrendo o queachamos que "devem sentir" em sua angústia alcançamos o ápice da presunção. Não ouse invadiresse espaço sensível e pessoal! Há ocasiões em que a angústia de alguém é essencial para arealização do plano de Deus. Embora alguns de nós desejemos resgatar os outros da dor,precisamos nos controlar. Precisamos ter o cuidado de não interferirmos nos planos de Deus. Nãotente colocar os sentimentos das pessoas em ordem. A melhor forma de nos envolvermos é

"vigiando e orando". Ficar perto e em silêncio. Estar disponível e apoiar.  Jesus entende melhor do que ninguém o choro silencioso da dor interna. 

 Dor física Para os que viram A Paixão de Cristo, não preciso explicar os detalhes da profundidade da

dor física que Cristo sofreu. A brutalidade foi terrível e nada se compara a ela. Uma rápida olhadana lista de Mateus nos dá uma visão da intensidade do que Cristo experimentou fisicamente.  

•  Ele foi preso e tratado de forma rude como um criminoso comum (Mateus 26:57).•  Cuspiram em seu rosto e bateram nele (26:67).•  Amarraram-no e carregaram-no segundo os outros escritores dos evangelhos (27:2; Marcos 15:15;

João 19:1).•  Cuspiram novamente nele e bateram-lhe com um caniço (Mateus 27:30).•  Foi crucificado, pregos foram cravados em seus pés e em suas mãos, e transpassaram-lhe o dorso

(27:33-35; João 19:34).

Imagine o horror de receber pregos grossos de ferro nas mãos e nos pés. Ou a terrívelhumilhação de ser pendurado nu perante toda a multidão. Insetos deviam ter se juntado sobre o seucorpo coberto de sangue. Deve ter sido um evento tenebroso de se testemunhar, e infinitamentemais de suportar isso. 

O corpo de Cristo foi tão mutilado que Ele não parecia humano. A dor física que Elesuportou deve ter sido esmagadora. No entanto houve uma dor mais severa do que a que Ele sentiufisicamente. Felizmente, por causa de Cristo, eu e você nunca conheceremos.  

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 A dor extrema - separação de Deus Embora a dor interna, física e de relacionamento de Cristo tivesse sido terrivelmente intensa,

a dor da separação do Pai vai muito além da nossa capacidade de imaginação. Mateus escreve: "Porvolta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lama sabactâni? O que quer dizer:Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mateus 27:45-46.) 

Pela primeira e única vez, Deus virou as costas para o seu Filho. Foi nesse momento queCristo carregou todos os nossos pecados. Por isso que o Pai não podia olhar para Ele - por causa daafronta das "nossas" iniqüidades. Cristo experimentou a dor extrema - a separação de Deus, o Pai.Em solidão e dor absolutas, Jesus gritou: "Por que me desamparaste?" 

Garanto que não há dor que Jesus não compreenda e com a qual não se identifique. Nãoexiste dor que possamos ter que escape a sua percepção. Não há doença debilitante, aflição,deficiência, ataque cardíaco... nem mesmo o medo paralisante ou um ataque de pânico que Ele nãocompreenda ou sinta. 

Ele já sentiu tudo isso. Ele está pronto para passar com você pelas profundezas da dor. Bastaquerer. 

Você tem uma cicatriz em seu coração que não cura? Olhe para as suas mãos, os seus pés e oseu dorso. Sentindo-se humilhado e sozinho? Ele sabe o que é isso. Está confuso com as suascircunstâncias, pensando em barganhar com Deus por alívio? Não precisa. Sem que você diganada, Ele entende. Ele conhece o sentimento de fraqueza e, por isso, se identifica com ele.  

Talvez você esteja se sentindo solitário. Seu cônjuge já partiu para o Senhor. O seu futuro éincerto - sozinho. Há algum tempo que você foi esquecido. Os seus pais pediram que você sumisseda vida deles. Talvez seu cônjuge tenha saído de casa para sempre, trocando você por outra pessoa.Ou deve ter lido uma carta cruel de um filho adulto que incluía cinco palavras nas quais você nãoconsegue acreditar: "Nunca mais quero ver você". Em termos de relacionamento, você precisa de

alguém. Internamente, você está passando por angústia. Fisicamente, chegou ao seu limiar.  Você pode estar confuso, vivendo com profundas cicatrizes emocionais como resultado de

sofrer abuso. Talvez você sofra com um vício terrível e vergonhoso que teme a rejeição de quemdescobrir o seu segredo. A dor da vergonha esmaga a sua alma e cerca os seus pensamentos. Talvezvocê se sinta irado, desanimado, decepcionado, mal-compreendido, humilhado e no fim da linha.  

Por fim você começa a imaginar, assim como fez Jesus, por que Deus o desamparou. Podeser que sinta isso, mas ouça: você não está sozinho. Há esperança. Há ajuda com o Salvador a seulado. 

ROMPENDO A DIFICULDADE DA DOR... COM CRISTO 

Quero terminar este capítulo com várias analogias que espero servirem com Cristo porintermédio da árdua natureza da dor que você experimenta.  

Em termos de relacionamento, ninguém está mais perto do que Cristo. Cristo é melhor do queo marido mais fiel, mais compreensivo, do que a esposa mais consoladora, mais confiável e do queo melhor amigo. Ninguém está mais perto do que Cristo. Não existe amigo que se importe maisconosco do que Ele. Não há ninguém que nos aceite de forma tão incondicional. Não há ninguémmais disponível ou mais interessado com quem podemos conversar no meio da noite ou, emqualquer outro horário do dia, clamar em oração. Ele entende até mesmo os seus murmúrios - Eletem poder para colocar o significado correto em seus gemidos inexprimíveis! Ele prometeu que

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nunca iria deixá-lo. Ele não vai abandoná-lo. Ninguém está mais perto do que Cristo. Repito:"ninguém." 

 No nosso íntimo, ninguém cura deforma mais profunda do que Cristo. Você pode até dizer:"Nunca vou me recuperar desta tristeza". Sim, você consegue, mas não sozinho. Cristo é o maiorconsolador. Ele é o "Homem de Dores". Lembre-se de que Ele "conhece a sua dor" de modo

íntimo. Ele sabe o que está em jogo. Ele perdeu tudo por você. A sua própria família achava queEle era louco. No meio do seu ministério, ela veio buscá-lo porque estava convencida de que Elehavia perdido o juízo (volte ao capítulo 2 "Rompendo as dificuldades do mal-entendido"). Ele sabeo que é sofrer em silêncio, o que é ser o centro das críticas injustas, se sentir desanimado quandoninguém entende, quando ninguém fica ao seu lado. Seu bálsamo confortante penetra fundo.Ninguém cura de forma mais profunda do que Cristo. 

Fisicamente, ninguém consola melhor do que Cristo. No meio da sua mais profunda dor, asua presença traz consolo e força. Ele pode decidir restaurar a sua saúde física, mas falandofrancamente, Ele pode preferir não curar. Apesar disso, a sua graça é abundante o suficiente para

você. A sua mão está sobre a sua vida nas horas de aflição. Ela é melhor do que a mão de umamigo, de um parceiro, dos pais ou de qualquer filho, porque quando nos toca, Ele traz grandecompaixão e alívio duradouro. Ninguém consola melhor do que Cristo.  

Por fim, ninguém vê os benefícios da sua dor deforma mais clara do que Cristo. Ele vê o finaldo túnel sinuoso e escuro do seu Getsêmani. Você só consegue ver a densa, assustadora epersistente escuridão. Ele vê além, até a brilhante luz da eternidade. Maturidade, crescimento,estabilidade, sabedoria e, por fim, a coroa da vida esperam aqueles que confiam em sua mãoinvisível. Não se esqueça, Ele tem o mapa do Getsêmani. Ninguém conhece os benefícios da suador de forma mais clara do que Cristo. 

Não importa o que esteja enfrentando hoje, lembre-se de que sua dor não é vã. Não é umacidente de percurso. Na verdade, a sua dor é exatamente o que Cristo usará para colocar você de

 joelhos, para que você se aproxime do seu coração e descubra a sua paz.  

"Homem de Dores" - que nome! É o nome do Filho de Deus. Seu nome é Jesus. É o nome querepresenta os extremos de dor e entendimento, de companhia e alívio. Talvez você nunca tenhareconhecido a sua necessidade de um relacionamento pessoal com Deus, através da fé em Cristo.Você agarrou firmemente as rédeas da sua vida. Sugiro que você as solte e as entregue a Deus.Venha a seu Filho, Jesus. Admita onde você está e expresse a sua necessidade a Ele. Quero terminarcom uma simples oração que pode ser feita no silêncio do seu coração àquele que deseja andar comvocê por meio da dificuldade da dor pessoal. 

Senhor Jesus, sei que sou um pecador. Fiz um grande estrago em minha vida. Estou cansado de lutar.Estou cansado de caminhar. Estou cansado da dor que acrescentei à minha vida vivendo como se oSenhor não existisse. Hoje venho a ti, crendo que tu morreste por mim e que ressuscitaste dos mortos.Viro minhas costas ao meu modo de vida e me entrego a ti. Toma as rédeas da minha vida, Senhor 

 Jesus. Eu as entrego a ti. Aceito teu perdão e clamo por tua graça, aceitando o dom da vida eterna. Amém. 

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ALELUIA, QUE SALVADOR!PhilipR.Bliss 

"Homem de Dores!" que belo nome Pois o Filho de Deus que aqui veioRestaurou os pecadores! Aleluia, que Salvador!

Suportando a vergonha e escárnio, No meu lugar, condenado foi -Selou meu perdão com seu sangue: Aleluia, que Salvador!

Culpados, maus e perdidos somos, Cordeiro Imaculado de Deus era ele;Expiação completa! Como isso é possível? Aleluia, que Salvadora

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CAPÍTULO 10 

 Rompendo as dificuldades do preconceito 

DURANTE O INÍCIO TUMULTUADO DA DÉCADA DE 60, muitas pessoas ficaram chocadascom a publicação de um livro controverso intitulado  Black Like Me (Negro como eu). O autor do

livro,   John Howard Griffin, era um homem branco que contou a verdadeira história de como setornou negro para provar a sua teoria. 

Depois de várias experiências e tratamentos incomuns, Griffin mudou temporariamente a corda sua pele, de branca para negra. Então mudou-se para vários estados do Sul dos Estados Unidos eexperimentou o lado mais terrível do preconceito. O livro descreve o que Griffin sofreu. Descobriuque as pessoas, que antes o tratavam com respeito e cortesia quando a sua pele era branca, osujeitavam à humilhação, a insultos e desprezo vil que só poderia ser por causa do ódio que sentiamapenas com base na cor da sua pele. 

O que o autor experimentou em sua busca solitária foi uma jornada assustadora pela

dificuldade do preconceito. Basta ler algumas palavras do prefácio do seu livro para perceber oimpacto que ele sentiu. 

"O negro. O Sul. Esses são os detalhes. Esta é uma história universal de homens que destroem a alma eo corpo de outros homens (e no processo destroem a si mesmos) por razões que nenhum delescompreende. É a história dos perseguidos, dos espoliados, dos acuados, dos detestados. Eu poderia terme tornado um judeu na Alemanha, um mexicano em outros Estados ou um membro qualquer de umgrupo "inferior". Apenas os detalhes teriam sido diferentes. A história teria sido a mesma."7 

A propósito, o preconceito pode aparecer em qualquer dos dois lados. Há judeus contrapalestinos e palestinos contra judeus. Mulçumanos contra cristãos e cristãos contra mulçumanos.

Conservadores contra liberais e liberais contra conservadores. Homens contra mulheres e mulherescontra homens. O preconceito nunca termina, transcendendo as culturas, os continentes e as raças.  

Leia atentamente as palavras finais do prefácio de “  Black Like Me” as palavras de umhomem que foi a fundo no lado mais negro do passado preconceituoso da América e surgiu comoum profeta para as futuras gerações.  

"Talvez isso não seja tudo. Talvez nem responda todas as perguntas, mas é assim que é ser negro emuma terra onde diminuímos os negros. Alguns brancos dirão que isso não é bem assim. Dirão que é a

 

experiência de um homem branco que se passou por um negro no Sul, e não a de um negro. Mas isso éum mero detalhe e não temos mais tempo para isso. Não temos mais tempo para desmembrar

princípios e fugir das perguntas. É um desperdício discutir assuntos sem importância e confundir asquestões... Essa experiência começou como uma pesquisa sobre o negro no Sul dos Estados Unidos,com uma cuidadosa compilação de informação para análises posteriores. No entanto arquivei os dadose publico aqui apenas um diário das minhas próprias experiências da vida de um negro. Conto minha

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história nua e crua. Acompanho as mudanças que ocorrem no coração, no corpo e no intelecto de umcidadão "de primeira linha" quando ele é jogado no entulho de cidadãos de "segunda categoria".2 

Não leia rápido demais a última frase, que creio que captura a essência do preconceito: umcidadão "de primeira linha" quando ele é jogado no entulho de cidadãos de "segunda categoria".É isso o que o preconceito faz independentemente da sua forma ou grau - degrada as pessoas,

classificando-as como "lixo". Todos temos os nossos preconceitos secretos ou escancarados. Muitas vezes essas atitudes

são tão fortes em nosso coração que ficamos extremamente incomodados quando até mesmopensamos a respeito delas. 

O filósofo William James escreveu que, como humanos, nossa tendência natural é "manterinalterado ao máximo o nosso conhecimento adquirido, assim como os nossos antigos preconceitose crenças. Remendamos e improvisamos mais do que renovamos."-*

No entanto remendar e improvisar não bastam, não para as nossas intenções. Talvez vocêtenha sofrido a angústia e a vergonha do preconceito na pele. Pode ser que você esteja enfrentando

atitudes e ações preconceituosas hoje. Verdade seja dita, talvez você esteja passando porpreconceito pela primeira vez na vida e está determinado não só a lutar contra ele, mas vencê-lo.Que bom! Jesus Cristo enfrentou o preconceito e vive agora para atravessar com você esseprocesso. Com a sua ajuda, tenha a convicção de que você chegará a um estágio na vida em que sesentirá renovado e transformado. Estou referindo-me à remoção de todos os aspectos depreconceito em seu coração e não a um remendo apenas.  

DEFININDO E ANALISANDO O PRECONCEITO 

Jesus deixou bem claro que o preconceito é um problema no coração. Ele disse:  

Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, osfurtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, asoberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem. (Marcos 7:21-23.)

Isso explica todas as atitudes pecaminosas, você concorda? Não vemos a palavra"preconceito" na lista de Cristo, mas a atitude maligna que ele representa seria parte da expressão"maus desígnios" e "inveja e loucura". O preconceito brota das profundezas do coração depravadoe pecaminoso da humanidade. Ele começa ali e é expresso através das ações malignas que podemlevar à agressão violenta. 

 Definições gerais 

 

Minha definição de preconceito seria "fazer um julgamento preconcebido ou ter uma atitudeirracional de hostilidade direta contra uma pessoa, um grupo ou uma raça". Isso também incluiriaaquilo em que os outros crêem. Ser preconceituoso é julgar prematuramente, formar uma opiniãoestritamente com base em idéias pré-concebidas. O preconceito cega as suas vítimas.  

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Observações gerais 

 

Tenho observado o preconceito durante muitos anos já que fui criado no Sul dos Estadosunidos. Na verdade, passei todo o tempo em que minha personalidade foi formada no Sul. Contudoo preconceito não está limitado a uma região em particular do país ou a uma certa cultura. É um

mal contínuo que destrói como uma praga as pessoas em todos os continentes do planeta.  Depois de tê-lo confrontado e experimentado o seu efeito, pude observar três princípios

gerais a respeito do preconceito. Primeiro, o preconceito é uma característica que é aprendida. Eu não nasci com preconceito.

Nem você. Assim como você, eu nasci em pecado e, por causa disso, aprendi atitudes esentimentos preconceituosos. Os nossos amigos, nossos pais e, mais freqüentemente, as pessoasmais velhas do que nós nos ensinam o preconceito.  

Conheço o preconceito. É uma coisa vergonhosa. Ele magoa. O ataque mental e o danoemocional que ele causa vai além da nossa imaginação. Os anos que passei nos fuzileiros navaisdos Estados Unidos, incluindo o treinamento com os outros recrutas, ajudaram-me bastante a estarpreparado para o combate. Logo aprendi que não importa se o que está lutando comigo é preto,branco, asiático ou hispânico... homem ou mulher. Contanto que ele ou ela pudesse manejar umrifle e atirar na direção certa, para longe de mim, não me importava com a cor da pele ou com asraízes culturais ou com as preferências políticas. 

Mesmo assim, lá no fundo, também tenho de lutar contra o preconceito como você. Nãoposso remendar e improvisar. Preciso ter uma mente completamente renovada. 

Segundo, o preconceito nos cega completamente. Em Mateus 6:22-23, Jesus explicou que"São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se,porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti

há sejam trevas, que grandes trevas serão!" Os nossos olhos funcionam como janelas. Eles permitem à luz entrar e, por sua vez, a luz

forma uma imagem que resulta no milagre da visão. Nosso cérebro transforma a imagem empensamentos, conceitos e idéias. Essa não é uma verdade no aspecto físico somente; é uma verdadeno aspecto emocional e espiritual.

Se os olhos vêem uma cor de pele diferente ou uma expressão cultural que nãocompreendemos ou valorizamos, imediatamente uma opinião ou pré-julgamento é formado. Elecausa impacto na pessoa como um todo - corpo, mente e vontade. A mente baseia, de forma cega,os seus julgamentos na realidade que é percebida de maneira embaçada, na melhor das hipóteses. 

Terceiro, o preconceito nos amarra ao velho. O preconceito é o lado mais feio dotradicionalismo. Raramente vemos pessoas preconceituosas que sejam também inovadoras ecriativas. É impressionante ver como a criatividade e a inovação andam lado a lado com umafilosofia de vida mais progressiva e aberta. O preconceito fecha a nossa mente à possibilidade doincomum. Ele mantém os nossos pensamentos reféns dos maus hábitos. 

O PRECONCEITO NA ÉPOCA DE JESUS 

O preconceito estava freqüentemente presente na época de Jesus. Muitas vezes Ele sentiu oseu ataque e a sua vergonha. Por isso que o queremos ao nosso lado para enfrentar a dificuldade do

preconceito, porque Ele experimentou todas as suas formas e fúria.  

 Preconceito geográfico 

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No primeiro século, a Terra Santa tinha apenas 192km de cumprimento. A Galiléia ficava naparte mais ao norte. Localizada na região sul da Judéia. Na parte central, ficava o território daSamaria. Os judeus odiavam os samaritanos tão severamente que se recusavam a passar pelaSamaria quando tinham de cruzar o território, preferindo dar uma grande volta mesmo sabendo queo desvio dobrava o tempo de viagem. Mesmo assim, os que consideravam um insulto ser

contaminados pela poeira samaritana criam que o dobro do tempo gasto valia todos os esforços.Evitar os samaritanos virou um estilo de vida para os judeus. Jesus permaneceu acima das disputas raciais, mas enfrentou certa tensão em uma ocasião

enquanto descansava na fonte de Jacó, em Samaria. Quando Ele pediu a uma mulher samaritanaque lhe desse de beber, ela ficou completamente perplexa. Ela respondeu incrédula: "Como, sendotu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?" (porque os judeus não se dão com ossamaritanos)?" João 4:9.) Ela conhecia a questão. Nenhum judeu sequer olhava para umsamaritano, que dirá falar com um! 

Em outra cena impressionante, João descreve a confrontação de Jesus com os fariseus. Elesestavam irados com Ele por ter dito que era o Filho de Deus. Jesus exclamou: "Eu falo das coisas

que vi junto de meu Pai; vós, porém, fazeis o que vistes em vosso pai [...] Mas, porque eu digo averdade, não me credes." (João 8:38,45.) Com isso, todos eles urraram com desprezo: "Porventura,não temos razão em dizer que és samaritano e tens demônio?" (v. 48.) Imagine o insulto de talafirmação preconceituosa em referência ao Filho de Deus! Aquilo era como se eles oamaldiçoassem. Havia preconceito naquela acusação. Jesus não tinha demônio nem era samaritano;mesmo assim os fariseus o acusaram de ambos. Lembre-se, quando estiver lendo o NovoTestamento, que havia regiões marcadas por brigas de clãs rivais, de preconceito inconsciente.Jesus os enfrentou com freqüência. 

As palavras da mulher samaritana e os ataques verbais maliciosos dos fariseus traíram o fatode que os judeus do primeiro século tinham caído nas garras de intenso preconceito cultural egeográfico. No entanto havia um preconceito "político" mais intenso entre os judeus e os romanos. 

 Preconceito político A Palestina do primeiro século estava sob o domínio romano. Era uma terra ocupada, não um

estado respeitado ou uma nação independente. Os judeus na Palestina viviam sob o poder de Roma,submetendo toda sua rotina diária à autoridade de César. Não é de se surpreender que os judeus seopusessem fortemente àquela opressão. Para eles havia somente um a quem deveriam jurar a suafidelidade como Rei e certamente não era César. Eles consideravam a nação uma teocracia, sob odomínio de Yahweh, o Criador dos céus e da Terra. A lei de Deus era sagrada para aquele povo,

não as leis de Roma. Mas eram forçados a honrar uma monarquia sem Deus de uma autoridadeincrédula em Roma. Como você pode imaginar, o preconceito político entre as duas nações era semprecedentes. Um desprezava o outro.

Levantando a questão desse bem-conhecido preconceito, os fariseus faziam uma tentativa deenvolver Jesus num dos conflitos políticos mais acirrados da época quando lhe perguntaram: "Dize-nos, pois: que te parece? É lícito pagar tributo a César ou não?" (Mateus 22:17.)  

Havia três tipos de tributos naquela época. Primeiro, o tributo do solo, que consistia de umdécimo dos grãos e um quinto do óleo e do vinho que deveriam ser pagos com produto ou emdinheiro. Segundo, havia o imposto de renda. Da renda da pessoa 1% era pago a Roma. Terceiro,havia o imposto pessoal. Todo homem entre 14 e 65 anos e toda mulher entre 12 a 65 anos

pagavam um denário (um pouco mais do que o salário de um dia de trabalho) a César. A moeda dotributo era cunhada com o rosto de César. Veja o desenrolar da história conforme a descrição deMateus: 

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Então, retirando-se os fariseus, consultaram entre si como o surpreenderiam em alguma palavra. E

 

enviaram-lhe discípulos, juntamente com os herodianos, para dizer-lhe: Mestre, sabemos que és

 

verdadeiro e que ensinas o caminho de Deus, de acordo com a verdade, sem te importares com quemquer que seja, porque não olhas a aparência dos homens. Dize-nos, pois: que te parece? É lícito pagar

 

tributo a César ou não? Jesus, porém, conhecendo-lhes a malícia, respondeu: Por que meexperimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. Trouxeram-lhe um denário. E ele lhesperguntou: De quem é esta efígie e inscrição? Responderam: De César. Então, lhes disse: Dai, pois, a

César o que é de César e a Deus o que é de Deus. (w. 15-21.)

Que resposta brilhante! Quando Jesus segurou a moeda, Ele olhou os dois lados. Um ladodizia: "Tibério César, filho do divino Augustus". O outro lado dizia: "Pontífice Maximus, o sumo-sacerdote". Apenas aquilo já fazia o sangue dos fariseus ferver. Na mente deles, somente Caifástinha o título de "sumo-sacerdote" e não um político romano nojento! A cena continua para quepossamos entender a intensidade do preconceito político da época de Jesus. 

No entanto ainda havia outro nível de preconceito - o preconceito religioso em sua formamais violenta. 

O PRECONCEITO RELIGIOSO, OS JULGAMENTOS E A MORTE DE JESUS 

Você percebe que inicialmente as pessoas responsáveis pela crucificação de Jesus eram oslíderes judeus? Eram os fariseus, os escribas e os saduceus. Essa não é uma afirmação anti-semita;é um fato histórico. Juntos tramavam tirar Jesus da Terra, aquele que se dizia o Messias, com assuas ilusões patéticas e fanáticas. 

Entenda que a lei judaica proibia a morte de cruz. A crucificação era o método de execuçãoromano, reservado ao mais vil criminoso, ladrão ou rebelde. Isso por si só já tirava os judeus dosério. O fato de precisarem levar o acusado perante um oficial romano diminuía as suas maisprofundas convicções religiosas. Eles odiavam os romanos por causa dessa e de outras inúmeraslimitações impostas à lei sagrada. 

Assim sendo, foram os romanos que literalmente pregaram Jesus na cruz, não o povo judeu. Isso explica por que os líderes judeus tiveram de trazer Jesus a Pi-latos, o governador da

Judéia. Isso também explica por que eles tiveram de fraudar uma acusação contra Jesus. Na lei  judaica, a blasfêmia exigia uma punição capital, mas a lei romana não tinha tal condenação.Quando os acusadores preconceituosos de Cristo o levaram perante as autoridades romanas, eles oacusaram de traição. Eles argumentavam que Jesus se declarava o Rei dos judeus. Essa acusaçãonão foi levada a qualquer tribunal judeu durante o vai-e-vem de julgamento que levou à morte deCristo. Mas é de grande importância o fato de que Ele tenha parecido perante Pilatos. Qualquer um

em Roma que tentasse se firmar como rei seria preso e condenado à morte.  Por isso que Jesus finalmente apareceu perante Pilatos. Ele se opôs ao povo judeu e à sua

arrogância com a qual mantinham a sua atitude religiosa mesquinha e hipócrita. Os judeus eraminferiores à mente romana. É interessante notar que Pilatos era um boneco sob as ameaças dos

 judeus e da possibilidade de ser tirado do cargo por causa de muitas reclamações contra ele. Ele eraum homem preconceituoso que, por razões inexplicáveis, via Jesus com certa ambivalência e talvezaté com um pouco de respeito. Ele fez o seu trabalho interrogando Jesus sobre essas acusações emuitas outras, mas, no final, ele não tinha dados para sugerir que as acusações tivessem algumvalor. 

Os esforços de Pilatos de libertar Jesus fracassaram por causa da insistência feroz da multidãorevoltada que, por vontade própria, aceitou a responsabilidade da morte de Jesus (Mateus 27:25-26). 

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Jesus quase não disse uma palavra durante aquela agonizante provação. Ele permaneceu emsilêncio, recusando-se a responder às acusações contra Ele (26:63; 27:12,14). 

No entanto era estranho que Pilatos fosse o único homem que quase deu a Jesus aoportunidade de um julgamento adequado. Ele o interrogou e não achou nada de errado. Pilatos

enxergava a confusão que estava acontecendo. Ele percebia que tinha em suas mãos um homemcom acusações sérias contra si. Tragicamente ele era fraco demais para tomar uma posição eobedecer a sua consciência. Ele perguntou: "Que mal fez ele?" Quase podemos sentir o desesperoem suas palavras. Finalmente Pilatos implorou: "Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo?"(Mateus 27:22.) A multidão gritou: "Crucifique-o!" (v. 23.) 

Percebe o tamanho do preconceito? Você leu sobre isso em duas palavras. Na verdade, emgrego é somente uma: "Crucifique!" 

Uma vida intensificada por ódio homicida é motivada por um coração cheio de preconceito. 0preconceito reduz o espírito humano ao nível de um animal assassino. 

Tremo quando penso no que foi aquela cena. O que aconteceu com os filhos daquelas pessoas

iradas cujo preconceito e ira por Cristo causaram tamanha violência? Muitos deles nem eramvelhos o bastante para saber o que estava acontecendo, mas podemos ter certeza de que opreconceito passou para a próxima geração. O ódio foi absorvido pelo cérebro deles. Até os dias dehoje os judeus rejeitam Jesus como o Messias prometido. Na verdade, quanto mais ortodoxo são,mais intensa é a rejeição. 

Como Jesus enfrentou a dificuldade do preconceito? Manteve-se em silêncio. Não respondeu.Ele se recusou a se defender. Ele passou por abuso, insultos e xingamento. Até mesmo a salivamal-cheirosa deles correu por seu corpo machucado e ensangüentado. Ele permaneceu quieto. 

E VOCÊ E EU? 

Quando pensamos na história de  Howard Griffin, Black Like Me, e a achamos chocante, oque Cristo passou nas mãos dos homens intolerantes, preconceituosos e irados nos deixa totalmenteperplexos. O Filho perfeito de Deus deixou de lado o uso voluntário dos seus atributos divinosquando veio à Terra para morrer, concordando em pagar o preço pelos pecados das pessoaspreconceituosas - e não somente delas, mas dos seus e dos meus. Como pode tão maravilhosoamor? Tudo isso vindo de um homem que nunca teve qualquer pensamento preconceituoso. 

Não tenho idéia de quais são os seus preconceitos. Não conheço o seu passado. No entantoconheço o coração do homem e, principalmente, conheço o meu assim como você conhece o seu.

Sei que é impossível escapar dos ensinamentos sutis, e talvez deliberados, de pessoaspreconceituosas que estão determinadas a moldar o nosso pensamento, incitando-nos a formaropiniões que trazem dor aos outros. 

Preciso lembrar você de que Cristo morreu pelo pecado do preconceito. Ele passou por essetipo de ataque. Ele enfrentou afirmações de maldição; sentiu a vergonha da rejeição; passou pelaalienação chocante da ira. Isso deve ter doído muito, até mesmo para Ele. 

Por isso que posso escrever com tanta confiança que Jesus está ao seu lado em seu sofrimentopelo preconceito. Ele lhe dá a sua presença consoladora e as palavras ternas de afirmação quando afé falha sob a discriminação injusta. Quando o encontramos na dificuldade do preconceito, Ele nos

mostra os nossos pontos cegos em nossa visão espiritual que nos impedem de ver a verdade. Sepermitirmos, Ele deixará o nosso espírito mais manso em relação às pessoas de outra cor, de outracultura, de outras preferências sexuais e religiosas. 

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Como é fácil para nós, americanos, permitir que a ira e o ódio que sentimos contra osculpados pelos horrores de 11 de setembro de 2001 se tornem preconceito contra todos osmulçumanos. Jesus nos oferece um modo melhor de tratarmos os mulçumanos: "Ame ao próximocomo a si mesmo". Sete palavras carregadas de compaixão e compreensão.  

Ele nos dá outra forma de vermos as pessoas que crêem de um modo diferente do nosso.

Quando seu amor entra em nossas veias, é como um sangue novo que nos torna potencialmentenão-preconceituosos e mais tolerantes com as pessoas que são diferentes de nós. Isso não significaque devemos aceitar algo em que não cremos ou assumir comportamentos que não aceitamos.Jesus tem o equilíbrio perfeito. Ele é capaz de nos guiar pelas barreiras e muralhas que construímosdurante anos e nos usar para alcançar uma pessoa na lama perdida e solitária ou um filho de Deusdesviado ou sem rumo. Ele está no processo fazendo assim comigo. 

ALGUNS PENSAMENTOS CONCLUSIVOS E MUITO DOLOROSOS 

Leia essas palavras penetrantes do apóstolo Pedro sobre o preconceito e a injustiça que Jesussofreu: 

Pois que glória há, se, pecando e sendo esbofeteados por isso, o suportais com paciência? Se,entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é gratoa Deus. Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar,deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum seachou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não faziaameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente. (1 Pedro 2:20-23.)

Não sou profeta. Assim não tenho como prever o que está reservado para aqueles de nós que

chamam Cristo de Rei dos reis e Senhor dos senhores. Conforme a discussão do casamento entremembros do mesmo sexo se intensifica e a batalha pela preservação da família e da liberdade dereligião fica mais árdua nos Estados Unidos e em outros países, sinto que a Igreja terá de passar pordias incrivelmente desafiadores. 

Os cristãos já sofrem discriminação daqueles que não toleram uma fé conservadora baseadaem Cristo somente. Enfrentaremos épocas mais difíceis ainda. Inúmeras pessoas sofremperseguição, são presas ou morrem por causa da fé... nesta geração. O preconceito contra os cristãosfugiu do controle, mas ele continua um tanto velado. Não creio, porém, que ele ficará assim pormuito mais tempo. 

Quando os ventos do preconceito se intensificam, quando... passa a ter a força de um furacãoe a sua fé começa a declinar, não tenha medo. Não desista. Não ceda. Continue a amar o pecadorenquanto se mantém firme contra o pecado... àquele que julga corretamente e que irá ajudá-lo a Permanecer firme sempre que necessário. Assim como Cristo. 

É com gratidão, nosso Pai, que fazemos uma pausa antes de virar a página. Precisamos de algum tempo para refktir sobre o que acabamos de ler. Não remende as nossas atitudes orgulhosas e preconceituosascontra as outras pessoas. Faça uma obra de transformação interior! Renove-nos com pensamentos de

 perdão, aceitação e liberdade para que não sejamos mais escravos do modo de vida que aprendemos oucomo os nossos pais podem ter vivido tomados pelo preconceito. 

Ensine-nos a nos esvaziar como Cristo se esvaziou por nós. Faça com que sejamos mais mansos, como oSalvador que, enquanto era Deus, tornou-se homem e humilhou-se, sendo obediente - até mesmomorrendo numa cruz romana. Faça com que demos valor novamente ao preço pago por Ele no Calvário,

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onde foi traspassado por nossas transgressões e esmagado por nossas iniqüidades. 

Fazemos esta oração voluntariamente e com o coração totalmente entregue, no nome de Jesus Cristo,nosso Senhor. 

 Amém. 

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CAPÍTULO 11 

 Rompendo as dificuldades da hipocrisia 

MUITAS PESSOAS RELACIONAM O CRISTIANISMO com a hipocrisia. Thomas R. Ybarra,um cético, escreve: "O cristão é um homem que arrepende-se no domingo pelo que fez no sábado evai fazer na segunda-feira."7

 

Isso é muito triste, mas geralmente verdadeiro. Quando eu era menino cria que a maioria dos pregadores era hipócrita. Muitos deles tinham

uma aparência engraçada, falavam de modo engraçado quando pregavam e oravam. Nunca entendiaporque eles falavam "Deeeeeeeeeeuuuuus" em vez de "Deus". Não compreendia porque as palavrasreligiosas tinham de virem lá do fundo em vez de serem simplesmente afirmadas.  

Infelizmente há uma ligação depreciativa entre o clero e os hipócritas hoje em dia. Aepidemia de padres aproveitadores e pastores enganadores impediu o pouco de confiança que aspessoas ainda depositavam nos líderes de igreja. Que tristeza! 

Esse tipo de engodo espalhafatoso entre muitos líderes religiosos não é novidade. Para a

surpresa de alguns, era algo bastante comum na época de Jesus. Ele constantemente confrontava oshipócritas que existiam entre os líderes judeus. Na verdade, Jesus denunciou os sistemas religiososmais de sete vezes em suas mensagens repetindo a mesma exortação séria: "Ai de vós, escribas efariseus, hipócritas!" (Mateus 23:13,14,15,23,25,27,29.) 

No entanto a condenação severa de Jesus a respeito dos hipócritas não termina ali. Eleexpressou assim sua objeção: "Ai de vós, guias cegos! Que dizeis: Quem jurar pelo santuário, isso énada; mas se alguém murar pelo ouro do santuário, fica obrigado pelo que jurou. Insensatos ecegos! Pois qual é maior: o ouro, ou o santuário que santifica o ouro?" (Mateus 23:16-17.) 

Isso não se parece em nada com o "Jesus gentil, meigo e manso" na minha opinião. Encararos homens que alegavam viver uma vida de serviço a Deus, expondo a duplicidade brutal, exigiu

uma coragem notável. Há uma boa possibilidade de, neste ano, você não ter olhado ninguém nosolhos e o chamado de hipócrita. Eu admito que não. Que palavras pesadas!  

O que deixou Jesus tão perturbado? Ele se opôs à justiça própria daqueles homens porque"dizem e não fazem" (v. 3), e quando faziam algo significativo, faziam "com o fim de serem vistosdos homens" (v. 5). Em outras palavras, em público alardeavam as suas obras, mas não andavam nocaminho de verdade. Pareciam espiritualmente fortes, mas eram carnais e impotentes. Pareciam

 justos, mas não tinham substância espiritual. Hipócritas - todos eles. Se fôssemos sinceros conosco mesmos, deveríamos reconhecer que temos vários graus de

hipocrisia também. Todos nós já tivemos de enfrentar a dificuldade da falsa fé em nós mesmos ou

em alguém a quem respeitamos e em quem confiamos. Apenas Jesus viveu de forma perfeitamente justa, com integridade e livre da hipocrisia. Por isso que Ele é o nosso modelo.  

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EXPONDO A HIPOCRISIA 

Uma breve análise da palavra hipocrisia faz-se necessária. No grego, a palavra que Jesususou para descrever os fariseus e seus colegas religiosos foi hupokrites. No original o termo gregoliteralmente significa "aquele que responde", como um orador ou uma pessoa recitando um poema

faria. O teatro era uma característica importante da cultura grega dos dias de Jesus. A idéia que apalavra nos dá é de um ator grego interpretando diferentes papéis no palco. Ele se fantasiavausando várias máscaras, que ele mudava nos bastidores para divertir a platéia. Ele vinha da coxiausando uma máscara com um sorriso e contava piadas. A multidão ria ruidosamente do seumonólogo humorístico, assistindo ao ator correr para fora do palco para trocar a sua máscarasorridente por outra séria de expressão trágica. Com isso o ator voltava recitando falas depensamentos solenes e de tristeza e, num sentido, respondia à platéia. Não é surpresa que o atorfosse chamado de "hipócrita".

Com o tempo, o termo tomou uma conotação mais negativa e acabou sendo usado por Jesus

para expor o fingimento de "duas caras" dos fariseus.Aquele tipo de fingimento de ser o que não é condenado com veemência na Bíblia. Sempre

que o nosso Deus aborda a falsa piedade, a falta de autenticidade, a dissimulação ou a duplicidadede caráter, Ele condena o fingimento.

O Senhor condenou abertamente a hipocrisia em seu povo através do antigo profeta hebreu,Isaías.

Visto que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seucoração está longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, quemaquinalmente aprendeu, continuarei a fazer obra maravilhosa no meio deste povo; sim, obramaravilhosa e um portento; de maneira que a sabedoria dos seus sábios perecerá, e a prudência dosseus prudentes se esconderá. (Isaías 29:13-14.) 

Pouca coisa mudou em milhares de anos desde que essas palavras foram proferidas. Tenhoraiva daquilo que parece ser uma interminável demonstração de hipocrisia na religião organizadade hoje. E, francamente, não culpo os incrédulos de fugirem das falsidades religiosas. Nada melhordo que a autenticidade para desarmar uma pessoa sem Cristo. Por outro lado, nada causa mais danoà causa de Cristo do que atitudes, palavras e ações hipócritas de pessoas que se chamam cristãos.

A região americana da Nova Inglaterra produziu alguns dos pregadores mais poderosos queessa nação já conheceu. Os servos mais piedosos de Jesus Cristo foram criados e treinados eminstituições como Harvard, Yale, Princeton e Dartmouth. Essas instituições já se posicionaram comfirmeza contra a onda de secularismo e humanismo da cultura emergente. Agora, muitas igrejas ecomunidades que se formaram ao redor dessas universidades, assim como os seminários que elaspatrocinam, estão em decadência religiosa - relíquias espiritualmente ocas de uma era passada. NaEuropa acontece o mesmo. As catedrais mais magníficas da Europa que pulsavam com a pregaçãofiel e poderosa do evangelho estão virtualmente vazias - símbolos solenes de uma culturaespiritualmente corroída.

O que podemos encontrar no coração dessa morte espiritual? A hipocrisia. Eram pessoas quelouvavam a Deus com lábios, mas cujo coração estava longe dele. Pouco a pouco as pessoascomeçaram a sair da igreja para flertarem com o mundo. Os alunos ficaram em silêncio. O

evangelho ficou mudo. Não é de se admirar que o apóstolo Paulo escreveu aos cristãos em Roma com grande fervor

e os exortou a "amar sem hipocrisia" (Romanos 12:9). Ele queria que as ações fossem coerentes

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com as palavras. Ele desejava que as capas falsas do exterior religioso fossem jogadas fora etrocadas por uma fé autêntica, vibrante e viva. 

Pedro caiu na armadilha da hipocrisia, como você deve se lembrar. Embora ele pregasse quetodos os cristãos, tanto judeus quanto gentios, fossem um em Cristo, sua conduta enquanto pregavana Antioquia não combinava com as suas palavras. Ele tinha duas máscaras - ele era um hupokrítes

- e Paulo o expôs com uma exortação contundente (Gaiatas 2:11-14). A questão é esta: tenha a certeza de que seu amor é autêntico. Não seja falso. Deixe sempreclaro o que quer dizer e seja sério no que diz. E quando estiver em um grupo, diga as mesmascoisas que disse quando estava no grupo anterior. Sempre tenha a certeza de que a sua vida seencaixa no que você diz que crê. Quando não, admita. Seja corajoso e diga a verdade!  

Certa vez perguntaram a Mark Twain: "Qual a diferença entre um mentiroso e uma pessoaque diz a verdade?" De modo sábio, ele respondeu: "Muito simples. Um mentiroso precisa de umamemória melhor". Uma das minhas expressões favoritas foi criada por um pastor do interior: "Sejaquem você é, porque se você não for quem é, você é quem não é." 

A hipocrisia acontece quando mascaramos a carnalidade por trás das palavras religiosas. Isso

é ser falso. Quando estivermos lutando contra a dificuldade da hipocrisia, precisamos ouvir o queJesus disse a esse respeito e permitir que Ele defina a maneira que devemos nos conduzirdiariamente. Há muito em jogo para ficarmos entrando e saindo do palco, trocando máscaras. Estána hora de baixar as cortinas e terminar a encenação.  

HIPOCRISIA ILUSTRADA 

Em seu Sermão do Monte, Jesus desafiou os seus ouvintes a viverem de forma simples eautêntica. Ele marcou o seu convite a uma piedade genuína com uma breve e ousada exortação:"Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles;doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste." (Mateus 6:1.) Em outras palavras, nãotente parecer superpiedoso com o intuito de parecer bom. Não aja sem autenticidade.  

Para os judeus da época de Jesus, havia três modos fundamentais de "praticar a justiça":dando aos pobres, orando e jejuando. Entenda que Jesus nunca rejeitou essas três disciplinas. A suamaior preocupação era que esses atos de justiça tinham se tornado plataformas públicas para umaconduta hipócrita, graças ao modelo dos Kderes religiosos, que escondiam os seus motivosmalignos por trás de máscaras bonitas. Jesus deu instruções sobre o modo correto para cada umadessas disciplinas para que a capa hipócrita desaparecesse. 

Primeiro, Jesus tratou da oferta. 

Oferta "Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nassinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles járeceberam a recompensa." (v. 2.)

Hoje Jesus nos diria para não esperarmos uma placa com o nosso nome gravado e afixada emum prédio porque demos toneladas de dinheiro para o fundo de construção. Não se sinta ofendido,portanto, se seu nome não aparecer em alguma notícia como honra a sua generosidade. Nãocontribua somente por aparência. Jesus nos deu uma opção melhor: "Ta, porém, ao dares a esmola,ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu

Pai, que vê em secreto, te recompensará." (w. 3-4.) 

Dê com generosidade, com alegria, de modo sacrificial. Mas guarde isso com você. A suadoação não é da conta de ninguém, apenas da sua e de Deus. Se você fizer que isso seja da conta de

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alguém, terá a sua recompensa. Você será privado da oportunidade de receber algo ainda maiorquando chegar ao céu. Deus sempre nota e (mais tarde) recompensa a contribuição fiel e sacrificial.No entanto, quando você insiste em alardear o que fez de algumas maneiras, essa será a únicarecompensa que terá.

Lemos no Novo Testamento que "Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso

trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aossantos." (Hebreus 6:10.) 

Da próxima vez que você sentar no banco da igreja, preparando-se para a adoração, percebaque há muitos cristãos fiéis ao seu redor que dão, e dão, e dão e ninguém fica sabendo. Você podeser um desses que descrevi. Todos os domingos você esbarra com pessoas que contribuem muito. Eeles fizeram isso "como ao Senhor" mantendo o segredo e esperando a sua recompensa prometida.Você pode nunca ficar sabendo, mas Deus nunca esquece. Que tal isso?  

Jesus também nos instrui sobre a forma correta de orar. 

Oração 

"Quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e noscantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam arecompensa." (Mateus 6:5.)

Na época de Jesus, a prática da oração já havia se degenerado em cinco áreas que precisamser corrigidas. 

Primeiro, a oração havia se tornado um exercício formal em vez de uma expressão livre. Oque existia eram as orações "oficiais" para todas as ocasiões. As orações tinham se tornadopadronizadas, rotineiras e monótonas. 

Segundo, a oração havia ficado cada vez mais rítualista em vez de autêntica em sua

expressão. A maioria dos judeus orava três vezes por dia. Os fariseus tinham colocado em seu lugaruma rotina rígida de lugares e horários definidos. Não havia espontaneidade ou oração iniciada peloEspírito. 

Terceiro, as orações eram longas e prolixas. Quanto mais eloqüente e mais floreada, melhor.Esse era o estilo aceito quando oravam em público. Meu bom amigo, Howie Hendricks, instrui osseus alunos de seminários a resistir à tentação de orar dando uma volta ao mundo quando estãoorando em público: "Diga mais falando menos" é seu conselho freqüente. Quem quer ouvir umsermão quando você está apenas agradecendo ao Senhor por um sanduíche? Os fariseus e os líderesreligiosos faziam longas petições.

Quarto, as orações eram cheias de repetições e clichês sem sentido. Na minha infância, meu

irmão mais velho já amava Jesus muito antes de mim. Na verdade, sua fé profunda e sincera medeixava louco. Eu costumava acordar no meio da noite (ele tinha acabado de chegar da marinha eeu era adolescente) e via o vulto do meu irmão orando em silêncio de joelhos, com apenas o luardelineando o seu corpo. Eu costumava pensar: Que ótimo, Scott. Por que meu irmão é o Martin

 Luther (Martinho Lutem) ? Por que Deus não me deu um irmão campeão de futebol americano?Sua fé era vibrante e discreta. Mesmo assim. Para falar a verdade, naquela época a minha era tãofalsa quanto dinheiro de papel comum. Sua vida autêntica era uma exortação silenciosa.  

Nunca vou me esquecer do dia em que meu irmão Orville se debruçou por cima da mesa apósagüentar uma das minhas orações fracas e repetitivas antes da refeição, e perguntou: "Charles,

quando você vai aprender a orar?" Naquele momento, eu queria responder: "Quando você vaidesistir?" Eu e ele sabíamos que as minhas orações eram expressões vazias de repetições semsentido e clichês. Antes que você se sinta muito espiritual, talvez precise admitir que as suas

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orações também são assim. Se soubéssemos tudo o que acontece, veríamos que poucos cristãosoraram de forma genuína em meses. Jesus nos instrui a orar com espontaneidade, simplicidade e deforma específica. 

Quinto, a oração tornou-se motivo de orgulho em vez de uma oportunidade para expressar aconfiança humilde em Deus. William Barclay observa que "orar bem tornou-se um símbolo de

status legalista. Quando são cheias de detalhes, as orações produzem demonstrações públicas deostentação: mãos estendidas, com as palmas para cima, cabeça baixa, com palavras eloqüentesrepetidas três vezes ao dia - de preferência no meio da rua."2

 

Jesus não nos permite tropeçar enquanto lutamos com as dificuldades das nossas oraçõeshipócritas. Ele fala de forma direta.  

"Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está emsecreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como osgentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos." (Mateus 6:6-7.)

Como é bom nos achegarmos de forma natural perante o Senhor e conversarmos com Ele. Sealguns filhos falassem com os seus pais como falamos com Deus, daríamos boas gargalhadas. "Ó,meu pai terreno grandioso, jubiloso, bom e amoroso. O que tu queres que eu faça?" Puxa vida! 

A propósito, esse é um bom momento de eu inserir uma palavra em favor dos cristãos novosna fé e as suas orações. Você quer aprender como orar? Ouça as orações desses jovens cristãos.Elas são maravilhosas, espontâneas, reais, pessoais, sinceras. Sem jargões. Sem um palavreadocristão fioreado. Uma conversa franca que certamente anima o coração de Deus. Eles simplesmentefalam o que pensam. Amo isso! 

Jesus tratou também do jejum, outra disciplina onde a hipocrisia floresce.  

 Jejum 

 

"Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de

 

parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa." (v. 16).

Imagine a seguinte cena: 

"Os dias de jejum dos judeus eram segunda-feira e quinta-feira. Eram dias de feira e... o resultado eraque aqueles que jejuavam com ostentação tinham um grande público nesses dias. Eles eram vistos eadmirados por sua piedade. Muitos tomavam todas as medidas para serem vistos quando jejuavam.Andavam pelas ruas com os cabelos despenteados, com as roupas deliberadamente sujas e amassadas.Chegavam ao extremo de passarem um pó branco no rosto para acentuar a palidez."^

Demonstração pública de espiritualidade é hipocrisia rasgada, era justamente isso que Jesusalertava o povo para evitar. Como então devemos jejuar perante o Senhor? Vamos ver a resposta deEugene Peterson em sua paráfrase de Mateus 6:17-18. 

"Quando você praticar uma disciplina que nega o apetite para se concentrar melhor em Deus, não façadisso um grande evento. Você pode virar uma celebridade momentânea, mas não um santo. Se vocêexercita a disciplina interiormente, aja de modo normal exteriormente. Lave e escove os cabelos,escove os dentes, lave o rosto. Deus não precisa que você chame sua atenção. Ele não vai deixar dever o que você está fazendo; Ele o recompensará à altura."

Seguindo a tradição Antes de terminarmos este capítulo, preciso mencionar uma outra área da hipocrisia que Jesusconfrontou em relação à conduta dos fariseus e outros líderes religiosos. Dizia respeito ao apego às

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tradições sem sentido."Então, vieram de Jerusalém a Jesus alguns fariseus e escribas e perguntaram: Por que

transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? Pois não lavam as mãos, quando comem."(Mateus 15:1-2.) Os fariseus e escribas eram legalistas de carteirinha no primeiro século. Tinham aspróprias regras que exigiam lavar as mãos antes das refeições. A reclamação que tinham contra

Jesus não era por causa da transgressão da Lei de Moisés, mas, sim, porque ele quebrava astradições dos anciãos.O estudioso bíblico, Alfred Edersheim, tenta explicar o significado desse absurdo em sua

conceituada obra The Life and Times of Jesus the Messiah ("A vida e a época de Jesus, o Messias").

"Os jarros d'água ficavam prontos para serem usados antes das refeições. A quantidade mínima a ser

 

usada era um quarto de LOG, definida como o suficiente para encher uma e meia casca de ovo. Aágua era primeiro colocada em ambas as mãos, com os dedos para cima, e entornada pelos braços até

 

à altura dos pulsos. Tinha de ser sacudida dos pulsos pois, como já havia sido tocada por mãos sujas, aágua era considerada suja. Se escorresse novamente para os dedos, eles seriam considerados impuros.O processo se repetia com as mãos de modo inverso, com os dedos para baixo - e finalmente cada

mão era limpa com um punho esfregando o outro. Os judeus mais rígidos faziam tudo isso, nãoapenas antes das refeições, mas entre cada prato servido.'"*  

Com todo esse ritual, todos iriam mesmo querer jejuar! Tedioso demais... trabalhoso demais.Minha opinião? Seria mais fácil pular a refeição.

Jesus imediatamente identificou a hipocrisia do coração daqueles homens. Ele não poupoupalavras para exortá-los de modo firme. À luz disso tudo, tente sentir a indignação reta que Jesussentiu quando exortou de forma contundente.

Ele [Jesus], porém, lhes respondeu: Por que transgredis vós também o mandamento de Deus, por causada vossa tradição? Porque Deus ordenou: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser a seu pai ou

a sua mãe seja punido de morte. Mas vós dizeis: Se alguém disser a seu pai ou a sua mãe: É oferta ao

 

Senhor aquilo que poderias aproveitar de mim; esse jamais honrará a seu pai ou asua mãe. E, assim,invalidastes a palavra de Deus, por causa da vossa tradição. Hipócritas! Bem profetizou Isaías a vossorespeito, dizendo: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vãome adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. (Mateus 15:3-9-)

Trata-se de um engano passar a tradição por cima da Bíblia, pois ela invalida a Palavra deDeus, como Jesus explicou. Nunca se esqueça disso. Quando damos uma lista de regras às pessoaspara que vivam de acordo com ela, elas são tentadas a seguirem à risca em vez de obedecerem àsordens bíblicas. Isso sempre acontece. As listas legalistas obscurecem a verdade conforme vãoinvalidando, de forma sutil e vagarosa, a Palavra escrita de Deus. 

Há muito em jogo para que nos acomodemos e não combatamos a hipocrisia com umaestratégia para nos livrarmos do seu poder tóxico. Por isso devemos confrontar a hipocrisia nasnossas igrejas, em nossas instituições de treinamento ministerial, em casa e nos lugares escondidosdo nosso coração teimoso e freqüentemente orgulhoso. 

OPONDO E DERROTANDO A HIPOCRISIA 

Permita-me dar algumas aplicações práticas para derrotarmos as tendências hipócritas em nósmesmos ou na conduta de outros. 

Primeiro, é útil expor a hipocrisia. Exponha-a! Para vocês que são pais, eu os encorajo a

discutirem o assunto com os seus filhos, principalmente aqueles que estudam em escolas cristãs.Eles freqüentam o que eu algumas vezes chamo de estufa religiosa. Recebem doses dobradasdiárias de cristianismo, cristianismo, religião, religião, Bíblia, Bíblia, Deus, Deus até que passa a

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ser tudo o que ouvem! Esses filhos podem muito bem estar caminhando em direção à rebeldia amenos que você interrompa o processo. Talvez você nunca tenha ouvido o que vou falar, maspreciso dar um conselho sobre os perigos sutis da exposição exagerada. Sem um equilíbrionecessário, os seus filhos podem entender a mensagem de forma errada e desenvolver hábitoshipócritas que carecem da autenticidade da semelhança em Cristo.

Pais, vocês precisam dar duro para ajudar os seus filhos a levarem a vida de forma tranqüila eisso inclui o cristianismo deles. Não precisamos de outra geração de cristãos tensos, que fazempouco para avançar a mensagem de Cristo da graça e do perdão a um mundo cético e fracoespiritualmente. Não os force a orar por tudo. Não procure uma analogia espiritual em tudo o queacontece. Faça menos sermões em casa. Deixe que o pastor pregue. E, por favor, o que quer quevocê faça, não tolere uma fachada religiosa superficial atrás da qual eles aprenderão a se esconder.Descobri que, quando esse tipo de religião é promovida, ela leva aos vícios, aos piores tipos decarnalidade e à conduta cristã mais irreal e repulsiva do planeta. Você só terá testemunhado atragédia da hipocrisia quando tiver de catar os pedaços de uma vida destruída pelo legalismo. 

Segundo, a prática da hipocrisia é natural. Resista a ela! A conduta hipócrita vem tão natural

para os cristãos quanto a respiração. A nossa velha natureza a deseja. Ficamos viciados nahipocrisia porque ela causa boa impressão e resulta em muita bajulação. No entanto ela representa aparte vulnerável da nossa fé. Por isso precisamos identificá-la. 

Terceiro, é doloroso romper com a hipocrisia. Mantenha-se firme! Prefiro ter a tarefa dementorear um cristão novo na fé a instruir os que estão avançados em tradicionalismo eclesiástico ereligioso. Mesmo assim precisamos continuar o processo de livrar a nossa vida do flagelo dahipocrisia, em nossa casa, e na igreja. No entanto preciso alertar você de que é doloroso rompercom a hipocrisia. Creia em mim, eu sei disso. Tenho filhos adultos (que tem filhos também) e elesme ajudam a tentar romper com ela para que não se esgueire em minha vida e no meu ministério.

Sempre lhes digo como preciso de todos para me ajudar a permanecer na realidade. Filhos fiéis sãoum bem genuíno! 

Se quisermos vencer qualquer batalha pessoal, teremos primeiro de admitir o problema. É aí que o Espírito Santo começa a operar para a nossa libertação e para nos colocar no caminho daliberdade permanente e genuína. É uma luta demorada e violenta. 

Termino com palavras eternas de esperança e ajuda a todos nós que lutam contra adificuldade da hipocrisia - dentro de nós ou do lado de fora, com ataques desferidos por outros.Vencer o poder destrutivo da hipocrisia começa quando ficamos totalmente desarmados e sinceros.

Não pode haver subterfúgios, culpa do passado ou acusação aos outros. Como o grandeapóstolo Paulo nos lembra, temos os recursos do a nosso dispor. 

"E eu insisto - e Deus me apoia nisto - não sigam as multidões, as multidões estúpidas e negligentes.Recusaram-se por tanto tempo a se envolver com Deus que perderam contato não só com Deus, mas com aprópria realidade. Não conseguem mais pensar direito. Sem sentirem qualquer dor, deixaram-se envolvercom obsessão sexual e aderiram a todo tipo de perversão. Mas isso não é modo de viver. Vocêsaprenderam Cristo! Acho que vocês prestaram atenção a Ele, foram instruídos na verdade que está emJesus. Não temos, assim, desculpa para a nossa ignorância. Tudo - e quero mesmo dizer tudo - o que estárelacionado com aquele estilo de vida antigo precisa acabar. Está podre por completo. Livre-se disso eassuma um estilo de vida novo - um estilo de vida planejado por Deus, uma vida renovada de dentro parafora e que opera em sua conduta enquanto Deus reproduz de modo correto o seu caráter em vocês. Em

resumo, digo: basta de mentiras, de fingimento." (Efésios 4:17-25, The Message.) 

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Senhor Deus, quando o seu Filho Jesus estava neste mundo, Ele era tão sincero e honesto, tão firme, masverdadeiro humilde! Entretanto Ele tinha pouca paciência com aqueles que decidiam fingir o amor por ti.Ele exortou, de forma franca, aqueles que eram cheios de si. Hoje nós os chamamos de fingidos, Senhor.

 As palavras firmes do nosso Salvador, embora pronunciadas há muito, muito tempo, ainda nos detém. Nósnos lembramos delas até hoje: "Ai de vós, escribas e fariseus." 

Ó, Deus, acima de tudo, ajuda-nos a ser autênticos e não atores no palco cheios de orgulho e ansiosos por aplausos. Ajuda-nos a ser genuínos em nossa fé. Ajuda-nos a admitir a nossa própria hipocrisia.Fortalece-nos para que possamos expor o que é falso. Dá-nos a coragem de sermos sinceros com nósmesmos e com os outros. 

 Dá-nos a alegria de ofertar em segredo, orar sozinhos e jejuar sem alarde, amando os que são difíceis deserem amados e servindo sem esperarmos recompensa. E que tudo o que fizermos perante ti, que somentetu receba toda a glória. 

Por Jesus, eu oro. Amém. 

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CAPÍTULO 12 

 Rompendo as dificuldades da inadequação 

INADEQUAÇÃO. SÓ de ler a palavra sentimos uma gama de emoções. Poucos neste planeta estãoimunes a essa luta, até mesmo aqueles que achamos que são fortes e auto-suficientes. Muitos anosatrás, a esposa de um conhecido pastor admitiu que ela e seu famoso marido lutavam contra a

dificuldade da inadequação. Para proteger a intimidade do casal, não vou mencionar os seus nomes.Talvez você sinta o mesmo:

"Eu e meu marido algumas vezes sentimos que estamos à beira de um desespero mal-definido.Vivemos algumas situações nas quais sentimos uma série de coisas: um desejo de largar tudo e fugir,um sentimento de ira, a tentação de revidar contra alguém, o sentimento de ser usado ou explorado, afraqueza da inadequação e a realidade da solidão. Essas atitudes podem facilmente conspirar parareduzir o mais dotado e forte indivíduo a nada."  

Você já sentiu isso? Tão inadequado que se convenceu de que não poderia continuar emfrente? Tão desesperado que considerou seriamente largar tudo e fugir? Claro que sim? Eu já!Esses sentimentos de ira, ódio, vergonha, humilhação, medo e solidão surgem de um sentimento deinadequação que nos paralisam. Geralmente sentimos isso quando fomos usados e explorados poralguém ou quando nos convencemos de que não estamos à altura dos outros. Algumas vezes ossentimentos de inadequação são tão fortes que desejamos desaparecer.

• Inadequados para satisfazer as necessidades ou exigências da família.•  Inadequados para satisfazer às exigências ou expectativas do trabalho, do chamado.

 

•  Inadequados para desenvolver o ministério quando sentimos despreparados.•  Inadequados para seguir em frente apesar do esgotamento causado por uma dor crônica.•  Inadequadas como mãe para cuidar de crianças exigentes e agitadas.

•  Inadequados para enfrentar outra semana quando mal conseguimos chegar no domingo.•  Inadequados para falar em público.•  Inadequados para confrontar um funcionário difícil.•  Inadequados para abandonar um hábito ou vício.•  Inadequados para aprender um novo trabalho depois de ser despedido.

 

•  Inadequados para manter o casamento que não traz satisfação.

 

•  Inadequados para cuidar de pais idosos ou de adolescentes.•  Inadequados para continuar a viver quando todos os sonhos se foram.

Sempre acontece alguma coisa! Aprenda comigo - até mesmo aqueles que demonstramconfiança e firmeza lutam em segredo contra a inadequação.

Vamos encarar os fatos: ser humano é sentir inadequação.

NÃO PODEMOS ESCAPAR DA REALIDADE DA NOSSA INADEQUAÇÃO

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A maioria das pessoas não acorda pela manhã sentindo-se adequadas e seguras. Isso porquenenhum de nós pode escapar das limitações da nossa humanidade. Talvez por isso que a Bíbliaexorte os cristãos a terem expectativas quanto ao céu, para esperarem o dia quando seremosglorificados - totalmente plenos em Cristo e satisfeitos em nossa morada celeste. Mas enquantoestamos na Terra, lutaremos contra o que significa ser humano - sentir inadequação para lidar com

as exigências e os desafios da vida.

O que significa inadequação 

 

Vamos examinar a fundo essa praga penetrante. O que significa ser inadequado'*. Em vez dedefinir o aspecto negativo, permita-me abordar o assunto de uma forma positiva. O que significaser adequado? Ser adequado significa que temos habilidades e recursos suficientes para satisfazer aalguma exigência. Significa ser capaz. Temos o que é necessário para realizar uma tarefa ouassumir um desafio. Ser inadequado seria o oposto - ser incapaz e não ter habilidades necessáriaspara completar uma tarefa. Ser insuficiente em quem somos e limitados no que podemos fazer. Porisso que a maioria de nós disfarça as nossas inadequações. É difícil admitir a nós mesmos, que dirá

a outras pessoas, que somos fracos e incapazes. Ao contrário, fingimos que temos tudo sobcontrole. Agimos como se fôssemos capazes de lidar com as situações mais desafiadoras na vidaquando, na verdade, não somos. Ficamos impotentes para enfrentar a maioria do que enfrentamosno mundo. Na verdade, há uma simples razão para isso: foi assim que fomos criados. Foi assim queDeus nos fez. 

 Por que existe a inadequação? Poucas pessoas na Bíblia lutaram tanto contra a inadequação do que o apóstolo Paulo. Talvez

isso o surpreenda, mas é absolutamente verdade. Em suas próprias palavras, ele admite queraramente se sentia apto para a tarefa. Quando o grande apóstolo avaliava as conseqüências eternasdo seu ministério, ele lutava com fortes sentimentos de inadequação: "Porque nós somos para comDeus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem. Para com estes,cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para vida. Quem, porém, é suficientepara estas coisas?" (2 Coríntios 2:15-16.) 

Já tive a mesma luta. Geralmente, quando volto para casa depois de um dia atarefado noministério, dirijo com um suspiro, pensando:  Não sou adequado para satisfazer às exigências detantas necessidades. Algumas vezes o mero peso da responsabilidade me faz questionar a minhacompetência. Como Paulo, eu pergunto: Quem na verdade é adequado para algo assim? 

Verdade seja dita, ninguém é adequado - nem você, nem eu, nem mesmo Paulo. No entanto,

ele desfrutava um sucesso ministerial notável. Como isso foi acontecer? De onde ele tirou essepoder? Ele responde a pergunta em 2 Coríntios 3: 

E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus; não que, por nós mesmos, sejamoscapazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem deDeus, o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito;porque a letra mata, mas o espírito vivifica. (w. 4-6.)

Preste atenção a estas palavras: "a nossa suficiência vem de Deus". Sem Ele e seu poderderramado em nós, somos inacreditavelmente fracos. Muitas vezes a nossa fraqueza pode ser vistafacilmente. Não podemos encobri-la. 

Recordo-me de um incidente que testemunhei enquanto olhava pela janela de um quarto dehospital. No estacionamento lá embaixo, notei dois homens tentando entrar no carro. Um doshomens estava numa cadeira de rodas, obviamente imóvel. O outro homem que tentava tirá-lo da

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cadeira e colocá-lo no carro era paciente e forte. Ele precisava ser. O senhor mais velho na cadeirade rodas não movia um só músculo do pescoço para baixo.  

A certa altura, um dos braços do deficiente enroscou na roda da cadeira. Com incrívelpaciência, o acompanhante gentilmente pegou o braço do homem para livrá-lo do perigo. Commuito cuidado, o acompanhante colocou um dos braços por debaixo das pernas do paciente e o

outro por trás de suas costas. Depois ele colocou a sua mão atrás da cabeça do senhor e o colocouno banco da frente do carro. Tudo funcionava muito bem. Não pude deixar de pensar que aquelatarefa tediosa já havia se tornado uma rotina para os dois. Com a sua perna, o anônimoacompanhante empurrou a porta do carro, debruçou-se sobre o outro homem e afivelou o cinto desegurança, checando tudo para ver se estava em ordem. Então fechou a porta. Em seguida,começou a dobrar a cadeira de rodas e a levou para o porta-malas. 

Ele fez tudo para aquele homem sentado no carro. Tenho certeza de que já havia feito aquilocentenas de vezes e fará mais umas centenas. A nossa tendência é pensar apenas na luta da pessoadeficiente. Mas o que quero enfatizar aqui é o gasto de energia do acompanhante. 

Essa inadequação física profunda não dá para ser escondida. As deficiências que um dos

homens enfrentava eram tão óbvias quanto a cadeira que sustentava a sua estrutura imóvel. Noentanto temos a tendência de esquecer do profundo senso de inadequação daquela alma caridosaque devia sentir todos os dias, enfrentando a realidade insuperável e infinitas tarefas de cuidar deum ente querido que não podia cuidar de si próprio.

Encontramos inadequações humanas em todos os lugares. Obviamente que nem todos nóslutamos contra uma fraqueza física tão severa. No entanto, somos fracos - emocional, espiritual,intelectual e mentalmente. Somos incapazes de glorificar a Deus em nós. Somos incapazes de fazersua obra do nosso jeito e com as nossas próprias forças. Se somos os seus braços, as suas pernas, asua voz e a sua presença, isso só pode acontecer com sua a ajuda. Por isso é que Ele permite osnossos sentimentos de inadequação.  A inadequação nos força a confiar totalmente em Deus para

obtermos poder e força. Sugiro que você leia essa sentença novamente, só que desta vez, devagar eem voz alta. Absorva a idéia! Essa é uma verdade difícil para um indivíduo orgulhoso engolir. 

Não é de se surpreender que essa é uma verdade que os discípulos de Cristo lutavam paraaceitar, principalmente depois que foram enviados ao mundo para proclamar a luz de Deus nastrevas espirituais. Você pode imaginar a confusão deles quando a carga dessa tarefa divina pesousobre eles? Não se esqueça, a primeira vez que ouviram a esse respeito, Jesus estava indo emborapara o céu! 

INADEQUADO PARA A TAREFA QUE DEUS DÁ 

Assim como Paulo, os discípulos perceberam que não estavam bem-preparados para oministério mundial. Seu senso de inadequação intensificou-se quando tiveram de lidar com a culpae a vergonha de abandonarem Jesus. No entanto, após a ressurreição, Jesus os enviou a fazendodiscípulos em todas as nações. Como um grupo de seguidores mal-preparados e sem sofisticaçãopoderiam ser instrumentos de poder para realizar uma missão humanamente impossível? 

Uma olhada mais atenta às Escrituras traz uma resposta a essa pergunta. 

Um estudo sobre contraste 

Depois da ressurreição, os discípulos encontraram Jesus na Ga-liléia. Mateus, um dos fiéisdiscípulos, recorda-se do que aconteceu: "Seguiram os onze discípulos para a Galiléia, para omonte que Jesus lhes designara. E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram." (Mateus

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28:16-17.) Pense no contraste entre Jesus e os seus discípulos. Por um lado, temos onze discípulos

inseguros, temerosos e confusos. Por outro, temos o Senhor todo-poderoso, ressurreto e totalmenteadequado. Eles eram humanos - limitados, fracos, frágeis e inclinados ao fracasso. Ele era oMessias prometido de Deus, totalmente humano e totalmente divino, onisciente, onipotente,

onipresente, uma divindade auto-suficiente. Entre eles estava Pedro, que tinha negado Jesus de forma deliberada, um homem que tinha

sido cobrador de impostos e um pescador de ânimo exaltado. Todos testemunharam os milagresque Jesus fez. Os discípulos temiam a tempestade violenta no Mar da Galiléia. Jesus ordenou que ovento e as ondas parassem. Os discípulos fugiram do jardim do Getsêmani. Jesus enfrentou a mortecom uma determinação resoluta. 

Não quero dar a impressão de que os discípulos tinham inteligência abaixo da média ou queeles não tinham muito zelo ou dedicação. Eram apenas humanos - devotados e dispostos, mas, semdúvida, inadequados. 

Tudo isso estava para mudar. 

Uma ordem e uma promessa 

 

Antes de subestimarmos os discípulos, precisamos admitir que nós também titubearíamos.Suas esperanças desvaneceram quando o Mestre inspirou seu último sopro de vida na terrível cruz.Todo o mistério da ressurreição miraculosa e corpórea de Jesus tinha ainda de ser assimilado poreles. Havia muitas incertezas... algumas grandes e passageiras, outras, mais significativas eassustadoras. Eles tinham muitas dúvidas. O plano de Cristo para eles não só lhes responderia aosquestionamentos como daria uma solução para a sua questão de inadequação. 

Mateus prossegue: 

Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na Terra. Ide,portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do EspíritoSanto; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todosos dias até à consumação do século. (Mateus 28:18-20.)

Jesus tinha dado uma ordem aos discípulos para que fizessem "discípulos de todas as nações".No entanto para isso eles tinham de deixar o conforto e a facilidade de onde estavam. Tinham delargar tudo para obedecer-lhe. Eles devem ter lutado com o peso dessa gigantesca tarefa. Como elespoderiam realizar tudo o que Ele esperava que fizessem (principalmente por que Ele logo os

deixaria)? Não estavam preparados para fazer os milagres que Jesus fazia. Não conseguiam ler ospensamentos e o coração das pessoas como Ele conseguia. Claro, Ele tinha prometido que nunca osabandonaria e que lhes daria a sua própria autoridade do céu. Contudo será que isso era osuficiente? Eles precisavam de algo mais que uma ordem e uma promessa. Precisavam de poder -seu poder! Precisaria haver, de alguma forma, uma transferência de poder dele para cada um deles.Ninguém sabia disso melhor do que Jesus. 

SEU PODER É APERFEIÇOADO NA FRAQUEZA 

Lucas, o autor do livro de Atos no Novo Testamento, prossegue do ponto onde os evangelhos

terminam - seguindo a ressurreição e antes da ascensão de Cristo ao céu. Leia as palavras de Lucasdevagar, prestando bastante atenção, como se as visse pela primeira vez. Conforme lê, lembre-se deque os discípulos tinham acabado de receber a grande comissão e estavam provavelmente lutando

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contra sentimentos debilitantes de inadequação pessoal e coletiva!  

E, comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas queesperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João, na verdade,batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destesdias... mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhastestemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.(Atos 1:4-5,8.) 

Um pouco antes, Jesus tinha falado com os discípulos sobre esse poder. Ele lhes explicoucomo o Espírito Santo viria e os capacitaria. Isso aconteceu quando estavam com Jesus nocenáculo, em algum lugar de Jerusalém João 13-16). Foi ali que Jesus lhes falou sobre atransferência de autoridade - uma porção do poder com eles, que venceria as suas fraquezas e queos capacitaria a realizar aquela comissão.

Jesus pedia o impossível daquele pequeno grupo de evangelistas relutantes. No entanto essafoi exatamente a questão. Eles precisavam do poder dele para cumprirem a sua ordem. Precisavamser transformados. Nós também, lembre-se disso. 

Todas as esperanças e os sonhos do mundo não fariam com que tocássemos uma sonata de Beethoven como Van Cliburn. A idéia é boa, mas impossível de realizar. Mas se esse renomadopianista pudesse, de alguma forma, conferir as suas habilidades a mim, habilidades que foramaprimoradas em décadas de estudo e treinamento, talvez eu pudesse dar um jeito. Contudo nãodevemos nos enganar. Isso exigiria que Van Cliburn transferisse o seu talento musical para dentrode mim. Precisaria do seu espírito em mim, literalmente. 

É isso o que enfrentamos na vida cristã. Cristo nos deu o seu poder por intermédio dapresença do Espírito Santo. O Espírito Santo habita em nós quando vamos a Deus pela fé em seuFilho. Não precisamos orar, dançar, desejar, gritar ou clamar por poder divino. Se você é um

seguidor de Cristo, você tem o poder de Cristo. O Espírito Santo reside literalmente em seu ser.Quanto mais você rende a sua vida a Ele, mais o poder dele flui através de você. Ele está prontopara nos capacitar. Essa não é uma grande notícia? 

De volta ao primeiro século. Os discípulos deviam esperar em Jerusalém para que o poder doEspírito descesse sobre eles. Deveria ser o mesmo poder que viram acontecer na vida milagrosa deJesus. Seria poder tão forte que transformaria esses homens cheios de inadequação, limitações emedo em testemunhas corajosas, ousadas e capazes. Que transformação! 

Em sua obra clássica, The Training of the Twelve (A preparação dos doze), a autoridade emNovo Testamento, A. B. Bruce, escreve: 

“Os apóstolos lucrariam com tudo isto na missão do Consolador  - iluminação da mente, expansão docoração, santificação das suas faculdades e transformação de caráter, para que fossem transformadosem espadas afiadas”... para subjugar o mundo na verdade; essas coisas, ou o efeito delas combinado,compunham o poder pelo qual Jesus havia dito aos onze que esperassem. ...Ele era indispensável parao sucesso.

...O mundo precisa ser evangelizado, não por homens em cargos eclesiásticos usando vestimentas

 

coloridas e chamativas, mas por homens que experimentaram o batismo do Espírito Santo e que têm opoder divino da sabedoria, do amor e do zelo.Assim como o poder prometido era indispensável, a sua própria natureza exigia que eles aguardassem

por ele. Os discípulos precisavam esperar até que ele viesse. Não deveriam também tentar realizaralgo sem ele... Eles compreenderam que o poder era necessário e que deveria vir de algo." 7 

De fato, o poder veio do alto. Atos 2 registra esse evento impressionante quando o Espírito

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veio conforme prometido; os discípulos foram completamente transformados e a igreja nasceu. Osdiscípulos ainda eram homens - meros humanos? Sim. Mas dentro deles havia um poder que oscapacitava e que virou o mundo de pernas para o ar.  

PODER NO LUGAR DE INADEQUAÇÃO 

Quero reservar meus pensamentos conclusivos para aqueles que desejam encontrar Cristo nadificuldade da inadequação. Espero que seja seu caso. Não importa por quanto tempo você esteja sesentindo assim e qual seja o seu desespero, a resposta para o problema é uma pessoa e seu nome éJesus. Somente Ele tem o poder de que você precisa para contra-atacar as suas fraquezas. Lembre-se, Jesus morreu por seu pecado e por suas inadequações. 

A seguir apresento dois princípios simples que você pode usar para aplicar o poder de Jesusem sua inadequação. 

Primeiro, admita as suas inadequações. Esse é o passo inicial em direção à aceitação dopoder de Deus. Nunca conheci qualquer pessoa que tenha vencido a luta contra a inadequação

profunda e debilitante sem antes reconhecer a sua necessidade da ajuda de Deus. Isso serve paravícios em drogas, vícios em sexo, alcoolismo, jogos de azar, abuso conjugai, pessoas explosivas,pessoas que adiam as coisas, perfeccionistas, pessoas que murmuram, impacientes, medrosos,deprimidos, desobedientes e até os que estão morrendo. Não importa a categoria da sua fraqueza.Na verdade, quanto mais difícil de vencer, melhor. É aí que a maioria de nós reconhece a nossanecessidade desesperada pelo poder de Deus.

Se você é orgulhoso demais para admitir essa necessidade, você continuará sendo incapaz devencer a inadequação. É simples assim. O apóstolo Paulo sabia que o poder que está na fraqueza ereconheceu com humildade a sua necessidade do poder de Deus.

Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentaçãode linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e estecrucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e aminha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração doEspírito e de poder. (1 Coríntios 2:1-4.) "Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não denós." (2 Coríntios 4:7.) 

Ouça a história pessoal de Paulo. Isso explica como ele reconheceu a sua inadequação edescobriu que ela era a forma de Deus usá-lo de modo mais eficaz.

Recebi o dom de uma fraqueza para que eu me lembre das minhas limitações. O anjo de Satanás fezde tudo para me derrubar; o que ele, de fato, fez, foi me colocar de joelhos. Não há perigo, então, d'eume sentir orgulhoso e poderoso! No princípio eu não achava que isso era um dom e implorei a Deuspara que tirasse isso de mim. Pedi três vezes, mas Ele me falou: "A minha graça basta para você; étudo aquilo de que precisa. A minha força aparece em sua fraqueza". Quando ouvi isso, fiquei feliz

 

em deixar que acontecesse. Parei de me concentrar em minha fraqueza e comecei a valorizar o dom.Era um caso da força de Cristo operando em minha fraqueza. Agora eu lido com as minhas limitaçõescom tranqüilidade e com alegria, essas limitações as quais me assolaram - abuso, acidentes, oposição,rompimentos. Deixo Deus no controle! E quanto mais fraco fico, mais forte me torno. (2 Coríntios12:7-10, The Message.) 

Se o apóstolo Paulo ressuscitasse hoje e entrasse na Catedral de S. Paulo em Londres, eletremeria de vergonha. Ele nunca teria aprovado um prédio tão magnífico em sua homenagem. Até amorte, Paulo foi um dos servos mais altruístas e modestos que a Igreja já conheceu. Ele

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compreendia o poder da fraqueza como poucas pessoas entenderam antes dele e menos pessoasainda depois dele. Não importa o quanto você já tenha caminhado com o Salvador, o tamanho dasua igreja ou o quanto já contribuiu com o ministério; cada grama da sua adequação vem de Deus,não de você mesmo. Depois de termos admitido isso, nunca mais devemos esquecer!

Segundo, reivindique o poder de Cristo. Esse é o segredo definitivo para uma vida acima do

fardo da humanidade. Quero levá-lo a um período bastante difícil da minha própria vida. Era adécada de 1960. Não vou cansá-lo com os detalhes da situação, mas você precisa saber que chegueiao pior momento da minha vida adulta. Estava confuso a respeito do que deveria fazer.Desnorteado com o silêncio de Deus, fiquei bastante frustrado com a minha vida. Sentia-metotalmente sozinho em minha luta. A inadequação estava sufocando-me e sentia-me asfixiado comas suas garras. Não sabia mesmo o que fazer, com quem conversar ou como continuar. Sentia-mecomo se estivesse chegado ao fim.

Lembro-me de sair de casa e caminhado por uma rua que dava até o final do quarteirão.Sozinho, soluçando de tanto chorar, fiz um passeio sob o luar. Contei tudo a Deus. Não escondi

nada. Chorei mais alto ainda. De repente, todo o medo, a dor e a angústia explodiram em meucoração num turbilhão de emoções. Parei de caminhar e olhei para a lua. Então entregueivoluntariamente o peso do meu fardo a Deus, fardo que carregava por tanto tempo. Experimentaracerto sucesso tanto no seminário quanto nos meus primeiros anos de ministério, mas a provaçãopela qual estava passando não acabava. Na verdade, estava piorando. Ninguém neste planetaconhecia a dor da minha alma. As pessoas me viam como alguém forte, mas sentia-me esmagadopelos sentimentos de fraqueza. Os outros podiam me considerar um homem seguro, mas eu não era.

Sozinho na escuridão, na rua atrás da minha casa, eu me ajoelhei e reconheci a minhainadequação a Deus. Reivindiquei o seu poder. Nos segundos seguintes senti como se meiatonelada de peso tivesse sido tirada das minhas costas. Levantei-me, o choro cessou e umatransformação aconteceu comigo enquanto voltava para casa.

Nunca mais olhei para trás. Claro, tenho os meus momentos de medo e dúvida, mas nuncame esquecerei do momento em que entreguei tudo a Deus e senti o seu poder assumindo o controle.

Quando cheguei ao portão de casa, sentia um inacreditável alívio. Até hoje consigo lembrar-me disso, embora tenha acontecido há mais de quatro décadas. A força voltou. Apenas Jesuspoderia transformar a minha fraqueza em força. Uma confiança tranqüila me envolveu. Só Jesuspoderia transformar a minha inadequação em confiança. E Ele pode fazer o mesmo por você.Insisto em que você permita que Ele faça!  

Você já não viveu muito tempo da sua vida amarrado à inadequação e à dúvida? Não está

cansado de lutar contra o constante sentimento de não pertencer? Você não quer admitir isso -agora? Bom. É aí mesmo que Cristo quer que você esteja. No fundo do poço. No fim da linha. Nofim de você mesmo. 

É aí que Ele opera melhor - em sua fraqueza. Esse é o seu plano. Ele não usa pessoassuperfortes, confiantes demais. Ele usa pessoas fracas, inadequadas, temerosas e mal-preparadas -pessoas como eu e você. 

Se você já chegou ao fundo do poço e está se arrastando por causa da sua inadequação, éexatamente aí que Deus precisa de você para demonstrar o poder dele. É hora de ajoelharhumildemente perante Ele e ceder. Libere o que você está agarrando. Derrame o seu coração.  

Você tem um Salvador que está esperando para demonstrar o seu grande poder em você. Nãoperca nem mais um minuto tentando vencer a dificuldade da inadequação sozinho. Não fuja dessaprovação. Corra para Ele e receba o seu poder. 

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Como Paulo falou, sugiro que você "pare de se concentrar em sua fraqueza e comece avalorizar o dom". Permita que Cristo assuma o controle. 

Agora. 

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CAPÍTULO 13 

 Rompendo as dificuldades da desqualificação 

DURANTE MUITOS ANOS, A. W. Tozer escreveu como um profeta a um povo espiritualmenteárido. Estas são algumas das suas palavras sérias sobre os perigos de ser desqualificado. 

"O ministério é uma das profissões mais perigosas. O diabo odeia o pastor cheio do Espírito com umaintensidade tal que só é superada pelo que ele sente pelo próprio Cristo. Não é difícil descobrir a fonteda sua ira. Um pastor eficaz e que segue o exemplo de Cristo é um constante constrangimento para odiabo, uma ameaça para o seu domínio, uma negação dos seus argumentos e um lembrete persistentede que logo será derrotado. Não é de se admirar que o diabo o odeie. Satanás sabe que a queda de umprofeta de Deus é uma estratégia vitoriosa para ele. Ele não descansa nem de dia, nem à noite, e fazplanos escusos para pegá-lo e incapacitá-lo ao ministério. Talvez uma ilustração melhor seria a de umdardo venenoso para paralisar a vítima, porque eu acho que Satanás tem pouco interesse em matar opregador. Um pastor ineficiente e desanimado é uma propaganda melhor para o inferno do que umhomem morto... Há, de fato, alguns perigos reais da pior espécie contra os quais o pastor deve seguardar, tais como o amor ao dinheiro e às mulheres; mas os perigos mais letais são muito mais sutisdo que esses."7 

Embora as palavras de Tozer tenham como alvo os pastores, elas servem para todos oscristãos que invocam a Cristo. Os perigos que enfrentamos são muito sutis. Todos nós devemos nosguardar contra os planos insidiosos do diabo.

Na verdade, essa é uma boa oportunidade para eu inserir alguns pensamentos sobre umatendência preocupante, que já mencionei no capítulo 1. Meus pensamentos voltam aos perigos dapornografia na Internet. 

Sentimos pavor quando ouvimos que outra garota desapareceu. Vemos suas imagens na

televisão sorrindo para nós ou lemos sobre ela nos jornais e ficamos pensando se ela foi estupradaou morta. Geralmente é isso o que acontece e, na maioria das vezes nessas tragédias, o culpado temenvolvimento com a pornografia. Infelizmente essa é a realidade do mundo atual.  

Como cristãos sempre achamos que somos imunes a esses males da nossa sociedade - que oCorpo de Cristo está protegido dos pecados mais horríveis que os outros que pertencem ao mundocometem. No entanto há um mal que se esgueirou no coração das nossas igrejas e da nossa família.O mal, eu repito, é a pornografia na Internet. 

Você já deve ter ouvido as estatísticas. Um de cada dois freqüentadores da igreja estáenvolvido com a pornografia na Internet. Nove entre dez crianças entre oito e dezesseis anos jáforam expostas à pornografia na Internet - a maioria não foi por acaso enquanto faziam a tarefa de

casa no computador. E 37% dos pastores dizem que a pornografia na Internet é uma luta em suavida. A maioria é exposta através de pop-ups, e-mail de desconhecidos ou links de sites com nomesaparentemente inocentes. Quando uma sedutora imagem aparece na tela, é difícil vencer a tentação,

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principalmente para os homens. A Internet é parte integrante da nossa vida. Sabemos que há muita coisa boa sobre ela, mas

há perigos mortais também. Sendo assim, é a nossa responsabilidade como cristãos proteger-noscontra esses perigos que são parte do uso da Internet. Veja uma forma de ajudar. 

 Bsafe Online é o melhor software filtro da Internet para a família cristã e eu o recomendo.

Bsafe é um produto de software e não um serviço do provedor de Internet embora ele funcione junto com o seu provedor (como o AOL) e não afeta a velocidade do seu computador. O produto édesenvolvido de acordo com as necessidades pessoais do consumidor. Além disso ele é atualizadodiariamente, sendo assim você não precisa ficar lendo manuais para atualizá-lo. Dê uma olhada nowww.bsafeonline.com. 

 

Acredito tanto nesse produto que encorajo todas as famílias cristãs a aproveitarem a proteçãoque ele oferece. Na verdade creio que  Bsafe deve ser instalado em todas as igrejas, escolas,escritórios e em todos os lugares onde os cristãos usem o computador. 

Como cristãos, devemos prestar contas ao Senhor e àqueles que amamos. Deuteronômio 22:8diz: "Quando edificares uma casa nova, farlhe-ás, no terraço, um parapeito, para que nela não

ponhas culpa de sangue, se alguém de algum modo cair dela."  

Precisamos construir um parapeito (ou um muro) em torno do nosso uso da Internet paraevitar uma queda num poço sem fundo de depravação que está presente na Internet.  Bsafe pode sero muro. 

 Bsafe também traz uma outra solução, como já mencionei anteriormente. É o NetAccountability (prestação de contas na rede). Com esse programa, toda a sua atividade naInternet é verificada por quantas pessoas você quiser, para que você tenha de prestar contas a elas.Nesse relatório, seus "parceiros de prestação de contas" receberá uma lista detalhada dos sites quevocê procurou e quanto tempo ficou em cada um. Isso irá lhe dar uma oportunidade de se

comunicar regularmente com parceiro que saberá de todas as suas atividades na rede. NetAccountability (www. netaccountability.com) é excelente para aqueles que estão lutando para

 

vencer a tentação da pornografia na Internet.  Bsafe é, em minha opinião, o software filtro mais eficaz no mercado. No entanto os

administradores da Bsafe têm a consciência de que a tecnologia não é a resposta definitiva para apornografia na Internet - que uma mudança de coração através de Jesus Cristo é a verdadeirasolução. Mas  Bsafe fornece um modo confiável e seguro para os cristãos de evitarem a tentaçãoque vem com o uso da Internet. 

Creio que tirar a pornografia da Internet do Corpo de Cristo é uma batalha que pode ser

vencida, mas que só acontecerá com o arrependimento, a oração e o estudo diário da Palavra.Outras armas vitais na batalha incluem a prestação de contas e evitar as tentações que nos seduzemao pecado. Bsafe fornece pelo menos duas armas. Espero que as use. 

Você pode fazer isso visitando o site Insight for Living no www.insigbt.org. Aqui você vai ter

 

informações sobre como proceder para ir a web do BsafeOnline para instalar esse software em seucomputador. O software Bsafe irá prevenir até mesmo uma exposição acidental de pornografia naspropagandas. Como falei no capítulo 1, estima-se que 2.500 novos sites pornográficos sãointroduzidos na Internet todas as semanas. A estratégia de marketing deles é fazer com que vocêacesse sem querer seus sites através de planos de marketing. Isso explica como os seus filhos

ficaram viciados na pornografia tão jovens ainda e sentem o apelo do vício no meio da noitequando os pais estão dormindo. Por isso acho que todos os pais devem considerar esse pequenoinvestimento para a proteção de seus filhos. Não preciso dizer que, já que a maioria dos sites

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pornográficos é acessada por adolescentes e adultos, essa proteção é necessária para todos,principalmente para aqueles que lutam com a pureza moral. 

UMA CULTURA SEM TEMOR 

Francamente fico preocupado com a falta de temor entre o povo de Deus, o que nos tornaextremamente vulneráveis aos sutis perigos sobre os quais falei acima. Não quero promover omedo, mas um temor saudável e respeitoso do Senhor. Isso inclui um reconhecimento de que háconseqüências boas e ruins das nossas ações e pelas quais devemos prestar contas. É essencialsermos pró-ativos se desejamos caminhar de forma pura. 

É triste constatar que muitos cristãos vivem de forma negligente. A nossa cultura rasa nãopromove um temor pleno da desqualificação. Isso é um perigo! Aqueles que vivem de forma tãodescuidada correm o risco de trazer vergonha ao Mestre, além de estarem perigosamente à beira deserem desqualificados do serviço a Deus. Quando um pastor cai moralmente, o impacto causa mais

escândalo. É certo que a congregação onde ele serve sofre. A sua família sente a dor de forma maisprofunda. Além do mais, a comunidade onde ele serve sofre um perigoso baque. No entanto,sempre que qualquer cristão cai em pecado, o testemunho do evangelho é diminuído, se nãosilenciado por completo. Por isso que é tão importante lutar contra a dificuldade da desqualificação.A Palavra de Deus nos fornece uma ilustração clara do padrão reto que os cristãos devem ter. E elatambém revela as conseqüências arrasadoras que acontecem quando não seguimos a esse padrão.  

DESCRIÇÕES BÍBLICAS DE UMA VIDA BEM-VTVIDA 

Estudamos o assunto hipocrisia no capítulo 11. Vimos que a perspectiva de Deus sobre oshipócritas era bem direta. Ele deixou bem claro quando disse: "Não vos assemelheis a eles."(Mateus 6:8.) A menos que sejamos diferentes daqueles que vivem como se Deus não existisse,corremos o risco de sermos desqualificados. Por isso que Ele é tão rígido em condenar os fariseus.Como devemos ser então? 

Como sal e luz Leia devagar, prestando bastante atenção às palavras de Jesus que estão em Mateus 5, uma

parte das Escrituras chamada de Sermão do Monte. 

Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada maispresta senão para, lançado fora, ser pisado pelos ho-mens.Vós sois a luz do mundo. Não se podeesconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo doalqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossaluz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está noscéus. (w. 13-16.)

Devemos ser o tipo de pessoa que cria nos outros uma sede por Deus. Devemos fazer comque sintam sede pelo que é eterno. É isso o que Cristo quis dizer com ser sal. O sal tem a qualidadede preservar. Sem sal, a comida fica insossa... e, por fim, inútil. 

Jesus também enfatizou a importância de refletirmos a luz perseverante de Deus. O modocomo vivemos dissipa as trevas espirituais que permeiam o mundo caótico. Como velas acessas, oscristãos iluminam o mundo com os raios reluzentes da graça e do amor de Cristo. De forma trágica

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o mundo está cheio de lâmpadas que já brilharam, mas que se apagaram. O sal ficou sem sabor.Cada um de nós pode fazer diferença vivendo de modo justo no "meio de uma geração pervertida ecorrupta" (Filipenses 2:15). 

Além de sermos o sal e a luz, Paulo sugere outra descrição bíblica sobre como devemosviver. 

Como um atleta bem-preparado 

 

Os atletas de sucesso não nascem prontos; eles são preparados. Em 1 Cormtios 9, Paulo nosoferece uma figura que vale a pena considerar. É a figura daquele que disciplina e desenvolve o seucorpo e a sua mente para viver uma vida cristã eficaz: "Não sabeis vós que os que correm noestádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que oalcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós,porém, a incorruptível", (w. 24-25.) Gosto muito da perspectiva de um autor a respeito desseinteressante assunto. 

"[Paulo] insiste como os cormtios que queriam viver uma vida mansa que nenhum homem chega aqualquer lugar sem uma séria autodisciplina. Paulo sempre se sentiu fascinado com a figura do atleta.O atleta precisa treinar com intensidade se quer ganhar a competição; e Corinto sabia como ascompetições eram emocionantes, pois era ali que os jogos  Isthmian, que só ficavam atrás dos jogosOlímpicos, aconteciam. Além do mais, o atleta passa por essa autodisciplina e treinamento paraganhar a coroa de louros que em poucos dias iria virar um adorno murcho. Os cristãos deveriam sedisciplinar muito mais para ganhar a coroa da vida eterna."'2 

Paulo tinha em mente uma coroa incorruptível e eterna, uma coroa que nunca perde o viço.Ele também sabia que essas recompensas não eram distribuídas de forma automática. Os que

desejam ganhar uma coroa assim devem passar por um rigoroso treinamento espiritual enquantocompetem pelo prêmio. Isso explica por que ele escreve: "Assim corro também eu, não sem meta;assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão,para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado". (w. 26-27, itálicoadicionado.) Paulo esperava ganhar o prêmio, mas ele entendia o sacrifício para recebê-la: umavida bem-vivida, livre de comportamentos e atitudes que o desqualificariam. 

QUANDO A DESQUALIFICAÇÃO TORNA-SE PESSOAL 

O que, afinal, significa ser desqualificado! Conforme explica o estudioso do NovoTestamento e ex-deão da Canterbury, Henry Alford, "um teste de combatentes vitoriosos eraaplicado antes da competição e, se fosse descoberto que eles lutaram de forma ilegal ou injusta, oprêmio era tirado deles e retirados dos jogos com grande vergonha."-3

 

A palavra grega que Paulo usa para "desqualificado" é adokimos. Na época de Paulo eprincipalmente na cultura grega antiga, havia poucas coisas mais vergonhosas para a comunidadedo que ter seu grande atleta adokimos - desqualificado da competição. 

Não ouvimos muito sobre isso nos nossos dias de atletas estrelas. Poucos atletas sãodesqualificados de forma permanente. Apenas encontramos um mínimo desse alto padrão nasforças armadas. Lembro-me de quando eu era fuzileiro naval e via alguns dos oficiais perderem o

direito ao posto. Eles ficavam em frente a seus superiores e passavam pela humilhação de teremsuas divisas arrancadas do uniforme, ficando quase em farrapos. Já vi sargentos serem rebaixadosem frente das tropas. Via os superiores angustiados desempenhando essa solene tarefa com

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lágrimas de tristeza. É horrível ser desqualificado em público... é também horrível testemunhar umacena dessas. 

Claro que não estou me referindo aqui aos Jogos Olímpicos ou as forças armadas. Estoutentando explicar a grande responsabilidade e o privilégio de levar a mensagem do Salvador. Noentanto, por causa de uma vida irresponsável e negligente, isso nos é tirado. Vamos admitir que

nem todos são tão rigorosos como eu. Eu desafio qualquer um a encontrar na Bíblia algumapassagem que mostre uma transição rápida e indolor da desqualificação para uma posiçãosignificativa no ministério. Algumas vezes sinto-me como uma voz no deserto mantendo as minhasconvicções. Mas estou convicto de que há real possibilidade de desqualificação. 

Permita-me ser mais claro: se você conhece a Cristo como Salvador e Senhor, você não podeperder a sua esperança pelo céu ou a promessa garantida da sua graça perdoadora. Sua salvação éeterna quando confia em Cristo pela fé. Nosso Deus é cheio de graça e fiel em perdoar.  

O que você pode perder é o privilégio magnífico e a bênção de servi-lo em público e numlugar significativo no ministério. Que esta palavra alcance todas as instituições como seminários,

centros de treinamento e faculdades teológicas: Preserve o que lhe tem sido dado influenciando  jovens, homens e mulheres, chamados para proclamar o Evangelho. Exorte-os no sentido dedesenvolverem uma profunda paixão pela Palavra, uma devoção à Igreja e uma busca incansávelpela santidade e pela pureza da vida pessoal e do ministério. Cada nova geração deve ser desafiadaa manter o padrão o mais alto possível! 

Todos os cristãos devem manter um temor saudável pelo Senhor, principalmente aqueles queestão começando o ministério. Isso explica por que levamos a nossa ordenação tão a sério. Orespeito que recebemos daqueles a quem servimos depende disso. Os garotos e as garotas podemolhar para o pastor ou para o professor de escola dominical como um modelo e dizer: "Pelo menoshá alguém que conheço que se mantém firme em suas convicções. Posso confiar nessa pessoa".Como espero que isso seja restaurado em nossa nação. Meu coração se enche de tristeza quandoouço a notícia de outra queda. 

Temos a tendência para pensar que os perigos vêm como resultado de nossa participação nummundo pecaminoso. Isso é uma verdade parcial. O segredo é marcar os limites pessoais. Se alguémmanteve os limites adequados contra a sedução do mundo, essa pessoa foi Paulo. Ele não secontaminava pelo sistema. Toda a sua vida estava comprometida com a busca das coisas espirituais.Ele amava o Senhor. Assim como Cristo, ele permanece até hoje como um excelente modelo devida piedosa. Ainda assim, até mesmo Paulo, com todo o seu zelo e a sua devoção a Cristo, corriarisco com a exposição de coisas espirituais. Eu e você sabemos como uma exposição exagerada à

verdade espiritual pode gerar uma perigosa indiferença e fazer com que não nos importemos maiscom coisas que realmente importam. Como é fácil desenvolver um espírito negligente na realizaçãode atividades importantes! 

Os perigos silenciosos da exposição exageradaPaulo teve uma ótima percepção quando estava escrevendo esta exortação aos cristãos de

Corinto. Ele criou uma ilustração tirada de uma idéia do Antigo Testamento sobre os perigos daexposição exagerada. Ele escreveu que o povo de Israel aceitava a glória da bondade e da provisãode Deus, mas descuidava das suas atitudes do coração.  

Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passarampelo mar, tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a Moisés.Todos

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eles comeram de um só manjar espiritual e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de umapedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo. (1 Coríntios 10:1-4.)

Percebe a ilustração? Os israelitas viveram contando com a provisão generosa de Deus sobuma nuvem de proteção. Tinham tudo de que precisavam. Deus os guiou no êxodo. Ele estavapresente com eles na peregrinação até a Terra Prometida. Claro que eram a personificação dos

seguidores fiéis. Claro que cumpriam as suas responsabilidades de uma vida santa.  Não\  Pauloescreve: "Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados nodeserto." (v. 5.) 

Se você tivesse vivido como um hebreu daquela geração quando Moisés se colocou diante dofaraó, teria entendido a sua posição perante Deus. Teria percebido que você era parte do povoescolhido de Deus - judeus que testemunharam o êxodo! É um grupo maravilhoso dentre tantosoutros. 

O que você teria experimentado? Teria estado "sob uma nuvem", desfrutando a orientaçãosobrenatural. Você teria estado entre aqueles que "passaram pelo mar", experimentando, assim, um

livramento sobrenatural. Imagine fazer parte de um evento dessa magnitude. Você teria se gloriado nas bênçãos de ser parte do rebanho de Moisés - beneficiando-se de

seu notável dom e liderança sobrenatural. Você teria tudo. Provisões ilimitadas e água, semqualquer preocupação sobre onde ficar, sem medo de perder o caminho na imensidão do deserto.Nada faltava. Claro que os judeus deviam ser um povo agradecido e fiel. 

Não mesmo! Podiam ser tudo, menos isso. Engordaram e ficaram despreocupados com aexposição exagerada das bênçãos da bondade de Deus. Nas palavras de Paulo, Deus desqualificou atodos eles. 

Assim como atletas altamente qualificados e bem-treinados podem se envolver com drogas e

perder a forma, tornando-se um grande fracasso, nós também que conhecemos e desfrutamos asbênçãos de Deus podemos fracassar. Também podemos ser desqualificados. Pessoas competentes,capazes e cheias de dons podem ser presas fáceis para os predadores da desqualificação. Podemosficar indiferentes, preguiçosos, carnais, insatisfeitos e, até mesmo, insensíveis quando sofremos deexposição exagerada. 

Devemos-nos lembrar de que as palavras de Paulo não foram preservadas nas páginas daBíblia somente para o benefício dos historiadores. Em um tom sério, Paulo expressa a sua grandepreocupação, lembrando-nos de que "estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritaspara advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado."(v. 11.) Naparáfrase da Bíblia, The Message, Eugene Peterson escreve: "Esses são alertas - PERIGO! - nosnossos livros de história, que foram escritos para que não repitamos os erros deles."  

A palavra grega para "exemplo" é tupos, que significa literalmente "bater" como um carimboque deixa uma impressão permanente. A impressão permanece na mente como um lembreteconstante do preço da rebelião contra Deus. 

Devemos-nos lembrar das palavras de A. W. Tozer: "As influências mais letais são as sutis." 

 As tentações sutis do cinismo 

 

Leia de novo o verso 6 de 1 Coríntios 10. Paulo escreve que "estas coisas se tornaramexemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram". O

afastamento começa com o desejo de coisas más. Para simplificar, a batalha começa na mente e nocoração. As coisas do mundo começam a ficar curiosamente emocionantes. Esses pensamentossecretos vergonhosos e essas tentações silenciosas! Eles chegam na pior hora. Se não forem

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controlados, crescem e ficam mais chocantes até que, uma hora, tomam conta de nós. Antes de nosdarmos conta, é tarde demais. Acabou tudo e estamos desqualificados.  

Acontecem da mesma forma que os esquimós caçam e matam um lobo. Se essas palavras nãofizerem sentido para você, não sei o que mais faria. Leia a descrição devagar e com bastanteatenção. Ela não é nada agradável. É repugnante, mas nos dá uma boa idéia da natureza destrutiva e

consumidora do pecado. 

Primeiro, o esquimó passa sangue de animal em sua faca e o deixa secar. Depois passa outracamada e mais outra de sangue ate que a lâmina esteja coberta de sangue congelado. A seguir ocaçador enfia o cabo da faca na neve com a lâmina para cima. Quando o lobo, com seu olfatosensível, sente o cheiro da isca, ele começa a lamber o sangue congelado vigorosamente, cada vezmais rápido até que chega na longa lâmina afiada na noite do ártico. Sua ânsia por sangue fica tãointensa que o lobo não nota a lâmina cortante em sua língua nem reconhece o instante em que a suasede insaciável está sendo satisfeita com o seu próprio sangue quente. O apetite carnívoro desselobo selvagem deseja mais - até que, pela manhã, ele está morto na neve coberta de sangue.  

A desqualificação segue o mesmo padrão. Somos consumidos pelos nossos próprios desejos

pecaminosos até que nos vemos sem controle, viciados, presos pelo nosso próprio apetite por mais.Tudo começa com um desejo secreto pelas coisas más. Pode ser com outra pessoa. Pode ser napornografia na Internet ou dezenas de outros tipos de tentação - todos eles planejados paradesqualificá-lo. Desafio qualquer pessoa que tenha desejos secretos e cultivam o início de um vício

  para parar agora antes que seja tarde demais. Procure ajuda imediatamente. Se você estácomeçando a se viciar em remédios ou álcool ou comida ou o que quer que seja, confesse a sua lutaa outra pessoa em quem confie. Faça o que puder para enfrentar o seu vício, para confessá-lo eresolver o problema. 

Um grande número de pessoas que já marcharam em triunfo para fora do Egito sob apoderosa mão de Deus afastaram-se da sua dedicação do passado. Por fim tiveram uma mortehorrível e miserável no deserto. É como se Paulo estivesse nos alertando quando escreveu: "Nãovos façais, pois, idolatras, como alguns deles; porquanto está escrito: O povo assentou-se paracomer e beber e levantou-se para divertir-se. E não pratiquemos imoralidade, como alguns deles ofizeram, e caíram, num só dia, vinte e três mil." (1 Coríntios 10:7-8.) 

A idolatria acontece quando colocamos algo no lugar de Deus. Podemos tirar Cristo do tronoda nossa vida de modo silencioso e geralmente secreto. A idolatria acontece quando estamoshabitualmente preocupados com algo ou alguém que não Cristo. Como a erosão na praia, que nãofaz barulho ou chama a atenção, mas termina em destruição clara. Se a erosão continua, tudo élevado embora. Tudo. 

Da idolatria chegamos a ponto de, em nossa mente, apontar o dedo para Deus. Nas palavrasde Paulo "colocamos o Senhor à prova" (v. 9)-Isso é o pecado da presunção - tirar vantagem dagraça de Deus, abusamos da sua longanimidade enquanto estamos à beira do desastre. 

A partir daí todas as coisas se deterioram mais ainda. Da idolatria para a presunção, e daí para o murmúrio contra Deus (v. 10). Que cena lastimável é esta! O povo de Deus, que já haviaexperimentado as suas gloriosas provisões, murmurava e reclamava no deserto. 

Paulo não estava falando sobre os pagãos, almas depravadas que nunca conheceram Deus ouatenderam aos seus apelos. Esperamos isso de ímpios. Não. Ele estava exortando os cristãos que játinham experimentado o que Deus deu de melhor. E em seu mundo egocêntrico, tudo piorou. 

Todas as quedas morais têm uma história. Não existe algo como "explosão espiritual" na vidados cristãos. Tudo começa com uma série de pequenos "vazamentos" no caráter. Embora o atodeliberado final possa ser repentino e desastroso, ele traz um passado persistente e repugnante. A

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racionalização faz o sal perder seu valor e a luz começar a falhar. Rebaixamos a verdade com onosso comprometimento com as coisas erradas. Isso pode acontecer comigo. Pode acontecer comvocê, com o seu melhor amigo... com o seu cônjuge... o seu próprio filho. Felizmente há umcaminho que nos leva de volta à grande misericórdia de Deus. Fico feliz em dizer que Deus esperade braços abertos a volta de qualquer filho pródigo. 

REAGINDO À DERROTA À MANEIRA DE DEUS 

Paulo percebia que os seus leitores reagiriam de uma das duas maneiras. Alguns diriam: "Issonunca teria acontecido comigo". A esses, ele alerta: "Aquele, pois, que pensa estar em pé veja quenão caia." (1 Coríntios 10:12.) Em outras palavras, ninguém está imune. Qualquer um pode cair.Por isso precisamos atentar para todos os alertas que a Bíblia nos dá. Repito, todos estamos emperigo de ser desqualificado. Não existe algo como promessa perpétua de pureza. Esperança eperdão, sim... pureza e eficácia, não.

Outros diriam: "Estou tão no fundo que nunca mais vou conseguir sair. A confusão que

aprontei é tão grande que não tenho qualquer esperança de recuperação. É tarde demais para mim".A esses, Paulo escreve: "Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e nãopermitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vosprovera livramento, de sorte que a possais suportar." (1 Coríntios 10:13.) 

Essa não é uma notícia maravilhosa? Deus não só conhece as nossas lutas, como prometeuma forma de escaparmos delas. Indo mais além - Ele nos ajudará a escapar da nossa condição deprisioneiro. Que Deus compassivo, gracioso e misericordioso! 

DE VOLTA À CORRIDA 

Esse capítulo foi um dos mais desafiadores de se escrever, porque ajudar as pessoas nadificuldade da desqualificação é um processo doloroso e sério. Não posso contar as vezes que tenhome envolvido na restauração dessas pessoas que têm caído. Essas são verdades extremamentedifíceis de apresentar e aplicar, mas são também essenciais se desejamos permanecer na corrida... eganhar o prêmio. 

A propósito, esse não é um assunto para o seu vizinho ler a respeito. Nem para o seu pastorou marido. É para você, sim, você... homem ou mulher, jovem ou velho, na igreja ou longe dela,casado, viúvo ou divorciado. 

Tenho várias Bíblias. Uma delas é muito importante e significativa para mim. É uma cópia do

Novo Testamento que ganhei logo depois que me formei no seminário. Está bem gasta, todamarcada e com as folhas soltando. Ainda a uso em certas ocasiões (embora algumas páginas caiame eu tenho de pegá-las no chão!). Quando a ganhei, eu era novo no ministério. Então para me alertardos perigos que enfrentaria nos anos seguintes, eu colei na parte de dentro da capa as palavras deCharles Haddon Spurgeon, um pastor inglês que Deus usou com grande eficácia no século XK. Oalerta de Spurgeon, embora antigo e rebuscado, ainda é tão relevante quanto qualquer outra coisaescrita hoje. Algumas vezes parei para reler essas palavras. Eu me lembrava de que qualquer umpode cair... incluindo eu mesmo. 

"A primeira coisa que devemos considerar é o nosso perigo. Corremos o perigo de cair - não apenasalguns de nós, mas todos nós; não apenas os fracos, mas os fortes também; não só os jovens, mas osvelhos e de meia-idade, todos correm o risco de cair no pecado, trazendo, assim, desonra sobre anossa profissão, tristeza para a nossa alma e desgraça para o nome de Cristo, a quem dizemos que

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servimos e amamos. Devemos estar sempre alertas de que corremos perigo, porque já vimos outroscaírem em pecado. Eu nem ouso recordar-me de tudo que já vi em minha observação da Igreja deCristo. Embora eu ache que fui favorecido de um modo peculiar em meu ministério como pastor, háalgumas partes feridas em minha alma - feridas abertas que nunca serão curadas aqui na Terra, queforam causadas por homens que caíram, homens com quem já me aconselhei e em cuja companhiacostumava caminhar até a casa de Deus. Conheci alguns que já pregaram o Evangelho, e pregaramcom poder, mas que estão afastados por completo dele. Conheci outros que serviram a mesa doSenhor, que serviram com responsabilidade como diáconos ou presbíteros de forma diligente e quemais tarde cederam as paixões malignas. Alguns eu achava que eram os mais santos dos homens.Subia aos céus enquanto eles oravam; e se alguém tivesse dito a mim que um dia cairiam no maisterrível pecado, não teria acreditado. Acharia que seria algo possível para mim.  Aqueles que achávamos que eram mais fortes do que nós, caíram, então por que não podemos cair?Não apenas isso, mas somente não cairemos se a graça soberana evitar essa terrível calamidade? Osdiscípulos do Senhor, que se sentaram à mesa com Ele, quando ouviram que um deles iria trair oMestre, começaram a perguntar: "Senhor, sou eu?" Essa foi uma pergunta bastante apropriada.Nenhum deles perguntou: "Senhor, é Judas?" Provavelmente nenhum deles havia suspeitado de Judase talvez fosse que o pior hipócrita naquele grupo tivesse sido aquele sobre quem, naquele momento,não pairava qualquer sombra de dúvida. Ele havia aprendido a desempenhar o seu papel tão bem que

seu verdadeiro caráter ainda não tinha sido descoberto."^ 

Muitos vencem. Infelizmente, muitos outros perdem. Sansão perdeu no fim; Davi venceu.Ambos sofreram eventos que os desqualificaram na liderança. No entanto a diferença estava namaneira pela qual reagiram.

Sansão serviu como juiz de Israel durante vinte anos. Seus dois pontos fracos, porém, eram oorgulho e o sexo. Ele foi usado de forma poderosa por Deus, mas cedeu ao orgulho e à luxúria.Envolveu-se com uma prostituta e apaixonou-se por outra mulher chamada Dalila 0uízes 16). Porfim ele literalmente acabou nos braços daquela mulher enganadora no Vale de Soreque. Terra dos

filisteus. Território inimigo. As suas conquistas sexuais culminaram em um caso humilhante epermeado pela manipulação. Ele não só perdeu o seu cabelo - um símbolo de força - como tambémo poder e o favor de Deus. Ele ficou desprovido de poder e foi derrotado. Derrubado. 

 Desqualificado 

Sansão foi longe demais. Ele foi derrotado de forma humilhante, com os seus olhos vazados,sendo ridicularizado pelos homens que o capturaram, jogando-o numa masmorra. 

Davi também teve uma vida de paixões. Ele lutou contra a tentação constante de viver combase em seus próprios talentos e habilidades. Ele também, em um momento de fraqueza, deixoucair a guarda e foi vítima do seu desejo de lascívia. Em seu desejo, ele possuiu a mulher de outrohomem. Seu nome era Bate-Seba. Aquele era um caso extraconjugal homicida e vergonhoso. Daviplanejou que o marido de Bate-Seba fosse morto em uma batalha. 

As conseqüências foram muito pesadas. O filho de Davi com Bate-Seba morreu pouco depoisde nascer. Além do mais, seu lar ficou em pedaços... o famoso pastor-rei enfrentou anos desofrimento e vergonha nas mãos dos seus filhos rebeldes. Precisou passar por conseqüências tãoangustiantes por causa de uma única noite de tola paixão.  

No entanto Davi não morreu na prisão. Em vez disso ele morreu como homem de honra edignidade... o rei ungido de Israel... "um homem segundo o coração de Deus". Qual foi a diferença?  

 Arrependimento 

Quebrantado e humilhado, Davi clamou a Deus por perdão e encontrou a misericórdia e a

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graça para continuar. Deixe-me fazer algumas perguntas a você. 

•  Você está à beira de um desastre hoje?•  Você está vivendo uma vida secreta que apenas você e Deus sabem?• Você se permitiu ficar tão viciado em seu pecado que teme nunca mais poder sair dessa?

Você precisa saber que nunca é tarde demais para começar de novo fazendo o que é certo.Não há como estar tão atolado no pecado a ponto de Cristo não poder tirá-lo do poço onde está. Oarrependimento é o ponto de parada. Isso significa que você vai deixar o seu pecado e confessar aEle a sua incapacidade de obedecer e de promover uma mudança sozinho. Peça a sua força parapoder vencer. Talvez seu pecado ainda seja um segredo... mas você será descoberto no final. Nãodeixe passar mais um dia sem se colocar de joelhos perante Deus e orar como Davi:  

Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundo a multidão das tuasmisericórdias, apaga as minhas transgressões. Lava-me completamente da minha iniqüidade epurifica-me do meu pecado. Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre

diante de mim.

Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos, de maneira que serás tidopor justo no teu falar e puro no teu julgar......Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável. Não merepulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito. Restifui-me a alegria da tua salvação esustenta-me com um espírito voluntário. (Salmos 51:1-4,10-12.)

Você fez essa oração... de forma sincera e honesta? Agora você precisa procurar um amigocristão para ajudá-lo a ser totalmente restaurado. Confesse o seu pecado. Peça ajuda. Se necessário,procure um conselheiro cristão que possa assistir a sua recuperação completa.  

E depois? Volte para a corrida... e corra como se nunca tivesse corrido antes!

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CAPÍTULO 14 

 Rompendo as dificuldades da morte 

O FALECIDO AUTOR Joseph Bayly sabia muito a respeito da morte. Ele experimentou os seusgrilhões muitas vezes. Seu filho recém-nascido morreu após uma cirurgia, seu filho de cinco anosmorreu de leucemia e seu outro filho de 18 anos morreu em um acidente de trenó por causa decomplicações causadas pela hemofilia. Cada encontro com a morte o ensinou uma lição diferentesobre a sua dolorosa realidade. Ele escreveu de forma verdadeira e séria sobre o assunto no iníciode seu hvro The Last Thing We TalkAbout (A última coisa sobre a qual falamos). 

O carro funerário começou a sua viagem milhares de anos atrás, como uma liteira feita de galhos.Liteira, carroça, Cadillac: o transporte mudou, mas o corpo que carrega permanece o mesmo.Nascimento e morte funcionam como parênteses para a vida do homem do presente. E esses parêntesesno início e no fim da vida são impenetráveis. Isso nos causa frustração, principalmente numa época de

 

descobertas científicas e explosão do conhecimento, em que podemos escapar do ambiente da Terra,mas somos detidos pelos mistérios insondáveis da morte. As autópsias ficam cada vez maissofisticadas, o embalsamamento cosmético substitui artifícios antigos para melhorar o cadáver, mas amorte continua a nos confrontar com a sua muralha vazia. Tudo muda; a morte é imutável...Fazendeiros e executivos vivem à sombra da morte acompanhados do ganhador do Prêmio Nobel, da

 

prostituta, da mãe, do filho, do jovem, do velho. O carro funerário espera tanto pelo cirurgião que

 

executou um transplante de coração quanto pelo paciente esperançoso, tanto pelo organizador dofuneral quanto pelo corpo que ele embalsamou. A morte não poupa ninguém.

Que palavras poderosas e penetrantes escritas por alguém que conheceu a morte de perto. Noentanto devemos refletir de forma tão intensa quanto ele se quisermos romper as dificuldades damorte em nossos dias neste planeta. Vou aceitar esse tipo de honestidade. Ainda assim, poucaspessoas enfrentam a sua mortalidade, que dirá conversarem sobre ela de modo franco. Vale a penaconsiderar algumas das maneiras mais comuns pelas quais as pessoas lidam com a realidade damorte. 

REAÇÕES CONHECIDAS A RESPEITO DA QUESTÃO DA MORTE 

 Muitos preferem o humor. Um adesivo de carro que vi alguns anos atrás dizia:  

 Não leve a vida tão a sério! 

Você não vai mesmo escapar dela com vida. Provavelmente você esteja rindo agora. Eu ri também. Essa é uma forma comum com que as

pessoas lidam com a morte - mantendo o assunto em nível engraçado e leve. Talvez fazendo piadaconsigamos manter a morte a uma distância segura. 

Se pegássemos um gravador e registrássemos durante alguns meses todas as piadas que

ouvimos sobre a morte, ficaríamos surpresos com a quantidade delas. Tanto os comediantes detelevisão quanto os cartunistas fazem pouco caso dela. Woody Allen certa vez afirmousarcasticamente: "Não que eu tenha medo de morrer. Só não quero estar lá quando isso acontecer." 

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Uma história engraçada que ouvi recentemente fala de um casal casado há mais de cinqüentaanos. O casamento deles foi bastante turbulento. Quando o marido morreu, a esposa precisouescolher uma lápide. Ela contrata um especialista no assunto e escolhe o tipo de pedra. Ao telefone,ela diz: "Olhe, não quero nada pomposo. Não estou disposta a gastar muito. Mas acho interessanteter uma lápide para marcar o lugar onde meu marido está enterrado. Vamos ser práticos. Por que

não entalhamos as palavras: 'Ao meu marido', num lugar adequado da lápide?" Ele diz: "Certo.Pode deixar comigo." 

Ele termina de cortar a pedra e gravar as palavras antes de ligar para a mulher ir ver o serviçopronto no cemitério. Ela chega preparada para ver a lápide com as palavras "Ao meu marido",gravadas num lugar adequado. Em vez disso, ela lê horrorizada: 

AO MEU MARIDO... NUM LUGAR ADEQUADO 

Para muitas pessoas, uma história cômica mascara a dor e a confusão em torno da morte.Uma reação comum é fazer da morte um assunto engraçado. 

Outra reação comum éa negação. Não fale sobre a morte - não permita que ela faça parte dequalquer diálogo ou reflexão. Finja que ela não existe. É mais fácil para as pessoas não falarem darealidade da morte do que lutar com o seu significado.  

Lembro-me de quando eu era garoto e andava de carro com os meus pais. Um dia vi umanimal morto no acostamento da estrada. Odiava ver aqueles bichinhos sem vida no asfalto. Eupensava nos meus próprios bichos de estimação. Quando eu resmungava, minha mãe dizia: "Nãoolhe para ele, querido. Olhe para o outro lado". Desde pequenos somos estimulados a olhar para ooutro lado - para deixar a morte de fora dos nossos pensamentos. Por isso que compramos segurode vida em vez de seguro de morte. Vamos encarar os fatos... quem quer comprar cobertura de

morte? É mais fácil vender vida! 

Joe Bayly escreve: 

"Criticamos os vitorianos porque faziam sentimentalismo com a morte e a cercavam com pathos (dor).Mas o homem moderno a nega. O tipo de tabu que os vitorianos tinham em relação à discussão desexo em público foi transferido para a nossa cultura em relação à morte... Essa conspiração dosilêncio... produziu uma negação da morte sem precedentes na civilização ocidental."2 

Outros preferem romantizar a morte depositando a sua confiança em coroas de floreselaboradas e hinos bonitos para enfatizar a suposta beleza da morte. É claro que não há nada de

errado com um belo tributo em honra dos nossos queridos que se foram. Ainda assim isso tudopretende embelezar as despedidas finais e dolorosas. 

Mais uma vez, Bayly fala: 

Ataque do coração, câncer, derrame, infecção. A morte vem, mesmo que de modo natural, de váriasformas, para qualquer pessoa, de qualquer idade.

Devemos negar a morte e embelezá-la?Um cadáver nunca é bonito, seja de animal ou humano...Não podemos embelezar a morte. Podemos viver com ela e aceitá-la, mas não podemos mudar a suaterrível natureza.-?

Acho que Bayly está certo. Apesar das tentativas humanas de mascarar o horror da morte,não podemos escapar dela. A morte é o nosso último inimigo e representa a porta pela qual

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passamos desta vida para a próxima.  A reação final à morte é o medo. As pessoas temem a morte mais do que qualquer outra

realidade. Recordo-me de uma senhora idosa que visitei há alguns anos e de algo que me falou com

lágrimas nos olhos: "Pastor Chuck, tenho medo de morrer". Disse-lhe que aquele era o sentimento

mais natural do mundo. Sempre sentimos medo quando pensamos na morte. O medo e a morte são os nossos companheiros constantes. Se você acha que as pessoas nãotêm medo de morrer, preste atenção no passageiro sentado ao seu lado no avião. Veja como elereage quando o avião sacode na turbulência. Já vi velhos e jovens tremerem e chorarem. O medo damorte assola a alma humana como uma praga.  

Infelizmente, cedo ou tarde seremos forçados a enfrentar a morte. Quando você ou alguémque você ama estiver morrendo, a morte não será algo engraçado, distante ou bonito... e não precisaser algo que causa medo. Ela será, de fato, real. Talvez dolorosamente real. 

Marta e Maria, duas irmãs que eram amigas próximas de Jesus, entendiam a realidade damorte. Elas tiveram de enfrentar a sua teia dolorosa, de onde não se pode escapar, quando o seu

irmão, Lázaro, foi acometido de uma doença terminal. Nessa comovente história registrada emJoão 11, testemunhamos toda a gama de emoções humanas. O melhor de tudo é que descobrimoscomo Cristo ajudou-os a vencer a dificuldade da morte. 

UMA HISTÓRIA COMOVENTE DE DOR E MORTE 

Tudo era tristeza na aldeia de Betânia. Medo, ódio e dúvida roubaram qualquer resquício deestabilidade e paz que outrora desfrutaram. Nem mesmo havia qualquer beleza naquele lugar. Aocontrário, uma nuvem ameaçadora de incerteza pairava sobre a casa onde Lázaro jazia morto. Joãoescreve: "Estava enfermo Lázaro, de Betânia, da aldeia de Maria e de sua irmã Marta". (João 11:1.)Lázaro era um fiel amigo de Jesus, o irmão solteiro de Marta e Maria, as suas irmãs mais velhas.Subitamente Lázaro ficou doente. A sua febre subiu e a doença se recusava a ceder. Talvez osmédicos foram vê-los, mas saíram balançando a cabeça confusos. A medicina não podia ajudartambém. Todas as tentativas de cura fracassaram. Quando a condição de Lázaro piorou, Joãoescreve: "Mandaram, pois, as irmãs de Lázaro dizer a Jesus: Senhor, está enfermo aquele a quemamas." (v. 3.) 

Amigos chegados não precisam de convite para visitar uma pessoa querida à beira da morte.Marta e Maria informaram a Jesus da condição grave do seu irmão, sabendo que, se alguém poderiaajudar, essa pessoa era o Mestre. Claro que Ele largaria tudo para ir até Betânia sem hesitação. A

condição de Lázaro piorou. 

 A doença vira morte 

 

De modo estranho, mas deliberado, Jesus decidiu não ir até Betânia de imediato. Nem mesmofoi no dia seguinte... ou no próximo. Ele ainda esperou. Como as irmãs temiam, Lázaro morreu.Partiu. Estava ali sem pulsação. Nem ondas cerebrais. Um corpo sem vida. Repito, não eraengraçado, irreal ou bonito. Não só era real como também, o pior pesadelo de Marta e Maria. Alémda perda do irmão, as irmãs sentiram raiva por Jesus ter se atrasado para ir vê-lo. Era a maiordecepção que tiveram. Ficaram desesperadas, esperando que Jesus chegasse a tempo para curar o

seu irmão antes que a doença o levasse. No entanto Ele não apareceu. Nem dá para imaginar adecepção misturada com raiva que Marta e Maria sentiram por Jesus; na verdade, por Deus. A féenfrenta o teste máximo quando a morte esmaga a esperança de cura. 

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O jogo da culpa Jesus finalmente recebe a notícia da morte de Lázaro. De volta a Betânia, os amigos começam

a chegar de todas as partes para chorar com Marta e Maria (João 11:17-19)- Nesse meio tempo,Jesus finalmente decide vê-los na companhia dos seus amigos. Marta o encontra ainda na estrada,deixando Maria sozinha em casa. Marta olha Jesus bem nos olhos e diz: "Senhor, se estiveras aqui,

não teria morrido meu irmão", (v. 21.) Seu tom acusador é eloqüente e sério. Ela foi traída,abandonada e desapontada pelo único que poderia ter salvado seu irmão. Onde Ele estava? 

Essa mesma cena repetiu-se séculos mais tarde no Grand Canyon, após um desastre aéreo.As partes dos corpos foram lançadas na imensidão do Canyon. Foi uma cena terrível. Os bombeirosfizeram o melhor que puderam para recuperar os restos das vítimas. A tarefa inevitável de presidiro culto fúnebre recaiu sobre um jovem pastor local. Ele não conhecia quaisquer daquelas pessoasque haviam morrido. Tremendo e cheio de incerteza, ele falou da fidelidade e da bondade de Deusenquanto clamava por sua presença soberana naquela situação. Um dos presentes ficou indignadocom as palavras do pastor. Sem conseguir permanecer em silêncio, ele berrou: "Se Deus é tão bom,se Ele se importa tanto, então onde Ele estava quando isso aconteceu?" 

Milhares de pessoas já se perguntaram ou se perguntam até hoje sobre o resultado da tragédiade 11 de setembro de 2001 - aquele dia horrível e surreal onde três mil pessoas inocentes morreramna série de ataques terroristas violentos no país. Onde Deus "estava" em 11 de setembro de 2001?Não é difícil para entendermos a luta de Marta. A perversa natureza da morte traz à tona todaemoção crua, que sai naturalmente da alma sem qualquer preparação.  

Marta estava irada. Não conseguia acreditar que Jesus tinha deixado passar tanto tempo. Elaquestionou a sua compaixão. Ela questionou a sua bondade. 

Talvez você mesmo esteja questionando o Senhor hoje. Talvez esteja perdido numa nuvem demedo e confusão enquanto processa o que significa viver sozinho, sem a companhia do seu

cônjuge. Pode ser que esteja imaginando por que Deus permitiu que seu filho adolescente entrasseno carro de um amigo alcoolizado no volante. Onde estava Deus quando a sua linda filha saiu doseu apartamento para o trabalho desaparecendo na noite escura? Onde estava Deus quando osbombeiros tropeçaram em seu corpo em decomposição num terreno baldio? Por que Deus nãocurou sua esposa "antes" do câncer chegar ao cérebro? Por que Deus não impediu o carro-patrulhado seu filho de entrar numa emboscada do inimigo? Por que o seu bebê recém-nascido, com umproblema que nem podia ser operado, morreu ainda tão novinho e inocente? Por que, por que, porque, por quê? 

Será que Jesus poderia ter salvado Lázaro da morte? Claro. Ele poderia ter evitado o

desastre? Claro. Para a nossa surpresa, Ele não o fez. Ele decidiu esperar. A morte de Lázaro eraparte de um plano maior e soberano. Seu plano contradiz as nossas preferências. Há um mistériodivino em tudo isso. A sua forma de fazer as coisas não é a nossa.  

Haverá um dia em que Deus irá permitir que a morte ceife a sua vida e a minha. Eu e vocêsucumbiremos às garras da morte. Nós, também, morreremos. Os nossos queridos morrerão um dia.Para alguns, será antes do final deste ano. Para muitos, será antes do final desta década. Paraalguns, será uma morte terrivelmente prematura. Para outros, será acidental, e até mesmo trágica.Alguns morrerão de forma horrível, como vítimas de ataques terroristas. Não conhecemos nem ahora nem a forma do nosso último suspiro. No entanto a morte é certa para nós.  

No futuro, quando você e eu menos esperarmos, o nosso número será sorteado. Quando issoacontecer, possivelmente os nossos queridos irão questionar a Deus. Ficarão imaginando por queDeus decidiu não intervir. "Por que Ele não trouxe a cura?" poderão perguntar. Assim como

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naqueles sombrios dias em Betânia, a dor será um golpe para os nossos queridos enquantoenfrentam exatamente o que Marta e Maria enfrentaram... o dobrar final dos sinos. 

Mas será que aquilo era o fim? 

Uma oração milagrosa 

Conforme Jesus chega ao lugar onde Lázaro estava enterrado, algumas pessoas começaram aacusá-lo. João relembra; "Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer que este não morresse?"(v. 37.) A dúvida tornou-se mais intensa na cabeça dos que choravam o morto, principalmenteaqueles cuja fé estava depositada em terreno incerto. Atormentado pela descrença e tristeza daspessoas, Jesus disse simplesmente: "Tirai a pedra." (v. 39) 

Seu pedido não fez sentido para Marta. Parecia algo pouco gentil e de mal-gosto. Vale a penaler a resposta de Jesus: 

Respondeu-lhe Jesus: Não te disse eu que, se creres, verás a glória de Deus? Tiraram, então, a pedra.E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou porque me ouviste. Aliás, eu sabia

que sempre me ouves, mas assim falei por causa da multidão presente, para que creiam que tu meenviaste. E, tendo dito isto, clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora! (João 11:40-43)

Até o dia de hoje em Israel, há túmulos encravados nas encostas. Algumas vezes as pessoascortam um pedaço da rocha, retiram a terra e colocam um corpo naquele buraco. Depois fecham otúmulo com outra pedra para proteger o corpo dos animais e ladrões de corpos. A parte final doprocesso de velar o morto acontece quando essa grande pedra arredondada é colocada no lugar.Jesus ordenou que tirassem a pedra que cobria o túmulo de Lázaro. Depois deu outra ordem:"Lázaro, vem para fora!" (v. 43.) 

 Do medo à fé Um silêncio assustador tomou conta da multidão. Todos olharam em desagrado. O que Jesus

estava fazendo, chamando Lázaro para sair da tumba? Por favor, entenda, se Lázaro fosseressuscitar não haveria motivo para tirar a pedra. Um corpo ressurreto teria a habilidade de passaratravés da pedra. Lázaro teria um corpo glorificado, capaz de passar de um lugar para o outro semestar limitado por matéria ou lugar (João 20:19-20). Jesus pediu para a pedra ser tirada; entãoLázaro, "ressuscitado" dos mortos, poderia sair vivo. 

Marta e Maria ficaram petrificadas sem conseguir crer no que estava acontecendo. De repenteviram algo se mover dentro da escuridão da tumba. Será que era possível? Será que era verdade:Lázaro - vivo? Sim, ele estava vivo... milagrosamente voltou do além depois de ter morrido quatrodias antes! 

João escreve: "Saiu aquele que estivera morto, tendo os pés e as mãos ligados com ataduras eo rosto envolto num lenço. Então, lhes ordenou Jesus: Desatai-o e deixai-o ir." (João 11:44.)  

Jesus via o túmulo como um lugar de onde uma nova vida poderia surgir. Primeiro, uma novavida emergiu do corpo morto de Lázaro. Segundo, uma nova vida começaria naqueles que estavamespiritualmente mortos no pecado.

Notei nesses anos todos de ministério que a morte faz com que a mais negligente das almaspare para refletir sobre as coisas eternas. Esse foi exatamente o caso com a morte de Lázaro. Joãodiz: "Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo visitar Maria, vendo o que fizera Jesus,

creram nele", (v. 45.) Aquilo que testemunharam mudou o coração de todos. Isso ainda acontece.Quando Jesus nos encontra na dificuldade da morte, revivemos por meio do poder da suaressurreição. 

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Por isso devemos levar os outros a pensarem sobre a realidade da morte e também, o que émais importante, sobre a esperança da vida eterna - a promessa de Jesus da ressurreição. Essa vidaé apenas um prelúdio passageiro da vida eterna que está por vir. Como é importante vivermossabendo que todos os dias são um presente, todo ano que começa, um tesouro. O que Marta, Mariae aquelas pessoas anônimas que faziam parte da séria multidão testemunharam foi um milagre

magnífico, que transforma as vidas. Sem dúvida que, daquele ponto em diante, cada umconsiderava a morte refletindo melhor sobre o seu significado e valor.  

Surge uma pergunta agora: como você teria se sentido tendo de desatar Lázaro? Pense antesde responder. Tente imaginar você desatando o seu corpo, para depois ver Lázaro, que estavamorto minutos antes, sair andando no dia claro. 

E VOCÊ? TERIA ACREDITADO? 

Antes de sairmos dessa notável história, vamos voltar a fita até o ponto que deixei de ladopropositalmente. Jesus mencionou duas promessas que cumpriria ao voltar a Betânia. A sua

primeira promessa foi para Marta quando ela o encontrou na estrada em prantos. Ele disse: "Teuirmão há de ressurgir". (João 11:23.) Ele prometeu à Marta que ela veria o seu irmão vivonovamente. Ele não ficaria no túmulo frio e escuro. Ele experimentaria o milagre da nova vida. 

Na segunda promessa, Jesus falou a todos que lá estavam. Na verdade, Ele "continuou"mantendo essa promessa a todos, em todos os lugares. 

E qual é a segunda promessa? Deixe-me escrever de uma forma clara. Jesus disse: Agora, Eusou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, embora esteja morto, viverá. E todo aqueleque viver crendo em mim não morrerá. Você crê nisso?" (w. 25-26, The Message.) Essa é apergunta fundamental da vida. Você crê nisso? Essa é a pergunta que vai precisar fazer em meio asua dor. Todos nós precisamos responder a esta pergunta séria de Cristo: Você crê nisso? 

Por fim, aquele tolo adesivo de carro estava totalmente errado: "Não leve a vida tão a sério.Você não vai mesmo escapar dela com vida!" Errado! O oposto é verdadeiro. Leva a vida e a mortea sério. Você vai escapar dela vivo. Você viverá para sempre... em algum lugar. Todos nós teremosuma vida depois da morte. A pergunta não é: "Vou viver para sempre?", mas "Onde viverei parasempre?" Após a sua morte, você viverá (não como Lázaro). Lázaro voltou à vida para morrernovamente. Quando você voltar a viver, será para sempre. A pergunta é, repito, onde? 

Apenas Jesus tem o poder da ressurreição. A nossa confiança de passar a eternidade com Eledepende de como responderemos à pergunta que Ele fez à irmã de Lázaro: "Você crê nisso?" 

Aquele que fez um milagre inesquecível na vida de Lázaro, foi, mais tarde, pendurado numa

cruz e morreu, pagando o preço do seu e do meu pecado. Os que o amavam colocaram a mortalhanele e depositaram o seu corpo no túmulo; depois fecharam a tumba com uma pedra. Três diasdepois, Ele estava vivo! Saiu da cova! Ressurreto - para não morrer mais. Jesus venceu a morte etirou o seu grilhão para sempre. 

Você crê nisso? 

Algum tempo depois de Jesus deixar este mundo, Saulo de Tarso também partiu. Após setornar o apóstolo Paulo, ele não só acreditou na ressurreição como também ficou tão convencidodela que escreveu que "nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisasdo presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra

criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Romanos8:38-39)- 

Por isso que, no final de uma grandiosa vida, Paulo podia dizer com confiança: "Para mim o

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viver é Cristo e o morrer é lucro." (Filipenses 1:21.) Ele encarou a própria morte sem medo porcausa do seu relacionamento com Cristo. E que relacionamento! 

À luz de tudo isso, quero terminar o capítulo com um trecho quase poético da esplêndida obrade John Pollock, The Apostle, A Life of Paul (O apóstolo, A vida de Paulo). Se você estiverenfrentando a dificuldade da morte ou trilhando um caminho doloroso vendo um querido morrer,

permita que as comoventes palavras desse autor penetrem fundo em sua alma. Você achará consolona descrição dele do grande apóstolo, confiando na promessa do seu Salvador - enfrentando comtriunfo a realidade da morte. Conforme você lê estas palavras, imagine-se tendo a coragem deenfrentar a sua própria morte. É possível, com base em sua fé em Cristo somente. 

A tradição antiga do lugar de execução de Paulo é, quase com certeza, autêntica, mas os detalhes nãosão muito claros. Conhecemos cada passo da Via Dolorosa, mas o caminho para a morte de Paulo évago. Precisava ser assim. E, por que Cristo já havia trilhado aquele caminho, o de Paulo não foi umaVia Dolorosa, pois caminharam juntos nele: "Graças, porém, a Deus que em Cristo sempre nos conduz

 

em triunfo." (2 Corihtios 2:14.) "Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro." (Filipenses 1:21.)Eles o levaram para fora dos muros depois da pirâmide de Céstio que ainda está de pé, até a Via Óstia

em direção ao mar. As multidões que viajavam, chegando e partindo de Ostia reconheceria umesquadrão de execução pela guarda com seus açoites e machados e o carrasco com uma espada que, noreinado de Nero, havia sido substituída pelo machado; teriam reconhecido pela escolta e pelocriminoso algemado, andando trôpego, rasgado e imundo por causa da prisão, mas sem se sentirenvergonhado ou degradado. Ele estava indo a um banquete, a um triunfo, ao dia da coroação pela qualele continuou. Ele, que falou tanto sobre a promessa de Deus da vida eterna em Jesus, não podia temer;ele cria quando falava: "Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim." (2 Corintios1:20.) Nenhum carrasco irá privá-lo da presença de Jesus; Ele não o abandonaria; apenas estaria emoutro lugar com ele. Melhor ainda, ele veria Jesus. Aqueles olhares - na estrada de Damasco, emJerusalém, em Corinto, no navio que afundava; agora ele o veria face a face, conhecer como foiconhecido.Eles marchavam com Paulo a terceira milha da Via Óstia até uma clareira de pinheiros, provavelmenteum cemitério conhecido como   Aquae Salviae ou Águas que Curam, que agora tem o nome de TreFontane onde erigiram uma abadia em sua homenagem. Acredita-se que ele foi colocado numaminúscula cela, pois esse era um lugar comum de execução. Se Lucas pudesse olhar pela janela, seTimóteo ou Marco tivessem chegado a tempo em Roma, o som da vigília noturna não seria de pranto,mas de música: "Entristecidos, mas sempre alegres, morrendo e, contudo, eis que vivemos."Na aurora, os soldados levaram Paulo até a estaca. O carrasco estava pronto. Os soldados rasgaramparte de cima das roupas de Paulo e o amarraram, ajoelhado, com o pescoço na estaca. Alguns relatosdizem que os soldados o açoitaram; o açoite era um prelúdio comum antes de decapitarem alguém, masnos últimos anos não era sempre aplicado. Se iam mesmo aplicar essa dose extra de dor a um corpo quelogo morreria, "Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação... ou espada?""Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados

com a glória a ser revelada em nós."5

(Romanos 8:18.)

Cristo está em você... a esperança da Glória! Glória. É isso o que aguarda a alma de quemconfia em Jesus. Glória a Deus. Glória para você. Glória para mim. 

Por favor, permita-me explorar a profundeza da sua alma. Posso perguntar, de forma direta, oque vai estar do outro lado quando você partir para a sua morada eterna quando morrer? A respostaé Cristo. Somente Cristo. Apenas Ele pode manter a promessa da ressurreição e da esperança davida eterna. Ele venceu a morte por mim e por você. Pode ser que você esteja lendo essas palavrasfinais com lágrimas de angústia e dor nos olhos. Talvez tenha acabado de perder o seu cônjuge ouum filho num trágico acidente, ou um amigo chegado em um desastre. Cristo entende a sua dor.

Como nenhum outro, Ele sente a sua dor. Ele entende o seu desespero. Ele já sentiu o mesmo. Eleteve os mesmos sentimentos. Ele venceu a solidão. 

Ou talvez você sinta que a morte se aproxima. Se nunca confiou no Senhor Jesus, precisa

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cuidar disso hoje. Não espere a hora mais conveniente para convidá-lo. Creia no Senhor JesusCristo e será salvo, o que significa que, quanto soltar seu último suspiro, passará da morte para avida - a vida eterna. 

Se você conhece Cristo, não há razão para temer o que está além da cova. Ele está lá. Elepreparou um lugar para você. Já está pronto. Alegria inexplicável e eterna será sua para sempre,

graças a Jesus. Então você poderá exclamar como Paulo: "Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ómorte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?" (1 Coríntios 15:54-55.)  

Logo após a morte temos "a glória!"

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CONCLUSÃO 

Sempre acontece alguma coisa! 

Não importa a sua idade, onde você mora ou o que faz; se não tem filhos ou se tem uma casacheia de crianças; uma casa própria ou alugada... sempre acontece alguma coisa. Não faz diferençaque coisas você goste de fazer para se divertir, quem você conhece, quanto você ganha, se é viciadoem trabalho ou aposentado, se tem pouca fé ou nenhuma ou se é um seguidor sincero de Jesus...sempre acontece alguma coisa! 

As dificuldades surgem na vida e continuarão a acontecer. Algumas vezes nós mesmos ascausamos. No entanto, na maioria das vezes não temos nada que ver com o surgimento delas. Nãohá como escapar das provações e confusões relacionadas com a vida neste planeta. Você seconvencerá facilmente disso dando uma olhada nos últimos seis meses da sua vida. Quem poderiaimaginar um ano atrás que você estaria passando por tudo isso? E a sua luta, embora tenha detalhesdiferentes, repete-se na vida de todos os indivíduos do globo. 

Uma das razões pelas quais escrevi este livro foi para dizer essas coisas. Agora que chegamosao fim, fico feliz de tê-lo escrito. Escolhi algumas áreas que nos causam mais tristeza. Discutimostentações, mal-entendidos, ansiedade e vergonha. Também abordamos os desafios da dúvida, dodivórcio, do novo casamento, da confrontação, da dor, e do preconceito. Não deixamos de analisaros quatro gigantes que todos enfrentamos: a hipocrisia, a inadequação, a desqualificação e a morte.Há outros assuntos que eu poderia ter abordado, mas esses bastam por agora. 

Minha esperança era, inicialmente, dizer que ninguém está imune a essas coisas. Depoisdecidi dar alguma esperança que não só podemos enfrentá-las como podemos aceitá-las, mastambém ir além delas.

Principalmente quis assegurar a você que não estamos sozinhos nessa luta. Aquele que nosfez, entende. Embora Ele o force até um ponto em que você não agüenta mais, Ele nunca estálonge. Porque Ele se importa, Ele está perto, embora não o vejamos. E porque Ele nos ama, Elequer assegurar-se que conseguiremos vencer.

Pouco tempo atrás li uma história que ilustra essa idéia de forma maravilhosa. Ela foi contadapor um bispo episcopal do Colorado chamado William Frey e é mais ou menos assim:

Quando eu estudava na Universidade do Colorado em 1951, passava algumas horas da semana lendopara um colega. Seu nome era John, e era cego. Um dia eu lhe perguntei como havia perdido a visão.Ele me contou sobre um acidente que tivera quando era adolescente e como, naquele momento, eletinha desistido da vida. 'Quando o acidente aconteceu e descobri que nunca mais enxergaria, senti quea vida tinha terminado. Fiquei amargo e irado com Deus por deixar que aquilo acontecesse e despejeiminha ira em todos a minha volta. Sentia que, já que não teria um futuro, não faria nada para meajudar. Deixaria que os outros me servissem. Fechei a porta do quarto e só saía para comer.'  O homem que eu conhecia era um ávido aluno e tive de perguntar o que tinha mudado a sua atitude.Ele me contou a seguinte história: 'Um dia, em meu desespero, meu pai veio até meu quarto ecomeçou a me dar um sermão. Ele disse que estava cansado de me ver sentindo pena de mim mesmo.Disse que o inverno estava chegando e que eu teria de colocar a proteção das janelas contra astempestades. 'Coloque a proteção das janelas até a hora do jantar, senão...!' Ele gritou, batendo a porta

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atrás de si. 'Bem', disse John, 'fiquei com tanta raiva que decidi fazer o trabalho! Reclamando e xingando, fuitateando até a garagem, peguei as telas de proteção, uma escadinha, todas as ferramentas e comecei atrabalhar. Vão morrer de pena quando eu cair da escada e quebrar o pescoço, pensei, mas, pouco apouco, tateando o que estava fazendo, terminei o trabalho.' Ele fez uma pausa e seus olhos sem visãoencheram-se de lágrimas: 'Descobri mais tarde que o meu pai nunca se afastou mais do que algunspoucos metros de mim enquanto eu trabalhava.' A primeira suposição é que Deus está presente - ao nosso alcance - embora possamos perceber ounão. 

Vencer as dificuldades nem é algo fácil ou rápido. É o que faz com que a vida pareça dura einjusta, algumas vezes até impossível. Mas saber que temos o nosso Pai por perto pode ser osuficiente para nos manter de pé e nos tornar capazes de enfrentar qualquer coisa que o amanhãtrouxer. Já que sempre acontece alguma coisa... a boa notícia é: Ele sempre está perto.

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 Notasfinais 

INTRODUÇÃO 1. Charles B. Williams, The New Testament in the Language ofthe People (Nashville: Broadman and Holman Publishers, 1930;Montreat, NC: Sprawls Educational Publishing, 1999), 442. Uso com permissão. 

CAPÍTULO 1 -Rompendo as dificuldades da tentação 1. Robert Frost, "The Road Not Taken", em The Poetry ofRobert Frost, ed. Edward Connery Lathem (New York: Henry Holt andCompany, direitos autorais 1969), 105. Uso com permissão.2. Wüliam Barclay, The Gospel ofMatthew, ed. Rev.; (Louisville, KY: Westminster John Knox Press, 1975), 1:66. Uso compermissão.3. Ibid., p. 69, Uso com permissão;4. Chuck Colson, comunicação pessoal com Charles R. Swindoll. Uso com permissão.5. Marünho Lutero, "A Mighty Fortress Is Our God", traduzido por J. Eduardo Von Hafe; baseado no Salmo 46 do The Celebration Hymnal (Nashwille: Word/Integrity, 1997), 151. Fonte original em domínio público.

CAPÍTULO 2 -Rompendo as dificuldades do mal-entendido 1. Ralph Waldo Emerson (1803-1882), "Essay II Self-Reliance", em Essays, (1841), corrigido e republicado como Essays: First Series (1847). Fonte original em domínio público.2. Archibald Thomas Robertson, WordPictures in the New Testament: The Gospel According to Matthew, The Gospel According to Mark (Nashville: Broadman Press, 1930) 1:283- Uso com permissão.

CAPÍTULO 3 -Rompendo as dificuldades da ansiedade 1. "Top Ten Anxieües for the 1990s", publicado pelo National AnxietyCenter em Maplewood, NJ. Uso com permissão de AlanCamba, fundador.2. John Trent, e Gary Smalley, The Two Sides ofLove (Wheaton, II.: Tyndale House Publishers, 1990), 34-36. Uso com permissão.3. Jeanne W. Hendricks,   A WomanforAU Seasons (Nashville: Thomas Nelson Publishers, 1977), 155-56. Uso com permissão deJeanne W Hendricks.4. Catherine Marshall, ed., The Prayers ofPeterMarshall (Grand Rapids: Chosen Books, uma divisão de Baker Publishing Group,1954), 36. Uso com permissão.

CAPÍTULO 4 - Rompendo as dificuldades da vergonha 1. William Riley Wilson, TheExecution of Jesus: A Judicial, Literary and Historical Investigation (New York: Simon & Schuster,1970), 152.2. Bernardo de Clairvaux, "O Sacred Head, Now Wounded" (Nashville: Word Music/Integrity Music, 1997), 316. Fonte original emdomínio público.3. William Barclay, The Gospel of John, rev. ed. (Louisville, KY: Westminster John Knox Press, 1975), 2:1-2. Uso com permissão.4. Catherine Marshall,   A Man Calted Peter: The Story ofPeter Marshall (Grand Rapids: Chosen Books, uma divisão de BakerPublishing Group, 1949), 314. Uso com permissão.5. John Bunyan, Pilgrims Progress (Uhrichsville, OH: Barbour Books, uma impressão da Barbour Pubhshing), 36. Uso compermissão. (N.T. No Brasil publicado com o título O Peregrino pela Martin Claret). 

CAPÍTULO 5 - Rompendo as dificuldades da dúvida 

1. Edward M. Plass, ed., What Luther Says: An Anthohgy, (St. Louis: Concórdia Publishing House, 1972), 426. Fonte original emdomínio público.2. Alfred Tennyson, "In Memoriam", em  Baker's Pocket Treasury ofReligious Verse, Donald T. Kauffman, comp. (Grand Rapids:Baker Book House, 1962), 174. Uso com permissão;3. Daniel Talor, TheMyth ofCertainty (Downers Grove, II: InterVarsity Press, direitos subsidiaries de Daniel Taylor, 1986), 14-15.Uso com permissão.4. Ibid., 16. Uso com permissão.5. Merrill C. Tenney, John: The Gospel ofBelief, An Analytic Study ofthe Text  (Grand Rapids: Wm. B.Eerdmans, 1948), 173- Usocom permissão. Todos os direitos roervados.

CAPÍTULO 6 - Rompendo as dificuldades do divórcio 1. Charles Haddon Spurgeon, Lectures to My Students (Grand Rapids: Zondervan, 1970), 70. Uso com permissão de The ZondervanCorporation.2. John Powell, Happiness Is an Insidejob (AUen, TX: RCL Enterprises Inc., 1989), 2-3. Uso com permissão.

3. John R. W. Stott, The Message ofthe Sermon ofthe Mount (Matthew 5-7): Christian Counter-Culture (Downers Grove, II.:InterVarsity Press, 1978), 95- Uso com permissão.4. D. A. Carson, "Matthew" em The Expositor's Bible Commentary (Grand Rapids, MI: Regency Reference library, Zondervan,1984), 8:411. Uso com permissão de The Zondervan Corporation. CAPÍTULO 7 - Rompendo as dificuldades do novo casamento 

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1. Mike Mason, TheMystery ofMarriage:AsIronSharpenslron (Portland, OR: Multnomah, 1985), 74. Uso com permissão.2. R. C. H. Lenski, The Interpretations ofSt. Pauis First and Second Epistles to the Corinthians (Peabody, MA: HendricksonPublishers, 1937), 295. Domínio público.

CAPÍTULO 8 - Rompendo as dificuldades da confrontação 1. Gregory Titelman,  Random House Dictionary ojAmerica s Popular Proverbs and Sayings, 2a. ed. (New York: Random HouseReference, Random House, 2000), 89- Uso com permissão.2. Baseado nas anotações dos sermões de Charles R. Swindoll em co-autoria de Lee Hough, Christat the Crossroads Bible Study

Guide (Pano, TX: Insight for Living, 1998), 91- Uso com permissão.3. William Barclay, The Gospel of Matthew (Louisville, KY: Westminster John Knox Press, 1957), 2:163. Uso com permissão.4. David Augsberger, CaringEnough to Confront (Ventura, CA: Gospel Light/Regal Books, 1973), 13- Uso com permissão.

CAPÍTULO 9 - Rompendo as dificuldades da dor 1. Webster's New Collegiate Dictionary, verbete "dor".2. Philip Yancey, Wherels God When ItHurts (Grand Rapids: Zondervan, 1977,1990), 22-23. Uso com permissão de ZondervanCorporation. (N.T. Traduzido para o português com o título Deus Sabe que Sofremos pela Editora Vida).3. C. S. Lewis, The Problem ofPain (New York: Collier Books, Macmillan Publishing Company, 1%2), 156. Direitos C. S. LewisPte. Ltd. 1940. Texto extraído com permissão.4. Philip P. Bliss, "Hallelujah, What a Savior!" Domínio público.

CAPÍTULO 10 -Rompendo as dificuldades do preconceito 1. Texto tirado de John Howard Griffin, Black Like Me, 2a. ed. Direitos 1960, 196], 1977 de John Howard Griffin. Reimpresso compermissão de Houghton Mifflin Company. Todos os direitos reservados.

 2. Ibid., prefácio. Reimpresso com permissão de Houghton Mifflin Company. Todos os direitos reservados.3. William James, citado em Barletfs Familiar Quotations, 16a. Ed. (Boston: Little, Brown and Co., 1991), 546. Fonte original emdomínio público.

CAPÍTULO 11 -Rompendo as dificuldades da hipocrisia 1. Thomas R. Ybarra, citado em Laurence J. Peter, Peter's Quotation Ideasfor Our Time (New York: Harper Collins/WilliamMorrow and Company, 1977), 84. Fonte original, "The Christian", (1909) em domínio público.2. William Barclay, The Gospel ofMatthew, rev. ed. (Louisville, KY: Westminster John Knox Press, rev. 1975), 1:197. Uso compermissão.3. Ibidl, 237. Uso com permissão.4. Alfred Edersheim, The Life and Times of Jesus the Messiah, citado em William Barclay, The Gospel ofMatthew, rev. ed.(Louisville, KY: Westminster John Knox Press, 1975), 2:114. Uso com permissão.CAPÍTULO 12 -Rompendo as dificuldades da inadequação 1. A. B. Bruce, The Training of the Twelve (Grand Rapids: Kregel Publications, 1971), 536-537. Domínio público. 

CAPÍTULO 13 -Rompendo as dificuldades da desqualificação 1. A. W Tozer, GodTells the Man Who Cares (Harrisburg, PA: Christian Publications, 1970), 76. Uso com permissão.2. William Barclay, The Letter to the Corinthians (Louisville, KY: Westminster John Knox Press, 1975), 85. Uso com permissão.3. Henry Alford, The Greek Testamento: The Acts ofthe Apostle, The Espistles to the Rotnans and Corinthians, 6a. ed. (Boston: Lee,Shepard, and Dillingham, 1873), 2:551. Domínio público.4. Charles Haddon Spurgeon, The Metropolitan Tabernacle Pulpit, Serrnons Preached by C. H. Spurgeon. Revisto e publicado noano de 1908 (Pasadena, TX: Pilgrim Publications, 1978), 54:14-15. Domínio público.

CAPÍTULO 14 - Rompendo as dificuldades da morte 1. Joseph Bayly, The Last Thing We Talk About (Elgin, II: David C. Cook, uma divisão de Cook Communications, 1982), 11-12. Dr.Swindoll gostaria de agradecer a Mary Lou Bayly pela permissão de usar partes do livro de seu falecido marido, Joe Bayly, intituladoThe Last Thing We Talk About, atualmente publicado por Victor Books sob o título A Voice in the Wilderness: The Best ofjoe Bayly. 2. Woody Allen, citado no www.memorablequotations.com/woody.htm. 

 

3. Joseph Bayly, The Last Things We Talk About (Elgin, II.: David C. Cook, uma divisão de Cook Communications, 1982), 18.4. Ibid., p. 15.5. John Pollock, The Man Who Shook the World (Colorado Springs: Cook Communications, 1972, 1974. Organizado com Doubleday& Company, Garden City, NY, editores da edição de capa dura intitulada The Apostle: A Life of Paulo), 237-38.

CONCLUSÃO - Sempre acontece alguma coisa! 1. William Frey, The Dance ofHope (Colorado Springs: WaterBrook Press, 2003), 174. Uso com permissão de WaterBrook Press.Todos os direitos reservados.