Saco Comunitário

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1 RECURSO Saco Comunitário Junho de 2012

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Projeto Vive as tuas Escolhas

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RECURSO

Saco Comunitário

Junho de 2012

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Índice:

1. Introdução………………………………………………………………….......3

2. Enquadramento……………………………………………………………….5

Práticas parentais, Psicologia Positiva……………………………...6

Intervenção comunitária, Treino de aprendizagem social………...7

A Educação Parental………………………………………………….8

3. Narrativa da Prática………………………………………………………….11

Critérios de validação para o produto……………………………...11

Área de intervenção, Caracterização técnica,Tipologia,

Utilizadores, Destinatários, Objectivos do recurso, Problemas a

responder, Objectivos, Utilidade, Resumo, Conteúdos ………….12

Inovação, validação, Autonomia e responsabilização,

Metodologia, Contexto, Requisitos, Acessibilidade, Divulgação..13

Plano de trabalho…………………………………………………. …14

Plano de Terreno (Passo a passo)………………………………....15

4. Instrumentos e ferramentas

Ficha de inscrição de utentes……………………………….……...17

Regulamento………………………………………………….……...18

Ficha de avaliação do utente………………………………….……19

5. Avaliação de Recurso

Avaliação da Equipa (constrangimentos e validação)……….…..20

Avaliação da Equipa de monitorização do Recurso………….…..21

6. Considerações Finais…………………………………………………....….24

7. Bibliografia…………………………………………………………………....25

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1-Introdução:

O recurso previsto por este projecto intitula-se “Saco Comunitário”, tem por

objectivo difundir práticas de inter-ajuda, de partilha, reforço e coesão de

grupos, bem como valores no âmbito de uma filosofia de carácter comunitário.

Esta formulação emergiu do projecto “Vive as tuas Escolhas” que está

integrado na freguesia da Trafaria, sediado no Agrupamento de Escolas da

Trafaria, somos constituídos por uma entidade gestora, Santa Casa da

Misericórdia de Almada e por uma promotora Agrupamento de Escolas da

Trafaria, juntamente com alguns parceiros da comunidade, a Junta de

Freguesia da Trafaria, o centro de Saúde da Trafaria e a Comissão de

Protecção de Crianças e Jovens de Almada.

Todos estes elementos participam activamente quer na concepção, execução,

e avaliação, numa intervenção preventiva e remediativa através de abordagens

multidimensionais dos problemas. Promovendo a articulação e potenciação de

recursos locais, quer na organização e dinamização de acções na área da

educação e formação, na valorização pessoal, no reforço da relação escola,

família e comunidade.

Inserimo-nos na Freguesia da Trafaria com uma área de 5,83 Km2,

pertencente ao concelho de Almada com cerca de 5913 habitantes. Existem

alguns bairros clandestinos, com uma população estimada em cerca de 800

indivíduos, de diferentes etnias, que apresentam regra geral baixo níveis de

rendimentos e baixa inserção social, os quais são a nossa população alvo.

Pretende-se um reforço de competências a diferentes níveis, para o exercício

de uma cidadania activa e responsável, bem como uma participação

comunitária direccionada para uma interiorização de práticas saudáveis.

Com base nestes pressupostos, e tendo conhecimento de determinadas

fragilidades na nossa comunidade, partimos para o objectivo de criar um

reforço social, ao nível do vestuário, procurando fomentar práticas de inter-

ajuda, partilha, coesão de grupo, sentimentos de pertença.

Procuramos criar um “Saco comunitário” no qual pudessem estar disponíveis

peças de vestuário, acessíveis para troca num grupo de famílias inscritas e

com essa necessidade, para fazerem face a determinadas dificuldades, por

exemplo, adquirirem vestuário adequado à estação do ano, aos

acontecimentos mundanos, práticas desportivas, entrevistas de emprego, entre

outras.

Bem como no planeamento e gestão das peças usadas e acondicionamento na

própria habitação, o que muitas vezes é o factor principal pela perda de

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interesse e motivação da higienização das mesmas, provocando o “caos” e

destruturação de toda uma panóplia de tarefas e arrumos.

Consequentemente esta dificuldade parental transparecerá em outras

dificuldades, a família é submetida a fragilidades básicas que intervirão com um

bom desenvolvimento e desempenho parental.

Estas dificuldades muitas vezes tomam proporções elevadas que afectam

também outras áreas do dia a dia, e da performance enquanto cuidador

parental para o bom desenvolvimento de crianças de jovens.

Este projecto apareceu paralelamente com um projecto no âmbito da filosofia

do Banco do tempo, e por um outro, conhecido por um elemento desta equipa,

com contornos idênticos ao pretendido.

Foi efectuada uma auscultação de algumas famílias interessadas neste

produto, nos atendimentos a famílias efectuadas por esta equipa, e iniciou-se a

fase de planeamento e preparação, com consequente intervenção ao nível do

terreno.

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2-Enquadramento:

No princípio do século XXI, Portugal, tal como outros países da Europa,

transformou-se num espaço onde convivem pessoas e comunidades de muitas

origens e de muitas culturas. “Sendo assim(…)é premente proporcionar( ..)uma

educação marcada pela abertura à diversidade.(…) Muitas escolas têm

desenvolvido projectos com este objectivo. De uma maneira geral, esses

projectos envolvem recolha de informações sobre hábitos e costumes dos

vários grupos a que pertencem os alunos, entrevistas às famílias, realização de

exposições, semanas gastronómicas, espectáculos musicais, festas etc”. “Este

tipo de abordagens, que têm forte carga afectiva, são importantes, úteis e

traduzem-se em alterações de comportamento positivas que se reflectem no

clima geral da escola e às vezes até do bairro (Magalhães, A.M., Alçada,

I.2003)

Partimos do pressuposto que a criança ou jovem é também um reflexo da

dinâmica familiar instalada, no terreno, ao depararmo-nos com algumas

famílias, encontramos não só o factor disfuncional como o factor de inibição de

algumas competências. Neste caso referimo-nos à especificidade de higiene e

vestuário.

Este factor após algumas abordagens de proximidade às famílias têm

diferentes factores, quer monetários, nos quais as famílias são incapazes de

responder às exigências do meio, isto é, no gerir peças de roupa adequadas às

circunstâncias, sejam elas devido ao tempo climatérico sejam às tarefas

específica (ex. prática de desporto, balnear) sejam festivas. Por outro lado

encontramos famílias com dificuldades no gerir acomodações próprias para as

mesmas, quer por falta de espaço, ou objectos específicos, ex. armários,

gavetas, caixas, quer por desmotivação e desinteresse.

Encontramos famílias ditas carenciadas que ao nível do vestuário, conseguem

dádivas “descomunais”, da comunidade envolvente, das quais não conseguem,

por falta de competências gerir, o que aproveitar, necessitam de um “Guião de

rotinas de higiene, alimentação e vestuário”, saber quais as roupas essenciais

de vestuário dos filhos de cordo com a estação do ano, reflecção sobre a

importância dessas mesmas peças, reflexão sobre a importância da limpeza e

acondicionamento das mesmas.

Necessitando de metodologias diversas, como apresentação de casos para

reflectir, casos reais para discussão, preenchimento de fichas de rotinas, ou

exercícios lúdicos, com objectivos específicos de identificar as rotinas de

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higiene, alimentação e vestuário, compreender a importância da higiene e

alimentação para o bem estar, estratégias de supervisão e apoio às rotinas

(Carita, A; Peceguina I.; Pascoal S. 2003)

Estas dificuldades podem numa perspectiva psicológica interferir os espelhar

outras dificuldades parentais. Existe a necessidade de conhecer algumas

abordagens que poderão procurar explicar o desenvolvimento humano e ajudar

a reflectir, nas rupturas e aprendizagens que são infligidas à família por

exemplo num acompanhamento mais próximo e dirigido ao nível da aquisição

de competências.

Práticas Parentais:

Diversas áreas científicas têm debruçado sobre este tema, procurando

soluções e interpretações de intervenção neste domínio, em virtude dos

desafios pretórios no desempenho das funções parentais nos dias de hoje.

Actualmente os pais têm acesso a uma vasta quantidade de informação e

aconselhamento, que provém de profissionais, dos meios de comunicação e de

elementos da rede social de apoio, quer sejam amigos, ou família. Existe

diversificada número de artigos, seja na imprensa popular, ou literatura

científica, sobre numerosos aspectos do comportamento e desenvolvimento da

criança, bem como nas áreas relacionadas com a saúde, nutrição e educação

infantis, citando MedWay (Ribeiro, M. 2003)

Os contributos teóricos da Psicologia, em especial nas áreas de estudo dos

estilos parentais, têm vindo a acrescentar novas formulações teóricas, muitos

programas de Educação Parental, têm vindo a ser constituídos, integrando

diversas abordagens que se enquadram no âmbito da Psicologia Positiva, ou

outras de acordo com os modelos teóricos adjacentes.

A Educação Parental, conceptualizada na intervenção a mães e pais de

diversos níveis socioculturais e económicos, tem sido alvo de interesse a nível

mundial, procurando sempre uma resposta educativa e preventiva, ou resposta

a uma situação de crise, na perspectiva de Fine, segundo (Ribeiro, M.2003)

Psicologia Positiva:

Seligman, segundo (Ribeiro, M. 2003) fala-nos de uma perspectiva positiva

sobre a experiência subjectiva, os traços individuais e as instituições, serão

uma via para facilitar a melhoria da qualidade de vida e a prevenção patológica.

O objectivo será o de catalisar a mudança de foco da Psicologia: de uma

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perspectiva de remediação dos aspectos negativo da vida para uma

perspectiva preventiva e promocional, centrada na construção de qualidades

positivas.

Hart, fala-nos “No sentido de ajudar aqueles que educam, ensinam e amam as

crianças, a construírem nelas forças e as competências para que as vidas

sejam felizes, criativas e produtivas.” (Ribeiro, M. 2003)

Por outro lado, também, as teorias da comunicação humana, entre outras

abordagens, Hald (1966), referem que “ o comportamento de todo o individuo,

dentro da família, está relacionado com (e depende do) comportamento de

todos os outros. Todo o comportamento é comunicação e, portanto, influencia e

é influenciado por outros (…)O desenvolvimento de regras familiares, levam a

uma definição e ilustração da família como um sistema governado por regras”.

Intervenção comunitária:

No âmbito da intervenção comunitária, têm vindo a ser fundamentados diversas

metodologias com base de pré-teste e pós-tese, com abordagens avaliativas

de áreas como a auto-estima, auto-regulação, atitudes de optimismo entre

outras.

Na literatura científica sobre esta temática, é esclarecido por alguns autores a

diferença entre Treino e Educação Parental, sendo que a primeira associa-se a

intervenções de mudança das práticas parentais (resolução dos problemas)

enquanto que Educação Parental, associa-se à intervenção por objectivos de

prevenção do desenvolvimento de comportamentos disfuncionais. Isto é a

primeira dirige-se mais a pais que têm problemáticas específicas e a segunda a

todos os pais independentemente das suas capacidades parentais, de acordo

com Dore&Lee, segundo (Ribeiro, M, Ser Família, 2003).

Outros autores entendem por Treino Parental os modelos associados a

conceitos behavioristas e princípios da teoria da aprendizagem social.

No entanto salientamos que tanto o Treino como a Educação parental,

evidenciam em comum, o facto de apoiar os pais, com princípios de

aprendizagem e modificações de comportamento, promovendo competências

parentais, de comunicação e de resolução de problemas, dito pelo Schaefer

&Briesmeister, segundo (Ribeiro,M. 2003)

Treino da aprendizagem social:

“ O ser humano, vivo e activo, é alguém que se interpreta e se avalia, sendo

capaz, em certa medida, de regular o seu próprio comportamento(…) A teoria

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da Aprendizagem Social privilegia tanto os aspectos idiossincráticos dos

indivíduos quanto os factores ambientais,( …)enfatiza-se assim a importância

da “avaliação cognitiva” das situações(…)entende-se a interpretação, ou

significado, que cada pessoa atribui aos estímulos com os quais se

depara(...)esta interpretação pode ser substancialmente mudada pela presença

de instruções ou informações. Consequentemente, informações podem afectar

radicalmente tanto a aquisição quanto o desempenho das pessoas(….) por

exemplo é muito mais fácil resolver um problema se existirem instruções

detalhadas de como faze-lo(…) do que se tentar acertar na base de ensaio e

erro.” Segundo (Rappaport C. R.1981)

Desta forma, um dos pressupostos básicos desta teoria é que a pessoa não é

um agrupamento de respostas automáticas, desencadeadas por estímulos

ambientais. Embora estes últimos tenham um impacto sobre a conduta

humana, os indivíduos são capazes de monitorar seu próprio comportamento.

Neste sentido, mudanças de comportamento também ocasionam alterações no

meio externo.

Conclui-se que o ser humano é visto como um organismo activo, capaz de se

auto-regular através de induções e efeitos auto produzidos. Desta forma, o

ambiente controla o individuo na mesma medida em que é controlado por este.

(Rappaport C. R.1981).

“Uma mente inquieta é aquela que mais tem oportunidade de crescer, de se

desenvolver e de se aprofundar.” (Rappaport C. R.1981).

A Educação Parental:

A Educação Parental designada por Pourtois “trata de melhorar as

capacidades educativas das figuras parentais e, nos casos mais graves, de

romper o círculo vicioso segundo o qual as famílias com problemas têm filhos

com problemas que, por sua vez, virão no futuro a criar crianças perturbadas”

(Ribeiro, M., 2003)

Algumas abordagens psicanalíticas dizem-nos por exemplo, (Pedro S. 1998)

que “Existe um aumento crescente do número de crianças e adolescentes

vítimas de abandono, negligência e maus tratos(…)nasceram em famílias

desagregadas, caóticas e rigidificadas em funcionamentos altamente

patológicos, que têm grande dificuldade em se organizarem como meio

facilitador(…)Os pais têm habitualmente perturbações psicológicas intensas e

fecham sobre cada nova geração o mesmo ciclo negativo(…).algumas

“correram o risco de repetir de forma compulsiva os acontecimentos

traumáticos por que passaram(…)O padrão relacional é de desconfiança

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básica em relação ao adultos e meio exterior(…).A vida psíquica organiza-se

num padrão de sobrevivência, perante estas lutas que constantemente

ameaçam o seu funcionamento(…)Só a capacidade de lhes oferecer um novo

modelo de relação pela construção de boas experiências emocionais,

securizantes e organizadoras, possibilitará a reaquisição de uma confiança

básica no Mundo exterior, essencial para o reinvestimento no

próprio(…).acreditamos(…)Na existência de uma vida interior das crianças

(consciente e inconsciente) que influência todos os seus sentimentos,

pensamentos e actos. Na importância de existir um meio exterior securizante e

envolvente(…)Na necessidade de apoio à família e à rede social de onde a

criança provém (…)na necessidade de um verdadeiro trabalho de equipa e

entre equipas multidisciplinares, de boa qualidade humana e com

conhecimentos técnicos suficientes para levar a cabo uma intervenção nestas

situações multiproblema.”.

A Educação Parental, realizada de forma sistemática e consistente,

possibilitará respostas aos pais quando encontradas dificuldades, ou antes

mesmo de com elas se deparem, proporcionando a discussão de

aprendizagem de “formas de comunicar e de ensinar apoiadas em

conhecimentos psicológicos e pedagógicos científicos e na motivação e

voluntarização de mães e pais para adaptarem e mudarem as suas estratégias

educativas num sentido mais adequado e eficaz, que lhe traga, a eles mesmos,

maior bem – estar emocional” de Marujo, o propósito não é, portanto, o de

aprender a ser mãe ou pai, ou a ser mãe e pai perfeitos. Bettelheim(1987) e

Winnicot(1987) …relembram que as crianças não precisam de pais perfeitos,

mas sim de pais suficientemente bons” (Ribeiro, M.2003)

Seligman, fala-nos do optimismo, que é uma abordagem que diz respeito a

uma expectativa global, esta perspectiva baseia-se na forma como as pessoas

tentam cumprir os objectivos a que se propõem: “com uma postura de

confiança, e persistência, mesmo perante as dificuldades; ou com uma atitude

de duvida e hesitação, é um modelo de auto-regulação, com a ideia de base de

que a pessoa optimista persiste em atingir os seus objectivos, segundo

(Ribeiro, M., 2003) de uma forma geral, o optimista encara as dificuldades

como sendo temporárias, pontuais, e não se culpabiliza pela sua ocorrência;

quando confrontada com uma situação difícil, percebe-a como um desafio e

esforça-se para a ultrapassar.

Em consonância com esta ideia, Peterson, segundo (Ribeiro, M., 2003), “refere

que a aprendizagem social contribui para o desenvolvimento de uma atitude de

optimismo, através de um processo de modelagem, pelo que há que prestar

atenção às mensagens que as crianças recebem obre o mundo e a vida, em

geral.”

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De acordo com Medway, segundo (Ribeiro, M. 2003), existem três grandes

modelos de Educação Parental, a serem utlizados: Modelo reflexivo; modelo

comportamental e modelo adleriano, não vamos abordar especificamente cada

um deles, no entanto fazemos nota que, todos apresentam um suporte

empírico, sendo que a opção para um determinado modelo, recaí sobre os

objectivos pretendidos, qualquer um poderá ser escolhido, dependendo do que

os pais querem aprender e das problemáticas evidenciadas.

As três componentes integrantes de qualquer programa de Educação Parental,

são o conhecimento, competências de gestão familiar e competências

interpessoais. A primeira consiste na partilha de informação, como quadro de

referência para as competências parentais que estão a ser ensinadas, a

segunda, centra-se nas competências necessárias para que as figuras

parentais controlem as exigências da família, por exemplo com a modelagem, a

terceira focaliza-se na qualidade das relações, com alvos de atitudes, valores,

auto-conceitos através dos processos de comunicação.

Goodyear e Rubovits fala-nos no modelo de hierarquia de necessidades de

Maslow, que consiste numa grelha conceptual para organizar e enfatizar

componentes segundo uma hierarquia, sendo que as necessidades fisiológicas

são as mais básicas, seguindo-se as necessidades de segurança, de pertença,

de estima e finalmente, de auto-realização. O ser humano esforçar-se-á por

satisfazer as necessidades mais elevadas da hierarquia somente depois de

satisfeitas aquelas que se situam em níveis mais básicos, o que implica que

uma pessoa que, por exemplo, não possui uma fonte adequada e consistente

de alimento, água, oxigénio, habitação e sentido de pertença, não terá

assegurado as condições para desenvolver a sua auto-estima citado por

(Ribeiro, M., 2003)

É verdade que nós nos propomos fazer aquilo em que acreditamos, mas

também é verdade que vimos a acreditar no que nos propomos fazer, por isso,

a persuasão pessoal tem um peso considerável na alteração às atitudes que se

seguem ao comportamento.(Bitti, M. 2009),

“Pretendemos acima de tudo, uma formação a nível de valores familiares,

sociais, e culturais, entre outros, proporcionando às crianças/jovens um

ambiente motivador, securizante e enriquecido de diferentes experiências, para

que possam desenvolver características sociais assertivas e, no futuro, possam

ser cidadãos qualificados a vários níveis, que tenham uma autonomia eficaz e

funcional, visando contribuir para uma sociedade mais justa, próspera e

igualitária” ”Paralelamente à aprendizagem dita normal ou formal, deve existir

uma formação ao nível dos valores sociais, culturais e familiares” Teles, F.,

Pinto, L.C.(2009).

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3- Narrativa Prática: (passo a passo)

1-Critérios de validação para o produto:

2.Área de intervenção:

- Dinamização comunitária e cidadania

3.Caracterização técnica:

Recurso de suporte à motivação, (re)socialização, mediação, inserção social e

profissional e de acompanhamento de públicos em situações de

vulnerabilidade social

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4.Tipologia:

- Utilização de um pacote pedagógico que reúna os instrumentos

necessários à aplicação.

5. Utilizadores :

Os utilizadores deste recurso, são inicialmente promovidos por alguns

elementos da equipa, pelas crianças e jovens e famílias alvo.

6. Destinatários/Beneficiários:

- Famílias alvo e que poderá generalizar-se de acordo com o crescimento do

grupo alvo

7- Objectivos do Recurso

7.1. Problema a responder:

Implementação de um recurso facilitador de satisfação de uma necessidade

material comum na comunidade e optimização de tempo e bens/produtos

excedentes

7.2. Objectivos:

Fomentar a participação em actividades comunitárias em prol da identificação

de um grupo de pertença, promovendo a partilha e auto-gestão comunitária,

bem como a auto-estima e sensibilização ao “Outro”.

Promoção de interacção familiar na organização e co-responsabilização da

manutenção do “Saco Comunitário”, numa dialéctica de formação parental e

valores cívicos.

7.3. Utilidade:

* Auto-satisfação e consequente aumento de níveis de auto-estima e

integração social,

* Promoção de sentimentos de partilha/coesão, auto-ajuda.

8. Resumo e principais conteúdos:

1º Auscultação de famílias e jovens acerca de necessidades materiais.

2º Elaboração de um manual de procedimentos.

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3º Recolha de material necessário.

4º Fomentação de grupos e abordagens inicialmente com supervisão e

posteriormente com auto-gestão.

8.2- Inovação:

Actividade inédita na comunidade, com o intuito de promover laços e micro-

grupos de auto-ajuda e partilha.

8.3- Validação:

Envolvimento de destinatários e parceiros na organização do espaço físico,

recolha de materiais e comunicação da actividade.

8.4. Autonomia e responsabilização:

- Elaboração de ferramentas para a capacitação: quer ao nível da co-

responsabilização; grau de empenhamento; partilha; sentimentos de

coesão, pertença de grupo; identificação.

9- Metodologia:

9.1. O Contexto/ambiente:

Pode ser aplicado em todos os contextos sociais

9.2.Requisitos:

O utilizador deverá ter como requisito competências ao nível da

responsabilidade, organização , e alguma extroversão.

10. Acessibilidade/ quais as formas de acesso ao Recurso:

Numa fase inicial terá a vigilância do monitor responsável através de um roteiro

de famílias voluntárias, posteriormente circulará autonomamente de família em

família.

Divulgação:

11.1.- Acções para divulgar:

Distribuição de flyers e cartazes na comunidade, divulgação nas acções de

formação/parental.

11.2.-Territórios:

Poderá ser difundido em qualquer território.

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Plano de trabalho:

1ª Fase – Experimentação Janeiro a Maio:

A fase de experimentação ocorrerá em três etapas: 1ª Difusão e recolha de

candidatos ao "Saco comunitário",2ª Reuniões mensais com os candidatos, 3ª

Acompanhamento semanal do trajecto do "Saco Comunitário".

Durante a fase experimental serão aferidos os instrumentos de avaliação,

referentes: - à utilidade, pertinência e capacitação. Serão também avaliados

itens como a participação dentro de agregado familiar, e satisfação dos

mesmos.

2ª Fase de Avaliação/Validação:

Na fase de Avaliação/validação serão tratados os dados recolhidos durante a

fase de experimentação, e se os resultados foram ao encontro do esperado na

optimização do recurso passaremos para a fase de consultoria, senão teremos

que analisar hipóteses alternativas para melhorar ou alterar o recurso.

Iremos com base nas reuniões mensais, apoio semanal e dados das grelhas do

instrumento aferir: grau de satisfação, de envolvência, pertinência e

capacitação, dos objectivos propostos.

3ª Fase de Sistematização:

Durante a fase de Sistematização serão recolhidos e compilados todos os

dados referentes ao planeamento e execução da implementação do recurso,

criando assim um portefólio do próprio recursos, no qual será apresentado não

só um enquadramento teórico-conceptual, como uma narrativa de passo-a-

passo de todo o processo.

Esperando assim que este recurso possa ser difundido em qualquer outro local

que necessite deste tipo de resposta.

4ª Fase de Consultoria:

Em Julho já teremos testados dados suficientes para sermos alvos de uma

visita no âmbito da Consultoria.

5ª Fase- Avaliação do acompanhamento

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Plano no terreno:

1º Passo:

Auscultação de necessidades materiais que possam ser satisfeitas no grupo e

pelo grupo, definição de quem pertence ao grupo inicial, através da sua própria

inscrição.

2ºPasso:

Definição do conteúdo do “Saco Comunitário”

3ºPasso:

Recolha de material

4º Passo:

Distribuição de flyers, cartazes e convocatória para reunião de famílias

1º Distribuição de cartazes publicitários da iniciativa pela

comunidade comercial:

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2º Distribuição porta a porta de boletins referentes à iniciativa:

1ª Fase de Circulação do “Saco Comunitário

5º Passo- Elaboração de reuniões pontuais com famílias voluntárias e

organização do roteiro, apresentação do Regulamento.

6ºPasso- Elaboração de um questionário de satisfação.

7ºPasso- 1ª intervenção em casa de uma família, entrega do “Saco

Comunitário” com supervisão do monitor, distribuição do Regulamento.

8º Passo- Recolha do “Saco Comunitário” e do questionário de satisfação ao

fim de três dias.

9º Passo- Avaliação da 1ª intervenção e planeamento da 2ª intervenção

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4- Instrumentos e Ferramentas:

Ficha de inscrição dos utentes:

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PROJECTO VIVE AS TUAS ESCOLHAS

1. Condições para inscrição de famílias no Saco Comunitário:

- Ter mais de 18 anos

- Responsabilizar-se por guardar o Saco Comunitário durante 3 dias na sua casa

- Entrega de um primeiro artigo para a constituição do Saco

- Responsabilizar-se por partilhar e trocar os artigos

- Assumir a entrega do Saco Comunitário à família que se segue na ordem de

inscrição

- Estar presente nas reuniões de famílias do Saco Comunitário, promovidas pelo

Projecto Vive as Tuas Escolhas

2. Constituição do Saco Comunitário:

- O Saco deverá ter sempre 15 artigos de Roupa

- Cada família pode retirar o número de artigos que desejar, desde que os

substitua por outros

- Os artigos deveram estar em bom estado, lavados e engomados

3. Funcionamento do Saco Comunitário:

- O Saco deverá estar em cada lar 3 dias, após os quais deverá ser entregue pelos

próprios a outra família inscrita

- Sempre que o Saco rodar, a família que o recebe deverá escrever a data e nome

na lista que acompanha o Saco

- Sempre que não sejam cumpridas as condições anteriormente mencionadas,

solicita-se que contactem a equipa do Projecto Vive as Tuas Escolhas

4. Novas inscrições:

- As inscrições de novas famílias para o Saco Comunitário são aprovadas em

reunião, pelas famílias participantes, de forma a actualizar o roteiro do Saco.

SACO COMUNITÁRIO

REGULAMENTO

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Ficha de avaliação do utente:

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5- Avaliação do Recurso:

Avaliação efectuada pela equipa:

Constrangimentos:

• Dificuldades de horário para as reuniões mensais.

• Não cumprimento de regras de higiene constantes no regulamento.

Validação:

• Grupo de famílias interessadas.

• Satisfação geral antes e após aplicação de questionário.

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Avaliação pela equipa de monitorização do Recurso:

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6- Considerações finais:

No final da aplicação deste Recurso “Saco Comunitário” podemos verificar que

não foi possível ampliar e torna-lo numa prática autónoma, como pretendido,

no entanto pensamos que poderá ser uma mais valia para outras comunidades,

e quem sabe, para uma replica de procedimentos nesta mesma comunidade

dentro de algum tempo.

Parece-nos que a ideia e filosofia de base são pertinentes, no entanto não nos

foi possível concretizar o esperado. Devemos pois reflectir e reformular

procedimentos e acções, não esquecendo que o facto de o tentarmos já é uma

mais valia para o intento de novos conhecimentos e novos objectivos, a

passividade e a inércia não podem fazer parte da busca das equipas de

terreno.

Podemos ainda acrescentar que o acolhimento e a dinâmica trocada com estas

famílias é por si só uma mais valia, quer ao nível do desenvolvimento de

competências, conhecimentos, aptidões interrelacionais quer das famílias quer

dos técnicos intervenientes em todo o processo.

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Bibliografia:

Bitti, M.(2009) Aprender na Diversidade, a perspectiva dos jovens do programa

escolhas, caderno temático, Alto Comissariado para a imigração e Diálogo

Intercultural

Camilo, C. (2010). pRó.paRental: Construção, implementação e avaliação de um programa de formação parental. Tese de Mestrado em Psicologia Comunitária e Proteção de Menores. Lisboa: ISCTE-IUL. Carita, A.; Peceguina I.; Pascoal S. (2003). Programa de Promoção de

Competências Sociais, Serviço de psicologia, Escola Secundária de Vergílio

Ferreira

Magalhães, A. M., Alçada, I. (2003 )Cidadania e Multiculturalidade. Editorial

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Norton , W.W. (1966) Pragmática da comunicação Humana, Palo Alto

Pedro S., (1998) Crescer Vazio, Repercussões Psíquicas do abandono

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Rappaport C. R., Fiori, W. R., Davis C., (1981) Psicologia do desenvolvimento,

teorias do desenvolvimento, conceitos fundamentais, vol1,(pág.88-92) Editora

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Ribeiro,M. (2003) Ser Família, Construção, implementação e avaliação de um programa de Educação Parental, Dissertação, Universidade Minho, Braga Teles, F; Pinto, L. C., (2009)Ser capaz de Adquirir Competências, o programa

escolhas na perspectiva das crianças e jovens, caderno temático, Alto

Comissariado para a imigração e Diálogo Intercultural