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CRDA CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM A INCLUSÃO DA CRIANÇA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA EM SALA DE AULA Rose Mary Bachega Panzica São Paulo 2008

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CRDA – CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM

A INCLUSÃO DA CRIANÇA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA EM SALA DE AULA

Rose Mary Bachega Panzica

São Paulo 2008

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Rose Mary Bachega Panzica

A INCLUSÃO DA CRIANÇA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA EM SALA DE AULA

Trabalho de conclusão de curso para aprovação em curso de especialização Lato Sensu em Distúrbios de Aprendizagem e disciplina de Oftamologia da Faculdade de Medicina do ABC. Área de Pedagogia, sob a orientação da Professora Ms. Lucilla da Silveira Leite Pimentel

São Paulo 2008

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DEDICATÓRIA

Dedico este estudo:

Aos meus queridos pais, pelo constante amor e apoio.

Aos meus filhos e marido, pela eterna amizade e imensa ajuda.

A minha irmã, por todo o apoio e incentivo nesse desafio proposto.

Aos amigos que me acompanharam durante toda esta jornada acadêmica.

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Vale mais tornar-se um homem de valor

do que um homem de sucesso.

Albert Einstein

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha orientadora Professora Ms. Lucilla da Silveira Leite Pimentel,

pela paciência e por proporcionar tamanho aprendizado.

A todos os professores do curso de especialização Lato Senso em Distúrbios de

Aprendizagem pelo grande conhecimento proporcionado.

Aos nossos familiares, que sempre nos ajudam e apóiam em nossas decisões.

A minha amiga Regina Luiza Terribili Santos que me incentivou a dar continuidade

a minha jornada educacional e profissional.

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RESUMO

Segundo dados da ONU, a cada mil crianças que nascem no mundo, três nascem com

problemas auditivos, os quais muitas vezes não são percebidos pelos pais logo no nascimento,

mas sim no período em que se dá o início da fala ou até mesmo no começo da alfabetização.

Neste trabalho será evidenciada a importância de se detectar os problemas auditivos,

de serem percebidos o mais rápido possível e algumas formas de aprendizagem no início da

comunicação escrita e interpretação para que haja uma alfabetização específica de modo que a

criança portadora da deficiência auditiva possa ter um desenvolvimento intelectual

praticamente normal.

Este avanço deve ser conquistado numa parceria entre instituição, professores, pais e

alunos. Nesta pesquisa mostra-se-á o papel do professor e da instituição também na inclusão

da criança com deficiência auditiva.

Palavras chave: deficiência auditiva, aprendizagem específica, ensino, inclusão.

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ABSTRACT

According to ONU, to each a thousand children who are born in the world, three are

born with auditory problems, which many times are not perceive by the parents soon in the

birth, but only when he or she start to speaks or on the beginning of the alphabetization.

In this research, forms will be shown so that auditory problems are also perceived

quickly and forms of learning, beginning of communication, writing and interpretation, so

that it can have the beginning of the specific alphabetization, making with that the carrying

child of the auditory deficiency can have practically normal na intellectual development.

This advance must be conquered in a partnership between institution, teacher, parents

and pupils. In this research the paper of the teacher and the institution of the auditory deficient

child also reveal.

Key-words: audition deficiency, learning, education, inclusion.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ___ _____ 09

2. OBJETIVO_____________ ___ ___________ 10

3. MÉTODO____________ ________ 10

4. DESENVOLVIMENTO _________ ____ 10

4.1O Processo Auditivo ___ _______ ____ 11

4.1.1 Audição e Perda Auditiva em Crianças_______________________________________ ____ 12

4.1.2 Perda Auditiva _______ 13

4.2 Avaliação Audiológica__________________________________________________________ 17

4.3 O papel da família da criança com deficiência auditiva_________________________________ 17

4.4. Objetivos pedagógicos para as crianças com déficit auditivo__________________________ 18

4.5. A educação dos surdos_____________________________________________________ 20

4.6. A INCLUSÃO___________________________________________________________22

4.7. Recursos tecnológicos na inclusão_____________________________________________23

4.8. O papel do professor utilizando a linguagem de sinais (LIBRAS)________________________ 23

CONSIDERAÇÕES FINAIS _____________________________________________________________ 28

BIBLIOGRAFIA________________________________________________________________________ 26

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1. INTRODUÇÃO

O tema abordado neste trabalho está relacionado ao interesse em incluir o aluno com

deficiência auditiva no meio acadêmico e na sociedade.

Deste modo, procurou-se pesquisar e adaptar atividades que favoreçam os alunos que

apresentam alguma deficiência auditiva buscando integrá-los nestas atividades. Para tanto, o

orientador desses alunos deverá direcioná-los de maneira diferenciada, com a convicção de

que o aprendizado ocorrerá de forma adequada, bem como sua inserção no ambiente que

freqüenta, de modo que possa tirar proveito satisfatório de suas habilidades adquiridas e

ampliar suas condições para experiências de qualidade ao longo da vida.

O papel do professor é fundamental no sentido de orientar os pais para possíveis

alterações na audição de seus filhos e oferecer o devido apoio e instrução para que os mesmos

possam buscar ajuda com os profissionais adequados para um possível tratamento.

Gerado pelo amor aos seus alunos, principalmente aqueles com alguma deficiência

auditiva, o professor precisa ter a preocupação e a responsabilidade de desenvolver neles

outros potenciais, isto é, múltiplas inteligências (musical, pictórica, etc.) levando-os assim a

uma maior integração com o grupo e a comunidade, realizando a verdadeira inclusão escolar.

A questão da deficiência auditiva está sendo motivo de maior atenção de especialistas

ligados às áreas de educação e saúde com relação a seus impactos sobre o desenvolvimento e

a aquisição da aprendizagem. Considerada um estado patológico do órgão auditivo, de origem

hereditária ou mesmo adquirida, geralmente instalada na primeira infância, essa deficiência

poderá prejudicar o desenvolvimento da fala e da linguagem.

Essa deficiência apresenta-se em vários níveis: leve, moderada, severa ou profunda.

Diversas atividades físicas e psíquicas dos alunos podem ser afetadas em função da

diminuição da capacidade auditiva, portanto, é de extrema importância um tratamento

preventivo para essa questão.

É importante se “detectar”, ou seja, fazer um levantamento de dados das incapacidades

auditivas o mais breve possível por profissionais ligados às crianças, para que uma triagem

audiológica e avaliações longitudinais ocorram.

Este estudo busca re-pensar a inclusão de crianças com perdas auditivas em escolas

regulares. Sugere procedimentos que possam a ser adotados pelos professores envolvidos no

processo de inclusão. Algumas adaptações que também necessitam ocorrer tanto no ambiente

físico quanto no pedagógico, levando-se em consideração o papel do professor como um

facilitador na caminhada do aprendizado.

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O papel da família também é valorizado, integrado com a escola e com a equipe

interdisciplinar.

Ao longo dessa pesquisa buscou-se também demonstrar a necessidade de se utilizar

um conjunto de estratégias e atividades diversificadas incluindo a essas atividades a

linguagem de sinais (LIBRAS).

2. OBJETIVO

O objetivo dessa pesquisa científica é pensar sobre algumas formas de prevenção no

trabalho escolar da criança com deficiência auditiva para que não ocorra conseqüências mais

severas do que já encontradas por sua patologia. Além disto, descrever a importância de

proporcionar um aprendizado específico para que a criança comece o desenvolvimento da

fala, interpretação e escrita sem que haja complicações maiores em seu processo de

aprendizagem.

3. MÉTODO

A metodologia adotada para a elaboração de conclusão de curso que se apresenta em

tópicos se baseia em consultas bibliográficas para fundamentação da temática e adaptação de

atividades nas quais os alunos com deficiências auditivas poderão realizá-las no processo de

inclusão.

4. Desenvolvimento

Nesta etapa, trazemos considerações teóricas para esclarecer características essenciais

do órgão auditivo, bem como o que afeta a sua perda e a importância da avaliação

audiológica. Em um segundo momento, introduzimos o papel dos pais e da escola para que

haja a inclusão de crianças com déficit auditivo. Finalizamos com a linguagem dos sinais,

comunicação por excelência no trato com tais crianças (ou deficientes auditivos, se preferir).

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4.1. O Processo Auditivo

Segundo Northern e Downs (2005), a audição é um dos nossos sentidos mais

importantes. É através dela que percebemos e compreendemos sons complexos, isto é, por

muitas vezes não identificados.

O órgão da audição (ouvido) deve processar sons suaves ou mesmo fortíssimos como

por exemplo, de uma avião à jato decolando.

O órgão auditivo pode ser descrito em três seções principais:

• Orelha Externa;

• Orelha Média;

• Orelha Interna.

A orelha externa consiste no pavilhão auricular e no meato acústico externo. Já a

orelha média inclui tímpano (membrana timpânica) e uma pequena cavidade de espaço aéreo

que contém os três menores ossos do corpo; a cóclea da orelha interna (contendo células

sensoriais) que estimulam os impulsos neurais dos nervos auditivos para o cérebro.

Existe uma segunda via para o som, segundo essa via de condução óssea, por exemplo,

quando uma pessoa ouve a sua própria voz gravada (áudio ou vídeo) logo essa pessoa acha

que sua voz fica “estranha”. A voz gravada parece “natural” para outros, porque as pessoas

sempre escutam a pessoa pelas ondas conduzidas pelo ar até os seus próprios sistemas

auditivos. No entanto, para o indivíduo que escuta sua voz gravada é estranho porque as

pessoas sempre ouvem suas próprias vozes pela condução óssea quando falam. Devido a

orelha interna estar envolvida dos ossos do crânio, sendo que as vibrações são conduzidas

através da mandíbula e do maxilar (e mesmo através da garganta), fazendo com que os

líquidos se movam dentro da orelha interna.

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Fig.1: Ilustração do sistema auditivo humano Fonte: Instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES)

4.1.1 Audição e Perda Auditiva em Crianças

Segundo Northern e Down (2005), desde muito tempo atrás, a função da audição

tornou a base principal sobre o sistema de comunicação. Se os seres humanos primitivos não

tivessem herdado a audição poderiam ter recorrido a sinais, tais como: a utilização dos dedos

das mãos ou até mesmo em desenhos na areia para compartilhar seus desejos e pensamentos.

Desta forma, a linguagem pode ser considerada uma função “biocomportamental”. Estas

estruturas são dependentes da estimulação auditiva para sua emergência na criança com

desenvolvimento normal. Sendo assim, existe uma interdependência primordial entre o

desenvolvimento da linguagem e a capacidade de ouvir.

Ainda de acordo com Northern e Down (2005), o feto nasce com bilhões de neurônios,

com trilhões de conexões que no caso do córtex auditivo, esperam ser estimulados. Se não

houver a estimulação esperada, como no caso da surdez, as sinapses entram em um processo

denominado “definhamento”. Portanto, a audiobilidade, isto é, a capacidade de ouvir, é vital

no processo do desenvolvimento normal da fala e da linguagem oral.

Um lactente surdo, assim considerado porque nasce sem a capacidade de ouvir sons,

tem cada vez menos sinapses disponíveis para desenvolver percepções auditivas e suas

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habilidades de linguagens associadas. Assim, torna-se impossível para essa criança adquirir a

“audição” como a conhecemos.

Ademais, sem os esforços de uma habilitação abrangente e de longo prazo é esperado

que essa criança possa apenas produzir linguagem por meio de símbolos visuais.

4.1.2 Perda Auditiva

Segundo Souza (2003), estudioso do assunto que abordaremos a seguir, a perda

auditiva não tem causa única, mas decorre de variadas causas possíveis, incluindo problemas

hereditários (de pai para filho) ou congênitos (quando o indivíduo nasce com a deficiência),

infecções, doenças ou situações traumáticas que afetam porções diferentes da orelha e do

mecanismo da audição.

Este autor classifica as perdas auditivas em:

a) Perda auditiva Condutiva

Isto ocorre devido a uma interferência na condição da informação sonora desde o

conduto auditivo externo até a orelha interna.

As perdas auditivas de condução são os tipos mais comuns diagnosticadas em

crianças, frequentemente resultante de infecções otológicas. Esta perda está frequentemente

associada às más formações craniofaciais. Embora algumas perdas de condução regridam

espontaneamente, a maioria requer tratamento clínico, e até cirúrgico, para que assim a

audição volte ao normal.

b) Perda Auditiva Sensório-Neural

Com relação a esta perda auditiva, segundo Souza (2003), podemos considerar normal

o mecanismo de transmissão de informação sonora, porém há um comprometimento na

transmissão do som pela via aérea (sistema tímpano-ossicular).

Há perda dos sons agudos e já existe conservação nos graves, ocorrendo também

ocasionalmente os sons graves comprometidos.

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c) Perda Auditiva Mista

Trata-se da coexistência de perdas auditivas condutiva e sensório-neural, em face

decorrência de uma alteração na condução do som até o órgão terminal sensorial, associada a

uma lesão do órgão sensorial ou do nervo auditivo.

d) Perda Auditiva Hereditária

Em sua obra, Souza afirma que em países desenvolvidos a perda auditiva está na

média de 60% das perdas auditivas pré –linguais, decorrentes de problemas genéticos.

Já nos países em desenvolvimento predominam as causas por infecções, tendo uma

diminuição com melhores condições de saúde pública. Estas perdas hereditárias podem ser

classificadas em:

Sindrômicas, não sindrômicas ou isoladas. Em relação à forma sindrômica, esta

corresponde a uma média de 30% dos casos em crianças, levando-se a considerar que a

grande parte das vezes a perda é do tipo condutiva ou mesmo mista.

Estudos realizados pelo Centro de estudos do genoma humano constatam centenas de

síndromes já descritas, sendo que a perda auditiva é uma das anomalias (irregularidade,

anormalidade) e, em muitos casos, decorrentes das alterações de formação embriológica, ou

seja, durante a formação da orelha do feto.

Foram delineados no genoma humano em média 60 genes responsáveis por essas

síndromes. São consideradas síndromes associadas à perda auditiva decorrente de aberrações

cromossômicas:

- Sindrome de Down;

- Sindrome de Edwards;

- Sindrome de Patan;

- Sindrome de Turner.

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e) Infecções Virais e Bacterianas

De acordo com Souza (2003) muitas infecções virais e bacterianas geram perdas

auditivas, podendo ocorrer no período pré-natal (antes do nascimento), sendo transmitidas

pela mãe ao feto ainda no útero.

Estas infecções também podem ocorrer nos períodos:

Perinatais: 8 semanas antes do nascimento ou 4 semanas após o nascimento.

Pós-natais: após o nascimento. Emprega-se a sigla STORCH para identificar as

infecções mais comuns na fase intra-uterina, ou seja, a fase na qual a criança ainda está dentro

do útero, e que representará fatores de grande risco.

São elas:

S- Sífilis;

T- Toxoplasmose;

O- Outras;

R- Rubéola;

C- Citomegalovirus;

H- Herpes.

Explicando estas infecções:

Sífilis - Transmitida por infecções intra-uterina pode manifestar-se da primeira à sexta

década de vida. Nos casos de início prematuro, ocorre a perda auditiva podendo ser súbita,

bilateral e grave.

Toxoplasma Gondii - Agente causador da toxoplasmose, transmitida pela via

placentária. Cerca de 17% dos recém-nascidos, apresentam perda auditiva moderada e

progressiva.

Rubéola - Considerada no Brasil uma das mais importantes infecções virais associadas

à surdez. A infecção materna se dá por via respiratória e o vírus atinge o feto pela corrente

sanguínea e placenta. Contraída no primeiro mês de gestação, há 50% de chance de infecção

no feto. Deficiência mental, anomalias do coração (cardiovasculares), esqueléticas, renais

hepáticas podem acompanhar a surdez de grau grave e profundo.

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Citomegalovirus - Agente mais comum de infecção congênita (homem), sendo uma

das mais freqüentes do retardo mental, alterações neurológicas do sistema nervoso central e

surdez na infância.

Herpes (simples) - Transmitida por contato com secreções (orais, genitais) de mães

infectadas aos seus recém-nascidos. Quando o HSV (herpes simples vírus) é contraído intra-

útero causa surdez sensório-neural.

Outros agentes infecciosos bacterianos e virais pós-natais, atingindo a orelha interna

através de suprimentos sanguíneos, acarretam lesões cocleares. A perda auditiva poderá ser

conseqüência de uma seqüela de uma meningite bacteriana.

Perda auditiva de grau grave a profundo ocorre em aproximadamente 10% dos

pacientes acometidos por sarampo.

A caxumba é uma das mais comuns de surdez sensório-neural unilateral, ocorrendo

principalmente em crianças na fase escolar, jovens e adultos. O contato é direto através de

gotículas de saliva do infectado. A perda auditiva aparece subitamente por ser unilateral,

geralmente percebida na adolescência.

Já uma perda auditiva (grave/profunda) com percentual de 6 a 10% poderá ocorrer em

pacientes acometidos por sarampo.

Conforme Souza (2003), a criança especial relaciona a surdez sensório-neural grave

bilateral, acompanhada de paralisia facial e vertigem, pode ocorrer no herpes Zóster

(síndrome de Ramsay Hunt).

f) Perdas Auditivas por medicamentos

Souza também considera que medicamentos como: antibióticos e alguns diuréticos,

podem levar a perdas auditivas com características sensoriais ao atingirem a orelha interna via

corrente sanguínea, provocando lesões em células ciliadas (provida de cílios), (2003, p.79).

A tolerância a uma determinada droga depende de uma série de fatores, sendo que

esses poderão ser considerados a dose utilizada, a sua relação no organismo, o uso anterior ou

simultâneo a outros agentes.

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4.2. Avaliação Audiológica

Nos últimos anos vem se observando um interesse crescente em estudar o

desenvolvimento de crianças nascidas pré-termo (prematuras, principalmente aquelas que

necessitam de cuidados intensivos ao nascimento).

Inúmeras propostas de triagens auditivas neonatais foram descritas visando identificar

alterações, principalmente a acuidade auditiva.

Devido à fragilidade do sistema nervoso central, ao longo do processo de

desenvolvimento pré-natal, é a parte do corpo mais sujeita a danos e dificilmente sua

recuperação é plena. De acordo com especialistas há a possibilidade de três grandes

ocorrências: paralisia cerebral e distúrbios cognitivos, deficiência auditiva e deficiência

visual.

Quanto aos recursos auditivos, eles apresentam várias razões, a partir da fragilidade e

imaturidade do sistema nervoso central e de todo o aparato auditivo, bem como do próprio

tratamento ministrado a esses pequenos pacientes, sobretudo os prematuros, no dizer de Belik

e Tessler (2006). Para esses autores, independente de ser prematuro ou não ou mesmo se

pertence a algum tipo de grupo de risco, o bebê recém nascido deve ser submetido, ainda no

hospital e prolongar-se nos primeiros meses de vida , ao exame de triagem auditiva, técnica

indolor, sem sedação ou preparo específico,com o uso de uma pequena sonda conectada a um

aparelho que registra o resultado (Ibidem).

4.3. O papel da família da criança com deficiência auditiva

Segundo Northern e Downs (2005), a família das crianças com deficiência auditiva

desempenha um papel central no sucesso de seu desenvolvimento. Cada vez mais, torna-se

claro que os pais são os melhores facilitadores para esse crescimento, aceitando-o como ela é

e o oferecendo oportunidades para minimizar essa perda, facilitando novas aquisições e

interesses que destaquem seus potenciais.

Embora muitas vezes os pais tenham uma grande suspeita de que seu filho tem um

problema auditivo, a confirmação da incapacidade ainda pode ser uma situação extremamente

traumática para eles, sendo de suma importância esta confirmação.

No que se refere ao filho surdo, a estudiosa Souza acredita que esta criança com

deficiência mobiliza nos pais, sentimentos de intensidade diferentes no momento da

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descoberta da deficiência e também em diversas fases da vida, gerando assim em cada família

sentimentos e comportamentos diferenciados.

Desta forma, os pais constantemente devem se adaptar à nova e desconhecida

realidade da surdez, sendo necessária na grande maioria dos casos uma orientação

profissional.

Segundo Cavalcante (2006), a família do deficiente auditivo precisa se conscientizar

que o mundo dos surdos não é uma calmaria, só porque nele não existem sons. As pessoas

que não escutam são sensíveis à vibração do ar causada pelos ruídos e têm uma percepção

extra que as fazem reconhecer ritmos e notarem quando alguém se aproxima. O deficiente

sente tudo, mesmo não ouvindo nada.

Na casa de uma criança surda poderá ocorrer a comunicação por gestos entre a família,

leitura labial ou ainda utilizando recursos como, por exemplo, uma lousa, onde a comunicação

poderá ser feita através de desenhos.

Deve-se ressaltar que o mais importante é o amor, carinho e afeto que a família deve

ter com a criança, seja ela deficiente ou não, respeitando sempre os seus limites e suas

habilidades.

4.4. Objetivos pedagógicos para as crianças com déficit auditivo

Com o objetivo de proporcionar aos deficientes uma estrutura de aprendizado, onde

será possível a inclusão dos mesmos, é primordial que se tenha um projeto político

pedagógico (PPP) nas escolas regulares.

O projeto político pedagógico tem como princípio uma transformação ou uma

mudança da escola. Esse projeto deve englobar os diversos segmentos da escola de forma

participativa. A construção do mesmo envolve um conjunto de aprendizagens, reflexões,

ações e relações, estas são somadas ao trabalho pedagógico, administrativo, financeiro e da

comunidade escolar. Todos esses esforços são necessários para estruturar o PPP. Todo esse

esforço possibilita a organização ou reorganização do currículo escolar.

Alguns exemplos de mudanças propostas:

• Rampas de acesso ao deficiente físico;

• Banheiros adaptados com barras de deslocamento, altura de pia diferenciada,

altura do vaso sanitário, altura dos interruptores, etc;

• Elevadores para deficientes quando a escola possuir mais de um pavimento;

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• Carteiras adaptadas;

• Telefone público com altura modificada;

• Currículo e planejamento escolar diferenciado.

Conforme Northern e Downs (2005), alegam que muitos são os objetivos propostos na

educação de crianças com déficit auditivo e surdas, considerando-se os quatro mais

importantes:

• Linguagem adequada;

• Estabelecimento de boa saúde mental;

• Estabelecimento da fala inteligível;

• Comunicação fácil com seus pares.

Essas metas não devem ser consideradas como limites alcançados pelos mesmos, mas

sim, as iniciais. Todavia, outras metas poderão ser estabelecidas, tais como: emprego,

satisfação no que realiza e independência.

A linguagem é sem dúvida o que mais preocupa os profissionais que atuam com as

crianças com deficiência auditiva.

Nascidas quase sempre em família de ouvintes, chegam à escola ou mesmo clínicas

fonoaudiológicas sem uma linguagem adquirida. Possuem uma comunicação desenvolvida no

meio familiar geralmente com idade avançada.

Para algumas crianças a aquisição plena da linguagem é um objetivo possível, para

outras, será necessário aceitar uma menor competência.

Saúde mental equilibrada - O aprendizado mais efetivo toma lugar no contexto

afetuoso e relações amigáveis, cultivada pela família, sendo muito importante para a criança

pequena durante os seus primeiros anos de vida, sendo estes os anos críticos no

desenvolvimento da linguagem.

Fala inteligível - Um dos objetivos importantes na educação de crianças surdas é a fala

inteligível. Todavia, uma atenção especial deve ocorrer ao colocar essa habilidade em um

nível muito alto dos objetivos pedagógicos.

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4.5. A educação dos surdos

Segundo Souza (2003), a primeira escola para surdos foi fundada em 1856, ainda no

governo de D.Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro, por um educador francês que também era

surdo. Essa escola posteriormente denominada Instituto Nacional de Surdos (INES). Em

1929, a segunda escola foi fundada denominada Instituto Santa Terezinha.

O atendimento educacional ao aluno surdo no Brasil pelas entidades privadas reflete

desde o início tendências: a inclusão no ambiente das instituições filantrópicas e sua

privatização além da influência que elas exercem na política educacional, na oferta de

atendimentos.

Ainda segundo Souza, com base em uma visão democrática e humanista de educação,

são necessárias alternativas educacionais que considerem projetos educativos e que estes

favoreçam ao desenvolvimento de pessoas com deficiência auditivas visando o exercício da

cidadania.

Para o atendimento educacional ao aluno surdo subentendem-se mudanças quanto às

atitudes da área educacional, quanto aos procedimentos, métodos utilizados, dentro de uma

pedagogia centrada na criança, e que venha a atender suas necessidades. Isto requer:

- Trabalho prévio e constante de informações (comunidade em geral);

- Preparo dos docentes/técnicos, pais, alunos e funcionários de maneira geral, para o

atendimento aos alunos com necessidades especiais;

- Cursos de capacitação para professores de classe comum sobre a questão da surdez;

- Incentivo à utilização de LIBRAS (Linguagem Brasileira de Sinais);

- Atendimento complementar pedagógico (professor/pais);

- Integração técnico-pedagógica;

- Supervisão/orientação/acompanhamento do processo de aprendizagem aos alunos com

deficiência auditiva pelos professores especializados.

Compete a orientação educacional dar subsídios ao professor, sugerindo as adaptações

necessárias no trato com crianças deficientes auditivas. É um trabalho conjugado ao

pedagógico, pois o professor carece de informações e de preparo para garantir e acompanhar o

processo de ensino e de aprendizagem na sala de aula, onde percepções, ritmos e capacidades

são tão distintas, ainda mais quando nela trata-se de incluir um aluno “deficiente”.

A orientação é um processo educativo individualizado de ajuda ao educando, na sua

progressiva realização pessoal, alcançada através da livre escolha de valores, e exercido

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intencionalmente por educadores em situações diversas, através da comunicação com o

orientando. Desta forma, o orientador faz com que o orientando descubra por si mesmo os

valores para a realização pessoal, através das escolhas que irão configurar o seu futuro. A

função do orientador é importante na democratização da escola, considerado um agente de

mudança.

É importante ressaltar que a criança com necessidades especiais também tem desejos

de se expressar e de aprender, por isso a atenção e o olhar atento do professor, desde a

educação infantil, em reconhecer e valorizar, bem como estimular suas habilidades, sem

evidenciar o órgão dos sentidos que se encontra em déficit, no caso aqui, o auditivo.

A postura do professor é essencial no atendimento ao surdo e, dentre elas, destacamos:

- Não falar de costas para a criança;

- Fazer uso de gestos, expressões corporais e mesmo de desenhos se não souber a linguagem

de sinais;

- Falar olhando e próximo da criança (linguagem labial);

- Quando já alfabetizada, oferecer antecipadamente os textos que serão trabalhados em sala.

- Utilização de instrumentos musicais confeccionados em sala de aula por todos os alunos,

visando a diferenciação dos diversos sons produzidos por esses instrumentos proporcionando

assim a integração dos alunos, como por exemplo, através da criação de uma “bandinha

musical”.

Uma equipe multidisciplinar, auxilia e norteia decisões necessárias, de modo que o

papel do professor esteja ligado ao do fonoaudiólogo pediátrico. Assim dirigentes e

professores precisam de acompanhamento de especialistas, formando parcerias, sobretudo

com otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos, psicólogos, neuropediatras, para oferecerem as

mais diversas oportunidades de o deficiente auditivo sentir-se incluído e feliz no espaço

escolar. Cabe ao professor apoiá-lo e direcioná-lo às possibilidades de uma vida quase que

“normal” desta criança, estimulando e acreditando no potencial deste ser que merece uma

chance.

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4.6. A inclusão

Conforme pesquisa no dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, inclusão é o ato ou

efeito de incluir. Ultimamente, fala-se muito em inclusão social, com forte apelo para redução

da discriminação e de injustiças no seio da sociedade. No que se refere a escola, o convívio

entre crianças e adolescentes, para que seja saudável e propício à aquisição do conhecimento e

da aprendizagem, exige o exercício de ações cada vez mais inclusivas; portanto, na

comunidade escolar deve-se falar e praticar tanto a inclusão social quanto esta que oportuniza

condições de qualquer aluno poder apreender.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação e Bases da Educação do Brasil que Implanta a

Inclusão

O Ministério da Educação, ao criar a LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação do

Brasil (lei n 9394/96), impôs que deverão ser oferecidas vagas na rede de ensino regular

àqueles alunos com necessidades educacionais especiais e, sempre que necessário, serviços de

apoio especializado na escola, para que, sua integração e seu desenvolvimento ocorra

satisfatoriamente.

Os sistemas educacionais especiais ou regulares deverão, através de seus currículos,

técnicas, recursos educativos ou métodos, atender às necessidades dos alunos com deficiência

auditiva.

No que se refere ao artigo 23 da Lei nº 9394/96, da LDB, os alunos integrados em

classes especiais ou regulares terão terminalidade de ensino fundamental quando apropriados

dos conteúdos curriculares independentes da forma de organização curricular.

Quanto à avaliação do desempenho do aluno, que apresenta dificuldade com a

oralidade da língua deverá ser considerada por comunicação através da linguagem de sinais

(Libras), consideração esta situada no parágrafo 1º da LDB.

Além da estrutura frasal, não deverá interferir na avaliação de desempenho das

mensagens escritas, segundo o 2º parágrafo da LDB.

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4.7. Recursos tecnológicos na inclusão

Conforme relato de Souza em sua obra, estudos nas áreas de engenharia eletrônica,

computação e entre outras áreas, possibilitou diverso recursos para o uso de pessoas surdas

com o objetivo principal de melhorar a percepção da fala, tanto na acústica, visual ou tátil.

Alguns equipamentos são especialmente projetados para solucionar problemas do seu

dia-a-dia. São eles:

• Dispositivos para telefone (que aumentam a intensidade do sinal telefônico podendo

ser portátil);

• Aparelho de telefone para surdos (TDD/TTY): A comunicação é escrita em tempo

real, desde que, quem receba a ligação disponha de equipamento semelhante. A

visualização da imagem é descrita em uma tela, podendo também ser impressa.

Também utiliza-se o som do toque do telefone com a freqüência mais alta ou até com

sinal luminoso (alerta);

• Dispositivo para TV e sistema de som: Projetados para melhorar o sinal da TV ou

aparelho de som, minimizando interferência do ruído de fundo ou da distância,

podendo ser utilizado em teatros, cinemas e igrejas. As legendas também são muito

utilizadas em filmes, programas e novelas, etc;

• Dispositivos de alerta: Para substituição em equipamentos como campainhas,

despertadores, alarmes, substituindo sinais auditivos por luzes (sinais visuais) ou

vibratórios (sinais táteis);

• A utilização de fax e e-mail ou comunicação on-line é também um recurso muito

interessante e acessível.

4.8. O papel do professor utilizando a linguagem de sinais (LIBRAS)

Introdução a LIBRAS

Ter um aluno portador de deficiência auditiva pode não ser um problema tão grande

quanto se imagina. Atualmente, muitas técnicas utilizadas com o aluno nessas condições

podem ser úteis também para os ouvintes. Cabe ao professor discutir com os alunos ouvintes

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um modo particular de como o seu aluno aprende, utilizando a linguagem de sinais (LIBRAS)

e diferenciando a língua da linguagem.

Segundo Kojima e Segala (2003), a Língua de Sinais é a língua natural da comunidade

surda. Esta língua, com regras morfológicas, sintáticas e pragmáticas próprias, possibilita o

desenvolvimento cognitivo da pessoa surda, favorecendo o acesso desta aos conceitos e aos

conhecimentos existentes na sociedade.

Pesquisa Lingüística tem demonstrado que as Línguas de Sinais são sistemas de

comunicação desenvolvidos pelas comunidades surdas, constituindo-se Línguas completas

com estruturas independentes das Línguas orais. Os sinais são formados a partir de

parâmetros, como a combinação do movimento das mãos com um determinado formato num

determinado lugar, podendo este lugar ser parte do corpo ou espaço em frente ao corpo.

Os parâmetros da Língua de Sinais:

- Configuração das Mãos

- Figuras Geométricas

- Movimento

-Orientação Espacial

-Expressão facial e/ou corporal

Na combinação desses parâmetros obtém-se o sinal. Portanto, falar com as mãos é

combinar esses sinais que formam num determinado contexto.

As Línguas são consideradas naturais quando são próprias das comunidades inseridas,

que as têm como meio espontâneo de comunicação. São adquiridas através do convívio social,

como primeira Língua (ou Língua Materna), por qualquer um de seus membros desde a mais

tenra idade.

Segundo Kojima e Segala (2003), há uma confusão e discussão em torno da aceitação

ou não da Língua de Sinais Brasileira por alguns ouvintes, devido às influências e

preconceitos sociais. Entretanto, não entraremos em questões filosóficas e lingüísticas para

defender ou atacar a Língua de Sinais Brasileira, mas verificou-se que existem pontos em

comum, que são indiscutíveis:

- Respeito pela Língua de Sinais;

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- O desenvolvimento cognitivo, sociocultural e acadêmico não dependem da audição, mas sim

do desenvolvimento espontâneo da sua linguagem;

- A LIBRAS facilita e propicia o desenvolvimento lingüístico e cognitivo da criança surda,

auxiliando no processo de aprendizagem de Línguas Orais, favorecendo a produção escrita,

servindo de apoio para a leitura e compreensão dos textos escritos.

A aprendizagem da linguagem de sinais pode ser empregada também como um

recurso lúdico, ou seja, através de brincadeiras, jogos mímica, adivinhações, entre os alunos

(surdos ou não), podendo ocorrer estas atividades em sala de aula, quadras de esporte,

brinquedotecas (sala de brinquedos) durante aplicações de conteúdos diversos, realizando

assim uma integração dos alunos e professores.

Atividades utilizadas pelo professor para adequação à aprendizagem dos deficientes

auditivos

É tarefa do professor ficar muito atento aos movimentos inclusivos do grupo-classe e

ao modo como o aluno com déficit auditivo participa da aula e aprende. Eis algumas

considerações quanto à:

Compreensão de texto:

Para verificar se o aluno surdo compreendeu um texto, peça que ele desenhe período

por período. Isso mostra quais palavras se perderam ou não foram entendidas.

Faça também perguntas que remetam aos elementos da sentença:

- Quem?

- O quê?

- Onde?

Assim, o aluno aprende a conjugação verbal e o uso de preposições, artigos e

conjunções.

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No que se refere à gramática:

Faça jogos com fichas sobre questões gramaticais com respostas de alternativas e

destaque a correta. O aluno adversário lê a pergunta e vê a resposta correta. O aluno

adversário lê a pergunta e vê a resposta certa. Quem errar perde a vez. Se a criança surda não

souber ler lábios (leitura labial), peça para um aluno escrever as questões num papel ou na

lousa.

Outra atividade muito interessante pode ser feita recortando períodos ou frases de um

texto e embaralhando-os.

As crianças devem ordená-los, treinando a seqüência lógica e o uso de palavras que

fazem a ligação entre os trechos.

Informações em imagens:

Para que o professor possa enriquecer as aulas, poderá produzir murais com palavras,

conceitos e conteúdos (classificação gramatical das palavras, a conjugação de verbos, os dias

da semana, os meses, as festas etc.).

Outra proposta é que o professor venha elaborar pastas temáticas com imagens para

cada assunto estudado.

Alguns outros recursos poderão ser utilizados em sala de aula para a inclusão dos

alunos com deficiência auditiva tais como:

Modalidade auditiva:

É particularmente útil em sala de aula e para diversas situações de comunicação em

grupo.

Neste recurso, move-se eletronicamente o sinal de fala para perto (15 cm) da orelha do

usuário, eliminando, assim, a distância para melhora do sinal. Para o deficiente auditivo que

tem bom aproveitamento da audição residual isto pode ser benéfico.

Modalidade Visual:

Utilizando-se de softwares disponíveis no mercado para serem usados em clínicas

especializadas.

Tem a finalidade de melhorar a produção da fala. Para o uso é necessário

microcomputador com placa de som, programa específico e microfone.

Para que seja utilizado, este programa deverá ter uma versão que utilize o português

falado no Brasil.

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Modalidade Tátil:

Utilizado principalmente para pacientes com perdas profundas da audição. Com o

emprego deste equipamento recebe-se o som através de um microfone, segmentando o sinal

por bandas de informações na freqüência acústica.

Através de eletrodos em contato com a pele, oferecem-se pistas específicas (sinal,

intensidade). Quanto maior o número de vibradores, maior será a informação. Estas atividades

propostas vem demonstrar as diversas formas de ocorrer uma aprendizagem com crianças

portadoras de deficiência auditiva, tanto no ambiente escolar, ocorrendo a inclusão das

mesmas, como também no âmbito familiar, levando-se em conta a socialização,

respeitando–se as diferenças, mas valorizando-se seus potenciais.

O papel do professor é de extrema importância na observação de qualquer

“anormalidade”, em relação a alguns problemas físicos de seus alunos, cabendo a ele um

“olhar” mais profundo, baseado em argumentos científicos. Deverá ocorrer é uma dedicação

responsável, mas muito amorosa para que ocorra assim uma verdadeira “aprendizagem pelo

amor”.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir de leituras específicas sobre nossa temática, bem como observações coletadas

de alunos, famílias, escolas com relação à inclusão de deficientes auditivos, foi possível

considerar:

- A importância da ação escolar, definida criteriosamente, para que haja uma efetiva

inclusão de alunos com deficiências diversas, tais como auditivas, visuais, físicas ou mesmo

mentais. A inclusão não ocorre somente em escolas especiais, mas também em escolas

regulares, considerando-se que o papel do professor, funcionários ou equipe interdisciplinar é

um trabalho efetivamente coletivo, sem negar a importância da família para que haja um

efetivo desenvolvimento psicossocial do aluno com deficiência.

- Diversos procedimentos utilizados, mudanças e adaptações tanto no ambiente físico,

como também em conteúdos, materiais complementares, estes por vezes confeccionados por

alunos ou professores para melhor desenvolver seu conhecimento.

- A capacitação de professores é também de grande relevância, levando-se em conta o

comprometimento e, sem dúvida nenhuma, o profissionalismo para uma significativa

aprendizagem.

O relacionamento aluno-professor deverá ser o melhor possível desde o primeiro

momento, inclusive no que se refere à confiança de ambos, para que assim possam ajudar em

relação às dúvidas e possíveis aflições sentidas por esses alunos.

Sublinhamos a cumplicidade e parceria entre família e escola, para que as diversas

situações ocorridas possam ser solucionadas de forma respeitosa, adequada e eficaz,

proporcionando o “melhor” para esse aluno.

São diversas as situações que este aluno pode enfrentar no início de sua inclusão

escolar, tais como: a rejeição dele em sala de aula pelos colegas, ou mesmo pelos familiares

dos demais alunos.

Seguindo nessa linha, foi relatado por uma professora, que atua em uma escola regular

inclusiva, que a discriminação maior ocorre pelos próprios familiares dos demais alunos (os

não inclusivos), que questionam o conteúdo pedagógico adaptado à realidade da inclusão

escolar, temendo que seus filhos venham a ter prejuízos em relação ao seu aprendizado. Esses

são alguns exemplos de dificuldades encontradas no processo de inclusão de alunos com

distúrbios de aprendizagem. A professora aqui em questão, disse a esses familiares que isto

não ocorria, pois cada aluno possui seu conhecimento próprio e suas habilidades.

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Não é fácil conscientizar a comunidade sobre a necessidade da inclusão escolar estar

presente em todas as escolas regulares.

Pode-se notar que esse trabalho de inclusão só é possível através do profissionalismo,

mas acima de tudo com respeito ao aluno que é um ser único, com idéias e dificuldades

próprias, mas que consegue, através de diferentes métodos e estratégias, chegar a seu

desenvolvimento intelectual e também social.

Qualquer que seja a deficiência do aluno inclusivo nestas escolas, jamais deverá ser

considerada como barreira ao conhecimento geral, mas sim, um novo caminho no qual

devemos percorrer e nos adaptar, para que desta forma o ser humano tenha iguais

oportunidades de crescimento.

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REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

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Duetto. Constituição Psíquica e Universo Simbólico. Coleção A mente do Bebê, 2006, vol.2.

CAVALCANTE, Meire. Além do Silêncio. Revista Nova Escola, São Paulo: Abril, Edição

especial 11, Outubro/2006.

NORTHERN, J.; DOWNS, M. Audição na Infância. 5a ed. São Paulo: Guanabara Koogan

Edi, 2005.

SEGALA, S.; KOJIMA, C. A Língua de Sinais. São Paulo: ed. Escala, 2003.

SOUZA, A. A Criança Especial. São Paulo: Roca, 2003.