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    Rudolf Steiner

    O Evangelho segundo JooConsideraes esotricas

    Sobre suas relaes com os demais Evangelhos,Especialmente com o Evangelho de ucas

    Cator!e confer"ncias proferidas em #assel $%lemanha&,de '( a ) de *ulho de +-

    .raduo/

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    Jacira Cardoso

    0ref1cio de 2arie Steiner

    0asso a passo, Rudolf Steiner nos condu! a penetrar cada ve! mais nos mistrios docristianismo3 O primeiro fundamento foi dado na4uelas confer"ncias sobre o Evangelho

    de Joo proferidas em 2uni4ue+, 5asilia'e 6amburgo7e, depois, em Estocolmo3( 0ara aestrutura da4uelas confer"ncias, pronunciadas sem base escrita, dois pontos foramavaliados/ o n8vel de conhecimento *1 atingido por uma parte da platia e acircunstancial considerao das premissas para o entendimento dos demais ouvintes3

    %ssim, tambm as presentes confer"ncias devem ser vistas como algo surgido dacolaborao viva entre doador e receptor3 Elas esto condicionadas pelo momentohist9rico em 4ue o Cristo vivente teve de ser recon4uistado para a humanidade, bemcomo pela circunst:ncia de a narrao da4uele portentoso acontecimento ternecessitado adaptar;se < possibilidade da gradativa compreenso dos homens em cu*asalmas haveria de consumar;se pela primeira ve! essa con4uista da consci"ncia para, apartir de ento, permear cada ve! mais a consci"ncia humana geral3

    = nesse sentido 4ue encontramos, nestas confer"ncias, um amorosoaprofundamento nas bases formativas da compreenso > uma infra;estrutura 4ue, pormeio da Ci"ncia Espiritual, nos leva a compreender o aspecto especificamente cristo3?9s somos condu!idos ao 2istrio de @eus, do 4ual nascemos, e aprendemos a entendero 4ue a morte3 0assamos a compreender o mistrio da superao da morte pelo morrerem Cristo, e aprendemos a entender a vida3 % Cru! C9smica emersa das 1guas universaisrecebe, na .erra, uma realidade f8sica e embebida e transiluminada pelo sangue doCristo, tornando;se um poderoso signo da Ressurreio3 % .erra, 4ue recebe a subst:ncia9ssea e o sangue derramado do Cristo, transforma;se assim em seu corpo, num novocentro de radiaoA a partir da atuao do feito do Cristo, plasmado um envolt9rio

    espiritual radiante, um novo Sol/ o Esp8rito Santo3O conteBdo das confer"ncias reprodu!idas neste livro nos leva at o limiar dessemistrio3

    m estremecimento percorre nossa alma, pois o 4ue as especulaes filos9ficasmais avanadas, as dissertaes teol9gicas mais sutis, com suas finas tramas mentais,no permitiram reali!ar > a transposio do tecido mental para a vida, para o ser, para arealidade espiritual > ocorre a4ui com alguns golpes espirituais to poderosos 4uanto afora de vDo da 1guia3 O Sol nos tra!ido para bem perto em sua essencialidadeA n9svemos seu surgimento, sentimos sua atuao, somos elevados at eleA ele nos abrange,n9s o penetramos, ele se nos torna como 4ue palp1vel3

    0or outro lado, h1 o suceder terrestre, tal como se desenrola > imagens da

    6ist9ria/ conc8lios, eig"ncias autorit1rias da Fgre*a, vener1veis patriarcas eclesi1sticoscom h1bitos e barbas ondulantes, conflitos em torno de interpretaes, separao dospr8ncipes da Fgre*a, a luta das v1rias concepes e do pensamento puro com as esferasestabelecidas da autoridade3 0ai, Gilho e Esp8rito Santo, os tr"s aspectos do Logos,perdem paulatinamente sua vida original no :mbito da luta entre sofismas dialticos3

    1 Huatro confer"ncias $''I( a +II+-)&, cu*o conteBdo anotado por ouvintes consta em Aus derBilderschrift der Apocalypse des Johannes, K%;?r3 +-(a $@ornach/ Rudolf Steiner Lerlag, ++&3 $?3E3&2Das Johannes-Evangelium, oito confer"ncias $+M;'I++I+-)& em Menschheits-entwicklung und hristus-Erkenntnis, K%;?r3 +-- $'N ed3 @ornach/ Rudolf Steiner Lerlag, ++&3 $?3E3&3Das Johannes-Evangelium, do!e confer"ncias de + a 7+II+-, K%;?r3 +-7 'Ned3 @ornach/ Rudolf SteinerLerlag, +&3 $?3E3&4

    Sobre o tema constam confer"ncias em (I( e de ) a '+I)I+- em Cristi:nia $atual Oslo&3 Le*a 6ansSchmidt, Das !ortragswerk "udolf #teiners $'N ed3 @ornach/ 0hilosophisch;%nthroposophischer Lerlag, +)&3$?3E3&

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    Surgem os dogmas apontando para a absoluta submisso e, em seu imediato corte*o,frios e cruis resolues conciliares, condenaes de hereges, fogueiras3 Gisionomiasperspica!es, astutas, 1vidas de poder, impass8veis lanam seu olhar de dentro do h1bitoe sob o chapu cardinal8cio, ordenando, *ulgando e condenando3 %rdem as chamas dasfogueiras3

    Ora, foras convincentes no residem nesses mtodos3 % corrente oposta no sedeia mais conter3 Surge inicialmente o pensar puritano, depois o pensar racional,libertando;nos paulatinamente do dogma e at mesmo da f, colocando;nos em seguidadiante do antagonismo e finalmente diante do ?ada3

    Esse ?ada contm o absurdo > e tambm a morte espiritual3 % esta s9 se podiaescapar caso, emergindo do ?ada, se descobrisse o .udo3 Encontr1;lo s9 seria poss8velcom a4uelas foras an8micas a serem ad4uiridas de forma nova/ com as foras doconhecimento, 4ue no geram limites para si pr9prias3

    Essas foras no seio da humanidade esperavam pelo aperfeioamento, pelaorientao, pela educaoA 4ueriam no s9 subtrair;se ao dogma cient8fico, mas tambmao dogma eclesi1stico, transformando a f em saber3 O limiar do sculo PP se tornou,

    para a humanidade, a4uele grau lim8trofe 4ue leva a ultrapassar as fronteiras at agoraestabelecidas para o conhecimento em direo ao dom8nio das novas possibilidadescognitivas3

    Gronteiras so sempre guardadas, cercadas, litigadas3 0or elas se luta com todos osmeios3 E no h1 eatamente meticulosidade no uso desses meios3 2as o Esp8rito da =poca poderoso, e 4uando os homens se lhe opem, tambm ele escolhe fortes meios pararomper a oposio3

    2uita coisa indica 4ue os comoventes acontecimentos pelos 4uais a humanidadeteve de passarderam;lhe o impulso 4ue rompeu a mais forte petul:ncia3 = fato 4ueainda eiste oposio, comodidade intelectual e medo3 0refere;se antes entrar na insen;sibilidade do 4ue no estado de alerta para a responsabilidade3 2as numa parte dahumanidade se fa! sentir, sem resist"ncia, a vontade em direo ao conhecimento3

    O 4ue ainda permanece diante das foras cognitivas do homem, como denso vu, seu intelecto3 ?a atividade pensante, to ligada ao crebro 4ue este a usa como umaparelho refletor, espelha;se o conteBdo eterior do pensar, para da8 ir novamente aoencontro do homem3 0ode;se senti;lo como um ser pr9prio, mas ele possui apenas umavida reflea3 Fsto se torna claro < medida 4ue se atinge o outro lado do espelho, l1 ondea vida flui3 0ode;se acompanhar o pensamento, deiando;se levar por ele3 Chega;seento ao outro lado, atr1s da alegoria refletida pela parede espelhada do crebro3sando;se das foras locali!adas alm deste, ilumina;se o pensar com o fogo espiritual4ue flui atravs do cerne eterno do homem, tornando;se a fora de seu eu3 % 1rvore do

    conhecimento transformada em 1rvore da vida3 % morte se transforma em agentedespertador pela unio com o Eu @ivino3 ?9s captamos o ind8cio 4ue nos torna umaviv"ncia consciente o fato de o morrer em Cristo se transformar em novo cintilar do vir;a;ser3 % 1rvore da vida nos sussurra o mistrio 4ue 4uer inclinar;se em nossa direo deforma nova/ a4uele 4ue, da urna do elemento f8sico, 4uer ressurgir em n9s como nossopr9prio ser pela fora do Cristo para uma nova vida, o mesmo Eu @ivino 4ue falou, dadist:ncia do espao estelar, do fogo do Sol, do raio e do trovo dos elementos, do sanguesantificado do Gilho do 6omem > a vida sagrada, una, sob tr"s aspectos/ o do LerboCriador, o do Lerbo Redentor e nificador e o do Lerbo %tuante3 ?9s o perdemos edevemos capt1;lo de novoA o conhecimento nos recondu!iu a n9s mesmos3 %o decifrar oLerbo Sagrado, n9s vivenciamos a comunho espiritual, o Cristo3

    50rimeira Kuerra 2undial3 $?3.3&

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    Este aspecto supremo, 4ue pode ser dado < humanidade no ponto de retorno docaminho de seu destino > onde, ao redor de sua personalidade, lutam hostes espirituais>, chega;lhe na paulatina revelao do Evangelho de Joo3 @a8, se erguem os degrauspara a4uele 1trio da compreenso onde a vida interior ativada capta o ser noconhecimento3

    u! divina,Cristo;Sol,a4uece nossos coraes,ilumina nossas cabeas,para 4ue se*a bomo 4ue, a partir dos coraes,4uisermos fundarAe o 4ue 4uisermos,a partir das cabeas,retamente condu!ir3 $"udolf #teiner%

    1 &' de (unho de )*+*

    % anunciao do 2istrio do Cristo

    ?uma grande parte da humanidade 4ue aspirava a algo superior, ocorria,*ustamente neste dia do ano, a celebrao de uma determinada festividade3 E a4ueles4ue a4ui, nesta cidade, se denominam conosco amigos do movimento antropos9fico,consideraram de certa import:ncia 4ue esta srie de confer"ncias pudesse iniciar;se*ustamente neste dia de So Joo3 O dia do ano assim denominado era uma festividade*1 na antiga cultura persa3 Celebrava;se ento, num dia correspondente ao presente diade *unho, a festividade do chamado Q5atismo pela 1gua e pelo fogo3 ?a antiga Roma secelebrava, num dia similar de *unho, o Gestival da Lesta, 4ue era novamente umafestividade do batismo pelo fogo3 E se retrocedermos < civili!ao europia antes docristianismo, e 4ue em suas mentes estava associado ao Sol3 ?a eracrist, esse mesmo festival de *unho tornou;se gradualmente a festa de So Joo, o

    precursor do Cristo Jesus3 @esta forma, pode igualmente ser o ponto de partida para asconsideraes a 4ue nos dedicaremos, durante os pr9imos dias, sobre o mais importantede todos os acontecimentos na evoluo da humanidade > o evento do Cristo Jesus3 %ssim,o assunto do presente ciclo de confer"ncias ser1 esse fato, sua import:ncia para evoluoda humanidade e como apresentado primeiramente no mais significativo documentocristo > o Evangelho de Joo > e depois, em comparao com este, nos outrosevangelhos3O dia de So Joo nos lembra 4ue essa suprema individualidade 4ue participou daevoluo da humanidade teve um precursor3 Com isto, abordamos igualmente umimportante ponto 4ue devemos colocar tambm, 4ual uma espcie de precursor, comoconsiderao no ponto de partida de nossas palestras3 ?o decorrer da evoluo humana

    repetem;se acontecimentos profundamente importantes, irradiando uma lu! mais6O conferencista se refere ao 6emisfrio ?orte3 $?3E3&

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    intensa 4ue outros3 @e uma poca para outra, vemos como tais acontecimentosessenciais so relevantes na 6ist9ria3 E repetidamente nos comunicada a eist"ncia dehomens 4ue, em certo sentido, podem sab";los antes e anunci1;los3 Com isto, ficasimultaneamente esclarecido 4ue esses acontecimentos no so arbitr1rios/ 4uem v" emprofundidade todo o sentido e todo o esp8rito da hist9ria da humanidade sabe como taisacontecimentos devem advir, e como ele pr9prio tem de fa!er um trabalho preparat9riopara 4ue possam ocorrer3

    @urante os pr9imos dias, teremos fre4entemente a oportunidade de falar sobre oprecursor do Cristo Jesus3 6o*e, vamos consider1;lo do ponto de vista de sua pertin"nciaaos 4ue, em virtude de dons espirituais especiais, t"m uma viso mais profunda doconteto da evoluo humana e sabem 4ue eistem momentos eminentes dessa mesmaevoluo3 @a8 sua capacidade para preparar a vinda do Cristo Jesus3 2as, ao olharmospara o pr9prio Cristo Jesus a fim de chegar rapidamente ao principal assunto de nossasconsideraes, vemos claramente 4ue a diviso cronol9gica das pocas anteriores eposteriores a seu aparecimento na .erra no sem boa ra!o3 %derindo a esta diviso,uma grande parte da humanidade demonstra ser sens8vel ao significado incisivo do

    2istrio do Cristo3 0orm, tudo o 4ue real e verdadeiro deve repetidamente serproclamado de formas e maneiras novas, pois as necessidades da humanidade alteram;sede uma poca para outra3 ?ossos tempos necessitam tambm, em certo sentido, de umanova anunciao para o maior dos acontecimentos na hist9ria do homemA e o prop9sitoda %ntroposofia ser esta anunciao3

    Essa anunciao antropos9fica do 2istrio do Cristo nova apenas no 4ue respeita e todo o advento doCristo > representa no s9 um dos maiores, mas o maior fenDmeno da evoluo dahumanidade3 Com isso fica incondicionalmente epresso o 4ue pode ser tradu!ido, porsimples palavras, da seguinte forma/ > Se o Cristo Jesus era visto, por a4ueles 4uepressentiam sua grandiosidade, como a figura mais importante da humanidade na .erra,tem de eistir uma ligao entre esse mesmo Cristo Jesus e o 4ue h1 de mais sagrado,mais 8ntimo no pr9prio homem3 .em de eistir dentro do pr9prio homem algo 4uecorresponda diretamente ao acontecimento do Cristo3 Se o Cristo Jesus, como relatadonos Evangelhos, representa realmente o maior acontecimento na evoluo dahumanidade, no dever1 ento eistir em todas as coisas, bem como em cada almahumana, um elo de unio com o Cristo JesusW

    ?a verdade, o ponto mais importante e essencial aos olhos dos cristos *oanitas dascomunidades rosa;cru!es era precisamente o fato de eistir em cada alma humana a4uilo4ue di! respeito e est1 ligado aos acontecimentos ocorridos na 0alestina por meio doCristo Jesus3 E se o Cristo pode ser considerado o acontecimento supremo dahumanidade, a0uilo 0ue na alma humana corresponde ao evento rstico tem de ser acaracter8stica suprema do homem3 O 4ue poder1 ser issoW % resposta dos disc8pulos dosrosa;cru!es a esta pergunta era 4ue toda alma humana est1 aberta a uma eperi"nciaepressa nas palavras Qdespertar, Qrenascimento ou Qiniciao3 Leremos o 4ue 4ueremdi!er tais palavras3

    Huando olhamos, < nossa volta, para as v1rias coisas 4ue nossos olhos v"em e nossas

    mos tocam, observamos como elas surgem e se decompem3 Lemos como as floresdesabrocham e murcham, como toda a vegetao do ano ganha vida e depois morre3 Eapesar de haver no mundo coisas como montanhas e rochas, aparentemente desafiandoos tempos, o provrbio TXgua mole em pedra dura tanto bate at 4ue furaU sugere um eu do 4ual os homens no t"m consci"ncia maspodem vir a ter > um eu 4ue est1 unido ao eterno da mesma forma como o primeiro est1ligado ao transit9rio e temporal3U Com o renascimento, o Eu Superior pode olhar paradentro de um mundo espiritual tal como o eu inferior pode penetrar no mundo sensorialpor meio dos sentidos3 Este assim chamado despertar, renascimento ou iniciao oacontecimento supremo para a alma humana, tambm do ponto de vista dos chamadosseguidores da Rosa;cru!3 Eles sabiam 4ue a esse renascimento do Eu Superior, 4ue olhapara o eu inferior tal como o homem olha para o mundo eterior, tem de estar ligado oevento do Cristo Jesus3 Fsto significa 4ue assim como o homem individual pode viver aeperi"ncia do renascimento no decurso de sua evoluo, o Cristo Jesus troue um novorenascimento para toda a humanidade3 O 4ue, para o homem individual, se reali!a comoum acontecimento m8stico;espiritual 8ntimo ao nascer seu Eu Superior, foi cumprido paratoda a humanidade, como um fato hist9rico do mundo eterior, por intermdio do CristoJesus na 0alestina3

    Como se apresentou esse acontecimento, por eemplo, a algum como o escritor do

    Evangelho de ucasW Ele poderia di!er a si pr9prio/ a genealogia de Jesus de ?a!arestende;se a %do e ao pr9prio @eus3 % humanidade 4ue ho*e eiste desceu outrora dealturas divino;espirituais para habitar o corpo humano f8sicoA ela nasceu do Esp8rito >estava outrora com @eus3 %do foi a4uele 4ue se deiou condu!ir das alturas espirituaispara a matriaA ele , neste sentido, o 1ilho de Deus/ 6ouve, pois, outrora > segundo oautor do Evangelho de ucas > um reino espiritual divino 4ue se adensou, por assimdi!er, formando o reino terrestre transit9rio/ surgiu %do3 Ele era a imagem terrestre doGilho de @eusA dele descende todo homem 4ue habita um corpo f8sico3 E em Jesus de?a!ar viveu, de uma maneira especial, no s9 algo 4ue vive em todo e 4ual4uer homem> nele vive algo 4ue s9 poder1 ser encontrado em sua verdadeira nature!a se estivermoscDnscios de 4ue a parte essencial do homem descende do @ivino3 Em Jesus de ?a!ar

    ainda h1 algo evidente desta origem divina3 0or isso o escritor do Evangelho de ucassente;se compelido a di!er/ TOlhai para a4uele 4ue foi bati!ado por Joo3 Ele tra!

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    caracter8sticas especiais da fonte divina da 4ual descende %do3 Esta fonte divina poderenovar;se nele3 .al como o ser divino desceu at a matria e, como divindade,integrou;se na raa humana, assim ele reaparece agora3 % humanidade pDde renascer,em sua nature!a mais 8ntima, divina, em Jesus de ?a!arVU O escritor do Evangelho deucas 4ueria di!er o seguinte/ se seguirmos a ascend"ncia de Jesus de ?a!ar at sua

    origem, reencontraremos nele a origem divina e os atributos do Gilho de @eus, numaforma renovada e em maior grande!a do 4ue a humanidade poderia possuir at ento3O escritor do Evangelho de Joo realou ainda mais nitidamente 4ue algo divino

    vive no homem, manifestando;se em sua forma suprema como @eus ou o pr9prio Logos/@eus, 4ue por assim di!er havia sido enterrado na matria, renasce como @eus em Jesusde ?a!ar/ eis o significado pretendido pelos escritores ao prefaciar seus Evangelhos3

    E os 4ue pretendiam continuar a sabedoria dos Evangelhos > os cristos *oanitas >,o 4ue di!iamW @i!iam o seguinte/ > 0ara cada homem individual eiste um grande, umportentoso acontecimento 4ue pode ser denominado renascimento do Eu Superior3 %ssimcomo a criana nasce de sua me, tambm o Eu @ivino nasce do homem3 % iniciao, odespertar poss8vel, e uma ve! consumado > assim di!iam os entendidos >, passam a

    ter import:ncia coisas diferentes das 4ue tinham antes3 O 4ue se torna importante ser1evidenciado por uma comparao/

    Suponhamos termos diante de n9s um homem na casa dos setenta anos > porm umhomem iniciado 4ue tenha recebido seu Eu SuperiorA e imaginemos 4ue tenha vivenciadoo renascimento, o acordar de seu Eu Superior aos 4uarenta anos3 Huem pretendesseescrever sobre sua vida nessa ocasio teria podido di!er/ T%4ui est1 um homem em 4uemnasceu o Eu Superior3 Ele o mesmo 4ue conheci em determinada situao h1 cinco anose em outra h1 de! anosVU E se ele 4uisesse mostrar;nos a identidade deste homem comrefer"ncia ao ponto de partida especial 4ue fora seu nascimento, os 4uarenta anosiniciais de sua eist"ncia f8sica seriam pes4uisados e descritos segundo a Ci"nciaEspiritual3 %os 4uarenta anos, contudo, nasceu nesse homem um Eu Superior, 4ue desdeento irradia sua lu! sobre todas as circunst:ncias da vida3 Esse agora um novohomem3 O 4ue antecede este acontecimento agora menos importanteA estamossobretudo empenhados em saber como o Eu Superior cresce e se desenvolve de ano paraano3 ?a altura do septuagsimo ano desse homem, dever8amos informar;nos sobre 4ualteria sido o percurso de seu Eu #uperior dos 4uarenta aos setenta anos de idade3 E paran9s seria importante ser o verdadeiro Eu Superior esse 4ue se nos apresenta aos setentaanos, se realmente reconhec"ssemos nele a4uele nascido na alma desse homem aos4uarenta anos de idade3

    %ssim procediam os escritores dos Evangelhos, e igualmente os cristos *oanitasadeptos da Rosa;cru!, com relao ao ser 4ue denominamos Cristo Jesus3

    Os evangelistas empenharam;se primeiramente em demonstrar 4ue o Cristo Jesusprovm do Esp8rito original do mundo, ou se*a, do pr9prio @eus3 % divindade at entooculta em todos os homens manifesta;se proeminentemente no Cristo Jesus3 .rata;se domesmo @eus 4ue em Joo se afirma ter estado presente no in8cio3 E foi o ob*etivo dosevangelistas mostrar 4ue a4uele @eus, e nenhum outro, estava em Jesus de ?a!ar3Contudo, a4ueles cu*a misso foi continuar a sabedoria de todos os tempos, mesmo atnossa poca, estavam empenhados em mostrar como o Eu Superior da humanidade, oEsp8rito @ivino da humanidade, nascido em Jesus de ?a!ar pelos acontecimentos na0alestina, permaneceu o mesmo e foi preservado por todos os 4ue na verdade ocompreendiam3

    Como no caso descrito acima, em 4ue o Eu Superior nasceu num homem aos seus

    4uarenta anos, os evangelistas descreveram o @eus no homem at os acontecimentos na0alestina/ como esse @eus se desenvolveu, como renasceu e assim por diante3 Os

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    continuadores dos evangelistas, contudo, tiveram de mostrar 4ue os acontecimentosassim descritos tratavam do renascimento do Eu Superior, e 4ue de ento para c1 apenasnos interessa o aspecto espiritual, 4ue agora irradia lu! sobre todo o resto3 Os cristos*oanitas, cu*o s8mbolo era a Rosa;cru!, di!iam o seguinte/ foi precisamente a4uilo 4uerenasceu como o mistrio do Eu Superior da humanidade 4ue se preservou intacto3 Esse

    mistrio foi preservado por a4uela comunidade restrita 4ue teve in8cio no movimentoRosa;cru!3 Essa comunidade simbolicamente relatada na lenda do c1lice sagradodenominado QSanto Kraal, do 4ual Cristo Jesus comeu e bebeu e no 4ual o sangue 4ue*orrou de suas feridas foi recolhido por Jos de %rimatia3 Esse c1lice, segundo se di!,foi tra!ido por an*os para a Europa3 Goi;lhe constru8do um templo, e os rosa;cru!estornaram;se os guardies de seu conteBdo > da4uilo 4ue constitu8a a verdadeira ess"nciado @eus renascido3 O mistrio de @eus renascido reinava na humanidade/ eis o mistriodo Santo Kraal3 Esse um mistrio apresentado como um novo Evangelho, e do 4ual sedi!/ TElevemos o olhar para o s1bio escritor do Evangelho de Joo, 4ue pDde di!er/ Q?oprinc8pio era o Lerbo, e o Lerbo estava com @eus, e o Lerbo era @eus3 O mesmo 4ueestava no princ8pio com @eus renasceu na4uele 4ue vimos sofrer e morrer no K9lgota, e

    4ue ressuscitou3U Essa continuidade do 0rinc8pio @ivino atravs de todos os tempos e suaressurreio o 4ue 4uis descrever o autor do Evangelho de Joo3 0orm todos osnarradores destes fatos sabiam/ o 4ue eistia desde o princ8pio havia sido preservado3

    ?o princ8pio era o mistrio do Eu Superior humanoA este foi mantido no Kraal e aoKraal permaneceu unidoA e no Kraal vive o Eu 4ue est1 unido ao eterno e imortal, assimcomo o eu inferior est1 unido ao transit9rio e mortal3 Huem conhece o mistrio do SantoKraal sabe 4ue do lenho da cru! surge a ess"ncia da vida, o Eu imortal simboli!ado pelasrosas na madeira escura3 @esta forma o mistrio da Rosa;cru! pode ser visto como umacontinuao do Evangelho de Joo, e nesta conformidade podemos realmente di!er asseguintes palavras/

    ?o princ8pio era o Lerbo, e o Lerbo estava com @eus, e o Lerbo era @eus3 Eleestava no princ8pio com @eus3 .odas as coisas foram criadas por Ele, e nada foicriado sem Ele3 ?ele estava a Lida, e a Lida era a u! dos homens3 E a u! irradiouna escurido, mas a escurido no a compreendeu3

    %penas alguns, nos 4uais vivia algo no nascido da carne, compreendiam a u! 4ueirradiava na escurido3 Ento, a u! se tornou carne e viveu entre os homens na formade Jesus de ?a!ar3

    Ora, no sentido do Evangelho de Joo se poderia di!er/ > E no Cristo 4ue viveu emJesus de ?a!ar estava o Eu Superior @ivino de toda a humanidade, do @eus renascido,4ue se tornou terreno em %do, criado < sua imagem3 Esse Eu humano renascido tevecontinuidade como um mistrio sagradoA foi preservado sob o s8mbolo da Rosa;cru!, e

    anunciado ho*e como o mistrio do Santo Kraal, como a Rosa;cru!3O Eu Superior, 4ue pode nascer em toda alma humana, provm do renascimento do

    Eu @ivino na evoluo da humanidade por meio do acontecimento da 0alestina3 .al comoo Eu Superior nasce em todo ser humano, o Eu Superior de todos os homens, o Eu @ivino,nasceu na 0alestina3 Fsto foi preservado e mais desenvolvido por a4uilo 4ue se oculta nos8mbolo da Rosa;cru!3 0orm, ao considerarmos a evoluo humana no vemos apenaseste grande acontecimento, o renascimento do Eu Superior/ h1 uma 4uantidade deacontecimentos menores3

    %ntes de a alma poder elevar;se a esta eperi"ncia sublime $o nascimento do Euimortal dentro do mortal&, certas etapas preliminares, de profunda nature!a, devem serpercorridas3 O homem deve preparar;se de muitas e mBltiplas maneiras3 E ap9s estagrande eperi"ncia, 4ue lhe permite di!er T%gora sinto algo dentro de mimA estou ciente

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    de 4ue algo em mim baia o olhar para o meu eu habitual do mesmo modo como meu euhabitual baia o olhar para os ob*etos sens8veis3 %gora sou um segundo ser dentro doprimeiroA elevei;me < civili!aoprimordial da 8ndia3 %8 encontramos sete grandes e santos mestres, conhecidos como osSantos "ishis3 Eles apontavam, no alto, um ser superior do 4ual di!iam/ TCom toda anossa sabedoria, podemos apenas pressentir>mas no conseguimos ver esse sersublimeVU Os sete Santos "ishis viam muitoA no entanto esse ser elevado, a 4uemchamavam !ishva 2arman, situava;se alm de sua esfera3 Esse ser realmente preenchia omundo espiritual, mas locali!ava;se alm do alcance da viso clarividente da4uelapoca3 Ento veio o per8odo de civili!ao conhecido pelo nome de seu grande iniciadorYaratustra3 %4ueles a 4uem teve por misso dirigir, Yaratustra disse/ THuando os olhosclarividentes se fiam nas coisas do mundo > os minerais, as plantas, os animais e ohomem >, v"em diversos seres espirituais em todas as coisas3 2as o ser espiritual a 4uemo homem deve sua pr9pria eist"ncia e 4ue, em tempos vindouros, dever1 viver na mais8ntima nature!a do homem > esse ser ainda no pode ser visto 4uando se olha para ascoisas do mundo, se*a com olhos f8sicos ou clarividentes3U 2as 4uando elevava ao Sol seuolhar espiritual, Yaratustra no via apenas o Sol3 @i!ia 4ue, assim como a aura do homempode ser vista envolvendo;o, tambm a grande aura solar, Ahura Ma3dao, pode ser vistano Sol3 E foi a grande aura do Sol 4ue produ!iu o homem de uma forma a ser descritamais adiante3 O homem a imagem do Esp8rito do Sol, Ahura Ma3dao, mas AhuraMa3dao ainda no habitava na .erra3

    Chega ento a poca em 4ue, em sua viso clarividente, o homem comea a verAhura Ma3dao em seu ambiente terrestre3 Fniciou;se o grande momento de ocorrer o 4ue

    ainda no fora poss8vel na poca de Yaratustra3 ?os troves e rel:mpagos terrestres noviam os olhos clarividentes de Yaratustra o grande Esp8rito do Sol, Ahura Ma3dao, oar4utipo da humanidadeA mas 4uando se voltava para o Sol, l1 via eleAhura Ma3dao/

    .endo Yaratustra encontrado em 2oiss seu sucessor, os olhos clarividentes de2oiss se abriram e ele pDde ver, na sara ardente e no fogo do Sinai, a4uele Esp8rito4ue se proclamou o e(eh asher e(eh, o TEu sou a4uele 4ue era, 4ue e 4ue ser1U, Javou Jeov13 Hue havia acontecidoW

    @esde os tempos pr;hist9ricos, desde a apario de Yaratustra e antes de 2oisssurgir entre os homens, o Esp8rito 4ue anteriormente s9 habitava no Sol havia;se dirigidoa .erra3 u!iu na sara ardente e no fogo do SinaiA estava nos elementos terrestres3%lgum tempo depois, o Esp8rito 4ue os Santos "ishis pressentiram mas no puderam ver

    em estado de clarivid"ncia > o Esp8rito 4ue Yaratustra procurou no Sol, 4ue seproclamou a 2oiss no trovo e no rel:mpago >, o mesmo aparecia sob forma humana

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    em Jesus de ?a!ar3 %ssim foi o curso da evoluo/ do mundo c9smico ele desceuprimeiro para os elementos f8sicos, em seguida para um corpo humanoA o Eu @ivino, do4ual o homem emergiu e ao 4ual o escritor do Evangelho de ucas atribui a ascend"nciade Jesus de ?a!ar, voltava a nascer3 Com isto se consumava o acontecimento sublimedo renascimento de @eus no homem3

    Rememoremos as etapas preparat9rias 4ue a humanidade igualmente atravessou3Os antigos guias 4ue participavam do progresso geral da humanidade tambm estiveramsu*eitos a passos preliminares, at 4ue um deles avanou o suficiente para tornar;se oportador do Cristo3 Lemos assim como a evoluo da humanidade se apresenta a umaobservao espiritual3

    E h1 ainda outro fato importante3 O ser venerado pelos Santos "ishis como !ishva2arman, por Yaratustra comoAhura Ma3dao do Sol, por 2oiss como e(eh asher e(eh,apareceu num determinado homem, Jesus de ?a!ar, na limitada condio humanaterrestre3 2as antes de chegado o ponto em 4ue esse ser sublime pudesse habitar umhomem como Jesus de ?a!ar, mBltiplas preparaes foram necess1rias3 ?este sentido, opr9prio Jesus de ?a!ar teve de elevar;se a um alto grau de evoluo3 m homem

    4ual4uer no poderia ser o portador do ser 4ue descia < .erra da forma descrita3Ora, n9s 4ue nos acercamos da Ci"ncia Espiritual conhecemos a realidade da

    reencarnao3 @evemos, assim, di!er 4ue Jesus de ?a!ar > e no o Cristo > haviapassado por muitas encarnaes e suportara muitas provas em tempos anteriores, antesde poder vir a ser Jesus de ?a!ar3 Em outras palavras, Jesus de ?a!ar teve de tornar;se um alto iniciado antes de poder receber o Cristo3

    Huando nasce um alto iniciado, como se distinguem seu nascimento e sua vidasubse4ente do nascimento e da vida subse4ente de um homem comumW @e um modogeral, podemos assumir 4ue, ao nascer, o homem est1 formado, ao menosaproimadamente, a partir dos resultados de uma encarnao anterior3 Com o iniciado,contudo, no isso o 4ue ocorre3 O iniciado no poderia ser um guia de homens se suavida interior apenas se adaptasse

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    Huem possui a viso do mundo espiritual sabe do advento e do renascimento de uminiciado, e 4ue isso constitui um acontecimento no mundo espiritual3 %ssim o sabiam ostr"s reis do Oriente 4ue troueram oferendas pelo nascimento de Jesus de ?a!arA e omesmo foi epresso pelas palavras do sacerdote iniciado no templo )/ T%gora possomorrer contente, pois meus olhos viram %4uele 4ue ser1 a salvao dos homensVU

    Lemos, pois, ser necess1ria a4ui uma clara distino3 .emos um alto iniciadorenascido em Jesus de ?a!ar, de cu*o nascimento deve ser dito/ > ma criana nasceu3Com essa criana surge algo 4ue no pode ser abrangido por seu corpo f8sicoV > E comesse Jesus de ?a!ar temos igualmente, no mundo espiritual, algo significativo 4uegradualmente desenvolve o corpo at o ponto de este se tornar apto para esse Esp8rito3%tingido tal ponto, acontece 4ue Joo 5atista se aproima de Jesus de ?a!ar e umEsp8rito superior desce, unindo;se a este Bltimo/ 4uando o Cristo penetra em Jesus de?a!ar3 = ento 4ue Joo 5atista, como precursor de Jesus Cristo, pode di!er/ TEu vimao mundo e fui a4uele 4ue preparou o caminho para um ser superior3 Com minha bocaeterior anunciei 4ue o Reino de @eus, o Reino dos Cus est1 pr9imo, e 4ue os homensdevem modificar sua atitude interior3 Lim para o meio dos homens e pude di!er;lhes 4ue

    um novo impulso entrar1 na humanidade3 .al como na primavera o Sol sobe mais alto noscus proclamando o nascimento de algo novo, assim eu venho proclamar a4uilo 4ue est1germinando como o Eu renascido da humanidadeVU

    Huando o car1ter humano em Jesus de ?a!ar atingiu seu 1pice e seu corpo setornou a epresso de seu esp8rito, estava ele tambm pronto a receber o Cristo pelo5atismo de Joo3 Seu corpo estava to desenvolvido 4uanto o Sol irradiante no dia de SoJoo, em *unho3 Fsto fora profeti!ado3 O Esp8rito deveria nascer da escurido tal como oSol aumenta em fora e cresce at o dia de So Joo para, em seguida, comear adiminuir3Esta foi a misso de Joo 5atista/ anunciar como o Sol ascende com esplendorcada ve! maior at o momento em 4ue ele, Joo 5atista, pode di!er/ T%4uele 4ue osantigos profetas anunciaram > a4uele 4ue foi denominado pelos Reinos Espirituais comoseu Gilho > ele apareceuVU Goi at este ponto 4ue Joo 5atista atuou3 2as 4uando os diasse tornam mais curtos e a escurido de novo aumenta, por meio de preparaes a lu!espiritual interior deve relu!ir e tornar;se cada ve! mais brilhante, tal como o Cristorelu! em Jesus de ?a!ar3

    %ssim observou Joo a vinda de Jesus de ?a!ar, cu*o crescimento ele sentiu comoseu pr9prio decrscimo e como o aumento do Sol3 T%gora decrescereiU, disse ele > talcomo o Sol diminui ap9s o dia de So Joo >A Tmas ele, o Sol Espiritual, crescer1 e sualu! irradiar1 da escuridoVU %ssim falou ele de si pr9prio3 %ssim se iniciou o renascimentodo Eu da humanidade, do 4ual depende o renascimento de cada Eu Superior individual3

    Com isto est1 caracteri!ado o importante acontecimento na evoluo do homem

    individual/ o renascimento do ser imortal 4ue pode originar;se do eu habitual3 Este fatoest1 ligado ao maior de todos os acontecimentos, o evento do Cristo, ao 4ualdedicaremos as pr9imas confer"ncias3

    21 &4 de (unho de )*+*

    Jesus de ?a!ar e o advento do Cristo

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    Simeo, o homem *usto e piedoso 4ue, segundo ucas, veio ao templo de Jerusalm por ocasio da

    apresentao do menino Jesus por seus pais3 $?3.3&8.rata;se a4ui do solst8cio de vero no 6emisfrio ?orte, no m"s de *unho3 $?3E3&

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    imaginar, no entanto, 4ue a CrDnica do %Zasha > essa hist9ria espiritual 4ue se abre aosolhos do clarividente > se*a como um teto da vida comum3 Ela como uma escrituraviva, e tentaremos ilustrar isso com o seguinte eemplo/

    Suponhamos 4ue o clarividente retroceda, digamos, aos tempos de JBlio Csar3 Osatos de Csar, no tocante ao plano f8sico, foram presenciados pelos seus

    contempor:neos3 .odo ato deiou sua marca na CrDnica do %Zasha, e 4uando oclarividente olha retrospectivamente como se uma sombra espiritual ou ar4utipo dosatos estivesse presente3 0ensem no movimento da mo3 % imagem visual no pode sercaptada pelo clarividente, mas a inteno de mover a mo, as foras invis8veis 4ueprodu!iram o movimento, podem sempre ser vistas por ele3 @a mesma forma, tudo o 4ueviveu nos pensamentos de Csar torna;se vis8vel, fosse sua inteno a de tomar umacerta medida ou de condu!ir uma determinada batalha3 .udo o 4ue seus contempor:neospresenciaram originou;se de seu impulso volitivo e efetivou;se pela ao de forasinvis8veis situadas atr1s da imagem vis8vel3 2as o 4ue est1 atr1s das imagens vis8veis realmente como o verdadeiro Csar, vivendo e movimentando;se > como uma imagemespiritual de Csar, vis8vel ao clarividente na CrDnica do %Zasha3 Ora, algum pouco

    eperiente nestes assuntos poder1 ob*etar/ THuanto < sua narrativa dos tempos antigos,parece;nos pura fantasia, pois seu conhecimento dos atos de Csar provm da 6ist9ria, esua imaginao frtil o fa! acreditar ver uma espcie de imagens %Zasha invis8veis3U ?oentanto, 4uem est1 familiari!ado com tais coisas sabe 4ue 4uanto menos o clarividentesouber, pela 6ist9ria eterior, sobre o assunto das suas investigaes, mais f1cil se lhetornar1 a leitura da CrDnica do %Zasha3 % 6ist9ria eterior e seu conhecimento *ustamente um obst1culo < investigao oculta3 Huando atingimos uma certa idade,ficamos sob influ"ncia da cultura de nossa poca3 O clarividente tambm tra! consigo aeducao de seus dias, at o ponto em 4ue lhe nasce o eu clarividente3 Ele estudou6ist9ria, tendo tambm obtido conhecimentos tal 4ual lhe foram fornecidos pelaKeologia, 5iologia, 6ist9ria da Civili!ao e %r4ueologia3 ?a realidade, tudo istoperturba sua viso e poder1 influenci1;lo 4uando da leitura na CrDnica do %Zasha3 ?a6ist9ria eterior no pode ser esperada a mesma ob*etividade e certe!a poss8vel nadecifrao da CrDnica do %Zasha3 0ensem em 4ue condies um fato ou outro se tornaQhist9rico3 Certos documentos relacionados com um determinado acontecimento forampreservados, en4uanto outros > talve! os mais importantes > tero desaparecido3 meemplo mostrar1 4uo incerta pode ser a 6ist9ria3

    Entre os muitos ensaios poticos deiados por K[ethe, e 4ue so um lindocomplemento < grande obra 4ue ele nos legou em forma acabada, eiste um poemafragmentado sobre ?aus8caa3 0orm eistem apenas alguns esboos demonstrando comoele tencionava completar esse poema3 Ele procedia fre4entemente assim > tomando

    nota de algumas frases >, e em geral s9 muito pouco foi preservado3 %ssim tambmocorreu com 7auscaa/ 6ouve dois homens 4ue tentaram completar este fragmento/Scherer, historiador da literatura, e 6erman Krimm3 2as Krimm foi mais 4ue umpes4uisador > ele era um pensador com grande imaginao/ foi o mesmo 4ue nos legouAvida de Michel8ngelo e um estudo sobre K[ethe3 Krimm lanou;se ao trabalho tentandoidentificar;se com o esp8rito de K[ethe, e perguntou;se/ como teria K[ethe, sendo 4uemera, concebido uma figura como a ?aus8caa da 9diss:ia; Em seguida, com um certodespre!o por esses documentos hist9ricos, reconstituiu o poema no sentido das idias deK[ethe3 Scherer, no entanto, obcecado por fatos documentados, Qpreto no branco,afirmou 4ue a ?aus8caa de K[ethe no poderia ser reconstru8da eceto com base emmaterial eistente3 E se propDs tambm construir uma 7ausicaa, mas seguindo as ano;

    taes ao p da letra3 Ento comentou 6erman Krimm/ TSuponhamos 4ue o criado deK[ethe tenha retirado algumas folhas $4uem sabe as mais importantes& para acender a

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    lareiraV Eiste alguma garantia de 4ue as folhas eistentes tenham algum valor,comparadas com a4uelas 4ue talve! tenham sido 4ueimadasWU

    .al como neste eemplo, tambm poder1 ocorrer com toda hist9ria 4ue tiver comoorigem fatos documentados3 E isto ocorre fre4entemente3 Huando se constr9i algo combase em documentos, nunca se deve es4uecer 4ue precisamente os mais importantes

    podem ter desaparecido3 ?a realidade, a 6ist9ria nada seno uma fale convenue/Huando os fatos revelados pela CrDnica do %Zasha diferem muito da 6ist9riaconvencional, o clarividente encontra dificuldade em acreditar na imagem do %Zasha3 Eseria imediatamente atacado pelo pBblico eterno se, com base na CrDnica do %Zasha,relatasse 4ual4uer fato de forma diferente3 0or isso, 4uem tem eperi"ncia em taisassuntos prefere falar dos tempos arcaicos > de fases remotas da evoluo terrestre,sobre as 4uais no eistem documentos ou tradio3 ?estes casos, em 4ue a 6ist9riaeotrica interfere o m8nimo, o relato da CrDnica do %Zasha o mais fiel poss8vel3 @estasobservaes os Senhores podem concluir 4ue ningum familiari!ado com tais coisaspoderia conceber 4ue as descries da CrDnica do %Zasha pudessem ser apenas um ecodos fatos *1 sabidos pela 6ist9ria convencional3

    Se investigarmos na CrDnica do %Zasha a4uele grande acontecimento cu*osignificado foi abordado ontem, descobriremos os seguintes pontos principais/

    .oda a raa humana 4ue vive na .erra tem sua origem num plano espiritual edescende de uma eist"ncia espiritual divina3 0odemos di!er o seguinte/ antes 4ueeistisse a possibilidade de um olho f8sico ver > ou uma mo f8sica segurar > um corpohumano, o homem *1 eistia em forma de entidade espiritual, e em pocas mais remotascomo parte de seres espirituais divinos3 Como ser, o homem nasceu de seres espirituaisdivinos3 Os deuses so, por assim di!er, os antepassados dos homens, e estes sodescendentes dos deuses3 Os deuses necessitavam de homens como seus descendentes,pois sem estes no poderiam descer ao mundo f8sico;sensorial3 Continuando sua eist"nciaem outros mundos, os deuses trabalharam do eterior sobre o homem para 4ue ele sedesenvolvesse gradualmente na .erra3

    %gora os homens teriam de ultrapassar, passo a passo, os obst1culos surgidos davida na .erra3 Hue obst1culos eram essesW

    O essencial, para os homens, 4ue os deuses ha*am permanecido espirituais e eles,como seus descendentes, se ha*am tornado f8sicos3 O homem, cu*a nature!a espiritualera apenas a parte interior, tendo;se tornado f8sico em seu ser eterior, tinha agora deultrapassar os obst1culos oferecidos pela eist"ncia f8sica3 @entro do mundo f8sico, eletinha de continuar seu desenvolvimento3 @esta forma, avanando de grau em grau emdesenvolvimento e maturidade, foi;lhe cada ve! mais poss8vel voltar;se novamente paraos deuses de cu*o ventre nascera3 ma descend"ncia dos deuses seguida de uma

    reascenso e uma paulatina reunio com eles > eis o caminho do homem atravs da vidaterrena3 0ara tornar poss8vel esta evoluo, certos indiv8duos humanos tiveram deultrapassar os outros e tomar a dianteira a fim de tornar;se os guias e mestres doshomens3 .ais guias e mestres tiveram seu lugar entre os homens e encontraram, porassim di!er, o caminho para os deuses mais cedo 4ue o resto da humanidade3 @essemodo, podemos di!er 4ue num determinado per8odo os homens atingem um certo graude evoluoA a8 talve! apenas pressintam o retorno aos deuses, mas ainda t"m muito acaminhar antes disso3 61 neles uma centelha do divino, porm nos guias eiste semprealgo mais3 Eles esto mais perto do :mbito divino 4ue o homem mais tarde dever1atingir3 E a4uilo 4ue reside nesses guias da humanidade visto, por 4uem tem os olhosabertos para as coisas do esp8rito, como seu atributo principal e essencial3

    Suponhamos 4ue um grande guia da humanidade se encontre perante outro homem4ue, se bem no se*a de seu mesmo grau, no entanto se*a superior < mdia dos seres

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    humanos3 Esse homem, suponhamos, tem uma viva sensao de 4ue o outro um grandeguia, e de 4ue a nature!a espiritual 4ue o resto da humanidade ainda tem de ad4uirir *1est1 presente nele em alto grau3 Como tal homem descreveria esse guiaW Ele diria/ T\minha frente est1 um homem > um ser humano num corpo f8sico, como todos os outros32as o corpo f8sico o menos importante neleA no entra em considerao3 ?o entanto,

    4uando lhe diri*o meu olhar espiritual, ve*o unido a ele um ser espiritual ma*estoso, umser divino;espiritual3 E isto to importante 4ue eu dedico toda a minha ateno a esseser divino e despre!o o aspecto f8sico 4ue ele tem em comum com outro homem3U0ortanto, o clarividente v" num guia de homens algo 4ue transcende o resto dahumanidade, devendo ser descrito de forma completamente diferente3 O clarividentedescreve o 4ue seus olhos espirituais v"em3

    Os 4ue atualmente t"m vo! ativa na vida pBblica certamente achariam rid8cula aidia de um guia transcendente da humanidade3 Lemos como alguns homens cultos *1comeam a tratar as grandes figuras da raa humana do ponto de vista psi4ui1tricoV Eleseria reconhecido apenas pelos 4ue houvessem aperfeioado seu olhar espiritual3 Estes,porm, saberiam no se tratar de um louco ou fan1tico, nem mesmo de um Qhomem

    dotado, como pessoas benevolentes talve! o designassem, e sim de uma das maioresfiguras da vida humana no sentido espiritual3 %ssim ocorreria nos dias de ho*e3 2as nopassado seria bastante diferente, e tambm num passado ainda no to distante de n9s3

    Sabemos 4ue a humanidade, com respeito < sua consci"ncia, passou por v1riasmetamorfoses3 .odos os homens possu8ram, outrora, uma clarivid"ncia semiconsciente32esmo na poca do Cristo a clarivid"ncia ainda estava desenvolvida at certo ponto, eem sculos anteriores ainda mais, embora fosse apenas uma mera sombra do 4ue haviasido nos tempos da %tl:ntida e logo a seguir3 0ouco a pouco a consci"ncia clarividentedesapareceu de entre os homens3 Contudo, eistiram sempre indiv8duos isolados 4ue apossu8am, e mesmo ho*e se encontram pessoas Qclarividentes naturais, cu*aclarivid"ncia nebulosa consegue distinguir os elementos da nature!a espiritual dohomem3

    Loltemos ao tempo do surgimento do 5uda para o povo da antiga 8ndia3 ?a4uelapoca ainda no era como ho*e3 6o*e em dia esse aparecimento de um 5uda,principalmente na Europa, no seria especialmente respeitado3 2as na poca do 5udaera diferente, pois muitos eram capa!es de ver o 4ue estava realmente acontecendo/ onascimento de 5uda fora muito diferente de um nascimento comum3 ?as escrituras doOriente, e precisamente na4uelas 4ue tratam do assunto com a mais profundacompreenso, o nascimento do 5uda descrito, como se poderia di!er, em grande estilo3%8 relatado 4ue a rainha 2a]a era a QFmagem da Krande 2e, tendo;lhe sido predito4ue ela daria < lu! um ma*estoso ser3 E esse ser veio a .erra por nascimento prematuro3

    Esta uma maneira fre4ente de um ser not1vel ser enviado ao mundo/ ocorre umnascimento prematuro, por4ue o ser humano em 4ue est1 encarnado o ser elevado liga;se menos < matria do 4ue ap9s plena maturidade3

    ?as importantes escrituras do Oriente relata;se ainda 4ue no momento de seunascimento o 5uda foi iluminado, abrindo imediatamente os olhos e dirigindo;os aos4uatro pontos cardeais da .erra > norte, sul, leste e oeste3 E depois dito 4ue ele deuimediatamente sete passos, cu*as marcas permaneceram gravadas no solo onde ele ofe!3 E logo ele tambm falou, di!endo as seguintes palavras/ TE esta a vida em 4ue eume transformo de 5odhisatva em 5uda, a Bltima encarnao 4ue eu devo percorrer nesta.erra3U

    0or estranhos 4ue estes relatos possam parecer ao pensador materialista de ho*e, e

    por imposs8vel 4ue se*a interpret1;los de uma forma materialista improvisada, suaverdade compreendida por 4uem capa! de ver as coisas com olhos espirituais3 E

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    na4ueles tempos eistiam ainda pessoas 4ue, em virtude de seu dom natural declarivid"ncia, podiam ver espiritualmente o 0ue viera ao mundo com o 5uda3 Soestranhos os di!eres 4ue eu lhes citei das escrituras orientais sobre o 5uda3 6o*e em diase di! 4ue so sagas e mitos3 2as 4uem compreende estas coisas sabe 4ue nelas estocontidas verdades espirituais3 E acontecimentos como o nascimento do 5uda no

    significam apenas algo dentro dos estreitos limites da personalidade ento nascidaA elest"m significado universal, irradiando 4ual foras espirituais3 E a4ueles 4ue ainda viveramnesses tempos de maior receptividade espiritual puderam realmente ver a irradiao deforas espirituais por ocasio do nascimento do 5uda3

    Seria muito *usto algum perguntar/ por 4ue tais coisas no sucedem mais ho*eWOra, tambm ho*e eistem atuaes nesse :mbito, mas s9 um clarividente consegue v";las > pois no basta eistir algum 4ue irradie essas foras, mas tambm algum 4ue asreceba3 ?os tempos em 4ue os homens ainda eram mais espirituais, eram tambm maisreceptivos a tais irradiaes3 0or isso eiste uma profunda verdade em se di!er 4ue nonascimento do 5uda atuaram foras de nature!a curativa e conciliadora3 ?o se trata deuma lenda, pois grandes verdades esto contidas na afirmao de 4ue, ao nascer o 5uda,

    os 4ue antes se odiavam uniram;se em amor, os 4ue estavam em luta reconciliaram;se, eassim por diante3

    %os olhos do clarividente, a evoluo humana no aparece como a estrada planavista pelo historiador, na 4ual se eleva, no m1imo, um pouco das figuras aceitas comohist9ricas3 Hue eistam elevaes e montanhas nessa estrada as pessoas no 4ueremadmitir > elas no suportam isso3 2as 4uem tem uma viso espiritual abrangente domundo sabe 4ue eistem portentosas elevaes e montanhas sobrepondo;se ao caminhoda humanidade restante/ so *ustamente os guias da humanidade3

    Em 4ue consiste tal direo da humanidadeW Em levar o homem a perfa!erpaulatinamente os passos 4ue o condu!am aos mundos espirituais3 Ontem mostramos umdos passos como sendo o mais importante/ o nascimento e o Eu Superior, do EuEspiritual3 Galamos tambm da eist"ncia de passos preparat9rios e passos posteriores3@e nossa eplanao os Senhores podem ver 4ue o 4ue denominamos o evento Cr8stico o 1pice da evoluo humana, tendo sido necess1ria uma longa preparao antes de oCristo poder encarnar;se em Jesus de ?a!ar3 0ara se compreender estas preparaes,devemos eaminar um pouco o mesmo fenDmeno em menor escala3

    Suponhamos 4ue um homem entre no caminho do conhecimento espiritual emdeterminada encarnao, isto , prati4ue alguns eerc8cios $dos 4uais falaremos maistarde& 4ue plasmem a alma cada ve! mais espiritualmente, tornando;a receptiva ao 4ueprovm do esp8rito e levando;a ao ponto de fa!er nascer o Eu Superior imperec8vel,capa! de contemplar o mundo espiritual3 %t ento, o homem passa por muitas

    eperi"ncias3 Ora, no se deve imaginar 4ue uma pressa ecessiva se*a poss8vel emassuntos espirituais3 O processo tem de ser cumprido com paci"ncia e perseverana3Suponhamos 4ue um homem inicie tal desenvolvimento3 Sua meta o nascimento do EuSuperior3 ?o entanto, ele s9 avana at certo grau > atinge apenas certos est1giospreliminares para esse nascimento3 Ento morre e volta a nascer3 61 agora duaspossibilidades, caso tal homem renascido ha*a cumprido certa disciplina espiritual numaencarnao3 Ele pode sentir;se compelido a procurar um guia 4ue lhe mostre comorepetir em pouco tempo o 4ue *1 aprendeu e como atingir os passos seguintesA ou ento,por uma ra!o ou outra, no procura seguir por esse caminho3 2esmo neste caso, suavida apresentar1 caracter8sticas diferentes do 4ue a de outro homem3 % vida de umhomem 4ue *1 iniciou os primeiros passos no caminho do conhecimento trar1, por si

    pr9pria, eperi"ncias 4ue se evidenciam como efeitos do grau de conhecimento atingidopor ele em sua encarnao anterior3 Ele vivenciar1 tudo de forma diferente, e as

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    viv"ncias lhe traro uma impresso diversa da 4ue causam em outras pessoas3 E com issoele atingir1 novamente o ponto alcanado outrora por seu esforo3 ?a encarnaoanterior ele tivera de progredir passo a passo < custa de esforo ativo3 ?a encarnaoseguinte, 4uando a pr9pria vida tra! a recapitulao de seus esforos anteriores, algo seaproima dele, por assim di!er, a partir do eterior, e poss8vel 4ue ele reviva os

    resultados de sua encarnao anterior de forma bastante diversa3 %ssim, pode suceder4ue *1 na inf:ncia uma determinada eperi"ncia lhe provo4ue uma impresso tal 4ue asforas ad4uiridas por ele na encarnao anterior venham a ressurgir3 Suponhamos 4ue talhomem ha*a atingido, numa encarnao, determinado grau no desenvolvimento dasabedoria3 ?a encarnao seguinte ele renasce como uma criana 4ual4uer3

    2as aos sete ou oito anos acontece;lhe uma eperi"ncia penosa3 Fsto o afeta de talmaneira 4ue a sabedoria ad4uirida anteriormente volta a aparecer, de forma 4ue eleagora se situa no grau atingido antes, podendo avanar para est1gios superiores3Fmaginemos ainda 4ue ele se esforce por progredir em alguns graus3 Ento morre denovo3 ?a encarnao seguinte, o mesmo processo pode repetir;se3 ?ovamente umaeperi"ncia eterior pode ocorrer;lhe e test1;lo, por assim di!er, tra!endo < lu! os frutos

    de sua penBltima e em seguida de sua Bltima encarnao, e ento ele pode de novoascender para um grau acima3

    Os Senhores v"em, portanto, 4ue s9 se compreende a vida de um homem 4ueatravessou v1rias etapas de evoluo levando;se em conta tais fatos3 Eiste, poreemplo, um grau 4ue logo atingido 4uando um srio esforo feito no caminho doconhecimento/ o est1gio do assim chamado Qhomem sem p1tria > a4uele 4ue superapreconceitos imediatos ao seu redor, eliminando todos os poss8veis constrangimentosadvindos do meio ambiente3 Fsto no o torna necessariamente impiedosoA ele pode attornar;se mais piedoso3 Contudo precisa libertar;se dos laos 4ue o ligam < vi!inhana3.omemos a situao em 4ue um homem assim morre ap9s conseguir a condio de algumaliberdade e independ"ncia3 Ento nasce de novo, e relativamente cedo umacontecimento revive nele o sentido de liberdade e independ"ncia3 Keralmente istosucede com a perda do pai ou de algum a 4uem ele ligadoA ou pelo fato de o pai nose relacionar bem com ele, talve! repudi1;lo, ou pior3 Estas verdades nos so contadasnas lendas sinceras dos v1rios povos, pois em tais assuntos os mitos ou lendas cont"mrealmente mais sabedoria do 4ue a ci"ncia dos nossos dias3 m caso t8pico, muitofre4ente, a4uele em 4ue o pai ordena 4ue o filho se*a abandonadoA a criana socorrida por pastores, sendo nutrida e educada por eles, e finalmente recondu!ida < suacondio normal > como, por eemplo, %4uiles, RDmulo e Remo3 % fim de fa!er ressurgir osfrutos das vidas anteriores, eles deviam ser abandonados < pr9pria sorte, sendo epulsosde seu lugar natal3 .ambm a hist9ria do abandono de =dipo pertence a este caso3

    Se um homem *1 eperimentou o nascimento de seu Eu Superior ou ultrapassou esteest1gio, podemos imaginar 4ue, 4uanto maior for seu desenvolvimento, tanto mais ricaser1 sua vida em eperi"ncias para 4ue ele possa atravessar uma eperi"ncia nova,nunca vivida antes3

    %4uele em 4uem haveria de encarnar;se a4uela ma*estosa entidade 4uedenominamos Cristo no podia, naturalmente, assumir essa misso numa poca 4ual4uerde sua vida3 0ara tal devia, primeiramente, tornar;se cada ve! mais maduro3 ?enhumhomem comum poderia reali!1;la > apenas 4uem houvesse atingido altos est1gios deiniciao atravs de muitas vidas3 % CrDnica do %Zasha nos relata fielmente o ocorrido,mostrando como, durante muitas vidas, uma individualidade se esforou para atingir,passo a passo, altos est1gios de iniciao3 Ento ela renasceu, tendo passado agora,

    nesta encarnao terrestre, por eperi"ncias de nature!a preparat9ria3 0orm nessehomem reencarnado *1 viveu uma individualidade 4ue percorreu elevados graus3 .ratava;

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    se de um iniciado destinado a, num per8odo posterior de sua vida, receber aindividualidade do Cristo3 %s primeiras eperi"ncias desse iniciado so a repetio deseus est1gios inici1ticos anteriores3 0or isso buscado em sua alma tudo o 4ue foianteriormente alcanado por ela3

    Ora, sabemos 4ue o homem consiste nos corpos f8sico, etrico, astral e num eu3

    Sabemos tambm 4ue no decurso da vida humana o corpo f8sico o Bnico 4ue nasce, dein8cio, por ocasio do nascimento f8sico3 %t o stimo ano, o corpo etrico do homemest1 envolto por uma espcie de inv9lucro etrico maternoA e no stimo ano, com atroca dos dentes, esse inv9lucro re*eitado da mesma forma como o ventre materno4uando o corpo f8sico nasce para o mundo eterior3 0osteriormente, na puberdade, ummanto astral re*eitado de modo similar, nascendo ento o corpo astral3 0or volta dos'+ anos nasce ento o eu, mas tambm gradativamente3

    %p9s termos atravessado o nascimento do corpo f8sico, o do corpo etrico aos seteanos, o do corpo astral aos cator!e ou 4uin!e, temos de levar em conta igualmente umnascimento da alma da sensao, da alma do intelecto e da alma da consci"nciaA e, defato, por volta dos '+ anos nasce a alma da sensao, aos ' a alma do intelecto e em

    torno dos 7 anos a alma da consci"ncia3%gora veremos 4ue a entidade do Cristo no pDde encarnar;se num ser humano na

    .erra, no pDde ser acolhida nesse homem antes 4ue a alma racional estivesseinteiramente nascida3 Fsto nos mostrado tambm pela pes4uisa espiritual3 %individualidade 4ue surgiu na .erra como um grande iniciado tinha entre ' e 7 anos deidade 4uando nele entrou o CristoA ento sob o esplendor, sob a lu! irradiante dessegrande ser, desenvolveu;se tudo o 4ue os homens normalmente desenvolvem sem esseesplendor e essa lu!/ os corpos etrico e astral e as almas da sensao e do intelecto30odemos, pois, di!er o seguinte/ at o ano de sua vida em 4ue ele chamado a recebero Cristo, deparamos com um grande iniciado percorrendo gradualmente as eperi"ncias4ue, no final, evocam todas as con4uistas feitas e elaboradas por ele, em encarnaesanteriores, no mundo espiritual3 Surge;lhe ento a possibilidade de di!er/ TEis;me agoraa4ui3 Ofereo tudo o 4ue possuo3 @oravante renuncio a ser um eu independenteV Gao demim o portador do Cristo3 Ele viver1 em mim e doravante estar1 todo em mimVU

    O momento em 4ue o Cristo se encarnou numa personalidade da .erra foi indicadopelos 4uatro Evangelhos3 0or muitas diferenas 4ue contenham, os 4uatro apontam omomento em 4ue o Cristo, por assim di!er, se insere no grande iniciado/ o batismo porJoo3 ?a4uele instante, to claramente indicado pelo autor do Evangelho de Joo aodi!er 4ue o Esp8rito desceu em forma de pomba e uniu;se a Jesus de ?a!ar > na4uelemomento temos o nascimento do Cristo, o nascimento do Cristo na alma de Jesus de?a!ar como um novo Eu, um Eu Superior3 %t ento o outro eu, o eu do grande iniciado,

    havia atingido um desenvolvimento tal 4ue se tornara apto para este acontecimento3E 4uem deveria nascer na entidade de Jesus de ?a!arWOntem *1 indicamos o seguinte/ o @eus 4ue eistia desde o princ8pio, 4ue havia

    permanecido no mundo espiritual, deiando entrementes a humanidade entregue ao seudesenvolvimento, devia agora descer e encarnar;se em Jesus de ?a!ar3 Como nos d1 aentender isso o autor do Evangelho de JooW % esse respeito, basta levarmos a srio aspalavras do Evangelho3 Com esse intuito, leiamos o in8cio do %ntigo .estamento/

    ?o princ8pio @eus criou o Cu e a .erra3 E a .erra era desolada e va!iaA e haviacaos e trevas sobre o abismo3 E o Esp8rito divino pairava sobre as 1guas3

    Fmaginemos a situao/ > O Esp8rito de @eus pairava sobre as 1guas3 Embaio est1 a

    .erra com seus reinos, como continuadores do Esp8rito divino3 Em seu meio, umaindividualidade se desenvolve de tal forma 4ue pode receber esse Esp8rito 4ue pairava

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    sobre as 1guas3 Hue di! o autor do Evangelho de JooW Ele nos di! 4ue Joo 5atistareconheceu nele a presena do ser anunciado no %ntigo .estamento3 Ele di!/ TEu vi oEsp8rito descer dos Cus como uma pomba e pairar sobre ele3U Joo sabia 4ue, ao descero Esp8rito sobre algum, tratar;se;ia da4uele 4ue estava para vir/ o Cristo3 .emos ento oprinc8pio da evoluo terrestre, o Esp8rito pairando sobre as 1guasA temos Joo bati!ando

    com a 1gua e com o Esp8rito 4ue no princ8pio pairava sobre as 1guas e, agora, adentra aindividualidade de Jesus de ?a!ar3 Seria imposs8vel eprimir com palavras maisgrandiosas do 4ue as do escritor do Evangelho de Joo a ligao entre o acontecimentoda 0alestina e a4uele outro acontecimento relatado no princ8pio do mesmo documentoao 4ual se anea o Evangelho3

    2as tambm de outra maneira o autor do Evangelho de Joo se liga a essedocumento3 Ele o fa! *ustamente por meio das palavras com as 4uais epressa o fato deestar unido a Jesus de ?a!ar o mesmo a 4uem, desde o in8cio, a .erra deve sua criaoe evoluo3 J1 conhecemos as primeiras palavras do Evangelho de Joo/ T?o princ8pio erao Lerbo $ou Logos pois caso a Lida no estivesse nele, nada poderia ter ocorrido3 E o4ue ocorreuW = narrado o seguinte/ TE @eus disse/ Gaa;se a lu!V e houve a lu!3U

    Retomemos agora o Evangelho de Joo3 T?o princ8pio era o Lerbo, e o Lerbo estavacom @eus, e o Lerbo era @eus3U

    %gora o Lerbo havia flu8do para a matria, tornando;se simultaneamente a figuraeterior da @ivindade3 T?ele estava a Lida, e a Lida era a lu! dos homens3U

    %ssim se liga o escritor do Evangelho de Joo diretamente ao mais antigodocumento, o 5=nesis/ Com palavras um pouco diversas, ele indica o mesmo Esp8rito@ivino3 Ento nos fa! ver claramente ter sido o Esp8rito @ivino o 4ue surgiu em Jesus de?a!ar3 O escritor do Evangelho de Joo un8voco com os demais evangelistas 4uanto aofato de, com o batismo de Jesus de ?a!ar, haver nascido nele o Cristo, ap9s longopreparo de seu receptor3 E devemos ter bem claro 4ue todo relato da vida anterior deJesus de ?a!ar refere;se a nada mais seno uma soma de viv"ncias 4ue nos demonstramsua ascenso aos mundos superiores em prvias encarnaes, e como ele se haviapreparado cada ve! mais em seus corpos astral, etrico e f8sico, para finalmente poderreceber o Cristo3

    %4uele 4ue escreveu o Evangelho de ucas di!, em palavras algo paradigm1ticas,4ue Jesus de ?a!ar se preparou sob todos os aspectos para o grande acontecimento donascimento do Cristo nele3 Sobre essas eperi"ncias, 4ue o elevaram < viv"ncia doCristo, falaremos na pr9ima palestra3 6o*e 4ueremos indicar como o escritor doEvangelho de ucas di!, em algumas palavras, 4ue o receptor do Cristo se preparoulongamente nos anos anteriores3 Em seu corpo astral ele se tornou to virtuoso, nobre es1bio 4uanto deveria tornar;se para 4ue nele pudesse nascer o Cristo3 E tambm tornouseu corpo etrico to maduro e seu corpo f8sico to suave e belo 4ue o Cristo pDde estarnele3

    5asta entendermos corretamente o Evangelho3 .omemos, no segundo cap8tulo doEvangelho de ucas, o vers8culo '3 @a maneira livre como aparece nas 58blias comuns,

    esse vers8culo no dir1 o 4ue acabo de afirmar3 @i! esse trecho/ TE Jesus cresceu emsabedoria, idade e graa diante de @eus e dos homens3U

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    61 algum significado no fato de um homem como autor do Evangelho de ucas di!erde Jesus de ?a!ar 4ue este cresceu em sabedoria3 Se, porm, ele relata como umacontecimento importante haver Jesus crescido em Qidade, isto no tocompreens8vel, pois tal fato no necess1rio ressaltar3 Sua meno indica estar a4uiimpl8cito um outro fato3 .omemos esse vers8culo no teto original/

    !"" #$ "##$%

    $k>i ?esous pro:kopten :n t: sofa k>i helika k>i kh>ritipar> the. k>ianthr.pois/%

    Fsto significa, na realidade, o seguinte/ QEle cresceu em sabedoria, isto , eledesenvolveu seu corpo astral/ Huem conhece o significado da palavra grega helika podedi!er;lhes 4ue nela se subentende a4uele desenvolvimento percorrido pelo corpo et:ricoa fim de levar gradualmente a sabedoria < plenitude3 Os Senhores sabem 4ue o corpoastral plasma as 4ualidades dispon8veis em ocasies Bnicas, ou se*a/ entende;se algo deuma ve! para sempre3 O corpo etrico plasma a4uilo 4ue desenvolve como h1bitos,

    inclinaes e habilidades3 = isto o 4ue ocorre em repeties cont8nuas3 O 4ue sabedoriase torna h1bito3 = levada < pr1tica por haver passado para a carne e o sangue3 = isto o4ue significa, pois, esse crescer em Qmaturidade3 %ssim como o corpo astral cresce emsabedoria, o corpo etrico cresce em h1bitos nobres, em h1bitos visando o bom, o nobree o belo3 E o terceiro elemento no 4ual cresceu Jesus > kh>ris> significa, na realidade,a4uilo 4ue se manifesta e torna vis8vel como bele!a3 Huais4uer outras verses soincorretas3 @evemos tradu!ir 4ue ele cresceu em Qgraciosa bele!a, e 4ue, portanto,plasmou de forma bela e nobre tambm seu corpo fsico/

    E Jesus cresceu em sabedoria ^em seu corpo astral_, em vocaes maduras ^em seucorpo etrico_ e em graciosa bele!a ^em seu corpo f8sico_, de forma vis8vel a @euse aos homens3

    % descrio de ucas nos mostra como ele sabia 4ue o futuro receptor do Cristodevia desenvolver < plenitude os tr"s envolt9rios > os corpos f8sico, etrico e astral3

    = desta forma 4ue compreenderemos o fato de se poder reencontrar nos Evangelhoso 4ue a Ci"ncia Espiritual di!, independentemente dos mesmos3 0or isso a Ci"nciaEspiritual *ustamente uma corrente cultural 4ue recon4uista para n9s as tradiesreligiosasA e essa recon4uista no ser1 apenas um acontecimento do saber e doconhecimento humanos, mas uma con4uista da mente e do intelecto, em sentimento eemoo3 E especialmente de tal compreenso 4ue necessitaremos se 4uisermos captaresse acontecimento > a interveno do Cristo na evoluo da humanidade3

    3 &@ de (unho de )*+*

    % Lida e a u! emanadas do Logos

    %4ueles, dentre os ouvintes, 4ue repetidas ve!es ouviram meus ciclos deconfer"ncias ou principalmente a4uelas sobre assuntos da Ci"ncia Espiritual, *1assimilaram dos mais variados pontos de vista alguns fatos dos mundos superiores3 Estaou a4uela entidade, este ou a4uele fato de diversos :mbitos foram enfocados demaneiras diferentes3 ?esse caso pode ocorrer > e ho*e eu gostaria de enfati!ar isso, afim de evitar mal;entendidos > de aparentemente, por uma observao superficial,

    surgirem contradies entre esses diversos enfo4ues de entidades e fatos3 Observando

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    corretamente, porm, os Senhores concluiro 4ue por meio de tal focali!ao mBltipla oscomplicados fatos dos mundos espirituais s9 podero clarear;se3 Eu necessitava di!";lopor4ue ho*e precisarei focali!ar sob outro aspecto certos fatos *1 conhecidos de umacerta perspectiva pela grande maioria dos ouvintes3 Justamente ao tomarmos o maisprofundo documento do ?ovo .estamento, conhecido pelo nome de Evangelho Segundo

    Joo, e lermos as significativas palavras com as 4uais encerramos nossas consideraesde ontem, logo se nos fica claro 4ue infinitos mistrios do devir c9smico e humano estocontidos nessas palavras iniciais desse evangelho3 ?o decorrer de nossas observaes,talve! tenhamos oportunidade de mostrar por 4ue muitas ve!es os grandes narradoresdos acontecimentos espirituais eprimem *ustamente as verdades grandiosas eabrangentes de forma breve e paradigm1tica, como ocorre nos primeiros vers8culos doEvangelho de Joo3 6o*e retrocederemos, diferentemente de ontem, a certos fatosconhecidos da Ci"ncia Espiritual, e veremos como estes nos se nos deparam novamenteno Evangelho de Joo3 0artiremos dos fatos relativamente mais simples3

    @o homem tal como se nos apresenta na vida cotidiana sabemos 4ue ele constitu8do de 4uatro membros/ o corpo f8sico, o corpo etrico ou vital, o corpo astral e

    o eu3 Sabemos 4ue a vida di1ria do homem se alterna, de forma 4ue do acordar matutinoat o adormecer noturno esses 4uatro membros de sua entidade se entrelaamorganicamente3 Sabemos 4ue durante a noite, 4uando ele dorme, o corpo f8sico e ocorpo etrico permanecem no leito, deles desligando;se o corpo astral e o portador doeu, ou simplesmente o eu3

    @evemos agora ter bem claro algo em especial3 Huando defrontamos um homem noatual estado evolutivo, essa 4uaternidade > corpo f8sico, corpo etrico, corpo astral e eu> se nos apresenta como uma necessidade interligada3 Se o vemos < noite deitado noleito, onde h1 apenas o corpo f8sico e o corpo etrico, de certa forma esse homem tem ovalor de uma planta3 Ora, a planta, tal como se nos apresenta no mundo eterior,constitui;se *ustamente dos corpos f8sico e etrico, no possuindo corpo astral nem umeu3 0or isso ela se distingue do animal e do homem3 O animal tem sobretudo um corpoastral, e o homem tem sobretudo um eu dentro de si3 0odemos, pois, di!er 4ue da noiteat a manh ficam no leito os corpos f8sico e etrico do homemA ento seu ser seassemelha < planta, no sendo, no entanto, como uma planta3 @evemos compreenderbem isto3

    Se ho*e eiste uma entidade livre e autDnoma 4ue no possua um corpo astral e umeu, consistindo apenas dos corpos f8sico e etrico, deve parecer uma planta > deve seruma planta3 O homem, porm, en4uanto deitado no leito, ultrapassou o valor da plantapor haver, no decorrer da evoluo, acrescentado aos seus corpos f8sico e etrico o corpoastral > o portador do pra!er e do sofrimento, da alegria e da dor, dos impulsos,

    instintos e paies > e o portador do eu3 % cada ve!, porm, 4ue um membro superior acrescentado a uma entidade, tudo se modifica em seus membros inferiores3 Se < planta,tal como esta se nos apresenta ho*e na nature!a, acrescent1ssemos um corpo astral 4ueno apenas a orlasse, mas a permeasse, a subst:ncia vegetal 4ue a constitui setransformaria em carne animal3 E de maneira semelhante, seria a planta transformadacaso abrigasse um eu no mundo f8sico3 0odemos, pois, tambm concluir o seguinte/4uando um ser como o homem possui em sua nature!a no somente o corpo f8sico, masmembros invis8veis, superiores, supra;sens8veis, estes membros superiores se epressamnos inferiores3 %ssim como nossas particularidades an8micas so superficialmenteeprimidas em nossas feies, em nossa fisionomia, nosso corpo f8sico tambm umaepresso da ao do corpo astral e do eu3 E o corpo f8sico no representa apenas a si

    pr9prio, mas tambm os membros fisicamente invis8veis do homem3

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    %ssim, o sistema glandular humano e tudo o 4ue lhe afim uma epresso docorpo etrico no homem3 .odo o con*unto do sistema nervoso uma epresso do corpoastral, e todo o sistema circulat9rio uma epresso do portador do eu3 0ortanto, nopr9prio corpo f8sico temos de distinguir novamente uma 4uaternidade, e s9 4uem cultuauma cosmoviso grosseira pode considerar as diversas subst:ncias do corpo f8sico humano

    como e4uivalentes3 O sangue 4ue pulsa em n9s tornou;se tal subst:ncia pelo fato de nohomem residir um eu3 O sistema nervoso plasmado de tal forma e de uma talsubst:ncia por haver no homem um corpo astral3 E o sistema glandular veio a eistir porhaver no homem um corpo etrico3 Observando isto, os Senhores compreenderofacilmente 4ue no fundo o ser humano, desde a noite, ao adormecer, at a manh, aoacordar, um ser contradit9rio em si mesmo3 0ode;se di!er 4ue deveria ser uma plantamas no , pois a planta no possui, em sua subst:ncia f8sica, a epresso do corpo astral> o sistema nervoso > nem tampouco a epresso do eu > o sistema circulat9rio3 maentidade f8sica tal como o homem, com os sistemas metab9lico, nervoso e circulat9rio,s9 pode eistir contendo um corpo etrico, um corpo astral e um eu3

    Ora, como seres humanos relativamente ao nosso corpo astral e ao nosso eu, < noite

    abandonamos nossos corpos f8sico e etrico3 Ga!emos isso, por assim di!er, semescrBpulos, tornando;os um ser contradit9rio em si mesmo3 Se a4ui nada ocorresse deespiritual entre o nosso adormecer e o nosso acordar, e simplesmente retir1ssemos nossocorpo astral e nosso eu dos corpos f8sico e etrico, de manh encontrar8amos nossossistemas nervoso e circulat9rio destru8dos, pois estes no podem eistir sem conter umcorpo astral e um eu3 Ocorre portanto, o seguinte, percept8vel < consci"nciaclarividente/

    \ medida 4ue o eu e o corpo astral se retiram, o clarividente v" como um eu e umcorpo astral divinos adentram o ser humano3 @e fato, tambm < noite, do adormecer aoacordar do homem, h1 um corpo astral e um eu $ou ao menos um substituto para eles&nos corpos f8sico e etrico3 Huando o elemento astral se retira do homem, um elementoastral superior penetra nele a fim de preserv1;lo at o acordar, e da mesma forma umsubstituto para o eu3 @isto se pode ver 4ue no dom8nio da nossa vida se encontram emao outras entidades alm das 4ue se manifestam no mundo f8sico3 ?este se manifestamos minerais, as plantas, os animais, os homens3 Os homens so as entidades supremasdentro da nossa esfera f8sica3 S9 eles possuem um corpo f8sico, um corpo etrico, umcorpo astral e um eu3 0elo fato de < noite o corpo astral e o eu se retirarem dos corposf8sico e etrico, os Senhores podem concluir 4ue o corpo astral e o eu t"m ainda ho*euma certa autonomia, podendo, por assim di!er, desligar;se e viver, por algum tempo davida cotidiana, separados dos suportes f8sico e etrico3

    \ noite, pois, evidencia;se o seguinte/ da mesma forma como os corpos f8sico e

    etrico humanos so, durante o dia, portadores do eu e do corpo astral humanos >portanto, *ustamente dos membros mais 8ntimos do homem >, < noite os mesmos setornam portadores ou templos de entidades superiores correspondentes ao corpo astral eao eu3 %gora diferente o 4ue repousa no leito, pois em seu interior eistem tambmum elemento astral e um eu, porm divino;espirituais3 @e certa forma, podemos di!er oseguinte/ en4uanto o homem dorme em relao ao seu corpo astral e ao seu eu, neleesto vigilantes, preservando a estrutura de seu organismo, essas entidades pertencentesao :mbito de nossa vida e 4ue entram em nossos corpos f8sico e etrico 4uando osabandonamos3 .al fato pode ensinar;nos muita coisaA e especialmente 4uando con*ugadoa certas observaes do clarividente, pode fornecer;nos muita elucidao sobre aevoluo do homem3 0rocuraremos relacionar *ustamente esse fato da diferena entre

    acordar e adormecer com os grandes fatos espirituais da evoluo3

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    = certo 4ue o corpo astral e o eu do homem parecem ser os supremos e mais8ntimos membros da nature!a humanaA de forma alguma, porm, mostram;se como osmais perfeitos3 2ais perfeito 4ue o corpo astral *1 parece, a uma observao superficial,o corpo f8sico3 J1 apontei a4ui, h1 dois anos , como o corpo f8sico do homem nos parecemaravilhoso, 4uanto < sua organi!ao global, < medida 4ue nos aprofundamos em sua

    observao3 Com essa maravilhosa estrutura do corao e do crebro humanos, no s9 ointelecto satisfa! suas necessidades cognitivas ao pes4uis1;los anatomicamenteA 4uem osaborda com a alma sente elevar;se seu sentimento esttico e moral ao constatar aselevadas e s1bias disposies eistentes nesse corpo f8sico3

    O corpo astral ainda no est1, ho*e, to avanado3 E ele o portador da alegria e dosofrimento, dos impulsos, instintos e apetites e assim por dianteA e devemos constatar4ue o homem, com relao a seus instintos, apreende do mundo todo tipo de coisas 4ueem nada servem para incentivar as s1bias e art8sticas disposies do corao ou docrebro3 0or sua sensualidade ele procura criar satisfao mediante coisas 4ue, como ocaf, so venenos para o corao ou so algo do g"nero3 Com isto, prova 4ue o corpoastral anseia por pra!eres 4ue, por eemplo, so pre*udiciais < s1bia organi!ao do

    corao humano/ durante dcadas o corao resiste a tais venenos 4ue homem ingerepara satisfa!er os apetites de seu corpo astral3 @isto os Senhores podem concluir 4ue ocorpo f8sico mais perfeito 4ue o corpo astral3 Embora no futuro o corpo astral venha aser incomparavelmente mais perfeito, ho*e o corpo f8sico o mais perfeito em suaevoluo3 Fsto se deve ao fato de o corpo f8sico ser, realmente, o mais antigo dos membrosda nature!a humana, provando haver sido elaborado muito tempo antes do surgimentoda .erra3

    %4uilo 4ue a cosmogonia atual declara com base em idias materialistas no passade fantasia, se*a a teoria de #ant;aplace ou 4ual4uer outra mais recente com este oua4uele nome3 0ara se compreender a organi!ao eterior do nosso sistema c9smico,essas teorias materialistas so certamente BteisA mas no t"m serventia ao 4uerermoscompreender a4uilo 4ue transcende a imagem 9tica eterior3

    % pes4uisa espiritual nos mostra 4ue, da mesma forma como o homem passa de umaencarnao a outra, tambm um corpo celeste como a .erra passou, em pocas remotas,por outras formas e outros estados planet1rios3 %ntes de vir a ser a .erra atual, elapassou por outro estado planet1rio3 Goi o 4ue na pes4uisa espiritual se denomina Qantigaua3 ?o se trata da ua atual, mas de um precursor da .erra como entidade planet1ria3E do mesmo modo como o homem se desenvolveu de uma encarnao anterior para aatual, a .erra se desenvolveu da antiga ua para a .erra3 0or sua ve!, uma encarnaoanterior da antiga ua o Sol > no o Sol atual, mas novamente um precursor da .erraatual3 E finalmente, um precursor desse antigo Sol o antigo Saturno3 0elos seguintes

    estados anteriores passou, pois, a .erra/ um estado saturnino, um estado solar e umestado lunar, tendo atingido agora seu estado terrestre3O primeiro germe para o nosso corpo f8sico foi lanado no antigo Saturno3 0odemos

    tambm di!er 4ue nada do 4ue circunda ho*e o homem, nada do nosso atual reino animalou vegetal, nada do nosso reino mineral eistia nesse corpo c9smico ancestral 4uedesignamos como velho Saturno3 ?ele, porm, eistia a primeira disposio para o atualcorpo humano f8sico, embora muito diferente do 4ue ho*e3 Esse corpo f8sico eistianum primeiro estado embrion1rio, desenvolvendo;se ento durante a evoluo saturnina3Ginda esta, o antigo Saturno penetrou numa espcie de noite c9smica, tal como o homem

    9

    ?um ciclo de cator!e palestras proferidas em #assel de +M a ' de *unho de +-), intitulado Q.eosofia eRosa;cru!3 Em Menschheitsentwickelung und hristus-Erkenntnis, K%;?r3 +-- $'N ed3 @ornach/ RudolfSteiner Lerlag, ++&3 $?3E3&

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    penetra num Devachan a fim de vir para uma nova encarnao3 Ento Saturno se tornouSol3

    .al como a planta surge do germe, assim ressurgiu no antigo Sol o corpo humanof8sico3 Ele foi cada ve! mais permeado por um corpo etrico ou vital, de forma 4ue no Solse deu a penetrao do corpo etrico ou vital no germe do corpo f8sico3 O homem no

    era uma planta, mas tinha o valor de uma planta3 Era constitu8do dos corpos f8sico eetrico, e sua consci"ncia era, na4uela poca, semelhante < consci"ncia do sono ou um Sol e um satlite deste, a ua30ortanto, en4uanto na evoluo saturnina falamos, de certa forma, de uma evoluoplanet1ria, e o mesmo 4uanto < solar, na ua falamos de uma evoluo apenas 4uanto a4uilo 4ue chamamos correspondentemente de corpoetrico ou vital3 O 4ue foi acrescentado na ua chama ele de Qu!, por ser a u!espiritual, a u! astral3 Essa u! astral provoca na ua separada um endurecimento, e nopr9prio Sol uma espirituali!ao3 %4uilo 4ue surgiu como elemento espirituali!ado pDdeprogredir cada ve! mais3 E 4uando o Sol se afastou novamente da .erra, o 4ue se haviadesenvolvido no terceiro estado penetrou no homem3 Este, porm no era ainda capa!de ver o 4ue, fluindo do Sol, plasmava;o e atuava como fora3

    Epressemos agora com as palavras de Joo algo 4ue compreendemos claramentecomo o essencial da evoluo saturnina/ T?o princ8pio era o Logos

    @irigindo;nos ento ao Sol, epressemos o fato de a8 haver continuado adesenvolver;se o 4ue surgira em Saturno > acrescentando;se o corpo etrico/ TE o Logosera a Lida3U

    ?a ua foi acrescentada a entidade astral, tanto sob forma corp9rea 4uanto sobforma espiritual/ T7o Logos vivificado fe!;se a u!3U

    % u! prosseguiu em seu desenvolvimento, de um lado para uma lu! clarividente,4uando o Sol se destacou da .erra, e de outro, com o homem, para a escuridoA pois4uando devia receber a u!, ele, 4ue era a treva, no compreendeu a u!3

    eiamos, pois, iluminando o Evangelho de Joo a partir da CrDnica do %Zasha, a

    evoluo c9smica da seguinte forma/?o princ8pio, durante a evoluo saturnina, tudo se originou do Logos/ @urante aevoluo solar, a Lida estava no Logos/ E do Logos vivificado surgiu, durante a evoluolunar, a u!3 E do Logos vivificado e relu!ente surgiu, durante a evoluo no Sol, a u!numa forma elevada, permanecendo porm os homens num estado de escurido3 E do Sola4uelas entidades 4ue eram os evolu8dos esp8ritos;.ouro, eo, Xguia e 6omemirradiavam 4ual lu! para a .erra, em direo dos esp8ritos;.ouro, eo, Xguia e 6omem > 4ue constitu8am uma

    continuidade da evoluo espiritual da ua3

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    O 4ue irradiava para baio era a u! espiritual3 Os homens no podiam receb";lanem compreend";la3 Em toda a sua evoluo eles eram incentivados por ela, sem, noentanto, ter consci"ncia disso/ T% u! irradiava para as trevas, mas as trevas no podiamcompreender a u!3U = desta forma paradigm1tica 4ue o escritor do Evangelho de Jooepe essas grandes verdades3 E a4ueles 4ue sabiam disso foram desde sempre

    denominados os Qservos ou Qsacerdotes do Logos, tal como era no princ8pio3 = umsacerdote ou servo do Logos, tal como era no princ8pio, 4uem fala deste modo3 ?oEvangelho de ucas encontramos, no fundo, eatamente a mesma coisa na introduo30rocurem ler com um entendimento correto o 4ue di! o escritor do Evangelho de ucas3Ele 4uer informar as coisas 4ue aconteceram desde o in8cio Ttal como nos transmitirama4ueles 4ue viram por si mesmos desde o in8cio, e 4ue foram servos do LerboU3

    0or isto acreditamos terem sido servos do Lerbo ou do Logos os 4ue escreveramesses documentos primordiais3 %prendemos a crer nisso ao ver, partindo da pr9priapes4uisa espiritual, como tudo se passou, e como nossa evoluo transcorreu atravs deSaturno, Sol e ua3 Lendo nas abrangentes palavras dos Evangelhos de Joo e de ucas4ue podemos reencontrar essas verdades independentemente de tais documentos,

    aprendemos a revalori!1;los, concluindo/ tais evangelhos constituem um documento pelofato de terem sido escritos por pessoas capa!es de ler no mundo espiritualA so tambmum elo de entendimento entre n9s e os 4ue viveram nos prim9rdios3 ?9s os olhamos, decerta forma, nos olhos di!endo T?9s vos conhecemosVU ao reencontrarmos na Ci"nciaEspiritual a4uilo 4ue eles pr9prios conheceram3

    4 &C de (unho de )*+*

    % nature!a solar do Cristo

    %s observaes precedentes tiveram seu ponto de partida no fato de na vidacotidiana do homem ocorrer uma tal troca de estados 4ue ele, durante a noite, doadormecer ao acordar, tem seus corpos f8sico e etrico ou vital em repouso no leito e,eternamente a este, o 4ue chamamos de corpo astral e eu3 %o mesmo tempo, porm,devemos ressaltar 4ue os corpos f8sico e etrico pousados no leito no poderiam subsistirse neles no penetrasse um ser astral e um eu divino;espirituais3 Em outras palavras, aaltern:ncia nesses estados da vida humana di1ria consiste no fato de o homem noturno,ao adormecer, abandonar com seu corpo astral e seu eu os seus corpos f8sico e etrico,os 4uais, por esse motivo, so adentrados por entidades astrais e eus divino;espirituais3?o estado diurno, o pr9prio homem preenche seus corpos f8sicos e etrico com seu corpoastral e seu eu3 Este foi um dos pontos culminantes de nossas consideraes deontem3

    O outro ponto foi o 4ue ad4uirimos mediante uma abrangente observao de toda anossa evoluo humana atravs das encarnaes anteriores da .erra > Saturno, Sol, ua3@escrevemos tambm particularidades dessa observao abrangente3 Gicou;nos evidente4ue, com relao ao progresso do planeta terrestre, ocorreu uma separao desde aevoluo lunarA 4ue certas entidades, necessitando de subst:ncias, por assim di!er,inferiores, mais modestas para o prosseguimento da evoluo, desprenderam;se com aantiga uaA e 4ue entidades superiores, de nature!a mais espiritual, separaram;se comouma forma mais antiga da evoluo solar3

    Limos ento como posteriormente ambas as partes se reuniram, como perfi!eram

    *untas um Devachan c9smico ou ralaya, chegando depois < evoluo terrestre3 EstaBltima ocorreu de tal forma 4ue houve uma repetio da separao solar, eistindo por

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    longo tempo a .erra;mais;ua como um corpo mais grosseiro e denso, e o Sol, comentidades mais elevadas e sublimes, como um corpo mais especial e mais sutil3 Limos4ue a .erra, se houvesse permanecido ligada < subst:ncia lunar, ter;se;ia desolado,endurecido, e toda vida sobre ela teria sido eliminada, ou, melhor di!endo, mumificada3?um determinado momento a ua, com tudo o 4ue ho*e contm, teve de ser epelida da

    evoluo terrestre3 Com isso ocorreu, *untamente com o desenvolvimento da entidadehumana, um processo de re*uvenescimento3 Limos como as sublimes entidades 4ueprocederam ao seu desenvolvimento no Sol no podiam intervir na subst:ncia humanaantes da separao da ua, podendo depois atuar de forma re*uvenescedora > de modo4ue a verdadeira evoluo da humanidade s9 foi poss8vel a partir do momento em 4ue aua se desprendeu da .erra3 Essa separao lunar significa algo de tremenda import:nciapara toda a evoluo, e 4ueremos eamin1;la ho*e com maior eatido3 %ntes, porm,4ueremos apenas chamar a ateno para a maneira como os dois pontos de partida denossas consideraes de ontem v"m, por assim di!er, a confluir3

    Observando o homem tal como se nos apresenta durante o dia, vemos uma entidadeconstitu8da dos corpos f8sico, etrico, astral e de um eu3 Le*amos agora o homem

    durante seu sono noturno, pousado no leito com seus corpos f8sico e etrico3 % cons;ci"ncia clarividente v" como entidades superiores penetram nesses corpos f8sico eetrico3 Huem so essas entidadesW So *ustamente a4uelas das 4uais dissemos 4ue emgeral t"m como cen1rio o Sol3 Fsto no constitui 4ual4uer impossibilidade3 S9 4uemimagina todo elemento espiritual de um ponto de vista f8sico, necessitando aplicarsempre o aspecto f8sico

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    primeiro ind8cio para o copo f8sico humano3 .entemos entender um pouco o 4ue significatal sacrif8cio3

    Observando ho*e o ser 4ue mais conhecem > o homem >, diro os Senhores 4ue eleeige e d1 certas coisas ao mundo3 Koethe resumiu isto lindamente nas palavras/ T% vidahumana decorre na metamorfose entre tomar e dar3U O homem deve tomar no somente

    a alimentao do mundo eteriorA tambm seu intelecto deve alimentar;se desse mundo3Com isso ele cresce e recebe o 4ue necessita para sua pr9pria evoluo, desenvolvendo,no entanto, tambm capacidades, a fim de retribuir com o 4ue ele cultiva de idias,sensaes e, finalmente, de amor3 0elo fato de ele receber algo do mundo, retribuindo;oao dar algo diferente < sua redonde!a, suas faculdades se tornam sempre mais elevadas3Ele se torna um homem inteligente e intelectual, podendo desenvolver conceitos 4uepode oferecer < comunidade humana em geral3 @esenvolve sentimentos e sensaes 4uese transformam em amor e 4ue, levados aos outros homens, vivifica;os3 5asta;nosrecordar como o amor pode atuar de forma vivificante sobre o pr9imoA como 4uem realmente capa! de transmitir amor aos 4ue o circundam pode, apenas por seu amor,vivificar, confortar e elevar3 ?esse :mbito, o homem possui o dom de ofertar algo3 2as

    por mais 4ue nos esforcemos 4uanto a essa capacidade de sacrif8cio, esta m8nimafrente < dos .ronos3 % evoluo, no entanto, consiste no fato de um ser alcanar cadave! mais a capacidade de sacrif8cio, at ser finalmente capa! de, por assim di!er, ofertara pr9pria subst:ncia e essencialidade, sentindo como suprema bem;aventurana doar o4ue desenvolveu como matria e subst:ncia3

    Eistem, de fato, essas elevadas entidades 4ue ascendem a um grau superior daeist"ncia por sacrificarem sua subst:ncia3 ma mente materialista retrucar1,naturalmente/ TSe entidades esto to avanadas a ponto de sacrificar sua pr9priasubst:ncia, como podem ento ascender a um grau superiorW Se sacrificam a si pr9prias,nada mais eiste delasVU E isto o 4ue di! a mente materialista por no poder conceberuma eist"ncia espiritual, nem 4ue um ser se*a preservado ao ofertar o 4ue pouco apouco tomou para si3 Os .ronos estavam, em Saturno, num tal est1gio 4ue podiam vertera substancialidade ad4uirida na evoluo anterior3 0or isso ascendem a um grau superiorda evoluo3 E o 4ue verteu dos .ronos, algo como a subst:ncia 4ue a aranha epelepara tecer sua teia, foi o fundamento para a formao do corpo humano f8sico3 Leioento outro tipo de entidades, no to elevadas 4uanto os .ronos, as 4uais denominamosQEsp8ritos da 0ersonalidade ou QGoras 0rimordiais > Q%r4ueus, no sentido do eso;terismo cristo3 Esses Esp8ritos da 0ersonalidade trabalharam igualmente a subst:nciaemanada dos .ronos3 E da colaborao entre ambas essas entidades surgiu o primeirovest8gio do corpo humano f8sico3

    @urante um longo espao de tempo foi elaborado esse germe do corpo humano3

    %dveio ento, como citamos ontem, uma noite c9smica ou Devachan c9smico, surgindodepois a segunda encarnao da .erra, o est1gio solar3 Os homens surgiram novamente,e outras entidades se acrescentaram agora/ eram os QEsp8ritos do Gogo ou Q%rcan*os,no sentido do esoterismo cristo, e os QEsp8ritos da Sabedoria ou 2yriotetes/ Estes seencarregaram principalmente do prosseguimento da evoluo do corpo humano f8sicoressurgido3 E agora podiam os 2yriotetes, @ominaes ou Esp8ritos da Sabedoria sacrificarsua substancialidade, fa!endo fluir para o corpo f8sico o 4ue chamamos de corpo etrico,trabalhado a seguir pelos Esp8ritos do Gogo ou %rcan*os *untamente com os Esp8ritos da0ersonalidade3 Com isto, o homem se desenvolveu num ser com o valor da planta3

    0odemos di!er 4ue em Saturno o homem tinha o valor do nosso mineral3 ?ossosminerais possuem apenas um corpo f8sico3 Em Saturno o homem tambm possu8a apenas

    esse corpo f8sico, estando, portanto, ainda na eist"ncia mineral3 ?o Sol ele tinha o valorde uma planta/ possu8a um corpo f8sico e um corpo etrico3

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    Surge agora algo de 4ue nos devemos compenetrar como uma idia de sumaimport:ncia se 4uisermos compreender toda a evoluo3

    Kosto sempre de di!er, a esta altura, 4ue um acontecimento como um 4ue eisteem nossa vida cotidiana, para a preocupao e tambm o dissabor dos pais > o fato decrianas no serem promovidas na escola, no havendo atingido a meta da classe e tendo

    de repetir de ano>, tambm ocorre no Cosmo3 Certas entidades permanecem a4um dameta de um est1gio c9smico3 %ssim, certos Esp8ritos da 0ersonalidade, 4ue em Saturnodeveriam ter atingido uma meta, ficaram para tr1s3 ?o haviam reali!ado todo onecess1rio para dar ao homem o valor de um mineral, levando;o assim < sua plenitudenesse est1gio3 .ais entidades tiveram ento, durante o est1gio seguinte, de repetir o 4ueomitiram antes3 @e 4ue maneira podiam, pois, esses Esp8ritos da 0ersonalidaderetardat1rios atuar durante a eist"ncia saturninaW ?o podiam criar uma entidade comodeveria ser o homem no Sol > uma entidade com corpo f8sico e etrico3 0ara tal fa!iam;se necess1rios os Esp8ritos do Gogo3 Os Esp8ritos da 0ersonalidade s9 podiam criar, no Sol,o 4ue haviam criado em Saturno/ um germe f8sico com o valor do mineral3 Com istosurgiram durante a poca solar, sob sua influ"ncia, entidades situadas um grau abaio, e

    4ue formaram um reino inferior ao reino humano/ so os antepassados do atual reino