Ruy Oliveira - Recursos Geológicos - Rochas Ornamentais (2009)

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C:\Users\rui oliveira\Desktop\2.JPG Os recursos geológicos como fonte de desenvolvimento sócio-económico e caracterizadores de comunidades Os recursos geológicos como fonte de desenvolvimento sócio-económico e caracterizadores de comunidades Por: RUI OLIVEIRA Centro de Ciência Viva de Sintra, Março de 2009

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Os recursos geológicos como fonte de desenvolvimento sócio-económico e

caracterizadores de comunidades

Os recursos geológicos como fonte de desenvolvimento sócio-económico e

caracterizadores de comunidades

Por: RUI OLIVEIRA

Centro de Ciência Viva de Sintra, Março de 2009

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Os mais antigos vestígios de extracção/recolecção de silex e quartzite na região de Lisboa - Sintra

Est. Paleolíticas da área de Lisboa. Segundo A. do Paço, 1940

As Características geo-morfológicas, das jazi-das paleolíticas, as ma-térias-primas empregue nos artefactos líticos, bem como as suas técni-cas de talhe, caracteri-zam estas estações arque-ológicas.

Na maioria das jazidas, o Silex predomina em nódulos irregulares,derivados das bancadas de calcários subcristalinos do Cretácico- Cenomaniano Superior – que constitiu a unidade geológica ime-diatamente subjacente ao Complexo Basaltico de Lisboa. Alguns nódulos mostram sinais de rolamento e devem provir de depó-sitos detríticos de origem flúvio-marinha, do Plistocénico Inferior.

Limite aproximado da área ocupada pelas jazidassegundo Olivier em 1954

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A par da exploração das matérias - primas as técnicas de desbaste e talhe evoluem,dando origem às primeiras tipologias de artefactos líticos

No Neolítico e Calcolítico os locais de exploração e talhe deSilex aumentam. Existem indícios arqueológicos de comercializa-ção de silex da região de Lisboa para outros pontos da Península

Ibérica

O Homem do Paleolítico Inferior / Médio, é o primeiro habitante da região sintrense, a utilizar abundante o Silex, o Quartzito e o Quartzo.

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Pedreira romana do Alto de Colaride

Descoberta em 1998, esta pedreira foi utilizada entre os séculos I e III d.C..

Forneceu de pedra e cantarias para a Villa Romana do Alto de Colaride.

Pormenor dos entalhes no nível de exploração de calcário

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Exemplo da frente de extracção dos blocos. Próximo da pedreira existe também vestígios de estrutura de telheiro para desbaste dos blocos

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Textos documentais sobre a exploração mineira em Belas nos séculos I, X e XII

As primeiras notícias, escritas, sobrea exploração destas minas, datam dotempo da Romanização e são citadaspor Plínio, o Naturalista, cuja obra foiescrita na década de 70 d. C.. Conta-nos este Autor Clássico, referindoescritos de um tal Cornelius Bocchus(Plin. 37,24), que no termo de Olissipo,se extraia o Carbunculus, com grandedificuldade por causa da argila do soloressequida. O termo Carbunculusdesigna, genericamente, uma pedras e m i p r e c i o s a d e c o r r u b r a .

Em obras de cariz geográfico e económico, de Autores Árabes dos séculos X e XII, alcançamos novas notícias do lugar e das minas. A mais antiga, a Geografia de AhmedeArrazi (PROVENÇAL, 1953) datável do século X, referencia uma localidade com o topónimode Ossumo, entre Lisboa e Sintra.Outra obra datável do século XII, atribuída a Yacute,cita uma “cidade” denominada de Munt Assum e/ ou Munt Axyum; a montanha na

qual se encontram pedras barâd (fosforescentes) que brilham de noite, como afirma a Geografia de Al-Údri.

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Ao longo de toda a Idade Média existem referências às minas do Suímo

Vários autores referem que as minas voltaram a ser exploradas logo após a Reconquista de Lisboa aos Mouros, em 1147. A exploração sempre ligada à Coroa (directa ou indirecta-mente) terá perdurado durante toda a IdadeMédia. O certo é que no inventário dos ataviosdo Infante D. Dinis, em 1278, figuravam «onze pedras jagonças [designação arcaica de Jacin-tos] de belas almandinas».

Em 1499, D. Brites legava as minas do Suímo a seufilho D. Manuel I por: « as julgava tão importantesque, fazendo doação da Quinta e Senhorio de Belasa Rodrigo Afonso de Atouguia, reservou para si asMinas do Suímo, e por sua morte, em 1506, asdeixou em legado a seu filho, El-Rei D. Manuel ».

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nesta freguesia, e termo junto do lugar e monte do Suímo se tiravão antigamente pedras preciosas

Textos documentais sobre a exploração mineira em Belas do século XVIII (1758)

In: Memorias Paroquiaisde 1758.

Resposta do Prior de BelasJoão Chrysostomo

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A extracção e transformação de rochas ornamentaiscomo modeladora de …

Paisagem secular …

Pedreiras de Morelena,freguesia de Pêro Pinheiro

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de técnicas ancestrais…

Nas pedreiras em que a lavra foi abandonada há muito en-contramos, mais ou menos conservadas, construções em pedra seca, com a finalidade de proteger os parcos haveres dos cabouqueiros das intem-péries e dos rebentamentos,

denominadas de: Casinhotasou Casinhotos.

Degraus exteriores

Entrada do casinhoto

Vista do interior

Filão do Lioz Encarnadão

Pedreiras antigas de Morelena

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Casal do Urmal

Casal das Vivas

… partilhada com a ruralidade ancestral.

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A par com moderna tecnologia.

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Cabouqueiros e Canteiros

A secular exploração e transformação das rochas ornamentais em Sintra, ou nos concelhos vizinhos, criou uma plêiade de profissionais. Grande parte des-tes constituíram autênticas “dinastias” familiares, facilmente referenciáveis a localidades e, até, ao tipo de produto transformado e comercializado.

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Francisca Cupido

P. Pardal Monteiro

- O milenar lavor da pedra marca a História do Homem.- Tipifica comunidades- Promove a riqueza e o nível sócio-económico dos intervenientes

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Bibliografia:AZEVEDO, José Alfredo da Costa,1982, «Velharias de Sintra IV, “Memórias Paroquiais” de 1758», edição da C.M. de Sintra, pp.149-150.BYRNE, I. Nadal de Sousa, 1993, «A rede viária da Zona Oeste do Município Olissiponense (Mafra e Sintra)», Al-Madam, sér. II, n.º 2; Centro de Arqueologia de Almada, pp.41-45.BONANÇA. João, 1887, «História da Luzitania e da Ibéria », ed. Imprensa Nacional, Lisboa, p. 691.COELHO, António Borges, 1972, «Portugal na Espanha Árabe». Vol. I, “Seara Nova”, Lisboa.CATARINA COELHO, 2002, «Estudo Preliminar da pedreira romana e outros vestígios identificados no sítio arqueológicode Colaride» in: Revista Portuguesa de Arqueologia, volume 5, n.º 2, Lisboa, pp.277-323.CARDOSO, Guilherme, 1997/2001, «Canteiros do concelho de Cascais»;in: Jornal Costa do Sol, edição de 1 de Abril 1997 e de 1 de Fevereiro de 2001, p. 12 e 8.CARDOSO, Padre Luís, 1751, «Dicionário Geográfico »,Tomo II, pág. 133.CARDOSO, João Luís, et al., 1999 «Estudos Arqueológicos de Oeiras, 3» ed. Câmara Municipal de Oeiras/Centro de Estudos Arqueológicos de Oeiras; Oeiras, p. 27.CHOFFAT, Paul, 1914, «Les Mines de Grenats du Suímo», Comunicações da Comissão do Serviços Geológicos de Portugal, tom. X, Lisboa, pp. 194-195.GOUVEIA, Caetano Padre, 1735, «Relação da Fábrica na Igreja Nossa Senhora do Loreto ». Coimbra 1735.GUERRA, Amílcar, 1995, «Plínio-o-Velho e a Lusitânia», in: Arqueologia & História Antiga I, edi. Colibri, F.L.L., Lisboa, p. 140.LINDLEY CINTRA, Luís Filipe, 1954, «Crónica Geral de Espanha de 1344», Edição Crítica do Texto Português, v. II, Academia Portuguesa de História, Lisboa, p 67.LINDLEY CINTRA, Luís Filipe, 1999, «Homenagem ao Homem ao Mestre e ao Cidadão»; ed. Cosmos Fc. de Letras da U. L., organização dos textos de Isabel Hub Faria, Lisboa, p. 247.MACHADO, José Pedro, 1981, «Grande Dicionário da Língua Portuguesa»; edição Soc. Ling. Portuguesa /Amigos do Livro, tom. II, Lisboa, p.622.LOPES, José Valente, 2005, « Mármore, Pedra de Sintra » in: Jornal de Sintra (vários artigos).PEREIRA, Esteves, e DIAS, G. Rodrigues, 1906, «Dicionário Histórico, Biográfico, Heráldico, Coreográfico, Numismático eArtístico», Vol. II B-C, pp.269-270PROVENÇAL, Lévi, 1953, «Description de l’Espagne d’Ahmed Al–Razî», in: Al Ândaluz, vol. XVII, Fasc. I, Madrid.

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Agradecimentos:

- A. D. P. de Sintra

- Ao Centro de Ciência Viva de Sintra

- Ao público