SANTOS Aparecida de Fatima Amaral Dos SILVA Celia Francisca Da p 54 70
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o Seminrio de Pesquisas em Lingstica Aplicada (SePLA), Taubat, 2010. ISSN: 1982-8071,
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TIRAS DO HAGAR: CARACTERIZAO E SEQUNCIA DIDTICA PARA LEITURA
Aparecida de Ftima Amaral dos Santos
Clia Francisca da Silva
Prefeitura Municipal de Taubat
RESUMO. Este estudo apresenta algumas caractersticas das HQs, fundamentao terica de leitura sociointeracionista para embasamento da anlise dos elementos constitutivos das tiras do personagem Hagar e a elaborao de uma sucinta seqncia didtica para leitura dessas tiras. O corpus em anlise provm de 5 tiras selecionadas de uma coletnea que engloba as melhores histrias de Hagar. Tendo como pblico-alvo adolescentes/jovens e adultos, essas tiras exigem, para apreenso de sentidos, a percepo de estratgias lingsticas. Portanto, este trabalho visa oferecer um subsdio docente para o desenvolvimento de habilidades de leitura, pois se sabe que, atualmente, as tiras fazem parte de questes do ENEM, de vestibulares e de concursos de modo geral.
Palavras-chave: Histria em quadrinhos; tira; leitura; gnero discursivo; produo de sentido.
1. Introduo
A importncia do trabalho docente embasado em gneros discursivos,
propostos pelos Parmetros Curriculares Nacionais PCN - (BRASIL,1998), a
falta de conhecimento e dvidas dos professores quanto didtica de trabalho
com o gnero HQs suscitaram esse estudo. As tiras, parte do universo das
HQs, o foco central desse trabalho. No Brasil, as tiras do personagem Hagar
so publicadas pelos jornais Folha de So Paulo, O Globo e Zero Hora. A
escolha desse personagem deve-se identificao do comportamento e
estrutura dos personagens das tiras com os padres estruturais das famlias
brasileiras, vivenciando situaes comuns do cotidiano, o que torna as histrias
verossmeis.
Partindo de uma resumida definio de histria em quadrinhos, feita
uma apresentao do gnero tira, seguida dos embasamentos tericos
voltados para a concepo interacionista/sociodiscursiva de leitura proposta
por Koch e Elias (2006). Aps a caracterizao dos personagens das tiras de
Hagar seguem-se as anlises das tiras selecionadas, finalizando com uma
sugesto de seqncia didtica que privilegia as habilidades de leitura do
aluno e o desenvolvimento de seu senso crtico.
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2. O que so HQs?
HQs, ou as conhecidas Histria em Quadrinhos, so narrativas feitas
com desenhos seqenciais, em geral nos sentido horizontal, e normalmente
acompanhados de textos curtos de dilogo e algumas descries da situao,
convencionalmente apresentados no interior de figuras chamadas bales,
afirmam Silva, Kress, Fernandes [2002?]. Todo o conjunto do quadrinho
responsvel pela transmisso do contexto enunciativo ao leitor. Nas HQs, a
compreenso se d pela dicotomia verbal e no-verbal, na qual tanto os
desenhos quanto as palavras so necessrios ao entendimento da histria.
Dessa forma, essencial ressaltar a importncia dos elementos especficos de
um quadrinho na compreenso da narrativa, como: requadro, balo, legendas
(discurso direto, onomatopia, expresses populares), no-verbais (gestos e
expresses faciais) e paralingusticos (prolongamento e intensificao de
sons).
2.1 Tira
As tiras de quadrinhos so histrias curtas, com comeo, meio e fim, em
geral com personagens fixos criados pelo autor. Unindo desenhos e textos, as
tiras contam variados tipos de histrias: de humor, de ao, herosmo e outros.
Elas originaram as histrias em quadrinhos (HQs), pois estas, so uma
evoluo das tiras. Antigamente, eram em formas de tiras que se publicavam
as histrias em quadrinhos nos jornais. Como foram ganhando mais espao,
puderam ser produzidas em seqncias mais longas, resultando em histrias
mais longas, o que fez surgir seu prprio suporte de circulao, de acordo com
Carvalho (2006). Segue um exemplo de uma tira de Hagar retirada do site
http://tiras-hagar.blogspot.com
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3. A leitura sob a tica interacionista e sociodiscursiva
A necessidade de o trabalho docente voltado leitura e produo de
textos se realizar dentro de uma concepo discursiva sociointeracionista
fundamental, visto que, atualmente, no se tem alunos passivos ou
meramente receptores de contedos. Os PCN (BRASIL, 1998, p.5-6)
relacionam o ensino da leitura e da escrita da lngua portuguesa aos
momentos histricos e s posies sociais da sociedade. O aluno est inserido
num contexto lingstico no qual ele tambm protagonista do saber. Na
sociedade letrada que o cerca, circulam textos de naturezas diversas, ou seja,
inmeros gneros discursivos, por isso a recomendao dos PCN: Cabe,
portanto escola tornar o aluno acessvel ao universo dos textos existentes,
tanto no ensino, produo, quanto interpretao deles.
Sobre o exposto, tambm discorre Lopes-Rossi (2002, p. 30):
Cabe ao professor, portanto, criar condies para que os alunos possam apropriar-se de caractersticas discursivas e lingsticas de gneros diversos, em comunicao real.
A autora sugere que essa apropriao se d por meio de trabalhos com
projetos, os quais oferecem ao aluno contato com esse universo de textos,
explorao, discusso sobre o uso, composio e, se conveniente, a produo
escrita do gnero.
Como no h textos com informaes totalmente explcitas, o que
justifica a cumplicidade entre autor e leitor na construo de sentido, o locutor
recorre estratgia de balanceamento, que consiste em dosar o que precisa
estar explicitado e o que deve ser deixado por conta dos conhecimentos
prvios, inferncias e pressupostos de seu interlocutor. Os conhecimentos do
leitor, alm da materialidade lingstica do texto, so condio fundamental
para o estabelecimento da interao, com maior ou menor intensidade,
durabilidade, qualidade. Dessa forma, no se pode dizer que h um sentido
para o texto e sim, diversos sentidos, visto que, na ativao de conhecimentos
considera-se o lugar social, vivncia, crenas, valores da comunidade,
conhecimentos textuais e outros do leitor. De acordo com Koch e Elias ( 2006):
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A pluralidade de leituras e de sentidos pode ser maior ou menor dependendo do texto, do modo como foi constitudo, do que foi explicitamente revelado e do que foi implicitamente sugerido, por um lado; da ativao, por parte do leitor, de conhecimentos de natureza diversa e de sua atitude cooperativa perante o texto, por outro lado.
Recorremos a trs grandes sistemas de conhecimento armazenados em
nossa memria que, segundo Koch e Elias (2006, p.40), nos auxiliam na
elaborao de hipteses para que se ocorra o processamento textual:
conhecimento lingstico, conhecimento enciclopdico e conhecimento
interacional. O conhecimento lingstico pode ser verificado na superfcie
textual e diz respeito ao conhecimento gramatical e lexical. Os conhecimentos
gerais sobre o mundo, vivncias pessoais, eventos espcio-temporalmente
situados constituem o conhecimento enciclopdico ou conhecimento de mundo.
O conhecimento interacional, pelo qual tambm se d a interao, engloba
vrios conhecimentos: ilocucional, comunicacional, metacomunicativo e
superestrutural. O conhecimento ilocucional percebido num texto, quando a
partir de uma situao interacional, possvel identificar o objetivo de seu
autor. O conhecimento comunicacional se refere adequao do gnero
textual, seleo da variante lingstica a ser utilizada e quantidade de
informaes necessrias para que o leitor consiga apreender o sentido e o
objetivo do texto. O conhecimento metacomunicativo configura-se no texto por
meio de variados recursos como sinais de articulao ou apoios textuais que
explicam o prprio discurso, destaques na construo textual para realar e
chamar a ateno do leitor. Alm desses conhecimentos, Koch e Elias (2006)
tambm atentam que na e para a construo de sentido de um texto, faz-se
necessrio considerar o contexto.
4. Caracterizao do personagem Hagar e seus companheiros
Hagar, o Horrvel, o nome do personagem principal de uma tira em
quadrinhos criada em 1973 por Dik Browne, quadrinista norte-americano. A
idia de criar Hagar surgiu das lendas nrdicas que o cartunista ouvia de sua
tia sueca e, para criar o personagem e toda a famlia viking, Browne inspirou-se
em si mesmo, na mulher, nos filhos, no mdico, no advogado e por a afora.
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Hagar um guerreiro viking que gosta muito de cerveja e de guerra e
freqentemente tenta invadir a Inglaterra. Os chifres, segundo a tradio viking,
indicam quem manda no lar. Portanto quanto maior, mais poder ele tem sobre
a casa e famlia. O humor da tira vem de sua convivncia com a irmandade (o
melhor amigo de Hagar, ao contrrio do imaginrio popular que toma os vikings
como guerreiros musculosos, magricela covarde chamado Eddie Sortudo) e
com sua famlia (sua esposa Helga, seu filho Hamlet, sua filha Honi, sua pata
Kvack e seu cachorro Snert).
Embora respeitado profissionalmente (um dos maiores saqueadores e
assassinos da Escandinvia), Hagar leva uma vida frustrada. Est sempre
discutindo com a esposa Helga, que no est satisfeita com o padro de vida
que a famlia leva. Para vergonha de Hagar, seu filho Hamlet est longe de ser
um filho modelo: sem interesse por brigar, xingar e outros passatempos das
crianas vikings. Hamlet est sempre lendo, filosofando e pensando sobre
como algum dia poder ser mdico ou advogado. A grande frustrao de Hagar
vem desse filho porque ele gosta de estudar. Seu melhor amigo, Eddie
Sortudo, um viking franzino que usa um funil como chapu. Sorte e raciocnio
o que mais falta a Eddie Sortudo, que est sempre desobedecendo s ordens
dadas por Hagar; quando no por insubordinao, simplesmente por no
compreend-las. A tirinha Hagar, o Horrvel bateu recordes e fez a fortuna de
seu criador. Ela considerada a obra de crescimento mais rpido na histria
dos quadrinhos.
Dik Browne faleceu em 1989, mas a tira continuada por seu filho Chris
Browne, conseguiu manter, praticamente, o bom humor do pai. Hagar,
atualmente, publicado em cerca de dois mil jornais nos EUA e outras
centenas fora daquele pas. H algumas coletneas lanadas no Brasil pela
LP&M Editora. Via Internet, possvel acompanhar as tiras no site da
distribuidora King Features (www.kingfeatures.com), e tambm nos jornais j
citados.
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4.1 Anlise das tiras do Hagar: mobilizando estratgias para a construo de sentido
Conforme visto em Koch e Elias (2006), um texto pode apresentar uma
pluralidade de leituras e sentidos, dependendo do grau de interao que ele
mantm com seu interlocutor; logo, a leitura dos textos que se seguem
tambm poder empreender outros sentidos.
Tira 1
O contexto da tira destaca o mtodo moderno de self-service oferecido,
hoje, por muitos restaurantes. importante notar que para um ambiente viking
um cenrio bem avanado. O autor, ao incorporar hbitos e comportamentos
atuais da nossa sociedade nos personagens das tiras, torna seus enredos
verossmeis e mais prximos dos ambientes e dos padres de vida do leitor. A
primeira fala, de uma freguesa, dirigida a Helga condena a atitude de Hagar, j
que ele est contrariando uma regra do restaurante: passar frente aos pratos
e se auto-servir. Ele est sentado de costas, onde se encontram os variados
tipos de comidas e percebe-se que est comendo com voracidade (como um
viking). Ao ser interpelada, Helga, uma esposa defensora do marido, que no
deseja v-lo ridicularizado, responde com altivez que ele entende o sistema do
restaurante, mas no quer ficar voltando para pegar mais. O humor est no fato
de Helga tentar esconder a ignorncia e os maus modos do marido.
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Tira 2
Limpe os ps a ordem de Helga a Hagar. Isso parece normal, mas
o caso que o marido guerreiro passara 6 meses longe de casa e estava
retornando. A alegria que transparecia no rosto de Hagar logo foi tomada por
um desapontamento. ... e tudo o que voc tem pra me dizer limpe os ps?!
(ou seja, s isso?) Nessa fala h um implcito, pois Hagar supe que ter uma
acolhida calorosa, afinal so seis meses numa ilha, s comendo peixes. A
graa da tira est no quadro final onde Helga fingindo ignorar o pressuposto do
marido e se utilizando se seu conhecimento lingstico responde limpe os ps
e escove os dentes!!. Hagar permaneceu frustrado e ficou ainda mais zangado
depois do acrscimo ordem que de um perodo simples passou a composto.
Tira 3
Para a produo de sentido da tira necessrio considerar todo o
contexto sociocognitivo representado no quadro, isto , deve ser acionada
toda uma bagagem cognitiva. Florestas encantadas nos remetem a contos de
fadas com prncipes, princesas, duendes, bruxas e a histrias com finais felizes
(frames). Hagar tambm demonstra ter esse conhecimento ao dizer esta
floresta encantada est realmente decadente. importante atentar para o
conhecimento lingstico revelado na fala de Hagar, ao se referir palavra
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decadente. Ao adentrar a floresta eles se do conta de que a magia e a
beleza das florestas encantadas, parte constitutiva de um cenrio armazenado
em suas memrias, j no existem mais. uma realidade diferente da
esperada, contudo eles no se assustam com os pedidos dos animais,
duendes e rvores, talvez porque as falas desses personagens os/nos
remetem a um outro contexto (realidade atual) constituindo uma
intertextualidade implcita: a destruio da natureza, o mundo dos que
sobrevivem na e da rua. Esse contexto, certamente, do conhecimento de
Hagar e nosso. A tira, diferentemente das outras, no tem como objetivo o
humor, e sim a crtica social.
Tira 4
As palavras de Hagar tambm so palavras da grande parte de pessoas
que lutam para conquistar seu espao fsico. No nosso dia-a-dia, comum
ouvirmos muitas pessoas dizerem que sonham em ter o seu prprio espao, a
sua casa, o seu prprio cho. A partir da fala de Hagar ativamos a nossa
bagagem sociocognitiva de crenas, valores e vivncias e deparamo-nos com
um discurso polifnico. Com certeza, a produo de sentido desse texto no
oferece ao leitor nenhum entrave, pois ele claro e simples. A surpresa vem
na continuidade da tira (e vem de carrinho) em que se espera ver o lugar, o
pedacinho de terra to sonhado por Hagar, mas o que se v algum
trazendo um carrinho cheio de terra dizer: onde quer que eu ponha moo? A
alegria desaparece do rosto de Hamlet , Eddie continua, como sempre, sem
entender nada, e no rosto de Hagar continua transparecendo seu
contentamento ao ver a terra chegando. No efeito de humor da tira, tambm
est implcita uma crtica aos baixos salrios recebidos por grande parte da
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populao, visto que, com a economia de 20 anos de trabalho se espera
poder comprar algo mais valioso que um simples carrinho de terra.
Tira 5
Nessa ltima tira, Hamlet est declamando o poema Vou-me embora
pra Pasrgada, do poeta modernista Manuel Bandeira. Nessa tira percebe-se
uma intertextualidade explcita. Como sabemos, Hamlet um garoto educado,
amante da arte e do conhecimento, dotado de grande sensibilidade e
inteligncia, contudo vive num mundo brbaro. A escolha do poema muito
significativa para Hamlete que no gosta do mundo em que vive, por isso,
certamente gostaria de ir para Pasrgada onde teria a oportunidade de sonhar.
Certamente, o grito CALA A BOCA do segundo quadro de Hagar, que quer
v-lo seguindo seus passos, navegando em mares bravios e travando lutas
como um verdadeiro viking para trazer para casa o resultado de saques e
pilhagens. Hamlete, desapontado, finaliza a tira como que dialogando
diretamente com o leitor. Na sua fala ele retoma um outro texto: Arte para
todos. H nessa retomada uma intertextualidade implcita. Vale ressaltar a
habilidade pragmtica do quadrinista norte-americano, Chris Browne, ao inserir
na tira analisada elementos de nossa literatura, fazendo-se, dessa forma, mais
prximo do nosso mundo e de nossa arte. (Ver outras anlises em anexo 1)
4.2 Seqncia didtica para leitura das tiras do Hagar
Justificativa e Objetivos: A proposta que se segue tem como objetivo
despertar o gosto, o interesse do aluno pelo universo das tiras, especificamente
as do Hagar, e auxiliar o docente a nortear essa leitura, levando o aluno a
mobilizar estratgias de ordem lingstica e cognitivo-discursiva de maneira
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que se levantem hipteses, preencham-se as lacunas do texto e obtenha-se a
apreenso de sentido desejada.
Pblico-alvo: O trabalho com o gnero discursivo tiras, se adequado, pode
ser desenvolvido desde as sries iniciais at o ensino superior. Como a nfase
desse estudo dada s tiras do Hagar, s quais requerem uma maior
mobilizao de estratgias para compreenso, as sugestes oferecidas so
mais adequadas a alunos a partir do 8 ano ao ensino mdio/superior.
Planejando as atividades:
O professor pode desenvolver a seguinte seqncia de atividades com os
alunos:
Expor aos alunos os diversos tipos de HQs (Cartum, charge, tira) para
que, no contato com esses materiais, eles possam verificar as diferenas
e as caractersticas mais relevantes: suporte, tipo de discurso, linguagem
verbal /no verbal, cores ou no, conciso da linguagem, bales, marcas
de oralidade (caractersticas regionais), coerncia entre desenho e texto,
mundos verossmeis ou irreais, personagens fixos, etc.;
Solicitar aos alunos uma pesquisa especfica, escrita, sobre tiras em
fontes variadas e uma coleta desse gnero atentando para o suporte de
veiculao (revistas, jornais, colees etc). Ao analisar os materiais fazer
com que observem as temticas fundamentais das tiras ( humor e crtica);
Sugerir uma pesquisa sobre os vikings, sua cultura e relao com outros
povos para que facilite o reconhecimento de algumas caractersticas das
personagens;
Apresentar diversas tiras do Hagar (podero ser apresentadas nas fontes
e duplicadas para melhor acesso) e primeiramente deixar que os alunos,
em grupos, familiarizem-se com as personagens, atentando para as
caractersticas fsico-psicolgicas de cada um;
Promover uma discusso final para que todos cheguem a um acordo
sobre o perfil psicolgico de cada personagem.
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Tambm de fundamental importncia o acionamento de conhecimentos
prvios do leitor/aluno a respeito do perfil fsico e psicolgico das personagens,
o que justifica, muitas vezes, o humor e a graa das tiras. Para a aquisio
desses conhecimentos faz-se necessrio uma pesquisa mais ampla a respeito
de quem so os vikings, suas relaes familiares e sociais, seus
comportamentos, seus anseios, seus valores, seus defeitos e virtudes.
A partir dos conhecimentos j previamente construdos, passar leitura
detalhada das tiras, percepo das inferncias e dos subentendidos
lingsticos e para isso essencial a contribuio do professor para se chegar
a um nvel mais profundo de compreenso, visto que o humor s tem humor se
percebido, e no explicado. As sugestes abaixo podero ser enriquecidas
com a criatividade e a experincia de cada docente. (ver em anexo 2 -
Sugestes para ativao de conhecimentos prvios)
Concluso
A partir da anlise dessas tiras, constatou-se que a temtica principal
abordada nesse gnero o humor e a crtica e se revelam de forma
mascarada, isto , o autor se utiliza de inferncias, implcitos e outra
estratgias para conseguir o efeito desejado. Pde-se perceber ainda que,
embora o universo do personagem Hagar esteja distante do nosso no tempo e
espao, os temas abordados pelo autor nas tiras so verossmeis, fazendo-se
muito prximos dos acontecimentos que envolvem o nosso cotidiano. O
humor, a empatia, a descontrao e essa familiarizao com a nossa realidade
so alguns dos motivos que certamente levam tantos leitores/admiradores a
viajar pelo mundo viking.
Referncias
DJOTA, Carvalho. A Educao est no gibi. Campinas, SP: Papirus, 2006.
BROWNE, Dik. O melhor de Hagar, o Horrvel- v.l 1/2/3/4. Porto Alegre:
L&PM, 2006.
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FERNANDES,Evanil R.,KRESS, rika, SILVA,Geysa. A transformao do
super-homem atravs da evoluo dos tempos .[2002?] Disponvel em
. Acesso em
03/01/2007.
KOCH, Ingedore V., ELIAS, Vanda M. Ler e compreender: os sentidos do
texto. 2 ed. So Paulo: Contexto, 2006.
LOPES-ROSSI, Maria A.G. O desenvolvimento de habilidades de leitura e de
produo de textos a partir de gneros discursivos. In: LOPES-ROSSI, Maria
A. G. (Org). Gneros discursivos no ensino de leitura e produo de
textos. Taubat: Cabral, 2002.
______. Procedimento para o estudo de gneros discursivos.
Comunicao apresentada no 15 InPLA- Intercmbio de Pesquisas em
Lingstica Aplicada. So Paulo: Pontifcia Universidade Catlica PUC-SP, 26
de maio de 2005.
PARMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Secretaria de Educao
Fundamental Braslia: MEC/SEF,1998.
ANEXOS
Anexo 1
Tira 1
O efeito de humor da tira provm da falta de conhecimento ilocucional
por parte do personagem Eddie Sortudo. Hagar e Eddie esto bebendo
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(passatempo preferido do viking) e brindam vida, pois ela curta e tem de ser
aproveitada (bebendo). Eddie, ao ouvir Hagar dizer ... hoje estamos aqui
amanh no estaremos mais, no consegue apreender o sentido conotativo
da expresso e faz uma interpretao literal. ...eu pensei que s fssemos pra
Inglaterra semana que vem. A fala de Hagar tambm pode ser considerada
um discurso polifnico, pois construo que contm em si citaes,
afirmaes de muitas pessoas da sociedade.
Tira 2
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A comicidade dessa tira est atada ao conhecimento interacional, que
engloba o conhecimento ilocucional, o qual permite reconhecer os objetivos
pretendidos pelo seu autor numa situao de interao. Para a produo de
sentido desse texto, deve-se considerar a falta de conhecimento ilocucional,
responsvel pelo humor da tira. Os primeiros quadrinhos mostram Helga
enfurecida aps Hagar ter lhe quebrado a mesa no momento de cortar uma
fatia de carne para Eddie Sortudo, com um machado, o que comprova os
gestos grosseiros de um viking. Quando os dois so convidados, por Helga, a
se retirar, Hagar se revolta pois ele sendo o chefe da casa, responsvel pela
sua manuteno, no concorda com a atitude de Helga. A partir do terceiro
quadro comeam as lamentaes que se findam com a pergunta de Hagar
pra qu? Na resposta/pergunta incabvel do amigo ganncia? (j se era de
esperar) percebe-se a falta de conhecimento ilocucional. Hagar no o perdoa.
Tambm, depois da narrativa de tantos feitos em prol do lar o viking esperava
que Eddie compreendesse que eles tinham o direito de comer um pedao de
carne, quebrar a mesa e no serem punidos. Como sempre, Helga tem a
palavra final.
Anexo 2
Sugestes para acionamento dos conhecimentos prvios do aluno a respeito
das tiras do Hagar.
Tira 1
Quem so as personagens que compem a tira? O que voc sabe a
respeito delas?
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Qual o assunto principal da tira e o que as pessoas de um modo geral
pensam sobre esse assunto (pensamento e leitura)?
O que sugere a placa PENSE para Eddie, em vista de sua fala uma
placa tima? Ele entendeu?
Voc acha que o autor escolheu bem as personagens para a
representao da tira?
Com base na resposta do Dr. Zook, qual a provvel associao que
ele faz entre ler e pensar?
Qual a temtica enfatizada na tira, alm do humor?
Qual o subentendido presente na tira?
O assunto abordado diz respeito somente ao mundo viking?
Tira 2
Qual a temtica em questo? (relao de poder, o homem como chefe
da casa, a submisso da mulher?)
Na nossa sociedade tambm normal que os homens se atrasem para
o jantar? Quais os possveis motivos?
O que revela a fala de Eddie? (homens que se atrasam no jantam)
Qual a contradio entre a fala de Hagar ... na minha casa mando eu e
o segundo quadro?
Associando a linguagem verbal no verbal, d para responder quem
realmente manda no lar viking?
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Tira 3
O que seria a idade das trevas?
Por que sensibilidade no combina com a idade das trevas?
Que temtica abordada na tira? (crtica sobre falta de segurana e
violncia)
Quanto ao assunto abordado, h muitas diferenas entre a idade das
trevas e nossa sociedade?
Qual o pressuposto que se tem a respeito de segurana e de
violncia?
Em qual quadro h um discurso polifnico? (no terceiro quadro, pois a
fala de Hamlet representa a voz de muitas pessoas. uma fala j
cristalizada na sociedade)
Por que se pode atribuir o humor da tira ao ltimo quadro?
Qual o implcito que h no ltimo quadro? (Hamlet sonha com um
mundo onde as pessoas tenham paz, segurana e vivam felizes. Isso
tudo ele supe que presenciaria se nascesse nos dias atuais)
Ser que a idade das trevas acabou?
A partir dessas sugestes, pode-se ampliar e explorar novos horizontes de
leitura dos alunos a respeito das diversas temticas abordadas pelas tiras do
Hagar. Conforme visto, a leitura inferencial requer a mobilizao de estratgias
simples que acionaro o universo cognitivo dos alunos. Ao serem instigados,
comprovadamente, eles se tornaro mais perceptivos, crticos e capacitados
para a construo do sentido dessas tiras.
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Anexo 3
Tira 1
Tira 2
Tira 3