Rumo ao Sínodo - agencia.ecclesia.pt · 07 - Citações 08 - Nacional 14 ... que está “no...

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04 - Editorial Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Semana de... José Carlos Patrício22 - Dossier Igreja e Media - Jornadas 2017

44 - Estante46 - Agenda48 - Vaticano II50 - Por estes dias52 - Programação Religiosa53 - Minuto Positivo54 - Liturgia56 - Fátima 201760 - Fundação AIS62 - LusoFonias

Foto de capa: DRFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração:Quinta do Bom PastorEstrada da Buraca, 8-121549-025 LISBOATel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Manifesto peloTrabalho Digno[ver+]

Rumo ao Sínododos Jovens[ver+]

Jornadas deComunicaçãoSocial[ver+] D. João Lavrador | Octávio Carmo |José Carlos Patrício | ManuelBarbosa | Tony Neves | Paulo Aido

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Mudar o tempo

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

Há já muito tempo que se vão repetindo osalertas: se a Igreja não tomar consciênciadas mudanças culturais suscitadas pelosistema de comunicação que conhecemosatualmente, encontrará muitas dificuldadespara evangelizar num próximo futuro. Isto nãosignifica que apenas o mundo católico setem de adaptar e integrar o novo ambientecultural, antropológico, cognitivo etecnológico da era da hiperinformação, mastambém que este tempo de pressa precisade recuperar, com a ajuda do património dereflexão cristã, um “tempo primordial”,diferente, onde se encontra a Palavra inicial,que dá origem e recria tudo.O fundamento desta (re)comunicação não énovo, encontramo-lo em grandespensadores como Platão ou SantoAgostinho, que nunca sonhariam com asredes sociais: o diálogo. Criar laços e nãosó ligações, evitando a perda progressiva dehumanidade criada pela destruição dosvínculos pessoais.Estamos diante de um ambiente existencial,que já não é um mundo paralelo ou virtual, eque em última instância continua a ser umaconquista humana, mais do que técnica ouinstrumental. Só este fundo humano dásentido a palavras que, de outra forma,estariam condenadas à insignificância,ainda que

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proferidas através das maismodernas plataformas. Tambémnão basta reduzir distânciasentre pessoas, se não houver umcaminho comum a percorrer:acabaríamos por ficar parados.Há questões tecnológicas queimplicam respostas teológicas,ou seja, sobre o sentido daexistência, as metas que se

lhe colocam e os caminhos que sepercorrem, para que a mudançaseja efetivamente uma forma demelhorar e não apenas um fimem si próprio. E todos possamosredescobrir o tempo existencialque está “no início” da Bíblia eque se projeta como alternativa àdevastação do tempo que corree não espera por ninguém.

as metas que se lhe colocam e os caminhos que se percorrem, para que a mudançaseja efetivamente uma forma de melhorar e não apenas um fim em si próprio. E todos

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seja efetivamente uma forma de melhorar e não apenas um fim em si próprio. E todospossamos redescobrir o tempo existencial que está “no início” da Bíblia e que se projetacomo alternativa à devastação do tempo que corre e não espera por ninguém.

Referendo independentista tem agitado a Catalunha@Lusa

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“O facto de não me recandidatar, não significaque me vá calar para sempre. Não deixarei decontinuar a lutar pelo meu partido e pelo meupaís da melhor maneira que souber”Pedro Passos Coelho, líder cessante do PSD,Lisboa, 03.10.2017 "Este resultado reforça o PS, mas reforça,sobretudo, e dá força à mudança que no quadroda maioria parlamentar se iniciou há dois anos eque permitiu uma mudança de política com umamudança de resultados”António Costa, secretário-geral do PS, Lisboa,01.10.2017 "Sinto que em Lisboa somos certamente oslíderes da oposição e a nível nacionaltrabalharemos para também ser"Assunção Cristas, líder do CDS-PP, Lisboa,01.20.2017 “A todos quero reiterar que vivemos num estadodemocrático que oferece as vias constitucionaispara que qualquer pessoa possa defender assuas ideias dentro do respeito pela lei"Felipe VI, rei de Espanha, Madrid, 03.10.2017 “Portugal e Espanha encontram-se unidos porlaços profundos, assentes na História, na amizadeentre os povos, na economia, na diplomacia e napertença comum à União Europeia”Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lisboa,30.09.2017

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Manifesto pelo Trabalho Digno

Um grupo de movimentos eorganizações da Pastoral Operáriada Igreja Católica em Portugalpublicou um manifesto que realça a“importância” de continuarem a lutarpor trabalho digno, no contexto dajornada mundial que se realiza estesábado.“O trabalho digno deve estar naagenda política, nas agendassociais e empresariais, nas agendasdos

movimentos de trabalhadores, naagenda da Igreja”, lê-se nomanifesto enviado à AgênciaECCLESIA.A Jornada Mundial pelo TrabalhoDigno, que se assinala anualmentea 7 de outubro, vai ser celebradaem “vigília de oração” e com açõesde rua em diversos locais dePortugal com o propósito deincentivar e consciencializar ascomunidades cristãs, autarquias,governo,

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sindicatos, comissões detrabalhadores e organizaçõesempresariais “a colaborar paracolocar no centro a pessoa e a suahumanização”“O trabalho é um dom e um projetode humanização imprescindível paraa construção da sociedade e para arealização humana e não apenasuma fonte de remuneração”,afirmam.Neste contexto, alertam que“dignidade, respeito, honra,liberdade, direitos de todos e paratodos” são aspetos a ter em contaentre o trabalho e o “poder decompra”.Os subscritores do manifesto“renovam o compromisso decontinuar a lutar” pelo trabalhodigno e “exigem da sociedade” queo defenda e promova também,porque o “trabalho deve estar parao homem e não o homem para otrabalho”.O documento foi assinado porMovimentos da Pastoral Operária -Movimento Apostolado Adolescentese Crianças (MAAC), JuventudeOperária Católica (JOC), LigaOperária Católica/Movimento deTrabalhadores Cristãos (LOC/MTC)- e a Comissão Nacional Justiça ePaz (CNJP).“Toda a sociedade está chamada adar visibilidade e denunciar, através

de todos os meios ao seu alcance,as situações de trabalho indignoexistentes e todos podemos fazeralgo a partir das nossasorganizações, movimentos e lugaresde compromisso”, desenvolvem.Os movimentos e organismos daIgreja Católica citam a encíclica doPapa emérito Bento XVI, ‘Caritas inVeritate’, e explicam que trabalhodigno, por exemplo, é “escolhidolivremente, que associe eficazmenteos trabalhadores, homens emulheres, ao desenvolvimento dasua comunidade”. “Um trabalho que,em qualquer sociedade, sejaexpressão da dignidade essencialde todo o homem e mulher”,exemplificam ainda.O MAAC, a JOC, a LOC/MTC e aCNJP afirmam que para “colocar nocentro a pessoa e a suahumanização” é preciso, porexemplo, romper com “a lógica daprecariedade e da flexibilidade”, quefaz do trabalhador “um ser semestabilidade, obrigando-o a alternarperíodos de emprego com períodosde desemprego”, marcados pelaincerteza permanente e que reduzos trabalhadores a merosprestadores de serviços.

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Cidade da Beira D. Sebastião Soaresde ResendeD. Carlos Azevedo, delegado doConselho Pontifício da Cultura(Santa Sé), recordou D. SebastiãoSoares de Resende (1906-1967),primeiro bispo da Beira,Moçambique, como “uma figuraexcecional de visionário”.“É uma figura excecional de bispoque escrevia todos os anos umacarta pastoral substancial sobre osacontecimentos. Era capaz derefletir a realidade”, disse à AgênciaECCLESIA.Um simpósio pelos 50 anos damorte de D. Sebastião Soares deResende está a ser organizado pelaArquidiocese da Beira e pelaUniversidade Católica deMoçambique e vai realizar-se nosdias 5 e 6 de outubro, no CentroUniversitário de Culturas e Artes.A iniciativa vai abordar váriasdimensões do bispo portuguêsnatural de Milheirós de Poiares,Diocese do Porto, que faleceu emjaneiro de 1967.D. Carlos Azevedo realça acapacidade de “reflexão” doprimeiro bispo da cidademoçambicana da Beira - nomeadoem 21 de abril de 1943 - que esteve“no meio da realidade muito viva damissão”, onde fez “grande viagenspara ir ao encontro das grandesmissões”

e também fundou “colégios, o Diáriode Moçambique”, o semanário ‘AVoz Africana’, a revista ‘Economia’ ea rádio. “Os grandes meios decomunicação que existiam foram eleque os criou, que os animou”, realçao delegado do Conselho Pontifícioda Cultura.De assinalar também asintervenções de D. SebastiãoSoares de Resende, “já nos anos 40e 50” do século XX, em defesa dadignidade das pessoas com“posições inovadoras”, “ainda antesdos movimentos de libertação”.As duas primeiras conferências dosimpósio são ‘A educação em Áfricae em Moçambique na ação pastoralde Dom Sebastião Soares deResende’ e ‘Dom Sebastião Soaresde Resende património moral deMoçambique e da Igreja Universal’.

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D. Manuel Martins distinguido atítulo póstumoO presidente da RepúblicaPortuguesa, Marcelo Rebelo deSousa, condecorou a título póstumoD. Manuel Martins, com a Grã-Cruzda Ordem da Liberdade, estaquinta-feira. A Ordem da Liberdadeé uma ordem honorífica portuguesaque se destina a distinguir “serviçosrelevantes prestados em defesa dosvalores da Civilização, em prol dadignificação da Pessoa Humana e àcausa da Liberdade”.O sítio online da Presidência daRepública Portuguesa informa que oprimeiro bispo da Diocese deSetúbal, D. Manuel Martins, falecidoa 24 de setembro, foi condecoradopor ocasião do 107.º aniversário daImplantação da República.Este domingo, no final da Missa desétimo dia do falecimento de D.Manuel Martins, o presidente daRepública realçou que o prelado“corporizou sem limite” a atençãopelos “pobres e injustiçados”.No dia do falecimento do primeirobispo de Setúbal, Marcelo Rebelode Sousa publicou uma mensagemque evocava um homem “sempreatento à luta pela liberdade”. “Osenhor Dom Manuel Martins,representou,

para a Igreja Portuguesa, a projeçãoda linhagem do senhor Dom AntónioFerreira Gomes no mundo dotrabalho, em áreas sociaisparticularmente complexas, sempreatento à luta pela liberdade contra aopressão e pela igualdade contra ainjustiça. Em homenagem aoprincípio da dignidade da pessoa”,escreveu.D. Manuel Martins, primeiro bispo deSetúbal, faleceu no Distrito do Porto,de onde era originário, aos 90 anosde idade. “O Presidente daRepública evoca, com saudosa erespeitosa amizade, umapersonalidade singular, que tudo fezna sua vida para contribuir para umPortugal mais livre e mais justo, e,por isso, mais democrático”,concluía a mensagem decondolências.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Incêndios: Cáritas Diocese de Coimbra prevê «nova fase» para reconstruçãode casas -

Programa pastoral da Diocese do Algarve

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Papa convida jovens crentes e nãocrentes para preparar Sínodo de2018

O Papa Francisco anunciou noVaticano a realização de umencontro com jovens de todo omundo, crentes e não crentes, parapreparar a assembleia do Sínododos Bispos de 2018. “De 19 a 24 demarço foi convocada, pelaSecretaria Geral do

Sínodo dos Bispos, uma reuniãopré-sinodal para a qual foramconvidados jovens de várias partesdo mundo, tanto jovens católicoscomo jovens de outras confissõescristãs e outras religiões, ou jovensnão crentes”, referiu, no final daaudiência pública

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semanal que decorreu na Praça deSão Pedro.Esta iniciativa responde ao desejoanteriormente manifestado peloPapa de envolver o maior númeropossível de jovens na preparaçãona próxima assembleia sinodal,marcada para outubro de 2018,tendo como tema ‘Os jovens, a fé eo discernimento vocacional’.Francisco precisou que, napreparação para esta assembleiade bispos, a Igreja Católica “quercolocar-se à escuta da voz, dasensibilidade, da fé e também dasdúvidas e das críticas dos jovens”.“Temos de ouvir os jovens. Por isso,as conclusões das reuniões demarços vão ser transmitidas aospadres sinodais”, acrescentou.Já em abril, o Papa tinha assumidoque o próximo Sínodo dos Bispos,centrado nos desafios das novasgerações, seria “para todos osjovens”, independentemente da suacondição de fé ou relação com aIgreja Católica.Em março, o secretário-geral doSínodo dos Bispos disse à AgênciaECCLESIA que a ideia de dedicar aassembleia de 2018 aos jovens foiuma decisão “brilhante” do PapaFrancisco. “Foi uma ideia, umainiciativa brilhante do nosso PapaFrancisco, que consultou as

conferências episcopais, outrasinstituições, e decidiu-se por estetema”, assinalou o cardeal LorenzoBaldisseri.Em janeiro de 2017, o Vaticanodivulgou o documento preparatóriopara o Sínodo, acompanhadoentretanto por um inquérito onlinedirigido às novas gerações. OVaticano questiona os jovens e osresponsáveis católicos sobre odescontentamento perante o atualsistema político, económico e socialna Europa: “Como ouvem estepotencial de protesto, para que setransforme em protesto ecolaboração?”.O texto fala numa geração“(hiper)ligada”, para sublinhar queesta experiência de relacionamentoatravés da tecnologia “estrutura aconceção do mundo, da realidade edas relações pessoais”.O Sínodo dos Bispos pode serdefinido, em termos gerais, comouma assembleia consultiva derepresentantes dos episcopadoscatólicos de todo o mundo, a que sejuntam peritos e outros convidados,com a tarefa ajudar o Papa nogoverno da Igreja. Até hoje houve14 assembleias gerais ordinárias etrês extraordinárias, as últimas dasquais dedicadas à Família (2014 e2015).

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Ao encontro dos últimos em Bolonha

Foi com uma pulseira deidentificação amarela que o Papaentrou este domingo num centropara migrantes e refugiados emBolonha, onde foi recebido emfesta, para deixar uma mensagemcontra o medo e em favor doacolhimento de todos. “Alguns nãochegaram porque foram engolidospelo deserto ou pelo mar. Oshomens não se lembram deles, masDeus conhece os seus nomes eacolhe-os junto de Si. Façamostodos um momento de silêncio,recordando-os e rezando por eles”.“No meu coração quero leva o

vosso medo, as dificuldades, osriscos, a incerteza, também tantospapéis: ‘Ajuda-nos a ter osdocumentos’”, acrescentou.Ainda em Bolonha, o Papa presidiua um almoço de solidariedade parapobres, refugiados e presos, naBasílica de São Petrónio. Antes darefeição, Francisco saudou os cercade mil participantes, afirmando quea Igreja quer colocar os mais pobres“no centro”. Em seguida, discursouna Universidade de Bolonha,considerada a mais antiga daEuropa, para apelar à defesa dosdireitos à paz, à

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esperança e à cultura, com unidadeno Velho Continente.“Depois de duas Guerras Mundiais e violências atrozes de povos contrapovos, a União [Europeia] nasceupara tutelar o direito à paz. Mas hojemuitos interesses e não poucosconflitos parecem fazer desvaneceras grades visões de paz”Apelando a “um novo humanismoeuropeu”, o Papa lamentou aprevalência de modelos de vida“banais e efémeros”. "Ulisses, paranão ceder ao canto das sereias,que enfeitiçavam os marinheiros eos empurravam contra as rochas,amarrou-se ao mastro do navio etapou os ouvidos dos companheirosde viagem. Orfeu, para contrariar amúsica das sereias, fez outra coisa:entoou uma melodia mais bonita,que encantou as sereias", referiu.Na conclusão da viagem, com quese associou ao CongressoEucarístico Diocesano de Bolonha,o Papa pediu uma maior atençãoaos pobres e à Eucaristia na Igreja,convidando todos a rejeitar ahipocrisia e o legalismo. E deu areceita dos três ‘P’: “A Palavra, oPão, os pobres: peçamos a graçade não nos esquecermos nuncadestes alimentos-base, quesustentam o nosso caminho”.

A visita começou em Cesena, ondefoi acolhido em festa pela populaçãolocal, antes de uma reunião com oclero, os jovens e as famílias naCatedral. O convite foi feito pelobispo de Cesena-Sarsina, D.Douglas Regattieri, e a viagemrealiza-se pelos 300 anos donascimento do Papa Pio VI.

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Papa manifesta tristeza após tiroteio em Las Vegas

O Vídeo do Papa evoca drama do desemprego

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Vozes do amor que se calam

José Carlos Patrício Agência ECCLESIA

As últimas semanas ficaram marcadas pelodesaparecimento de duas figuras da IgrejaCatólica e da sociedade portuguesa, D. AntónioFrancisco dos Santos e D. Manuel Martins.Dois homens que se destacaram comomensageiros de ternura – humana, social eespiritual – num mundo onde cada vez maisfaltam profetas das grandes causas.Em que as vozes do amor se vão calando ousendo silenciadas ao mesmo ritmo em quechegam novos episódios de ódio e terror, deinjustiça social e discriminação, ou simplesmentede indiferença.Hoje abundam os arautos do supérfluo, do vazio,a chinfrineira virada para as audiências e para osoundbyte, frases e gestos sem relevância sãodiscutidos exaustivamente durante horas e horaspara no fim levar a absolutamente nada.São os debates à volta do político que disse x ouy, são os programas desportivos que maisparecem concursos para ver quem grita mais altoou diz mais asneiras, são os autênticosjulgamentos na praça pública de pessoas einstituições, sem direito a defesa nem presunçãode inocência.E tudo isto repetido dia após dia, num ciclo quevai depois sendo alimentado, como quem contaum conto acrescenta um ponto, através doscomentários de rodapé nas notícias ou nas redessociais.Um exemplo para ilustrar esta nossa dormênciaperante o que ‘realmente importa’? O episódio doPapa quando magoou o rosto, depois de umatravagem imprevista do papamóvel.

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Francisco tinha ido numa viagemmuito significativa à Colômbia, portudo o que representava para umpaís ferido por mais de 50 anos deguerra civil.No entanto, a notícia que chegou às“capas”, que ganhou mais cliques e‘likes’ foi o olho negro de Francisco.No meio de toda esta catadupa(des)informativa, que espaço sobrapara a denúncia dos problemashumanos, para uma reflexão defuturo?D. António Francisco dos Santos eD. Manuel Martins sabiam aquilo emque valia a pena empenhar a vida, eas suas palavras e gestos levaramvida às outras pessoas, porquealiviaram o peso das suas cargas,porque mostraram que não estãosozinhas

diante dos desafios."Sejamos ousados, criativos edecididos. Sobretudo ondeestiverem em causa os frágeis, ospobres e os que sofrem. Os pobresnão podem esperar”, lembrava D.António Francisco.“Olho para o nosso mundo, paraeste mundo, com a maiorpreocupação. Desaparecem osvalores basilares de uma Sociedadesólida e, sem eles, nada se constrói:o nosso pior futuro rasteja aí nosub-chão e ninguém, em ladonenhum, mesmo no altar, onde secanta a vida, se pode considerarseguro.”, salientava D. ManuelMartins.As vozes do amor estão a tombar,cabe a todos nós não deixar que oseu legado se perca, a bem dasociedade.

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FOTOS: Arlindo Homem

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Dois dias de trabalho para olhar a fundo o desafio das redes sociaise das novas linguagens multimédia. As Jornadas Nacionais deComunicação Social 2017 estão no centro desta edição do SemanárioECCLESIA, passando em revista as principais intervenções e factoque marcaram a iniciativa, na qual o presidente da ComissãoEpiscopal responsável pelo setor, D. João Lavrador pediu“prioridade aos excluídos, aos que não têm voz”.As Jornadas Nacionais de Comunicação Social deste ano, quedecorreram na Quinta do Bom Pastor, em Lisboa, nas instalações daRádio Renascença e da Conferência Episcopal Portuguesa, tiveramcomo tema “Comunicação: criatividade e partilha”.D. Nuno Brás, bispo auxiliar de Lisboa e vogal da Comissão Episcopalda Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, realçou umarealidade “multimédia” que “veio para ficar” e que deve “interrogar”a Igreja Católica.A edição 2017 das jornadas teve como destaque vários workshopssobre boas práticas em matéria de redes sociais, do uso dasferramentas multimédia e da escrita criativa. Realce ainda para uma‘mostra multimédia’ onde os vários órgãos de comunicação da IgrejaCatólica inscritos no certame, vindos das várias dioceses do país,poderão dar a conhecer ao público os recursos que têm àdisposição.Os dois dias de trabalho foram transmitidos em direto na página daAgência ECCLESIA na rede social Facebook e, agora, estãodisponíveis em: www.ecclesia.pt/jornadas2017/

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Criatividade e FidelidadeA minha primeira palavra desaudação é a todos os que estaisaqui presentes e a todos os quenão puderam estar aqui connosco,mas que com afinco e generosidadese entregam a esta tarefa daComunicação Social. Acrescentouma palavra de reconhecimentopelo trabalho desenvolvido pelasanteriores Comissões Episcopais,de modo especial a que nosprecedeu, pelos membros doSecretariado Nacional dasComunicações Sociais, osSecretariados Diocesanos, todos osjornalistas e comunicadores.Entrando na temática deste nossoencontro, que visa ser uma ocasiãode partilha de competências, queajudem a melhor prosseguir oscompromissos que oscomunicadores da Igreja Católicaem Portugal enfrentam - assim sepode ler na carta convocatória:exige-se de nós criatividade efidelidade.O tempo em que vivemos é deenorme exigência no domínio dacriatividade, de forma a tornar amensagem atraente e capaz deresponder ao homem concreto e àcultura atual. Não há domínio davida social em que este fator denovidade

se exija tanto como na ComunicaçãoSocial. Mas igualmente reclama-se afidelidade ao homem, à suadignidade e à sua transcendência,nunca abdicando da verdade, dobem e da justiça, promovendo obem comum e a paz.Já não é a primeira vez quetratamos das redes sociais e dasnovas tecnologias da comunicação.Em sintonia com a atenção que estamatéria tem merecido por parte daIgreja, expressa nas diversasmensagens que os Papas publicama propósito do Dia Mundial dasComunicações Sociais, osresponsáveis das ComunicaçõesSociais da Igreja em Portugal têmproporcionado reflexão oportuna enecessária para que a comunicaçãonas diversas comunidades cristãs -implicando todos os comunicadores- assuma o lugar que lhe compete eresponda às exigências da missãoevangélica no mundo de hoje.A obrigação da Igreja usar as redessociais e as novas tecnologias, aoserviço do Evangelho, ésobejamente conhecida efortemente exigida pelas inúmerasintervenções do magistério daIgreja. Das nossas limitações,

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também estamos conscientes.Porém, apesar das dificuldades comque nos deparamos, é forçosoencontrar sempre renovadasenergias para responder àsexigências de cada tempo.A propósito das redes sociais, dizia-se na carta convocatória queatualmente a comunicação é maisuma ocasião de partilha do que dedifusão, facto que levanta questõesjá antigas, como acomplementaridade dos diversosmeios de comunicação social, eexigências novas, nomeadamenteno que diz respeito à proposta doEvangelho, que exige a relaçãocomunitária.

Deste modo, levantam-se hojealguns desafios, dos quaissublinharia estes quatro: apromoção da dignidade humana, aedificação do bem comum, aexigência da verdade e a integraçãocomunitária, numa atençãoprivilegiada pelos mais excluídos.Permitam-me que recorde umapassagem da primeira mensagemdo Papa Francisco para o DiaMundial das Comunicações Sociaisde 2014: “Não basta circular pelas«estradas» digitais, isto é,simplesmente estar conectados: énecessário que a conexão sejaacompanhada pelo encontroverdadeiro. Não podemos viversozinhos, fechados em nós mesmos.

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Precisamos de amar e ser amados.Precisamos de ternura”.Para o Santo Padre, não são asestratégias comunicativas quegarantem a beleza, a bondade e averdade da comunicação. Por isso,afirma que “o próprio mundo dosmass media não pode não podealhear-se da solicitude pelahumanidade, chamado como é aexprimir ternura”.Sem dúvida, acrescenta, “a rededigital pode ser um lugar rico dehumanidade: não uma rede de fios,mas de pessoas humanas”.Estamos perante uma matéria ondenão há neutralidade. Por isso, “oenvolvimento pessoal é a própriaraiz da fiabilidade dum comunicador.É por isso mesmo que o testemunhocristão pode, graças à rede,alcançar as periferias existenciais”.Não gostaria de terminar sem fazereco das palavras do nossoPresidente da República, que aindahá pouco

tempo expressava a sua grandepreocupação para com o jornalismo.Não adiantou muito, apenassublinhou que o papel do jornalistapode estar em causa quando asnovas tecnologias e os fatoreseconómicas levam a criar grandesempresas de concentração denotícias e da sua difusão. É umarealidade, a merecer a nossaatenção, porque vai atingir, já está aafetar, a comunicação social, seja aescrita, seja a radiotelevisiva ou asnovas redes sociais.Resta-me desejar que este tempoque vamos dedicar à reflexão epartilha nos anime a todos a sermosmelhores comunicadores e que anossa missão se torne maisfrutuosa, porque é feita em partilha,em participação comum e emcomunhão.Lisboa, 28.09.2017

D. João Lavrador,Presidente da Comissão Episcopal

da Cultura, Bens Culturais eComunicações Sociais

“As novas redes sociais podem ficar no indivíduo e numa comunicação deisolamento, é o perigo das redes sociais, mas nós temos de converter asredes sociais em veículo de encontro e comunhão”

D. João Lavrador, encerramento das Jornadas Nacionais de ComunicaçõesSociais.

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Bispos avaliam jornadascomo «muito enriquecedoras»

O presidente da ComissãoEpiscopal da Cultura, Bens Culturaise Comunicações Sociais considerouque as jornadas nacionais dacomunicação social de 2017 foram“muito enriquecedoras, quasemaravilhosas” pela adesão e“interesse” do tema.“Estivemos no auge de tudo o queaté este momento se tem vivido,procurado e incentivado do que éverdadeiramente hoje uma

comunicação a partir das redessociais. Na interligação das váriasredes como diferentes,complementares, e de algumamaneira a interagirem umas com asoutras para uma melhorcomunicação e atingir o máximo depúblico”, afirmou D. João Lavrador àAgência ECCLESIA, no final doencontro.‘Comunicação: Criatividade epartilha’, foi o tema das JornadasNacionais

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da Comunicação Social e para oprelado foram “muitoenriquecedoras, quasemaravilhosas”, não só pela“quantidade de participantes” maspelo “interesse” do tema na plateia.Neste âmbito, acrescenta que osconferencistas são pessoas queestão “a conduzir projetos” que nasociedade, e muitas vezes ligados àprópria Igreja, “são relevantes” naárea das redes sociais.Os dois dias de jornadas contaramcom a experiência de José ManuelFernandes e Eduardo André, do

jornal online ‘Observador’; MariaJoão Cunha, da RenascençaMultimédia e ainda a escritora eformadora de escrita criativaMargarida Fonseca Santos.“Estas jornadas foram muitoimportantes”, frisou o presidente daComissão Episcopal da Cultura,Bens Culturais e ComunicaçõesSociais verificando “algo quecomeça a fervilhar” a noscomunicadores ligados à Igreja.“O interesse que têm poraprofundarem cada vez mais estetema e ao mesmo tempo a

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possibilidade de utilizarem as redessociais e ir ao encontro de um maiornúmero de pessoas com intençãosempre de comunicar o Evangelho elevar a fé cristã a todas aspessoas”, desenvolveu.Para D. Nuno Brás, vogal dareferida comissão, as jornadaschamaram a atenção para “arealidade da net

enquanto realidade central nacomunicação contemporânea”.O bispo auxiliar de Lisboa refereque, eventualmente, nacomunicação da Igreja ainda se está“muito preso seja ao jornaltradicional seja à página” nainternet, onde todas as diocesestêm a sua presença mas que “acabapor ser tratada tantas vezes

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como um jornal”.“Estas jornadas vieram chamar-nosa atenção para a realidade domultimédia, e para a necessidadede estarmos presentes naquilo quehoje é um ponto referência de todaa comunicação, mesmo daquelaprofissional que são as redessociais enquanto fonte decomunicação, mas sobretudo lugarde encontro de pessoas”,desenvolveu o também membro daSecretaria para a

Comunicação da Santa Sé.Neste contexto, D. Nuno Brás frisaque a comunicação existe porque“as pessoas precisam de seencontrar” e esse é “um pontoessencial na comunicação da Igreja”.“O encontro, a comunhão comoessencial na nossa visão dacomunicação que as redes sociaispotenciam e permitem até de formamuito mais fácil que os velhos massmedia”, observou.

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Criatividade na divulgação dosconteúdos

Maria João Cunha, chefe deredação na área digital naRenascença, fala à AgênciaECCLESIA da interligação crescenteentre a produção jornalística e acriatividade necessária na suaapresentação online, com novaslinguagens multimédia. Uma rádioque também se lê e também se vê,que procura afirmar-se também pelasua produção audiovisual. AE – Como é que a Renascençaconjuga uma linha editorial com estapluralidade de ferramentas e formasde fazer?MJC - O pensamento, a linhaeditorial,

aquilo que a Renascença é, significae pretende transmitir, está lá... temde estar sempre. Na génese, isto éjornalismo e é muito importantetermos sempre isso em mente. Nósconseguimos fazer produtosdiferentes e diferenciados porque aslinguagens são diferentes para arádio e para as plataformas digitais,mas na verdade são as históriasque a Renascença entende quedevemos contar, que é importantecontar e que estão enquadradas nasua linha editorial.Temos a sorte de ter equipas muitoboas tanto nos aspetos técnicoscomo jornalísticos e que nos ajudamaqui

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a contar as histórias que têm tidoum bom impacto, e isso é algo quenos deixa a todos muitossatisfeitos. AE – Nestas várias ferramentasconseguem conciliar o serapelativo, impactante e tambémprofundo o suficiente para que asabordagens não se fiquem pelasuperficialidade?MJC – Tentamos fazê-lo... e nãoficar apenas pela rama, pelaespuma dos dias, procuramos irmais além, entrar a fundo nosassuntos que consideramosrelevantes e que achamos quedevem estar a ser discutidos acada momento. Por vezes sãotemas difíceis que no momento emque pegamos neles, nem devemestar a ser debatidos, como é ocaso do tal bairro em Beja ondevive a comunidade cigana, e queacabam por ganhar novaatualidade nova relevância, e égratificante ver que conseguimosdar resposta a estes temas quedevem ser debatidos e olhadoscom um cuidado especial. AE – O multimédia é sempre umtrabalho de equipa...MJC – Sim, é sempre um trabalhode equipa e os resultados sãotanto melhores quandoconseguimos integrar pessoas compensamentos e com percursosdiferentes, com idades e tambémcom formações diferentes.

Designers, pessoal mais técnico, comjornalistas de diversas áreas... e éisso que depois acaba por resultarnuma maior riqueza e numa certezaque vamos seguindo caminhos maisacertados. É muito bom poder contarcom equipas diversas em que estasse complementam. Apresentação disponivel emhttps://sway.com/EJNBtM8d1QzoXRAN

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Qualidade e inovação para «trazer»as pessoas «até à notícia»

A escritora Margarida FonsecaSantos abordou nas jornadasnacionais de comunicação social osdesafios da “escrita criativa”, erealçou a importância de privilegiara qualidade e inovação para assim“trazer” as pessoas “até à notícia,até à leitura”.“Quanto mais nós repetirmos asmesmas receitas, menos aspessoas vão aderir, acabamos porter de estar sempre a renovar, arecriar”, frisou a autora, que ementrevista à Agência ECCLESIAreconheceu no Papa

Francisco um exemplo de “postura criativa” perante a comunicação e omodo de apresentar a suamensagem.“O segredo está não só nas atitudesmas na forma franca como fala dosassuntos e portanto acaba por estartambém um pouco a reinventar aforma de comunicar com aspessoas, com o mundo. E isso claroque é extraordinário”, considerou.As jornadas nacionais decomunicação social, que tiveramlugar em Lisboa, nas instalações daRádio Renascença

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e da Conferência EpiscopalPortuguesa, foram subordinadas aotema ‘Comunicação: criatividade epartilha’, com um olhar mais atentoà nova realidade das redes sociais.O atual contexto mediático émarcado por cada vez maisplataformas, há também cada vezmais “pressão” e menos “tempo”para a elaboração das notícias, dostextos.“Está sempre tudo a avançar muitodepressa, e se ficamos sentadinhos,tudo o que seja comodidade nuncavai funcionar. E esta mistura dospróprios suportes é algo que acabapor ser incontornável”, defendeuMargarida Fonseca Santos.A multiplicidade de formas dechegar às pessoas deve ser geridacom cuidado, porque é muito fácilcair no facilitismo de simplesmente“inundar” as pessoas cominformação.“Talvez esse seja o maior desafio dojornalismo, numa forma mais ampla.Respeitar quem nos ouve e nãopropriamente bombardear”, alertouMargarida Fonseca Santos.Para a autora, os jornalistas têm deter a capacidade de se “distanciardo texto” e de perceber como“agarrar” as pessoas.“Há títulos extraordinários queacabam por fazer toda uma notícia”,mas para isso é necessário também

ver o “outro lado”, o lado do público.E aqui a autora traçou umparalelismo com o jornalismo detemática mais religiosa, que temcomo matéria principal algo “quemexe com o interior das pessoas”.Além de escritora, MargaridaFonseca Santos é tambémformadora de escrita criativa e dácursos para crianças, jovens eadultos.Durante o workshop que apresentouaos participantes das jornadas, aautora reforçou a necessidadepermanente de exercitar a escrita“fora da caixa” e revelou um métodopara a inspiração fluir: encarar otexto “como um jogo”.“No domínio da palavra é muito fácilcriarmos uma espécie de tiques, devícios próprios de cada um de nós.Quanto mais nós nos exercitarmosfora da nossa zona de conforto maiscaminhos abertos ficam”, concluiu.

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Redes sociais e a relação público-jornalistaJosé Manuel Fernandes, publisherdo Observador, disse nas JornadasNacionais de Comunicação Social,promovidas pela Igreja Católica, queas redes sociais provocaram uma“alteração” da forma como aspessoas acedem à informação e dolugar da imprensa.O jornalista sublinhou a mudança“sísmica” provocada pela internet,que mudou o “lugar do público”,com uma “democratização doacesso às notícias”.O papel dos jornalistas, que antesera a pessoa que levava a notícia, écada vez “menos central” nesseprocesso. “A relação com ainformação era radicalmentediferente”, acrescentou José ManuelFernandes.O publisher do Observadorassinalou que “já não há umaespécie de subordinação do públicoao emissor”. Hoje, o jornalistapassou da obrigação de “contar”para tarefas “mais complexas”,como a verificação de fontes, ainterpretação e o esclarecimento.O papel do jornalista tornou-se“mais nobre, mais exigente”, realçouJosé Manuel Fernandes, para quemexiste a importância de “saber fazeras

perguntas certas”. O responsávelalertou ainda para asconsequências das mudanças emcurso para o “modelo de negócio”,dado que “quem produz informaçãoperdeu as suas receitas”.O conferencista desvalorizou oimpacto das “fake news”,mostrando-se mais preocupado coma “tribalização” da opinião pública ea ausência de “terreno comum”. Asredes sociais, prosseguiu, criaram“bolhas”.“Temos de ter a consciência de queestamos a ver o que o Twitter ou oFacebook nos estão a mostrar, nãotudo aquilo que lá está”, precisou.

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Sucesso nas redes sociaisé questão de estratégia

O coordenador de Redes Sociais eComunidades do ‘Observador’,Eduardo André, apresentou arealidade, vantagens efuncionalidades das redes sociais,onde a comunicação éindispensável. “Tudo é uma questãode estratégia. Uma diocese podemostrar imagens da paróquia, dequem gere, dos paroquianos eencontrar conteúdos interessantespara plataformas de imagem,fotografia da Igreja, os bastidoresda uma diocese”, explicou à Agência

ECCLESIA, durante as JornadasNacionais de Comunicações Sociais.Eduardo André, que apresentou oworkshop ‘partilha nas redes sociais- Facebook, Instagram, Twitter eYouTube’, deu ainda como exemploo enviar uma mensagem de “bomdia para os seguidores”, como osposts de correntes “de felicidade eamor” que, provavelmente, “são dosmais virais que existem e não épreciso ter grandes investimentos”.Para o especialista, as redessociais

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hoje “são praticamente a internet”,afinal, as capacidades que oFacebook disponibiliza são “quaseum portal semelhante ao Google”.Atualmente, partilham-se muitosconteúdos e, nesse âmbito, “asnoticiais com maior relevância”tornam-se virais de “forma maisnatural do que há dois ou trêsanos”. “Hoje partilhamos conteúdossem pensar duas vezes em colocardedo na ferida, ou elogiar se foresse o objetivo”, afirmou oconferencista que participou nasJornadas Nacionais daComunicação Social intituladas

‘Comunicação: criatividade epartilha’.O coordenador de Redes Sociais eComunidades do ‘Observador’realçou que em Portugal existem“mais de seis milhões de contas noFacebook”, “sem dúvida mais demetade do país”, por isso, é “umaplataforma indispensável eimprescindível”. Neste contexto,destacou, “logo a seguir”, aimportância da rede social defotografias/vídeos Instagram que “éa que mais cresce no mundo, comoem Portugal”, com um target “muitomais jovem que interessa a todos,desde a Igreja a todas as marcasem geral”.

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«Igreja e Encontro na EstradaDigital» e a resposta a «Quem é omeu próximo?»O livro ‘Igreja e Encontro na EstradaDigital’ é um trabalho de análise enão de resposta do atual o diretordo Gabinete de Informação daDiocese do Algarve, o padre MiguelNeto, a partir da sua tese dedoutoramento, e foi apresentadonas Jornadas Nacionais deComunicação Social 2017.“Partiu da análise de reparar que seo mundo muda, desde a década 80,a nossa forma de viver tambémmuda,

a nossa forma de relacionarmos. Anossa forma de ser cristãos e viverem comunidade de cristãos tambémmudou”, disse o sacerdote naapresentação da nova publicação.No auditório da Rádio Renascença,o padre Miguel Neto explicou que oseu trabalho foi analisar essamudança e o livro apresenta “aquiloque já mudou” mas também“algumas perspetivas” para o futuro.O diretor do Gabinete de Informaçãoda Diocese do Algarve refere que,sobretudo, chama a atenção que“há um longo caminho a percorrer”para responder à “perguntaessencial” que se coloca a quemtrabalha “os desafios da estradadigital, do encontro e da Igreja”:“Quem é o meu próximo?”Segundo o autor o trabalho doponto de vista pastoral, “naquilo queé a parte estrita do ambientecristão”, tem três focos importantes:“Ambiente digital e físico, comoespaços reais da existência humanacontemporânea; A questão daidentidade real e da identidadedigital, e a questão da comunidadefísica e da eclesial e uma respostaeclesial a esta realidade”.

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Com 256 páginas, a novapublicação foi apresentada pelodiretor do Secretariado Nacional dasComunicações Sociais que oconsiderou uma “ajudaindispensável” para poder-se“aproximar mais” o que possa ser a“presença na comunicação daIgreja”.Ao padre Américo Aguiar o título‘Igreja e Encontro na Estrada Digital– Perspetivas teológicas a partir doestudo de Manuel Castells’ remeteupara a estrada de Emaús: “É muitoesse desafio que levamos destaobra e que nos apresenta aindispensabilidade da rede.”O diretor do Secretariado Nacionaldas Comunicações Sociais, daIgreja Católica em Portugal, realçouainda que o padre Miguel Netoapresenta o Papa Francisco como opontífice “do toque”, quemaprofunda “a leitura palpável dapresença da Igreja nos meios decomunicação”, depois da “excelenteutilização dos media” pelo Papa SãoJoão Paulo II e o “preenchimento dereflexão magnifico” do Papa eméritoBento XVI.O prefácio foi escrito pelo diretor doInstituto Universitário de CiênciasReligiosas, da Universidade CatólicaPortuguesa, que realça o projeto

como “um itinerário de investigaçãoenraizado na própria existência”.“É, de uma forma muitotransparente, um trabalho deteologia prática, na medida em queparte de uma interrogação vividaeclesialmente para, depois de umitinerário de estudo, regressar àvida das comunidades crentes compropostas de significação e ação”,escreveu o antropólogo AlfredoTeixeira.

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Projeto católico português na WebSummit

A plataforma ‘Click to Pray’, criadapelo Apostolado de Oração emPortugal, vai estar representada napróxima ‘Web Summit’, entre 6 e 9de novembro em Lisboa. Ementrevista à Agência ECCLESIA, opadre António Valério considerou apresença nesta iniciativatecnológica mundial como mais umpasso no “crescimento” desteprojeto digital de oração.Uma ideia lançada em 2014 e que

conta atualmente com cerca de “620mil utilizadores”, e uma média de “6milhões de utilizações por semana”.Pouco depois de ter sido criada, aplataforma ‘Click to Pray’ foi adotadacomo a aplicação oficial da RedeMundial de Oração do Papa, que éagora a nova designação do

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Apostolado de Oração. Aorecorrerem a esta plataforma, aspessoas têm acesso a trêsmomentos de oração diária, demanhã, à tarde e à noite. Podemtambém colocar as suas intençõesem comum, uma vez que ela estádisponível online, e através deaplicações para iphone e android,no YouTube e ainda em redessociais como o Facebook e oTwitter.A plataforma está atualmentetraduzida em seis línguas, como oportuguês, o espanhol, o inglês, ofrancês e o italiano, e muito embreve está prevista a suadisponibilização em pelo menosmais duas línguas.A presença na ‘Web Summit’ emnovembro dará continuidade àevolução do projeto, que “chamou aatenção de muitas pessoas em todoo mundo”, e permitirá “melhorar atecnologia desta aplicação”. “Nestesentido fez-se a proposta àorganização da Web Summit paraestarmos presentes ali, e vamosestar em novembro em Lisboa, comum

stand para mostrar esta aplicação eter também a possibilidade de teralgum tipo de parcerias, deinvestidores para melhorarmos estaaplicação”, explicou o padre AntónioValério.O sacerdote jesuíta falou com aAgência ECCLESIA durante asjornadas nacionais de comunicaçãosocial.Para o padre António Valério, oprojeto ‘Click to Pray’ é um bomexemplo de utilização da tecnologiapor parte da Igreja Católica, parachegar às pessoas. “Cada vezvamos confirmando mais de que seas pessoas, mais jovens e tambémas menos jovens, estão muitopresentes no mundo digital, aoração também tem que aparecercom propostas muito claras e muitosimples. Tal como esta aplicação,em que sabem que estão a rezarcom pessoas de todo o mundo,pelas intenções do Papa”,completou.A plataforma ‘Click to Pray chegaatualmente a comunidades cristãsespalhadas por todo o mundo,incluída na Rede Mundial de Oraçãodo Papa, que disponibiliza também o“Vídeo do Papa”, com as suasintenções para os sucessivos mesesdo ano.

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O Pequeno Caminho das GrandesPerguntas

Na senda daquilo a que já noshabituou em obras anteriores, tantode reflexão teológica e filosóficacomo também de poesia, o padreTolentino Mendonça abre aspáginas de um livro singular ecorajoso. Na apresentação da suamais recente obra - «O Pequenocaminho das grandes perguntas» -,o autor realça que é fundamentalcuidar das nossas

perguntas como quem cuida de umjardim.Com a chancela da Quetzal, opoeta, natural da Ilha Madeira,revela que a experiência “humana ecrente é habitada por múltiplasperguntas”. Perguntas que, aolongo da vida “se vão somando” e“persistem dentro de nós”, disse àAgência ECCLESIA.Como o ser humano é “um mistério

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por desvendar”, “um enigma” e“uma pergunta fundamental”, opoeta e vice-reitor da UniversidadeCatólica Portuguesa natural da IlhaMadeira, sublinha que existemmomentos “na nossa vida em quese percebe que são as perguntas, enão as respostas, que nos deixammais perto do sentido”.É prioritário “escutar emprofundidade”, as perguntas que“habitam no coração” porque elas“são o caminho para Deus e para osentido da vida”.Com mais de 150 páginas, «OPequeno caminho das grandesperguntas» é um convite a “umapausa e ao espanto”. Uma forma de“reaprender o espanto…”. Esteespanto, que o poeta refere,consegue tirar o “lado embaciadoda vida” e retira as prisões do olhar.A iniciação ao espanto… Umcaminho em direção àcontemplação. Tal como diziaFernando Pessoa, citado porTolentino Mendonça, “A espantosarealidade das coisas” é umadescoberta contínua.Esse sentar no banco do jardim,que fala o poeta TolentinoMendonça, ajuda-nos a reorganizarnão só o visível, mas também onosso próprio modo de ver.

“Mesmo se vivemos rodeados deperguntas, as mais preciosas são,porventura, aquelas que em silêncionos acompanham desde o princípio,aquelas que se confundem com oque somos, como o espinho notroço da rosa ou como a rosa que,sem sabermos como, floresce nocimo improvável daquela sucessãode espinhos”, escreve o padreTolentino Mendonça.Num dos textos (página 19), o poetaescreve que “esperar não é umaperda de tempo»”. E continua:“Damos por nós hipermodernos,polivalentes, aparelhados detecnologia como uma centralambulante, multifuncionais massempre mais dependentes,perfeccionistas mas sempreinsatisfeitos, vivendo as coisas sempoder refletir sobre elas”.«O Pequeno Caminho das GrandesPerguntas» o novo livro do padre epoeta Tolentino Mendonça. Umaobra que faz perguntas sobre anossa vida…

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outubro 2017Dia 06 de outubro*Porto - Início do ano lectivo noCentro de Cultura Católica *Algarve - Tavira (Igreja de SãoSebastião) - Apresentação do livro«Igreja e Encontro na EstradaDigital» da autoria do padre MiguelNeto com a presença do padreAmérico Aguiar. *Açores – Angra - A Casa de SaúdeS. Rafael do Instituto São João deDeus e a Casa de Saúde (dias 06 e07 deste mês) do Espírito Santo dasIrmãs Hospitaleiras do SagradoCoração de Jesus vão realizar umsimpósio científico de Saúde Mentalintitulado “Juntos pela SaúdeMental”. *Lisboa - Paróquia da Penha deFrança - O Grupo de Jovens«Focos de Esperança» da Paróquiada Penha de França (Lisboa)promove «Fim de SemanaMissionário» com um peddy paper eum concerto orante de ClaudinePinheiro. (06 a 08 de outubro).

Dia 07 de Outubro*Elvas - As comemorações deencerramento dos 750 anos daFundação do Convento Dominicanode Nossa Senhora dos Mártires deElvas, organizadas pelaFraternidade Leiga de SãoDomingos daquela localidade,realizam-se dia 07 de outubro. *Fátima - Reunião do SecretariadoNacional do Ensino Superior com apresença de D. Joaquim Mendes *Santarém - Convento de SãoFrancisco - Assembleia Diocesana . *Lisboa - Auditório do ColégioUniversitário Pio XII - Lançamento daobra «O Padre de Savimbi» daautoria do padre António Oliveiracom apresentação do embaixadorAntónio Monteiro. *Braga - A Comissão Diocesana dePastoral Operária de Braga -(CDPO) vai assinalar o DiaInternacional do Trabalho Dignocom uma ação de rua e umaEucaristia, , entre as 15h45 e as19h00, em Vila Nova de Famalicão.

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*Porto - Teatro Nacional São João -Apresentação da obra «O PequenoCaminho das Grandes Perguntas»da autoria de Tolentino Mendonça,na iniciativa «Porto de Encontro»,no Teatro Nacional São João, noPorto. *Lisboa - Padrão dosDescobrimentos - Iniciativa «Terçosem fronteiras» promovida pelo«Presépio na Cidade» e aFundação Ajuda à Igreja que Sofre(AIS). *Torres Vedras - Centro deEspiritualidade do Turcifal - APastoral da Família do Patriarcadode Lisboa vai organizar o Fórum‘Wahou!’ para refletir sobre a‘Teologia do Corpo’, nos dias 7 e 8de outubro, no Centro deEspiritualidade do Turcifal, emTorres Vedras. *Cabo Verde - Ilha de Santiago -Fórum das Cáritas lusófonasdedicado à «fome e desigualdade» Dia 08 de Outubro*Leiria - Assembleia da Diocese deLeiria-Fátima

*Fátima - Basílica Nossa Senhora doRosário - O Coro do Santuário deFátima, o Coro do Carmo de Beja eo Coro da Catedral de Lisboa atuamno Ciclo de Música Sacra numconcerto intitulado ‘Ecos de Fátima’,na Basílica Nossa Senhora doRosário. *Fátima - Peregrinação ao Santuáriode Fátima da Comunidade Vida ePaz (08 a 12 de outubro) Dia 10 Outubro*Fátima - Casa das Dores -Conselho permanente daConferência Episcopal Portuguesa Dia 11 Outubro*Barcelos - Auditório Municipal -Conferência sobre «Fátima, ontem ehoje, em Portugal e no mundo» porAura Miguel.

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II Concílio do Vaticano:Um tomista que não foi ouvido

Defensor da Justiça em favor dos “mais fracos eoprimidos”, D. Sebastião Soares de Resende (1906-1967) promoveu a “educação da juventude dasmissões com milhares de escolas primárias” eidealizou para Moçambique uma sociedade “integradade raças e cidadãos iguais, perante a lei, apesar dasdiferenças”.Após o ciclo formativo na «cidade eterna» éconvidado para professor no Seminário Maior doPorto. Aí, lecciona as cadeiras de TeologiaSacramental e Filosofia. Aos 28 anos foi convidadopara vice-reitor do referido seminário e dois anos maistarde (1936) o bispo do Porto nomeia-o membro docabido. Um antigo aluno do homenageado, o Pe.Manuel Leão – também natural de Milheirós dePoiares – sublinha no artigo “D. Sebastião Resende –Uma Evocação, no seu Centenário” que o prelado eraum “ferrenho tomista”. A filosofia de Aristótelespassando “pelos trabalhos de S. Tomás de Aquinoentusiasmou D. Sebastião” – (in: Revista «Villa daFeira – Terra de Santa Maria» de Fevereiro de 2006).O último ano do Pe. Manuel Leão no SeminárioTeológico foi também o último ano do vice-reitor, que,entretanto, foi nomeado (21 de Abril de 1943) bispoda Beira.Deixou a metrópole e foi evangelizar “um laboratóriode problemas novos que entusiasma as inteligênciasmais vigorosas” – (In: Carta ao Pe. Manuel Valente dePinho Leão – datada de 19 de Março de 1946). Estatroca de correspondência entre estes dois filhos deMilheirós de Poiares dá autoridade ao Pe. ManuelLeão para afirmar que “pude acompanhar asiniciativas extraordinárias próprias dum homem deideias, com uma atividade

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incansável que marcou um lugarparadigmático nas missõespastorais, na educação e imprensa.O vasto horizonte em que estevesituada a sua vida apostólica fê-lodeixar para trás certas visõesacanhadas que os muros doSeminário continham” - (in: D.Sebastião Resende – UmaEvocação, no seu centenário). Numartigo para a referida revista Vila daFeira, António Almeida Santos,Presidente da Assembleia daRepública de Novembro de 1995 aAbril de 2002, sublinha que “foipena, muita pena, e uma grandeperda para Portugal,

que a sua voz não pudesse ter sidoouvida. Se o fora, o desastre que foio fim da nossa saga colonial, teriasido evitado”.Em 26 de Janeiro de 1967 (morreuno dia anterior) podia ler-se no«Diário de Moçambique»: “…Homem voltado para a realidade doseu tempo, o Senhor Bispo da Beirafoi, sob muitos aspectos, umpercursor do avanço socialverificado na África Portuguesa…algumas das suas pastorais emuitas peças da sua pregaçãoconstituíram gritos de autênticoprofeta…”.

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Simpósio «Juntos pela Saúde Mental» - Diocese

de Angra. A Casa de Saúde S. Rafael, do InstitutoSão João de Deus, e a Casa de Saúde do EspíritoSanto, das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração deJesus, realizam o simpósio científico «Juntos pelaSaúde Mental» nos dias 6 e 7. «Fim de Semana Missionário» - Patriarca deLisboaO Grupo de Jovens «Focos de Esperança», daParóquia da Penha de França, promove um «Fim deSemana Missionário», onde se destaca um peddypaper e um concerto orante de Claudine Pinheiro,entre 6 e 8 de outubro. Jornada Mundial pelo Trabalho Digno – 7 deoutubroOrganizações católicas pedem «trabalho digno deveestar na agenda política, social e empresarial», nummanifesto conjunto de Movimentos da PastoralOperária - Movimento Apostolado Adolescentes eCrianças, Juventude Operária Católica, Liga OperáriaCatólica/Movimento de Trabalhadores Cristãos e aComissão Nacional Justiça e Paz «Fátima, ontem e hoje, em Portugal e no mundo»- Barcelos. A jornalista da Rádio Renascença evaticanista Aura Miguel vai apresentar a conferência«Fátima, ontem e hoje, em Portugal e no mundo», apartir das 21h30 de 11 de outubro, no auditóriomunicipal da cidade de Barcelos. Projeção multimédia «Fátima- Tempo de Luz»Projeção multimédia encerra as celebrações doCentenário das Aparições em Fátima estreia dia 12 deoutubro, a seguir à procissão do silêncio, e repete às21h30, de 13 e 14 de outubro.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h30Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo:10h00 - Porta Aberta;11h00 - Eucaristia; Segunda-feira:12h00 - Informaçãoreligiosa Diariamente18h30 - Terço

RTP2, 13h00Domingo, 08 de outubro -O valor das perguntas.Entrevista ao padre JoséTolentino Mendonça. Segunda-feira, dia 09outubro, 15h00 - EntrevistaBruno Cardoso Reis:Eleições Centenário dasAparições de Fátima. Terça-feira, dia 10 de outubro, 15h00 - Informaçãoe entrevista Vitor Cotovio, sobre o Dia Mundial daSaúde Mental. Quarta-feira, dia 11 de outubro, 15h00 - Informçãoe entrevista aao padre Américo Aguiar, no assinalar doprimeiro mês do falecimento de D. António Franciscodos Santos. Quinta-feira, dia 12 de outubro, 15h00 - Informaçãoe entrevista sobre o centenário das aparições deFátima. Sexta-feira, dia 13 de outubro, 15h00 - Entrevista.Comentário à liturgia do domingo com o padre ArmindoVaz e frei José Nunes. Antena 1Domingo, 08 de outubro, 06h00 - 400 anos docarismo vicentino. Segunda a sexta, 09 a 13 de outubro, 22h45 -Centenário das Aparições de Fátima.

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Ano A – 27.º Domingo do TempoComum Colaborar comalegria navinha doSenhor

A liturgia do 27.º Domingo do Tempo Comum utiliza aimagem da vinha de Deus.Na primeira leitura de Isaías, a parábola da vinha éuma história de amor. Fala-nos do amor de um Deusque liberta o seu Povo da escravidão, que o conduzpara a liberdade, que estabelece com ele laços defamília, que lhe oferece indicações seguras paracaminhar em direção à justiça, à harmonia, àfelicidade, que o protege nos caminhos da história. Épreciso termos consciência de que esta história deamor não terminou e que o mesmo Deus continua aderramar sobre nós, todos os dias, o seu amor, a suabondade, a sua misericórdia. Para isso é preciso ter ocoração aberto e disponível para Ele.O encontro com o amor de Deus tem de significar umaefetiva transformação do nosso coração e levar-nosao amor aos irmãos. Quem trata os irmãos comarrogância, quem assume atitudes duras, agressivas eintolerantes, quem pratica a injustiça e espezinha osdireitos dos mais débeis, quem é insensível aosdramas dos irmãos, certamente ainda não fez aexperiência do amor de Deus. Isso pode acontecertambém nas nossas comunidades cristãs e religiosas.O texto de Isaías identifica os frutos bons que Deusespera da sua vinha com o direito e a justiça e afirmaque Deus não tolera uma vinha que produza sanguederramado e gritos de horror.Nos nossos dias, o sangue derramado das vítimas daviolência, do terrorismo, das guerras religiosas, dossistemas que geram morte e sofrimento continua aatingir a nossa história; os gritos de horror de tantoshomens e mulheres privados dos direitos maiselementares,

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torturados, marginalizados,traficados, excluídos e descartados,impedidos de ter acesso a uma vidaminimamente humana, continuam aescutar-se em todos os continentes.Não podemos ficar calados, numsilêncio cúmplice e alienado, diantedestas situações.O Evangelho salienta a coerênciacom que vivemos o nossocompromisso com Deus e com oReino. Deus não obriga ninguém aaceitar a sua proposta de salvaçãoe a envolver-se com o Reino; masuma vez que aceitamos trabalhar nasua vinha, temos de produzir frutosde amor, de serviço, de doação, dejustiça,

de paz, de tolerância, de partilha.Ao longo desta semana, sejamosconstrutores da vinha do Senhornos espaços que habitarmos,aderindo sempre ao único dono davinha que é o Senhor Jesus. E nestemês de outubro, mês missionário emês do Rosário, renovemos amissão a que todos somoschamados, sempre na alegria doEvangelho. Como pede o PapaFrancisco, «façamos missãoinspirando-nos em Maria, Mãe daevangelização».

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Sempre conseguiste levar-me aFátima

O bispo de Leiria-Fátima foi estesábado ao Vaticano agradecer aoPapa a peregrinação que realizouao Santuário de Fátima nos dias 12e 13 de maio, que “superou todasas expectativas” de Francisco econstituiu uma “bênção para aIgreja”.Em declarações à AgênciaECCLESIA, D. António Marto disseque encontrou o Papa muito“alegre, satisfeito

e afetuoso”, felicitando-o por terconseguido com que presidisse àprimeira peregrinação internacionaldo Centenário das Aparições, emFátima.“Sempre conseguiste levar-me aFátima”, disse o Papa a D. AntónioMarto, mal o recebeu com um“grande abraço”. “A visita eraexclusivamente para agradecer aoPapa a peregrinação dele a Fátima,antes que terminasse

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o centenário”, disse o bispo deLeiria-Fátima, acrescentando que aaudiência foi uma oportunidadepara conversar sobre a vida noSantuário e sobre o “aumento deperegrinos”, concretamente degrupos da Ásia.D. António Marto informou o Papaque a peregrinação internacional de12 e 13 de maio de 2018 vai serpresidida pelo cardeal Jonh Tong deHong Kong e a de outubro por D.Alexis Mitsuru Shirahama, bispo deHiroshima. “O Papa disse que eraprecisa prestar atenção à Ásia efalou da sua próxima visita àBirmânia, congratulando-se comisso”, referiu D. António Marto.Na audiência, o bispo de Leiria-Fátima falou ao Papa sobre acanonização dos pastorinhos,presidida por Francisco no dia 13de maio, em Fátima, e sobre oaumento da devoção aos videntesde Fátima, visível no “triplicar” dasvisitas aos seus túmulos. “Numdiálogo muito fecundo, de quem lê aalma humana e deixa a gentesurpreendida, o Papa falou dabusca da inocência num mundoperturbado e da atenção e cuidadoque é

necessário dar às crianças”, contouD. António Marto.O bispo de Leiria-Fátima dissetambém à Agência ECCLESIA quecolóquio com o Papa foi umaoportunidade para falar damisericórdia, concretamente sobre acelebração do sacramento dareconciliação no Santuário deFátima, com o Papa a “querer sabercomo se realiza” e a sublinhar que“é preciso ser misericordioso”,acentuando que “Deus é muitomisericordioso com as misériashumanas”.A celebração do Centenário dasAparições de Fátima vai decorrer naperegrinação e 12 e 13 de outubro,presidida pelo bispo de Leiria-Fátima, onde D. António Marto vaitransmitir os agradecimentos doPapa. “O Papa pediu-me paratransmitir aos peregrinos oagradecimento pelo acolhimentocaloroso dispensado em Portugal, amemória grata da sua peregrinação,que constitui uma bênção para aIgreja, e pediu-me para dizer aosperegrinos que não seesquecessem de rezar por ele”,referiu D. António Marto.

“Quero recordar que há 100 anos em Fátima, em cada uma das seisaparições, Nossa Senhora pedia: ‘queria que rezassem o terço todos osdias’. Respondendo ao seu pedido, rezemos juntos pela Igreja, pela Séde Pedro e pelas intenções de todo o mundo”Papa Francisco, Vaticano, 04.10.2017

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São João Paulo II regressa a FátimaO Santuário de Fátima vai exporuma relíquia do Papa São JoãoPaulo II, para veneração dos fiéis,nos dias 21 e 22 de outubro, naCapela da Ressurreição de Jesus,no piso inferior da Basílica daSantíssima Trindade. Numcomunicado enviado à AgênciaECCLESIA, o santuário informa queno dia 21 de outubro o acolhimentoda relíquia decorre na Capelinhadas Aparições com a oração doterço, seguindo para a Capela daRessurreição de Jesus.No dia seguinte, a relíquia do Papapolaco vai estar em exposição paraveneração durante o dia e pelas18h30 vão celebrar a Eucaristiavotiva de São João Paulo II, naBasílica de Nossa Senhora doRosário.“A aceitação da presença destarelíquia em Fátima deve-seessencialmente à ligação profundaexistente entre São João Paulo II eFátima, que o Santuário procuratambém sublinhar neste ano doCentenário”, explica o santuáriomariano sobre o pontífice queesteve na Cova da Iria “três vezes”,sendo o Papa que mais vezesvisitou Fátima.O comunicado assinala que desde“tenra idade”, Karol Wojtyla “criou

uma forte devoção a NossaSenhora”; Quando foi nomeadobispo escolheu para armasepiscopais, a letra M junto à cruz e olema Totus Tuus (Todo Teu).Depois do atentado na praça deSão

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Pedro, a 13 de maio de 1981, oPapa João Paulo II agradeceu àVirgem de Fátima ter-se salvo e noano seguinte esteve na Cova daIria.A 13 de maio de 2000, ano que foi

revelada a terceira parte do segredode Fátima, João Paulo II voltou aosantuário da Cova da Iria ebeatificou os pastorinhos videntesFrancisco e Jacinta Marto.

Por ocasião da celebração dos 100 anos das Aparições de Fátima, afamília paroquial de São João de Deus, em Lisboa, vai inaugurar o Altardos Pastorinhos no próximo dia 14 de Outubro de 2017, com réplicas deimagens da escultora Maria Amélia Carvalheira.A bênção das imagens de Nossa Senhora de Fátima e dos PastorinhosSantos Jacinta e Francisco Marto terá lugar nesse sábado, nacelebração da Eucaristia às 16h00 na Paróquia de São João de Deus. AEucaristia contará com a presença do núncio apostólico de Lisboa, D.Rino Passigato.

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A história da cristã que sobreviveu ao cativeiro do BokoHaram

O perdão de RebeccaFoi raptada e agredida vezessem conta. Viu um dos filhos sermorto pelos terroristas eengravidou de um deles, ao fimde inúmeras violações. Durantedois anos, viveu um calvário tãodesumano que até é difícil deimaginar. Sobreviveu. Agoracorre o mundo a contar a suahistória. Esteve por estes diasem Espanha. Todos os jornaisfalaram dela, falaram da cristãque perdoou aos terroristas. Foi no dia 21 de Agosto de 2014que começou o calvário de RebeccaBitrus. O grupo islamita Boko Haramatacou a aldeia onde ela vivia com omarido e dois filhos. Procuravam oshomens para os matar. Naquelashoras, enquanto passavam a pentefino todas as casas, os terroristasprovocaram um imenso mar desangue em Dogon Chuku. Forammomentos de pânico. Os sons dasbalas misturaram-se com os gritosde dor, com o cheiro das casasqueimadas, com o desespero.Rebecca foi capturada, tal como osseus dois filhos. Nesse dia, semsaber se o marido tinha sido mortoou não, Rebecca foi obrigada acaminhar, com outras mulheres ecrianças, rumo

a um dos acampamentos do BokoHaram. Foram dias esgotantes. Osterroristas obrigavam-nos acaminhar em silêncio, pois o exércitoandava por ali. Foi então queaconteceu a primeira tragédia. Omais pequeno dos filhos deRebecca, então com apenas 1 anode idade, desatou a chorar e elanão conseguiu calar o menino. Umdos terroristas agarrou nele,arrancou-o dos seus braços eatirou-o para o rio, junto ao qualcaminhavam. A criança afogou-selogo ali, mesmo à sua frente.Durante dois anos, Rebecca, porser mulher e cristã, foi sujeita àsmais incríveis sevícias que sepodem imaginar. Nas mãos dosterroristas, porém, nunca renunciouà sua fé, apesar de isso lhe tercustado inúmeras violações,trabalho forçado, agressões semfim. Rebecca Bitrus esteve agora emEspanha, a convite do secretariadolocal da Fundação AIS para contar asua história. E ninguém conseguiuficar indiferente às palavras e àslágrimas desta mulher cristã deapenas 29 anos que perdoou aosterroristas. “Quando eles gritavam‘Allahu akbar’, eu rezava em silêncioe pedia para Jesus me salvar.”Quase todos os dias, durante doisanos,

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Rebecca foi violentada mas nuncacedeu. Na verdade, não a mataram,embora às vezes o tivessedesejado. Foram dois anos detormentos, em que foi escravizada eviolada vezes sem conta. Até queengravidou. Todos os diasDois anos depois, quasemilagrosamente, Rebeccaconseguiu fugir quando oacampamento em que seencontrava foi atacado pelo exércitonigeriano. No meio da confusão, elaescapou para o mato levandoconsigo o filho mais velho, Zacarias,e o mais novo, Cristóvão. “Todos osdias recordo que tenho um filho deum deles…”, explicou Rebeccaquando lhe perguntaram qual amemória mais forte que guarda dotempo de cativeiro. Mas acrescenta:“já perdoei aos terroristas”.Rebecca esteve em Madridacompanhada pelo Padre InnocentZambua, da Diocese de Maiduguri,uma das mais afectadas pelaviolência jihadista. “Na nossadiocese – disse este sacerdote –temos cerca de 100 mil pessoas quefugiram por causa da violência doBoko Haram, cerca de 300 igrejasque foram queimadas, tal como 25escolas, 3 centros de saúde e 3conventos.” Só na Diocese deMaiduguri – que é apoiadadirectamente pela Fundação AIS – aIgreja acolhe

cerca de 5 mil viúvas e 15 milórfãos, em resultado do terrorismodeste grupo islamita. Agora, todosos dias, quando Rebecca olha parao filho mais novo, quando olha paraCristóvão, lembra-se do homem quea violou, lembra-se de todos oshomens que a violaram. Isso seriadramático, seria até uma tragédia,se Rebecca não tivesse já perdoadotodo o mal que lhe fizeram.Cristóvão, o seu filho, que nasceuna floresta, no acampamento doBoko Haram, é a prova de que obem é mais forte do que o mal. Operdão de Rebecca foi mais forte doque todo o ódio dos terroristas.

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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Regresso às aulas

Tony Neves Espiritano

É uma expressão que soa a estranho. Acho quenunca devíamos deixar de lado o instintoacadémico que a todos devia possuir. O tempode férias mais não devia ser que um mês em queninguém tem a pressão de provas e exames e,por isso, podia dar-se espaço a leituras maislivres, de acordo com os gostos de cada pessoa.Mas falar de ‘regresso às aulas’ dá a sensaçãode que houve uma fuga em fim de ano lectivo!É corrente dizer-se que a escola está em crise.Primeiro, porque não motiva para umaaprendizagem que ajude a construir vidas;depois, porque não abre portas suficientes paraprofissões bem compensadas, quer a nível derealização pessoal, quer a nível de atribuição desalário.Cada ano lectivo que começa devia levar a umareflexão profunda sobre a missão da escola nasociedade. Que queremos nós atingir, a nível deobjectivos, com a escolaridade das nossascrianças e jovens e com a formação permanentedos mais adultos?Continuo a acreditar na importância capital daEscola. Sem ela, não há futuro que se prepare asério, não há competência que se possa gerar,não haverá sociedade que se segure em pé.Mas, verdade seja dita, há uma reflexão profundaa levar a cabo para que se mude o que éurgente e importante mudar e se valorize cadavez mais esta instituição tão desacreditada nostempos que correm.

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Houve tempos em que o objectivoda Escola era ensinar, por cartilha,a ler, escrever e contar. Já estamosmuito longe desses tempos e aEscola tem de levar muito maislonge e muito mais fundo. Vivemostempos marcados pela globalizaçãoe ninguém pode passar ao lado dosdesafios lançados pela era da rede.A internet tornou o mundo maispequeno, mas também mais injusto,pois há quem tenha acesso àstecnologias da comunicação e quemseja dele excluído. A justiça, nostempos de correm, também passarápor assegurar este acessodemocrático às tecnologias dacomunicação. De

outra forma, os info-excluídostornar-se-ão nos pobres maispobres do nosso tempo. E nãopodemos permitir que aconteça umainjustiça tão grave e tão gritante.Dignifiquemos o papel dosprofessores. Demos-lhe todas ascondições para o exercício de tãodecisiva missão. Exijamos delescompetência e dedicação de alma ecoração. Mas exijamos, igualmente,aos alunos, seriedade, respeito etrabalho. Só assim, professores ealunos dignificarão a instituiçãoescolar e rasgarão novos caminhosao futuro.

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