Santos 1998
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TCNICAS CONSTRUTIVAS EM ALVENARIA ESTRUTURAL: CONTRIBUIO AO USO
por
MARCUS DANIEL FRIEDERICH DOS SANTOS
Dissertao apresentada ao curso de Ps-Graduao em Engenharia Civil da
Universidade Federal de Santa Maria (RS), como requisito parcial para a obteno do grau de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL.
Santa Maria, RS Brasil
1998
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ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CURSO DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL
A COMISSO EXAMINADORA, ABAIXO ASSINADA, APROVA A DISSERTAO
TCNICAS CONSTRUTIVAS EM ALVENARIA ESTRUTURAL: CONTRIBUIO AO USO
ELABORADA POR
MARCUS DANIEL FRIEDERICH DOS SANTOS
COMO REQUISITO PARCIAL PARA A OBTENO DO GRAU DE MESTRE EM ENGEHARIA CIVIL
COMISSO EXAMINADORA:
___________________________________________
Prof. M.Sc. Odilon Pancaro Cavalheiro Orientador
___________________________________________
Dr. Nelson dos Santos Gomes
___________________________________________
Dr. Ronaldo Bastos Duarte
Santa Maria, 11 de setembro de 1998.
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iii
DEDICO
Deus, pela plenitude da vida.
Aos meus Pais Honorino e Maria Reni e meus irmos
pelo contnuo apoio, f e esperana.
minha noiva Mrcia, pelo apoio, compreenso, pacincia e carinho.
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iv
AGRADECIMENTOS
Ao professor Odilon Pancaro Cavalheiro pela amizade, orientao, dedicao
e incentivo na realizao deste trabalho.
Aos colegas do Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento em Alvenaria
Estrutural: Gilson Marafiga Pedroso, Lus Eduardo Azevedo Modler, Tatiana Cureau
Cervo e Juliana Paula Braggio pelo permanente incentivo.
Aos grandes amigos Marco Antonio Pozzobon e Rodrigo Roderico Pereira
dos Santos que, com dedicao e empenho pessoal possibilitaram a elaborao deste
trabalho.
Aos professores Jos Mrio Doleys Soares (Diretor do Laboratrio de Materiais de Construo Civil) e Joaquim Pizzutti dos Santos (Coordenador do Curso de Ps-Graduao) pelas importantes colaboraes.
Aos fabricantes de blocos estruturais que me auxiliaram indicando seus
clientes e, desta forma, possibilitaram o levantamento de dados almejado.
s vinte e uma construtoras visitadas, pelo incentivo a este trabalho e a oportunidade que me proporcionaram pela obteno de to valiosos dados.
s instituies CAPES e FAPERGS; s empresas Cermica CANDELRIA e Construtora GAMMA, que permitiram a viabilizao deste trabalho, atravs do
apoio financeiro.
muitas outras pessoas, que contriburam de alguma forma, sou imensamente grato. Agradeo a todos por participarem desta importante etapa de
minha vida.
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v
SUMRIO
AGRADECIMENTOS ............................................................................................. IV
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................ VIII
LISTA DE TABELAS ............................................................................................. XI
LISTA DE ANEXOS .............................................................................................. XII
RESUMO ................................................................................................................ XIII
ABSTRACT ............................................................................................................ XIV
1. INTRODUO ...................................................................................................... 1
1.1 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA .............................................................................................. 1
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................................ 5
1.2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................. 5
1.2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ............................................................................................... 5
1.3 HIPTESES GERAL E DE TRABALHO .................................................................................. 6
1.3.1 HIPTESE GERAL ............................................................................................................. 6
1.3.2 HIPTESES DE TRABALHO ............................................................................................. 6
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................................. 6
1.5 DEFINIO DA ABRANGNCIA DA PESQUISA.................................................................. 8
2. REVISO BIBLIOGRFICA .............................................................................. 9
2.1 BREVE HISTRICO .................................................................................................................. 9
2.2 CONSIDERAES INICIAIS .................................................................................................. 11
2.3 CONCEPO DO PROJETO .................................................................................................. 14
2.4 CONCEITOS BSICOS ........................................................................................................... 15
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vi
3. METODOLOGIA ................................................................................................ 24
3.1 CONSIDERAES INICIAIS .................................................................................................. 24
3.2 LEVANTAMENTO DAS TCNICAS CONSTRUTIVAS ...................................................... 24
3.3 ENSAIOS COMPLEMENTARES ............................................................................................ 29
4. RESULTADOS E COMENTRIOS DO QUESTIONRIO APLICADO ... 30
4.1 FUNDAES ........................................................................................................................... 30
4.2 ALVENARIA ............................................................................................................................ 32
4.2.1 BLOCO: TIPOLOGIA E USO ........................................................................................... 32
4.2.2 TRANSPORTE DOS BLOCOS ......................................................................................... 36
4.2.3 CUIDADOS COM OS BLOCOS ANTES, DURANTE E APS O ASSENTAMENTO ....... 37
4.2.4 PROJETOS DE EXECUO DA ALVENARIA ................................................................ 39
4.2.5 AMARRAES DAS PAREDES ...................................................................................... 42
4.2.6 TIPOS E CARACTERSTICAS DA ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO ................... 45
4.2.7 MISTURA, TRANSPORTE E ARMAZENAGEM DA ARGAMASSA ................................. 50
4.2.8 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA ELEVAO DAS PAREDES ................................ 54
4.2.9 EXECUO DA PRIMEIRA FIADA ................................................................................ 56
4.2.10 JUNTA DE ARGAMASSA ................................................................................................ 58
4.2.11 GRAUTE .......................................................................................................................... 63
4.3 ABERTURAS ........................................................................................................................... 67
4.3.1 JANELAS ........................................................................................................................... 67
4.3.2 PORTAS ............................................................................................................................. 71
4.4 INSTALAES ELTRICAS ................................................................................................. 75
4.5 INSTALAES HIDRULICAS ............................................................................................ 79
4.5.1 PAREDES HIDRULICAS ................................................................................................ 79
4.5.2 SHAFTS VERTICAIS ........................................................................................................ 80
4.5.3 TUBULAES NO INTERIOR DE PAREDES ESTRUTURAIS ....................................... 81
4.5.4 ENCHIMENTO COM ARGAMASSA E/OU TIJOLOS DE VEDAO ............................ 82
4.6 ESCADAS ................................................................................................................................ 83
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vii
4.7 LAJES ....................................................................................................................................... 86
4.8 REVESTIMENTOS DAS PAREDES ...................................................................................... 88
4.8.1 REVESTIMENTOS INTERNOS ........................................................................................ 89
4.8.2 REVESTIMENTOS EXTERNOS ....................................................................................... 91
5. ENSAIOS COMPLEMENTARES ..................................................................... 93
5.1 ENSAIOS DE ESTANQUEIDADE GUA EM PAREDES ................................................. 93
5.1.1 CAPILARIDADE EM PAREDES....................................................................................... 94
5.1.2 DESCRIO DO ENSAIO DE ESTANQUEIDADE ......................................................... 96
5.1.3 TIPOLOGIA DAS PAREDES ENSAIADAS ....................................................................... 98
5.1.4 RESULTADOS ................................................................................................................. 100
5.2 ENSAIOS ACSTICOS.......................................................................................................... 104
5.2.1 CONCEITOS BSICOS ................................................................................................... 104
5.2.2 ISOLAMENTO ACSTICO ............................................................................................ 106
5.2.3 DESCRIO DO ENSAIO DE ISOLAO .................................................................... 109
5.2.4 RESULTADOS ................................................................................................................. 110
5.3 RESISTNCIA DA ARGAMASSA EM FUNO DO TEMPO .......................................... 111
6. CONCLUSES E RECOMENDAES ........................................................ 114
6.1 CONCLUSES ....................................................................................................................... 114
6.2 RECOMENDAES .............................................................................................................. 119
6.2.1 RECOMENDAES PARA OBRAS EM ALVENARIA ESTRUTURAL .......................... 119
6.2.2 RECOMENDAES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................... 121
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viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Tipo de bloco utilizado. 32
Figura 2 Blocos estruturais de concreto (a) e de cermica (b). 34 Figura 3 Parede sem compensador sendo completada a modulao com graute (a)
e parede com compensador (b). 35 Figura 4 Carrinho com rodas pneumticas, adequado para transporte horizontal
de blocos. 37
Figura 5 Blocos armazenados na obra sobre estrados de madeira e protegidos, da
ao direta de intempries, com lona plstica. 37
Figura 6 Cabina mvel para armazenar plantas e outros objetos no andar de execuo da alvenaria. 42
Figura 7 Elementos metlicos utilizados nos encontros de paredes com junta a prumo. 44
Figura 8 Tipos de argamassa de assentamento encontrados. 45
Figura 9 Placa de identificao dos traos de argamassa, graute e concreto. 47 Figura 10 Resistncia compresso da argamassa para diferentes alturas de
prdios. 50
Figura 11 Misturador de argamassa industrializada com eixo horizontal
localizado prximo alvenaria em execuo. 51
Figura 12 Local com grandes dimenses para depsito de argamassa de
assentamento. 52
Figura 13 Estruturas de colocao da caixa de argamassa para execuo da
alvenaria. 53
Figura 14 Recipientes, retangular (a) e/ou circular (b), para depsito de argamassa de assentamento. 54
Figura 15 Escantilho usado em obras de alvenaria estrutural. 55
Figura 16 Rgua metlica com bolhas utilizada para verificao do nvel, do prumo (a) e da planicidade (b) da alvenaria. 57
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ix
Figura 17 Juntas de argamassa horizontais (longitudinais e transversais) e verticais. 59
Figura 18 Palheta utilizada para o assentamento de blocos. 60
Figura 19 Relao entre as resistncias do bloco e do graute. 64
Figura 20 Frma utilizada para facilitar a colocao do graute no interior dos vazados dos blocos. 65
Figura 21 Cuidado especial (papel) para retirada do excesso de argamassa do interior dos vazados dos blocos a serem grauteados. 67
Figura 22 Contra-marco de argamassa armada. 69
Figura 23 Execuo do vo previsto para colocao do aparelho de ar
condicionado. 74
Figura 24 Obras com projeto eltrico mostrado nas elevaes. 75 Figura 25 Passagem de tubulao eltrica sem adequada integrao de projetos.
76
Figura 26 Local para o quadro de disjuntores, no previsto durante a fase de execuo da alvenaria (a) e previsto (b). 78
Figura 27 Tubulaes hidrulicas externas s paredes estruturais. 82
Figura 28 Quebras em blocos para fixao do patamar da escada s paredes. 84 Figura 29 Peas de escada pr-moldada. 84
Figura 30 Escada industrializada, em pea nica. 85
Figura 31 Cuidado especial adotado em laje de cobertura. 88 Figura 32 Revestimento interno em gesso, aplicado diretamente sobre o bloco. 89
Figura 33 (a) Tipologia das paredes, (b) fixao da cmara s paredes com a respectiva bureta e, (c) detalhe da localizao da cmara na parede. 97
Figura 34 Disposio das juntas de argamassa nas paredes dos blocos, representando as situaes do ensaio de estanqueidade. 99
Figura 35 Permeabilidade em paredes de blocos estruturais de concreto com
revestimento em uma das faces. 101 Figura 36 Permeabilidade em paredes de blocos estruturais cermicos com
revestimento em uma das faces. 101 Figura 37 Permeabilidade em paredes de blocos estruturais de concreto com
revestimento nas duas faces. 103
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x
Figura 38 Permeabilidade em paredes de blocos estruturais cermicos com
revestimento nas duas faces. 103 Figura 39 Reflexo, dissipao e transmisso do som em uma parede. 107
Figura 40 Espectro de freqncia para os valores de isolao acstica (dB). 110 Figura 41 Decrscimo de resistncia da argamassa com moldagem retardada. 113
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xi
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Relao das construtoras visitadas e o nmero de prdios de
cada canteiro de obras. ...........................................................
24
TABELA 2 Tipos de fundaes utilizadas nas obras de alvenaria estrutural pesquisadas. .................................................................
29
TABELA 3 Nmero de tipos de peas utilizadas para a construo de
prdios em alvenaria estrutural. ...................................................
32
TABELA 4 Perodos de realizao de testes de resistncia compresso em
argamassas. ................................................................................
47
TABELA 5 Resistncia compresso de prismas em dois blocos, com e sem
preenchimento das juntas transversais. ........................................
76
TABELA 6 Tipos de lajes, com as respectivas faixas de espessuras (sem contar o revestimento). .................................................................
86
TABELA 7 Tipos de acabamento das peas frias. .......................................... 90 TABELA 8 ndice de reduo acstica em funo da massa da parede. ......... 107 TABELA 9 Condies das paredes ensaiadas acusticamente. ......................... 109
TABELA 10 Comparao dos resultados obtidos nos ensaios com os
calculados pela Lei das Massas. ............................................
110
TABELA 11 Caractersticas dos materiais utilizados para composio do
trao da argamassa de assentamento. ........................................
111
TABELA 12 Resistncia compresso da argamassa, com moldagem
retardada. ..................................................................................
111
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xii
LISTA DE ANEXOS
ANEXO I Questionrio aplicado nas obras........................................................ 130
ANEXO II Planilhas com os resultados dos ensaios de permeabilidade
gua..............................................................................................
138
ANEXO III Planilhas de resultados dos ensaios acsticos................................. 140
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xiii
RESUMO
TCNICAS CONSTRUTIVAS EM ALVENARIA ESTRUTURAL: CONTRIBUIO AO USO
Autor: Marcus Daniel Friederich dos Santos
Orientador: Odilon Pancaro Cavalheiro
A alvenaria estrutural, quando bem utilizada, minimiza ndices de desperdcio e, por este motivo, nos ltimos anos, vem crescendo o interesse e aplicao da mesma por parte das construtoras. Mesmo sem o total domnio da tecnologia, essas construtoras esto visualizando, neste sistema, uma alternativa muito competitiva para a construo de habitaes. Nesse sentido, o presente trabalho procura obter um quadro geral de como a alvenaria estrutural esta sendo empregada em obras de trs estados do Brasil. Para realizar o levantamento de dados em relao s principais tcnicas construtivas que esto sendo utilizadas na alvenaria estrutural, foi elaborado um questionrio constitudo de 150 perguntas, que aborda as etapas de fundaes, alvenaria, aberturas, tubulaes eltricas e hidrulicas, escadas, lajes e revestimentos das obras investigadas. A pesquisa foi realizada em vinte e oito canteiros de obras que totalizavam 403 prdios previstos, utilizando o sistema de alvenaria estrutural. Para a anlise crtica das tcnicas construtivas identificadas, alm de referncias bibliogrficas, foram consultados tambm engenheiros especialistas na rea, bem como resultados de ensaios laboratoriais. J para verificar tendncias de comportamento com relao a situaes particulares da alvenaria, frente a aes do som e da gua, foram realizados ensaios acsticos e de estanqueidade. A partir dos resultados, concluiu-se que, nas obras pesquisadas, de uma maneira geral, o sistema de alvenaria estrutural est sendo explorado em apenas parte do seu potencial.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CURSO DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL Dissertao de Mestrado em Engenharia Civil Santa Maria, 11 de setembro de 1998
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xiv
ABSTRACT
STRUCTURAL MASONRY BUILDING TECHNIQUES: CONTRIBUTION TO THE USE
Author: Marcus Daniel Friederich dos Santos
Advisor: Odilon Pancaro Cavalheiro
The interest of builders in application of structural masonry has been growing
in the last years due to the technology cost effectiveness and minimization of wastes.
In spite of the incomplete scope of the construction technology, this system has been
looked upon by builders as a competitive alternative for residential buildings.
Keeping this in mind, the present study is aimed at obtaining a general picture of the
structural masonry applications. The main building techniques were identified based
on a survey consisting of 150 questions, which covered stages of construction of the
foundation, masonry, openings, electric and hydraulic tubulations, stairs, slabs, and
revetments. 28 building sites in three Brazilian states were investigated amounting to
a total of 403 examined buildings in which the structural masonry system was used.
The collected data of the used construction techniques were critically analyzed basing
on bibliographical references, on expert opinions of practical engineers in the field,
as well as on results of laboratory testing reports. To verify behavior tendencies in
relation to particular masonry situations related to sound and water impacts, acoustic
and water stagnating tests were made. It was concluded that, in general, the potential
of the structural masonry system is being just partially utilized in the studied buildings.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CURSO DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL Civil Engineering Master Dissertation Santa Maria, September 11th, 1998.
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CAPTULO I
1. INTRODUO
1.1 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA
Apesar de todo o progresso conquistado para propiciar maior conforto ao
homem, ainda o problema da habitao um desafio difcil e permanente. As
elevadas taxas de crescimento demogrfico, aliadas aos pequenos ndices de renda da
populao, apresentam-se como fatores agravantes deste desafio.
O problema social aumenta, principalmente, medida em que nos grandes
centros as correntes migratrias se intensificam. O migrante, procurando melhores
condies de vida, muda-se para as cidades, onde ter um local para morar de
fundamental importncia.
A indstria da construo civil se destaca como uma das mais importantes
em todos os pases, pois a mesma contribui no Produto Interno Bruto (PIB) com cerca de 6 a 12% do total mundial e ainda emprega cerca de 10% da populao
economicamente ativa (MESEGUER, 1983).
No Brasil, segundo ROSCOE (1998), a construo civil, isoladamente, tem uma participao de 9,3% no PIB, respondendo por 4,4 milhes de empregos na
economia formal. Estes nmeros representam mais de 6,5% da populao
economicamente ativa e alm disso, possuem importncia estratgica no
desenvolvimento da nao, pois gera a infra-estrutura fsica para o funcionamento de
outros setores (FRANCO, 1992) e (PICCHI, 1993).
GONALVES (1997) comenta que mesmo com esta grande influncia sobre a economia brasileira h, atualmente, um dficit habitacional de aproximadamente
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2
cinco milhes de moradias. Ano aps ano, ele agravado pela ausncia de polticas
habitacionais que venham a implementar uma soluo vivel para suprir as
necessidades do pas (ALY & SABBATINI, 1994).
Alm disso, outra caracterstica marcante da indstria da construo civil no
Brasil o desperdcio de insumos que, segundo PICCHI (1993), est em torno de 30% em relao ao custo total das edificaes, considerando o volume de entulho
retirado, bem como o entulho que incorporado no prprio processo construtivo, em
funo da necessidade de correes de problemas de nveis, prumos, etc.
Este um dos fatores pelos quais se busca novas tecnologias, pois acredita-se
que incorporadas a elas estaro melhores condies de controle da obra. Outro fator
de peso para estas mudanas a prpria demanda de um maior nmero de
habitaes. Sendo assim, as novas tcnicas apresentam tambm maiores chances de
incrementar a produtividade da mo-de-obra.
As tcnicas construtivas utilizadas atualmente pelas empresas de construo
civil, no que se refere construo de edifcios, alm de apresentarem alto custo,
nem sempre determinam desempenho satisfatrio das edificaes em utilizao, no
propiciando muitas vezes, a satisfao do usurio. Diversos fatores contribuem para o
crescimento constante deste problema, entre os quais merecem destaque: aplicaes
inadequadas de materiais de construo, ausncia de mo-de-obra qualificada e de
diretrizes construtivas e, alto ndice de desperdcios.
Neste sentido, conforme ALY (1987), vrios processos construtivos foram importados e aplicados diretamente na construo de conjuntos habitacionais, sem a realizao prvia de estudos que os adequassem aos materiais, mo de obra e ao
clima do pas. Esta prtica teve por conseqncia o aparecimento de inmeros
problemas patolgicos nas edificaes, que poderiam ter sido minimizados, ou at
mesmo evitados, caso os estudos tivessem sido realizados.
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3
A racionalizao construtiva o caminho para a soluo dos resultados
insatisfatrios obtidos pelas empresas de construo civil, tornando-as mais
competitivas no mercado. Para isso, faz-se necessrio o conhecimento das
tecnologias de produo envolvidas nos processos construtivos dos edifcios para que
se consiga diminuir custos e aumentar a qualidade.
Na busca de eficincia e produtividade foram tentadas, nos ltimos anos,
muitas solues. Dentre as poucas experincias de sucesso destacam-se os processos
em alvenaria estrutural, os quais se tornaram predominantes na construo
habitacional de interesse social (FRANCO, 1992).
Segundo FRANCO (1992), a alvenaria estrutural, por sua simplicidade, permite uma imediata diminuio de custos e facilita as operaes de execuo do
edifcio. Alm disso, a utilizao desse sistema construtivo leva reduo dos
investimentos fixos, como a compra ou aluguel de equipamentos, o que permite uma
maior flexibilidade quanto a definio de cronogramas e fluxos de caixa,
caractersticas essenciais para os investimentos. Na maioria dos casos ainda no foi
explorado todo o potencial deste sistema construtivo em nosso pas, tanto no que diz
respeito capacidade estrutural da alvenaria, quanto racionalizao do mesmo.
Esse sistema construtivo parece ser ideal para a realidade brasileira, pois
necessita de mo-de-obra de fcil aprendizado, possui elevado potencial de
racionalizao e no exige grandes investimentos e imobilizao de capital para a
aquisio de equipamentos.
A grande vantagem que a alvenaria estrutural apresenta a possibilidade de
incorporar facilmente os conceitos de racionalizao, produtividade e qualidade,
produzindo, ainda, construes com bom desempenho tecnolgico aliado a baixos
custos (ARAJO, 1995).
A alvenaria estrutural emprega, em geral, paredes de blocos modulados como
elementos resistentes, apresentando uma srie de aspectos tcnico-econmicos que a
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4
destaca em relao aos mtodos tradicionais de construir. A principal vantagem
reside no grande potencial de racionalizao de todas as etapas de construo, atravs
da otimizao do uso de recursos temporais, materiais e humanos.
A alvenaria estrutural no armada , possivelmente, entre os mtodos
construtivos na rea habitacional, o que permite as construes a menores custos
(FRANCO, 1987). Observa-se portanto a importncia do tema, uma vez que, se a alvenaria estrutural proporciona menores custos, trabalhar com melhores condies,
objetivando maior produtividade com qualidade, implicar em grandes vantagens ao setor.
A alvenaria estrutural de blocos, no Brasil, necessita de uma reviso com
objetivos voltados racionalizao e maior produtividade da mo-de-obra. O desenvolvimento de pesquisas no campo tecnolgico da produo de blocos
estruturais, como tambm o desenvolvimento e acompanhamento de metodologias
para a execuo de obras , sem dvida, o caminho para o avano tecnolgico deste
sistema (MEDEIROS, 1993).
A utilizao de novas tecnologias que trazem reduo no consumo de mo-de-
obra, menor desperdcio de materiais e melhores condies de trabalho deve ser
convenientemente estudada. Mas sabe-se que para o maior aproveitamento de todas
as condies que a alvenaria estrutural pode oferecer, deve-se promover uma
conscientizao do meio tcnico. No Brasil, alguns centros de pesquisa vm
trabalhando nessa rea.
Diante das grandes vantagens encontradas, em especial aquelas de origem
econmica, cada vez maior o interesse pelo sistema construtivo de alvenaria
estrutural. Mesmo sem o total domnio da tecnologia necessria, condio essencial
ao sucesso de qualquer sistema construtivo, as iniciativas privada e estatal vm, ao
longo das ltimas dcadas, descobrindo na alvenaria estrutural uma alternativa muito
competitiva para a construo de habitaes, principalmente quando comparada ao
-
5
sistema tradicional de construo (estrutura reticular de concreto armado e vedaes em alvenaria).
A alvenaria estrutural passou ento a ser empregada correntemente, sem que
se dispusesse de normalizao adequada e mtodos eficientes com vistas ao controle
da qualidade do processo e dos produtos envolvidos. A falta de mecanismos como
estes, frutos de pesquisas de desenvolvimento tecnolgico adequadas s nossas
condies, tem gerado patologias em algumas obras de alvenaria estrutural.
Por tudo isto, importante ter-se uma viso abrangente de como est sendo
empregada a alvenaria estrutural no pas, atualmente.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 OBJETIVO GERAL
Como objetivo geral deste estudo, pretende-se realizar um levantamento de tcnicas construtivas utilizadas em obras de alvenaria estrutural, em trs estados do
Brasil, visando contribuir para o seu desenvolvimento tecnolgico.
1.2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
Em termos de objetivos mais especficos, procura-se:
realizar um levantamento de tcnicas construtivas aplicadas em obras de
alvenaria estrutural no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e So Paulo;
obter um quadro geral de como as obras de alvenaria estrutural esto
sendo executadas;
realizar uma anlise crtica das principais tcnicas construtivas
observadas;
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6
executar alguns ensaios para obter tendncias de comportamento da
alvenaria em situaes onde os dados, hoje disponveis, so escassos ou mesmo inexistentes.
1.3 HIPTESES GERAL E DE TRABALHO
1.3.1 HIPTESE GERAL
Como hiptese geral para o desenvolvimento desta investigao, considera-se
que as tcnicas construtivas utilizadas em obras de alvenaria estrutural obedecem
critrios de padronizao, qualidade e economia.
1.3.2 HIPTESES DE TRABALHO
As hipteses de trabalho a serem consideradas so, basicamente:
uma tcnica construtiva determinada na fase do projeto;
podem existir fatores perceptveis que identificam a tcnica mais
econmica a ser aplicada sem prejuzo da qualidade;
a implantao de novas tcnicas construtivas confronta-se com a
resistncia, por parte dos operrios, empresrios e rgos financiadores,
em substituir as tcnicas j difundidas no setor pelas inovaes;
a alvenaria estrutural apresenta condies favorveis para a racionalizao
das tcnicas construtivas.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
Para atender aos objetivos propostos, o trabalho foi organizado em seis captulos, sendo completado pelos anexos. Como pode ser observado, o presente
Captulo I, alm da exposio dos objetivos, hipteses, estruturao do trabalho e
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7
abrangncia, compreende tambm incluso da pesquisa dentro do contexto da
construo civil no Brasil. Apresenta-se a necessidade do desenvolvimento da
alvenaria estrutural como uma alternativa para as construes habitacionais.
J no Captulo II, so comentados conceitos de industrializao,
racionalizao e construtibilidade, pois estes tm ntima ligao com as tcnicas
construtivas a serem estudadas, bem como conceitos bsicos da alvenaria estrutural.
Nesse captulo realiza-se, tambm, uma breve reviso bibliogrfica sobre a alvenaria
estrutural.
A metodologia utilizada para a aquisio das informaes sobre as tcnicas
construtivas adotadas nas obras descrita no Captulo III, no qual feita uma
explanao sobre a forma de coleta dos dados, especificaes importantes e
comentrios sobre o levantamento dos dados.
No Captulo IV encontram-se os resultados obtidos no questionrio bem como
a anlise crtica das principais tcnicas construtivas observadas nos canteiros de
obras visitados.
J no Captulo V so relatados ensaios acsticos e de estanqueidade,
realizados em paredes, bem como ensaios de resistncia compresso de argamassa
em condio adversa de utilizao.
No Captulo VI apresentam-se as concluses e comentrios das principais
tcnicas construtivas e, ainda, recomendaes gerais para construes de alvenaria
estrutural e para trabalhos futuros de pesquisa.
Finalmente, em anexo, encontram-se informaes complementares, como o
questionrio aplicado nas obras, as planilha de resultados dos ensaios de
permeabilidade e dos ensaios acsticos.
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8
1.5 DEFINIO DA ABRANGNCIA DA PESQUISA
Em funo de haver diferentes tipos de unidades (concreto, cermica, silico-calcreo, etc.) que podem ser empregados na construo de edifcios de alvenaria estrutural, um estudo englobando todos estes casos seria muito extenso e no vai ser
aqui apresentado. O trabalho limita-se apenas ao estudo de tcnicas construtivas
aplicadas em prdios com mais de trs pavimentos, que utilizam blocos vazados de
concreto e cermico estruturais.
Esta pesquisa abrange os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e So
Paulo. Os dois primeiros foram escolhidos para aplicao do questionrio em funo
do Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento de Alvenaria Estrutural da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM) influir nesta rea, bem como limitaes de recursos para viagens. J o estado de So Paulo foi pesquisado por ser a regio com maior
concentrao de obras de alvenaria estrutural do Brasil.
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CAPTULO II
2. REVISO BIBLIOGRFICA
2.1 BREVE HISTRICO
A arte de construir tem acompanhado o homem desde os primrdios de sua
cultura e sua evoluo tem se baseado num processo de tentativa e erro. Este
processo, lento e gradual, foi o responsvel pelo aprendizado de muitas tcnicas que
ainda hoje so empregadas com bastante sucesso (PRUDNCIO, 1986).
O uso da alvenaria estrutural teve sua origem nas antigas civilizaes.
Grandes blocos irregulares de pedra foram utilizados na execuo de paredes
estruturais em pirmides, catedrais, palcios e fortalezas. O desenvolvimento da
tcnica e o seu uso racional foram impedidos pela pouca trabalhabilidade dos blocos
de pedra utilizados, como tambm pela falta de conhecimento sobre o
comportamento das alvenarias (CAMPOS, 1993).
No Brasil a alvenaria estrutural iniciou no perodo colonial, com o emprego
da pedra e tijolo de barro cru. Os primeiros avanos na tcnica construtiva foram marcados, j no Imprio, pelo uso do tijolo de barro cozido, a partir de 1850, proporcionando construes com maiores vos e mais resistentes ao das guas.
J no final do sculo XIX, a preciso dimensional dos tijolos permitia a aplicao de alguns conceitos em direo a racionalizao e industrializao.
No limiar do sculo passado, surgiram o ao e o concreto armado,
aumentando rapidamente o nmero de construes que passaram a utilizar estes
tipos de materiais, pois ofereciam vantagens tcnicas e econmicas. Tambm o
campo terico/experimental relativo a essa nova tcnica se desenvolveu
rapidamente. Os mtodos utilizados em obras de alvenaria tornaram-se obsoletos e
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esse material foi abandonado, passando a ser usado quase exclusivamente como
fechamento CAMACHO (1986).
O largo emprego das estruturas de ao na Europa e a facilidade de importao
acabaram por ser determinante na utilizao deste sistema nas grandes obras
nacionais at os anos 20 do sculo atual. O Viaduto Santa Efignia e a Estao da
Luz, em So Paulo, so dois exemplos tpicos de estruturas importadas e aqui
montadas, nesta poca.
As estruturas em concreto armado, pelas mesmas razes, dominam grande
faixa do mercado mundial de edificaes residenciais e comerciais.
Aps a primeira grande guerra mundial, a instalao da indstria de cimento
Portland no Brasil sacramenta o uso das estruturas em concreto armado, construindo-
se prdios de grande altura, como o Edifcio Martinelli, em So Paulo, com 30
andares.
Seguindo uma tendncia europia e americana, iniciada nos anos 40 e 50,
quando estudos mais profundos passaram a viabilizar a alvenaria como estrutura, em
meados da dcada de 60 introduzida no Brasil a alvenaria estrutural de blocos
vazados de concreto, em prdios de at 4 pavimentos, com tecnologia e
procedimentos baseados em normas estrangeiras. Esta foi uma forma racionalizada
encontrada para reduo de custos das obras.
Da para frente, os processos em alvenaria estrutural, empregando tambm
blocos slico-calcrios e blocos cermicos, comearam a ser utilizados em escala
crescente, principalmente no estado de So Paulo, com base em normas americanas,
inglesas e alems, entre outras.
Atualmente, nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e em muitos outros
pases, a alvenaria estrutural atinge nveis de clculo, execuo e controle, similares
aos aplicados nas estruturas de ao e concreto, constituindo-se em um econmico e
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competitivo sistema racionalizado, verstil e de fcil industrializao, face s
diminutas dimenses do componente modular bsico empregado (bloco).
Segundo HENDRY (1981), o sucesso econmico da alvenaria estrutural tem sido alcanado no s pela racionalizao estrutural, mas tambm porque as paredes
que constituem a estrutura da edificao desempenham vrias outras funes
simultaneamente, tais como subdiviso de espaos, isolamento trmico e acstico,
proteo ao fogo e s condies climticas.
Embora a alvenaria estrutural comece a ser largamente empregada em alguns
centros do pas, em outros continua desconhecida. Enquanto edifcios relativamente
altos so erguidos, utilizando a capacidade resistente da alvenaria, outras obras de
menor porte so projetadas com estruturas independentes (concreto armado e ao) por completo desconhecimento da nova tcnica, gerando um contraste de certa forma
interessante de ser observado.
O sistema construtivo em alvenaria estrutural que se emprega no Brasil e em
outros pases praticamente o mesmo. As diferenas nos processos adotados
acontecem em funo de caractersticas como clima, sismos, cultura, identificando
peculiaridades presentes em regies distintas da terra.
2.2 CONSIDERAES INICIAIS
A construo dos grandes conjuntos habitacionais no Brasil, a partir da segunda metade dos anos setenta e incio dos anos oitenta, marca pela primeira vez,
alm da utilizao em massa de sistemas construtivos inovadores, a preocupao em
encontrar alternativas para o aumento dos nveis de produtividade no setor da
construo civil (FRANCO,1992). Com isso vrias alternativas construtivas apareceram nos mais diversos canteiros de obras.
As tcnicas construtivas inovadoras trouxeram consigo alguns conceitos que
as tornam diferentes das utilizadas nos processos convencionais. A preocupao com
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a melhor maneira de executar o trabalho e tambm com a qualidade final do produto
fator predominante. Neste item sero apresentados alguns conceitos que esto
intimamente ligados concepo destas tcnicas como a industrializao, a
racionalizao e a construtibilidade.
SABBATINI (1989) conceitua a industrializao como sendo um processo evolutivo, que atravs de aes organizacionais e da implementao de inovaes
tecnolgicas, mtodos de trabalho e tcnicas de planejamento e controle objetiva incrementar a produtividade e o nvel de produo e aprimorar o desempenho da
atividade construtiva.
A caracterstica principal da industrializao a organizao da atividade
produtiva, empregando, de forma racionalizada, materiais, meios de transporte e
tcnicas construtivas para atingir maior produtividade. Este incremento na
produtividade no ocorre s com a utilizao de novos processos construtivos, novas
tcnicas e novos materiais, mas principalmente com o aumento progressivo no nvel
de organizao da atividade de construo civil em todas as suas fases, do projeto ao uso do produto fabricado pela indstria.
J a racionalizao compreende uma diminuio dos desperdcios e o mximo
aproveitamento dos insumos disponveis. Para alguns autores, conforme comentado
por FRANCO (1992), sua aplicao vai alm do canteiro, passando pela mudana de todo o setor da construo, como por exemplo a adoo de normalizao e
padronizao para os mais diversos servios da construo.
Os mtodos construtivos utilizados atualmente na execuo das paredes de
alvenaria de vedao apresentam deficincias, principalmente quanto fiscalizao
dos servios, organizao e padronizao do processo de produo. Os
procedimentos adotados nos processos construtivos convencionais esto baseados em
tcnicas construtivas de uso corrente na construo civil, muitas delas ultrapassadas e
que resultam em baixa produtividade e alto ndice de desperdcio.
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Alm disso, h insuficincia de detalhamento nos projetos, muitas vezes determinada pelo desconhecimento por parte dos projetistas, das influncias fsicas a que esto expostas as edificaes e do comportamento dos materiais de construo
frente a elas ao longo do tempo.
Por outro lado, a racionalizao pode ser entendida, num enfoque mais
especfico, como a otimizao das atividades construtivas. Neste caso, aplicam-se os
princpios de racionalizao s tcnicas e mtodos construtivos, como forma de se
alcanar um melhor resultado no desenvolvimento destes especficos
empreendimentos (FRANCO, 1992).
A habilidade ou a facilidade de um edifcio ser construdo conceituada como
construtibilidade, possuindo uma grande relao com industrializao.
ARAJO (1995) faz uma comparao entre os conceitos de racionalizao e construtibilidade e conclui que pouco se distanciam, na verdade, eles se completam e
so empregados convenientemente quando se faz uso de um sistema industrializado,
o qual busca a organizao e adequao dos meios para se obter o produto final
desejado.
A base da construtibilidade fundamenta-se no fator de que para ser otimizado
todo o processo de construo, h a necessidade de se considerar, na etapa de projeto, os fatores relacionados com as operaes construtivas.
Oliveira apud ARAJO (1995) apresenta um resumo dos principais fatores que melhoram a construtibilidade, dentre os quais podem-se citar:
maior detalhamento dos projetos, visando facilitar a execuo; padronizao;
seqncia executiva e interdependncia entre atividades;
acessibilidade e espaos adequados para o trabalho;
comunicao projetos/obra.
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O conceito de construtibilidade integra o conhecimento e experincia
construtiva durante as fases de concepo, planejamento, projeto e execuo da obra, visando a simplificao das operaes construtivas.
2.3 CONCEPO DO PROJETO
O projeto tem importncia primordial na qualidade das edificaes, sendo apontado como a principal origem de patologias das construes, em diversos
estudos estrangeiros (PICCHI, 1993).
MESEGUER (1991) afirma que 60% dos erros em construes, grandes e pequenas, tm sua origem em erros cometidos nas fases iniciais do trabalho. Para
reverter este quadro de grande importncia a integrao intensa entre projeto e obra, tanto no sentido da equipe de projeto sanar eventuais dvidas ou colaborar com alteraes no previstas, como da equipe de obra contribuir com sua experincia
durante a elaborao dos projetos para aumento da construtibilidade do mesmo.
Na construo civil, o projeto quase sempre encarado como uma finalidade, e no como um meio para obteno de um fim, que seria a edificao. Justificando
esta afirmativa, verifica-se a carncia de projetos executivos, o que acarreta, muitas vezes, a deciso do como executar ser tomada no canteiro de obras e o que mais
grave, quase sempre pelo prprio mestre de obras, ou pelo engenheiro, mas sem um
estudo prvio da melhor alternativa.
De um modo geral, um dos problemas encontrados quando se trabalha com
um programa de qualidade a falta de coordenao entre as fases de projetos e de execuo da obra. O aperfeioamento desta interface melhora a eficcia na aplicao
do sistema construtivo proposto.
O controle da qualidade deve comear na fase do projeto. A coordenao entre o projeto e a fase de execuo evita, muitas vezes, o desperdcio no canteiro, o
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qual, quase sempre atribudo mo-de-obra ou m qualidade dos materiais, sendo
que nem sempre so estes os nicos responsveis.
Durante a viabilizao dos empreendimentos, uma grande ateno voltada
aos aspectos estratgicos do gerenciamento empresarial, como fluxo financeiro e as
etapas de comercializao. O projeto muitas vezes colocado em um segundo plano, sendo elaborado com um mnimo de aprofundamento das solues
construtivas, postergando-se estas para a fase de execuo da obra (FRANCO, 1992).
2.4 CONCEITOS BSICOS
Julgou-se importante apresentar algumas definies fundamentais para o
entendimento global das demais etapas do trabalho, procurando-se evitar, assim,
confuses geradas por termos empregados no dia-a-dia da construo civil e, ainda,
por expresses que possuem sentidos variados.
a) Alvenaria
Apesar de ser correntemente empregada em nosso meio, alvenaria muitas
vezes mal conceituada. SABBATINI (1984) analisa diversas definies e apresenta o seguinte conceito para o termo alvenaria:
A alvenaria um componente complexo utilizado na construo e
conformado em obra, constitudo por tijolos ou blocos unidos entre si por juntas de argamassa, formando um conjunto rgido e coeso.
Outra definio resumida dada por CAVALHEIRO (1996), que considera alvenaria como um produto da composio bsica, em obra, de blocos ou tijolos unidos entre si por argamassa, constituindo um conjunto resistente e estvel.
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b) Alvenaria Estrutural
toda a estrutura em alvenaria, predominantemente laminar, dimensionada com procedimentos racionais de clculo para suportar cargas alm do peso prprio.
Pela dupla funo que seus elementos bsicos (paredes) desempenham nas edificaes, ou seja, vedao e resistncia, o subsistema estrutural confunde-se com o prprio processo construtivo (CAVALHEIRO, 1996).
aquela alvenaria que resiste aos esforos solicitantes graas s propriedades de seus componentes e a interao entre eles. Atualmente, entende-se por alvenaria
estrutural aquela dimensionada por clculo racional.
c) Bloco
A idia bsica que estabelece a diferenciao entre blocos e tijolos empregados na construo de paredes de alvenaria a de domnio prtico na obra: o
tijolo pode ser manuseado facilmente, com apenas uma das mos quando do seu assentamento, o bloco no. Os blocos, devido a suas dimenses e peso, normalmente
so assentados com ambas as mos.
d) Bloco de Concreto
a unidade de alvenaria constituda pela mistura homognea, adequadamente proporcionada, de cimento Portland, agregado mido e grado,
conformado atravs de vibrao e prensagem, que possui dimenses superiores
a 250x120x55 mm (comprimento, largura e altura) (MEDEIROS, 1993).
Blocos vazados de concreto, ou simplesmente blocos de concreto, so
elementos prismticos, com dois ou trs furos verticais dispostos ao longo da altura,
em sua seo de assentamento, com rea til (rea liquida) igual ou inferior a 75% da
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rea total da seo normal aos furos das peas (rea bruta). Se essa condio no for satisfeita, o bloco ser considerado macio.
e) Bloco Cermico
O bloco cermico, segundo a NBR 7171/92, definido como sendo um
componente de alvenaria que possui furos prismticos e/ou cilndricos
perpendiculares s faces que os contm. Os blocos cermicos so classificados de
acordo com suas resistncias compresso, sendo que o material bsico de sua
fabricao a argila.
f) Prisma Simples
um corpo de prova constitudo de duas ou trs unidades de alvenaria superpostas, unidas entre si por junta de argamassa.
g) Parede
Elemento laminar vertical, apoiado de modo contnuo em toda a sua base,
com comprimento maior que cinco vezes a espessura.
h) Parede de Vedao
A parede de alvenaria denominada parede de vedao quando suporta
apenas seu peso prprio, no admitindo no projeto outras cargas. Quando objetiva, tambm, embutir tubulaes hidrossanitrias chamada hidrulica.
i) Parede Estrutural
Toda aquela dimensionada por processos racionais de clculo, para resistir a
cargas alm de seu peso prprio.
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j) Alvenaria Estrutural No Armada
Aquela construda com blocos estruturais vazados, assentados com argamassa,
e que contm armadura com finalidade construtiva ou de amarrao, no sendo esta
ltima considerada na absoro dos esforos calculados.
l) Alvenaria Estrutural Armada
Aquela construda com blocos estruturais vazados, assentados com argamassa,
na qual alguns vazados so preenchidos continuamente com graute, contendo
armaduras envolvidas o suficiente para absorver os esforos calculados, alm
daquelas com finalidade construtiva ou de amarrao.
m) Pilar
Todo elemento estrutural em que a seo transversal retangular utilizada no
clculo do esforo resistente possui relao de lados inferior a cinco, prevalecendo,
no caso das sees compostas, as dimenses de cada ramo distinto.
n) Cinta
Elemento construtivo estrutural apoiado continuamente na parede, ligado ou
no s lajes ou s vergas das aberturas, e que transmite cargas para as paredes estruturais, tendo funo de amarrao.
o) Verga ou Viga
Denomina-se verga o elemento estrutural colocado sobre vos de aberturas
no maiores que 1,20 m, com a finalidade de transmitir cargas verticais para os
trechos adjacentes ao vo. Considera-se como viga um elemento estrutural sobre vos
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maiores que 1,20 m, dimensionado para suportar cargas verticais, transmitindo-as
para pilares ou paredes.
Este conceito de norma arbitrrio, tendo em vista que poder ocorrer casos
de elementos de vos menores que 1,20 m com cargas elevadas, consequentemente,
com necessidade de dimensionamento.
p) Contra-verga
Elemento estrutural colocado sob o vo da abertura, com a finalidade de
absorver eventuais tenses de trao.
q) Argamassa
definida como um material composto, sem forma e de caractersticas plsticas, constitudo de agregado mido inerte e de uma pasta aglomerante. Tem a
propriedade de aderir a materiais porosos e de endurecer aps certo tempo.
(SABBATINI, 1987).
r) Argamassa de Assentamento
o elemento de ligao das unidades de alvenaria em uma estrutura nica, sendo normalmente constitudo de cimento, cal e areia (MUTTI, 1998).
De acordo com SABBATINI (1984), as argamassas de assentamento no tm forma definida, mas possuem uma funo especfica: destinam-se ao assentamento de
unidades de alvenaria. A argamassa de assentamento produz a junta de argamassa que um componente com forma e funes bem definidas.
s) Junta de Argamassa
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a lmina ou cordo de argamassa endurecida, intercalado e aderente s unidades de alvenaria, que garante a monoliticidade da alvenaria (CAVALHEIRO, 1996).
t) Revestimento
Pode ser entendido como sendo o recobrimento de superfcies lisas ou
speras, em uma ou mais camadas, com um mesmo material ou materiais distintos,
via de regra com espessura uniforme, utilizado com finalidade de proteo e
embelezamento (POLISSENI, 1986).
u) Revestimento de Argamassa
Revestimento constitudo por argamassa de natureza diversificada, aplicada
em camadas sobre a parede, de modo a constituir superfcie uniforme, com texturas
lisa ou rugosa.
Os revestimentos de argamassas so constitudos de trs camadas:
i) Chapisco: uma camada de argamassa aplicada sobre o concreto ou alvenaria, com a finalidade de oferecer base ou superfcie adequada ao
emboo (NBR 7200/82). Esta camada obtida pelo salpicamento de argamassa de areia e cimento contra uma base, tem a finalidade de
melhorar a aderncia entre a base e uma camada subseqente de
argamassa.
ii) Emboo: camada de argamassa, utilizando areia mdia, aplicada com a finalidade de encorpar o revestimento e constituir base regular para a
aplicao do reboco ou outro material de revestimento.
iii) Reboco ou Massa Fina: camada de argamassa, utilizando areia fina, aplicada de maneira a constituir uma superfcie lisa e uniforme. O reboco
normalmente aplicado sobre o emboo, havendo ocasies em que
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aplicado diretamente sobre bases chapiscadas ou componentes com textura
rugosa.
v) Graute
Elemento para preenchimento dos vazios dos blocos e canaletas para
solidarizao da armadura a estes elementos e/ou aumento de capacidade portante;
composto de cimento, agregado mido, agregado grado, gua e cal ou outra adio
destinada a conferir trabalhabilidade e reteno de gua de hidratao mistura.
x) Diafragma
Elemento estrutural laminar, trabalhando como chapa em seu plano, e que,
quando horizontal (laje) e convenientemente ligado s paredes resistentes, tem a finalidade de transmitir esforos de seu plano mdio s paredes, devendo apresentar
suficiente rigidez.
z) Nomenclatura Construtiva
Alm dos conceitos bsicos dos componentes e elementos que compem a
alvenaria importante estabelecer definies gerais quanto nomenclatura
construtiva que deve ser empregada no estudo dos processos construtivos de
edifcios. SABBATINI (1989) elaborou alguns destes conceitos, dentre os quais sero aqui adotados os seguintes:
i) Tcnica Construtiva: um conjunto de operaes empregadas por um particular ofcio para produzir parte de uma construo.
Segundo GAMA (1987), tcnica o conjunto de regras prticas para realizar determinadas atividades, envolvendo a habilidade do executor.
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Deste modo entende-se por tcnicas construtivas, as operaes de elevao de
uma parede de alvenaria, a montagem de uma frma de madeira para moldar uma laje de concreto, o assentamento de uma esquadria de janela, a fixao de uma porta, o assentamento de piso, o embutimento de canalizaes eltricas ou hidrulicas, etc.
ii) Mtodo Construtivo: um conjunto de tcnicas construtivas interdependentes e adequadamente organizadas (noo de precedncia e seqncia), empregadas na construo de uma parte (subsistemas ou elementos) de uma edificao.
iii) Processo Construtivo: um organizado e bem definido modo de construir um edifcio. Um especfico processo construtivo caracteriza-se pelo seu
particular conjunto de mtodos utilizados na construo da estrutura e das vedaes do edifcio (invlucro).
Como se v a terminologia adotada subordina a tcnica ao mtodo e este ao
processo. Todos estes trs termos correspondem a modos de se produzir uma obra,
sendo empregados para representar a transformao de objetos de uma para outra forma. Todos so conjuntos de operaes, de procedimentos sistematizados que, no entanto, so termos para os quais adotam-se significados diferentes.
NOVAES (1996) comenta que o processo construtivo pode ser industrializado em meios em que se utilizam mtodos e processos de produo em srie de pr-
fabricao total ou parcial; em que se emprega equipamentos mecnicos; em que se
visa aumentar a qualidade, garantir a intercambiabilidade de componentes e diminuir
custos, consumo de materiais e o tempo de produo; em que se usa intensivamente
componentes e elementos produzidos em instalaes fixas e acopladas no canteiro;
em que se emprega preponderantemente tcnicas industriais de produo, transporte
e montagem e em que se aplica princpios da tcnica industrial; produo em massa
e em srie; repetio de elementos, coordenao dimensional, uso intensivo de
mquinas e especializao de mo-de-obra.
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iv) Sistema Construtivo: um processo construtivo de elevados nveis de industrializao e de organizao, constitudo por um conjunto de elementos e componentes inter-relacionados e completamente integrados
pelo processo.
CAVALHEIRO (1996) entende que Sistema Construtivo pode ser compreendido e utilizado como uma forma de macro identificar o tipo de estrutura.
Assim, temos os sistemas construtivos em Concreto Armado, Concreto Protendido,
Metlico, Madeira, Alvenaria Estrutural, etc.
A nomenclatura construtiva citada anteriormente obedece a uma hierarquia,
de tal forma que o sistema construtivo depende dos processos empregados e cada um
destes depende dos mtodos aplicados, sendo esses identificados pelas tcnicas
utilizadas em cada atividade da construo.
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CAPTULO III
3. METODOLOGIA
3.1 CONSIDERAES INICIAIS
O trabalho foi desenvolvido em duas etapas bsicas. Na primeira parte foi
realizado um amplo levantamento de dados a partir de visitas a obras em execuo
que utilizam o sistema de alvenaria estrutural com blocos de concreto ou cermicos,
com vazados na vertical. A segunda etapa, experimental, apresentada no Captulo V,
aborda ensaios de avaliao de algumas tcnicas que repercutem na qualidade da
alvenaria.
3.2 LEVANTAMENTO DAS TCNICAS CONSTRUTIVAS
O levantamento foi obtido atravs da aplicao de um questionrio (Anexo I), composto de 150 perguntas, em 28 obras em fase de construo, utilizando o sistema
construtivo de alvenaria estrutural.
Adotou-se a nomenclatura obra, durante todo o decorrer do trabalho, para
identificar um conjunto de prdios que compem um mesmo canteiro de obra, variando de 1 a 69 o nmero de prdios por canteiro.
O questionrio foi respondido pelo engenheiro responsvel pela execuo em
17 obras, representando 60,71% do total das obras visitadas, pelo mestre de obras
em 8 obras (28,57%) e pelo estagirio em 3 obras (10,72%).
Para limitao da amostra adotou-se os seguintes critrios para aplicao
deste questionrio:
1) Altura dos prdios superior a 3 pavimentos; 2) Alvenaria na fase de execuo;
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3) Alvenaria executada com blocos de concreto ou cermicos; 4) Pessoas com capacitao tcnica para responder as perguntas; 5) Obras localizadas nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e
So Paulo;
6) Finalidade da construo: residencial.
Na Tabela 1 encontra-se a lista das construtoras onde foram aplicados os
questionrios, o nmero de prdios previstos para serem construdos e o nmero de
prdios na fase de execuo e j executados em cada canteiro de obra, no momento da aplicao do questionrio.
TABELA 1 Relao das construtoras visitadas e o nmero de prdios de cada
canteiro de obras.
Construtora Estado Prdios Previstos Em Execuo Executados 1) Administradora e Construtora Soma Ltda. SP 38 10 - 2) Administradora e Construtora Soma Ltda. SP 28 5 - 3) Administradora e Construtora Soma Ltda. SP 25 5 1 4) Administradora e Construtora Soma Ltda. SP 8 5 - 5) APL Incorporaes e Construes Ltda. SC 10 1 - 6) Apolo Ltda. SP 1 1 - 7) Associao dos Trabalhadores sem Terra. SP 32 24 8 8) BL Empreendimentos Imobilirios Ltda. SC 4 2 1 9) Bortoncello Incorporadora Ltda. RS 3 1 - 10) Construarc S/A Construes Ltda. SP 1 1 - 11) Construtora DHZ Ltda. RS 4 3 - 12) Construtora Encomase Ltda. RS 40 2 1 13) Construtora Ipo Ltda. SP 18 8 10 14) Elage Engenharia Ltda. SP 21 6 1 15) Empreendimentos Master S. A. SP 10 4 - 16) Empreendimentos Master S. A. SP 69 19 - 17) Familiar Empreendimentos Ltda. SP 2 2 - 18) Gamma Construes e Incorporaes Ltda. RS 5 2 3 19) Giasset Construes Ltda. SP 6 2 - 20) Giasset Construes Ltda. SP 7 1 2 21) Giasset Construes Ltda. SP 16 1 - 22) Mitto Engenharia e Construes Ltda. SP 13 13 - 23) Noreno Brasil Engenharia Ltda. SP 3 1 - 24) Pereira Construes e Incorporaes Ltda. SP 5 1 - 25) Predial Cheren Empreendimentos Imobilirios SP 8 1 1 26) Predial Cheren Empreendimentos Imobilirios SP 6 1 - 27) Schahin Cury. SP 10 4 6 28) Sispar Empreendimentos Imobilirios Ltda. SP 10 2 6
Totais 403 128 40
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O perodo necessrio para responder o questionrio era de, aproximadamente,
duas horas. Logo aps realizava-se uma seo de fotos de diversas etapas da obra.
No final da coleta de dados chegou-se a um total de 645 fotos de vrias situaes
visualizadas nas 28 obras pesquisadas.
Em funo da existncia de um grande nmero de tcnicas construtivas
utilizadas nas diversas etapas do sistema de alvenaria estrutural e mesmo todas
apresentando grande importncia, este trabalho limitar-se- somente anlise dos
seguintes tpicos das etapas da construo:
a) Fundao: tipo e profundidade;
dimenses das vigas de fundao;
concepo de clculo.
b) Alvenaria tipos de blocos;
espessura das paredes internas e externas;
equipamentos utilizados para o assentamento dos blocos;
existncia de problemas de dimenses nos blocos;
caractersticas importantes dos blocos (peso, absoro, suco, etc.); nmero de profissionais por equipe;
produtividade mdia diria dos pedreiros (m2/dia); tipo de argamassa de assentamento;
identificao dos componentes;
dimenses dos recipientes utilizados para dosagem;
cubagem dos materiais que compem o trao de argamassa;
tempo de descanso da cal com a areia;
dimenses do recipiente de depsito da argamassa;
equipamentos para os transportes horizontal e vertical;
espessura da camada de nivelamento da primeira fiada;
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trabalho de eletricista concomitantemente com a execuo da alvenaria;
juntas vertical e transversal preenchidas; medidas adotadas para soluo de juntas a prumo; espessuras das juntas de argamassa; detalhes apresentados na planta de primeira fiada;
utilizao de planta de segunda fiada;
existncia de elevaes de todas as paredes;
projeto eltrico integrado ao projeto de alvenaria; ensaios em argamassa, graute, blocos, prismas e pequenas paredes;
resistncias previstas;
periodicidade de realizao dos ensaios;
formas de controle de qualidade na execuo da alvenaria.
c) Aberturas dimenses das janelas, portas e vos para aparelhos de ar condicionado; altura dos peitoris das janelas; utilizao de pea pr-moldada nas aberturas;
ferragem utilizada na verga e contra-verga;
traspasse das vergas e contra-vergas para o interior da parede;
forma de fixao das janelas e portas s paredes; cuidados especiais adotados em relao aos blocos, em torno das aberturas.
d) Instalaes Eltricas projeto de alvenaria (elevaes das paredes) previsto concomitantemente
com o projeto eltrico; etapas da obra para fixao das caixas de luz;
blocos proveniente de fbrica j com a abertura para fixao das caixas de luz;
tubulaes eltricas pelo interior de peas pr-moldadas ou canaletas
grauteadas;
presena de tubulaes horizontais no interior das paredes;
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vos maiores para caixas de comando previstos no projeto; tubulaes eltricas descendo da laje (teto) ou subindo do piso para o
interior das paredes.
e) Instalaes Hidrulicas paredes consideradas hidrulicas;
vinculao das paredes hidrulicas s estruturais;
ligao de paredes hidrulicas na laje de teto; paredes hidrulicas construdas com blocos de vedao;
tipos de shafts utilizados; formas de fechamento dos shafts; tipos de revestimentos das paredes hidrulicas;
locais de utilizao de forro falso;
ocorrncia de tubulaes na horizontal e solues utilizadas.
f) Escadas tipos;
forma de vinculao.
g) Lajes tipos;
espessuras;
contra-piso;
lajes de cobertura.
h) Revestimentos tipos e espessuras dos revestimentos interno e externo;
utilizao de chapisco;
revestimentos de paredes hidrulicas.
O questionrio na forma como foi utilizado junto s construtoras encontra-se no Anexo I.
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3.3 ENSAIOS COMPLEMENTARES
Para obter-se tendncias de desempenho de outras caractersticas julgadas importantes para o sistema construtivo de alvenaria estrutural, mesmo no sendo o
escopo principal deste trabalho, foram realizados a avaliao do comportamento das
alvenarias frente s aes do som e da gua, alm de verificado o decrscimo de
resistncia da argamassa nas primeiras horas aps a mistura
Objetivando concentrar as informaes pertinentes, a metodologia especfica de cada ensaio encontra-se descrita no Captulo V.
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CAPTULO IV
4. RESULTADOS E COMENTRIOS DO QUESTIONRIO APLICADO
4.1 FUNDAES
A partir da anlise dos dados, observou-se que os tipos de fundaes e
profundidades eram variados, em funo das caractersticas de cada terreno,
disponibilidade de equipamentos e recursos. Por estes motivos as profundidades das
fundaes oscilaram de 6 a 17 metros, sendo que no foram consideradas as
profundidades das sapatas.
Na Tabela 2, onde so indicados os tipos de fundao, observa-se que a
fundao com estacas cravadas foi a mais utilizada, representado 46,43% dos casos
analisados. A justificativa da grande utilizao deste tipo de fundao, alm de seu excelente desempenho, a grande difuso do mesmo no estado de So Paulo, onde
concentra-se grande parte desta pesquisa.
TABELA 2 Tipos de fundaes utilizadas nas obras de alvenaria estrutural pesquisadas.
TIPO DE FUNDAO NMERO DE OBRAS PERCENTUAL (%) Estaca Cravada 13 46,43 Estaca Rotativa 5 17,86 Sapata Corrida 3 10,71
Estaca Franki 3 10,71
Tubulo 2 7,15 Estaca Broca 1 3,57
Estaca Strauss 1 3,57 Total 28 100,00
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As vigas de fundao apresentavam concepes de clculo diferentes, em
funo da conformao estrutural do prdio, principalmente quando havia pilotis na
estrutura do mesmo.
Os critrios de clculo das vigas de fundao, nas obras visitadas,
obedeceram a condicionantes diversas:
1) absoro de toda a carga da alvenaria, interligadas umas s outras; 2) funcionamento em grupos separados e com balanos; 3) funcionamento como grelha;. 4) unio das estacas, na ocorrncia de pilotis.
Em se tratando da absoro de toda a carga da alvenaria, verificou-se que as
vigas eram calculadas para absorver as cargas de todas as paredes sobre os vos entre
as estacas, sendo necessrio vigas com grandes dimenses e alta densidade de
ferragem.
Considerando o funcionamento em grupos separados e com balanos, o
clculo das vigas de fundao era semelhante ao anterior, mas os balanos permitiam
uma maior uniformidade dos esforos. Esta situao foi observada em 5 obras.
Em termos de funcionamento como grelha, pode-se afirmar que esse tipo de
considerao torna a estrutura mais segura quanto a eventuais recalques e reduz as
dimenses e ferragens das vigas de fundaes.
Quanto a unio das estacas na ocorrncia de pilotis, as vigas apresentavam dimenses bem inferiores s encontradas nos casos anteriores, decorrentes da funo
restrita de unir as estacas e no transmitir a carga da alvenaria para as fundaes,
porque havia pilares e vigas na estrutura de transio do prdio.
As dimenses das vigas oscilavam de 15 x 30 a 50 x 80 cm (largura x altura) e observou-se casos com grande variao das dimenses, para prdios com
geometrias semelhantes.
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importante salientar que as vigas destinadas a absorver as cargas das alvenarias e conduzi-las para as estacas, devem ser projetadas levando em considerao as deformaes das mesmas, porque podem ocorrer deformaes
excessivas, forando o efeito arco na alvenaria, com surgimento de fissuras ou
mesmo trincas.
4.2 ALVENARIA
A alvenaria foi dividida em vrios sub-itens, decorrentes da diversidade de
tcnicas na aplicao dos mtodos construtivos desse elemento.
4.2.1 BLOCO: TIPOLOGIA E USO
Bloco o componente bsico que, em conjunto com a junta de argamassa, compe a parede. O bloco de concreto foi utilizado em 24 obras, representando a
maioria das obras visitadas e os blocos cermicos utilizados em 4 obras, perfazendo
o total das 28 obras pesquisadas, como pode ser observado na Figura 1.
concreto85,71%
cermico14,29%
Figura 1 Tipo de bloco utilizado.
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Quanto quantidade de diferentes peas empregadas, observou-se uma grande diversidade nesse item, porque havia obras que utilizavam trs peas bsicas
enquanto outras dispunham de at 13 tipos de peas, conforme mostra a Tabela 3.
TABELA 3 Nmero de tipos de peas utilizadas para a construo de prdios em
alvenaria estrutural.
N DE PEAS N DE OBRAS N DE PAVIMENTOS (%) 3 2 4 7,14
4 4 5,8,10,17 14,29 5 11 4,8,9,11,12,18 39,29 6 2 9,11 7,14 7 3 4,7 10,71
8 3 4,10,15 10,71 9 2 12,15 7,14
13 1 6 3,57
As principais peas so: bloco, meio bloco, canaleta, meia canaleta e
hidrulico (vedao), sendo que os demais tipos so utilizados para solucionar problemas especficos, tais como juntas a prumo, modulaes, passagens de tubulaes, etc.
Os tipos de peas esto vinculados aos requisitos de projeto e capacidade de produo dos fornecedores, mas importante salientar que, quando h um pequeno
nmero de tipos, ocorre a necessidade de quebras e improvisaes para solues de
problemas nas amarraes. Em contrapartida, se o nmero de tipos de blocos
aumentar demasiadamente, poder haver queda na produtividade durante o
assentamento.
Na Figura 2 observa-se a tipologia de vrios blocos, tanto de concreto como
de cermica, projetados para solues de diversas situaes quotidianamente presentes em obra.
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(a) (b)
Figura 2 Blocos estruturais de concreto (a) e de cermica (b).
As resistncias mdias caractersticas especificadas para os blocos utilizados
nas obras variaram de 4,5 a 20 MPa, respeitando as recomendaes de clculo em
funo dos esforos solicitantes.
Observou-se que nas obras que utilizavam o bloco canaleta, com parte
inferior fechada, havia quebras de vrias peas localizadas nas alvenarias j executadas, como conseqncia da necessidade de passagem de tubulao eltrica,
hidrulica ou ferragem, pela canaleta.
Essa constatao tambm foi observada nas obras construdas com peas
cermicas em forma de U, J e L, assentadas na ltima fiada. Devido ao processo
de fabricao difcil a confeco de furos para passagem de tubulaes e, em
decorrncia dessa limitao, havia a necessidade de perfuraes com ferramentas
inadequadas, causando irregularidades nas aberturas e algumas vezes
comprometimento da pea. Aconselha-se a adoo de equipamentos que
possibilitem a confeco de furos circulares que permitam a passagem de tubulaes
ou ferragem, pelo interior da canaleta, sem dano pea.
Outra pea utilizada foi o compensador, tendo como finalidade completar a
modulao horizontal, em funo do projeto arquitetnico ou das dimenses dos blocos utilizados no serem modulares com a unidade bsica, necessitando de
complemento.
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Nas obras pesquisadas, 8 (28,57%) adotaram este recurso tcnico para solucionar problemas de modulao, como pode ser observado na Figura 3b.
Entretanto a adoo deste tipo de pea pode reduzir a produtividade e dificultar a
passagem de tubulaes e ferragens em seu interior. Por estes motivos importante
detalhar a localizao dos mesmos nas elevaes das paredes.
Em algumas obras, por no utilizarem esse tipo de pea, houve a necessidade
de improvisaes, tais como:
aumento da espessura da argamassa na junta vertical; preenchimento com graute de vazados verticais, entre os blocos, com
espessura superior a 2 cm (Figura 3a); utilizao de outros materiais para fechamento dos vos.
Figura 3 Parede sem compensador sendo completada a modulao com graute (a) e parede com compensador (b).
(b) (a)
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4.2.2 TRANSPORTE DOS BLOCOS
Verificou-se que a maioria dos fabricantes de blocos dispunham de estrutura
para entrega de blocos em pallets, no sendo este mecanismo aproveitado, no
entanto, em grande parte das obras. Somente 6 obras (21,43%) dispunham de grua para transporte vertical e destas, apenas 4 obras (14,29%) a utilizavam para o transporte de blocos diretos sobre pallets.
A grua proporciona versatilidade para a obra, facilitando significativamente o
trabalho, reduzindo o nmero de pessoas e os movimentos horizontais de materiais,
principalmente ao se considerar as condies de trfego em um canteiro de obra.
Quanto maior o nmero de vezes que o bloco manejado, maior a probabilidade de ocorrer quebras, bem como necessidade de pessoal.
O equipamento mais utilizado para o transporte vertical de blocos era o
elevador para transporte de cargas, sendo este adotado em 21 obras (75,00%). Este equipamento possui limitaes tcnicas mas, mesmo assim muito utilizado nas
obras no Brasil, independentemente do sistema construtivo adotado.
Uma obra (3,57%) utilizou guincho manual para transporte vertical de material, necessitando de elevada energia humana, tendo pouca agilidade e
apresentando grandes problemas quanto a segurana. Por estes motivos este meio
considerado inadequado para a construo de prdios.
Para o transporte horizontal de blocos verificou-se, com grande freqncia, a
utilizao de carrinhos com duas rodas pneumticas semelhantes ao da Figura 4,
sendo estes os mais indicados para este tipo de atividade. Entretanto, em algumas
obras, ainda utilizavam o tradicional carrinho-de-mo.
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Figura 4 Carrinho com rodas pneumticas, adequado para transporte horizontal de blocos.
4.2.3 CUIDADOS COM OS BLOCOS ANTES, DURANTE E APS O ASSENTAMENTO
Na anlise deste item observou-se que somente 5 obras (17,86%) adotavam cuidados de proteo dos blocos, quanto intempries, antes do assentamento. Esta
proteo era feita atravs de lonas e estrados evitando, desta forma, a ao direta de
variaes de temperatura e umidade.
Figura 5 Blocos armazenados na obra sobre estrados de madeira e protegidos, da ao direta de intempries, com lona plstica.
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Os blocos de concreto no devem ser molhados antes ou durante o
assentamento. Esta prtica, comum em outros tipos de unidades de alvenaria, para
equilibrar a suco de gua da argamassa e garantir uma boa aderncia, no deve ser
empregada para blocos de concreto, devido ao fenmeno de retrao na secagem.
Caso esta retrao seja restringida, como normalmente ocorre quando o bloco faz parte de uma parede, desenvolvem-se tenses de trao que podem dar origem a
fissuras. Neste caso, a argamassa que deve reter gua para garantir a aderncia
adequada entre a unidade e a junta.
Para blocos cermicos importante conhecer o ndice de absoro inicial dos
mesmos (suco), o qual deve ser fornecido pelo fabricante, podendo tambm haver necessidade de proteo dos mesmos ou definio da condio necessria de
molhagem para no haver absoro da gua de hidratao do cimento contida na
argamassa, em caso de blocos de elevado poder de suco. Nas obras analisadas, no
entanto, esses dados no eram fornecidos pelos fabricantes de blocos, ficando na
dependncia da experincia da pessoa a executar a alvenaria, a definio do tempo e
forma de molhagem necessria dos blocos cermicos para regular a suco de gua.
Verificou-se que em 15 obras (53,57%) havia necessidade do emprego de blocos de diferentes resistncias, em funo das dimenses dos prdio. Observou-se,
entretanto, cuidados especiais para evitar trocas de lotes de blocos, como:
a) pinturas de faixas com cores diferenciadas nas pilhas de blocos armazenados, em funo das resistncias;
b) placas identificando a resistncia nas pilhas de blocos; c) ranhuras diferenciadas nos blocos, provenientes da fbrica, para
identificar diferentes resistncias;
d) organizao do canteiro de obra atravs do cronograma de entrega (utilizado para volume pequeno de obras);
e) espessuras diferenciadas das paredes das unidades (de mesmo fck), consequentemente variando a resistncia e o peso das mesmas;
f) anlise visual da colorao dos blocos; g) variao dimensional.
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Ser dada nfase maior aos dois ltimos itens, para que sejam evitados em outras obras, porque facilitam a ocorrncia de erros na identificao de resistncia
das unidades.
Quanto ao item anlise visual da colorao de blocos foi observado que, em relao ao modo como eram identificados os diferentes nveis de resistncia dos
blocos, tanto em obras com blocos cermicos como de concreto, ao se questionar tal
item, afirmava-se que a identificao era pela colorao das unidades: caso os blocos
fossem mais escuros representavam uma resistncia maior e os de colorao mais
clara indicavam menor resistncia.
No item variao dimensional foi observado que em obras que utilizavam
blocos cermicos, a identificao de diferentes resistncias era pelo tamanho dos
blocos dos lotes provenientes da fbrica: dimenses menores significavam maior
resistncia e dimenses maiores representavam menor resistncia.
Este fator dimensional gerava problemas na modulao das fiadas, havendo
necessidade de um aumento na espessura das juntas horizontais e verticais e aumento das juntas de argamassa acarreta prejuzo ao desempenho da alvenaria.
Aps o assentamento dos blocos, somente uma obra (3,57%) realizava a proteo da alvenaria contra intempries e, como fator agravante, em vrios
conjuntos visitados, verificou-se o assentamento da alvenaria com as paredes molhadas pela chuva e, ainda em alguns casos, o assentamento de blocos com a
incidncia de chuvas fracas. Este fato poder reduzir a aderncia argamassa/bloco,
favorecendo a ocorrncia de patologias nas alvenarias.
4.2.4 PROJETOS DE EXECUO DA ALVENARIA
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Uma das plantas mais utilizada nas obras de alvenaria estrutural (em 100% dos casos observados) era a de 1a fiada, sendo que, em alguns casos, esta planta apresentava alguns detalhes diferentes daqueles convencionalmente adotados nos
projetos.
Os detalhes mostrados com maior freqncia, nesta planta, eram os seguintes:
posio de cada bloco, com representao dos vazados ou no;
dimenses das peas (dormitrios, sala, cozinha, banheiros, circulao, etc.);
localizao das portas;
dimenses dos vos das portas;
tipos de blocos;
blocos com armaduras no interior dos vazados;
blocos grauteados;
convenes.
Em alguns casos, na planta de primeira fiada, outros detalhes eram mostrados,
tais como:
localizao de pontos eltricos (tomadas, interruptores, CD, etc.); posies das janelas com suas respectivas medidas e altura do peitoril; posies das tubulaes hidrulicas na alvenaria.
Com o acrscimo destes detalhes, na planta de primeira fiada, a funo das
elevaes era somente sanar algumas dvidas que porventura surgissem quanto
amarrao da alvenaria.
O incremento de detalhes na planta de primeira fiada pode facilitar a execuo
da alvenaria, em funo de que o pedreiro dispe somente de uma planta para
praticamente todas as paredes, diminuindo o deslocamento e manuseio de muitos
projetos. Outra planta usada em quase todas as obras era a das elevaes das paredes
(paginao), na qual eram representados:
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amarraes dos blocos;
amarrao de paredes;
posies de ferragens;
vos de janelas e portas; blocos grauteados;
localizao de peas pr-moldadas;
vergas e contra-vergas;
cintas.
Em alguns casos eram acrescentados detalhes nas elevaes das paredes
como:
posies de interruptores;
tomadas;
tubulaes hidrulicas;
ferragens construtivas; etc.
Somente 6 obras (21,43%), dos casos analisados, utilizavam, para a execuo da alvenaria, a planta de 2a fiada. Nesse sentido, verifica-se que para executar a
alvenaria no h necessidade especfica dessa planta, uma vez que sua grande
importncia est na fase de projeto.
Observou-se que em 3 obras (10,71%) havia um cuidado especial com os projetos de execuo. Construiu-se um ambiente metlico, semelhante a uma cabina, para guardar os projetos. O objetivo era proteger os mesmos da ao do tempo, facilitar a leitura em condies adversas, evitando o constante manuseio e desgaste.
Este recinto, ilustrado na Figura 6, era de pequena dimenso e deslocado de andar
para andar, de acordo com a evoluo dos trabalhos de alvenaria.
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Figura 6 Cabina mvel para armazenar plantas e outros objetos no andar de execuo da alvenaria.
4.2.5 AMARRAES DAS PAREDES
Os princpios de construtibilidade tambm foram empregados na concepo
de detalhes de ligao entre os painis estruturais. Comumente encontra-se como
solues para estas ligaes a colocao de reforos metlicos nas juntas horizontais entre os painis, ou vazados grauteados dos blocos.
A necessidade destes tipos de ligaes, em geral, decorre da no utilizao de
modulao planimtrica, em funo do fornecedor de blocos no dispor de blocos
especiais para proporcionar junta em amarrao das paredes. Estes detalhes mostram-se de difcil execuo, alm de interromperem os servios normais de assentamento,
diminuindo sensivelmente a produtividade.
Os tipos de amarraes mais freqentes so em L, T ou em X, sendo que
os dois ltimos necessitam de providncias adicionais para execuo das amarraes.
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Em 21 obras (75,00%) havia juntas a prumo, decorrentes da inexistncia de peas especiais para completar a modulao. Mas em alguns desses casos havia
possibilidade da realizao de juntas em amarrao, entretanto, por opo do calculista, visando principalmente aumentar a produtividade, optou-se pela junta a prumo nas ligaes com as paredes externas.
Como no havia intertravamento de blocos, principalmente nos cantos, foram
utilizados artifcios tcnicos para contornar esta situao como:
ferragem horizontal em forma de estribo colocada na junta de argamassa (Figura 7a);
tela metlica horizontalmente nas junta de argamassa (Figura 7b);
ferragem horizontal em forma de L colocada na junta de argamassa (Figura 7c);
ferragem em forma de U na vertical, colocada nos vazados de dois
blocos (Figura 7d);
ferragem em forma de L duplo, colocando uma parte em um vazado do
bloco (vertical) e a outra na junta (horizontal) de argamassa de outro bloco (Figura 7e);
ferragem em forma de U duplo na vertical, colocada entre os vazados de
dois blocos (Figura 7f);
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Figura 7 Elementos metlicos utilizados nos encontros de paredes com junta a prumo.
As peas metlicas eram colocadas a cada duas ou trs fiadas de bloco e o
dimetro variava de 3,2 a 8 mm, independente do nmero de pavimentos ou
localizao das amarraes, seguindo as determinaes do calculista ou, at mesmo,
deciso do prprio mestre de obras no momento da execuo da alvenaria.
A colocao desta ferragem , de certa forma, aleatria porque no existe
clculo especfico para esta situao relatado em bibliografia nacional, bem como
justificativa dos engenheiros para o dimetro de ferragem e espaamento horizontal nas fiadas.
A ferragem utilizada para realizar o papel da amarrao fsica da alvenaria
ficava muito suscetvel a problemas durante a execuo. Isto foi verificado nas
ferragens colocadas sobre as juntas de argamassa porque, em funo da pequena espessura da junta e certa rigidez da ferragem, dificilmente obtinha-se uma adequada aderncia da mesma na junta de argamassa, consequentemente, a armadura ficava solta sobre o bloco, no cumprindo o papel para o qual foi especificada.
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Independente das amarraes das paredes, deve-se tomar precaues com
relao a paredes de grandes comprimentos, as quais necessitam juntas de controle.
4.2.6 TIPOS E CARACTERSTICAS DA ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO
Na Figura 8 so mostrados os tipos de argamassa utilizados para o
assentamento dos blocos nas obras analisadas.
Cimento, Cal e Areia - 67,86%Argamassa Industrializada - 14,29%Cimento e Areia - 7,14%Cimento, Areia e Saibro - 7,14%Cimento, Areia e Aditivo - 3,57%
67,86%
14,29%
7,14%7,14% 3,57%
Figura 8 Tipos de argamassa de assentamento encontrados.
A argamassa mais utilizada para o assentamento de blocos, nas obras
analisadas, foi a mista de cimento, cal e areia, a qual apresenta importantes
propriedades.
O cimento e a areia proporcionam uma alta resistncia, mas baixa reteno de
gua; isto deixa a parede muito resistente, mas vulnervel fissurao e penetrao
da chuva. J a combinao de cal (ou os finos argilosos do saibro), cimento e areia produz efeito contrrio, baixas resistncias e alta reteno de gua; paredes que usam
este tipo de argamassa tm baixas resistncias, particularmente iniciais, se
comparadas com as executadas com argamassa de cimento e areia, mas em
contrapartida possuem excelente deformabilidade, o que diminui a abertura das
fissuras e, decorrentemente, melhora a estanqueidade.
No meio destes dois extremos, uma combinao equilibrada de cimento, cal e
areia produz uma argamassa dotada de cada uma das boas propriedades
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anteriormente citadas, onde se combina a resistncia dada pelo cimento com a
trabalhabilidade e reteno de gua dadas pela cal (ou saibro).
As vantagens de se usar argamassa mista (cimento + cal ou saibro e areia), so:
1) No estado plstico: maior reteno de gua;
maior tempo de manuseio;
mistura com coeso;
maior capacidade de incorporao de areia.
2) No estado endurecido: melhoria da aderncia;
maior resilincia;
baixa eflorescncia;
colmatao de fissuras.
Constatou-se que a maioria das obras analisadas utilizava a cal hidratada na
composio do trao de argamassa para assentamento. Mas importante salientar que
em somente 4 obras (14,29%) a mistura da cal, gua e areia ficava em descanso.
Segundo SABBATINI (1986), quando se utiliza a cal hidratada (em p) um requisito de grande importncia deixar a argamassa descansar. A cal deve ser
misturada com a areia e gua no mnimo 16 horas antes de seu emprego na