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ROTA DAS IGREJAS D’ÉVORA | 05.04.2014

Passos da Paixão

A cidade de Évora ao longo dos séculos criou uma identidade própria, constituída por grandiosos edifícios civis, militares e religiosos; por edifícios simples e populares; praças, largos, ruas, travessas, becos e pátios; aquedutos, fontes e chafarizes; portas e janelas; esgrafitos, carrancas, ferros forjados; capelas, nichos e registos de azulejos; e muitos outros pormenores arquitetónicos e decorativos. A estes elementos de carácter material estão intimamente ligados aqueles que denominamos de imateriais, que são o viver e o sentir, as tradições e os saberes das suas gentes. E é esta Évora do Viver e do Sentir, da Fé e dos Pormenores, que iremos também percorrer. O calendário litúrgico tinha, e tem, uma pluralidade de cerimónias religiosas ao longo do ano, das quais muitas celebrações são comuns a todo o mundo católico. A forte presença da Igreja na cidade desde o período medieval, através de conventos, igrejas, colégios, capelas, ermidas, nichos, confrarias e irmandades, e uma universidade jesuítica e um seminário, contribuíram muito para a vitalidade das práticas religiosas em Évora, ao longo dos séculos. As cerimónias religiosas realizavam-se, e realizam-se, nos recintos fechados dos templos e nos espaços abertos das ruas, estendendo a sua presença a diversos pontos da cidade, mediante a realização de procissões e de grandes festejos. O “Regimento das Procissões da Cidade de Évora”, de cerca de 1482, é um verdadeiro tesouro documental para o conhecimento destas manifestações religiosas, sobretudo no que concerne à Procissão do Corpo de Deus. Em tempo de Quaresma tem todo o sentido realizarmos um percurso urbano subordinado aos Cinco Passos da Via Sacra, intimamente relacionados com a Procissão do Senhor dos Passos. Esta procissão é organizada pela Irmandade do Senhor dos Passos há mais de trezentos anos, e a sua sede localiza-se desde 1845 numa Capela na Igreja do Espírito Santo. Anteriormente, e desde a sua criação em

finais do século XVI ou princípios do século XVII, a Irmandade localizava-se numa capela do claustro do Convento de Nossa Senhora da Graça. E é neste local que iniciamos o percurso da visita aos cinco Passos (capelas), construídos entre 1720-1723, e a outros bens patrimoniais, como a Capela de S. Manços, a Capela de Nª. Srª. dos Reis e a “Procissão dos Caldeirões”, as Cruzes Evocativas, os Nichos de Santo António e da Santíssima Trindade ou dos Terramotos, Colégio dos Meninos Órfãos. Este percurso irá também conduzir-nos para vários momentos significativos da evolução histórica e urbana da cidade, que imprimiram a Évora a sua actual fisionomia.

Dr.ª Ludovina Grilo