Sábios conselhos para um viver vitorioso – josé gonçalves

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PARA UM VIVER

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  • 1. PARA UM VIVER

2. J o s G o n a l v e s ^ Sbios Conselhos UM VIVER Sabedoria bblica para quem quer vencer na vida 1aEdio CB Rio deJaneiro 2013 3. Todos os direitos reservados. Copyright 2013 para a lngua portuguesa da Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina. Preparao dos originais: Vernica Arajo Reviso: Elaine Arsenio Capa: Flamir Ambrsio Projeto grfico e editorao: Elisangela Santos CDD: 248- Vida Crist ISBN: 978-85-263-1086-5 As citaes bblicasforamextradasdaversoAlmeidaRevistaeCorrigida, edio de 1995, da Sociedade Bblica do Brasil, salvo indicao em contrrio. Para maiores informaes sobre livros, revistas, peridicos e os ltimos lanamentos da CPAD, visite nosso site: http://www.cpad.com.br. SAC Servio de Atendimento ao Cliente: 0800-021-7373 Casa Publicadora das Assembleias de Deus Av. Brasil, 34.401 - Bangu - Rio de Janeiro - RJ CEP 21.852-002 Iaedio - agosto - 2013 Tiragem: 30.000 4. A gradecim entos A gradeo ao Senhor que me revestiu de fora (SI 18.32) no processo de produo deste livro. Sem Ele essa misso seria impossvel. A Ele toda honra e glria para sempre! Agradeo minha esposa Maria Regina (Mar), que como sem pre, esteve o tempo todo ao meu lado incentivando-me e dando as suas preciosas sugestes. Fao minhas as palavras do Sbio: Muitas mulheres procedem virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas (Pv 31.29). Devo muito a voc, meu amor! Amo voc de todo o meu corao! Agradeo tambm igreja de gua Branca pela compreenso e apoio dado. Quando precisei me recolher para cumprir a agenda da editora na produo desse livro, essa amada igreja dispensou a mim todo o carinho necessrio. Agradeo queles que participaram diretamente desse projeto com suas oraes e incentivos, especialmente os crentes da Rua Bonj em gua Branca, Piau: Tios Raimundo Miguel e ngela Rodrigues e primos Keila, Lila, Jos Miguel, Rosa Maria e .Aline Queiroz. Que o Senhor vos abenoe grande e abundantemente. 5. A presentao E screver um comentrio sobre os Provrbios de Salomo e Eclesiastes como quem escava um barranco procura de ouro! A diferena que aqui no encontramos cascalho, mas somente pepitas reluzentes e prontas para nosso uso. O Se nhor ao longo dos anos burilou-as e moldou-as para nosso delei te. Hoje temos o prazer de no somente admir-las, mas tambm desfrut-las. Assim com Provrbios e Eclesiastes, verdadeiras prolas da sabedoria divina para o nosso enlevo espiritual. Confesso que durante esses mais de trinta anos de f evang lica no havia me debruado sobre os livros de Provrbios e Ecle siastes como fiz agora! Ao longo desses anos li essas obras dezenas de vezes, mas no esquadrinhando da forma que fiz agora. Esse estudo sistematizado, regado com muita orao e meditao e apoiado pelos comentrios de dezenas de eruditos, fez crescer em mim ainda mais a admirao pelos escritos de Salomo. O que o leitor tem em mos , portanto, o fruto desse trabalho rduo, porm prazeroso. E no apenas isso so anotaes de um pastor que no labor do seu trabalho, cuidando diuturnamente de ovelhas, atestou na prtica os conselhos dos Sbios. Jos Gonalves Agua Branca, Piau, maio de 2013. 6. S um rio A p r e s e n t a o .....................................................................5 C a p t u l o i O Valor dos Bons Conselhos...........................................09 C a p t u l o 2 Resguardando-nos do Adultrio...................................... 20 C a p t u l o 3 Trabalho e Prosperidade................................................... 32 C a p t u l o 4 Lidando de Forma Correta com o Dinheiro.................. 43 C a p t u l o 5 O Cuidado com aquilo que Falamos.............................. 55 7. C a p tu lo 6 O Poder do Exemplo Pessoal no Ensino aos Filhos.......67 C a p t u l o 7 Humildade versusArrogncia............................................79 C a p t u l o 8 A Mulher Virtuosa..............................................................92 C a p t u l o 9 O Tempo para todas as Coisas........................................ 103 C a p t u l o 10 Cumprindo suas Obrigaes Diante de Deus................ 115 C a p tu lo ii A Pacincia Divina e o Fim dos mpios...................... 126 C a p t u l o 12 Lana o teu Po sobre as guas.................................. 137 C a p t u l o 13 Tema a Deus em todo o Tempo.......................................149 8. 1 O VXlo r d o s B o n s C o n selh o s Pv 1 .1-7 'Provrbios de Salomo, filho de Davi, o rei de Israel; 2Para aprender a sabedoria e o ensino; para entender as palavras de inteligncia;3para obter o ensino do bom proceder,a jus tia, o juzo e a equidade;4para dar aos simples prudn cia e aos jovens, conhecimento e bom siso.5Oua o sbio e cresa em prudncia; e o instrudo adquira habilidade;6para entender provrbios e parbolas, as palavras e enigmas dos sbios;7O temor do Senhor o princpio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino. (Pv 1.1-7) D esde criana somos ensinados a ouvir e atentar para os bons conselhos. Quem no se lembra, por exemplo, de uma mxima que ouviu na infncia? Todas as culturas valem-se de parbolas, lendas, enigmas e mximas como veculo de transmisso dos seus valores morais, ticos e espirituais. Cres ci ouvindo os mais velhos dizerem: Quem trabalha, Deus ajuda!; Mais vale uma andorinha na mo do que duas voando; Um homem prevenido valepor dez. Essas mximas sintetizam um saber popular responsvel no somente pela transmisso de uma cultura, mas tambm funcionam como normas de conduta. O povo, porm, 9. no costuma escrever, observa Ivo Storniolo, mas reter na me mria os seus achados de sabedoria. E por isso que resume tudo num versinho rimado, fcil de guardar de cor. Hoje em dia, os melhores lugares para encontrar a sabedoria popular so os para- choques de caminhes, os muros pichados, as portas e paredes de banheiros pblicos, os joguinhos de adivinhao das crianas, os conselhos dos velhos, as piadas que correm de boca em boca etc. Tudo isso um tesouro que revela a alma do povo, mostrando a compreenso que ele vai formando sobre a vida como resultado da sua experincia no mundo. o que podemos encontrar no provrbio: Anelde ouro emfocinho deporco a nmlher bonita, mas sem bom-senso (Pv 11.22).1 A Bblia como um livro cultural tambm rica em provrbios, parbolas, enigmas e mximas. So prolas usadas pelos autores bblicos visando facilitar a transmisso cultural de uma verdade. Vale a pena destacar que esse recurso bblico-literrio no possui apenas seu valor cultural, mas tambm traz consigo a revelao da sabedoria divina. Muitos livros bblicos so ricos nessas met foras, mas o livro de Provrbios e Eclesiastes se sobressaem no uso desse recurso. Neste trabalho enfocaremos o que as obras de Salo mo tm a revelar sobre esse assunto e assim podermos desfrutar do seu extraordinrio valor para o viver dirio. C o n h e c e n d o o s P r o v r b io s Autoria Acerca da autoria de Provrbios, o expositor bblico William MacDonald destaca: s vezes, o livro chamado de Provrbios de Salomo, uma vez que a maioria deles foi escrito por esse rei sbio (1.1; 10.1; 25.1). Salomo formulou trs mil provr bios (cf. 1 Rs 4.32), mas apenas algumas centenas deles foram agrupados sob a inspirao do Esprito Santo para fazer parte da Escritura Sagrada. i o S b io s C o n s e l h o s para u m a V iver V itc )r io so 10. O V a l o r d o s B o n s C o n se l h o s ii O captulo 30 apresenta as palavras de Agur, filho de Jaque (30.1), e o captulo 31 traz as palavras do rei Lemuel (31.1). No sabemos quem so esses homens, embora alguns acreditem que se tratam de outros nomes de Salomo.2 D ata e C a n o n ic id a d e O escritor Antonio Neves de Mesquita, especialista em Antigo Testamento e hebrasta, observa que os tradutores da Septua- ginta, em 280 a.C., j incluram Provrbios na sua traduo, ao qual deram o nome de Paroimiai. Portanto, quase trs sculos antes de Cristo, Provrbios era um livro acabado e reconhecido como inspirado.3Ainda de acordo com Mesquita, esse livro no provocou debate quanto sua canonicidade: Nunca houve entre os rabinos qualquer discusso quanto sua canonicidade, e, sim, quanto sua autoria, como aconteceu com Eclesiastes e outros. Portanto, um livro que sempre foi considerado inspirado, e os judeus devem ser reconhecidos como a autoridade mxima nesse campo, pois era um livro da sua biblioteca sagrada.4 As fontes mais confiveis colocam a redao final desse livro aps o cativei ro babilnico, visto ter sido nessa poca que os judeus demons traram um interesse sem igual por sua Bblia. P r o p sit o A finalidade do livro de Provrbios est declarada nos seis pri meiros versculos do captulo primeiro. Esses versculos nos reve lam que o propsito do livro produzir sabedoria e fazer com que seus leitores aprofundem-se mais ainda na verdadeira sabedoria. A leitura dessa introduo dos Provrbios feita pelo Sbio Salo mo demonstra que a sabedoria um conhecimento que pode ser aprendido, adquirido e aumentado se for corretamente ensinado. Os estudiosos de provrbios observam que o livro da sabedoria mostra o meio para se chegar a esse fim: 11. 12 S b io s C o n s e l h o s para u m a V iver V it o r io s o O meio para isso, destaca Ivo Storniolo, o treinamento e a disciplina mental. Em segundo lugar notemos que esse treinamento visa duas coisas: o desenvolvimento mental (sensatez, habilidade, sa gacidade, conhecimento, reflexo, saber) e o desenvolvimento moral (justia, direito, retido). Essas duas coisas, porm, caminham jun tas, pois, na viso sapiencial, os erros no so pecados em razo das falhas morais, mas da falta de bom-senso e discernimento: quem erra mais culpado pela idiotice do que pela maldade. O verdadei ro sbio, contudo, , ao mesmo tempo, justo e reto.5 A S a b e d o r ia d o s A n t ig o s Salomo e os sbios da antiguidade O texto de 1 Reis 4.29-31, diz: Deu tambm Deus a Salomo sabedoria, grandssimo entendimento e larga inteligncia como a areia que est na praia do mar. Era a sabedoria de Salomo maior do que a de todos os do Oriente e do que toda a sabedoria dos egpcios. Era mais sbio do que todos os homens, mais sbio do que Et, ezrata, e do que Hem, Calcol e darda, filhos de Maol; e correu a sua fama por todas as naes em redor. Por outro lado, o livro de Provrbios faz referncia s palavras dos sbios (Pv 22.17; 24.23). No h ainda um consenso sobre a real identidade desses sbios citados nestes textos, mas uma coisa fica clara a todos eles Salomo superou em sabedoria. As mximas contidas no livro dos Provrbios contm o pen samento salomnico sobre vrios aspectos da vida. Para o escritor Earl D. Radmacher, a sabedoria do livro de Provrbios se relaciona muito mais com o que ns chamamos de sentido comum. uma maneira de entender o funcionamento do mundo. A questo no tanto o que algum sabe intelectualmente, mas como faz isso na prtica. uma verdade aplicada. E por isso que Provrbios abarca todos os acontecimentos do dia a dia, especialmente aqueles que envolvem interrogaes morais e decises que afetam o futuro. 12. O V alo r d o s B o n s C o n s e l h o s 13 A pessoa sbia (heb. charam) evita a maldade e promove o bem, observando os demais e buscando uma linha de ao ba seada nos resultados. Assim, os Provrbios no so unicamente promessas de Deus, tambm so observaes e princpios acerca de como funciona nossa vida.6 Respondendo pergunta: O que a sabedoriapodefazerpor sua carreira, seus relacionamentos e sua vida pessoal? O escritor norte -americano Steven K. Scott, responde: Eis algumas recompensas que, segundo Salomo, voc pode esperar se seguir os seus con selhos: Sabedoria, prudncia, capacidade de julgar, preservao e proteo, sucesso, mais sade, vida mais longa, honra, abun dncia financeira, estima dos poderosos, elogios e promoes, independncia financeira, confiana, fora de carter, coragem, conquistas extraordinrias, realizao pessoal, timos relaciona mentos, uma vida cheia de sentido, amor e admirao de outras pessoas e compreenso.7 As F o n t e s d a S a b e d o r ia A fonte da sabedoria popular Embora no seja um consenso entre os intrpretes, mas pa rece no haver dvidas de que Salomo se valeu de muitas m ximas que circulavam nos seus dias. Isso de forma alguma pode ser considerado como um demrito para suas monumentais obras literrias. No, de forma alguma. A obra TheNew Interpreters Dic- tionary ofthe Bible, destaca que h de fato muita semelhana entre o que disse o sbio hebreu com aquilo que escreveu Amenemope, um sbio egpcio que viveu muito antes de Salomo (1305-1080 a.C). Esse fato claramente demonstrado quando se faz um pa ralelo entre as instrues de Amenemope e os Provrbios de Salo mo 22.1724.22. No entanto, a Escritura pe em destaque que a sabedoria de Salomo sobrepujava todo o saber dos seus dias, incluindo os egpcios que eram famosos pela grande sabedoria que 13. 14 S b io s C o n s e l h o s para u m a V iver V ito r jo so possuam (1 Rs 4.30).8 Salomo demonstra sabedoria quando faz uma adaptao dessa cultura popular para a sua prpria cultura. Nancy Declaiss-Walford, estudiosa dos Provrbios, mostrou em um artigo, o paralelo existente entre os Provrbios de Salo mo e a Sabedoria do Antigo Oriente Prximo. Por exemplo, a Instruo de Amenemope, sbio egpcio (12 sculo) muito se melhante Provrbios 22.1724.22, sugerindo alguns emprs timos de temas proverbiais comuns e os Provrbios. A Instruo de Amenemope comea com as palavras: D ouvidos; Oua as palavras; D seu corao para compreend-las (3.9,10) enquan to Provrbios 22.17, afirma: Inclinai os vossos ouvidos, e ouvi as minhas palavras, e aplique a sua mente para o meu ensinamento. Temas tambm abordados por ambos os documentos incluem o tratamento dos pobres (Pv 22.24; Instrues de Amenemope 11,13,14), o respeito pela tradio (Pv 23.10,11; Instrues de Amenemope 7,11-15), e como se comportar na presena de go vernantes (Pv 23.1-3; Instrues de Amenemope 13-18). Por ou tro lado, as Instrues Aramaicas As palavras do Ahiqar (Agur 7o e 5o Sculo a.C), dirigida ao meu filho, contm numerosas palavras e d conselhos sobre a disciplina dos filhos semelhante a Provrbios 23.13,14 (Ahiqar 81,82).9 A sabedoria divina A sabedoria divina levou Salomo a comentar praticamente a respeito de tudo o que h debaixo do sol: Discorreu sobre to das as plantas, desde o cedro que est no Lbano at ao hissopo que brota do muro; tambm falou dos animais e das aves, dos repteis e dos peixes. De todos os povos vinha gente para ouvir a sabedoria de Salomo, e tambm enviados de todos os reis da terra que tinham ouvido da sua sabedoria (1 Rs 4.33,34). Lendo o captulo trs do primeiro livro dos Reis descobrimos de onde vinha tanta sabedoria: 14. O V a lo r d o s B o n s C o n se l h o s 15 Salomo amava ao S e n h o r , andando nos preceitos de Davi, seu pai; porm sacrificava ainda nos altos e queimava incenso. 4Foi o rei a Gibeo para l sacrificar, porque era o alto maior; ofereceu mil holocaustos Salomo naquele altar.5Em Gibeo, apareceu o S e n h o r a Salomo, de noite, em sonhos. Disse-lhe Deus: Pede-me o que queres que eu te d.6Respondeu Salo mo: De grande benevolncia usaste para com teu servo Davi, meu pai, porque ele andou contigo em fidelidade, e em justi a, e em retido de corao, perante a tua face; mantiveste-lhe esta grande benevolncia e lhe deste um filho que se assentasse no seu trono, como hoje se v.7Agora, pois, S e n h o r , meu Deus, tu fizeste reinar teuservo em lugar de Davi, meu pai; no passo de uma criana, no sei como conduzir-me.8Teu servo est no meio do teu povo que elegeste, povo grande, to nume roso, que se no pode contar.9D, pois, ao teu servo corao compreensivo para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; pois quem poderia julgar a este grande povo? 10Estas palavras agradaram ao Senhor, por haver Salomo pedido tal coisa.11Disse-lhe Deus: J que pediste esta coisa e no pediste longevidade, nem riquezas, nem a morte de teus inimigos; mas pediste entendimento, para discernires o que justo;12eis que fao segundo as tuas palavras: dou-te corao sbio e inteligente, de maneira que antes de ti no hou ve teu igual, nem depois de ti o haver.13Tambm at o que me no pediste eu te dou, tanto riquezas como glria; que no haja teu igual entre os reis, por todos os teus dias.14Se andares nos meus caminhos e guardares os meus estatutos e os meus mandamentos, como andou Davi, teu pai, prolongarei os teus dias. 15 Despertou Salomo; e eis que era sonho. Veio a Jeru salm, ps-se perante a arca da Aliana do Se n h o r , ofereceu holocaustos, apresentou ofertas pacficas e deu um banquete a todos os seus oficiais (1 Rs 3.3-15). Isso explica porque ningum jamais conseguiu superar Salo mo em sabedoria. 15. i S b io s C o n s e l h o s para u m a V iver V it o r io so O P r o p s it o d a S a b e d o r ia Valores tico-morais e espirituais Os seis primeiros versculos de Provrbios mostram com mui ta clareza que o propsito desse livro o cultivo dos valores ti- cos-morais: Provrbios de Salomo, filho de Davi, o rei de Israel. Para aprender a sabedoria e o ensino; para entender as palavras de inteligncia; para obter o ensino do bom proceder, a justia, o juzo e a equidade; para dar aos simples a pru dncia e aos jovens, conhecimento e bom siso. Oua o sbio e cresa em prudncia; e o instrudo adquira habi lidade para entender provrbios e parbolas, as palavras e enigmas dos sbio.(Pv 1.1-6) O livro de Provrbios, portanto, rico em ilustraes sobre o comportamento humano e sem dvida procura trabalhar o carter do homem. Mas como bem observou Derek Kidner, ele no um lbum de retratos, nem um livro de boas maneiras: oferece uma chave vida. As amostras de comportamento que espalha diante das nossas vistas so aquilatadas, todas elas, por um nico critrio, que poderia ser resumido na pergunta: Isto sabedoria ou estult cia? Esta uma abordagem que unifica a vida, porque se adapta aos campos mais corriqueiros tanto quanto aos mais exaltados. A sabedoria deixa a sua assinatura em qualquer coisa bem feita ou bem julgada, desde uma observao apropriada at o prprio universo, desde uma poltica sbia (que brota de uma introspec o prtica) at uma ao nobre (que brota de uma introspeco prtica). Noutras palavras, fica igualmente bem encaixada nos am bientes da natureza e da arte, da tica e da poltica, sem mencionar outros, e forma uma base nica de julgamento para todos eles.10 16. O V a l o r d o s B o n s C o n s e l h o s 17 Por outro lado, as palavras: O temor do Senhor o princpio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino (Pv 1.7, ARA), demonstram que a transmisso de valores espiritu ais estava na mente de Salomo quando escreveu este livro. Esse tambm um princpio que o filho de Davi faz sobressair em Eclesiastes, livro tambm de sua autoria. Dessa forma observa mos que Salomo demonstra que nenhuma moral-social se firma se no tiver valores morais e espirituais como princpio. O valor espiritual dos Provrbios fica bem demonstrado no uso que nosso Senhor Jesus Cristo fez dos mesmos. Como bem observou Antonio Neves de Mesquita: Jesus fez amplo uso dos ensinos de Provrbios na sua dou trinao prtica. Muitas das suas parbolas esto calcadas em seus ensinos. Por exemplo, a parbola dos primeiros lu gares, quando convidado para banquetes, est firmemente relacionada com Provrbios 25.6,7, onde se l: no seglories no meio dos reis nem teponhas no meio dos grandes, porque melhor que te digam: sobepara aqui, do que seres humilhado diante do prncipe. A parbola do rico insensato est bem retratada em Provrbios 27. Jesus, na conversa com Nico- demos, parece, que copiou a palavra de Agur, filho de Jaqu em Provrbios 30.4, e quando se refere ao povo, dizendo que a sabedoria justificada por seus filhos, est citando Provrbios no seu todo.11 A literatura sapiencial, representada neste captulo pelos li vros de Provrbios e Eclesiastes, revela que o temor do Senhor o fundamento de todo o saber. Ningum pode ser considera do sbio de fato se os seus conselhos no revelam princpios do saber divino. Um sbio no algum dotado apenas de muita informao ou inteligncia, mas algum que aprendeu que o te mor do Senhor a base de toda moral-social. 17. N o t a s 1STORNIOLO, Ivo. Como Ler o Livro dos Provrbios a sabedoria do povo. 4a Ed., So Paulo: Paulus, 2008. 2 MACDONALD, William. Comentrio Bblico Popular versculo por versculo. So Paulo: Mundo Cristo, 2010. 3 MESQUITA, Antonio Neves. Estudo no Livro de Pro vrbios princpios para uma vida feliz. Rio de Janeiro: JUERP, 1979. 4Idem. 5STORNIOLO, Ivo. Como Ler o Livro dos Provrbios a sabedoria do povo. So Paulo: Paulus, 2008. 6RADMACHER, Earl. Nuevo Comentrio Ilustrado de La Biblia. Nashville, EUA: Thomas Nelson, 1999. 7 SCOTT, K. Steven. Salomo, o homem mais rico que j existiu sabedoria da Bblia para uma vida plena e bem- sucedida. Rio de Janeiro: Sextante, 2008. 8Ao comentar sobre as Instrues deAmenemope, a obra O Novo Dicionrio dos Intrpretes da Bblia, observa: Embora vrios manuscritos preservem este pedao da literatura sapiencial egp cia como tendo sido produzida a partir de uma data posterior, todavia ela foi provavelmente composta entre a 19a e 20a di nastias (cerca 1305-1080 a.C). Essas instrues mostram como se um pai estivesse ensinando seu filho, trazendo vida e bem -estar para aqueles que os seguem. Tem paralelos nas palavras de sabedoria (Pv 22.17 24.22). Os estudiosos muitas vezes mostram a relao literria entre esses dois trabalhos ao mesmo tempo em que debatem a natureza exata desse relacionamento. i8 S bio s C o n s e l h o s para u m a V iver V it o r io s o 18. O V a l o r d o s B o n s C o n s e l h o s 19 No entanto, a maioria v o material de Provrbios 22.17 24.22, como tendo sido tirado das Instrues de Amenemope (KEVIN A. Wilson, in The New Interpreters Dictionary ofthe Bible, vol 1A-C, Abingdon Press, Nashville, USA, 2006. Tradu o livre do autor). 9DECLAISS-WALFORD, Nancy. In The New Interpret ers Dictionary of the Bible. Vol 4, Me-R. p. 353,354. Nash ville, EUA: Abingdon Press, 2008. 10 KIDNER, Derek. Provrbios introduo e coment rio. So Paulo: Editora Vida Nova, 2008. 11 MESQUITA, Antonio Neves. Estudo no Livro de Pro vrbios princpios para uma vida feliz. Rio de Janeiro: JUERP, 1979. 19. Resguardando-n o s d o 'Filho meu, atende a minha sabedoria; minha inteligncia inclina os ouvidos; e os teus lbios guardem o conhecimento; 3porque os lbios da mulher adltera destilam favos de mel, e as suas palavras so mais suaves do que o azeite; 4mas o fim dela amargoso como o absinto, 5Os seus ps descem morte; os seus passos conduzem-na ao inferno. 6Ela no pondera a vereda da vida; anda errante nos seus caminhos e no o sabe. O sexo se tornou o deus desta era! Escndalos sexuais en volvendo pastores, padres ou lderes religiosos sempre aconteceram na histria das religies. Isso, portanto, no nenhuma novidade nem tampouco motivo para admirao. Todavia no podemos negar que relatos em que so denunciados P v 5.1- 2 para que conserves a discrio, agudo, como a espada de dois gumes. 20. Re s g u a r d a n d o - n o s d o A dultrio 21 o envolvimento de religiosos, inclusive pastores, em prticas se xuais ilcitas, tm aumentado em escala geomtrica. As cifras j alcanam propores assustadoras. Agora mesmo quando escrevo este captulo um famoso blogueiro est expondo na sua pgina a priso de um pastor acusado de pedofilia. Ele faz questo de mostrar que se trata de um pastor da Assembleia de Deus. Isso uma observao desnecessria, bairrista e tola, pois batistas, presbiterianos, metodistas e todos os ramos do protestantismo e tambm do catolicismo, inclusive da confisso de f desse blo gueiro, tem experimentado o gosto amargo advindo com a queda de seus clrigos. Depois que escrevi em 2006 o livro: Por que Caem os Valen tes?, tenho recebido dezenas de e-mails de crentes, muitos deles pastores, contando suas tentaes ou narrando alguma aventura sexual que tiveram. No estou aqui me referindo a uma simples tentao sexual, pois acredito que todos ns estamos sujeitos a ser tentados. Refiro-me a algumas prticas que so chocantes e que de to srdidas que so, fica difcil de acreditar que os envolvidos nesses relatos sejam de fato crentes nascidos de novo. As histrias incluem desde a existncia de um simples caso at mesmo a prtica de pedofilia. Em uma delas, o amado irmo que me escre veu detalhou a sua odisseia. Narrou que logo aps seu casamento envolveu-se com uma antiga namorada e tambm com a esposa de um parente prximo. Chegou ao fundo do poo quando se deu conta de que estava assediando uma menina de onze anos. Arrependeu-se, mas as suas palavras demonstram que continua com feridas profundas na alma! O que ento est havendo de errado com a sexualidade dos evanglicos hoje? De incio podemos afirmar, sem medo de errar, que muito mais fcil pecar hoje do que ontem. mais fcil cometer algum pecado sexual hoje do que h vinte anos. Quan do me converti ao evangelho, por exemplo, no incio dos anos oitenta, o acesso a uma revista masculina era muito mais difcil 21. 22 S bio s C o n s e l h o s para u m a V iver V it o r io s o para quem era menor de idade. Alm da embalagem plstica que protegia o peridico, havia tambm uma tarjeta onde se lia: proi bidopara menoresde dezoito anos!Com o advento da Internet esse fraco muro de proteo foi implodido e o acesso ao caudaloso rio da pornografia est disposio de crianas, adultos e velhos. Evidentemente que as mdias sociais Orkut, Facebook, e outros potencializaram em muito a possibilidade de algum se pren der nas teias da tentao sexual. No mais novidade alguma que a Internet se tornou a grande confidente de homens e mulheres que esto vivendo alguma desiluso nos seus casamentos. A porta est escancarada para uma aventura sexual. Foi isso que ouvi de um colega pastor quando preguei em sua igreja, s para citar um dos casos, pois ouvi algo incrivelmente semelhante em outros lugares. Contou-me que acabara de ver um lar sendo desfeito por conta de um caso extraconjugal en volvendo membros de sua igreja. Segundo me disse, o esposo o procurou para relatar o que havia descoberto no histrico das redes sociais visitadas por sua esposa. Desconfiado do compor tamento dela, aquele irmo contratou um hacker para instalar um programa espio em seu computador e assim acompanhar as pginas que a sua esposa visitava na Internet. Foi a que desco briu que a ela havia se envolvido com um homem, inclusive se despindo em frente sua webcam para o seu amante virtual. O amante virtual se tornou real e o casamento, que comeou como um ideal, desabou! No excelente livro Seu Casamento e a Internet, os escritores Thomas Whiteman e Randy Petersen observam: Os computadores no passam de mquinas, e no fazem qualquer tipo de juzo de valores. A Internet uma ferramenta que pode ser utilizada tanto para o bem quanto para o mal, de pendendo de quem faz uso dela. No iremos amaldio-la como um todo por causa dos possveis descaminhos no seu uso. No culpamos Gutemberg pelas revistas pornogrficas. Ser que os 22. Re s g u a r d a n d o - n o s d o A dultrio 23 automveis tambm so uma inveno ruim porque algumas pes soas provocam acidentes? Entretanto, j vimos uma grande quantidade de casamentos destrudos pela Internet, em funo do fcil acesso proporcio nado pornografia e tentao oferecida em salas de bate-papo. E claro que, talvez, no possamos colocar toda a culpa por esses rompimentos na Internet. Afinal de contas, a rede no passa de um instrumento. As pessoas envolvidas precisam arcar com a res ponsabilidade pelas suas aes. Contudo, a Internet tem desem penhado um papel-chave no fracasso de muitos casamentos. Mas por que isso acontece? Haveria alguma coisa na natureza da rede que a tornaria especialmente tentadora? Sim. H diversos fatores que contribuem para uma seduo vinda da Internet que poderia ser potencialmente devastadora para os casamentos.1 No final deste captulo destaco alguns cuidados que devem ser tomados para evitar a pornografia virtual e consequentemente as suas danosas consequncias nos relacionamentos. Aqui cabe desta car os elementos facilitadores da traio virtual. Primeiramente h umafalsaprivacidade e umfalso anonimato que todo navegante do universo virtual pensa dispor. De fato um computador em uma sala de escritrio ou em um quarto de uma residncia parece favorecer esse clima privado e annimo. Mas o fato que toda privacidade virtual se tornar pblica com o tempo e todo anonimato receber uma identidade. As estatsticas mostram que por trs de uma gran de quantidade de pedfilos, estupradores ou at mesmo clrigos envolvidos em escndalos sexuais, e que tiveram suas vidas expostas na mdia, havia a prtica de sexo virtual supostamente secreto. Por que o privado se tornou pblico e o annimo foi identificado? Isso acontece porque nenhuma prtica sexual exercida de forma ilegtima produz satisfao plena. Quem se envolve com pornografia vive sempre a busca de mais satisfao sexual. um desejo que nunca se satisfaz. A porta para os desvios da sexuali dade e para a prtica de perverses sexuais fica escancarada. a 23. 2 4 S b io s C o n s e lh o s para um a V iv e r V it o r io s o que muitos tentam viver essa adrenalina provocada pela concu piscncia de uma forma ilegtima. Devemos sempre lembrar de que aquilo que a Escritura considera como pecado jamais vai ter aprovao divina. No adianta racionalizar. E v it a n d o a C o n c u p is c n c ia e a L u x r ia Infelizmente h at mesmo crentes que descem nessa enxurrada e acabam por macular seus leitos. Por diversas vezes fui indagado sobre o que eu achava de casais crentes frequentarem um motel. A minha resposta tem sido sempre a mesma Motel um nome moderno para as antigas casas de prostituio. Quais so as consequ ncias espirituais para um casal crente frequentar uma casa dedicada prostituio? No tenho dvidas de que esses locais esto impreg nados de demnios. No h orao no mundo que santifique um ambiente desses pela simples razo de que o Senhor no santifica o pecado! O meu conselho que se fuja de ambientes assim. Por outro lado, como bem observou o psiquiatra cristo John White em seu livro O Eros Redimido, h tambm foras espirituais do mal por trs de todo sexo virtual. Satans e seus demnios no esto interessados em manter o escravo do vcio sexual no ano nimato. O alvo conduzi-lo cada vez mais a diversas formas de perverso sexual at que estas se transformem em alguma forma de crime, quer seja pedofilia, estupro ou adultrio. Depois que isso se tornou uma prtica dominante, ento o alvo dos anjos ca dos lev-lo escravido e posteriormente exposio pblica. por isso que o livro de Provrbios nos exorta a exercermos a nossa sexualidade dentro dos parmetros do casamento (Pv 5.18-20). Ao escrever sobre a natureza da concupiscncia, John White afirmou: O desejo legtimo dado por Deus se transforma em luxria no momento em que fizermos dele um deus. Adorar a comida luxria. A preocupao neurtica em dormir tambm. A escravido s sensaes erticas representa a luxria sexual.2 24. Re s g u a r d a n d o -n o s d o A dultrio 25 Ainda segundo White, o sexo pode ser um anseio quando o amor e o desejo sexual esto separados. Faz pouca diferena a for ma da atividade sexo heterossexual dentro do casamento, ou qualquer outro prazer ertico. Quando amor e desejo sexual no esto juntos (situao extremamente comum), o erotismo asse- melha-se ao manjar turco mgico de Edmundo. Ao final, o anseio leva a formas de sexo ilcitas ou patolgicas. O mal atinge seu objetivo. Camos em desejos que nos deixam viciados em por nografia, masturbao, necessidade excessiva de relaes sexuais (hetero ou homossexuais), molestamento de crianas e todas as formas de perverso. Ponto comum em tudo isso uma fome que nunca se aplaca, que deixa o indivduo mais vazio do que antes.3 L id a n d o c o m a C a r n c ia n o C a s a m e n t o Como j observei, o Sbio nos aconselha a vivermos a nossa sexualidade com intensidade, mas sempre dentro dos parmetros do casamento: Bebe a gua da tua prpria cisterna e das corren tes do teu poo. Derramar-se-iam por fora as tuas fontes, e, pelas praas, os ribeiros de guas? Sejam para ti somente e no para os estranhos contigo (Pv 5.15-17). Esse texto toca em um ponto nevrlgico dos relacionamentos: a carncia. Muitos casamentos fracassam porque so carentes de afe to e amor. O escritor Harry W. Schaumburg, observa que o sexo sem amor, alm de gerar um vcio sexual, acaba por criar umafalsa intimidade:'Isso essencialmente uma iluso criada pela prpria pessoa para ajud-la a evitar a dor inerente intimidade real. A fal sa intimidade pode ser to superficial quanto um marido olhar a esposa e imagin-la como tendo longos e lindos cabelos castanhos. Algo muito mais profundo encontra-se refletido em sua imagi nao. Simplificando, ele deseja mais do que tem e demonstra perceber a falta de algo. A falsa intimidade est sempre presente no vcio sexual. A pessoa que sexualmente revoltada tem um estilo 25. prprio de averso sexual. O sexo, para ela, consumidor, pois precisa ser evitado a todo custo. A pessoa que sexualmente ob cecada, por outro lado, vive para o prazer sexual. O sexo tambm aqui consumidor, pois precisa ser obtido de qualquer modo.4 A intimidade sexual permite que os cnjuges vivam um rela cionamento sadio, conforme o plano idealizado por Deus para eles. Esta intimidade sexual e relacional que dois cnjuges com partilham dentro de seu matrimnio comprometido e amoroso. As dvidas sobre si mesmos existem, mas o casal se comunica e se deleita um no outro relacional e sexualmente. Considerando a realidade de um mundo de relacionamentos imperfeitos, ambos os cnjuges enfrentam decepes. Dentro do gozo da intimidade real, experimentam o temor de se exporem, o medo de abandono, o medo da perda de controle e o medo de seus respectivos desejos sexuais. Em sua expresso sexual, ambos so dependentes do que o outro cnjuge far e ficam abertos a isso.5 Im p o n d o L im ites Vejamos novamente o texto de Provrbios 6.20-24 para falar mos sobre os cuidados que devem ser tomados por quem navega na rede virtual: Filho meu, guarda o mandamento de teu pai e no deixes a instruo de tua me; ata-os perpetuamente ao teu corao, pendura-os ao pescoo. Quando caminhares, isso te guiar; quando te deitares, te guardar; quando acordares, falar contigo. Porque o mandamento lmpada, e a instruo, luz; e as repreenses da disciplina so o caminho da vida; para te guardarem da vil mulher e das lisonjas da mulher alheia (Pv 6.20-24).6 Visando um maior controle sobre o uso das mdias eletrni cas, aconselho: 2 6 S b io s C o n s e lh o s para u m a V iv e r V it o r io s o 26. Re sg u a r d a n d o - n o s d o A dultrio 2 7 Antes de navegar seja sincero diante de Deus e diante de si mesmo. Reconhea que voc homem, tem desejos de homens e vai morrer como eles. A resposta tentao vir tual no negar quem voc , mas assumir que voc depen de do Senhor para venc-las (1 Co 10.13). Nossa natureza admica e pecaminosa gosta de prostituio, impureza e lascvia (G1 5.19). No adianta fazer de conta que isso no verdade! Se a carne deseja o impuro, o imundo, imagine quando ela estimulada por imagens ou por palavras que provoquem isso. Por que ento no fazer uma orao antes de navegar na rede? Ore reconhecendo que possuidor de uma natureza pecaminosa e que precisa da ajuda do Senhor para no pecar contra Ele. Evite acessar o computador quando estiver sozinho. O ide al que o limite do cristo seja interior e no exterior (G1 5.16). Todavia essa prtica importante at que o domnio prprio se torne um hbito (1 Co 6.12). Quando o cristo aprende a andar no Esprito, ento ele ter o domnio neces srio para navegar na rede tanto na presena de algum como na ausncia (Rm 8.13). Mesmo que voc seja um crente que aprendeu a depender do Senhor, mas se voc se envolveu com pornografia, preciso que evite a aleatoriedade. Na vegue com propsito! Evite cair no erro de Davi que em um momento de ociosidade viu uma mulher tomando banho. Seja sincero consigo mesmo e se pergunte: o que vou fazer agora ao ligar esse computador? O que vou procurar? Evite os truques e subterfigios que empurram voc rumo ao pecado. Evite programas de auditrio ou reality shows onde ex plorada a sensualidade. Parece um excesso de zelo, mas no . Se voc no se prevenir, essa sensualidade legal acabar por lev-lo para o pecado sexual. 27. 28 S b io s C o n s e l h o s para u m a V iver V it o r io so Lembre-se de que na TV brasileira h uma sensualidade legal, mas nem por isso deixa de ser imoral. Nem tudo o que legal mo ral. Programas de auditrios so sempre realizados com a presena de dezenas de modelos seminuas. E considerado legal para a sociedade e at mesmo para o Estado, mas imoral diante de Deus. Fuja! Eugene Getz aconselha a cancelar a sua TV por assinatu ra! Eu j fiz isso quando descobri que naquela prestadora de servios havia canais, que mesmo no sendo adultos, faziam publicidade ertica para aqueles que eram de fato considerados sexy hot. Posteriormente contratei os servios de uma TV por assinatura com programao voltada mais para a famlia. Evite bancas de revistas e locadoras de vdeos destinados promoo desse tipo de material. Renove a sua mente diariamente pela leitura da Palavra de Deus. Desenvolva o hbito da orao. Lembre-se de que essa uma guerra espiritual e por trs desses vcios h demnios querendo escraviz-lo. Desenvolva relacionamentos fortes com quem pode aju d-lo na intercesso. Pea ajuda a um amigo ou amiga que voc sabe que algum com um ministrio de intercesso. Evite salas de bate-bapo com pessoas desconhecidas. E quando se tratar de amigos ou amigas evite criar um vncu lo emocional em que as garras da tentao sexual possam ser fincadas em voc. Nesse tipo de conversa deixe bem claro que voc uma pessoal fiel a Deus. 28. R e s g u a r d a n d o -n o s d o A dultrio 2 9 Cuidados tambm devem ser tomados com as mensagens en viadas por celular ou e-mail. J vi muitos casamentos desabarem por conta de uma simples mensagem enviada via celular para uma outra pessoa. Tudo comea com um certo ar de inocncia e como quem no quer nada, mas com o desenrolar da conversa isso evolui para um entrelaamento emocional onde as partes envolvidas no tem mais como sair. A consequncia a traio! No meu ministrio evito aconselhar casais via celular ou e-mail, mas em dois ou trs casos em que a situao exigiu essa prtica, tratei de me cercar de todos os cuidados necessrios informando aos envolvidos as condies nas quais isso aconteceria. Sem o estabelecimento de limites, a queda inevitvel. Tenha cuidado quando se hospedar em algum hotel. Ge ralmente esses hotis possuem TV a cabo com dezenas de canais disponveis. possvel que dentre um deles voc en contre algum que promova a impureza sexual. Um grande amigo meu e um dos maiores pregadores do Brasil, disse- me que quando est hospedado em um hotel e se depara com um desses canais que fazem promoo do sexo, ele simplesmente passa imediatamente para um outro ou des liga a TV. Uma demora aqui costuma ser fatal. Vigie o seu celular e Ipad. O acesso ao mundo virtual por meio dessas mquinas pode se tornar um tropeo para voc. Arrependa-se se voc se exps pornografia. Vigie e no permita que isso se torne um hbito. Exponha diante do Senhor toda atitude, pensamentos ou prticas que de monstrem inclinao para a impureza sexual. No deixe esse tipo de entulho acumular em sua mente. 29. 3 0 S b io s C o n s e l h o s para u m a V iver V it o r io s o Vigie o seu vocabulrio, inclusive piadas quentes. Muitas vezes as palavras revelam o que est por dentro do indivduo. Lembre-se: No vos sobreveio tentao que no fosse humana; mas Deus fiel e no permitir que sejais tenta dos alm das vossas foras; pelo contrrio, juntamente com a tentao, vos prover livramento, de sorte que a possais suportar (1 Co 10.13). Ande no Esprito e voc jamais ir satisfazer os desejos impuros da carne (G1 5.16). Vimos que a fidelidade conjugal o que Deus idealizou para seus filhos. A realidade da tentao somados natu reza admica que herdamos, faz com que a possibilidade de no vivermos esse ideal seja algo bem real. Todavia o Senhor nos deixou a sua Palavra com dezenas de conselhos a fim de que nos prevenir no cairmos nesse abismo. N o t a s 1WHITEMAN, Thomas & PETERSEN, Randy. Seu Casa mento e a Internet as ameaas do mundo virtual em seu mundo real. Rio de Janeiro: CPAD, 2013. 2WHITE, Jonh. O Eros Redimido. ABU: Rio de Janeiro, 2004. 3WHITE, John. Idem. P.99. 4 SCHAUMBURG, Harry W. Falsa Intimidade vencen do a luta contra o vcio sexual. So Paulo: Mundo Cristo, 1995. 30. Re sg u a r d a n d o - n o s d o A dultrio 51 5 SCHUMBURG, Harry W. Falsa Intimidade vencen do a luta contra o vcio sexual. So Paulo: Mundo Cristo, 1995. 6 Observe essas orientaes que o pastor Edison Queirs d para o lder casado: A)Trate o sexo oposto com a devida dis tncia. Cuidado com beijinhos e toques de mo; b) Evite estar sozinho com uma pessoa do sexo posto; c)Evite andar de carro com uma pessoa do sexo oposto (desde que no seja sua espo sa ou parente), para evitar a aparncia do mal; d)Escolha um modelo de porta para o seu gabinete pastoral que contenha uma parte em vido transparente; e) Oua a sua esposa. 31. 3 Trabalho e Prosperidade Pv 3-9-10; 22.13; 24-30-34 9Honra ao S e n h o r com os teus bens e com as primcias de toda a tua renda;10e se enchero fartamente os teus celeiros, e transbordaro de vinho os teus lagares. Diz o preguioso: Um leo est l fora; serei morto no meio das ruas. Passei pelo campo do preguioso e junto vinha do homem falto de entendimento; eis que tudo estava cheio de espinhos, a sua superfcie, coberta de urtigas, e o seu muro de pedra, em runas. Tendo-o visto, considerei; vi e recebi a instruo. Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braos em repouso, assim sobrevir a tua pobreza como um ladro, e a tua necessidade, como um homem armado. N o livro de minha autoria, A Prosperidade Luz da Bblia, escrevi sobre a relao existente entre trabalho e prospe ridade. Nessa obra observei que a ideia de prosperar e enriquecer por outros meios que no seja o trabalho, completa mente estranho Escritura. Ainda no paraso coube como tarefa ao primeiro homem cuidar do Jardim, vigiando-o e lavrando-o (Gn 2.15). A teologia do Antigo Testamento refuta a prtica que 32. T rabalh o e P rosperidade 33 transforma Deus em uma espcie de gnio da lmpada. O Deus do Antigo Concerto faz prosperar, mas Ele o faz atravs do tra balho. O livro de Deuteronmio diz que o Senhor o que te d fora para adquirires poder (Dt 8.18). A palavra hebraica koach traduzida como fora nessa passagem significa vigor efora hu mana. A referncia claramente ao esforo humano como resul tado do seu trabalho. Por outro lado, a palavra poder, traduzida do hebraico chayil, nessa mesma passagem mantm a ideia de eficincia, fartura e riqueza. A ideia aqui que prosperidade e trabalho so como as duas faces de uma mesma moeda. Onde um est presente o outro tambm deve estar. Hans Walter Wolff (2008, p. 203) destacou que A riqueza no considerada como algo dado, mas como algo que pode se originar das mos do ser humano responsvel. Quanto s diferen as sociais de riqueza e pobreza, em todo caso, tambm devem ser observadas a laboriosidade e a desdia, a fim de no ignorar a ver dadeira realidade do ser humano (...) at a liberdade e a servido, a superioridade e a opresso tambm dependem da dedicao ao trabalho (Pv 13.4; 12.24).1 Observei ainda naquela obra que esse fato ampliado na litera tura hebraica sapiencial que condena veementemente a indolncia e a preguia. Salomo, o homem mais sbio, e um dos mais ricos do antigo oriente, observa que o desejo do preguioso o mata, porque as suas mos recusam-se a trabalhar (Pv 21.25). O traba lho alm de dignificar o homem, o faz prosperar. Diante do Senhor ningum ser considerado mais crente por se ocupar somente de coisas espirituais e negligenciar as prticas materiais. Em muitos casos, aqueles que alegam trabalharem somente para Jesus, na verdade, esto dando trabalho para a igreja. Dizem que vivem da f, mas na verdade vivem da boa f dos outros. A esses, mais uma vez Salomo aconselha: Vai ter com a formiga, preguioso; olha para os seus caminhos e s sbio (Pv 6.6). Os homens mais espiri tuais da Bblia viviam nos labores dos seus trabalhos. 33. 3 4 S b io s C o n s e lh o s p a r a u m a V iv e r V it o r io s o O C eleir o e o L a g a r Dentre as muitas metforas usadas por Salomo para se refe rir ao trabalho, encontramos a metfora do Celeiro e do Lagar. Entendendo essas metforas, entenderemos melhor a natureza do trabalho e como nos faz prosperar. Honra ao Senhor com os teus bens e com as primcias de toda a tua renda e se enchero fartamente os teus celeiros, e trans bordaro de vinho os teus lagares (Pv 3.9,10). Russel N. Champlin observa que Um lagar era um dispositi vo simples que consistia em duas partes. Na parte superior havia a prensa (no hebraico, gath), onde eram pisadas as uvas. E na parte inferior (no hebraico, yeqebh) se recolhia o suco. Portanto, o ho mem que d, ter grande abundncia de uvas para pisar, e assim poder recolher imensa quantidade de suco de uva.2 Ainda de acordo com Champlin, se um homem honra ao Se nhor cumprindo as leis concernentes aos dzimos, s ofertas, ajuda aos pobres, coisas requeridas pela lei, ento esse homem pode es perar corretamente ter bnos materiais e prosperar. dando que recebemos. Essa uma lei espiritual que opera o tempo todo. Os que experimentam esse mtodo descobrem que ele funcional. Essa uma lei espiritual que homens tementes a Deus tm descoberto ser vlida em todas as pocas (Charles Fritsch, in loc. E um aspecto da lei da colheita segundo a semeadura. Os judeus piedosos traziam as primcias de suas plantaes ao Templo de Jerusalm, para serem usadas pelos sacerdotes e pelos levitas como forma de exprimir tal gratido a Yahweh, que lhes dera boa colheita (Dt 26.1-3,9-11). A recompensa antecipada para quem cuidasse das realidades espirituais era ter celeiros cheios de gros e armazns repletos de bons vinhos.3 Quem nohonraaoSenhorcomoquetem, terosseusceleirosvazios! Para Steven K. Scott (2008, p. 20,21): Aqueles que traba lham com diligncia dentro da sua especialidade alcanaro o sucesso material necessrio para satisfazer seus desejos. No livro dos Provrbios 28.19, Salomo escreve: O homem que lavra a 34. T r abalh o e P rosperidade 35 terra sacia-se de po, mas o que segue os levianos sacia-se de pobreza. Aqui ele tambm adverte que, se voc abandonar os esforos nas sua rea para seguir os conselhos dos levianos, ou colocar-se sob sua influncia, estar abandonando o caminho da sabedoria. No se deixe enganar por pessoas que parecem bem- sucedidas primeira vista e oferecem esquemas para enriquecer da noite para o dia, bons demais para serem verdadeiros (...) Sa lomo nos garante que aqueles que trabalham com diligncia te ro cada vez mais sucesso e riquezas, porm o dinheiro que vem fcil demais, sem verdadeiro esforo, quase sempre perdido. Fortuna apressada diminui, quem ajunta pouco a pouco enri quece (Pv 13.11). Por incrvel que parea, a maioria das pessoas que ganha na loteria perde tudo o que ganhou em relativamente pouco tempo. E at mesmo jogadores que tm a sorte de faturar alto acabam perdendo seus ganhos e se endividando.4 A B n o d o S e n h o r E n r iq u e c e Reconhecer o Senhor como a fonte de toda prosperidade a melhor forma de se proteger da ganncia que tenazmente assedia quem possui riquezas (Si 127.1,2). Hans WalterWolf (2007, p.206), que prestou uma grande contribuio antropologia bblica, obser va oportunamente que: quem quer ver a realidade humana precisa aprender a contar com a interveno de Jav. Sem isso, a pessoa no percebe que nem a aplicao humana ao trabalho j leva ao resultado e que a riqueza no um valor evidente. Deve-se atentar ao sentido ambguo dos fenmenos e das vicissitudes'. WoF ainda comenta: A seguinte tese ope-se categoricamente ao pensamento seguro de si, o qual julga por inferir do trabalho necessariamente o resultado (Pv 10.22): Somente a bno de jav torna rico, o esforo prprio no acrescenta nada. A expectativa geral de que o trabalho traz ga nho nunca se realiza concretamente sem a deciso da bno de jav. Tambm jav que est atuante na diferena entre a vontade do ser humano e a execuo do trabalho (Pv 16.1l).5 35. 3 6 S b io s C o n s it jio s para um a V iv er V it o r io s o A p r e n d e n d o c o m a s Fo r m ig a s Lies de economia domstica asformigas sabempoupar No captulo 6.6-10 de Provrbios, encontramos uma outra me tfora usada por Salomo para ilustrar o valor do trabalho. Nessa metfora ele contrasta o trabalho das formigas com a inrcia do preguioso. Vai ter com a formiga, preguioso, considera os seus cominhos e s sbio. No tendo ela chefe, nem oficial, nem comandante, no estio, prepara o seu po, na sega, ajunta o seu mantimento. O preguioso, at quando ficars deitado? Um pou co para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para en cruzar os braos em repouso, assim sobrevir a tua pobreza como um ladro, e a tua necessidade, como um homem armado.6 No seu comentrio sobre o livro de Provrbios, Antonio N. Mesquita ps em destaque o valor dessa metfora: As formigas no tem rei nem senhores, porm devem ter uma organizao qualquer. Com efeito, elas oferecem uma sabedoria admirvel. No vero, se dirigem a lugares distantes, abrem um carreirinho e l se vo, cada qual carregando um gro de qualquer cereal, para seus celeiros sub terrneos. No inverno tm o que comer. No so perdulrias; so uma sociedade trabalhadora, ordeira, cada qual ajudando a outra, num esforo comum, para o bem da coletividade. Que fartura de ensino elas oferecem. Os preguiosos devem aprender esta lio.7 Conheo bem o trabalho das formigas. Grande parte da mi nha vida, na verdade toda a minha infncia e uma boa parte da adolescncia, vivi numa propriedade rural que meu pai adquirira. Ali vivamos praticamente da agricultura de subsistncia. Foi na quela propriedade, cerca de 22 quilmetros da cidade de Altos, estado do Piau onde observei durante muitos anos como vivem as formigas. Algumas coisas me deixavam impressionado quando observava esses pequenos insetos. Elas so extremamente dedica das ao trabalho. Bastava contemplar os grandes formigueiros e a enorme quantidade de barro extrado para se saber que elas haviam 36. T ra b a lh o e P rosp erid ad e 57 feito um enorme esforo para construir seus abrigos. Outras vezes eu observava as longas trilhas que elas faziam entre a vegetao. Elas roavam com grande percia todo o capim existente, deixando atrs de si verdadeiras estradas com o propsito de conduzir atravs delas o mantimento que haviam encontrado. Meu pai costumava me dizer que essas formigas eram denominadas deformigas de roa. Uma outra coisa que me chamava a ateno era a habilidade com que elas conduziam para dentro do formigueiro pequenos pedaos de folhas de rvores que haviam selecionado para servir de manti mento. Os pesquisadores descobriram que uma formiga capaz de transportar algo que equivale at cinco vezes o peso do seu corpo.8 De fato o preguioso tem muito a aprender com a formiga! O Tem v el R ei d o s A n im a is O L e o c o m o M e t fo r a A terceira metfora que destaco no livro de Provrbios a que contrasta o preguioso e o leo. Em Provrbios 22.13, lemos: Diz o preguioso: Um leo est l fora; serei morto no meio das ruas. Por outro lado, Provrbios 26.13 destaca: Diz o preguioso: Um leo est a caminho; um leo est nas ruas. No falta desculpa para quem no quer trabalhar! O nordes tino, que no dizer que Euclides da Cunha, antes de tudo um forte est acostumado ao trabalho duro. Certa vez uma rede de televiso exibiu uma matria sobre os efeitos da seca no serto nordestino. Quem assistiu aquela reportagem no pde deixar de se emocionar com o drama do sertanejo frente a esse fenmeno climtico. A estiagem dizima tudo o que encontra pela frente, ficando bem pouco para o campons sobreviver. O programa encerrou-se naquela noite com uma frase antolgica de um dos heris que vivem no semirido nordestino. Perguntado como o sertanejo consegue viver na seca, o campons respondeu: A cana (de acar) no passa 110 engenho? Assim ns passamos na seca! 37. 38 S b io s C o n s e l h o s para u m a V iver V it o r io s o O que sobra da cana aps passar pelas moendas de um enge nho somente o bagao. Mesmo a vida sendo dura dessa forma, o sertanejo no tem medo de enfrent-la. Ele no teme o leo. Talvez seja por isso que no raro vermos o sertanejo fazendo gracejos com quem preguioso. Ouvi certa vez de um homem que de to preguioso que era, pediu que o levassem para o cemi trio e o enterrassem vivo! Ele no queria trabalhar. Quando era conduzido em cortejo fnebre, algum resolveu livrar aquele homem da morte. Pondo-se prximo do candidato a defunto, ele indagou: O senhor aceita um saco de arroz para no ser en terrado vivo? Olhando fixamente nos olhos do seu interlocutor, o morto-vivo respondeu, tambm com uma pergunta: O arroz est pelado? Obtendo no como resposta, ele disse: Podem prosseguir com o enterro. No hjeito para quem preguioso e no quer trabalha Ao escrever sobre a preguia, o escritor Os Guinnes destaca que: A preguia o quarto dos sete pecados capitais e ao contrrio das expectativas quarto pecado do esprito, e no o primeiro pecado da carne. Sua exclusividade est no fato de ser um pecado de omisso, e no um de comisso, a ausncia de uma atitude positiva, e no a presena de uma atitude negativa. De forma distinta, o mais moderno dos vcios (um vcio ausente na lista grega ou romana) e tambm o mais religioso. Muitos neste mundo conseguem ir bastante longe na procura de compreender o orgulho, a inveja, a ira, a avareza, a glutonaria e a cobia sem fazer qualquer referncia a Deus, porm fazer o mesmo com a preguia muda completamente seu significado original. A pre guia muito mais do que indolncia, ociosidade fsica ou estado de letargia viciada em televiso (mais perto de Ti, meu sof, como o New York Times intitulou). Ela a condio de desnimo espiritual explcito que desistiu de buscar a Deus, a verdade, o bom e o belo.9 38. T rabalh o e P rosperidade 5 9 T r a b a l h a n d o en tr e E sp in h e ir o s A ltima metfora contrastando a preguia com o trabalho que encontramos em Provrbios da figura dos espinheiros. Passei pelo campo do preguioso e junto vinha do homem falto de entendimento; eis que tudo estava cheio de espinhos, a sua superfcie, coberta de urtigas, e o seu muro de pedra, em runas. Tendo o visto, considerei; vi e recebi a instruo. Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braos em repouso, assim sobrevir a tua pobreza como um ladro, e atua necessidade, como um homem armado (Pv 24.30-34). Como nas outras metforas, aqui tambm o Sbio fala da falta de dedicao ao trabalho por parte do preguioso: Passei pelo campo do preguioso e junto vinha do homem falto de entendi mento; eis que tudo estava cheio de espinhos. A roa ou fazenda do preguioso estava cheia de espinhos. Em vez de legumes, ha via espinheiros! O captulo 8 do Evangelho de Lucas mostra que uma das razes da semente no ter frutificado foi por que esta foi sufocada pelos espinhos. Se o lavrador no demonstrar diligncia na sua lavoura, os espinhos e as ervas daninhas tomam conta da mesma. o que acontece com a roa do preguioso. T r a b a lh o e L a z e r Quem ler os Provrbios sem muita ateno fica com a im presso de que Salomo exalta o trabalho e no deixa espao para o lazer. Se por um lado o Sbio exalta o valor do trabalho nos Provrbios, por outro ele mostra que h tambm espao para o lazer. Isso fica mais claro no seu livro de Eclesiastes. Todavia o que deve ser observado que at mesmo no nosso trabalho pode mos encontrar satisfao, alegria e prazer. O lazer, portanto, pode ser obtido quando nos vemos e nos reconhecemos naquilo que fazemos. Para o filsofo Mrio Sr gio Cortella, precisamos ver o trabalho como algo no qual nos 39. 4 0 S b io s C o n s e l h o s para u m a V iver V it o r io so reconhecemos e no como um castigo que merecemos. Em uma excelente exposio sobre as vrias concepes que as sociedades atriburam ao trabalho ao longo da histria, ele diz: Etimologica- mente, a palavra trabalho em latim labor. A ideia de tribalium aparecer dentro do latim vulgar como sendo, de fato, forma de castigo. Mas a gente tem de substituir isso pela ideia de obra, que os gregos chamavam de poiesis, que significa minha obra, aquilo que fao, que construo, em que me vejo. A minha criao, na qual crio a mim mesmo na medida em que crio no mundo ... [...] Porque um bombeiro, que no ganha muito e trabalha de uma maneira contnua em algo que a maioria de ns no gosta ria de fazer, volta para casa cansado, mas de cabea erguida? Por causa do sentido que ele v no que faz. Por causa da obra honesta, a servio do outro, independentemente do status desse outro, da origem, da etnia, da escolaridade etc. A, no suplcio.10 Em seu livro O cio Criativo, o socilogo italiano Domeni- co De Masi, mostra a relao entre o trabalho e o lazer. Para ele estamos passando de uma sociedade industrial, de trabalho pu ramente mecnico para uma outra onde at mesmo o cio va lorizado. Mas para De Masi a palavra cio no possui o mesmo sentido que ns lhe atribumos no cotidiano, isto , desocupao, preguia, moleza e, indolncia. No, no isso. Na introduo do seu livro, feita por Maria Serena Palieri destacado que De Masi est mais preocupado com a inovao existencial do que logstica. Ela destaca que cio para ele: E a mistura entre as suas ativida des: quanto de trabalho, quanto de estudo e quanto de jogo exis tem em cada uma delas. A sua nova sabedoria, diz, exige que em toda ao estejam presente trabalho, jogo (lazer) e aprendizado. Quando d uma aula ou uma entrevista, quando assiste a um fil me ou discute animadamente com os amigos, deve sempre existir a criao de um valor e, junto com isso, divertimento e formao. E justamente isso que ele chama de cio criativo.11 40. T rabalh o e P rosperidade 41 Embora a tese de De Masi tenha como ponto de partida a realidade do primeiro mundo, em que as condies de trabalho so diametralmente opostas s de um trabalhador terceiro-mun- dista, todavia o principio de que devemos desfrutar do lazer como um fruto do trabalho permanece vlido.12Nesse aspecto, cio no ficar sem fazer nada, mas justamente o contrrio aproveitar de forma agradvel cada momento de nossa vida, quer estejamos trabalhando com amigos ou em nossa casa. N o t a s 1WOLFE Hans Walter. Antropologia do Antigo Testamen to. So Paulo: Hagnos, 2008. 2CHAMPLIN, Russel N. O Antigo Testamento Interpreta do Versculo por Versculo. Rio de Janeiro: CPAD. 3Idem, IBID. 4 SCOTT, Steven K. Salomo, o homem mais rico que j existiu. Rio de Janeiro: Sextante, 2008. 5WOLF, Hans Waler. Antropologia do Antigo Testamento. So Paulo: Hagnus, 2007. 6Derek Kidner observa que aformiga citada aqui a formiga ceifadora, que comum na Palestina: Agur a menciona em PV 30.25, e um rei de Siquem do Sc. XIV a.C. cita um pro vrbio sobre a sua pugnacidade (KIDNER, Derek. Provrbios introduo e comentrio. So Paulo: Vida Nova, p.70. 7 MESQUITA, Antonio Neves. Estudo no Livro de Pro vrbios princpios para uma vida Feliz. Rio de Janeiro: JUERP, 1979 41. 42 S b io s C o n s e l h o s para u m a V iver V it o r io so 8Os insetos tem muito a nos ensinar. A propsito, a Bblia de Estudo Almeida, observa que a redao de provrbios 6.8 na Septuaginta grega recebe a seguinte redao: Ou observe a abelha, o quanto diligente, e como importante o trabalho que faz.o mel queproduz usado por reis epovospara a sua sade. Todos buscam e apreciam. Mesmo que a abelha seja dbil, a res peitam por honrar a sabedoria. 9GUINNES, Os. Sete Pecados Capitais navegando atra vs do caos em uma era de confuso moral. Shedd Publica es, So Paulo, 2006. 10 CORTELLA, Mario Srgio. Qual a tua Obra? Inquieta es propositivas sobre gesto, liderana e tica. 18a Ed, Rio de Janeiro: Vozes, 2012. 11DE MASI, Domenico. O cio Criativo entrevista a Maria Serena Palieri. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. 12O contexto europeu da tese de De Masi visto claramente nas palavras: Assim sendo, acredito que o foco desta nossa conversa deva ser esta trplice passagem da espcie humana: da atividade fsica para a intelectual, da atividade intelectual de tipo repetitivo atividade intelectual criativo, do trabalho -labuta nitidamente separado do tempo livre e do estudo ao cio criativo, no qual estudo, trabalho e jogo acabam coin cidindo cada vez mais (De MASI, Domenico. O cio Cria tivo, Sextante, p. 16,17). 42. 4 L idando de Fo rm a Correia com o D inheiro P v 6.1-5 'Filho meu, se ficaste por fiador do teu companheiro e se te empenhaste ao estranho, 2ests enredado com o que dizem os teus lbios, ests preso com as palavras da tua boca. 3Agora, pois, faze isto, filho meu, e livra-te, pois caste nas mos do teu companheiro: vai, prostra-te e importuna o teu companheiro; 4no dssono aos teus olhos, nemrepouso s tuas plpebras; 5livra-te, como a gazela, da mo do caador e, como a ave, da mo do passarinheiro. O A m o r a o D in h e ir o ! Em sua poesia: A Escrava do Dinheiro, Patativa do Assar, disse com acerto: Dinheiro transforma tudo, Dinheiro quem leva e traz, Eu nem quero nem dizer 43. I I S bio s C o n s e l h o s para u m a V iver V it o r io so Tudo o que o dinheiro faz. Apenas aqui eu conto Que ele pra tudo t pronto, Ele cabreiro e traidor, E carrasco e vingativo, S presta pra ser cativo, No presta pra ser senhor.1 C u id a d o c o m F ia n a s e E m p r s t im o s O livro de Provrbios adverte Quem fica por fiador de outrem sofrer males, mas o que foge de o ser estar seguro (Pv 11.15). Cuidado ao se tornar fiador ou avalista de algum! J vi gen te se tornar fiador de emprstimos de terceiros e perder tudo o que tinha para as financeiras porque o avalizado no honrou seu compromisso! A propsito, certa vez fui procurado por um amigo que queria que eu lhe emprestasse algumas folhas de che ques. Explicou que havia montado um negcio e precisava des ses cheques para negociar com os credores. Emprestei-lhe ento algumas folhas. No ms seguinte, ele procurou-me novamente pedindo mais folhas de cheques. Como das outras vezes, emprestei-lhe. O processo se repetiu por uns seis meses sem problema, mas certo dia aps conferir o meu extrato bancrio observei que uns dos cheques emprestados quele amigo foram descontados antes do prazo previsto. O cheque foi apresentado ao Banco e este efetuou o pagamento, mesmo antes da data prevista: bom para o dia.... Liguei para ele para informar do incidente e ouvi a explicao que isso no iria mais ocorrer. Todavia, pouco tempo depois o processo voltou a se repetir. Desta vez informei-lhe que iria sustar os cheques porque no dispunha de fundos para cobri-los e se outros cheques fossem apresentados, seria posto no cadastro do SERASA. Foi o que fiz. Essa minha de ciso foi suficiente para deix-lo furioso e romper nossa amizade. 44. L id a n d o dk Fo r m a C orreta c o m o D inheiro 45 Depois desse incidente resolvi no emprestar mais folhas de che ques a ningum. No quero perder mais os amigos! A L i o d o V a i- e - V e m ! Meu pai costumava contar uma historinha engraada sobre emprstimos. Contava que dois fazendeiros eram muito amigos e com frequncia emprestavam um ao outro suas ferramentas. Certo dia um deles mandou o filho a casa do amigo pegar um serrote emprestado. Naquela regio essa ferramenta tambm era conhecida com o nome de Vai-e-Vem. O amigo procurado, j sabendo que suas ferramentas demoravam em ser devolvidas, re solveu mandar um recado para o amigo: Jovem, diga ao seu pai que se o Vai-e-Vem fosse e viesse, o Vai-e-Vem iria. Mas como o Vai-e-Vem vai, mas no vem, o Vai-e-Vem no vai! Aqui cabe uma palavra sobre as compras a crdito, antigamente denominadas de fiado. O texto bem claro: se no tens com que pagar porque arriscar? (Pv 22.27) Comprou? Pague! Tomou emprestado? Devolva! Quem compra e no paga, toma empresta do e no devolve caloteiro e desonesto! E simples assim. Baseado em Romanos 13.8, lancei numa igreja pastoreada por mim, a campanha: A ningumfiqueis devendo coisa alguma. Ministrei um estudo bblico sobre o assunto: Cinco grandespe cados cometidos por quem compra e no paga. Segui o seguinte esboo: 1) Peca contra Deus escandalizando o evangelho (2 Co 6.3); 2) Peca contra o prximo dando calote; 3) Peca contra si mesmo formando um mau carter; 4) Peca contra o Esta do impedindo a arrecadao de impostos; 5) Peca contra a igreja trazendo um mau testemunho. 45. 4 S b io s C o n s e l h o s para u m a V iver V it o r io so Fiquei surpreso com a repercusso que essa campanha provo cou! Vi que a mensagem trouxe desconforto em muitos crentes. Quando a notcia saiu dos portes da igreja, os prprios empres rios que se sentiram lesados por haver confiado vender a crdito para os crentes comearam a me procurar. Chegaram s minhas mos boletos vencidos, notas promissrias, etc. Alguns desses do cumentos j vencidos a cerca de seis anos! Esse fato deixou-me perplexo! Eu no sabia que a coisa ali era to grave. Como o evangelho iria repercutir na sociedade com um problema desses? Passei a exigir dos devedores o pagamento de suas dvidas! Cuidado com o lucro fcil Evitando a usura ou agiotagem De fato, esse termo, na sua forma verbal, mantm no hebraico bblico o sentido de mordida de arrancar umpedao. Foi pensan do nisso que Davi disse que somente habitar no Tabernculo do Senhor O que no empresta o seu dinheiro com usura, nem aceita suborno contra o inocente (SI 15.6). O livro de Provrbios adverte: O que aumenta os seus bens com juros e ganncia ajun ta-os para o que se compadece do pobre (Pv 28.8). Infelizmente tem muito crente lucrando por meio da usura ou agiotagem. Emprestam dinheiro a juros exorbitantes! E o que mais grave alguns desses agiotas so obreiros! J ouvi hist rias de irmos que tiveram seus bens confiscados e espoliados por obreiros porque no conseguiram pagar os juros estratosfricos cobrados. Alguns perderam lojas, outros perderam veculos. la mentvel que isso possa ocorrer no meio do povo de Deus. Mais lamentvel ainda que esses obreiros ainda estejam no plpito. No site WNW.fijianceh~o24horas.com, encontramos uma exce lente explanao sobre a agiotagem e como se prevenir dela.2Vou reproduzi-la aqui. A primeira justificativa para que uma pessoa que precisa de dinheiro no recorra a um agiota que a Constituio Federal 46. L id a n d o de F o r m a C orreta c o m o D inheiro 47 considera crime o emprstimo de dinheiro mediante cobrana de juros, sem autorizao do Banco Central. Ou seja, o agiota no pode nem emprestar dinheiro, quanto mais cobrar juros por isso. Diz ainda o artigo 192, pargrafo 3: As taxas de juros reais, nelas includas comisses e quaisquer outras remuneraes direta e indiretamente referidas concesso de crdito, no podero ser superiores a 12% ao ano. A cobrana deste limite ser conceitua da como crime de usura (lucro abusivo). Mas antes que voc pense que os bancos e financeiras podem estar cometendo crime ao cobrar taxas de juros que podem ir de 24% a 168% ao ano, o presidente da Comisso de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Nelson Miyahara, explica: Esta lei no se aplica s instituies financei ras, mas h uma ao tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF) para que isso mude. Dicas importantes: * Fuja dos agiotas e dos classificados de jornais que oferecem dinheiro fcil. * Jamais passe a escritura de seu imvel ou de outros bens, a ttulo de garantia para nenhuma pessoa. * Nunca pea dinheiro emprestado por telefone ou Internet. * Nunca assine notas promissrias, cheques, duplicatas em branco ou confisses de dvidas. * A pessoa lesada por agiota deve registrar um B.O. (mas s se tiver provas) na delegacia. Em seguida, preciso ir a um rgo de defesa do consumidor para pedir uma representao no Mi nistrio Pblico. * Nunca fornea dados pessoais por telefone. 47. 4 8 S b io s C o n s e l h o s para u m a V iver V ito r io so * Para os consumidores que passaram os seus bens ao agiota, h recursos jurdicos que possibilitam reav-los; neste caso preciso consultar um advogado. Mas, voltando aos agiotas: o problema que eles sabem que praticam um crime, ento dificilmente deixam rastros contra ele, o que s vezes inviabiliza uma possvel ao judicial. No so feitos contratos ou recibos, por exemplo, como nos bancos e financeiras. As negociaes geralmente so verbais e por telefone, cujos nme ros (na maioria das vezes de celular) so publicados em anncio de jornais. Isso dificulta a abertura de um inqurito criminal, j que, no geral, no h provas e, se a vtima registra um Boletim de Ocorrncia contra a pessoa que emprestou o dinheiro a juros exor bitantes, ela precisa provar; se no, ainda corre o risco de enfrentar um processo de calnia e difamao, alerta Nelson Miyahara. A Associao Nacional de Defesa dos Consumidores do Sistema Financeiro (Andif) lanou a Cartilha do Agiota. Nela, os agiotas so classificados como predadores vorazes que espreitam suas vtimas, prevalecendo-se da fragilidade psicolgica e desespero momentneo que as acometem, aplicam seus golpes, tomando os ltimos recursos de que dispem. Eles s emprestam dinheiro para quem tem como garantir a dvida. s vezes, exigem que a vtima assine cheques ou notas promissrias em branco e at d um bem, como carro ou casa. Os juros variam de 14,5% a 35% ao ms, o que pode resultar em at 420% ao ano. Segundo aAndif a partir de ento eles passam a admi nistrar a dvida que cresce de forma descontrolada, inviabilizando a retomada do bem pela vtima e chegando at a amea-las. H casos em que, aps a transferncia legal do imvel, em quatro ou cinco meses a dvida aumentou 200%. Ainda sobre a aquisio de dinheiro fcil, convm lembrar que os estelionatrios e golpistas sabem que muitas pessoas desejam o lucro fcil. a que usam toda a sua criatividade para darem seus golpes. Os mais comuns so aqueles em que o golpista oferece 48. L id a n d o de F o r m a C orreta c o m o D inheiro 49 algo extremamente vantajoso, como o pagamento de um prmio que a vtima supostamente ganhou. Exigem como garantia do recebimento do benefcio, o pagamento de uma pequena taxa simblica. a que est o golpe. Mas por que muitos entram nessa enrascada? Por que a ganncia fala mais alto do que a razo. Pensam no lucro fcil e a se tornam vitimas fceis dos golpistas. Recentemente soube de um casal que tomou de seu pastor di nheiro emprestado a juros! Devido inexperincia daquele casal no novo empreendimento, o negcio no prosperou como eles imaginaram. Comearam os problemas financeiros e com eles as cobranas dos credores. No meio dos cobradores apareceu tam bm o pastor daquele casal. Segundo me contou um pessoa ligada ao casal, os juros cobrados eram exorbitantes e fora da realidade financeira do casal. No havendo como pagar, o casal entregou o empreendimento ao pastor como pagamento da dvida. A ltima notcia que recebi sobre esse nefasto relato de que um dos cnju ges ficou decepcionado e agora no frequenta mais a igreja! Se isso no pecado, ento as palavras perderam o seu significado. E v it a n d o o S u b o r n o Um outro problema ligado ao dinheiro e que deve ser evitado a todo custo aquele relacionado ao suborno. A palavra hebraica shohad, traduzida como suborno, mantm o sentido na lngua original de darpresentes, ddiva, recompensa, incentivo. O exposi tor bblico Victor P. Hamilton comentando sobre o sentido dessa palavra no Antigo Testamento, destaca: Pode-se comear com a observao de que proibies de receber suborno (presumivel mente impostas aos juizes) se encontram nos trechos legais do Pentateuco (x 23.8; Dt 16.19). Conquanto os dois versculos comecem de modo semelhante, Deuteronmio 16.19 assim ter mina: o suborno cega os olhos dos sbios [hakamim]. Cf. Isaas 1.23; 5.23; Miqueias 3.11. 49. 5 0 S b io s C o n s e l h o s para u m a V iver V ito r io so Caso opreo sejaaceito, um suborno pode atmesmo produzir um assassino de aluguel, que matar uma pessoa inocente (Dt 27.25; Ez 22.12; SI 26.10) ou no mnimo perverter o julgamento (Pv 17.23). Somente aquele que desiste de uma violao to flagrante da lei tanto moral quanto criminal poder permanecer na presena de Deus (2 Cr 19.7; SI 15.5; Is 33.15). O prprio Deus est acima de qualquer censura a respeito (Dt 10.17; cf. 1 Pe 1.17). Dada a cobia do homem em todas as pocas e civilizaes, interessante que no Antigo Testamento h meno de apenas trs casos de suborno (com uso da palavra shohad): os filhos de Eli (1 Sm 8.3);os reis Asa e Bem-Hadade (1 Rs 15.19); e os reis Acaz e Tglate-Pileser (2 Rs 16.8).3 Hoje, na nossa cultura, o suborno acontece de forma bem sutil. s vezes ele bate porta na forma de um fiscal da fazenda pblica que quer ganhar vantagens alm daquela que recebe pelo seu trabalho. Promete cancelar a multa que acabou de lavrar to somente se o comerciante aceitar lhe dar uma parte do valor devi do em dinheiro. Outras vezes o suborno acontece de forma mais sutil ainda. No so poucos os relatos de irmos que aceitam se rem subornados em cargos pblicos. Geralmente a coisa acontece quando determinado poltico assume um mandato pblico, quer seja de vereador, deputado federal, estadual ou ainda senador. Muitos dos novos contratratados com as famosas verbas de gabi nete aceitam receber somente uma parte do dinheiro em troca do emprego. O resto embolsado pelo parlamentar. A justificativa que eles ganham sem trabalhar! De fato muitos desses assessores no sabem nem mesmo onde fica o gabinete do seu chefe. Por outro lado, muitos lderes aceitam ser incluso na folha de pagamento de algum rgo pblico em troca de apoio poltico. Vendem suas igrejas, suas famlias, seus ministrios. Por isso melhor dar o duro mesmo, mas ter a bno de Deus: Os bens que facilmente se ganham, esses diminuem, mas o que ajunta fora do trabalho ter aumento (Pv 13.11). 50. Lid a n d o de F o r m a C orreta c o m o D inheiro 5i B u s c a n d o o E q u il b r io F in a n c eir o Lemos em Provrbios: Duas coisas peo: no mas negues, antes que eu morra: afasta de mim a falsidade e a mentira; no me ds nem pobreza nem a riqueza; para no suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem o Senhor? Ou que, empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus (Pv 30.8,9). Esta passagem bblica uma das que melhor ilustra a busca por uma vida equilibrada. Os dois pedidos, que se convergem num s alvo, observa Derek Kidner, dizem respeito a (a) o ca rter (Pv 8a), e (b) as circunstncias, que so um perigo para o carter (Pv 8b, c, 9). A orao confirma a humildade que foi expressada nos w. 2ss., mostrando que se trata de (a) humildade de ambio (um anseio antes que eu morra pela integri dade conforme a vontade de Deus, no de grandes coisas para si), e (b) a humildade do autoconhecimento pois (conforme indica Toy) poderia ter orado, pedindo a capacidade de empregar corretamente a pobreza ou as riquezas, mas conhece bem demais a sua prpria fraqueza.4 Por outro lado, a obra The Expositors Bible Commentary destaca que: Agur ora para Deus impedi-lo de tornar-se falso (v 8a) e autossuficiente (w.8b, 9). Ele quer ser honesto em todas as suas relaes, e ele quer uma vida de bnos materiais equilibrada. Ele raciocina que, se ele tem muito, pode tornar-se independente de Deus (veja Dt 8.11-14.), e se ele tem pouco, poderia roubar e, portanto, profanar o nome de Deus. Assim, reconhecendo a sua prpria ignorncia, confiando na Palavra de Deus para a segurana na vida, e orando para que Deus o guarde de cair em tentao, Agur est pronto para ofere cer suas palavras.5 Matthew Henry, ao comentar essa passagem bblica, destaca: Duas coisas que ele pede a Deus so: 1. Graa para sua alma: aparta de mim afalsidade ea mentira. Para viver com retido mister amar a verdade e a integridade, sem deixar-se enganar pelas vaidades da vida. 51. 52 S b io s C o n s k i.h o s para u m a V iver V it o r io so 2. Alimentao conveniente para seu corpo: No me ds nempo breza nem riqueza; concedi-me (diariamente) rao depo (como Mt 6.11; 1 Tm 6.8). Roga contra os dois extremos da abundn cia e da misria (v. 8b) e apresenta boas razes para isso: no acontea que me sacie e te negue, quer dizer, que me esqueas que dependo de ti em tudo. A prosperidade d lugar ao orgulho e ao esquecimento de Deus, como se j no necessitasse dEle. E que sendopobre (melhor, empobrecendo-me, como em 20.13),furte. A pobreza extrema uma tentao desonestidade e a profanar o nome de Deus (Ex 20.7), seja jurando falsamente ou queixando-se da providncia de Deus/ Infelizmente tudo isso acontece por conta de nossa cultura do ganha-ganha. Todos querem ganhar e ningum aceita perder. A corrida rumo ao lucro fcil estimulada todos os dias. E uma das formas em moda hoje em dia aquele praticado pelas loterias. Nessa modalidade de jogo, em que o ganho fcil uma tentao real, o governo fomenta a cultura do ganhar sem esforo. No somente cria essas loterias, mas tambm estimula por meio de massiva propaganda. E os crentes, o que que tem ver com isso? Infelizmente alguns acham que o equilbrio financeiro pode vir quando forem um dos sortudos da Mega-Sena. Em seu livro As Sete Ciladas do Inimigo, o escritor Erwin W. Lutzer, mostra como perigoso o crente querer prosperar por meio dos jogos de azar. Em tempos passados, a igreja havia assumido uma posio contrria ao jogo. Hoje no se ouve nem uma palavra sobre o assunto. E o fato que, embora o quadro que vamos pintar aqui parea sombrio, na realidade, ele ainda pior. Basta que pergun temos aos filhos cujos pais se separaram por causa de perdas no jogo. Perguntemos queles cuja me gasta cem dlares por sema na em bilhetes de loteria, em vez de comprar roupas e alimentos. Em suma, o jogo destri as famlias.7 Respondendo pergunta: pecado Jogar?, Lutzer responde: E verdade queno existeum dcimo primeiromandamento que diz: 52. L id a n d o de F o r m a C orreta c o m o D inheiro 55 No participars em jogos de azar (...) conta-se que George Wa shington teria dito o seguinte: O jogo filho da avareza, irmo da iniquidade e pai de todo tipo de erro. E eu concordo com ele. Creio que foi mesmo o Diabo que inventou o jogo. Portanto, pecado. Apesar de a Bblia no con ter nenhuma orientao especfica sobre o assunto, ela apresenta algumas princpios que contribuem para essa ideia. Vejamos al guns deles. O jogo contraria o princpio da tica no trabalho. O jogo zomba do trabalho como forma de subsistncia. Certa vez, vimos uma frase publicitria que dizia que existem apenas duas manei ras de se ganhar um milho de dlares. Uma delas era trabalhar muito; a outra era jogar. E dizia mais: Quem vai trabalhar todo dia, quando poderia ganhar um milho de dlares na loteria, um idiota. Entretanto, o apstolo Paulo escreveu o seguinte: Se algum no quiser trabalhar, tambm no coma (2 Ts 3.10). Quem joga no est sendo um mordomo de seus bens. insatisfeito com o que Deus lhe d.,s N o ta s ASSAR, Patativa. Cante l que eu Canto c filosofia de um trovador nordestino. Rio de Janeiro: Vozes. 2 http://www.financeiro24horas.com/informativo.aspxPCodMate- ria=438, acessado em 31.05.2013. 3HAMILTON, Victor, P. In: Dicionrio Internacional de Te ologia do Antigo Testamento. So Paulo: Editora Vida Nova. 4KIDNER, Derek. Provrbios introduo e comentrio. So Paulo: Vida Nova. 53. 54 S b io s C o n s e lh o s para i ima V iv lk Vi rc )rio s o 5 GAEBELEIN, Frank E. The Expositors Commentary Psalms, Proverbs, Ecclesiastes, Song of Song. Zondervan, USA, 2002. 6HENRY, Matthew. Comentrio bblico de Matthew Hen ry - traducido y adaptado at castellano por Francisco La- cueva 13 tomos em 1 obra completa sin abreviar. Espanha: Editorial CLIE, Barcelona. 7LUTZER, Erwin W. As Sete Ciladas do Inimigo e o que voc pode fazer para no cair nelas. Rio de Janeiro: Betnia. 8LUTZER, Erwin W. idem. 54. 5 O C uidado c o m a q u ilo q u e Fa la m o s P v .10-19; 15.1,2,23; 10.21,24; T g 3.1-11 Seis coisas o S e n h o r aborrece, e a stima a sua alma abo mina: olhos altivos, lngua mentirosa, mos que derramam sangue inocente, corao que trama projetos inquos, ps que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmos. A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira. A lngua dos sbios adorna o conhecimento, mas a boca dos insensatos derrama a estultcia. O homem se alegra em dar resposta adequada, e a palavra, a seu tempo, quo boa ! O sbio de corao chamado prudente, e a doura no falar aumenta o saber. Palavras agradveis so como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo. 55. 56 S b io s C o n s e l h o s para i ima V ivir V ik r io s o T ia g o 3.1-11 Meus irmos, no vos torneis, muitos de vs, mestres, sa bendo que havemos de receber maior juzo. 2Porquetodos tropeamosemmuitascoisas. Sealgumno tropea no falar, perfeitovaro, capazde refreartambm todo o corpo. 3Ora, se pomos freio na boca dos cavalos, para nos obede cerem, tambm lhes dirigimos o corpo inteiro. 4Observai, igualmente, os navios que, sendo to grandes e batidos de rijos ventos, por um pequenssimo leme so diri gidos para onde queira o impulso do timoneiro. 5Assim, tambmalngua, pequenorgo, segabadegrandescoisas. Vedecomo uma fagulhape em brasas tograndeselva! 6Ora, a lngua fogo; mundo de iniqidade; a lngua est situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e no s pe em chamas toda a carreira da existncia humana, como tambm posta ela mesma em chamas pelo inferno. 7Pois toda espcie de feras, de aves, de rpteis e de seres mari nhos sc doma e tem sido domada pelo gnero humano; 8a lngua, porm, nenlmm dos homens capaz de domar; mal incontido, carregado de veneno mortfero. 9Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; tambm, com ela, amaldioamos os homens, feitos semelhana de Deus. 10De uma s boca procede bno e maldio. Meus ir mos, no conveniente que estas coisas sejam assim. 11Acaso, pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que doce e o que amargoso? 56. O C u id a d o c o m a q u il o q u e Fa l a m o s 57 12Acaso, meus irmos, pode a figueira produzir azeitonas ou a videira, figos? Tampouco fonte de gua salgada pode dar gua doce. O Uso d a L n g u a d e A c o r d o c o m T ia g o : Visto que os ensinos de Salomo sobre o uso da lngua fo ram assimilados pelo apstolo Tiago, mantendo um paralelismo muito prximo com os Provrbios de Salomo, desejo comear com o entendimento que o apstolo possua sobre esse minscu lo membro do corpo humano. O apstolo Tiago em um primeiro momento posto em desta que por ele aqueles que verbalizam pensamentos, princpios, pre ceitos, etc. Estes so os mestres (gr didaskalos). Em um segundo momento ele toca em um ponto sensvel da vida humana, mas muitas vezes esquecido pelos cristos o devido uso da lngua. Na sua anlise a lngua, se usada indevidamente, pe em risco no somente o indivduo que dela faz uso, mas at mesmo toda a hu manidade (Tg. 3.6). Possuindo uma arma to poderosa, cabe ao cristo seguir as orientaes dadas por Deus para viver em paz. A d v ert n c ia a o s P r o f is s io n a is d a Fa la Um recado aos mestres Tiago inicia a sua argumentao com uma exortao direta aos mestres e queles que porventura quisessem ensinar. Meus irmos, no vos torneis, muitos de vs, mestres, sabendo que ha vemos de receber maior juzo (Tg 3.1). Estas palavras de Tia go necessitam ser analisadas dentro do contexto educacional da cultura hebraica e seu desenvolvimento dentro da Igreja Primi tiva. As palavras hebraicas para ensinar e suas correlatas ocorrem mais de 270 vezes nas Escrituras do Antigo Testamento. Por outro lado, a palavra grega didaskalos, traduzida por Tiago como mestre, juntamente com aquelas de mesma raiz, ocorrem 211 vezes no 57. 58 S b io s C o n s e l h o s para u m a V iver V it o r io so texto grego do Novo Testamento. A frequncia com que esses vocbulos ocorrem nas Escrituras Sagradas revelam que o mestre ocupava uma posio de destaque na cultura bblica. de se notar que a escola de um judeu era primeiramente o seu prprio lar onde recebia instruo de seus pais (Pv 22.6); mas a educao mais formal ficava a cargo dos sacerdotes e profetas. As Escrituras registram, por exemplo, que Esdras tinha disposto o corao para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juzos (Ed 7.10). Em outro estgio da cultura hebraica esse ensino mais formal ficaria a cargo dos escribas. No mundo do Novo Testamento os mestres no eram estra nhos. Alm da herana cultural judaica, o processo de heleniza- o promovido por Alexandre, O Grande, solidificaria mais ainda a estrutura educacional. Graas a universalizao da lngua grega e a popularizao do ensino, Paulo podia ser ouvido e entendido em todos os lugares. Paulo e Barnab demoraram-se em Antio- quia, ensinando e pregando, com muitos outros, a palavra do Senhor (At 15.35; 19.9). Os mestres, portanto, passaram a ga nhar grande visibilidade, e muitos eram tentados a se tornarem mestres. Muitos, s vezes, no possuam qualificao para isso, e acabavam ensinando o que no deviam. Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim tambm haver entre vs falsos mestres, os quais introduziro, dissimuladamente, heresias destruidoras, at o ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruio (2 Pe 2.1). Diante de um quadro como esse, Tiago adverte aos crentes sobre a grande responsabilidade que esse cargo exige. No era somente ensinar, mas o que ensinar. No era somente falar, mas que contedos eram revelados nessa fala. Ele lembra aos mes tres cristos que contas seriam pedidas do exerccio desse ofcio. Havemos de receber maior julgamento. Tiago tem em mente o julgamento de um tribunal, j que a palavra grega krima usada 58. O C u id a d o c o m a q u il o q u e Fa l a m o s 59 por ele mantm o sentido de julgamento de um juiz. Nesse par ticular o tribuno seria o prprio Deus. Esse era um cuidado que aqueles que vivem da fala deveriam sempre lembrar. Quo grande responsabilidade pesa sobre os que ensinam. T ir a n d o o V e n e n o d a L n g u a A lngua necessita de controle. Do versculo 2 at o versculo 12 Tiago passa a tratar diretamente sobre o devido uso da lngua. E uma advertncia queles que gostam de falar ou vivem sempre falando. A lngua, mais do que qualquer outro rgo do corpo, necessita de controle. H toda uma linguagem metafrica usada por Tiago para ilustrar o poder negativo da lngua. So smbolos extrados do cotidiano de pessoas comuns, mas que em Tiago crescem em dramaticidade. 1. F r e io s Tiago fala da necessidade de se pr freios {gr kalins) na boca assim como so postos nos cavalos. H quatro ocorrncias dessa palavra no Novo Testamento grego; trs em Tiago (Tg 1.26; 3.2; 3.3) e uma em Apocalipse (Ap 14.20). O sentido no original de um freio ou cabresto colocado na boca do animal. A lio muito clara: aqueles que gostam de falar muito, e por isso acabam falando o que no devem, necessitam pr freios na sua prpria boca. Uma soluo j apontada anteriormente por Tiago seria primeiramente ouvir e somente depois falar (Tg 1.19). No h como fugir do paralelo que surge entre o freio de Tiago e o domnio prprio citado por Paulo em Glatas 5.21-23. O freio deve controlar o animal e o domnio prprio, a lngua do crente. 2 Leme A lngua necessita de freio porque ela tem um poder mui to grande de traar rumos e destinos. Assim como o leme (gr. pedalion) tem o poder de conduzir uma embarcao a qualquer 59. 6 o S b io s C o n s i-x h o s para u m a V iver V ito r io so lugar desejado, da mesma forma a lngua. Observai, igualmente, os navios que, sendo to grandes e batidos de rijos ventos, por um pequenssimo leme so dirigidos para onde queira o impulso do timoneiro (Tg 3.4). O leme controla o navio, a lngua, o crente. 3 . F o g o Talvez a imagem mais dramtica usada por Tiago para ilustrar o poder da lngua seja a do fogo.Tiago diz que a lngua fogo (Tg 3.6). A figura evocada pelo homem de Deus aqui do poder destru tivo do fogo. O fogo queima, o fogo incinera. Uma lngua sem freios e fora de controle queima como fogo! Quantas pessoas esto hoje lite ralmente queimadas por conta de comentrios maldosos que foram feitos sobre elas. Na maioria das vezes no houve umaviso adequada dos fatos. Devemos tomar cuidado com aquilo que falamos. 3 . M u n d o H uma disputa entre os intrpretes sobre o real significado deste termo usado aqui por Tiago. Isso porque a palavra kosmos (Tg 3.6) traduzida por mundo, aqui tem uma variedade de significados no contexto do Novo Testamento. O sentido mais natural do texto que Tiago fala de mundo como a esfera onde as coisas acontecem. Nesse sentido a lngua um pequeno rgo, mas que pode se tornar um grande universo de coisas ruins. Isso explica porque a palavra iniquidade ou injustia vem associa da a mundo no versculo 6 do captulo 3. 4 . V en en o O mau uso da lngua pode desencaminhar uma vida e at mesmo matar. H um veneno na lngua que precisa ser tirado (Tg 3.8). O veneno mortfero do qual fala Tiago reside no po der que a lngua tem de servir ao mesmo tempo para abenoar ou amaldioar. Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; tambm, com ela, amaldioamos os homens, feitos semelhana de Deus. 60. O C u id a d o c o m a q u il o q u e Fa l a m o s i De uma s boca procede bno e maldio. Meus irmos, no conveniente que estas coisas sejam assim (Tg 3.9,10). H regies no Brasil onde se usa o termo lngua grande para pessoas que fofocam ou falam demais. O perigo est em algum possuir uma lngua grandee, alm disso, envenenada. 5 . F o n t e A outra figura usada nesta carta a de uma fonte. Os orientais sabiam da importncia que as fontes de guas doces e perenes possuam para eles. Mais do que qualquer outra coisa, a gua era um bem extremamente precioso. A ideia que Tiago sugere o de uma fonte jorrante {gr. bryo, v.l 1). A analogia simples, mas extremamente forte assim como das fontes jorravam guas do ces, prprias para o consumo, assim tambm a nossa lngua deve ser. Acaso, pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que doce e o que amargoso? (Tg 3.11,12). 6 . rvo re Tiago apela para a peculiaridade de cada espcie. Acaso, meus irmos, pode a figueira produzir azeitonas ou