Santos - Corrosão Pelo CO2 em Aço Carbono
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Escola de Engenharia
Programa de Pós Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais
PPGEM
USO DE SIMULADORES PARA PREVISÃO DA CORROSÃO PELO CO2 EM AÇO
CARBONO NA INDÚSTRIA DO PETROLEO
Fabricio Pinheiro dos Santos
Dissertação para obtenção do Título de Mestre
em Engenharia
Porto Alegre 2009
II
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Escola de Engenharia
Programa de Pós Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais
PPGEM
USO DE SIMULADORES PARA PREVISÃO DA CORROSÃO PELO CO2 EM AÇO
CARBONO NA INDÚSTRIA DO PETROLEO
FABRICIO PINHEIRO DOS SANTOS
Engenheiro Metalúrgico
III
Trabalho realizado no Departamento de Metalurgia da Escola de Engenharia da
UFRGS, dentro do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas,
Metalúrgica e de Materiais – PPGEM, como parte dos requisitos para obtenção do
título de Mestre em Engenharia.
Área de Concentração: Ciência dos Materiais
Porto Alegre
2009
IV
Esta dissertação foi julgada adequada para obtenção do título de Mestre em
Engenharia, área de concentração em Ciência dos Materiais, e aprovada em sua
forma final, pelo orientador e pela Banca Examinadora do Programa de Pós-
Graduação.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Fortis Kwietniewski
Banca Examinadora:
Dra. Flavia Maciel Fernandes Guedes, CENPES/PETROBRAS
Dr. Rodrigo Domingos de Sá Lisboa, CENPES/PETROBRAS
Dr. Walmar Baptista, CENPES/PETROBRAS
Prof. Dr. Carlos Pérez Bergmann
Coordenador do PPGEM
V
Dedico esta dissertação a minha família
VI
"O acaso só favorece a mente preparada"
Louis Pasteur
VII
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Carlos Eduardo Fortis Kwietniewski pela orientação neste
trabalho;
Ao Engenheiro Carlos Jose Bandeira de Mello Joia pela ajuda e orientação do
tema por parte da PETROBRAS;
A Engenheira Jussara de Mello Silva pela orientação com os simuladores de
corrosão estudados neste trabalho e pela ajuda na parte de corrosão;
Ao grupo de corrosão do TMEC pela colaboração com sugestões e criticas;
A Engenheira Eline Terezinha Anthunes de Sousa Paes e ao grupo de
corrosão da UN-BC pela obtenção dos dados de campo analisados neste trabalho;
A Engenheira Claudia Lisiane Fanezi da Rocha pela ajuda na revisão do
documento;
Aos colegas do curso de formação do CEINSP-2009 pelo companheirismo e
amizade,
VIII
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS...................................................................................................IX
LISTA DE TABELAS..................................................................................................XII
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS..............................................................XIII
RESUMO....................................................................................................... ..........XVI
ABSTRACT..............................................................................................................XVII
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................3
2.1 FENÔMENO DA CORROSÃO...............................................................................3
2.1.1 Formas de corrosão ..................................................................................4
2.2 TAXA DE CORROSÃO E MONITORAÇÃO ..............................................................5
2.3 CORROSÃO PELO CO2 ...................................................................................10
2.3.1 Mecanismo ..............................................................................................12
2.3.2 Formação de Filmes................................................................................14
2.3.3 Fatores que afetam a corrosão pelo CO2 ................................................17
2.3.4 Composição do Eletrólito.........................................................................21
2.4 MODELOS MATEMÁTICOS PARA PREVISÃO DA TAXA DE CORROSÃO .....................23
2.4.1 Modelo mecanicista.................................................................................24
2.4.2 Modelo Semi-empírico.............................................................................25
2.4.3 Modelo empírico ......................................................................................26
2.5 INCERTEZA NOS MODELOS DE CORROSÃO ........................................................26
2.6 MODELO DE WAARD-MILLIAMS .......................................................................29
2.6.1 Modelo de 1975.......................................................................................29
2.6.2 Modelo de 1991.......................................................................................32
2.6.3 Modelo de 1993.......................................................................................37
2.6.4 Modelo de 1995.......................................................................................39
2.6.5 Discussão do modelo de Waard-Milliams................................................41
IX
2.6.6 Limitações no modelo de Waard-Milliams ...............................................41
2.7 PROGRAMAS ESTUDADOS...............................................................................42
2.7.1 HYDROCOR®.........................................................................................42
2.7.2 NORSOK® ..............................................................................................46
3 PROCEDIMENTO..............................................................................................53
3.1 TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS DE CAMPO ...........................................56
4 RESULTADOS E DICUSSÕES .........................................................................58
4.1 COMPARAÇÃO DOS MODELOS .........................................................................58
4.1.1 Comparação dos valores de pH ..............................................................58
4.1.2 Efeito da formação de camada protetora ................................................61
4.1.3 Efeito do fluxo..........................................................................................64
4.1.4 Comparação dos valores de taxa de corrosão teóricos...........................66
4.1.5 Comparação com dados de campo.........................................................67
5 CONCLUSÕES ..................................................................................................75
6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................78
7 REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................79
8 ANEXO I.............................................................................................................81
9 ANEXO II............................................................................................................83
10 ANEXO III...........................................................................................................85
X
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1: Elementos de uma pilha de corrosão e fluxo de elétrons..........................4
Figura 2.2: Curvas representativas da velocidade de corrosão (GENTIL 2007) .........6
Figura 2.3: Principais tipos de cupons de perda de massa .........................................8
Figura 2.4: Esquema de montagem de cupons de taxa de corrosão em dutos. .........8
Figura 2.5: Diferenças encontradas nas taxas de corrosão localizada e generalizada
em diferentes materiais (SUM 2006)...........................................................................9
Figura 2.6: Esquema da medida da taxa de corrosão ao longo do tempo. ...............10
Figura 2.7: Diferentes formas da corrosão pelo CO2 em aço carbono. (a)
generalizada; (b) Alveolar (c) Mesa; (d) Erosão. .......................................................11
Figura 2.8: Estabilidade do H2CO3, HCO- 3 e CO2-
3 em função do pH. ......................14
Figura 2.9: Mecanismo de corrosão localizada por par galvânico (GUNALTUN 2003).
..................................................................................................................................15
Figura 2.10: Principais parâmetros que influenciam na corrosão pelo CO2 (SINGH
2009) .........................................................................................................................17
Figura 2.11: Diagrama para a previsão do regime de fluxo em escoamento horizontal
(GARBER 2004)........................................................................................................21
Figura 2.12: Relação da taxa de corrosão com teor de NaCl (GENTIL 1994). .........23
Figura 2.13: Resultados obtidos com diferentes simuladores de corrosão. ..............27
Figura 2.14: Comparação das duas equações do modelo de Waard-Milliams..........31
Figura 2.15: Monograma para previsão da taxa de corrosão (de WAARD 1991). ....31
Figura 2.16: Coeficiente de fugacidade em função da pressão total e temperatura (de
WAARD 1991)...........................................................................................................33
Figura 2.17: Fator de formação de camada protetora em função da pressão de CO2
e temperatura. ...........................................................................................................45
Figura 3.1: Figura esquemática mostrando o uso da média móvel. ..........................57
Figura 4.1: Variação do pH em função da pressão parcial de CO2, teor de
bicarbonato e temperatura em água de formação. NORSOK® ................................59
XI
Figura 4.2: Variação do pH em função da pressão parcial de CO2, teor de
bicarbonato e temperatura em água condensada. NORSOK®.................................59
Figura 4.3: Variação do pH em função da pressão parcial de CO2, teor de
bicarbonato e temperatura em água de formação. HYDROCOR® ...........................60
Figura 4.4: Variação do pH em função da pressão parcial de CO2, teor de
bicarbonato e temperatura em água condensada. HYDROCOR® ...........................60
Figura 4.5: Efeito da formação de camada protetora em função da temperatura e do
pH para pressão parcial de CO2 de 0,1 bara. (a) água condensada. (b) água de
formação. (HYDROCOR®) .......................................................................................61
Figura 4.6: Efeito da formação de camada protetora em função da temperatura e do
pH para pressão parcial de CO2 de 1 bara. (a) água condensada. (b) água de
formação. (HYDROCOR®) .......................................................................................62
Figura 4.7: Efeito da formação de camada protetora em função da temperatura e do
pH para pressão parcial de CO2 de 10 bara. (a) água condensada. (b) água de
formação. (HYDROCOR®) .......................................................................................62
Figura 4.8: Efeito da formação de camada protetora em função da temperatura e do
pH para pressão parcial de CO2 de 0,1 bara. (NORSOK®) ......................................63
Figura 4.9: Efeito da formação de camada protetora em função da temperatura e do
pH para pressão parcial de CO2 de 1 bara. (NORSOK®) .........................................63
Figura 4.10: Efeito da formação de camada protetora em função da temperatura e do
pH para pressão parcial de CO2 de 10 bara. (NORSOK®) .......................................64
Figura 4.11: Efeito da temperatura e tensão de cisalhamento na taxa de corrosão
para diferentes valores de pH. Pressão total de 100 bara e 1% de CO2...................65
Figura 4.12: Efeito da temperatura, Pressão e da vazão de gás/Líquido na tensão de
cisalhamento do NORSOK. Pressão total de 100 bara e 1% de CO2 .......................66
Figura 4.13: Comparação das taxas de corrosão geradas pelos simuladores
estudados..................................................................................................................67
Figura 4.14: Comparação dos dados de campo como o modelo de D.Waard-Milliams
..................................................................................................................................69
Figura 4.15: Comparação dos dados de campo como o modelo da NORSOK.........69
Figura 4.16: Comparação dos dados de campo com as simulações do HYDROCOR
..................................................................................................................................70
Figura 4.17: Comparação dos dados de campo com a regressão linear obtida. ......70
Figura 4.18: Distribuição de probabilidade do erro do modelo de Waard-Milliams....72
XII
Figura 4.19: Distribuição de probabilidade do erro do modelo da NORSOK®..........72
Figura 4.20: Distribuição de probabilidade do erro do HYDROCOR® ......................73
Figura 4.21: Distribuição de probabilidade do erro para a regressão calculada........73
XIII
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1: Possíveis reações catódicas durante a corrosão pelo CO2. ...................13
Tabela 2.2: Principais reações durante a corrosão do Fe pelo CO2 (GOMES 2004).16
Tabela 2.3: Principais regimes de fluxo em escoamento horizontal (THOMAS 2004).
..................................................................................................................................19
Tabela 2.4: Espécies químicas típicas em água de formação (NESIC 2009). ..........22
Tabela 2.5: Diferentes modelos para previsão da taxa de corrosão pelo CO2 (WANG
2002) .........................................................................................................................24
Tabela 2.6: Condições para a formação de emulsão de água/óleo. .........................45
Tabela 2.7: Valores do fator TF em função da temperatura .....................................48
Tabela 2.8: Valores do fator pHF em função da temperatura e do pH ......................49
Tabela 2.9: Constantes de equilíbrio das principais reações para o cálculo do
pH(NESIC 2001) .......................................................................................................50
Tabela 3.1: Matriz de dados para simulação do pH ..................................................53
Tabela 3.2: Matriz para a simulação do efeito de formação de camada protetora. ...54
Tabela 3.3: Matriz para simulação das taxas de corrosão. .......................................54
Tabela 3.4: Casos estudados para análise dos simuladores. ...................................55
Tabela 4.1: Coeficientes para ajuste da regressão linear .........................................71
Tabela 4.2: Resumo das propriedades estatísticas obtidas. .....................................74
XIV
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS a Coeficiente de fugacidade
A Área exposta
C Concentração
PMC Constante para perda de massa (8,73E4)
1C Constante 1
2C Constante 2
d Diâmetro da tubulação
id Diâmetro hidráulico
D Coeficiente de difusão da espécie
f Fator de fricção
2fCO Fugacidade do CO2
F Constante de Faraday (96485 C/mol)
CF Fator de correção de para o teor de Carbono
CrF Fator de correção de para o teor de Cromo
condF Fator de correção pela taxa de condensação
cpF Fator de correção pela formação de camada protetora
óleoF Fator de Proteção pelo óleo
GlicolF Fator de correção pela presença de glicol
pF Fator de correção para a pressão total
2pCOF Fator de correção para a pressão parcial de CO2
pHF Fator de correção pelo pH
TF Fator de correção para a temperatura
τF Fator de correção para a tensão de cisalhamento
H Constante de Henry
XV
i Corrente
I Força Iônica
k Rugosidade
rk Coeficiente de reação química
massk Coeficiente de transporte de massa
K Constante de equilíbrio
MMS Média móvel simples
m Massa.
n Ordem da reação
ne Número de equivalente eletroquímico
N Valores medidos
p Período
2pCO Pressão Parcial de CO2
P Pressão total
pHreal pH real
pHsat pH de saturação
mRe Número de Reynolds médio da mistura
Sc Número de Shmidt
Sh Número de Sherwood
t Tempo
T temperatura
TFC Tendência de formação de camada protetora
.PrecipT Taxa de precipitação da camada protetora
cpT Temperatura de formação de camada protetora
TC Taxa de corrosão
U Velocidade do fluxo da fase líquida
υ Velocidade
mυ Velocidade média da mistura
massV Velocidade do transporte de massa
rV Velocidade da reação química
w Peso atômico do metal
XVI
y Distancia da superfície
z Carga do íon
E∆ Energia de ativação
P∆ Diferença de peso
ρ Densidade da liga
mρ Densidade média
τ Tensão de cisalhamento
ν Viscosidade cinemática
XVII
RESUMO
A corrosão pelo CO2 na indústria do petróleo e gás representa um dos
principais mecanismos de deterioração de tubulações e equipamentos. Durante a
produção de petróleo, a presença de CO2 é conseqüência do aumento da
profundidade dos poços e pelo uso de técnicas de recuperação, baseadas na
injeção deste gás. O aço carbono é o material preferencialmente empregado em
equipamentos e dutos, devido ao seu baixo custo e facilidades no processo de
fabricação. Porém, é altamente suscetível à corrosão pelo CO2. Várias companhias
de petróleo e institutos de pesquisa têm desenvolvido modelos para prever a taxa de
corrosão do ferro em ambientes contendo CO2. Entre estes modelos desenvolvidos,
destaca-se o de Waard-Milliams, desenvolvido nos anos 70. O trabalho de Waard-
Milliams serve de base para vários outros modelos que geraram aplicativos
comerciais para o cálculo da taxa de corrosão, tais como o HYDROCOR®,
desenvolvido pela Shell Global Solutions e o NORSOK®, desenvolvido pelas
empresas norueguesas de petróleo, Statoil, Hydro e Saga Petroleum. Estes dois
aplicativos apresentam diferenças fundamentais no desenvolvimento e, muitas
vezes, geram resultados que divergem na ordem de grandeza. O objetivo deste
trabalho é fazer uma analise destes dois programas, considerando as premissas de
cálculo de cada um e comparando com os dados gerados pelo modelo de Waard-
Milliams.
XVIII
ABSTRACT
Carbon dioxide corrosion (sweet corrosion) is a very serious problem in the oil and
gas industry and often results in severe damage by affecting the materials used in
production, gathering, and processing facilities. The presence of CO2 is due to (i)
CO2 gas production from increasing well depths and (ii) the use of enhanced oil
recovery techniques based on CO2 injection into reservoirs. Low cost carbon steels,
which are more susceptible to corrosion in CO2 environments, are generally used as
construction materials in these facilities. Different oil companies and research
institutions have developed a large number of prediction models for CO2 corrosion of
carbon steel. Initially a model developed by de Waard and Milliams was the most
widely used procedure to predict CO2 corrosion rates. Two models frequently used in
the oil and gas industry Is the HYDROCOR®, developed by Shell Global Solutions
and the NORSOK®, developed by the Norwegian oil companies Statoil, Hydro e
Saga Petroleum .Very different results can be obtained when this models are run for
the same cases due to the different philosophies used in the development of the
models. An overview of these two CO2 corrosion models and mechanistic aspects of
the procedures are provided and to compare with the de Waard-Milliams model.
1
1 INTRODUÇÃO
A corrosão pelo CO2 na indústria do petróleo e gás representa um dos
principais mecanismos de deterioração de tubulações e equipamentos. Este
problema foi primeiramente relatado pela indústria de óleo e gás dos Estados Unidos
nos anos 40 e, desde então, tem sido tema de vários estudos. Durante a produção
de petróleo, a presença de CO2 é devida à produção deste gás pelo aumento da
profundidade dos poços e pelo uso de técnicas de recuperação baseadas na injeção
de CO2. O CO2 é um produto do envelhecimento do petróleo. Os compostos
orgânicos por ação de degradação de bactérias e por ação térmica, vão quebrando
as cadeias maiores em menores, até formar o CO2. A exploração de petróleo em
função do consumo mundial conduz à descoberta de campos localizados em
maiores profundidades e submetidos a maiores pressões e temperaturas. Estes
reservatórios, em geral mais antigos, tornam a ação corrosiva do CO2 mais
acentuada. Por analogia, em um campo de gás a decomposição das cadeias de
hidrocarboneto já está quase concluída, resultando no final H2O e CO2.
O aço carbono é o material preferencialmente empregado em equipamentos e
dutos devido ao seu baixo custo e facilidades no processo de fabricação. Porém é
altamente suscetível à corrosão pelo CO2. Dados de literatura reportam que,
dependendo da temperatura e pressão parcial de CO2, as taxas de corrosão podem
chegar a mais de 10 mm/ano, o que pode inviabilizar o uso deste material.
Um melhor conhecimento dos mecanismos da corrosão pelo CO2 e a
habilidade de prever as taxas de corrosão ajudam a definir medidas para diminuir a
corrosividade, evitando problemas operacionais, acidentes e perda de produção.
Outra questão que surge é que, durante a fase de projeto de um novo
empreendimento, muitas vezes, não existem dados precisos para uma estimativa
confiável do potencial de corrosividade, sendo esta informação de grande relevância
para tomada de decisões sobre medidas de combate à corrosão (ex: inibidores,
sobre espessura de corrosão, etc.).
2
Várias companhias de petróleo e institutos de pesquisa têm desenvolvido
modelos para prever a taxa de corrosão do ferro em ambientes contendo CO2.
Alguns destes modelos são baseados em hipóteses mecanicistas, enquanto que
outros são baseados em correlações empíricas de laboratórios ou dados de campos.
Ocorre que resultados diferentes podem ser obtidos quando os modelos são
comparados entre si para os mesmos dados de entrada, devido às diferentes
filosofias usadas no desenvolvimento de cada modelo. As maiores dificuldades
encontradas por estes modelos é exatamente como levar em consideração o efeito
da formação de camadas protetoras e do regime de fluxo.
Entre os modelos desenvolvidos destaca-se o de Waard-Milliams, criado nos
anos 70. Inicialmente, o cálculo considerava apenas o efeito da pressão parcial de
CO2 e da temperatura, sendo que versões posteriores receberam melhoramentos
para considerar o efeito do pH, formação de filme protetor e velocidade de fluxo.
O trabalho de Waard-Milliams serve de base para vários outros modelos que
geraram aplicativos comerciais para o cálculo da taxa de corrosão, entre eles se
destacam o HYDROCOR® desenvolvido pela Shell Global Solutions e o NORSOK®
desenvolvido pelas empresas norueguesas de petróleo, Statoil, Norsk Hydro e Saga
Petroleum, sendo este último com grande aceitação por ser normalizado. Ambos os
modelos são usados dentro do sistema PETROBRAS para estimativa da
corrosividade interna de dutos e equipamentos.
Estes dois aplicativos apresentam diferenças fundamentais no
desenvolvimento e, muitas vezes, geram resultados que divergem na ordem de
grandeza.
O objetivo deste trabalho é fazer uma análise crítica destes dois programas
considerando as premissas de cálculo de cada um e comparando com os dados
gerados pelo modelo de Waard-Milliams. Também será realizado um estudo de caso
com diferentes cenários de corrosão, para a avaliação da sensibilidade de cada
variável.
3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Fenômeno da Corrosão
Corrosão é definida como uma reação entre um material, normalmente metal
ou liga, e o ambiente produzindo uma deterioração no material e/ou em suas
propriedades. A corrosão atinge as mais variadas atividades como, por exemplo,
indústria química e petroquímica, naval, construção civil, automobilística, etc.
Estima-se que o custo com o combate à corrosão gire em torno de 4% do produto
interno bruto de uma nação, sendo que este número tende a aumentar com o
aumento do nível de industrialização. As perdas por corrosão podem ser de ordem
direta, como custos em reposição de peças e manutenção, ou indiretas, como
paralisações, perda de produção, perda de eficiência, superdimensionamento, etc.
(GENTIL 1995).
De acordo com as características do ambiente, a corrosão pode ser
classificada com química ou eletroquímica. A corrosão química é aquela na qual a
reação química em questão não envolve um eletrólito, por exemplo, oxidação em
alta temperatura. A corrosão eletroquímica é aquela onde o metal se dissolve em um
eletrólito, formando cátions e gerando transferência de carga elétrica através da
interface metal/ambiente.
A reação de corrosão é composta de duas reações parciais: uma reação
anódica e uma reação catódica que se processam em pontos distintos do material. A
reação anódica é uma reação de oxidação na qual são liberados elétrons, que por
sua vez se deslocam para outros pontos do metal, onde ocorre a reação catódica,
que é uma reação de redução (ganho de elétrons). A reação anódica tem como
conseqüência a dissolução do metal, portanto, corrosão, ao passo que a reação
catódica, promove a redução de espécies presentes no meio, sem a participação do
metal em questão.
O mecanismo final se traduz em uma pilha de corrosão que requer quatro
elementos básicos listados a seguir:
4
• Área anódica;
• Área catódica;
• Ligação metálica entre a área anódica e catódica para fluxo de corrente
elétrica;
• Eletrólito para fluxo de íons.
O esquema de uma pilha de corrosão é mostrado na figura 2.1, onde se pode
observar os quatro elementos do sistema, bem como os sentido do fluxo de elétrons.
Figura 2.1: Elementos de uma pilha de corrosão e fluxo de elétrons.
2.1.1 Formas de corrosão
As formas de corrosão são definidas principalmente pela aparência da
superfície corroída, sendo as principais:
• Corrosão uniforme:
Quando a corrosão se processa de modo uniforme em toda a superfície
atacada, comum em metais que não formam películas protetoras;
• Corrosão em placas:
5
Quando os produtos de corrosão se formam em placas que se desprendem
progressivamente. Esta forma de corrosão é comum em metais que formam
películas inicialmente protetoras, mas que, ao se tornarem espessas, fraturam e
perdem aderência, expondo o metal a um novo ataque;
• Corrosão alveolar:
Quando o dano provocado pela corrosão se dá sob a forma localizada, com o
aspecto de crateras, sendo freqüente em metais formadores de películas semi-
protetoras, ou quando se tem corrosão sob depósito,
• Corrosão por pite:
Quando o dano se dá de forma muito localizada e de alta intensidade,
geralmente com profundidade maior que o diâmetro. A corrosão por pite é freqüente
em metais formadores de películas protetoras que sob a ação de certos agentes
agressivos, são destruídas em pontos localizados, que se tornam ativos.
• Corrosão intergranular
Ataque que ocorre no contorno de grão, como no caso de aços inoxidáveis
austeníticos sensitizados.
• Corrosão transgranular
Quando o fenômeno se manifesta sob a forma de trincas, que se propagam
pelo interior dos grãos do material, como no caso da corrosão sob tensão em aços
inoxidáveis austeníticos.
2.2 Taxa de Corrosão e Monitoração
Uma das formas de se quantificar a corrosividade de um meio em relação a
um dado material é pelo cálculo da taxa de corrosão. Esta grandeza se refere,
basicamente, à perda de material para o meio, em função do tempo por unidade de
área de material exposto. Considerando uma corrosão uniforme, com uma massa
específica do material conhecida, pode-se calcular a perda de espessura ou taxa de
corrosão (normalmente dada em mm/ano).
Dependendo do processo corrosivo, a velocidade da corrosão não tem um
valor constante, como mostram as diferentes curvas de perda de massa mostradas
na figura 2.2.
As curvas de corrosão representam os seguintes casos:
6
• Curva A: Neste caso, a velocidade de corrosão eletroquímica é
constante. A superfície metálica não varia, sendo o produto da corrosão
inerte e a concentração do agente corrosivo constante;
• Curva B: Idêntica à situação anterior, mas existe um período de indução
relacionado ao tempo gasto para ultrapassar a película protetora;
• Curva C: Nesta situação, a velocidade de corrosão é inversamente
proporcional à quantidade do produto de corrosão produzido, sendo este
insolúvel e aderente à superfície metálica;
• Curva D: Quando os produtos de corrosão são solúveis no meio e pouco
protetores, a velocidade de corrosão pode aumentar rapidamente. Isso é
devido ao fato que a corrosão ocorre de forma não homogênea,
aumentando a superfície metálica exposta ao meio, elevando desta
forma a taxa de corrosão.
Figura 2.2: Curvas representativas da velocidade de corrosão (GENTIL 2007)
O valor de taxa de corrosão pode ser obtido a partir de medidas de perda de
massa ou por técnicas eletroquímicas, sendo esta última mais apropriada para
estudos em laboratório. Para processos eletroquímicos, a massa perdida é dada
pela equação de Faraday abaixo:
Fne
wtim
.
..=
Onde:
m : Massa. [g]
ne : Número de equivalente eletroquímico
i : Corrente [A]
7
w : peso atômico do metal [u.m.a]
t : Tempo [s]
F : Constante de Faraday. 96485[C/mol]
A velocidade de corrosão, expressa em unidade de massa por unidade de
tempo, é diretamente proporcional à intensidade de corrente elétrica. Logo, medir a
corrente de corrosão equivale a medir a velocidade de corrosão.
Medidas de perda massa consistem em medir a perda de material ao longo
do tempo. Esta medida pode ser feita diretamente no equipamento, por medidas de
perda de espessura ou através de técnicas de monitoração especificas, como
cupons (medida direta) e por sondas de resistência elétrica (medida indireta).
A avaliação da taxa de corrosão por cupons de perda de massa é uma das
técnicas mais antigas para monitoramento da corrosão. É mais utilizada por oferecer
as seguintes vantagens:
• Simplicidade: Não há necessidade de uma instrumentação sofisticada
para obtenção do resultado;
• Resultado direto: A medida é obtida diretamente sem realizar
aproximações teóricas com modelos complexos;
• Versátil: É aplicável a todos os ambientes corrosivos e gera informações
sobre todas as formas de corrosão;
• Repetibilidade: Apresenta boa repetibilidade nos resultados.
Nesta técnica, uma amostra de peso conhecido do metal ou liga do mesmo
material do equipamento que se deseja avaliar é introduzida no processo, sendo
removida depois de um tempo de exposição razoável (três meses por exemplo). A
amostra é limpa para remoção de todo o produto de corrosão e então pesada
novamente.
Com a diferença de massa do corpo de prova pode-se calcular a taxa de
corrosão com uso da equação 2.1.
tA
CPTC PM
..
.
ρ∆
= Equação 2.1
Onde:
8
TC =Taxa de corrosão. [mm/ano]
P∆ =Diferença de peso. [g]
ρ = Densidade da liga. [g/cm3]
A= Área exposta. [cm2]
t = Tempo. [horas]
PMC =Constante para perda de massa (8,73E4)
A figura 2.4 os principias tipos de cupons de perda de massa utilizados no
monitoramento da corrosão. A figura 2.4 mostra exemplos de montagem de sistemas
de cupons de corrosão em dutos.
Figura 2.3: Principais tipos de cupons de perda de massa
Figura 2.4: Esquema de montagem de cupons de taxa de corrosão em dutos.
9
O valor de taxa de corrosão por perda de massa é extremamente útil por
permitir estimar a vida remanescente de um equipamento. Porém deve-se sempre
considerar o fato de que valor é obtido considerando uma corrosão generalizada do
equipamento. Em muitas situações práticas a corrosão encontrada tem uma forma
localizada (na forma de pits ou alvéolos). Alguns trabalhos mostram que esta forma
de corrosão produz uma perda de espessura maior, podendo chegar a 10 vezes o
valor da taxa de corrosão generalizada. Esta diferença é mostrada na figura 2.5.
0,0001
0,001
0,01
0,1
1
10
Aço Carbono (1) Aço Carbono (2) Aluminio (Al 3003) Aço inox Austenitico(304 L)
Material
Tax
a de
Cor
rosã
o (m
m/a
mo)
Corrosão Generalizada
Corrosão Localizada
Figura 2.5: Diferenças encontradas nas taxas de corrosão localizada e generalizada
em diferentes materiais (SUM 2006).
Outra questão em relação ao uso de cupons de perda de massa é que estes
fornecem uma taxa de corrosão média do período de coleta dos cupons. A figura 2.6
mostra um esquema de processo no qual a perda de espessura foi monitorada ao
longo do tempo por cupons de perda de massa.
10
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
0,16
0 20 40 60 80 100 120
Tempo (dias)
Per
da d
e E
spes
sura
(m
m)
Perda Real
Perda Média
0.73mm/ano
0.36mm/ano
0.54mm/ano
Figura 2.6: Esquema da medida da taxa de corrosão ao longo do tempo.
Na situação da figura 2.6, no primeiro momento, o processo mostrou uma taxa
de corrosão constante de 0,34 mm/ano. Após 50 dias houve um aumento na taxa de
corrosão para 0,73 mm/ano. Porém como as medidas de cupom estavam
programadas para 100 dias, a taxa de corrosão final ficou com o valor de
0,53mm/ano. Isso mostra o cuidado que se dever ter ao se avaliar a corrosividade de
um sistema a partir de valores de taxa de corrosão obtidos por cupons de perda de
massa.
2.3 Corrosão pelo CO2
Entre todas as formas de corrosão na indústria do óleo e gás, a corrosão pelo
CO2 é uma das mais freqüentemente encontradas (NESIC 2007). Ela ocorre tanto
durante a extração do petróleo como em unidades de processamento e refino. Esta
forma de corrosão pode ser encontrada em:
• Poços de óleo e gás;
• Tubulações de óleo e gás;
• Plantas (equipamentos) de óleo e gás;
• Processo de refino;
• Sistemas de vapor;
11
A figura 2.7 mostra exemplos das diferentes formas que a corrosão pelo CO2
pode ser encontrada em aço carbono. A corrosão pelo CO2 pode ocorrer tanto de
forma generalizada como localizada. A corrosão uniforme ou generalizada é mais
difícil de ser encontrada, ocorrendo em geral quando o processo é mais brando (ver
figura 2.7a). A corrosão localizada, em baixas temperaturas (<60°C), é na forma
alveolar (figura 2.7b). Já em alta/média temperatura e combinada com a velocidade
de escoamento do fluido, o ataque é na forma de mesa (placas), como mostrado na
figura 2.7c. Este ataque é devido principalmente a instabilidade de filmes protetores
diante do regime de fluxo. Em zonas de elevada turbulência como soldas, curvas ou
constrições em tubulações, o ataques pode ser ainda mais agressivos como mostra
a figura 2.7d.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 2.7: Diferentes formas da corrosão pelo CO2 em aço carbono. (a)
generalizada; (b) Alveolar (c) Mesa; (d) Erosão.
A corrosividade pode ser superior a qualquer outro ácido completamente
dissociado em um mesmo pH. A taxa de corrosão final sofre grande influência da
12
formação de produto de corrosão, que por sua vez é função da composição do aço,
condições de fluxo, pH, temperatura, pressão, composição do meio, etc.
2.3.1 Mecanismo
O CO2 só se torna corrosivo na presença de água, sendo esta necessária
para promover as reações eletroquímicas entre o metal e as espécies iônicas. Vários
mecanismos são propostos para explicar a corrosão do ferro pelo CO2 em meios
aquosos, sendo que a premissa básica da maioria é a formação de ácido carbônico
ou íon bicarbonato durante a dissolução de CO2 na água (GOMES 2005).
O ácido carbônico apesar de ser considerado um ácido fraco (por não estar
totalmente dissociado), pode ser extremamente agressivo ao aço carbono.
As principais etapas da reação seguem abaixo:
O CO2 gasoso é solubilizado na água:
)(2)(2 dissolvido
K
g COCOSol
⇔
Uma pequena quantidade de moléculas de CO2 é hidratada formando ácido
carbônico:
322)(2 COHOHCOHidK
dissolvido ⇔+
Ocorre a primeira dissociação do ácido carbônico:
−+ +⇔ 3
1
32 HCOHCOHK
O íon bicarbonato se dissocia formando H+ e o íon carbonato CO2-3 :
−+− +⇔ 23
2
3 COHHCOK
A reação anódica é a própria dissolução do ferro: −+ +→ eFeFe 22
Na presença de CO2, a taxa de corrosão do aço carbono em soluções
aquosas é aumentada pela reação de geração de hidrogênio.
13
Sobre a reação catódica, é citado que existem três espécies que podem ser
reduzidas na superfície do metal (H+, H2CO3, HCO- 3), sendo as reações possíveis
apresentadas na tabela 2.1.
Tabela 2.1: Possíveis reações catódicas durante a corrosão pelo CO2.
adHeH →+ −+ 1 Redução do H+
22 HH ad →
−− +→+ 332 HCOHeCOH
323 COHHHCO ↔+ +− 2 Redução do H2CO3
22 HH →
−−− +→+ 233 COHeHCO
3 Redução do HCO- 3
−−− +→++ 2323 COHeHHCO
É bem conhecido que para ácidos fortes, que ficam totalmente dissociados
em soluções aquosas, a taxa de geração de hidrogênio ocorre de acordo com a
reação 1.
Esta reação é controlada pela taxa com que os íons H+ são transportados do
interior da solução para a superfície do aço (limitação pela transferência de massa).
Em soluções com CO2 onde normalmente o pH>4, esta limitação de fluxo pode ser
pequena, sendo que é a redução direta do H2CO3 (reação 2) que permite a evolução
do hidrogênio em uma maior taxa.
A reação direta do ácido carbônico é limitada pela etapa de hidratação e em
alguns casos, pela reação de dissolução do CO2. Em soluções com pH>5, a redução
direta do bicarbonato se torna uma etapa importante (reação 3).
Não existe um consenso na literatura sobre qual seria a etapa determinante
na dissolução do CO2. A ocorrência de uma ou outra reação será determinada pelo
valor de pH da solução, visto que este determina a estabilidade das espécies
envolvidas como mostra a figura 2.8.
14
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
2 4 6 8 10 12 14
pH
Fra
ção
H2CO3 HCO-3
CO2-3
Figura 2.8: Estabilidade do H2CO3, HCO- 3 e CO2-
3 em função do pH.
2.3.2 Formação de Filmes
Um ponto importante que deve ser considerado na corrosão pelo CO2 é a
formação de filmes na superfície e a sua influência na taxa de corrosão. Os filmes
são formados a partir dos produtos de corrosão e podem ser protetores ou não,
dependendo da morfologia e composição química do filme sendo que o grau de
proteção é pouco dependente da espessura.
Entre os possíveis filmes protetores formados durante a corrosão pelo CO2, a
siderita ou carbonato de ferro (FeCO3) é o mais importante, sendo tema de vários
estudos na literatura. Uma alta supersaturação é necessária para formar o filme de
FeCO3, particularmente em baixas temperaturas. Uma vez formado o filme, ele irá
permanecer protetor mesmo em supersaturações menores.
Não existe consenso em relação a qual temperatura o filme começa a se
tornar protetor. Porém a faixa normalmente referenciada fica entre 60 e 100°C,
sendo que camadas formadas em elevadas temperaturas e pressões tem melhor
característica protetora. A formação se torna mais difícil em baixos valores de pH e
na presença de fluxo multifásico.
15
A precipitação do FeCO3 é função da concentração de Fe2+ , da concentração
do íon bicarbonato e do pH. Na temperatura ambiente, sua precipitação só é
possível quando:
][
]][[ 32
+
−+
<H
HCOFeK
Equação 2.2
Onde:
K =Constante de equilíbrio [mol2]
][ 2+Fe = Concentração de Fe2+ [mol]
][ 3−HCO =Concentração HCO-
3 [mol]
][ +H = Concentração de H+ [mol]
Apenas a precipitação da camada de FeCO3 não garante a proteção do aço
contra a corrosão. De fato, é imprescindível que a camada protetora esteja
distribuída uniformemente na superfície do metal (GUNALTUN 2003). Se a camada
é quebrada por alguma razão (alta velocidade ou turbulência) pode ocorrer uma
corrosão localizada devido ao efeito do par galvânico entre a superfície corroída e a
superfície protegida. A figura 2.9 mostra este mecanismo, sendo que o resultado é
corrosão no sentido da espessura (penetração) e uma corrosão lateral. Ao longo do
tempo, a taxa de penetração diminui e a de propagação lateral tende a aumentar.
Figura 2.9: Mecanismo de corrosão localizada por par galvânico (GUNALTUN 2003).
16
A tabela 2.2 mostra um resumo das principais reações que podem ocorrer
durante a corrosão pelo CO2.
Tabela 2.2: Principais reações durante a corrosão do Fe pelo CO2 (GOMES 2004).
Reação Tipo
−++ +→ eFeFe 2 Anódica
−− +→+ 332 2222 HCOHeCOH
323 222 COHHHCO ↔+ +−
22 HH →
Catódica
222 HFeHFe +⇔+ ++ Reação de corrosão
+−+ +→+ HFeCOHCOFe 332 Formação de Carbonato de Ferro
+− +↔ HHCOCOH 332 Dissociação do Ácido Carbônico
2332 HFeCOCOHFe +→+ Reação Global
17
2.3.3 Fatores que afetam a corrosão pelo CO2
Um elevado número de parâmetros pode influenciar consideravelmente a
corrosão pelo CO2 como ilustrado na figura 2.10.
Figura 2.10: Principais parâmetros que influenciam na corrosão pelo CO2 (SINGH
2009)
Todos estes parâmetros são interdependentes e podem interagir de várias
formas na corrosividade do sistema, sendo que os mais relevantes na corrosão de
tubulações analisados neste trabalho serão descritos abaixo.
2.3.3.1 Pressão parcial de CO2
De um modo geral, quanto maior a pressão parcial de CO2 em contato com a
solução, maior a quantidade ácido carbônico formado e conseqüentemente menor
será o pH, o que aumenta a taxa de corrosão.
18
2.3.3.2 Temperatura
A temperatura é um dos parâmetros mais importantes no estudo da corrosão
pelo CO2. Uma elevada temperatura causa um aumento na taxa de corrosão devido
ao aumento da velocidade das reações eletroquímicas. No entanto, a taxa de
precipitação de FeCO3 também aumenta com a temperatura, facilitando a formação
de camadas a partir dos produtos de corrosão. Estas camadas podem ter algum
efeito protetor, diminuindo a taxa de corrosão. Em temperaturas na faixa de 80°C, o
filme de FeCO3 é um exemplo de camada que se torna estável na superfície
metálica, podendo diminuir a taxa de corrosão.
2.3.3.3 Efeito do pH
O pH é uma grandeza que representa a atividade do íon H+ na solução. Para
soluções diluídas o pH pode ser calculado como:
]log[ +−= HpH Equação 2.3
O pH exerce influência tanto nas reações eletroquímicas da dissolução do
ferro como na estabilidade do produto de corrosão. De uma maneira geral, quanto
menor o pH maior a taxa de corrosão, pois isso representa uma elevada
concentração de íons H+. Por outro lado, em elevados valores de pH, a solubilidade
do íon Fe+ diminui, aumentando a probabilidade de formação de camadas
protetoras. Vários trabalhos mostram que o filme FeCO3 só se torna estável em
valores de pH acima de 5.
Os constituintes da solução aquosa podem, em alguns casos, tamponar o pH
diminuindo consideravelmente a taxa de corrosão (HCO- 3 por exemplo).
2.3.3.4 Regime de fluxo
Tudo que foi dito até agora se refere à corrosão do ferro pelo CO2,
considerando o metal em total contato com o eletrólito (água). Em sistemas reais de
produção de óleo, além da fase líquida (água+óleo) existe a produção conjunta de
gás, configurando um sistema dito multifásico. Dependendo da proporção e
velocidade destas fases, diferentes regimes de fluxo podem ser obtidos (THOMAS
2004).
19
Os principais regimes de fluxo, para uma situação de escoamento horizontal,
são mostrados na tabela 2.3.
Tabela 2.3: Principais regimes de fluxo em escoamento horizontal (THOMAS 2004).
Fluxo estratificado
Fluxo estratificado em onda
Fluxo anular
Fluxo intermitente
Fluxo em bolhas dispersas
• Regime estratificado:
Este regime é caracterizado pelo escoamento do líquido pela parte de baixo
da tubulação e com o gás na parte superior. Este tipo de regime pode ser
classificado como estratificado em onda quando a interface líquido/gás não é lisa.
Este regime ocorre em situações onde as velocidades de escoamento da fase
gasosa e líquida são baixas. As ondas começam a aparecer quando a velocidade do
gás começa a aumentar.
• Regime intermitente:
Neste regime existe um fluxo alternado de gás e líquido, fazendo a fase
líquida molhar a parede da tubulação alternadamente. Este regime ocorre à medida
que a velocidade superficial do líquido aumenta.
• Regime de bolhas dispersas:
20
Quando a velocidade do filme de líquido na superfície é suficientemente
elevada, a fase gasosa tende a ficar dispersa na fase líquida na forma de bolhas.
• Regime anular:
Quando as velocidades do líquido e do gás são suficientemente elevadas
(acima de 10 m/s). O regime resultante é anular que consiste em um filme de líquido
molhando a parede do tubo e o gás escoando pela região central.
O fluxo exerce influência na taxa de corrosão, agindo no grau de proteção
fornecido pelo filme de produto de corrosão, através do impedimento da formação
deste e pelo aumento da taxa de transporte das espécies reagentes na superfície
metálica (SILVA 2009).
Elevadas taxas de escoamento geram uma grande tensão de cisalhamento
na parede. Esta tensão pode causar o aumento na taxa de corrosão pela remoção
de filmes protetores. Além disso, o óleo pode molhar preferencialmente a parede do
duto evitando a corrosão.
Outro efeito relatado na literatura é que dependendo do regime de fluxo e da
relação água/óleo, pode ocorrer uma diminuição da taxa de corrosão pela formação
de emulsão da água no óleo, evitando que esta entre em contato com o metal. Não
existe consenso sobre qual o valor limiar de fração de água que seja garantida uma
emulsão. Porém é citado que quando a mistura possui um valor máximo de 30 a
40% de água, a corrosão é consideravelmente reduzida (POTS 2005).
Deve-se ressaltar que a previsão do regime de fluxo para um dado fluido não
é tarefa simples e é tema de vários trabalhos na literatura. Basicamente as previsões
se baseiam na resolução de equações diferenciais de escoamento, através de
simulações numéricas ou observação direta em experimentos em escala real. Como
resultado, obtém-se diagramas como o da figura 2.6 que mostram o regime de fluxo
em função da velocidade superficial da fase líquida e da fase gasosa (ou vazão
mássica), diâmetro e ângulo de inclinação da tubulação.
21
0.01
0.1
1
10
0.01 0.1 1 10
Velocidade Superficial do Gás (m/s)
Vel
ocid
ade
Sup
erfic
ial d
o Lí
quid
o (m
/s)
Estratificado
Anular
Bolhas
Intermitente
Figura 2.11: Diagrama para a previsão do regime de fluxo em escoamento horizontal
(GARBER 2004)
2.3.4 Composição do Eletrólito
Um dos parâmetros que mais afeta a taxa de corrosão pelo CO2 é a
composição química da água. Em sistemas onde a água é originada de processo de
condensação, a composição tende a ser apenas a resultante da dissolução do ácido
carbônico na água (NESIC 2009). À medida que o processo corrosivo se intensifica,
aumenta o teor de ferro na água. Como geralmente a proporção de água
condensada é relativamente menor que a superfície de metal exposta, a água fica
rapidamente supersaturada de íons Fe2+.
Durante a produção de óleo, a água oriunda da formação do poço tem
composição bem mais complexa, podendo apresentar um elevado teor de sais
dissolvidos (>10% em peso). A tabela 2.4 mostra as espécies típicas dissolvidas na
água de formação.
22
Tabela 2.4: Espécies químicas típicas em água de formação (NESIC 2009).
Fórmula Nome
2CO Dióxido de carbono
22COH Ácido Carbônico
−3HCO Íon Bicarbonato
−23CO Íon Carbonato
+H Íon Hidrogênio
−OH Íon Hidróxido
+2Fe Íon Ferro
−Cl Íon Cloreto
+Na Íon Sódio
+K Íon Potássio
+2Ca Íon Cálcio
+2Mg Íon Magnésio
+2Ba Íon Bário
+2Sr Íon Estrôncio
COOHCH3 Ácido Acético
−COOCH3 Íon Acetato
−4HSO Íon Bissulfato
−24SO Íon Sulfato
O tipo de eletrólito vai interferir no cálculo do pH, já que o mesmo é baseado
em equações de equilíbrio para manter o sistema eletricamente neutro. Para um
mesmo valor de pH, a água de formação age como um eletrólito mais forte (maior
condutividade elétrica), podendo aumentar a taxa corrosão. Por outro lado, é citado
na literatura que um maior teor de sais diminui a solubilidade de gases corrosivos
(entre eles o CO2), o que em alguns casos, pode diminuir a taxa de corrosão. Este
efeito é mostrado na figura 2.12 abaixo.
23
0
0.5
1
1.5
2
2.5
0 5 10 15 20 25 30
Teor de NaCl (% em Peso)
Tax
a re
lativ
a de
cor
rosã
o (m
m/a
no)
Figura 2.12: Relação da taxa de corrosão com teor de NaCl (GENTIL 1994).
2.4 Modelos matemáticos para previsão da taxa de corrosão
A corrosão pelo CO2 tem sido tema de estudo de vários institutos de pesquisa,
gerando diferentes procedimentos e aplicativos para o cálculo da taxa de corrosão
(NYBORG 2002).
As vantagens deste tipo de aplicativo estão relacionadas à:
• Velocidade na comparação de resultados,
• Relacionar vários parâmetros ao mesmo tempo,
• Consolidação de um conhecimento.
Vários modelos matemáticos para previsão da taxa de corrosão pelo CO2 são
usados por engenheiros na indústria de óleo e gás. Alguns estão disponíveis na
literatura e outras são de propriedade privada (KAPUSCA 2004). O segundo grupo
de modelos é tipicamente uma variação de modelos disponíveis ou correlações
empíricas baseadas em experimentos.
Existem três categorias em que um modelo pode ser classificado em função do
embasamento teórico em que o mesmo foi desenvolvido:
• Mecanicista;
• Semi-empírico;
• Empírico.
24
Uma lista dos principais modelos para previsão da corrosão pelo CO2
desenvolvidos nos últimos anos é mostrada na tabela 2.5 bem como a sua
classificação.
Tabela 2.5: Diferentes modelos para previsão da taxa de corrosão pelo CO2 (WANG
2002)
Nome Instituição Tipo Ano
De Waard 75 Shell Mecanicista 1975
De Waard 91/93 Shell Semi-empírico 1991/1995
De Waard 95 Shell Semi-empírico 1995
Cassandra BP Semi-empírico 2001/2003
HYDROCOR® Shell Mecanicista 1995
NORSOK® Statoil/Saga/Hydro Empírico 1998
CORMED Elf Semi-empírico 1999
LIPUCOR Total Empírico 1979/1996
KSC Model IFE Mecanicista 1995
Ohio Model Universidade de Ohio Mecanicista 1995/2001
TULSA Model Universidade de Tulsa Mecanicista 1995
PREDICT InterCorr Semi-empírico 1996/2000
SweetCor Shell Semi-empírico 1995
ULL Model Universidade da Lousiana Semi-empírico 1984/2000
DREAM Universidade de oklahoma Mecanicista 1996/2000
ECE Model Intetech Semi-empírico 2003
OLI Model OLI Systems Mecanicista 2003
2.4.1 Modelo mecanicista
Estes modelos descrevem o mecanismo das reações e tem uma forte base
teórica. A maioria das constantes que aparecem neste tipo de modelo tem um claro
significado físico. Algumas constantes são facilmente encontradas na literatura,
enquanto outras devem ser obtidas por correlações entre dados experimentais com
resultados previstos. De acordo com estes modelos, o processo corrosivo ocorre nas
seguintes etapas:
• Dissolução do dióxido de carbono na água para formar diferentes
espécies que participam da reação química;
25
• Transporte destas espécies do interior da solução para a superfície do
metal;
• Reação eletroquímica (anódica e catódica) na superfície do metal;
• Difusão dos produtos de corrosão do metal para o interior da solução.
Quando calibrado com banco de dados de elevada qualidade, este tipo de
modelo permite tanto uma interpolação quanto extrapolação dos dados. A qualidade
neste caso esta associada ao controle das variáveis que geraram o valor de taxa de
corrosão e não a quantidade de experimentos realizados. É relativamente fácil se
adicionar novos dados com mínima modificação na estrutura não havendo
necessidade de se recalibrar todas as constantes (NESIC 2007).
Um dos primeiros modelos propostos, e mais largamente utilizado é o
desenvolvido por de Waard-Milliams em 1975 em experimentos em célula de vidro.
O resultado foi uma correlação da taxa de corrosão com a temperatura e pressão
parcial de CO2. Este modelo será mais bem descrito no Item 2.6.1
2.4.2 Modelo Semi-empírico
Neste modelo, apenas parte do desenvolvimento é baseado em hipóteses
teóricas bem consolidadas. Eles são elaborados para propósitos práticos e
estendidos para áreas onde o conhecimento teórico é insuficiente. Algumas das
constantes que aparecem nestes modelos têm um claro significado físico, enquanto
outras são colocadas arbitrariamente apenas para melhor ajustar os dados. Se estes
modelos forem calibrados com um grande e confiável número de dados, eles podem
oferecer um bom resultado de interpolação. No entanto, extrapolação pode levar a
resultados inválidos ou irreais. Novos dados podem ser adicionados com um
moderado esforço, normalmente pela adição de fatores ou por uma total/parcial
recalibração das constantes já existentes.
Um exemplo de modelo semi-empírico encontrado na literatura é o de Waard-
Milliams e colaboradores, criado em 1993, que consiste em melhoramentos do
modelo original pelo uso de fatores de correção. Este modelo será melhor descrito
no Item 2.6.2.
26
2.4.3 Modelo empírico
Estes modelos têm muito pouco embasamento teórico. A maioria das
constantes encontradas não tem nenhum significado físico, sendo apenas para
promover um melhor ajuste de dados experimentais. Quando este tipo de modelo é
calibrado com um elevado número de dados, pode gerar uma boa interpolação. No
entanto, qualquer extrapolação pode levar a resultados irreais, pois não existe
garantia que as correlações empíricas serão válidas fora dos limites de calibração.
Qualquer adição de novos dados requer a recalibração de todo o modelo.
Um dos modelos mais freqüentemente citados na literatura é o de Dugstad et
al, o qual usa exatamente a mesma base de dados do modelo de Waard-Milliams et
al. A aproximação inicial de Dugstad et al. foi determinar uma equação básica com
dependência da temperatura (a melhor aproximação polinomial) e então multiplicá-la
por um fator de correção para a pressão parcial de CO2, pH, velocidade (tensão de
cisalhamento) e conteúdo de Cr no aço. A equação básica tem um máximo na faixa
de alta temperatura, simulando o efeito da proteção do filme de carbonato de ferro.
O fator de correção para fluxo foi definido com uma função exponencial da tensão de
cisalhamento na parede. Os fatores de pH e PCO2 são similares aos utilizados por
de Waard e Lots. Este modelo empírico serviu de base para o modelo da
NORSOK®, que será melhor discutido no Item 2.6.
2.5 Incerteza nos modelos de corrosão
O uso de simuladores para a previsão da taxa de corrosão pelo CO2 levanta a
questão de quanto um cálculo matemático pode se aproximar de um dado real de
campo. Estudos de literatura mostram diferenças obtidas quando estes simuladores
são aplicados com os mesmos dados de entrada e comparados com dados de
campo (FERREIRA 2002). Um exemplo desta diferença é mostrado na figura 2.13,
onde um dado real de campo foi comparado com o resultado de diferentes modelos.
O resultado mostra uma considerável discrepância dos modelos entre si e com os
dados de campo usados como referência.
27
0
2
4
6
8
Med
ido
Mod
elo
1
Mod
elo
2
Mod
elo
3
Mod
elo
4
Mod
elo
5
Mod
elo
6
Mod
elo
7
Mod
elo
8
Mod
elo
9
Mod
elo
10
Mod
elo
11
Mod
elo
12
Mod
elo
13
Taxa
de
Cor
rosã
o (m
m/a
no)
Figura 2.13: Resultados obtidos com diferentes simuladores de corrosão.
Um variado número de razões é responsável pela imprecisão destes modelos,
entre elas podemos citar:
• Pouco conhecimento do mecanismo de corrosão;
• Dificuldade de se modelar fluxo multifásico;
• Falta de precisão em dados fundamentais para cálculos de cinética,
termodinâmica, escoamento e transferência de calor;
• Grande número de variáveis inter-relacionadas no processo corrosivo;
• Efeito de processos secundários como formação de camada protetora;
• Variação nos parâmetros de operação de campo;
• Baixa precisão nos dados de campo;
• Variações metalúrgicas nos materiais de construção.
De um modo geral as entradas em um simulador devem ser grandezas fáceis
de serem medidas, como por exemplo: a velocidade de escoamento das diferentes
fases no lugar da tensão de cisalhamento, pH no lugar do teor de bicarbonato,
pressão parcial de CO2 no lugar da fugacidade etc. (GUNALTUN 2003). Outra
questão é o fato que se a incerteza dos dados de campo pode ser maior do que
28
20%, como conseqüência o valor da taxa de corrosão medida em campo não tem
grande precisão (máximo de dois dígitos significativos)
A validação do modelo consiste em comparar os dados previstos com
resultados experimentais de testes de laboratório ou dados reais de campo. É
evidente que os dados usados para validação devem ser diferentes da base de
dados usada para desenvolver o modelo. Os dados usados para validação devem
ser de alta qualidade, o que significa que as condições de escoamento e
composição química do ambiente devem ser claramente definidas.
Normalmente, o objetivo dos testes de poço é determinar a quantidade e
proporções de hidrocarbonetos, sendo a determinação da quantidade de espécies
corrosivas de secundaria importância. O resultado disso é que a qualidade da
amostra fica comprometida. A análise de CO2 em medidas de teste de poço tem uma
razoável precisão, porém o valor de CO2 normalmente utilizado é aquele obtido
durante o processamento primário do petróleo no separador de teste o qual é menos
preciso.
Outra dificuldade é a obtenção da análise da água de produção, já que esta é
extremamente necessária para determinar a corrosividade do meio. No entanto, nem
sempre a água é coletada no teste e quando coletada, pode estar contaminada com
fluidos de perfuração ou completação. Se nenhuma água é coletada, então se pode
estimar a composição pela análise de outro poço. Porém, isso irá acrescentar um
erro na predição da corrosão.
A determinação do pH também é uma questão crítica, já que em geral não se
tem uma medida local do mesmo. Durante a análise da água na temperatura e
pressão ambiente, o pH medido não irá refletir valor o real do fluido dentro da
tubulação, já que as condições foram mudadas. Desta forma, é comum o uso de um
pH calculado na análise.
A pressão total é um parâmetro crítico para corrosividade, o valor de pressão
do reservatório é facilmente obtido e a variação de pressão ao longo da linha pode
ser simulada.
A temperatura é um dos parâmetros mais importantes e pode ser prevista
com uma razoável precisão. A temperatura, em geral não muda consideravelmente
ao longo da vida de um poço.
29
2.6 Modelo de Waard-Milliams
Este modelo foi desenvolvido por de Waard e colaboradores e foi largamente
utilizado na indústria do petróleo e gás. A primeira versão foi publicada em 1975 e
relacionava a taxa de corrosão apenas com a pressão parcial de CO2 e a
temperatura (de WAARD 1991). Inicialmente, ele foi desenvolvido apenas para
poços de gás e prevê a “pior taxa de corrosão” para uma dada condição. Este
modelo foi revisado e melhorado, com a adição de diferentes fatores de correção na
equação original. Em 1991, foram adicionados fatores para o efeito do pH, formação
de filme protetor, etc.
Em 1993, alguns fatores foram corrigidos e foi incluído o efeito da velocidade
do fluido. Em 1995, foi incluído o efeito do transporte de massa, e da composição
química do aço. O modelo de 1995 representa o melhor ajuste de um grande
número de dados de ensaios de taxa de corrosão do IFE (Institute for Energy
Technology).
2.6.1 Modelo de 1975
Desde que é conhecido que a corrosão é um fenômeno eletroquímico, os
primeiros trabalhos na simulação da taxa de corrosão consistiam em descrever o
processo eletroquímico na superfície do metal. Não existe consenso na literatura
sobre qual é a etapa controladora do processo corrosivo (de WAARD 1991).
O modelo original foi desenvolvido com uma série de experimentos em
autoclave com sistema de agitação. A solução de teste continha 0,1% de NaCl e o
material utilizado foi o aço carbono API 5L X52 (KERMANI 2003). Os únicos dois
parâmetros estudados foram a pressão parcial de CO2 e a temperatura. Como não
houve nenhuma clara evidência do efeito do fluxo, o modelo assumiu que a taxa de
corrosão é controlada pela cinética da reação de corrosão, ignorando o aspecto de
transporte de massa.
A premissa básica é que a taxa de corrosão é controlada pela redução do
H2CO3. A parcela que controla a reação por transferência de carga entre o aço
carbono e o ácido carbônico pode ser escrita da seguinte forma:
[ ] RT
En eCOHCTC
∆−
= 321 Equação 2.4
30
Onde n é a ordem da reação e [H2CO3] é a concentração do H2CO3
dissolvido, sendo assim obtida a equação 2.5 ou equação 2.6.
( ) RT
En epCOHCTC
∆−
= 21 .. Equação 2.5
Ou
( ) RT
En epCOCTC
´
22.∆
−=
Equação 2.6
Onde é assumido que a dependência da constante de Henry com a
temperatura pode ser aproximada por uma função exponencial. Aplicando logaritmo
e métodos de regressão linear temos equação 2.7 ou equação 2.8.
( ) ( )2log.67,01710
8,5log pCOT
TC +−= Equação 2.7
ou
( ) ( ) ( )2log.67,01000
.55,5
15,273
232096,7log pCO
T
TTC +−
+−=
Equação 2.8
As equações acima diferem no uso da fórmula que relaciona a constante de
Henry com a temperatura. Porém os resultados em termos de taxa de corrosão são
praticamente os mesmos, como mostra a figura 2.14.
31
0.01
0.1
1
10
100
0 20 40 60 80 100 120
Temperatura (°C)
Tax
a de
Cor
rosã
o (m
m/a
no)
de Waard - Milliams (1975) -0,01 bara de CO2
de Waard - Milliams (1991) -0,01 bara de CO2
de Waard - Milliams (1975) -0,1 bara de CO2
de Waard - Milliams (1991) -0,1 bara de CO2
de Waard - Milliams (1975) -1 bara de CO2
de Waard - Milliams (1991) -1 bara de CO2
Figura 2.14: Comparação das duas equações do modelo de Waard-Milliams
Outra forma utilizada para o cálculo da taxa de corrosão pelo CO2 com este
modelo é o uso de um monograma baseado nas equação 2.7 e equação 2.8 como
mostra a figura 2.15.
Figura 2.15: Monograma para previsão da taxa de corrosão (de WAARD 1991).
Uma conseqüência direta da fórmula é que a taxa de corrosão aumenta
proporcionalmente com a pressão parcial de CO2, independente de qualquer valor
de temperatura.
32
Muitos trabalhos sugerem que o expoente 67.0=n implica que a reação não
é controlada totalmente pela reação catódica, pois nesse caso n deveria ser igual a
1. A reação anódica depende do pH e da pressão de CO2.
O fator 67.0=n também se refere ao fato que se assume que o pH é uma
função apenas da pressão parcial de CO2, ou seja, toda a quantidade de H+ na
solução vem da dissociação do ácido carbônico. Enquanto isto é válido para
sistemas de água condensada/pura e CO2, pode não ser na presença de outras
espécies que estão normalmente presentes em água produzida. A dependência da
temperatura foi obtida se assumindo uma equação do tipo Arrhenius com um
processo controlado pela transferência de carga.
2.6.2 Modelo de 1991
O ponto inicial para a previsão das taxas de corrosão de aço carbono pelo
CO2 foi a equação de 1975, que pode ser simplificada para:
( ) ( )2log.67,01710
8,5log pCOT
TC +−= Equação 2.9
Os resultados de taxa de corrosão, que não geram valores muito diferentes
da equação antiga, representam o pior caso de taxa de corrosão. O modelo proposto
nesta etapa consiste em multiplicar o valor de taxa de corrosão (TC) por fatores
associados a um efeito físico ou químico, que pode provocar algum desvio da
equação. Cabe ressaltar que isso viola as suposições das quais a equação original
foi derivada, tornando o modelo semi-empírico (de WAARD 1991). Os efeitos
estudados foram:
• Efeito da pressão total;
• Efeito da formação de filme;
• Efeito do pH;
• Efeitos do hidrocarboneto;
• Efeito do Glicol;
• Efeito do inibidor.
33
2.6.2.1 Efeito da pressão total
O aumento da pressão total do gás gera um aumento da taxa de corrosão
devido ao aumento da pressão parcial de CO2. No entanto, com o aumento da
pressão a não-idealidade da fase gasosa irá aumentar e a fugacidade do gás deverá
ser usada no lugar da pressão parcial.
( ) ( )2log.67,01710
8,5log fCOT
TC +−= Equação 2.10
22 .pCOafCO = Equação 2.11
Onde:
a=coeficiente de fugacidade
O coeficiente de fugacidade (a ) pode ser calculado de maneira conservativa
resolvendo a equação de estado para uma mistura de CO2 e gás natural. Para o
sistema binário CO2-CH4 o resultado é apresentado na figura 2.16. Na presença de
outros gases, ocorrerá uma redução do coeficiente de fugacidade.
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Pressão Total do sistema (bara)
Coe
ficie
nte
de fu
gaci
dade
020
4060
80100120
140°C
Figura 2.16: Coeficiente de fugacidade em função da pressão total e temperatura (de
WAARD 1991).
O fator resultante pF é dado pela equação 2.12, sendo a taxa de corrosão
multiplicada por ele no final do cálculo.
34
PT
Fp
−= 4,10031,067,0)log(
Equação 2.12
2.6.2.2 Efeito de camadas protetoras
Um aumento na temperatura resulta em uma menor taxa de corrosão a partir
de um máximo. Esta é referenciada como sendo a temperatura de camada protetora
( cpT ). Nesta temperatura, o pH local e a concentração de Fe2+ na superfície do aço
são tais que uma camada protetora é formada. Isto vai depender da taxa
escoamento, sendo que uma elevada taxa de fluxo irá resultar em uma elevada
temperatura de camada protetora. Em compensação um elevado pH local irá
diminuir a temperatura de formação de camada protetora. As equações básicas para
o fator de camada protetora são baseadas no trabalho de Ikeda et al e são dadas
equação 2.13.
( ) ( ) 7,62log.6,02400
log −−= fCOT
Fcp Equação 2.13
Sendo o máximo valor de cpF igual à unidade. Este fator é multiplicado
diretamente pelo valor de taxa de corrosão (TC) na equação 2.14. A temperatura na
qual o valor 0)log( =cpF é chamada temperatura de camada protetora (em °K) sendo
definida pela equação 2.14.
( )2log.6,07,6
2400
fCOTcp +
= Equação 2.14
Nesta temperatura, a taxa de corrosão passa por um valor máximo. A
temperatura de camada protetora diminui com o aumento de pCO2. Para se definir o
fator de revestimento final, pode-se combinar a equação 2.13 e equação 2.14
resultando na equação 2.15.
Se T>TR então
( )
−=
cpcp TT
F11
2400log Equação 2.15
Do contrário:
35
cpF =1
É sugerido neste modelo que o cpF seja considerado 1 quando:
• Existir contado com água salgada por provocar instabilidade do filme;
• A velocidade do fluxo for maior que 20m/s.
2.6.2.3 Relação entre a concentração Fe2+ e pH
Dependendo da temperatura e pressão parcial de CO2, a corrosão do aço em
um sistema de CO2/água pode levar à formação tanto de FeCO3 como de Fe3O4
(dependendo das condições até a formação de Fe2O3 é possível).
Durante um experimento com um volume constante de água (a uma pressão
constante de CO2), a concentração Fe2+ aumentará enquanto a concentração de H+
irá diminuir até que a solução sature com FeCO3 ou Fe3O4. Esta precipitação não
necessariamente resulta em um filme protetor, podendo o processo corrosivo pode
continuar.
Quando ocorre a saturação com FeCO3 a concentração de Fe2+ e o valor de
pH não mudam para qualquer quantidade de ferro corroída. No entanto, quando
ocorre formação de Fe3O4 o pH e a concentração de Fe2+ podem continuar
aumentando na maioria dos casos.
Um primeiro cálculo de pH da solução é dado pela equação 2.16 que
considera apenas o CO2 dissolvido na água:
( ) ( )22 log.5,0.00417,071,3 fCOtCOáguapH −+=+ Equação 2.16
Observa-se que a taxa de corrosão freqüentemente aumenta com o tempo e
então atinge um máximo ou patamar. Hausler et al relataram a existência de um
estado estacionário da taxa de corrosão no qual é difícil manter o pH (de WAARD
1991). Neste ponto do teste, a superfície está completamente ativada. Porém, o pH
mudou do valor original calculado pela equação 2.16. Mais importante, é esperado
que o aumento de Fe2+ na solução também contribua para mudar a taxa de
corrosão. É considerado que a existência do patamar de taxa de corrosão coincida
com o ponto de saturação de FeCO3 ou Fe3O4.
36
Os dados da equação 2.9 são baseados em taxas de corrosão medidas no
estado estacionário, durante testes de volumes constantes com uma concentração
de Fe2+ chegando a valores necessários para a saturação de FeCO3 e Fe3O4,
enquanto o pH aumenta para um valor chamado pHsat.
Experimentalmente, o pH altera quando este patamar de taxa de corrosão
muda de valores de 0,5 a 1,6. Isto está de acordo com dados da literatura e pode ser
aproximado pelo menor valor entre a equação 2.17e a equação 2.18 sendo que o
menor valor se refere ao composto mais estável.
( )2log.17,015,273
130736,1 fCO
TpHsat −
++= .(para Fe3O4) Equação 2.17
( )2log.66,04,5 fCOpHsat −= (para FeCO3) Equação 2.18
O menor valor ser refere ao composto mais estável
2.6.2.4 Efeito do pH
A contaminação da solução de CO2 com produtos de corrosão reduz a taxa
de corrosão. Sem a presença de produtos de corrosão uma maior taxa de corrosão
seria possível. Com o objetivo de descrever este efeito, a mudança de pH pela
presença de Fe2+ foi escolhida como parâmetro, resultando na equação 2.19 e
equação 2.20.
Se pHrealpHsat> então:
( )pHrealpHsatFpH −= .32,0)log( Equação 2.19
Se pHrealpHsat< então:
( ) 6,1.13,0)log( pHsatpHrealFpH −−= Equação 2.20
Se pHrealpHsat= então:
1=FpH
37
É importante ressaltar que não é considerada a possível formação de CaCO3
para elevados valores de pH.
2.6.2.5 Fator de Óleo
A presença de óleo pode ter um efeito benéfico na corrosão pelo CO2, pois o
mesmo pode isolar o aço da água. Este efeito só é observado se a velocidade do
óleo for relativamente elevada. Neste modelo é incluído o fator de óleo que é dado
por:
Se água livre<30% e velocidade do óleo > 1m/s então 0=óleoF do contrário
1=óleoF
2.6.3 Modelo de 1993
Esta versão do modelo acrescenta o efeito da velocidade de fluxo do fluido na
taxa de corrosão. Nos modelos descritos anteriormente, os únicos efeitos da
velocidade do fluido são os de separação do óleo da água e da proteção pelos
produtos de corrosão. Basicamente, toda a reação de corrosão consiste em duas
etapas: o transporte da espécie corrosiva através da camada hidrodinâmica até o
metal (representada pelo coeficiente de transferência de massa Kmass) e a sua
reação com o metal (representada pela constante KReação). Assumindo-se um
gradiente de concentração linear da espécie corrosiva (H2CO3, por exemplo), a
relação entre a taxa de corrosão e a taxa de transporte pode ser representada por
um modelo de resistência como mostra a equação 2.21.
[ ]
massrmassr VVkk
COHTC
111
1132
+=
+=
Equação 2.21
Onde:
][ 32COH : Concentração de ácido carbônico
rk : Coeficiente de reação química
massk : Coeficiente de transporte de massa
rV : Velocidade da reação química
massV : Velocidade do transporte de massa
38
Para uma faixa de temperatura entre 20 e 80°C, a co ncentração de H2CO3
pode ser estimada a partir da pressão parcial de CO2 pela lei de Henry (ver equação
2.22 e equação 2.23).
[ ] 232 .pCOHCOH = Equação 2.22
onde
133,576,1088
log −=T
H Equação 2.23
O coeficiente de transporte de massa pode ser calculado pela lei de
Sherwood que é dada equação 2.24.
d
DkScSh mass== 3,08,0Re023,0
Equação 2.24
Com as constantes Re e Sc sendo definidas em função do regime de fluxo, a
partir das equações acima, a velocidade do transporte de massa pode ser dada pela
equação 2.25.
[ ]322,0
8,0
5,0
7,0
.023,0 COHd
UDVmass
iν=
Equação 2.25
Onde:
][ 32COH : Concentração de ácido carbônico
D : Coeficiente de difusão da espécie (m2/s)
U : Velocidade do fluxo da fase líquida (m/s);
id : Diâmetro hidráulico (m);
ν : Viscosidade cinemática (m2/s).
A viscosidade cinemática e o coeficiente de difusão são funções da
temperatura em (°C) e são dados respectivamente pel a equação 2.26 e equação
2.27.
39
( ) ( ) ( )6
105
10.001053,020.3272,1log −
+−−−=
T
tTν Equação 2.26
e
( ) 172 10/ −≅νT
smD Equação 2.27
A velocidade de reação foi calculada de acordo com a equação 2.28.
( ) ( )2log.67,01543
8,5log fCOT
Vr +−= Equação 2.28
Para um melhor ajuste dos dados, a equação 2.29 foi escrita com um
parâmetro c, multiplicando a velocidade de transporte de massa, como mostra a
equação 2.29.
açãomass VcV
TC
Re
111
+=
Equação 2.29
Onde 61062,2=c .
2.6.4 Modelo de 1995
O principal melhoramento do modelo de 1995 é que este considera o efeito da
composição química do aço utilizado (teor de C e Cr) e do tratamento térmico
realizado (temperado ou normalizado) (de WAARD 1995). A equação base é a
mesma do modelo de 1993 (ver equação 2.30)
açãomass VcV
TC
Re
111
+=
Equação 2.30
As velocidades de reação e transporte de massa são dadas pela equação
2.31e equação 2.32, respectivamente.
( ) ( ) ( )2Re2 .34,0log.58,01119
84,4log COalreação pHpHpCOT
V −−+−= Equação 2.31
40
‘ 22,0
8,0
..8,2 pCOd
UVmass =
Equação 2.32
Para aços normalizados, os efeitos dos teores de Cr e C são dados pelas
equação 2.33 e equação 2.34.
CrFTCTC .'= Equação 2.33
caçãoação FVV .ReRe '= Equação 2.34
Onde os fatores CrF e CF são calculados pela equação 2.35 e equação 2.36 e
respectivamente.
( ) CrFCr .%4,03,21
1
±+=
Equação 2.35
( ) CFC .%4,15,41 ±+= Equação 2.36
Para aços temperados e revenidos, são utilizadas as equação 2.37 e equação
2.38
CrFTCTC .'= Equação 2.37
caçãoação FVV .ReRe '= Equação 2.38
Onde os fatores CrF e CF são calculados pela equação 2.39 e equação 2.40
respectivamente.
( ) CrFCr .%4,04,11
1
±+=
Equação 2.39
1=CF Equação 2.40
41
2.6.5 Discussão do modelo de Waard-Milliams
O modelo promove fatores de correção a serem aplicados na equação 2.9
para obter um valor conservativo da taxa de corrosão. A correção ocorre quando os
fatores são diferentes de 1, sendo que mais de um fator pode ser utilizado. Porem
não são utilizados todos os fatores ao mesmo tempo.
A combinação do fator de camada protetora ( cpF ) do fator de condensação
( condF ) é mutuamente exclusiva, pois os dois falam em proteção a partir da formação
da camada protetora. Começando com uma baixa temperatura de filme, o aumento
da temperatura irá mudar a textura do filme tornando-o mais aderente. O seguinte
ponto de vista conservativo é incorporado no modelo: quando a temperatura de filme
é excedida, a taxa de corrosão é mantida constante a um valor de TC x condF na
T= cpT até a temperatura atingir uma taxa que seja maior do que TC x cpF . Embora
seja provável que a taxa de corrosão diminua quando a temperatura de filme é
excedida, nenhuma redução é considerada até o cpF sozinho prever uma redução
na taxa de corrosão.
A combinação de cpF . e pHF não é permitida neste modelo. A taxa de
corrosão do aço com camada protetora é mais controlada pelo pH e concentração
de Fe2+ . Por esta razão pHF é 1 quando cpF <1.
A combinação de GlicolF e condF ao mesmo tempo é permitida desde seja
provado que o aço seja exposto ao glicol na presença de filmes de FeCO3 e Fe3O4.
A combinação de GlicolF e pHF é permitida, pois experimentos mostram que estes
efeitos são independentes, assim como GlicolF e cpF .
2.6.6 Limitações no modelo de Waard-Milliams
O modelo de Waard-Milliams se mostrou inadequado para várias situações de
campo, pois ele não foi baseado completamente no mecanismo de corrosão pelo
CO2 e processo de transferência de massa. O modelo foi originalmente desenvolvido
42
usando experimentos de perda de massa em corpos de prova cilíndricos em solução
saturada de CO2 com agitação.
Existem três espécies presentes em uma solução contendo CO2, são elas
H2CO3, HCO- 3 e H+, que fazem parte das reações catódicas. A contribuição de cada
uma destas espécies é muito importante para o processo corrosivo. Cada uma
possui diferentes cinéticas de transferência de massa e de reação e contribuem em
diferentes níveis na reação geral de corrosão.
A maioria dos modelos que tentam simula a taxa de corrosão citados na
literatura consideram apenas a cinética de transferência de massa e de reação de
uma espécie (em geral do H2CO3 ou H+). Outra questão a ser levada em conta é que
os modelos de 1991 e 1993 não previam a presença de água de formação, o que
pode superestimar o efeito da formação de camadas protetoras.
2.7 Programas estudados
Para este trabalho, serão feitas comparações entre dois programas
comerciais para previsão da taxa de corrosão pelo CO2, sendo os programas
escolhidos foram:
• HYDROCOR®
• NORSOK®
Os dois aplicativos possuem uma série de possibilidades de trabalho e uma
descrição completa de cada um foge do escopo deste trabalho. Segue abaixo uma
descrição resumida de cada programa.
2.7.1 HYDROCOR®
Este programa foi desenvolvido pela Shell Global Solutions para combinar os
efeitos do escoamento do fluido e molhabilidade do óleo na taxa de corrosão. Este
modelo é composto de vários módulos para determinar o regime de fluxo multifásico,
pH, e tendência de precipitação de carbonato de ferro (POTS 2005). O programa foi
desenvolvido, a princípio, para calcular a taxa de corrosão ao longo de tubulações
ou dutos. O desenvolvimento foi feito em FORTRAN, com interface com o MS
EXCEL.
43
O programa possui módulos para calcular a taxa de corrosão pelos os
seguintes mecanismos:
• Corrosão pelo CO2;
• Corrosão pelo CO2/H2S;
• Corrosão pelo H2S;
• Efeito de ácidos orgânicos;
• Efeito do oxigênio;
• Efeito microbiológico.
Originalmente, o modelo de cálculo foi baseado no trabalho de Waard-
Milliams, sendo constantemente modificado ao longo do tempo. A evolução do
modelo segue a seguinte ordem:
• 1991-HYDROCOR® 1991: Baseado no modelo de Waard de 1991;
• 1995-HYDROCOR® IFE: Baseado no ajuste de dados do IFE;
• 1995-HYDROCOR® LCR: Baseado no modelo LCR (Limiting Corrosion Rate).
O modelo LCR é um modelo mecanicista que parte da premissa de que a taxa
de corrosão é controlada pela transferência de massa, produção de prótons e
ácido carbônico na superfície do metal;
• 1995-HYDROCOR® LCR+: Combinação do modelo LCR com equações de
eletroquímica para diminuir o conservadorismo do modelo LCR original;
• 1999-HYDROCOR® LCR+99: Versão atual em utilização.
O ponto de partida do modelo é a corrosão do ferro sem o efeito de camadas
protetoras ou da proteção do filme de óleo. Estes efeitos são considerados na etapa
seguinte. O modelo que é usado é a combinação do modelo Limiting Corrosion Rate
(LCR) e o modelo de cinética de reação eletroquímica do potencial misto. Este último
considera o transporte das espécies até a camada de contorno usando princípios
eletroquímicos. O modelo LCR atua de forma a limitar a taxa de corrosão por
considerar a etapa de transporte das espécies até a superfície metálica a ser
corroída (POTS 2002).
A seguir serão discutidos os principais aspectos do programa bem como suas
premissas básicas no que ser refere apenas à corrosão pelo CO2.
44
2.7.1.1 Efeito da pressão total
Para elevados valores de pressão total, torna-se mais correto utilizar o valor
de fugacidade do gás ao invés do valor de pressão parcial. O valor de fugacidade é
obtido ao se multiplicar o valor de pressão parcial pelo mesmo fator de correção da
figura 2.16.
2.7.1.2 Efeito de camadas protetoras
O programa considera o efeito de camadas protetoras na redução da taxa de
corrosão com o conceito de tendência de formação de camada (TFC), sendo este
parâmetro dado pela equação 2.41.
TC
TTFC ecp.Pr=
Equação 2.41
Onde:
TFC : Tendência de formação de camada;
.PrecipT : Taxa de precipitação da camada protetora;
TC : Taxa de corrosão.
O fator de redução será utilizado apenas quando for TFC> 0,5. As condições
que favorecem uma elevada tendência de formação de camada são: elevada
temperatura, baixa velocidade de fluxo, elevado nível de bicarbonato (elevado pH), e
elevado nível de Fe2+.
O resultado é o gráfico da figura 2.17, onde esta apresentado o fator de
camada protetora em função da temperatura e da pressão parcial de CO2. Este valor
é multiplicado pela taxa de corrosão, reduzindo-a mesma. Em situações onde o TFC
>1, a taxa de corrosão é controlada pelo teor de Fe2+ na solução.
Nenhum fator de proteção é assumido quando é considerada a existência de
água de formação. A razão disso é que o cloreto existente na água de formação
tende a tornar a camada protetora instável.
45
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
Temperatura (°C)
Fat
or d
e ca
mad
a pr
oter
ora
0,2 bara de CO225 0,51
Figura 2.17: Fator de formação de camada protetora em função da pressão de
CO2 e temperatura.
2.7.1.3 Efeito da molhabilidade do óleo
O programa considera o efeito protetor do óleo para um teor de água livre
menor que 40%, sendo que nesta condição nenhuma corrosão é prevista. Para
teores de água livre maiores que 40%, o fator de proteção pelo óleo ( óleoF ) é dado
pela equação 2.42.
100
% LivreÁguaFóleo =
Equação 2.42
A proteção do óleo na superfície do metal tem relação com a capacidade do
óleo formar uma mistura emulsionada com a água. Esta capacidade é função do
regime de fluxo e da velocidade da fase líquida. O programa considera as condições
da tabela 2.6 para a formação de camada protetora.
Tabela 2.6: Condições para a formação de emulsão de água/óleo.
Regime Velocidade para emulsão
Estratificado >1,5 m/s
Bolhas dispersas Qualquer
Intermitente >1,5 m/s
Anular Nenhuma
46
2.7.2 NORSOK®
Consiste em um modelo empírico baseado em dados de laboratório a baixas
temperaturas, combinado com dados de campo em temperaturas acima de 100°C. O
modelo foi desenvolvido pelas empresas norueguesas de petróleo, Norwegian oil
companies Statoil, Hydro e Saga Petroleum, e se tornou uma norma da indústria do
petróleo da Noruega.
A planilha com o modelo é distribuída livremente e desenvolvida em MS
Excel. O banco de dados para ajuste do modelo é o mesmo utilizado no modelo de
Waard-Milliams 95. Porém inclui dados de experimentos nas temperaturas de 100 a
150°C do IFE. Este modelo é mais sensível ao efeito da formação de camadas
protetoras e à mudança de pH do que o modelo de Waard-Milliams.
Para o desenvolvimento do modelo as seguintes condições de contorno foram
usadas:
• Apenas corpos-de-prova que apresentaram corrosão generalizada;
• Faixa de temperatura de 20 a 160°C;
• Faixa de pH entre 3,5 e 6,5;
• Faixa de tensão de cisalhamento entre 1 a 150 Pa;
• Sem a presença de Ca ou ácido acético;
• Baixo conteúdo de ferro;
• Sem a presença de H2S.
O modelo da NORSOK® tem como principais entradas o pH, a fugacidade do
CO2, temperatura e a tensão cisalhante na parede, nesta ordem de importância. As
equações básicas para a previsão da taxa de corrosão serão descritas a seguir
(HALVORSEN 1999).
2.7.2.1 Efeito da pressão total
Semelhante ao modelo de Waard-Milliams e ao HYDROCOR®, o NORSOK®
também possui um fator para correção da pressão parcial para fugacidade. O fator é
dado pela equação 2.43.
( )( )15,2734,10031,0.10 +−= TPa Equação 2.43
47
Onde:
a=Coeficiente de fugacidade
P =Pressão total em bara (limitada em 250 bara);
T =temperatura em °C;
O valor de pressão parcial de CO2 é multiplicado pelo fator a para gerar o
valor de fugacidade. O valor do coeficiente de fugacidade (a ) é mantido constante a
partir do valor de pressão total de 250 bara.
2.7.2.2 Cálculo da taxa de corrosão
A equação básica usada para prever a taxa de corrosão é dada pela equação
2.44.
pHpCOT FFFFTC ...2 τ= Equação 2.44
Onde:
TC = Taxa de corrosão (mm/ano);
TF = Fator de correção para a temperatura;
2pCOF = Fator de correção para a pressão parcial de CO2;
τF = Fator de correção para a tensão de cisalhamento;
pHF = Fator de correção para o pH.
Como descrito anteriormente, o programa tem um caráter empírico sendo
que cada fator foi desenvolvido e calculado para promover a melhor correlação
empírica dos dados experimentais. Os fatores 2pCOF e τF são calculados pela
equação 2.45 e equação 2.46 respectivamente.
( ) 62,022
pCOFpCO = Equação 2.45
( ))*log(0324,0146,0 2
19
pCO
F+
= ττ
Equação 2.46
48
O fator TF (ver tabela 2.7) está relacionado com o efeito da temperatura na
taxa de corrosão.
Tabela 2.7: Valores do fator TF em função da temperatura
Temperatura (°C) F T
5 0,420
15 1,590
20 4,762
40 8,927
60 10,695
80 9,949
90 6,250
120 7,770
150 5,203
O fator pHF está relacionado com o fato que um elevado pH pode diminuir a
taxa de corrosão e tende a estabilizar a camada protetora de carbonato de ferro.
Porém, durante as simulações o programa não discrimina qual dos dois efeitos esta
sendo mais efetivo. Os valores de pHF desenvolvidos estão apresentados na tabela
2.8.
De acordo com os resultados da tabela 2.8, observa-se que abaixo de
determinado valor de pH, o pH não afeta a taxa de corrosão. De fato, o efeito do pH
é insignificante abaixo de um valor de 4,5 para um intervalo de temperatura entre 20
e 90°C, 4,3 para 120°C e 3,8 para 150°C. Nestas con dições, nenhum efeito de
camada protetora é assumido (HALVORSEN 1999).
49
Tabela 2.8: Valores do fator pHF em função da temperatura e do pH
Temperatura (°C) pH FpH
5 3,5 < pH < 4,6 f(pH) = 2,0676 - (0,2309 x pH) 5 4,6 < pH < 6,5 f(pH) = 4,342 - (1,051 x pH) + (0,0708 x pH2) 15 3,5 < pH < 4,6 f(pH) = 2,0676 - (0,2309 x pH) 15 4,6 < pH < 6,5 f(pH) = 4,986 - (1,191 x pH) + (0,0708 x pH2) 20 3,5 < pH < 4,6 f(pH) = 2,0676 - (0,2309 x pH) 20 4,6 < pH < 6,5 f(pH) = 5,1885 - (1,2353 x pH) + (0,0708 x pH2) 40 3,5 < pH < 4,6 f(pH) = 2,0676 - (0,2309 x pH) 40 4,6 < pH < 6,5 f(pH) = 5,1885 - (1,2353 x pH) + (0,0708 x pH2) 60 3,5 < pH < 4,6 f(pH) = 1,836 - (0,1818 x pH) 60 4,6 < pH < 6,5 f(pH) = 15,444 - (6,1291 x pH) + (0,8204 x pH2) - (0,0371 x pH3) 80 3,5 < pH < 4,6 f(pH) = 2,6727 - (0,3636 x pH) 80 4,6 < pH < 6,5 f(pH) = 331,68 x exp(-1,2618 x pH) 90 3,5< pH < 4,57 f(pH) = 3,1355 - (0,4673 x pH) 90 4,57< pH < 5,62 f(pH) = 21254 x exp(-2,1811 x pH) 90 5,62 < pH < 6,5 f(pH) = 0,4014 - (0,0538 x pH) 120 3,5 < pH < 4,3 f(pH) = 1,5375 - (0,125 x pH) 120 4,3 < pH < 5 f(pH) = 5,9757 - (1,157 x pH) 120 5 < pH < 6,5 f(pH) = 0,546125 - (0,071225 x pH) 150 3,5 < pH < 3,8 f(pH) = 1 150 3,8 < pH < 5 f(pH) = 17,634 - (7,0945 x pH) + (0,715 x pH2) 150 5 < pH < 6,5 f(pH) = 0,037
Tanto o valor de pH como o da tensão de cisalhamento podem ser informados
diretamente no programa ou calculados separadamente. A base do cálculo de cada
um é mostrada abaixo.
2.7.2.3 Cálculo do pH
O valor de pH é calculado a partir dos dados de temperatura, pressão de CO2
e teor de bicarbonato. O programa gera três possíveis valores de pH:
• pH para água de formação;
• pH para água condensada;
• pH para água condensada com solução saturada de Fe2+.
As constantes de equilíbrio de cada reação do CO2 em contato com a água
são mostradas na tabela 2.9. Estas constantes de equilíbrio são retiradas da
literatura e geralmente são funções da temperatura e da força iônica da solução
sendo esta última dada pela equação 2.47.
50
∑=i
ii zmI 2.2
1
Equação 2.47
Onde mi é a concentração molar do enésimo íon na solução, e zi é a sua
carga. No modelo considera-se a presença de NaCl, sendo as cargas dos íons
envolvido igual a 1, e a força iônica neste caso se refere à própria concentração de
NaCl.
Tabela 2.9: Constantes de equilíbrio das principais reações para o cálculo do
pH(NESIC 2001)
Reação Constante de equilíbrio
( ) ( )aqg COCO 22 = 2
2
CO
COH P
CK =
( ) 3222 COHOHCO g =+ 2
32
0CO
COH
C
CK =
−+ += 332 HCOHCOH 32
3
1COH
HHCO
C
CCK
+−
=
−+− += 233 COHHCO
−
+−
=3
23
2
HCO
HCO
C
CCK
−+ += OHHOH 2 −+=OHHW CCK
A premissa básica é que os únicos sais presentes na água são o NaCl e
NaHCO3. A partir da dissolução destes sais na água, para uma solução
eletricamente neutra, chega-se a equação 2.48.
+−−−++ +++=+ClOHCOHCOHNa
CCCCCC 233
2 Equação 2.48
E considerando: −+ +→ ClNaNaCl
−+ +→ 33 HCONaNaHCO
51
−+ −= ClNaC Bicarb.0 Equação 2.49
Onde C0.Bicarb é a quantidade bicarbonato adicionado. Substituindo na
equação 2.48 juntamente com as constantes de equilíbrio, obtém-se a equação
2.50.
02)(22 210210
2.0
3 =−+−+ +++ COHHWCOHHBicarbHpKKKKCKpKKKKCCC Equação 2.50
Onde a raiz deste polinômio é a concentração de H+ que vai gerar o valor de
pH da água de formação. Para o pH de água condensada é realizado o mesmo
cálculo, porém com a solução sem adição de bicarbonato e constantes de equilíbrio
com força iônica zero (água sem sais). Sendo KPS o produto de solubilidade do
carbonato de ferro, o pH da água condensada saturada com íons Fe2+ é dado pela
equação 2.51.
02)(2
22
2
2102102
.034
210
=−+−++ ++++ COHHWCOHHBicarbHHCOH
PS pKKKKCKpKKKKCCCCpKKKK
K
Equação 2.51
2.7.2.4 Cálculo da tensão de cisalhamento
O modelo da NORSOK® possui um módulo para o cálculo da tensão de
cisalhamento na superfície da tubulação. A definição matemática para a tensão de
cisalhamento que um fluido exerce em uma superfície fixa é dada pela equação
2.52.
∂∂=
y
υµτ Equação 2.52
onde:
τ =Tensão de cisalhamento [Pa]
υ =Velocidade do Fluido [m/s]
µ =Viscosidade cinemática em [Pa.s]
y =Distancia da superfície [m]
52
A tensão de cisalhamento interfere na estabilidade do filme de carbonato de
ferro e é função principalmente da proporção e das velocidades das fases evolvidas.
O cálculo segue a seguinte seqüência abaixo:
25,0 mm f υρτ ×××= Equação 2.53
onde:
τ =Tensão de cisalhamento [Pa]
mρ =densidade média [kg/m3]
mυ =Velocidade média da mistura [m/s]
f =Fator de fricção
E sendo o fator de fricção dado por:
++=
33,0
6
Re
110200001001375,0
md
kf
Equação 2.54
onde:
k =Rugosidade;
d =Diâmetro;
mRe =Número de Reynolds médio da mistura;
Para o cálculo do número de Reynolds, vários parâmetros de escoamento são
utilizados, tais como velocidade, viscosidades e densidades de cada fase. Também
é utilizada a proporção de cada fase durante o escoamento. Deve se chamar a
atenção para o fato que o programa, em nenhum momento, apresenta efeito de
molhabilidade do óleo, o que pode produzir valores de taxas de corrosão
relativamente elevados, comparadas com a prática. Em compensação, para valores
de tensão de cisalhamento elevados, o programa pode subestimar a taxa de
corrosão pelo fato que, nestas condições, começa a ocorrer o risco de corrosão
localizada e o programa foi desenvolvido para corrosão uniforme (OLSEN 2003).
53
3 PROCEDIMENTO
Para este trabalho será realizada uma análise comparativa dos dois
aplicativos citados anteriormente juntamente com o modelo de Waard-Milliams. O
objetivo é mostrar as principais diferenças entre os resultados de taxa de corrosão
quando diferentes parâmetros de entrada são colocados. Em seguida, será feita
uma comparação com os dados de campo para se determinar a capacidade de cada
aplicativo em prever a taxa de corrosão.
Como descrito anteriormente, o pH é um dos principais parâmetros para se
determinar a corrosividade de um eletrólito. Desta forma, se torna importante
comparar o valor de pH gerado por cada aplicativo. O modelo de Waard-Milliams por
não possuir um módulo para cálculo de pH, não será considerado nesta parte do
trabalho.
Para a simulação, foram montadas duas matrizes de testes: uma para
verificar o efeito das variáveis no pH e outra para simular a taxa de corrosão
comparando o efeito da formação de camada protetora. A matriz de dados de
entrada, de forma a se contabilizar o efeito de cada variável o valor de pH esta
apresentada na tabela 3.1.
Tabela 3.1: Matriz de dados para simulação do pH
Temperatura
(°C)
Pressão de CO 2
(bara)
Teor de bicarbonato
(mg/L)
Tipo de água
20 0.01 0
40 0.1 10
60 1 100
Formação
80 10 1000
100 100 10000
120
Condensada
54
A segunda matriz de dados para a simulação do efeito da formação de
camada protetora esta apresentada na tabela 3.2. O resultado obtido é um gráfico
de taxa de corrosão por temperatura para uma determinada pressão de CO2 e pH.
Os valores de pressão parcial e pH escolhidos são mostrados abaixo:
Tabela 3.2: Matriz para a simulação do efeito de formação de camada protetora.
Temperatura (°C) Pressão de CO 2 (bara) pH Tipo de água
0,1 5,5 Formação
1 6,0 Condensada De 20 a 120
10 6,5
A terceira matriz é composta por 1.344 casos pela combinação dos
parâmetros supostos na tabela 3.3. Esta parte do trabalho tem por objetivo
determinar o quanto os simuladores diferem na obtenção da taxa de corrosão, ou
seja, se os resultados diferem na ordem de grandeza e se o pior caso em um
simulador equivale ao pior caso no outro.
Tabela 3.3: Matriz para simulação das taxas de corrosão.
Temperatura
(°C)
Pressão de
CO2 (bara)
Bicarbonato
(mg/L)
Teor de água
livre (%)
Velocidade do
Líquido (m 3/d)
Velocidade do
Gás (MSm 3/d)
Diâmetro
(mm)
20 0,01 10 20 100 0,01 100
40 0,1 100 50 1000 0,1
60 1 1000 90
70 10 10000
80
90
100
A seleção dos casos de estudo (dados de campo) para a comparação com os
dados simulados, seguiu os seguintes critérios:
• Sistemas apenas com corrosão pelo CO2;
• Sem injeção de inibidor de corrosão;
• Monitoração por cupons de perda de massa.
55
Os dados de campo escolhidos foram baseados em medidas de cupons de
perda de massa que foram feitas periodicamente (em média a cada 3 meses). Estes
dados são obtidos através da base de dados da PETROBRAS, através do software
CupomNet. O CupomNet é um software de gerenciamento da taxa de corrosão
obtida através da técnica de monitoração por cupons de perda de massa. Este
software foi desenvolvido em ambiente web (intranet) para controlar o processo de
monitoração interna dos sistemas de produção e escoamento de petróleo na
PETROBRAS (SIMOR 2002).
Juntamente com os valores de taxa de corrosão foi feito um levantamento de
análises de água produzida e composição de CO2 na fase gasosa a fim de se
determinar os principais parâmetros para alimentar os programas.
Os parâmetros levantados foram:
• Pressão total (bara);
• Temperatura (°C);
• Teor de CO2 (%);
• Teor de bicarbonato (mg/L);
• Teor de água (%);
• Teor de água livre (%);
• Vazão de produção de óleo (m3/dia);
• Vazão de produção de gás (MMm3/dia);
Cabe ressaltar que como o objetivo deste trabalho é determinar se os
aplicativos estudados conseguem prever uma taxa de corrosão medida na prática,
todos os valores dos parâmetros levantados se referem as condições que o cupom
de corrosão foi submetido. Os cenários escolhidos para o estudo são mostrados
abaixo na tabela 3.4 e se referem a um determinado campo de produção.
Tabela 3.4: Casos estudados para análise dos simuladores.
Parâmetro Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3
Nível de CO2 (%) 2% 0.2% 0.2% Nível de Bicarb. (mg/L) 400 350 200 Temperatura (°C) 40 a 90°C 40 a 50°C 40 a 60°C Pressão (bara) 21 a 60 bara 21 a 60 bara 21 a 60 bara Corrosividade Moderada/Severa Baixa/Moderada Baixa/Moderada Taxa de corrosão(mm/ano) 0.3 mm/ano 0.05 mm/ano 0.008 mm/ano
56
3.1 Tratamento estatístico dos dados de campo
Os valores da taxa de corrosão coletados, por serem dados de campo,
apresentam uma elevada dispersão ao longo do tempo. Isso se deve ao fato que os
pontos de monitoração estão sujeitos às mudanças e alterações do processo. Em
virtude disso, foi necessária uma análise estatística de maneira a filtrar mudanças
muito bruscas na taxa de corrosão originadas por mudanças de processo.
O parâmetro escolhido foi a média móvel simples, que se aplica melhor
quando não existe uma tendência clara no comportamento dos dados. O método
consiste em fazer uma média dos valores mais recentes, de maneira que à medida
que se avança um período de tempo especifico, uma nova média é calculada,
adicionando a nova observação e deixando cair a mais antiga. O método de médias
móveis replica de uma forma mais eficiente algumas séries do que funções
matemáticas complicadas. O cálculo é dado pela equação 3.1.
p
NNNNNMMS nn +++++= −1321 ...
Equação 3.1
onde:
MMS : Média móvel simples dos valores
p : Período
N : Valores medidos
Um exemplo da utilidade da média móvel é mostrado na figura 3.1, onde uma
seqüência de medidas foi plotada em função do tempo. Fica claro que no período de
entre 1200 e 1600 dias os dados apresentaram uma forte dispersão, caracterizada
por elevações e reduções bruscas nos valores de taxa de corrosão. O uso da média
móvel com p=4 é uma maneira de minimizar estes picos, suavizando a forma da
curva.
57
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
0.35
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800
Tempo (Dias)
Tax
a de
cor
rosã
o (m
m/a
no)
Valores
Média Móvel-(n=4)
Figura 3.1: Figura esquemática mostrando o uso da média móvel.
Os valores coletados de campo bem como as medias moveis calculadas são
mostradas no anexo I.
Após este tratamento, foram feitas simulações com os programas para
obtenção do valor de taxa de corrosão calculada. Estes valores foram plotados em
um gráfico de taxa calculada versus taxa real, com uma faixa de erro de 50%. A
tabela com os resultados das simulações esta apresentado no anexo II. Por ultimo
foi feita uma regressão linear com os dados de campo em uma tentativa de se
avaliar o real peso que cada variável apresentou no processo corrosivo.
58
4 RESULTADOS E DICUSSÕES
4.1 Comparação dos modelos
4.1.1 Comparação dos valores de pH
Os resultados da simulação de pH são mostrados nas figura 4.1 e figura 4.2
para o NORSOK e figura 4.3 e figura 4.4 para o HYDORCOR. O cálculo de pH do
HYDROCOR® apresenta valores levemente mais elevados do que os do NORSOK®
(em 0,3 unidades) para o caso de água de formação.
Para o caso de água condensada, como já foi comentado antes, o NORSOK®
não permite colocar bicarbonato na água condensada. Sendo assim, a única curva
para este caso é a de 0 mg/L de bicarbonato. Esta curva quando comparada com o
do HYDROCOR® ficou com o pH levemente mais ácido, sendo os valores quase
equivalentes. Para o caso do pH saturado com ferro, os valores ficaram bem
elevados (cerca de 1,5 de diferença) e foram independentes da temperatura.
Para o HYDROCOR® a diferença entre o pH da água condensada e água de
formação foi bem pequena mostrando que o HYDROCOR® praticamente não faz
distinção entre as duas.
59
pH-água de Formação-NORSOK
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
0,01 0,1 1 10 100
Pressão Parcial de CO 2 (bara)
pH
1
2
3 4 5
Figura 4.1: Variação do pH em função da pressão parcial de CO2, teor de
bicarbonato e temperatura em água de formação. NORSOK®
pH-Água Condensada-NORSOK
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
0,01 0,1 1 10 100
Pressão Parcial de CO 2 (bara)
pH
Solução saturada de Fe2+ para temperatura de 20 a 120°C
1
Figura 4.2: Variação do pH em função da pressão parcial de CO2, teor de
bicarbonato e temperatura em água condensada. NORSOK®
60
pH-Água de Formação-HYDROCOR
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
0,01 0,1 1 10 100
Pressão Parcial de CO 2 (bara)
pH
1
2
3 4 5
Figura 4.3: Variação do pH em função da pressão parcial de CO2, teor de
bicarbonato e temperatura em água de formação. HYDROCOR®
pH-água Condensada-HYDROCOR
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
0,01 0,1 1 10 100
Pressão Parcial de CO 2 (bara)
pH
1
2
3 4 5
Figura 4.4: Variação do pH em função da pressão parcial de CO2, teor de
bicarbonato e temperatura em água condensada. HYDROCOR®
61
4.1.2 Efeito da formação de camada protetora
São mostrados abaixo os resultados das simulações para se determinar o
efeito da camada protetora na taxa de corrosão nas figura 4.5, figura 4.6 e figura 4.7
para o HYDROCOR e figura 4.8, figura 4.9 e figura 4.10 para o NORSOK.
O HYDROCOR® não apresentou nenhum efeito de camada protetora quando
as simulações foram feitas com água de formação. Este resultado foi independente
do pH e faixa de temperatura utilizada. Os gráficos mostram uma estabilização da
taxa de corrosão na temperatura de 80°C, e voltando a aumentar a partir de 100°C.
Isto é devido ao modelo considerar a etapa de transporte da espécie corrosiva ate a
superfície do metal, retardando assim o aumento da taxa de corrosão.
Quando foi utilizada água condensada (água de baixa salinidade), foi
contabilizado o efeito de camada protetora pelo programa. Este efeito foi mais
pronunciado à medida que os valores de pressões de CO2 e pH aumentavam.
Pressão de CO2= 0.1baraÁgua Condensada
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Temperatura (°C)
Tax
a de
Cor
rosã
o (m
m/a
no) pH=5.5
pH=6.0pH=6.5
'
Pressão de CO2= 0.1baraÁgua de Formação
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Temperatura (°C)
Tax
a de
Cor
rosã
o (m
m/a
no) pH=5.5
pH=6.0pH=6.5
'
(a) (b)
Figura 4.5: Efeito da formação de camada protetora em função da temperatura e do
pH para pressão parcial de CO2 de 0,1 bara. (a) água condensada. (b)
água de formação. (HYDROCOR®)
Pressão de CO2= 1baraÁgua Condensada
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Temperatura (°C)
Tax
a de
Cor
rosã
o (m
m/a
no) pH=5.5
pH=6.0pH=6.5
'
Pressão de CO2= 1baraÁgua de Formação
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Temperatura (°C)
Tax
a de
Cor
rosã
o (m
m/a
no) pH=5.5
pH=6.0pH=6.5
(a) (b)
62
Figura 4.6: Efeito da formação de camada protetora em função da temperatura e do
pH para pressão parcial de CO2 de 1 bara. (a) água condensada. (b)
água de formação. (HYDROCOR®)
Pressão de CO2=10 baraÁgua Condensada
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Temperatura (°C)
Tax
a de
Cor
rosã
o (m
m/a
no)
pH=5.5pH=6.0pH=6.5
Pressão de CO2=10 baraÁgua de Formação
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Temperatura (°C)
Tax
a de
Cor
rosã
o (m
m/a
no) pH=5.5
pH=6.0pH=6.5
(a) (b)
Figura 4.7: Efeito da formação de camada protetora em função da temperatura e do
pH para pressão parcial de CO2 de 10 bara. (a) água condensada. (b)
água de formação. (HYDROCOR®)
Para o caso do NORSOK®, não existe diferenciação da taxa de corrosão
obtida em água condensada ou água de formação (esta informação é utilizada
apenas para o cálculo de pH).
Em todos os casos, a taxa de corrosão aumentou com a temperatura até o
valor de 40°C. Em seguida, houve uma primeira queda até o valor de 80°C e a partir
deste ponto houve uma segunda queda bem mais abrupta. É provável que o efeito
da formação de camadas protetoras esteja sendo considerado apenas depois da
segunda queda, por esta faixa de temperatura ser mais característica deste efeito,
porém em nenhum momento o programa alerta que esta considerando ou não este
fator.
63
Pressão de CO2= 0.1bara
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0 20 40 60 80 100 120 140
Temperatura (°C)
Tax
a de
Cor
rosã
o (m
m/a
no)
pH=5.5pH=6.0pH=6.5'
Figura 4.8: Efeito da formação de camada protetora em função da temperatura e do
pH para pressão parcial de CO2 de 0,1 bara. (NORSOK®)
Pressão de CO2= 1bara
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
0 20 40 60 80 100 120 140
Temperatura (°C)
Tax
a de
Cor
rosã
o (m
m/a
no)
pH=5.5pH=6.0pH=6.5'
Figura 4.9: Efeito da formação de camada protetora em função da temperatura e do
pH para pressão parcial de CO2 de 1 bara. (NORSOK®)
64
Pressão de CO2=10 bara
0
2
4
6
8
10
12
0 20 40 60 80 100 120 140
Temperatura (°C)
Tax
a de
Cor
rosã
o (m
m/a
no)
pH=5.5pH=6.0pH=6.5
Figura 4.10: Efeito da formação de camada protetora em função da temperatura e do
pH para pressão parcial de CO2 de 10 bara. (NORSOK®)
Pode-se observar que as taxas de corrosão obtida, pelo HYDROCOR® foram
bem mais elevadas que no NORSOK® (uma ordem de grandeza). Outra diferença
clara foi a forte dependência do pH na taxa de corrosão da NORSOK®. De fato, para
0,5 unidades de pH, a taxa de corrosão variou em média em 1,5mm/ano.
O HYDROCOR®, para o caso de água de formação, não apresentou efeito
considerável do pH. Para o caso de água condensada com o efeito de camada
protetora, quanto mais elevada o pH menor foi a taxa de corrosão.
4.1.3 Efeito do fluxo
Para o caso do NORSOK®, como discutido anteriormente, o único parâmetro
relevante com relação ao efeito do fluxo é a tensão de cisalhamento. Não é
mencionado o regime de fluxo resultante. A figura 4.11 mostra o efeito da tensão de
cisalhamento na taxa de corrosão, juntamente com o efeito da temperatura para
quatro valores de pH. Os valores foram calculados para uma pressão total de 100
bara e 1% de CO2. Para qualquer valor de tensão de cisalhamento a taxa de
65
corrosão sempre aumenta, sendo este crescimento mais pronunciado até 3 Pa, após
este valor a taxa de corrosão cresce relativamente pouco. pH=4
12 10 8 6 4 2
pH=5
6 5 4 3 2 1
pH=4 pH=5 pH=6
2.5 2 1.5 1 0.5
pH=6.5
1 0.8 0.6 0.4 0.2
pH=6 pH=6.5
Figura 4.11: Efeito da temperatura e tensão de cisalhamento na taxa de corrosão
para diferentes valores de pH. Pressão total de 100 bara e 1% de CO2
A figura 4.12 mostra como as variáveis mais relevantes (pressão total,
temperatura e vazão de gás/líquido) atuam gerando o valor de tensão de
cisalhamento. O gráfico mostra que a tensão de cisalhamento é bem mais
dependente da vazão de gás do que dos outros parâmetros.
66
Temperatura =20°C
Vazão de Gás =0,1 MSm3/Dia
24 20 16 12 8 4 0
Temperatura=20°C
Vazão de Gás =0,5 MSm3/Dia
80 70 60 50 40 30 20 10
(a) (b)
Temperatura=80°C
Vazão de Gás =0,1 MSm3/Dia
25 20 15 10 5
Temperatura=80°C
Vazão de Gás =0,5 MSm3/Dia
100 80 60 40 20
(c) (d)
Figura 4.12: Efeito da temperatura, Pressão e da vazão de gás/Líquido na tensão de
cisalhamento do NORSOK. Pressão total de 100 bara e 1% de CO2
4.1.4 Comparação dos valores de taxa de corrosão teóricos
Os valores mostraram que o principal parâmetro que influenciou na relação da
taxa de corrosão do HYDROCOR® e do NORSOK® foi a temperatura. A figura 4.13
mostra os valores de taxa de corrosão gerados pelos dois simuladores para as
condições de 0,1, 1 e 10 bara de CO2 e 100 mg/L de bicarbonato para as 7
temperaturas simuladas. Para temperaturas abaixo de 80°C a taxa de corrosão do
NORSOK® se mostrou mais elevado que o do HYDROCOR®, porém, este
comportamento se inverteu em temperaturas superiores a 80°C. Isso se deve ao fato
que o valor de taxa de corrosão do NORSOK® é muito sensível ao efeito de
formação de camadas protetoras. Os outros parâmetros estudados (diâmetro,
velocidade do líquido, velocidade do gás, fração de água) influenciaram pouco na
taxa de corrosão dos dois softwares.
67
0,01
0,1
1
10
100
0,01 0,1 1 10 100
Taxa de corrosão-HYDROCOR (mm/ano)
Tax
a de
cor
rosã
o-N
OR
SO
K (
mm
/ano
)
Temperatura de 20°C
Temperatura de 40°C
Temperatura de 60°C
Temperatura de 70°C
Temperatura de 80°C
Temperatura de 90°C
Temperatura de 100°C
Figura 4.13: Comparação das taxas de corrosão geradas pelos simuladores
estudados.
4.1.5 Comparação com dados de campo
Os resultados das simulações, para os três modelos estudados estão
apresentados nas figura 4.14 a figura 4.16, o modelo de Waard-Milliams apresentou
taxas de corrosão uma ordem de grandeza diferentes dos valores medidos em
campo. Isto ocorre primeiramente devido ao fato de que este modelo foi
desenvolvido para transporte de gás, onde as taxas de corrosão, além de serem
elevadas (aproximadamente 0.5 mm/ano) tem um caráter mais localizado. Para o
caso do NORSOK®, a maior parte dos resultados ficou na faixa superior de 50%,
como resultado do caráter conservador do programa. Houve um grupo de resultados
que apresentou um valor de taxa de corrosão menor que a real (região A). Este
grupo se refere a pontos onde o valor de temperatura era relativamente elevado
(>85°C). Nesta faixa de temperatura o programa cons idera um grande efeito protetor
da camada de carbonato de ferro. Umas das razões para o desvio é a possibilidade
desta camada não estar se formando tão homogeneamente quanto a previsto pelo
programa. Alguns resultados mostraram valores de taxa de corrosão calculada bem
maior que a real (caso 1 e caso 5). Para o caso 1, os valores de vazão de
68
escoamento foram relativamente baixos. O efeito disso é a geração de um regime de
fluxo estratificado. Como o cupom de perda de massa é normalmente colocado na
parte inferior da tubulação, pode ocorrer o risco de nem toda a superfície do cupom
ficar exposta ao eletrólito. Para o caso 5, não houve uma razão aparente para a
diferença na taxa de corrosão.
Sobre o regime de fluxo, o NORSOK® não faz comentário sobre qual o
regime de fluxo está ocorrendo no sistema. Porém existem dados da literatura que
mostram que quando a velocidade do gás é baixa (<1m/s) a velocidade de transição
do líquido de um regime estratificado para um regime de bolhas dispersas ou fluxo
intermitente fica na faixa de 0,2 a 0,3 m/s (GARBER 2008). Pontos que ficaram
nestas faixas de velocidades tem uma maior probabilidade de apresentar um regime
estratificado. Este fato pode ter influenciado na baixa taxa de corrosão observada na
região 1 já que em função do cupom de corrosão ter sido colocado na parte superior
da tubulação apenas parte dele pode ter sido corroída, fato este que foi confirmado
pela análise do cupom de corrosão.
Para o caso do HYDROCOR®, figura 4.16, os valores de taxa de corrosão
também apresentaram uma diferença de uma ordem de grandeza dos valores
medidos em campo, sendo que os resultados ficaram próximos da curva do modelo
de Waard-Milliams. Isso mostra que o programa possui um forte embasamento neste
modelo. Em todas as simulações, o regime foi indicado como intermitente.
Para o calculo da regressão linear foram considerados apenas os caso de 2 a
12 por estes serem pontos relacionados a um único cenário de corrosão. A formula
básica para a regressão é mostrada na equação 4.1 abaixo.
][][][][][][][][% 29876543221 PCOAVGAVLAAguaLivreABicaAPATACOAATC ++++++++=
Equação 4.1
Os resultados da regressão são mostrados na Figura 4.17 e os coeficientes
para ajuste da curva são mostrados na tabela 4.1
69
0,010
0,100
1,000
10,000
100,000
0,010 0,100 1,000 10,000
Taxa de corrosão Real (mm/ano)
Tax
a de
cor
rosã
o C
alcu
lada
- de
Waa
rd M
illia
ms
(m
m/a
no)
Caso 1
Caso 2
Caso 3
Caso 4
Caso 5
Caso 6
Caso 7
Caso 8
Caso 9
Caso 10
Caso 11
Caso 12
Caso 13
Caso 14
Caso 15
Caso 16
Caso 17
Caso 18
Caso 19
Reta ideal
+50%
- 50%
Figura 4.14: Comparação dos dados de campo como o modelo de D.Waard-Milliams
0,010
0,100
1,000
10,000
100,000
0,010 0,100 1,000 10,000
Taxa de corrosão Real (mm/ano)
Tax
a de
cor
rosã
o C
alcu
lada
-NO
RS
OK
(m
m/a
no)
Caso 1
Caso 2
Caso 3
Caso 4
Caso 5
Caso 6
Caso 7
Caso 8
Caso 9
Caso 10
Caso 11
Caso 12
Caso 13
Caso 14
Caso 15
Caso 16
Caso 17
Caso 18
Caso 19
Reta ideal
+50%
- 50%
Região A
Figura 4.15: Comparação dos dados de campo como o modelo da NORSOK
70
0,010
0,100
1,000
10,000
100,000
0,010 0,100 1,000 10,000
Taxa de corrosão Real (mm/ano)
Tax
a de
cor
rosã
o C
alcu
lada
-HY
DR
OC
OR
(m
m/a
no)
Caso 1
Caso 2
Caso 3
Caso 4
Caso 5
Caso 6
Caso 7
Caso 8
Caso 9
Caso 10
Caso 11
Caso 12
Caso 13
Caso 14
Caso 15
Caso 16
Caso 17
Caso 18
Caso 19
Reta ideal
+50%
- 50%
Figura 4.16: Comparação dos dados de campo com as simulações do HYDROCOR
0.01
0.1
1
10
100
0.010 0.100 1.000 10.000
Taxa de corrosão Real (mm/ano)
Tax
a de
cor
rosã
o C
alcu
lada
-Reg
reçã
o Li
near
(m
m/a
no)
Caso 2
Caso 3
Caso 4
Caso 5
Caso 6
Caso 7
Caso 8
Caso 9
Caso 10
Caso 11
Caso 12
Caso 13
Reta ideal
+50%
- 50%
Figura 4.17: Comparação dos dados de campo com a regressão linear obtida.
71
Tabela 4.1: Coeficientes para ajuste da regressão linear
Parâmetro Valor
1A -1.05588
2A -0.07044
3A 0.016332
4A -0.00582
5A 0.000214
6A -0.00029
7A 0.000449
8A 0
9A 0.265525
Os gráficos mostrados anteriormente ilustram a dificuldade dos simuladores
em prever uma taxa de corrosão medida em campo. As diferenças encontradas
podem ser explicadas tanto pelas limitações dos simuladores como pela dificuldade
de se levantar dados confiáveis de campo para os cálculos com uma precisão e
confiabilidade necessários. Outra questão é que estes simuladores não consideram
as condições dinâmicas de campo e que uma dada taxa de corrosão pode ser a
resultante de várias alterações de processo que nem sempre são totalmente
conhecidas. No entanto, os simuladores podem pelo menos seguir a tendência da
taxa de corrosão encontrada mostrando que o erro encontrado não é aleatório. Uma
maneira de se medir a dispersão dos resultados ao redor do valor médio é contar a
freqüência do erro medido e fazer um aproximação de uma distribuição estatística.
As distribuições estatísticas resultantes são mostradas nas figura 4.18 a figura 4.20.
A tabela 4.2 mostra um resumo das principais propriedades estatísticas
obtidas. Além de se aproximar melhor dos valores medidos em campo, o modelo da
NORSOK apresentou uma menor dispersão no erro, já que o valor de desvio padrão
foi o menor. Os modelos de Waard-Milliams e do HYDROCOR apresentaram médias
e desvios padrão similares. A regressão linear obtida mostrou um desvio baixo mas
a quantidade pontos analisada
.
72
Figura 4.18: Distribuição de probabilidade do erro do modelo de Waard-Milliams
Figura 4.19: Distribuição de probabilidade do erro do modelo da NORSOK®
73
Figura 4.20: Distribuição de probabilidade do erro do HYDROCOR®
Regressão
x0,240,20,160,120,080,040-0,04-0,08-0,12-0,16-0,2
f(x)
0,32
0,28
0,24
0,2
0,16
0,12
0,08
0,04
0
Figura 4.21: Distribuição de probabilidade do erro para a regressão calculada.
74
Tabela 4.2: Resumo das propriedades estatísticas obtidas.
NORSOK WM HYDROCOR Regressão Média 0,17 3,88 3,89 0,00 Erro padrão 0,03 0,25 0,21 0,01 Mediana 0,20 3,85 3,90 0,01 Desvio padrão 0,24 2,20 1,83 0,09 Variância 0,06 4,82 3,34 0,01 Mínimo -0,44 -0,05 0,03 -0,20 Máximo 0,82 9,96 8,42 0,24 Contagem 75,00 75,00 75,00 66,00
75
5 CONCLUSÕES
Os dois simuladores apresentaram valores diferentes dos encontrados em campo,
sendo esta diferença ficou em média 50% para o NORSOK e em até uma ordem de
grandeza para o HYDROCOR;
A qualidade dos dados de entrada influenciou muito o resultado de taxa de corrosão
gerado pelos simuladores. A obtenção de valores dos principais parâmetros que
influenciam a taxa de corrosão para as condições a que estavam expostos os
cupons representou uma das maiores fontes de erro nas simulações.
Os parâmetros operacionais que mais influenciaram a taxa de corrosão gerada pelos
simuladores foi a pressão parcial de CO2 e a temperatura, porém neste trabalho
estes valores foi determinados com relativa confiabilidade. Os parâmetros com
menos confiabilidade foram os valores de vazão e escoamento.
Dados operacionais devem ser levados em conta para um a previsão mais precisa
sendo que o resultado é muito dependente da qualidade dos dados de entrada
O uso da média móvel se mostrou uma ferramenta eficaz para acompanhar o
comportamento da corrosão
O valor de taxa de corrosão do HYDROCOR se mostrou muito próximo do calculado
pelo modelo de Waard-Milliams;
Apesar da diferença entre os valores calculados e medidos ter sido elevada, os
simuladores apresentaram resultados não aleatórios, pois puderam ser aproximados
por uma distribuição estatística com os erros variando ao redor de um valor médio.
76
A técnica da regressão linear, apesar da simplicidade, modelou bem boa parte dos
dados de campo
Como principais vantagens e limitações desvantagens dos dois simuladores
estudados pode-se citar:
NORSOK:
Vantagens:
• Possui a possibilidade de usar os módulos de maneira integrada ou separada;
• Facilidade no uso;
• Código aberto;
• Conservadorismo moderado.
Limitações:
• Usado apenas para corrosão generalizada pelo CO2;
• A partir de temperaturas acima de 80ºC o programa começa a fornecer valores
de taxa de corrosão relativamente baixos, mostrando que o programa
considera um grande efeito da formação de filmes protetores;
• Não considera a destruição do filme de carbonato de ferro pela presença de
cloretos;
• Não considera nenhum efeito protetor do óleo, ou seja, o valor de taxa de
corrosão é independente do valor da relação óleo/água;
• Limite superior de pH baixo (6.5) o que em muitos casos impede a previsão de
taxas de corrosão baixa;
• Faixa de temperatura e pressão de trabalho estreita.
HYDROCOR
Vantagens:
• Considera o efeito de outros mecanismos de corrosão;
• Considera o efeito da destruição do filme de carbonato de ferro pela presença
de cloretos;
• Considera o efeito do regime de fluxo.
77
Limitações:
• Programa fechado o que dificulta o entendimento;
• Permite o uso apenas dos módulos de maneira integrada;
• Interface difícil e não intuitiva;
• Interface complexa que induz a erros onde informações relevantes podem;
• Dependendo da situação é muito conservador,
•
78
6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Uso conjunto de valores de taxa de corrosão localizada
Padrão fotográfico
Uso de cupons do tipo disco
Cálculo separado do pH
Desenvolvimento de um banco de dados
79
7 REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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80
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81
8 ANEXO I
Valores da evolução da taxa de corrosão obtidos a partir do CuponNet com a
respectiva media movel
Caso-1
00.10.20.30.40.50.60.70.8
fev/
02
ago/
02
fev/
03
ago/
03
fev/
04
ago/
04
fev/
05
ago/
05
fev/
06
ago/
06
fev/
07
ago/
07
fev/
08
ago/
08
fev/
09
Caso-2
00.20.40.60.8
11.21.4
nov/0
5
fev/06
mai/06
ago/0
6
nov/0
6
fev/07
mai/07
ago/0
7
nov/
07
fev/0
8
mai /08
ago/0
8
nov/0
8
Caso-3
00.10.20.30.40.50.60.70.8
ago/03
fev/04
ago/
04
fev/
05
ago/05
fev/06
ago/06
fev/07
ago/07
fev/
08
ago/08
fev/09
Caso-4
0
0.1
0.2
0.3
fev/
02
ago/0
2
fev/03
ago/03
fev/04
ago/0
4
fev/05
ago/05
fev/06
ago/0
6
fev/07
ago/07
fev/08
ago/0
8
fev/
09
Caso-5
00.10.20.30.40.50.60.70.8
fev/
02
ago/
02
fev/
03
ago/
03
fev/
04
ago/
04
fev/
05
ago/
05
fev/
06
ago/
06
fev/
07
ago/
07
fev/
08
ago/
08
fev/
09
Caso-6
00.10.20.30.40.50.60.70.8
nov/0
5ja
n/06
mar/0
6
mai/06
jul/ 0
6
set/0
6
nov/
06
jan/0
7
mar/07
mai/0
7jul
/07
set/0
7
nov/0
7
Caso-7
00.20.40.60.8
11.21.4
fev/
02
ago/
02
fev/
03
ago/
03
fev/
04
ago/
04
fev/
05
ago/
05
fev/
06
ago/
06
fev/
07
ago/
07
fev/
08
ago/
08
fev/
09
Caso-8
00.10.20.30.40.50.60.70.8
fev/0
7
abr/0
7
jun/07
ago/0
7
out/0
7
dez/0
7
fev/0
8
abr/0
8
jun/08
ago/0
8
out/0
8
dez/0
8
fev/0
9
Caso-9
00.10.20.30.40.50.60.70.8
fev/
02
ago/
02
fev/
03
ago/
03
fev/
04
ago/
04
fev/
05
ago/
05
fev/
06
ago/
06
fev/
07
ago/
07
fev/
08
ago/
08
fev/
09
Caso-10
00.10.20.30.40.50.60.70.8
nov/0
5
jan/06
mar
/06
mai/
06jul/0
6
set/0
6
nov/0
6
jan/07
mar
/07
mai/
07jul/0
7
set/0
7
nov/0
7
82
Caso-11
00.10.20.30.40.50.60.70.8
fev/
02
ago/
02
fev/
03
ago/
03
fev/
04
ago/
04
fev/
05
ago/
05
fev/
06
ago/
06
fev/
07
ago/
07
fev/
08
ago/
08
fev/
09
Caso-12
00.20.40.60.8
11.21.4
fev/0
2
ago/0
2
fev/0
3
ago/0
3
fev/0
4
ago/0
4
fev/0
5
ago/0
5
fev/0
6
ago/0
6
fev/0
7
ago/0
7
fev/0
8
Caso-13
00.10.20.30.40.50.60.70.8
fev/
02
ago/
02
fev/
03
ago/
03
fev/
04
ago/
04
fev/
05
ago/
05
fev/
06
ago/
06
fev/
07
ago/
07
fev/
08
ago/
08
fev/
09
Caso-14
00.020.040.060.08
0.10.120.14
jan/02
jan/03
jan/04
jan/05
jan/06
jan/07
jan/08
jan/09
Caso-15
00.020.040.060.08
0.10.120.14
jan/02
jan/03
jan/0
4
jan/05
jan/06
jan/07
jan/0
8
jan/09
Caso-16
00.020.040.060.08
0.10.120.14
jan/02
jan/03
jan/0
4
jan/05
jan/06
jan/07
jan/0
8
jan/09
Caso-17
00.020.040.060.08
0.10.120.14
jan/02
jan/03
jan/0
4
jan/05
jan/06
jan/07
jan/0
8
jan/09
Caso-18
00.020.040.060.080.1
0.120.14
jan/0
2
jan/03
jan/04
jan/0
5
jan/06
jan/0
7
jan/08
jan/0
9
Caso-19
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
0.12
0.14
abr/0
2
ago/
02
dez/
02
abr/0
3
ago/
03
dez/
03
abr/0
4
ago/
04
dez/04
abr/0
5
ago/
05
dez/05
abr/0
6
ago/
06
dez/
06
abr/0
7
ago/
07
dez/
07
abr/0
8
ago/
08
dez/
08
83
9 ANEXO II
Relação dos casos de estudo utilizados nas simulações com as respectivas
taxas de corrosão obtidas
Caso CO2 (%)
Temp. (°C)
P. Total (Bara)
Bicarb (mg/L)
Agua Livre
(%(v/v)
Água Total (%)
Vazão Liq
(m3/d)
Vazão Gás (Mm3/d)
D (mm) Real NORSOK WM HYDROCOR
Caso 1 0,89 66 50 440 45 68 72 0,00180 88,9 0,090 0,527 2,518 2,390
Caso 1 0,89 66 50 440 45 68 72 0,00180 88,9 0,078 0,527 2,518 2,390
Caso 1 0,89 66 50 440 45 68 72 0,00180 88,9 0,102 0,527 2,518 2,390
Caso 2 1,18 78 46 492 54 70 165 0,00413 88,9 0,209 0,610 3,978 4,510
Caso 2 1,18 78 46 492 54 70 165 0,00413 88,9 0,189 0,610 3,978 4,510
Caso 2 1,18 78 46 492 54 70 165 0,00413 88,9 0,204 0,610 3,978 4,510
Caso 2 1,4 87 56 382 54 78 240 0,00600 88,9 0,350 0,511 6,968 6,140
Caso 2 1,4 87 56 382 54 78 240 0,00600 88,9 0,279 0,511 6,968 6,140
Caso 2 1,4 87 56 382 54 78 240 0,00600 88,9 0,333 0,511 6,968 6,140
Caso 3 1,4 76 22 498 56 64 174 0,00435 88,9 0,409 0,342 2,405 2,980
Caso 3 1,53 76 22 410 56 64 174 0,00435 88,9 0,317 0,427 2,707 3,160
Caso 3 1,53 76 22 410 56 64 174 0,00435 88,9 0,382 0,427 2,707 3,160
Caso 3 1,53 76 22 410 56 64 174 0,00435 88,9 0,239 0,427 2,707 3,160
Caso 3 1,53 76 22 410 56 64 174 0,00435 88,9 0,263 0,427 2,707 3,160
Caso 3 1,45 77 22 452 76 78 191 0,00478 88,9 0,401 0,370 2,592 3,130
Caso 4 1,52 76 21 416 74 76 207 0,00518 88,9 0,172 0,404 2,583 5,050
Caso 4 1,52 76 21 416 74 76 207 0,00518 88,9 0,133 0,404 2,583 3,050
Caso 4 1,52 76 21 416 74 76 207 0,00518 88,9 0,179 0,404 2,583 3,050
Caso 4 1,52 76 21 416 74 76 207 0,00518 88,9 0,120 0,404 2,583 3,050
Caso 4 1,61 75 21 551 74 83 200 0,00500 88,9 0,152 0,367 2,491 3,070
Caso 5 1,8 68 21 535 81 82 295 0,00738 88,9 0,093 0,519 2,324 2,710
Caso 5 1,8 68 21 535 81 82 295 0,00738 88,9 0,134 0,519 2,324 2,710
Caso 5 1,92 68 21 482 81 82 295 0,00738 88,9 0,095 0,603 2,504 2,820
Caso 5 1,92 85 67 482 81 82 295 0,00738 88,9 0,309 1,016 9,952 8,600
Caso 5 1,92 85 67 482 81 82 295 0,00738 88,9 0,365 1,016 9,952 8,600
Caso 5 1,88 84 67 470 84 88 296 0,00740 88,9 0,315 1,135 10,050 8,480
Caso 5 2,27 86 60 459 88 94 301 0,00753 88,9 0,556 0,975 9,966 8,980
Caso 6 1,11 74 21 510 30 50 189 0,00473 88,9 0,128 0,248 1,798 2,280
Caso 6 1,13 74 21 414 30 50 189 0,00473 88,9 0,105 0,290 1,916 2,300
Caso 6 1,13 74 21 414 30 50 189 0,00473 88,9 0,092 0,290 1,916 2,300
Caso 6 1,13 74 21 414 30 189 0,00473 88,9 0,086 0,290 1,916 2,300
Caso 6 1,13 74 21 414 30 50 189 0,00473 88,9 0,106 0,290 1,916 2,300
Caso 7 1,99 84 21 523 87 88 297 0,00743 88,9 0,316 0,353 3,701 4,230
Caso 7 1,99 84 21 404 87 88 297 0,00743 88,9 0,327 0,403 3,925 4,230
Caso 7 1,99 84 21 404 87 88 297 0,00743 88,9 0,281 0,403 3,925 4,230
Caso 7 1,99 84 21 404 87 88 297 0,00743 88,9 0,329 0,403 3,925 4,230
Caso 8 1,84 92 21 441 81 88 435 0,01088 88,9 0,545 0,178 4,254 4,030
Caso 8 1,84 92 21 441 81 88 435 0,01088 88,9 0,567 0,178 4,254 4,030
Caso 8 1,96 92 21 441 81 88 435 0,01088 88,9 0,633 0,189 4,495 4,030
84
Caso 9 1,84 78 29 548 82 83 207 0,00518 88,9 0,287 0,588 3,909 4,570
Caso 9 1,87 78 29 548 82 83 207 0,00518 88,9 0,297 0,599 3,963 4,620
Caso 9 1,82 78 21 424 82 83 194 0,00485 88,9 0,286 0,468 3,141 3,650
Caso 9 2,02 81 29 424 82 NA 207 0,00518 88,9 0,345 0,670 4,785 5,170
Caso 9 2,02 81 29 424 82 NA 207 0,00518 88,9 0,338 0,670 4,785 5,170
Caso 10 2,99 81 24 647 93 94 301 0,00753 88,9 0,391 0,749 5,228 6,120
Caso 10 2,85 84 23 647 93 94 301 0,00753 88,9 0,401 0,516 5,182 5,730
Caso 10 2,85 84 23 421 93 94 301 0,00753 88,9 0,398 0,642 5,682 5,730
Caso 10 2,6 84 23 421 93 94 301 0,00753 88,9 0,359 0,581 5,260 5,730
Caso 11 2 84 31 635 88 89 242 0,00605 88,9 0,304 0,452 4,920 5,400
Caso 11 2 84 31 403 88 89 242 0,00605 88,9 0,262 0,570 5,425 5,400
Caso 11 2 84 31 403 88 89 242 0,00605 88,9 0,235 0,570 5,425 5,400
Caso 11 2 84 31 403 88 89 242 0,00605 88,9 0,277 0,570 5,425 5,400
Caso 11 2 84 31 403 88 89 242 0,00605 88,9 0,235 0,570 5,425 5,400
Caso 11 2 84 31 504 88 90 235 0,00588 88,9 0,266 0,505 5,179 5,390
Caso 11 2 84 31 504 88 90 235 0,00588 88,9 0,218 0,505 5,179 5,390
Caso 11 2 84 31 504 88 90 235 0,00588 88,9 0,237 0,505 5,179 5,390
Caso 11 2 84 31 504 88 90 235 0,00588 88,9 0,252 0,505 5,179 5,390
Caso 12 1,99 85 21 485 90 91 368 0,00920 88,9 0,373 0,349 3,849 4,300
Caso 12 1,99 85 21 440 90 91 368 0,00920 88,9 0,606 0,366 3,936 4,300
Caso 12 1,99 85 21 440 90 91 368 0,00920 88,9 0,563 0,366 3,936 4,300
Caso 12 1,99 85 21 440 90 91 368 0,00920 88,9 0,333 0,366 3,936 4,300
Caso 12 1,99 85 21 440 90 91 368 0,00920 88,9 0,170 0,366 3,936 4,300
Caso 12 1,47 86 21 435 87 88 341 0,00853 88,9 0,478 0,232 3,103 4,250
Caso 12 1,47 86 21 435 87 88 341 0,00853 88,9 0,529 0,232 3,103 4,250
Caso 12 2,01 87 21 539 87 88 356 0,00890 88,9 0,464 0,262 3,952 4,250
Caso 12 2,01 87 21 539 87 88 356 0,00890 88,9 0,597 0,262 3,952 4,250
Caso 12 1,99 86 39 539 87 NA 347 0,00868 88,9 0,499 0,538 6,406 6,330
Caso 12 1,99 86 39 539 87 NA 347 0,00868 88,9 0,237 0,538 6,406 6,330
Caso 12 1,99 86 39 539 87 NA 347 0,00868 88,9 0,606 0,538 6,406 6,330
Caso 14 0,23 46,7 17,7 316 74 NA 2068 0,04683 168,27 0,057 0,138 0,223 0,260
Caso 15 0,18 46,5 22,5 303 48 NA 2528 0,10586 168,27 0,050 0,148 0,221 0,270
Caso 16 0,22 50,6 18,5 401 63 NA 1769 0,05467 168,27 0,025 0,125 0,235 0,310
Caso 17 0,18 12,2 13,7 370 62 NA 326 0,00966 168,27 0,015 0,031 0,045 0,040
Caso 18 0,34 54 21,3 388 74 NA 2900 0,05414 168,27 0,065 0,173 0,425 0,550
Caso 19 0,2 32 17 188 80 NA 1920 0,14520 114,3 0,010 0,144 0,134 0,200
85
10 Anexo III
Fotos de cupons analisados neste trabalho
Caso-1-01-11/06 Caso-1-06/06 Caso-1-08/06
Caso-9-02/06 Caso-9-11/06 Caso-9-06/06
Caso-9-08/06 Caso-9-02/07
Caso-4-02/06 Caso-4-11/06 Caso-4-06/06
Caso-4-08/06 Caso-4-11/05
86
Caso-3-02/06 Caso-3-06/06 Caso-3-011/05