Rua! Poesia urbana

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POESIA URBANA EXISTENCIALISTA RUA!DOUTOR SCUDUFUM scudufumeditora

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POESIA URBANA EXISTENCIALISTA

RUA!DOUTOR SCUDUFUM

scudufumeditora

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P O E T A ANDAR I L H OIMPORTANTE

Doutor Scudufum escreveu esta introdução, porque pensa que é poeta. Por favor, não o contrarie.

Doutor Scudufum nunca teve carreira profissional. Sua aparência física, um misto de desencanto da idade e indiferença do mundo está se degradando. Cultiva hábitos anti-sociais e saberes inúteis. Conhece livros, autores, um pouco de arte, política, costumes. Consegue discutir durante cinco minutos com especialistas de qualquer área, mas só por cinco minutos, porque no minuto seguinte é possível constatar que não se especializou em nenhuma delas. É capaz de engasgar em esperanto e balbuciar em inglês, mas nada sabe de grego. Leu os clássicos e de tanto ler, viajou o mundo todo sem nunca ter ido a parte alguma. Não encontrou o túmulo do herói, o café dos impressionistas, a casa onde morreu Mozart, nem a nascente do Nilo. Pegou o trem que não devia, o avião antecipado, o hotel do lado oposto. A mulher que o amaria já havia partido, o irmão prometido ficou na Inglaterra e o amigo desejado nunca mais apareceu. Só restou uma avalanche, uma súbita queda de temperatura, uma mudança do fuso horário, um porre, um mal estar passageiro, uma diferença de caixa, a falta de um terno novo, o medo de arriscar, a precisão de um conselho. Está agora o pseudo-poeta seguindo a vida, pela estrada, as três da tarde...

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RUA !Projeto scudufumeditoraExecução Doutor ScudufumCapa imagem Felipe MoroziniImagens: Creative Commons / Pixabay Revisão Fernanda Magna

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Cooperativa de Escritores do Estado de São Paulo

HELENO, Luiz Marcelo dos Santos

Poesia moderna – Doutor Scudufum (Heleno, Luiz Marcelo dos Santos)- Scudufum Editora - São Paulo – 1a.Ed.- 2009.

1.Literatura 2.Poesia

Obra registrada na CEESP 00056487

Todos os direitos de reprodução, total ou parcial, por qualquer meio, protegidos e reservados

pela lei 9.610 de 19/02/98.

Fernanda, este livro é dedicado a você. É com a literatura que te traio!

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UM PARA-RAIOSR I C A R D O A G U I E I R A S

Confesso que num primeiro momento, após a leitura do provocante “E Aí, COMEU?”, sobre as “comidinhas” vendidas nas ruas de Sampa - que todo o mundo adora comer, mas ninguém assume - tive dificuldade em aceitar um Doutor Scudufum mais sério como em RUAS!, mas talento é assim mesmo, se manifesta em diversos estilos.

Poesia é arte transgressora e nesse sentido, apesar de se julgar um “pseudo-poeta”, Doutor Scudufum é um poema inteiro. Filho dileto de Glauco Mattoso, cujos textos denunciam, ferem e provocam gargalhadas, Doutor Scudufum é na vida e no melhor sentido, um inconformado. O próprio fato de RUAS! ser uma edição independente, já nos informa o seu espírito livre, que se confirma na poesia de abertura, “Manifesto da danação”, quando o poeta anuncia ao que veio.

As poesias do Scudufum nascem da angústia e das contradiçõesinerentes à vida urbana e apesar do tom mais sério de algumas delas, outras revelam um sutil humor – e quando se fala em humor, além de doutor, Scudufum é rei.

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Em “Poema imprevisto”, por exemplo, um humor cínico e sutil percorre os versos, o poeta está seduzido pela morte e suas delícias, afirmando o prazer pela vida; logo depois, em outra poesia, se transforma, reflexivo, escreve: “A Vida é cal / Sua alva guarda o mal / A vida calcifica / Tudo o que grita... ”

Doutor Scudufum é assim, um pára-raios, que tocado pelo relâmpago criativo denuncia nossa fragilidade, aquilo que não queremos ver e nos deixa a sós. Não nos dá respostas, mas perguntas que geram mais perguntas, como se nos colocasse em meio a espelhos, formando imagens ad eternum, denunciando nossa pequenez diante da infinitude.

RUAS! me emociona, principalmente por apresentar um poeta em formação, no momento em que alcança maturidade e me faz lamentar as dificuldades que bons escritores têm em publicar e divulgar seus textos. O que me consola é saber que Doutor Scudufum ”não desiste, insiste” e isso é muito bom, porque eu quero mais!

Ricardo Rocha Aguieiras é public itário apaixonado por teatro, música e l i teratura e blogueiro ativista.

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Eujoado

Numundo andopo coagoraPrefiro fica trancadoAndo pocon fusa gora

Upoco separado das gentesAnden tedia dumundo

Nem escreve direito me importaÃo quero fala cumgente

Ão quero comeÃo quero bebe nadaNada mais é urgente

Nem fala direito queroAnden joa do munAnde noja de tud

Ando confusEnjoad mudo

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Esse ciume que me desconcerta.Essa vontade de te possu ir .Esse medo de te perder.

Essa pregu i a de te ganhar.çEsse lugar pra onde eu quero ir.

Essa coragem de te levar.

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A vida é calSua alva guarda o malA vida calcifica tudo o que grita

A vida é cimentoFaz cinza o pensamentoA vida acinzenta tudo que pensa

A vida é areiaDe grão em grão nos arreiaA vida arreia tudo que semeia

A vida é pedraNela tudo o que é dor medraA vida medra tudo o que é pedra

A vida é construçãoNo cerne da dor do homem A potência da libertação

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PRAVIVERÉ PRECISO AR

PRA MORRERSABER SALTAR

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NASCI

VOEI

CAI

C’ EST FINI

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RUA!GRAÇA E SENSIBILIDADE

NUM PASSEIO EXISTENCIAL ATR AVÉS DA POESIA