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RONALDO CORREIA DE BRITO ASSIS LIMA

O PAVÃOMISTERIOSO

ilustrações de ANDRÉS SANDOVAL

PAVAO_MISTERIOSO_MIOLO_CTP.indd 1 6/1/18 3:20 PM

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Esta obra foi composta em Corinthian Medium e impressa pela RR Donnelley em ofsete sobre papel Alta Alvura e

Celulose para a Editora Schwarcz em junho de 2018

A marca fsc® é a garantia de que a madeira utilizada na fabricação do papel deste livro provém de florestas que foram gerenciadas de maneira ambiental mente cor-reta, socialmente justa e econo-micamente viável, além de outras fontes de origem controlada.

Copyright do texto © 2004 by Ronaldo Correia de Brito e Francisco Assis de Sousa LimaCopyright das ilustrações © 2004 by Andrés Sandoval

Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009.

Revisãoarlete souzanina rizzo

Projeto gráficoluciana facchini

Tratamento de imagemm. gallego • studio de artes gráficas

2018

Todos os direitos desta edição reservados àeditora schwarcz s.a.Rua Bandeira Paulista, 702, cj. 3204532-002 — São Paulo — sp

(11) 3707-3500 www.companhiadasletrinhas.com.br www.blogdaletrinhas.com.br /companhiadasletrinhas companhiadasletrinhas

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)(Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)

Brito, Ronaldo Correia deO pavão misterioso / Ronaldo Correia de Brito, Assis

Lima ; ilustrações de Andrés Sandoval. — 1a ed. — São Paulo : Companhia das Letrinhas, 2018.

isbn 978-85-7406-829-9

1. Literatura de cordel 2. Literatura infantojuvenil I. Lima, Assis. II. Sandoval, Andrés. III. Título.

18-14485 cdd-028.5

Índices para catálogo sistemático:1. Cordel : Literatura infantojuvenil 028.5


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O vendedor de cordel


— Três folhetos por um real! Quem vai comprar?Os gritos de Antônio Camilo se misturavam aos ruídos da feira.— Não deixem de ler “A moça que virou cobra”, “O casamento

da lagartixa”, “O dragão de três cabeças”…As pessoas nem olhavam para Antônio.Tristonho, ele juntou os cordéis espalhados numa lona velha, no

meio da rua. Arrumou um por um os livrinhos impressos em papel--jornal, numa tipografia que herdara do avô. Ninguém mais se inte-ressava por aquelas histórias. Quando era pequeno, Antônio Camilo não lia outra coisa além de folhetos.

— Agora, os meninos só querem saber de gibis, videogame e de-senho animado.

Olhou o relógio. Passava das três horas. A feira estava acabando, o povo indo embora. Voltaria para casa sem um real no bolso. Ima-ginava o que a mulher iria falar: “Pra que você escreve essas bestei-ras, se ninguém compra?”. Já tinha uma resposta na ponta da língua: “Besteiras são as novelas da televisão”.

Mas a verdade era que mesmo ali em Campina Grande, na Paraí-ba, pouca gente comprava o que ele escrevia. No tempo do avô, che-garam a possuir três máquinas impressoras. Vendiam cem mil cópias de um folheto.

— Você já leu “O príncipe do Reino do Barro Branco e a prince-sa do Reino do Vai-Não-Torna”? — perguntou a um menino, que pa-rou na frente dele para olhar os cordéis.


— Não, eu nunca li essas histórias. Prestam?Os olhos de Antônio Camilo se encheram de lágrimas. Desde ce-

do esperava um comprador. O único que apareceu foi aquele, e nun-ca havia lido um cordel.

Sabia que ele não tinha dinheiro e não compraria nada.Paciente, apanhou um folheto qualquer.— “O romance do pavão misterioso”. Quer que eu leia pra você?— Quero!— Sente-se no chão, feche os olhos e escute:

PARA GRAVAR NA MEMÓRIA,NO FUNDO DO CORAÇÃO,VAMOS CONTAR UMA HISTÓRIA,PEDIMOS SUA ATENÇÃO,AMOR, CORAGEM E GLÓRIASÃO TEMAS DESTA FUNÇÃO.

EM TERRA MUITO DISTANTE,PRA LÁ DE FRANÇA E JAPÃO,NA CAPITAL DA TURQUIA,RESIDIAM DOIS IRMÃOS,UM SE CHAMAVA LUÍS,O MAIS VELHO ERA JOÃO!


HERDARAM GRANDE FORTUNA,QUE AUMENTAVA A CADA DIA,POIS NA ARTE DO COMÉRCIOIGUAL AOS DOIS NÃO HAVIA,PORÉM, COM A MORTE DOS PAIS,PERDERAM TODA A ALEGRIA.

POR CAUSA DISSO, O MAIS NOVOPENSOU NA SITUAÇÃOE RESOLVEU PERCORRERO MUNDO INTEIRO DE ENTÃO,NÃO SABIA QUE SEU PLANOMUDAVA A SORTE DO IRMÃO.

NA GRANDE RODA DO MUNDO,CADA UM TEM SEU LUGAR,EM CADA VOLTA, O DESTINOREVELA SORTE OU AZAR,QUEM NÃO QUISER SE PERDER,PODE TAMBÉM NÃO SE ACHAR!


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Os dois irmãos Um dia, Luís falou para o seu mano:— João, eu pensei, matutei e re-

solvi fazer uma grande viagem. Não sei quando retorno. Vou pelo mundo todo, da Espanha ao Paraguai, de Juazeiro a Bagdá.

— Luís, eu acho…— Justamente o que eu acho: “Quem tem um tostão, come de

feijão”. Quero aproveitar meu dinheiro. Conhecerei a Pérsia, o Egi-to, a Síria… se não estiverem em guerra.

Vendo que Luís estava decidido, João só lhe pediu um presente:— Quero que você traga para mim a coisa mais bonita que en-

contrar na viagem. Mesmo que custe muito dinheiro.— Fique sossegado! Eu não volto de mãos abanando.Luís também tinha um pedido:— Vou levar Miguilim.— Leve. Ele é uma boa companhia.Os dois irmãos se abraçaram. Miguilim, o ajudante, atrapalhava-se

com as malas. Nem tinha sido consultado se queria ou não se meter na-quela viagem.

A terra e o mar esperavam por eles. O mundo era grande naque-le tempo. O avião ainda nem tinha sido inventado.

NAVEGAR, NAVEGAR,EU NAVEGUEIMINHA NAU DE BRANCA VELAPELO MAR DO AMOR ME LEVA,NAVEGAR VENHA TAMBÉM.

SAÍ SEM RUMO POR ESSAS BANDAS DE CÁ,ANDEI POR TERRA DIA E NOITE SEM PARAR,ENTREI NO MAR DENTRO DE UMA EMBARCAÇÃO,DE ONDA EM ONDA FUI PARAR NO MARANHÃO.DE LÁ PRA CÁ, PASSANDO NO PIAUÍMATEI A SEDE NAS ÁGUAS DO CARIRI.


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LÁ PELA CHINA ENCONTREI UMA MENINAE NO JAPÃO EU DEI DE CARA COM UM LEÃOPASSEI CORRENDO PELA PÉRSIA DO IRÃO,O POVO ESTAVA NUMA GRANDE CONFUSÃO.EM BAGDÁ, NUM TAPETE DE VOARQUASE NÃO VOLTO, FICO MORANDO POR LÁ.


DE RUMO EM RUMO FUI CAIR EM ISTAMBUL,SAÍ A NORTE, ACABEI NO RUMO SUL,CRUZEI FRONTEIRA, SUBI MORRO ATÉ CANSAR,VIM PRA TURQUIA VIAJANDO PELO AR.É ORIENTE, É OCIDENTE, É SOL POENTE,DAQUI NÃO SAIO, A TERRA TODA É MEU LUGAR.



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