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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA Avaliação neuropsicológica da migração em idosos nordestinos e o resgate das raízes culturais como ferramenta de reabilitação Vanessa de Oliveira Alves Orientador: Prof. Drª. Sandra Regina Mota Ortiz Coorientador: Prof. Aline Gavioli

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Avaliação neuropsicológica da migração em idosos nordestinos e o resgate das

raízes culturais como ferramenta de reabilitação

Vanessa de Oliveira Alves

Orientador: Prof. Drª. Sandra Regina Mota Ortiz

Coorientador: Prof. Aline Gavioli

São Paulo

2020

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RESUMOO fenômeno da migração resulta de determinantes que podem ser políticos,

econômicos ou ambientais. A aculturação é resultante desse processo e refere-se a

forma como uma pessoa ou um grupo de pessoas irá se adaptar a outra cultura, sendo

necessário, muitas vezes, retirar traços significativos da sua. O estresse surge como um

efeito imediato do processo de aculturação. Alguns estressores referente a este

fenômeno são a incerteza em relação as condições de vida, as condições de moradia, as

condições legais, perspectivas de emprego, estigmatização, possível rejeição social,

hostilidade, medos não resolvidos durante o ato da separação com os demais parentes,

isolamento, alienação, estilo de vida, objetivos pessoais ou da família, questões

econômicas e conflitos de papeis. Aqui no Brasil, no início do século XX, ocorreu a

reorientação da política imigratória que tinha como objetivo a captação de mão de obra

estrangeira, surgindo em seu lugar a política migratória com o propósito de inserir mão

de obra oriunda de outros estados brasileiros. A partir do estudo da história nacional fica

evidente a necessidade de se entender o aumento do fluxo migratório da população

nordestina para a região Sudeste, assim como a problemática entorno de sua

estigmatização e as possíveis alterações neuropsicológicas resultantes desse processo.

Somado a este panorama, temos o envelhecimento da população migrante oriunda dessa

região e que se deu de maneira, em sua maioria, conflitante. A Terapia de

Reminiscência surge como alternativa a resolução de conflitos passados e alterações

neuropsicológicas. Objetiva-se, com isso, recuperar memórias autobiográficas que

tenham potencial de incidir particularmente na resolução de conflitos passados. Por fim,

baseado em todo este panorama, o presente projeto possui caráter de investigação

qualitativo, de propósito descritivo e que se utilizará da pesquisa de campo como

procedimento técnico para a obtenção de resultados acerca da utilização da Terapia de

Reminiscência. Buscamos através deste projeto reduzir os possíveis impactos

neuropsicológicos da migração em idosos nordestinos que residem no estado de São

Paulo. Mediante o levantamento bibliográfico observaremos a vulnerabilidade dessas

migrações e a possibilidade de utilizar a Terapia de Reminiscência no intuito de resgatar

essa identidade social e diminuir os impactos negativos da globalização e da unificação

cultural. Sendo o Brasil um país diverso, faz-se necessário realizar a manutenção dessas

raízes culturais e analisar as possíveis perdas devido o processo de aculturação.

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Palavras-chavesː Migração, aculturação, neuropsicologia.

1. INTRODUÇÃOAté meados de 1950 as regiões Nordeste e Sudeste, a qual hoje se engloba o

estado de São Paulo, eram dividas geograficamente com base nos critérios do Conselho

Nacional de Geografia de 1942. Neste período, o Brasil era divido em cinco regiõesː

Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste. O estado de São Paulo estava inserido na

região Sul, juntamente com os estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.

A inserção de São Paulo a atual região Sudeste, deu-se apenas em 1969. Por conta disso,

é comum encontrarmos escritos que descrevem a região Sul como o centro da migração.

(FERRARI, 2005).

O Nordeste englobava os estados do Maranhão, Ceará, Piauí, Rio Grande do

Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Fernando de Noronha. A Bahia e o Sergipe não

fizeram parte da região Nordeste até a reformulação de 1969. Antes desta data, esses

estados eram incorporados a antiga região Leste juntamente com o Rio de Janeiro,

Espírito Santo, Distrito Federal e Minas Gerais. Porém, mesmo a Bahia e o Sergipe não

estando entre os estados do Nordeste, desde 1936 esses locais possuíam parte do

território no Polígono das Secas revisado em um decreto de 13 de setembro de 1946 e

em 10 de fevereiro de 1951. (FERRARI, 2005)

A seca que sempre assolou o Nordeste brasileiro só passou a ser vista como

calamidade pública depois da chegada dos portugueses. Os índios que ali transitavam,

viviam de maneira seminômade e migravam em épocas de seca. “É muito provável que

uma das razões da movimentação espacial dos indígenas antes da chegada dos

portugueses esteja relacionada com períodos de estiagem e secas e com a disputa pelas

terras com abundância de água” (COELHO, 2012).

Até o século XVI, o Nordeste era estruturado numa economia-açucareira de

exportação. Mais especificamente situada na zona da mata, esta economia se baseava na

monocultura, no trabalho escravo e no latifúndio, características que bloqueavam o

ascender das relações capitalistas e o desenvolvimento de outras culturas nessa região.

Por conta do latifúndio, havia uma alta concentração de renda na mão dos grandes

fazendeiros tendo como consequência uma defasagem quanto ao crescimento do

mercado interno. Devido à grande concorrência, já no século XVIII ocorre o declínio

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dessa economia de exportação, o que favorece a migração dos trabalhadores rurais para

as regiões do interior, onde se desenvolveram os minifúndios (FERRARI, 2005).

Os indícios como a falta de água e a aridez do solo só passaram a ser vistos

como mazela nos anos 70 do século XIX. A conhecida “três setes” (1977-79) inaugura

os primeiros repasses de verba com o intuito de amparar os nordestinos que sofreram

por razões ambientais. Nesse período, muitos indivíduos famintos causavam grandes

conflitos na cidade e a medida tomada pelo governo foi a retirada dessas pessoas em

grandes navios que tinham como destino as áreas inóspitas da floresta amazônica. É

importante frisar que a densidade populacional sempre foi mais elevada na região

Nordeste por conta de a colonização ter sido iniciada por lá e que isso também

contribuiu para a medida de evacuação (COELHO, 2012).

No panorama geral da migração de nordestinos, ficou sobre responsabilidade

do governo indicar os locais para onde esses indivíduos seriam levados, sendo a

Amazônia o local escolhido por conta do trabalho com os seringais. O destino das

migrações só foi alterado a partir de 1930 devido à nova realidade imposta por eventos

históricos como a Primeira Guerra (1914-1918), o golpe articulado por Getúlio Vargas

na década de 1930 e a queda da bolsa de Nova York em 1929 (COELHO, 2012).

Devido à crise do café, cerca de 78,2 milhões de sacas haviam sido destruídas

até 1934 e a alternativa encontrada para superá-la se deu através do processo de

industrialização. Para suprir a reorientação da política imigratória que tinha como

objetivo a captação de mão de obra estrangeira, surge a política migratória com o

propósito de inserir mão de obra oriundo de outros estados brasileiros (PAIVA, 2013).

Durante a era Vargas, ocorreram duas grandes secas, uma em 1932 e outra em

1942. É importante frisar que houve dois modos distintos de ação contra ambas. A de

1932, assim como as anteriores, foi conturbada. Houve registros de aumento de assaltos,

miséria, doença e um número incontável de mortos. A corrupção do local também

favoreceu para as estatísticas alarmantes da época. As ações governamentais se

caracterizavam por envio de verba para a compra de alimentos que deveriam ser

distribuídos para a população sertaneja, o remanejo das pessoas para as frentes de

trabalho e a criação de ‘alagadiços’. (COELHO, 2012)

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Quanto aos alagadiços, estes foram descritos como campos de concentração

que visavam manter os sertanejos distantes dos grandes centros urbanos e que

mantiveram cerca de 100 mil flagelados. Ao todo, somente no Ceará, foram construídos

7 alagadiços. Pela primeira vez foi instaurado nesses desabrigados o universo do mundo

capitalista com novos saberes, regras e separação de tarefas. (COELHO, 2012).

Com o término das medidas de combate à seca, muitos nordestinos até então

abrigados nos alagadiços, começaram a migrar para a antiga região Sul. Os fatores que

facilitaram essa migração voluntária foramː a construção e melhoria das estradas de

acesso ao Sul e a difusão de informações pelos veículos de imprensa (rádio e jornais

escritos). (COELHO, 2012).

Já nos anos de 1940, a industrialização investida no Centro-Sul do país

impulsionou as desigualdades regionais. Graças a isso, surge o modelo

desenvolvimentista dualista que visava a diminuição dos trabalhos rurais de produção

mais arcaica e a transferência de grandes contingentes populacionais para as cidades

mais desenvolvidas economicamente. No período do êxodo rural, as novas técnicas de

pecuária e de lavoura ficaram responsáveis pelo aumento do número das safras, mas

também tiveram como consequência a diminuição do número de mão-de-obra. Sobre

essa nova realidade, grande parte da população nordestina fica disponível para trabalho,

o que acarreta uma nova leva de migração (LIMA, 2008).

A seca de 1942 ocorreu na mesma época do advento do Êxodo Rural e da

Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Alguns prefeitos de cidades nordestinas

resolveram enviar telegramas ao então presidente Vargas descrevendo a nova situação

de vulnerabilidade. Com isso, elevou-se o número de invasões nas zonas interioranas e

consequentemente há a migração desses sertanejos para as cidades. Com o caos

instaurado e o governo Federal sem se manifestar, ocorre novamente o aumento dos

números de migração e os antigos alagadiços passam a ser reabertos. (NEVES, 2011)

Em 1950, verifica-se o aumento do investimento de capital estrangeiro na

indústria brasileira. O centro dessa nova dinâmica econômica se dá em São Paulo que

recebeu cerca de 1.000.000 migrantes com predominância nordestina. Contudo, essa

nova leva de migração se deu por conta de dois novos períodos de estiagem, um em

1952 e o outro em 1958 (esta última chegou a atingir cerca de 13% da população da

região). O fluxo migratório passa a ser ainda mais facilitado durante essa década por

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conta da inauguração da Rodoviária Rio-Bahia em 1949, a complexificação do sistema

rodoviário no decênio seguinte e o consequente deslocamento do transporte ferroviário

para um segundo plano (SILVA, 2008).

Durante o período militar (1964-1985) é criado a Política Nacional de

Migrações Internas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano. Essa nova

política, tinha como objetivo uma ação em três níveisː a racionalização da distribuição

espacial da população, a assistência social aos migrantes e a montagem de um sistema

de informação. É importante frisar que a política partiria dos governos estaduais do

Sudeste, com destaque para o estado de São Paulo. Todavia, tal política resultou na

expansão do crescimento urbano sobre uma medida de assistência social deficitária o

que teve como consequência a elevação dos níveis de pobreza (SILVA, 2008).

Já no período de recessão dos anos de 1981 a 1984, houve o aumento do

número de desemprego no país, a piora da distribuição de renda e a elevação de índices

inflacionários, resultando na diminuição do número de migrações. Até o período da

década de 1990, observou-se o aprofundamento dessa crise dando continuidade a

desconcentração demográfica das metrópoles da região Sudeste. (SILVA, 2008).

A partir deste recorte histórico, fica evidente a necessidade de se entender a

problemática entorno da estigmatização da região Nordeste em detrimento das demais

regiões do país. É importante se colocar sobre os dois panoramas para analisar mais

amplamente as alterações neuropsicológicas resultantes desses deslocamentos, assim

como as suas causas e os fatores sócio-históricos instaurados sobre essa dinâmica.

A migração resulta de determinantes que podem ser políticos, econômicos ou

ambientais. Contudo, é importante ressaltar que o deslocamento não se resume apenas a

amplos determinantes. A migração pode corresponder também a questões que estão no

cotidiano, na subjetividade, nos sonhos e utopias de pessoas ou grupos (PAIVA, 2013).

A migração é um processo altamente heterogêneo devido as suas

características. Além de ser um fenômeno universal, as suas causas variam, podendo

abranger um indivíduo que se muda para estudar até o envolvimento de várias famílias

que migram devido a perseguições políticas ou religiosas. Essa variedade de

experiências e motivações sugerem que nem todos os migrantes irão enfrentar situações

semelhantes de modo que no nível da pré migração as questões como habilidades

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sociais, conceitos de si e vulnerabilidades biopsicossociais podem desempenhar um

papel relevante. Por sua vez, tais fatores poderão ser ainda mais influenciados no que

diz respeito a natureza voluntária ou forçada desse deslocamento. Já seus pós, podem

envolver fatores adicionais como o luto devido à perda de relacionamentos e o processo

de aculturação. A adaptação é outro fator importante, pois o seu sucesso dependerá da

personalidade do indivíduo, além das razões da migração e da receptividade da nova

sociedade (BHUGRA, 2004).

Segundo alguns pesquisadores do International Centre for the Study of

Occupational & Mental Health da Alemanha, o estresse surge como um efeito imediato

do processo de aculturação. A aculturação deve ser entendida como uma progressiva

modificação da cultura de origem do indivíduo. Em outras palavras, é a forma como

uma pessoa ou um grupo de pessoas irá se adaptar a outra cultura, sendo necessário,

muitas vezes, retirar traços significativos da sua. Alguns estressores, segundo os

mesmos pesquisadores, são a incerteza em relação as condições de vida, as condições de

moradia, as condições legais, perspectivas de emprego, estigmatização, possível

rejeição social, hostilidade, medos não resolvidos durante o ato da separação com os

demais parentes, isolamento, alienação, estilo de vida, objetivos pessoais ou da família,

questões econômicas e conflitos de papeis. A distância geográfica percorrida pelo

migrante também irá desempenhar um importante papel no estresse relacionado ao

deslocamento. Há estudos que apontam que quanto maior a distância, mais alterações o

sujeito estará suscetível a adquirir. (KIRKCALDY, et al., 2006).

Grande parte dos migrantes, sejam eles nacionais ou internacionais,

desempenham papéis de anfitriões da família que buscam melhores condições não só

para si, mas também para todo um grupo de pessoas que ficaram em seus respectivos

lugares de origem. A sensação de esperança é imensa, porém nem sempre o sucesso

dessa empreitada é alcançado. Muitas vezes, as qualificações profissionais trazidas dos

locais de origem, nem sempre são reconhecidas no país ou estado em que migram.

Segundo o estudo intitulado Migration und Gesundheit Psychosoziale Determinanten,

na Austrália os migrantes recebem salários mais baixos em detrimento dos habitantes

locais devido ao estigma de qualificações estrangeiras. Em outra situação, o mesmo

estudo observou um comparativo de antes e depois feito com migrantes turcos que

partiram para o Canadá. O resultado foi a queda do nível socioeconômico em apenas

seis meses. Isso evidencia o risco a saúde devido ao estresse oriundo das condições

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financeiras, já que é nítido que o emprego, o desemprego ou o subemprego

desempenham uma clara conexão com a saúde mental. Um trabalho atrativo tem um

efeito psicológico positivo na vida dos indivíduos por está intimamente ligado a

atividade, o poder de compra e a criatividade (KIRKCALDY, et al., 2006).

Para quem é novo em um determinado contexto, a questão do isolamento tem

sido vista como um dos maiores problemas com relação a migração. O apoio social

oriundo de familiares, amigos e conhecidos, representa um papel importante no combate

ao estresse e ao ajuste mental saudável durante o período de transição. As relações

sociais têm sido frequentemente documentadas em estudos sobre migrantes. As

dificuldades de relacionamento tem sido o principal motivo de regresso já que a

inserção em um grupo social adequado reduz a probabilidade de ocorrência de

manifestação de distúrbios psiquiátricos (KIRKCALDY, et al., 2006).

As relações familiares também desempenham um papel de estressor por conta

de possíveis conflitos e pressões exercidas sobre o migrante. Tais situações são bem

documentadas em estudos com estudantes indianos que deixaram sua terra natal para se

especializar em países como os Estados Unidos. Eles descrevem o constante sentimento

de culpa quanto as realizações de atos que não são aceitos em sua cultura de origem. A

discriminação também tem sido documentada por ter um impacto direto na saúde

mental e um dos “escapes” descritos são o abuso de álcool e drogas, principalmente em

jovens migrantes (KIRKCALDY, et al., 2006).

Outro ponto que deve ser considerado diz respeito a relação dos migrantes com

sua própria cultura no período da pré migração. Quanto maior o grau de orgulho com

relação a própria cultura mais difícil se torna aculturar e encontrar um meio termo entre

a sua própria cultura e a nova cultura receptora (BHUGRA, 2004).

A migração é geralmente considerada um fator de risco a saúde, pois dentre os

distúrbios mais frequentes ligados a situação negativa de deslocamento estão o estresse

pós-traumático (TEPT), a depressão e a ansiedade. Porém, algumas pesquisas também

chamam atenção para a relação entre a migração e a esquizofrenia. Um estudo observou

que as taxas de internação por esquizofrenia eram muito mais altas entre noruegueses

que haviam migrado para os Estados Unidos. Tal estudo, tornou-se referência no que

diz respeito a hipótese dessa relação, porém, vale salientar algumas peculiaridades

dessas produções. Algumas pesquisas posteriores evidenciaram que as taxas elevadas de

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esquizofrenia ocorreram em média, entre 10 a 12 anos após a migração levando a

sugerir a relevância do estresse diante deste panorama. Nos primeiros casos de

esquizofrenia entre africanos-caribenhos, cerca de 80% deles estavam desempregados,

sustentando queː “Se a identidade cultural não está bem formada é provável que essas

altas taxas de esquizofrenia possam muito bem emergir do impacto dos estressores”

(BHUGRA, 2004).

O estresse pós-traumático é constantemente associado a indivíduos que migram

de maneira conturbada. Trabalhos acadêmicos ressalvam o compartilhamento de

experiencia de trauma coletivo, tortura ou massacres que refugiados recém-chegados

relatam. Os sintomas de TEPT podem ser universais, contudo, a sua significação deve

ser observada levando em conta o contexto pessoal e cultural, além de todos os fatores

que envolvem o fenômeno da migração e seus respectivos estressores (BHUGRA,

2004).

Somado a este panorama, temos o envelhecimento da população migrante

oriunda do Nordeste brasileiro que se deu de maneira, em sua maioria, conflitante como

aqui já foi exposto. Com relação ao envelhecimento e a migração, um estudo evidenciou

a dupla vulnerabilidade relacionado ao idoso migrante. Além da autora salientar sobre a

dupla exclusão desses indivíduos, ela também demonstrou que cerca de 77,36% dos

idosos da Região Metropolitana de São Paulo são migrantes e somente 44,77% são

idosos não migrantes. Também foi salientado duas possíveis hipóteses sobre esses

númerosː a primeira diz respeito ao peso do fluxo migratório de décadas passadas e a

segunda diz que embora o número de migrantes seja significativo, a tendência é que

ocorra uma queda desse número devido a crescente migração de retorno desses

indivíduos. Com relação a dupla exclusão, a autora complementa queː “A cultura

ocidental deprecia e rejeita aquele que perde a capacidade de reproduzir-se e de gerar

riquezas; em contrapartida, valoriza e privilegia aquele que ainda possui tais

capacidades” (CARVALHO, 2007).

O envelhecimento pode ser descrito como um processo universal e visto como

um problema em muitos países. Espera-se que em 2100 a população aumente em cerca

de 3,6 bilhões de pessoas no mundo. Este crescimento, deve-se ao avanço da medicina,

a melhoria da higiene, a descoberta de novos antibióticos e ao aprimoramento de

pesticidas que aumentaram a expectativa de vida nos últimos anos. Com a diminuição

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da mortalidade, o número de idosos vem crescendo como nunca antes visto, assim como

as observações e análises sobre esse novo panorama histórico (JUAN & ADLARD,

2019).

A população brasileira, até o ano de 1960 era estável quanto a sua distribuição

etária. Na década de 70, tínhamos uma população majoritariamente jovem, sendo que, o

censo representava cerca de 42% da população entre os 15 anos de idade e somente 5%

tinham mais de 60 anos. Houve o declínio de 41,8% do grupo etário jovem em 1950

para 28,6% no ano 2000. Em contrapartida, a população idosa mais que duplicou,

passando de 2,4% em 1950 para 5,4% em 2000. Nos anos de 1970, o índice de

envelhecimento (IE) da região Sudeste era de 14,56 sendo elevado em 50% somente no

ano 2000 (IE 33,33) (CLOSS & SCHWANK, 2012).

Em relação ao idoso é importante pontuar que a senescência (envelhecimento

normal) diz respeito ao processo de diminuição da reserva funcional e a senilidade

(envelhecimento patológico) é o desenvolvimento de uma condição patológica que pode

ser causada por estresse emocional, doenças ou acidentes. Ambas exigem uma atenção

profissional, porém não se deve associar o envelhecimento a uma questão patológica,

até porque, sendo um processo natural, o estilo de vida, dieta e genética tem impacto

sobre a forma como se dará o processo de senescência. (JUAN & ADLARD, 2019).

O aumento da expectativa de vida também destaca a importância de se observar

a saúde mental da população da terceira idade. Em um estudo que buscava mapear a

prevalência de transtornos metais da população idosa no continente europeu, observou-

se o predomínio do transtorno de ansiedade (11,4% da amostra), seguido por distúrbios

afetivos (8,0% da amostra) e transtornos relacionados ao uso de substâncias (4,6% da

amostra). Participantes que residiam em Jerusalém registraram a maior taxa de estresse

pós-traumático, enquanto os idosos que moravam em Londres e em Madri apresentaram

maiores scores para ansiedade, enquanto os de Genebra revelaram maior prevalência de

transtornos afetivos (ANDREAS, et al., 2017).

Além disso, o envelhecimento é o maior fator de risco quanto ao surgimento de

doenças neurodegenerativas. Tais doenças constituem as principais causas de demência

que são conceituadas como síndromes de declínio cognitivo-comportamental que se

manifestam pelo comprometimento de, pelo menos, duas funções mentais, como por

exemplo a memória e a atenção. As demências, impactam a autonomia do portador na

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realização de atividades diárias. A doença de Alzheimer (DA) é a mais comum,

representando cerca de 50 a 60% dos casos (FUENTES, et al., 2014).

O Miniexame do Estado Mental é o instrumento mais utilizado para avaliar a

cognição dos pacientes com demência, pois além de ser fácil e breve, ele permite a

plena investigação de várias funções cognitivas. É importante salientar que ele não

discrimina as demências (FUENTES, et al., 2014).

Contudo, uma das funções cognitivas que vem sendo bastante estudada é a

memória. A psicologia cognitiva pode ser considerada uma das disciplinas percussoras

no que diz respeito ao oferecimento de bases que conceituam as áreas corticais

juntamente com a devida compreensão das suas organizações funcionais. A memória

humana é complexa e é justamente por conta dessa complexidade que a memória é uma

das funções neuropsicológicas mais estudas em diferentes campos científicos (FRANK

& LANDEIRA-FERNANDEZ, 2006).

Tal função envolve vários processos que vão desde a recepção até o

arquivamento e recordação das informações. Apesar do grande interesse da ciência pelo

assunto, os primeiros estudos sobre a memória datam de 1920 quando foi demonstrado

a correlação entre o tamanho da lesão no cérebro de um roedor e o tempo que esse

animal levava para sair de labirintos, o que gerou as primeiras prerrogativas de que não

haveria apenas uma região do cérebro responsável pela memória. (FUENTES, et al.,

2014).

A memória pode ser dividida quanto ao tempo de duração e ao conteúdo. Sobre

os aspectos de duração existem as memórias de curtíssimo prazo (milésimos de

segundo), a de curto prazo (na ordem de minutos) a de longo prazo (na ordem de dias ou

meses) e a de longuíssimo prazo (tempo quase que ilimitado). Com relação ao seu

conteúdo, a memória de curtíssimo prazo diz respeito a captação geralmente por meio

visual e auditivo, a memória de curto prazo realiza um trabalho um pouco mais

elaborado sobre a informação inicialmente codificada, na de longo prazo as informações

são armazenadas nos córtices de associação de acordo com suas prioridades e, por fim, a

de longuíssimo prazo que, quando consolidadas, podem ficar armazenadas por

praticamente todo uma vida e a emoção é um fator importante no que diz respeito ao

poder dessa consolidação (FRANK & LANDEIRA-FERNANDEZ, 2006).

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A memória autobiográfica é uma evocação episódica (refere-se ao passado,

especificando contexto e tempo) de datas, eventos e incidentes pessoais através do

tempo e da relação de lugar e período entre eles. É importante frisar que o indivíduo que

rememora a autobiografia tem consciência dessa evocação e que também pode

combinar a memória semântica (contém informações de fatos sobre o mundo do

indivíduo. Exemploː vocabulário) nesse processo (FRANK & LANDEIRA-

FERNANDEZ, 2006).

A evocação da memória autobiográfica acompanha a sensação dessa

rememoração dos fatos como a consciência do eu. Aqui é enfatizado a importância da

emoção nesse processo, ou seja, ela é acompanhada por um estado emocional de

familiaridade com o contexto lembrado. A codificação desse modelo de memória

envolve a passagem por estruturas límbicas do cérebro. Envolve de maneira primordial

vias da região temporal medial, particularmente o hipocampo. O hipocampo tem

propriedade no processamento em conjunto com o córtex, o que permite a reverberação

da informação no momento da armazenagem. Tal reverberação é essencial para o

processo de consolidação (FRANK & LANDEIRA-FERNANDEZ, 2006).

A evocação é realizada pela região frontotemporal diferentemente do local das

regiões de armazenamento que ocorrerão em áreas corticais mais posteriores. As vias

frontotemporais que coordenam essa ativação entre as áreas extensas do córtex

produzem um padrão de atividade neural semelhante àquele presente na ocasião da

experienciação original. A memória semântica também desempenha um importante

papel na evocação graças a sua propriedade de integração, nesse caso, a região

frontotemporal esquerda recebe as informações semânticas, enquanto a região

contralateral é ativada durante a evocação de informações episódicas autobiográficas.

Segundo o autor do artigo intitulado Rememoração, subjetividade e as bases neurais da

memória autobiográficaː “Esta lateralização da evocação autobiográfica para o

hemisfério direito provavelmente tem relação com a qualidade emocional da

rememoração, visto a importância deste hemisfério em processos emocionais.”

(FRANK & LANDEIRA-FERNANDEZ, 2006).

A memória autobiográfica é rica em imagens e qualidade visual. Estudos de

neuroimagem já descreveram a ativação da região occipital durante esse processo de

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rememoração, tanto que a destruição dessa área pode levar a amnésia retrograda

(FRANK & LANDEIRA-FERNANDEZ, 2006).

A terapia de reminiscência (TR) é uma terapia centrada na pessoa que tem

como objetivo recuperar memórias autobiográficas que tenham potencial de incidir

particularmente na resolução de conflitos passados. A TR é vista como a realização de

atividades agradáveis e estimulantes que promovem a melhora da autoestima,

identidade e individualidade da pessoa idosa. Na literatura ela tem sido relatada

associando-se ao prazer e ao sentido de pertencimento (GIL, et al., 2019)

Esse método terapêutico vem de uma perspectiva desenvolvimentista-

existencial e que foi enfatizada pela primeira vez por Butler (1963) que tinha como

objetivo valorizar a dimensão humana e a trajetória de vida, utilizando-se de recursos

cognitivos. O ato da reminiscência é o processo cognitivo de refletir sobre a própria

vida realizado de maneira estrutural e sistêmica. Os pesquisadores que já investigaram

essa terapia mencionaram os efeitos positivos que a TR pode trazer no combate a

depressão, a baixa autoestima, a melhora do autoconceito, nos sintomas da ansiedade,

capacidade de resolução de problemas, integração de eventos da vida, atividades físicas,

comportamento social, estado de saúde e bem-estar (HSIEH, 2003).

A TR possui um total de 8 funções no que tange a psicoterapiaː imergir sobre a

identidade e valorização do indivíduo, resolução de problemas e auxiliar os idosos a

reconhecerem as próprias forças, prepara-los para lidar com o luto e facilitar a aceitação

da mesma, compartilhar histórias com o intuito de ensinar, conversão e

desenvolvimento de formas de comunicação com outras pessoas, revisar memórias de

eventos difíceis e ressignifica-los, usar a reminiscência para reduzir a sensação de tédio,

olhar para a intimidade desses indivíduos e recordar pessoas importantes. Existem

diferentes tipos de TR, dentre elas estãoː reminiscência transmissiva, reminiscência

integrativa, reminiscência instrumental e reminiscência espiritual. A primeira diz

respeito a revisão de eventos passados de uma geração para a outra. A reminiscência

integrativa busca desenvolver positivamente a autoestima, os vínculos com o passado e

ressignificar memórias negativas. A instrumental inclina-se a examinar eventos

passados resolvidos positivamente com o foco na autoestima. E por fim, a reminiscência

espiritual que se objetiva a revisar a vida dos idosos na busca de encontrar o significado

da vida e suas esperanças em parceria com esses indivíduos (ELIAS, et al., 2015).

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Em comparação com a TR individual, a TR em grupo tem 3 benefícios a mais,

pois incentiva o contato social, melhora as habilidades de comunicação e estabelece

novos relacionamentos. Além disso, levando em conta o tratamento de depressão, a TR

em grupo estabelece a função dos papéis sociais e tal estabelecimento foi visto como um

fator eficaz (ELIAS, et al, 2015).

Por fim, baseado em todo este panorama, o presente projeto possui caráter

qualitativo, de propósito descritivo e que se utilizará da pesquisa de campo como

procedimento técnico para a obtenção de resultados acerca da utilização da TR.

Buscamos através da TR reduzir os possíveis impactos neuropsicológicos da migração

em idosos nordestinos que residem no estado de São Paulo.

Mediante o levantamento bibliográfico observaremos a vulnerabilidade dessas

migrações e a possibilidade de utilizar a TR no intuito de resgatar essa identidade social

e diminuir os impactos negativos da globalização e da unificação cultural. Sendo o

Brasil um país diverso, faz-se necessário realizar a manutenção dessas raízes culturais e

analisar as possíveis perdas devido o processo de aculturação.

2. OBJETIVO

Utilizar a Terapia de Reminiscência para a diminuição de possíveis impactos

neuropsicológicos da migração em idosos nordestinos que residam no estado de São

Paulo.

3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Verificar efeitos da Terapia de Reminiscência em migração em idosos nordestinos.

4. JUSTIFICATIVA

Com a análise história foi possível observar a vulnerabilidade dessas migrações

e a possibilidade de utilizar a Terapia de Reminiscência no intuito de resgatar essa

identidade social e diminuir os impactos negativos da globalização e da unificação

cultural. Sendo o Brasil um país diverso, faz-se necessário realizar a manutenção dessas

raízes culturais e analisar as possíveis perdas devido o processo de aculturação.

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5. METODOLOGIA

O presente projeto possui caráter investigação qualitativo, de propósito

descritivo e que se utilizará da pesquisa de campo como procedimento técnico para

obtenção de resultados acerca da problematização apresentada.

Para o seguinte projeto serão selecionados idosos a partir de 60 anos, migrantes

que residem no estado de São Paulo e de origem nordestinas. Mapearemos órgãos

governamentais e não governamentais que tenham acesso a essa população com o

intuito de realizar parcerias que possibilitem essa verificação e posteriormente a

realização dos testes e das oficinas. Serão utilizadas ferramentas que permitam a

verificação da situação cognitiva, de qualidade de vida e de saúde mental dos indivíduos

que participarão da pesquisa. Só se dará início a caracterização do território e a

aplicação dos testes após o envio do projeto para o Comitê de Ética e a autorização dos

participantes através de termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).

Para avaliar a situação cognitiva será utilizado o teste Minimental que por meio

de uma pontuação simples, avalia o nível cognitivo do idoso. Ele permite a investigação

de várias funções cognitivas, dentre elasː orientação (temporal e espacial), cálculo,

linguagem (compreensão, nomeação e repetição), memória (registro e evocação) e

habilidade visuoespacial, não sendo um teste de diagnostico, apenas de avaliação.

Quanto a qualidade de vida, será utilizado o instrumento World

HealthOrganization Quality of Life (WHOQOL-100) que consiste em perguntas sobre

os seguintes domíniosː físico, psicológico, nível de independência, relações sociais,

meio ambiente e espiritualidade. Para a criação da escala WHOQOL-100, utilizou-se de

um enfoque transcultural, o que possibilitou a participação de diversos centros com

culturas distintas em sua elaboração. Os centros foram escolhidos de forma que

incluíssem diversos países diferentes. Tais diferenças incluíam o nível de

industrialização, disponibilidade de serviços de saúde, religião, dentre outros.

Já a saúde mental será verificada através da escala de depressão do Center for

Epidemiological Studies (CES-D). Trata-se de uma escala que possui cerca de 20 itens e

que vão de 0 a 3 pontos cada um. Com este instrumento é possível observar a frequência

de sintomas depressivos vivenciados na semana anterior a entrevista. Contém questões

sobre o funcionamento motor, sintomas somáticos, humor e interações com os outros.

Apesar de ter sido desenvolvida no contexto americano, a CES-D já foi traduzida e

validada para ser utilizada em diferentes culturas.

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Após a aplicação dos testes será realizada a terapia de reminiscência em grupo.

A TR se dará por um período de 4 meses, semanalmente com o auxílio e supervisão de

uma psicóloga. A cada encontro serão rememoradas as fases da vida dos participantes

ligadas à sua cultura de origem. Utilizaremos objetos dos próprios idosos que auxiliem

no processo de delineamento e ressignificação do eu, como fotos, livros, artigos

religiosos, dentre outros.

Após o período de 4 meses, os testes serão reaplicados e os dados obtidos serão

analisados estatisticamente. Para a análise estatística será usado o Minitab para avaliar o

Teste t. O teste t é usado para comparar um grupo de medidas com outro, a fim de

decidir se eles são ou não diferentes. A estatística nos permite obter a probabilidade de

que a diferença observada entre duas médias seja devida a erros de medida puramente

aleatórios.

6. CRONOGRAMA

2020 2021

Meses 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7Revisão

BibliográficaX X X X X X X X X X X X

Caracterização

do território

escolhidoX X

Aplicação dos

testesX

Realização da

Terapia de

ReminiscênciaX X X X

Reaplicação

dos testesX

Discussão dos

resultadosX X

Redação do

relatório

parcialX X

Redação do

relatório finalX X

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Redação do

artigo

científicoX

7. REFRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Metropolitana de São Paulo. 2008. 168 P. Dissertação (Mestrado em Sociologia) –

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

ANEXOS

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ANEXO A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

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ANEXO B - Instrumento World HealthOrganization Quality of Life (WHOQOL-100)

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ANEXO C – Teste Minimental

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ANEXO D - Escala de Depressão do Center for Epidemiological Studies (CES-D)

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