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1 O Sistema de Esgoto Sanitário Profª Heloise G. Knapik Saneamento Urbano – TH419 Universidade Federal do Paraná Arquitetura e Urbanismo

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O Sistema de Esgoto Sanitário

Profª Heloise G. Knapik

Saneamento Urbano – TH419

Universidade Federal do Paraná Arquitetura e Urbanismo

Tecnologias

Eficiências e níveis de tratamento

Remoção de carga orgânica

Remoção de Nutrientes

Processos de tratamento

Físico-químicos

Biológicos

Configurações

Tratamento de Esgotos

Viabilidade técnica, econômica e ambiental

Usualmente algum sistema de infiltração no solo.

Funciona bem nas seguintes condições:

- Pouca densidade populacional

- Áreas rurais

- Solo com boas condições de infiltração

Obs. O nível d’água deverá ser profundo para evitar contaminação com microrganismos patogênicos (p. ex. fossas

sépticas, negras, infiltração direta)

Tratamento de Esgotos

Sistema individual ou estático

• Local, individual ou para poucas residências

Fossa séptica

Fossa séptica

Fossa séptica

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SUMIDOURO

VALAS DE INFILTRAÇÃO

Fossa séptica

Sistema coletivo ou dinâmico

• Coleta e afastamento dos esgotos da área servida

Elevada densidade populacional → meio urbano

- Sistema unitário ou combinado

- Sistema separador absoluto (Brasil)

Tratamento de Esgotos

Esgotos domésticos Despejos industriais Águas de infiltração

Tratamento de Esgotos

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TRATAMENTO DO LODO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS

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Composição básica do lodo da ETE depende de:

• Do efluente que será tratado

• Da técnica utilizada para tratar o esgoto

• Da eficiência obtida durante o tratamento

Lodo gerado em ETAs → Presença de produtos químicos (processos físicos de remoção)

Lodo gerado em ETEs → Presença de matéria orgânica/biomassa

(processos físicos, biológicos e químicos)

Características do lodo de ETEs

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Planejamento e gerenciamento do lodo

• Produção de lodo na fase líquida

• Descarte de lodo da fase líquida (remoção da linha de tratamento do lodo)

• Descarte do lodo na fase sólida (remoção da ETE para o local de disposição final ou reuso)

Características do lodo de ETEs

Composição básica de lodo de ETEs:

• Sólidos (matéria orgânica e biomassa)

• Metais pesados

• Poluentes orgânicos variados

• Microrganismos patogênicos

Gramas de sólidos secos/hab.dia:

Europa: 82 Brasil: 35,64

Características do lodo de ETEs

LODO PRIMÁRIO:

• Coloração cinza

• Extremamente viscoso (decanta com facilidade)

• Odor “extremamente ofensivo”

• Elevada concentração de patógenos

Deve necessariamente ser adensado e digerido antes do descarte final

Características do lodo de ETEs

LODO SECUNDÁRIO/BIOLÓGICO OU EXCEDENTE

• Coloração marrom e aparência floculenta

• “Inofensivo odor de terra úmida”, mas com tendência a tornar-se séptico, com geração de odores.

• Não se sedimenta facilmente

Características de degradabilidade depende do sistema prévio de tratamento e/ou de processos de mistura com lodo

primário

Características do lodo de ETEs

Frequência de remoção em função das etapas de tratamento

Sistema Intervalo de remoção (LP)

Intervalo de remoção (LB)

Tratamento primário convencional Horas -

Tratamento primário – fossa séptica Meses -

Tanque (fossa) séptico + filtro anaeróbio Meses Meses

Lagoa facultativa - Décadas

Reator UASB + combinações - Semanas

Lodos ativados convencional Horas Contínuo

Lodos ativados aeração prolongada - Contínuo

Lodos ativados conv. com remoção de N/P Horas Contínuo

Descarte do lodo de ETEs

ETAPAS DO TRATAMENTO DA FASE SÓLIDA

• Adensamento/espessamento

• Estabilização

• Condicionamento

• Desaguamento

• Higienização

• Disposição final

Tratamento do lodo de ETEs

Adensamento: remoção da umidade (remoção de volume)

Tratamento do lodo de ETEs

Adensamento por gravidade

Flotação Centrífuga Filtro prensa de

esteiras

Adensador de Lodo por Gravidade – ETE Barueri, SP

Estabilização: remoção da matéria orgânica (redução de sólidos voláteis)

Tratamento do lodo de ETEs

Digestão anaeróbia

Digestão aeróbia

Tratamento térmico

Estabilização química

Digestor Anaeróbio de Lodo – ETE Barueri, SP

Desaguamento: remoção de umidade (redução de volume)

Tratamento do lodo de ETEs

Leitos de secagem

Lagoas de lodo Filtros prensa,

centrífuga

Filtros a vácuo, secagem térmica

Leito de secagem – ETE Menino Deus, Curitiba

Higienização: remoção de organismos patogênicos

Tratamento do lodo de ETEs

Adição de cal Tratamento

térmico Compostagem

Oxidação úmida,

solarização, etc

Tratamento térmico

Disposição final: destinação final dos subprodutos

Tratamento do lodo de ETEs

Reciclagem agrícola, aterro

sanitário

Recuperação de áreas

degradadas

Landfarming (disposição no

solo)

Uso não agrícola (lajotas,

combustível)

Depende da tecnologia de tratamento utilizada!!!

Digestão anaeróbia/aeróbia

• Biossólido apto para ser utilizado (após tratamento) na agricultura, condicionador de solos e fertilizantes

Tratamento químico (alcalinização)

• Utilizado na agricultura ou na cobertura de aterro sanitário

Compostagem

• Produto tipo terra vegetal para uso em viveiros, horticultura e paisagismo

Secagem térmica (peletização)

• Elevado teor de sólidos, presença de nitrogênio e livre de patógenos – indicado para uso irrestrito na agricultura

Tecnologias de estabilização e disposição final do lodo de ETEs

DESCARGA OCEÂNICA

• Disposição de esgotos no mar, após pré-condicionamento, através de emissários oceânicos ou de navios lameiros.

• Disposição sem fins benéficos.

• Vantagens: baixo custo

• Desvantagem: poluição de águas, flora e fauna oceânicas

Disposição final do lodo de ETEs

INCINERAÇÃO

• Decomposição térmica via oxidação (queima na presença de oxigênio), convertendo os sólidos em dióxido de carbono, água e cinzas.

• Disposição sem fins benéficos.

• Vantagens: redução drástica de volume, esterilização

• Desvantagem: custos elevados, disposição das cinzas, poluição atmosférica

Disposição final do lodo de ETEs

ATERRO SANITÁRIO

• Disposição de resíduos em valas ou trincheiras, compactadas e recobertas com solo. Aterro sanitário exclusivo ou co-disposto com resíduos sólidos urbanos.

• Disposição sem fins benéficos.

• Vantagens: baixo custo

• Desvantagem: necessidade de grandes áreas, localização próxima a centros urbanos, características especiais do solo, isolamento ambiental, produção de gases e percolado, dificuldade de reintegração da área após desativação.

Disposição final do lodo de ETEs

LANDFARMING – DISPOSIÇÃO SUPERFICIAL NO SOLO

• O substrato orgânico é degrada biologicamente na camada superior solo. A parte inorgânica é transformada ou fixada nessa mesma camada de solo.

• Disposição sem fins benéficos.

• Vantagens: Degradação microbiana, baixo custo, disposição de grandes volumes por unidade de área.

• Desvantagem: Acúmulo de metais pesados e elementos de difícil disposição no solo, possibilidade de contaminação do lençol freático, liberação de odores, presença de vetores.

Disposição final do lodo de ETEs

RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

• Disposição em locais drasticamente alterados (p. ex. mineração), para recuperar a matéria orgânica e atividade microbiológica.

• Disposição com fins benéficos.

• Vantagens: Resultados positivos sobre a reconstituição do solo e flora.

• Desvantagem: Odores, limitações de composição e uso, contaminação do lençol freático, fauna e flora.

Disposição final do lodo de ETEs

RECICLAGEM AGRÍCOLA

• Disposição em solos agrícolas em associação ao plantio de culturas.

• Disposição com fins benéficos.

• Vantagens: grande disponibilidade de áreas, efeitos positivos sobre o solo, solução a longo prazo, potencial como fertilizante, resposta positiva das culturas ao uso.

• Desvantagem: Contaminação do solo com metais, contaminação dos alimentos com elementos tóxicos e organismos patogênicos, odores

Disposição final do lodo de ETEs

JARDINS FILTRANTES, ILHAS FLUTUANTES E WETLANDS

Alternativas ecológicas & descentralizadas

Tratamento Paisagístico Biodiversidade Econômico Gestão

5 princípios dos jardins filtrantes:

Jardins Filtrantes

Exemplo de uso do jardim filtrante no Brasil: MSD (Merck Sharp and Dohme) – indústria farmacêutica, Distrito de Sousas, em Campinas

Princípio do método:

Capacidade de filtragem das raízes em jardins

Decomposição da matéria orgânica

Lagoa de polimento (desinfecção via raios solares)

Jardins Filtrantes

Tratamento biológico

30% mais barato que

uma ETE convencional

Jardins Filtrantes

Aplicável para tratar:

Esgotos domésticos e efluentes industriais

Condicionar lodos de ETEs

Biorremediação de solos

Revitalizar rios e lagos

Composto fertilizante

Fábrica da GM em Joinvile

Ilhas Flutuantes (FTWs: Floating Treatment Wetlands)

Área de decomposição ativa: formação de biofilme

Área de contato entre as raízes das plantas e a água

Aeração e circulação da água

Fonte: http://www.biomatrixwater.com/

Ilhas Flutuantes (FTWs: Floating Treatment Wetlands)

Wetlands Construídos

Tratamento secundário e terciário de esgoto

Purificação de grandes volumes de água

Abastecimento de água industrial e urbana

Baixo custo de implantação e manutenção

Sistemas projetados e aplicados para:

Wetlands Construídos

Sistema Sustentável de Tratamento de Esgoto - UFMG

Fonte: Sezerino et al. (2015): Experiências brasileiras com wetlands construídos aplicados ao tratamento de águas residuárias: parâmetros de projeto para sistemas horizontais

Wetlands Construídos – Sistema Horizontal

Fonte: Sezerino et al. (2015) & http://gesad.ufsc.br/boletins/

Remoção de 90% de DBO5

Remoção de 90% de SS

Remoção de 20% de NH3

Remoção de 30% de P

Relação de 2m²/pessoa

Eficiência de remoção de DBO em Sistemas convencionais:

Wetlands Construídos – Sistema Vertical

Fonte: Sezerino et al. (2015) & http://gesad.ufsc.br/boletins/

Relação de 1.2m²/pessoa

Remoção de 72% de DQO

Remoção de 70% de SS

Remoção de 78% de NH3

Tratamento por zonas de raízes

Propriedade rural no Caminho do Vinho, São José dos Pinhais

BANHEIRO SECO E BACIAS DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO

Alternativas ecológicas

Aplicável quando...

Situações em que não exista ainda nenhum tipo de sanitário

Lugares com escassez de água

Desejo da comunidade/casa em uma sustentabilidade extrema

Banheiro seco

Funcionamento:

Apenas material seco (separação da urina)

Adição de serragem (relação C/N)

Compostagem do material

Banheiro seco

Fossas, Bacias de

evapotranspiração

Funcionamento:

Águas negras (bacia sanitária)

Sistema fechado

Percolação, filtração e evapotranspiração

Bacias de evapotranspiração

Fossa das Bananeiras

Águas cinzas deverão ser encaminhadas para

outro sistema

(p. ex. filtro biológico)

http://www.ecoeficientes.com.br

RECUPERAÇÃO DE RIOS URBANOS Exemplos Internacionais – Sena, França

Poluição industrial e esgoto

doméstico

Biologicamente morto em 1960

Investimento em coleta e

tratamento de esgotos

Princípio do poluidor - pagador

Rio Sena, Paris

1 bilhão de Euros arrecadados por ano e investidos na despoluição

Tratamento Paisagístico Biodiversidade Econômico Gestão

5 princípios dos jardins filtrantes:

Jardins Filtrantes no rio Sena

Despoluição do rio Sena, França

Estoque de água limpa

para situações de emergência

30 mil m³

RECUPERAÇÃO DE RIOS URBANOS Exemplos Internacionais – Tâmisa, Londres

Local: cidade de Londres População: > 8 milhões de habitantes Área de drenagem: aprox. 1.600 km²

Rio Tâmisa

Percepção, pela população, de que o rio é fundamental para a vida na cidade.

Poluição Doenças de veiculação hídrica

Enchentes recorrentes

1957: O rio foi decretado biologicamente morto.

1958: Ações coordenadas para acabar com a poluição: construção de rede de coleta e

tratamento de esgotos

Na década de 70: melhoria gradativa da qualidade da água

Retirada dos materiais que impermeabilizavam as margens

1980: Construção da Barragem do Tâmisa para diminuir enchentes

São recolhidos atualmente 30 toneladas de lixo por dia (sistemas de barcas)

Tecnologia + Investimento =

50 anos para a recuperação

Problema no Tâmisa: sistema unitário

↑ População Chuvas + intensas

Excede a capacidade

de esgotamento

Thames Tideway Tunnel Tunel de 25 km e diâmetro interno de 7,2 m.

Coleta e armazenamento do escoamento superficial e de esgoto não tratado (39 milhões de toneladas por ano)

Início: 2016 & Previsão de término: 2013

O efluente coletado será encaminhado para a estação de tratamento de esgoto e

posteriormente lançado no rio novamente

Custo: £4.2 bilhões (R$ 24 bilhões )

Instituições envolvidas: Prefeitura e Empresa de Saneamento de Londres

Para saber mais...

http://gesad.ufsc.br/boletins/ Livro: Wetland Construído no tratamento de esgotos sanitários (Douglas et al.,

2015)

Wetlands construídos

http://www.revistatae.com.br/noticiaInt.asp?id=8001

https://www.youtube.com/watch?v=44xuoigQ2do

Jardins Filtrantes

http://www.ecoeficientes.com.br/bet-como-tratar-o-esgoto-de-forma-ecologica/

Banheiro seco e bacia de evapotranspiração