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MIRIAM BARROS TEIXEIRA SANITÁRIO SECO: UMA ALTERNATIVA DE SANEAMENTO SUSTENTÁVEL Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Tecnologia da Construção. Orientador: Prof a . ANA LÚCIA TORRES SEROA DA MOTTA (Ph.D.) Co-orientador: Prof.ELSON ANTONIO DO NASCIMENTO (D.Sc.) Niterói 2009

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MIRIAM BARROS TEIXEIRA

SANITÁRIO SECO: UMA ALTERNATIVA DE SANEAMENTO SUSTENTÁVEL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Tecnologia da Construção.

Orientador: Profa . ANA LÚCIA TORRES SEROA DA MOTTA (Ph.D.) Co-orientador: Prof.ELSON ANTONIO DO NASCIMENTO (D.Sc.)

Niterói 2009

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T266 Teixeira, Miriam Barros.

Sanitário seco: uma alternativa de saneamento sustentável / Miriam Barros Teixeira. - Niterói: [s.n.], 2009.

131, f.: il., 30cm.

Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil – Tecnologia da Construção) – Universidade Federal Fluminense, 2009.

1. Sanitário seco. 2. Saneamento. 3. Sustentabilidade. I. Título

CDD ____

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MIRIAM BARROS TEIXEIRA

SANITÁRIO SECO: UMA ALTERNATIVA DE SANEAMENTO SUSTENTÁVEL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Tecnologia da construção.

Aprovada em 7 de agosto de 2009:

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________________ Profa. Ana Lúcia Torres Seroa da Motta (Ph.D.) - Orientadora

Universidade Federal Fluminense

_______________________________________________________________ Prof. Elson Antonio do Nascimento (D.Sc.) - Co-orientador

Universidade Federal Fluminense

_______________________________________________________________ Prof. Julio Cesar de Faria Alvim Wasserman (Ph.D.)

Universidade Federal Fluminense

_______________________________________________________________ Profa. Simone Cynamon Cohen (D.Sc)

Fiocruz

Niterói 2009

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Ao meu querido pai (in memoriam), a minha querida mãe e aos meus filhos Renato e

Fernanda, que sempre me incentivaram e me deram muito amor e carinho.

Amo vocês.

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AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus por permitir cada passo em minha vida.

Aos meus orientadores, que acreditaram na minha pesquisa e me forneceram todo

apoio para que eu pudesse realizá-la.

À professora Mara Telles Salles pelo inestimável auxílio.

Aos demais professores e colegas que enriqueceram minha trajetória até aqui.

Às minhas amigas Maria Luiza, Silvia, e Karin por todo suporte, apoio e incentivo

durante esta jornada.

Por fim, gostaria de agradecer à CAPES, que me apoiou com bolsa de estudo

durante praticamente todo o processo.

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EPÍGRAFE

“O objeto que representa a civilização e o progresso não é o livro, o telefone, a

Internet ou a bomba atômica. É a privada.”

Mário Vargas Llosa - O Cheiro da Pobreza - Revista Piauí, fevereiro de 2007

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SUMÁRIO

SUMÁRIO ...................................................................................................................6

RESUMO...................................................................................................................14

ABSTRACT...............................................................................................................15

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................16 1.1 JUSTIFICATIVA ...............................................................................................................19 1.2 QUESTÕES DA PESQUISA.............................................................................................21 1.3 OBJETIVOS.......................................................................................................................21 1.3.1 Objetivo geral .................................................................................................21 1.3.2 Objetivo específico.........................................................................................21 1.4 METODOLOGIA...............................................................................................................22

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................25 2.1 UM POUCO DE HISTÓRIA .............................................................................................25 2.2 DEFINIÇÃO DE SANEAMENTO....................................................................................32 2.3 SANEAMENTO, MEIO AMBIENTE E SAÚDE.............................................................34 2.4 PROCESSO CONVENCIONAL DE TRATAMENTO DA ÁGUA.................................38 2.5 PROCESSO CONVENCIONAL DE TRATAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO.......41 2.6 O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL E AS METAS DO MILÊNIO ......................51 2.7 SANEAMENTO ECOLÓGICO ........................................................................................58 2.7.1 Saneamento ecológico e águas cinzas ........................................................67 2.7.2 O processamento dos resíduos orgânicos no eco-san..............................68 2.7.3 História do sanitário seco..............................................................................72 2.7.4 Tipos de sanitário seco..................................................................................77 2.7.5 Modelos de sanitários....................................................................................78 2.7.6 Exemplos de implantação de sistemas ecológicos de saneamento .........84

3 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL .....................................90

4 ANÁLISE DA PERCEPÇÃO..................................................................................97 4.1 ESTUDO DE CAMPO.......................................................................................................97 4.2 PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DA UFF............................................................................99 4.3 PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO ..............102 4.4 ANÁLISE GERAL...........................................................................................................104

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................107 5.1 CONCLUSÃO..................................................................................................................107 5.2 CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................................108

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................110

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ANEXOS .................................................................................................................121 1 COMPONENTES PARA MONTAR O SANITARIO SECO MULTRUM ......................122 2 DIMENSÕES MODELO ELÉTRICO DA SUN-MAR “COMPACT”..............................123 3 ESPECIFICAÇÕES DO MODELO SUN-MAR “CENTREX 3000 AF AC/DC”.............124

APÊNDICE..............................................................................................................125 1 MODELO QUESTIONÁRIO Nº 1 .....................................................................................126 2 MODELO QUESTIONÁRIO Nº 2 .....................................................................................127

GLOSSÁRIO...........................................................................................................128

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Sistema de saneamento básico convencional ..........................................38 Figura 2 -Tratamento convencional da água39 Figura 3 - Esquema de sistema de esgoto sanitário .................................................42 Figura 4 - Fase líquida do tratamento de esgoto.......................................................48 Figura 5 - Fase sólida do tratamento de esgoto ........................................................49 Figura 6 - Secador térmico ETE São Miguel Paulista ...............................................50 Figura 7 - Secador – pelletizador ..............................................................................50 Figuras 8 - Pellets .....................................................................................................50 Figura 9 - Proporção da população com acesso a esgotamento sanitário em 2000 e 2015 ..........................................................................................................................57 Figura 10 - Proporção da população com acesso a abastecimento de água em 2000 e 2015 .......................................................................................................................57 Figura 11 - Ciclo natural de reaproveitamento dos nutrientes humanos ...................60 Figura 12 - Ciclo quebrado de nutrientes humanos...................................................60 Figuras 13 - Mictório e vaso sanitário instalados no prédio da GTZ..........................62 Figuras 14 - Armazenamento e aplicação de urina ...................................................64 Figuras 15 - Diagrama de um típico processo do sanitário compostável ..................71 Figura 16- Closet de terra..........................................................................................74 Figura 17 - Sanitário Multrum....................................................................................75 Figuras 18- Modelo de sanitário manufaturado independente ..................................78 Figuras 19 - Modelo de sanitário manufaturado remoto............................................79 Figura 20 - Modelo de sanitário manufaturado remoto – Sun-Mar ............................80 Figuras 21 - Desenho de um sistema Multrum..........................................................81 Figuras 22 - Processador para compostagem...........................................................81 Figura 23 - Sanitário Bason.......................................................................................82 Figura 24 - Visão externa da câmara de compostagem............................................82 Figura 25 - Sanitário seco compostável ....................................................................82 Figura 26- Sanitário compostável Arborloo ...............................................................83 Figura 27 - Sanitário compostável Dupla Fossa........................................................83 Figura 28 - Sanitário com separador de urina ...........................................................84 Figuras 29 - Prédio de apartamentos - Erdos............................................................85 Figura 30 - Esquema dos sanitários com separador de urina ...................................86 Figura 31 - Sistema de ventilação do sistema de coleta de dejetos..........................86 Figura 32 - Erdos Eco-Town Project .........................................................................87 Figuras 33 - Instalações sanitárias com equipamentos Clivus Multrum ....................89 Figura 34 - Sanitário seco do IPEC...........................................................................98 Figura 35 - Sanitário seco com minhocário IPEC......................................................99

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Quem não tem acesso aos serviços de saneamento básico - área urbana (%) 1990-2000...........................................................................................................52 Tabela 2 - Quem não tem acesso aos serviços de saneamento básico – área rural (%) 1990-2000...........................................................................................................53 Tabela 3 - Quem obteve acesso aos serviços de saneamento básico urbano - período 1990/2000(%)...............................................................................................53 Tabela 4 - Quem obteve acesso aos serviços de saneamento básico rural - período 1990/2000(%)............................................................................................................53 Tabela 5- Probabilidade do domicílio urbano ter acesso aos serviços de saneamento básico........................................................................................................................54 Tabela 6 - Probababilidade do domicílio rural ter acesso aos serviços de saneamento básico........................................................................................................................54 Tabela 7 - Proporção de acesso das pessoas ao abastecimento de água e esgotamento sanitário - 1990 a 2004 ........................................................................56 Tabela 8 - A situação em que estamos e o que falta para atingir o ODM .................56 Tabela 9- Probabilidade do Brasil cumprir os objetivos de desenvolvimento do milênio.......................................................................................................................58 Tabela 10 - Recomendação do Guia Sueco..............................................................63 Tabela 11 - Temperatura X Tempo necessários para matar os patógenos na compostagem............................................................................................................69 Tabela 12 - Tabulação do questionário 1 ................................................................100 Tabela 13 - Tabulação do questionário 2 ................................................................103 Tabela 14 - Consolidação dos resultados dos alunos e profissionais .....................105

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LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Histórico do saneamento no Brasil, 1857-1945.......................................30 Quadro 2 - Histórico do saneamento no Brasil, 1948 -1988......................................31 Quadro 3 - Histórico do saneamento no Brasil, 1990-2009.......................................32 Quadro 4 - Classificação ambiental das infecções relacionadas com os excretas....37 Quadro 5 - Etapas do processo de tratamento de esgoto.........................................45 Quadro 6 - Composição do esgoto doméstico ..........................................................47 Quadro 7 - Inconvenientes do lançamento in natura de esgoto nos corpos d’água..47 Quadro 8 - Fatores que afetam a sobrevivência de microorganismos no meio ambiente....................................................................................................................67 Quadro 9 - Lista de Conferência ASC.......................................................................95

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LISTA DE SIGLAS ABC

ABES

ABNT

AIDIS

ASC

CAESB

CEDAE

CETESB

COMASP

CONAMA

CNUMAD

COPASA

DAEE

DBO

DRSAI

ECOSANRES

EIA

ERA

ETA

ETE

FAO

FESB

FUNASA

FURB

GEN

Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul

Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental

Associação Brasileira de Normas Técnicas

Associação lnteramericana de Engenharia Sanitária

Avaliação da Sustentabilidade Comunitária

Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal

Companhia Estadual de Águas e Esgotos (RJ)

Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (SP)

Companhia Metropolitana de Águas de São Paulo

Conselho Nacional do Meio Ambiente

Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o

Desenvolvimento

Companhia de Saneamento de Minas Gerais

Departamento de Águas e Energia Elétrica

Demanda bioquímica por oxigênio

Doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado

Ecological Sanitation Research

Estudo de Impacto Ambiental

Repartição de Águas e Esgotos

Estação de tratamento de Água

Estação de Tratamento de Esgoto

Food and Agriculture Organization

Fundo Estadual de Saneamento Básico (SP)

Fundação Nacional de Saúde

Universidade Regional de Blumenau

Rede Global de Ecovilas

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GEO

GTZ

IBAMA

Global Environment Outlook

Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit (Sociedade de

Cooperação Técnica)

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

IBGE

IDS

INPE

IPEA

IPEC

IPEMA

MMA

MPO

NBR

ODM

OMS

ONU

Ph

PLANASA

PMSS

PNAD

PNSB

PNUD

PNUMA

RIMA

RMSP

SABESP

SANEGRAN

SANEPAR

SIDA

SNIS

SNSA

SUS

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Indicadores de desenvolvimento sustentável

Instituto Nacional de Pesquisa Espacial

Instituto de Pesquisa Economica Aplicada

Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado

Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica

Ministério do Meio Ambiente

Ministério do Planejamento e Orçamento

Norma Brasileira

Objetivos do Desenvolvimento do Milênio

Organização Mundial da Saúde

Organização das Nações Unidas

potencial de hidrogenação

Plano Nacional de Saneamento Básico

Programa de Modernização do Setor de Saneamento

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

Pesquisa Nacional de Saneamento Básico

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

Programa das Nações Unidas para o Meio ambiente

Relatório de Impacto Ambiental

Região Metropolitana de São Paulo

Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

Sistema de Esgotos da Grande São Paulo

Companhia de Saneamento do Paraná

Swedish International Development Cooperation Agency

Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento

Secretaria Nacional de Saneamento

Sistema Único de Saúde

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TIBA

UFF

UNICEF

WHO

Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitetura

Universidade Federal Fluminense

Fundo das Nações Unidas para a Infância

World Health Orgnaization (Organização Mundial da Saúde)

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RESUMO

O crescimento urbano desordenado, pobreza, carência de educação sanitária e a deficiência dos serviços de saneamento básico são alguns dos itens apontados como causa dos problemas hidrossanitários que afligem os países em desenvolvimento e que têm como conseqüência óbitos e internações causadas por doenças veiculadas pela água, como também a poluição dos recursos hídricos. Como tecnologia alternativa a ser utilizada no saneamento básico, o sanitário seco compostável está sendo utilizado em países como a China, Suécia, África do Sul, Canadá, Estados Unidos e outros. Um dos principais benefícios da utilização dessa tecnologia é a solução de problemas como a contaminação e desperdício de água. Essa tecnologia contribui ainda com a transformação dos dejetos em adubo orgânico e húmus, fazendo com que o ciclo natural de retorno dos nutrientes ao solo não seja interrompido. Um dos objetivos da dissertação é investigar o nível de conhecimento a respeito do sanitário seco e o grau de interesse na sua utilização pelos alunos do curso de arquitetura e engenharia da Universidade Federal Fluminense e pelos profissionais que atuam no mercado da construção civil na cidade do Rio de Janeiro. Procura-se também analisar a viabilidade técnica econômica e, principalmente, social para se implantar o sanitário seco nos edifícios residenciais uni e multifamiliares na cidade do Rio de Janeiro e a possibilidade de sua utilização como indicador de sustentabilidade ambiental. O impacto do uso de compensação tributária também foi avaliado. Os resultados apresentados demonstram que 40% dos entrevistados já ouviram falar da tecnologia, 97% gostariam de receber mais informações e 77% acreditam que a mesma poderia ser utilizada como indicador de sustentabilidade ambiental e poderia ser implementada nas novas construções. Palavras-chave: Sanitário seco. Saneamento ecológico. Sustentabilidade. Esgoto.

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ABSTRACT

Chaotic urban growth, poverty, lack of sanitary education, and deficiency of basic sanitation, are items pointed out as causes for health problems that affect developing countries, resulting in deaths, hospitalizations due to water carried diseases, and the pollution of hydric resources. As an alternative technology to be utilized in basic sanitation, the dry composting toilet is being utilized in countries like China, Sweden, South Africa, Canada, United States of America and others. One of the main benefits in the use of this technology is the solution of problems such as contamination and waste of water. It also contributes to the transformation of human excreta in organic fertilizer and humus, not disrupting the natural cicle of nutrients returning to the soil. The objetive of this work is to investigate the level of knowledge about the dry toilet and the interest in its utilization by architecture and engineering students at the Universidade Federal Fluminense, and also by professionals of the civil construction in the city of Rio de Janeiro. It also seeks to analyse the technical, economical, and social viability of implementing the dry toilet in residential buildings at the city of Rio de Janeiro, as the possibility of its use as an environmetal sustentability indicator. The impact of taxes compensation was also evaluated. The results show that 40% of the interview have heard about the technology, and 97% would like to recieve more information 77% believe that the technology could be used as an environmental sustentability indicator, and that it could be implemented in new buildings.

Keywords: Dry toilet. Ecological sanitation. Ambiental sustentability. Sewage.

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1 INTRODUÇÃO

A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu 2008 como o Ano

Internacional do Saneamento. A campanha pelo saneamento básico tem por

finalidade ajudar a alcançar um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

(ODM), que é reduzir pela metade, até o ano de 2015, a proporção de pessoas que

não têm acesso ao saneamento básico nem à água potável.

O esgotamento sanitário é um dos maiores desafios às políticas públicas

governamentais, tendo em vista suas implicações sobre a população e o meio

ambiente. Por falta de um tratamento e destinação adequada, o esgoto acaba

poluindo o solo, contaminando as águas superficiais e subterrâneas e,

freqüentemente, passa a escoar em céu aberto, constituindo-se em perigosos focos

de disseminação de doenças como cólera, diarréia, disenteria, febre tifóide,

esquistossomose, dentre outras enfermidades relacionadas à àgua e à falta de

tratamento das excretas.

Segundo dados da ONU (2008), 40% da população mundial continua sem

saneamento básico, aproximadamente 1,5 milhão de crianças morrem ao ano no

mundo em conseqüência da carência de água potável, saneamento ambiental

adequado e condições higiênicas saudáveis. Estima-se que, aproximadamente, 42

mil pessoas morram semanalmente devido a doenças relacionadas com a qualidade

ruim da água que consomem e por falta de saneamento ambiental adequado.

O saneamento básico é um dos principais indicadores de desenvolvimento,

devido à sua relação com a saúde pública. A falta de saneamento implica em

aumento das taxas de mortalidade infantil, por exemplo, devido a inúmeras doenças

veiculadas pela água. Segundo dados do GEO-Brasil 2002, do total de internações

por doenças infecciosas e parasitárias, 63,6% foram devidas a doenças relacionadas

ao saneamento ambiental inadequado (DRSAI).

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Os Indicadores de desenvolvimento sustentável – Brasil 2008 (IDS 2008)

mostram que, entre as doenças de transmissão feco-oral, as diarréias ocupam o

primeiro lugar, sendo responsáveis por mais de 87% do total de internações por

DRSAI em cada período 1993-2005. Nos períodos de 1998 e 1999, alcançaram o

valor de 93% e, em 2005, alcançaram 90%.

As internações hospitalares por DRSAI por 100.000 habitantes, no período de

1993, foram equivalentes a 732,8 e, nos períodos 2000 e 2005, alcançaram o valor

de 330,2 e 327,3 respectivamente.

No que se refere ao esgotamento sanitário, os dados do GEO-Brasil 2002

demonstram que 52,5% dos domicílios urbanos utilizam rede geral de esgotamento;

23,1% fossas sépticas; 12,1% fossas rudimentares; e 6,1% utilizam-se de valas ou

direcionam os efluentes diretamente para os rios, lagos, mares etc.

O IDS 2008 relativo ao esgotamento sanitário demostra o percentual de

moradores em domicílios particulares permanentes atendidos por sistema de

esgotamento sanitário em relação à população total, por tipo de esgotamento. No

período de 1992, os moradores atendidos alcançavam 45,5% na área urbana e 3,0%

na rural. No período de 2006, na área urbana o atendimento alcançou 54,5% e na

rural 4,2%.

Partindo da hipótese de que o saneamento básico é fundamental à promoção

e proteção da saúde, o presente trabalho apresenta uma alternativa ecológica e

economicamente sustentável ao problema da falta de acesso ao saneamento básico

vivido por grande parte da população brasileira e mundial: o sanitário seco.

O sanitário seco compostável é uma tecnologia sustentável e de abrangência

quase ilimitada, podendo sua utilização atingir desde áreas isoladas até centros

urbanos.

O saneamento ecológico é uma nova abordagem baseada em uma visão

integrada dos ciclos naturais, em que águas residuais, ou efluentes, e excreções não

são consideradas como resíduos, mas como recursos valiosos. O sanitário seco

pode ser considerado como uma alternativa ambientalmente correta para promover

o saneamento básico, principalmente em áreas de poucos recursos econômicos.

(MORGAN, 2007; WINBLAD, 2004; ESREY, 2000)

Em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento Humano (CNUMAD), conhecida como ECO-92, foi aprovado um

plano de ação para promover o desenvolvimento sustentável do planeta, a Agenda

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18

21 Global. O termo “Agenda 21” foi usado no sentido de intenções e desejo de

mudança para um novo modelo de desenvolvimento para o século XXI. Essa

agenda estabeleceu a importância da cooperação internacional para acelerar o

desenvolvimento sustentável dos países em desenvolvimento e o item saneamento

está, principalmente, inserido em cinco capítulos: capítulo 6 – Proteção e Promoção

das Condições da Saúde Humana; capítulo 7 – Promoção do Desenvolvimento

Sustentável dos Assentamentos Humanos; capítulo 14 – Promoção do

Desenvolvimento Rural e Agrícola Sustentável; capítulo 18 – Proteção da Qualidade

e do Abastecimento dos Recursos Hídricos: Aplicação de Critérios Integrados no

Desenvolvimento, Manejo e Uso dos Recursos Hídricos; capítulo 21 – Manejo

Ambientalmente Saudável dos Resíduos Sólidos e Questões Relacionadas com os

Esgotos. Todos esses itens demonstram como o saneamento influencia a qualidade

de vida do homem e seu impacto sobre o meio ambiente.

O presente trabalho é composto de uma Introdução, onde se apresentam as

justificativas, as questões da pesquisa, os objetivos geral e específico e a

metodologia empregada no trabalho. O capítulo 1, Revisão da Literatura, apresenta

um breve histórico do saneamento convencional e as diferentes definições de

saneamento. Apresenta também a relação entre saneamento, meio ambiente e

saúde, bem como o processo convencional do tratamento de esgoto e água. Aborda

ainda a situação dos serviços de saneamento básico no Brasil a partir das metas

milênio. Também faz parte do capítulo 1 o conceito de saneamento ecológico, um

breve histórico sobre o sanitário seco, a descrição de seu funcionamento e alguns

exemplos de modelos de sanitários disponíveis. Para finalizar, capítulo 1 são

apresentados dois grandes projetos de implantação do sanitário seco em unidades

multifamiliares e em prédio de escritório. No capítulo 2 é feita uma abordagem sobre

a necessidade de indicadores relativos a saneamento e são apresentadas algumas

justificativas sobre a possibilidade da utilização do sanitário seco como indicador de

sustentabilidade ambiental. O terceiro e último capítulo apresenta o resultado da

pesquisa realizada para medir a percepção de um grupo de alunos universitários e

profissionais que atuam no mercado da construção civil da cidade do Rio de Janeiro

sobre o sanitário seco, como base para se identificar o nível de conhecimento e o

grau de aceitação dessa tecnologia. Na conclusão do trabalho são apresentadas as

respostas aos questionamentos relativos à viabilidade da utilização do sanitário seco

onde se conclui ser viável. Após a conclusão, são feitas algumas considerações e

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recomendações para que o sanitário seco seja inserido nos programas de

saneamento no Brasil.

1.1 JUSTIFICATIVA

Na área de saneamento existem vários motivos para se desenvolverem

tecnologias alternativas e sustentáveis; esse serviço é fundamental para a

prevenção de doenças infecciosas, degradação ambiental e a preservação da água

potável.

Segundo dados do GEO-Brasil 2002, no que se refere ao esgotamento

sanitário, apenas 31% da população brasileira está atendida, e apenas 8% do

esgoto produzido tem tratamento adequado. Durante muitos anos, o setor de

saneamento básico no Brasil não obteve os recursos necessários para seu pleno

desenvolvimento.

A Agenda 21 Brasileira, formulada de acordo com os princípios da Agenda 21

Global, privilegia em seus objetivos a adoção de alternativas tecnologicamente mais

sustentáveis para evitar impactos ambientais negativos. Preservar recursos, atuar

de forma holística com a natureza ajuda a diminuir os impactos da atividade humana

na degradação do ambiente.

Uma alternativa tecnológica que fecha um ciclo natural, o sanitário seco

compostável, diferentemente dos sanitários convencionais, não utiliza água para seu

funcionamento e não se liga à rede de esgoto. Um dos principais benefícios dessa

tecnologia é a solução de problemas dos sistemas hidrossanitários, como a

contaminação e desperdício de água. Ele contribui ainda com a transformação dos

dejetos em adubo orgânico e húmus que podem ser usados nas agro-florestas.

(LEGAN, 2007; JENKINS, 2005; WINBLAD, 2004; DEL PORTO, 2000; ESREY,

2000; RYN, 1978)

O sanitário seco compostável é uma adaptação moderna da antiga prática de

gestão de dejetos, sem a utilização de água e, portanto, sem esgotos. Os principais

objetivos na utilização do sistema do sanitário seco são: (i) a compostagem, que

permite destruir os microorganismos que causam doenças humanas (patógenos),

reduzindo assim o risco de infecção humana para níveis aceitáveis sem contaminar

o ambiente; (ii) a reciclagem dos nutrientes existentes nos dejetos; (iii) a eliminação

da necessidade de utilização de água potável para diluição e transporte dos dejetos

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e (iv) a solução, dentro dos padrões de sustentabilidade, para os problemas em

áreas que não possuem sistemas de tratamento de esgoto implantados.

Segundo dados do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), seriam

necessários investimentos de aproximadamente US$ 42 bilhões para alcançar a

meta de universalização dos serviços de água e esgotos para toda a população

brasileira.

A Agenda 21 Brasileira: resultado da consulta nacional (2004) identifica as

“Estratégias e Ações Propostas para os seis temas da Agenda 21” e, dentro do tema

recursos hídricos, a poluição por esgotos domésticos é identificada como um dos

problemas mais graves de poluição dos sistemas hídricos no país.

Os dados da série histórica do Sistema Nacional de Informações Sobre

Saneamento (SNIS, 2008) mostraram que a maior parte dos recursos são aplicados

na região Sudeste, que respondeu por cerca de 52,9% dos valores aplicados. As

demais regiões tiveram a seguinte participação na aplicação dos recursos em 2006:

região Norte, 2,9%; Nordeste, 14,5%; Sul, 18,6%; e Centro-Oeste, 11,2%. Os

maiores valores são aplicados pelas companhias estaduais, dentre as quais se

destacam: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP)

(R$ 907,7 milhões); Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA) (R$

742,6 milhões); Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR) (R$ 529,9

milhões); Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (CAESB) (238,8

milhões); e Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE)

(R$ 180,7 milhões).

Cerca da metade da população mundial não tem acesso a nenhuma forma de

saneamento, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Fundo

das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), 2000, e o resto da humanidade

depende de sistemas convencionais de saneamento, que se limitam a duas

categorias: os sistemas baseados em redes de esgoto transportado com a utilização

de muita água ou os sistemas de fossa séptica. Para Esrey (2000), esses sistemas

foram concebidos a partir da premissa de que os nutrientes eliminados através dos

dejetos humanos não têm valor significativo e devem ser descartados.

Conseqüentemente, o meio ambiente é poluído, os nutrientes não são utilizados e

uma grande quantidade de problemas de saúde é criada.

Partindo da hipótese de que o sanitário seco pode ser uma alternativa viável

para atender às metas impostas pela agenda 21 com relação ao saneamento

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ambiental, o presente trabalho estuda o sanitário seco compostável para identificar o

tipo de objeção e grau de aceitação na utilização dessa tecnologia e, assim, gerar

subsídio para os órgãos responsáveis analisarem a possibilidade de incluir o

sanitário seco nas políticas de saneamento, podendo até incluí-lo como indicador de

sustentabilidade ambiental.

1.2 QUESTÕES DA PESQUISA

Devido à dificuldade que o país vem enfrentando para solucionar os

problemas hidrossanitários, seria uma alternativa viável a inclusão do sanitário seco

compostável nas políticas de saneamento? É possível a implementação dessa

tecnologia na construção dos novos imóveis residenciais? Existe alguma barreira

tecnológica para sua aplicação em larga escala nos centros urbanos? Existe a

possibilidade de sua inclusão como indicador de sustentabilidade na Agenda 21

Brasileira? Qual seria a viabilidade técnica, econômica e, principalmente, social para

se implantar o sanitário seco nos edifícios residenciais uni e multifamiliares na

cidade do Rio de Janeiro?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

O objetivo geral da pesquisa é apresentar os benefícios da utilização do

sanitário seco, a possibilidade de sua utilização para solucionar problemas

hidrossanitários, identificar o nível de conhecimento a respeito do sanitário seco e o

grau de interesse na sua utilização para viabilizar a introdução dessa tecnologia em

nossa cultura.

1.3.2 Objetivo específico

• Identificar os princípios básicos do funcionamento do sanitário seco

compostável, através de revisão bibliográfica e estudo de campo;

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• Identificar algumas opções de sanitário seco e as vantagens e

desvantagens na sua utilização, através de revisão bibliográfica e estudo de

campo;

• Avaliar a viabilidade da implementação dessa tecnologia na construção dos

novos imóveis residenciais uni e multifamiliares na cidade do Rio de Janeiro,

através de revisão bibliográfica;

• Verificar a possibilidade de utilizar o sanitário seco compostável como

indicador de sustentabilidade ambiental, fazendo levantamento dos

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio relativos a saneamento;

• Identificar o grau de conhecimento e qual a percepção relativa à utilização

do sanitário seco compostável por alunos de graduação e profissionais da

área da construção civil no Rio de Janeiro, através da aplicação de

questionário.

1.4 METODOLOGIA

Para desenvolver este trabalho, o método utilizado englobou pesquisa

bibliográfica, pesquisa documental, estudo de campo e levantamento de dados por

amostragem, através de aplicação de questionário.

O presente trabalho, quanto à sua natureza, pode ser classificado como

pesquisa aplicada, pois tem como finalidade gerar conhecimentos para aplicação, na

prática, de solução para problemas específicos.

Com relação aos seus objetivos, pode ser classificado como pesquisa

exploratória, pois, segundo Gil (1999), tem como principal finalidade desenvolver,

esclarecer e modificar conceitos e idéias, tendo em vista a formulação de problemas

específicos ou hipóteses pesquisáveis para gerar conhecimentos para a aplicação

prática, dirigidos à solução de problemas específicos. A pesquisa exploratória visa

proporcionar visão geral do problema, envolvendo para isso levantamento

bibliográfico e documental, entrevistas padronizadas e estudos de caso. Este tipo de

pesquisa é utilizado quando o tema escolhido é pouco explorado, ou seja, com

pouco conhecimento acumulado e sistematizado (VERGARA, 1998). Pode ainda ser

entendido como a primeira etapa de uma investigação mais ampla, com finalidade

de levantar informações para estudos futuros.

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Quanto aos meios técnicos, a pesquisa pode ser classificada como pesquisa

bibliográfica, pois é desenvolvida a partir de publicações sobre o assunto.

“A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao

investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que

pesquisar diretamente.” (GIL, 1999)

A pesquisa documental pode ser semelhante à pesquisa bibliográfica e

também pode ser utilizada como procedimento técnico, pois, segundo Gil, é

elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento analítico e, nesse

caso, se justifica pela escassez de documentos publicados sobre o assunto em

geral.

Esta pesquisa tem como objetivo de estudo o sanitário seco.

Devido ao problema do défict de saneamento básico no Brasil e aos

problemas hidrossanitários existentes, a proposta do trabalho consiste em identificar

a possibilidade de utilizar essa tecnologia nas construções uni e multifamiliares. Visa

também identificar as alternativas disponíveis no mercado, tanto manufaturadas

como construídas, e o grau de sua aceitação. A possibilidade de utilizar o sanitário

seco como possível indicador de sustentabilidade, bem como a viabilidade técnica,

econômica e social também foram avaliadas.

Os dados foram coletados de acordo com as características da pesquisa e

com os objetivos a que se propunha o estudo. A estratégia para a coleta de dados

incluiu as seguintes etapas:

• pesquisa bibliográfica: conforme a lista das referências bibliográficas, foram

utilizados livros, revistas especializadas, artigos, teses e sites da Internet. Os

documentos disponíveis possibilitaram observar diferentes perspectivas sobre o

tema do trabalho;

• pesquisa documental: primeiramente foi elaborado um questionário para o

levantamento dos dados de relevância para a pesquisa, da percepção relativa ao

sanitário seco. Os dados coletados através dos alunos de graduação dos cursos de

arquitetura e engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e dos

profissionais de arquitetura e engenharia que atuam no mercado da Cidade do Rio

de Janeiro contribuíram para a verificação de como as pessoas envolvidas com a

construção civil percebiam essa tecnologia.

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• Foram feitas também observações in loco, para as quais foi elaborado um

relato das observações, cuja finalidade foi identificar aspectos específicos do

sanitário seco construído, bem como a reação das pessoas ao utilizá-lo.

As etapas da pesquisa foram divididas em: (i) elaboração da estratégia da

pesquisa, que contemplou a identificação do problema a ser pesquisado e a

idealização das questões a serem respondidas; (ii) pesquisa de campo no Instituto

de Permacultura do Cerrado, IPEC; (iii) elaboração da estratégia da pesquisa, que

se baseou na pesquisa bibliográfica que fundamentou a parte teórica empírica; (iv)

elaboração e aplicação do questionário utilizado para identificar dados referentes à

percepção relativa ao sanitário seco; (v) tabulação e análise dos dados do

questionário; e (vi) fechamento das conclusões, redação e apresentação da

dissertação.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Através da revisão bibliográfica será apresentada a evolução histórica do

saneamento, identificando-se algumas técnicas e sistemas que, ao longo dos

tempos, evoluíram até chegar ao entendimento que se tem nos dias de hoje, em que

o saneamento faz uma correlação bem clara entre saúde, meio ambiente e

sustentabilidade. Os serviços de saneamento básico, atualmente, incluem o

abastecimento de água, a coleta e tratamento de esgoto, lixo e a drenagem. A partir

desse conceito, este capítulo apresenta, prioritariamente, o processo convencional

de tratamento de água, por ser a condutora dos dejetos, e do esgoto sanitário

doméstico. Após a apresentação do sistema convencional do esgotamento sanitário,

é introduzido o conceito de saneamento ecológico, cujo princípio básico é possibilitar

a continuidade do ciclo natural, onde as excretas são consideradas recurso e não

resíduo. A partir daí é apresentada a tecnologia alternativa conhecida como

sanitário seco, que faz parte do saneamento ecológico.

2.1 UM POUCO DE HISTÓRIA

Já nos tempos mais remotos, desde que os homens começaram a se assentar em cidades, a coleta das águas servidas, que hoje chamamos de esgoto sanitário, passava a ser uma preocupação daquelas civilizações. (NUVOLARI et al, 2003)

A água sempre foi um recurso essencial para a vida neste planeta. Enquanto

os animais e plantas a utilizam para o sustento biológico da vida, a raça humana

evoluiu o seu uso para os mais diversos e variados meios. Criou-se o sistema de

irrigação de colheitas, aplicou-se a água na indústria e passou-se a utilizar a água

como forma de esgoto.

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Conforme Azevedo Neto (1984), existe registro indicando que a primeira

galeria de esgotos foi construída na Índia e na Babilônia, por volta de 3.750 a.C. e

que, em 3.100 a.C., já eram utilizadas as manilhas cerâmicas.

No Império Romano, cada casa possuía ligação direta até os canais. É

importante destacar que essa era uma iniciativa individual e nem todas as casas

apresentavam esse sistema. A Idade Média não registra grandes avanços no

saneamento e manuseio do esgoto. (NUVOLARI et al, 2003).

Entre os séculos XIII e XIX, ocorreu o crescimento caótico de algumas

cidades, numa conjuntura responsável pelas maiores epidemias na história da

Europa. A história das epidemias na Europa relaciona-se diretamente com a falta de

saneamento e de uma rede de esgoto adequada, aliada ao crescimento

desordenado das cidades. O exemplo mais conhecido de pandemia nesse período

foi a peste bubônica, responsável pela morte de 10% da população mundial.

Segundo Del Porto (2000), em meados de 1700 foi feita a conexão entre

doença e fezes, nascendo então o conceito de saneamento. Após essa revelação,

inventores, engenheiros e empresários se mobilizaram para oferecer ao público todo

tipo de dispositivo para lucrar com essa nova indústria. Em grande parte da Europa,

os dias de crise sanitária pertencem ao passado, mas, para diversas populações

pobres, localizadas em sua maioria na África e América Latina, o risco de epidemias

pela crise sanitária ainda existe.

Até meados do século XVIII, as pessoas urinavam e defecavam nas ruas.

Segundo menciona Bueno, as pessoas deviam se comportar da seguinte maneira:

“Ao passar por uma pessoa que está se aliviando na rua, seja de urina ou de outras

sujeiras, você deve se comportar como se não a visse, de forma que, naquele

momento, é indelicado cumprimentá-la”. (BUENO, 2007, p. 62).

Segundo Bueno, o vaso sanitário foi inventado em 1597 por John Harringston

“que com alguma dificuldade, convenceu a rainha Elizabeth I, herdeira do trono

britânico, a instalá-lo em seu castelo”. (REZENDE et al, 2008). Em 1775, o sanitário

foi aprimorado por Alexander Cummings, mas foi em 1884 que George Jennings

criou o vaso pedestal, com descarga conectada ao encanamento. O vaso sanitário

se popularizou e a descarga passou a levar os dejetos mais rapidamente para os

mananciais. No Brasil, a partir de 1565, a população começou a se desenvolver na

cidade do Rio de Janeiro e seus moradores tinham o costume de lançar na rua todos

os despejos e detritos domésticos, transformando-a em uma imensa cloaca, com um

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mau cheiro insuportável e ondas de insetos. Os esgotos das casas eram

acondicionados em barricas de madeira e transportados por escravos, apelidados

pelo povo de “Tigres”. Esses dejetos eram lançados no lugar mais próximo, sem

nenhuma espécie de tratamento ou cuidados.

Em 1857, o Imperador D.Pedro II assinou o decreto nº 1929, que estabelecia

um contrato básico de esgotamento sanitário na cidade do Rio de Janeiro. O Rio de

Janeiro foi a terceira cidade do mundo a ser dotada de rede de esgotos sanitários,

precedida por Londres (1815) e Hamburgo (1842). Somente em 1863 as obras são

iniciadas e, em 1871, é detectado o funcionamento precário da rede, em função da

extrema falta d’água, segundo relatório da Companhia City – empresa contratada

para construir a rede de esgoto. Em 1947, termina o contrato com a companhia,

cujos serviços mostravam-se deficientes e não se modernizavam, porque a

empresa, em face da sua situação financeira, via-se obrigada a sacrificar as

condições técnicas. Em conseqüência, a Inspetoria de Águas e Esgotos do

Ministério da Educação e Saúde não mais autorizou novas concessões e passou a

contratar diretamente as obras de expansão da rede. (CEDAE, 2008).

Durante a segunda gerra mundial o governo federal criou o Serviço Especial

de Saúde Pública (SESP), como conseqüência do convênio firmado entre os

governos brasileiro e norte-americano durante a Terceira Reunião de Consulta aos

Ministérios das Relações Exteriores das Repúblicas Americanas, realizada no Rio de

Janeiro em 1942. Sob a estrutura do então Ministério da Educação e Saúde (MES)

do Brasil, o SESP realizava suas políticas em parceria com o Instituto de Assuntos

Interamericanos (IAIA) e era financiado por recursos internacionais e também

nacionais, possuindo completa autonomia jurídica, administrativa e financeira no

âmbito do MES.

Segundo Campos (2007), o acordo que originoi o SESP tinha, para os norte-

americanos, um objetivo muito específico e imediato: criar condições sanitárias

adequadas nos vales do Amazonas e do Rio Doce que garantissem o provimento de

matérias-primas cruciais aos esforços militares dos Estados Unidos na Segunda

Guerra Mundia, tendo em vista os altos índices de malária e febre amarela que

atingiam os trabalhadores desta região.

O SESP também se ocupou da formação de profissionais da saúde,

implantando e desenvolvendo escolas de enfermagem no Rio de Janeiro, Bahia, Rio

Grande do Sul, Goiás e Amazonas e implementou várias atividades sanitárias

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básicas - assistência médica, educação sanitária, saneamento e controle de

doenças transmissíveis -, desenvolveu pesquisas em medicina tropical por

intermédio do Instituto Evandro Chagas e passou a priorizar as áreas rurais devido à

sua carência e pobreza crônicas. Em 1954 realizou acordo com o governo do Ceará,

onde se previa a criação do Serviço Especial de Engenharia Sanitária, visando a

implantação de um programa de abastecimento de água.

Através da lei nº 3.750, de 1960, o Sesp foi transformado em Fundação

vinculada ao Ministério da Saúde, Fundação Serviço de Saúde Pública, adquirindo

caráter permanente. Passou a atuar em todas as unidades da Federação, bem como

em nível municipal, através de contratos de construção de sistemas de

abastecimento de água e de tratamento de esgotos.

Com a lei nº 5.318, de 26 de setembro de 1967, ocorreu a transferência das

atividades de saneamento básico para o Ministério do Interior. Coube à Fundação

Sesp, junto com o Departamento Nacional de Obras e Saneamento e o

Departamento Nacional de Endemias Rurais (DENER), a execução da política de

saneamento elaborada pelo governo. Em 1973, através de um acordo entre os

ministérios do Interior e da Saúde, a Fundação Sesp passa a atuar basicamente

fornecendo assistência técnica e realizando pesquisas. Segundo o acordo, a

administração dos sistemas de abastecimento de água e esgoto para os municípios

foi transferida para as empresas estaduais de saneamento. Com o abandono

gradativo de suas responsabilidades executoras, a Fundação se limitava às tarefas

de assessoramento.

A partir de 1990, com a reforma administrativa empreendida pelo governo

Collor, a Fundação Sesp foi extinta, passando a integrar junto com a

Superintendência Nacional de Campanhas (Sucam) um novo órgão denominado

Fundação Nacional de Saúde, com sede em Brasília.

Os quadros 1, 2 e 3, a seguir, demonstram, cronologicamente, ocorrências

significativas na evolução do saneamento no Brasil.

O quadro 1 abrange o período do fim do século XIX, com a implantação da primeira

rede de esgotos do país até o final da Segunda Guerra Mundial, quando o brasileiro

Geraldo H. Paula Souza propôs a criação da OMS.

No início do século XX, teve início uma intensa movimentação em torno da

questão sanitária, a partir das pesquisas de Oswaldo Cruz. No mesmo período,

Francisco Rodrigues Saturnino de Brito, engenheiro sanitarista brasileiro, realiza

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alguns dos mais importantes estudos de saneamento básico e urbanismo em várias

cidades do país, sendo considerado o pioneiro da engenharia sanitária e ambiental

no Brasil.

Ano Ocorrência

1857 Implantada a primeira rede de esgotos do país, na cidade do Rio de Janeiro, num contrato firmado entre o Imperador D. Pedro II e a City (Cia. Inglesa).

1876 Projetada e construída por ingleses a primeira rede de esgotos na cidade de São Paulo.

1887 Constituída a Cia. Cantareira de Água e Esgotos de São Paulo

1893 Criada a Repartição de Água e Esgotos de São Paulo (houve rescisão com a Cia. Cantareira).

1897 Inaugurada a cidade de Belo Horizonte (já projetada com redes de água e esgoto).

1898 Projeto de aproveitamento das águas do Rio Cotia, para abastecimento da cidade de São Paulo.

1898 Realizado exame bacteriológico das águas do Rio Tietê.

1903 Realizados estudos para aproveitamento das águas do Rio Claro, para abastecimento da cidade de São Paulo e Oswaldo Cruz é nomeado Diretor do Serviço Sanitário do Rio de Janeiro.

1905 Saturnino de Brito é contratado pelo governo do Estado de São Paulo para estudos sobre o sistema de drenagem e de esgotos da cidade de Santos – SP.

1907 Saturnino de Brito inicia as obras de saneamento em Santos – SP.

1910 Implantação do sistema de esgotamento sanitário da Ilha de Paquetá - RJ

1911 Brado de alerta sobre a crescente poluição do Rio Tietê, a jusante de São Paulo, pelo fiscal de rios da capital. Sr. José J. Freitas.

1912 Introdução do sistema separador absoluto na cidade de São Paulo.

1913 Adotado o Sistema Separador Absoluto na cidade do Rio de Janeiro.

1913 Proposto o aproveitamento das águas do Rio Tietê para abastecer São Paulo (Roberto Hottinger, Geraldo H. Paula Souza e Robert Mange)

1913 Primeiro estudo sobre a poluição do Rio Tietê a jusante de São Paulo – tese de Geraldo H. Paula Souza.

1913 Realizado o 1.º Congresso Brasileiro de Higiene.

1928 Proposto o plano da ERA para os esgotos da cidade de São Paulo. Já previa a construção da ETE de Vila Leopoldina, tendo sido construído o antigo emissário do Tietê (entre a Elevatória de Ponte Pequena e Vila Leopoldina).

1933 Realizado levantamento sanitário do Rio Tietê a jusante de São Paulo.

1934 Início, na cidade do Rio de Janeiro, do serviço mecanizado de limpeza dos tanques das estações de tratamento, instalando-se bombas para recalcar o lodo para os locais de lançamento. Até essa data o serviço era feito manualmente.

1934 Elaboração do Código das Águas

1936 Criada a Revista DAE. Hoje DAE/SABESP.

1938 Inaugurada a ETE IPIRANGA – São Paulo, a 1.ª da cidade. Hoje funciona como ETE-escola para os funcionários da SABESP.

1940 Decreto 10.890 – de 10/01/40, cria a Comissão de Investigação da Poluição das Águas em São Paulo (1.ª legislação específica no Brasil).

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Ano Ocorrência

1942 Criado o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), mediante convênio entre os Governos do Brasil e dos Estados Unidos, para proteger a saúde da população envolvida na obtenção de material estratégico para esforço de guerra na Região Amazônica e no Vale do Rio Doce (borracha e mica).

1945 Proposta da criação da O.M.S. – Organização Mundial de Saúde, por iniciativa do brasileiro Geraldo H. Paula Souza.

Quadro 1 - Histórico do saneamento no Brasil, 1857-1945 Fonte: Elaborada pela autora a partir de dados disponibilizados em tabela elaborada por Nuvolari, 2003 e Kligerman, 1995.

O quadro 2, a seguir, abrange o final da década de 40, com a criação da Associação

Interamericana de Engenharia Sanitária (AIDIS), até o final da década de 80. Este

período é marcado pela criação de algumas Companhias Estaduais de Saneamento

e a criação do primeiro Plano de Saneamento Básico, PLANASA.

Ano Ocorrência

1947 Término do contrato da “City”, seus serviços e pessoal passaram para o Departamento de Águas e Esgotos da antiga PDF (Prefeitura do Distrito Federal)

1948 Fundada a AIDIS - Associação lnteramericana de Engenharia Sanitária.

1950 A partir da década de 50, o Sesp intensificou seus trabalhos, passando a realizar, além daquilo que era visto como atividades sanitárias básicas - assistência médica, educação sanitária, saneamento e controle de doenças transmissíveis

1953 Criado o Conselho Estadual de Controle de Poluição das Águas - Lei Estadual Paulista n.º 2.182 de 23/07/53.

1954 Criado o Departamento de Águas e Esgotos da cidade de São Paulo -DAE-SP.

1955 Inaugurada a ETA Guandu no Rio de Janeiro.

1957 Criada no Rio de Janeiro a Superintenderia de Urbanização e Saneamento – SURSAN – a administração dos sistemas de esgotos sanitários passou para o Departamento de Esgotos Sanitários – DES – daquela Superintendência, transformando depois em Departamento de Saneamento.

1958 Criada a comissão de Planejamento dos Esgotos Sanitários – COPES, através de um convênio entre a SURSAN e o Serviço Especial de Saúde Pública – SESP – do Ministério da saúde. A COPES funcionou de 1958 a 1969, nas dependências do DES, na Glória, Rio de Janeiro.

1958 Estabelecidos os padrões de potabilidade das águas (ABNT).

1959 Início de operação da ETE Leopoldina – São Paulo (tratamento primário).

1960 Através da lei nº 3.750, de 1960, o Sesp foi transformado em Fundação vinculada ao Ministério da Saúde, Fundação Serviço de Saúde Pública, adquirindo caráter permanente

1963 Estabelecidos os padrões internacionais para água potável (da OMS).

1966 Fundação da ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária.

1967 Propostos os planos HIBRACE e Hazen-Sawyer para os esgotos da RMSP.

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Ano Ocorrência

1967 Lei nº 5.318, de 26 de setembro de 1967, transferência das atividades de saneamento básico para o Ministério do Interior. Coube à Fundação Sesp, junto com o Departamento Nacional de Obras e Saneamento e o Departamento Nacional de Endemias Rurais (DENERu), a execução da política de saneamento elaborada pelo governo.

1968 Estabelecido o Plano Nacional de Saneamento. sendo criadas a COMASP - Companhia Metropolitana de Águas de São Paulo e a FESB - atual CETESB.

1970 Criada a SANESP – Cia Metropolitana de Saneamento de São Paulo.

1971 Criado no Brasil o primeiro Plano Nacional de Saneamento de Saneamento Básico, PLANASA

1972 Início de operação da ETE – Pinheiros, em São Paulo (tratamento em nível primário). Hoje desativada.

1972 Criada a Empresa de Saneamento da Guanabara – ESAG – que tinha encargo de dirigir e administrar os serviços de esgotos sanitários e dar combate aos mosquitos em toda a área do Estado da Guanabara. Coube a ESAG elaborar o Plano Estadual de Esgotamento Sanitário, considerando três grandes sistemas de esgotamento: sistema Guanabara, Jacarepaguá e Sepetiba. Logo a seguir, reformulou o programa de obras do Emissário Submarino de Ipanema e deu início a sua construção, concluídas em 1975 pela CEDAE com recursos próprios e do BNH.

1973 Criadas as Companhias Estaduais de Saneamento. Em São Paulo a SABESP. No Paraná - a SANEPAR .... e assim por diante. .

1973 Proposto o plano “Solução Integrada para os esgotos da RMSP”.

1974 Recuperação/ampliação da ETE - Leopoldina - São Paulo (tratamento em nível primário). Hoje desativada.

1980 Proposto o plano SANEGRAN para os esgotos da RMSP.

1981 Inaugurada a ETE - SUZANO - São Paulo (tratamento secundário).

1983 Implantação do Sistema Não Convencional de Esgoto a Custo Reduzido em Brotas, município de Itapipoca, Ceará. Este sistema foi idealizado pelo engenheiro Szachna Eliasz Cynamon1

1986 Resolução CONAMA n.º 001/86 - estabelece diretrizes para elaboração de EIA-RIMA no Brasil.

1988 Inaugurada a ETE - Barueri - São Paulo (tratamento secundário).

1990 A partir de 1990, com a reforma administrativa empreendida pelo governo Collor, a Fundação Sesp foi extinta, passando a integrar junto com a Superintendência Nacional de Campanhas (Sucam) um novo órgão denominado Fundação Nacional de Saúde, com sede em Brasília.

Quadro 2 - Histórico do saneamento no Brasil, 1948 -1988 Fonte: Elaborada pela autora a partir de dados disponibilizados em tabela elaborada por Nuvolari, 2003. p.6

O quadro 3 abrange o final do século XX, quando o conceito de

desenvolvimento sustentável, conservação e preservação do meio ambiente, com

ênfase nos recursos hídricos, vai influenciar diretamente no planejamento das ações

de saneamento, como o Programa de Modernização do Setor de Saneamento

(PMSS).

1 Cynamon se destacou, como funcionário do SESP, devido à luta em prol da tecnologia apropriada para melhorar as condições do saneamento básico nas comunidades menores e economicamente carentes.

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O início do século XXI é marcado pela criação de diretrizes nacionais para o

saneamento básico e para a política federal de saneamento básico. Em 2009, tem

início a operação da ETE Alegria, no Rio de Janeiro, que conta com o maior

equipamento de secagem térmica da América Latina.

Ano Ocorrência

1990 Revisados os padrões de potabilidade das águas de abastecimento - Portaria n.º 36 do Ministério da Saúde.

1991 Lançado o Programa de Despoluição do Rio Tietê - SP, na RMSP, com previsão de implantação/ampliação de 5 ETEs: Suzano e Barueri (já estavam em operação); ABC, São Miguel e Parque Novo Mundo.

1992 Dos 583 municípios paulistas (até então existentes) apenas 302 eram conveniados com a SABESP. Os demais (28I) possuíam serviços autônomos de água e esgoto.

1993 Criação do Programa de Modernização do Setor de Saneamento - PMSS, um dos principais programas da SNSA/Ministério das Cidades, tem suas ações voltadas à criação das condições propícias a um ambiente de mudanças e de desenvolvimento do setor saneamento no país.

1994 Lei 11.720: Dispõe sobre a política estadual de saneamento básico.

1998 Inauguradas as Estações de Tratamento de Esgotos: ABC, São Miguel Paulista e Parque Novo Mundo, todas com tratamento em nível secundário e integrantes do Programa de Despoluição do Rio Tietê, na cidade de São Paulo.

2000 Revisados os padrões de potabilidade das águas de abastecimento - Portaria n.º 1469 do Ministério da Saúde, editada em 29 de dezembro de 2000.

2005 Lei 11.107 e decreto 6017/2007. Regulamentam os consórcios públicos e convênios de cooperação que autorizam a gestão associada de serviços públicos.

2005 Decreto 5.440 de 4/5/2005. Estabelece definições e procedimentos sobre o controle de qualidade da água de sistemas de abastecimento e institui mecanismos e instrumentos para divulgação de informação ao consumidor sobre a qualidade da água para consumo humano.

2005 Resolução CONAMA 357 de 17/3/2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.

2007 Lei nº 11.445, 5 de janeiro de 2007. Art. 1º - Esta Lei estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico

2009 Início de operação da ETE Alegria no Rio de Janeiro, pré-operação do seu tratamento secundário. Ela conta com o maior equipamento de secagem térmica da América Latina.

Quadro 3 - Histórico do saneamento no Brasil, 1990-2009 Fonte: Elaborada pela autora a partir de dados disponibilizados em tabela elaborada por Nuvolari, 2003. p.6

2.2 DEFINIÇÃO DE SANEAMENTO

A OMS define saneamento como sendo “o controle de todos os fatores do

meio físico do homem que exercem efeito deletério sobre seu bem-estar físico,

mental ou social”.

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Saneamento ambiental, segundo Carvalho (1981), é a aplicação dos

princípios da engenharia, da medicina, da biologia e da física no controle do

ambiente, com aquelas modificações originárias da proteção e das medidas

porventura desejáveis ou necessárias para instituir as condições ótimas de saúde e

bem-estar.

Segundo a Lei nº 7.750, saneamento ou saneamento ambiental é definido

como: o conjunto de ações, serviços e obras que têm por objetivo alcançar níveis

crescentes de salubridade ambiental, por meio do abastecimento de água potável,

coleta e disposição sanitária de resíduos líquidos, sólidos e gasosos, promoção da

disciplina sanitária do uso e ocupação do solo, drenagem urbana, controle de

vetores de doenças transmissíveis e demais serviços e obras especializados.

Essa mesma lei define o saneamento básico como as ações, serviços e obras

considerados prioritários em programas de saúde pública, notadamente o

abastecimento público de água e a coleta e tratamento de esgotos.

A salubridade ambiental é definida como a qualidade ambiental capaz de

prevenir a ocorrência de doenças veiculadas pelo meio ambiente e de promover o

aperfeiçoamento das condições mesológicas favoráveis à saúde da população

urbana e rural (São Paulo, 1999).

É possível dizer que saneamento é o conjunto de medidas adotadas em

relação ao meio, cuja finalidade é estabelecer condições favoráveis à conservação

do meio ambiente e à saúde do homem.

O destino que se dá aos dejetos humanos, fezes e urina pode ser

considerado um dos maiores problemas do saneamento. Nos dejetos podem-se

encontrar grandes quantidades de agentes patógenos eliminados por pessoas

doentes, que se instalam no solo e/ou na água e, conseqüentemente, poderão ser

transmitidos a outras pessoas. (RYN, 1978). Dessa maneira, os sistemas de

abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto passam a ter uma

importância fundamental para as populações. A melhoria e a implantação de novos

sistemas terão uma relação direta com a diminuição de doenças relacionadas aos

sistemas hidrossanitários, diminuindo a mortalidade, principalmente infantil, e,

conseqüentemente, possibilitando o aumento do tempo médio de vida da população

beneficiada.

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2.3 SANEAMENTO, MEIO AMBIENTE E SAÚDE

... 4 em cada 10 pessoas no mundo não têm acesso nem a uma simples latrina de fossa não-asséptica, e são obrigadas a defecar a céu aberto. Aproximadamente 2 em cada 10 pessoas – mais de 1 bilhão de pessoas – não têm nenhuma fonte de água potável segura. Como conseqüência, 3.900 crianças morrem diariamente em razão desta crise humanitária, totalmente evitável porém silenciosa. ... o conhecimento, as ferramentas e os recursos financeiros estão disponíveis para realizar o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio de reduzir pela metade o número de pessoas sem acesso à água e saneamento ao longo das próximas décadas. Além disso, os países precisam melhorar a gestão da água, para proteger o meio ambiente e usar seus recursos hídricos de forma eficaz. (PROJETO DO MILÊNIO, 2005).

Quando entram em desequilíbrio o poder do homem em poluir e degradar e o

da natureza em restaurar é que começam a existir os problemas de

desbalanceamento no meio ambiente. A partir do momento em que o homem fez

essa associação, surgiu o entendimento da importância da preservação do meio

ambiente, embora este entendimento não tenha sido o suficiente para a solução dos

problemas existentes.

Fatores culturais, socioeconômicos, religiosos e políticos, agravados pela

corrupção, vêm retardando a solução para os problemas causadores da poluição

das águas e, conseqüentemente, os de saneamento básico.

As bacias hidrográficas são unidades de fundamental importância para a

conservação do meio ambiente, para as populações e para as indústrias que se

utilizam delas. Com as atividades do homem, elas têm sofrido a perda da sua

biodiversidade, a partir do desmatamento desenfreado, da exploração dos recursos

naturais, das práticas ilegais de mineração, do manejo inadequado do solo nas

áreas rurais, da utilização inadequada de agroquímicos e da deficiência na

infraestrutura dos serviços de saneamento básico urbano e industrial. Além de

causar problemas ao meio ambiente, essas atividades atingem também as

comunidades que se utilizam do recurso.

No sistema de abastecimento de água, os mananciais são também muito

importantes, pois influenciam diretamente na qualidade e quantidade da água nas

fases de captação, processamento e distribuição. Eles têm relação direta com a

saúde humana e, de um modo geral, com o meio ambiente, sendo uma das

principais fontes de onde vem a água que alimenta o sistema.

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A água é fundamental à vida, é um recurso renovável e, após determinados

usos, pode, ainda, ser reutilizada para outros fins, como jardinagem, manejo florestal

etc. A liberação para consumo humano vai depender da sua cor, turbidez, sabor,

cheiro e composição química. (Lei nº 9433, 1997).

O saneamento básico constitui um dos mais importantes meios de prevenção

de doenças: seu objetivo maior é a promoção da saúde do homem, pois muitas

doenças podem proliferar devido à carência de medidas de saneamento.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB, 2000), em

grande parte dos 8.656 distritos com rede distribuidora de água, há utilização de

mais de uma fonte para suprir o sistema de abastecimento. Também são utilizadas a

água captada e/ou processada em outros distritos, alimentando estações de

tratamento, no caso de água bruta, ou, quando tratada, encaminhada diretamente

para o sistema de distribuição. Mesmo cercadas dos cuidados com a qualidade do

manancial, as captações projetadas e construídas para a tomada de água de

superfície destinada ao sistema de abastecimento estão sujeitas a lançamento de

esgoto sanitário, vazadouro de lixo, despejos de resíduos industriais, presença de

resíduos agrotóxicos e atividade mineradora.

A falta de esgoto sanitário e de educação sanitária é um dos principais

problemas encontrados nas comunidades carentes onde o lançamento de dejetos se

faz diretamente nos recursos hídricos e no solo, podendo causar doenças

relacionadas a um saneamento ambiental inadequado (DRSAI). Os dejetos

contaminam e poluem o local, favorecendo a proliferação de moscas, que

representam sérios riscos à saúde do homem, ao contaminar os alimentos. Animais

domésticos como cães, porcos, galinhas, entre outros também são passíveis de

contaminação.

Segundo Ryn, muitas doenças são transmitidas através da água, que pode

servir de meio de transporte de agentes patogênicos eliminados pelo homem nos

dejetos, ou de poluentes químicos e radioativos, presentes nos esgotos industriais.

Os agentes poluentes podem alcançar o homem através: (i) da ingestão direta da

água; (ii) do contato da água com a pele e mucosas ou, (iii) do seu uso em irrigação

ou preparação de alimentos.

As principais doenças causadas por contato da água com a pele e mucosas

são a esquistossomose, infecções nos olhos, ouvidos, nariz e garganta e doenças

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de pele, sendo que algumas delas podem ser causadas por produtos químicos

existentes na água. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

Os dados selecionados, segundo as unidades da federação, sobre os casos

mais notificados pelo sistema de vigilância epidemiológica em relação às condições

gerais de saúde pública são:

• Dengue, malária, febre amarela - doenças transmitidas por mosquitos,

relacionadas com a água, principalmente com o abastecimento, reservação

e drenagem, além de aspectos da relação do homem com o meio ambiente.

O sistema de drenagem é um item fundamental nas obras de saneamento,

por prevenir inundações e alagamentos em áreas mais baixas, tornando

possível o escoamento rápido das águas durante o período das chuvas,

visando à segurança e, principalmente, à saúde da população, além de

possibilitar a ampliação do sistema viário.

• Hepatite A, febre tifóide e a maioria das diarréias são doenças de

transmissão hídrica, que se dá através do consumo de água contaminada

por dejetos. Estão relacionadas com o esgotamento sanitário, a distribuição

e o tratamento da água de abastecimento.

• A diarréia, devido à importância da relação com o saneamento (qualidade

da água e destino dos dejetos), tem um número mais expressivo de casos.

A proporção de óbitos é maior nas faixas etárias de menores de 5 anos e de

maiores de 80 anos de idade.

• A leptospirose, doença transmitida principalmente através do contato com a

água contaminada pela urina de ratos, está relacionada com o esgotamento

sanitário, enchentes e o sistema de coleta e destino do lixo.

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Quadro 4 - Classificação ambiental das infecções relacionadas com os excretas

Fonte: FEACHEM et al. (1983) apud HELLER, 1997, p. 35.

O quadro 4 identifica as seis categorias que compõem a classificação

ambiental das infecções relacionadas às excretas. Observa-se que o item

saneamento aparece em todas as categorias citadas como uma das principais

medidas de controle.

Os serviços de saneamento são essenciais à vida e ao bem-estar do homem.

Os sistemas adequados do saneamento básico possibilitam uma rápida e expressiva

melhoria da saúde e das condições de vida de uma comunidade, principalmente

pelo controle e prevenção de doenças. Estudos produzidos pela OMS indicam que

cada dólar investido em saneamento implica na redução de aproximadamente 4 a 5

dólares em despesas médicas.

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Figura 1 - Sistema de saneamento básico convencional

Fonte: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP, 2009) Na figura 1, pode-se observar as principais etapas do ciclo do saneamento

convencional relacionadas à água (captação, floculação, decantação, filtração,

reservação e distribuição) e ao esgoto (rede de esgotos, grades e decantadores).

2.4 PROCESSO CONVENCIONAL DE TRATAMENTO DA ÁGUA

O processo de tratamento da água tem por finalidade retirar qualquer tipo de

contaminação, para evitar a transmissão de doenças. Os processos físicos e

químicos fazem parte do tratamento aplicado para garantir as condições ideais de

consumo.

A construção de um sistema coletivo público convencional de abastecimento

de água requer a definição da população a ser abastecida, a taxa de crescimento da

cidade e suas necessidades industriais. A seleção da fonte abastecedora de água é

fundamental na construção do sistema. O manancial precisa ter vazão capaz de

proporcionar um perfeito abastecimento à comunidade, com a quantidade

necessária de água tratada.

O consumo de água depende de alguns fatores como hábito; poder aquisitivo

e nível de educação sanitária da comunidade; características climáticas; tipo de

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cidade; características do sistema de abastecimento (disponibilidade de água,

existência de medidores de consumo etc.). (ROUQUAYROL, 1988; FURB).

As principais etapas de um sistema convencional de abastecimento de água

são: captação, adução, estação de tratamento, reservação, redes de distribuição e

ligações domiciliares.

A captação da água é feita em mananciais de superfície (rios, represas,

lagoas, lagos) ou subterrâneos (fontes naturais e poços), dependendo da localização

da cidade, da quantidade e qualidade da água. A adução compreende o transporte,

através de uma tubulação adutora, de água entre o manancial e o restante do

sistema. A adução pode ser feita por gravidade ou por recalque, dependendo da

topografia do terreno. O tratamento da água tem por objetivo reduzir ao mínimo

desejável as impurezas presentes na água, tornando-a potável. Em uma Estação de

Tratamento de Água (ETA) convencional, o tratamento é feito por intermédio de

vários processos, conforme demonstrado na figura 2 abaixo, que vão depender da

qualidade do manancial. A reservação tem como objetivo acumular água para

atender às variações de consumo ou às situações de emergência e dos

reservatórios é feita a distribuição da água à população.

O processo relativo ao tratamento convencional de água, descrito na figura 2

abaixo, engloba desde a captação de água até o transporte para a cidade.

Figura 2 -Tratamento convencional da água

Fonte: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP, 2009)

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Legenda 1. Represa 2. Captação e Bombeamento 3. Pré cloração Inicialmente é feita adição de cloro, assim que a água chega à estação. O objetivo é facilitar a retirada de matéria orgânica e metais do líquido. Pré-alcalinização Depois do cloro, a água recebe adição de cal hidratada ou carbonato de sódio, que servem para ajustar o pH* aos valores exigidos nas fases seguintes do tratamento e preservar a rede de encanamentos de distribuição. *Fator pH - O pH refere-se à água ser um ácido, uma base, ou nenhum deles (neutra). Um pH de 7 diz-se neutro, um pH abaixo de 7 é "ácido" e um pH acima de 7 é "básico" ou "alcalino". Tal como a escala de Richter, usada para medir terremotos, a escala do pH é logarítmica. Um pH de 5,5 é 10 vezes mais ácido do que água com um pH de 6,5. Para o consumo humano recomenda-se um pH na faixa de 6,0 a 9,5, na rede de distribuição. Coagulação Quando a água, na sua forma natural (bruta), entra na ETA, recebe, nos tanques, uma determinada quantidade de sulfato de alumínio, cloreto férrico ou outro coagulante seguido de uma agitação violenta da água, para provocar a desestabilização elétrica das partículas de sujeira, facilitando sua agregação. 4. Floculação É o processo onde a água recebe uma substância química chamada de sulfato de alumínio; em tanques de concreto com a água em movimento, as partículas sólidas se aglutinam em flocos maiores para facilitar sua remoção. 5. Decantação Em outros tanques, por ação da gravidade, os flocos com as impurezas e partículas ficam depositados no fundo, separando-se da água. 6. Filtração A água passa por filtros formados por carvão, areia e pedras de diversos tamanhos. Nessa etapa, as impurezas de tamanho pequeno ficam retidas no filtro. Essas três etapas – flocação, decantação e filtração – recebem o nome de clarificação. Nessa fase, todas as partículas de impurezas são removidas, ficando a água límpida, mas não pronta, ainda, para ser usada. Para garantir a qualidade da água, após a clarificação, é feita a desinfecção. 7. Cloração A cloração consiste na adição de cloro, produto usado para destruição de microorganismos presentes na água. Fluoretação A fluoretação é uma etapa adicional: é aplicado flúor na água para prevenir a formação de cárie dentária em crianças. 8- Reservatório Após o tratamento, a água é armazenada inicialmente em reservatórios de distribuição e , depois, em reservatórios de bairros, espalhados em regiões estratégicas das cidades. 9- Distribuição Desses reservatórios, a água vai para as tubulações maiores (denominadas adutoras) e, depois, para as redes de distribuição, até chegar aos domicílios. 10- Redes de distribuição

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Depois das redes de distribuição, a água, geralmente, é armazenada em caixas d`água. A responsabilidade das concessionárias é entregar água até a entrada da residência, onde estão o cavalete e o hidrômetro. A partir daí, o cliente deve cuidar das instalações internas e da limpeza e conservação do reservatório. 11. Cidade

Fonte: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP, 2009)

2.5 PROCESSO CONVENCIONAL DE TRATAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

O esgoto sanitário é o despejo líquido constituído de esgotos doméstico e

industrial, água de infiltração e a contribuição pluvial parasitária. (ABNT, 1986).

O esgoto doméstico é gerado a partir da água de abastecimento e é medido

pela água consumida. Segundo hábitos e costumes da população de uma

determinada localidade, é usual a taxa de 200 l/hab.d, podendo chegar a ser de três

a quatro vezes maior, nas grandes cidades. (ARAUJO, 2003).

As partes integrantes de um sistema de esgoto sanitário são (i) sistema de

coleta, (ii) transporte e (iii) tratamento. A ligação predial, início da rede coletora, é o

trecho final do coletor predial de propriedade particular, que o interliga ao coletor

público e situa-se entre este e o alinhamento do terreno. A rede coletora é o

conjunto de tubulações, constituído por ligações prediais, coletores de esgoto e

coletor-tronco. Dos coletores-tronco os esgotos vão para os interceptores, que são

tubulações maiores, e daí são destinados à estação de tratamento, que tem a

missão de devolver a água, em boas condições, ao meio ambiente ou destiná-la ao

reuso para finalidades não potáveis. O esquema de coleta, transporte, tratamento e

disposição final do esgoto sanitário está demonstrado na figura 3, a seguir.

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Figura 3 - Esquema de sistema de esgoto sanitário

Fonte: Nuvolari et al, 2003 p.40.

Após a utilização da água, seja no banho, na limpeza de roupas, de louças ou

na descarga do vaso sanitário, é que se inicia a formação de esgoto. Dependendo

do uso, existem distintas denominações. Os resíduos provenientes das residências

formam os esgotos domésticos, os resultantes das águas da chuva são

denominados esgotos pluviais e aqueles formados no processo de fábricas recebem

o nome de esgotos industriais.

Geralmente, o esgoto não tratado contém numerosos agentes patogênicos,

microorganismos, resíduos tóxicos e nutrientes que provocam o crescimento de

outros tipos de bactérias, vírus ou fungos presentes em menor número.

Segundo Nuvolari et al, o lançamento de esgoto sanitário num determinado

corpo d´água sem o devido tratamento pode causar a deterioração da qualidade da

água, podendo se tornar uma ameaça à saúde das populações. Entretanto,

dependendo da relação entre a carga poluente lançada e a vazão desse corpo

d´água, a variação da qualidade da água pode ser insignificante. Tudo vai depender

da análise das condições locais, para se determinar o tipo de tratamento mais

adequado.

As Regiões Metropolitanas e grandes cidades concentram grandes volumes

de esgoto coletado, que, na sua maioria, é despejado sem tratamento nos rios e

mares, que servem de corpos receptores. Em conseqüência, a poluição das águas

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que cercam as maiores áreas urbanas é bastante elevada, dificultando e

encarecendo, cada vez mais, a própria captação de água para o abastecimento.

(BORSOI et al, 1997).

O objetivo, ao se implementar uma estação de tratamento de esgotos, é a

remoção dos principais poluentes presentes nas águas residuárias (esgoto),

retornando-as ao corpo d’água sem alteração de sua qualidade.

Os esgotos sanitários e industriais compõem as águas residuárias de uma

cidade, sendo que os industriais, em caso de geração de efluentes muito tóxicos,

devem ser tratados em unidades das próprias indústrias. Enquanto o esgoto

sanitário causa poluição orgânica e bacteriológica, o industrial, geralmente, produz a

poluição química. O parâmetro mais utilizado para definir um esgoto sanitário ou

industrial é a demanda bioquímica por oxigênio - DBO2. Quanto maior a DBO maior

a poluição orgânica.

A escolha do sistema de tratamento é feita em função das condições

estabelecidas para a qualidade da água dos corpos receptores. O projeto de sistema

deve estar baseado no conhecimento de diversas variáveis do esgoto a ser tratado,

tais como a vazão, o pH, a temperatura, o DBO etc.

Na elaboração do projeto de um sistema, é fundamental o estudo das

características do esgoto a ser tratado e da qualidade do efluente que se deseja

lançar no corpo receptor. A escolha do tratamento depende das condições mínimas

estabelecidas para a qualidade da água dos mananciais receptores em função de

sua utilização, quer seja para abastecimento doméstico, irrigação, recreação,

dessedentação de animais, navegação, abastecimento industrial, preservação de

peixes etc. (BORSOI et al, 1997; NUVOLARI et al, 2003).

Os sistemas de esgotos urbanos podem ser de três tipos: sistema unitário,

sistema separador parcial e sistema separador absoluto. No sistema unitário, as

águas residuárias, as águas de infiltração e as águas pluviais veiculam por um único

sistema; no sistema separador absoluto, as águas residuárias e as águas de

infiltração veiculam em sistema separado das águas pluviais; e no sistema

separador parcial, as águas pluviais provenientes de telhados e pátios são

encaminhadas juntamente com as águas residuárias e águas de infiltração para um

único sistema de coleta e transporte de esgotos.

2 A DBO é a quantidade de oxigênio usada por uma população mista de microorganismos durante a oxidação aeróbia, à temperatura de 20ºC. (BORSOI et al, 1997).

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Segundo Tsutiya (2004), o Brasil adota o sistema separador absoluto, de

modo que as águas pluviais não cheguem aos coletores de esgoto, mas, na

realidade, sempre chegam, não somente devido a defeitos das instalações, mas

também devido às ligações clandestinas. Tem sido observado, na grande maioria

dos sistemas de esgotos, que parcela significativa de águas pluviais aflui ao sistema,

de modo que, na prática, os nossos sistemas funcionam como separador parcial.

Na implantação de um sistema de esgotamento sanitário, compreendendo

também a rede coletora, a estação de tratamento representa cerca de 20% do custo

total. (BORSOI et al, 1997).

Nas estações de tratamento de esgoto (ETE’s) são utilizados processos

físicos químicos e biológicos para a remoção dos poluentes. Existem inúmeras

opções para se fazer o tratamento do esgoto, dentre elas, nos casos mais simples,

as fossas sépticas; nos mais sofisticados, os sistemas de lodos ativados e, para

cada um deles, existem variações. (SABESP).

O método por lodos ativados foi desenvolvido na Inglaterra, em 1914. Ele é

amplamente utilizado para tratamento de esgotos domésticos e industriais nas

grandes cidades. (SABESP).

O processo de tratamento do esgoto pode adotar diferentes tecnologias, mas,

de modo geral, segue um fluxo que compreende cinco etapas: (i) preliminar, que

remove os grandes sólidos; (ii) primária, remoção dos sólidos não grosseiros; (iii)

secundária, é a etapa de remoção biológica dos poluentes; (iv) terciária, remoção de

poluentes tóxicos ou não biodegradáveis e (v) desinfecção, dos microorganismos

patogênicos. Vide quadro 5 abaixo.

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Etapa Processo

Preliminar Consiste na remoção de grandes sólidos e areia para proteger as demais unidades de tratamento, os dispositivos de transporte (bombas e tubulações) e os corpos receptores. A remoção da areia previne, ainda, a ocorrência de abrasão nos equipamentos e tubulações e facilita o transporte dos líquidos. É feita com o uso de grades que impedem a passagem de trapos, papéis, pedaços de madeira, etc.; caixas de areia, para retenção deste material; e tanques de flutuação para retirada de óleos e graxas em casos de esgoto industrial com alto teor destas substâncias.

Primária Os esgotos ainda contém sólidos em suspensão não grosseiros cuja remoção pode ser feita em unidades de sedimentação, reduzindo a matéria orgânica contida no efluente. Os sólidos sedimentáveis e flutuantes são retirados através de mecanismos físicos, via decantadores. Os esgotos fluem vagarosamente pelos decantadores, permitindo que os sólidos em suspensão de maior densidade sedimentem gradualmente no fundo, formando o lodo primário bruto. Os materiais flutuantes como graxas e óleos, de menor densidade, são removidos na superfície. A eliminação média do DBO é de 30%.

A fossa séptica é um tipo de tratamento primário muito usado no meio rural e urbano. Os sólidos sedimentáveis se acumulam no fundo, onde permanecem tempo suficiente para sua estabilização, porém mantém os elementos patogênicos. Como a eficiência na remoção da matéria orgânica é baixa, freqüentemente utiliza-se forma complementar de tratamento, como filtros anaeróbios ou sistemas de infiltração no solo (sumidouros, valas de infiltração e valas de filtração).

Secundária Processa, principalmente, a remoção de sólidos e de matéria orgânica não sedimentável e, eventualmente, nutrientes como nitrogênio e fósforo. Após as fases primária e secundária a eliminação de DBO deve alcançar 90%. É a etapa de remoção biológica dos poluentes e sua eficiência permite produzir um efluente em conformidade com o padrão de lançamento previsto na legislação ambiental. Basicamente, são reproduzidos os fenômenos naturais de estabilização da matéria orgânica que ocorrem no corpo receptor, sendo que a diferença está na maior velocidade do processo, na necessidade de utilização de uma área menor e na evolução do tratamento em condições controladas.

Terciária Remoção de poluentes tóxicos ou não biodegradáveis ou eliminação adicional de poluentes não degradados na fase secundária.

Desinfecção Grande parte dos microorganismos patogênicos foi eliminada nas etapas anteriores, mas não a sua totalidade. A desinfecção total pode ser feita pelo processo natural - lagoa de maturação, por exemplo - ou artificial - via cloração, ozonização ou radiação ultravioleta. A lagoa de maturação demanda grandes áreas pois necessita pouca profundidade para permitir a penetração da radiação solar ultravioleta. Entre os processos artificiais, a cloração é o de menor custo mas pode gerar subprodutos tóxicos, como organoclorados. A ozonição é muito dispendiosa e a radiação ultravioleta não se aplica a qualquer situação.

Quadro 5 - Etapas do processo de tratamento de esgoto

Fonte: BORSOI, Zilda et al, Informe Infra-estrutura, Área de projetos de infra-estrutura, nov./97 N° 16

O desenvolvimento tecnológico no tratamento de esgotos está concentrado

na etapa secundária e posteriores. Uma das tendências verificadas é o aumento na

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dependência de equipamentos, em detrimento do uso de produtos químicos para o

tratamento. Os fabricantes de equipamentos para saneamento, por sua vez, vêm

desenvolvendo novas tecnologias para o tratamento biológico, com ênfase no

processo aeróbio. (BORSOI et al, 1997).

A composição do esgoto doméstico, exemplificado no quadro 6, a seguir,

identifica algumas das substâncias que são colocadas indevidamente no esgoto

sanitário e que, para efeito de tratamento, são consideradas como impurezas da

água, que devem ser retiradas para purificá-la.

Tipos de substâncias Origem Observações

Sabões Lavagem de louças e roupas -

Detergentes (podem ser ou não biodegradáveis)

Lavagem de louças e roupas A maioria dos detergentes contém o nutriente fósforo na forma de polifosfato.

Cloreto de sódio Cozinhas e na urina humana Cada ser humano elimina pela urina de 7 a 1,5 gramas/dia

Fosfatos Detergentes e urina humana Cada ser humano elimina, em média, pela urina, 1,5 gramas/dia.

Sulfatos Urina humana -

Carbonatos Urina humana -

Uréia, amoníaco, e ácido úrico

Urina humana Cada ser humano elimina de 14 a 42 gramas de uréia por dia

Gorduras Cozinhas e fezes humanas -

Substâncias córneas, ligamentos da carne e fibras vegetais não digeridas

Fezes humanas Vão se constituir na porção de matéria orgânica em decomposição, encontrada nos esgotos.

Porções de amido (glicogênico, glicose) e de protéicos (aminoácidos, proteínas, albumina)

Fezes humanas Idem

Urobilina, pigmentos hepáticos, etc

Urina humana Idem

Mucos, células de descamação epitelial

Fezes humanas Idem

Vermes, bactérias, vírus, leveduras, etc.

Fezes humanas Idem

Outros materiais e substâncias: areia, plásticos, cabelos, sementes, fetos, madeira, absorventes femininos, etc.

Areia: infiltrações nas redes de coleta, banhos em cidades litorâneas, parcela de águas pluviais, etc.

Demais substancias são indevidamente lançadas nos vasos sanitários.

Areias: produções nas ETEs: (S.Paulo)

Pinheiros: de 0,013 a 0,073 L/m³ (média: 0,041 L/m³

Leopoldina: 0,012 L/m³

(média: 0,012 L/m³

Fonte: Jordão e Pessoa (1995)

Água - 99,9%

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Em termos elementares, o esgoto sanitário doméstico contém:

C H O N P S etc.

Carbono Hidrogênio Oxigênio Nitrogênio Fósforo Enxofre Outros micro-elementos

Quadro 6 - Composição do esgoto doméstico

Fonte: NUVOLARI et al, 2003. p.172

O quadro 7, abaixo, demonstra os problemas causados pelo lançamento in

natura de esgoto nos corpos d’água, inclusive por nutrientes como o nitrogênio e o

fósforo. O homem e o meio ambiente são afetados diretamente por problemas como

o de toxidade (a partir da concentração de elementos químicos), que podem ser

transmitidos na cadeia alimentar, prejudicando tanto as plantas quanto os animais e

o homem. O esgoto, no tratamento convencional, passa por várias etapas, conforme

descritas nas figuras 4 e 5 a seguir.

Inconvenientes do lançamento in natura de esgoto nos corpos d’água

Matéria orgânica solúvel

Provoca a depleção (diminuição ou mesmo extinção) do oxigênio dissolvido, contido na água dos rios e estuários. Mesmo tratado, o despejo deve estar na proporção da capacidade de assimilação do curso d’água. Algumas dessas substâncias podem ainda causar gosto e odor às fontes de abastecimento de água. Ex.: fenóis

Elementos potencialmente tóxicos

Ex.: cianetos, arsênico, cádmio, chumbo, cobre, cromo, mercúrio, molibdênio, níquel, selênio, zinco, etc. Apresentam problemas de toxidade (a partir de determinadas concentrações), tanto às plantas quanto aos animais e ao homem, podendo ser tranmitidos através da cadeia alimentar.

Cor e turbidez Indesejáveis do ponto de vista estético. Exigem maiores quantidades de produtos químicos para o tratamento dessa água. Interferem na fotossíntese das algas nos lagos (impedindo a entrada de luz em profundidade).

Nutrientes Principalmene nitrogênio e fósforo, aumentam a eutrofização dos lagos e dos pântanos. Inaceitáveis nas áreas de lazer e recreação.

Materiais refratários Aos tratamentos: Ex.: ABS (alquil-benzeno-sulfurado). Formam espumas nos rios, não são removidos nos tratamentos convencionais.

Óleos e graxas Os regulamentos exigem geralmente sua completa eliminação. São indesejáveis esteticamente e interferem com a decomposição biológica (os microorganismos, responsáveis pelo tratamento, geralmente morrem se a concentração de óleos e graxas for superior a 20 mg/L).

Ácidos e Alcalis A neutralização é exigida pela maioria dos regulamentos; dependendo dos valores de pH do líquido há interferência com a decomposição biológica e com a vida aquática.

Materiais em suspensão

Formam bancos de lama nos rios e nas canalizações de esgoto. Normalmente provocam decomposição anaeróbica de matéria orgânica, com liberação de gás sulfídrico (cheiro de ovo podre) e outros gases malcheirosos.

Temperatura elevada Poluição térmica que conduz ao esgotamento do oxigênio dissolvido no corpo d’água (por abaixamento do valor de saturação).

Quadro 7 - Inconvenientes do lançamento in natura de esgoto nos corpos d’água

Fonte: NUVOLARI et al, 2003. p. 173

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A figura 4 identifica as etapas da fase líquida do tratamento de esgoto que

passa pela rede de esgoto, grades, caixa de areia, decantador primário, tanques de

aeração e decantador secundário, até ser lançado num corpo d’ água.

Figura 4 - Fase líquida do tratamento de esgoto

Fonte: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP, 2009)

Legenda 1-Cidade Após a distribuição nas residências, a água utilizada para higiene pessoal, alimentação e limpeza vira esgoto. Ao deixar as casas, ele vai para as redes coletoras, passa pelos coletores-tronco e interceptores até chegar às Estações de Tratamento de Esgotos. 2-Rede de esgotos 3-Grades Antes de ser tratado, o esgoto passa por grades, para retirar a sujeira (papel, plástico, tampinha etc). 4-Caixa de areia Depois de passar pelas grades, o esgoto é transportado para uma caixa, que vai retirar a areia contida nele. 5-Decantador primário Após a caixa de areia, o esgoto é enviado aos decantadores primários, onde ocorre a sedimentação de partículas mais pesadas. 6-Tanques de aeração O esgoto é composto por matéria orgânica e microorganismos. Nos tanques de aeração, o ar fornecido faz com que os microorganismos ali presentes multipliquem-se e alimentem-se de material orgânico, formando o lodo e diminuindo, assim, a carga poluidora do esgoto. 7-Decantador secundário Nos decantadores secundários, o sólido restante vai para o fundo e a parte líquida já está sem 90% das impurezas. Essa água não pode ser bebida. Ela é lançada nos rios ou reaproveitada para limpar ruas, praças e regar jardins.

8-Rio

Fonte: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP, 2009)

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A figura 5 apresenta as etapas da fase sólida do tratamento de esgoto, que

passa pelo tratamento do lodo primário até os filtros-prensa, para a produção das

tortas para o aterro sanitário.

Figura 5 - Fase sólida do tratamento de esgoto

Fonte: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP, 2009)

Legenda 1-Cidade

2-Entrada do lodo primário Separa a água do sólido, através da sedimentação das partículas mais pesadas, semelhante aos decantadores.

3-Entrada do lodo secundário O lodo do decantador secundário será tratado pelo processo de adensamento por flotação nos flotadores.

4-Adensadores Nos adensadores acontece o processo de adensamento, que faz com que o lodo se torne mais concentrado, através da separação de uma parte da água presente.

5-Flotadores Nos flotadores acontece o processo de flotação, que consiste na separação da água do sólido, que ocorre através da introdução de água com microbolhas de ar.

6-Digestadores Recebem o lodo proveniente do sistema de adensamento. Neles, há microorganismos anaeróbicos que degradam a matéria orgânica presente no lodo, formando, assim, gás metano e água, promovendo a estabilização do lodo, ou seja, não haverá odores desagradáveis.

7-Filtros-prensa É um equipamento mecânico para desidratação do lodo proveniente do condicionamento químico, dotado de várias placas com telas filtrantes que serão preenchidas por lodo, através de bombeamento. O lodo passa a ter 40% de sólidos.

8-Esteira

9-Tortas para aterro sanitário Aqui o lodo é armazenado e desidratado para ser disposto em aterro sanitário. .

Fonte: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP, 2009)

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A secagem térmica do lodo é um processo complementar ao tratamento

convencional dos resíduos sólidos gerados no tratamento de esgoto. É utilizado um

secador térmico (figura 6), cujo objetivo é a secagem térmica como tratamento do

lodo, visando à sua estabilidade biológica, redução de volume e desinfecção

adequada para utilização. Esse processo exige uma demanda de energia para

eliminar os patógenos do lodo. Ele é realizado através da passagem de óleo térmico

a 240ºC, obtido através de um aquecedor a óleo (vide figura 7). Ao final do processo,

o lodo adquire a forma de “pellets”, com diâmetro médio entre 2 e 5 mm, conforme

mostrado nas figuras 7 e 8.

Figura 6 - Secador térmico ETE São Miguel Paulista

Fonte: SABESP (2007)

Figura 7 - Secador – pelletizador

Fonte: SABESP (2007)

Figuras 8 - Pellets

Fonte: SABESP (2007)

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2.6 O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL E AS METAS DO MILÊNIO

O Programa de Modernização do Setor de Saneamento (PMSS), que atua

como área técnica de suporte às ações da Secretaria Nacional de Saneamento

Ambiental do Ministério das Cidades, concluiu o estudo relativo à qualificação do

deficit em saneamento básico e às metas do milênio. O estudo teve como objetivo

principal identificar: (i) Quem não tem acesso aos serviços de saneamento básico no

Brasil; (ii) Quem obteve acesso aos serviços de saneamento básico no período

1991/2000; (iii) O perfil da população que não possui instalações sanitárias no Brasil;

(iv) A probabilidade de o domicílio ter acesso aos serviços de água, esgotos e de

resíduos sólidos, segundo características sociais, econômicas, de localização e dos

próprios serviços fornecidos e (v) A probabilidade de o Brasil cumprir o ODM em

relação aos serviços de saneamento básico. Para a realização e construção das

definições desse estudo, foram utilizadas as informações dos censos de 1991 e

2000 realizados pelo IBGE (questionário amostra aplicado aos domicílios de todos

os municípios), por apresentarem condições de avaliação ao nível domiciliar e com

representatividade municipal, tendo em vista o objetivo de ser possível o cálculo da

probabilidade de cada domicílio ter acesso aos serviços de saneamento básico.

(SNIS, 2008).

O estudo definiu que saneamento seria o correspondente ao conjunto de

serviços colocados à disposição de um domicílio, visando torná-lo habitável. O

abastecimento de água, o esgotamento sanitário e a coleta de resíduos sólidos

foram considerados itens do saneamento básico. O trabalho em questão define o

acesso ao abastecimento de água como: (i) rural (abastecimento de água ligado à

rede, com ou sem canalização interna, ou acesso a poço ou nascente com

canalização interna) e (ii) urbano (abastecimento de água ligado à rede geral e

canalizado em pelo menos um cômodo). O esgotamento sanitário e a coleta de

resíduos sólidos também foram divididos em duas categorias, rural e urbano. Quanto

ao esgotamento sanitário rural, foi considerada a existência de instalações sanitárias

(sanitário) com escoadouro ligado à rede geral de esgoto ou pluvial, fossa séptica,

fossa rudimentar ou vala. Para o urbano, foi considerada a existência de instalações

sanitárias (sanitário) com escoadouro ligado à rede geral de esgoto ou pluvial.

Quanto ao acesso à coleta de resíduo sólido para a área rural foram considerados

os resíduos sólidos coletados diretamente, indiretamente (colocados em caçamba de

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serviço de limpeza) ou enterrados. Como resíduos sólidos urbanos, foram

considerados os coletados diretamente por serviço de limpeza. (SNIS, 2008).

Para avaliar o acesso ao saneamento básico, tanto rural quanto urbano,

foram estudadas várias características, entre elas, o tipo de domicílio e a condição

do domicílio, iluminação elétrica, existência de iluminação pública, tipologia de

relações domiciliares, faixa de renda do responsável em salário mínimo etc. Para o

presente trabalho só foram considerados tipo e condição do domicílio.

Para a coleta de dados do IBGE, cômodo é toda e qualquer dependência

domiciliar (quarto, sala, banheiro, cozinha, área de serviço e garagem), e seu

relatório não propicia a identificação dos tipos de cômodos, nem sua função no

domicílio.

As tabelas 1 e 2, a seguir, demonstram em percentual quem não tem acesso

aos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de resíduos

sólidos nas áreas urbana e rural. Os resultados demonstram que o esgotamento

sanitário é o que apresenta o maior percentual de falta de acesso tanto na área rural

(86,6%) quanto urbana (43,5%). Na área urbana e na rural o tipo de domicílio com

menor acesso aos serviços é o cômodo. O domicílio cedido, em relação ao

esgotamento sanitário, é o que apresenta o maior percentual (50%) sem acesso na

área urbana; e na área rural é o domicílio próprio, com 87% sem acesso.

Tabela 1 - Quem não tem acesso aos serviços de saneamento básico - área urbana (%) 1990-2000

Sem acesso Características

Abastecimento de água

Esgotamento sanitário

Coleta de resíduos sólidos

Urbano 15,1 43,5 13,1 Tipo de domicílio

Casa 16,1 47,1 13,9 Apartamento 3,9 14,2 6,5

Cômodo 42,9 53,9 20,6 Condição do domicílio

Próprio 15,2 44,9 13,7 Alugado 10,2 33,5 7,7

Cedido 23,2 50 18,1

Fonte: SNIS, 2008

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Tabela 2 - Quem não tem acesso aos serviços de saneamento básico – área rural (%) 1990-2000

Sem acesso Características

Abastecimento de água

Esgotamento sanitário

Coleta de resíduos sólidos

Urbano 46,9 86,6 81,2 Tipo de domicílio

Casa 47,1 87 81,7 Apartamento 2,9 9,7 6,1

Cômodo 57,1 86,2 71,8 Condição do domicílio

Próprio 50 87 81,3 Alugado 18,7 66,2 45,8

Cedido 39,9 86,8 83,3 Fonte: SNIS, 2008.

Nas tabelas 3 e 4, abaixo, são demonstrados os tipos de domicílio que

obtiveram acesso aos serviços de saneamento, no período de 1991/2000, na área

urbana e rural. Pode-se observar um crescimento maior no acesso ao esgotamento

sanitário no tipo de domicílio cômodo: o acesso triplicou tanto na área urbana quanto

na rural. Na área urbana, no período de 1991, o acesso era de 13,5%, passando

para 46,1% no período de 2000. Na área rural, no período de 1991, o acesso era de

4,6%, passando para 13,8% no período de 2000.

Tabela 3 - Quem obteve acesso aos serviços de saneamento básico urbano - período 1990/2000(%)

Acesso Urbano

Abastecimento de água

Esgotamento Sanitário

Coleta de Resíduos Sólidos

Variáveis

1991 2000 1991 2000 1991 2000

Tipo de domicílio Casa 79,2 83,9 39,1 52,9 72,5 86,1

Apartamento 98,8 96,1 80,5 85,8 93,5 93,5 Cômodo 50,5 57,2 13,5 46,1 78,8 79,4

Fonte: SNIS, 2008.

Tabela 4 - Quem obteve acesso aos serviços de saneamento básico rural - período 1990/2000(%)

Acesso Rural

Abastecimento de água

Esgotamento Sanitário

Coleta de Resíduos Sólidos

Variáveis

1991 2000 1991 2000 1991 2000

Tipo de domicílio Casa 34,1 52,9 9,4 13 9,8 18,3

Apartamento 90,7 97,1 84,5 90,3 87,4 93,9

Cômodo 28,5 42,9 4,6 13,8 20,9 28,2 Fonte: SNIS, 2008.

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As tabelas 5 e 6 demonstram o percentual da probabilidade de o domicílio ter

acesso aos serviços de saneamento básico nas áreas urbana e rural,

respectivamente. Os domicílios estão agrupados por região, onde: A (composta

pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal); B (composta pelos

estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais,

Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina); C (composta pelos estados da Região

Nordeste); e D (composta por todos os estados da Região Norte).

Tabela 5- Probabilidade do domicílio urbano ter acesso aos serviços de saneamento básico

Situação Probabilidade de Acesso Grupo %

A 99,00 B 98,83 C 93,86

Abastecimento de água

D 85,34 A 98,60 B 97,65 C 61,98

Esgotamento sanitário

D 16,57 A 99,12

B 99,10

C 94,91

Urbano

Coleta de resíduos sólidos

D 94,05 Fonte: SNIS, 2009.

Tabela 6 - Probababilidade do domicílio rural ter acesso aos serviços de saneamento básico

Situação Probabilidade de Acesso Grupo %

A 99,33

B 97,95

C 68,44 Abastecimento de água

D 78,73

A 82,90

B 40,30

C 9,71 Esgotamento sanitário

D 20,17

A 95,56

B 65,15

C 29,95

Rural

Coleta de resíduos sólidos

D 35,42 Fonte: SNIS, 2009.

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Nos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, em relação aos serviços de

saneamento - ODM7, Garantir a Sustentabilidade Ambiental tem como ALVO 10 –

Reduzir pela metade, até o ano de 2.015, a proporção da população de 1990 sem

acesso permanente à água potável segura (ao abastecimento de água) e ao esgoto

sanitário. Para se estimar os percentuais e a quantidade de pessoas que terão

acesso ao abastecimento de água e ao esgotamento sanitário, foram utilizados os

dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, 1990.

A pesquisa demonstrou que, em 1990, o acesso das pessoas ao

abastecimento de água era de 69,76% e que as pessoas sem abastecimento eram

30,24%. O cálculo da meta foi feito a partir da soma do total das pessoas com

acesso ao abastecimento de água com os cinqüenta por cento do total das pessoas

sem abastecimento de água (69,76 + 50% X (30,24) = 84,88%). A conclusão é que

84,88% da população de 2015 deve ter acesso ao abastecimento de água

(171.474.634 pessoas), segundo o estudo realizado.

Com relação ao esgotamento sanitário, a pesquisa demonstrou que, em 1990,

o acesso das pessoas era de 39,43% e que as pessoas sem acesso ao

esgotamento sanitário somavam 60,57%. O cálculo da meta foi feito a partir do total

das pessoas com acesso ao esgotamento sanitário somado aos cinqüenta por cento

do total das pessoas sem acesso ao esgotamento sanitário (39,43% + 50% X

60,57% = 69,71%). A conclusão é que 69,71% das pessoas de 2015 devem ter

acesso ao esgotamento sanitário (140.829.011 pessoas), segundo o estudo

realizado.

A meta do milênio consiste em reduzir pela metade, em 2015, a proporção de

pessoas sem acesso sustentável à água potável e ao esgotamento sanitário.

Embora o censo não apresente informações sobre água potável, foram

consideradas as informações sobre a interligação à rede geral com canalização

interna.

A tabela 7 demonstra quantas pessoas tiveram acesso, ano a ano, de 1990

até 2004, aos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Do ano

de 1990 (69,76%) até 2001 (82,19%), pode-se observar um grande crescimento na

proporção de acesso das pessoas ao abastecimento de água. Entretanto, do ano de

2001 (82,19%) até 2004 (84,23%), o crescimento foi bem menor. Em relação ao

esgotamento sanitário, no período de 1990 até 2004, a evolução do acesso das

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pessoas se mostrou mais constante, mas bem menor que o acesso ao

abastecimento de água.

Tabela 7 - Proporção de acesso das pessoas ao abastecimento de água e esgotamento sanitário - 1990 a 2004

Abastecimento de Água Esgotamento Sanitário Ano

Proporção Nº de pessoas Proporção Nº de pessoas

1990 (Pnad ) 69,76% 98.764.622 39,43% 55.822.050 Censo 1991 67,54% 99.143.991 32,89% 48.286.776 Censo 2000 76,60% 130.122.282 46,08% 78.269.259 2001 (Pnad ) 82,19% 140.395.328 44,86% 76.626.159 2002 (Pnad ) 83,41% 144.620.005 45,93% 79.641.406 2003 (Pnad ) 84,21% 148.207.651 47,69% 83.927.671 2004 (Pnad ) 84,23% 153.353.782 47,95% 87.304.606

Fonte: SNIS, 2008.

O estudo do PMSS atualizou os dados com a PNAD de 2004, para identificar quanto

falta para se alcançar a meta ODM estabelecida para 2015. O resultado está

demonstrado na tabela 8 abaixo. É possível observar que a meta estabelecida para

o abastecimento de água apresenta um percentual de apenas 0,65% para ser

alcançada, mas que, em números absolutos, quer dizer que 18 milhões de pessoas

precisarão ter acesso ao abastecimento de água, até 2015, para que a meta seja

alcançada. O esgotamento sanitário, em relação ao abastecimento de água,

apresenta um percentual muito elevado (21,76%) de quanto falta para que a meta

seja alcançada. Até o ano de 2015, 53 milhões de pessoas precisarão ter acesso ao

esgotamento sanitário para que o Brasil cumpra sua meta.

Tabela 8 - A situação em que estamos e o que falta para atingir o ODM

Abastecimento de água Esgotamento sanitário Ano

Proporção Nº de pessoas Proporção Nº de pessoas

2004 (PNAD) 84,23% 153.353.782 47,95% 87.304.606

Meta (2015) 84,88% 171.475.634 69,71% 140.829.011

Quanto falta 0,65% 18.12.852 21.76% 53.524.405

Fonte: SNIS, 2009.

A proporção da população com acesso a esgotamento sanitário no ano de

2000 está representada abaixo, na figura 9, onde se pode comparar com o mapa da

proporção da população, por município, que deverá ter acesso a esgotamento

sanitário em 2015, de acordo com a meta ODM, segundo o trabalho realizado pelo

PMSS.

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Figura 9 - Proporção da população com acesso a esgotamento sanitário em 2000 e 2015

Fonte: SNIS, 2009.

Figura 10 - Proporção da população com acesso a abastecimento de água em 2000 e 2015

Fonte: SNIS, 2009.

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Acima, na figura 10, é possível observar a proporção da população com

acesso à água no ano de 2000 e pode-se comparar com o mapa da proporção da

população que deverá ter acesso à água em 2015, de acordo com a meta ODM.

Tabela 9- Probabilidade do Brasil cumprir os objetivos de desenvolvimento do milênio

Acesso

%

Abastecimento de água

71,39

Esgotamento sanitário

29,81

Fonte: SNIS, 2008.

De acordo com o estudo promovido pelo PMSS e conforme observado na

tabela 9, acima, a probabilidade de o Brasil alcançar a meta ODM relativa ao

abastecimento de água é de 71,39 %, enquanto que, para o esgotamento sanitário,

é de somente 29,81%. Embora não se alcancem os cem por cento planejados, os

dados demonstram que resolver os problemas de abastecimento de água pode ser

mais fácil que solucionar os problemas com o esgotamento sanitário.

2.7 SANEAMENTO ECOLÓGICO

Este item mostra um panorama sobre o que torna o sanitário seco uma

alternativa de saneamento sustentável a ser considerada pelo governo, como uma

opção que poderá ajudar a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

Também mostra exemplos de sanitários com separação de urina e projetos de

saneamento ecológico implantados em outros países.

Conforme Esrey (2009), Winblad, Jenkins, o saneamento ecológico, eco-san

(ecological sanitation), se apresenta como uma alternativa ao sistema convencional

de saneamento, na tentativa de solucionar alguns problemas relativos à poluição dos

recursos hídricos, à transmissão de doenças e à degradação do meio ambiente. Ele

difere da abordagem clássica na forma como as pessoas pensam e agem em

relação aos dejetos humanos. A urina e as fezes são consideradas recursos

valiosos, com distintas qualidades, necessários para restaurar a fertilidade do solo e

aumentar a produção de alimentos.

O saneamento ecológico é mais viável financeira e ecologicamente do que os métodos convencionais, não apenas por reduzir os investimentos no

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sistema mas também por gerar recursos por meio das atividades produtivas que enseja. Dele resultam sistemas descentralizados que fortalecem as comunidades ao promover as fontes locais de suprimento e o trabalho em conjunto. Também pode ser mais seguro do que os métodos convencionais, e menos poluidor, reduzindo os gastos municipais com cuidados de saúde e com a despoluição ambiental, gerando receitas diversas, que incluem até a dinamização do turismo. (ESREY, 2009)

O eco-san tem por base a idéia de que a urina, as fezes e a água são

recursos ecológicos em um ciclo contínuo. Ele copia a natureza, ao devolver ao solo

os nutrientes existentes nos dejetos humanos. Ao invés de poluir o meio ambiente,

as fezes e urina humanas são utilizadas para melhorar a estrutura do solo e o

fornecimento de nutrientes.

É uma abordagem que visa proteger a saúde pública, trabalhando na origem

do problema, ou seja, prevenindo a poluição do solo e das águas e, ao mesmo

tempo, retornando valioso húmus e nutrientes para o solo, eliminando assim a

necessidade de se utilizar fertilizantes químicos e pesticidas e promovendo a

solução de problemas como a erosão e o envenenamento do solo. A reciclagem de

nutrientes contribui para garantir a segurança alimentar. Segundo a FAO/OMS

(2008), segurança alimentar consiste em: garantir o acesso continuado para todas

as pessoas a quantidades suficientes de alimentos seguros que lhes garantam uma

dieta adequada; atingir e manter o bem-estar de saúde e nutricional de todas as

pessoas; promover um processo de desenvolvimento social e e ambientalmente

sustentável, que contribua para a melhoria na nutrição e na saúde, eliminando as

epidemias e as mortes pela fome.

As principais características do eco-san são: (i) prevenção da poluição e das

doenças causadas por excrementos humanos; (ii) gestão da urina e das fezes como

recursos e não como resíduos e (iii) recuperação e reciclagem de nutrientes. Dessa

forma, se fecha o ciclo natural conforme observado na figura 11.

O saneamento ecológico possibilita a continuidade do ciclo natural dos

nutrientes. Para manter o ciclo intacto, os alimentos consumidos pelos seres

humanos devem crescer em solo que seja rico pela adição de materiais orgânicos

reciclados pelo homem. Ao respeitar o ciclo da natureza, a humanidade pode manter

a fertilidade de seus solos agrícolas indefinidamente, ou seja, de maneira

sustentável.

No sistema de saneamento ecológico, as águas provenientes da cozinha,

banho e tanques não se misturam aos dejetos: elas são tratadas separadamente.

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O saneamento convencional, conforme descrito no item 2.6.3, quebra o ciclo,

desloca e elimina os nutrientes. O ciclo se transforma em um fluxo linear, conforme

observado na figura 12, a seguir.

Figura 11 - Ciclo natural de reaproveitamento dos nutrientes humanos

Fonte: JENKINS, 2005 p.10, 11

Figura 12 - Ciclo quebrado de nutrientes humanos

Fonte: JENKINS, Joseph, The Humanare Handbook, 2005 p.10 e11

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O saneamento ecológico pode oferecer opções de saneamento acessíveis

para todos, através de diferentes técnicas e tecnologias, que podem ser de baixo e

alto custo .

Os equipamentos modernos distinguem-se dos utilizados no passado, porque

os dejetos não vão diretamente para o solo; vão para uma câmara, ou um local

apropriado, onde a matéria orgânica se decompõe e o produto final pode ser

utilizado como adubo.

Existem vários modelos, tamanhos e marcas comerciais internacionais, que

poderão ser utilizados em áreas internas e externas. O modelo de alvenaria pode ser

indicado para áreas rurais e periferias urbanas, tornando-se uma opção de baixo

custo para lidar com os problemas de saneamento. A cada vez que se utiliza o

sanitário, é necessário adicionar material orgânico seco rico em carbono, como

serragem, apara de grama, folha seca, casca de arroz, papel higiênico etc.

As instalações de alvenaria ou madeira são mais adequadas em casas com

dois pisos ou com uma declividade natural do terreno próximo à casa. Esse sanitário

também pode ser construído colado na casa, possibilitando um acesso interno.

De um modo geral, não existe uma legislação nem normas relativas à

utilização do sanitário seco, de maneira a regulamentar e padronizar sua construção

e sua forma de gerenciamento. Em alguns países, dependendo da região, o que

existe é a menção a sistemas experimentais e alternativos que poderão ser

permitidos na aplicação individual.

O conceito de saneamento ecológico é relativamente novo e o primeiro

exemplo de construção em larga escala, que servirá de modelo para futuras

pesquisas e ajustes de futuros projetos, foi implementado em 2006 em Erdos, na

China.

Um dos maiores objetivos do saneamento ecológico é a captura dos

nutrientes presentes na excreta humana e a reciclagem dos mesmos de volta à

agricultura. Assim, um conceito fundamental do saneamento ecológico é a

destruição da maioria ou totalidade dos microorganismos produtores de doenças,

antes da reutilização dos produtos da excreta.

Resultados de estudos científicos sobre a destruição de patógenos no

saneamento ecológico nos fornecem, em linhas gerais, o tratamento da urina e fezes

antes de serem reutilizados.

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Nos projetos de saneamento ecológico, a separação da urina é fundamental

no reaproveitamento do esgoto doméstico. Isso pode ser feito através da utilização

de mictórios, de uso masculino, e vasos sanitários com separador de urina (vide

figuras13), que contêm um separador interno, de modo que as fezes saiam pelo

compartimento de trás e a urina escoe pelo compartimento da frente, indo cada um

para seus reservatórios de armazenagem primária.

Figuras 13 - Mictório e vaso sanitário instalados no prédio da GTZ

Fonte: Fotos Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit (GTZ)

Segundo Winblad, a urina contém poucos organismos produtores de doença,

enquanto as fezes podem conter diversos. Guardar urina não diluída por um mês

resulta em urina própria para uso na agricultura. Urina não diluída provê um

ambiente hostil para microorganismos, aumenta a taxa de morte de patógenos e

evita a reprodução de mosquitos. Em um imóvel residencial onde plantações foram

planejadas para subsistência, a urina pode ser utilizada continuamente. É

recomendado, entretanto, que haja um intervalo de um mês entre a aplicação da

urina e a colheita. Quando a urina é coletada de muitas casas urbanas e

transportada para reutilização na agricultura, o tempo recomendável de

armazenamento a temperaturas de 4-20ºC varia de um a seis meses, dependendo

do tipo de plantação a ser fertilizada, conforme descrito na tabela 10 abaixo.

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Tabela 10 - Recomendação do Guia Sueco

Recomendação do Guia Sueco para o armazenamento da mistura(a) de urina baseado na estimativa do conteúdo(b) patogênico e recomendação para sistemas mais amplos(c) de plantações.

Temperatura de armazenamento

Tempo de armazenamento

Possíveis patógenos na mistura da urina após o

armazenamento

cultivos recomendadoas

4º C ≥ 1 mês

Vírus e protozoários Cultivos alimentos e cultivos de forragem que serão processadas

4º C ≥ 6 meses Vírus Cultivos alimentícios que serão processados, cultivos de forragem

20º C ≥ 1 mês Vírus Cultivos alimentícios que serão processados, cultivos de forragem (d)

20º C ≥ 6 meses Provavelmente nenhum Todas os cultivos(e)

a. Urina ou urina e água. Quando diluída assume-se que a mistura de urina tem pelo menos, pH 8.8 e uma concentração de nitrogênio3 de pelo menos 1g/l.

b. As bactérias Gram-positivas4 e as bactérias formadoras de esporo5 não estão incluídas na lista de riscos subjacentes, mas não são reconhecidos comumente como causadores de infecções.

c. Um sistema de maior escala, nesse caso, é um sistema onde a mistura de urina é usada para fertilizar plantações que serão consumidas por indivíduos que não são os membros da casa onde a urina foi coletada.

d. Não vale para pastos para a produção de forragem.

e. Para as cultivos alimentícios que serão consumidoas crus, é recomendado que a urina seja aplicada pelo menos um mês antes da colheita e que esta seja incorporada na terra, se as partes comestíveis crescem acima da superfície do solo.

Fonte: SCHÖNNING et al, 2004, tradução do autor.

Para Bazzarella et al (2005), o cálculo da quantidade de urina excretada pelo

corpo humano é importante para que se possa estimar o tamanho dos reservatórios

para sua estocagem. O volume de urina produzido pelo corpo humano varia de

pessoa para pessoa e de um dia para o outro. Essa variação ocorre de acordo com

a quantidade de líquido ingerido e as perdas por transpiração. O volume médio de

urina diário por pessoa adulta é aproximadamente 1,5 litro, com uma faixa de

variação entre 1,0 e 2,5 litros. Com resultados bem parecidos, Fittschen, 1998,

3 O nitrogênio é um nutriente para as plantas, um dos principais componentes das proteínas e da matéria viva. 4 Exemplos de bactérias Gram-positivas, várias espécies de: estreptococos, estafilococos e enterococos. 5 As bactérias formadoras de esporos estão associadas à deterioração de leite cru e pasteurizado, e de produtos lácteos esterilizados, concentrados e enlatados.

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encontrou como volume médio 1,57 litro e valores mínimos e máximos 0,69 e 2,5

litros, respectivamente.

Bazzarella comprovou, através dos resultados de sua experiência, que a urina

tem grande contribuição na carga de nutrientes no esgoto doméstico,

correspondendo a aproximadamente 90% da carga de nitrogênio e 40% da carga de

fósforo. Concluiu, também, que a urina coletada com o intuito de ser utilizada como

fertilizante agrícola deve ser estocada de forma a prevenir maus odores e perdas de

nitrogênio para a atmosfera. A melhor opção para se estocar a urina, conforme

figuras 14 abaixo, é em reservatórios fechados, uma vez que, além de preservar o

conteúdo de nutrientes na urina, ainda evita entrada de insetos ou outros animais,

que podem contaminar a urina estocada.

Tanque de armazenamento de urina

Espalhador de urina, em terras agrícolas

Figuras 14 - Armazenamento e aplicação de urina

Fonte: Eco San Res

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Segundo Ryn, a urina humana é rica em nitrogênio (15 -10%), o que significa

que, em média, cada ser humano urina cerca de 5 quilos de puro nitrogênio por ano.

Ele concluiu que os nutrientes de todo efluente do sistema de tratamento de esgoto

de Los Angeles vindos dos vasos sanitários convencionais, se convertidos em

adubo, seriam o equivalente a 200 toneladas de adubo 7-14-12 (7% de nitrogênio,

14% de fósforo, 12% de potássio). Cada tonelada de fertilizante, quando aplicada ao

solo, forneceria os nutrientes para crescer 25 mil toneladas de produtos hortícolas.

Ryn concluiu que os resíduos de Los Angeles forneciam, por dia, os nutrientes para

crescer 5 mil toneladas de produtos hortícolas, o suficiente para abastecer todos os

moradores com aproximadamente 1,5 quilo de produtos frescos diariamente.

Atualmente, o reúso da urina na Suécia é desenvolvido tanto em pequena

escala, em casas e jardins, como na agricultura, onde é utilizada com equipamentos

agrícolas usados para aplicação de esterco líquido. A urina é coletada no inverso e

utilizada na fase de plantio. Entre 1996 e 2000, um projeto foi desenvolvido para

investigar o uso da urina como fertilizante na agricultura e os resultados mostraram

que a urina pode substituir os fertilizantes de nitrogênio mineral na produção de

cereais. Do ponto de vista jurídico, não há problema no uso da urina em jardins

residenciais, entretanto, a autoridade ambiental pode colocar condições, a fim de

garantir que seu uso não coloque em risco os princípios preventivos no Código

Ambiental. O uso da urina em áreas cultivadas é uma melhoria ambiental

significante, comparada aos sumidouros ou outro sistema de infiltração. A urina é

considerada um ótimo fertilizante para cultivos que demandam nitrogênio, mas a

maioria dos cultivos em jardins responde favoravelmente à urina como fertilizante. A

urina também tem sido utilizada com bons resultados em gramados, rosas, arbustos

de frutos pequenos, legumes, assim como em flores anuais e perenes. Recomenda-

se um mês de espera entre a última aplicação da urina e a colheita de cultivos

consumidos crus, por questões de segurança. (ECOSANRES).

Segundo Winblad, a principal preocupação a respeito da segurança da

excreta são as fezes. Os mais importantes caminhos para a transmissão de doenças

a partir das fezes são as mãos, moscas, água, solo e os alimentos contaminados por

um deles.

Os dejetos de um adulto saudável variam de 100 a 200 gramas e têm de

comprimento de 10 a 20 cm e diâmetro entre dois e três cm. A consistência, o odor,

bem como tamanho e peso variam consideravelmente, dependendo do tipo da dieta.

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A dieta vegetariana costuma produzir dejetos maiores, mais suaves e com menor

odor.

Os resíduos alimentares representam apenas uma parte da massa total das

fezes, sendo o restante composto de bactérias e células mortas. A composição das

fezes é de 65% de água, 10 a 20% de cinzas, 10 a 20 % de substâncias solúveis e 5

a 10% de nitrogênio. (KIRA, 1976).

Cerca de 20% da massa é um sólido agregado de bactérias vivas; o trato

intestinal é colonizado por um grande número de espécies bacterianas,

concentradas nos dois extremos do tubo digestivo, da boca e do intestino grosso.

Existem mais de 100 diferentes espécies de bactérias anaeróbicas em fezes

saudáveis.

O saneamento ecológico usa o método de compostagem e desidratação para

matar os agentes patógenos existentes nas fezes. Vários fatores físico-químicos e

bioquímicos afetam a sobrevivência de microorganismos no meio ambiente como: (i)

ausência de umidade, (ii) tempo de armazenamento, (iii) temperatura, (iv) fator pH,

(v) radiação ultra-violeta e (vi) a competição natural entre organismos. Esses fatores

são conhecidos por eliminarem os agentes patogênicos.

As bactérias possuem vida própria e preferem ambientes úmidos e alimentos

ricos em proteínas. A umidade favorece a sobrevivência de microorganismos, por

isso, a desidratação das fezes ajuda a diminuir o número de agentes patogênicos. A

temperatura é um fator importante na eliminação dos patógenos. Nas temperaturas

de 55-65ºC, a maioria dos agentes patogênicos morre, exceto as bactérias

esporogênicas, e a maioria dos microorganismos sobrevive a temperaturas abaixo

de 5ºC. A própria competição entre os diferentes tipos de microorganismos, que

agem como predadores uns com os outros, reduz o seu tempo de sobrevivência nos

dejetos. Um ambiente de alta alcalinidade, pH 12, como também a adição de

amônia, afetam os microorganismos, tornando-os inativos.

Vide quadro 8, a seguir, os fatores que afetam a sobrevivência dos

microorganismos no meio ambiente.

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Fatores que afetam a sobrevivência dos microorganismos

Temperatura A maioria dos microorganismos sobrevive bem a baixas temperaturas (abaixo de 5ºC) e morrem rapidamente em temperaturas elevadas (acima de 40 º). Este é o caso da água, do solo, águas residuais e nas plantações. Nas temperaturas de 55-65ºC todos os tipos de agentes patogénicos (exceto esporos bacterianos – bactérias esporogênicas) morrem dentro de horas.

pH Condições altamente alcalinas deixam os microorganismos inativos. A inatividade é rápida com pH 12, mas leva mais tempo com pH 9.

Amônia Os patógenos na excreta ficam inativos com adição de amônia.

Ausência de umidade

A umidade favorece a sobrevivência de microorganismos. A desidratação das fezes no sanitário seco diminui o número de agentes patogênicos.

Radiação solar O tempo de sobrevivência dos patógenos no solo e nas plantações será reduzido pelos raios UV.

Presença de outros organismos

O tempo de sobrevivência dos microorganismos poderá ser encurtado pela presença de outros organismos. Diferentes tipos de organismos afetam uns aos outros como predadores, liberando substâncias antagonistas ou competindo por nutrientes.

Nutrientes As bactérias que vivem adaptadas no intestino nem sempre são capazes de competir com outros organismos no ambiente onde há escassez de nutrientes. Isso pode limitar a capacidade de bactérias fecais se reproduzirem e sobreviverem no meio ambiente.

Oxigênio As bactérias entéricas, que se adaptam ao intestino dos animais, são anaeróbias e, portanto, são suscetíveis a outros organismos em um ambiente aeróbio.

Quadro 8 - Fatores que afetam a sobrevivência de microorganismos no meio ambiente.

Fonte: WINBLAD, Uno et al, Ecological Sanitatition, 2004, p.12

As fezes podem ser utilizadas como adubo orgânico a partir de processos

sustentáveis como a compostagem. Este tópico será tratado no item 2.7.3

2.7.1 Saneamento ecológico e águas cinzas

As águas cinzas são aquelas que saem das pias, do banho e da lavagem de

roupas. Elas podem ser recicladas e reutilizadas, dependendo da tecnologia

adotada. Um bom gerenciamento das águas cinzas envolve um desenho apropriado

do sistema, levando em consideração o tamanho, o destino que se deseja dar à

água e os componentes das diferentes técnicas existentes.

Segundo Jenkins, o objetivo de se reciclar as águas cinzas é retornar para as

plantas os nutrientes orgânicos disponíveis na água, bem como os

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microorganismos, de preferência em uma base contínua. E assim, de uma maneira

natural, os organismos irão consumir o material orgânico, reciclando a água.

Outros motivos como escassez e custo da água também são levados em

consideração, quando se pensa em montar um sistema de tratamento de águas

cinzas.

Dependendo da região e do estilo de vida, a água cinza é composta de

sabão, detergentes, fibras, partículas de alimentos, óleos, desinfetantes, cabelo e

outros resíduos.

Existem equipamentos industrializados que fazem o tratamento das águas

cinzas, mas também existem alternativas artesanais, como os filtros biológicos. Os

sistemas de tratamento das águas cinzas também vão funcionar como solução para

as construções que utilizam sanitários secos e que, portanto, não têm ligação com a

rede de esgoto.

2.7.2 O processamento dos resíduos orgânicos no eco-san

O processamento dos resíduos orgânicos no sanitário seco possibilita

resolver o problema das águas negras, pois quase metade da água consumida é

usada para transportar os dejetos dos sanitários. No sistema convencional são

gastos, em média, 13 litros de água a cada descarga, podendo chegar a 30 litros, se

estiver desregulada. O sanitário seco não precisa de água para seu funcionamento e

não se conecta à rede de esgoto

Existem três tipos de sistemas para o processamento dos resíduos orgânicos:

o sistema de compostagem, o sistema de desidratação e o solo compostagem.

No sistema de compostagem, as fezes humanas são depositadas em uma

câmara, em alguns casos, com adição de urina, material orgânico doméstico e de

jardim como palha, folhas, apara de madeira, galhos etc. A temperatura, fluxo de ar,

umidade, tempo e outros fatores promovem as condições ideais da compostagem.

(WINBLAD et al, 2004).

A compostagem é a decomposição de matéria orgânica na presença de

organismos aeróbicos. Esse é o mesmo processo que ocorre sempre que a matéria

orgânica é exposta ao oxigênio e umidade: em florestas, pilhas de compostagem

dos jardins etc. O sistema do sanitário seco compostável permite que os dejetos

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humanos se transformem num composto estável que tem valor de nutrientes para as

plantas, ou seja, é um fertilizante.

A compostagem completa exige tempo para decompor ecologicamente todos

os subprodutos, até que o material orgânico, finalmente, seja transformado em

húmus estável e seguro. O tempo de compostagem, de um modo geral, é de um

ano, podendo chegar a dois anos, dependendo do local e da temperatura do

ambiente.

Para Del Porto, o primeiro objetivo do sanitário seco compostável é conter,

imobilizar ou destruir os organismos que causam as doenças humanas, reduzindo,

assim, o risco de infecção nas pessoas.

Segundo Legan (2007), a alta temperatura é uma das maneiras de matar os

patógenos humanos; sendo assim, a temperatura dentro da câmara de

compostagem do sanitário deve permanecer acima da temperatura do corpo

humano, 37 graus Celsius.

“Existem várias maneiras de se eliminar os organismos patogênicos que são

encontrados nos excrementos humanos. No sanitário compostável este processo é

feito através da temperatura e do tempo de compostagem”. (LEGAN, 2007, p. 62).

A tabela 11 sintetiza as informações relativas a tempo e temperatura

necessários para que a utilização das fezes como adubo se torne mais segura.

Tabela 11 - Temperatura X Tempo necessários para matar os patógenos na compostagem

Fonte: Adaptado a partir de JENKINS, 2005 E LEGAN, 2007.

Nenhum patógeno consegue sobreviver a uma temperatura de 65ºC por mais

que alguns minutos. (JENKINS, 2005)

Tempertura Tempo

65ºC Alguns minutos

62ºC 1 hora

50ºC 1 dia

46ºC 1 semana

43ºC 1 mês

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“No processo de compostagem se a temperatura atinge 50ºC, é possível

matar os patógenos em 1 dia; 46ºC em 1 semana e 43ºC em 1 mês” (LEGAN, 2007

p.62).

De acordo com Feachem et al, 1980, o tempo mínimo para produzir um

composto livre de todos os agentes patogênicos é de três meses, exceto alguns

ovos de vermes intestinais. Dependendo do sistema de manutenção adotado e do

tipo de sanitário, esse composto poderá permanecer na câmara do sanitário ou ser

levado para uma outra área de compostagem e aí permanecer por um ou dois anos,

a fim de destruir eventuais patógenos remanescentes. Muitos sistemas utilizam

minhocários para auxiliar no saneamento do composto ao longo do tempo.

De acordo com o experimento realizado por Corrêa et al (2007) com o lodo de

esgoto de Brasília, para avaliar a possibilidade de se produzir biossólido isento de

patógenos por meio da compostagem e vermicompostagem para uso agrícola, foi

possível observar que o processo se mostrou capaz de produzir biossólidos livres de

helmintos, que são permitidos para o uso agrícola no Brasil. Originalmente, o lodo

apresentava 4,7 ovos viáveis de helmintos por grama de matéria seca e, após o

processo de compostagem, foi possível identificar uma redução na concentração

para valores entre não detectáveis a 0,34 ovos viáveis de helmintos por grama de

material seco, o que representa, segundo Corrêa et al, uma eficiência de

desinfestação entre 93 e 100%, além de não terem sido detectados ovos viáveis de

helmintos após a vermicompostagem.

No sistema de desidratação, há a separação da urina, que poderá ser

utilizada como fertilizante, e a adição de cinza e cal após o uso do sanitário, para

ajudar no processo da desidratação. (WINBLAD et al, 2004).

No sistema de solo compostagem haverá a adição de terra e cinzas de

madeira. Os sistemas de compostagem podem ser passivos ou ativos. Os sistemas

passivos são, usualmente, câmaras simples nas quais o excremento, o papel

higiênico e aditivos são coletados e decompostos em ambientes frios, sem um

processo de controle ativo de aquecimento ou mistura.

Os sistemas ativos podem incluir, por exemplo, misturadores automáticos,

tambores rotativos, aquecedores controlados por termostato e ventoinhas (vide

figuras 15).

Os sistemas passivos são desenhados para otimizar o processo por meio do

desenho, não por ação mecânica, permitindo que somente o tempo, a gravidade, a

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temperatura ambiente e o formato do container controlem o processo (vide figuras

15).

Figuras 15 - Diagrama de um típico processo do sanitário compostável

Fonte: DEL PORTO, 1998

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2.7.3 História do sanitário seco

No início da era agrícola, o homem, após observar que as plantas cresciam

mais rapidamente onde os excrementos eram depositados, passou a acrescentá-los

ao solo para aumentar a produção do que era plantado. Nas comunidades de

regiões áridas, era comum excretar no solo, esperando melhores resultados na

produção. Tempos depois nasceu o conceito do fertilizante.

A partir do momento em que ficou estabelecido o valor do excremento como

fertilizante, um mercado para essa mercadoria desenvolveu-se em cada sociedade

agrícola organizada. Um sistema de gestão foi desenvolvido e as tecnologias

empregaram vários meios de coleta, manejo e transporte para os fertilizantes

derivados de excrementos.

De acordo com Del Porto, os chineses empilhavam o excremento coletado,

misturavam-no com palha e, nessas pilhas, inseriam estacas de bambu perfuradas

com orifícios para aeração. Esses tubos aeravam as pilhas e promoviam a

compostagem. A compostagem transformava o excremento em um formato seco

portátil, mais facilmente transportável para o campo. Os odores ficavam reduzidos,

transformando todo o processo de coletar e transportar os excrementos numa tarefa

mais eficiente e agradável. Na China, foram construídas elaboradas latrinas na beira

das estradas para atrair viajantes que por ali passavam. O objetivo da estratégia era

coletar os fertilizantes resultantes com o mínimo custo para o fazendeiro.

Informações históricas relativas à compostagem de fertilizante humano na

Ásia afirmam que a compostagem só foi introduzida na China de maneira

sistemática na década de 1930 e que, só a partir de 1956, é que o sanitário

compostável foi utilizado em grande escala no Vietnam. (RYBCZYNSKI6, 1982 apud

JENKINS, 2005).

Por outro lado, outras informações históricas dizem que a compostagem foi

praticada pelos agricultores e jardineiros em todo o mundo por muitos séculos. E

que, na China, a prática da compostagem com fertilizante humano misturado aos

resíduos de plantações permitiu que o solo suportasse o aumento da densidade

6 RYBCZYNSKI, W. et al, 1982. Appropriate Tecnology for Water Supply and Sanitation – Low Cost Tecnology Options for Sanitation. A State of the Art Review and Annotated Bibliography World Bank Transportation and Water Department, 1818 Street N.W. Washington D.C. 20433 USA

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populacional, sem que houvesse perda da fertilidade do solo por mais de 4.000

anos. (FRANCEYS7, 1992 apud JENKINS, 2005).

Um antigo sistema de compostagem e secagem foi desenvolvido na Síria há

mais de 1.000 anos. A urina era evaporada e as fezes secas e a matéria fecal,

razoavelmente seca, era coletada e vendida. Havia, inclusive, uma moeda baseada

no valor de mercado do excremento.

Para Del Porto, uma das primeiras latrinas de compostagem manufaturadas

foi o “closet de terra”, uma cômoda desenvolvida na Inglaterra, freqüentemente feita

de madeira polida. Esse sistema usava um mecanismo de descarga que liberava

uma quantidade de terra sobre o excremento no depósito, logo após sua utilização.

Quando enchia, o recipiente de coleta era levado para fora e esvaziado. Seu

inventor, Henry Moule, observou que o material coletado, em pouco tempo,

assemelhava-se à terra.

Henry Moule, o vigário de Fordington em Dorset, defendeu o sanitário de terra

no século XIX. Em 1861, produziu um panfleto de 20 páginas intitulado “Saúde e

Riqueza Nacional, em vez de Doença, Aborrecimentos, Gastos e Desperdício

causados por Fossas e Esgotamento de Água”.

Moule descreveu sua descoberta da seguinte maneira: no verão de 1859,

decidiu que sua fossa era intolerável e um aborrecimento para seus vizinhos. Assim,

ele aterrou a fossa e orientou sua família a utilizar tinas. Primeiro, ele enterrou a

água de esgoto em valas no quintal, a 30 cm de profundidade, descobrindo, por

acaso, três a quatro semanas depois, que não havia qualquer traço da matéria.

Passou a misturar o conteúdo das tinas com terra seca todas as manhãs e essa

operação não levava mais do que 15 minutos. Após seu término, não se observava

mau cheiro e nem possuía aparência de dejetos. Depois, descobriu que podia

reciclar a terra e repetir o processo inúmeras vezes e concluiu que a água era

somente um veículo para remover os dejetos para longe da vista, pois não absorvia

nem desodorizava. O grande agente era a terra seca sobre os dejetos, tanto para

absorver como para desodorizar. Disse que não jogava mais nenhum dejeto fora,

com o que obteve um crescimento exuberante de vegetais no jardim. Comprovou

7 FRANCEYS et al, 1992. A Guide of the Development of On-Site Sanitation. W.H.O., Geneve, p.213. Farm Wastes in the People´s of China. International Development Research Center, Box 8500 Ottawa, Canadá, K1G 3H9 p. 9, 10, 29, 32.

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tudo cientificamente, mostrando que batatas nutridas com fertilizante humano

cresciam um terço mais do que aquelas a que se deram apenas superfosfatos.

Por volta de 1850, algumas pessoas na Inglaterra trouxeram o sanitário de

terra para dentro de casa, aparecendo vários sistemas patenteados. Moule criou

uma cômoda com uma tina debaixo do assento e um coletor atrás, contendo terra

fina seca ou cinzas. Terminada a função, puxava-se uma alavanca para liberar uma

determinada porção de terra para dentro da tina, cobrindo o conteúdo (figura 16).

Figura 16- Closet de terra

Fonte: DEL PORTO, 1998, The Composting Toilet System Book (foto: Robert Forsberg) p.6

Em 1865, a Escola de Dorset, com 83 alunos, trocou os sanitários de água

por sanitários de terra, cortando drasticamente os custos anuais de manutenção e

eliminando, ao mesmo tempo, os odores e diarréia.

Segundo Del Porto, Henry Moule não entendeu a especificidade do processo

de compostagem, uma vez que, certamente, esse sistema poderia ter sido

melhorado para possibilitar um processamento mais rápido. Entretanto, foi um

sistema de sucesso que competia, em meados de 1800, com a “casinha” (fora de

casa), até que o vaso sanitário com a remoção imediata dos resíduos, com a

utilização de água, ganhasse terreno.

No século XX, o uso de decomposição biológica aeróbica como método de

tratamento dos excrementos humanos foi amplamente praticado. Uma das

aplicações mais antigas de que se tem notícia se fazia na Índia, onde Sir Albert

Howard desenvolveu teorias de compostagem nos anos trinta (1930). Mais tarde,

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um sistema de decomposição formado por uma câmara dupla, chamado de Gopuri,

foi inventado por Appasheb Patwardhan no noroeste da Índia, nos anos quarenta

(1940). Um outro sistema de câmaras duplas foi denominado de “A privada

melhorada ventilada”8. Milhares delas foram, desde então, fabricadas na Ásia,

América Central e México.

Nos anos trinta, o engenheiro sueco Rickard Lindstrom desenvolveu o Clivus

Multrum (figura 17, abaixo), um vaso sanitário de compostagem contendo dois

separadores e dutos de ar. Ele patenteou seu sistema em 1962 e, em 1964, fabricou

sua primeira unidade, em fibra de vidro, para o mercado. Lindstrom teve a idéia

desse sistema na sua juventude, ao limpar os estábulos da fazenda de sua família.

Após um acidente com a carroça da família, ele pôde observar que o esterco que

havia sido derramado sobre uma rocha em amplo ângulo, com o passar do tempo, ia

secando e se movimentando vagarosamente para a base da rocha. Ao final de

aproximadamente dois meses, o esterco parecia ter-se transformado em terra.

Posteriormente, vários sistemas de sanitários de compostagem apareceram no

mercado da Escandinávia, principalmente em regiões onde os sistemas sépticos

eram inexeqüíveis.

Figura 17 - Sanitário Multrum

Fonte: JENKINS, 2005 -The Humanare Handbook, p.114

8 VIP-Ventilated Improved Pit.

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O Clivus Multrum chegou aos Estados Unidos nos anos 70, logo após a

publicação de um artigo na revista Organic Gardening. Abby Rockefeller, um

membro da conhecida família de banqueiros Rockefeller, campeão de sistemas

ecológicos, licenciou a tecnologia e as patentes de Lindstrom.

No final dos anos 70, os sanitários de compostagem estavam em relativa alta

nos Estados Unidos. A legistação americana referente à qualidade da água potável

(Clean Water Act) fez surgir a consciência das questões de poluição da água e os

sistemas de sanitários de compostagem foram anunciados como a quintessência da

solução para evitar poluir a água. Sua propaganda sugeria não haver praticamente

necessidade de manutenção, nenhum odor, total destruição dos patógenos, sem

líquidos para manejar e remoção pouco freqüente de material seco, semelhante à

terra, que faria florescer as plantas e aumentar enormemente a produtividade das

culturas.

No entanto, como acontece com as novas tecnologias, alguns problemas

foram surgindo, inclusive porque nem todos os sistemas estavam prontos para o

mercado. Os fabricantes, propositalmente ou não, exageraram bastante nas suas

vantagens. Seja por falha nas informações em aspectos sobre a manutenção, por

receio de diminuição das vendas, seja porque o design ainda precisava ser mais

desenvolvido, seja pela falta de qualidade de componentes de metal, que sofriam

rápida corrosão, ou mesmo porque os recipientes não eram sempre à prova d’água.

Ao mesmo tempo, o público não estava ainda preparado para utilizar esses

sistemas. Os sanitários de compostagem representavam uma mudança que exigiria

algum marketing social, assim como apoio das autoridades reguladoras. Por outro

lado, alguns consideravam que ter excrementos em casa era sinônimo de queda no

nível social.

Muitos sanitários foram vendidos através de programas governamentais, mas

sem informação ou apoio, como, por exemplo, no Canadá, para tribos Inuit, que os

usaram como containers muito caros e abandonados quando cheios.

Uma série de falhas nas instalações foram detectadas, até que, em 1981,

uma pesquisa promovida pelo Departamento de Saúde da Califórnia, E.U.A.,

concluiu que, apesar das excepcionais possibilidades da tecnologia em resolver

desafios de sanitários “in loco”, ainda havia questões de desenho, qualidade,

instalação e informação sobre manutenção a serem resolvidas antes que a

tecnologia estivesse pronta para o mercado.

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Sanitários de compostagem são de custo razoável, eficientes e contam com

tecnologia cada vez mais aceita, podendo ser assumidos até pelos mais pobres

membros do mundo em desenvolvimento.

Um sanitário de terra é um sanitário seco em que se utiliza terra seca para

cobrir as excreções. Até cem anos atrás, o tradicional lugar de descanso para

pessoas no campo era uma privada com fossa ou uma privada de terra. Como a

privada de terra era rasa, seu processo de decomposição era aeróbico,

possibilitando a ocorrência do processo de compostagem.

Na Grã-Bretanha, a Rainha Vitória usava uma privada de terra no Castelo de

Windsor, ainda que estivessem disponíveis vários tipos de privadas de água. Por

muitos anos, os sistemas de terra e de água foram rivais. Durante décadas, a partir

da segunda metade do século XIX, ambos os sistemas mantiveram grande

competição.

Os ensinamentos de Moule e muitos dos mesmos argumentos são usados

hoje pelos defensores dos sanitários de compostagem. As considerações

ambientais não mudaram: usar sanitários de água é caro e apenas empurra o

problema corrente abaixo.

Henry Moule morreu em 1880 e, até o final de sua vida, tentou persuadir o

governo britânico de que o sanitário de terra era o sistema do futuro e quase o

conseguiu. No entanto, em países ricos, por remover rapidamente o esgoto da casa,

o sanitário de água ganhou a batalha.

2.7.4 Tipos de sanitário seco

Existem dois tipos de sanitário seco compostável: os manufaturados, que

podem ser elétricos ou não, e os de alvenaria, construídos no local. Eles podem ter

uma, duas ou mais câmaras de compostagem, que ficam localizadas sob o vaso

sanitário e, dependendo da localidade e dos sistemas desenhados, algumas

variações poderão ser identificadas, tanto nos sistemas quanto nos sanitários.

Os sistemas multi-câmaras requerem monitoramento da superfície dos

compostores para determinar quando uma câmara está cheia e uma nova tem que

ser utilizada no seu lugar.

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2.7.5 Modelos de sanitários

Existem vários modelos de sanitário seco manufaturado e construído no local

e, nesta seção, estão relacionados alguns exemplos disponíveis no mercado

nacional e internacional, bem como alguns exemplos de alvenaria construídos no

Brasil.

O modelo compacto elétrico manufaturado independente, da marca Sun-Mar,

custa em média USD 1595,00, dólares americanos. O sistema independente, vide

figuras 18, possui o assento e a caixa de compostagem em uma única peça. Esses

modelos são típicos para lugares pequenos e podem ser transportados facilmente.

Esse modelo não está disponível no mercado brasileiro, precisa ser importado.

Figuras 18- Modelo de sanitário manufaturado independente

Fonte: Sun-Mar

São considerados modelos manufaturados centralizados ou remotos, aqueles

cujo vaso sanitário está conectado à caixa de compostagem situada em outro lugar.

O modelo do fabricante ENVIRO LOO, vide figuras 19, custa USD 2200,00

americanos, quando adquirido no Brasil. Nesse preço estão incluídas todas as taxas

de importação e os devidos impostos. Esse modelo está instalado em vários países

como a África do Sul, USA, Grécia e Brasil, vide figuras 19.

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RSA Limpopo school

USA-TX Boy Scout camp

Instalação Balnéario Camboriú, Santa Catarina,

Praia do Pinho - Brasil

Escola na Africa do Sul

Figuras 19 - Modelo de sanitário manufaturado remoto

Fonte: ENVIRO LOO

O modelo manufaturado remoto da Sun-Mar, CENTREX 3000 AF AC/DC,

vide figura 20, custa em média USD 2300,00, dólares americanos, preço verificado

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em maio de 2009. O sistema é elétrico e precisa de adição de material rico em

carbono para o processo de compostagem.

Alguns modelos da Sun-Mar permitem a utilização de sanitários com

dispositivo para economia de água na descarga.

Figura 20 - Modelo de sanitário manufaturado remoto – Sun-Mar

Fonte: Sun-Mar

O sistema Clivus Multrum, vide figuras 21 e 22, tem um processador para

compostagem que pode ser acoplado ao sanitário seco e ao sanitário que utiliza a

descarga de espuma. Ele tem um sistema elétrico que ajuda na evaporação do

líquido e possui um compartimento que absorve o chorume produzido durante a

compostagem.

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Sanitário com descarga de espuma

Figuras 21 - Desenho de um sistema Multrum

Fonte: Clivus Multrum

Figuras 22 - Processador para compostagem

Fonte: Clivus Multrum

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O sanitário seco compostável pode ser construído com uma ou duas câmaras

que ficam abaixo do vaso, podendo ser construído em alvenaria ou madeira. Ele tem

seu interior oco, de maneira que não se tenha contato visual com os dejetos. As

câmaras de compostagem são cobertas por chapas metálicas pintadas de preto para

promover o aquecimento solar e a ventilação do material, favorecendo, desse modo,

o processo de compostagem (vide figura 24 e 25). A ventilação é garantida por uma

chaminé que torna o sanitário inodoro. A câmara deve ter uma comporta para

facilitar a retirada do composto. O custo para se fazer um sanitário de alvenaria vai

depender do local, material utilizado e do acabamento que se deseja.

Figura 23 - Sanitário Bason Fonte: LENGEN, Johan, 2004. Manual do Arquiteto

Descalço, pg 653

Figura 24 - Visão externa da câmara de

compostagem

Fonte: TIBÁ

Figura 25 - Sanitário seco compostável

Fonte: SETE LOMBAS, 2008

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“As vezes um sanitário seco é só um buraco profundo no solo. Quando está

cheio, cobre-se com terra e faz-se outro”. (LENGEN, 2004). O Arborloo (vide figura

26 abaixo), com apenas uma fossa, é o mais simples sanitário compostável. O Dupla

Fossa (figura 27) produz composto, separado, a partir dos dejetos humanos e itens

de cozinha e jardim. A construção do Arborloo precisa obedecer alguns critérios para

não contaminar as águas que estejam na área.

O sanitário seco compostável pode utilizar vasos sanitários com separador de

urina, como demonstrado no esquema da figura 28.

Figura 26- Sanitário compostável Arborloo Fonte: MORGAN, Peter, 2007 p.3

Figura 27 - Sanitário compostável Dupla Fossa

Fonte: MORGAN, Peter, 2007 p.4

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Vista lateral

Vista de frente

Figura 28 - Sanitário com separador de urina

Fonte: MORGAN, Peter, 2007 p.4,5

2.7.6 Exemplos de implantação de sistemas ecológicos de saneamento

A partir do objetivo que visa avaliar a viabilidade da implementação do

sanitário seco na construção de novos imóveis residenciais uni e multifamiliares e

possíveis barreiras tecnológicas para sua aplicação em larga escala nos centros

urbanos, o projeto piloto residencial implantado em Erdos, na Mongólia, China,

mostra ser possível a implantação do sanitário seco e todo o conceito de

saneamento ecológico. Esse projeto está sendo considerado o primeiro grande

esforço de implementação de unidades residenciais em larga escala, através da

parceria dos governos da China e da Suécia. A Cidade Ecológica foi construída por

uma empresa privada de construção, com a colaboração do EcoSanRes9 -

Ecological Sanitation Research – Programme, financiado pela Sida10 – Swedish

International Development Cooperation Agency.

O programa de desenvolvimento da nova cidade incluiu prédios de quatro e

cinco andares, uma creche e um centro comercial. A primeira fase, finalizada em

2006, inclui 825 apartamentos (vide figuras 29 abaixo), uma estação ecológica e um

sistema de tratamento das águas cinzas. Todas as unidades foram vendidas e as

famílias já estão morando.

9 EcoSanRes Programme visa desenvolver e promover o saneamento sustentável no mundo em desenvolvimento, através da capacitação e gestão do conhecimento como uma contribuição para a eqüidade, a saúde, a redução da pobreza e melhoria da qualidade ambiental. 10 Sida é uma agência do governo sueco, de âmbito ministerial, e seu objetivo é contribuir para tornar possível a melhoraria da condição de vida das pessoas pobres.

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Figuras 29 - Prédio de apartamentos - Erdos

Fonte: EcoSanRes

O saneamento ecológico da cidade inclui banheiros equipados com sanitários

de porcelana, com separador de urina e mictórios. O esquema pode ser visto na

figura 30 abaixo e o projeto do sistema de ventilação, na figura 31. Os equipamentos

(vide figuras 32) foram desenvolvidos e fabricados especialmente para este projeto e

agora estão disponíveis no mercado chinês.

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Figura 30 - Esquema dos sanitários com separador de urina

Fonte: EcoSanRes

Figura 31 - Sistema de ventilação do sistema de coleta de dejetos

Fonte: EcoSanRes

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A urina é coletada e armazenada em tanques de concreto subterrâneos e

será utilizada na agricultura local. Os dejetos são armazenados nos contentores

plásticos (vide figuras 32) e, depois, removidos do prédio para a estação ecológica, a

fim de serem compostados e sanitizados juntamente com o material orgânico das

cozinhas dos apartamentos, para reúso no melhoramento do solo.

Tubulação que liga o sanitário aos

contentores

Contentores para depósito das fezes

Lagoa de tratamento para reutilização das águas cinzas

Vaso de porcelana com separador de urina

Mictório

Figura 32 - Erdos Eco-Town Project

Fonte: EcoSanRes

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Toda uma estrutura de planejamento, execução e acompanhamento foi

montada e conta com um time especializado em várias áreas como, por exemplo, na

parte operacional, o planejamento da infraestrutura e instalação (ruas, fornecimento

de água, energia, ventilação), o planejamento e construção das residências, a

instalação e manutenção dos sanitários secos, o manuseio dos excrementos, o

processamento das águas cinzas, a compostagem, o reúso dos excrementos na

agricultura, além da parte referente à comunicação e sensibilização da comunidade.

As universidades locais estão engajadas no projeto. Todo um suporte é

oferecido para melhorar o entendimento das tecnologias para os membros dos times

de gerenciamento, para os operadores dos equipamentos, para funcionários do

governo e para as pessoas da comunidade local e das redondezas. Os moradores

dos apartamentos também recebem treinamento para conhecer e entender como se

gerenciam as tecnologias da Cidade Ecológica.

O modelo dessa cidade servirá de objeto de estudo para futuros projetos de

saneamento ecológico do EcoSanRes.

Outro exemplo de implantação do sistema de saneamento ecológico

utilizando o sanitário seco está no Canadá. O C.K. Choi Building, construído em

1995, é um dos poucos prédios de escritórios que utiliza sanitário seco compostável.

O prédio foi desenhado pela Matsuzaki-Wright Architects, está localizado na

Universidade de British Columbia, em Vancouver. No Choi foi implementada a

concepção da sustentabilidade em toda a sua evolução, incluindo a reutilização de

materais de construção no local, a ventilação natural e iluminação, captação da água

da chuva e armazenamento para fins de irrigação.

Os recursos hídricos foram ainda conservados com o sistema clivus de

compostagem para os sanitários e um sistema de tratamento das águas cinzas para

irrigar o paisagismo circundante.

Doze clivus foram distribuídos nos três andares do edifício e cinco unidades

de compostagem (vide figuras 33) foram colocadas no porão, economizando cerca

de 378.500 litros de água por ano. A estimativa de custo do sistema do sanitário

seco foi de USD 35.000. Nos primeiros anos, o sistema foi monitorado, checado e

esvaziado pela empresa Clivus Multrum, que solucionou os problemas iniciais do

sistema e, mais tarde, a operação passou a ser executada pelos funcionários da

manutenção do prédio.

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placa informativa sanitário seco vista frontal e lateral

Equipamentos Multrum de compostagem para o sanitário seco

Figuras 33 - Instalações sanitárias com equipamentos Clivus Multrum

Fonte: Fotos Karen Jew, 2008

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3 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Os indicadores são uma importante ferramenta de gestão. A partir do

estabelecimento de objetivos e metas, se faz necessária a identificação dos

indicadores que servirão de parâmetro para reflexão das condições dos sistemas em

análise. Os indicadores podem ser selecionados e considerados isoladamente ou

combinados entre si. A publicação dos Indicadores de desenvolvimento sustentável

– IBGE 2008 – tem como objetivo disponibilizar um sistema de informações para o

acompanhamento da sustentabilidade do padrão de desenvolvimento do país.

Nessa publicação foi incluída uma matriz de relacionamentos, a ligação existente

entre os diferentes indicadores das dimensões: (i) ambiental; (ii) social; (iii)

econômica e (iv) institucional.

O indicador nº 23 - Tratamento de esgoto expressa a capacidade de tratar os

esgotos em um determinado território. As variáveis utilizadas nesse indicador são o

volume de esgotos coletados por dia, submetido a tratamento pelo menos

secundário, e o volume total de esgotos coletados por dia, expressos em m³/dia.

Esse indicador é importante tanto para a caracterização básica da qualidade de vida

da população e das atividades usuárias das águas que recebem esgotos, quanto

para o acompanhamento das políticas públicas de saneamento básico e ambiental.

Os indicadores relacionados ao tratamento de esgoto são: (i) 01- Emissões de

origem antrópica de gases de efeito estufa; (ii) 11- Qualidade de águas interiores; (iii)

12- Balneabilidade; (iv) 13- Produção de pescado marítima e continental; (v)

População residente em áreas costeiras; (vi) 21 – Acesso a sistema de

abastecimento de água; (vii) 22- Acesso a esgotamento sanitário; (viii) 31-

Esperança de vida ao nascer; (ix) 32- Taxa de mortalidade infantil; (x) 36 – Doenças

relacionadas ao saneamento ambiental inadequado e (xi) 42 – Produto Interno Bruto

per capita.

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91

Para identificar a possibilidade da utilização do sanitário seco como um

possível indicador de sustentabilidade ambiental e sua inclusão nas políticas

públicas, levou-se em consideração os objetivos e mestas estabelecidos a partir da

Agenda 21.

A Agenda 21 é um plano de ação internacional para ser adotado de maneira

global, nacional e local pelos governos e pela sociedade civil nas áreas em que a

ação do homem impacta no meio ambiente. A Agenda 21 enumera os objetivos para

que a sustentabilidade seja atingida, constituindo-se num instrumento de promoção

do desenvolvimento sustentável, de maneira que a dimensão ambiental deva ser

incorporada às políticas setoriais urbanas como a habitação, saneamento,

abastecimento, entre outras.

No item 3 das “Ações Prioritárias da Agenda 21 Brasileira”, são identificados

os objetivos da plataforma das 21 ações prioritárias da Agenda 21 Global e, na

maioria delas, pode -se associar o conceito do sanitário seco com seus benefícios,

ou seja, a eliminação do desperdício de água, a não poluição dos recursos hídricos

e a transformação dos dejetos, com a eliminação dos patógenos, em adubo

orgânico, podendo ser utilizado nas agroflorestas. Alguns objetivos têm relação

direta com os benefícios da utilização do sanitário seco compostável, podendo-se

destacar, entre eles:

O objetivo 1, Produção e consumo sustentáveis contra a cultura do

desperdício, identifica como uma das necessidades a mudança de cultura para

combater o desperdício. Uma das ações recomendadas para se alcançar esse

objetivo é que seja iniciada uma campanha contra o desperdício de água e energia,

que deve adquirir feição específica e diferenciada para as diferentes regiões

brasileiras, bem como para os diferentes setores produtivos. Embora não seja

tratado o item saneamento nesse objetivo, o sanitário seco se encaixa no quesito da

necessidade de mudança de cultura para se eliminar o desperdício de água.

O Objetivo 3, Retomada do planejamento estratégico, infraestrutura e

integração regional, estabelece o papel da infraestrutura na promoção do

desenvolvimento sustentável para criar as pré-condições ao desenvolvimento

econômico e prover bens e serviços essenciais à melhoria da qualidade de vida da

população. Uma das ações relativas ao objetivo 3 é a implantação de projetos de

infraestrutura, levando em conta as especifidades, potencialidades e fragilidades do

território, para evitar impactos ambientais negativos, mediante adoção de

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alternativas tecnologicamente mais sustentáveis. Partindo da necessidade de

utilização de tecnologias sustentáveis capazes de melhorar a qualidade de vida da

população, promovendo um saneamento adequado, o sanitário seco pode vir a ser

uma alternativa tecnológica.

O objetivo 7, Promover a saúde e evitar a doença: democratizando o SUS,

está especificamente relacionado com as doenças infecto-parasitárias de fundo

socioambiental, que são a sexta causa de óbito em algumas regiões do país. Para

serem eliminadas essas “doenças da pobreza” são necessários, além de outros

itens, programas sanitários e de saneamento básico – especialmente as de

veiculação hídrica. Promover a articulação entre os setores governamentais e a

sociedade, para uma política integrada de redução de risco à saúde e melhoria das

condições de vida da população, é uma das ações que fazem parte do objetivo 7.

Sob esse aspecto o sanitário seco se insere no contexto, pois promove a eliminação

dos agentes patogênicos que tanto impactam na saúde da população.

O objetivo 9, Universalizar o saneamento ambiental protegendo o ambiente e

a saúde, propicia o entendimento de que "universalizar o saneamento" implica

divulgar técnicas e prover recursos para o abastecimento de água e a disposição de

esgoto e lixo, também, nas zonas rurais. As ações precisam ser coordenadas para

que as áreas urbarnas e rurais sejam atendidas. Nas zonas rurais, é importante a

disposição adequada dos dejetos dos animais, que também podem contaminar rios,

riachos e lençóis subterrâneos de água, contribuindo para o surgimento de doenças

de veiculação hídrica. As ações e recomendações para esse objetivo são: (i)

Priorizar os investimentos em infraestrutura urbana, especialmente os destinados à

universalização do saneamento básico, nos próximos dez anos. Estima-se serem

necessários US$ 20 bilhões para abastecimento de água e coleta e tratamento

primário e secundário de esgoto; (ii) Promover a universalização do acesso à água e

ao esgoto, ampliando para 60% o tratamento secundário de esgoto na próxima

década; (iii) Atuar em conjunto com organizações não-governamentais e governos

para divulgação das boas práticas de saneamento ambiental; (iv) Estimular as

comunidades a fiscalizar a correta e completa execução das obras de saneamento

ambiental, abrindo-lhes canais que permitam a apresentação de reclamações e a

formulação de denúncias; (v) Priorizar a proteção dos corpos hídricos poluídos, em

bacias hidrográficas críticas e nas baías e zonas costeiras densamente povoadas,

por exemplo, em trechos das bacias do Paraíba do Sul, do Tietê, do São Francisco e

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da Baía da Guanabara; (vi) Divulgar técnicas seguras e higiênicas de obtenção e

consumo de água na zona rural, bem como métodos corretos de disposição de

esgotos e de lixo; e (vii) Criar um sistema de saneamento ambiental no país, com

forte controle social. O sistema eco-san, com a utilização do sanitário seco, favorece

diretamente o objetivo 9.

Objetivo 15, Preservar a quantidade e melhorar a qualidade da água nas

bacias hidrográficas. Nesse objetivo, dentre outras ações recomendadas, se faz

necessária a adoção de um sistema de acompanhamento da Política Nacional de

Gestão dos Recursos Hídricos, por meio de Indicadores de Desenvolvimento

Sustentável das Bacias e Sub-bacias hidrográficas, bem como a aplicação dos

instrumentos de outorga e cobrança pelo uso da água, especialmente com

finalidades de uso econômico; essa medida irá mostrar à sociedade a necessidade

de racionalização do seu uso. O sanitário seco influencia diretamente esse objetivo.

Quando se analisa a economia de água que ele proporciona e os dados indicam que

40% da água utilizada em uma residência são consumidos pela descarga do vaso

sanitário, o sanitário seco passa a ser uma alternativa que, além de economizar

água, vai possibilitar a redução de pagamento pelo seu consumo.

Aliado aos fatores citados acima, há o fato de que diversos objetivos da

Agenda 21 já se encontram inseridos em comunidades intencionais, tais como as

Ecovilas, modelos de assentamento humano sustentável onde o sanitário seco

encontra-se inserido na rotina da comunidade.

As Ecovilas são modelos ecológicos com características adequadas à escala

humana; são estruturadas sobre critérios de convivência que não agridem o meio

ambiente, privilegiando um desenvolvimento sadio que pode permanecer contínuo,

favorecendo gerações futuras, isto é, sustentável e ainda contando com o apoio da

ONU.

Nas Ecovilas, a relação com o meio ambiente se traduz em quatro aspectos

principais:

• Estruturas físicas: produção de alimento orgânico, arquitetura de baixo

impacto - bioarquitetura, respeito aos ciclos naturais e proteção e

restauração do solo de maneira permanente.

• Infraestrutura: cuidado com a água, uso de energias renováveis, otimização

do transporte e acesso à informação.

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• Estruturas sociais: sistemas participativos de tomada de decisões, economia

sustentável, cuidado com a saúde e eco-alfabetização.

• Estrutura cultural: artes e desenvolvimento pessoal, rituais, celebrações e

diversidade cultural, visão mundial holográfica e circular, movimento em

direção à paz.

Baseada em todos esses aspectos, a Rede Global de Ecovilas (GEN)

desenvolveu a “Avaliação da Sustentabilidade Comunitária” (ASC). Essa avaliação é

feita através de um questionário, um check list que pontua positivamente as boas

práticas e negativamente o que se opõe aos princípios da sustentabilidade.

Gerencialmente falando, a ASC é composta de vários possíveis indicadores

de sustentabilidade ambiental que podem ser mensurados e acompanhados ao

longo do tempo. Isso possibilita a elaboração de objetivos e metas e o

acompanhamento para uma melhoria contínua em busca do resultado ideal.

Dentro dos aspectos ecológicos do questionário, são tratados temas como:

rede de água limpa e renovável, uso dos dejetos humanos e as águas residuais em

benefício do ambiente e da comunidade. O questionário é composto por várias listas

de conferências, ou seja, vários tópicos que são classificados por afinidade. A lista

de conferência ecológica nº 6 versa sobre águas residuais e manejo da

contaminação das águas (vide quadro 9).

Qualquer pessoa pode responder ao questionário para ter uma idéia básica

de quão sustentável é a sua Ecovila. Esta ferramenta de avaliação é aplicável a

qualquer Ecovila ou comunidade. Requer, porém, um bom conhecimento de estilos

de vida, práticas e características do assentamento, podendo ser adaptada a cada

realidade.

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LISTA DE CONFERÊNCIA ECOLOGIA nº. 6

Águas Residuais e Manejo da Contaminação das Águas

A. O manejo de sistemas de águas residuais utilizados na ecovila inclui: (marcar tantos quantos se apliquem)

Sanitários secos

❏ todos (7) ❏ maioria (5) ❏alguns (3) ❏ poucos (1)

Biodigestores, sistemas vivos construídos ou sistemas de terras úmidas

❏ todos (5) ❏ maioria (3) ❏alguns (2) ❏ poucos (1)

Sistema convencional (fossa, sumidouro)

❏ todos (-5) ❏ maioria (-3) ❏alguns (-2) ❏ poucos (0)

❏ Outros (1 ponto para cada um) Especifique:

❏ Os sistemas sanitários não são manejados adequadamente (ameaça para a saúde) (-5)

B. Uma estimativa de quantas pessoas na ecovila conhecem a localização e o método de tratamento das águas utilizadas pela ecovila: ❏ todas com algumas exceções(6) ❏ maioria (3) ❏algumas (1) ❏ poucas, nenhuma (0)

C. As águas residuais em sua maioria são:

❏ positivas (possui adubo para plantas, piscicultura, etc.) (15)

❏ negativa (possui emissores químicos ou outros contaminantes) (-5)

❏ neutras (5)

D. A qualidade da água que sai da ecovila, comparada com a que entra é:

❏ melhor, mais limpa (10)

❏ igual, não ocorrendo mudanças (0)

❏ pior, sendo menos limpa (-5)

Se piora:

cumpre com as normas locais de emissão de resíduos na água ❏sim (2) ❏não (0)

cumpre os padrões normais de água potável ❏sim (3) ❏não (0)

E. Contaminação da água:

❏ não existe localmente (10)

❏ existe e está sendo tratada para restabelecer a água limpa (8)

❏ existe e não está sendo tratada (-5)

F. Existe um sistema disponível localmente para o descarte apropriado de substâncias tóxicas: (tintas, gasolina, óleo, pilhas, baterias etc.) ❏sim (2) ❏não (0)

Os membros da ecovila fazem uso deles:

❏sim (2) ❏não (0)

Quadro 9 - Lista de Conferência ASC

Fonte: Rede Global de Ecovilas

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Além das Ecovilas, a política de água e saneamento do Município de Tanum,

localizado na Suécia, é um exemplo de como a Agenda 21 foi executada em

consonância com a Conferência Mundial para o Desenvolvimento Sustentável em

Johannesburg 2002 e com as diretrizes do Parlamento Sueco relacionadas com o

abastecimento de água e o tratamento das águas servidas.

A política de saneamente básico do Município de Tanum estabeleceu que,

sempre que possível, seriam instalados sanitários com separador de urina nas novas

construções. A urina seria armazenada em tanques lacrados e utilizada pelos

agricultores com a intenção de garantir o ciclo natural dos nutrientes. Propriedades

privadas, bem como bibliotecas públicas e escolas, utilizam o sistema com

separador de urina. A política de sanitário seco começou nos anos 90 e o modelo

recomendado pelo município é o multrum ou similar.

Em Tanum, segundo Andreas Roos, chefe do Departamento de Meio

Ambiente, existem 600 moradias somente com separador de urina e 600 somente

com sanitário seco compostável. A população residente, no inverno, é cerca de

12.500 habitantes, podendo chegar a 40.000, no verão.

Com base nas experiências das ecovilas e de vários municípios ao redor do

mundo onde o saneamento ecológico é uma realidade, mesmo sofrendo

adaptações, o sanitário seco poderia ser utilizado como indicador de

sustentabilidade, tornando-se um grande aliado para eliminar os problemas

hidrossanitários que tanto afetam o meio ambiente e a saúde.

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4 ANÁLISE DA PERCEPÇÃO

Um dos objetivos do presente trabalho foi investigar a percepção relativa à

utilização do sanitário seco, utilizando três tipos de público alvo – os alunos de

graduação dos cursos de engenharia e arquitetura da Universidade Federal

Fluminense, os profissionais de engenharia e arquitetura que atuam no mercado da

cidade do Rio de Janeiro e um grupo de alunos do curso de bioarquitetura do

Instituto de Permacultura do Cerrado – IPEC –, que utilizaram as instalações durante

dez dias. O presente capítulo apresenta o resultado e a análise da pesquisa.

4.1 ESTUDO DE CAMPO

TEIXEIRA et al, 2008, observou nas instalações do Instituto de Permacultura

do Cerrado – IPEC, Pirenópolis, Goiás, durante dez dias, um grupo de 100 pessoas

que utilizaram o sanitário compostável. Foi possível observar, através de relatos

verbais em reuniões matutinas, realizadas diariamente, a reação à utilização dessa

tecnologia. Através da convivência com as pessoas que participavam do curso sobre

Bioconstrução, foi possível observar que, aproximadamente, 50% delas já haviam

utilizado instalações com sanitário seco compostável e não mostravam nenhuma

resistência a essa rotina e os 50% restantes se adaptaram à nova tecnologia nos

primeiros três dias.

A utilização do sanitário se mostrou simples e de fácil entendimento. A tábua

do vaso deve permanecer fechada, para evitar a entrada de insetos vetores, e só é

aberta para ser usado. Logo após deve-se jogar uma medida de serragem (figuras

34) para ajudar no processo de compostagem. Foi possível verificar que não existe

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odor dos dejetos. O processo de converter fezes em composto orgânico e húmus

para ser utilizado em agroflorestas, sem utilizar nem desperdiçar água, foi o fator

motivador para o início da pesquisa.

Em um dos sanitários secos compostáveis do IPEC, o HUMUS SAPIENS,

foram desenvolvidos um minhocário para produção de húmus, duas câmaras para

compostagem e, aproveitando o espaço, foram inseridos dois chuveiros com um

sistema de aquecimento solar da água (figura 35).

O tempo de compostagem é um fator importante para que os patógenos

humanos morram. No IPEC, o período de compostagem para cada câmara é de seis

meses. Assim que uma câmara fica cheia, ela é fechada e a outra é posta em uso.

Segundo depoimento de André Soares, diretor do IPEC, este processo é capaz de

produzir um composto de alta qualidade.

a)

b) Figura 34 - Sanitário seco do IPEC

Fonte: (a) Adição de serragem - foto Miriam Teixeira, IPEC 2007 (b) Recipiente com serragem, IPEC

2007

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Figura 35 - Sanitário seco com minhocário IPEC

Fonte: Foto Miriam Teixeira – IPEC 2007

4.2 PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DA UFF

Para medir a percepção relativa ao sanitário seco compostável (TEIXEIRA et

al, 2008), foi realizada uma pesquisa de natureza exploratória, onde se utilizou a

população dos alunos dos cursos de graduação de engenharia e arquitetura da

Universidade Federal Fluminense - UFF, Rio de Janeiro. Foi selecionada uma

amostragem por acessibilidade, de maneira aleatória, sem levar em consideração a

turma nem o período, de 15 alunos do curso de engenharia e 15 do curso de

arquitetura para preencherem um questionário composto por 6 questões auto-

explicativas, que tinham por objetivo identificar o grau de conhecimento, opiniões e

interesses sobre o assunto sob o título Avaliação da Percepção Relativa à Utilização

de Sanitários Secos.

A tabulação dos resultados do questionário 1 (tabela 12) mostra

separadamente a percepção dos alunos do curso de arquitetura, do curso de

engenharia e o resultado geral da percepção dos 30 alunos.

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100

Tabela 12 - Tabulação do questionário 1

RESPOSTAS – Alunos

Arquitetura Engenharia Geral PERGUNTAS

Qtde. % Qtde. % Qtde. %

MB - - - - - -

B 3 20% 2 13% 5 17%

R 10 67% 7 47% 17 57%

1. Identifique seu grau de conhecimento sobre o sanitário compostável.

I 2 13% 6 40% 8 26%

SIM 15 100% 14 93% 29 97% 2. Você gostaria de conhecer melhor esta tecnologia? NÃO - - 1 7% 1 3%

SIM 2 13% 1 7% 3 10% 3. Você já usou alguma instalação com sanitário compostável? NÃO 13 87% 14 93% 27 90%

SIM 15 100% 14 93% 29 97% 4. Você acredita que esta tecnologia possa ser utilizada como indicador de sustentabilidade ambiental na construção civil?

NÃO - - 1 7% 1 3%

SIM 13 87% 7 47% 20 67%

NÃO - - - - - - 5. Você acredita que esta tecnologia possa ser implementada nas novas construções brasileiras?

PMI 2 13% 8 53% 10 33%

SIM 14 93% 10 67% 24 80%

NÃO - - - - - -

6. Se houvesse uma redução de impostos devido à utilização desta tecnologia, você acha que seria mais fácil implementá-la? PMI 1 7% 5 33% 6 20%

SIM 13 87% 5 33% 18 60%

NÃO - - 1 7% 1 3% 7. Você compraria ou construiria um imóvel com sanitário seco compostável?

PMI 2 13% 9 60% 11 37%

Fonte: TEIXEIRA, et al, 2008.

Legenda:

• MB - Muito bom - para quem conhecia as soluções manufaturadas e de alvenaria existentes.

• B - Bom – para quem já havia visto algumas soluções.

• R - Regular – para quem já ouvira alguma coisa a respeito.

• I - Insuficiente – para quem desconhecia completamente o assunto.

• PMI – precisa de mais informação.

O resultado da pesquisa (tabela 12) mostrou que:

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1. Em relação ao grau de conhecimento sobre o sanitário seco compostável,

67% dos alunos de arquitetura e 47% alunos de engenharia entrevistados

já ouviram alguma coisa a respeito do assunto.

2. Com relação a conhecer melhor a tecnologia, 100% se mostraram

interessados e apenas 10% já haviam utilizado o sanitário seco.

3. A maioria dos alunos da arquitetura, 87%, acredita que esta tecnologia

poderia ser utilizada como indicador de sustentabilidade ambiental na

construção civil e que também poderia ser implementada nas novas

construções. Em relação aos alunos de engenharia, 54% responderam

que precisam conhecer melhor a tecnologia para opinar.

4. Para 94% dos alunos de arquitetura, a implementação desta tecnologia

seria mais fácil com uma compensação tributária e, para os alunos de

engenharia, 67% disseram que precisariam de mais informações para

opinar.

5. Com relação à possibilidade de adquirir ou construir um imóvel com

sanitário seco, 87% dos alunos de arquitetura se mostraram favoráveis e

60% dos alunos de engenharia precisariam de mais informações para

opinar.

Do total de alunos entrevistados, 57% já ouviram falar do sanitário seco, 90%

nunca utilizaram e 97% gostariam de receber mais informações sobre esta

tecnologia. 67% acreditam que ela poderia ser utilizada como indicador de

sustentabilidade ambiental na engenharia civil e que poderia ser implementada nas

novas construções brasileiras. E, com relação à questão sobre a redução de

impostos como facilitador para a implementação da tecnologia, 80% dos

entrevistados responderam que seria mais fácil. Do total dos entrevistados, 60%

comprariam ou construiriam instalações com sanitário seco compostável.

Segundo TEIXEIRA et al, 2008, embora o questionário tenha usado uma

amostragem de 30 alunos, foi possível verificar, de uma maneira geral, a falta de

conhecimento por parte dos alunos em relação ao sanitário seco, seu funcionamento

e os benefícios em sua utilização.

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4.3 PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

O objetivo da pesquisa, de natureza exploratória, foi identificar a percepção

dos profissionais de engenharia e arquitetura que atuam na cidade do Rio de

Janeiro. A partir da população existente, foi selecionada uma amostragem que

obedeceu ao seguinte critério:

1. Sorteio de cinco letras do alfabeto brasileiro, A B C D E F G H I J L M N O

P Q R S T U V X Z, incluindo as letras K, W e Y.

2. Após o sorteio, foi consultada a Telelista.net, RJ, utilizando a palavra-

chave: construção; para o tipo de serviço, a palavra-chave utilizada foi:

construção civil. As empresas ou profissionais que tinham seus nomes

começando com as respectivas letras sorteadas, por categoria, foram

selecionados e impressos.

3. A terceira etapa consistiu em telefonar para as empresas e/ou

profissionais, seguindo a ordem da lista, até entrevistar quinze

profissionais por categoria.

4. Tabulação dos resultados.

Após a segunda pergunta, os entrevistados, que desconheciam a tecnologia,

receberam uma explicação rápida sobre o sanitário seco compostável com a leitura

do seguinte texto:

O sanitário seco compostável é uma tecnologia utilizada em vários países. Ele

não utiliza ou desperdiça água e se vale de um processo bioquímico que, por meio

da ação de bactérias e microorganismos, converte os dejetos em composto orgânico

isento de patógenos, podendo ser utilizado em jardins e agroflorestas. Não produz

esgoto, portanto, não contamina a água.

A questão nº 1 do questionário, que mede o grau de conhecimento do

entrevistado, tem cinco alternativas de resposta: (i) MB - Muito bom - para quem

conhecia as soluções manufaturadas e de alvenaria existentes; (ii) B - Bom - para

quem já havia visto algumas soluções; (iii) R - Regular - para quem já ouvira alguma

coisa a respeito; (iv) I - Insuficiente - para quem desconhecia completamente o

assunto e (v) PMI – para quem precisa de mais informação.

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Tabela 13 - Tabulação do questionário 2

RESPOSTAS – Profissionais

ARQUITETO ENGENHEIRO GERAL PERGUNTAS

Qtde % Qtde % Qtde %

MB

B

R 5 33% 2 13% 7 23%

1. Identifique seu grau de conhecimento sobre o sanitário seco compostável.

I 10 67% 13 87% 23 77%

SIM 15 100% 14 93% 29 97% 2. Você gostaria de conhecer melhor esta tecnologia NÃO 1 7% 1 3%

SIM 3. Você já usou alguma instalação com sanitário seco compostável? NÃO 15 100% 15 100% 30 100%

SIM 13 87% 4 27% 17 57%

NÃO

4. Você acredita que esta tecnologia possa ser utilizada como indicador de sustentabilidade ambiental na construção civil? PMI 2 13% 11 73% 13 43%

SIM 6 40% 1 7% 7 23%

NÃO 5. Você acredita que esta tecnologia possa

ser implementada nas novas construções brasileiras?

PMI 9 60% 14 93% 23 77%

SIM 11 73% 9 60% 20 67%

NÃO 1 7% 0 0% 1 3%

6. Se houvesse um subsídio financeiro ou uma redução de impostos devido à utilização dessa tecnologia, você acha que seria mais fácil implementá-la? PMI 3 20% 6 40% 9 30%

SIM 9 60% 2 13% 11 37%

NÃO 1 7% 2 13% 3 10% 7. Você compraria ou construiria um imóvel

com sanitário seco?

PMI 5 33% 11 73% 16 53%

AC 10 67% 2 13% 12 40%

BC 3 20% 1 7% 4 13% 8. Você percebe o sanitário seco como uma

tecnologia de baixo custo ou de custo elevado?

NTI 2 13% 12 80% 14 47%

Legenda: MB significa muito bom, B-bom, R-regular, I-insuficiente, PMI-precisa de mais informação, NTI-não tem idéia, BC – baixo custo e AC - alto custo.

A tabulação dos resultados (tabela 13) mostra que 100% dos profissionais

entrevistados desconhecem as soluções manufaturadas e de alvenaria do sanitário

seco compostável. Consultados se gostariam de conhecer melhor a tecnologia, os

arquitetos foram unânimes em querer mais informação e os engenheiros totalizaram

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104

93%. No total geral, 90% dos entrevistados têm interesse em conhecer melhor o

sanitário seco.

Com relação à possibilidade dessa tecnologia ser utilizada como indicador de

sustentabilidade ambiental na construção civil, 57% do total dos entrevistados

responderam que sim e 43% precisam conhecer melhor a tecnologia para opinar.

Dos entrevistados, 77% precisam conhecer melhor a tecnologia para opinar

sobre a implementação nas novas construções, mas, ao responder sobre a

possibilidade de um subsídio financeiro ou redução de impostos, 67% acreditam que

facilitaria sua implementação.

Com relação à percepção do custo do sanitário seco, 40% consideram de alto

custo, 13% de baixo custo e 47% não sabem. O argumento usado para o alto custo

foi em função da experiência de alguns profissionais com o valor das tecnologias

sustentáveis que, pela novidade e pela falta de mercado, costumam custar mais que

as outras.

Os profissionais, incluindo arquitetos e engenheiros, têm em média 25 anos

de atuação no mercado da cidade do Rio de Janeiro. A pesquisa reflete a falta de

conhecimento da população em relação ao sanitário seco. Mesmo os que já ouviram

falar algo a respeito não sabem como o sanitário seco funciona nem os benefícios

para o meio ambiente.

4.4 ANÁLISE GERAL

Após identificação da percepção do grupo de alunos dos cursos de

engenharia e arquitetura da UFF e dos profissionais de engenharia e arquitetura que

atuam no mercado do Rio de Janeiro, totalizando no geral 60 pessoas, foi possível

elaborar uma tabela com o resultado geral do grupo de entrevistados, conforme

tabela 14.

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105

Tabela 14 - Consolidação dos resultados dos alunos e profissionais

RESPOSTAS - ALUNOS E PROFISSIONAIS

ALUNOS PROFISSIONAIS GERAL PERGUNTAS

Qtde % Qtde % Qtde %

MB

B 5 17% 5 8%

R 17 57% 7 23% 24 40%

1. Identifique seu grau de conhecimento sobre o sanitário seco compostável.

I 8 27% 23 77% 31 52%

SIM 29 97% 29 97% 58 97% 2. Você gostaria de conhecer melhor esta tecnologia? NÃO 1 3% 1 3% 2 3%

SIM 3 10% 3 5% 3. Você já usou alguma instalação com sanitário seco compostável? NÃO 27 90% 30 100% 57 95%

SIM 29 97% 17 57% 46 77%

NÃO 1 3% 1 2%

4. Você acredita que esta tecnologia possa ser utilizada como indicador de sustentabilidade ambiental na construção civil? PMI 13 43% 13 22%

SIM 20 67% 7 23% 27 45%

NÃO 5. Você acredita que esta tecnologia possa ser implementada nas novas construções brasileiras?

PMI 10 33% 23 77% 33 55%

SIM 24 80% 20 67% 44 73%

NÃO 1 3% 1 2%

6. Se houvesse um subsídio financeiro ou uma redução de impostos devido à utilização dessa tecnologia, você acha que seria mais fácil implementá-la? PMI 6 20% 9 30% 15 25%

SIM 18 60% 11 37% 29 48%

NÃO 1 3% 3 10% 4 7% 7. Você compraria ou construiria um imóvel com sanitário seco ?

PMI 11 37% 16 53% 27 45%

Legenda: MB significa muito bom, B-bom, R-regular, I-insuficiente, PMI-precisa de mais informação

Quando se comparam as respostas dos alunos e as dos profissionais que

atuam no ramo, é possível identificar que os alunos - 57% - têm conhecimento

regular, contra os 23% dos profissionais. É praticamente unânime - 97% - o desejo

de conhecer melhor a tecnologia e, com relação à utilização do sanitário, 95% nunca

o utilizaram. Para os alunos - 97% - e para os profissionais - 57% - o sanitário seco

poderia ser utilizado como indicador de sustentabilidade.

No item relacionado à possibilidade da utilização do sanitário nas novas

construções, 67% dos alunos acreditam que possa ser implementada e 77% dos

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profissionais precisam de mais informação sobre a tecnologia. Com relação à

possibilidade de se ter subsídio para facilitar a implementação, 80% dos alunos e

67% dos profissionais acreditam que seria mais fácil para realizar a implementação.

Quando consultados se comprariam ou construiriam um imóvel com o sanitário seco,

60% dos alunos disseram que sim e 53% dos profissionais precisam de mais

informação sobre a tecnologia.

O cenário apresentado é altamente favorável à divulgação da tecnologia,

tendo em vista que, do ponto de vista técnico, os profissionais da área mostram-se

interessados em aprender mais sobre a mesma, sob uma perspectiva acadêmica;

diversos estudantes já ouviram falar a respeito e têm interesse em saber mais. Do

ponto de vista do mercado, diversas pessoas das mais distintas áreas de atuação já

demonstram interesse em aprender acerca dos benefícios dessa tecnologia,

tomando-se como base a freqüência no curso oferecido pelo IPEC.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 CONCLUSÃO

A seguir são sumarizados os resultados das atividades de pesquisa

desenvolvidas ao longo do estudo.

O objetivo geral do trabalho consistiu em apresentar os benefícios da

utilização do sanitário seco, a possibilidade de sua utilização para solucionar

problemas hidrossanitários, a identificação do nível de conhecimento a respeito do

sanitário seco e o grau de interesse na sua utilização, para viabilizar a introdução

dessa tecnologia em nossa cultura.

Analisando-se a percepção dos entrevistados, item 4.4, acerca do sanitário

seco, é possível identificar que 92% do grupo desconhecem as soluções

manufaturadas e de alvenaria, 97% têm interesse em conhecer melhor a tecnologia,

48% comprariam ou construiriam um imóvel com sanitário seco, enquanto 45%

precisam de mais informações para responder a essa questão.

A viabilidade da aplicação do sanitário seco em larga escala mostrou-se

possível com o exemplo de Erdos, na China, descrito no item 2.7.8, onde a

construção de novas unidades residenciais em larga escala em centros urbanos não

é afetada por barreiras tecnológicas.

A inclusão do sanitário seco em políticas públicas de saneamento é possível

como uma alternativa ao saneamento convencional, pois possibilita a solução dos

problemas hidrossanitários, promovendo o saneamento ecológico, a exemplo da

política de água e saneamento do Município de Tanum, localizado na Suécia. Este é

um exemplo de como a Agenda 21 foi executada em consonância com a

Conferência Mundial para o Desenvolvimento Sustentável e com as diretrizes do

Parlamento Sueco relacionadas ao abastecimento de água e ao tratamento das

águas servidas. A política de saneamento básico do Município de Tanum

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estabeleceu que, sempre que possível, seriam instalados sanitários com separador

de urina nas novas construções.

Quando se analisa a possibilidade da utilização do sanitário seco como

indicador de sustentabilidade, tomando-se por base os ODM, as estratégias da

Agenda 21 Global e Brasileira possibilitam que o sanitário seco seja utilizado como

indicador de sustentabilidade ambiental, pois ele é mensurável (quantitativamente e

qualitativamente) e se encaixa plenamente dentro dos quesitos relativos à

sustentabilidade dos objetivos traçados pelas agendas, conforme demonstrado no

capítulo 3.

Com relação à descrição dos princípios básicos do funcionamento do

sanitário seco e alguns modelos disponíveis, os detalhes estão decritos no item 2.7.

Ao se observar as vantagens e desvantagens na utilização dessa tecnologia,

é possível identificar que os pontos positivos são: (i) a não utilização de água para

diluir ou transportar os dejetos; (ii) não contamina o subsolo nem os mananciais; (iii)

é possível ser usado como adubo, possibilitando o retorno dos nutrientes ao solo;

(iv) pode ser construído e adaptado nas áreas rural, urbana e periurbana; (v) existe

viabilidade técnica para ser implementado de imediato; (vi) possibilidade de gerar

renda a partir da produção de adubo.

Com relação aos pontos negativos, pode-se citar: (i) desconhecimento da

população; (ii) necessidade de manutenção direta do usuário com adição de material

para auxiliar a compostagem; (iii) produtos manufaturados com alto custo.

Concluindo, o sanitário seco possui condições de ser uma alternativa para

promover o saneamento ecológico e o momento atual é extremamente frutífero para

uma consideração séria acerca da sua viabilização. Com respaldo técnico, político e

subsídios econômicos, a população poderá utilizar essa tecnologia e servir de

estímulo para que a indústria brasileira invista nessa área, facilitando ainda mais a

disponibilidade de equipamentos manufaturados de baixo custo para a população.

5.2 CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

Embora seja viável a introdução do sanitário seco em nossa cultura, várias

considerações precisam ser feitas para garantir o sucesso de sua implementação.

A mais básica de todas é a divulgação da existência do sanitário seco, suas

diferentes técnicas, equipamentos e benefícios.

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Conforme os resultados da pesquisa feita com os profissionais e futuros

profissionais da construção civil, foi possível identificar que essa tecnologia é

desconhecida pela maioria dos entrevistados. A pesquisa também reflete de modo

geral a falta de conhecimento por parte da população e dos governos.

As políticas públicas precisarão inserir o sanitário seco como sendo uma

alternativa a ser usada no saneamento básico, e uma legislação específica precisará

normatizar sua utilização, como vem acontecendo na Suécia.

Os sanitários manufaturados possuem um custo elevado, pois não são

fabricados no Brasil, precisando ser importados e sofrendo sob a incidência de uma

gama de impostos e taxas que aumentam consideravelmente o valor final. É

fundamental a revisão e flexibilização desses impostos por parte do governo, a partir

do momento em que o sanitário seco seja considerado como um bem necessário.

A cultura da utilização do sanitário com água nas grandes cidades e a

facilidade de apertar o botão da descarga são grandes desafios para a

implementação dessa tecnologia. Os benefícios da redução do custo do

fornecimento da água e de seu tratamento podem se transformar em um grande

aliado na mudança de cultura. É fundamental, a exemplo do trabalho realizado no

município de Erdos, o processo de educação e conscientização do uso do sanitário

seco pela população que participará da execução do projeto. Nesse processo, a

identificação do melhor sistema a ser utilizado, o espaço existente, a comunidade

beneficiada, as técnicas de manejo sustentável, o equipamento mais apropriado a

ser utilizado e o processo de comunicação devem envolver a participação da

comunidade que irá usufruir do sistema.

No sistema de saneamento ecológico, o sanitário seco e o tratamento das

águas cinzas poderão parecer para o usuário um sistema mais complexo do que o

sistema tradicional, a partir do momento em que o usuário tem mais

responsabilidade pelo manuseio e funcionamento apropriado. O usuário precisa se

conscientizar da importância do correto manejo e precisa participar de todo o

processo de elaboração do projeto, para evitar fracassos, como aconteceu em El

Salvador, onde milhões de dólares foram gastos e os resultados esperados não

foram alcançados, devido à falta de estratégia de educação e de participação da

comunidade.

Promover planejamento, educação, treinamento e uma boa divulgação é

essencial para se obter sucesso na mudança de paradigma.

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ANEXOS

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1 COMPONENTES PARA MONTAR O SANITARIO SECO MULTRUM

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2 DIMENSÕES MODELO ELÉTRICO DA SUN-MAR “COMPACT”

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3 ESPECIFICAÇÕES DO MODELO SUN-MAR “CENTREX 3000 AF AC/DC”

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APÊNDICE

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1 MODELO QUESTIONÁRIO Nº 1

1. Estado: Cidade: 2. Estudante: Período: 3. Sexo: ( ) Fem. ( ) Masc. Idade: 4. Identifique seu grau de conhecimento sobre o sanitário seco compostável:

( ) Muito bom (conheço as soluções industriais e artesanais) ( ) Bom (já vi algumas soluções) ( ) Regular (já ouvi alguma coisa a respeito) ( ) Insuficiente (desconheço completamente o assunto) 5. Você gostaria de conhecer melhor esta tecnologia? ( ) Sim ( ) Não

Justifique:

Obs.: O sanitário seco compostável é uma tecnologia utilizada em vários países. Ele não utiliza ou desperdiça água e se vale de um processo bioquímico que, por meio da ação de bactérias e microorganismos, converte os dejetos em composto orgânico isento de patógenos podendo ser utilizado em jardins e agroflorestas. Não produz esgoto e, portanto, não contamina a água. 6. Você já usou alguma instalação com sanitário seco? ( ) Não ( ) Sim Onde? 7. Você acredita que esta tecnologia possa ser utilizada como indicador de sustentabilidade ambiental na construção civil? ( ) Sim ( ) Não

Justifique:

( ) Preciso conhecer melhor a tecnologia para opinar. 8. Você acredita que esta tecnologia possa ser implementada nas novas construções brasileiras? ( ) Sim ( ) Não

Justifique:

( ) Preciso conhecer melhor a tecnologia para opinar. 9. Se houvesse uma redução de impostos devido à utilização dessa tecnologia, você acha que seria mais fácil implementá-la? ( ) Sim ( ) Não

Justifique:

( ) Preciso conhecer melhor a tecnologia para opinar. 10. Você compraria ou construiria um imóvel com sanitário seco ? ( ) Sim ( ) Não

Justifique:

( ) Preciso conhecer melhor a tecnologia para opinar.

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2 MODELO QUESTIONÁRIO Nº 2

1. Estado: Cidade: 2. Profissão: Atua na área há: 3. Identifique seu grau de conhecimento sobre o sanitário seco compostável:

Muito bom (conheço as soluções industriais e artesanais) Bom (já vi algumas soluções) Regular (já ouvi alguma coisa a respeito) Insuficiente (desconheço completamente o assunto) 4. Você gostaria de conhecer melhor esta tecnologia? Sim Não

Justifique:

Obs.: O sanitário seco compostável é uma tecnologia utilizada em vários países. Ele não utiliza ou desperdiça água e se vale de um processo bioquímico que, por meio da ação de bactérias e microorganismos, converte os dejetos em composto orgânico isento de patógenos podendo ser utilizado em jardins e agroflorestas. Não produz esgoto e, portanto, não contamina a água. 5. Você já usou alguma instalação com sanitário seco? Não Sim Onde? 6. Você acredita que esta tecnologia possa ser utilizada como indicador de sustentabilidade ambiental na construção civil? ( ) Sim ( ) Não

Justifique:

( ) Preciso conhecer melhor a tecnologia para opinar. 7. Você acredita que esta tecnologia possa ser implementada nas novas construções brasileiras? ( ) Sim

( ) Não

Justifique:

( ) Preciso conhecer melhor a tecnologia para opinar. 8. Se houvesse um subsídio financeiro ou uma redução de impostos devido à utilização dessa tecnologia, você acha que seria mais fácil implementá-la? ( ) Sim ( ) Não

Justifique:

( ) Preciso conhecer melhor a tecnologia para opinar. 9. Você compraria ou construiria um imóvel com sanitário seco ? ( ) Sim ( ) Não

Justifique:

( ) Preciso conhecer melhor a tecnologia para opinar. 10. Você percebe o sanitário seco como uma tecnologia de baixo custo ou de custo elevado.? ( ) Baixo custo ( ) Custo elevado ( ) Não tem idéia

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GLOSSÁRIO

Agenda 21 (Ministério do Meio Ambiente) Pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Agenda 21 Brasileira (Ministério do Meio Ambiente) Instrumento de planejamento participativo para o desenvolvimento sustentável do país, resultado de uma vasta consulta à população brasileira. Foi coordenado pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 (CPDS); construído a partir das diretrizes da Agenda 21 Global; e entregue à sociedade, por fim, em 2002. Agenda 21 Local (Ministério do Meio Ambiente) Processo de planejamento participativo de um determinado território que envolve a implantação, ali, de um Fórum de Agenda 21. Composto por governo e sociedade civil, o Fórum é responsável pela construção de um Plano Local de Desenvolvimento Sustentável, que estrutura as prioridades locais por meio de projetos e ações de curto, médio e longo prazo. No Fórum são também definidos os meios de implementação e as responsabilidades do governo e dos demais setores da sociedade local na implementação, acompanhamento e revisão desses projetos e ações. Agenda 21 Global (Ministério do Meio Ambiente) Programa de ação baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, denominado “desenvolvimento sustentável”. O termo “Agenda 21” foi usado no sentido de intenções, desejo de mudança para esse novo modelo de desenvolvimento para o século XXI. água de infiltração É toda água proveniente do subsolo, indesejável ao sistema separador e que penetra nas canalizações. águas cinzas Águas cinzas são águas residuárias domésticas provenientes de cozinhas, higiene pessoal e lavanderia. águas negras Águas residuárias domésticas contendo excreta humana, geralmente uma definição de resíduos do vaso sanitário, se a água for usada para o transporte de excreta humana.

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contribuição pluvial parasitária É a parcela do deflúvio superficial inevitavelmente absorvida pela rede de esgoto sanitário. ECO 92 (Ministério do Meio Ambiente) Um dos nomes pelos quais é a conhecida a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro em 1992. esgotamento sanitário esgotamento sanitário 1. (Censo Demográfico 2000) Escoadouro do banheiro ou sanitário de uso dos moradores do domicílio particular permanente, classificado quanto ao tipo em: rede geral de esgoto ou pluvial - quando a canalização das águas servidas e dos dejetos provenientes do banheiro ou sanitário está ligada a um sistema de coleta que os conduz a um desaguadouro geral da área, região ou município, mesmo que o sistema não disponha de estação de tratamento da matéria esgotada; fossa séptica - quando a canalização do banheiro ou sanitário está ligada a uma fossa séptica, ou seja, a matéria é esgotada para uma fossa próxima, onde passa por um processo de tratamento ou decantação, sendo ou não a parte líquida conduzida, em seguida, para um desaguadouro geral da área, região ou município; fossa rudimentar – quando o banheiro ou sanitário está ligado a uma fossa rústica (fossa negra, poço, buraco etc.); vala – quando o banheiro ou sanitário está ligado diretamente a uma vala a céu aberto; rio, lago ou mar - quando o banheiro ou sanitário está ligado diretamente a um rio, lago ou mar; e outro - qualquer outra situação. 2. (Pesquisa Nacional de Saneamento Básico) Conjunto de obras e instalações destinadas à coleta, transporte, afastamento, tratamento e disposição final das águas residuárias da comunidade, de uma forma adequada do ponto de vista sanitário. Ver também coleta de esgoto sanitário. 3. (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Escoadouro do banheiro ou sanitário de uso dos moradores do domicílio particular permanente, classificado quanto ao tipo em: rede coletora - quando a canalização das águas servidas e dos dejetos está ligada a um sistema de coleta que os conduz a um desaguadouro geral da área, região ou município, mesmo que o sistema não disponha de estação de tratamento da matéria esgotada; fossa séptica – quando as águas servidas e os dejetos são esgotados para uma fossa, onde passam por um tratamento ou decantação, sendo a parte líquida absorvida no próprio terreno ou canalizada para um desaguadouro geral da área, região ou município; outro - quando os dejetos são esgotados para uma fossa rudimentar (fossa negra, poço, buraco etc.), diretamente para uma vala, rio, lago ou mar, ou outro escoadouro que não se enquadra nos tipos descritos anteriormente. esgoto sanitário É o despejo líquido constituído de esgotos doméstico e industrial, água de infiltração e a contribuição pluvial parasitária. esgoto doméstico É o despejo líquido resultante do uso de água para higiene e necessidades fisiológicas humanas. esgoto industrial É despejo líquido resultante dos processos industriais, respeitados os padrões de lançamento estabelecidos. eutrofização é um enriquecimento excessivo dos corpos aquáticos com nutrientes, resultando no crescimento exagerado de algas e plantas e na redução da concentração de oxigênio por sua decomposição.

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Geo-Brasil Trata-se de um processo coordenado pelo IBAMA e apoiado pelo Ministério do Meio Ambiente, Governo Brasileiro e Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), cujo produto principal é um relatório sobre o meio ambiente brasileiro intitulado “Relatório Perspectivas do Meio Ambiente do Brasil”, no qual é analisada a situação ambiental do Brasil e cujo propósito corresponde à função do chamado “Relatório de Qualidade de Meio Ambiente (RQMA)”. As informações constantes nesse relatório seriam atualizadas sistematicamente em novas versões do GEO-Brasil com uma freqüência de dois em dois anos. Para a elaboração do GEO-Brasil o IBAMA adota a mesma metodologia que o PNUMA usa para produção do GEO Mundial (Global Environment Outlook). A metodologia tem servido de padrão para a elaboração de relatórios sobre meio ambiente tanto em níveis regionais como nacionais. Latrina VIP Latrina de fossa seca com ventilação melhorada. Lodo Os lodos de esgoto se formam através de diferentes processos nos sistemas de tratamento de águas residuárias. O lodo primário é formado através da pré-sedimentação. Na segunda fase, se formam os lodos por processos biológicos e, na terceira fase, do tratamento por precipitação. mesológicas São as relações entre os seres humanos e o ambiente onde vivem. A origem vem de "mesologia", parte da biologia que estuda essas relações. N Nitrogênio, um dos macro nutrientes vitais para o desenvolvimento dos cultivos. P Fósforo, um dos macro nutrientes vitais para o desenvolvimento dos cultivos. Patógenos Microorganismos causadores de doenças. Projeto do Milênio Plano de ação para que o mundo reverta o quadro de pobreza, fome e doenças opressivas que afetam bilhões de pessoas. Vaso sanitário seco com separação de urina A separação de urina em sistemas secos conta com a coleta separada de urina e fezes. A fração fecal é coletada a seco, sem descarga com água. O compartimento com urina pode ser enxaguado com uma pequena quantidade de água, através de um mecanismo automático (descarga) ou manualmente.

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