Roteiro 6 - Agosto - Juventude e preconceito étnico-racial

4
Roteiro 6: Juventude e preconceito étnico-racial Objetivo : Proporcionar aos/às jovens uma oportunidade de refletir a respeito das questões étnico-raciais e como estas são construídas em nossa sociedade, com o intuito de combater o preconceito étnico-racial, gerador de violência entre e para com a juventude. Materiais : etiquetas adesivas, imagens de jornais e revistas, dados do IBGE sobre a questão étnico-racial, bíblia, vela, panos coloridos, flores, violão ou rádio. Ambientação: Colocar imagens recortadas de jornais e revistas de pessoas (diversas etnias) e folhas de ofício com dados da realidade étnico-racial brasileira (sugerimos retirar do site do IBGE, pesquisa divulgada em 2011 sobre Cor e Raça). 1)Acolhida: É importante que os/as jovens sejam recebidos com alegria e que sejam levados à sala onde o grupo se encontra, previamente organizada e ornamentada, mostrando que estavam sendo esperados. O/a coordenador/a expõe ao grupo a proposta do encontro e convida a todos para aproveitarem conjuntamente esse espaço privilegiado de formar ideias e opiniões e comprometer-se com a vida e com o projeto do Reino de Deus. 2)Dinamizando: Cada jovem deve receber uma etiqueta adesiva que deve ser colada na testa, sem que esse veja o que está escrito. Ideias para escrever nas etiquetas: negro, índio, alemão, gringo, americano, brasileiro, latino-americano, gaúcho, baiano, catarinense, bugre, cigano, argentino. A tarefa de cada um é: fazer o outro descobrir o que está escrito em sua testa. Porém, apenas com dicas: deve fazer gestos, expressões faciais e falas que ajudem o colega a descobrir o que está escrito em sua testa (não pode dizer diretamente). Após um tempo necessário para todos/as descobrirem seus rótulos ou então quando a dinâmica perder o interesse, os/as jovens poderão retirar seus adesivos da testa e verificar o que estava escrito. Conversar sobre os gestos e expressões realizadas durante a dinâmica. Que gestos e ações foram reveladores da etiqueta que carregamos? O que esses gestos e falas nos dizem sobre preconceito étnico-racial? A partir dos estereótipos da dinâmica, encontramos preconceito em nossas ações? E nas ações dos outros? Sendo assim, essa discussão sobre juventude e preconceito étnico-racial, é uma discussão pertinente em nosso grupo e em nossa sociedade? Vemos isso acontecer no dia-a-dia? De que formas e em que contextos? 3)Olhando a realidade: No jornal “Zero Hora” de sábado, dia 23 de julho de 2011, foi publicada a Notícia sobre a Pesquisa divulgada pelo IBGE sobre a influência da cor e da raça na vida das pessoas. Uma parte da notícia diz o seguinte: Levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado ontem, aponta que 63,7% dos brasileiros entrevistados acreditam que a cor ou a raça

Transcript of Roteiro 6 - Agosto - Juventude e preconceito étnico-racial

Page 1: Roteiro 6 - Agosto - Juventude e preconceito étnico-racial

Roteiro 6: Juventude e preconceito étnico-racial

Objetivo: Proporcionar aos/às jovens uma oportunidade de refletir a respeito das questões étnico-raciais e como estas são construídas em nossa sociedade, com o intuito de combater o preconceito étnico-racial, gerador de violência entre e para com a juventude.

Materiais: etiquetas adesivas, imagens de jornais e revistas, dados do IBGE sobre a questão étnico-racial, bíblia, vela, panos coloridos, flores, violão ou rádio.

Ambientação: Colocar imagens recortadas de jornais e revistas de pessoas (diversas etnias) e folhas de ofício com dados da realidade étnico-racial brasileira (sugerimos retirar do site do IBGE, pesquisa divulgada em 2011 sobre Cor e Raça).

1)Acolhida: É importante que os/as jovens sejam recebidos com alegria e que sejam levados à sala onde o grupo se encontra, previamente organizada e ornamentada, mostrando que estavam sendo esperados. O/a coordenador/a expõe ao grupo a proposta do encontro e convida a todos para aproveitarem conjuntamente esse espaço privilegiado de formar ideias e opiniões e comprometer-se com a vida e com o projeto do Reino de Deus.

2)Dinamizando: Cada jovem deve receber uma etiqueta adesiva que deve ser colada na testa, sem que esse veja o que está escrito. Ideias para escrever nas etiquetas: negro, índio, alemão, gringo, americano, brasileiro, latino-americano, gaúcho, baiano, catarinense, bugre, cigano, argentino. A tarefa de cada um é: fazer o outro descobrir o que está escrito em sua testa. Porém, apenas com dicas: deve fazer gestos, expressões faciais e falas que ajudem o colega a descobrir o que está escrito em sua testa (não pode dizer diretamente). Após um tempo necessário para todos/as descobrirem seus rótulos ou então quando a dinâmica perder o interesse, os/as jovens poderão retirar seus adesivos da testa e verificar o que estava escrito. Conversar sobre os gestos e expressões realizadas durante a dinâmica. Que gestos e ações foram reveladores da etiqueta que carregamos? O que esses gestos e falas nos dizem sobre preconceito étnico-racial? A partir dos estereótipos da dinâmica, encontramos preconceito em nossas ações? E nas ações dos outros? Sendo assim, essa discussão sobre juventude e preconceito étnico-racial, é uma discussão pertinente em nosso grupo e em nossa sociedade? Vemos isso acontecer no dia-a-dia? De que formas e em que contextos? 3)Olhando a realidade: No jornal “Zero Hora” de sábado, dia 23 de julho de 2011, foi publicada a Notícia sobre a Pesquisa divulgada pelo IBGE sobre a influência da cor e da raça na vida das pessoas. Uma parte da notícia diz o seguinte:

Levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado ontem, aponta que 63,7% dos brasileiros entrevistados acreditam que a cor ou a raça

Page 2: Roteiro 6 - Agosto - Juventude e preconceito étnico-racial

influenciam na vida. O estudo Pesquisa das Características Étnico-Raciais da População: um Estudo das Categorias de Classificação de Cor ou Raça coletou informações em 2008, em uma amostra de 15 mil residências realizada em cinco Estados (Amazonas, Paraíba, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso) e no Distrito Federal. Um terço (33,5%), no entanto, disse não identificar qualquer peso da cor no cotidiano dos brasileiros. Quanto mais jovens, mais ricos e com mais anos de estudo, maior foi a percepção dos entrevistados quanto ao peso da cor ou raça no cotidiano dos brasileiros. Os negros foram os que mais apontaram tratamentos diferentes em função da cor da pele no trabalho e diante da polícia ou da Justiça. Citaram raça como determinante também nas relações dentro das escolas e até no casamento e no convívio social. Outras situações de discriminação apontadas pelos entrevistados foram no atendimento à saúde e nas repartições públicas. Respostas Cor ou raça influencia na vida?

Estado Sim Não Não sabe

Distrito Federal 77,00% 22,70% 0,40%

São Paulo 65,40% 32,20% 2,50%

Paraíba 63,00% 30,70% 6,30%

Mato Grosso 59,60% 36,80% 3,50%

Rio Grande do Sul 57,90% 39,70% 2,40%

Amazonas 63,70% 33,50% 2,80%

Total 63,70% 33,50% 2,80%

Definindo alguns conceitos:

Raça: é um termo biológico elaborado por Europeus no século XIX, que se apoia em características físicas/biológicas para designar e classificar cada povo (Teologia da Libertação e Educação Popular, Negritude e Branquitude, CEBI, 2010).

Etnia: características culturais – língua, religião, costumes, tradição, sentimento de lugar – que são partilhadas por um povo (Stuart. Hall, Identidade e cultural na pós-modernidade, 1997. Disponível em: http://www.angelfire.com/sk/holgonsi/hall1.html) Vamos observar, faça uma experiência: Considerando que 50,3% da população brasileira é considerada negra (conforme IBGE, 2010): - Observe nos programas de televisão (qualquer emissora e qualquer horário) e verifique se as pessoas que lá aparecem correspondem à porcentagem da composição étnico-racial brasileira. Será que metade das pessoas que figuram na TV são negras? Por quê? Faça o mesmo exercício observando revistas e jornais. O que esse exercício nos faz pensar? - O grupo percebe relações entre preconceito étnico-racial e eventos de violência envolvendo a juventude? Quando? Em quais situações?

Page 3: Roteiro 6 - Agosto - Juventude e preconceito étnico-racial

4)Iluminação Bíblica: O povo de Deus, em sua trajetória, traz uma longa experiência de escravidão. Reflitamos sobre um pedaço desse caminho, através de Gn 47, 13-26.

O que essa passagem tem relação com o assunto que estamos discutindo? Quais são as personagens dessa passagem? Quais são as relações que podemos fazer com a violência exercida através das

desigualdades econômicas, sociais e, além disso, étnico-raciais? Como é composta, etnicamente, nossa comunidade? Há participação de diferentes

grupos étnicos em nosso grupo de jovens? Por quê? Quais são as formas de preconceito? O que essa leitura bíblica nos faz dizer? (Momento de preces, orações espontâneas).

5)Assumindo compromisso com a vida: Que tal o grupo fazer uma pesquisa para conhecer a composição étnico-racial de sua comunidade?

Que tal perguntar à comunidade sobre as relações étnico-raciais e sua relação com a vida cotidiana?

Como o grupo pode se comprometer com ações para diminuir a violência étnico-racial entre os/as jovens?

De que forma você pode fazer a diferença na sociedade quanto a esta temática? 6)Celebrando a vida: Em círculo, de pé, ler o trecho:

“A ternura emerge do próprio ato de existir no mundo com os outros. Não existimos, co-existimos, con-vivemos e co-mungamos com as realidades mais imediatas. Sentimos nossa ligação fundamental como a

totalidade do mundo. Esse sentimento é mais do que uma moção psicológica, é um modo de ser existencial que perpassa todo o ser. A concentração no sentimento gera o sentimentalismo. O

sentimentalismo é um produto da subjetividade mal integrada. É o sujeito que se dobra sobre si mesmo e celebra as suas sensações. Ao contrário, a ternura irrompe quando o sujeito se descentra de si mesmo,

sai na direção do outro, sente o outro como outro, participa de sua existência, deixa-se tocar pela sua história de vida. O outro marca o sujeito. Este demora-se no outro não pelas sensações que lhe produz,

mas por amor, pelo apreço de sua diferença e pela valorização de sua vida e luta” (Saber Cuidar, Leonardo Boff, p. 118 e 119).

Pedir que os/as jovens se abracem e se olhem nos olhos. Pedir que cada um fale um compromisso, uma mudança que quer assumir para a sua

vida a partir das reflexões desse encontro. Cantar: Utopia, de Zé Vicente.

ANEXO 1 – Sugestões de filmes e sites…

Vista a minha pele (Curta-metragem, dirigido por Joel Zito – disponível no youtube). Crash: no limite (2004) – Diversas histórias de pessoas de diferentes etnias que se vão se entrecruzando durante o filme. “A cor da cultura” (http://www.acordacultura.org.br/) – Site de um

projeto educativo que procura valorizar a cultura afro-brasileira. Uma Outra História Americana (1998) – Conta a história de uma família divida pelo ódio e preconceito racial. Amistad (1997) – Sobre a revolta de negros em um navio negreiro que chega na Costa dos EUA.

Page 4: Roteiro 6 - Agosto - Juventude e preconceito étnico-racial

ANEXO 2 – Bibliografia utilizada e sugerida

Boff, Leonardo. Saber Cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999. Igreja Católica. Irmandade do Servo Sofredor, Cratéus, CE. Profetas do Povo: dar a vida para criar vida. São Paulo: Paulinas, 2000. Pessoa de Lira, Lilian Conceição da Silva. Teologia da Libertação e Educação Popular. Negritude e Branquitude – Razões da (des) igualdade. São Leopoldo: ceca; co-edição CEBI, 2010. Zero Hora, Pesquisa do IBGE – Cor ou raça influenciam na vida. Porto Alegre, 23 de julho de 2011

MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O NÚCLEO BETÂNIA:

*Blog do Núcleo: http://nucleobetania.blogspot.com/

*Blog do Projeto AnunciAção:

http://www.projetoanunciacao.blogspot.com/

COMITÊ ESTADUAL DO RS [email protected] www.juventudecontraviolencia.blogspot.com

Este roteiro foi produzido pelos assessores

do Núcleo de Assessoria Juvenil Betânia.