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  • 7/24/2019 Salete Resilincia

    1/25105www.revistas.pucsp.br/ecopolitica

    ISSN: 2316-2600

    Poltica e resilincia apaziguamentos distendidos

    Salete Oliveira

    RESUMO

    Este texto apresenta breves efeitos especficos que um acompanhamento da questo

    da resilincia vem sinalizando, orientado pelo percurso do Projeto Temtico FAPESP

    Ecopoltica. O que se mostra at o momento que agora se investe, preferencialmente,

    em restauraes do governo do vivo frente iminncia ou consecues de sua

    degradao, que se inicia pela prerrogativa da sobrevivncia. Neste caso, a resilincia

    articula-se de forma indissocivel ao conceito de vulnerabilidade e adversidade

    e se mostra como um elemento imprescindvel ao lado da sustentabilidade e

    do empreendedorismo. Apresenta-se como elemento fomentador e provedor de

    adaptaes, mais prximas a adequaes. A resilincia produz e d forma a condutas

    de apaziguamentos distendidos e contenes de resistncias, em simultneo compasso

    com o que vem sendo chamado de cuidado e proteo da vida. Seus baixos

    comeos se iniciam pela formao de crianas e jovens ancorados na resilincia

    como uma nova forma de redimensionamento da cultura do castigo.

    Palavras-chave: Resilincia, poltica, direitos, resistncias

    ABSTRACTThis article presents some brief specific effects that emerged from following the

    issue of resilience, oriented by the course of the Thematic Project Ecopolitics. The

    investment, as it is shown, is currently directed at restoring the government of the

    living before the imminence or achievement of its degradation, which starts from

    the prerogative of survival. In this case, resilience is irreversibly articulated to the

    concepts of vulnerability and adversity, presenting itself as a necessary element next

    Pesquisadora no Nu-Sol e no pro-jeto temtico FAPESP Ecopoltica.Professora no Departamento dePoltica da Faculdade de CinciasSociais e no Programa de EstudosPs-Graduados em Cincias Sociaisda PUC-SP.

    ecopoltica, 4: 105-129, 2012

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    to sustainability and entrepreneurship. It is introduced as an element that fosters

    and provides adaptations, close to adjustments. Resilience produces and shapes

    overstretched conducts of pacification and restraining of resistances. At the same

    pace of what has been called care and life protection. Its low beginnings start

    by training children and youth tied to resilience as a new form of reshaping the

    culture of punishment.

    Keywords: Resilience, politics, rights, resistances.

    Resilincia, no termo

    O termo resilincia, oriundo da fsica, provm de construo realizada

    na sociedade disciplinar. Entretanto, chama ateno a atualidade que ele

    assume ao ter ficado conhecido tambm como Mdulo Young em

    referncia no s a Thomas Young, o fsico que realizou os experimentos

    e os cunhou sob a designao de mdulo resiliente, no incio do sculo

    XIX, especificamente a partir de 1807, mas tambm pelo fato deste

    assumir, simultaneamente, a designao de mdulo de elasticidade aoindicar aferies diversas de suportabilidade de um material diante de

    um impacto, deformar-se e restaurar-se, retornando a sua forma original.

    Foram inmeros vaivm em torno do termo e seus efeitos polticos que

    atravessaram o sculo XX, em especial a partir do ps Segunda Guerra

    Mundial, quando o conceito de resilincia mostra uma de suas procedncias

    significativas atrelado ao duplo invulnerabilidade e vulnerabilidade, at

    seu espraiamento e consolidao na primeira dcada do sculo XXI.

    Resilincia, na palavra:

    A etimogia da palavra resilincia provm do latim (resilio), no qual

    situa-se como verbo (re+salio), designando voltar atrs, ou saltar para

    trs, recuar, retirar-se sobre si mesmo, desdizer-se, encolher-se, distender-

    se. Reslio, ainda, uma denominao, utilizada para nomear um dos

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    ligamentos entre as valvas, conchas, de um molusco segundo a gramtica

    presente na anatomia zoolgica de invertebrados.

    Uma anotao inicial j vale ser indicada sublinhando que a palavra

    reslio um dos termos atuais, tambm, recorrentes para intitular

    investimentos que valorizam a resilincia como conceito-chave para a

    gesto de pessoas voltada aos gerenciamentos de crise, superao de

    stressno ambiente de trabalho, contudo no restritos a ele.

    Mas no s, investe-se, em variados espaos, no reslio otimizador

    de capacidades que buscam encontrar sua adequao adaptativa na

    resilincia, superando, contornando as denominadas vulnerabilidades. Oreslio empreendedor de gente, transmutando os ranos do desempenho,

    da competncia em performance eficiente. Em sua atividade incessante

    de restauraes diante de degradaes como forma de governo de

    restaurao do vivo.

    Est-se diante hoje da propalao poltica da resilincia e seus efeitos

    distendidos dos apaziguamentos de confrontos como conceito, como prtica,

    como gestos muito ordinrios, mnimos mesmo, neste nivelamento, nesterevestimento de mil vestes que encontram seu nome justo e justificado na

    proliferao de direitos em camadas justapostas de uma concha protetora,

    conservadora. No h prola alguma surpreendente a sair desta ostra.

    Apenas vidos negociadores que, dependendo da circunstncia, explicitam

    seu desejo de dizimao, como proto-algozes de seu duplo inerente

    enquanto condio de assujeitados pelo conceito de vtima indissocivel

    da prpria resilincia. E o que se cultiva e se forma so plasticidades

    amorfas, repletas de formas e formas moldveis e modulveis, que se

    dilatam, encolhem e se recolhem, distendem-se, absorvem, distendem-se,

    acomodam, dissimulam e se conformam como bolhas elsticas que so.

    Resilincias e o que, e quem, elas produzem no suportam fissuras.

    A resilincia, e suas voltas tautolgicas em torno do ser resiliente,

    do estar resiliente, do algum resiliente, do algo resiliente da

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    recomposio e restaurao do SER como resiliente, a mais perfeita

    traduo do pice de gente tornada existncia invertebrada, como aspirao

    de ser algum melhor na vida, tambm como duplo complementar da

    vtima sob a continuidade e redimensionamentos do governo de misrias

    que se iniciam pelo regime do castigo.

    Resilincia, reslio, reslio. A resilincia, com seus reslios, reduz

    a vida e a sade a um empreendimento de segurana, protegidas

    e protocoladas por infindveis direitos de existir como sobrevivncia

    invertebrada, sobrevivncia e existncia dos sem osso.

    Antonin Artaud costumava dizer que:para existir basta abandonar-se ao sermas para viver preciso ser algume para ser algum preciso ter um osso preciso no ter medo de mostrar o ossoe arriscar-se a perder a carne (ARTAUD, 1983: 153).

    A resilincia pretende estancar o inestancvel: a peste.E o resiliente? o bolha.

    Se a peste o que ignora soberanias, fronteiras e territrios por

    incidir, antes de mais nada, na moral, h um deslocamento atual que

    merece ateno diante do redimensionamento dos efeitos de tcnicas

    de governamentalizao em simultneo acoplamento a uma tecnologia

    de poder articulada pela resilincia e que se inicia, em seus baixos

    comeos, a partir da formao de crianas e jovens resilientes.

    possvel que, simultaneamente, esteja-se hoje diante do deslocamento

    de nfase na degenerao cujo efeito poltico funcionou como base

    para a construo do anormal (Foucault, 2001; 1987; 2007); trao

    que atravessou a sociedade disciplinar para a incidncia agora na

    degradao. A partir dos efeitos que um acompanhamento da questo da

    resilincia vem sinalizando, orientado pelo percurso do Projeto Temtico

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    Ecopoltica1, o que se mostra at o momento que agora se investe

    no governo do planeta, tambm, enquanto restaurao do vivo frente

    iminncia ou consecues de sua degradao, que se inicia pela

    prerrogativa da sobrevivncia; neste caso, a resilincia articula-se de

    forma indissocivel ao conceito de vulnerabilidadee adversidade e se

    mostra como um elemento imprescindvel ao lado da sustentabilidade,

    promovendo adaptaes, mais prximas de adequaes, e simultneos

    apaziguamentos.

    A resilincia no presente, para a ecopoltica (PASSETTI: 2012b;

    1999)

    2

    , o ecletismo acolhedor por excelncia, acompanhando a expressoutilizada por Foucault (2003: 241). Por meio dela se exercita a renovao

    do pluralismo; a resilincia funciona como elemento sincrtico da

    suportabilidade tanto de degradaes quanto de diferenas, dissolvendo

    estas ltimas (com base na educao para a tolerncia, redimensionando

    tambm racismos) e exercitando mecanismos de solapagem e pretenso

    de se livrar do insuportvel (PASSETTI; 2007) (alicerados na proteo

    1 Conforme repercusses do conceito de resilincia apresentadas em PASSETTI,Edson (2012a) (coordenador PTE Ecopoltica). Relatrio Projeto Temtico Ecopol-tica -2011/ Fapesp (impresso encaminhado Fapesp); PASSETTI, Edson (2012b).Ecopoltica: governo do planeta para um futuro melhor. So Paulo: Projeto TemticoEcopoltica - Relatrio 2011.Disponvel em http://www.pucsp.br/ecopolitica/downloads/ecopolitica.pdf; de formaespecfica no fluxo direitos do projeto temtico Ecopoltica ver OLIVEIRA, Salete(2011) Poltica e fissuras sobre crianas e jovens: poltica, neurocincias e educa-o In Revista Ecopoltica 1. So Paulo: Nu-Sol, set-dez. ISSN: 2316-2600. Dispo-nvel em http://revistas.pucsp.br/index.php/ecopolitica/article/view/7657/5605.

    2Sublinho que a noo de ecopoltica, situando os deslocamentos da biopoltica nasociedade disciplinar para a passagem da ecopoltica enquanto controle do planeta,provm de elaborao em curso e percursos revirados por Edson Passetti, desde adcada de 1990, numa perspectiva libertria e interessada na potncia de resistncias.Ver, j na dcada passada, dentre outras inmeras publicaes: PASSETTI, Edson.Sociedade de controle e abolio da punio.So Paulo em Perspectiva Perspectiva.[online]. 1999, vol.13, n.3, pp. 56-66. ISSN 0102-8839. Disponvel em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88391999000300008&lng=en&nrm=

    iso.http://dx.doi.org/10.1590/S0102-88391999000300008(consultado em 13/7/2012)

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    atrelada denominada cultura de paz que assume, dependendo da

    ocasio, a prerrogativa de tica do futuro).

    Entretanto, um dos efeitos de espraiamento do conceito de resilincia

    sinaliza que ele que pretende ser afirmado como a tica do futuro

    em suas modulveis elasticidades, reconfigurando a falcia da preveno

    geral:

    Por ora atenho-me apenas a breves entradas iniciais em espaos bastante

    dspares, entretanto bem prximos, para a definio de resilincia.

    Guia para a promoo de resilincia, vinculado ao Conselho de Defesa

    da Criana e do Adolescente (Guaruj, So Paulo), que toma como base onovo modelo de tratamento a ser dirigido a crianas e jovens encarcerados

    em unidades de internao ou abrigo: resilincia uma dimenso tica

    com esperana no futuro sem prejuzos para o desenvolvimento3.

    Programa das naes Unidas para o desenvolvimento (PNUD) em

    texto de sua presidente Helen Clark, tambm ex-primeira ministra da

    Nova Zelndia; a escolha da fonte foi propositalmente extrada de

    duplicao nos sites Envolverdee Mercado tico - sua plataforma Globalpara a sustentabilidade:

    Resilincia a base do desenvolvimento. (...) A resilincia acapacidade inerente de um sistema enfrentar qualquer comooexterna, sem importar o quanto previsvel ou surpreendente.(...) Aocriar resilincia, a prioridade deve ser a preveno, complementadacom esforos explcitos para reduzir as vulnerabilidades sociaise o compromisso de manter a integridade das comunidades, as

    instituies e os ecossistemas4.

    3Conselho da Criana e do Adolescente do Guaruj (CMDCAGJA). Guia de pro-moo de Resilincia, vinculado a crianas e jovens institucionalizados por meiode medidas scio-educativas, a partir de referncias para aqueles encarcerados emunidades de internao. Disponvel em http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=o4l9h2g45 (consultado em 27/8/2012)

    4Disponvel em http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/a-resiliencia-e-a-base-do-de-

    senvolvimento/ ; http://envolverde.com.br/noticias/a-resiliencia-e-a-base-do-desenvolvi-mento/(consultado em 8/9/2012)

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    Parece importante no esquecer a diferenciao que Foucault faz entre

    o discurso-reflexo e o discurso-batalha (FOUCAULT, 2011: 221). No se

    trata, portanto, de estabelecer equivalncias, ou, como ele prprio coloca,

    no vale dizer que tudo se equivale (FOUCAULT, 2000), mas interessa

    se deter de forma mais paciente em descontinuidades e estar atento

    produo daquilo que pretende se afirmar como diferente quando se

    situa na homogeneizao diluidora de duplos complementares.

    O duplo resilincia e vulnerabilidade na poltica:

    governamentalidade e tecnologia de poderUma das entradas na poltica do conceito de resilincia situa-se

    no ps Segunda Guerra Mundial, e a partir dela sinaliza-se para um

    possvel deslocamento biopoltico da relao medo-contgio-risco, para

    a combinao ecopoltica entre resilincia, vulnerabilidade e proteo,

    onde no se abdica do medo e do castigo e cujo corte incide mais uma

    vez em crianas. Seus efeitos ganharo maiores contornos na dcada de

    1970 e traro avolumados aportes na dcada de 1990 e primeira dcadado sculo XXI.

    O ps Segunda Guerra trouxe um redimensionamento dos direitos

    humanos que se consolidaram da Declarao Universal de 1948 (ONU,

    1948), no repetindo, mas realocando alguns artigos da declarao de

    1789, dentre os quais se revestiu de proteo aquele que, j no sculo

    XVIII, designava a propriedade como direito sagrado (ANF, 1789: artigo

    17). Corroborou-se a base da prpria liberdade capitalista, consagrando

    o proprietrio e mantendo intacta a concepo liberal de existncia do

    direito moderno e contemporneo. Promoveu-se espao ao mesmo tempo

    para uma das entradas de referncia nas normativas internacionais dos

    direitos de minorias a partir de um trptico de direitos com nfase em

    refugiados, mulheres e crianas, enquanto efeito da guerra e do prprio

    funcionamento da poltica. No caso de crianas em especial emblemtica

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    a Declarao dos Direitos da Criana de 1959 (ONU, 1959), como

    pretenso de ultrapassar a Declarao dos Direitos da Criana de 1924

    (League of Nations, 1924), refazendo circuitos exegticos e carcomidos

    de reforma da preveno geral para a condio da prpria existncia e

    permanncia do direito, do Estado e da poltica.

    Em 1955, tem incio o estudo de Emmy Werner (Werner e Smith,1982)

    que viria a ser publicado de forma completa na dcada de 1980 sob

    o ttulo Vulnervel, mas invencvel: um estudo longitudinal de crianas e

    jovens resilientes. Werner, munida por arsenais provenientes da psicologia,

    psiquiatria e antropologia, acompanhou por mais de trs dcadas 698crianas nascidas na ilha de Kuai no Hawa. A importncia deste estudo

    mostra-se como uma referncia para a chegada ao conceito de resilincia

    a partir de sua aplicao sobre crianas e jovens.

    Entretanto, a resilincia no se constitua como objetivo do estudo

    em si. Ele partia do que era construdo como situaes de risco,

    entendendo-as como pobreza, baixa escolaridade dos pais, stressperinatal

    ou baixo peso no nascimento, e ainda deficincias fsicas. Foi destascondies de risco que passou a situar-se uma das entradas iniciais para

    as chamadas condies adversas, ou mesmo adversidades, que viriam

    a ser acopladas resilincia, acompanhadas dos efeitos da guerra, dos

    campos de concentrao; dos refugiados e nativos; e do funcionamento

    da prpria politica, abarcando a questo da sobrevivncia a partir do

    conceito de vtima que capaz de superar sua prpria condio e no

    apresentar dficits em seu desenvolvimento.

    Neste momento ainda construa-se o resiliente como o sinnimo de

    invulnervel. E, mais tarde, os adeptos da resilincia viriam a gradu-

    la em sua prpria elasticidade, para rever o conceito de invulnervel, e

    passar a demarcar o resiliente como o vulnervel que capaz de forjar

    e se revestir de mecanismos de proteo.

    O estudo mostrou-se como uma das matrizes de referncia que

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    marcam procedncias para as posteriores construes do conceito de

    resilincia, que passar a congregar tambm a equao: fatores de

    risco e mecanismos de proteo, articulado pela relao contnua entre

    degradao, adversidade seletiva, vulnerabilidade, proteo, sobrevivncia

    e desenvolvimento.

    Foi mais uma vez pelos escrutnios, pelas devassas interminveis sobre

    os corpos de crianas, que a resilincia pde se firmar como conceito

    que passou da concepo do invulnervel como o inquebrantvel, para

    o vulnervel, mas indestrutvel, pela capacidade plstica da prpria

    resilincia.Foram 698 crianas nascidas em Kauai (...). As crianas foram

    avaliadas com um ano de idade (incluindo entrevistas com os pais)

    e acompanhadas at as idades de 2, 10, 18 e 32 anos. O foco da

    pesquisa relatada no livro Vulnerable but invincibleforam 72 crianas

    (42 meninas e 30 meninos) (....) (Yunes, 2003: 78). Segundo as

    referncias recorrentes na bibliografia a respeito de resilincia (em OMS/

    OPAS e Maria ngela Matar Yunes, especificamente) esta pesquisa sealinha a um campo de estudos que se inserem em incurses voltadas

    s investigaes que balanos emblemticos sobre a literatura a respeito

    da resilincia remetem como aqueles provenientes, com maior nfase,

    tanto do Reino Unido quanto dos EUA, e que so situados a partir da

    denominao da resilincia com foco no indivduo.

    Crivo desta tendncia a definio adotada pelo Projeto Internacional

    de Resilincia, coordenado por Edith Grotberg e apoiado pela Bernard

    van Leer Foundation: Resilincia uma capacidade universal que

    permite que uma pessoa, grupo ou comunidade previna, minimize ou

    supere os efeitos nocivos das adversidades. (Grotberg, 1995: 7).

    Neste sentido que uma gama de pesquisadores do denominado

    desenvolvimento humano estudam os padres de adaptao individual

    da criana associados ao ajustamento apresentado na idade adulta.

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    Procuram compreender como adaptaes prvias deixam a crianaprotegida ou sem defesa quando exposta a eventos estressores(Hawley e DeHann, 1996), e estudam tambm como os padresparticulares de adaptao, em diferentes fases de desenvolvimento,

    interagem com mudanas ambientais externas (Sroufer & Rutter,1984), entre as publicaes mais citadas esto as primeiras noassunto, intituladas Vulnerable but Invincible (Vulnerveis, porminvencveis), Overcoming the Odds (Superando as adversidades),ambos de Werner e Smith (1982, 1992) e The InvulnerableChild (A criana invulnervel) de Anthony e Cohler (1987). Aimportncia destes estudos est na caracterstica long-term, ou seja,so estudos longitudinais que acompanham o desenvolvimento doindivduo desde a infncia at a adolescncia ou idade adulta

    (Yunes, 2003: 77-78).

    O que se mostra aqui que estes investimentos em campos de pesquisas

    que redundam no conceito de resilincia e que se iniciam concentrados

    naquilo que denominado por indivduo, no s partem do conceito

    de desenvolvimento humano e de indivduos em desenvolvimento,

    mas elegem a criana enquanto seu alvo principal de aporte e escopo.

    No fortuito que hoje haja uma ateno intensificada em investimentosde diferentes cepas para pesquisas, estudos, projetos, programas que

    privilegiem abordagens concentradas na chamada primeira infncia,

    contemplando nfases na resilincia.

    Para ficar apenas em breves referncias, vale destacar recentes chamadas

    de editais pela Fapesp; o Projeto ateno brasil, o INPD e o Projeto

    Prevenoalinhado a outros de seus 16 projetos multicntricos e suas

    relaes com resilincia pela via das neurocincias, psiquiatria e direitos,

    at as conexes entre direitos, psicologia, psiquiatria e as neurocincias,

    educao, sade e segurana, resilincia e desenvolvimento sustentvel

    como mostram as conexes j sinalizadas pelo acompanhamento das

    articulaes entre o IINN-LES por meio da direo de Miguel Nicolelis e

    os subsdios fornecidos por ele para a atual incrementao do Programa

    Fome Zero por meio da Ao Brasil Carinhoso, programa que, sob os

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    efeitos da Rio+20, foi tomado como referncia para a replicao de um

    investimento planetrio em seu correlato de fome zero mundial, assim

    como o SUS tambm sob os mesmos efeitos da Rio + 20 que passou a

    servir de baliza de referncia para diretrizes internacionais em compasso

    de espera para continuidade da projeo das metas de desenvolvimento

    sustentvel que viro a substituir as metas do milnio no que se

    refere relao direitos, sade e segurana para o planeta.

    Num continuum de projees para as metas do desenvolvimento

    sustentvel por meio do governo das misrias, mostra-se uma articulao

    do desenvolvimento humano conjugado resilincia cujo mote socrianas e jovens, para se definir no grande documento do ano de

    2012 da ONU, o Relatrio do Painel de Alto Nvel sobre Sustentabilidade

    Global, o que se intitulou por Povos resilientes, planeta resiliente: um

    futuro digno de escolha, composto por seis sees: I A viso do Painel;

    II - Progresso rumo ao desenvolvimento sustentvel; III - Capacitando as

    pessoas para fazerem escolhas sustentveis; IV Trabalhando rumo a uma

    economia sustentvel; V Fortalecimento da governana institucional; VI- Concluso: Um chamado ao.

    Na concluso do relatrio se elenca a viso geral que reproduz a seo

    I do Relatrio do Painel. ela que neste momento interessa destacar pelas

    indicaes da resilincia, a partir de crianas e jovens, num contraponto

    entre o estudo iniciado na dcada de 1950 por Werner e o relatrio de 2012,

    aqui importando menos o que ficou do relatrio em junho deste ano e mais

    o que serviu de mote s barganhas e negociaes que um documento como

    este enseja e que j estava inclusive subscrito em seus crditos originais.

    A sesso geral do painel encerrada por dois pargrafos finais, o 18 e

    o 19, que merecem ser sublinhados como as entradas iniciais da prpria

    palavra resilncia para povos e o planeta; so elas, respectivamente:

    [Pargrafo] 18. Este Painel acredita que decidir o futuro faz parte

    do esprito e do desejo da nossa humanidade comum. Este

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    Painel, portanto, est do lado da esperana. Todas as grandesrealizaes da histria humana comearam com uma viso antesde se tornarem realidade. A viso da sustentabilidade global,produzindo tanto um povo resiliente quanto um planeta resiliente,

    no diferente. [Pargrafo] 19. Em 2030, uma criana nascidaem 2012 - o ano de publicao de nosso relatrio completar18 anos. Teremos feito o suficiente nos prximos anos para dar-lhe o futuro sustentvel, justo e resiliente que todas as nossascrianas merecem? Este relatrio um esforo de responder essapergunta. (GSP/ONU, 2012: 5)

    Mesmo que de forma mnima, aqui se apresentam expresses do

    investimento pelo revestimento de direitos em suas conexes entretolerncia, cultura de paz, voluntariado e resilincia a partir da

    complementaridade entre programas de paz e programas de pacificao.

    Enfatizam-se elementos de restaurao do que construdo como

    degradado, privilegiando a continuidade do regime do castigo via penas

    alternativas e justia restaurativa. Mais uma vez, suas entradas iniciais

    situam-se por governos sobre crianas e jovens, e no campo das

    diretrizes internacionais seus parmetros consolidaram-se na dcada de1980 pelas Regras de Beijing (ONU/UNICEF, 1985); na dcada de

    1990 pela Conferncia de Viena de 1993 (ONU, 1993), assim como o

    conjunto de Planos de direitos humanos no Brasil, em especial o PNDH

    III (SDH/PR, 2010), na primeira dcada do sculo XXI, que veio adotar

    a concepo de desenvolvimento extrada da elaborao proposta por

    Amartya Sem (Idem: 34), que pretende conjugar o impossvel, e que j

    se anuncia como a primeira das metas do Desenvolvimento do Milnio:

    o fim da fome e da misria sob a continuidade do capitalismo e da

    existncia da propriedade e do Estado.

    Mas no s, trata-se aqui do investimento na liberdade incrustrada

    em modulaesde suas medies permeadas pelo conceito de qualidade

    de vida, que Sen, j dcada de 1990, definia, transmutando tambm a

    resilincia ao lado do conceito de vulnerabilidade, enquanto aquele mais

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    13/25117www.revistas.pucsp.br/ecopolitica

    ISSN: 2316-2600

    apropriado do que o de risco, como: a condio de saber-se governar

    desde que se sabendo governado.

    Se o pastorado, como mostrou Foucault, o preldio da

    governamentalidade (Foucault, 2008: 343-244; 2003; Passetti, 2011),

    possvel que neste conjunto inicial apresentado relativo resilincia

    se encontrem algumas breves sinalizaes para a resilinciasituando-

    se hoje como uma distendida forma de governamentalidade, ao mesmo

    tempo que se constitui enquanto uma tecnologia de poder de governos

    resilientes.

    O trptico resilincia, sustentabilidade e empreendedorismo

    O conceito de resilincia, atrelado ao de sustentabilidade, mostra-se

    fomentado pelo empreendedorismo e tambm desemboca nele; ainda que

    esta questo especfica apresente inmeras entradas e conexes, vale

    sublinhar de forma breve duas especficas: uma primeira vinculada a

    crianas e jovens na regio andina, por um detalhe nfimo; e a segunda

    tomada como referncia matriz para a entrada da resilincia na chamadaliteratura ecolgica.

    A primeira fonte provm da dcada de 1990 a partir de artigo de

    Francisca Infante (2005), A resilincia como processo: uma reviso da

    literatura recente. Infante j se situa em uma gerao dos construtores

    do conceito de resilincia que no mais o tomam como caracterstica

    universal, mas como trao forjado por meio da educao revestida de

    mecanismos de proteo, dirigidos a crianas e jovens, catalizados por

    polticas sociais, com nfase na sade e segurana diante das chamadas

    condies de vulnerabilidade.

    Infante no s est vinculada OPAS trabalhando na Unidade de

    Desenvolvimento da Adolescncia, como tambm uma colaboradora

    direta do Projeto Internacional de Resilincia, dirigido por Edith Grotberg

    e apoiado pela Bernard van Leer Foundation. A referncia a seu artigo

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    14/25118www.revistas.pucsp.br/ecopolitica

    ISSN: 2316-2600

    se faz menos pelo balano que ela apresenta sobre a literatura relativa

    resilincia, no que seja menos importante, mas mais por um pequeno

    detalhe, quando ela, ao expor um diagrama de exemplificao de poltica

    imediata de resilincia, utiliza como recurso um projeto de resilincia

    levado a cabo junto a crianas na regio andina.

    O projeto Kusisqa Wawa um processo piloto, orientado para apreveno dos efeitos negativos do maltrato em crianas menoresde 6 anos que vivem na rea rural andina do Peru. O plano detrabalho de Kusisqa Wawa considerado inovador, pois trabalhacom um enfoque de resilincia que promove a auto-estima,a criatividade, o humor e a autonomia das crianas, alm detrabalhar com a famlia, a comunidade e as organizaes sociais.O projeto Kusisqa Wawa uma iniciativa da Secretria Tcnicade Assuntos Indgenas do Ministrio de Promoo da Mulher edo Desenvolvimento Humano, com o apoio da Fundao Bernardvan Leer (Kusisqa Wawa, 1998, 1999 Apud Infante, 2005).

    A segunda fonte encontra-se situada em Crawford Stanley Holling, a

    partir de estudo realizado na dcada de 1970, na regio dos Grandes

    Lagos, de forma simultnea reemergncia do neoliberalismo (Foucault,

    2007). Sua pesquisa tomada como um marco para a introduo mais

    contempornea do conceito de resilincia na ecologia. Nela, Holling,

    lanando mo de argumentao liberal, com base na teoria dos sistemas,

    procurou mostrar a distino entre sistemas estticos e sistemas resilientes.

    Privilegiou a primazia dos ltimos, ao perseguir a idealizao de uma

    estabilidade projetada enquanto sustentabilidade, e diante da qual acapacidade resiliente mostra-se, segundo ele, como elemento dinmico de

    eficcia adaptativa para restaurao de sistemas degradados e segurana

    de seu desenvolvimento, garantindo a sobrevivncia de populaes de

    minerais, vegetais e animais, dentre eles o homem.

    No um mero acaso que o estudo de Holling, intitulado Resilience

    and stability of ecological systems, tenha sido publicado em 1972, mesmo

    ano da Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente Humano,

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    15/25119www.revistas.pucsp.br/ecopolitica

    ISSN: 2316-2600

    em Estocolmo. Mas no s, o empreendedorismo e a sustentabilidade

    vinculam-se de forma indissocivel obra de Holling como sua longa

    parceria com Lance Gunderson, editor da revista neoliberal Ecology and

    Society, e ambos vinculam-se de forma direta ao Centro de Resilincia de

    Estocolmo Centro de pesquisa avanada sobre governana de sistemas

    scio-ecolgicos com nfase em resilincia.

    No caso do Brasil, cabe neste momento sinalizar para uma fonte

    mais recente vinculada resilincia e empreendedorismo com entrada via

    psicologia clnica que assumir desdobramentos com as vertentes da nfase

    atual na psicologia cognitiva e sistmica e a proliferao de suas variadasterapias, pela tese de doutorado de George Barbosa5(Doutor em psicologia

    clnica pelo Ncleo de psicossomtica e psicologia hospitalar do Programa

    de Estudos ps-Graduados em Psicologia Clnica da PUCSP), defendida

    em 2006 e apresentando conexes diretas com a Sociedade Brasileira de

    Resilincia, a SOBRARE6, onde George Barbosa seu diretor cientfico.

    Um dos produtos vendidos pela SOBRARE o quest-resilincia,

    elaborado na tese de doutorado de Barbosa Resilincia em professores doensino fundamental de 5 a 8 srie: validao e aplicao do questionrio

    do ndice de resilincia adultos Reivich-Shate/Barbosa; ou melhor,

    5George Barbosa graduado em psicologia e pedagogia, mestre em Psicologia eDoutorado em Psicologia, todos pela PUCSP. Atualmente Pesquisador e membroda Sociedade Brasileira de Resilincia (SOBRARE), membro da Associao Brasi-leira de Medicina Psicossomtica (ABMPSP) e atua como Orientador Convidado emprojeto de desenvolvimento acadmico de Resilincia. No mbito corporativo, traba-lha como Coach Executivo / Emocional. Pesquisa principalmente Terapia de Casale Famlia; Interfaces da Informtica com a Psicologia; Resilincia Pessoal, Corpo-rativa e Ambiental; Gesto de Pessoas e Orientao Profissional; Terapia Cognitivae Sistmica. Ele prprio se apresenta como Profissional com ampla experinciaclnica, tem satisfao por estar em constante atividade e ser citado como referncianas atividades em que est engajado. Dedica-se no suporte e compartilhamento dosmomentos de: dificuldades emocionais ligadas aos relacionamentos individuais e docasal; re-orientao da carreira profissional, e compartilhamento das rotinas e proces-sos nas tomadas de decises e desafios no ambiente corporativo. Tambm integra oProjeto de Pesquisa em Divulgao Cientfica em Nanotecnologia na FAPESP.

    6http://www.sobrare.com.br/

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    16/25120www.revistas.pucsp.br/ecopolitica

    ISSN: 2316-2600

    elaborado no, e sim transposto para o pas como forma de certificar

    a validade do instrumental para o Brasil sob o acrscimo de aquisio

    de sua patente, pois o arsenal de medio j existia e a partir de sua

    tese foi protocolado no pas como ndice de resilincia para adultos,

    mas queles ligados diretamente educao escolar de crianas jovens.

    A SOBRARE uma empresa que vende produtos de formao e

    capacitao profissional voltados resilincia aliados ao empreendimento

    na instrumentalizao de universidades em trabalhos acadmicos cujo

    produto-carro-chefe o quest-resilincia, mostrando-se como um recurso

    profcuo na formao de pesquisadores-empreendedores e resilientes; aSOBRARE ainda diversifica seu mercado por meio de consultorias e

    promoo de cursos e treinamentos para o que ela denomina por clientes,

    tais como empresas, bancos, fundaes, elencando-os em seu site sob a

    chamada, clientes que j se beneficiaram de treinamentos e produtos

    da SOBRARE. So eles: o Banco Central do Brasil; o Bradesco; a

    Odebrecht, a Fundao Telefnica; a Editora Abril; a Ultra (conhecida

    tambm como Ultrapar que atua no setor de distribuio de energia,principalmente por meio da Ipiranga e da Ultrags); o Cielo (empresa

    lder de pagamentos eletrnicos na Amrica Latina), dentre outros.

    A tese de Barbosa alinha-se a uma das vertentes de pesquisas sobre

    resilincia distinta dos estudos iniciais designados pela preponderncia com

    foco no indivduo e prospeces longitudinais, como a de Werner e a de James

    Anthony, e privilegia os chamados estudos, medies, projetos e pesquisas

    multidimensionais. Quando o prprio Barbosa define seu trabalho dentre

    aqueles que, no campo da resilincia, a apresentam como uma manifestao

    que no se relaciona apenas s estratgias de coping7desenvolvidas frente

    ao stress, mas sim como a da capacidade de transcender.

    7A palavra coping geralmente utilizada no original em ingls para referir-se aesforos cognitivos e comportamentais para lidar com demandas especficas de situ-

    aes adversas e avaliadas como sobrecarregando ou excedendo os recursos pessoais(Yunes, 2003, p. 79)

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    17/25121www.revistas.pucsp.br/ecopolitica

    ISSN: 2316-2600

    Trata-se de viver a experincia transcendental do renascer das amar-ras do sofrimento e da adversidade. Porm, no na condio de viti-mizados ou prisioneiros de histrias de culpas e rancores, mas enri-quecidos pela experincia da adversidade, caminhando resolutamente

    frente com vistas em viver mais e melhor (Barbosa, 2006: 27-28).

    Aqui, o que se escancara a relao preferencial que refaz o lugar

    da vtima, e sobrepe a ele o papel do negociador, sob a forma de

    dissimulao e adaptaes resilientes adequadas s aspiraes da vida

    enquanto viver melhor, viver mais e melhor. Reatualiza-se a flexibilidade

    de Flach quando este afirmava que, diante de uma desintegrao (pela

    psiquiatria da estrutura e da falta dela), trata-se de reorganizar a vidade forma eficaz. E a transcendncia assume ainda o trao correlato ao

    conceito de flexibilidade, e neste ponto que Barbosa, via Flach, recupera

    por diversos itinerrios da volatilidade do conceito de resilincia um de

    seus pontos de consolidao moldvel e modulvel pelo trao inerente

    da resilincia trazer o conceito de flexibilidade, desde os primrdios

    de seus estudos. Barbosa no s corrobora o termo cunhado para as

    Cincias Humanas em 1966 pelo psiquiatra Frederic Flach em sua obra

    Resilincia: a arte de ser flexvel livro largamente adotado, hoje, no

    campo da denominada educao inclusiva , como sublinha que a falta

    de flexibilidade a incapacidade de harmonizar um projeto de vida.

    A SOBRARE investe ainda na promoo de congressos sobre resilincia.

    Dentre estes ltimos encontra-se o I Congresso Brasileiro de Resilincia:

    avanos e desafios para a resilincia em terras brasileiras, realizado naUNIFAI (Centro Universitrio Assuno SP) em novembro de 2012.

    Sua divulgao se deu nos seguintes termos: Durante este evento,

    profissionais e acadmicos de todo o Brasil podero trocar experincia e

    dividir conhecimentos sobre resilincia, Psiconeuroendocrinoimunologia,

    meditao, coaching, gesto de mudana, gesto em recursos humanos,

    entre outros8, pela presidente da SOBRARE, Denise Sria.

    8Disponvel em http://www.sobrare.com.br/cursos.php?id=17 (consultado em 12/10/2012)

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    18/25122www.revistas.pucsp.br/ecopolitica

    ISSN: 2316-2600

    A programao do Congresso envolveu, dentre outros nomes ligados

    resilincia,

    George Barbosa, diretor cientfico da Sobrare e membrodiretor nacional da ABMP [Associao Brasileira de MedicinaPsicossomtica]; Eduardo Carmello, diretor da EntheusiasmosConsultoria em Talentos Humanos; e Edna Bedani, diretora derecursos humanos e responsabilidade social no Ticket EdenredGroup. (...) estaro tambm presentes ao evento Cristina Masiero,coordenadora do Servio de Orientao Empregabilidade do LarEscola So Francisco e consultora de incluso; Claudia Riecken,fundadora da Quantum Assessment e criadora do Mtodo Quantum;Carlos Legal, scio-diretor da Legalas Educao e Qualidade

    de Vida e membro do comit de gesto e desenvolvimentoda ABQV; Vera Martins, diretora da Assertiva Consultores Educao Corporativa e professora da Fundao Vanzolini, e VeraLigia Assis, psicopedagoga (PUC/SP) e facilitadora do programaFriends for Life9.

    Claudia Riecken, certificada pela patente de ter criado o Mtodo

    Quantum que se conecta Universidade Quantum10. Entre os clientes do

    mtodo quantum esto empresas como os Laboratrios EMS, Embraer,Toyota, Gelre, Makro, Pernambucanas, Roche e Votorantim.

    Atualmente o mtodo tem laboratrios lingsticos no Brasil e no

    Mxico e pontos de conexo nos EUA, Europa e Oceania, e tambm

    validado cientificamente em verses nos idiomas espanhol e ingls.

    exportado para alm das fronteiras brasileiras e obteve o mesmo sucesso

    na Amrica Latina e nos EUA. As verses lingsticas foram devidamente

    contextualizadas em cada pas onde foram aplicadas: Mxico, Argentina,

    Chile, Colmbia, Uruguai, Paraguai, EUA e Austrlia. Alm do teste

    e assessoria aps a sua realizao, a Quantum Assessment (Avaliao

    Quantum) oferece gratuitamente, pela Universidade Quantum, palestras e

    eventos em vdeo com contedo para desenvolvimento Humano. Na Aula

    9Idem.

    10 http://www.universidadequantum.com/devsite/

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    19/25123www.revistas.pucsp.br/ecopolitica

    ISSN: 2316-2600

    Magna por exemplo, profissionais renomados passam seu conhecimento

    para os internautas11.

    De outra feita, a Universidade Quantum (alocada na Quantum Assessment)

    [assesesment: avaliao; tributao, imposto, multa/ determinao de

    taxas/quantum: quantidade, frao, poro, parte] se caracteriza pelo que

    ela denomina de proposta de universidade que renova o conceito de

    educao contnua por meio do processo de formao constante].

    Por sua vez, o mtodo quantum, segundo a Universidade Quantum, um teste cientfico que mapeia as caractersticas comportamentaise pode facilitar o dia-a-dia das empresas (...) Mais do que uma

    simples anlise, respondida em alguns minutos, o Mtodo Quantum fruto de mais oito anos de estudo da Dra. Claudia Riecken ede uma equipe composta por 28 profissionais entre psiclogos,estatsticos, educadores, lingistas e engenheiros de tecnologia.Respondido individualmente pelo usurio, o teste simples,possui grupos de palavras em cada questo que geram diferentesestmulos neurolgicos e revelam as tendncias de comportamento.As palavras foram escolhidas por meio de estudos em programaoneurolingustica e engenharia humana. Cada uma tem uma recordaoinconsciente associada s quatro emoes primrias de WilliamMoulton Martson, psiclogo norte-americano que colaborou paraa base do entendimento neurolgico e emocional. Estas quatroemoes, base do Mtodo Quantum, so: Predominncia, Induo,Submisso e Conformidade. A partir delas, o teste denominou cadauma das emoes e seus traos caractersticos como:Ao - Estilo de ao percebida na personalidade pelo nvelde predominncia que apresenta; Comunicao - Estilo deInduo percebida na personalidade pelo nvel de extroverso ouexpressividade que apresenta. Estabilidade - Estilo de Submisso

    percebida na personalidade pelo nvel de estabilidade em quese submete aos estmulos ambientais. Referenciais - Estilo deConcordncia percebida na personalidade pelo nvel de obedincia12.

    11Disponvel em http://www.universidadequantum.com/devsite/index.php?option=com_k2&view=item&id=507:em-poucos-minutos-o-m%C3%A9todo-quantum-revela-com-precis%C3%A3o-as-emo%C3%A7%C3%B5es-prim%C3%A1rias&Itemid=20 (consul-tado em 27/9/2012)12Disponvel em http://www.universidadequantum.com/devsite/index.php?option=com_

    k2&view=item&id=507:em-poucos-minutos-o-m%C3%A9todo-quantum-revela-com-

    -precis%C3%A3o-as-emo%C3%A7%C3%B5es-prim%C3%A1rias&Itemid=20 (consul-tado em 27/9/2012)

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    20/25124www.revistas.pucsp.br/ecopolitica

    ISSN: 2316-2600

    Em maio deste ano Cludia Riecken ministrou uma palestra com ttulo

    homnimo a seu ltimo livro publicado, Sobreviver: instinto de vencedor.

    Esta expresso remete tanto a uma das primeiras procedncias da relao

    entre poltica e resilincia apontadas nesta exposio a partir do estudo

    de Werner com crianas que se iniciou no Hawa, assim como com a

    obra Estado da arte em resilincia, publicada pela OPAS/OMS na dcada

    de 1990, cuja epgrafe j explicita: As crianas so inerentemente

    vulnerveis, sem dvida, por sua vez, so fortes em sua determinao

    de sobreviver e crescer (OPAS/OMS, 1997).

    Um dos elementos constantes no material consultado sobre resilincia

    13

    vincula-se relao indissocivel entre a adversidade e a sobrevivncia,

    como condio de superao da prpria adversidade. O duplo adversidade-

    resilincia situa-se, assim, na acomodao pela pr-atividade de cuidadores e

    auto-cuidadores, na adaptao redimensionada pela adequao de condutas

    parametradas por mecanismos protetores, no ajuste flexvel em torno

    de melhorias. Da a relao constante entre resilincia, fatores de risco

    e mecanismos de proteo; de sobrevivncias operacionalizadas tambmpelo conceito de vulnerabilidade, programadas e auto-programadas pela

    chave da capacidade criativa de superao (no interior e no exterior

    daquilo que o campo da resilincia situa como desenvolvimento de

    competncias, desdobradas ainda da via da psicologia e da educao

    em suas nfases cognitivas provenientes de construes da sociedade

    disciplinar e dos efeitos de governamentalidades biopolticas). Entretanto,

    para os efeitos atuais do funcionamento de uma ecopoltica em curso no

    planeta, o investimento em resilincia e na formao de gente resiliente

    diz respeito, tambm, a uma conduta esperada para pacificaes de

    confrontos onde a restaurao do degradado encontra sua acomodao

    13Ver KOTLIARENCO, Mara Anglica; CCERES, Irma; ALVAREZ, Catalina

    (1996). Resiliencia: construyendo em adversidade. Santiago de Chile: CEANIM, mastambm bibliografia especfica relativa resilincia no final deste artigo.

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    21/25125www.revistas.pucsp.br/ecopolitica

    ISSN: 2316-2600

    ensimesmada na armadilha entre suportabilidades e superao do que

    h de nocivo nas adversidades, corroborando parte da definio de

    resilincia proposta por Gruteberg.

    Colocado em outros termos, est-se diante de algo muito distante da

    afirmao radical de Hlio Oiticica: da adversidade vivemos. Hlio, que

    com destemor estalava desnudo: eu incorporo a revolta. O mesmo Hlio

    que, quando envolto na preparao de Cosmococa, simultaneamente,

    dizia a um amigo pelo telefone, mais ou menos assim, estou sentado em

    cima de matria explosiva, dinamite pura.14

    Breve nota para dar um m ao regime do castigo

    O conceito de resilincia entra no Brasil durante a ditadura civil-

    militar, pela via da medicina e de forma especfica pela psiquiatria,

    acompanhando a referncia dos estudos de Edwyn James Anthony (1987),

    assentados em pesquisas sobre psicopatologias em crianas e jovens,

    publicadas sob o ttulo The invunerable child. Estas incurses iniciais da

    resilincia no pas dirigiam-se simultaneamente a crianas espancadas,trituradas, modas pelos seus pais, responsveis, ou autoridades superiores

    que exerciam sua fora sobre seus corpos. A medicina viria a se fartar

    construindo mais uma sndrome, neste caso, a sndrome da criana

    espancada ou vtima de maus tratos. O conceito de vitimizao tomou

    p, tambm, pela dupla relao poltica inerente resilincia: o castigo

    e o apreo assujeitado pela construo do lugar da vtima.

    preciso lembrar sim da reativao do poder soberano na ditadura

    civil militar, mas de no esquecer que cotidianamente ele exercido

    14Para Hlio Oiticica nesta perspectiva ver CARNEIRO, Beatriz (2004). Relmpagoscom Claror: Lygia Clark e Hlio Oiticica, vida como arte. So Paulo: FAPESP, emespecial pp. 155-265. Na perspectiva de uma outra maneira de lidar libertariamentecom a questo das drogas ver, em especial, PASSETTI, Edson (1991). Das fumeriesao narcotrfico. So Paulo: Educ-PUCSP; RODRIGUES, Thiago (2004). Poltica edrogas nas Amricas. So Paulo: Educ-PUCSP/FAPESP; PASSETTI, Edson e AU-

    GUSTO, Accio (2010). Aula-teatro 7 Drogas-nocauteIn Revista Verve. So Paulo:Nu-Sol, v. 18, pp. 13-42.

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    22/25126www.revistas.pucsp.br/ecopolitica

    ISSN: 2316-2600

    pela naturalizao aceita e consentida de cada um diante do exerccio

    de extenso da fora de propriedade dos pais, dos responsveis, do

    Estado, de autoridades superiores variadas sobre os corpos de crianas.

    de no se esquecer que, sob todos os efeitos da chamada emancipao

    provenientes da constituio de 1988, no campo do direito e das

    proliferaes de direitos, h um continuumpara alm do campo jurdico-

    poltico que deixa inalterada, nas relaes mais ordinrias da existncia,

    a reativao da fora do Patria potestassobre o corpo de crianas que

    no finda. A perspectiva abolicionista libertria, trazida pela noo de

    violentados, ao situar o redimensionamento do suplcio, acompanhadada noo de novos miserveis na dcada de 1990, afrontando de frente

    a naturalizao do regime do castigo com a pesquisa coordenada por

    Edson Passetti, e publicada em livro sob o ttulo Violentados: crianas,

    adolescentes e justia(Passetti et ali, 1995) culminou tambm em seu

    ltimo captulo com uma proposta que jamais ser aceita. E continua

    ainda hoje no sendo aceita: o fim da priso para jovens no pas.

    Urge arruin-la. Este um dos ataques imprescindveis para ruir omonumental aparato de governos resilientes de restaurao do vivo que

    se escancara na cara de cada um, mesmo a despeito de quando se

    dissimula o que est na cara, no bvio.

    Referncias bibliogrcas:ARTAUD, Antonin (1983). Para acabar com o julgamento de deus In:

    Escritos de Antonin Artaud. Traduo e organizao de Cudio Willer. PortoAlegre: LP&M.CARNEIRO, Beatriz Scigliano (2004) Relmpagos com Claror: Lygia Clark e

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    Estratgia, poder-saber. Ditos e escritos IV. Traduo de Vera Lucia AvellarRibeiro. Rio de Janeiro: Forense Universitria.

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