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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE ODONTOLOGIA

ROSÂNGELA PEREIRA SOUSA

UTILIZAÇÃO DOS IMPLANTES OSSEOINTEGRADOS

NA MELHORA DA BIOMECÂNICA DAS

PRÓTESES PARCIAIS REMOVÍVEIS

Monografia apresentada à disciplina de TCC II da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal

do Amazonas, como requisito parcial para obtenção do título de Cirurgião-

dentista.

Orientador: Prof° Msc. Gustavo Henrique Diniz Pimentel

MANAUS

2011

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ROSÂNGELA PEREIRA SOUSA

UTILIZAÇÃO DOS IMPLANTES OSSEOINTEGRADOS

NA MELHORA DA BIOMECÂNICA DAS PRÓTESES PARCIAIS REMOVÍVEIS

Monografia apresentada à disciplina

de TCC II da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Amazonas, como requisito parcial

para obtenção do título de Cirurgião-dentista.

Aprovado em 10 de novembro de 2011.

BANCA EXAMINADORA

Prof° Msc Gustavo Henrique Diniz Pimentel – Presidente

Universidade Federal do Amazonas

Profª Carina Toda – Membro Universidade Federal do Amazonas

Prof° Msc Leandro de Moura Martins – Membro

Universidade Federal do Amazonas

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Aos meus pais e irmãos que

me ensinaram a ter honra e

dedicação e nunca desistir de

minhas decisões. Vocês ajudaram a

tornar esse sonho possível.

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Ao meu Deus…

Por ter me criado e me protegido sempre. Por estar comigo em todos os momentos dessa

difícil e árdua caminhada. O Seu amor incondicional me fez chegar até aqui.

Aos meu pais...

Pelo apoio e confiança que depositaram em mim. Por garantirem minha existência longe

de casa e nunca me deixarem faltar nada.

À minha irmã linda, Giselle...

Você foi criada por Deus para ser minha companheira na vida. Esteve do meu lado em

todos os momentos, me incentivou quando fraquejei, me orientou quando me sentia perdida, foi

minha amiga mais fiel quando mais precisei. Agradeço a Deus por você existir minha maninha

querida!

Ao meu orientador, Prof° Msc Gustavo Pimentel...

Pela contribuição e influência positiva no meu trabalho.

Ao Prof°, Dr Emílio Sponchiado Jr...

Por tudo que nos foi passado nas disciplinas TCC I e II. Seu bom humor foi contagiante e

fez dissipar a ansiedade e angústia na dura realização deste trabalho. Com sua orientação o

impossível se tornou possível.

Aos professores da banca examinadora...

Pela disponibilidade e carinho de avaliar meu trabalho.

À minha dupla, Maria Tereza Arrais...

Pelo apoio constante nas clínicas da FAO, sua alegria e risadas contagiantes me deram

disposição e vontade de continuar os trabalhos. “A amizade duplica as alegrias e divide as

tristezas”. Obrigada por tudo minha amiga linda!

Às minhas amigas belíssimas, Iana e Mariana...

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Foi muito bom compartilhar com vocês estes anos. Juntas passamos por momentos tão

alegres e divertidos! Muito aprendizado para o profissional e para a vida. Minha graduação não

seria a mesma sem vocês, suas lindas!

Aos companheiros de graduação...

Cinco anos findam-se e juntos crescemos em conhecimento e sabedoria. Que Deus esteja

ao nosso lado na prática dessa profissão tão honrada e que possamos nos unir ainda mais na busca

de melhorias para a saúde bucal neste país. Obrigada amigos, pelos momentos vividos. Sucesso à

todos nós!

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RESUMO

O uso de prótese parcial removível na reabilitação de pacientes edentados parciais tem

sido uma opção rápida, viável e acessível. Porém, a grande problemática em torno deste tipo de procedimento está nos casos de extremidades livres bilaterais que, devido a falta de pilar posterior, podem comprometer a retenção e principalmente a estabilidade da prótese que estará

sujeita a deslocamentos constantes durante a dinâmica dos movimentos funcionais. A literatura relata que a associação de implantes osseointegrados, nestes casos, possibilita um ponto de

parada distal para a prótese, modificando a classificação das arcadas edentadas e aumentando as chances de sucesso do procedimento. Além da estabilidade que passa a ser oferecida, a adição de sistemas de encaixe oferece ainda retenção adicional para a prótese. Desta forma, o objetivo deste

trabalho é revisar a literatura sobre a utilização dos implantes osseointegrados na melhora da biomecânica das próteses parciais removíveis de extremidades livres. Os resultados obtidos até

agora têm sido positivos, porém a realização de estudos a longo prazo se faz necessário para um maior conhecimento sobre as interações desses componentes e sua viabilidade no público alvo.

Palavras-chave: Prótese Parcial Removível, Implantes Osseointegrados, Extremidade Livre

Bilateral.

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ABSTRACT

The use of removable partial dentures has been a fast, feasible and accessible treatment option to rehabilitate partially edentulous patients. However, cases of bilateral distal extension

pose a major problem for this type of procedure for the lack of a posterior abutment may compromise retention and, particularly, the stability of the dentures, which will suffer constant

displacement during functional movements. The literature reports that the association of osseointegrated implants for these cases enables a distal stop for the dentures, which can modify the classification of the edentulous arches and thus, increase the chances of success of the

procedure. In addition to stability gained, the addition of connection systems provides even more retention for the dentures. Therefore, the aim of this study was to conduct a review of the

literature on the use of osseointegrated implants to improve the biomechanics of distal extension removable partial dentures. The results obtained have been positive, but long-term studies must be conducted for the further understanding of the interactions of these components and their

feasibility related to the target public.

Key words : Removable partial denture, osseointegrated implants, bilateral distal extension.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ……………………………………………………….12

2. OBJETIVO ……………………………………….................................16

3. REVISÃO DE LITERATURA .……………………………………....18

4. DISCUSSÃO ………………………………………………………….35

5. CONCLUSÃO ………………………………………………………...41

6. REFERÊNCIAS ……………………………………………………....43

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A Odontologia tem evoluído muito nos últimos anos, porém este fato não foi capaz de

sanar as perdas dentárias ao longo da vida do indivíduo (Verri et al., 2007). A reabilitação

dentária dos elementos perdidos é atributo da especialidade Prótese Dentária, sendo a Prótese

Parcial Removível, uma das escolhas no tratamento de pacientes edentados parciais (Marra et al.,

2008).

A reabilitação protética de extremidades livres posteriores Classes I e II de Kennedy é a

que encontra maiores empecilhos em virtude da inexistência de pilar posterior o que obriga o

suporte mucoso distal. Logo há que se considerar a diferente estrutura tecidual entre a porção do

rebordo residual e o ligamento periodontal do dente adjacente ao espaço edêntulo, o qual servirá

como pilar da prótese (Silva et al., 2011). Quando submetida a forças durante atividades

funcionais, a base distal da prótese parcial removível tende a se deslocar, já que a capacidade de

compressibilidade das estruturas, mucosa do rebordo alveolar e ligamento periodontal do dente

pilar, são diferentes (Marra et al., 2008). Este sistema de forças de alavanca que é criado, irá

produzir alterações ósseas tanto sob a base da prótese como ao redor o dente pilar, podendo

resultar em alterações oclusais e periodontais no usuário da prótese (Cunha et al., 2008).

Em pacientes que apresentam a associação desdentados totais superiores e desdentados

parciais inferiores Classe I de Kennedy as alterações podem ir além. A falta de retenção e

estabilidade na prótese inferior provoca reabsorção óssea no rebordo residual posterior

prejudicando o contato oclusal durante os movimentos funcionais e sobrecarregando a maxila

que, tentando compensar a falta de contato posterior criada, sofre processo de reabsorção óssea

na região anterior (Mitrani et al., 2003; Silva et al., 2011). Acrescidas a isso outras alterações

como, extrusão dos dentes anteriores inferiores e aumento volumétrico das tuberosidades

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palatinas podem ocorrer, caracterizando a chamada Síndrome da Combinação ou Síndrome de

Kelly (Cunha et al., 2007; Kelly, 2003).

A prótese parcial removível é escolha válida para a reabilitação de desdentados parciais

mesmo considerando-se a problemática apresentada, pois é um procedimento de execução

relativamente simples e boa relação custo-benefício. A utilização de implantes osseointegráveis

surge como um via de eliminação dos problemas de estabilidade e retenção característicos de

próteses Classe I de Kennedy (Vieira et al., 2006; Kuzmanovic et al., 2004).

Os implantes osseointegrados foram primeiramente descritos pelo Protocolo de

Branemark em meados de 1968 quando um paciente edêntulo foi submetido ao tratamento que

preconizava o uso de implantes nos maxilares associados à instalação de próteses fixas. Somente

em 1982 o procedimento foi reconhecido internacionalmente e passou a ser adotado clinicamente.

O protocolo instituía fase cirúrgica em dois estágios onde um intervalo de tempo era estabelecido

entre a colocação dos implantes e a prótese, a fim de não prejudicar o processo de cicatrização e

osseointegração, uma vez que a colocação de carga imediata sobre os implantes prejudicaria a

recuperação óssea e induzindo fraturas nos mesmos. (Albrektsson et al.,1986; Nevins; Mellonig,

2003; Vieira et al., 2006; Rivaldo et al., 2007; Plácido, 2007).

A associação de implantes com próteses parciais removíveis em arcos mandibulares

Classe I de Kennedy preconiza o uso de dois implantes distais na região de molares modificando

então a classificação para Classe III de Kennedy, dessa forma oferecendo um ponto de parada

para a base da prótese melhorando o sistema de retenção, estabilidade e distribuição de forças.

Por conseguinte o dente pilar fica aliviado de tensões exageradas exercidas pela prótese de

extensão distal e o rebordo residual fica submetido a forças distribuídas de maneira mais

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equânime, favorecendo níveis de reabsorção óssea dentro dos parâmetros aceitáveis (Pelizer et

al., 2010).

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Este trabalho tem como objetivo realizar uma revisão de literatura sobre a eficácia da

associação implantes osseointegrados e próteses parciais removíveis de extremidades livres.

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1. Síndrome da Combinação de Kelly:

Kelly (2003) realizou um estudo a fim de avaliar as mudanças ocorridas na arcada de pacientes

que fazem uso de próteses totais superiores em oposição a próteses parciais removíveis inferiores

de extensão distal. Esta é uma situação bastante comum na clínica de prótese da Faculdade de

Odontologia da Universidade da Califórnia. Pacientes que passam por esse tipo de reabilitação,

ao longo do tempo, podem desenvolver alterações oclusais e ósseas como perda óssea na maxila

anterior e porção distal do rebordo mandibular em contrapartida pode ocorrer crescimento ósseo e

alargamento da tuberosidade maxilar, extrusão de dentes anteriores inferiores e hiperplasia da

mucosa palatal, caracterizando a chamada Síndrome da Combinação. Foi realizado um estudo

para avaliar essas alterações em vinte pacientes que passam por procedimento reabilitador na

clínica da faculdade, sendo que destes, apenas seis seguiram fielmente o tratamento. Os pacientes

passaram por análises sistêmicas e telerradiografias e foram confeccionadas próteses. Após cerca

de um ano de acompanhamento foram verificadas as alterações tais como perda de 1 a 3mm, na

altura de crista na região anterior, acompanhada de perda óssea subjacente; aumento na

tuberosidade de cerca de 1 a 2,5mm e extrusão dos dentes anteriores inferiores. Os pacientes

foram acompanhados e modificações em seus planos de tratamento foram efetuadas no sentido de

realizar as devidas correções das alterações ocorridas, tendo os mesmos se mostrado satisfeitos

com o resultado final. A Síndrome da Combinação pode ser evitada com o devido planejamento

da reabilitação protética no sentido de evitar a associação prótese total superior e prótese parcial

removível inferior de extensão distal.

Cunha et al. (2007) realizaram um estudo a fim de avaliar a prevalência da Síndrome da

Combinação em trinta e três pacientes atendidos na Clínica de Graduação da Disciplina de

Prótese Parcial Removível da Faculdade de Odontologia de Araçatuba da Universidade Estadual

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Júlio de Mesquita Filho, que utilizavam prótese total superior em oposição à prótese parcial

removível inferior em arcos Classe I de Kennedy. Foi realizado exame clínico intrabucal com a

utilização de espelho intraoral e espátula descartável para verificar os sinais da síndrome que

envolvem: reabsorção óssea na região anterior da maxila, aumento de volume da tuberosidades

maxilares, hiperplasia papilar palatina, extrusão dos dentes anteriores mandibulares e reabsorção

óssea na região posterior inferior. Sendo as descobertas encontradas relacionadas à presença ou

ausência de desordens temporomandibulares tomando como base a Escala Anamnésica de

Fonseca, que considera graus das desordens, ausente, leve, moderado e severo, através de

questionário de dez itens. Pelos resultados obtidos nenhum paciente apresentou todos os sinais da

Síndrome, sendo que 84,85% apresentaram entre dois e quatro sinais e destes 10,71% não

apresentaram disfunções temporomandibulares, 50% apresentaram disfunção leve, 32,14%

disfunção moderada e 7,14% disfunção severa. 15,15% apresentaram somente um sinal da

Síndrome sendo que destes, 80% apresentaram disfunção temporomandibular leve e 20%

disfunção moderada. Concluiu-se então que todos os pacientes apresentaram sinais da Síndrome e

a maioria apresentou algum grau de disfunção temporomandibular.

2. Associação das próteses parciais removíveis de extremo livre com implantes osseointegrados:

Keltjens et al. (1993) realizaram um estudo englobando dois casos clínicos sobre utilização de

implantes dentários em combinação com próteses parciais removíveis. O primeiro caso foi

realizado com uma paciente com 51 anos de idade que utilizava prótese total superior e prótese

parcial removível inferior, tendo queixa de falta de estabilidade destas. Foram realizados dois

implantes na região de molares inferiores nos dois hemiarcos (implante IMZ Friedrichsfeld AG,

Heidelberg, Germany) de comprimento 10,5mm e diâmetro 3,3mm, e confecção de novas

próteses Figuras (1 e 2).

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O segundo caso envolve um paciente de 39 anos, desdentado total superior e desdentado bilateral

posterior inferior. Há dez anos usava prótese total superior, mas não usava prótese inferior,

queixando-se de instabilidade na prótese total superior. Foi realizada uma prótese mandibular

provisória para restabelecer a oclusão ideal. Foram instalados dois implantes posteriores

inferiores Dyna (Dyna Dental Engineering, Bergen op Zoom, Holanda) com comprimento de

10mm e diâmetro 3mm e foram confeccionadas nova prótese total superior e prótese parcial

removível inferior ( Figuras 3 e 4). A reavaliação mostrou boa adaptação e retenção das próteses

e satisfação dos pacientes tendo sido concluído que o procedimento é eficaz e adequado.

Figura 1- Arco mandibular com os implantes

Fonte: Distal extension removable partial dentures supported by implants and

residual teeth: Considerations and case reports

Figura 2 – Arco mandibular com a prótese parcial removível

Fonte: Distal extension removable partial dentures supported by implants and

residual teeth: Considerations and case reports

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Giffin (1996) realizou um caso clínico sobre utilização de implantes dentários na fixação de

próteses parciais removíveis em paciente desdentado mandibular posterior. O paciente recebeu

um implante (IMZ - Interpore Intl. Irvine, Califórnia) de 3,3 x 8mm em duas fases cirúrgicas,

sendo instalado um cicatrizador (Figura 5) .

Figura 3 - Arco mandibular com os implantes

Fonte: Distal extension removable partial dentures supported by

implants and residual teeth: Considerations and case reports

Figura 4 - Vista lateral com a prótese

Fonte: Distal extension removable partial dentures supported by

implants and residual teeth: Considerations and case reports

Figura 5 – Radiografia do arco com o implante

Fonte: Solv ing the distal extension removable part ial denture base

movement dilemma: A clinical report.

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A base da prótese que este estava usando foi aliviada sobre o cicatrizador. Após seis meses, o

parafuso de cicatrização foi substituído por um pilar protético (APM-Sterngold, Attleboro,

Massachusetts) e a base da prótese foi aliviada sendo realizada moldagem de transferência com

elastômero à base de polissulfeto (Permlastic, Kerr Co., Romulus, Michigan) para a utilização do

encaixe do tipo ERA (Figura 6).

Após reavaliação a paciente relatou satisfação com os resultados, tendo sido este procedimento

considerado bem sucedido.

Igarashi et al. (1999) realizaram um estudo in vivo com o objetivo de avaliar a distribuição de

tensões e mobilidade do dente pilar nas próteses parciais removíveis de extensão distais com

diferentes retentores. Foram selecionados dois pacientes A e B e três tipos de conectores, grampo

trefilado (W); grampo circunferencial simples (C) e coroa telescópica (K) foram confeccionados

e conectados a barra lingual rígida. Um micro transdutor de carga LM30 foi utilizado e aplicada a

carga controlada de 6kgf (58.8N) sobre a mesa oclusal. Um transdutor de micro cargas LM5 foi

instalado dentro das duas camadas da prótese especialmente construída para o caso, a fim de

medir a carga e força oclusal. Dois dispositivos foram instalados na vestibular dois dentes pilares

Figura 6 – Prótese com a estrutura do anexo

Fonte: Solv ing the distal extension removable part ial denture base

movement dilemma: A clinical report

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para avaliar seus deslocamentos. Os sinais eletrônicos dos dispositivos foram captados e gravados

para serem produzidos os gráficos. O procedimento foi repetido cinco vezes para cada retentor e

houve intervalos de quinze minutos para cada teste, sendo observado e concluído que os

movimentos para pilares com os retentores correspondentes a W foram maiores e enquanto que

os menores movimentos foram comprovados em K (Figura 7).

Mitrani et al. (2003) realizaram um estudo retrospectivo com dez pacientes desdentados

posteriores unilaterais ou bilaterais os quais foram tratados com implantes posteriores no curso de

pós-graduação em prótese dentária na universidade de Washington, Seattle desde 1995, a fim de

avaliar o sucesso deste tipo de tratamento. Destes implantes quatorze foram colocados seguindo o

protocolo de duas fases descrito por Bränemark e dois eram de estágio único ITI (Straumann)

totalizando um número de dezesseis implantes. Os pacientes foram distribuídos em dois grupos,

sendo o grupo 1, o dos pacientes que possuíam pilares anteriores e receberam implantes para a

melhora na estabilidade das PPR’s e o grupo 2 os pacientes que não possuíam dentes pilares

existentes (Figura 8), onde um elemento de retenção foi adicionado aos implantes (OSO,

Figura 7 – Comparação do movimento dos pilares para os vários retentores

Fonte: Stress distribution and abutment tooth mobility of distal-extension removable

partial dentures with different retainers: an in vivo study.

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Attachments International; Zaag, Preat; Hader Bar and Clip, Attachments International; ou ERA,

Sterngold) (Figura 9).

O grupo 1 foi composto de cinco homens, idade média de 68,8 anos e o grupo 2 composto de

quatro mulheres e um homem, com idade média de 56,4 anos. Após pelo menos um ano os

pacientes foram convocados e avaliados quanto aos quesitos satisfação do paciente (avaliação por

meio de questionários), avaliação clínica do implante (exame dos componentes do implante e

Figura 8 – Arcada inferior Classe I de Kennedy

Fonte: Posterior implants for distal extension removable prostheses:

A retrospective study.

Figura 9 – Extensão curta da base, já que a estabilidade é garantida pelo procedimento.

Fonte: Posterior implants for distal extension removable prostheses:

A retrospective study.

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tecidos moles), avaliação radiográfica (nível de crista óssea medido por paquímetro Mitutoyo

Digimatic sendo comparadas as radiografias verificando quaisquer variações) e adaptação da base

da prótese e implante. No quesito avaliação clínica apenas um paciente teve inflamação que

exigiu remoção de tecido hiperplásico, um paciente apresentou fratura de prótese mandibular,

sendo confeccionada nova prótese e do grupo 1 dois pacientes apresentaram corrosão da

superfície dos pilares de cicatrização. Nenhum dos pacientes apresentou mobilidade do implante.

A avaliação radiográfica mostrou não haver diferença significativa no nível de perda óssea dos

dois grupos. Sobre a satisfação do paciente foram atribuídas notas altas indicando sucesso no

tratamento, concluindo-se pelo estudo que a utilização de implantes na estabilidade de próteses

parciais removíveis é um método aceito pelos pacientes, oferece recuperação saudável de tecidos

perimplantares e perda óssea dentro dos limites normais.

Kuzmanovic et al. (2004) realizaram um caso clínico sobre a mudança de classificação de

Kennedy com o uso de implantes mandibulares e colocação de prótese parcial removível. O

paciente, sexo masculino de 66 anos, foi encaminhado para o curso de especialização da

faculdade de Otago, Nova Zelândia com a queixa de desgaste severo de seus dentes anteriores

superiores. O tratamento foi iniciado com montagem em articulador semiajustável dos modelos

do paciente, instrução de higiene bucal, terapia periodontal, dentística restauradora, tratamento

endodôntico de dois elementos superiores e extração de dentes periodontalmente e

endodonticamente comprometidos. Foram realizados dois implantes (Figura 10) sendo um o

primeiro molar inferior esquerdo e outro, o segundo molar inferior direito (implantes ITI; n°

043.033S, 4,1 mm de diâmetro de 12 mm de comprimento, Straumann AG, Waldenburg, Suíça) e

foi realizado cirurgia de aumento de coroa no canino superior direito e incisivo lateral superior

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esquerdo para evitar colocação subgengival de restauração protética, sendo cimentadas cerca de

vinte semanas após, as coroas provisórias nestes elementos.

Foram então confeccionadas próteses provisórias superior e inferior para designar a dimensão

vertical e oclusão, sendo instruídas orientação de higiene oral. Após um mês de experimentação

com próteses provisórias, sendo que a prótese inferior utilizou os parafusos de cicatrização para

apoio da prótese, foi realizada a instalação da prótese parcial removível inferior (Remanium GM

380, Dentaurum, Pforzheim, Alemanha) com componente de retenção (Figurra 11).

Figura 10 – Implantes no rebordo edêntulo com os cicatrizadores

Fonte: Distal implants to modify the Kennedy classification of a removable partial

denture: A clin ical report.

Figura 11 – Armação metálica da prótese com componentes de retenção.

Fonte: Distal implants to modify the Kennedy classification of a removable partial

denture: A clin ical report..

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O arco maxilar recebeu PPR retida por anexos extracoronários (Mini SG R; Cendres & Métaux

SA, Biel-Bienne, Switzerland) e coroas metalocerâmicas nos elementos incisivo lateral, canino

superior direito, canino e primeiro pré-molar superior esquerdo. O paciente recebeu instruções de

higiene bucal e a manutenção que foi agendada mostrou resultados satisfatórios.

Mijiritisky (2007) realizou uma revisão de literatura com o objetivo de avaliar as evidências para

o uso de próteses parciais removíveis associados a implantes osseointegrados. As extremidades

livres unilaterais e bilaterais – Classe II e I de Kennedy respectivamente – apresentam em seus

procedimentos de reabilitação com próteses parciais removíveis complicações como falta de

estabilidade durante movimentos funcionais, falta de retenção e problemas estéticos em função

dos braços dos grampos em regiões anteriores, sendo a associação com implantes osseointegrados

uma solução aparentemente eficaz pois permite estabilidade, retenção e pode até dispensar o uso

de grampos inestéticos. Em um estudo longitudinal avaliando a sobrevivência dos implantes e as

complicações protéticas resultantes desta associação foi verificado satisfação dos pacientes

quanto a estabilidade e também quanto a estética sendo comprovado também fixação adequada

dos implantes e adaptação eficaz das próteses. Deve-se acrescentar como benefícios deste tipo de

procedimento a necessidade de menos tempo de tratamento e menos atividades laboratoriais,

número mínimo de implantes e, portanto custo satisfatório para o paciente adequando as

características sociais do público alvo. Há a necessidade de mais estudos a longo prazo para

avaliar essa reabilitação, porém é um procedimento que vêm mostrando resultados satisfatórios

tanto do ponto de vista estético como funcional.

Verri et al. (2007) realizaram um estudo científico utilizando análise pelo método de elementos

finitos bidimensional com implantes de diferentes tamanhos e diâmetros, que poderiam ser

destinados ao uso em associação com próteses parciais removíveis para verificar o

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comportamento destes, bem como a influência do diâmetro ou comprimento na estabilidade das

próteses parciais removíveis. Foram utilizados seis modelos mandibulares com arcos

parcialmente dentados. Para avaliar os modelos foi utilizado o programa AutoCAD 2000

(Autodesk, Inc., San Rafael, CA) que avaliou as dimensões e individualizações dos modelos e,

para avaliar as forças de tensão nos modelos com prótese parcial removível e com implante

associado foi utilizado o programa de elementos finitos ANSYS 5.4 (Swanson Analysis Systems,

Houston, PA). O tipo de implante utilizado foi o Bränemark System (Nobel Biocare, Göteborg,

Sweden). Foi feito o carregamento de forças nos elementos de maneira que os modelos foram

considerados em estado plano de tensões. A partir da análise dos resultados pode-se comprovar

que a introdução da prótese parcial removível gera forças de deslocamento nos dentes suporte e a

introdução dos implantes gera redução nas malhas de tensão nos dentes suporte e no rebordo

residual.

Cunha et al. (2008) realizaram um experimento através de análise pelo método de elementos

finitos bidimensional, para avaliar a influência da localização dos implantes osseointegrados

associados a próteses parciais removíveis mandibulares em modelos Classe I de Kennedy. Foram

confeccionados 5 modelos mandibulares desdentados posteriores, em corte sagital. O modelo A

com a presença apenas do elemento distal 33, o modelo B, semelhante ao A, com uma placa

distal substituindo os elementos 34, 35, 36 e 37, o modelo C, semelhante ao B, com a presença de

um implante Bränemark localizado na distal do segundo molar, o modelo D, semelhante ao C,

com o implante localizado na região de primeiro molar, o modelo E, semelhante ao C, com o

implante localizado na região de segundo pré-molar sob a base da prótese. Para o desenho dos

modelos foi utilizado o programa AutoCAD 2000 (Autodesk Inc., USA) e depois eles foram

exportados para o programa de elementos finitos ANSYS 8.0 (Swanson Analysis Systems,

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Houston, PA). Para simular situações reais, foram fixadas determinadas extremidades dos

modelos e, foram aplicadas forças sobre estes. Os resultados foram obtidos pela análise dos

mapas de deslocamento de von Mises mostrando que com a inserção das próteses houve aumento

da tendência de deslocamento do dente pilar, sendo esta diminuída com a introdução dos

implantes (Figura 12).

O deslocamento vertical diminuiu quando o implante foi colocado numa posição mais próxima ao

dente pilar. As concentrações de estresse foram direcionadas dos dentes pilares para os implantes.

O osso cortical e a fibromucosa apresentaram menos tensão quando o implante se aproximou do

dente pilar. A análise individual dos implantes revelou que havia concentrações de forças

localizadas em maior proporção na margem direita nos modelos C e E, enquanto que no modelo

D elas se localizavam igualmente nas porções internas relativas aos lados direito e esquerdo.

Figura 12 – Mapa de deslocamento

Fonte: Evaluation of the influence of location of osseointegrated

implants associated with mandibular removable partial dentures.

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Concluiu-se então que aproximação do implante para a mesial ofereceu melhores resultados

quanto à distribuição de forças.

Marra et al. (2008) realizaram um estudo experimental utilizando modelos fotoelásticos para

comparar as forças de tensão/deformação nos elementos de suporte de uma prótese parcial

removível com extensão distal unilateral associados ao uso de implantes de diferentes diâmetros.

Foram confeccionados três modelos sendo o modelo A desdentado posterior unilateral sem

implantes, o modelo B semelhante ao A, com a presença de um implante osseointegrado

Bränemark compat (Branemark, 1983) de 10 X 3,75mm com intermediário tipo o´ring, na região

de segundo molar sob a base da prótese e o modelo C semelhante ao B só que com implante de

diâmetro 10 X 5,00 mm. Foram obtidas réplicas dos dentes naturais dos modelos em resina

acrílica (Dencril Plásticos Ltda - SP) para a obtenção dos modelos fotoelásticos e realizada

simulação do ligamento periodontal com poliéter (Impregum 3M Espe polyether adhesive ). O

delineador foi utilizado para a adequação da transmissão de cargas e análise experimental de

cargas foi realizada, concluindo-se que o uso de implantes reduziu as tensões nos dentes pilares e

que os implantes de maiores diâmetros apresentaram resultados mais satisfatórios no que

concerne às distribuições de tensão.

Pelizer et al. (2010) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar diferentes sistemas de

retenção envolvidos no tratamento com prótese parcial removível mandibular associada a

implantes osseointegrados, através do método de elementos finitos bidimensional. A prótese

parcial removível foi associada a um implante de hexágono externo (Branemark System, Nobel

Biocare, Goteborg, Sweden) de 3,75 de diâmetro e 10mm de comprimento. O pilar de

cicatrização foi Branemark System; Nobel Biocare de 4×2mm de tamanho. Os sistemas de

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retenção utilizados foram O’ring (Branemark System; Nobel Biocare) e ERA (ERA-RV,

Sterngold; Implamed). Foi utilizado o programa AutoCAD 2000 ( Autodesk Inc, San Rafael,

CA) para a simulação de cinco modelos mandibulares com um canino em um corte sagital, sendo

um modelo com prótese parcial removível sem implante, outro associado a implante, dois cada

um com os anexos O’ring e ERA, e o último associado a implante como pilar distal. O desenho

da prótese apresentou quatro dentes (primeiro e segundo molar, primeiro e segundo pré-molar )

quando associado a um implante sob a base da prótese e três dentes (primeiro e segundo pré-

molar, primeiro molar) quando associado a um implante distal, que funcionou como pilar. O

implante foi incorporado em um bloco de resina acrílica (Ortoclass; Artigos Odontológicos

Clássico Ltda, São Paulo, Brazil), que foi cortado ao meio com uma máquina de precisão (Isomet

Precision Saw 1000; Buehler, Lake Bluff, IL) permitindo a visualização dos componentes

internos e externos. O conjunto foi digitalizado usando um scanner (HP PSC 1315 All- in-One,

Hewlett-Packard, Palo Alto, CA), e as imagens obtidas foram exportados para o programa

AutoCAD 2000 (Autodesk Inc). Em seguida os modelos foram transportados para o programa

FEA (Ansys 9.0; Swanson Analysis Systems, Houston, PA) e foram simuladas condições de

estresse. Através do programa de elementos finitos foi avaliada a malha de cargas de 50N nos

elementos caninos. Os modelos processados foram avaliados nos mapas de estresse de Von

Misses. Foi constatado que a introdução do implante reduziu a intrusão da prótese sobre as

estruturas de apoio e que a melhor distribuição de estresse foi notada no modelo que associou a

prótese parcial removível com a base sobre o implante e com anexo do tipo ERA. A associação

implante como pilar distal pareceu não ter resultados satisfatórios já que apresentou o pior

resultado na distribuição do estresse. Nas variáveis, padrões de concentração de tensão e

estruturas avaliadas, osso trabecular, ligamento periodontal e mucosa alveolar os resultados não

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apresentaram diferenças significativas. Para concluir os sistemas de retenção ERA foram os que

obtiveram os melhores resultados relacionando a distribuição de estresse à todas as direções de

cargas a que foram submetidos.

Bortilini et al. (2011) realizaram um estudo retrospectivo avaliando o resultado a longo prazo de

próteses parciais removíveis implanto-retidas. A amostra foi obtida apartir de 172 pacientes que

realizaram tratamento (entre os períodos de Setembro de 1998 e Julho de 2000) nos departamento

de prótese e dentistíca da Universidade de Modena e Reggio Emilia e da Universidade de Ferrara,

Itália. Destes, 53 pacientes foram selecionados para o tratamento com próteses parciais

removíveis implanto-retidas, sendo que foram selecionados para o estudo em questão 32

pacientes (18 homens e 14 mulheres) que já faziam uso de próteses tradicionais e, portanto

poderiam avaliar as diferenças nos tratamentos adotados. Foram instalados um total de 64

implantes (Branemark MKIII; Nobelpharma AB, Göteborg, Sweden) que funcionavam como

elementos de retenção ligados à próteses com um anexo resiliente (Sphero Block Normo System,

2.5-mm de diâmetro com tampa resiliente; Rhein 83, Bologna, Italy), sendo escolhidos os de

maior tamanho e diâmetro quanto era permitido para o remanescente ósseo. Em relação às

próteses os conectores utilizados foram: a placa palatina para a maxila e barra lingual para a

mandíbula. Foram realizadas avaliações intra-orais de oclusão e instruções aos pacientes. As

avaliações foram realizadas durante 8 anos a cada ano, acompanhando os critérios: satisfação do

paciente, sucesso do implante, conformidade da prótese, estabilidade oclusal, necessidade de

reembasamento e retenção do anexo. Conclui-se então que a associação prótese parcial removível

e implante aumentou a satisfação do paciente, forneceu estabilidade do tecidos periimplantares e

níveis de reabsorção óssea dentro dos padrões aceitáveis, sendo ainda considerado tratamento

eficaz e de baixo custo.

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Silva et al. (2011) realizaram uma revisão de literatura sobre a utilização de implantes

odontológicos associados com a confecção de próteses parciais removíveis. A confecção de

prótese parcial removível em paciente desdentado posterior bilateral ou unilateral req uer atenção

especifica em virtude do freqüente resultado insatisfatório relacionado à estabilidade e retenção

destas. O rebordo residual apresenta problemas como a contínua reabsorção que se sucede à

perda dentária e a diferença de resiliência entre a sua mucosa e o ligamento periodontal dos

dentes remanescentes que poderão ser utilizados como suportes de próteses parciais removíveis.

A utilização de implantes osseointegrados atua na limitação dos movimentos protéticos em

direção aos tecidos de suporte, dessa forma favorecendo a manutenção do remanescente ósseo,

longevidade dos dentes suportes e, portanto melhorando a retenção e estabilidade das próteses

parciais removíveis, porém é necessário maior numero de estudos longitudinais para verificar o

sucesso destes procedimentos.

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Próteses são estruturas destinadas à recolocação, total ou parcial de estruturas danificadas

e conseqüentemente perdidas do organismo humano. Na odontologia elas podem ser classificadas

como dentossuportadas e dentomucossuportadas, sendo que dentro desta c lassificação e a

depender do tipo de estrutura envolvida na reposição e no suporte, elas denominam-se totais,

parciais removíveis ou fixas. A Prótese Parcial Removível pode ser tanto dentossuportada quanto

dentomucossuportada, sendo empregada em arcadas cuja classificação implicará sua escolha.

Dentre as indicações mais freqüentes estão em extremidades edentadas livres sem pilar posterior,

espaços edentados extensos, dentes suportes com sustentação periodontal reduzida, excessiva

perda de tecido ósseo, necessidade de recolocação imediata de dentes anteriores dentre outras

(Todescan et al. 2009).

Os arcos edentados parciais são denominados, segundos as Classes de Kennedy como

Classe I, II, III e IV, edentado posterior bilateral, edentado posterior unilatera l, edentado posterior

intercalar e edentado anterior intercalar respectivamente. Sendo que destes, o arco edentado

Classe I de Kennedy é o que costuma apresentar maiores dificuldades de reabilitação. A falta de

pilar posterior que seria um ponto de apoio e de parada para os movimentos da prótese, prejudica

a estabilidade e retenção desta que se assenta sobre o rebordo e fibromucosa subjacentes. Esta

última apresenta, através de estudos comprobatórios, capacidade de compressibilidade ou de

resiliência bem distinta do elemento dentário podendo conferir à prótese capacidade de

movimentação até treze vezes mais que o elemento permitiria se existisse como suporte

(Todescan et al. 2009). Dessa forma durante os movimentos funcionais e mastigatórios, começa a

se formar um sistema de forças de alavanca sobre os dentes anteriores que servirão como suporte.

Numa situação hipotética, se existissem todos os dentes anteriores, durante movimentos de corte

de alimentos, poderia haver a formação de fulcro nos suportes mesiais, logo formar-se-ia

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alavanca posterior resultando, por fim, em movimentação destes elementos suportes para distal

como concordam Todescan et al. (2009); Pelizer et al. (2010) e Marra et al. (2008).

Existem maneiras que são utilizadas quando da elaboração das próteses parciais de

extremos livres no sentido de minimizar esses movimentos como a diminuição da mesa oclusal

através da montagem dos dentes artificiais até primeiro molar; distribuição ampla de cargas no

que se refere às regiões possíveis para o suporte, tanto para os elementos dentários, utilizando

mais de um suporte de cada lado, quanto para a fibromucosa subjacente, realizando moldagem

funcional e ampliação da sela tanto quanto for possível a fim de aumentar a área de distribuição

de forças. Outras medidas como mudança dos pontos de ocorrência da força através de

mesialização de apoios, utilização de apoios mais cervicais, uso de encaixes, bem como o

estabelecimento de bom equilíbrio oclusal e o indispensável uso do articulador no planejamento

desta prótese são auxiliares na obtenção do sucesso neste tipo de reabilitação (Todescan et

al.2009; Verri et al. 2007; Camargo 2005).

No presente trabalho é apresentada uma opção para esta problemática a qual vem gerando

resultados muito positivos que é a utilização de implantes osseointegrados em associação com

próteses parciais removíveis de extremos livres. Estes são utilizados para tornar possível a

modificação dos arcos edentados Classe I de Kennedy em Classe III, dessa forma modificando o

prognóstico desfavorável dantes apresentado segundo concordam Keltjens et al. (1993); Giffin

(1996); Mitrani et al.; Kelly (2003); Kuzmanovic et al. (2004); Mijiritsky; Verri et al. (2007);

Cunha et al.; Marra et al. (2008); Pelizer et al. (2010); Bortilini et al. e Silva et al. (2011).

Keltjens et al. (1993); Giffin (1996); Mitrani et al. (2003); Kuzmanovic et al. (2004);

Cunha et al. (2007); Cunha et al. (2008); Pelizer et al. (2010) e Silva et al. (2011) atestam que a

utilização dos implantes não só é capaz de modificar a classificação da arcada como em

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associação com a prótese parcial removível, produzirá benefícios como a prevenção da

reabsorção óssea, induz ao aumento da estabilidade e retenção da prótese, impede ou reduz a

intrusão desta sobre o rebordo, atua na distribuição da forças de tensão nos dentes suporte de

maneira a distribuí- las melhor, bem como garante maior conforto ao paciente e isso é verificado

na totalidade dos estudos publicados.

Durante os movimentos funcionais, principalmente os mastigatórios a prótese parcial

removível de extremidade livre tende a se deslocar, já que não possui um ponto de apoio ou

parada distal, aumentando então a demanda de forças para os dentes anteriores que servem como

suporte. Estes, sob excessiva pressão, sofrem movimentações constantes, já que, quando a prótese

se desloca ela exerce pressão sobre eles causando mobilidade e conseqüentemente sua perda, isto

é comprovado por Verri et al. (2007); Marra et al. (2008); Cunha et al. (2008) e Todescan et

al.(2009). Keltjens et al. (1993) afirma que os implantes vão atuar de forma tal a diminuir os

valores de deslocamento e tensão sobre os dentes pilares porém Verri et al. (2007) e Cunha et al.

(2008) são discordantes e afirmam que a atuação vai ser somente no âmbito da tensão que será

distribuída de maneira mais uniforme, não impedindo os deslocamentos. Com relação à intrusão

que a base da prótese exerce sobre a fibromucosa nestes casos, é consenso de todos os autores sua

diminuição e o conforto ao paciente foi significativamente obtido e isso é atestado por Verri et

al. (2007); Pelizer et al. (2010); Mitrani et al. (2003) e Cunha et al. (2008).

As alterações características da Síndrome da Combinação que são relatadas por Mitrani et

al.; Kelly (2003); Cunha et al. (2007); e Todescan et al.(2009) podem apresentar na reabilitação

com implantes uma maneira de serem evitadas. Mitrani et al. (2003) e Cunha et al. (2007)

concordam que nesses pacientes o planejamento de reabilitação com uso de implantes posteriores

pode garantir equilíbrio de forças, estabilidade oclusal e, com isso o rebordo fica livre de forças

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danosas impedindo assim a reabsorção excessiva característica dos primeiros sinais e sintomas da

síndrome.

É conhecido que a reabilitação de pacientes edentados com o uso de implantes

osseointegrados necessita de uma série de requisitos a serem preenchidos. O paciente precisa ter

uma boa qualidade e quantidade de remanescente ósseo, algumas vezes precisam ser realizadas

cirurgias adicionais como lateralização de nervo alveolar o qual pode estar em área crítica para os

implantes, e enxerto ósseo, não esquecendo que este tipo de procedimento possui custo elevado

para a maioria dos pacientes. A opção por reabilitação com prótese parcial removível associada a

implantes osseointegrados oferece a vantagem de ser um procedimento, com as técnicas atuais,

rápido e que possui relação custo-benefício altamente satisfatória, pois utiliza um número

reduzido de implantes, apenas dois no caso das arcadas mandibulares Classe I de Kennedy. Os

implantes podem ser colocados no lugar de melhor adaptação de acordo com o remanescente

ósseo, e o comprimento pode ser o que melhor se adaptar porém a preferência é dada para os de

maior diâmetro segundo concordam Keltjens et al. (1993); Verri et al. (2007); e Marra et al.

(2008), não sendo motivo de discordância neste caso o comprimento, pois a existência de um

fator adicional de estabilidade da prótese já confere resultados positivos. Pelizer et al. (2010)

acrescenta ainda a questão da contribuição estética, pois o aumento da retenção poderia dispensar

o uso de grampos e apoios inestéticos, isso é observado nas avaliações visuais dos pacientes

reabilitados.

A retenção que a utilização de implantes pode oferecer em associação à próteses parciais

removíveis geralmente é feita através dos sistemas de retenção utilizados, como o sistema de

retenção ERA que foi objeto de avaliação nos estudo de Pelizer et al. (2010) e Giffin (1996)

sendo concordância dos autores que este é um bom método de retenção oferecendo resultados

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satisfatórios acrescentando que Pelizer et al. (2010) compara este a outros métodos utilizando a

análise pelo método de elementos finitos, verificando assim, sua melhor performance em relação

a outros.

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A utilização de implantes osseointegrados em associação com próteses parciais

removíveis vem se tornando um procedimento cada vez mais comum na clínica odontológica.

Através da literatura revisada, pode-se concluir que essa modalidade de tratamento tem se

apresentado bem sucedida tanto do ponto de vista clínico quanto em relação à avaliação pessoal

do paciente. O sucesso deve-se ao fato de que o implante fornece um ponto de parada para a

prótese o que reduz as forças de tensão geradas no rebordo edêntulo, aumenta a estabilidade desta

e em associação com sistemas de retenção oferece maior suporte limitando assim os movimentos

indesejáveis da prótese quando em função. O procedimento tem ainda a vantagem de necessitar

de período curto de realização e relação custo-benefício satisfatória, além de prevenir e diminuir

os efeitos da Síndrome da Combinação. No entanto, se faz necessário a realização de mais

estudos longitudinais para corroborar a técnica e seu sucesso.

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