Roteiro para uma analise Institucional - G. Baremblit Arquivo.pdf

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BAREMBLIT, Gregório Compêndio de Análise institucional e outras correntes: Teorias e prática/ 5ª. Ed. Beto Horizonte, MG: Instituto Félix Guattari, 2002 Capítulo VI ROTEIRO PARA UMA INTERVENÇÃO INSTITUCIONAL PADRÃO Vamos tratar de um roteiro para uma intervenção institucional do tipo standard, isto é, a mais habitual, a mais corriqueira, a mais conspícua. Antes de começar, no entanto, eu gostaria de fazer uma breve classificação - que, seguramente, será muito incompleta e esquemática - de algumas formas diferentes de intervenção, pois me parece que, metodológica e tecnicamente, é uma questão que não estou seguro de ter conseguido transmitir no percurso destes capítulos. É um assunto importante, porque quando não fica claro, permanece nas pessoas uma dúvida enorme no tocante à condição de contratação deste tipo de serviço. Então eu gostaria de, pelo menos, mencionar algumas delas. Tendo em vista a divisão já mencionada dentro do Institucionalismo entre a configuração de um campo de análise e um campo de intervenção, é evidente que o campo de análise consiste apenas num espaço conceituai ou nocional. Em outras palavras, é um tema do qual o institucionalista quer se ocupar. Esse tema pode ser abstraio ou concreto; pode ser contemporâneo, passado ou futuro. E pode ser muito vasto ou mais restrito. Mas 90 é um processo de produção de conhecimento com respeito a esse campo e não implica necessariamente uma intervenção técnica; envolve apenas o fato de que o institucionalista vai tentar entendê-lo. Aliás/ isso pode abranger até mesmo um tipo de material que não é propriamente histórico-social, no sentido das formas institucionalizadas-organizadas: pode ser um texto literário ou uma obra arquitetônica, por exemplo. Agora/ o campo de intervenção, como já foi dito, pressupõe um campo de análise, porque se pode entender sem intervir, mas não se pode intervir sem entender, embora durante a intervenção iremos entendendo cada vez mais. O campo de análise pode não coincidir, em termos empíricos, com o campo de intervenção. Ou seja, pode-se escolher como campo concreto de intervenção uma fábrica, uma indústria. Mas pode-se delimitar um campo de análise que não compreenda unicamente o entendimento dessa fábrica, e resolver estudar o processo histórico de implantação desse tipo de indústria no Brasil, para poder saber como funciona essa organização concreta, fabril, escolhida como campo de intervenção. Partindo, pois, dessa discriminação entre campos de análise e campo de intervenção, digamos que as modalidades de intervenção podem ser variadas. Uma modalidade de intervenção - aquela a que vamos nos referir de forma predominante quando repassarmos este roteiro standard, tradicional- é um serviço oferecido desde posições mais ou menos clássicas, convencionais, habituais, dentro do panorama social. É o que se dá como serviço oferecido na condição de profissional liberal ou autônomo, na 1

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  • BAREMBLIT, GregrioCompndio de Anlise institucional e outras correntes: Teorias e prtica/ 5. Ed. Beto Horizonte, MG: Instituto Flix Guattari, 2002

    Captulo VI

    ROTEIRO PARA UMA INTERVENO INSTITUCIONAL PADRO

    Vamos tratar de um roteiro para uma interveno institucional do tipo standard, isto , a mais habitual, a mais corriqueira, a mais conspcua. Antes de comear, no entanto, eu gostaria de fazer uma breve classificao - que, seguramente, ser muito incompleta e esquemtica - de algumas formas diferentes de interveno, pois me parece que, metodolgica e tecnicamente, uma questo que no estou seguro de ter conseguido transmitir no percurso destes captulos. um assunto importante, porque quando no fica claro, permanece nas pessoas uma dvida enorme no tocante condio de contratao deste tipo de servio. Ento eu gostaria de, pelo menos, mencionar algumas delas.

    Tendo em vista a diviso j mencionada dentro do Institucionalismo entre a configurao de um campo de anlise e um campo de interveno, evidente que o campo de anlise consiste apenas num espao conceituai ou nocional. Em outras palavras, um tema do qual o institucionalista quer se ocupar. Esse tema pode ser abstraio ou concreto; pode ser contemporneo, passado ou futuro. E pode ser muito vasto ou mais restrito. Mas

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    um processo de produo de conhecimento com respeito a esse campo e no implica necessariamente uma interveno tcnica; envolve apenas o fato de que o institucionalista vai tentar entend-lo. Alis/ isso pode abranger at mesmo um tipo de material que no propriamente histrico-social, no sentido das formas institucionalizadas-organizadas: pode ser um texto literrio ou uma obra arquitetnica, por exemplo.

    Agora/ o campo de interveno, como j foi dito, pressupe um campo de anlise, porque se pode entender sem intervir, mas no se pode intervir sem entender, embora durante a interveno iremos entendendo cada vez mais. O campo de anlise pode no coincidir, em termos empricos, com o campo de interveno. Ou seja, pode-se escolher como campo concreto de interveno uma fbrica, uma indstria. Mas pode-se delimitar um campo de anlise que no compreenda unicamente o entendimento dessa fbrica, e resolver estudar o processo histrico de implantao desse tipo de indstria no Brasil, para poder saber como funciona essa organizao concreta, fabril, escolhida como campo de interveno.

    Partindo, pois, dessa discriminao entre campos de anlise e campo de interveno, digamos que as modalidades de interveno podem ser variadas. Uma modalidade de interveno - aquela a que vamos nos referir de forma predominante quando repassarmos este roteiro standard, tradicional- um servio oferecido desde posies mais ou menos clssicas, convencionais, habituais, dentro do panorama social. o que se d como servio oferecido na condio de profissional liberal ou autnomo, na

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  • condio de sociedade cientifica - uma sociedade cientfica de Anlise Institucional que oferece trabalhos, por exemplo; o exerccio oferecido por um estabelecimento de prestao de servios privados, um instituto de Anlise Institucional que pode ser uma sociedade annima de responsabilidade limitada ou uma micro empresa; o que pode ser oferecido por um departamento especial de uma faculdade, um departamento de Anlise Institucional numa universidade.

    Outra modalidade possvel de prestao deste servio pode ser feita por parte de uma equipe que integra, que interna organizao na qual se vai intervir. o famoso caso, por exemplo, do departamento de Recursos Humanos de uma empresa, que tem de fazer uma interveno dentro de sua empresa mesma,

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    ou um departamento de acompanhamento institucional de uma universidade.

    Outra possibilidade a de uma prestao de servios feita de uma maneira parecida com esta anterior, que acabamos de expor, mas menos caracterizada burocrtica e profissionalmente. Por exemplo, o caso de um sindicato ou de um partido poltico que, nos seus quadros, tem institucionalistas que so militantes formais. Ento, esse sindicato ou esse partido poltico pede a seus militantes institucionalistas uma interveno em um setor, em um segmento, em uma frente, em um espao da vida e da atividade partidria, trabalho esse que pode ser ou no pago, contanto que seja considerado como parte da vida militante. Mas, em todo caso, um acordo muito definido, pois se trata de uma oferta e uma solicitao formais, em que se reconhece no militante institucionalista um saber "especfico"/ e ele procurado nesta condio.

    Uma outra possibilidade aquela pela qual um institucionalista - que no se caracteriza como tal e no oferece seus servios como tal- infiltra-se em uma organizao, qual ele pode pertencer organicamente ou no, e o faz sob um rtulo, na condio de qualquer outra coisa que faa parte dos papis formais existentes nessa organizao, mas que no seja o de institucionalista. o caso, por exemplo, de um morador numa associao de bairro, em que ningum sabe que seja institucionalista, ningum est informado de que ele oferece servios institucionalistas, mas que, dentro de seu papel de morador, opera como institucionalista, sem explicitar essa condio.

    Existe uma ltima possibilidade dentro desse espectro esquemtico que ainda pobre, limitado, que consiste numa variao dessa ltima possibilidade. Uma variao que parece a menos comprometida e, sem dvida, a mais difcil de todas: a daquele que pratica o Institucionalismo na convivncia cotidiana. Ou seja: aquele que nem oferece servios como institucionalista, nem solicitado como tal, nem se infiltra sob outra condio no formal, mas simplesmente um "cristo", isto , um prximo que, tendo assimilado princpios tericos, formas tcnicas de operar, vive dessa maneira, convive dessa forma e, ento, pratica o Institucionalismo com sua mulher, com os filhos, com os companheiros, com os adversrios. Em outras

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  • palavras: aquele que tem do mundo uma concepo institucionalista e uma maneira de viver de acordo com esses princpios. Isso inclui o seu mbito de trabalho, mas principalmente na coexistncia, na colaborao cotidiana com seus companheiros, que ele se comporta como institucionalista.

    Essa esquemtica sistematizao requer um tratamento, uma explicitao e uma abordagem muito detalhados e complexos das peculiaridades que adquire cada uma dessas inseres possveis, o que no faremos por vrias razes; em primeiro lugar,porque ela no foi exaustivamente feita em texto algum -e suspeito que jamais ser feita, porque demasiadamente ampla, heterognea, complexa, inclusive por causa da pretenso institucionalista de que cada interveno tem de ser singular, tem de ter uma caracterstica de originalidade, de irrepetibilidade, o que torna a sistematizao dessas diferenas eventualidades muito difceis e improvveis. Mas, em todo caso, o importante reter isso, a amplitude de possibilidades, amplitude essa que produz um efeito contraditrio nos jovens institucionalistas, porque esses novatos so formados dentro de uma orientao disciplinar: querem ser especialistas, querem ser profissionais e querem ter um corpo de saber e de prescries, de estratgias e de tticas, claro, simples, limitado e preciso. Querem saber quem so, que direitos tm, que deveres tm, qual o seu estatuto cientfico, qual sua condio profissional, e querem ter uma teoria simples, clara, assim como opes tcnicas no demasiadamente numerosas para poderem saber, com toda facilidade, o que devem fazer em cada conjuntura. E nisso consiste a formao disciplinar que tende a produzir tcnicos e, em muitas ocasies, embora no em todas, condio de tcnico se acrescenta a de funcionrio ou de burocrata.

    Felizmente ou no, o Institucionalismo no assim; no isso o que ele prope, apesar de que, em algumas ocasies infelizes, possa vir a cair nisso. Ento, essa amplitude gera nos jovens agentes uma angstia, um mal-estar que pode derivar numa recusa, que pode lev-los a adotar uma atitude depreciativa que os conduz a dizer: "Isso muito vago, muito complicado, muito impreciso; no fao; deixe-me tranquilo como mdico, como advogado, algo tradicional e no demasiadamente autocrtico." o famoso problema de focalizar isso de maneira otimista ou pessimista. A maneira pessimista dizer que muito

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    complicado, muito impreciso, h demasiadas opes. A maneira otimista dizer: "Graas a Deus, h tantas possibilidades e tantas margens para a inveno..."

    O que vamos desenvolver agora apenas uma dessas formas de interveno, que a interveno institucional standard a qual: l) no a nica (o que espero, tenha ficado claro); 2) nem sempre a melhor - apesar de costumar ser a mais clara e a mais sistematizada; e 3) muito frequentemente no possvel, porque as caractersticas da demanda no a propiciam. Ento, deve-se ter cuidado, porque se a gente se prende a esse tipo de interveno, se se apega a esse modo de operar, corre o risco de pensar que quando ele no possvel, no existem outros que pelo menos, deixaremos esboados.

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  • Ora, a interveno apresenta uma srie de passos que tm de ficar bem explicitados. So passos ideais, aos quais deveramos prestar ateno, tratar em separado a cada um deles durante a interveno, se houvesse tempo, se houvesse calma, se houvesse dinheiro, se houvesse todas as condies necessrias para fazer as coisas de maneira confortvel. Em geral essas condies no existem, ento pulam-se e misturam-se passos, e age-se, mais ou menos, "como possvel". Se vocs querem umexemplo corriqueiro, conhecer esses passos e execut-los como em algumas pocas gloriosas da etiqueta, quando nos ensinavam a caminhar de maneira elegante e, ento, se nos diziam: calcanhar- planta-ponta, calcanhar-planta-ponta... Ora, ningum caminhaassim. Mas acontece que caminhar assim resulta num andar elegante. Depois, a gente no vai mesmo pensar nisso, e simplesmente caminha mais ou menos, to elegantemente como pode. Ou como quando a gente aprende a nadar, que consiste primeiro em levar o brao direito, depois o brao esquerdo, e bater as pernas coordenadamente, e a cabea se volta para esse ou aquele lado... Quando a gente nada assim, s pensando nessas regras, se afoga, apesar de ser a maneira mais correia de faz-lo...

    O primeiro passo consiste em fazer a anlise da produo da demanda. Isso, em um sentido particular, consiste no cuidadoso exame que a organizao ou a pessoa que est para fazer a interveno institucional faz da maneira como ela ofereceu os servios; ou seja, o estudo da forma como ela produziu a demanda que lhe feita. Temos enfatizado muito que correntes

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    atuais, tanto de Marketing quanto de Psicanlise, ou de Psicanlise e Marketing (que no esto nada separados), tm insistido bastante na questo da demanda do usurio: o usurio demanda isso, mas no sabe que, na verdade, demanda outra coisa. Sistematicamente se esquece, nessas leituras, nessas investigaes, que no existe demanda espontnea, que toda demanda produzida, gerada, e que existe um cruzamento na natureza da demanda, de tal maneira que no necessariamente a organizao que oferece um servio a nica responsvel pela produo de demanda desse servio. Muitas vezes, a produo da demanda de um servio, por exemplo, um servio de sade, "naturalmente", em princpio, produzida plos estabelecimentos de sade que oferecem seus servios. Mas ela produzida, igualmente, pela falncia, por exemplo, de outras ofertas de outras organizaes e dos servios dessas organizaes que so incompletos, que so distorcidos, que so anacrnicos e que geram demanda de servios de sade porque no resolvem bem os problemas da sua especificidade. Em outras palavras:

    como as organizaes responsveis pela demanda urbanstica, de moradia, realizam mal e resolvem mal sua oferta, elas produzem uma demanda qual no respondem. Isso trazconsequncias em sade; os problemas sanitrios, por exemplo. Ento, quem que gerou a demanda do servio de sade? No foram apenas os estabelecimentos de sade. Foram tambm os estabelecimentos de urbanizao, no por gerao de uma demanda de sade coerente, racional e consciente, articulada com a oferta, mas pela inconscincia e pela falncia de sua oferta. Mas esse exemplo que acabo de dar

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  • insignificante, porque, devido s questes de atravessamento e s questes de transversalidade, isso se torna um complexo mecanismo no qual a gente s consegue averiguar algumas das determinantes cruzadas da produo de demanda com a oferta... e em geral se perdem muitas. importante que isso fique claro. Mas, em todo caso, o mnimo que podemos saber sobre isso que no existe demanda espontnea e natural, nem universal, nem eterna, mas, pelo contrrio, ela produzida pela oferta. Portanto, a primeira coisa a ser feita ao nvel de um campo de anlise uma pesquisa, a mais ampla possvel, de como produzimos a demanda de servios. Nesse caso, a demanda de Anlise Institucional , como o leitor compreender, nem mais nem menos que o comeo da

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    anlise da implicao. Porque se a anlise da implicao a anlise do compromisso scio-econmico-poltico-libidinal que a equipe analtica interventora, consciente ou no, tem com sua tarefa, ela comea pela anlise da implicao existente na oferta, ou seja, na produo da demanda. Na oferta ou produo de demanda h muitas caractersticas que no podemos detalhar aqui porque excede nossos propsitos. Mas h uma que temos de revelar, ter presente, e eu gostaria de descrev-la de maneira pitoresca, para que seja mais lembrada plos leitores. H uma piada famosa que se passa num forte militar, numa dessas guarnies que ficam l na fronteira. Um oficial pede a um soldado que suba na torre de controle para ver se os ndios esto vindo ou no. um forte americano, em territrio ndio. Ento, o vigia sobe, olha e diz: "Sim, os ndios esto vindo... So muitos; vm correndo." O oficial pergunta: "Mas esses ndios so amigos ou inimigos?" Ao que o soldado responde: "Olhe, devem ser amigos, porque esto vindo todos juntos..." Se a gente se lembra desta piada, fica mais fcil lembrar que a realidade com que trabalhamos vem toda junta. A diviso em especialidades, profisses, s existe dentro da classe ou da equipe, mas no nos usurios. A realidade "vem toda junta": as divises que fazemos so totalmente produzidas. Mas a realidade vem junta e ns no estamos juntos; o mais que conseguimos, s vezes, estar prximos, um ao lado do outro. E o que acontece que cada especialidade, cada profisso, acha que os problemas da realidade so problemas de seu campo. Isso no maldade dos agentes; pode ser uma desonestidade, e muitas vezes , mas no frequentemente. Acontece que o aparelho cientfico disciplinar e a condio profissional esto estruturados para isso, para encarar qualquer problema da realidade e estar, em princpio, convencido de que o problema nosso: de cada um, do especialista, do profissional. Ento, um senhor ou uma organizao vem consultar-nos sobre um problema de sade. Eu sou especialista em sade. Alm disso, sou profissional. Vivodisso. Adquiri uma srie de conhecimentos nos quais confio porque eles tm-se demonstrado eficazes. Cabe lembrar que obtenho todo o meu dinheiro, todo o meu poder social e todo o meu prestgio atravs disso que eu fao. Ento no tenho culpade nada. Se algum me consulta por um problema de sade, certamente ele tem sade ou no tem sade e isso da minha

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  • alada. Ento: "Venha que esse problema comigo..." Quantos profissionais, quantos cientistas vocs conhecem que, aps ouvirem cuidadosamente alguma demanda, concluem que esse problema no para eles resolverem, e encaminham a algumaorganizao ou a outra especialidade? No se conhecem muitos profissionais assim... Existem poucos. s vezes h quem diga: "Sim, o problema meu, mas seria conveniente fazer uma consulta a um especialista em tal ou qual rea." Isso j muito, difcil de se ouvir. O que absolutamente improvvel de se ouvir uma resposta do tipo: "Permita-me dizer-lhe que esse problema no privativo de nenhuma especialidade. Esse problema tem de ser resolvido com seus amigos, seus companheiros, seus colaboradores ou sozinho." Estou tratando de ser simples. O problema fundamental esse: quando a gente recebe uma demanda, a primeira coisa que ocorre que a gente tende a pensarque no tem nada a ver com a crtica dessa demanda; se o sujeito est demandando em primeira instncia, somos levados a aceitar que porque j sabe o que est demandando. E se me procura, estou a seu dispor. Procura-me porque algum lado do problema tem a ver com o que fao, e ento o atendo, esquecendo-me de que, se ele me procura, porque me ofereci. No necessariamente me ofereci a essa pessoa que me procura; pode ser uma oferta vasta, ampla, cruzada. Mas se eu no me oferecer, ningum me procura. Se eu no me constituo num lugar cientfico, profissional, se no vendo o que fao, ningum "compra".

    Ento, o que tenho de fazer analisar, com cuidado, como foi que vendi isso, para que foi que "vendi", que coisas, realmente, posso solucionar, que coisas posso solucionar parcialmente e que coisas no devo solucionar, devo encaminhar noutra direo oudevo devolver, dar de volta ao usurio o que ele solicita de mim. Essa a anlise da implicao na produo da demanda, ou seja, na oferta. Essa anlise tem aspectos conscientes e pr-conscientes formulveis assim: "Companheiros de equipe, vamos ver como foi que convencemos este fulano a nos procurar." Mas tem aspectos inconscientes, ou seja: que fiz eu, sem me dar conta, o que foi que fizemos ns sem dar-nos conta, para "capturar este peixe"? Mas claro que essa pergunta no tem uma resposta reflexiva e voluntria. A primeira coisa a ser feita para isso despojar-se da convico de que a oferta de nossos servios lcita, vlida, resolutiva etc., porque, pelo contrrio, o que

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    vivemos fazendo lutar pela legitimao, pela autorizao e pelo reconhecimento social de nosso servio.

    O passo seguinte a tentativa de anlise do encaminhamento/ isto : quais foram os passos intermedirios que conectaram o usurio-demandante conosco? H muitos, mas para dar um exemplo simples: qual foi o cliente que, definindo nossos servios como eficientes, chegou concluso de que seu prximo se beneficiaria tambm com esse servio? Quais so as razes vlidas e as razes inconfessveis, ou as razes recalcadas pelas quais ele fez esta recomendao? O que acontece quando quem fez esta recomendao um congnere, isto , no exatamente um colega, mas outro profissional e outro especialista que resolveu fazer a concesso de nos encaminhar algum? So passos intermedirios da conexo entre a oferta e a demanda. So as famosas frmulas: consulta a organizao tal ou o fulano de tal porque " o melhor";

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  • consulta porque " caro"; consulta porque " barato"; consulta porque ele "dos nossos". E preciso ver o que significa cada um desses atributos: qual o problema que aglutina a quem solicita. Consulta porque " daqui", ou porque "vem de fora". Tudo isso modula a demanda, e o faz com elementos conscientes e inconscientes no usurio, na mesmaproporo neles e em ns, que ofertamos o servio.

    O passo seguinte a anlise da gesto parcial. Isto : qual foi o setor da organizao que assumiu o papel de vir consultar- nos ou fazer o contato? E o setor de direo? E o setor administrativo? o setor financeiro? So os quadros intermedirios? So as bases? o proprietrio? Ou seja: a gesto parcial da demanda de servios protagonizada por diferentes segmentos da organizao. E isto muito importante, porque nos pode dar toda uma antecipao dos motivos desta consulta, os interesses em jogo, os desejos em pauta e, sobretudo, o grau de consenso, de unanimidade que motiva os protagonistas dessa solicitao. No a mesma coisa ser solicitado pela direo ouplos proprietrios e ser solicitado pelas bases. Costuma ser, para os institucionalistas, infinitamente melhor serem solicitados pelas bases do que pela direo ou plos proprietrios. Isso, sem dvida, no nenhuma garantia, porque as bases no sohomogeneamente revolucionrias, nem homogeneamente progressistas, nem homogeneamente sinceras. Coisa que se constata claramente naquela clebre frase que diz: "A. ideologia

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    dominante a ideologia das classes dominantes." Ento, as bases so, em geral, originais, singulares, solidrias etc., mas esto infiltradas plos interesses e desejos dos setores dominantes. Ento, ser solicitado por elas no garantia de uma intenotransparente. Isso tambm tem de ser analisado.

    O grupo que protagoniza a gesto parcial em geral no contm todas as partes, mas apenas uma delas. Estamos falando de uma situao ideal em que, geralmente, vem apenas um segmento (apenas uma parte faz a demanda). Por outro lado, uma organizao numerosa nunca vir toda para fazer uma solicitao. Vem um setor, que d uma viso absolutamente parcial da realidade. A compreenso da determinao dessa parcialidade importante, pois o fato de voc considerar o parcial que vai lhe permitir imaginar a existncia de uma totalidade complexa, contraditria, desigual, conflitiva. Isso, claro, sabendo que uma organizao nunca integralmente totalizvel.

    Ento, a anlise da gesto diz respeito a isso: como foi que esse grupo resolveu consultar e como foi que consultou. O passo seguinte a anlise do encargo.

    Na anlise do encargo h um problema terminolgico que seria interessante que ficasse claro para os leitores. H uma discriminao muito importante que se estabelece entre demanda e encargo. Nessa terminologia, demanda a solicitao formal,consciente, deliberada, que nunca coincide com o encargo, que um pedido que envolve os trs nveis da discriminao que fizemos entre m-f, desconhecimento e recalque. A diferena entre demanda e encargo pode passar por esses trs tipos de determinaes. A demanda nunca coincide com o encargo. Mas no coincide por qu? Por m-f? Pode

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  • ser. claro que as pessoas esto solicitando uma coisa, mas o que elas querem obter outra. Pode-se dar um exemplo clssico, mas no nico, nem exclusivo:

    a solicitao de interveno institucional, na medida em que a Anlise Institucional est cada vez mais em moda e que crescentemente ocupa lugares formais, uma solicitaoconsciente que, em geral, passa pela idia confusa de que um servio de Anlise Institucional forma parte da parafernlia de servios caractersticos do progresso, da tecnologia moderna em relaes humanas. Ento, a demanda geralmente uma demanda do tipo: "Bom, veja, viemos consult-lo porque sabemos da importncia desta disciplina e queremos melhorar o ambiente

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    dos operrios, da direo, ou queremos melhorar o clima entre professores e alunos, a comunicao, o entendimento, a negociao etc." Por qu? Porque j se sabe que existe uma tecnologia modernista que conhece do assunto e vai se ocupar disso. Ora,acontece que o encargo pode no ter nada a ver com isso. O encargo pode ter a ver, por exemplo, com algo que acontece quando, na organizao, est surgindo um grave conflito por problemas de condies de trabalho, por problemas de nvel de salrio, por problemas de autoritarismo na liderana, todo tipo de atritos mais ou menos explcitos. Ento, h uma demanda, num plano manifesto, de uma interveno profiltica, progressista,melhoradora. O encargo, no entanto, : "Olhe, veja se acaba com esta revolta, localiza os lderes, me aconselha como desmontar este movimento, como desmobilizar, como fragmentar, como paralisar isto, ou como aumentar a produtividade sem tocar naquesto do salrio." Isso pode ser feito com plena conscincia e com m-f. Muitas vezes o interventor solicitado tem uma trajetria que permite que lhe seja solicitado isso com toda clareza, porque um corrupto ou porque um reacionrio. H especialistas emfazer essas coisas. Agora, quem tem fama de institucionalista dificilmente ser solicitado abertamente para isso, porque j se tem uma vaga ideia de que se ele no revolucionrio, pelo menos democrata ou humanista. Ento no se lhe pede isso diretamente. Mas pode-se perceber, perfeitamente, que se diz uma coisa e seest pedindo outra.

    Mas a diferena entre a demanda e o encargo pode no passar pela m-f. Pode ser fruto do desconhecimento, ou seja, voc pode perfeitamente ter uma impotncia sexual psquica, e procurar um urologista, que no sabe uma palavra sobre isso. O urologista ir receitar, ento, cloridrato de ioimbina ou viagra, e se isso no funcionar, vai acabar implantando uma prtese peniana para ver se opera, quando, simplificando humoristicamente, trata-se de algum conflito com a "mame"... No comum isso? Trata-se, pois, de um problema de ignorncia. O usurio no tem como saber qual o lugar e o expert adequado (?) para a consulta.

    Mas pode ser, finalmente, um problema recalcado, inconsciente, de quem vem consultar algum que tenha reprimido (em um sentido amplo) qual seja a diferena entre sua demanda e o encargo recalcado, entre o que ele pede e o que ele inconscientemente espera conseguir.

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    Agora cabe aclarar uma coisa importante. Quando se simplificou isso, anteriormente, no tocante diferena entre a demanda e o encargo, em termos de m-f, de desconhecimento ou de recalque, falou-se no caso de quadros de proprietrios oude quadros diretivos que pedem um servio. Mas se os quadros so de base, pode acontecer exatamente o mesmo: o pedido pode ser fruto de m-f, de desconhecimento ou de recalque, porque os quadros de base podem fazer essa solicitao, por exemplo,porque no querem trabalhar, descartado o fato de que todo trabalho alienado, que sempre existe uma extrao de mais- valia, e que sempre h dominao etc. Mas vocs devem Ter ouvido, com frequncia, estes grandes "protestos revolucionrios", porque no se quer estudar, no se quer trabalhar. Ento solicita-se alguma reivindicao, mas tem-se outro pedido como encargo: "D um jeito para que a gente no trabalhe." J tenho recebido demandas dramticas, hericas, pelo fato de ter sido colocado o carto de ponto. E claro, numa sociedade onde o trabalho alienado, o carto de ponto querdizer muita coisa, e a maioria delas no boa. Mas tambm quer dizer que voc tem um horrio de trabalho que odeia cumprir, ou um estudo que no tem vontade de encarar, ou uma autocrtica que no consegue suportar. Sem dvida este desagrado pelo trabalho ou o estudo no produto de uma "natureza ruim", ou de uma essncia "vadia". Os determinantes do "desprazer ocupacional" na nossa sociedade so reais e espantosamente complexos. Frequentemente a "resistncia" tarefa uma ttica de luta que exprime o fato de que trabalhamos por dever ou forados pela sobrevivncia. Mas, em todo caso, bom que tais manobras fiquem claras para o institucionalista e para odemandante.

    J dissemos do que se trata a anlise de encargo parcial. J sabemos o que encargo, e tambm anlise da demanda parcial. Na realidade, no se podem separar esses dois pontos. Entendendo a demanda parcial e sua diferena em relao aoencargo parcial - so dois plos de uma unidade, no se pode entender um sem o outro -, ento temos de caracterizar os analisadores "naturais". Vocs se lembram do que analisador natural: um fenmeno (dito em termos clssicos, incorretos e ilustrativos) mais ou menos similar ao que Pichon Rivire chama de emergente, que o que surge como resultante de toda uma

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    srie de foras contraditrias que se articulam neste fenmeno. E so "naturais", porque no foram fabricados por um interventor institucional. Ento, suponhamos um analisador chamado natural (criticamos a palavra natural porque nada "natural"):

    um analisador natural seria um terremoto, e nunca nos chamaram para analisar um terremoto porque temos pouco para dizer a respeito disso, pelo menos enquanto acontecimento geolgico. Ento, no existem analisadores naturais propriamente ditos. Mn verdade os analisadores so espontneos ou histricos. Qual seria um analisador desse tipo? Grande, pequeno ou mdio, poderia ser uma greve, a morte de um operrio, o aumento das doenas de trabalho, uma grande briga: esses so analisadores chamados naturais. Ento, temos de caracteriz-los, delimitar quais so. l:

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  • quando tivermos feito tudo isso, poderemos chegar ao que se chama diagnstico provisrio. Um primeiro entendimento sobre o que est acontecendo l na organizao. S que esse diagnstico provisrio o que os mdicos costumam chamar de "presuntivo", que uma hiptese ainda especulativa sobre o quadro. Mas ento,temos de fazer, a esta altura, um contrato de diagnstico. Este contrato j implica a construo de dispositivos para ouvir todas as partes. O contrato de diagnstico um acerto, um convnio feito para poder construir um dispositivo no qual possamos ouvirtodas as partes. Porque s ouvimos uma, aquela que fez a demanda parcial. S que bom fazer este novo acordo, porque ele implica que o diagnstico j uma operao de interveno. Ento j tem de ser autorizado, legitimado e, no caso de existiremhonorrios, j devem ser pagos. Seno, o que acontece? Ioda a interveno pode acabar a, no entanto no valorizada plos usurios. Por isso, se entre outras coisas o institucionalista vive disso, interessante receber os honorrios, e tambm porqueum contrato de diagnstico lhe d direito a credenciais para poda ter acesso aos lugares que tm de ser diagnosticados. Seno, se vai l, entra-se para diagnosticar e o segurana te manda embora Depois do contrato de diagnstico, cria-se dispositivos pararecolher todo o material necessrio. Ento, tenta-se analisar, fundamentalmente, as defesas, isto , quais foram as resistncias que se levantaram nos outros setores que se foi ouvir. Com esse contrato, assegura-se o respeito geral necessrio, pelo falo ilrque, em primeira instncia, o institucionalista foi solicitado por um setor, por um segmento qualquer, e no por todo o coletivo.

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    O passo seguinte consiste em, a partir desse diagnstico provisrio, poder planejar uma poltica, uma estratgia, uma tnica e tcnicas para comear sua interveno. Mas no foi concludo ainda o diagnstico provisrio. Ainda um presuntivo j mais elaborado, mas no sequer o diagnstico provisrio. Ento vai-se criar analisadores construdos, ou dispositivos para poder recolher todos os dados do diagnstico provisrio. Porenquanto, s se ouviu os setores distintamente. Ouviu-se passivamente, mas no se criou condies para cutucar o no- dito que queremos investigar.

    Mas ser que quando crio instrumentos de investigao, de indagao, no estou deixando de ser institucionalista no sentido de que fao averiguaes ativas sob a minha tica? Posso correr este risco? Sim e no. Evidentemente um procedimento ative e no "natural"; "artificial" - j fizemos a diferena entre analisadores naturais e analisadores artificiais. Mas talvez isso se possa entendei" um pouco melhor simplificando esses dispositivos e analisadores construdos. Eles no so to indutivos assim, porque se trata simplesmente de propor. Vamos dar um exemplo fcil. Depois que se fez a investigao passiva, resolve-se que o analisador artificial que vai agitar o ambiente e que vai dar-nos o material mais profundo, mais crtico, mais comprometido, uma reunio de cineclube. Cheguei concluso de que vou propor a projeo de um filme e uma discusso sobre o mesmo, e importante, porque indireto, desloca a problemtica da situaoespontaneamente referida. Por outro lado, no demasiadamente indutivo, porque o interventor no est baixando regras, mas est propondo um dispositivo agitador, um agenciamento ativador. Os usurios podem aceitar ou no. Se no aceitam, teremos que

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  • pensar em outras alternativas. Uma vez aceito, pode dar certo ou no. Pode ter um resultado rico ou pode no dar em nada. Tambm se pode propor outra coisa bem interessante:

    um laboratrio prolongado de tini de semana em um espao diferente do habitual: vamos nos reunir todos em um lugar e vamos conviver durante estes dois dias e permitir-nos observar o que acontece nessa convivncia. E muito recomendvel e no nada autoritrio, nada impositivo. Depois que se executam os dispositivos do diagnstico provisrio, rene-se a equipe interventora e parte-se para analisar toda a colheita, fazendo-se a anlise da demanda e do encargo

    103definitivo. Da mesma maneira que ativamos esse coletivo ou mobilizamos e o colocamos em condies de manifestar-se muito mais livremente, muito mais ricamente/ tambm somos mobilizados/ somos igualmente ativados, temos uma vivncia de contato diferente. Ento, temos de voltar a fazer uma auto-anlise da implicao: o que foi que isso acordou/ despertou em ns, que no tnhamos percebido em todos os passos anteriores?Particularmente o material inconsciente. Por exemplo, depois de todo esse novo exame, temos adquirido solidariedade ou cumplicidade inconscientes com segmentos organizacionais? Isso agitou em ns ambies e desejos que no tnhamos e agorapercebemos? Por exemplo, quando se mantm uma convivncia prolongada, pode-se chegar concluso que dessa interveno podem ter origem dezenas de outras intervenes, porque essa agncia faz parte de uma cadeia nacional de agncias e que se a equipe fez uma boa interveno aqui, vai conseguir outras intervenes noutros lados. possvel no se dar conta de que essa ambio acordou-se nos interventores. Ento, a anlise da implicao significa pesquisar, exaustivamente, no coletivointerventor, quais foram os inconfessveis e imperceptveis ou recalcados que foram ativados. Nova anlise da implicao. Por que importante? Porque o passo seguinte o diagnstico definitivo e o planejamento da interveno definitiva. Nova poltica, novas estratgias, tticas, tcnicas definitivas, analisadores definitivos e um passo seguinte fundamental: proposta de interveno e novo contrato.

    Esse contrato definitivo, que envolve maior compromisso e requer mais retribuio, exige ter muito claro aquilo com que se est lidando e quais foram as ressonncias inconscientes que isso despertou na equipe interventora. Tambm ser preciso definirqual a orientao geral que vai ser dada ao processo, ser necessrio precisar quais so as estratgias, os movimentos fundamentais para conseguir os propsitos polticos; ser necessrio desenhar as tticas, os espaos onde se vai dar essa "guerra", a ordem dosmesmos, a importncia dos mesmos e as tcnicas, os procedimentos: psicodrama, tcnicas expressivas, qualquer tcnica, mas pensada anteriormente; uma festa, um cineclube, uma guerra simulada, um quebra-cabea coletivo, toda tcnica boa, sempreque a ttica, a estratgia e a poltica estejam bem claras e resultem do diagnstico definitivo e do entendimento da implicao.

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  • instrumentao de dispositivos para que esse coletivo continue fazendo, de forma permanente, o processo de auto-anlise e o processo de autogesto que induzimos, que introduzimos como hetero. Ns samos, e o trabalho continua. Podemos fazer umacordo de acompanhamento, de intervenes peridicas de atualizao. E, finalmente, j por nossa conta, temos de discutir, profunda e exaustivamente, como vamos elaborar todo o material, como vamos teoriz-lo e o que vamos fazer com ele, se vamospublic-lo ou se vamos obter algum tipo de benefcio com ele: o coletivo no qual intervimos est alheio, mas a implicao e os problemas ticos, polticos e econmicos continuam sendo importantssimos, sobretudo porque um material que nos pertence muito relativamente: propriedade do coletivo considerado. Nossa deciso dever ser submetida a ele.

    A interveno standard que tentei explicar tem milhares de variaes, tanto que se pode dizer que a regra so as excees. Mas, em todo caso, um esquema para se considerar e omitir os passos que no sejam possveis, que no sejam recomendveis,condensar tantos outros etc. Em todo caso, importante que cada interventor possa inventar um procedimento sui yeneris para cada situao.

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    Captulo VIROTEIRO PARA UMA INTERVENO INSTITUCIONAL PADROOutra modalidade possvel de prestao deste servio pode ser feita por parte de uma equipe que integra, que interna organizao na qual se vai intervir. o famoso caso, por exemplo, do departamento de Recursos Humanos de uma empresa, que tem de fazer uma interveno dentro de sua empresa mesma,Felizmente ou no, o Institucionalismo no assim; no isso o que ele prope, apesar de que, em algumas ocasies infelizes, possa vir a cair nisso. Ento, essa amplitude gera nos jovens agentes uma angstia, um mal-estar que pode derivar numa recusa, que pode lev-los a adotar uma atitude depreciativa que os conduz a dizer: "Isso muito vago, muito complicado, muito impreciso; no fao; deixe-me tranquilo como mdico, como advogado, algo tradicional e no demasiadamente autocrtico." o famoso problema de focalizar isso de maneira otimista ou pessimista. A maneira pessimista dizer que muitoOra, a interveno apresenta uma srie de passos que tm de ficar bem explicitados. So passos ideais, aos quais deveramos prestar ateno, tratar em separado a cada um deles durante a interveno, se houvesse tempo, se houvesse calma, se houvesse dinheiro, se houvesse todas as condies necessrias para fazer as coisas de maneira confortvel. Em geral essas condies no existem, ento pulam-se e misturam-se passos, e age-se, mais ou menos, "como possvel". Se vocs querem um