ROQUE GAMEIROUMA FAMILIA DE ARTISTAS

A FAMILY OF ARTISTS

FUNDACAO DOM LUIS I, CASCAIS

13.01.2017 – 22.03.2017

ROQUE GAMEIRO: UMA FAMILIA DE ARTISTAS

Quando se percorre a historia da arte de qualquer paıs, e frequentedetectarem-se “famılia(s) oficina(s)” que, em perıodos mais oumenos longos, se destacam em diversos contextos artısticos. O“caso” dos Roque Gameiro e, sob diversos aspectos, assaz peculiar,senao unico no Portugal do seculo XX.

Raquel Henriques da SilvaProfessora da Faculdade de Ciencias Sociais e Humanas,Universidade Nova de Lisboa (Departamento de Historia da Arte)

ROQUE GAMEIRO: A FAMILY OF ARTISTS

As one runs through a country’s art history, one frequently comesacross “family workshops” which, during shorter or longer periods oftime, stood out in various artistic fields. The Roque Gameiro “case”is, in various ways, rather peculiar if not unique in 20th-centuryPortugal.

Raquel Henriques da SilvaProfessor, Faculty of Social Science and Humanities,Universidade Nova de Lisboa (Department of Art History)

ROQUE GAMEIROUMA FAMILIA DE ARTISTASA FAMILY OF ARTISTS

FUNDACAO DOM LUIS, CASCAIS

13.01.2017 – 22.03.2017

ROQUE GAMEIRO: UMA FAMILIA DE ARTISTAS

Catalogo da exposicao “Roque Gameiro: Uma Famılia da Artistas”,Fundacao D. Luıs (Cascais), 13 de Janeiro a 22 de Marco de 2017.Exposicao organizada por varios descendentes de Alfredo Roque Gameirocom a coordenacao de Luıs Cabral.

Nota: ao longo do catalogo, texto em portugues e impresso em letra preta,texto em ingles em letra azul.

ROQUE GAMEIRO: A FAMILY OF ARTISTS

Catalog of the exhibition “Roque Gameiro: A Family of Artists,”D. Luıs Foundation (Cascais, Portugal), January 13th to March 22nd, 2017.Curated by a group of descendants of Alfredo Roque Gameirounder the coordination of Luıs Cabral.

Note: throughout the catalog, Portuguese text is printed in black,English text in blue.

c� 2017 Luıs Cabral

ISBN 978-1541114920

UMA FAMILIADE ARTISTAS

Alfredo Roque Gameiro, um dos maisimportantes aguarelistas portugueses, foitambem o “patriarca” de uma extensafamılia de artistas plasticos. A presenteexposicao centra-se nas duas primeirasgeracoes da chamada “tribo dos pinceis”:Alfredo Roque Gameiro, seus 5 filhos, e 2genros casados com as filhas mais novas.

A mostra desenvolve-se em torno de 4seccoes: Retratos de Famılia reflecte ocaracter de uma famılia em que desenhare pintar era tao natural como comer econversar. Aguarela: O Mar e a OrlaCosteira corresponde a um dos temas porque Alfredo Roque Gameiro e melhorconhecido: as aguarelas marinhas.Aguarela: Interiores e exteriores mostracomo a aguarela foi o “germe” por que osrestantes familiares se iniciaram napintura; e constitui uma excelenteoportunidade para contrastar estilos eaproximacoes. Finalmente, Um Pouco deTudo ilustra a extensao do trabalhoartıstico de filhos e genros: pintura a oleoe tempera, ilustracoes pequenas e paineisgigantes, escultura e cinema, e muitomais.

A FAMILYOF ARTISTS

Alfredo Roque Gameiro, one ofPortugal’s greatest watercolor painters,was also the “patriarch” of an extensivefamily of visual artists. The presentexhibition focuses on the first twogenerations of the so-called “paintbrushtribe:” Alfredo Roque Gameiro, his fivechildren, and two sons-in-law married tothe patriarch’s two younger daughters.

The exhibition consists of four di↵erentsections: Family Portraits reflects thecharacter of a family where to draw andto paint were as natural as to talk or toeat. Watercolor: the Sea and the SeaCoast corresponds to one of the themesfor which Alfredo Roque Gameiro is bestknown: seascapes. Watercolor: Indoorand Outdoor Scenes shows howwatercolor was the medium with whichall family members took their first stepsin painting; it also provides an excellentopportunity to contrast di↵erent stylesfollowed by di↵erent artists. Finally, Thisand That illustrates the breadth of theart work of the second generation of theRoque Gameiro clan: oil and temperapaintings, small illustrations and largefrescos, sculpture and cinema — andmuch more.

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ALFREDOROQUE GAMEIRO

RAQUELROQUE GAMEIRO

MANUELROQUE GAMEIRO

HELENAROQUE GAMEIRO

MAMIAROQUE GAMEIRO

RUYROQUE GAMEIRO

JOSELEITAO DE BARROS

JAIMEMARTINS BARATA

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A TRIBODOS PINCEIS

Quando se percorre a historia da arte dequalquer paıs, e frequente detectarem-se“famılia(s) oficina(s)”1 que, em perıodosmais ou menos longos, se destacam emdiversos contextos artısticos.Restringem-se, por vezes, a duas geracoessucessivas, como acontece, por exemplo,no seculo XVII, com os pintores BaltazarGomes Figueira e a sua filha Josefa deObidos, ou, no seculo XIX, com ManuelMaria Bordalo Pinheiro, pintor eleproprio e que fazia desenhar os seus filhosdesde a infancia, sendo que, entre eles, secontam Maria Augusta, Rafael e obenjamim Columbano Bordalo Pinheiro.Em casos mais alargados, podem citar-se“series” de geracoes de arquitectos, porexemplo as iniciadas por PardalMonteiro, Carlos Ramos ou JorgeSegurado. Recordo tambem curiososcasos de passagem de especialidade: doispintores oitocentistas, Cristino da Silva,pai e filho, a que “sucede” o arquitectoCristino da Silva; ou o pintor CarlosBotelho, com um filho arquitectopaisagista (Rafael Botelho) e netos ebisnetas que se “dividem” pelas diversasartes e lhes acrescentam novas, como afotografia (o neto Manuel Botelho, abisneta Catarina Botelho).

Paro esta reflexao solta que se limita amemorias esparsas e a interesses pessoaisde investigacao. Ela interessa-me porqueas condicoes materiais de producao daarte sao um topico fundamental dahistoria da arte, decisivas para grandesciclos do passado mas cujasproblematicas devem estender-se aoschamados tempos contemporaneos. Mase indispensavel reiterar que este tipo deestudos assenta em factos historicos semnenhuma pretensao (que seria ridıcula) dedefinir modelos operativos que poderaoter sido essenciais no passado mas que,nos tempos proximos, nao sao condicaodeterminante. Nunca se sabe onde e emque condicoes eclode (e se constroi) umartista! E muitos (imensos) nao tem, doponto de vista da sua formacao, nem painem mae e nao deixam descendentes. . .

Enunciada a advertencia, e voltando auma memoria dispersa, tendo a pensarque “o caso” dos Roque Gameiro e, sobdiversos aspectos, assaz peculiar, senaounico no Portugal do seculo XX.Seguindo as opcoes dos organizadoresdesta exposicao, descendentes directosdas duas primeiras geracoes da “tribo dospinceis”, vou centrar-me apenas na

peculiaridade da “famılia oficina” entreAlfredo Roque Gameiro, as suas filhas,Raquel, Helena e Mamıa Roque Gameiroe os genros, Jose Leitao de Barros, casadocom Helena, e Jaime Martins Barata,casado com Mamıa2.

Alfredo Roque Gameiro (ARG):formacao alema, paixao portuguesa

Comecarei, naturalmente, pelo patriarcaque, como tantos outros “lisboetas”, veiode fora: da ribatejana vila de Minde paratrabalhar em Lisboa, filho de gentemodesta com muitos filhos3. Um seuirmao mais velho, Justino Guedes, estavaestabelecido como litografo e foi com eleque o menino, desde os dez anos, veiotrabalhar. O talento e qualidades detrabalho demonstradas contribuıram paraque, no contexto inovador da criacao doensino industrial artıstico em Portugal,lhe tivesse sido concedida, a pedido doirmao, uma bolsa de formacao naAlemanha. Estudou durante tres anos emLeipzig, trabalhando na litografiaMeissner & Buch e completando a suaformacao na Escola de Artes e Ofıcios4.Este e o primeiro facto que me interessarealcar: uma formacao tecnicaqualificada, voltada para um ofıcio masque nao podia deixar de captar umaambiencia cultural.

Durante a estadia na Alemanha, “e dadaa sua reputacao de jovem bem formado,foi-lhe solicitado que acompanhasse eguiasse um estudante, muito jovem, de

artes decorativas, que a famılia tinhaenviado a fim de completar a suaformacao” (ROQUE GAMEIRO,2009:55). Tratava-se do futuro arquitectoRaul Lino que antes estudara emInglaterra. Lino reconheceu sempre aimportancia dessa estadia em Hanover5 emanteve, durante decadas,correspondencia com o seu mestreAlbrecht Haupt que, nos anos de 1880,percorrera Portugal para inventariar eestudar diversos monumentosportugueses, objecto da sua tese dedoutoramento, Die Baukunst derRenaissance in Portugal6. E muitocurioso que tenha sido no estrangeiro, eatraves desse mestre alemao, que oarquitecto da “Casa portuguesa” tenhaelaborado as bases substantivas do seuideario, assente no conhecimento doterritorio, nas matrizes da historia e daarquitectura e na postura romantica deentender a casa como lugar decristalizacao e reelaboracao da memoriaartıstica da nacao.

Desde esses tempos de juventude, Lino foiamigo dedicado de ARG. Desenhou-lhe aampliacao da casa da Venteira quesempre foi reivindicada como umapitoresca casa portuguesa. Partilhavam ogosto de calcorrear o territorio queconheciam e amavam — sobretudo nageografia afectiva dos arredores saloios deLisboa — com as suas tradicoes e nassuas manifestacoes de arte popular7. Linoinspirou-se nesse campo alargado de

uma potente geo-historia para formularas variantes da “casa portuguesa”; ARGregistou incansavelmente, o mar, aspaisagens, as actividades das gentes,compondo uma narrativa pictoricanaturalista que os valores do“portuguesismo” consolidam. Entendopor tal, os “valores casticos”8 de umahistoria que era, no essencial, umaantiquıssima etnografia.

Segundo testemunho de Jaime MartinsBarata, ARG queixar-se-ia que “viademais”. Congenito ou adquirido, real oumetaforico, esse ver “demais” foi umaguiao da sua obra: numa intimidadeamistosa e sem segredos com a tecnicaque elegeu como meio de pintura (aaguarela), deu eternidade a paisagens,monumentos, casas e gentes de aldeia.Eram os herois de uma historia quecomecou por ser republicana e se acolheu,sem temor, na cultura salazarista, naopor nenhuma adaptacao (ou cedencia desi proprio) mas porque ambos os regimes(como acontecera com a doutrinacomunista dos anos de 1940) tinham umabase comum de inscricao: umnacionalismo reiterado, vindo da culturaromantica do seculo XIX que lhe inventouraızes mais fundas (e por isso reais) numahistoria que Almada Negreiros definira,em Paris, 1919, como Histoire duPortugal par coeur9. Mas, salientandoquanto esse amor a Portugal vinhadetras, bem do seculo XIX, poderemosevocar o apelo do poeta Antonio Nobre:

Qu’e dos Pintores do meu paısestranho,Onde estao eles que nao vempintar?10

Alargamento de campo:Roque Gameiro em famılia

Na casa da Amadora desenhar epintar era tao natural comocomer ou dormir11.

Regressado a Portugal em 1887, ARGteve uma fonte de rendimentos seguracomo “director da Companhia NacionalEditora que sucedeu a Litografia Guedes”(ELIAS, 2015:3). Mas o que aquiinteressa realcar e a sua afirmacao comoaguarelista, envolvido em obrasreferenciais que, na ultima decada doseculo XIX, reivindicam e proclamam umnacionalismo historico e mıtico. Como jasugeri, esse culto da Nacao e um traco deuniao entre monarquicos e republicanosque, no palco polıtico, se digladiavamcom intensidade crescente.

Das obras mais importantes em que ARGparticipou, saliento — seguindo o estudode Margarida Elias — a edicao daHistoria de Portugal, da autoria deManuel Pinheiro Chagas, com ilustracoessuas, de Manuel de Macedo e de Alfredode Morais, a edicao de Os Lusıadas daEmpresa da Historia de Portugal, e AsPupilas do Senhor Reitor de Julio Dinis.Para esta obra, segundo a autora que

venho a citar, a sua filha Raquel foi omodelo de Clara, e a sobrinha HebeGomes, a de Margarida.

Entra assim em cena, por uma portaaparentemente passiva, a primeira dassuas filhas. Tanto ela, como as duasseguintes, Helena e Mamıa, foramreputadas artistas, aguarelistas as duasprimeiras e pintora a terceira. A “oficinafamılia” de que parti e estou a chegarnasce, naturalmente, dos rituais de umavida familiar mas nao pode dispensar areal vocacao de cada um dos membros dacomunidade.

Apesar da atencao que estas RoqueGameiro tem merecido nos ultimos anospor parte da investigacao em Historia daArte12, creio que continua a faltar umestudo comparativo da obra das tres, quetera o interesse de captar e reflectir asparticularidades da obra de cada uma.Mas, inquestionavelmente, elasinscrevem-se, no essencial, em territorioscomuns ao patriarca da famılia: a paixaopelo registo das coisas que povoam acasa, que evocam as gentes, que celebrama natureza, que captam habitos detrabalho. Aceitam as sugestoes do “arlivre” para deter uma impressao lumınicamas desenvolvem-se tambem em atelier,perante o modelo, que pode ser gente ouuma natureza-morta, especialmentearranjos florais.

Mas a “oficina” nao decorreu apenas nacasa familiar da Venteira. Seguindo maisuma vez Margarida Elias, em 1911,

“Roque Gameiro inaugurou o seu atelierna Rua D. Pedro V, em Lisboa. Nesseespaco, criou, com os filhos Raquel,Helena e Manuel, um atelier-escola, ondeeram ministrados cursos de aguarela edesenho e, para a inauguracao, foirealizada uma exposicao”.

Pouco depois, em 1919 “foi fundada aEscola de Arte Aplicada de Lisboa, queesteve na genese da Escola de ArtesDecorativas Antonio Arroio. RoqueGameiro foi o seu primeiro diretor (ate1930) tendo a sua filha Helena sidoprofessora nesse mesmo estabelecimentodurante vinte e cinco anos” (Elias,2015:6).

Ja plenamente lisboeta, ARG nao deixade participar em certames no Porto e forade Portugal. Destaco especialmente asexposicoes que realizou com a filhaHelena, no Rio de Janeiro e em S. Pauloque foram recentemente estudadas poriniciativa de Sandra Leandro13. Mas e emLisboa que o seu trabalho encontra oespelhamento do seu amor pela cidadeantiga que, desde o inıcio da publicacaode Lisboa Antiga de Julio de Castilho, em1877, fizera nascer uma pleiade ilustre deolisipografos e amantes dos bairroshistoricos da capital.

Neste ambito, deve destacar-se, em 1925,“a edicao da obra Lisboa Velha, dedicadaaos seus netos, prefaciada pelo escritor,poeta e amigo Afonso Lopes Vieira”(ELIAS, 2015: 6). No prefacio, ARGafirmava:

Essa sincera magoa e umanatural e saudosa atraccao pelascoisas do passado, levaram-me,desde ha trinta anos, a pintarem aguarelas, a desenhar e adocumentar graficamenteconforme pude e soube, todos ospormenores que a pouco a poucoiam desaparecendo da fisionomiada cidade (. . . ). Essa tarefa eeste livro (. . . )14.

Os casamentos de Helena e de Mamıacom dois artistas, Jose Leitao de Barros eJaime Martins Barata, permitiraminsuflar na “Casa Oficina” novasintensidades. Apesar das acentuadasdiferencas de temperamento artıstico, osnovos membros da “Tribo dos Pinceis”tinham, como ideal artıstico, a aliancamoral e estetica entre arte e nacao,postura que, como ja acentuei, era a deARG e das suas filhas.

Nao cabe na economia deste texto,desenvolver a reflexao sobre os talentos eas concretizacoes artısticas de Leitao deBarros, na escrita, na cenografia, naaguarela e, sobretudo, no cinema. Masinteressa-me realcar que o seu contextode referencia o situa entre os Modernistasque se afirmam desde 1910 e que o SPN -Secretariado de Propaganda Nacional,dirigido por Antonio Ferro, apoia naprimeira fase do Estado Novo. Homem deuma criatividade esfusiante (com muitospontos de contacto com o seu amigo

Cottinelli Telmo), Leitao de Barros naoera um vanguardista, essencialmenteporque acreditava na tradicao e eraprofundamente nacionalista. Por isso, asua inegavel modernidade procurava epotenciava pontes com as praticasartısticas do passado que, como tenhovindo a referir, viam a Historia mıticaportuguesa como um dos estımulosessenciais de criacao. Daı a sua plenainsercao na “Tribo dos Pinceis”.

Quanto a Jaime Martins Barata, o seumodernismo e menos ousado masdetecta-se nas suas opcoes compositivasque ultrapassam o naturalismo, atravesde um retorno a herancas da pintura deHistoria e a tendencias esteticassimbolistas. Estas referenciaspermitem-lhe considerar a tradicao comoalfobre inesgotavel de criatividade. Porisso foi tao proximo do seu sogro15.

Epılogo

Minderico na alma, RoqueGameiro, foi-o, nao tenhoduvidas a tal respeito igualmenteno corpo. Se assim nao e, quemse atreve a explicar os motivospor que o mais perfeito ecompleto artista da aguarelaportuguesa se apresentou semprevestido daquele briche taoportugues, que so tem semelhantee so encontra no burel que oscarunchosos teares de Minde,desde recuados seculos,

produziam de dia, a luz do sol; ede noite, ao lumareu meigo deinolvidavel candeia de azeite?16

... numa casa grande vivia umhomem que nos parecia rico, masque tinha um misterio:chamava-se Roque Gameiro,pintava e deixava-nos ver o quenos pareciam maravilhas que lhenasciam de um pincel. Maistarde, encontraria as suasaguarelas reproduzidas em livrose soube que tinha aprendido comelas um primeiro sentido dadimensao portuguesa nomundo17.

As duas epıgrafes que escolhi paraterminar este texto evocam, comgrandeza e afecto, o extraordinariopercurso de Alfredo Roque Gameiro.Com alta dose de talento, determinacao etrabalho, ele realizou um percursoinimaginavel, quando, menino de dezanos, chegou a Lisboa, oriundo de umafamılia modesta de pequena vilaribatejana. Tornou-se, no notaveltestemunho de Adriano Moreira, umhomem que “parecia rico”, que “tinhaum misterio”, que, pelas suas aguarelasbelas e celebratorias das paisagens e dasgentes de Portugal, permitiram, a outromenino, “um primeiro sentido dadimensao portuguesa no mundo”.

Esta exposicao permitira reencontrar oartista que, no seu traje urbano,continuava a celebrar as raızes rudesaldeas. Educou os seus filhos quepassaram aos netos e bisnetos a suamaxima, aposta nas suas casas: “Honraos teus avos”, os de cada um de nos mastambem de geracoes passadas que, numterritorio preciso, numa longa beira-marpropiciatoria, se construiu como nacao. Eele bem sabia que para “honrar os avos”e preciso educar os filhos. As tres artistasRaquel, Helena e Mamıa foram, comamor e determinacao, educadas para aliberdade, facto que era tao raro noPortugal de entao. Elas o praticaramdepois como bem evoca Joana Leitao deBarros, neta de Helena Roque Gameiro eJose Leitao de Barros:

nao nos impunha o desenho ou amissa, um binomio no mesmopatamar para a famılia18.

Raquel Henriques da SilvaProfessora da Faculdade de Ciencias

Sociais e Humanas,Universidade Nova de Lisboa(Departamento de Historia da Arte)

Notas

1. Designacao de Ana Mantero quetranscrevo: “a imprensa da epoca referia-seassim e ela era isso mesmo, um cla unido avolta de uma arte fora de moda”, inMANTERO, Ana “Para a nossa avo Helena,um ramo de flores!” in Sandra LEANDRO(coord.) Flor de Agua. Helena RoqueGameiro (1895-1986). Aguarelas e artesaplicadas. Amadora, Camara Municipal daAmadora, 2017, p. 34.

2. Os dois filhos de Roque Gameiro, Manuele Ruy, estao justamente presentes naexposicao mas nao os integro na reflexao domeu texto. Do primeiro, conheco mal a obrade aguarela que praticou tambem. Osegundo, Ruy Gameiro, libertou-se “dospinceis”: diplomou-se em Escultura na Escolade Belas-Artes de Lisboa e desenvolveu umadas carreiras mais brilhantes de escultor doseu tempo, tragicamente interrompida najuventude pela morte em acidente de viacao.

3. Utilizarei sistematicamente o artigo deELIAS, Margarida, “Alfredo Roque Gameiro(1864–1935), Patria, Famılia, Arte”, inMORAO Joana; PINTO, Ana Pinto(coordenacao editorial), Alfredo RoqueGameiro, Retorno a Casa da Venteira.Catalogo de exposicao. Amadora, 2015, pp.6-17. Cito sobre outros estudos recolhidospor esta autora, a fala atribuıda a ARG:“Nao esquecerei jamais a impressao desumptuosidade e de admiracao que sentiquando, aı por Fevereiro de 1874, vindo daminha humilde aldeia, entrei em Lisboa”.

4. Ver, para contexto e aprofundamentodeste topico, ROQUE GAMEIRO, MariaAlzira, Do Museu Roque Gameiro ao Centrode Artes e Ofıcios Roque Gameiro. Propostade desenvolvimento comunitario. Dissertacaode Mestrado. Lisboa, Universidade Lusofona,2009, p. 52 e seguintes.

5. “Por entao, estudava-se para arquitecto,como para pintor ou escultor, em cursoslivres. Frequentei durante quatro anos umaescola de artesanato e artes e ofıcios(Handwerker und Kunstgewerbeschule),assistindo a aulas teoricas no InstitutoSuperior Tecnico (Technische Hochschule),acumulando estas actividades com a pratica,durante dois anos no ⌧atelier� do Prof. A.Haupt, como voluntario. (. . . )” in LINO,Raul, “Autobiografia” in Vida Mundial, no

1589, 21/XI/1969, pp. 28-42. Mais tarde, nocatalogo da Exposicao comemorativa doprimeiro centenario de Roque Gameiro, 1964,Lino escreveu: “Do muito que devo a meuPai pelo que fez pela minha educacao, umadas coisas por que lhe fiquei mais grato foi oter-me levado a conhecer Roque Gameiro,que ele previa ser para mim um companheiroideal. Nao se enganava”.

6. Ver, para desenvolvimento, BELCHIOR,Lucılia dos Santos, Karl Albrecht Haupt(1852-1932) e o ⌧Desenho de Viagem�. Oregisto dos monumentos nacionais:compreensao arquitectonica e formacaoestetica. Tese de Doutoramento apresentadaa Faculdade de Letras da Universidade deLisboa, 2010.

7. Em 1925, afirmou Afonso Lopes Vieira:“Mas este homem caseiro, que estima, aojeito de um flamengo, o recato dos interiores,pertence tambem a grande escola dos artistascaminheiros, os quais elegem para oficina detrabalhos os campos e as praias, os vales e osmontes, se embebem de luz e de ar livre, seencantam com a cor e a linha dos aspectos ecom o caracter das gentes que os povoam(. . . )”. In Elias, op. cit., p. 12.

8. Tomo a designacao de “valores casticos”de um livrinho que foi fundamental na minhaformacao: GOITIA, Fernando Chueca,Invariantes castizos de la arquitecturaespanola, editado pela primeira vez em 1947.

9. Ver versao integral inhttp://www.fcsh.unl.pt/docentes/gvideiralopes/index ficheiros/portugal par coeur.pdf.

10. In NOBRE, Antonio, So. 1a edicao,Paris, 1892.

11. MANTERO, Ana in Casa de RoqueGameiro Amadora. Catalogo de exposicao.Camara Municipal da Amadora, 1997.

12. Destaco, do ponto de vista da Historia daArte, o trabalho continuado de SandraLeandro. A sua bibliografia esta reunida naultima obra, dedicada a Helena RoqueGameiro, citada na nota 1 deste texto.

13. Ver os textos dos historiadores de artebrasileiros Arthur Valle e Carlos Lima Juniorin LEANDRO, Sandra, op. cit, pp. 25-32.

14. In GAMEIRO, Manuel Roque; VIEIRA,Afonso Lopes, Lisboa velha. Lisboa,Tipografia da Empresa do AnuarioComercial, 1925, p. 7.

15. Vale a pena registar uma saborosahistoria: “Certa vez, em conivencia com o seugenro Jaime Martins Barata, no qualencontrava eco facil e entusiasmo para asengenhocas, construiu um atelier movel demadeira, sobre rodas, para poder desenhar eaguarelar tranquilamente a coberto da chuva,do vento e do ⌧mirantar dos covanos� ( doolhar dos mirones), mas resultou tao pesadoque tinha que ser movido por uma junta debois ... e, ao que consta, so foi usado umavez”. In ROQUE GAMEIRO, Maria Alzira,op. cit., p. 57.

16. Alfredo de Matos, in jornal OMensageiro, Abril de 1964 in ROQUEGAMEIRO, Maria Alzira, op. cit., p. 57.

17. Adriano Moreira, A espuma do tempo —memorias do tempo de vesperas. Coimbra,Almedina, 2009, pag.11 in ROQUEGAMEIRO, Maria Alzira, op. cit., p. 68.

18. In LEITAO DEBARROS, Joana. “Detras para a frente, a renuncia”. In SandraLEANDRO (coord.) Flor de Agua. HelenaRoque Gameiro (1895-1986). Aguarelas eartes aplicadas. Amadora, Camara Municipalda Amadora, 2017, p. 38.

THE PAINTBRUSHTRIBE

Preliminary point: “family workshops”

As one runs through a country’s arthistory, one frequently comes across“family workshops” which, during shorteror longer periods of time, stood out invarious artistic fields.1 These aresometimes limited to two sequentialgenerations, as is the case, for example, inthe 17th century, with painters BaltazarGomes Figueira and daughter Josefa deObidos; or, in the 19th century, withManuel Maria Bordalo Pinheiro, himselfa painter, who encouraged his childrenMaria Augusta, Rafael and Columbanoto draw. There are also longer familystretches; one may cite, for example, thegenerational series of architects initiatedby Pardal Monteiro, Carlos Ramos orJorge Segurado. I also recall curious casesof inherited expertise: two father-and-son19th century painters, Cristino da Silva,of whom the 20th-century architect,Cristino da Silva, is a descendant; or thatof painter Carlos Botelho, among whosedescendants we find Rafael Botelho, ason who became a landscape architect;Manuel Botelho, a grandson who becamea photographer; and Catarina Botelho, agreat-granddaugher who also became aphotographer.

This digression, which is limited todispersed memories and personal researchinterests, is important because thematerial conditions of art production areone of the fundamental topics in arthistory, decisive in the great cycles of thepast but also relevant in the present time.One must stress, however, that thesestudies are based on historic facts andhave no claim — which would be ratherridiculous — of defining operative modelswhich may have been essential in thepast but not so in more recent times. Wenever know where and in what conditionsthe artist emerges! And many of them —a multitude of them — do not have, froma formational point of view, father ormother or descendants...

Having made this preliminary point, andreturning to a random recollection, I tendto think that the Roque Gameiro “case”is, in various ways, rather peculiar if notunique in 20th-century Portugal.Following the choice of the exhibition’sorganizers — themselves directdescendants of Roque Gameiro —, I willfocus my analysis of this “familyworkshop” on Alfredo Roque Gameiro;daughters Raquel, Helena and Mamıa;and sons-in-law Jose Leitao de Barros(married to Helena) and Jaime MartinsBarata (married to Mamıa).2

Alfredo Roque Gameiro (ARG):German formation, Portuguese passion

I will naturally begin with the patriarchwho, like many other “Lisboans,”originates from outside of Lisbon. Bornin the Ribatejo village of Minde to alarge and poor family, Roque Gameiromoved to Lisbon when he was 10 yearsold.3 His older brother, Justino Guedes,was established in the capital as alithographer and took him in as a youngapprentice. Alfredo’s talent andindustriousness contributed to his beingawarded, at his brother’s request, ascholarship in Germany. Alfredo spentthree years in Leipzig, working atMeissner & Buch Lithography andcompleting his studies at the School ofArts and Crafts.4 This is the first factthat I want to stress: a qualified technicaltraining, focused on a craft which isinevitably immersed in a specific culturalenvironment.

While in Germany, “and given hisreputation of a well-formed young man,he was asked to accompany a very youngstudent of decorative arts whom hisfamily had sent to complete his training”(ROQUE GAMEIRO, 2009:55). This wasthe future architect Raul Lino, who hadstudied in England and was now inHanover. Lino always acknowledged theimportance of his stay in Hanover;5 andfor decades corresponded with hismaster, Albrecht Haupt, who, in the1880s, had trekked through Portugal

to study various monuments as part ofhis doctoral thesis, Die Baukunst derRenaissance in Portugal.6 It is rathercurious that the architect later known forthe “Portuguese House” would have laiddown the substantive basis of histhinking through the influence of aGerman master and while living abroad.

During those years of youth, Lino was adevoted friend of ARG. It was he whodrew the architectural plans of ARG’sVenteira home, always held as a primeexample of a picturesque Portuguesehouse. Lino and ARG shared thecommon interest for trekking the countrythey knew and loved, with its traditionsand popular art expressions — especiallyLisbon’s rural outskirts.7 From thiswide-ranging field of geo-history Linodrew inspiration to formulate the“Portuguese House” and its variations.ARG, in turn, untiringly registered thesea, the landscape, the people and theirdoings, thus compiling a naturalistpictorial narrative consolidated byPortuguese values, by which I meangenuine values of a history which was,essentially, a very early e↵ort inethnography.8

According to Jaime Martins Barata,ARG complained that he “saw toomuch.” Genetic or acquired, real ormetaphorical, this seeing “too much” washis lifework’s guiding compass: in anfriendly and transparent intimacy withhis preferred medium — watercolor

painting — he immortalized landscapes,monuments, houses and country folk.They were the heroes of a history thatstarted o↵ as republican and was laterreceived by the prevailing culture of theSalazar period, not by adaptation or byconcession but rather because bothregimes shared a common base: areiterated nationalism rooted in19th-century romanticism, in a historythat Almada Negreiros will define, inParis in 1919, as Histoire du Portugal parCoeur.9 So as to emphasize the 19thcentury roots of this love for Portugal, wemay cite the poet Antonio Nobre:

What’s become of the paintersof my strange country?Where are theywho do not come to paint?10

Broadening the scope:Roque Gameiro in a family context

In the Amadora home, to drawor to paint were as natural as toeat and to sleep.11

Having returned to Portugal in 1887,ARG benefited from a steady income asdirector of the Companhia NacionalEditora; but what is important to stresshere is his activity as a watercolorpainter, a body of work that, during thelast decade of the 19th century, proclaimsa historic and mythical nationalism. As Ialready mentioned, this cult of the

Nation is the thread that unitesmonarchists and republicans whootherwise fought each other withincreasing fierceness. Of the mostimportant works in which ARGcollaborated, I stress — following thestudy by Margarida Elias — ManuelPinheiro Chagas’ Historia de Portugal(which, in addition to ARG, also includesillustrations by Manuel de Macedo andAlfredo de Morais); Camoes’ OsLusıadas; and Julio Dinis’ As Pupilas doSenhor Reitor. When illustrating thelatter (and I continue to cite MargaridaElias), ARG asked Raquel RoqueGameiro, his oldest child, to be a modelfor Clara (and Hebe Gomes, ARG’sniece, the model for Margarida).

Thus ARG’s first daughter enters thescene. Like Raquel, the two otherdaughters, Helena and Mamıa, werewell-known artists: Raquel and Helena aswatercolor painters, Mamıa as oil painter.The “family workshop,” from which Istarted o↵ and to which I now return, isnaturally born of the rituals of a family;however, it does not detract from the realvocation of each community member.

Notwithstanding the attention that theRoque Gameiro sisters have been givenby art historians in recent years,12 Ibelieve we still need a comparative studyof their work, a study that will captureand reflect the peculiarities of eachartist’s contribution. But unquestionablythey belong to a common territory withthe family’s patriarch: a passion for

recording the things which populate thehouse, evoque the peoples, celebratenature, capture work habits. They acceptthe plein air invitation to absorb alight-filled impression; but they alsodevelop their work within the studioconfines and in the presence of a modelor a still life (especially a flowerarrangement).

However, the “workshop” was not limitedto the Venteira house. In 1911, “RoqueGameiro opened his studio at D. Pedro Vstreet in Lisbon. In this space, hecreated, together with Raquel, Manueland Helena, a studio-school wheredrawing and watercolor painting courseswere o↵ered, and where an exhibition wasorganized as the inaugural act” (Elias,2015: 6). Soon after, in 1919, “TheLisbon School of Applied Arts wasfounded, later becoming the AntonioArroio School of Decorative Arts. RoqueGameiro was its first director (until 1930)and his daughter Helena a teacher for 25years” (Elias, 2015:6).

By now a Lisboan through and through,ARG does not abstain from opportunitiesto exhibit his work elsewhere in Portugalor abroad. I particularly stress theexhibitions he held with his daughterHelena in Rio de Janeiro and Sao Paulo,recently studied by Sandra Leandro.13

But it’s in Lisbon that his work finds thereflection of his love for the old city, alove which, since the 1877 publication ofJulio de Castilho’ Lisboa Antiga, had

engendered a plethora of illustriousLisbon scholars and lovers of the capital’shistorical neighborhoods. In this context,one must stress the 1925 edition of“Lisboa Velha, dedicated to hisgrandchildren and prefaced by the writer,poet and friend Afonso Lopes Vieira”(ELIAS, 2015: 6). In it, ARG states

This sincere sorrow and anatural and nostalgic attractionfor things of old have led me, forthe past thirty years, to paint inwatercolor, to draw and tovisually document in the bestway that I could, all of thedetails that, little by little, weregradually disappearing from thecity’s physiognomy ... That taskis this book.14

The marriages of Helena and Mamıa totwo artists, Jose Leitao de Barros andJaime Martins Barata, infused the“family workshop” with new tonalities.Notwithstanding significant di↵erences inartistic temperament, the new membersof the “paintbrush tribe” shared, as anartistic ideal, the moral and aestheticalliance of Art and Nation, an attitudewhich, as I stressed earlier, was that ofARG and his daughters.

This is not the place to develop areflection on Leitao de Barros’ talentsand artistic exploits: in writing, inscenography, in watercolor painting and,above all, in cinema. But I want to stress

that his referential context places himamong the modernists who emerged after1910 and whom Antonio Ferro wouldlater support, during the first phase ofthe Estado Novo, through the NationalPropaganda Secretariat (SPN). A man ofe↵usive creativity (with many points ofcontact with his friend, Cottinelli Telmo),Leitao de Barros was not avant-garde,essentially because he believed intradition and was profoundly nationalist.For this reason, his undeniable modernitywas connected to older artistic practiceswhich, as I have been mentioning, sawthe mythical history of Portugal as anessential source of creativity. Thus hiscomplete insertion in the “paintbrushtribe.”

As to Jaime Martins Barata, hismodernism is less daring but detectablein the compositional options that reachbeyond naturalism, returning tohistorical painting heritage and symbolicaesthetic tendencies. These referencesallow him to consider tradition as ainexhaustible ground for artistic creation.For this reason he was very close to hisfather-in-law.15

Epilogue

Roque Gameiro was a Mindeman in body and in soul. Werethat not the case, who couldexplain why the most perfect andcomplete Portuguese watercolorpainter would always don that

dark-brown woolen fabric thatcan only be found in the old,woodwarm-eaten Minde weavinglooms?16

In a large house lived a man whoseemed to us to be a rich manbut who had a mystery: Hisname was Roque Gameiro. Hepainted and let us see what to uswere marvels born out of a paintbrush. Later, I would come tofind his watercolors reproduced inbooks and found that I hadlearned from them a firstmeaning of Portugal’s stature inthe world.17

The two epigraphs I chose to end thistext evoke, with grandeur and a↵ection,Alfredo Roque Gameiro’s extraordinaryjourney. Based on a great measure oftalent, determination and work, heaccomplished what would beunimaginable to a ten-year-old boy froma modest family in a small Ribatejovillage who had just arrived in Lisbon.

He became, in Adriano Moreira’s notabletestimony, a man who “seemed to us tobe a rich man,” a man who “had amystery,” a man whose beautiful andcelebratory watercolors of Portugal’speoples and landscapes allowed anotherlittle boy to grasp “a first meaning ofPortugal’s stature in the world.” Thisexhibition will allow us to re-encounterthe artist who, in his urban garb,continued to celebrate his rural roots.

He impressed on his children a mottothat they then passed on tograndchildren and great-grandchildren:Honor your ancestors (in Portuguese,“Honra teus avos”), those of each one ofus but also of past generations who, in aprecise territory, along a long and richcoast, came together as a nation. He wellknew that, in order to “honor yourancestors” you must educate yourchildren. The three artists, Raquel,Helena and Mamıa were, with love anddetermination, educated in freedom, arare fact in turn-of-the-century Portugal.They too later followed the same path astheir father. As Joana Leitao de Barros,granddaughter of Helena Roque Gameiroand Jose Leitao de Barros, recalls:

She did not impose eitherdrawing or attending mass, bothof which the family placed on thesame level.18

Raquel Henriques da SilvaProfessor, Faculty of Social Science

and Humanities,Universidade Nova de Lisboa(Department of Art History)

Notes

1. According to Ana Mantero: “The press ofthose days referred to it as a clan unitedaround an outmoded art form, and they wereright.” In MANTERO, Ana “Para a nossaavo Helena, um ramo de flores!” in SandraLEANDRO (Ed.) Flor de Agua. HelenaRoque Gameiro (1895-1986). Aguarelas eartes aplicadas. Amadora, Camara Municipalda Amadora, 2017, p. 34.

2. While the two sons of Roque Gameiro,Manuel and Ruy, are rightly featured in thepresent exhibition, I will not include them inmy text. I am poorly familiar with Manuel’swatercolor painting work. Ruy RoqueGameiro, in turn, liberated himself from the“brushes:” he graduated in sculpture fromLisbon’s Fine Arts School and developed oneof the most brilliant sculpture careers of histime, a career that was tragically cut shortby a road accident.

3. I will extensively refer to the article byELIAS, Margarida, “Alfredo Roque Gameiro(1864–1935), Patria, Famılia, Arte”, inMORAO Joana; PINTO, Ana Pinto (Ed.),Alfredo Roque Gameiro, Retorno a Casa daVenteira. Exhibition Catalog. Amadora,2015, pp. 6-17. From her I transcribe acitation attributed to ARG: “I will neverforget the impression of sumptuosity andadmiration I felt when, by around February1874, coming from a humble village, I arrivedin Lisbon.”

4. On this topic, see ROQUE GAMEIRO,Maria Alzira, Do Museu Roque Gameiro aoCentro de Artes e Ofıcios Roque Gameiro.Proposta de desenvolvimento comunitario.Master’s Thesis. Lisboa, UniversidadeLusofona, 2009, p. 52 and following.

5. “By then, one studied to become anarchitect, painter or sculptor by means ofopen-enrollment courses. For four years, Ifrequented an arts and crafts school(Handwerker und Kunstgewerbeschule) whilesitting on theory classes at the TechnischeHochschule. In addition to these activities, Iworked for two years as an apprentice inProf. A. Haupt’s studio.” In LINO, Raul,“Autobiografia” in Vida Mundial, no 1589,21/XI/1969, pp. 28-42. Later, writing for thecatalog of the commemorative exhibition ofRoque Gameiro’s first centennial (1964), Linowrote: “Among the many things my fatherdid for my education, one that I remain mostgrateful for is to have introduced me toRoque Gameiro, whom he foresaw as an idealcompanion for me. He was right.”

6. See BELCHIOR, Lucılia dos Santos, KarlAlbrecht Haupt (1852-1932) e o ⌧Desenho deViagem�. O registo dos monumentosnacionais: compreensao arquitectonica eformacao estetica. Doctoral Thesis,Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa,2010.

7. In 1925, Afonso Lopes Vieira wrote: “Butthis domestic man, who appreciates, like aflamengo, the privacy of interior spaces, alsobelongs to the great school of travelingartists, of those who make the fields and thebeaches their studio, who soak in the lightand fresh air.” In Elias, op. cit.,p.12.

8. GOITIA, Fernando Chueca, Invariantescastizos de la arquitectura espanola, 1947.

9. Complete version in http://www.fcsh.unl.pt/docentes/gvideiralopes /indexficheiros/portugal par coeur.pdf.

10. In NOBRE, Antonio, So. 1st edition,Paris, 1892.

11. MANTERO, Ana in Casa de RoqueGameiro Amadora. Exhibition Catalog.Camara Municipal da Amadora, 1997.

12. I emphasize, from the art history point ofview, the continuing work of Sandra Leandro.Her bibliography is compiled in her mostrecent work, devoted to Helena RoqueGameiro and cited in the first note.

13. See the texts by art historians ArthurValle and Carlos Lima Junior in LEANDRO,Sandra, op. cit, pp 25-32.

14. In GAMEIRO, Manuel Roque; VIEIRA,Afonso Lopes, Lisboa Velha. Lisboa,Tipografia da Empresa do AnuarioComercial, 1925, p. 7.

15. The following amusing anecdote must bementioned: “One day, in connivance with hisson-in-law Jaime Martins Barata, with whomhe shared an enthusiasm for building usefulapparatuses, Roque Gameiro built a mobilestudio on wheels, to allow him peacefully topaint while protected from the rain, the windand the distracting looks of passersby.However, the resulting vehicle was so heavythat it required a pair of oxen to be moved.It appears it was only used once. In ROQUEGAMEIRO, Maria Alzira, op. cit., p. 57.

16. Alfredo de Matos, in jornal OMensageiro, Abril de 1964 in ROQUEGAMEIRO, Maria Alzira, op. cit., p. 57.

17. Adriano Moreira, A espuma do Tempo –Memorias do Tempo de Vesperas. Coimbra,Almedina, 2009, pag.11. In ROQUEGAMEIRO, Maria Alzira, op. cit., p.68.

18. In LEITAO DE BARROS, Joana. “Detras para a frente, a renuncia.” In SandraLEANDRO (Ed.) Flor de Agua. HelenaRoque Gameiro (1895-1986). Aguarelas eartes aplicadas. Amadora, Camara Municipalda Amadora, 2017, p. 38.

ALFREDOROQUEGAMEIRO

Alfredo Roque Gameiro nasceu em Mindeem 1864 e morreu em Lisboa em 1935. Econsiderado um dos grandes aguarelistasportugueses, tendo tambem desenvolvidouma intensa actividade como ilustrador.

Segundo Jaime Martins Barata, “tendouma vista extremamente penetrante —chegou a queixar-se de “ver demais” —,na verdade ele viu mais com os olhos daalma do que com os olhos do corpo. Assuas paisagens, os seu retratos, e,principalmente as suas marinhas, nao saonunca transposicoes rigorosas darealidade. Sao transfiguracoes dumestado de enlevo simples, natural, semfilosofias nem escolas, duma alma‘panteısta e franciscana’.”

Uma parte importante da sua obraencontra-se no Museu da Aguarela RoqueGameiro, em Minde, bem como nosmuseus Nacional de ArteContemporanea, da Cidade de Lisboa, deArte Contemporanea de Madrid, deViseu, Jose Malhoa e outros; e emmultiplas coleccoes particulares emPortugal e no estrangeiro.

Alfredo Roque Gameiro was born inMinde, Portugal, in 1864; and died inLisbon in 1935. He is considered one ofPortugal’s greatest watercolor painters,having also developed an intense activityas illustrator.

According to Jaime Martins Barata,“having an extremely penetrating look —he would even complain that he ‘saw toomuch’ —, in fact he saw more with theeyes of the soul than with his bodily eyes.His landscapes, his portraits, andespecially his seascapes, are neverrigorous transpositions of reality. Theyreflect a state of simple and naturalwonder — without philosophies orschools — of a ‘pantheistic’ and‘Franciscan’ soul.”

An important part of his work can befound at the Roque Gameiro WatercolorMuseum in Minde; in various othermuseums, including the Jose Malhoa,Lisbon, Madrid Contemporary Art,National Contemporary Art, and Viseumuseums; and in multiple privatecollections in Portugal and abroad.

RAQUELROQUEGAMEIRO

Filha de Roque Gameiro, Raquel RoqueGameiro (1889–1970) distinguiu-se comoaguarelista e ilustradora.

Expos pela primeira vez na SociedadeNacional de Belas Artes (SNBA), em1909, tendo recebido uma mencaohonrosa. O seu trabalho de aguarela foirepetidamente exposto e galardoado comvarios premios, incluindo a medalha dehonra da SNBA. Em 1923, participou naexposicao de aguarelistas portugueses,em Madrid.

Ilustrou numerosas obras (e.g., o Livro doBebe) e colaborou em varias publicacoesperiodicas (e.g., Diario de Notıcias, OSeculo, O Comercio do Porto).

The first-born child of Alfredo RoqueGameiro, Raquel Roque Gameiro(1889–1970) distinguished herself as awatercolor painter and illustrator.

Her work was first exhibited at Portugal’sFine Arts Society (SNBA) in 1909,having then been awarded an honorarymention. She would later be recognizedwith multiple other prizes, including theSNBA Gold Medal. In 1923, herpaintings were included in the Madridexhibition of Portuguese watercolorpainters.

She illustrated numerous books (e.g.,Livro do Bebe) and contributed to variousnewspapers (e.g., Diario de Notıcias, OSeculo, O Comercio do Porto).

MANUELROQUEGAMEIRO

Tal como o pai, Manuel Roque Gameiro(1892–1944) pintou aguarelas, quefrequentemente assinava com opseudonimo Manuel Miganca (o nomepor que era conhecido o seu avo paterno).Foi distinguido pela Sociedade Nacionalde Belas Artes, tendo o seu trabalho sidoincluıdo em varias exposicoes. Colaboroucomo caricaturista em varios jornaishumoristas.

Like his father, Manuel Roque Gameiro(1892–1944) chose watercolor as amedium of choice. He frequently signedhis paintings under the the pseudonymMiganca (the name his paternalgrandfather was known by). Manuel wasdistinguished by Portugal’s Fine ArtsSociety and his work included in multipleexhibitions. He collaborated as acaricaturist in various humor newspapers.

HELENAROQUEGAMEIRO

A segunda filha de Alfredo RoqueGameiro, Helena Roque Gameiro(1895–1986) expos pela primeira vezquando tinha apenas quinze anos. Pintouaguarelas a vida inteira.

Helena participou em inumerasexposicoes, dentro e fora de Portugal.Foram-lhe atribuıdos varios premios pelaSociedade Nacional de Belas Artes. Apaisagem rural e as flores do jardimforam os grandes temas da sua pintura.

Durante muitos anos, foi professora edirectora das Oficinas de Arte Aplicadada Escola Antonio Arroio.

Casou com Jose Leitao de Barros em1923.

Helena Roque Gameiro (1895–1986),Alfredo’s second daughter, had her workfirst exhibited when she was only fifteenyears old. She would continue paintingwatercolors for the rest of her life.

Helena participated in multipleexhibitions, both in Portugal and abroad.She received various honors fromPortugal’s Fine Arts Society. Rurallandscapes and garden flowers were someof her favorite painting themes.

For many years, she was professor anddirector at the Antonio Arroio School.

In 1923 she married Jose Leitao deBarros.

MAMIAROQUEGAMEIRO

Incentivada pelo pai Alfredo, para quem“ja bastava de aguarelistas,” MamıaRoque Gameiro (1901–1996) estudoupintura a oleo com Mily Possoz. Realizoua primeira exposicao individual em 1923.

Para alem da pintura, Mamıa ilustrouinumeros livros infantis e publicacoesperiodicas. Distinguiu-se tambem comoprimorosa miniaturista, nomeadamenteem trabalhos de representacao dehistologia.

Quando, em 1926, casou com o pintorJaime Martins Barata, ficou como vizinhade Alfredo e Assuncao Roque Gameiro nacasa de Campolide (para onde estes setinham mudado pouco antes).

Encouraged by her father Alfredo, forwhom there were already enoughwatercolor painters in the family, MamıaRoque Gameiro (1901–1996) studied oilpainting with Mily Possoz. Mamıa’s firstsolo exhibition took place in 1923.

In addition to painting, Mamıaillustrated numerous children’s books andmagazines. She also distinguished herselfas miniaturist, namely in histologicrepresentation.

When in 1926 she married painter JaimeMartins Barata, Mamıa became Alfredoand Assuncao Roque Gameiro’s neighborin Campolide, in the building to whichthe family had recently moved.

RUYROQUEGAMEIRO

O filho mais novo de Alfredo RoqueGameiro, Ruy Roque Gameiro nasceu em1906 na Amadora. Formou-se emescultura na Escola de Belas Artes.Expos pela primeira vez em 1929, naSociedade Nacional de Belas Artes.Recebeu varios premios e ganhou variosconcursos de escultura.

A sua promissora carreira artıstica veio aser interrompida com o inesperadofalecimento em 1935, vıtima de acidentede viacao.

Ruy Roque Gameiro, Alfredo’s youngestson, was born in 1906 in Amadora. Hestudied sculpture in Lisbon’s School ofFine Arts. His work was first exhibited in1929 at Portugal’s Fine Arts Society. Hereceived multiple prizes and was thewinner of various sculpture competitions.

Ruy’s promising career was cut short bya fatal road accident in 1935, weeks afterhis father died.

JOSELEITAODE BARROS

Casado com Helena Roque Gameiro.Jose Leitao de Barros (1896–1967)destacou-se como homem de multiplosinteresses e talentos: depois de concluir oCurso da Escola Normal Superior daUniversidade de Lisboa, foi professor doensino secundario, cineasta, dramaturgo,cenografo, jornalista e pintor.

Varios dos seus quadros (aguarelas)encontram-se expostos em museusportugueses bem como no Museu de ArteContemporanea de Madrid.

Intitulava-se “pintor falecido” quandodeixou definitivamente de aguarelar, parase dedicar, sobretudo, ao cinema.Ganhou, com o filme Ala Arriba! (1942),um premio na Bienal de Veneza.

Em 1934 e 1935, organizou os cortejoshistoricos das Festas da Cidade deLisboa. Foi tambem secretario-geral daExposicao do Mundo Portugues, em 1940.

Durante os ultimos dez anos de vida,assinou a cronica semanal Os Corvos,publicada no journal Diario de Notıcias eescrita no seu estilo caracterıstico deobservacao aguda e anedotica.

Married to Helena Roque Gameiro, JoseLeitao de Barros (1896–1967) was as aman of many talents and interests: uponcompleting his studies at the Universityof Lisbon, he became a secondary schoolteacher, to which he added work as ascenographer, playwright, film director,journalist and painter.

Several of his paintings can be found invarious museums throughout Portugal aswell as in Madrid’s Contemporary ArtMuseum.

At one point, Leitao de Barros declaredhimself a “defunct painter” and focusedhis e↵orts on directing a series of shortand long film productions, including AlaArriba! (1942), which was distinguishedat the Venice Biennal.

In 1934 and 1935, he organized the firsthistorical pageant as part of Lisbon’sannual festival. He was also secretarygeneral of Portugal’s 1940 Expo.

During the last ten years of his life,Leitao de Barros signed the weeklycolumn Os Corvos, published in theDiario de Notıcias newspaper andwritten in his characteristic style of acuteand humorous observation.

JAIMEMARTINSBARATA

Jaime Martins Barata (1899–1970)estudou na Escola Normal Superior e, em1922, iniciou no Liceu de Pedro Nunes acarreira de professor de desenho.

Frequentou as salas de desenho daSociedade Nacional de Belas Artes, ondedesenvolveu o interesse pela aguarela econheceu Mamıa Roque Gameiro, comquem viria a casar em 1926.

Da obra artıstica de Martins Baratadestacam-se pinturas de grande dimensao(oleo, tempera, fresco); obras de cavalete(oleo, tempera, aguarela, guache); einumeros selos, notas e moedas.

No entanto, a vocacao “renascentista” deMartins Barata reflecte-se tambem emmuitos outros interesses e contribuicoes:ilustracao, fotografia, arqueologia naval,inventos diversos, etc.

Jaime Martins Barata (1899–1970)studied at the University of Lisbon and,in 1922, began a career as asecondary-school teacher.

As a young man, he spent many hoursdrawing and painting in the halls ofPortugal’s Fine Arts Society. There hedeveloped an interest for watercolor; andmet Mamıa Roque Gameiro, to whom hewould be married in 1926.

Martins Barata’s artistic oeuvre includeslarge-scale painting (oil, tempera, fresco);easel painting (oil, tempera, watercolor,gouache); and numerous stamps, billsand coins.

However, his renaissance-man characteris reflected in many other interests andcontributions: illustration, photography,naval archeology, miscellaneousinventions, etc.

RETRATOSDE FAMILIA

A casa da Amadora (actualmenteCasa-Museu Roque Gameiro) era a “basedomestica e oficinal” para a escola dearte que foi a famılia Roque Gameiro. Odesenho e a aguarela ocupavam um lugarde honra nas tarefas diarias. Enquanto opai esboca mais uma ilustracao para AsPupilas do Sr. Reitor, Helena pinta umajarra com flores, Raquel retoca umaboneco para uma revista, Mamıatrabalha nos seus oleos.

Desenhar e pintar era tao natural comocomer ou dormir ou brincar. Presentes deanos e brincadeiras familiaresfrequentemente incluıam um desenho ouuma caricatura. E assim, para alem doalbum fotografico que nenhuma famıliadispensa, a “tribo” foi coleccionando uminvejavel album de retratos de familiarespintados por familiares.

FAMILYPORTRAITS

Roque Gameiro’s Amadora house(currently a museum) was a true artschool. Sketching and watercolor paintingtook pride of place among the variousfamily activities. While the fatherprepares an illustration for a book,Helena paints a still life with a flowerarrangement, Raquel places the finishingtouches on a picture for a magazine, andMamıa works on her oil painting.

To draw and to paint were as natural asto sleep and to eat and to play; birthdaygifts and jokes frequently included asketch or a caricature. And so, inaddition to the customary family photoalbum, the Roque Gameiro clanaccumulated an enviable set of familyportraits painted by the family membersthemselves.

ALFREDOROQUE GAMEIRO

Auto-retrato (1904)Aguarela sobre papel(400x295mm)Museu de AguarelaRoque Gameiro

Self-portrait (1904)Watercolor on paper(400x295mm)Roque GameiroWatercolor Museum

ALFREDOROQUE GAMEIRO

Mae do artista (1904)Aguarela sobre papel(730x530mm)Museu de AguarelaRoque Gameiro

The artist’s mother (1904)Watercolor on paper(730x530mm)Roque GameiroWatercolor Museum

ALFREDO ROQUE GAMEIRO

Esposa do artista (1891)Aguarela sobre papel(715x460mm)Museu de AguarelaRoque Gameiro

The artist’s wife (1891)Watercolor on paper(715x460mm)Roque GameiroWatercolor Museum

ALFREDO ROQUE GAMEIRO

Raquel (1890)Aguarela sobre papel(300x400mm)Coleccao particular

Raquel (1890)Watercolor on paper(300x400mm)Private collection

ALFREDO ROQUE GAMEIRO

Raquel (1904)Aguarela sobre papel(510x720mm)Museu de AguarelaRoque Gameiro

Raquel (1890)Watercolor on paper(510x720mm)Roque GameiroWatercolor Museum

ALFREDO ROQUE GAMEIRO

Mamıa (1919)Aguarela sobre papel(180x240mm)Coleccao privada

Mamıa (1919)Watercolor on paper(180x240mm)Private collection

RAQUELROQUEGAMEIRO

Autoretato familiar com as filhas Ana,Manuela e Guida na foz do Arelho(1916)Aguarela sobre papel (260x360mm)Coleccao privada

Self-portrait with children Ana,Manuela and Guida at Foz do Arelhobeach (1916)Watercolor on paper (260x360mm)Private collection

JAIME MARTINS BARATA

Mamıa (1924)Aguarela sobre papel(390x290mm)Coleccao privada

Mamıa (1924)Watercolor on paper(390x290mm)Private collection

JAIME MARTINS BARATA

Bixa (1933)Grafite sobre papel(250x350mm)Coleccao privada

Bixa (1933)Graphite on paper(250x350mm)Private collection

JAIME MARTINSBARATA

Jose Pedro (c 1940)Tempera sobre tela(450x650mm)Coleccao privada

Jose Pedro (c 1940)Tempera on canvas(450x650mm)Private collection

AGUARELA:O MARE A COSTA

Roque Gameiro passava dias e dias naspraias do litoral portugues, por vezesalugando casas nas redondezas, por vezesacampando na propria praia. “Queria vero nascer e o por do sol, queria sentir obarulho do mar (...) Da praia da Adragaate a Ericeira e Nazare nenhuma ficousem o seu olhar”. Destas excursoesficaram dezenas de aguarelastestemunhando, nas palavras de Mamıa,que “ninguem pintou o mar como ele”.

WATERCOLOR:THE SEAAND THE SEA SHORE

Roque Gameiro spent days and dayshiking along the Portuguese shore,sometimes renting a house in theneighborhood, sometimes camping at thebeach. “He wanted to watch the sunriseand the sunset, he wanted to feel theocean roar ... From Adraga to Ericeira toNazare, there was no beach scene he didnot examine,” writes his daughterMamıa. The multiple watercolors paintedduring these excursions are the best proofthat “no one ever painted the sea as hedid.”

ALFREDOROQUEGAMEIRO

Fortaleza das BerlengasAguarela sobre papel (275x185mm)Coleccao privada

Berlengas FortressWatercolor on paper (275x185mm)Private collection

ALFREDOROQUEGAMEIRO

Depois da Tempestade(1923)Aguarela sobre cartao(370x470mm)Coleccao particular

After the Storm (1923)Watercolor on board(370x470mm)Private collection

ALFREDOROQUEGAMEIRO

Chuva no MarAguarela sobre cartao (155x115mm)Coleccao particular

Sea RainWatercolor on board (155x115mm)Private collection

ALFREDOROQUEGAMEIRO

Praia GrandeAguarela sobre papel(160x210mm)Coleccao particular

Long BeachWatercolor on paper(160x210mm)Private collection

ALFREDOROQUEGAMEIRO

Pedra da PapoaAguarela sobre cartao(185x275mm)Museu de AguarelaRoque Gameiro

Papoa RockWatercolor on board(185x275mm)Roque GameiroWatercolor Museum

ALFREDOROQUEGAMEIRO

RochedosAguarela sobre cartao(90x135mm)Coleccao particular

RocksWatercolor on board(90x135mm)Private collection

ALFREDOROQUEGAMEIRO

Arco da AdragaAguarela sobre papel (230x180mm)Museu de Aguarela Roque Gameiro

Adraga BeachWatercolor on board (230x180mm)Roque Gameiro Watercolor Museum

ALFREDOROQUEGAMEIRO

Praia da Nazare (1929)Aguarela sobre papel (570x400mm)Casa Museu Marta Ortigao Sampaio

Nazare Beach (1929)Watercolor on board (570x400mm)Marta Ortigao Sampaio Museum

AGUARELA:INTERIORES EEXTERIORES

E notavel a quantidade e a qualidade dotrabalho de filhos e genros que, de umaforma ou de outra, foram influenciadospor Roque Gameiro na preferencia pelaaguarela.

A presente seleccao permite contrastar osestilos e aproximacoes de Alfredo RoqueGameiro e seus familiares. Helena etalvez a filha que mais proximamentesegue os passos do pai, tendo aliasparticipado em exposicoes conjuntas.Raquel criou o seu estilo proprio, maisligado a ilustracao. Manuel, Mamıa eRuy, tendo tambem partilhado o gosto ehabilidade para a aguarela, foram-seinteressando por outras lides artısticas(ver seccao Um Pouco de Tudo).

Os genros Jose e Jaime, amigos e colegasna Sociedade Nacional de Belas Artes,juntaram-se tambem a tribo deaguarelistas, cada um com o seu estilopeculiar.

WATERCOLOR:INDOOR ANDOUTDOOR SCENES

Following on their father and teacher’sfootsteps, Alfredo Roque Gameiros’schildren (and sons-in-law) produced animpressive body of work. The master’sinfluence is noticeable both in the choiceof medium — watercolor — and in thepreference for a “naturalist” perspective.

The present selection provides a goodopportunity to contrast approximationsand styles by various family members.Helena is probably the daughter whofollowed on the patriarch’s steps theclosest. Raquel developed her peculiarstyle. Manuel, Mamıa and Ruy, havingshared the taste and ability for watercolorpainting, later became interested in otherart forms (cf This and That).

Sons-in-law Jose e Jaime, friends andcolleagues at Portugal’s Fine ArtsSociety, also joined in the watercolor“gang,” each with their own peculiarstyle.

ALFREDOROQUEGAMEIRO

Em AlmocagemeAguarela sobre papel (220x180mm)Museu de Aguarela Roque Gameiro

In AlmocagemeWatercolor on paper (220x180mm)Roque Gameiro Watercolor Museum

RAQUELROQUEGAMEIRO

Tear em MindeAguarela sobrepapel (370x350mm)Museu de AguarelaRoque Gameiro

Minde WeavingLoomWatercolor on paper(370x350mm)Roque GameiroWatercolor Museum

RAQUELROQUEGAMEIRO

Paisagem de Sao Tome (1953)Aguarela sobre papel (330x440mm)Coleccao particular

Sao Tome Landscape (1953)Watercolor on paper (330x440mm)Private Collection

HELENAROQUEGAMEIRO

A Casa da Venteira (1919)Aguarela sobre papel (360x280mm)Coleccao particular

The Venteira House (1919)Watercolor on paper (360x280mm)Private Collection

HELENAROQUEGAMEIRO

Eugaria (1947)Aguarela sobre papel (360x280mm)Coleccao particular

Eugaria (1947)Watercolor on paper (360x280mm)Private Collection

HELENAROQUEGAMEIRO

Toca do Leao (1952)Aguarela sobre papel(205x255mm)Coleccao particular

Toca do Leao (1952)Watercolor on paper(205x255mm)Private Collection

HELENAROQUEGAMEIRO

Natureza Morta (1956)Aguarela sobre papel (345x260mm)Coleccao particular

Still Life (1956)Watercolor on paper (345x260mm)Private Collection

HELENAROQUEGAMEIRO

Jarra com Flores(1930)Aguarela sobrepapel (450x500mm)Coleccao particular

Flower Vase (1930)Watercolor on paper(450x500mm)Private Collection

JOSELEITAODE BARROS

Azenhas do MarAguarela sobre papel (530x360mm)Coleccao particular

Azenhas do MarWatercolor on paper (530x360mm)Private Collection

JAIMEMARTINSBARATA

Na Pedreira do Ze ManelAguarela sobre papel (740x530mm)Coleccao particular

At Ze Manel’s QuarryWatercolor on paper (740x530mm)Private Collection

UM POUCODE TUDO

Argumentando que “ja chega deaguarelistas”, Roque Gameiro aconselhoua filha mais nova, Mamıa, a pintar emoleo. Se se preocupava com falta devariedade, preocupou-se em vao. Raquele Mamıa distinguiram-se comoilustradoras. Ruy seguiu uma brilhante epromissora carreira como escultor (tendomorrido tragicamente ainda novo).

Com a adicao de dois genros, o claalargou ainda mais o seu ambitoartıstico. Jose Leitao de Barros, tendotambem comecado como aguarelista,liderou inumeros projectos e ideias (porexemplo, as marchas populares) edesenvolveu uma intensa actividade nocampo do cinema (incluindo varias curtase longas metragens). Jaime MartinsBarata, por sua vez, distinguiu-se comopintor de obras de grande dimensao(nomeadamente frescos), bem comodesenhador de selos e moedas.

THIS AND THAT

Claiming that “we already have enoughwatercolor painters,” Alfredo RoqueGameiro encouraged his youngestdaughter, Mamıa, to paint in oil instead.If lack of variety was his worry, heworried in vain. Raquel and Mamıadistinguished themselves as illustrators.Ruy followed a promising career insculpture (having tragically died whilestill young).

With the addition of the two youngersons-in-law, the clan widened its artisticbreath considerably. Jose Leitao deBarros worked on numerous projects andideas (including the 1940 PortugueseWorld Exhibition) and developed anintense activity in the field of cinema.Jaime Martins Barata, in turn,distinguished himself in large-scalepainting (especially fresco painting) andin designing stamps and coins.

MAMIAROQUEGAMEIRO

Nazare (1926)Oleo sobre cartao (390x195mm)Coleccao particular

Nazare (1926)Oil on board (390x195mm)Private collection

MAMIAROQUEGAMEIRO

A Taberna dos InjejunsOleo sobre tela(330x410mm)Coleccao particular

The Injejuns TavernOil on canvas(330x410mm)Private collection

MAMIAROQUEGAMEIRO

Arranjo de Conchas(c 1965)Conchas e outrosmateriais sobre madeira(330x410mm)Coleccao particular

Sea Shell Arrangement(c 1965)Sea shells and othermaterials on wood(330x410mm)Private collection

RUYROQUEGAMEIRO

Mulher (1933)Bronze (135x69x62cm)Fundacao CalousteGulbenkian

Woman (1933)Bronze (135x69x62cm)Calouste GulbenkianFoundation

RUYROQUEGAMEIRO

Infante Dom Henrique (c 1930)Baixo relevo em bronze (655x570mm)Coleccao particular

Prince Henry the Navigator (c 1930)Bronze bass relief (655x570mm)Private collection

JOSELEITAODE BARROS

Ala-Arriba! (1942)Filme de longa metragem(84 min)Cinemateca Portuguesa

Ala-Arriba! (1942)Docufiction film (84min)Cinemateca Portuguesa

JAIMEMARTINSBARATA

Graca MalatoSanguıneo sobre papel(300x400mm)Coleccao privada

Graca MalatoSanguine on paper(300x400mm)Private collection

JAIMEMARTINSBARATA

Mulher de Colares(1947)Tempera sobre tela(500x510mm)Coleccao privada

Woman from Colares(1947)Tempera on canvas(500x510mm)Private collection

JAIMEMARTINSBARATA

Selo postal da emissao D. Dinis(tambem conhecido como cavalinho)(1953)Reproducao a escala

D. Dinis postage stamp (1953)Scaled-up reproduction

JAIMEMARTINSBARATA

Batalha dos Atoleiros (1966)Reproducao em tela de buon fresco(673x335cm)Palacio de Justica de Fronteira

Atoleiros Battle (1966)Reproduction on canvas of buon fresco(673x335cm)Fronteira Court of Justice

Assuncao e Alfredo Roque Gameiro Assuncao and Alfredo Roque Gameiro

A famılia Roque Gameiro no jardim da casada Amadora (tambem conhecida porVenteira)

The Roque Gameiro family in the Amadora(a.k.a. Venteira) house garden

Raquel Roque Gameiro.Fotografia incluıda naIlustracao Portuguesa(suplemento semanal dojornal O Seculo) de 27 deNovembro de 1911

Raquel Roque Gameiro.Photograph included in themagazine IlustracaoPortuguesa, 27 November1911

Manuel Roque Gameiro

Manuel Roque Gameiro

Helena Roque Gameiro

Helena Roque Gameiro

Mamıa Roque Gameiropintando a oleo

Mamıa Roque Gameiroduring one of heroil painting outings

Ruy Roque Gameiro junto auma das suas esculturas

Ruy Roque Gameiro posesnext to one of his works

Ruy Roque Gameiro e Alfredo RoqueGameiro

Ruy Roque Gameiro and Alfredo RoqueGameiro

Na praia da Ericeira At Ericeira beach

Helena Roque Gameiro e alunas no atelier daRua D. Pedro V.

Helena Roque Gameiro with art students atthe Roque Gameiro D Pedro V street studio.

Jose Leitao de Barros Jose Leitao de Barros

Eugaria, 1935 (o anoda morte de RoqueGameiro): JaimeMartins Barata eAlfredo Roque Gameiro

Eugaria, 1935 (the yearRoque Gameiro died):Jaime Martins Barataand Alfredo RoqueGameiro

3 geracoes Roque Gameiro. Atras: Alfredo,Ana, Mamıa e Raquel. A frente: Assuncao(com Bixa ao colo), Guida e Nene.

Three Roque Gameiro generations. In theback: Alfredo, Ana, Mamıa e Raquel. Infront: Assuncao (with Bixa on her lap),Guida and Nene.

Alfredo Roque Gameirocom a neta Bixa (filhade Mamıa e JaimeMartins Barata)

Alfredo Roque Gameirowith granddaughter Bixa(daughter of Mamıa andJaime Martins Barata)

A derradeira fotografia deAlfredo Roque Gameiro(1935), da autoria de JaimeMartins Barata

Alfredo Roque Gameiro’s lastphotograph, shot in 1935 byJaime Martins Barata