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AutorRonald Teixeira Peçanha FernandesDoutor e mestre em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ CAPES nota 5,0. Enfermeiro do Serviço de Emergência do Hospital Público de Macaé, professor de graduação e pós-graduação da Universidade Estácio de Sá. Membro do Grupo de Pesquisa de Cuidar e Cuidados de Enfermagem no CNPQ. Atua em cenários de urgências e emergências há 17 anos e no ensino há 14 anos. Autor de livros próprios e em parceria na área de emergência para a enfermagem. Já atuou na coordenação de cursos de graduação e pós-graduação. Atualmente dedica-se a estudos relacionados à saúde do homem e violências por causas externas.

Copyright © 2015 por NT Editora.Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por

qualquer modo ou meio, seja eletrônico, fotográfico, mecânico ou outros, sem autorização prévia e escrita da NT Editora.

Fernandes, Ronald Teixeira Peçanha.

Enfermagem em clínica médica / Ronald Teixeira Peçanha Fer-nandes – 1. ed. – Brasília: NT Editora, 2015.

150 p. il. ; 21,0 X 29,7 cm.

ISBN 978-85-8416-096-9

1. Clínica Médica. 2. Enfermagem.

I. Título

Design InstrucionalNT Editora

RevisãoNT Editora

Editoração EletrônicaNT Editora

Projeto GráficoNT Editora

CapaNT Editora

IlustraçãoBruno Silva

NT Editora, uma empresa do Grupo NT SCS Quadra 2 – Bl. C – 4º andar – Ed. Cedro IICEP 70.302-914 – Brasília – DFFone: (61) [email protected] e www.grupont.com.br

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LEGENDA

ÍCONES

Prezado(a) aluno(a),Ao longo dos seus estudos, você encontrará alguns ícones na coluna lateral do mate-rial didático. A presença desses ícones o(a) ajudará a compreender melhor o conteúdo abordado e a fazer os exercícios propostos. Conheça os ícones logo abaixo:

Saiba maisEsse ícone apontará para informações complementares sobre o assunto que você está estudando. Serão curiosidades, temas afins ou exemplos do cotidi-ano que o ajudarão a fixar o conteúdo estudado.

ImportanteO conteúdo indicado com esse ícone tem bastante importância para seus es-tudos. Leia com atenção e, tendo dúvida, pergunte ao seu tutor.

DicasEsse ícone apresenta dicas de estudo.

Exercícios Toda vez que você vir o ícone de exercícios, responda às questões propostas.

Exercícios Ao final das lições, você deverá responder aos exercícios no seu livro.

Bons estudos!

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Sumário

1. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM DISTÚRBIOS CARDIOLÓGICOS ...............71.1 Objetivos ............................................................................................................................................71.2 Anatomia e Fisiologia do Sistema Cardiovascular ................................................................71.3 O Infarto Agudo do Miocárdio .................................................................................................101.4 Insuficiência Cardíaca ..................................................................................................................131.5 Edema Agudo de Pulmão...........................................................................................................161.6 Arritmias Cardíacas .......................................................................................................................20

2. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS ..............272.1 Síndrome da Insuficiência Respiratória .................................................................................292.2 As Doenças Obstrutivas ..............................................................................................................332.3 Pneumonia ......................................................................................................................................40

3. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM DISTÚRBIOS GASTROINTESTINAIS .....453.1 Hérnia de hiato ...............................................................................................................................493.2 Doenças do refluxo gastroesofágico e esofagite – DRGE ...............................................503.3 Gastrite e úlceras gástricas e duodenais ...............................................................................523.4 Distúrbios Intestinais (obstrutivos, inflamatórios e infecciosos) ..................................55

4. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS ...................624.1 Hipoteroidismo ..............................................................................................................................664.2 Hipertireoidismo ...........................................................................................................................684.3 Diabetes Mellitus ...........................................................................................................................694.4 Doença de Cushing ......................................................................................................................77

5. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM DISTÚRBIOS RENAIS .............................815.1 Glomerulonefrite ...........................................................................................................................845.2 Urolitíase ...........................................................................................................................................885.3 Insuficiência Renal ........................................................................................................................92

6. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS ..............976.1 Epilepsia/Crises Convulsivas ...................................................................................................1026.2 Doença de Alzheimer ...............................................................................................................1036.3 Síndrome de Guillain Barré ......................................................................................................1056.4 Acidente Vascular Encefálico (AVE) ......................................................................................107

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7. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES ....1157.1 Doenças Osteomusculares (inflamatórias e degenerativas) ........................................ 1177.2 Doenças da Coluna Vertebral .................................................................................................. 1197.3 Fraturas ........................................................................................................................................... 121

8. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM DISTÚRBIOS ONCOLÓGICOS ..............1278.1 Fisiologia do Câncer ................................................................................................................... 1298.2 Tipos de tumores ......................................................................................................................... 1318.3 Tratamento do Câncer ............................................................................................................... 1398.4 Aspectos emocionais da terminalidade .............................................................................. 141

GLOSSÁRIO .............................................................................................................145

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................150

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SUMÁRIO

Bem-vindo(a) à Enfermagem em clínica médica!

A unidade de clínica médica permite que o paciente seja atendido de maneira a estabilizar os quadros de alterações da saúde que não representam risco imediato de morte. Portanto, é uma uni-dade que se destina a dar continuidade a tratamentos iniciados na unidade de urgência e emergência ou na unidade de tratamento intensivo (UTI). A enfermagem tem papel muito importante na continui-dade do cuidado ao paciente internado na unidade, fazendo com que, além da estabilização do seu quadro de saúde, o paciente possa se adaptar a essa condição momentânea de maneira confortável e tranquila.

Seja bem-vindo à unidade de clínica médica. Um serviço que busca entender as necessidades humanas dos pacientes internados e restabelecer o quadro de saúde à normalidade.

Bons estudos!

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1. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM DISTÚRBIOS CARDIOLÓGICOS

Objetivos Ao final desta lição, você deverá ser capaz de:

• Conhecer um pouco da anatomia do sistema cardiovascular.

• Conhecer as causas e as consequências dos distúrbios cardiovasculares.

• Compreender o tratamento dos diferentes distúrbios cardiovasculares.

• Entender o processo de enfermagem a pacientes com distúrbios cardiovasculares.

1.1 Anatomia e fisiologia do sistema cardiovascularO sistema cardiovascular é composto por estruturas complexas em que cada uma apresenta

uma função muito específica e direta, mas no final todas querem a mesma coisa: fazer com que o corpo esteja nutrido e oxigenado de forma a responder às necessidades que temos ao longo do dia.

Vamos relembrar o trajeto do sangue pelo corpo humano a bordo do sistema cardiovascular. Para começar, apresentaremos os conceitos sobre artérias e veias, responsáveis por fazer esse trajeto:

Artérias: são vasos sanguíneos que levam o sangue do coração para o corpo e são formados por músculos que se contraem para que esse san-gue chegue a todos os lugares que precisa estar.

Veias: são vasos sanguíneos que trazem o sangue do corpo para o coração e, embora tam-bém possuam músculos em sua estrutura, estes não se contraem como os músculos das artérias. Os movimentos do corpo, como o das pernas e braços, ajudam o sangue a chegar ao seu destino: o coração.

Vamos começar nossa jornada pelos vasos sanguíneos. Como não estamos numa lição de anatomia, o que veremos aqui são os principais vasos que fazem a nutrição do próprio coração, de modo a compreender o que acontece quando um paciente sofre um infarto agudo do miocárdio.

A aorta é um vaso sanguíneo que sai de dentro do coração para levar o sangue para todas as partes do corpo conforme é bombeado pelo co-ração. Ela é calibrosa, extensa e tem músculos em sua constituição, ou seja, possui músculos em sua

Infarto: condi-ção em que o tecido fica sem oxigenação.

Calibrosa: larga.

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estrutura que permitem que ela conduza o sangue por todo o corpo, às vezes com muita pressão, outras com a pressão do sangue mais baixa. Na figura anterior, vemos em vermelho a artéria aorta percorrendo todo o corpo.

Ao sair do ventrículo esquerdo, a artéria aorta recebe o nome de aorta ascendente, em razão do sentido dessa artéria, que é em direção à cabeça. Por ela, o sangue é bombeado do coração com o máximo de força para que continue a circular pelo o restante do corpo. A próxima divisão da aorta é o chamado cajado aórtico, também chamado de arco aórtico, que recebe esse nome pelo formato da artéria nesse ponto. A partir daí, o sangue é distribuído para o corpo por meio da aorta descendente.

Importante!

Em especial, há um ponto no cajado aórtico em que a aorta se ramifica, levando o sangue para o cérebro e outras estruturas e órgãos acima do coração. São as artérias do tronco braquicefálico arterial – artérias subclávia direita e artéria carótida comum direita –, a artéria carótida comum esquerda e a artéria subclávia esquerda, responsáveis pela irrigação da cabeça, do encéfalo e da medula espinhal, do pescoço e dos ombros (originando as artérias dos membros superiores).

Depois disso, o sangue é distribuído pela aorta torácica – primeira região da aorta descendente, que fica acima do diafragma. A partir desse órgão, ela passa a se chamar aorta abdominal e, então, essa grande artéria se ramifica em dois outros segmentos, já na região da pelve, para passar a se cha-mar de ilíacas direita e esquerda, que, por sua vez, dividem-se nas artérias femorais, de onde formam-se capilares arteriais que, posteriormente, retornarão ao coração por meio das veias.

Após entender o percurso do sangue no corpo humano e conhecer alguns conceitos, vamos agora falar um pouco sobre o coração. Esse órgão, de importância fundamental para a vida, precisa de cuidados constantes para continuar a bombear o sangue para o corpo. O coração é um órgão muscu-lar, com o tamanho aproximado de um punho fechado, e está localizado na região central do tórax, voltado para a esquerda. Essa região recebe um nome especial: precórdio, exatamente pelo coração estar posicionado neste ponto, abaixo do osso localizado no meio do tórax, chamado de esterno, e também próximo à quinta e sexta costelas.

A única função que o coração tem é a de bombear o sangue, porém essa tarefa não é fácil. É preciso vencer obstáculos como a pressão que as artérias exercem sobre o sangue para que ele possa correr dentro delas; a força da gravidade quando estamos em pé para trazer o sangue de volta para o próprio coração, entre outros. A pressão que as artérias exercem sobre o sangue que corre dentro delas recebe o nome de pressão arterial.

Saiba mais

O nosso corpo regula a pressão arterial de várias maneiras: quando suamos e urinamos, para perder um pouco de líquido e reduzir a pressão, ou, ainda, quando o coração aumenta a quan-tidade de vezes que ele bate para que a pressão dentro das artérias aumente. Esses são alguns dos constantes movimentos que nosso corpo faz associados ao coração para controlar a pressão arterial. Quando o corpo não consegue mais fazer isso sozinho, é preciso que as pessoas tomem remédios para que esse controle ocorra.

Cajado aór-tico: formato anatômico da artéria aorta ao sair do pericár-dio.

Precórdio: re-gião localizada entre o coração, o pulmão e o mediastino.

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Mas vamos voltar a falar da estrutura do coração. Como já vi-mos o tamanho dele, vamos agora saber como ele é por dentro. No coração existem quatro divisões, que chamamos câmaras car-díacas. Essas câmaras estão aos pares, sendo dois átrios (AD – átrio direito, e AE – átrio esquerdo) e dois ventrículos (VD – ventrículo direito, e VE – ventrículo esquerdo). Cada uma delas tem uma fun-ção que é basicamente a de armazenar por período curto o sangue para enviá-lo para outras câmaras e para o corpo.

O átrio direito recebe o sangue vindo do corpo pela veia cava e manda sangue para o ventrículo direito. Este bombeia o sangue para o pulmão pela artéria tronco pulmonar. Após a tro-ca gasosa realizada nos pulmões, o sangue retorna para o cora-ção por meio das veias pulmonares, que desembocam no átrio esquerdo, e, então, é lançado no ventrículo esquerdo, que, ao se contrair, bombeia o sangue para o corpo pela artéria aorta. Este ciclo se repetirá até o dia da nossa morte.

Antes de o sangue ser direcionado para o restante do corpo, uma parte dele é canalizada por outras artérias que se ligam à aorta para que o próprio coração seja nutrido e oxigenado com esse sangue. Essas artérias são chamadas de coronarianas e são responsáveis por alimentar e oxigenar todo o tecido do músculo do coração, denominado miocárdio. As artérias coronarianas se dividem em coronária direita (CD) e coronária esquerda (CE). A coronária esquerda se ramifica em outra artéria chamada de descendente anterior. Esta artéria, embora não seja principal em sua origem, desempe-nha um papel importantíssimo, pois percorre grande parte do tecido do miocárdio irrigando e nutrin-do os ventrículos.

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Quando essas artérias passam por qualquer tipo de alteração em seu diâmetro, é o coração que sofre diretamente. Por isso todas elas são tão importantes. Dependendo da artéria acometida por uma alteração em seu diâmetro, a extensão da lesão no músculo cardíaco é maior ou menor e a função que aquela região afetada pela lesão desempenha aponta qual tipo de comprometimento, sintoma ou complicação a pessoa acometida sofrerá.

Essas alterações podem ocorrer por obstrução das artérias, mas principalmente por outras duas razões. A primeira é a coleção de placas de gordura na parede das artérias, que são os chamados ate-romas. A segunda razão é a lesão da parede das artérias que produz sangramento. Esse sangue, em determinado momento, coagula, formando um trombo. Conforme o sangue passa por esse trombo, ele sofre um turbilhonamento e mais coágulos se aderem a esse trombo, aumentando a obstrução inicialmente causada pela lesão da parede das artérias. Outra alteração na luz das artérias pode ser causada pela diminuição no diâmetro dessas, chamado de espasmo, que ocorre quando a parede da artéria relaxa a musculatura e diminui o espaço para que o sangue passe.

Exercitando o conhecimento

Em quantas câmaras é dividido o coração?

a) 3. b) 4. c) 2. d) 1.

As câmaras que dividem o coração são 4 e permitem a distribuição do sangue para diferentes par-tes do corpo. São os ventrículos direito e esquerdo e os átrios direito e esquerdo.

1.2 O infarto agudo do miocárdioAgora que apresentamos algumas das estruturas que estão relacionadas ao coração, vamos nos

aprofundar no distúrbio cardiovascular que pode ocorrer devido à diminuição da nutrição e oxigena-ção do tecido do miocárdio. Estamos falando do infarto agudo do miocárdio.

Luz: espaço no interior de um órgão tubular; cavidade das artérias.

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O infarto agudo do miocárdio (IAM) é uma condição em que o músculo cardíaco deixou de re-ceber sangue oxigenado por tempo prolongado e por isso o tecido cardíaco veio a necrosar e a deixar de desempenhar sua função de bombeamento do sangue através do corpo e dele mesmo.

Vamos ver um pouco melhor como isso funciona:

O músculo cardíaco se contrai para fazer com que haja a distribuição do sangue pelo corpo. Isso nós já sabemos. Mas quando uma determinada área desse músculo não faz essa contração, o bom-beamento não é eficiente e o paciente começa a experimentar sensações de desconforto no peito e outros sintomas provocados por esse bombeamento ineficaz.

Além de causar esse desconforto, a necrose do músculo cardíaco também pode produzir dis-funções nesse bombeamento de modo a reduzir a pressão arterial da pessoa acometida pelo infarto agudo do miocárdio.

Daí aparecem outros sintomas que são a palidez da pele, a sudorese, a tonteira e, em algumas situações, conforme a intensidade da dor ou desconforto experimentado pelo paciente, ele apresenta vômitos. Além disso, existem outros sintomas que são característicos, como a irradiação da dor para o braço esquerdo, a mandíbula e para as costas (dorso).

Mas vamos nos organizar e saber quais os sintomas característicos do IAM. São eles: a dor no peito, a irradiação da dor para um dos braços, principalmente o esquerdo. Essa dor apresenta caracte-rísticas próprias como, por exemplo, ser de forte intensidade e com duração intermitente.

Exercitando o conhecimento

Você saberia dizer qual destas artérias está relacionada ao infarto do coração?

a) Femoral.

b) Braquial.

c) Mesentérica.

d) Coronária.

Cada uma destas artérias pode produzir uma área de infarto. Mas se tratando do coração, a única resposta correta é a coronária, letra D.

Com esses sintomas, a pessoa experimenta uma sensação de fraqueza e deve ser colocada em repouso para iniciar imediatamente o tratamento com medicamentos e exames que possam fazer conhecer o tamanho da lesão e as complicações que ela pode trazer.

Os exames que o paciente com infarto do miocárdio realiza são: o eletrocardiograma com 12 deri-vações, em que é possível, pela alteração no traçado das ondas de contração do músculo cardíaco, saber onde se localiza o infarto (veja na figura na próxima página), exames laboratoriais para a mensuração das enzimas cardíacas secretadas pelo sofrimento do músculo cardíaco e outros exames laboratoriais para a avaliação de eletrólitos presentes na corrente sanguínea, como o sódio (Na-) e o potássio (K+).

Dentre esses exames, os laboratoriais que mensuram as enzimas cardíacas são importantes, pois essas substâncias são lançadas na corrente sanguínea quando existe um sofrimento do músculo cardíaco relacionado com a falta de oxigenação. Os nomes dessas enzimas são CPK e CPK MB. Cada uma delas tem uma sensibilidade diferente para avaliar a intensidade do sofrimento do músculo.

Necrosar: teci-do que morre pela falta de nutrição.

Sudorese: o mesmo que suor.

Mandíbula: estrutura anatômica que forma a boca.

Interminente: que ocorre em intervalos.

CPK e CPK MB: enzimas lança-das na corrente sanguínea quando há um infarto.

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Existe ainda outro exame sanguíneo em que uma proteína de nome troponina é avaliada para detectar a existência de infarto quando o paciente é internado com suspeita de IAM.

Eletrocardiograma

As complicações estarão diretamente relacionadas à extensão da lesão e à localização da lesão. Quanto maior for a área do coração que tem a função de contração prejudicada, mais intensa é a complicação produzida. As complicações podem ser sanadas de maneira simples, como um aumento na dosagem de medicamentos, como também podem exigir intervenções mais agressivas, surgindo a necessidade de realizar cirurgias para restabelecer o fluxo de sangue dentro das artérias coronarianas. Esse procedimento cirúrgico é chamado de cirurgia de revascularização do miocárdio (RVM).

Falando em medicamentos, você sabe quais deles são usados no tratamento do infarto? Não? Então vamos descobrir.

Os medicamentos no tratamento do infarto são usados de modo a corrigir problemas deriva-dos da lesão do músculo ou que se agravaram após o infarto. Os anti-hipertensivos, por exemplo, são usados para controlar a pressão arterial da pessoa que possui hipertensão. No entanto, se, em virtude do infarto, essa pressão não for mais controlada, o paciente precisará, a critério do médico, ter a dose anteriormente usada aumentada ou até mesmo o tipo de anti-hipertensivo trocado.

Já os medicamentos diuréticos, como a furosemida, servem para tratar a hipertensão de manei-ra auxiliar, ou seja, eles favorecem a eliminação de líquidos de modo a controlar a pressão. No entanto, são capazes de produzir efeitos negativos, como o aumento da frequência cardíaca caso a eliminação de líquido seja excessiva, fazendo o coração bater mais rápido para compensar a falta de líquido cir-culante nos vasos sanguíneos.

Os medicamentos betabloqueadores são outros medicamentos usados no tratamento do infarto e colaboram para reduzir a pres-são arterial, não pelo mecanismo de redução do líquido circulan-te, mas pela redução da frequência cardíaca. Com isso, eles fa-zem com que o coração trabalhe menos bombeando o sangue, o que reduz as chances da ocorrência de ritmos anormais na condução do estímulo elétrico para a contração do músculo do coração e, de quebra, também diminui o consumo de oxigênio pelo coração para executar essa tarefa.

Os antiagregantes plaquetários servem como medicamen-tos preventivos de novas condições de obstrução, ou seja, o paciente que teve um infarto pela obstrução da artéria por um trombo usa esse medicamento para evitar que novos trombos se formem e aumentem a área de obstrução da artéria do coração. Os representantes desse tipo de medicamento no mercado são os ácidos acetilsalicílicos (AAS) e o clopidogrel.

Troponina: proteína lança-da na corrente sanguínea quando há um infarto.

Diuréticos: medicamentos que auxiliam na eliminação de líquidos.

Betablo-queadores: medicamentos que interferem nos batimen-tos cardíacos, reduzindo-os.

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Existe também outro medicamento que atua na quebra dos trombos existentes nos vasos san-guíneos, mas seu uso é restrito a unidades de emergência e unidades de terapia intensiva, não só pelo tempo que eles têm para serem utilizados, como também pela possibilidade de agravamento da função de bombeamento do coração resultando em parada cardiorrespiratória. Esse medicamento é um trombolítico e no mercado é chamado de alteplase e estreptoquinase.

A sistematização da assistência de enfermagem para os pacientes com IAM está diretamente re-lacionada aos sinais e sintomas que eles apresentam às medicações que usam e também aos exames e às restrições a que eles são submetidos.

Nesse sentido, os pacientes com IAM devem, em primeiro lugar, ter os valores de pressão ar-terial, saturação de oxigênio, frequências respiratória e cardíaca aferidas. A temperatura corporal é um dos sinais vitais que também devem ser verificados, porém apenas para uma avaliação global do paciente. A persistência de sintomas ou a ocorrência de outros que anteriormente não foram descri-tos na admissão deverão ser comunicados ao enfermeiro para providências quanto à necessidade de medicamentos ou outras intervenções.

Os medicamentos devem ter a sua administração e seus efeitos colaterais monitorados. Como exemplo, os anti-hipertensivos, que podem produzir queda abrupta da pressão arterial e rubor facial, tosse e prurido. Outro tipo de medicamento relevante que deve ter sua administração monitorada é o betabloqueador, pela redução da frequência cardíaca.

As restrições a que os pacientes são submetidos são aquelas quanto à movimentação, pois o paciente deverá ser mantido em repouso absoluto para diminuir o trabalho cardíaco. A alimen-tação deve ser prioritariamente laxativa ou anticonstipante, para que não haja esforços durante a evacuação intestinal.

Posteriormente, em momento de alta, esse paciente deverá ser orientado quanto à continui-dade do uso dos medicamentos, às restrições de movimentos e de esforço (trabalho doméstico ou profissional) e também quanto à dieta que deverá seguir para minimizar a reincidência de eventos cardiológicos como o que sofreu.

1.3 Insuficiência ardíacaA função do coração é bombear o sangue para todo o corpo e trazer o sangue do corpo de volta

para o coração. Quando isso não acontece, diz-se que o paciente está com uma insuficiência cardíaca.

Portanto, a insuficiência cardíaca é caracterizada pela falência do músculo cardíaco em bombe-ar o sangue adequadamente para o corpo ou por não poder trazê-lo de volta ao coração. Parece que estamos repetindo a mesma coisa, mas é importante frisar que se a função única de um órgão não está sendo exercida adequadamente, ele é insuficiente, ou seja, incapaz de cumprir aquilo para o qual foi feito. É importante ressaltar também que a insuficiência cardíaca pode ocorrer nos dois lados do coração ao mesmo tempo ou isoladamente em apenas um dos lados.

1.3.1 Insuficiência cardíaca direita

A insuficiência cardíaca direita é caracterizada quando o ventrículo direito não consegue se esvaziar completamente para receber a quantidade de sangue que vem do restante do corpo. Os pa-cientes começam a apresentar um acúmulo de líquido nas vísceras, provocando edemas e congestão nos órgãos e nos membros. O principal órgão afetado é o fígado, resultando em uma hepatomegalia. Pode acontecer também de haver distensões das veias jugulares, ascite e ganho de peso, tudo em razão do acúmulo de líquido nestas partes.

Abrupta: de forma inespe-rada.

Prurido: co-ceira.

Laxativa: medicamentos ou alimentos que favorecem a eliminação do conteúdo intes-tinal (laxante)

Vísceras: o mesmo que órgãos.

Hepatomega-lia: aumento anormal no tamanho do fígado.

Ascite: acúmu-lo de líquido no abdômen em decorrência de falência renal ou hepática.

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As causas dessa incapacidade de bombeamento do sangue pelo coração se dão por diversas razões. Entre elas estão o infarto agudo do miocárdio, doenças inflamatórias do tecido cardíaco, tais como endocardites por doenças infecciosas, como a doença de Chagas, e por senilidade.

Os pacientes que apresentam essas manifestações precisam que os sinais vitais sejam constan-temente avaliados, pois a presença de líquidos nos órgãos e nas extremidades fazem com que haja sobrecarga da função do coração, com manifestações de taquicardia, taquipnéia e cansaço generali-zado. Em algumas situações podem ocorrer dor torácica e lipotimia.

O tratamento para esse tipo de insuficiência cardíaca é basicamente associado a medicamen-tos que aumentam a força de contração do músculo cardíaco, outros que diminuem a frequência cardíaca e também os que reduzem os líquidos na circulação sanguínea. Portanto, serão adminis-trados medicamentos cardiotônicos que reduzem a frequência cardíaca e aumentam a força de contração. Também serão administrados betabloqueadores que reduzem a frequência cardíaca e diuréticos para regular o excesso de líquido que obriga o coração a trabalhar mais para bombear a mesma quantidade de sangue.

Não há como reverter uma insuficiência cardíaca, mas há como controlá-la, minimizando seus efeitos e suas complicações. Essas complicações estão diretamente relacionadas às funções cardio-lógicas e às funções respiratórias. As complicações cardiológicas já mencionamos aqui. Quanto às complicações respiratórias, destacamos a dispnéia provocada, por exemplo, pelo acúmulo de líquido no abdômen, conhecida como ascite. Quando o líquido se acumula no abdômen, ele comprime o dia-fragma e impede ou restringe a expansibilidade dos pulmões e, por isso, periodicamente o paciente precisa que este líquido seja drenado por meio de um procedimento chamado paracentese.

Insuficiência cardíaca esquerda

Se a insuficiência cardíaca direita é uma complicação proveniente do lado direito do coração, a insuficiência cardíaca esquerda é aquela em que o lado esquerdo do coração não é capaz de executar de maneira eficiente o bombeamento do sangue.

A sua causa está diretamente relacionada à impossibilidade de o coração, através do ventrículo esquerdo, bombear o sangue e fazer com que a totalidade desse sangue seja lançado na corrente san-guínea. Por sua vez, o ventrículo tornou-se incompetente porque uma situação de hipertensão arterial não foi devidamente tratada ou porque o paciente sofreu um IAM que comprometeu a contração do miocárdio na região do ventrículo esquerdo. Uma das consequências da hipertensão e do IAM para a estrutura do coração é o aumento da sua área em compensação à incapacidade de bombeamento. Essa condição chama-se cardiomegalia e também é responsável pelo agravamento da função cardí-aca, favorecendo casos de hipotensão, pois o coração não bombeia sangue suficiente para manter a pressão arterial, e também a ocorrência de arritmias cardíacas.

Uma vez que o coração não se esvazia completa-mente, começa a ocorrer um acúmulo do sangue entre o próprio coração e o tecido dos pulmões. A esse fenô-meno, damos o nome de congestão cardíaca, ou seja, o coração fica incapaz de se esvaziar completamente e passa a congestionar o fluxo de sangue entre as suas duas câmaras esquerdas.

O fenômeno ocorre mais ou menos como um engarrafamento em uma grande cidade. Imagine que você está em seu carro dirigindo para o trabalho em um bairro em que muitas outras pessoas também tra-balham e saem ao mesmo tempo. Todas elas estarão

Paracentese: procedimento realizado para a drenagem do líquido abdominal da ascite.

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fazendo a mesma coisa que você e também no mesmo horário, e o caminho por onde você anda tem três vias. Até então, tudo bem, pois a quantidade de vias atende a quantidade de carros, porém, mais à fren-te, o número de vias diminui, ou seja, o fluxo de carros vai diminuir, já que a via agora é mais estreita e, por isso, a quantidade de carros da-quele ponto em que há a diminuição das vias para trás será acumulada. Essa é uma maneira de se entender a questão da congestão de líquidos que pode ocorrer pulmões pela incapacidade de o coração manter o fluxo de sangue para fora dele.

O paciente que apresenta uma insuficiência cardíaca do lado esquerdo do coração experimenta sintomas semelhantes ao do IAM, que são a dor torácica, a falta de ar e a dormência em um dos lados do corpo, porém em menor intensidade, pois as complicações evoluem gradativamente. Como a insuficiência cardíaca esquerda é uma consequência direta do IAM, os sintomas podem acontecer ao mesmo tempo.

Saiba mais sobre o aumento do tamanho do coração em http://www.saudemedicina.com/cardiomegalia/

Para se resolver essa situação, são necessários medicamentos que aumentam a força de con-tração do músculo cardíaco, tais como os cardiotônicos, que existem no mercado em duas apresen-tações: administração via oral e via endovenosa. Cada uma delas respeita um critério relativo à frequ-ência cardíaca, que nunca deve estar abaixo de 60 bpm, evitando que o paciente fique bradicárdico. Esses medicamentos têm como efeito colateral a bradicardia e, se o paciente apresentar uma frequ-ência menor que 60 bpm, pode ocasionar mal estar generalizado, tonteira, entre outros sintomas. Além desses, os betabloqueadores e os diuréticos também fazem parte do rol de medicamentos que ajudam a controlar a insuficiência cardíaca.

Um cuidado para que a pressão arterial não aumente e o paciente não tenha a congestão au-mentada é manter o paciente em repouso. Outro cuidado é manter a cabeceira elevada (30°) para que o líquido acumulado se desloque para baixo e deixe os pulmões com áreas maiores para a troca gasosa. A monitoração da respiração, avaliando a permeabilidade da via, frequência e profundidade, também é um cuidado importante. A mensuração dos débitos urinários e as características das eliminações vesi-cais permitem avaliar se há risco para a congestão de órgão pelo excesso de líquidos circulantes.

Exercitando o conhecimento

Quando o coração não bombeia sangue adequadamente para o restante do corpo ocorre um acúmulo de líquido nas câmaras cardíacas. Para compensar esse bombeamento, como reage o coração?

a) Aumentando seus batimentos cardíacos.

b) Diminuindo seus batimentos cardíacos.

c) Aumentando a diurese.

d) Diminuindo a diurese.

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O melhor mecanismo de compensação para a falência do coração em bombear o sangue é o aumento da frequência cardíaca para aliviar a congestão nas câmaras cardíacas. A letra A é a correta.

1.4 Edema agudo de pulmãoJá vimos nesta lição como funciona o ciclo cardíaco e como o coração faz para bombear o

sangue através do corpo. Agora, nesta parte da lição, veremos algumas das consequências da fa-lência deste bombeamento para os demais sistemas do nosso corpo e como a enfermagem atua nessas situaçãoes.

O edema agudo de pulmão (EAP) é uma condição que resulta de diversos fatores, tanto respi-ratórios quanto cardiológicos. Neste primeiro momento, abordaremos as complicações existentes em decorrência da insuficiência cardíaca.

Já vimos rapidamente a anatomia e fisiologia do coração. Agora é hora de ressaltar alguns pon-tos importantes para a compreensão desta lição quanto à anatomia e fisiologia do sistema respiratório.

O sistema respiratório começa na boca e nas fossas nasais. É por elas que o ar entra e vai ga-nhando espaço através das vias aéreas superiores e depois pelas vias aéreas inferiores. As vias aéreas superiores são a boca, narinas, faringe, laringe e parte da traqueia. Já as vias aéreas inferiores são a ou-tra parte da traqueia, chamada traquéia torácica, os brônquios principais, os brônquios segmentares e os brônquios terminais, também chamados de bronquíolos.

A função dessas estruturas é basicamente conduzir o ar, por isso se chamam vias aéreas. No entanto, quando o ar entra em contato com estas estruturas, ele as estimulam, fazendo com que con-traiam ou relaxem, dependendo do que é carregado com o ar para dentro do nosso corpo. Essa con-tração e relaxamento ocorrem porque os brônquios, sejam eles de que tamanho forem, têm em sua constituição músculos que promovem a constrição ou a dilatação dos próprios brônquios.

Constrição: redução do calibre de uma estrutura por contração de seus músculos.

Dilatação: aumento do calibre de uma estrutura pelo relaxamento de seus músculos.

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Quando ocorre a constrição, o espaço para a entrada do ar fica comprometido e, portanto, me-nos ar entrará no sistema respiratório para que a hematose seja realizada e assim ocorra a troca do gás carbônico pelo oxigênio nos pulmões. A essa constrição, damos o nome de broncoespasmo. Essa é uma condição que está relacionada ao ar que entra e sai das vias aéreas para que possamos realizar a respiração, no entanto, isso também acontece quando existem substâncias que causam alergias ou quando, ao invés de ar nas vias aéreas, exista líquido.

Alvéolos

Em relação às alergias, essas fazem com que os brônquios se defendam delas, iniciando uma resposta inflamatória provocando edema nos próprios brônquios, o que reduz a luz deles. Quando se trata de líquido, seja ele proveniente do meio externo, quando, por exemplo, engasgamos, ou do meio interno, quando o coração falha e favorece a congestão de líquido no sistema respiratório, ocorre a mesma coisa, e, então, além da presença de líquido, comprometendo a passagem do ar, teremos a resposta inflamatória, reduzindo o espaço para que esse ar passe.

Essa presença de líquido no sistema respiratório é o que chamamos de EAP. Mas por que isso acontece?

A circulação do sangue em todo o corpo é dividida de duas maneiras, chamadas de grande circulação e pequena circulação. A grande circulação já foi mencionada aqui. Ela ocorre quando o sangue sai do ventrículo esquerdo, passando por todo o corpo e retornando ao átrio direto. Depois disso, como você sabe, o sangue sai do coração novamente pelo ventrículo direito e vai aos pulmões para que o sangue que é rico em gás carbônico faça a troca e receba o oxigênio, que novamente fará a nutrição do restante do corpo. Até aqui tudo bem, mas é exatamente nesse momento, em que o pulmão recebe o sangue e faz a troca gasosa, que o EAP acontece.

Broncoespas-mo: redução no espaço dos brônquios.

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Para que haja a troca gasosa, os capilares venosos que trazem o sangue enriquecido em gás carbônico entram em contato com os alvéolos pulmonares que contêm oxigênio da nossa respiração. Então, por meio de uma força entre os gradientes, o gás carbônico passa para o interior do alvéolo e o oxigênio passa para os capilares, agora não mais capilar venoso, e sim capilar arterial. Esse fenômeno é chamado de hematose.

Quando esse processo de hematose não ocorre da maneira correta, como no caso relatado nesta lição, em que existe uma incapacidade de o coração bombear adequadamente o sangue que fica acumulado no interior desses capilares, aumentando a pressão dentro eles, o líquido é obrigado a passar para dentro dos alvéolos. Como todos nós sabemos, não podemos respirar com a presença de líquidos nas vias aéreas e muito menos nos alvéolos. A presença de líquido nos alvéolos faz com que o nosso corpo aumente a necessidade de respiração, com o aumento da frequência respiratória, e também aumente o bombeamento de sangue, mesmo que incompetente, ocasionando o aumento da frequência cardíaca.

O resultado de tudo isso são os sintomas apresentados pelo paciente, que são dispneia, cansa-ço, a falta de ar, tonteira, aumento da frequência cardíaca e respiratória, alterações no nível de consci-ência, deixando o paciente menos alerta, mais agitado e às vezes até agressivo. Isso tudo em razão da falta de oxigenação no cérebro. Além disso, podem ocorrer sintomas de isquemia cardíaca, como dor torácica e dormência em um dos membros superiores.

O paciente será cuidado de forma a manter as funções cardíacas e respiratórias estabilizadas, ou seja, controladas por meio de medicamentos que vão reduzir a pressão arterial, promovendo a dilatação de vasos sanguíneos e também reduzindo o trabalho cardíaco por um mecanismo chamado de pré-carga. Além disso, será oferecido oxigênio por meio de máscara para aumentar a oferta e assim compensar a redução ocorrida na hematose.

Como são muitas as intervenções necessárias para se atender este paciente, vamos dividi-las em grupos:

Posicionamento no leito

O paciente deverá adotar uma posição sentado ou no máximo com cabeceira a 45°. Esta po-sição, conhecida como posição de Fowler, facilita a expansão pulmonar e melhora a respiração. As

Gradientes: diferença entre pressões.

Pré-carga: vo-lume de líquido que chega ao coração.

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pernas deverão estar em nível abaixo do corpo, pois isso reduz a quantidade de sangue que chega ao coração e diminui o trabalho cardíaco também.

Medicamentos

Inicialmente, serão utilizados medicamentos que reduzem a pressão arterial. Isso pode acon-tecer de duas maneiras: com medicamentos anti-hipertensivos, que atuam nos rins, ou com medica-mentos vasodilatadores, que fazem com que a pressão arterial diminua por outro mecanismo que é atuação dos medicamentos diretamente na parede dos vasos sanguíneos arteriais. Outros medi-camentos utilizados são os diuréticos, que diminuirão a quantidade de líquido circulante e também reduzem tanto a pressão arterial quanto a congestão de líquidos no pulmão; os corticoides, que atu-am na inflamação da mucosa do brônquio e facilitam a passagem do ar pela redução do edema; os broncodilatadores, que auxiliam a respiração também aumentando a passagem de ar; os betablo-queadores, que reduzem a frequência cardíaca; e, por fim, os cardiotônicos, que aumentam a força de contração fazendo o coração bombear mais sangue sem aumentar a frequência cardíaca.

Assistência respiratória

A oxigenioterapia será iniciada com a oferta de oxigênio em grande concentração e em gran-de volume para compensar a falta causada pelo EAP. Seguido a isso, se o paciente estiver lúcido, o fisioterapeuta iniciará uma conduta de ventilação assistida chamada de CPAP, que é a sigla em inglês para Continue Positive Airway Pressure, cujo significado em português é pressão positiva contínua nas vias aéreas. O CPAP, em linhas gerais, aumenta a pressão de ar dentro das vias aéreas e faz com que o líquido que está dentro dos alvéolos retorne para os capilares para, assim, a hematose ser realizada com maior sucesso e eficiência.

Monitoração cardiológica

Para que se saiba se os medicamentos e toda terapêutica que está sendo aplicada estão funcio-nando, deve-se monitorar todas as funções cardiológicas, portanto serão posicionados nos pacientes eletrodos que possam captar a frequência cardíaca do paciente, assim como o ritmo cardíaco. A avalia-ção do ritmo cardíaco é muito importante, pois as doenças de base que contribuem para a ocorrência do EAP, como o infarto, favorecem a ocorrência de arritmias que podem ser letais. Portanto, a realiza-ção de um eletrocardiograma durante o período de internação é necessária para acompanhamento desses casos. Em adição ao ritmo e à frequência cardíaca, a pressão arterial e a saturação de oxigênio são igualmente importantes.

Exercitando o conhecimento

De que maneira o paciente deve ser posicionado no leito para facilitar a respiração?

a) Em decúbito lateral.

b) Em decúbito dorsal.

c) Em posição de Fowler.

d) Em posição de Supino.

A melhor posição dentre as aqui apresentadas é a posição de Fowler, letra C, embora a que traria maior benefício para o paciente seria a em que ele permanecesse sentado.

Letais: que matam.

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1.5 Arritmias cardíacasPara o coração bombear o sangue, é necessário que haja a contração dos músculos cardíacos,

produzindo uma onda de permite o deslocamento do sangue, formando-se o que chamamos de pul-sação. Mas essa onda a que nos referimos só existe porque o músculo cardíaco conduz a eletricidade gerada por ele mesmo que é controlada por uma estrutura de aproximadamente 2 cm chamada de nodo sinoatrial. Essa estrutura comanda toda a carga elétrica gerada pelo coração de forma a orga-nizá-la para que seja gerado um pulso e, assim, o sangue possa ser conduzido através do coração e também através do corpo. Quando existe alguma alteração no músculo cardíaco que impeça essa condução, como, por exemplo, no IAM, o ritmo cardíaco pode ser alterado e a condução não se faz de maneira organizada. Portanto, o fluxo sanguíneo fica comprometido.

Essa condição é uma das várias condições possíveis para a ocorrência de uma arritmia. É im-portante saber efetivamente para nossa lição que os pacientes que sofrem um infarto do miocárdio ou têm insuficiência cardíaca são vulneráveis ao aparecimento de uma arritmia cardíaca, e são seus diferentes tipos e locais de ocorrência que abordaremos aqui, assim como a forma que a enfermagem deve atuar em cada uma delas.

Inicialmente vamos fazer uma revisão da anatomia do coração, agora sob o ponto de vista da condução elétrica. Em primeiro lugar, temos o nodo sinoatrial (NSA), que é uma estrutura pequena localizada no átrio direito cuja responsabilidade é marcar o ritmo do coração, sendo, por isso, chamado de marca-passo natural do coração. Ele dita a frequência cardíaca e o ritmo do coração conforme as necessidades. Por exemplo: se estivermos sentados conversando em uma situação de prazer e lazer, o nodo sinoatrial regula a frequência cardíaca de modo que não seja preciso um grande consumo de oxigênio e também que a intensidade da contração do músculo cardíaco ejete grande quantidade de sangue na corrente sanguínea. Se, por exemplo, precisarmos correr ou subir uma escada, o nodo sinoa-trial acelera o batimento cardíaco, aumentando a demanda de consumo de oxigênio e a ejeção de san-gue na corrente sanguínea. Tão logo não haja mais necessidade de o coração bater tão rápido, o nodo sinoatrial volta a regular o estímulo elétrico para que o coração tenha a frequência cardíaca reduzida.

Outra parte do coração que auxilia o nodo sinoatrial na condução dos estímulos é o nodo atrio-ventricular (NAV). Essa estrutura permite a passagem do estímulo elétrico gerado no átrio para o ven-trículo. Caso haja um retardo nessa transmissão, pode haver uma alteração no ritmo do coração. Já no ventrículo, o estímulo passa pelo feixe de His, que se divide distribuindo esse estímulo elétrico para ambos os ventrículos para que eles se contraiam e possam ejetar o sangue nas artérias.

Vulneráveis: que são passí-veis de sofrer algum dano.

Ejete: lançar para fora (ejetar).

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Vista essa breve anatomia dos sistemas de condução do sistema cardíaco, entendemos que seja importante que você saiba sobre o registro que é feito no eletrocardiograma (ECG) de todos esses estímulos elétricos. No ECG, as ondas de contração e relaxamento do músculo cardíaco são registradas em traçados específicos. Essas ondas são divididas em onda “P”, que representa a contração dos átrios; o complexo “QRS”, que são ondas que representam a contração dos ventrículos; e a onda “T”, que re-gistra a onda de relaxamento dos ventrículos.

A partir da interpretação dessas ondas é que o médico pode diagnosticar e traçar uma conduta para tratar o paciente que está com uma arritmia cardíaca. Não porque cabe ao médico diagnosticar as arritmias que você, enfermeiro, não poderia saber quando existe uma alteração relevante no ECG, mas para que esse médico seja comunicado e assim o paciente não tenha agravada sua situação du-rante a internação. Isto posto, o enfermeiro deve estar atento às características do traçado do eletro-cardiograma que definem uma arritmia para assistir seu paciente de maneira segura.

As arritmias são classificadas conforme o local onde se inicia o ritmo irregular. Portanto, quando ocorrerem no átrio, são chamadas de arritmias atriais, que são arritmias em que a condução entre átrios e ventrículos é comprometida; e as arritmias ventriculares, que como o nome já diz, são origina-das nos ventrículos.

Arritmias atriais

São diversos os tipos de arritmias que podem ocorrer a partir do átrio, mas separamos para esta lição apenas duas que são aquelas mais comuns. São o flutter atrial e a fibrilação atrial.

O flutter atrial é uma arritmia em que a frequência cardíaca é aumentada, ficando em torno de 120 a 150 batimentos por minuto. A característica registrada no ECG é a onda P repetidas vezes, antecedendo um complexo QRS. Isso significa que o estímulo que contrai o átrio está partindo de dois locais diferentes. Um nós sabemos, vem do NSA, mas o outro pode ocorrer em qualquer parte desse átrio e assim é difícil de estabelecer o local exato.

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O paciente apresenta sintomas de palpitação e falta de ar devido à rapidez com que o coração bate. Isso provoca uma sensação de desespero e agonia, e por isso o paciente precisa se manter calmo e em repouso para que não haja maior consumo de oxigênio.

O tratamento medicamentoso consiste na administração de medicamentos que controlam essa frequência cardíaca e procuram reverter do ritmo anormal para o ritmo de normalidade. O medi-camento comumente utilizado para esse fim é a amiodarona, que é administrada por via endovenosa e por meio de uma bomba infusora que controla o volume de infusão. Durante a administração, é im-portante observar o ritmo e a frequência cardíaca do paciente, além da pressão arterial. Posteriormen-te à administração por via endovenosa, o paciente poderá continuar fazendo o uso do medicamento, sendo administrado por via oral. Além desses medicamentos, o paciente usará medicamentos que evitam a coagulação do sangue, tais como a heparina, que pode ter duas apresentações diferentes: a de baixo peso molecular e a de alto peso molecular (cada uma tem suas especificidades). Esse medi-camento é também administrado por bomba infusora por via endovenosa ou por via subcutânea. O importante durante o tratamento desses pacientes com heparina é que se observem sinais de sangra-mento em qualquer lugar do corpo, porém em casos de internação seriam mais comuns os pontos de acesso venosos, gengiva, nariz, entre outros.

A fibrilação atrial difere do flutter exatamente porque o problema está na ausência registrada no ECG da onda P. A onda P, que representa a contração dos átrios, não aparece no traçado eletro-cardiográfico, pois o átrio não é capaz de gerar uma onda devido à excitação dos músculos que se contraem desordenadamente. A frequência cardíaca é elevada – em torno de 150 a 200 bpm –, o que provoca distúrbios na condução do sangue, e o paciente experimenta a sensação de palpitação e falta de ar. Assim como no flutter, o paciente precisa ser mantido em repouso, tendo seus sinais vitais mo-nitorados, e há a necessidade de se ter puncionado um acesso venoso para proporcionar segurança durante o atendimento.

É importante ressaltar que a fibrilação atrial pode ser classificada de duas maneiras: aquela que acontece de maneira abrupta e que provoca todos esses sintomas, que é chamada de fibrilação atrial aguda, e aquela que é persistente e que o paciente convive com ela, mesmo depois de se ter tentado muitos e diferentes tipos de tratamento, tais como a ablação. Por ser persistente, essa fibrilação recebe o nome de fibrilação atrial crônica.

Saiba mais sobre a ablação em: http://www.hcor.com.br/EspecialidadeseServi%C3%A7os/Ser-vi%C3%A7osDiferenciados/Servi%C3%A7osdeArritmia/ArritmiaProcedimentosTerap%C3%A-Auticos/Abla%C3%A7%C3%A3oporRadiofrequ%C3%AAncia.aspx

O tratamento é também semelhante ao do flutter atrial, utilizando medicamentos como amiodarona e heparina. Já se a fibrilação atrial é do tipo crônica que agudizou, ou seja, o paciente saiu de uma condição de estabilidade para uma situação de risco à vida, os medicamentos tanto

Ablação: ação de extrair, extir-par uma parte do corpo.

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podem ser administrados por via endovenosa como por via oral. Esses medicamentos podem ser a própria amiodarona ou a quinidina. A via de administração dependerá da estabilidade hemodinâ-mica do paciente.

Exercitando o conhecimento

Qual a característica que, no traçado eletrocardiográfico, define a fibrilação atrial?

a) A quantidade de ondas “P”.

b) A quantidade de onda “R”.

c) A ausência da onda “R”.

d) A ausência da onda “P”.

Se o que caracteriza a contração atrial é a onda “P” e ela é ausente na fibrilação atrial, a resposta correta é a letra D.

Arritmias atrioventriculares (bloqueios)

Os bloqueios atrioventriculares (BAV) são condições em que a transmissão dos impulsos elé-tricos entre os átrios e ventrículos está comprometida ou lenta, e por isso tem como característica a frequência cardíaca baixa. No registro do eletrocardiograma, é observado um intervalo prolongado entre a onda P e o complexo QRS. Isso é o que representa o retardamento da condução do impulso elétrico entre as cavidades cardíacas. Existem ainda casos em que esse impulso é abolido e, portanto, o ventrículo não é contraído. Os bloqueios atrioventriculares são de 4 tipos: O BAV de 1° grau, BAV de 2° grau, que se divide em dois, e o BAV de 3° grau.

BAV de 1° grau: é caracterizado por um retardamento na condução entre os átrios e os ven-trículos. Não tem sintomas e o tratamento é feito apenas com o acompanhamento da progressão do eletrocardiograma e aparecimento de sintomas. Pode estar relacionado ao uso de medicamentos que interferem na frequência cardíaca, como os betabloqueadores e os cardiotônicos.

BAV de 2° grau: o retardamento da condução dos impulsos pode acontecer de forma progressiva, no tipo Weckenbach, ou regular, com bloqueios de impulso para os ventrículos no tipo Morbtz. Este é um tipo mais crítico, pois o paciente apresenta sintomas de tonteira, cansaço, entre outros. O tratamento para esse tipo de arritmia é o uso de atropina endovenosa. Se isso não for o bastante, o paciente precisará passar por procedimento cirúrgico para implantar um marca-passo dentro do peito, que regulará o ritmo do coração.

BAV de 3° grau: esse tipo de bloqueio é o que provoca mais instabilidade hemodinâmica no paciente e por isso precisa de uma vigilância maior. Assim como as demais arritmias, pode ocorrer em decorrência de um IAM anterior ou outra condição cardíaca, como infecções, mas o que é importante ressaltar em suas características é que as contrações do átrio não estão diretamente relacionadas às contrações dos ventrículos, ou seja, a onda P que está antes de um complexo QRS nem sempre per-tence ao mesmo ciclo cardíaco, e por isso os sintomas do paciente são ampliados – tontura, mal-estar generalizado e cansaço. O tratamento para esse paciente está diretamente relacionado à colocação

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Parabéns, você fina-lizou esta lição!

Agora responda às questões ao lado.

de um marca-passo e o uso de medicamentos que controlam o ritmo do coração. A assistência de enfermagem em atividades simples, como ir ao banheiro ou banhar-se, são importantes para se evitar quedas e outros eventos decorrentes de uma pressão arterial reduzida.

ResumindoAo longo desta lição, vimos como funciona o coração, tanto do ponto de vista mecânico quanto

do ponto de vista elétrico. Pudemos saber mais sobre as artérias que oxigenam o músculo cardíaco e o que acontece caso elas sejam obstruídas. Estabelecemos uma assistência de enfermagem para cada um desses casos e outras ainda podem ser acrescentadas a partir de sua prática com esses pacientes. Agora cabe a você colocar em prática tudo que aprendeu para cuidar dos pacientes que sofreram um infarto ou que passaram por um caso de arritmia cardíaca. Mãos à obra e até a próxima lição!

Verifique se você se sente apto a:

• Compreender um pouco da anatomia do sistema cardiovascular.

• Reconhecer as causas e as consequências dos distúrbios cardiovasculares.

• Compreender o tratamento dos diferentes distúrbios cardiovasculares.

• Assimilar e aplicar o processo de enfermagem em pacientes com distúrbios cardiovasculares.

ExercíciosQuestão 01 – As artérias são vasos sanguíneos que conduzem o sangue em que sentido?

a) Do corpo para o coração.

b) Do coração para o corpo.

c) Do coração para o corpo, passando pelos pulmões.

d) Do corpo para o coração, passando pelos pulmões.

Questão 02 – Se o tecido do miocárdio não receber a oxigenação adequada, o que pode acontecer com ele?

a) Necrosar.

b) Aumentar de tamanho, compensando a falta.

c) Diminuir de tamanho para compensar a falta.

d) Ficar inflamado e começar a doer.

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Questão 03 – Os medicamentos usados para dilatar os vasos sanguíneos são conhe-cidos como:

a) Analgésicos.

b) Opiáceos.

c) Vasodilatadores.

d) Vasoconstritores.

Questão 04 – A insuficiência cardíaca é dividida em direita e esquerda. A principal carac-terística que define a insuficiência cardíaca direita é?

a) Falta de oxigenação nos tecidos.

b) Falta de ritmo no coração.

c) Acúmulo de líquido nos pulmões.

d) Acúmulo de líquido nas vísceras.

Questão 05 – O edema agudo de pulmão é consequência da incapacidade do coração em bombear o sangue que está em qual das quatro câmaras, principalmente?

a) Ventrículo direito.

b) Ventrículo esquerdo.

c) Átrio esquerdo.

d) Átrio direito.

Questão 06 – O aumento no tamanho do coração para compensar a incapacidade de bombeamento do sangue chama-se:

a) Acromegalia.

b) Escoliose.

c) Cardiomegalia.

d) Espondilose.

Questão 07 – A ação dos medicamentos diuréticos no edema agudo de pulmão é a de:

a) Reduzir a frequência cardíaca.

b) Reduzir o ritmo cardíaco.

c) Reduzir a pré-carga.

d) Reduzir a pós-carga.

Page 27: Ronald Teixeira Peçanha Fernandes - Grupo NT · 2018. 7. 29. · Ronald Teixeira Peçanha Fernandes Doutor e mestre em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ CAPES nota

26 NT Editora

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Questão 08 – O posicionamento do paciente sentado no leito ajuda na:

a) Expansibilidade dos pulmões.

b) Drenagem de secreções.

c) Absorção dos nutrientes.

d) Expansibilidade do coração durante o bombeamento do sangue.

Questão 09 – Qual destas arritmias influenciam o coração para que ele tenha a frequência cardíaca diminuída?

a) Taquicardia ventricular.

b) Taquicardia supraventricular.

c) Bloqueio atrial.

d) Wolf-Parkinson-White.

Questão 10 – Caso o eletrocardiograma do paciente mostre alterações no ritmo, o pacien-te deve ser:

a) Levado andando até o leito.

b) Levado em cadeira até o leito.

c) Aguardar pela avaliação médica.

d) Aguardar o efeito da ansiedade do exame passar.