RUÍDO EM CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO Dos riscos à prevenção
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CEFAC
CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA
AUDIOLOGIA CLÍNICA
RUÍDO EM CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO
Dos riscos à prevenção
Monografia de conclusão do Cursode Especialização em AudiologiaClínica.
VIRGÍNIA RAMOS KEENAN
ORIENTADORA: MIRIAN GOLDENBERG
PORTO ALEGRE, 1999
RESUMO
O presente trabalho faz uma ampla revisão bibliográfica sobre o Ruído em
Consultório Odontológico, citando autores que comentam sobre os riscos e outros
que sugerem prevenção da perda auditiva.
O principal objetivo foi de verificar as informações dos profissionais formados
em Odontologia, com continuidade de instrução na área, a respeito de prevenção e
de perda auditiva causada por ruído em consultório odontológico.
Sessenta questionários foram entregues a odontólogos que cursavam
Especialização e/ou Aperfeiçoamento na sede de Porto Alegre da A. B. O.
(Associação Brasileira de Odontologia) durante o ano de 1998. Desses, retornaram
47 questionários cujas respostas foram analisadas.
A maioria das respostas evidenciou que ainda há pouca informação referente
ao ruído em consultório odontológico durante a graduação. Isso pode estar evitando
que esses profissionais controlem o ruído em seus consultórios e se previnam de
possíveis alterações auditivas, visto que muitos apresentam sintomas auditivos e/ou
não auditivos de Perda Auditiva Induzida por Ruído (P. A. I. R.).
ABSTRACTS
The present paper makes a wide bibliography revision about Noise in
Dentistry Clinic, broaching authors that comment on risks and others suggest
prevention of hearing loss.
The main objective was of verifying of professionals information graduated in
Dentistry with instruction continuity instruction in the regarding prevention in hearing
loss caused by noise in dentistry clinic.
Sixty questionnaires were given to dentists that studied especialization or
improvemment at A. B. O. (Brazilian Association of Dentistry) in Porto Alegre, during
the year of 1998. Forty seven questionnaires were receive back and the answers
were analysed.
Most of answers evidenced us that there is still little information regarding to
the noise in dentistry clinic during graduation course. That can be avoiding that those
professionals control the noise in it’s clinic and take precautions of possible auditory
alterations, because many presents hearing symptoms and/or nor hearing hearing of
hearing loss induced by noise.
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Vitor e Elaine,
pelo incentivo ao estudo, o que permitiu que eu aceitasse,
com orgulho e determinação,
este e outros desafios em minha vida profissional.
Ao meu namorado Luciano,
por compreender minhas ausências.
AGRADECIMENTOS
Aos participantes dessa pesquisa, por contribuírem para a realização deste
estudo.
À Dra. Salete Pretto e membros da A. B. O. (Associação Brasileira de
Odontologia) – Porto Alegre, por viabilizarem e acreditarem na seriedade desta
pesquisa.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................... 1
2. DISCUSSÃO TEÓRICA ............................................................................................... 3
3. PESQUISA...................................................................................................................... 32
3.1 Objetivo........................................................................................................................... 32
3.2 Delineamento por Amostragem ............................................................................... 32
3.3 Análise dos Resultados ............................................................................................. 33
3.4 Conclusões da Pesquisa ........................................................................................... 60
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 62
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 66
6. ANEXO............................................................................................................................ 69
6.1 Anexo A – Questionário ............................................................................................. 69
1. INTRODUÇÃO
Em 1995, foi declarado pela Organização Mundial da Saúde (O.M.S.) que o
ruído estava listado como um dos maiores problemas de saúde nos EUA, já que
aproximadamente 30 milhões de trabalhadores estavam expostos a níveis de ruídos
prejudiciais à audição no ambiente de trabalho. As pesquisas acreditam que o perigo
do ruído acomete mais a população dos países em desenvolvimento, pois são
encontrados níveis muito altos de exposição, sem nenhum controle.
Apesar desse alerta, é lamentável que continuem os maus tratos ao ouvido,
com a exposição a níveis intensos de ruídos domésticos e ocupacionais. Por
ocupacional tem-se associado principalmente ruídos em profissões ligadas às
indústrias. Este trabalho pretende desmistificar este "rótulo" e mostrar o setor da
saúde como acalentador de doenças ocupacionais, especificamente em relação aos
profissionais da Odontologia. Esse interesse surgiu pela curiosidade de saber por
que os Odontólogos não se protegem dos ruídos ocupacionais.
Algumas hipóteses de justificativas passaram a ser levantadas: os
profissionais não terem informações da nocividade do ruído; os odontólogos
saberem da nocividade, mas não acharem necessário se proteger; a maioria deles
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ter consciência dos riscos, mas não têm condições de verificar a intensidade dos
ruídos a que estão expostos; alguns ainda por acreditarem nas raras pesquisas
inconclusivas sobre a nocividade ou não do ruído no consultório odontológico.
O estudo partirá de um questionário com 16 questões específicas, entregues
a profissionais da Odontologia que ministram ou assistem cursos de pós-graduação,
na Associação Brasileira de Odontologia (A.B.O./Porto Alegre). Esses profissionais
foram selecionados por estarem sendo favorecidos com informações atuais sobre a
prática de sua profissão e por demonstrarem ser acessíveis para coleta de dados
específicos.
Essa pesquisa considera de grande valia uma ampla discussão bibliográfica
de estudos e publicações variadas no que se refere a equipamentos mais ruidosos
no consultório odontológico e também quanto às queixas mais freqüentes dos
profissionais em relação a esse problema.
Assim, é importante ressaltar que, além da pesquisa informativa, esse
instrumento pretende ser de grande utilidade para o surgimento de campanhas
preventivas que envolvam o combate às situações ruidosas constatadas.
2. DISCUSSÃO TEÓRICA
Fatores ligados diretamente ao ruído serão abordados desde sua
conceituação, caracterização, legislação, até referências físicas ao consultório
odontológico.
Durante muitos anos, o ruído foi sentido, mas não estudado e questionado.
Para verificarmos sua nocividade, faz-se necessário entender sobre sua etnogenia e
o seu significado.
Ubiratan et al. (1994), definem o ruído como sons indesejáveis, já Russo
(1993) acrescenta que ser ou não desejável o torna subjetivo, mas Feldman e
Grimes (1985) foram mais objetivos e conceituaram o Ruído como um termo
utilizado para descrever um sinal acústico aperiódico, originado da superposição de
vários movimentos de vibração com diferentes freqüências, as quais não
apresentam relação entre si.
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Russo (1993) ressalta que, infelizmente, os habitantes das grandes cidades
estão expostos ao ruído, não só no período de trabalho, mas nas atividades culturais
de lazer, afetando o bem-estar físico e mental, mesmo durante o sono.
Conforme foi relatado pela W. H. O. (World Health Organization), as fontes de
ruído consideráveis, em 1980, eram:
– indústria;
– tráfego (aéreo, terrestre e naval);
– construção civil e obras públicas;
– fontes domésticas (eletrodomésticos, brinquedos, sirenes e
– outros);
– esporte e lazer.
No decorrer destes dezenove anos, parece-nos que surgiram importantes
fontes de ruído, como é o caso dos consultórios odontológicos que deveriam ser
acrescentados a esta listagem citada anteriormente.
A atitude do indivíduo frente ao ruído deve ser tão considerado como os
elementos da acústica que o compõem, como duração, freqüência e intensidade,
mencionados por Akkerman (1976).
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O autor entende por freqüência o número de ciclos realizados no tempo de 1
segundo pelas partículas materiais, sendo o Hertz (Hz) a unidade internacionalmente
utilizada. O ouvido humano é sensível a uma faixa audível de 20 a 20.000Hz, mas
se avaliam as freqüências de 250 a 8.000Hz durante uma audiometria. Portanto,
quanto mais baixa a freqüência, mais grave é o som, e quanto mais alta a
freqüência, o som é mais agudo.
Barros (1993) afirma que os ruídos de baixa freqüência apresentam menor
incômodo que os de alta, perturbando menos em locais abertos do que em fechados
onde ocorre maior reverberação.
Para Ubiratan et al. (1994), a intensidade do som refere-se à quantidade de
energia vibratória que se propaga a partir da fonte emissora; já Akkerman (1976)
acrescenta que este termo está relacionado com amplitude, pressão e energia da
onda sonora, sendo expresso em deciBel (dB) que é sua unidade de medida.
O último autor enfatiza o conceito dizendo que quanto maior estas
características, mais forte é o som; quanto menor a unidade, o som fica mais fraco.
Estipula-se um zero audiométrico como média de limiares auditivos; a partir
daí, o máximo testado nos audiômetros mais comuns chega a 120dB.
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Russo (1993) mostrou uma tabela com níveis médios de intensidade para
alguns ruídos que vão de muito silenciosos (0 a 10dBA), passando por moderados
(60 a 70dBA) até estrondosos (130 a 150dBA). Podemos exemplificar em 10dBA
uma respiração normal; em 60dBA, uma conversa entre vários indivíduos; em
85dBA, zona de perigo-nocividade auditiva (entre um escritório barulhento e uma
fábrica); em 120dBA, o limiar de desconforto (uma motocicleta) e em 140dB o limiar
da dor auditiva (decolagem do avião a jato ou tiro de revólver).
Como pôde ser visto anteriormente, existem intensidades que começam a
tornar-se lesivas à audição humana, podendo-se, com a permanência nestes níveis
elevados, adquirir-se perda de audição.
O controle de ruídos máximos urbanos e de atividades de lazer não está
mencionado em leis federais, somente em algumas leis estaduais e municipais,
como foi destacado por Fiorini (1997). A autora salienta que a Norma Brasileira
(NBR–10.151) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) não se refere
aos níveis de tolerância e de conforto acústico, somente aos níveis recomendáveis
para os diversos ambientes.
Em contrapartida, para as atividades de trabalho no país, foi aprovada em
08/06/1978, a Norma Regulamentadora nº 15 (NR.15) do Ministério do Trabalho,
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dando os limites de tolerância para o ruído. Nesta tabela, há um máximo de horas de
exposição diária permissível para determinada quantidade de ruído a partir de 85dB.
Justificando este início da tabela em 85dB, Gerges (1996) cita Merluzzi et. al.,
que estudaram o risco auditivo de trabalhadores expostos a diversos níveis de
ruídos, afirmando que a exposição a ruído ocupacional de 85dB pode modificar o
limiar auditivo de uma certa percentagem da população a este exposta.
Para 85dB, o máximo de exposição é de 8 horas; o limite máximo é de 115dB
quando se pode ficar exposto durante 7 minutos. Dos 85dB aos 115 dB, há um
aumento gradual de 5 em 5dB, quando o tempo de permanência vai diminuindo pela
metade do anterior.
Em nível mundial, a HEALTH AND SAFETY EXECUTIVE (1972) aceitava
uma dosagem máxima de 90dB diários para 8 horas de trabalho. Nove anos após, a
OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH ADMINISTRATION (1981) regulamentou
como excessivo todo o ruído superior a 85dB. Portanto, vemos que se tornou mais
criteriosa a diminuição da intensidade de ruído para exposição durante um mesmo
número de horas.
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Lopes e Genovese (1991), comentam que as profissões têm sido
classificadas, pela Medicina do Trabalho, segundo o grau de periculosidade e
insalubridade, relacionando, também, com o grande número de doenças
ocupacionais. Especificamente, a Odontologia tem sido vista como de baixo risco
ocupacional. O Ministério de Previdência e Assistência Social enquadram o dentista
apenas no campo de radiações ionizantes quando expostos a agentes biológicos, ou
atuando em locais onde o ruído permanente esteja acima de 90dB.
Infelizmente, o profissional dentista, enquanto empregado, fica parcamente
protegido pela legislação brasileira e, como autônomo, à mercê da perícia
previdenciária.
De qualquer forma, vemos que há muitos setores ruidosos de trabalho
desprovidos de controle, como os consultórios odontológicos, pois a legislação
brasileira está sendo direcionada para as indústrias e cobrada basicamente delas.
É conveniente citarmos algumas variáveis, mencionadas pelos últimos
autores, que podem modificar os limites máximos toleráveis para conversação eficaz
do cirurgião-dentista no seu processo de comunicação:
– quantidade de efeitos nocivos ao aparelho auditivo do dentista;
– intensidade e freqüência da vibração;
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– duração e exposição;
– intervalos entre uma e outra exposição;
– insusceptibilidade individual.
Sabe-se que os ruídos que interferem no consultório odontológico podem ser
originados por fontes internas ou externas.
Torna-se, então, interessante o relato de Barros (1993) que observa que as
fontes externas das grandes cidades são emissoras de ruído até mesmo superiores
a 85dB, gerando uma situação quase insolúvel, pois os números aumentam. Aliam-
se a estas, as fontes internas que se dividem em:
– sala de recepção - conversação, gritos e choros de crianças;
– sala clínica - motores, compressores de ar, timer, baixa e alta rotação,
condicionador de ar e sugador;
– diversas procedências - telefone, campainha, bater de portas, conversas e
passos.
Dos ruídos emitidos por fontes internas ao consultório odontológico nos
interessam especificamente aqueles produzidos dentro da sala de clínica.
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Inevitavelmente, comentaremos sobre a categoria de instrumentos rotatórios,
que para muitos autores, é a maior fonte geradora de ruído e, por mais tempo,
utilizada no consultório odontológico
Mondelli et al. (1976), na área da dentística, classificam os instrumentos
operatórios em 8 categorias, entre eles os rotatórios, que, para adaptação de
diversos equipamentos, foram projetados em diferentes formas, tamanhos e tipos:
• Motores de velocidade convencional: roldanas e cordas ou ar comprimido
(micromotores) transmitem o movimento à peça da mão; utilizados para
acabamento de paredes cavitárias após instrumentação com alta rotação.
• Turbinas de alta rotação: giram na extremidade da peça da mão e são
movidas a ar comprimido; úteis na redução rápida da estrutura dentária e
determinação de formas de contorno.
Lopes e Genovese (1991), afirmam que o problema da falta de audição
induzida por ruídos em dentistas, começou com o surgimento destes dispositivos de
alta rotação movidos à turbina com ou sem rolamentos. Tais dispositivos puderam
ser notados pelo alto nível de ruídos sibilantes e desagradáveis. Somente no final da
década de 50, é que se começou a questionar sobre o perigo que esses aparelhos
poderiam causar à audição dos dentistas.
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Cauduro (1979), diferenciou turbinas hidráulicas onde as palhetas eram
acionadas por água impulsionada de uma bomba em alta pressão, de turbinas a ar
onde o ar comprimido proveniente de um compressor acionava esse mecanismo. O
último tornava-se desagradável aos pacientes pelo ruído emitido (“forte silvo“).
Cooperman e Wallace (1965), concordavam que os níveis de ruídos gerados
por esses aparelhos de ar turbinado podiam originar danos permanentes à audição.
Na Inglaterra, em 1963, surgiram turbinas a colchão de ar, mantendo em
supressão a turbina propriamente dita. Com isto, diminuíram as vibrações e, por
conseqüência, também os níveis de ruído reduziram.
Surpreendentemente Fuchs e Illari (1964), relataram, em sua pesquisa, a
possibilidade da perda da audição não ser causada pelo uso da broca dentária.
Contrariando essa opinião, Hahn e Chantel (1964), afirmaram que a broca era
traumatizante à audição dos dentistas. Basearam-se nos resultados da pesquisa dos
limiares de 5 profissionais expostos durante 1 hora (3 minutos de exposição para
cada um de intervalo) a ruídos de 75 a 78dB. Em 3 dos 5 dentistas, o limiar caiu de
15 a 25 dB em 4.000Hz.
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Complementando o último estudo, Taylor et al. (1965), concluíram em sua
pesquisa que alguns dentistas expostos ao ruído da boca dentária durante 3 a 7
anos já apresentavam alteração na audição. Predominaram as seguintes
intensidades e freqüências das diferentes marcas de canetas mencionadas:
– SSW: 80dB de 4.000 a 16.000Hz;
– KAVO: 78dB em 16.000Hz;
– STARLING: 77dbB em 4.000Hz;
– SIEMENS: 74dB em 6.000Hz;
– FARO: 74dB de 10.000 a 16.000Hz.
A rotação dos equipamentos altera o nível de ruído, e segundo Mondelli
(1976), a velocidade, que também irá variar, encontra-se para a rotação
convencional entre 500 e 10.000 rpm e alta entre 40.000 a 100.000 rpm. O ruído e
as vibrações são fatores envolvidos no mecanismo de ação e podem ocasionar
transtornos auditivos nos profissionais.
Lopes e Genovese (1991), alertam que a variação das medidas de
intensidade dos aparelhos depende do modelo, da idade, da conservação e da
distância do ouvido do operador. Isso pode ser verificado através da asserção de
vários autores que diferem e se contradizem com medições de intensidade emitidas
por diversos instrumentos, com modelos e tempo de uso semelhantes. Alguns não
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observam a precisão da distância do ouvido e a maioria não considera o estado de
conservação.
Os últimos autores citados anteriormente também mencionam outro fator
importante na variação do ruído da broca, que é a circunstância da broca estar
cortando ou não um material duro ou mole. Alia-se a este fator a maior rapidez na
rotina odontológica, com o advento da broca de alta rotação.
Sheldon e Skol (1984), explicaram que as brocas dentárias são um perigo em
potencial à audição, porque podem emitir ruídos acima de 90dB, dependendo do
modelo e idade, conforme também foi concluído, após alguns anos, por Lopes e
Genovese (1991). Alcuri et al., também em 1984, foram mais específicos em
estipular que o motor da broca dentária atinge até 94dB em faixas de alta freqüência
até ultra-sons, mas, principalmente, na faixa de 4.000Hz em que os níveis sonoros
se apresentam em torno de 87dB.
Ocorre uma contradição nas intensidades das turbinas de alta rotação,
mencionadas por Lopes e Genovese (1991), que salientam a possibilidade dos sons
estarem acima de 90dB, enquanto Barros (1993), afirma que "atualmente não existe
nenhuma turbina que extrapole 85dB". Mas, não há parâmetro para analisarmos se
as condições de medida, conforme já relatamos, forem semelhantes.
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Barros (1993), citou Dr. Hans Borhren que realizou medidas das canetas de
alta rotação em 1958, 1977 e 1978 para distâncias de 10 e 30cm, chegando aos
seguintes resultados:
1958 1977 1978*SSW
Borhren Alston KavoSSW
Borhren AlstonKavo
Airtagre All-airBorhren
70 Castellini
10cm 90dB 98 93 88 96 72 75-82 79-85 75-83
30cm 84dB 90 89 82 85 65 69-75 72-76 70-81* Medindo em aparelhos de colegas.
Baseando-nos nessa pesquisa, pudemos fazer algumas considerações:
• As médias para as distâncias de 10 e 30 cm consecutivamente foram:
– 1958: 93,66dB / 87,6dB;
– 1977: 85,30dB / 77,3dB;
– 1978: 79,80dB / 73,8dB;
• Para a diferença de 20 cm, a média aumentou de 6 a 8dB, de acordo
com o ano. Portanto, é de extrema importância o fator da distância entre
a turbina de alta rotação (ou outro instrumento) e o ouvido do dentista,
para que possamos analisar o quão está sendo nocivo o ruído.
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Por ser tão considerável a distância nas medições de ruído dos equipamentos
rotatórios, solicitamos a algumas empresas fabricantes e fornecedoras dos mesmos
que nos enviassem os níveis de ruído emitidos por equipamentos de alta e baixa
rotação em 10 e 30cm.
Somente uma das 4 empresas forneceu informações sobre a intensidade,
mesmo assim a distância foi de 45cm. Solicitamos novamente valores para 10 e
30cm, mas mais uma vez as firmas informaram que só forneciam números para a
distância anterior. A empresa X (identificação fictícia), citada em outros trabalhos, foi
quem mencionou que suas medidas, a uma distância de 45cm, eram de 68dB para
baixa rotação e de 76dB para a alta.
Se considerássemos como referência a distância de 10 e 30cm da pesquisa
do Dr. Bohren, já citado, provavelmente teríamos, para o equipamento de alta
rotação, níveis superiores aos que são permitidos (85dB). Com isso, cabe o alerta de
que venha ser exigido das empresas fabricantes e fornecedoras de equipamentos,
catálogos completos. Entende-se assim que estes contenham, além de informações
sobre torque, peso, velocidade e potência, o nível de ruído emitido pelos
equipamentos mais ruidosos.
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Vale ressaltar que, analisando os catálogos das empresas Kavo, Wilcos, e
Adiel (representante das marcas NKS e ASF), verificamos, em todos eles referência
ao ruído como sendo baixo. Nesses folhetos constam propagandas como:
“silenciosa ergonomicamente confortável”, “auto clavável baixo nível de ruído”,
“vende-se silêncio, motor blindado, silencioso...”, “livre de vibração e ruído”, “níveis
mínimos de vibração e ruído”. Questiona-se, assim, por que não oferecer os
números desse baixo nível de ruído ou silêncio, aos compradores odontólogos.
Assim poderiam considerar também esse critério, ao selecionarem os equipamentos
mais adequados para seu uso.
Até o momento, comentamos sobre a informação que a literatura traz quanto
ao conceito de ruído, suas características, qual a legislação vigente e níveis de ruído
no consultório odontológico. É necessário, portanto, verificarmos os efeitos da
exposição ao ruído mencionado, mas este aspecto gera controvérsias entre autores
devido à relação causa-efeito, na qual, segundo Seligman (1993), o ruído pode ter
sido o causador como outros agentes ambientais ou patogênicos.
A W.H.O. (1980) divulgou e comentou que os efeitos do barulho, de acordo
com sua intensidade, seriam: interferência na comunicação (de 45 a 65dBA),
alterações no sistema auditivo (superior a 75dBA), distúrbios do sono (superior a
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35dA), incômodo (45 a 55dBA), dores (de 110 a 130dBA), "stress" e queda nos
rendimento do trabalho.
Para não nos envolvermos com muita polêmica, preferimos revisar a literatura
e destacar os efeitos como gerais ou auditivos.
Colleoni et al. (1983), apud Fernandes e Paixão (1993), relacionaram a faixa
de freqüência do ruído ao tipo de efeito e concluíram que, para as infrasônicas
(abaixo de 16Hz) e baixas, notavam-se o aparecimento de enjôos, tonturas e
vômitos. À medida que a freqüência tornava-se mais aguda, poderiam alterar a
atenção, a concentração, os ritmos cardíacos e respiratórios, e também ocorrer
estados pré-neuróticos, aumento da irritabilidade e perda de apetite.
Enquanto o autor citado anteriormente referia-se à freqüência, Alexandry
(1982), mencionou a intensidade do ruído, relatando que fortes intensidades podem
desencadear respostas somáticas (vasoconstrição periféricas e hiporitmia
ventilativa) e psicológicas (alterações de sono e concentração, ansiedade,
irritabilidade e tensão).
Além da freqüência, da intensidade, o tempo de exposição também é um fator
considerável e foi estudado por Fiorini et al. (1991), que constataram que entre as
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alterações, com significativa progressão, está a insônia que pode ser relacionada à
intolerância a sons intensos, aos nervosismo, à irritação e ao zumbido. As outras
alterações comentadas estão relacionadas à dificuldade de comunicação e à
sensação de perda de audição.
Dieroff (1973), verificou alterações cefalograma de 50% dos trabalhadores
pesquisados, que já tinham perda auditiva induzida por ruído e concluiu que esse
influencia no Sistema Nervoso Central (SNC).
Ubiratan et al. (1994), afirmam que estes efeitos não auditivos de alterações
neuropsíquicas podem ser justificados pelas inúmeras estações subcorticais, antes
do estímulo auditivo atingir o córtex cerebral.
Como alterações psicológicas, o stress e a ansiedade também foram
estudados na década de 80 a 90. Standing e Stace (1980), constataram que o
aumento de ansiedade poderia estar sendo causado pela exposição a locais
ruidosos, durante no mínimo 30 minutos, em intensidades de 75dB. Essa fonte
ruidosa pode ser de ruído da broca dentária.
Para um preciso e eficaz desempenho, o dentista conta com uma
fundamental estimulação sensorial, a visão, que também pode ser alterada pela
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exposição ao ruído, como muito bem exemplificou Jansen (1970). Para esse autor, o
piscar de olhos, como reflexo de convergência e acomodação visual, poderia
aumentar a fadiga e probabilidade de erros em tarefas de controle visual intenso, por
ter que reajustar continuamente a distância do foco.
Com relação a um dos aspectos somáticos e químicos, encontramos vários
estudos sobre o aumento da pressão arterial. Peralta (1988), destacou que o motor
de alta rotação, como produtor de estímulos contínuos ou isolados, altera as funções
circulatórias, desencadeando aumento imediato de pressão. Rapp (1971),
especificou freqüências de muita vibração (12 a 18Hz) como provocadores deste
aumento de pressão.
As alterações digestivas pela exposição breve ou prolongada ao ruído, são,
para Quick e Lapertosa (1981), secreção gástrica ou acidez. Vindo ao encontro de
Colleoni et al., já citados, Ubiratan et al. (1994). mencionam que estas alterações
podem ser desencadeadas pela exposição a freqüências baixas, ou seja, menores
do que 500Hz. Esses últimos autores citados ainda indicam como exemplo, a
gastrite, a úlcera gastrointestinal.
Antes de analisarmos os sintomas auditivos, é de grande valia relembrarmos
que a anatomofisiologia da audição envolve, especificamente neste aparelho, três
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partes: ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno. O estímulo auditivo percorre o
ouvido externo, atravessa a membrana timpânica e, no ouvido médio, passa pelos 3
ossículos (bigorna, martelo e estribo). Ao chegar ao ouvido interno, passa pela
cóclea que contém as células ciliadas da audição e o órgão de Corti. A porção basal
da cóclea está mais suscetível a perdas auditivas, conforme estudos que ressaltam
a exposição a freqüências mais agudas como agente causador da perda maior,
nestas mesmas freqüências.
Reforçando esta teoria, Lucchini et al. (1991), pesquisaram trabalhadores com
perda auditiva em 6.000Hz e concluíram que 45,9% dos casos alterados estavam
expostos a freqüências altas (3.100 a 6.300Hz) e apenas 28% destes, a sons graves
(250 a 1.000Hz).
Conforme literatura específica, a cóclea não se regenera após lesões e não
há até o momento estudo para este tratamento.
Parece-nos essencial salientarmos que, para a determinação dos limiares
auditivos1, é realizada uma avaliação audiométrica. Os resultados são registrados
em um audiograma composto por um eixo horizontal, referente às freqüências de
1 Mínimo de intensidade sonora para provocar sensação auditiva. Russo e Santos (1993).
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250 a 8.000Hz, e um eixo vertical com intensidades crescentes, do zero biológico a
120dB.
Preferimos concordar com a classificação dos sintomas auditivos, descrita por
Seligman (1997), que cita a manifestação da perda auditiva, como dificuldade para o
entendimento da fala e zumbido.
Melnick, apud Russo (1993), caracteriza as três possibilidades de perda
auditiva causadas pela exposição ao ruído:
• "Temporary Threshold Shoft - T.T.S." ou Mudança Temporária do limiar ou
fadiga auditiva: consiste na diminuição gradual da intensidade auditiva
após algumas horas de exposição em níveis contínuos e intensos de
ruídos, que tende a ser recuperada após 2 ou 3 horas de cessada a
exposição.
• Trauma acústico: pode apresentar-se após exposição única a ruídos de
grande intensidade, impulsivo ou de impacto. Os sintomas são imediatos
desde dores, zumbidos, lesão do Órgão de Corti, ruptura da membrana
timpânica e desarticulação ossicular;
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• "Permanent Thereshold Shift - P.T.S." ou Mudanças Permanentes no
Limiar, mais conhecida como P.A.I.R. (Perda auditiva induzida por ruído).
Em geral, é ocupacional e decorrente do acúmulo e da exposição,
normalmente diárias e por período de anos, aos níveis sonoros intensos,
contínuos ou intermitentes. Desenvolve-se gradual e lentamente,
caracterizando-se como irreversível e progressiva se a pessoa permanecer
exposta ao ruído.
Por se gradual e indolor, Sheldon e Sokol (1984), salientaram que a perda da
acuidade auditiva, induzida ocupacionalmente, torna-se difícil de ser percebida na
fase inicial. Acrescentaram que, em sua pesquisa, os dentistas expostos a ruídos de
turbinas de alta rotação, por período médio de 3,7 anos, apresentam significativa
P.A.I.R. em comparação aos não expostos a esse ruído na mesma faixa etária.
Foi publicada, na Revista Proteção (1994, p.30), uma comparação do Comitê
Nacional de Ruído e Conservação Auditiva sobre P.A.I.R. e trauma acústico: "A
Perda Auditiva Induzida por Ruído relacionada ao trabalho, diferentemente do
trauma acústico, é uma diminuição gradual da acuidade auditiva, decorrente da
exposição continuada ao níveis elevados de ruído".
23
Concordando com as afirmações de Seligman (1997), notamos que é comum
a queixa de dificuldades para entender e diferenciar os sons da fala. Isso ocorre
mesmo quando a intensidade é suficientemente elevada para que o dentista ouça,
principalmente em ambientes ruidosos, onde ocorre competição sonora.
As freqüências agudas (6.000, 4.000, 3.000 e 8.000Hz) são as primeiras a
serem alteradas; após a perda auditiva acometem as freqüências médias (2.000,
1.000 e 500Hz) que são fundamentais para a comunicação humana.
Coles e Hoare (1985), comparando o audiograma de P.A.I.R. com freqüências
e intensidades específicas dos fonemas, concluíram que a perda inicialmente, não
atinge as vogais, mas as consoantes que se tornam de difícil reconhecimento.
Vindo ao encontro Russo e Behlau (1993), registraram graficamente, no
audiograma, os valores acústico médio de freqüência e intensidade dos sons na fala
do português brasileiro. Dos agudos para os médios aparecem /v/, /f/, /z/, /s/, /Š/, /Z/,
/b/, /t/, /R/, /k/, e /g/, fonemas consonantais mais prejudicados na P.A.I.R..
Com referência à intensidade da perda, Sheldon e Sokol (1984),
exemplificaram que, quando a perda atinge até 40dB, ainda ocorre um desempenho
social adequado; de 40 a 70dB permite a comunicação, mas traz transtornos sociais;
24
de 70 a 95 dB é muito dificultada a comunicação, que se torna impossível além
desses valores.
Para falarmos do terceiro sintoma auditivo, revelaremos o caso da dentista
Kay Claggett – Oklahoma, citado por Mc Clellan (1993), que, por sentir "tinnitus",
começou a investigar e descobriu que também tinha perda auditiva em altas
freqüências. Conversou com outros profissionais dentistas e verificou que muitos
deles também eram portadores deste "tinnitus" ou de perda auditiva. Por orientação
de um audiologista, começou a utilizar protetor de ouvido no trabalho e sentiu
sensível redução do "tinnitus".
Conforme literaturas, o "tinnitus" pode ser descrito de diversas formas como:
zumbido; acúfenos (termo latino); constante apito nos ouvidos; barulhos subjetivos;
sensação sonora na ausência de fonte externa geradora de som.
Seligman (1997), alerta que, apesar de serem freqüentes e desagradáveis,
pouco se conhece desta fisiologia. Estudos revelam que geralmente são bilaterais e
de som puro em alta freqüência, interferindo nas atividades diárias. O diagnóstico
etiológico é raro devido à quantidade elevada de circunstâncias possíveis de
desencadearem o zumbido. Ward e Holmberg (1969), apud Fernandes e Paixão
(1993), já mencionavam o aparecimento deste zumbido após determinado tempo de
25
utilização das brocas dentárias. Alguns anos após, Coles e Hoare (1985), afirmavam
que este zumbido era o único sintoma notável quando a perda auditiva ainda era
leve. Isso reforça os resultados da auto-pesquisa da dentista Kay Claggett,
mencionada anteriormente. Os autores acrescentaram ainda que o som de alta
freqüência das brocas dentárias, associado à velocidade alta, é que poderiam
provocar a perda da audição.
Reforçaremos pontos importantes sobre os sintomas auditivos da exposição
ao ruído, concordando com Russo (1993), que considera a possibilidade da perda
auditiva, no início, ser temporária, acompanhada de ouvido tapado ou zumbido.
Posteriormente, não se recupera mais, originando uma perda nas altas freqüências
(3.000 a 6.000Hz) e, com a piora, pode acometer 8.000, 2.000, 1.000, 500 e 250Hz).
Esta propensão é que causará as dificuldades de reconhecimento da fala.
Depois de fazermos todo o alerta informativo sobre ruído e sintomas da perda
auditiva em dentistas, representa-nos serem significativas as considerações de nível
preventivo à saúde desses profissionais.
Prevenção é a chave para uma eficaz atuação e comunicação desejada, pois
os prejuízos causados pela exposição ao ruído atravessam as paredes do
consultório e interferem também na vida pessoal e social do dentista.
26
Como exemplo de um programa de conservação auditiva, sugeriríamos aos
dentistas que considerem os tópicos abaixo:
• Divulgação dos riscos e prevenção:
Os riscos ocupacionais auditivos deveriam ser amplamente divulgados no
curso de graduação, como disciplina curricular, através de palestras e
eventos direcionados a dentistas graduados ou pós-graduados e
profissionais das áreas afins.
Lopes e Genovese (1991), referiram que deveria haver elaboração de
Normas Técnicas de Segurança especificamente sobre ruídos no
consultório odontológico, a exemplo do que se faz com outras doenças,
como a síndrome da imunodeficiência adquirida e a hepatite. Essa atitude
deveria ser agilizada e cobrada dos órgãos competentes.
• Tempo de exposição:
Consideramos a sugestão de Coles e Hoare (1985), um tanto inviável no
nosso contexto social, pois indica desde a redução até a exclusão do
tempo de exposição ao ruído.
27
Com maior ponderação e viabilidade, Mondelli et al. (1976), recomendam
que as exposições prolongadas e sucessivas sejam evitadas. Também
enfatizam que o uso intermitente dos instrumentos rotatórios facilita para
que os períodos de silêncio superem os de ruído.
• Tratamento acústico no consultório:
Acreditam Lopes e Genovese (1991), que muitas fontes sonoras
indesejáveis, em área externa e interna do consultório, possam ser
minimizadas ou até mesmo eliminadas ao empregar-se tratamento
acústico.
Claget, citada por Mc Clellan (1993), acrescenta que precisamos,
primeiramente, identificar os sons que, no ambiente diário, tenham
potencial de serem muito intensos.
Em tempo, Barros (1993), observa que, além das fontes internas, as
externas também devem ser consideradas para distribuição dos utensílios
e escolha dos materiais acústicos adequados. Recomenda que, para
diminuírem os ruídos externos, sejam utilizados revestimentos acústicos
nas paredes do consultório (os mais eficientes para absorção de ruídos são
28
os acolchoados). Também salienta que a sala de espera e a de consulta
devem consideradas, mas principalmente a última, para que não seja
desvirtuada a relação estabelecida entre o dentista e o paciente.
Ainda indica alguns materiais para cada parte da sala, a fim de atenuarem
os ecos e reflexos sonoros.
Nesta etapa de prevenção, contamos com o auxílio de engenheiros
acústicos, arquitetos e engenheiros;
• Diminuição do ruído na fonte:
Referindo-se a fontes gerais de ruídos, Barros (1993), aconselha a
colocação de compressor de ar para fora da sala e a troca do ar
condicionado barulhento por um silencioso. Em relação a equipamentos
específicos da Odontologia, o autor destaca que devemos lubrificar
periodicamente os aparelhos de alta rotação e o micromotor, e deixar o
sugador sempre limpo, para não forçá-lo, diminuindo, assim, ao máximo, o
ruído de sucção.
29
Mondelli et al. (1976), complementam dizendo que se evite a utilização de
super-alta velocidade toda vez que não for imprescindível, por exemplo, na
remoção de tecidos cariados e em desgastes oclusais. Lembram também
que as turbinas pelo sistema colchão de ar diminuíram o nível de ruído.
Não podemos deixar de reforçar que sejam feitas mudanças de broca
dentária, selecionando os instrumentos mais silenciosos, conforme Coles e
Hoare (1985).
Parece-nos ser primordial a importância da elaboração de projetos de
equipamento odontológicos, visando à produção do menor índice de ruído.
Mas, somente será marco de referência para qualidade quando as
empresas fabricantes utilizarem os baixos valores de ruído emitidos pelos
equipamentos como característica essencial para a venda dos mesmos.
Isso serve como alerta para as empresas e seus engenheiros
responsáveis.
• Utilização de Equipamentos de Proteção Individual Auditiva (E.P.I.A.):
Kwitko et al. (1992), defendem a importância da audiometria para escolha
do E.P.I.A., permitindo saber se a atenuação obtida com a utilização desse
30
é a mais adequada.
É bem verdade que o controle individual da exposição ao ruído deve ser
adotado após conscientização e escolha do melhor protetor no mercado,
para as freqüências mais intensas e lesivas. Gerges (1991), continua
explicando que o protetor representa solução temporária e a curto prazo
para o problema do ruído.
O termo "indústria do silêncio", mencionado por Barros (1993), deve ser
considerado e respeitado como uma recente área de atuação que conta
com novos conceitos da tecnologia eletrônica, com abafadores e
supressores de ruído. Os sistemas de silenciadores eletrônicos ativos
poderão ser utilizados individualmente, ou até mesmo equipando clínicas
inteiras perto de ruas barulhentas.
Com sua experiência pessoal, Clagget, citada por Mc Clellan (1993),
informa que os protetores "Foam plugs" ou "Maxi globs" são utilizados
dentro dos ouvidos. Existem protetores feitos sob medida, para cada
ouvido, desenvolvido pelo "Westone Lab." no Colorado, EUA. Esses
últimos possuem uma curva de atenuação uniforme, podendo reduzir níveis
31
de ruído para um determinado espectro. O sistema ainda permite ao
usuário conversar enquanto fornece proteção auditiva.
A última forma de atenuação citada despreocupa Coles e Hoare (1985),
que haviam relatado ser difícil a utilização de protetores articulares na
prática da cirurgia dentária.
• Avaliação audiológica:
A "Occupational Safety and Health Administration - O.S.H.A." (1983)
recomenda a execução de um audiograma inicial, traçando um perfil
audiométrico. Após, pode-se compará-lo com uma reavaliação audiológica
completa e periódica, estabelecendo uma monitorização da acuidade
auditiva pessoal.
A saúde do dentista está diretamente relacionada com suas condições de
trabalho. Portanto, como profissional da saúde, espera-se que esse forme
uma consciência única de Odontologia. Conhecendo, divulgando e
cumprindo essas medidas, ele poderá ter seus direitos preservados e,
concomitantemente, estará beneficiando seus pacientes e a sua
comunidade.
3. PESQUISA
3.1 Objetivo
O principal objetivo deste trabalho é apresentar as informações que os
profissionais formados em Odontologia, que buscam aperfeiçoamento e/ou
especialização na área, têm a respeito de prevenção e de perda auditiva causada
por ruído em consultório odontológico.
3.2 Delineamento por Amostragem
Devido à facilidade de acesso e ao baixo custo, a população considerada
para o estudo foi a de profissionais formados em Odontologia que estivessem
participando, como professor ou aluno, de algum curso de pós-graduação a nível de
Aperfeiçoamento ou Especialização na sede da A. B. O., durante a realização da
pesquisa em 1998.
33
Um questionário foi elaborado para colher as informações a respeito do
assunto. Um total de 60 questionários foi distribuído a alunos e professores de 5
turmas de especialização e uma turma de aperfeiçoamento. As análises, cujos
resultados serão apresentados a seguir, foram realizados considerando 47
questionários que retornaram devidamente preenchidos.
3.3 Análise dos Resultados
Pergunta 01 – Tempo de início de estágios em Odontologia:
Base: 47 entrevistados.
De 11 a 15 anos(6) 12,8%
Não respondeu(10) 21,3%
Mais de 15 anos(12) 25,5%
De 6 a 10 anos(10) 21,3%
De 1 a 5 anos(9) 19,1%
34
Pergunta 02 – Tempo de formado em Odontologia, atuando na área:
Base: 47 entrevistados.
Com base nos gráficos das Perguntas 1 e 2, pode-se dizer que a amostra é
representativa de tempo variado no que se refere a tempo de início de estágios
em Odontologia e também no que se refere a tempo de formado em
Odontologia, atuando na área.
De 11 a 15 anos(5) 10,6%
Não respondeu(13) 27,7%
Mais de 15 anos(7) 14,9%
De 6 a 10 anos(8) 17,0%
De 1 a 5 anos(14) 29,8%
35
Pergunta 03 – Tempo de atuação profissional diária:
Base: 47 entrevistados.
O gráfico da Pergunta 3 indica que a maioria dos profissionais da área atuam
diariamente por mais de 4 horas, chegando a 14 horas.
Mais de 4 horas até 8 horas(23) 48,9%
Mais de 8 horas até 14 horas(19) 40,4%
Não respondeu(1) 2,1%
Até 4 horas(4) 8,5%
36
Pergunta 04 – Tempo de exposição diária a ruído de turbina e de micromotor:
Base: 47 entrevistados.
No gráfico da Pergunta 4, pode-se observar que quase um terço dos
profissionais da área ficam expostos diariamente a ruído de turbina e de micromotor
por, no máximo, 4 horas, e quase metade ficam expostos diariamente ao ruído por
mais de 4 horas e, no máximo, 8 horas.
Mais de 8 horas até 10 horas
(8) 17,0%
Mais de 4 horas até 8 horas(23) 48,9%
Até 4 horas(14) 29,8%
Não respondeu(2) 4,3%
37
Pergunta 05 – Exposições anteriores em tempo intensivo a ruídos:
Base: 47 entrevistados.Respostas múltiplas.
O gráfico da Pergunta 5 mostra que são muito poucos os profissionais que
apresentam exposições anteriores em tempo intensivo a ruídos de tiro, de trabalho
ou de música intensa.
(36) 73,5%
(5) 10,2%
(4) 8,2%
(4) 8,2%
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Nenhuma
Música intensa
Trabalho
Tiro
38
Pergunta 06 – Durante seu curso de graduação em Odontologia, “o ruído” foi
matéria curricular abordada ?
Base: 47 entrevistados.
Pergunta 6.1 – Se a resposta foi SIM, como foi abordado?
ALTERNATIVAS ABS. %
FOI SOMENTE CITADO 19 79,2
FOI DISCUTIDO DURANTE UM SEMESTRE 1 4,2
FOI COMENTADO DURANTE VÁRIOS SEMESTRES 1 4,2
NÃO RESPONDEU 3 12,5
TOTAL 24 100,1
Pouco mais da metade dos profissionais responderam que o ruído foi matéria
curricular abordada durante seu curso de Odontologia. E destes, 79,2% informaram
que foi somente mencionado.
Não(23) 48,9%
Sim(24) 51,1%
39
Pergunta 07 – Você já fez Audiometria ?
Base: 47 entrevistados.
Pergunta 7.1 – Se a resposta foi afirmativa, justifique:
ALTERNATIVAS ABS. %Apenas para avaliação (solicitação doempregador) 3 33,3Dificuldade em ouvir quando criança (hipóteselevantada pelos pais) 1 11,1
Verificação para habilitação de vôo 1 11,1
Rescisão contratual 1 11,1
Dificuldades na audição 1 11,1Aparecimento de zumbido depois de terestourado um rojão 1 11,1
Rotina médica 1 11,1
TOTAL 9 100,0
Pode-se observar que a maioria dos profissionais nunca fizeram audiometria.
Não(38) 80,9%
Sim(9) 19,1%
40
Pergunta 08 – Com referência à sua audição quais suas queixas?
Base: 47 entrevistados.Respostas múltiplas.
No que se refere a audição, 38,3% dos profissionais queixam-se de
intolerância a sons intensos, e 44,7% não têm queixa alguma em relação à audição.
(21) 44,7%
(18) 38,3%
(6) 12,8%
(5) 10,6%
(3) 6,4%
(1) 2,1%
(1) 2,1%
0 10 20 30 40 50
Nenhuma
Intolerância a sonsintensos
Sensação de perda deaudição
Zumbido
Dificuldade decomunicação
A fala não é ouvida comclareza
Cansaço
41
Pergunta 09 – Quais alterações abaixo você sente com freqüência?
Base: 47 entrevistados.Respostas múltiplas.
Quase metade dos profissionais (48,9%) sentem com freqüência dores de
cabeça, e 36,2%, irritação ou nervosismo.
(23) 48,9%
(17) 36,2%
(12) 25,5%
(6) 12,8%
(6) 12,8%
(2) 4,3%
0 10 20 30 40 50 60
Dores de cabeça
Irritação/Nervosismo
Nenhuma
Insônia
Tontura rotatória
Cansaço
42
Pergunta 10 – Como é o ambiente externo do local do seu consultório?
Base: 47 entrevistados.
Pouco mais da metade dos profissionais (53,2%) considera pouco ruidoso o
ambiente externo do local do seu consultório, enquanto 34,0% julgam ser ruidoso.
Não respondeu(1) 2,1%
Pouco ruidoso(25) 53,2%
Ruidoso(16) 34,0%
Muito ruidoso(5) 10,6%
43
Pergunta 11 – No seu consultório, que instrumentos e/ou equipamentos
causam muito ruído?
Base: 47 entrevistados.Respostas múltiplas.
A turbina foi o equipamento do consultório mais citado como causador de
muito ruído (91,5%), seguido pelo sugador (78,7%),depois pelo micromotor (74,5%),
pelo compressor de ar (68,1%) e por último, pelo condicionador de ar (31,9%).
(43) 91,5%
(37) 78,7%
(35) 74,5%
(32) 68,1%
(15) 31,9%
(4) 8,5%
(1) 2,1%
(1) 2,1%
(1) 2,1%
0 20 40 60 80 100
Turbina
Sugador
Micromotor
Compressor de ar
Condicionador de ar
Lâmpada
Ultrassom
Jato de bicarbonato
Foto polimerizador
44
Pergunta 12 – No seu consultório, quais são os três instrumentos e/ou
equipamentos mais ruidosos?
Base: 47 entrevistados.Respostas múltiplas.
Quando questionados a respeito dos três equipamentos mais ruidosos, os
profissionais citaram com maior freqüência a turbina (78,7%),depois o compressor
de ar (63,8%), a seguir o sugador (63,8%) e por fim o micromotor (53,2%).
(37) 78,7%
(30) 63,8%
(30) 63,8%
(25) 53,2%
(5) 10,6%
(2) 4,3%
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Turbina
Compressor de ar
Sugador
Micromotor
Condicionador de ar
Não respondeu
45
Pergunta 13 – No seu consultório, quais os três instrumentos e/ou
equipamentos que se situam mais próximo de você quando
está em procedimento?
Base: 47 entrevistados.Respostas múltiplas.
A turbina (78,7%), o micromotor (63,8%) e o sugador (59,6%) foram os
equipamentos indicados com maior freqüência como os três equipamentos que se
localizam mais próximo do profissional quando está em procedimento.
(37) 78,7%
(30) 63,8%
(28) 59,6%
(7) 14,9%
(4) 8,5%
(1) 2,1%
(3) 6,4%
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Turbina
Micromotor
Sugador
Compressor de ar
Condicionador de ar
Lâmpada
Não respondeu
46
Pergunta 14 – Você considera o ruído existente no seu consultório nocivo à
sua audição?
Base: 47 entrevistados.
Observa-se que para 85,1% dos profissionais, o ruído existente no consultório
é nocivo à sua audição.
Não(7) 14,9%
Sim(40) 85,1%
47
Pergunta 15 – Você conhece alguma maneira de prevenir a perda auditiva
induzida por ruído no consultório odontológico?
Base: 47 entrevistados.
Pergunta 15.1 – Se a resposta à pergunta anterior foi afirmativa, qual o método
de prevenção utilizado?
ALTERNATIVAS ABS. %
Protetores auditivos 27 93,1
Proteção acústica no compressor 3 10,3
Instrumentos e maquinários regulados 2 6,9
Material fono absorvente 1 3,4
Instalação do compressor longe da área de trabalho 1 3,4
TOTAL 29Respostas múltiplas.
Quase 2/3 dos profissionais (61,7%) conhece alguma maneira de prevenir a
perda auditiva induzida por ruído no consultório odontológico, sendo o protetor
auditivo (93,1%) o mais conhecido por estes profissionais.
Não(18) 38,3%
Sim(29) 61,7%
48
Pergunta 15.2 – Você utiliza alguma maneira de prevenção quanto a perda
auditiva induzida por ruído no consultório odontológico?
Base: 29 entrevistados que responderam afirmativamente a Pergunta 16.
Pergunta 15.3 – Se a resposta foi positiva, quando a prevenção ocorre?
ALTERNATIVAS ABS. %
Sempre que alta ou baixa rotação é usada 2 28,6
De vez em quando 1 14,3
Sempre 1 14,3
Não respondeu 3 42,8
TOTAL 7 100,0
A maioria dos profissionais (72,4%) conhecem algum método de prevenção à
perda auditiva causada pelo ruído, mas não o utilizam.
Não respondeu(1) 3,4%
Sim(7) 24,1%
Não(21) 72,4%
49
Pergunta 15.4.1 – Motivos por que o entrevistado não utiliza prevenção:
ALTERNATIVAS ABS. %
Falta de costume quanto ao uso dentro da rotina do
consultório 4 19,0
Acesso inatingível ao protetor auditivo 3 14,3
Dificuldade p/ se comunicar com o paciente e/ou
secretária 2 9,5
Deficiência de informação sobre o protetor auditivo 1 4,8
Ausência de informação quanto à prevenção 1 4,8
Inexistência de lugar para colocar o compressor 1 4,8
Intenção de fazer primeiro uma audiometria 1 4,8
Muitos aparatos para instalar no consultório 1 4,8
Imprudência 1 4,8
Não respondeu 8 38,1
TOTAL 21
Base: 21 entrevistados que responderam negativamente a Pergunta 15.2.Respostas múltiplas.
Pergunta 15.4.2 – Motivos por que o entrevistado utiliza alguma prevenção:
ALTERNATIVAS ABS. %
Intolerância ao barulho dos equipamentos 3 42,9
Diminuição do ruído 2 28,6
Presente na rotina do consultório 1 14,3
Prevenção de perda auditiva em determinadas
freqüências 1 14,3
Resposta inadequada 1 14,3
TOTAL 7
Base: 7 entrevistados que responderam SIM na Pergunta 15.2.Respostas múltiplas.
50
Pergunta 16 – No seu consultório, o compressor de ar se localiza dentro da
sala?
Base: 47 entrevistados.
A grande maioria dos profissionais (74,5%) colocam o compressor de ar fora
da sala onde o paciente é atendido.
Não respondeu(5) 10,6%
Sim(7) 14,9%
Não(35) 74,5%
51
Pergunta 17 – No seu consultório, o compressor de ar se localiza em ambiente
tratado acusticamente?
Base: 47 entrevistados.
A maioria dos profissionais (72,3%) responderam que o compressor de ar se
localiza em ambiente não tratado acusticamente.
Não respondeu(7) 14,9%
Sim(6) 12,8%
Não(34) 72,3%
52
Tabela – No seu consultório, onde se localiza o compressor de ar: dentro da
sala ou em ambiente tratado acusticamente?
DENTRO EM AMBIENTE TRATADO ACUSTICAMENTE
DA SALA NÃO SIM NÃO RESPONDEU TOTAL
NÃO (28) 59,6% (4) 8,5% (3) 6,4% (35) 74,5%
SIM (3) 6,4% (0) 0,0% (4) 8,5% (7) 14,9%
NÃO RESPONDEU (3) 6,4% (2) 4,3% (0) 0,0% (5) 10,6%
TOTAL (34) 72,3% (6) 12,8% (7) 14,9% (47) 100,0%
Com base na análise conjunta destas informações, pode-se dizer que 59,6%
dos profissionais colocam o compressor de ar fora da sala em ambiente não tratado
acusticamente.
53
Pergunta 18 – Na compra de instrumentos, você verifica, no catálogo, o nível
de ruído emitido pelos mesmos?
Base: 47 entrevistados.
Pode-se dizer que quase todos os profissionais (93,6%) na hora de comprar
equipamentos não se preocupam quanto ao nível de ruído emitido pelos mesmos.
Sim(3) 6,4%
Não(44) 93,6%
54
Pergunta 19 – Você está interessado em verificar o nível de ruído emitido pelos
instrumentos a serem adquiridos na sua próxima compra?
Base: 47 entrevistados.
Pergunta 19.1 – Se afirmativamente, por quê?
ALTERNATIVAS ABS. %Para prevenir problemas auditivos 27 62,8Por constatar que o ruído dos aparelhos durantetodo o dia é extremamente cansativo/incômodo 3 7,0Por não tolerar/suportar mais o barulho 3 7,0Porque o ruído afeta a audição 2 4,7Por causar medo aos pacientes 1 2,3Por ter informação de dentistas que têm proble-mas de audição pelo longo tempo de profissão 1 2,3Não ter a intenção de comprar aparelhos tão cedo 1 2,3Exigir dos fabricantes a diminuição dos ruídos 1 2,3Não respondeu 5 11,6
TOTAL 43Respostas múltiplas.* Dos entrevistados que responderam NÃO na Pergunta 19, nenhum respondeu o porquê.
Não respondeu(2) 4,3%
Não(2) 4,3%
Sim(43) 91,5%
55
A maioria dos entrevistados (91,5%) estão interessados em verificar o nível
de ruído emitido pelos instrumentos a serem adquiridos na próxima compra, e 62,8%
desses vão verificar o nível de ruído para prevenir problemas auditivos.
Pergunta 20.1 – Que tipo de perda auditiva você acha característica da
exposição freqüente ao ruído:
TEMPORÁRIA ou PERMANENTE?
Base: 47 entrevistados.
Quatorze dos entrevistados (29,8%) consideram que a perda auditiva,
característica da exposição freqüente ao ruído, é permanente.
Temporária(1) 2,1%
Permanente(14) 29,8%
Não respondeu(32) 68,1%
56
Pergunta 20.2 – Que tipo de perda auditiva você acha característica da
exposição freqüente ao ruído:
SÚBITA ou PROGRESSIVA?
Base: 47 entrevistados.
A maioria dos entrevistados (78,7%) consideram que a perda auditiva
característica da exposição freqüente ao ruído é progressiva.
Progressiva(37) 78,7%
Não respondeu(10) 21,3%
Súbita(0) 0,0%
57
Pergunta 20.3 – Que tipo de perda auditiva você acha característica da
exposição freqüente ao ruído:
IRREVERSÍVEL ou REMEDIÁVEL?
Base: 47 entrevistados.
Vinte e três dos entrevistados (48,9%) consideram que a perda auditiva
característica da exposição freqüente ao ruído é irreversível.
Remediável(2) 4,3%
Irreversível(23) 48,9%
Não respondeu(22) 46,8%
58
Pergunta 20.4 – Quais as freqüências que são atingidas inicialmente na perda
auditiva pela exposição ao ruído?
Base: 47 entrevistados.
A maioria dos entrevistados (44,7%) consideram que a perda auditiva
característica da exposição freqüente ao ruído atinge primeiro as freqüências
agudas.
Graves(6) 12,8% Não respondeu
(20) 42,6%
Agudas(21) 44,7%
59
Pergunta 21 – Este espaço está disponível para seus registros e suas
observações sobre essa pesquisa:
OBSERVAÇÕES/REGISTROS ABS. %
Mobilização dos fabricantes, quanto ao nível de
ruído produzido pelos aparelhos 2 4,3
Interesse nos resultados da pesquisa para poder
corrigir alguns erros de postura 2 4,3
Conscientização dos profissionais 1 2,1
Interesse nos resultados da pesquisa para
transmitir a outros colegas 1 2,1
Alerta, porque despertou interesse pelo fato de o
ruído causar risco à saúde 1 2,1
Difícil manuseio dos protetores, pois é necessário
tirá-los sempre que vai falar com o paciente e/ou
secretária 1 2,1
Não respondeu 42 89,4
TOTAL 47
Respostas múltiplas.
60
3.4 Conclusões da Pesquisa
1. Quanto ao objeto da pesquisa:
• ruído foi apenas citado durante o curso de graduação em Odontologia;
• ruído constatado no consultório foi considerado nocivo à audição do
Odontólogo;
• a comprovação da não utilização de algum método de prevenção quanto à
perda auditiva causada pelo ruído;
• a perda auditiva, característica da exposição freqüente ao ruído, é
progressiva, permanente, irreversível, atingindo primeiro as freqüências
agudas.
2. Quanto aos profissionais entrevistados:
• nunca fizeram audiometria;
• queixam-se de intolerância a sons intensos;
• sentem dores de cabeça e irritação ou nervosismo;
• consideram pouco ruidoso o ambiente externo do seu consultório;
• julgam a turbina, o sugador, o micromotor, o compressor de ar e o
condicionador de ar, os equipamentos mais ruidosos no seu consultório,
sendo a turbina, o sugador e o micromotor os que se situam mais
próximos do profissional quando em procedimento;
61
• admitem, ainda, que o compressor de ar não está dentro da sala e muito
menos em ambiente tratado acusticamente;
• constatam que o ruído existente no seu consultório é nocivo à sua
audição;
• conhecem alguma maneira de prevenir a perda auditiva induzida pelo
ruído (protetores auditivos);
• não utilizam nenhuma maneira de prevenção;
• ao comprarem os equipamentos, não houve a preocupação de verificar o
nível de ruído emitido pelos mesmos;
• estão interessados em verificar o nível de ruído nas próximas compras
para prevenir problemas auditivos.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo desse trabalho foi pesquisar por que os odontólogos, em seus
consultórios, não se protegem dos ruídos produzidos, principalmente, por
equipamentos específicos da Odontologia.
A revisão teórica realizada abrange autores que descreveram sobre o ruído,
com contribuições desde 1964, até catálogos atuais de divulgação de instrumentos
odontológicos.
Em nosso país, há autores que contribuíram para esse estudo, principalmente
Russo e Fiorini na área de Audiologia, Gerges em Acústica e Lopes e Genovese
sobre Odontologia.
Para comprovar as descobertas bibliográficas, realizamos uma pesquisa de
campo e pudemos confirmar algumas hipóteses.
63
A maioria das respostas dos profissionais do grupo entrevistado, na pesquisa
mencionada, nos levou às seguintes conclusões:
• Verificamos que o ruído não foi conteúdo explorado durante a graduação.
• Os odontólogos não lançam mão de recursos para reduzir o ruído, apesar
de saberem que a perda auditiva causada é irreversível, progressiva e
permanente, após exposições freqüentes a ruído.
• Eles também percebem que estão expostos próximos aos ruídos mais
elevados nos seus consultórios, mas nunca fizeram audiometria e, mesmo
sentindo sintomas desconfortáveis e/ou indicativos de P.A.I.R., não
utilizam maneiras de prevenção (mas, conhecem algumas). Porém,
admitem que, agora, estão mais interessados neste aspecto, mesmo não
tendo observado o nível de ruído emitido pelos equipamentos quando na
compra dos mesmos.
Constatamos, portanto, que o entrelaçamento das áreas de Audiologia,
Odontologia e Acústica vêm possibilitar um campo mais fortalecido para estudos e
campanhas preventivas direcionadas.
64
Para uma próxima etapa, estamos realizando um projeto com objetivo de
verificar o nível audiológico atual desses odontólogos.
Sugerimos que o presente estudo provoque modificações nos critérios dos
profissionais ao comprarem seus equipamentos, ressaltando o nível de ruído emitido
como um fator importante.
Assim, informados sobre a situação de riscos auditivos a que estão expostos,
serão profissionais conscientes de seus direitos, exercendo a sua cidadania quanto
às empresas fabricantes de equipamentos odontológicos. Essas, cientes dos
prejuízos do ruído produzido por seus equipamentos, deverão fazer projetos visando
a redução de ruído na fonte. Ou serão necessárias exigências legais para limitar a
emissão de ruído, desde os equipamentos mais simples ?
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Engenharia. São Paulo, 1976.
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67
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34 RUSSO, I. C. P.; BEHLAU, M. Percepção da fala: análise acústica do português
brasileiro. Lovise: São Paulo, 1993.
35 RUSSO, I. C. P. Acústica e psicoacústica aplicadas à fonoaudiologia. Lovise:
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37 SELIGMAN, J. e Col. Sintomas e sinais na P.A.I.R. In: P.A.I.R.- Perda Auditiva
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39 STANDING, L. e Col. The effects of environmental noise on anxiety level. The
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41 W & H Áustria. Perfeição e alta tecnologia. In: Wilcos do Brasil Ind. e Com.
Ltda.., Petrópolis, RJ. (Catálogo de propaganda).
6. ANEXO
6.1 Anexo A - Questionário
PORTO ALEGRE,_____DE ABRIL DE 1998.
NOME:______________________________SEXO:____ D.N.:____/____/98.
CONS.:______________________________FONE:_______-____________
SR(A). DENTISTA:
O LEVANTAMENTO DE DADOS DESTA PESQUISA FAZ PARTE DE UM
ESTUDO DE PÓS-GRADUAÇÃO QUE VISA CONTRIBUIR COM A VALORIZAÇÃO
DA SAÚDE, DO PROFISSIONAL QUE ATUA NA ÁREA DE ODONTOLOGIA, DE
MODO INFORMATIVO E PREVENTIVO.
AGRADECEMOS SUA COLABORAÇÃO, SALIENTANDO QUE OS SEUS
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO EM MOMENTO ALGUM SERÃO DIVULGADOS.
TEMPO DE:
01. INÍCIO DE ESTÁGIO EM ODONTO:___________
02. FORMADO EM ODONTOLOGIA E ATUANDO NA ÁREA:___________
03. ATUAÇÃO PROFISSIONAL DIÁRIA:__________hs.
04. EXPOSIÇÃO DIÁRIA A RUÍDO DE TURBINA E MICROMOTOR:_________hs.
05. EXPOSIÇÕES ANTERIORES A RUÍDOS, EM TEMPO INTENSIVO:
( ) NENHUMA
( ) TRABALHO
( ) TIROS
( ) EXPLOSÕES
( ) MÚSICAS INTENSAS
06. DURANTE SEU CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA, “O RUÍDO”
FOI MATÉRIA CURRICULAR ABORDADA ?
( ) NÃO
( ) SIM ( ) FOI SOMENTE CITADO
( ) FOI COMENTADO DURANTE 1 SEMESTRE
( ) FOI DISCUTIDO DURANTE VÁRIOS SEMESTRES
07. VOCÊ JÁ FEZ AUDIOMETRIA ?
( ) NÃO
( ) SIM POR QUÊ?__________________________________________
08. COM REFERÊNCIA À SUA AUDIÇÃO, QUAIS SUAS QUEIXAS ?
( ) SENSAÇÃO DE PERDA DE AUDIÇÃO
( ) DIFICULDADE DE COMUNICAÇÃO
( ) INTOLERÂNCIA A SONS INTENSOS
( ) ZUMBIDO
( ) NENHUMA
( ) OUTRAS:_____________________________________________________
09. QUAIS ALTERAÇÕES ABAIXO VOCÊ SENTE COM FREQUÊNCIA ?
( ) DORES DE CABEÇA
( ) IRRITAÇÃO OU NERVOSISMO
( ) TONTURA ROTATÓRIA
( ) INSÔNIA
( ) NENHUMA
( ) OUTRAS :_____________________________________________________
10. COMO É O AMBIENTE EXTERNO DO LOCAL DO SEU CONSULTÓRIO ?
( ) POUCO RUIDOSO ( ) RUIDOSO ( ) MUITO RUIDOSO
11. NO SEU CONSULTÓRIO, QUE INSTRUMENTOS E/OU EQUIPAMENTOS
CAUSAM MUITO RUÍDO ?
( ) TURBINA / ALTA ROTAÇÃO
( ) MICROMOTOR / BAIXA ROTAÇÃO
( ) COMPRESSOR DE AR
( ) LÂMPADA
( ) SUGADOR
( ) CONDICIONADOR DE AR
( ) NENHUM
( ) OUTROS:_____________________________________________________
DOS ITENS DA QUESTÃO ANTERIOR:
12. SUBLINHE OS 3 MAIS RUIDOSOS.
13. FAÇA UMA à (SETA) NOS 3 QUE SE SITUAM MAIS PRÓXIMOS DE VOCÊ
QUANDO ESTÁ EM PROCEDIMENTO NO CONSULTÓRIO.
14. VOCÊ CONSIDERA O RUÍDO EXISTENTE NO SEU CONSULTÓRIO NOCIVO
À SUA AUDIÇÃO ?
( ) NÃO ( ) SIM
15. VOCÊ CONHECE ALGUMA MANEIRA DE PREVENIR A PERDA AUDITIVA
INDUZIDA POR RUÍDO, NO CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO ?
( ) NÃO
( ) SIM.........QUAL? _______________________________________________
UTILIZA ?_______QUANDO? ________________________________________
POR QUÊ? ______________________________________________________
NO SEU CONSULTÓRIO, O SEU COMPRESSOR DE AR SE LOCALIZA:
16. DENTRO DA SALA ?
( ) SIM ( ) NÃO
17. EM AMBIENTE TRATADO ACUSTICAMENTE ?
( ) SIM ( ) NÃO
18. NA COMPRA DE INSTRUMENTOS, VOCÊ VERIFICA, NO CATÁLOGO, O
NÍVEL DE RUÍDO EMITIDO PELO MESMO ?
( ) NÃO
( ) SIM NO CATÁLOGO DE QUAL EMPRESA, VOCÊ ENCONTROU O
NÍVEL DE RUÍDO ?________________________________________________
19. VOCÊ ESTÁ INTERESSADO EM VERIFICAR O NÍVEL DE RUÍDO EMITIDO
PELOS INSTRUMENTOS A SEREM ADQUIRIDOS NA SUA PRÓXIMA
COMPRA ?
( ) NÃO POR QUÊ? ______________________________________________
( ) SIM POR QUÊ? ______________________________________________
20. QUE TIPO DE PERDA AUDITIVA VOCÊ ACHA CARACTERÍSTICA DA EXPO-
SIÇÃO FREQÜÊNTE AO RUÍDO ?
20.1 ( ) TEMPORÁRIA ( ) PERMANENTE
20.2 ( ) SÚBITA ( ) PROGRESSIVA
20.3 ( ) IRREVERSÍVEL ( ) REMEDIÁVEL
21. QUAIS AS FREQÜÊNCIAS QUE SÀO ATINGIDAS INICIALMENTE NA PERDA
AUDITIVA PELA EXPOSIÇÃO AO RUÍDO ?
( ) AGUDAS ( ) GRAVES
22. ESTE ESPAÇO ESTÁ DISPONÍVEL PARA SEUS REGISTROS E SUAS
OBSERVAÇÕES SOBRE ESSA PESQUISA: ___________________________
________________________________________________________________
Atenciosamente,
___________________________________
Virgínia Ramos Keenan
Fonoaudióloga responsável pela pesquisa