Santos, R. 2004 - Caracterização da Pesca Artesanal de Camarão na Baía de I'bane
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Universidade do Algarve Faculdade de Ciências do Mar e do Ambiente
Contribuição para a Caracterização da
Pesca Artesanal de Camarão na
Baía de Inhambane, Moçambique
Rodrigo de Oliveira Santos
Relatório de Estágio do Curso de Licenciatura em Biologia Marinha e Pescas
realizado no Instituto Nacional de Investigação Pesqueira (IIP) de Moçambique
Faro, 2004
À minha mãe
O conteúdo deste trabalho é da exclusiva responsabilidade do autor,
____________________________________
(Rodrigo de Oliveira Santos)
escrevo mediterrâneo na serena voz do Índico
sangro norte
em coração do sul
na praia do oriente sou areia náufraga de nenhum mundo
hei-de
começar mais tarde
por ora sou a pegada
do passo por acontecer
Mia Couto – Poema mestiço
Agradecimentos
Ao Professor Doutor Manuel Afonso Dias, orientador científico, mestre e amigo, por todo o apoio ao longo deste trabalho e durante o percurso académico. Ao Instituto Nacional de Investigação Pesqueira (IIP) de Moçambique, em especial, à Dra. Paula Santana Afonso pela disponibilidade e simpatia na co-orientação científica do trabalho. Ao Excelentíssimo Reitor da Universidade do Algarve, Adriano Pimpão, pelo apoio e financiamento da viagem Lisboa-Maputo-Lisboa. Ao Dr. Alberto Halare e Rodinha (Celsa) pela ajuda, amizade e hospitalidade, na Terra da Boa Gente. Ao Ludovino Mambo, Mário Francisco e Sérgio, amostradores do IIP, que tornavam o trabalho de amostragem mais descontraído e divertido. A todos os pescadores e vendedeiras de Muelé, Nhaduga e Morrumbene, que disponibilizaram o seu tempo e o seu produto para as amostragens, em especial ao Luciano e Judite. Ao Doutor Rui Paula e Silva do IIP pela amizade, ajuda e revisão do trabalho. Às Dras. Rabia, Zainabo e Raquel do IIP pela amizade e boa disposição. Ao Professor Doutor Adriano Macia da Universidade Eduardo Mondlane pelo incentivo e revisão do trabalho. Ao Carlos Litulo, Helder e Camané pelo apoio e pelas conversas inspiradoras. À Melissa, DB Rasta e Lindsay pelos momentos mágicos em Inhambane e no Tofo. Ao Dr. Manuel Gonçalves do Fundo de Fomento Pesqueiro pelas dicas. À Doutora Isabel Afonso Dias e Carlos Pinto pela ajuda, simpatia e boa disposição. Aos meus amigos da universidade, em especial à Ana Maria, Hugo Meliço, Cristina Domingos e Joana Barosa. Ao meu tio Quim, pelo incentivo nas horas difíceis. Por fim, às pessoas mais lindas do mundo, minha Mãe e minha mana Andreia pelo amor e carinho. minha esposa Arminda, que me faz viver por amor. A todos, KANIMAMBO!
Resumo O camarão da Baía de Inhambane é capturado, exclusivamente, por artes de pesca artesanais, nomeadamente: duas redes envolvente-arrastante, uma de alar para a praia designada por arrasto para a praia, e a outra de mão, conhecida por tarrafa, rede de emalhar fundeada de superfície e armadilha do tipo barragem denominada por gamboa. O presente trabalho, realizado entre Julho e Dezembro de 2002, em três centros de pesca (Muelé, Nhaduga e Morrumbene) da Baía de Inhambane, pretende contribuir para o conhecimento destas pescarias tradicionais, descrevendo o seu regime de operação, quantificando o seu esforço de pesca, caracterizando as composições específicas das capturas e avaliando os seus rendimentos. São abordados alguns aspectos da biologia das espécies de camarão com maiores capturas e valor comercial: Penaeus indicus, P. semisulcatus, P. japonicus e P. monodon como a composição por tamanhos e por sexos. Para estas espécies foram estimadas as relações morfométricas: Peso Total (PT) – Comprimento de Cefalotórax (CC) e Comprimento Total (CT) – CC por sexo e para sexos combinados. Foram identificadas, no total, 123 espécies pertencentes a 66 famílias nas capturas das artes de pesca. A rede de arrasto foi a arte que envolveu a maior parte dos pescadores e que contribuiu com o maior volume de capturas. Apresentou o maior rendimento médio de 32,6 kg/arte.dia, seguido da rede de emalhar (18,3 kg/arte.dia), gamboa (5,3 kg/arte.dia) e tarrafa (3,3 kg/arte.dia). A importância do camarão é maior nas capturas totais das tarrafas (35.8%) e das gamboas (29,3%) e menor nas capturas das redes de arrasto (7,4%) e de emalhar (1,5%). As espécies mais abundantes foram P. indicus, com um máximo em Dezembro nas capturas das gamboas, e P. semisulcatus, com um pico em Agosto nas capturas com redes de arrasto. Analisando as composições de comprimentos das espécies verifica-se que P. monodon apresentou os maiores tamanhos, com um CC médio de 31,8 mm, seguindo-se P. japonicus (CC médio de 28,0 mm), P. semisulcatus (CC médio de 24,8 mm) e, por fim, com os menores comprimentos, a espécie P. indicus, com um CC médio de 18,3 mm. Em todas as espécies, as fêmeas obtiveram um CC médio superior ao dos machos capturados e dominaram as maiores classes de tamanho Palavras-chave: Peneídeos, pesca artesanal, Baía de Inhambane, Moçambique.
Abstract The shrimp of Inhambane Bay (Mozambique) is almost exclusively exploited by artisanal fishing gears such as beach seine nets, hand nets, gillnets and fence traps. This study, conducted between July and December 2002 in three landing places (Muelé, Nhaduga and Morrumbene) at the Inhambane Bay, provides information on the fishing gears catch composition, fishing regime, fishing effort and catch per unit effort as well as on the size and sex compositions of the most important shrimp species in the catches: Penaeus indicus, P. semisulcatus, P. japonicus and P. monodon. For these species, carapace length - total weight and carapace length - total length relationships were estimated by sex and for both sexes combined. A total of 123 species, belonging to 66 different families were identified in the samples through the study period. The beach seine net (arrasto à praia) was the most important fishing gear, both in number of fishermen involved and catch size. This fishing gear presented the highest overall catch rates (32,6 kg/gear.day) followed by gillnets (18,3 kg/gear.day), fence traps (5,3 kg/gear.day) and hand nets (3,3 kg/gear.day). Catch composition was different among fishing gears reflecting the different places and time of the day that they are normally used. Shrimp contribution to the total catch weight was higher in hand nets (35,8%) and fence traps (29,3%) and lower in the beach seine nets (7,4%) and gillnets (1,5%). The most abundant shrimp species were P. indicus, in the fence traps (maximum in December), and P. semisulcatus, in beach seine nets (maximum in August). Overall, carapace lengths ranged from 20 to 42 mm (mean = 31,8 mm) for P. monodon, 13-39 mm (mean = 28,0 mm) for P. japonicus, 13-40 mm (mean = 24,8 mm) for P. semisulcatus and 7-44 mm (mean = 18,3 mm) for P.indicus. Females of all species attained larger sizes than males. Keywords: Penaeid shrimps, artisanal fisheries, Inhambane Bay, Mozambique.
Índice 1. Introdução.......................................................................................................................... 1 2. Enquadramento ................................................................................................................. 4
2.1. Caracterização da Baía de Inhambane.......................................................................... 4 2.2. Actividade pesqueira .................................................................................................... 6 2.3. Caracterização das artes de pesca................................................................................. 7
Arrasto para a praia (Rede envolvente-arrastante de alar para a praia)........................... 8 Rede de emalhar (Rede de emalhar fundeada, de superfície) ......................................... 8 Gamboa (Armadilha de tipo barragem)........................................................................... 8 Tarrafa (Rede envolvente-arrastante de mão ou de duas varas)...................................... 9
2.4. Caracterização das embarcações ................................................................................ 10 2.5. Comercialização e processamento do pescado........................................................... 11 2.6. Gestão da actividade pesqueira .................................................................................. 12
Medidas de Gestão ........................................................................................................ 13 2.7. Aspectos da biologia dos Peneídeos........................................................................... 14
Posição sistemática (De Freitas, 1984).......................................................................... 14 Morfologia externa ........................................................................................................ 14 Características de identificação ..................................................................................... 16 Ciclo de vida.................................................................................................................. 17 Dimorfismo sexual e reprodução................................................................................... 18 Ecologia, distribuição geográfica e habitat ................................................................... 19 Regime alimentar........................................................................................................... 21 Crescimento................................................................................................................... 21
3. Material e Métodos.......................................................................................................... 22 3.1. Planeamento da amostragem ...................................................................................... 22 3.2. Amostragem dos desembarques ................................................................................. 22 3.3. Amostragem biológica das capturas de camarão comercial....................................... 24 3.4. Tratamento dos Dados................................................................................................ 24
Análise das capturas ...................................................................................................... 24 Características biológicas das capturas de camarão comercial ..................................... 25
4. Resultados ........................................................................................................................ 28 4.1. Amostragem das capturas........................................................................................... 28 4.2. Esforço, capturas e regime de pesca........................................................................... 29 4.3. Rendimentos de Pesca ................................................................................................ 31 4.4. Composição faunística ............................................................................................... 32 4.5. Análise das capturas de camarão comercial ............................................................... 34 4.6. Amostragem biológica das capturas de camarão........................................................ 36 4.7. Características biológicas das capturas de Penaeus indicus, P. semisulcatus, P. japonicus e P. monodon .................................................................................................... 36
Distribuição de frequências de comprimento ................................................................ 36 Proporção Sexual........................................................................................................... 39 Características Morfométricas....................................................................................... 40
5. Discussão .......................................................................................................................... 41 Rendimentos e esforço de pesca........................................................................................ 41 Composição específica ...................................................................................................... 43 Capturas de Camarão......................................................................................................... 44 Aspectos biológicos das capturas ...................................................................................... 47
6. Considerações finais ........................................................................................................ 50 7. Referências Bibliográficas .............................................................................................. 52 Anexos
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
1
1. Introdução Moçambique situa-se na costa Sudeste de África e possui uma linha de costa de cerca de
2780 km. O sector das pescas desempenha um papel predominante e, com efeito, as receitas
resultantes da exportação dos produtos pesqueiros, quase exclusivamente camarão, foram de
74 milhões de dólares (USD) em 1998 o que representou mais de 40% das exportações
totais do país (DNAP, 1999). Os principais países importadores desta produção são Portugal
e Espanha perfazendo aproximadamente 60% do total exportado, seguidos da África do Sul
e do Japão com 13 e 12% do total exportado, respectivamente (DNEP, 2002).
O camarão é explorado pelas frotas industrial, semi-industrial e artesanal. As frotas
industrial e semi-industrial congeladoras operam no banco de Sofala e capturam indivíduos
adultos que se concentram dentro das 12 milhas náuticas (mn) entre 5 e 45 m de
profundidade (Palha de Sousa, 1996). A frota semi-industrial a gelo opera essencialmente
em dois pesqueiros, o banco de Sofala e a Baía de Maputo. A pesca artesanal está limitada a
zonas estuarinas e costeiras e captura sobretudo indivíduos juvenis, sendo mais relevante
nas províncias de Cabo Delgado, Maputo, Nampula, Zambézia e Sofala (DNAP, 1999).
Estas pescarias estão interligadas na medida em que a pesca artesanal afecta o manancial
adulto pela redução de juvenis e a pesca industrial reduz o número de juvenis pela
exploração do camarão com potencial reprodutivo (Garcia & Le Reste, 1981). Mesmo
assim, os peneídeos apresentam uma elevada taxa de fecundidade o que confere aos seus
mananciais elevada resiliência (King, 1995). As maiores capturas deste recurso provêm das
frotas industrial e semi-industrial (Brinca & Palha de Sousa, 1984a) e destinam-se,
maioritariamente, à exportação e ao abastecimento do mercado interno (DNAP, 1999). A
produção total de camarão registada em 2002, em todo o país, foi de 9122 ton. Analisando a
evolução histórica das capturas de 1998 a 2002, verifica-se que a captura média anual
mantém-se em aproximadamente oito mil toneladas (DNAP, 2003).
Este recurso é capturado por artes de pesca artesanais praticamente ao longo de toda a costa
de Moçambique (Brinca & Palha de Sousa, 1984a). A pesca artesanal emprega cerca de 80
mil pescadores que se distribuem por cerca de 787 centros de pesca (IDPPE, 2001), onde
foram licenciadas 2781 embarcações de pesca artesanal (DNAP, 2003). Estima-se que a
produtividade média anual seja de uma tonelada de pescado por pescador, neste sector. Com
base neste valor, pressupõe-se, uma produção total de cerca de 80 mil toneladas de pescado
por ano, colocando a pesca artesanal como responsável por 60% do total produzido em
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
2
Moçambique, e por 5,7% do PIB em 1991 (MICOA, 1998). Socialmente, a pesca artesanal,
complementarmente à actividade agrícola, constitui a principal fonte de sobrevivência para
as comunidades costeiras e tem sido a alternativa básica de sustento nos períodos de seca
prolongada (MICOA, 1998). As suas capturas são, muitas vezes, para as populações locais,
a única fonte de proteínas animais, consideradas pelos nutricionistas de grande qualidade,
melhores que a carne para a dieta e saúde (Bâcle & Cecil, 1990). Desempenha um papel
vital nas economias dos distritos da costa, na geração de emprego e na fixação das
populações (MICOA, 1998).
O principal recurso da pesca artesanal feita em Moçambique é o camarão, pelo seu elevado
valor comercial, e abrange, principalmente, espécies da família Penaeidae. As principais
espécies alvo na Baía de Maputo são Penaeus indicus H. Milne Edwards, 1837 (camarão
branco) e Metapenaeus monoceros Fabricius, 1798 (camarão castanho), que representam
cerca de 80 a 85% do total de camarão capturado e, como espécies secundárias, Penaeus
japonicus Bate, 1988 (camarão flor), Penaeus monodon Fabricius, 1798 (camarão tigre
gigante), Penaeus semisulcatus De Haan, 1844 (camarão tigre) e Metapenaeus stebbingi
Nobili, 1904 (camarão peregrino), representando apenas 10 a 15% da captura total (De
Freitas, 1972a; IIP, 2000). A produção de camarão pela pesca artesanal nas Províncias de
Maputo, Inhambane e Nampula (Fig.1) foi, em 2002, de 287 ton representando apenas 3%
das capturas totais de camarão (DNAP, 2003), mas as estimativas da produção artesanal
total apontam para uma captura de, aproximadamente, 1500 ton anuais (DNAP, 1999).
Inhambane é uma província rica em recursos pesqueiros que são explorados por pescadores
artesanais e por embarcações semi-industriais de pesca à linha. A pesca do camarão é feita
diariamente pela população local que utiliza métodos tradicionais como a rede de arrasto
para a praia, a rede de emalhar, a tarrafa e a gamboa (Santana Afonso & Mafuca, 2001).
Existe uma pressão intensa sobre os recursos, verificando-se situações de sobrepesca na
Baía de Inhambane (IDPPE, 1995). A pesca artesanal na Baía de Inhambane foi descrita por
Meisfjord (1997; 1998), Santana Afonso (1999), Santana Afonso & Mafuca (2001) e
Santana Afonso & Halare (2001).
Apesar da sua importância, a pesca artesanal é ainda pouco conhecida, devido à grande
dispersão dos centros de pesca e à insuficiência de recursos humanos e materiais necessários
para a sua monitorização (Bâcle & Cecil, 1990; Santana Afonso & Mafuca, 2001). A
investigação tem sido desenvolvida pelo Ministério das Pescas, através do Instituto
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
3
1.
2.
3.
4.
Nacional de Investigação Pesqueira (IIP) e do Instituto de Desenvolvimento da Pesca de
Pequena Escala (IDPPE). Estas duas instituições iniciaram, em 1996, um programa de
recolha de dados estatísticos da pesca artesanal em várias províncias. A província de
Inhambane conta com este programa desde 1997, que está baseado em amostragens
aleatórias estratificadas das capturas e recolha de informação sobre a actividade pesqueira
nos centros de pesca, por amostradores locais formados pelo IIP (Santana Afonso et al.,
2004). Na cidade de Inhambane, o IIP está representado por uma delegação provincial onde
se processa a informação das pescarias e dos dados biológicos dos recursos mais
importantes, em bases de dados, estimando-se o esforço de pesca, as capturas e a
composição específica das diferentes artes. Até à data foram produzidos pelo IIP 3 relatórios
de dados e feita uma palestra de divulgação na cidade de Inhambane relativa aos dados de
1997 a 2000 (Santana Afonso & Gervásio, 2001).
Os primeiros estudos sobre a pesca do camarão em Moçambique são da autoria de De
Freitas (1963; 1965; 1966; 1972), De Freitas & Diniz (1972), De Freitas & Araújo (1974) e
Ulltang (1980). Os estudos mais recentes têm sido realizados na Baía de Maputo e no Banco
de Sofala. Acerca da biologia das espécies, foram publicados trabalhos, na Baia de Maputo,
por De Freitas (1965), Brinca & Palha de Sousa (1984 b;c), Macia (1990) e Afonso (2001)
e, nas Províncias de Nampula e Zambézia por Masquine et al. (2003; 2004). Não existem,
até à data, registos que permitam caracterizar alguns dos aspectos da biologia das
populações de camarão que ocorrem na Baía de Inhambane.
A importância sócio-económica que a pesca artesanal de camarão possui na Baía de
Inhambane e a necessidade de obter informação biológica sobre este recurso constituíram os
principais motivos para a realização deste trabalho, que teve o apoio do Instituto Nacional
de Investigação Pesqueira de Moçambique (IIP). Tem como objectivos:
Descrever as artes de pesca utilizadas e o regime de operação das várias componentes da
pescaria;
Caracterizar a composição específica das capturas de cada arte de pesca;
Quantificar o esforço de pesca e analisar a evolução dos rendimentos de pesca das
espécies de camarão, por arte de pesca, durante o período de estudo;
Obter informação sobre a estrutura, por comprimentos e por sexos, das espécies de
camarão capturadas pelas diversas artes de pesca e estimar algumas relações biométricas
importantes para a investigação pesqueira.
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
4
chuvoso (Fig. 2). A precipitação média mensal, registada nos mesmos anos, variou entre 49
mm, na estação seca, e 111 mm, na estação chuvosa (INAM, 2000).
2. Enquadramento
2.1. Caracterização da Baía de Inhambane A Baía de Inhambane está situada em Moçambique (costa Este de África), na parte Sul da
Província de Inhambane, entre as latitudes 23o 40’S e 23o 53’S e as longitudes 35o 19’E e
35o29’E (Fig. 1). Tem uma superfície entre 200 e 250 km2 (Meisfjord, 1998) e abrange os
distritos de Jangamo, Inhambane, Maxixe e Morrumbene.
N
Figura 1: Localização da Baía de Inhambane em Moçambique (Fonte: IDPPE).
O clima da região é subtropical, caracterizado por duas estações: uma chuvosa e quente, de
Outubro a Março; e a outra seca e fria, de Abril a Setembro. Os ventos de monção da África
Oriental, com a sua característica mudança sazonal de Nordeste para Sudoeste, são a maior
influência sobre o clima e os mares, afectando padrões climáticos, pluviosidade e
actividades humanas (WWF, 2002). A temperatura média do ar, registada na Cidade de
Inhambane de 1972 a 2000, variou entre 22 oC, no período seco, e 26 oC, no período
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
5
Figura 3: Fotografia aérea da Baía de Inhambane, Moçambique (Adaptado dAlberni Environmental Coalition in
0
20
40
60
80
100
120
140
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J F M A M J J A S O N D
Mês
mm
0
2
4
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Nº D
ias
Precipitação total média mensalNº de dias com precipitação
0
5
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20
25
30
J F M A M J J A S O N D
Mês
ºC
Fig. 2: Temperaturas médias do ar, precipitação total média mensal e número de dias com precipitação, registadas na estação meteorológica
de
Temperatura méMínima
A amplitude de maré varia entre 1,1 m, na
maré morta, e 3,1 m, na maré viva
e
www.portaec.net/earth/africa/south/mozambique.shtml)
dia do Ar
35
Máxima
da cidade de Inhambane. Informação baseada nos valores mensais registados de 1971 a 2000. Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia
(INAHINA, 2001). A temperatura média da
água, medida no cais de Inhambane, variou de
20 a 31 ºC (Meisfjord, 1998). Apenas
pequenos rios desaguam no interior da Baía de
Inhambane, dos quais os mais importantes são
o Inhanombe e o Furvela, que convergem no
Estuário de Morrumbene, e o rio Matumba,
que desagua a sul da baía. O facto de haver
pouca influência fluvial sugere que esta baía
possui graus de salinidade relativamente
elevados (Meisfjord, 1998). A salinidade,
medida na entrada do Estuário de
Morrumbene, variou de 31,2 a 35,0 ppm com
a maré (Day, 1981). A Baía de Inhambane é,
em geral, pouco profunda, apresentando
enormes bancos de areia que se expõem
durante a maré baixa e diversos canais entre
eles (Fig. 3) (Santana Afonso & Halare,
2001). A água é clara e calma e as ondas
oceânicas não penetram para além dos bancos
areia à entrada da baía. Em Linga-linga, na boca
estuário de Morrumbene (Fig. 1), a profundidade do
disco de Secchi varia com a maré entre 1,6 e 3,4 m.
O facto de a água ser muito clara sugere que o
fitoplâncton não deverá ser abundante. Com a maré
vazante a corrente nos canais atinge uma velocidade
de 4 km/h (Day, 1974; 1981).
do
A maior parte do substrato é do tipo arenoso e
lodoso com tapetes de ervas marinhas (Santana
Afonso & Halare, 2001). Na boca do Estuário de
Morrumbene estão presentes seis espécies de ervas
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
6
, a Ilha Pequena e a Ilha Grande (Fig. 1).
Os estuários e as baías são conhecidos pela sua elevada produtividade, fornecem abrigo a
A Província de Inhambane possui um total de 1.159.000 habitantes o que corresponde a 7%
te”, é um dos centros
ueira
a no interior da Baía de Inhambane é estritamente artesanal.
marinhas, Cymodocea spp, Syringodium sp, Halophila sp e Halodule sp (Day, 1974). As
margens são formadas por porções idênticas de mangais e praias arenosas (Santana Afonso
& Halare, 2001). As zonas mais protegidas e com influência de água doce possuem florestas
de mangais mais densas como se verifica no Estuário de Morrumbene e na zona mais
interior da baía, a sul de Nhaduga. As espécies mais comuns são Avicennia marina (Fig. 1,
Anexo I) e Rhizophora mucronata. O sedimento nos mangais é composto de areia fina com
25% de lodo e entre 3,6 e 7,1% de matéria orgânica (Day, 1981). Os corais estão ausentes
da baía (Day, 1974).
Existem na baía duas pequenas ilhas
muitas espécies comerciais e não comerciais e servem de viveiro para espécies migratórias
(MICOA, 1998). A Baía de Inhambane está classificada como de “Importância Global” nas
Áreas Prioritárias da Eco-Região Marinha da África Oriental (WWF, 2002).
da população nacional. As cidades de Inhambane e da Maxixe e o Distrito de Jangamo (Fig.
1) são os maiores núcleos de concentração populacional com densidades na ordem dos 276,
333 e 62 habitantes/km2, respectivamente. Morrumbene é o quinto distrito mais povoado da
província com uma densidade de 48 habitantes/ km2 (DNE, 1997).
A cidade de Inhambane, conhecida como a “terra da boa gen
populacionais mais antigos da África Austral e actualmente esta região é um dos destinos
turísticos mais procurados do país (ATI, 2003). As etnias mais representadas, na Província
de Inhambane, são os matsuas, os bitongas e os chopes. Em termos linguísticos o bitonga
predomina nos distritos que englobam a Baía de Inhambane (Santana Afonso & Gervásio,
2001).
2.2. Actividade pesq A actividade pesqueira realizad
A pesca artesanal está definida em Moçambique como a pesca efectuada com carácter local,
geograficamente limitada, podendo ser praticada com ou sem embarcação, cujo
comprimento não exceda os dez metros e seja impulsionada a remo, à vela, a motor fora de
borda ou a motores internos de pequena potência, não superior a 100 cv ou 75 kW
(Regulamento da Pesca Marítima). As artes de pesca mais utilizadas na Baía de Inhambane
são duas redes envolventes-arrastantes, uma de alar para a praia, designada localmente por
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
7
s é tipicamente dominada pelos homens da comunidade. As
Os principais centros de desembarque são Chicuque, Chicuque-Ponta, Morrumbene,
Santana Afonso et al. (2004) estimaram que, em 2002, na Baía de Inhambane, foram
.3. Caracterização das artes de pesca
s métodos e artes de pesca utilizados pelas comunidades costeiras são similares em quase
arrasto para a praia1, e a outra de mão, conhecida como tarrafa. São também utilizadas as
redes de emalhar fundeadas de superfície, armadilhas de tipo barragem denominadas
localmente por gamboas, armadilhas tipo gaiola, linhas de mão, e a apanha à mão. A arte
que envolve maior número de pescadores e que produz maiores quantidades de pescado é o
arrasto. Em 2001 foram licenciadas 258 artes de pesca, sendo a tarrafa a mais numerosa com
120 unidades, seguindo-se o arrasto com 58 unidades (Santana Afonso & Halare, 2001).
Pelos dados de 1998/1999, dos Serviços Provinciais de Administração Pesqueira de
Inhambane (SPAPI), encontravam-se registados oficialmente 556 pescadores. No
recenseamento da pesca artesanal da Província de Inhambane em 1991, o IDPPE estimou,
para a Baía de Inhambane, 1641 pescadores, dos quais 1594 eram permanentes e 47
eventuais. Considerou 26 centros de pesca no interior da baía onde contabilizou 557 artes de
pesca, sendo as mais numerosas as linhas de mão, com 153 unidades e os arrastos com 98
unidades (IDPPE, 2001).
A pesca com embarcaçõe
mulheres encarregam-se, principalmente, do transporte e comercialização do pescado mas
também praticam a pesca sem embarcação. A apanha à mão de invertebrados nas zonas
intertidais e a pesca com tarrafas ou redes mosquiteiras é praticada, quase exclusivamente,
por mulheres e crianças.
Jerusalém e Namaxaxa. Os desembarques são realizados nas praias, excepto em
Morrumbene, onde existe um cais (Santana Afonso & Halare, 2001).
capturadas pelas redes de arrasto para a praia, redes de emalhar e pela pesca à linha de mão
cerca de 2789 ton de pescado das quais 147 ton (5%) eram de camarão.
2 O
todas as regiões do país. As diferenças registadas estão associadas às condições naturais e
aos recursos materiais disponíveis (MICOA, 1998). São também determinados pelos hábitos
e cultura, sendo transmitidos de geração em geração (Santana Afonso & Gervásio, 2001).
1 Neste trabalho, por simplificação, a arte é designada por Arrasto.
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
8
Arrasto para a praia (Rede envolvente-arrastante de alar para a praia) O arrasto para a praia (Fig. 2, Anexo I), é constituído por duas asas cosidas a uma parte
central em forma de saco. Silva et al., (1991) descreveram as principais características
técnicas destas artes. As asas são rectangulares, com um comprimento de 100 a 200 m,
malha de 25 a 38 mm (1 a 1,5 polegadas) e cabos de 200 a 300 m. O saco tem uma malha
mais reduzida e, muitas vezes, é substituído por redes mosquiteiras ou sacos de ráfia
(Santana Afonso et al., 2004). Em geral, o pano é entralhado num cabo superior de
polietileno, com 6 a 10 mm de diâmetro (φ). No cabo superior são colocados os flutuadores,
espaçados de 2 a 5 m e no cabo inferior, normalmente de poliamida (nylon) (φ 15-25 mm),
são colocados os chumbos. As extremidades livres das asas são cosidas a paus onde se
amarram os cabos que servem para alar a rede. A rede é, normalmente, arrumada na popa de
uma embarcação de onde é lançada para a água num arco largo. Um dos cabos fica com um
pescador, em terra ou num banco de areia para onde vai ser feito o arrasto (Fig. 3, Anexo I).
Lançada a rede, os pescadores dividem-se em dois grupos e vão puxando sincronizadamente
os dois cabos até a própria rede formar um saco onde fica a captura (Silva et al., 1991). As
redes são lançadas, geralmente, na maré-alta e puxadas contra a vazante (De Freitas, 1963).
Rede de emalhar (Rede de emalhar fundeada, de superfície)
A rede de emalhar, localmente conhecida por “rede bloco” (Fig. 4, Anexo I), é,
normalmente, formada por um rectângulo de rede de fio fino (monofilamento de 0,2 a 0,5
mm de diâmetro ou multifilamento de poliamida) entralhada em dois cabos de 5 a 10 mm de
diâmetro. O cabo superior possui a quantidade necessária de flutuadores que permita à rede
manter-se à superfície e o cabo inferior possui uma pequena quantidade de chumbo. A
malha é variável e depende das dimensões dos peixes que são mais abundantes em cada
zona. Para a captura de sardinha e tainhas as malhas mais utilizadas são de 38 e 51 mm (1,5
e 2 polegadas). A altura da rede é também variável mas, normalmente, utilizam-se panos até
cinco metros quando montada (Silva et al., 1991).
Gamboa (Armadilha de tipo barragem) A gamboa, designada na língua bitonga por “wuhule” (Fig. 5, Anexo I), é uma arte fixa,
passiva, em forma de um “V”, com a abertura dirigida para a margem. São artes construídas
na zona entre marés, com estacas fixas cercadas de caniço. O comprimento dos braços do
“V” varia entre 20 e 100 m, sendo um dos braços mais curto para permitir a entrada do
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
9
pescado durante a enchente. Quando a maré baixa, o pescado que ficou por dentro da
ssão. No
Cada gamboa possui um nome tradicional que está ligado ao primeiro ocupante do espaço.
Quando existem conflitos na ocupação do espaço, cabe ao secretário de pesca local (ver 2.6)
resolvê-los, tendo em conta o direito de exploração por herança (Ntimane, 2002).
como por exemplo as "bamboo weir” usadas em Madagáscar (Crosnier, 1965 in Garcia &
esignação, gamboas
a maré baixar (De Freitas, 1966). Em
Nhaduga observaram-se tarrafas que operavam durante o dia (Fig. 7, Anexo I) mas,
ormalmente, são utilizadas durante a noite, altura em que são mais eficientes, pois são
vedação fica encurralado no vértice, onde existe um compartimento com uma depre
pico da baixa-mar, o dono da gamboa recolhe o pescado concentrado no compartimento
utilizando um cesto de caniço. Durante as marés mortas as capturas são muito reduzidas
devido à baixa amplitude de maré e, normalmente, a cobertura de caniço é retirada para não
apodrecer. O espaço ocupado pela gamboa é propriedade de uma família há pelo menos duas gerações.
Em Linga-linga, no Estuário de Morrumbene (Fig. 1), as gamboas foram um pouco
modificadas e são cercadas com redes em vez de caniço (Fig. 6, Anexo I) (Ntimane, 2002).
A gamboa é a arte de pesca mais tradicional, construída apenas com recurso a materiais
naturais obtidos localmente. A utilização de barreiras deverá ser um dos métodos mais
antigos de pesca (King, 1995) e é ainda praticado um pouco por todo o mundo em pescarias
artesanais de subsistência, com variadas adaptações e estruturas mais ou menos complexas,
Le Reste, 1981), “uzio” na Tanzânia (Jiddawi, 2003) e, com a mesma d
no Brasil, (Cruz, 2003).
Tarrafa (Rede envolvente-arrastante de mão ou de duas varas) A tarrafa, também conhecida por “guínia”, é constituída por uma rede com 5 a 10 m de
comprimento, de malha muito reduzida, e com as extremidades presas a duas varas com 1,5
m de comprimento. É feita, muitas vezes, com fio de remendar redes (Silva et al., 1991). A
arte é arrastada verticalmente por duas pessoas, geralmente mulheres ou crianças, contra a
maré vazante e a pouca profundidade. A captura vai sendo recolhida depois de cada “lance”
e é colocada em bacias. O processo repete-se até
n
menos visíveis para o peixe. As capturas destinam-se essencialmente para consumo familiar.
O número de tarrafas é difícil de estimar, por operarem essencialmente à noite, mas deverá
ser a arte mais numerosa da Baía de Inhambane (Silva et al., 1991).
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
10
abilizou, na Baía de Inhambane, 277 embarcações, das quais 148 eram lanchas,
redondo,
cerca de três vezes o comprimento do mastro. O pano da vela embolsa sempre por dentro
da enxárcia (Moura, 1972). A chata (Fig. 9, Anexo I) tem propulsão a remos e é
(IDPPE, 2001) e a proa é truncada, em meia cana e obliquamente erguida. Por vezes, à popa
existe um pequeno convés, para trás da última bancada até à estrema popa, onde são
abos. Como leme é colocado na grinalda da popa um remo, num
cavado próprio, ou mesmo um verdadeiro leme (Moura, 1972). O casco tem reforços
uma embarcação
onstruída a partir de um só tronco de madeira, escavando-se o seu interior com
machadinhas e com o auxílio do fogo (Moura, 1972). As bordas mantêm, geralmente, a
curvatura natural do tronco. A proa e a popa são arredondadas (IDPPE, 2001). A propulsão
é feita com varas de bambu quando em fundos baixos ou utilizando uma pequena vela latina
envergada num curto mastro puxado à proa (Moura, 1972).
embarcação (Overballe,
1987).
2.4. Caracterização das embarcações Segundo os dados dos Serviços Provinciais de Administração Pesqueira de Inhambane
(SPAPI) de 1998, no arrasto, o tipo de embarcação predominante é a lancha (89%) e, menos
frequente, a chata (11%). Na pesca com redes de emalhar a embarcação mais utilizada é a
canoa (62%) e também a chata (31%). No recenseamento da pesca artesanal em 1991, o
IDPPE cont
77 canoas e 52 chatas (IDPPE, 2001). A lancha (Fig. 8, Anexo I) é uma embarcação secular típica da costa oriental de África, mais
conhecida por “dhow”, com a sua característica vela triangular latina que permite a
navegação à bolina (Moura, 1972). Tem um comprimento entre 3 e 7 m. O casco é
com as variantes de duas proas ou de uma proa e popa tipo “espelho”, ou seja, a popa
mantém quase a mesma largura do centro (IDPPE, 2001). O mastro, em geral, é aguentado
por um estai e um ou dois brandais a cada borda. A verga, quase sempre de bambu tem
caracterizada por ter o fundo plano (chato). A popa da embarcação é do tipo “espelho”
guardadas as redes e os c
longitudinais e transversais (IDPPE, 2001). A canoa (Fig. 10, Anexo I) é
c
As embarcações são construídas nos próprios centros de pesca (Fig. 11, Anexo I). Existe
uma tradição familiar na construção naval preservando-se as técnicas provavelmente
adoptadas há muito tempo e influenciadas pelos inúmeros contactos com outros
navegadores como os marinheiros portugueses e os orientais (Moura, 1972). A
irregularidade no fornecimento de materiais torna o processo de construção muito lento,
podendo levar mais de um ano para concluir a construção de uma
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
11
do pescado
Em geral, toda a captura da pesca artesanal é aproveitada, não havendo praticamente
rejeições ao mar. Na pesca com redes de arrasto e de emalhar, mais de metade do pescado
capturado é comercializado. A venda do pescado é feita imediatamente a seguir aos
desembarques. A rede de comercialização é limitada pelas dificuldades de acesso aos
centros de pesca, pois as estradas e os transportes são precários. As “vendedeiras” (Fig. 12,
Anexo I) são os elementos intermediários que compram o pescado aos pescadores e o
O valor comercial do camarão varia consoante o seu tamanho. Nos centros de pesca, 1 kg de
camarão pequeno ou fino era vendido por 30 a 40 mil meticais (Mt), o médio por 40 a 60
mil meticais e o grande por 60 a 90 mil meticais. Os preços mais elevados verificaram-se
em Dezembro e Janeiro, meses com maior afluência de turistas e uma grande procura de
camarão para consumo. Durante o período de veda para o camarão em Maputo e no Banco
de Sofala, que abrange os primeiros meses do ano, a procura aumenta, também, na Baía de
Inhambane. Nestas alturas as redes de comercialização atingem pontos mais distantes como
a Beira, Maputo e a Africa do Sul. (Pinto & Gomes, 2001). Nos meses baixos, tanto a
disponibilidade de camarão como a procura são ocasionais.
sol e, por vezes, a fumagem de
2.5. Comercialização e processamento
transportam, a pé, em bacias (alguidares de plástico), até aos mercados locais ou fazem a
sua venda ambulante. Algumas trabalham por conta própria, outras por conta do armador e
outras, ainda, num sistema de percentagem ou sociedade (Afonso, 2001). O mercado
municipal da Cidade de Inhambane e o mercado de Morrumbene são os mais importantes da
região. Toda a comercialização local é feita sem recurso a gelo.
As capturas das tarrafas e gamboas destinam-se quase exclusivamente para consumo
familiar, sendo apenas comercializado o camarão, devido ao seu alto valor económico.
2
O tipo de processamento mais observado foi a secagem ao
camarão de pequenas dimensões, designado por camarão fino, que depois é vendido aos
montinhos ou em copos nos mercados locais (Fig. 16) e utilizado na culinária depois de
triturado. Durante a época das chuvas estes tipos de processamento estão limitados,
ocasionando perdas de produto (Pinto & Gomes, 2001).
2 1000 Mt ≈ 0,04 Euros (€) em 2002
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
12
.6. Gestão da actividade pesqueira
as das artes de pesca. Estas
cenças tiveram uma subida de preços, em 2002, acima dos 100%. Assim uma embarcação
com arrasto paga, anualmente, uma taxa de 884.440,00 Mt, com redes de emalhar
290.940,00 Mt, uma gamboa paga uma taxa de 85.000,00 Mt e uma tarrafa 74.000,00 Mt.
obre o período de veda para o
amarão, assim como fiscalizarem a sua implementação (MICOA, 1998; Ntimane, 2002).
Existem, ainda, os lideres tradicionais que desempenham um papel importante na resolução
de problemas familiares e comunitários e na preservação da estrutura organizacional e
cultural das comunidades (Santana Afonso & Gervásio, 2001).
r das Pescas (1994), pela Política
1/96), Lei das Pescas (3/90) e pelos seguintes regulamentos: Pesca Marítima
(16/96), Inspecção e Garantia de Qualidade dos Produtos de Pesca (10/98), Águas Interiores
(36/99) e o da Pesca Desportiva (51/99) (MICOA, 1998; Santana Afonso & Gervásio, 2001)
2
A pesca artesanal não pode ser vista apenas como uma actividade profissional pois é uma
ocupação de sobrevivência, integrada numa estrutura comunitária com fortes tradições
familiares (Bâcle & Cecil, 1990).
A gestão deste sector é feita pelo Ministério das Pescas (MIPE), criado pelo Governo de
Moçambique após as eleições no ano 2000. Entre 1994 e 1999, este sector esteve inserido
no Ministério de Agricultura e Pescas (MAP). O MIPE criou Delegações Provinciais para a
monitorização e controlo local da actividade pesqueira. Por insuficiência de recursos
humanos este ministério delegou as actividades de fiscalização às Administrações
Marítimas (ADMAR) locais, instituições subordinadas ao Ministério dos Transportes e
Comunicações. A ADMAR em conjunto com os Serviços de Administração e Fiscalização
Marítima (SAFMAR) são responsáveis pela cobrança das licenç
li
Além das organizações institucionais, a gestão dos recursos pesqueiros, da Baía de
Inhambane, tem a participação das comunidades piscatórias locais num modelo de Co-
Gestão com a Direcção Provincial de Pescas de Inhambane, que é o órgão máximo neste
sector ao nível provincial (Santana Afonso & Gervásio, 2001). Por iniciativa das
comunidades pesqueiras, foram criados pequenos grupos de pescadores, designados por
“secretários de pesca”. Estes, na maioria pescadores mais velhos, são escolhidos pelas
comunidades e participam activamente nas tomadas de decisão tendo um papel importante
na resolução de conflitos. Têm como principais funções agirem como intermediários entre
os pescadores e as instituições e comunicarem localmente s
c
Actualmente, o sector é regulamentado pelo Plano Directo
Pesqueira (1
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
13
Medidas de Gestão
ima, 1989). Normalmente, tem uma duração de três a
eses, para determinadas zonas que os pescadores identificam como locais de
crescimento ou reprodução de camarão. Abrange todas as artes menos a gamboa, por se
considerar de subsistência familiar, e a pesca à linha, por não capturar camarão. Embora
haja consenso em relação ao dia em que se inicia a veda, o mesmo não acontece em relação
ao dia ou mês do seu encerramento. Muitos pescadores argumentam que a veda pode
coincidir com a altura em que o camarão atinge maiores proporções e migra para o alto-mar,
deixando de ser acessível à pesca artesanal (Ntimane, 2002). O período de veda, em 1999,
Nhaduga e Rivane, do Distrito de Jangamo, e Jogó e Morrumbene, do Distrito de
Morrumbene, para as artes de arrasto e tarrafa (Santana Afonso & Halare, 2001).
e
A principal medida de gestão é a aplicação de um período de veda. A veda é a proibição da
pesca durante um certo tempo e numa determinada área. Visa reduzir a mortalidade por
pesca nos exemplares jovens (Cad
quatro m
abrangeu o Estuário de Morrumbene. No ano 2000, abrangeu os centros de pesqueiros de
Outras medidas de gestão foram regulamentadas no Diploma Ministerial de 20 de Julho d
1999, como a fixação do tamanho mínimo de malha estirada em 38 mm (1,5” polegadas)
para as redes de arrasto à praia e a determinação da zona de exclusão de três milhas para a
pesca artesanal.
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
14
.7. Aspectos da biologia dos Peneídeos
Em termos biológicos, os peneídeos poderão ser considerados como um recurso ideal, pois
têm taxas altas de crescimento, de fecundidade e atingem a maturidade sexual em menos de
um ano. Seria então suposto que os seus mananciais resistissem a altos níveis de exploração,
o que nem sempre acontece devido, principalmente, à perturbação dos habitats costeiros
usados como zonas de crescimento (nursery areas) (King, 1995). Apresentam-se, de
seguida, alguns aspectos sobre a biologia dos peneídeos:
Filo: Arthropoda
Subclasse: Malacostraca
Superordem: Eucarida
Família: Penaeidae
Género: Penaeus
Espécie: Penaeus (Fenneropenaeus) indicus
H. Milne Edwards 1837
Espécie: Penaeus semisulcatus De Haan 1844
Espécie: Penaeus (Marsupenaeus) japonicus Bate 1988
Espécie: Penaeus monodon Fabricius 1798
orfologia externa
corpo do camarão divide-se em duas partes: o cefalotórax e o abdómen. O cefalotórax é
oberto pela carapaça que se prolonga para a frente formando o rostro que varia em
comprimento conforme a espécie (Fig. 4). O rostro, nas espécies do género Penaeus, é
sempre dentado dorsalmente e também ventralmente e o número de dentes pode ser usado
para diferenciar as espécies. Em quase todas existe um dente chamado de epigástrico que
2
3
Posição sistemática (De Freitas, 1984)
Classe: Crustacea
Ordem: Decapoda
Subordem: Dendobranchiata
Infraordem: Penaeidea
Superfamília: Penaeoidea
M
O
c
3 Neste trabalho são designados por Peneídeos apenas as espécies de peneídeos de superfície ou de plataforma e não as de águas profundas ou oceânicas.
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
15
antecede os dentes dorsais. A carapaça é importante para a identificação da espécie
espinhos, sulcos e cristas. Os apêndices
meio dos urópodes encontra-se o
lson que também é utilizado na identificação dos camarões, observando-se o sulco dorsal e
, móveis ou imóveis (De Freitas, 1972b).
Figura 4: Esquema geral da morfologia externa dos peneídeos.
observando-se nesta a forma e disposição dos
(pares) do cefalotórax são as antenas, anténulas, as mandíbulas seguidas do segundo e
terceiro maxilípedes e dos cinco pares de patas ambulatórias ou pereiópodes, sendo o
primeiro par o mais curto e o terceiro o mais comprido. O abdómen é constituído por seis
segmentos, dos quais os cinco primeiros possuem, ventralmente, os apêndices natatórios
conhecidos por pleópodes. No sexto e último segmento os pleópodes são projectados para
trás formando o leque caudal, o urópode. Por cima e no
té
a presença ou não de espinhos laterais e apicais
(Adaptado de www.indian-ocean.org/bioinformatics/prawns)
-se facilmente dos camarões carídeos por possuírem pinças nos três
Os peneídeos distinguem
pares de pereiópodes frontais, pela pleura do segundo segmento abdominal não se sobrepor
ao primeiro segmento e por possuírem um abdómen relativamente maior (King, 1995).
Dente epigástrico
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
16
Figura 5: Penaeus indicus (Camarão branco) (in www.allana.com)
Características de identificação
Penaeus semisulcatus De Haan 1844 ou camarão tigre
(Fig. 6) apresenta listas transversais claras e escuras de
Figura 6: Penaeus semisulcatustigre) (in www.marinefood.
Figura 7: Penaeus japonicu(in www.fish-net.rv)
reme-amareladas na região superior da carapaça.
stro observam-se 6 a 10 dentes dorsais e 3 a 4
s. A crista hepática é curta e oblíqua e o sulco
diano distinto. As antenas são listadas
rsalmente. Os pleópodes são amarelados com as
azuis (Fischer et al., 1990).
us japonicus Bate 1888 ou camarão flor (Fig. 7)
uma cor amarelo-pálida a rosa com listras
rsais vermelho-acastanhadas a castanhas escuras.
ro é também listado com 8 a 11 dentes dorsais e
um ventral. A crista hepática é dobrada e a crista
tral quase alcança a margem posterior da
(Camarão com)
s (Camarão flor)
Figura 8: Penaeus monodon (Camarão tigre-gigante) (in www.sterlingfoods.com)
Penaeus (Fenneropenaeus) indicus H. Milne Edwards
1837 ou camarão branco (Fig. 5) tem uma cor rosa-
amarelado pálida, semitranslúcido, com manchas de cor
verde-azeitona a cinzento-azulada. O rostro possui 7 a 9
dentes dorsais e 3 a 5 ventrais. Não possui crista hepática
e o sulco cervical é curto (Fischer et al., 1990).
or acastanhada nos segmentos dorsais do abdómen e
stas c
o ro
entrai
e
ansve
ontas
enae
ossui
ansve
rost
penas
pós-ros
carapaça, com sulco
ês pares de espinhos móveis (Fischer et al., 1990).
stas creme-amareladas na região superior da carapaça.
o rostro surgem 6 a 8 dentes dorsais e 3 a 4 ventrais. A
rista hepática é curta e horizontal (Fischer et al., 1990).
c
li
N
v
m
tr
p
P
p
tr
O
a
mediano distinto. O télson possui
tr
Penaeus monodon Fabricius 1798 ou camarão tigre-
gigante (Fig. 8) possui listas transversais escuras e claras,
de cor esverdeada, nos segmentos dorsais do abdómen e
li
N
c
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
17
C
de dois anos (Garcia & Le Reste, 1981).
ioria dos peneídeos é dividido entre
em oceano aberto e os juvenis
de King, 1995)
ses até atingirem um tamanho
estimulados pela temperatura e
os indivíduos que completaram
xte
m a capacidade de reprodução
re a uma profundidade entre os
libertados no mar, dando-se a
4). As larvas são planctónicas e
cinco como nauplius, três como
se de pós-larvas medem apenas
salinidade como os estuários e
ura 3 semanas a um mês até se
e não são encaminhadas para os
daç son
iclo de vida
A esperança de vida dos peneídeos é, em média,
Embora possam existir variações, o ciclo de vida da ma
o oceano e zonas estuarinas. Os adultos vivem e desovam
crescem em zonas costeiras de água salobra, principalmente es
Freitas, 1984; King, 1995).
ida dos peneídeos (Adaptado
198
re
Fielding, 1956 in De Freitas, 1984).
tuários e mangais (Fig. 9) (De
Figura 9: Ciclo de v
Os juvenis permanecem nos estuários três a quatro me
suficiente para, progressivamente, migrarem para o oceano,
pela salinidade (De Freitas, 1984). Consideram-se juvenis
totalmente a forma do rostro. Quando os órgãos sexuais e
são considerados sub-adultos e adultos quando adquire
(Garcia & Le Reste, 1981). No mar alto, a reprodução ocor
18 e 20 m (Macia, 1990). Depois da cópula os ovos são
eclosão num período de 14 a 24 horas (De Freitas,
rnos estão bem diferenciados
atravessam, sucessivamente, onze estados de transição:
protozoea e três como mysis (Fig. 9). Ao atingirem a fa
alguns milímetros e alcançam de novo zonas de baixa
mangais, transportadas pelas correntes. Esta última fase d
tornarem juvenis (Garcia & Le Reste, 1981). As larvas qu
estuários, pelas correntes, acabam por morrer devido à p ão e a outras causas (John
&
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
18
orrentes do CMoçambique (Adaptado de De Freitas, 1984)
se em duas, a Corrente Costeira
rica Oriental para Norte, e a
te de Moçambique para Sul.
ltima corrente estende-se para
s círculos e ziguezagues (WWF,
determinando um transporte no
Sul junto à costa que deverá
ciar o ciclo de vida dos
eos desta região. Poderá, assim,
supor-se que os estuários e baías da
de Moçambique recebem larvas Figura 10: Esquema das principais c anal de
A corrente que tem maior influência na
nte Equatorial do Sul
Aqui, ela
ivide-
a Áf
orren
sta ú
ul ao
002),
entido
fluen
eneíd
osta
A determinação do sexo dos indivíduos é feita pela observação dos órgãos sexuais externos
que se distinguem bem nos adultos e com alguma dificuldade nos juvenis (De Freitas,
1972b). O órgão masculino, designado por petasma, situa-se entre o primeiro par de
pleópodes (Fig. 11). O órgão feminino, o telicum, situa-se entre o quinto par de pereiópodes
e tem a aparência de uma placa com uma ranhura central podendo ser aberto ou, como no
caso das espécies em estudo, fechado (Fig. 11). A forma do petasma e do telicum difere
segundo as espécies e pode ser utilizada na identificação dos camarões (De Freitas, 1972b).
As fêmeas são normalmente maiores que os machos e a sua maturidade sexual é, em geral,
classificada em cinco estados de acordo com a aparência das gónadas (Cristo &
Mascarenhas, 1986). Nos machos, consideram-se quatro estados de maturação sexual com
região é a Corre
que se movimenta na direcção Oeste
ao longo do Oceano Índico e que
atinge a costa africana na região da
fronteira entre a Tanzânia e
Moçambique (Fig. 10).
d
d
C
E
S
2
s
in
p
c
trazidas de Norte e, por sua vez, os adultos ao migrarem para o oceano, apesar da sua
capacidade natatória, deverão ser transportados pelas correntes para zonas mais a Sul (De
Freitas, 1963; 1984; Forbes & Cyrus, 1991).
Dimorfismo sexual e reprodução
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
19
respeita à sua cor, textura e tamanho (Hady et al.,
maturidade sexual em menos de um ano de vida.
noite onde os machos transferem o espermatóforo
l et al., 1990). As fêmeas com o telicum fechado
uda, possuindo ainda a carapaça mole (Bailey-
ontrário de todos os outros crustáceos explorados
nsportam os ovos. Durante a desova estes são
tal das fêmeas, situada na base do terceiro par de
em o espermatóforo armazenado (King, 1995). A
ea e foi estimada em cerca de 800 mil ovos para
hão de ovos para P. semisulcatus (Dall et al., 1990).
spécie e a região podendo ocorrer pelo menos duas
tempo de vida (Treece, 1999).
Figura 12: Distribuição geográfica das principais espécies de peneídeos comerciais da região do Indo-Pacífico (Adaptado de “Penaeid shrimp
www.dec.ctv.edu.vn/sardi/cd_shrimp2overview” in
)
Ecologia, distribuição geográfica e habitat
O género Penaeus ocorre, em geral, nas zonas
tropical e subtropical entre as latitudes 40ºN e
40ºS (Bailey-Brock & Moss, 1992). Na Figura
12 representa-se a distribuição geográfica das
espécies de peneídeos com importância
comercial na região do Indo-Pacífico.
Figura 11: Estruturas externas do sistema genital dos peneídeos: petasma nos machos e telicum mp overview” in www.dec.ctv.edu.vn/sardi/cd_shrimp2
base na aparência dos testículos no que
1990). A maioria dos peneídeos atinge a
A cópula ocorre normalmente durante a
para o telicum através do petasma (Dal
acasalam normalmente depois de uma m
Brock & Moss, 1992; King, 1995). Ao c
comercialmente, os peneídeos não tra
libertados para o mar pela abertura geni
pereiópodes, e fertilizados ao atravessar
fecundidade depende do tamanho da fêm
Penaeus monodon e em cerca de um mil
O período de desova varia consoante a e
vezes por ano e até cinco vezes durante o
nas fêmeas (Adaptado de “Penaeid shri )
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
20
,
egetação abundante, altas concentrações de alimento e água salobra (Hughes, 1966;
97; Macia et al.,
2003). A maior parte dos peneídeos enterra-se no substrato ou esconde-se na vegetação
com
ais
et al.,
zonas de mangal e a substratos lodosos (Hughes, 1966; De Freitas, 1986) enquanto que P.
itat
de P. semisulcatus são, quase exclusivamente, por canais mais profundos e bancos de areia
66,
986), onde permanecem completame
urante o dia (Kalk, 1995).
Os habitats estuarinos, com presença de mangais ou ervas marinhas (macrophytas), são de
extrema importância como zonas de crescimento pois proporcionam, aos juvenis, abrigo
v
Subramanian et al., 1983; De Freitas, 1986; Haywood et al., 1995; Rönnbäck et al., 2002;
Macia et al., 2003). Nos estuários, apesar da sua capacidade natatória, os peneídeos passam
a maior parte do tempo junto ao fundo, emergindo na coluna de água para se alimentarem,
normalmente durante a noite (Garcia & Le Reste, 1981; King, 1995). Apesar da sua
aparente semelhança, as espécies apresentam padrões de distribuição diferentes dentro dos
estuários influenciados por factores ambientais como a salinidade, temperatura, turbidez e
profundidade da água, tipo de sedimento, cobertura vegetal, tipo de alimento, etc. (Hughes,
1966; De Freitas, 1986; Dall et al., 1990). Vários estudos, alguns dos quais realizados na
Baía de Maputo, Moçambique (Fig. 1) (Hughes, 1966; De Freitas, 1986; Rönnbäck et al.,
2002), confirmam a preferência por certo tipo de microhabitat, que parece estar, também,
relacionada com a estratégia de defesa contra os predadores (Primavera, 19
o resposta à pressão dos predadores (Dal et al., 1990). Das espécies em estudo apenas
P. indicus raramente, ou mesmo nunca, se enterra no sedimento (Hughes, 1966; De Freitas,
1986; Dall et al., 1990). Vários autores sugerem que, por este motivo, esta espécie fica m
exposta, necessitando do abrigo fornecido pela complexidade estrutural das raízes
“pneumatóforos” e turbidez dos mangais (Kalk, 1995; Rönnbäck et al., 2002; Macia
2003). Na Baía de Maputo, os juvenis da espécie P. monodon surgem também associados a
l
japonicus está associado a substratos arenosos (De Freitas, 1986). As preferências de hab
cobertos por ervas marinhas (Hughes, 19
Freitas, 1
Subramanian et al., 1983; Penn, 1984; De
nte enterrados para evitar o calor e a luz
4 famílias de peixe que predam peneídeos
er um dos principais predadores na Baía de
d
Dall et al. (1990) identificaram pelo menos 1
juvenis. O peixe-zebra Terapon jarbua parece s
Maputo (Macia et al., 2003).
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
21
-1
Os parâmetros de crescimento da espécie P. indicus foram estimados na Baía de Maputo por
Macia (1990) que obteve os seguintes valores anuais: L∞ = 49,0 mm e k = 1,430 ano para
os machos, e L∞ = 57,0 mm e k = 1,169 ano para as fêmeas. O comprimento total máximo
é de 184 mm nos machos e 228 mm nas fêmeas (Fischer et al., 1990).
. semisulcatus foi estudado na Baía de Maputo por De Freitas (1965) que determinou que
mprimento ELEFAN I para determinar os parâmetros de
rescimento por sexo em P. semisulcatus, na Baía do Kuwait, estimaram um L∞ de 39,5 mm
ara machos e 52,6 mm para fêmeas, e um k de 1,6 e 1,7 ano-1, para machos e fêmeas
spectivamente. Fischer et al. (1990) referem que os machos alcançam um comprimento
tal menor (cerca de 180 mm) que o das fêmeas (230 mm).
Regime alimentar São omnívoros oportunistas, com uma alimentação muito variada, mas a maior parte da sua
dieta consiste em bactérias e algas microscópicas abundantes nos sedimentos. Também se
podem alimentar de fezes ou carcaças de animais de maiores dimensões ou limpando
detritos em pequenos animais como moluscos, crustáceos ou poliquetas (King, 1995).
Crescimento Como em todos os crustáceos, o crescimento é descontínuo, efectuando-se através de
mudas. A taxa de crescimento das espécies de peneídeos, duma forma geral, varia entre 30 e
60 mm (comprimento total) por mês durante a fase juvenil e vai decrescendo com a idade
(Garcia & Le Reste, 1981). A espécie Penaeus monodon apresenta um dos crescimentos mais rápidos entre os
peneídeos sendo, por isso, bastante utilizada em aquacultura (Ponticelli et al., 1989; Cheng
& Chen, 1990; Mercy et al., 1993). Segundo Fischer et al. (1990), o comprimento total
máximo é de 268 mm nos machos e 337 mm nas fêmeas. Jong et al. (1993) estimou os
parâmetros de crescimento de von Bertalanffy de indivíduos fêmeas e machos criados em
aquacultura, obtendo comprimentos assimptóticos (L∞) de 56,4 e de 66,0 mm, constantes de
crescimento (k) de 0,063 e 0,058 semana e idade teórica no comprimento zero (t0) de 1,99
e 2,80 semana, respectivamente.
P. japonicus atinge um comprimento total máximo de 190 mm nos machos e 225 mm nas
fêmeas (Fischer et al.,1990).
-1
-1
P
as fêmeas crescem a uma taxa média de 12,5 mm (comprimento total) por mês enquanto que
a média dos machos é de 7,0 mm por mês. Mohammed et al. (1998), utilizando o método de
análise de frequências de co
c
p
re
to
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
22
os
a de
ostragem das capturas da pesca artesanal, desenvolvido pelo IIP, realizado por duas
stradores, cada uma composta por dois técnicos. Procurou-se identificar a
portância, nestes centros, do camarão como recurso. Durante estas saídas foram
efectuados inquéritos informais aos pescadores para recolha de informações sobre as artes
de pesca e embarcações utilizadas, a periodicidade da pesca, as espécies capturadas, os
locais de pesca e de desembarque, o processamento e comercialização do pescado e a idade
e ocupação dos pescadores (Anexo II). Foram observadas quatro artes de pesca com
o e a representatividade das artes.
da estação seca (Julho a S da estação chuvosa (Outubro a Dezembro). Os
3. Material e Métod
3.1. Planeamento da amostragem Numa primeira abordagem foram realizadas visitas a vários centros de pesca da Baía de
Inhambane. Os principais centros encontram-se abrangidos por um program
am
equipas de amo
im
capturas significativas de camarão: o arrasto para a praia, a rede de emalhar, a gamboa e a
tarrafa. Quatro espécies de camarão destacaram-se pelas quantidades capturadas e interesse
comercial: Penaeus indicus (PEI)4, P. semisulcatus (PSE), P. japonicus (PJA) e P. monodon
(PMO). De modo a caracterizar os vários aspectos da pescaria de camarão que se pratica na
Baía de Inhambane seleccionaram-se três centros de pesca: Muelé (MUE), Nhaduga (NHA)
e Morrumbene (MOR) (Figs. 1 e 13). O número de unidades de pesca activas foi
determinante na escolha destes centros mas teve-se igualmente em conta outros aspectos
como a acessibilidade, a localizaçã
3.2. Amostragem dos desembarques O trabalho de amostragem foi realizado entre Julho e Dezembro de 2002 e abrangeu o fim
etembro) e o início
dias de amostragem foram seleccionados aleatoriamente de modo a amostrar, pelo menos
três vezes por mês, em cada um dos centros. Alguns dias foram previamente seleccionados
sado neste trabalho. 4 A seguir ao nome científico da espécie é indicado o respectivo código u
Figura 13: da esquerda para a direita: Muelé (MUE), Nhaduga (NHA) e Morrumbene (MOR), os três centros de pesca seleccionados na Baía de Inhambane, Moçambique.
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
23
saídas do programa de amostragem do IIP. As saídas foram
programadas em função da hora das marés, indicada nas Tabelas do Instituto Nacional de
01), uma vez que estas determinavam o regime de
2. O peso da captura total e de cada grupo faunístico (peixes ósseos, peixes
cartilagíneos, camarão (Penaeus), outros crustáceos , bivalves, gastrópodes e
cefalópodes), utilizando uma balança electrónica portátil de 10 kg de capacidade
e 50 gr de precisão;
3. Composição faunística da captura: foi retirada uma amostra aleatória de cada
formulários (Anexo III), onde se incluíram,
mbém, informações adicionais sobre as dimensões das artes, a malhagem, os locais de
Posteriormente, todos os dados foram registados em folhas de cálculo (Microsoft Excel).
para coincidirem com as
Hidrografia e Navegação (INAHINA, 20
pesca. Nas gamboas a recolha do pescado era feita no pico da maré baixa, as tarrafas
operavam durante a vazante e as embarcações com redes de arrasto e de emalhar saíam para
o mar na vazante e regressavam na enchente. O acesso aos locais de desembarque foi
realizado com recurso a embarcações à vela (dhows) ou a motor para a travessia para
Maxixe (Fig. 1), ao transporte público local “chapa 100” e a um veículo todo-o-terreno do
IIP. Em cada saída seleccionaram-se aleatoriamente unidades de pesca, de cada tipo de arte,
tendo em conta o número de artes activas. Em cada unidade de pesca procedeu-se à
amostragem da captura, durante a operação de desembarque, registando-se as seguintes
informações:
1. Esforço de pesca: registaram-se o número de artes a operar, o número de lances
efectuados5, a duração do evento5 e o número de pescadores envolvidos;
6
grupo faunístico. Foi feita a separação por espécies e a sua identificação com o
auxílio de guias de campo (Fischer et al. (1990) e Smith & Heemstra (1995)).
Para cada espécie registou-se o número e o peso total dos indivíduos, utilizando
uma balança electrónica portátil de 10 kg de capacidade e 50 g de precisão ou
uma balança electrónica portátil, modelo Acculab CRD-150, com precisão à
décima de grama, consoante a dimensão da amostra.
Os dados recolhidos foram registados em
ta
pesca, o nome da embarcação e do proprietário, a meteorologia e a fase da Lua.
5 Informação fornecida pelos pescadores 6 Não incluindo o camarão comercial
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
24
3.3. Amostragem biológica das capturas de camarão comercial
1) Comprimento Total, CT (Fig. 14), medido, ao milímetro inferior, desde a ponta do rostro
até à ponta do télson, com um ictiómetro; 2) Comprimento do Cefalotórax, CC (Fig. 14),
medido, ao milímetro inferior, desde a margem pós-orbital até ao bordo posterior da
carapaça com uma craveira; 3) Peso Total, PT, em gramas, com uma balança portátil,
modelo Acculab® CRD-150, com precisão à décima de grama; 4) Sexo; 5) Muda (carapaça
dura ou mole).
Foi realizada a amostragem biológica das capturas das quatro espécies de camarão mais
abundantes, Penaeus indicus (PEI), P. semisulcatus (PSE), P. japonicus (PJA) e P.
monodon (PMO), durante as operações de desembarque. Obteve-se, de cada indivíduo, a
seguinte informação:
Figura 14: Representação das medidas de CT – Comprimento
s dados foram registados no campo com o auxílio de um gravador de voz e,
posteriormente, transcritos para formulários (Anexo III) e registados em folhas de cálculo
(Microsoft Excel).
3.4. Tratamento dos Dados
Análise d
sforço e Rendimentos de Pesca: A unidade de esforço de pesca foi definida em arte
e
mostragem, estimaram-se as capturas médias diárias, desembarcadas em cada centro.
Total e CC – Comprimento do Cefalotórax
O
as capturas
E
activa por dia. A Captura por Unidade de Esforço (CPUE) representa o rendimento médio
da captura, por arte de pesca e por dia (kg/arte.dia) e foi calculada a média para cada mês e
para o todo o período de estudo. Com o número médio diário de unidades activas a operar
em cada centro e os valores médios de CPUE para cada arte, obtidos ao longo do período d
a
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
25
so da captura /
eso da amostra) determinaram-se as capturas médias em peso, por unidade de esforço
(CPUE, kg/arte.dia), para cada espécie capturada. Estas foram agrupadas em grupos
faunísticos e calculou-se a sua importância relativa em peso.
Características biológicas das capturas de camarão comercial
mbém, o comprimento médio e o seu respectivo desvio padrão dos
divíduos po a das espécies, efectuando-se
ma mé
comp mentos por arte de
esca foi reali ostras independentes
erenças entre as
uas d bui es de frequências de comprimentos [H0: FA(x) = FB(x)]. O nível de
ignificância adoptado foi de 5%. A estatística de teste utilizada foi a seguinte:
A B o as distribuições de frequências acumuladas das amostras A e B.
Sendo as dimensões das amostras A (nA) e B (nB) elevadas, o valor crítico de D’ pode ser
quação:
D’ = Kα
Composição faunística: após a aplicação do factor de ampliação (FA = Pe
P
Distribuição de frequências de comprimento: foram obtidas distribuições de frequências
de comprimentos por sexo e para sexos combinados, em classes de 1 mm de comprimento
de cefalotórax, CC (mm), para cada uma das espécies em estudo. Depois de ampliados, em
função dos factores de ampliação, os resultados foram apresentados em percentagem.
Calculou-se, ta
in r sexo e para sexos combinados, para cada um
dia ponderada.
aração estatística das distribuições de frequências de compri
zada com o teste de Kolmogorov-Smirnov para duas am
dif
u
A
p
(Zar, 1999), considerando-se como hipótese nula a não existência de
d istri çõ
s
D’ = max |SA(x) – SB(x)| (1)
Onde S (x) e S (x) sã
determinado através da seguinte e
× BA nn + )( , onde Kα = ( ))2ln(1 α−×BA nn × 2
Proporção Sexual: definida como a proporção de fêmeas no total de machos e fêmeas, foi
analisada por classe de CC e no total, para os seis meses de amostragem. Para testar a
hipótese nula de que os sexos se encontram igualmente distribuídos (H0: P♂ = P♀) em cada
uma das espécies foi aplicado o teste de Qui-quadrado (χ ) com a correcção de Yates (
(2)
2 Zar,
1999). O nível de significância adoptado foi de 5% e o número de graus de liberdade (gl) foi
de 1. A estatística de teste utilizada foi a seguinte:
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
26
χ2 = ( )
nff 21 1−−
(3)
Sendo f1 e f2 o número de observações de cada um dos c
2
onjuntos de dados (machos e
fêmeas) e n o número total de observações.
Total
T) – Comprimento de Cefalotórax (CC).
quadrados), após Análise de Resíduos (Zar, 1999). No caso da
lação PT-CC, os dados de ambas as variáveis foram previamente transformados por
são as duas
ariáveis, q = Factor de condição e b = Coeficiente de alometria são os seus parâmetros.
pós linearização tem-se:
ln PT = a + b . ln CC, onde a = ln q (5)
Para verificar se existiam diferenças significativas entre sexos nos parâmetros das
regressões lineares de cada espécie utilizou-se o teste F para análise da soma dos quadrados
dos resíduos (Z nsiderou-se c
ntre os parâmetros da primeira e segunda equação a serem testadas (H0: p1 = p2).
Relações Morfométricas Com base na informação morfométrica, recolhida para cada uma das espécies de camarão,
foram determinadas, para cada sexo e para sexos combinados, as seguintes relações
morfométricas: Comprimento Total (CT) – Comprimento de Cefalotórax (CC) e Peso
(P
Os parâmetros de ambas as relações foram estimados por Regressão Linear Simples
(método dos mínimos
re
linearização (logaritmos naturais) uma vez que a relação peso-comprimento (e.g., Cadima,
2000) se expressa matematicamente através da seguinte função do tipo potência:
PT = q . CCb (4)
onde: PT = Peso médio individual e CC = Comprimento de Cefalotórax
v
A
ar, 1999). Co omo hipótese nula a não existência de diferenças
e
Adoptou-se um nível de significância de 5% e a estatística de teste utilizada foi a seguinte:
F = ( )
DFSQRx
DFxDFy − (6)
( )
x
SQRxSQRy −
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
27
om,
SQRx = , i.e., o total da som adrados dos re
i k = número de parâmetros a comparar;
rados dos resíduos dos dados combinados das curvas em
omparação;
vo (isométrico ou alométrico), em cada relação
orfométrica utilizou-se o teste t-Student, para testar as hipóteses nulas:
foi n – 1.
A estatística de teste utilizada foi a se uinte:
c
∑=
K
iSQRi
1a dos qu síduos é dada pelo somatório da
soma dos quadrados dos resíduos de cada curva i em comparação;
DFx = ( )∑ −K
n 2 , n = número de indivíduos,=i
i1
SQRy = soma dos quad
c
DFy = ∑i
in1
- k
Para averiguar o tipo de crescimento relati
=
K
m
H0: B = 1, para um crescimento isométrico na relação CT-CC;
H0: B = 3, para um crescimento isométrico na relação PT-CC.
O nível de significância adoptado foi de 5% e o número de graus de liberdade (gl)
g
t = bS
(7)
onde b = Coeficiente de a
Bb −
lometria obtido em cada relação analisada (declive da recta de
regressão linear), B = valor b que se pretende testar e S o erro padrão de b, isto é:
S =
b
b
Sendo Syy e Sxx a soma dos quadrados dos desvios de cada valor y e x para as suas
respectivas médias.
[ ] ( ) 2)2(1 bSxxSyyn −×− (8)
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
28
4. Resultados
4.1. Amostragem das capturas
Durante os seis meses de amostragem foram realizadas 55 saídas e amostradas 129 unidades
de pesca. O esforço de amostragem inicialmente previsto não foi completamente cumprido
I e II do Anexo IV encontra-se a distribuição do esforço de amostragem
realizado pelos três centros e pelas quatro artes de pesca, ao longo do período de estudo.
arrasto é a arte que envolve a maior parte dos pescadores e que contribui com o maior
mercializadas nos
cais de desembarque estes podiam ser facilmente identificados pela presença das
o caso das redes de emalhar,
ais de desembarque que, na
ser uma arte fixa, não causou este tipo de
ificuldades. Foi a segunda arte de pesca em termos de esforço de amostragem pelo seu
elevado número de unidades activas. Por sua vez, a tarrafa foi a arte com menor cobertura
de amostragem pois pescava essencialmente à noite e em locais muito dispersos. Além
capturas
alizadas durante a noite. Em Nhaduga, as tarrafas pescaram também durante o dia mas
peram eda.
u todas as artes excepto as gamboas. Por esse motivo, neste centro de
esca não foi possível amostrar, de forma conveniente, as tarrafas e as redes de emalhar.
urante este período foram amostradas apenas duas redes de emalhar, que pescaram fora da
ona de veda, e uma tarrafa.
Como resultado final, o trabalho de amostragem, nos três centros de pesca, compreendeu as
capturas de 64 arrastos, 22 redes de emalhar, 31 gamboas e 12 tarrafas.
devido, principalmente, aos dias de mau tempo que não permitiram a actividade pesqueira.
Nas Tabelas
O
volume de capturas (Santana Afonso & Halare, 2001) e, por isso, foi onde incidiu o maior
esforço de amostragem. Como a maior parte das suas capturas são co
lo
vendedeiras que se juntavam, antecipadamente, nesses locais. N
a amostragem tornou-se mais difícil pela dispersão dos loc
maioria das vezes, eram realizados perto das casas dos pescadores e não coincidiam com os
locais de comercialização. A gamboa, por
d
disso, não existiam locais de comercialização uma vez que as capturas destinavam-se ao
consumo dos próprios pescadores. Em Muelé foi possível amostrar algumas
re
interrom a sua actividade durante a v
A veda em Nhaduga, iniciada em Setembro e terminada em Dezembro por iniciativa dos
pescadores, abrange
p
D
z
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
29
pturas e regime de pesca
A actividade pesqueira mostrou-se muito diversificada nas comunidades da Baía de
idade, cada centro apresentou características muito
ão
ram contabilizadas as tarrafas que operavam durante a noite. Todavia, verificou-se serem
arrasto observou-se o maior esforço em
ezembro, com um valor médio diário de 14 embarcações, tanto em Morrumbene como em
dia. Em Outubro, registou-se um valor
édio diário de 11 embarcações com redes de emalhar, que efectuaram os seus lances fora
aram em Setembro.
urante o período de veda, verificou-se que os pescadores com embarcações optavam,
4.2. Esforço, ca
Inhambane e, apesar da sua proxim
próprias. Dos três centros amostrados, Nhaduga é o que tem uma localização mais interior
na baía e onde se observou a maior concentração de gamboas, estimando-se um total de 50
unidades activas durante as marés vivas. Foi, também, onde se registou o maior número de
“chatas” com redes de emalhar (28) e de tarrafas (15) que efectuaram um esforço médio
diário, para o período de estudo, de 11 e 7 unidades activas, respectivamente (Tab. I). N
fo
bastante numerosas e deverá mesmo constituir a arte mais abundante na Baia de Inhambane.
Em Morrumbene, o único centro que possui um cais de desembarque, registou-se o maior
número lanchas com arrastos (21), com um esforço médio de 12 unidades activas por dia.
Contabilizaram-se, ainda, sete embarcações (quatro chatas e três canoas) com redes de
emalhar que efectuaram um esforço médio diário de três unidades activas, durante o período
de amostragem. Muelé, o centro mais próximo da cidade de Inhambane, apresentou a maior
diversidade de pescarias onde estiveram presentes as quatro artes de pesca. Neste centro
foram localizadas apenas duas gamboas mas, como não apresentavam capturas de camarão,
não foram consideradas neste trabalho. Registou-se um esforço médio diário de nove
lanchas com arrastos, seis chatas com redes de emalhar e seis tarrafas “nocturnas”, para o
período de estudo, realizado por um total de 19, 11 e 10 artes, respectivamente. A variação mensal do esforço de pesca encontra-se descrita na Tabela I. No caso das
gamboas de Nhaduga, considerou-se o valor estimado de 50 unidades activas constante ao
longo do período de amostragem. Na pesca com
D
Muelé. Em alguns meses não foi possível recolher informação sobre o esforço das pescarias
com redes de emalhar e tarrafas. O número de tarrafas activas deverá mesmo ter sido
bastante subestimado, principalmente em Muelé, onde esta pesca era exclusivamente
nocturna. Com os dados obtidos, verificou-se o esforço máximo em Nhaduga, no mês de
Agosto, com 15 redes de emalhar e 11 tarrafas por
m
da zona restringida pela veda mas que desembarcaram as suas capturas em Nhaduga.
Contabilizaram-se, também, algumas tarrafas que, apesar da veda, pesc
D
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
30
Td
C
(
m
A
c
i
p
u
muitas vezes, por “imigrar” temporariamente para um outro centro de pesca onde
diam o seu produto e só depois voltavam
Tabela I: Número total de artes registadas e esforço de pesca verificado ao longo dos seis meses de
Inhambane, Muelé (MUE), Nhaduga (NHA) e Morrumbene (MOR).
50
estabeleciam um acampamento e pescavam e ven
ao seu local de origem.
amostragem, em número médio diário de unidades activas, pelos três centros de pesca amostrados na Baía de
Arte Gamboa
19 21 11 28 7 10 15 50J 8 9 5 8 2 7 6
S 7 12 5 - 4 - 5O 9 12 8 11 4 5 0N 5 13 - 0 - - 0D 14 14 7 0 - - 0
Média
Nº Total de Artes
Arrasto Rede de Emalhar TarrafaM
ê
Nº U
niad
Act
ivas
Foram também recolhidos dados relativos ao número de lances efectuados por cada rede, ao
número de pescadores envolvidos por arte e à duração do evento de pesca, em número de
horas (Tab. II). O arrasto envolveu um maior número de pescadores, em média sete por
embarcação. O número de lances (4) e a duração média do evento de pesca (5,5 h) foi
idêntico ao regime efectuado na pesca com redes de emalhar, embora esta tenha ocupado,
na maior parte das vezes, apenas dois pescadores por embarcação. A pesca com tarrafa
envolveu sempre dois pescadores e um número de horas menor (3,8). As gamboas exigem
apenas um pescador por arte, para efectuar a recolha da captura no pico da baixa
Cte
Centro MUE MOR MUE NHA MOR MUE NHA NHA
A 10 10 3 15 - - 11
9 12 6 11 3 6 7
sdes
-mar.
abela II: Valores médios relativos ao número de lances, número de pescadores e duração do evento de pesca as diferentes artes na Baía de Inhambane, entre Julho e Dezembro de 2002.
Rede de
4 5 -Nº Médio de Lances
ArrastoEmalhar
Tarrafa
7 2 25,5 5,1 3,8Duração média do evento de pesca (h)
Nº Médio de Pescadores
Arte
om o número médio diário de unidades activas, obtido ao longo do período de amostragem
Fig. 15a), estimou-se o número médio de pescadores activos (Fig. 15b), e as capturas
édias diárias, em peso, desembarcadas pelas diferentes artes, em cada centro (Fig. 15c).
s redes de arrasto apresentaram as maiores capturas e Morrumbene destacou-se como o
entro mais importante para esta pescaria. As redes de emalhar tiveram contribuições
dênticas nos desembarques efectuados nos três centros. Em Nhaduga, onde o arrasto é
raticamente inexistente, a gamboa é a arte com maior volume de capturas, apresentando
ma importância semelhante ao arrasto em Muelé. As tarrafas tiveram contribuições muito
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
31
Figura 15: Número médio diário de unidades de pesca activas (a), número médio de pescad ivos (b) e capturas médias diárias em peso (c) estimados nos três centros de pesca amostrados, M (MUE), Nhaduga (NHA) e Morrumbene (MOR), na Baía de Inhambane, entre Julho e Dezembro de
ores actuelé
2002.
NHA
a) Unidades de
reduzidas nas capturas desembarcadas tanto em Muelé como em Nhaduga. O número médio
de pescadores foi, no total de cada centro, idêntico.
Pesca Activas
0
10
20
30
40
50
60
70
80
MUE NHA MOR
Tarrafa
Rede de Emalhar
Gamboa 60
70
80
90500
Arrasto
b) Pescadores
0
10
20
30
40
50
100
MUE NHA MOR
c) Capturas
0
100
200
300
400
600
MUE MOR
4.3. Rendimentos de Pesca
e.dia,
espectivamente. Julho foi o mês com os rendimentos mais baixos para ambas as redes, com
Os rendimentos de pesca ou as capturas por unidade de esforço (CPUE) das artes estudadas,
para cada mês e para o total dos seis meses de amostragem, podem ser visualizados na
Figura 16. O arrasto revelou ser a arte mais produtiva, com um valor médio de 32,6
kg/arte.dia, seguindo-se a rede de emalhar com 18,3 kg/arte.dia. A gamboa e a tarrafa
apresentaram rendimentos muito baixos na ordem dos 5,3 e 3,4 kg/arte.dia, respectivamente.
Ao longo do período em análise, verificaram-se os melhores rendimentos nos últimos dois
meses para o arrasto, com 46,0 kg/arte.dia em Novembro e 39,2 kg/arte.dia em Dezembro e,
nos meses de Setembro e Dezembro para a rede de emalhar, com 30,4 e 24,5 kg/art
r
50
25
30
35
40
45
(Kg/
arte
/dia
)
Figura 16: Capturas por Unidade de Esforço, CPUE (kg/arte.dia) das quatro artes de pesca amostradas na Baía de Inhambane em valores médios para cada mês e para os seis meses de amostragem.
0
5
10
15CP
Média
17,8 29,8 32,8 30,2 46,0 39,2 32,6
Rede de Emalhar 8,2 13,3 30,4 15,3 24,5 18,3
Gamboa 6,2 4,7 2,6 4,7 4,3 3,6 5,3
Tarrafa 3,4 2,8 2,5 4,4 3,3
J A S O N D
Arrasto
20UE
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
32
lópodes, quatro de bivalves, uma de
quinodermes e uma de gastrópodes. No Anexo V, apresenta-se a lista faunística das
apturas das artes de pesca em estudo, com indicação dos nomes científicos, nomes comuns
m Moçambique e respectivos códigos FAO. Comparando as composições faunísticas das capturas das diferentes artes, verifica-se que os
rupos mais representados, em peso, foram os dos peixes ósseos e dos crustáceos (Fig. 17).
Figu pesca am
17,8 kg/arte.dia para o arrasto e 8,2 kg/arte.dia para a rede de emalhar. Os rendimentos da
espécies de peixes cartilagíneos, quatro de cefa
gamboa variaram entre 6,2 kg/arte.dia em Julho e 2,6 kg/arte.dia em Setembro. A tarrafa
teve um rendimento máximo em Outubro (4,4 kg/arte.dia) e mínimo em Setembro (2,5
kg/arte.dia).
4.4. Composição faunística
Durante todo o período de amostragem foram identificadas um total de 123 espécies
pertencentes a 66 famílias. O grupo de espécies mais representado foi o dos peixes ósseos,
com 88 espécies pertencentes a 45 famílias, seguindo-se o dos crustáceos, com 20 espécies
pertencentes a oito famílias. Os restantes grupos foram menos representativos: cinco
e
c
e
g
Os peixes ósseos representaram a quase totalidade dos desembarques das redes de emalhar
(91,6%), mais de metade dos desembarques dos arrastos (57,6%) e, nas gamboas, foram o
grupo com maior importância relativa (33,3%). Nas capturas das tarrafas os peixes ósseos
foram pouco representativos, com 16,5%, sendo os “outros crustáceos” o principal grupo
com 48,6% do peso total. Na pesca com arrasto e gamboa, os “outros crustáceos” tiveram
contribuições em peso idênticas, com valores na ordem dos 29,4 e 29,8%, respectivamente,
e uma contribuição menos significativa na pesca com redes de emalhar, com 6,4%. Ainda
com alguma importância, destacaram-se os cefalópodes nas capturas dos arrastos (4,1%) e
ra 17: Composição faunística, em peso, por gru aunístico, das capturas das quatro artes de ostradas na Baía de Inhambane, entre Julho e Dezembro de 2002.
Gamboa
Cart ilagíneos8%
Crustáceos
30%
Penaeus29% Peixes
ósseos33%
Rede de Emalhar
Peixes Cart ilagín
eos0,2%
Penaeus1,5%
Peixes ósseos91,6%
Outros Crustáce
os6,4%
Arrasto
Peixes cart ilagí
neos1,5%
Peixes ósseos57,6%
Tarrafa
Peixósse
16%Penaeus
36%
Penaeus
Peixes cartilagíneos
Cefalópodes
Cefalópodes4,1%
Penaeus7,4%
Outros Crustáce
os29,4%
es os
Outros crustáceos
48%
Peixes ósseos
Outros crustáceos
po f
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
33
os peixes cartilagíneos nas capturas das gam oas (7,5%). Os restantes grupos (bivalves,
gastrópodes e equinodermes) tiveram capturas em peso muito reduzidas.
média 1,6 kg de camarão por dia, o que corresponde a 29,3% do peso da
captura total. As maiores capturas de camarão verificaram-se nos arrastos, com uma média
. Para a pesca com redes de
Quanto aos restantes grupos faunísticos, é feita uma análise da variação mensal das capturas
por unidade de esforço das principais famílias (Anexo VI) e são descritas as espécies mais
capturadas, em peso, com cada arte de pesca para o período de estudo (Anexo VII).
famílias, durante o período de amostragem.
, com 14,3%, e , com 11,4%. O caranguejo
b
O camarão comercial em estudo foi englobado no grupo Penaeus (Fig. 17). A gamboa e a
tarrafa foram as artes com os mais baixos rendimentos mas onde a importância relativa do
camarão comercial foi maior. O valor máximo verificou-se na pesca com tarrafa, com
35,8% da captura total embora corresponda a apenas 1,2 kg/arte.dia (Fig. 18). Uma gamboa
capturou em
de 2,4 kg/arte.dia, correspondentes a 7,3% do total da captura
emalhar, o camarão é pouco significativo, apresentando baixos rendimentos (0,3 kg/arte.dia)
que representam apenas 1,5% do total da captura.
As capturas da pesca de arrasto apresentaram o maior número de espécies, tendo sido
identificadas 109 espécies pertencentes a 54
Dentro do grupo dos peixes ósseos, a espécie mais capturada foi Rastrellinger kanagurta
(8,8%) seguindo-se Selar crumenophthalmus (8,1%) e Sillago sihama (7,7%). A espécie
Portunus pelagicus representou quase metade do total das capturas de crustáceos.
Na pesca com redes de emalhar foi registado um total de 62 espécies e 35 famílias. A tainha
Mugil cephalus apresenta-se como a principal espécie capturada, representando 25,1% das
capturas de peixes ósseos. Seguiram-se, na ordem de importância, as espécies Gerres
acinaces Crenidens crenidens Portunus pelagicus
dominou quase exclusivamente as capturas de crustáceos.
Nas capturas das gamboas foram identificadas um total de 46 espécies e 29 famílias. A
spécie Scylla serrata contribuiu com mais de metade do peso total das capturas de
rustáceos. Nos peixes ósseos dominou a espécie Platycephalus indicus (15,3%), único
representante da família Platycephalidae. A família Engraulididae foi a segunda mais
portante em peso (9,1%), surgindo nas capturas com uma elevada abundância em número
e indivíduos.
e
c
im
d
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
34
Figura 18: Variação dos rendimentos de pesca de camarão (kg/arte.dia) de cada arte amostrada na Baía de Inhambane, entre Julho a Dezembro de 2002.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
J A S O N D M édia
M ês
CPU
E (k
g/ar
te.d
ia)
Arrasto Gamboa Rede de Emalhar Tarrafa
as capturas das tarrafas registou-se o menor número de espécies, tendo sido identificadas
um total de 39 espécies pertencentes a 27 fa ílias, durante os quatro meses em que estas
família Portunidae, Portunus pelagicus e Scylla serrata, que representaram 69,8 e 24,6% do
peso total das capturas de crustáceos. Platycephalus indicus contribuiu com praticamente
metade do peso total das capturas de peixes ósseos.
4.5. Análise das capturas de camarão comercial Foram registadas capturas de camarão durante
todo o período de amostragem na pesca com redes
de arrasto e gamboa (Fig. 18). Os melhores
rendimentos foram obtidos no mês de Agosto,
para a primeira arte, com 4,4 kg/arte.dia, e no mês
de Dezembro, para a segunda, com 3,2
kg/arte.dia. Setembro revelou ser o mês mais
fraco para ambas as artes, com uma CPUE média
de 0,7 kg/arte.dia para a rede de arrasto e 0,8
kg/arte.dia para a gamboa. As tarrafas
apresentaram capturas durante todo o período em
que estiveram activas, sendo Outubro o mês com
melhores rendimentos, com 2,8 kg/arte.dia e
Agosto o mais fraco, com 0,1 kg/arte.dia. As redes de emalhar só apresentaram capturas de
camarão nos primeiros três meses, variando estas entre os 0,4 e 0,5 kg/arte.dia. As capturas foram compostas por seis espécies com valor comercial: Penaeus indicus (PEI),
P. semisulcatus (PSE), P. japonicus (PJA), P. monodon (PMO), P. latisulcatus (PLA) e
Metapenaeus monoceros (MMO). A importância em peso de cada espécie, nas capturas totais de camarão comercial, variou
consoante a arte utilizada (Fig. 19). Analisando a composição específica, verifica-se que a
pesca com arrasto capturou, essencialmente, a espécie P. semisulcatus (67,9%), as redes de
emalhar a espécie P. monodon (50,8%), as gamboas a espécie P. indicus (81,2%) e as
tarrafas a espécie P. latisulcatus (67,9%). Durante todo o período de amostragem foram
registados apenas cinco indivíduos da espécie Metapenaeus monoceros que foram
capturados na pesca com tarrafa, no mês de Outubro.
N
m
artes estiveram activas. As capturas foram constituídas principalmente pelas espécies da
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
35
ada tipo de arte. Estas quatro espécies
arte,
igura 20: Variação dos rendimentos de pesca, CPUE (kg/arte.dia) das quatro espécies de camarão em estudo, enaeus indicus (PEI), P. semisulcatus (PSE), P. japonicus (PJA) e P. monodon (PMO), por arte de pesca,
entre Julho e Dezembro de 2002, na Baía de Inhambane.
A evolução dos rendimentos de pesca (CPUE) das espécies de camarão com maiores
capturas pode ser observada na Figura 20, para c
registaram ocorrências em todas as artes de pesca e durante todo o período de amostragem.
P. indicus foi a espécie mais abundante, observando-se melhores rendimentos em Outubro e
Dezembro nas capturas das gamboas, com valores médios diários de 1,4 e 3,1 kg por
FP
PJA
2,0
2,5
3,5
0,0
0,5
1,0
J A S O N D
M ês
1,5
3,0
PEI
0,5
1,5
2,0
2,5
3,0
0,0
1,0
3,5
M ês
J A S O N D
PSE
0,5
1,5
2,0
2,5
3,0
0,0
1,0
3,5
M ês
J A S O N D
PMO
2,0
2,5
3,5
0,0
0,5
1,0
J A S O N D
M ês
1,5
3,0
Arrasto Rede de Emalhar
Gamboa Tarrafa
Arrasto
PL0,8
PMO5,2%
16,9%PJA9,1%
A% PEI
PSE67,9%
Gamboa
PJA0,6%
PSE3,3%
PEI81,2%
PMO14,9%
Rede de Emalhar
PJA12,4%
PEI
PSE26,8%
10,0%
PMO50,8%
Tarrafa
MMO0,2%
16,9%
PEI17,0% PLA
56,1%
PJAPMO7,6%
PSE
2,1%
Figura 19: Composição específica (em peso) das capturas de camarão comercial: Penaeus indicus (PEI), P. semisulcatus (PSE), P. japonicus (PJA), P. monodon (PMO), P. latisulcatus (PLA) e Metapenaeus monoceros (MMO), das quatro artes de pesca amostradas na Baía de Inhambane, entre Julho a Dezembro de 2002
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
aior importância em Agosto na pesca
com arrasto, e em Dezembro na pesca com gamboa, ambos os meses com uma CPUE média
36
respectivamente. A segunda espécie com melhores rendimentos foi P. semisulcatus com
valores mais elevados de Julho a Agosto e Novembro a Dezembro, na pesca com arrasto,
sendo os máximos em Agosto (2,8 kg/arte.dia) e Dezembro (2,1 kg/arte.dia). Os
rendimentos das outras duas espécies foram reduzidos. P. japonicus, teve maiores
ocorrências em Julho, em todas as artes de pesca, com valores médios entre os 0,6 e 0,1
kg/arte.dia, ao passo que, P. monodon apresentou m
de 0,7 kg/arte.dia.
4.6. Amostragem biológica das capturas de
A maior parte da amostragem biológica das captur
local de desembarque, devido à falta de financiamen
para laboratório. Estas foram “emprestadas” pelos
mostraram sempre bastante acessíveis mas, como o
tempo, o número de amostras teve de ser reduzido
regular as capturas de camarão das redes de emalha
mencionadas e, por isso, não foram incluídas. No
biológicas das capturas de camarão, das quais 15
gamboas. Não foram consideradas, nestas amostra
Metapenaeus monoceros, pelas suas fracas ocorrênc
4.7. Características biológicas das capturas de Penaeus indicus, P.
semisulcatus, P. japonicus e P. monodon
camarão
as de camarão foi realizada no próprio
to, na altura, para obtenção de amostras
pescadores ou pelas vendedeiras, que se
trabalho no campo envolvia um certo
. Não foi possível amostrar de forma
r e das tarrafas, devido às dificuldades já
total foram realizadas 27 amostragens
das capturas dos arrastos e 12 das
gens, as espécies Penaeus latisulcatus e
ia
A estrutura de Comprimentos de Cefalotórax (CC), das populações das quatro espécies em
estudo, deduzida a partir das capturas das gamboas e dos arrastos, é apresentada no Anexo
s nas capturas.
oortes, uma da classe de juvenis com
Distribuição de frequências de comprimento
VIII e representada graficamente na Figura 21. Pode-se observar que a espécie Penaeus
monodon apresentou os maiores comprimentos com um CC médio, no total das capturas, de
31,8 mm e moda na classe 34 mm. Seguiu-se P. japonicus (CC médio de 28,0 mm e moda
de 29 mm), P. semisulcatus (CC médio de 24,8 mm e moda de 24 mm) e, por fim, com os
menores comprimentos, a espécie P. indicus, com um CC médio de 18,3 mm. Nesta última
espécie o tipo de distribuição aparenta ser bimodal, com modas nas classes 17 e 22 mm de
CC, o que poderá indicar uma sobreposição de duas c
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
37
uma amplitude entre os 7 e 19 mm de CC, com uma classe de indivíduos com um CC
superior a 20 mm. Em todas as espécies, o c mprimento médio de cefalotórax das fêmeas
foi superior ao dos machos capturados, observando-se a maior diferença entre sexos na
espécie P. japonicus. O mesmo se verificou com as modas, excepto na espécie P. monodon.
A amplitude de CC, do total dos indivíduos, foi maior na espécie P. indicus, que variou
entre 7 e 44 mm, e menor na espécie P. monodon, variando entre 20 e 42 mm. Nas espécies
P. semisulcatus e P. japonicus a amplitude de distribuição foi idêntica variando entre 13 e
o
40 mm de CC e 13 e 39 mm de CC, respectivamente.
rrastos e pelas gamboas na Baía de Inhambane entre Julho e Dezembro de 2002
Figura 21: Distribuição das frequências relativas de comprimentos de cefalotórax, CC (mm), por sexo e para o total de indivíduos, das espécies de peneídeos em estudo: Penaeus indicus (PEI), P. semisulcatus (PSE), P. japonicus (PJA) e P. monodon (PMO), capturados pelos a
PEI ♀n = 1390
10
15
20
7 11 15 19 23 27 31 35 39 43 47CC (mm)
0
5
25(%)
PEI ♂n = 1372
5
10
15
20
7 11 15 19 23 27 31 35 39 43 47CC (mm)
0
25(%)
PEI Totaln = 2762
5
10
15
20
7 11 15 19 23 27 31 35 39 43 47CC (mm)
0
25
(%)
PSE ♀n = 1099
0
5
10
15
20
25
8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48CC (mm)
(%)
PSE ♂n = 1064
0
5
10
15
20
25
8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48CC (mm)
(%)
PSE Totaln = 2163
0
5
10
15
20
25
8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48CC (mm)
(%)
PJA ♀n = 371
0
5
10
15
20
25
8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 47 50CC (mm)
(%)
PJA ♂n = 123
0
5
10
15
20
25
8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48CC (mm)
(%)
PJA Totaln = 494
0
5
10
15
20
25
8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48CC (mm)
(%)
PM O ♀n = 73
0
5
10
15
20
25
8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48CC (mm)
(%)
PM O ♂n = 50
0
5
10
15
20
25
8 12 16 20 2 28 32 36 40 44 48CC (mm)
(%)
4
PM O Totaln = 123
0
5
10
15
20
25
8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48CC (mm)
(%)
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
38
.
A aplicação do teste de Kolmogorov-Smirnov (K-S), para amostras independentes (Anexo
IX), revelou existirem diferenças significativas (α = 0,05) nas distribuições de frequências
de CC das espécies de peneídeos mais abundantes, P. indicus e P. semisulcatus, capturados
pelos arrastos e pelas gamboas. As capturas de P. indicus efectuadas por gamboas incluíram
tamanhos mais pequenos (CC médio de 17,9 mm) do que por arrasto (CC médio de 22,3
mm). Na espécie P. semisulcatus registou-se o contrário, onde as capturas por gamboas
obtiveram um CC médio superior, de 28,3 mm, e as capturas por arrasto um CC médio
inferior, de 24,7 mm
Foi possível acompanhar a composição de tamanhos e de CC médio das capturas das duas
spécies mais abundantes, para o total dos indivíduos ao longo dos seis meses de
arrasto e gamboa na Baía de Inhambane, entre Julho e Dezembro de 2002.
(%
)
(%
)
(%
)
(%
)
05
10
15
20
25
30
35
73
19 m
(%
)
(%
)
J A S O N D
05
1015
20
25
30
(%
)
05
15
25) 05
15
25) 10
20
30
(% 1015
20
25
30
(% 10
20
30
06
38
41
44
47
50
CC
(
mm
)
(%
lcatus
n = 799 n = 574 n = 161 n = 229 n = 207 n = 165
J A S O N D
e
05
1015
20
25
30
35
40
05
10
15
20
25
30
35
40
05
10
15
20
25
30
35
40 05
10
15
20
25
30
35
40 4
0
10
116
19
22
25
28
33
43
74
04
34
64
CC
(
m)
05
1015
20
25
30
35
40
Penaeus indicus
n = 204 n = 404 n = 300 n = 426 n = 121 n = 1307
Mês
Penaeus semisu
Figura 22: Distribuição mensal de frequências de comprimentos de cefalotórax, CC (mm) em percentagem, do total de indivíduos das espécies Penaeus indicus (PEI) e P. semisulcatus (PSE) capturados pelas artes de
10
20
30
(% 10
20
30
(%
05
15
25)
05) 05
15
25
811
14
17
22
32
29
32
35
)
Mês
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
39
proporção de fêmeas observada nas capturas das espécies Penaeus indicus e P.
emisulcatus foi de 50 e 51%, respectivamente, para todo o período de estudo, não se
erificando diferenças significativas uma relação de 1:1 entre sexos nestas duas espécies
es
er
, dos
d -
e P.
p
m
e
ua as
xce
adrã
amostragem (Anexo X e Fig. 22). P. indicus surge com uma evolução oscilante ao longo
dos meses. As classes de menores comprimentos exibiram maiores frequências em Agosto e
Dezembro, meses onde se obteve o mesmo valor mínimo de CC médio de 16,3 mm. O valor
máximo de CC médio foi registado em Setembro, com 24,4 mm. Os CC médios da espécie
P. semisulcatus vão decrescendo a partir do máximo de 27,3 mm, obtido em Agosto, até ao
mínimo de 17,6 mm, obtido em Dezembro.
Proporção Sexual
A
s
v
(t te qui-quadrado χ2, (P < 0,05) (Anexo XI). O mesmo teste, para as espécies P. japonicus
P. monodon, revelou não existirem diferenças significativas (P < 0,05) numa relação de
3:1 na proporção entre fêmeas e machos capturados, durante o período em estudo. A
centagem de fêmeas observada foi de 75% para a primeira espécie e 67% para a segunda.
análise da proporção sexual por classe de comprimento de cefalotórax, CC (mm)
ivíduos das espécies de peneídeos em estudo (Fig. 23), mostra que as fêmeas encontram
mais representadas nas classes de comprimento maiores. Isso é bem visível na espécie
onicus, onde os indivíduos com um CC superior a 29 mm eram, na maior parte, do sexo
inino. Nas espécies P. indicus e P. semisulcatus as fêmeas dominaram, também, classes
tamanhos inferiores, entre 9 e 13 mm de CC e 15 e 17 mm de CC, respectivamente. Por
e
p A
in
s
ja
fe
d
s vez, os machos predominaram nas classes de CC entre 14 e 24 mm, com algum
pções, e entre 33 e 35 mm, na primeira espécie, e entre 20 e 25 mm na segunda. O
o de distribuição de P. monodon apresenta-se mais irregular.
PEI
5 19 23 27 31 35 39 43 47
CC (mm)
PSE
0%
50%
100%
8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48
CC (mm)
PJA
0%
50%
100%
8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48
CC (mm)
PM O
0%
50%
100%
8 12 16 20 24 28 32 3
CC (mm)Fêm
e
p
7
0%
50%
100%
11 1
% d
e fê
mea
s e
de m
acho
s
6 40 44 48
eas Machos
Fig. 23: Proporção sexual por classe de comprimento de cefalotórax, CC (mm), dos indivíduos das espécies de eneídeos em estudo: Penaeus indicus (PEI), P. semisulcatus (PSE), P. japonicus (PJA) e P. monodon PMO), apturados pelos arrastos e pelas gamboas na Baía de Inhambane, entre Julho e Dezembro de 2002.
pc
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
40
xistem diferenças significativas spécies P. indicus e P. japonicus (P <
,05)
abela III – Parâmetros da relação entre o Comprimento Total (CT) e o Comprimento de Cefalotórax (CC), T(mm)-CC(mm), para fêmeas (♀) e machos (♂) e para sexos combinados (TOT), para as espécies Penaeus
cus (PEI), P. semisulcatus (PSE) e P. japonicus (PJA), capturados na Baía de Inhambane, entre Julho e ezembro de 2002
Características Morfométricas Foram determinados os parâmetros das relações morfométricas, Comprimento Total –
Comprimento de Cefalotórax (CT-CC) e Peso Total - Comprimento de Cefalotórax (PT-CC)
para cada um dos sexos e para o total de indivíduos, de cada uma das espécies de peneídeos
(Tabs. III e IV, respectivamente, e Anexo XII), excepto para Penaeus monodon. Dada à sua
fraca abundância e às dificuldades nas amostragens, só se obteve o peso individual e
comprimento total de 16 indivíduos, pelo que esta espécie não foi considerada nas relações
morfométricas. A análise da soma dos quadrados dos resíduos das regressões lineares efectuadas para
estimar as relações morfométricas, através do teste estatístico F (Anexo XIII), indicou que
e entre sexos nas e
. 0 TCindiD
n Amplitude CT a b r2
I ♀ 172 65 - 220 21,176 4,700 0,964
♂ 180 81 - 185 18,052 4,927 0,970
TOT 352 65 - 220 20,632 4,760 0,965
E ♀ 146 78 - 190 20,047 4,237 0,976
0,942
TOT 286 78 - 1 22,359 4,195 0,962
♀ 18 3,939 0,991
♂ 9 85 - 112 6,229 4,313 0,970
8
PE
PS♂ 140 80 - 155 18,064 4,436
90
PJA 65 - 159 12,358
TOT 27 65 - 159 13,878 3,903 0,98
Tabela IV: Parâmetros da relação entre o Peso Total (PT) e o Comprimento de Cefalotórax (CC), PT (g) – CC
m), para fêmeas (♀) e machos (♂) e para sexos combinados (TOT), para as espécies Penaeus indicus (PEI), . semisulcatus (PSE) e P. japonicus (PJA), capturados na Baía de Inhambane, entre Julho e Dezembro de 002.
(mP2
n Amplitude CC q b r2
I ♀ 327 7 - 44 0,0013 2,881 0,981♂ 277 9 - 35 0,0014 2,876 0,968
TOT 604 9 - 44 0,0013 2,883 0,977PSE ♀ 161 14 - 40 0,0023 2,718 0,964
♂ 155 13 - 31 0,0018 2,815 0,9070,946
2,873 0,965
PE
TOT 316 13 - 40 0,0023 2,722PJA ♀ 40 13 - 38 0,0009 2,851 0,982
♂ 11 17 - 30 0,0001 3,484 0,926TOT 51 13 - 38 0,0008
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
41
ezes, interferia com a comercialização, que era
feita em simultâneo. As dificuldades foram minimizadas pela boa vontade e paciência dos
iras e pela ligação existente entre os amostradores do IIP e as
rincipal espécie dominante, Penaeus semisulcatus, verificado nesse mês. Em Nhaduga
existia apenas uma embarcação com esta rede, possivelmente pela distância deste centro aos
locais de pesca de arrasto que, na sua maioria, se situavam perto da boca da baía e, também,
pela distância ao principal local de comercialização, o mercado municipal da Cidade de
Inhambane. Foi a arte de pesca que envolveu as maiores capturas (Fig. 15c) e os melhores
rendimentos verificaram-se em Novembro e Dezembro (Fig. 16). A média, para os seis
meses, foi de 32,6 kg/arte.dia. Santana Afonso & Halare (2004), para o ano 2001, obtiveram
um rendimento médio superior, de 71 kg/arte.dia, mas esta estimativa abrange um maior
número de centros da Baía de Inhambane e o período de um ano. Os mesmos autores
consideraram um esforço médio diário para o total dos centros da baía de 60 embarcações
com redes de arrasto. Em Muelé e Morrumbene registou-se um esforço médio diário de 21
mbarcações podendo supor-se que estes dois centros representam 35% da pescaria de
rrasto da Baía de Inhambane, em termos de esforço de pesca.
s redes de emalhar estiveram presentes em maior número em Nhaduga, onde realizaram o
aior esforço de pesca em Agosto (Tab I). No entanto, os melhores rendimentos foram
btidos em Setembro (Fig. 16). O rendimento médio foi estimado em 18,3 kg/arte.dia.
antana Afonso et al. (2004) estimaram no ano 2002, um valor médio anual inferior, de 9,8
5. Discussão
A recolha de informação da pesca artesanal é complicada por ser uma actividade
essencialmente de subsistência e apresentar uma grande diversidade. Este trabalho teve uma
série de constrangimentos, particularmente na amostragem das capturas das tarrafa que foi
condicionada pelo período de veda. A amostragem biológica das capturas de camarão foi
feita nos locais de desembarque o que, por v
pescadores e vendede
comunidades piscatórias.
Rendimentos e esforço de pesca
Os arrastos realizaram um maior esforço de pesca em Dezembro, tanto em Muelé como em
Morrumbene (Tab. I), provavelmente devido a uma maior procura de camarão. Este mês
corresponde à maior afluência de turistas na Província de Inhambane, sendo o camarão
muito apreciado. Pode também estar relacionado com um aumento da abundância da
p
e
a
A
m
o
S
kg/arte.dia. O regime de pesca (número de lances e a duração do evento) foi idêntico ao
realizado na pesca com arrasto, excepto no número médio de pescadores. A pesca com redes
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
42
enas dois pescadores enquanto que, na pesca de arrasto
u-se em Nhaduga, no interior da baía, que possui uma floresta densa de
ondentes aos dias de Lua cheia e Lua nova, e ia diminuindo gradualmente até aos
ias de marés mortas, onde a baixa amplitude de maré não permitia que o pescado ficasse
outras artes de pesca também deverão ser influenciadas pelas marés pois, durante a baixa-
mar da maré viva fica a descoberto maior extensão de banco, o que implica que as espécies
se concentrem nos canais onde são efectuados os lances (Chacon, 1990). Jiddawi et al.
(2002), na monitorização da pesca artesanal em Zanzibar, Tanzânia, evidenciam esta relação
e propõem uma análise das capturas em função do dia lunar. Outro factor a ter em conta é
que as gamboas exercem um esforço de pesca diferente, consoante a sua forma, dimensão e
distância à costa. Além disso, a sua densidade nos centros também varia, estando por vezes
tão concentradas que acabam por actuar em conjunto. Deste modo, o número de gamboas
ctivas num centro não será a melhor maneira de quantificar o seu esforço. Uma medida
obtidos em Julho e a média foi de 5,3 kg/arte.dia (Fig. 16). Santana Afonso & Halare
(2002) estimaram um valor médio anual muito próximo no ano 2000. A exploração da tarrafa é feita como meio de subsistência e, por não existirem muitas mais
alternativas, estas artes assumem, localmente, um papel sócio-económico importante. O
desconhecimento do número real de tarrafas a operar na Baía de Inhambane dificulta as
estimativas das suas capturas e a gestão desta pescaria. As tarrafas tiveram uma importância
semelhante nos centros de Muelé e Nhaduga (Fig. 15). O seu rendimento foi muito baixo,
de emalhar, normalmente, envolve ap
são necessários, em média, 7 pescadores para a alagem das redes (Tab. II). Assim, as redes
de emalhar proporcionaram melhores rendimentos por pescador (9,15 kg/arte.dia)
comparativamente às redes de arrasto (4,7 kg/arte.dia).
As gamboas na Baía de Inhambane estão associadas às zonas de mangal. Existem algumas
gamboas dispersas em zonas intertidais arenosas sem presença de mangais, como por
exemplo em Muelé, onde não se observaram capturas de camarão. A maior concentração de
gamboas verifico
mangal. Neste centro, pela impossibilidade de, em cada saída, contar as gamboas uma a
uma, foi considerado um esforço constante de 50 unidades activas, o que nem sempre foi
exacto. Verificou-se que o número de gamboas era máximo nos dias de marés vivas,
corresp
d
encurralado no vértice da gamboa. Assim, o esforço de pesca das gamboas está relacionado
com a fase da Lua e com o nível da maré que também influenciarão os seus rendimentos. As
a
mais exacta poderia ser a área dos triângulos formados pelas gamboas, possível de calcular
tendo a representação da sua disposição espacial num centro. Os melhores rendimentos
foram
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
43
g/arte.dia (Fig. 16), valor aproximado ao obtido por Santana Afonso &
Composição específica
entemente como habitat e as que o usam ocasionalmente para
entação ou como zona de desova e crescimento (King, 1995). As capturas ao longo da
quenas, como em muitas partes do Oceano Índico,
espécie abundante, encontra-
em média 3,3 k
Halare (2002) em 2000.
Foram identificadas um total de 123 espécies pertencentes a 66 famílias, durante todo o
período de amostragem. Em águas costeiras tropicais as capturas são, normalmente,
compostas por um grande número de espécies mas em quantidades pequenas de cada. Em
zonas estuarinas a diversidade de espécies é ainda maior, pois existem as espécies que
utilizam o estuário perman
alim
costa Este de Africa são geralmente pe
porque não há um enriquecimento de nutrientes por afloramento costeiro (upwelling) e pelo
facto de a plataforma continental ser estreita. Contudo a diversidade é muito grande (UNEP,
1989). As capturas não são muito abundantes mas incluem um grande número de indivíduos
juvenis. Os grupos mais representados em peso foram os dos peixes ósseos e dos crustáceos (Fig.
17). Os peixes ósseos dominaram nas capturas das redes de arrasto e de emalhar sendo a
maioria das espécies pelágicas e estuarinas (Anexo VII). A cavala Rastrelliger kanagurta e
o carapau preto Selar crumenophthalmus são os peixes ósseos mais capturados pelos
arrastos e, geralmente, surgiam em conjunto e em grandes quantidades nas capturas. Estas
duas espécies pelágicas formam grandes cardumes e alimentam-se de larvas de crustáceos
(Fischer et al., 1990). A pescadinha Sillago sihama foi o terceiro peixe ósseo no arrasto e
com alguma importância nas redes de emalhar e nas tarrafas. É comum em estuários e baías
formando pequenos cardumes em fundos arenosos e é um peixe muito apreciado pelo seu
sabor (Kalk, 1995). A espécie Crenidens crenidens teve uma importância idêntica nas redes
de arrasto de emalhar. São parcialmente herbívoros e muito comuns em tapetes de ervas
marinhas (Day, 1974). A tainha Mugil cephalus foi a espécie mais capturada nas redes de
emalhar e o terceiro peixe ósseo nas gamboas. Deverá ser uma
se bem adaptada a zonas estuarinas pois tem capacidade de se alimentar directamente de
níveis tróficos baixos (King, 1995). Foi mais abundante em Setembro (Anexo VI) altura em
que procura águas menos profundas para desovar (Kalk, 1995). As capturas das gamboas e
das tarrafas tiveram uma menor proporção de peixes ósseos, sendo a maioria espécies
demersais. O sapateiro do índico Platycephalus indicus, espécie bêntica de fundos arenosos
e lodosos (Fischer et al., 1990), dominou nestas duas artes. O grupo “outros crustáceos”
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
44
intertidais para as zonas de ervas
Embora as proporções das espécies de camarão sejam baixas, o seu valor comercial é
elevado comparado com as restantes espécies da fauna acompanhante desembarcada.
evolução dos rendimentos de pesca, ao longo dos seis meses de amostragem, foi distinta
em cada arte (Fig. 18). Os maiores rendimentos de camarão foram registados nos arrastos
em Agosto e Dezembro e nas gamboas em Dezembro. O período de estudo abrangeu apenas
o segundo semestre do ano mas as maiores capturas de camarão foram registadas, por
Santana Afonso et al. (2004), nos primeiros meses do ano na Baía de Inhambane. Os
inquéritos feitos aos pescadores revelaram que a época alta para o camarão deverá ser entre
representou quase metade das capturas das tarrafas e teve contribuições idênticas nas
capturas dos arrastos e das gamboas. Os caranguejos nadadores da família Portunidae são
comuns nas capturas. Portunus pelagicus tem um exosqueleto leve e é o mais rápido.
Quando a maré sobe, estes deslocam-se das zonas
marinhas onde capturam camarão e pequenos peixes (Kalk, 1995). Foi mais abundante nas
capturas das tarrafas e dos arrastos. O caranguejo do mangal Scylla serrata vive nos
mangais onde escava um buraco largo e elíptico (Kalk, 1995) e foi mais abundante nas
capturas das gamboas. Estas espécies são bastante importantes para a dieta da população da
Baía de Inhambane.
A diversidade de espécies é maior nas redes de arrasto e de emalhar, as artes que operam
nos canais mais profundos e menor nas gamboas e tarrafas, as artes limitadas às zonas
intertidais.
Capturas de Camarão
A importância relativa do camarão comercial, no total das capturas das artes de pesca,
obtida ao longo do período em estudo, foi baixa (Fig. 17), não parecendo existir uma
pescaria dirigida a estas espécies na Baía de Inhambane. As maiores capturas de camarão
foram efectuadas pelos arrastos, com uma média de 2,4 kg/arte.dia, embora a contribuição
em peso seja de apenas 7,3%. Na Baía de Maputo, situada a 400 km para Sul (Fig. 1), a
importância do camarão comercial nos arrastos para a praia é proporcionalmente maior à
verificada na Baía de Inhambane, com valores entre 30 e 35% (IIP, 2000; Afonso, 2001). Os
rendimentos de camarão obtidos são também superiores, com capturas médias diárias de
10,1 kg por embarcação (Macia, 1990). Para Norte, nas províncias de Nampula e Zambézia
(Fig. 1) o camarão comercial representa apenas 1 a 2% das capturas totais dos arrastos
(Masquine et al., 2004).
A
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
45
taram o primeiro semestre do ano com maiores abundâncias de
camarão (De Freitas, 1972a; Sousa, 1985;1989; Macia, 1990; IIP, 2000).
s diferentes evoluções dos rendimentos das artes deverão estar relacionadas com a
abundância da correspondente espécie dominante (Fig. 19). A associação de cada espécie a
uma arte poderá reflectir os diferentes comportamentos, capturabilidades e preferências de
habitat das espécies de peneídeos.
de peneídeos englobadas neste estudo, P. indicus necessita do abrigo fornecido
ela complexidade estrutural das raízes das árvores de mangal (pneumatóforos) (Kalk,
1995; Primavera, 1997; Rönnbäck et al., 2002; Macia et al., 2003).
Fevereiro e Março. Várias observações feitas na pescaria de arrasto da Baía de Maputo,
duma forma geral, regis
A
P. indicus foi a espécie mais abundante, com melhores rendimentos em Outubro e
Dezembro nas capturas das gamboas (Fig. 20). Foi também a segunda espécie em peso nas
capturas das tarrafas. A importância desta espécie nas capturas das duas artes de pesca que
estão limitadas às zonas de mangais evidencia a sua preferência por este tipo de habitat. Esta
associação aos mangais surge, entre outros factores, como estratégia de defesa contra os
predadores. Por não ter a capacidade de permanecer enterrado no substrato, como as outras
espécies
p
Nos arrastos da Baía de Inhambane, P. indicus contribuiu com apenas 16,9% das capturas
de camarão enquanto que na Baía de Maputo esta é a principal espécie capturada com
percentagens entre 42,0 e 68,5 (De Freitas, 1972a; Macia, 1990; IIP, 2000; Afonso, 2001).
Esta dominância poderá indicar uma diferente estratégia de defesa contra os predadores
influenciada por diferentes condições hidrológicas. Macia et al. (2003), em experiências em
tanques, verificou que em águas límpidas a associação a habitats estruturalmente complexos
reduz a predação mas em águas turvas aumenta. A turbidez da água é muito maior na Baía
de Maputo e, por isso, P. indicus não deverá ficar limitado às zonas de mangal para se
proteger podendo ter uma maior distribuição o que o torna mais vulnerável às redes de
arrasto. De facto, na Baía de Maputo P. indicus é capturado principalmente em áreas com
elevada turbidez, junto ao estuário do Rio Maputo (Macia et al., 2003). De Freitas (1965)
tinha já verificado uma relação entre a turbidez da água e a presença de camarão. Penn
(1984) refere que esta espécie ocorre quase exclusivamente em zonas de estuário com alta
turbidez e que tem maior capturabilidade em relação às outras espécies pela sua intensa
actividade diurna, pelo agrupamento em cardumes com elevado número de indivíduos e por
não se enterrar no substrato.
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
46
usam a sua coloração em associação com a vegetação para confundir
s predadores. O seu comportamento é essencialmente nocturno. Durante o dia enterra-se no
substrato mas pode emergir ocasionalmente, altura em que deverá ficar vulnerável às redes
de pesca. Esta espécie parece, também, preferir maiores profundidades. Ye et al. (1999)
registaram maiores abundâncias numa gama de profundidades entre 8 e 32 m na Baía do
ustrália P. semisulcatus constitui a principal espécie alvo da
et al.
P. monodon teve rendimentos muito baixos mas foi a mais abundante em peso nas redes de
emalhar, talvez por ser a espécie com maiores comprimentos o que facilita o seu emalhe. Os
juvenis desta espécie estão também associados aos mangais (Hughes, 1966; De Freitas,
bém
P. semisulcatus é associado por vários autores a habitats com vegetação (Hughes, 1966;
Subramanian et al., 1983; De Freitas, 1986; Kalk, 1995). Esta foi a espécie mais abundante
nas capturas da pesca com arrasto onde, muitas vezes, podia observar-se uma grande
quantidade de folhas de ervas marinhas. Os lances eram efectuados nos canais e nas zonas
mais profundas perto da boca da baia onde os tapetes de ervas marinhas deverão ser
abundantes. Foram obtidas as melhores capturas de Julho a Agosto e Novembro a
Dezembro (Fig. 20). Foi também a segunda espécie mais abundante na pescaria com redes
de emalhar, que efectuava lances perto das embarcações com redes de arrasto. Penn (1984)
refere que os juvenis
o
Kuwait. No Kuwait e na A
pesca artesanal, perfazendo mais de 50% das capturas (Mohammed , 1996; 1998). Na
pesca artesanal de arrasto efectuada na Baía de Maputo P. semisulcatus corresponde a
apenas uma pequena fracção do total de camarão capturado (1,2%) (Afonso, 2001).
P. japonicus não dominou em nenhuma arte mas teve alguma importância nas redes de
emalhar (12,4%) e de arrasto (9,1%). As suas capturas foram reduzidas verificando-se os
melhores rendimentos em Julho nas redes de arrasto com apenas 0,6 kg/arte.dia (Fig. 20).
Tem um tipo de comportamento idêntico a P. semisulcatus (Penn, 1984) mas está também
associado a substratos arenosos (De Freitas, 1986).
1986) e, de facto, foi a segunda mais importante em peso nas capturas das gamboas, com
melhores rendimentos em Julho e Dezembro. Na Baía de Maputo esta espécie é tam
pouco abundante (Hughes, 1966; De Freitas, 1965; 1972a; 1986), constituindo apenas 2,4%
das capturas de camarão das redes de arrasto artesanais (Afonso, 2001).
P. latisulcatus obteve melhores rendimentos em Outubro (2,1 kg/arte.dia), nas capturas
nocturnas das tarrafas. Penn (1984), em observações feitas em aquário, verificou que esta
espécie é extremamente nocturna e permanecia enterrada no substrato quando não estava
activa. O tempo que passa enterrada no substrato à noite parece estar relacionado com a
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
47
Jackson, 1998).
víduos, capturados de noite, em Outubro, na pesca com
rrafa.
temperatura da água e com a fase da lua. Na Austrália e Zanzibar, Tanzânia, onde P.
latisulcatus constitui uma importante pescaria, foi encontrado em zonas intertidais junto de
bancos de areia, mangais e ervas marinhas (Subramanian, 1983; Kangas &
De estranhar a quase ausência de Metapenaeus monoceros nas capturas pois na Baía de
Maputo esta é a segunda espécie mais capturada, representando 21 a 23% das capturas de
camarão dos arrastos (Macia, 1990; Afonso, 2001). Durante todo o período de amostragem
foram registados apenas cinco indi
ta
Seria interessante poder analisar as capturas nocturnas das artes de pesca uma vez tratarem-
se de espécies de actividade nocturna e de vulnerabilidade reduzida nas pescarias diurnas.
Aspectos biológicos das capturas Distribuição de Frequências de Comprimentos
Comparando as distribuições de frequências dos indivíduos capturados pelas redes de
arrasto e pelas gamboas, verificou-se existirem diferenças significativas entre as artes
(Anexo IX). Da população de P. indicus, as gamboas capturam na maioria indivíduos com
indicus recruta à pescaria de arrasto com um CC entre 12 e 14 mm e com uma idade relativa
amboas. Os indivíduos juvenis deverão permanecer em águas
ais profundas com ervas marinhas surgindo na pesca de arrasto com um CC de 13 mm.
tamanhos pequenos, com um CC médio de 17,9 mm, enquanto que as redes de arrasto
capturam indivíduos de maiores dimensões, com um CC médio de 22,3 mm. Isto indica que
as gamboas capturam essencialmente indivíduos juvenis, limitados às zonas de mangal, que
surgem nesta arte com um CC de apenas 7 mm. Ao atingirem maiores comprimentos os
camarões deixam as zonas de crescimento e migram progressivamente para águas mais
profundas (De Freitas, 1966; De Freitas & Diniz, 1972; Garcia & Le Reste, 1981) e, assim,
tornam-se acessíveis às redes de arrasto com um CC de 15 mm. Na Baía de Maputo, P.
de 2,5 a 4 meses (Macia, 1990).
Os indivíduos da população de P. semisulcatus têm um comportamento diferente. As redes
de arrasto capturaram toda a amplitude de comprimentos, entre 13 e 39 mm, com uma
média de 24,7 mm, enquanto que as gamboas capturaram apenas indivíduos com um CC
superior a 22 mm, com uma média de 28,3 mm. Isto poderá indicar que os indivíduos
adultos movem-se em direcção à margem com a maré enchente para se alimentarem nos
baixos lodosos dos mangais, como já observado por De Freitas (1963). Quando a maré
baixa estes ficam retidos nas g
m
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
48
O padrão verificado na população de P. semisulcatus foi bastante diferente. O tamanho
médio dos indivíduos foi diminuindo a partir do máximo atingido no mês de Agosto até ao
mínimo em Dezembro. Estes meses coincidem, também, com maiores abundâncias desta
espécie levando a supor que a migração para o mar ocorre a partir de Agosto e o
recrutamento, na baía, a partir de Dezembro.
costa a
artir de Dezembro.
A evolução da composição em tamanhos destas duas espécies não mostra coortes bem
definidas ao longo dos seis meses de amostragem (Fig. 22). Os comprimentos médios dos
indivíduos da espécie P. indicus oscilaram ao longo do tempo, parecendo indicar sucessivas
épocas de recrutamento. Em Dezembro foram capturados apenas indivíduos com tamanhos
inferiores, altura em que se registou a maior abundância desta espécie, o que sugere um pico
de recrutamento no último mês do ano. Na Baía de Maputo outros autores sustentam que o
recrutamento de P. indicus terá início entre Novembro e Dezembro e atinge um máximo nos
primeiros meses do ano (Macia, 1990; Sousa, 1989).
Os período de desova no mar para estas duas espécies parece ocorrer no início da estação
das chuvas, de Outubro a Dezembro (De Freitas, 1965; Brinca & Palha de Sousa 1984a;
Brinca & Mascarenhas, 1985) o que deve determinar o recrutamento nas baías da
p Proporção Sexual
Foram encontradas diferentes proporções entre sexos somente nas espécies Penaeus
japonicus e P. monodon. As fêmeas foram mais abundantes em relação aos machos, não
tendo sido encontradas diferenças significativas (P<0,05) numa relação de 3:1 em ambas as
spécies (Anexo XI). P. japonicus foi a espécie com maior diferenciação entre os sexos
também na amplitude de comprimentos e nos comprimentos médios de cefalotórax. As
diferenças nas proporções sexuais poderão indicar diferentes taxas de mortalidade (natural
ou por pesca) entre os sexos (Somers & Kirkwood, 1991). A análise por classes de tamanho
indica que, como acontece na maioria dos camarões, as fêmeas dominaram as classes de
maiores comprimentos em todas as espécies (Fig. 23).
e
Relações morfométricas
Os coeficientes de alometria (b), estimados nas relações CT-CC e PT-CC, foram
significativamente diferentes (teste t, P < 0,05) de 1 e de 3, respectivamente (Anexo XIV),
sugerindo a existência de alometria no crescimento do CT e PT relativamente ao CC. Para um mesmo CC os indivíduos da espécie P. indicus apresentaram maiores CT e PT.
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
49
Muda
As relações peso-comprimento demonstram diferenças de peso entre sexos (Anexo XIII).
As fêmeas parecem ser mais pesadas que os machos para o mesmo comprimento. Isto deve-
se ao facto de as fêmeas crescerem mais rapidamente e o desenvolvimento dos ovários
resultar num notável aumento de peso (De Freitas, 1965). Os machos, a partir de um certo
tamanho crescem mais lentamente (Palha de Sousa, 1989) e a sua maturação não influencia
o seu peso notavelmente (De Freitas, 1965).
Os períodos de muda nos peneídeos são relativamente frequentes (cerca de 20 mudas por
.
indicus e 20 de P. semisulcatus. Esta fraca ocorrência poderá ser explicada por uma baixa
durante este período, encontram-se normalmente
, 1995). De Freitas (1965) observou, em
ano) (Garcia, 1988), mas, apesar disso, durante todo o período de estudo apenas se
observaram 32 indivíduos com a carapaça mole, dos quais 12 indivíduos da espécie P
vulnerabilidade às artes de pesca pois,
escondidos para evitar os predadores (King
experiências feitas em aquário, que a muda ocorre sempre à noite e que durante as 24 horas
seguintes o camarão fica em repouso e não se alimenta.
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
50
6. Considerações finais
r nas pescarias de camarão tropical e
ubtropical pois os peneídeos têm um crescimento rápido e o seu valor comercial aumenta
e diferente. Tendo em conta os rendimentos
mbro, mas não terá beneficiado muito estas duas espécies por dois
otivos:
as tarrafas e assim esta medida terá beneficiado mais a espécie P.
ssário
companhar a evolução da estrutura de comprimentos das populações com amostragens
Com um trabalho de amostragem simples em termos de material técnico e custos, foi
possível recolher bastantes informações que tiveram como objectivo principal a
caracterização da pesca artesanal de camarão na Baía de Inhambane mas podem ser feitas
algumas considerações úteis para a sua gestão.
A veda é uma medida essencial na gestão a adopta
s
com o peso (Ye, 1998). Deverá ser aplicada quando a distribuição dos juvenis é concentrada
em certas épocas do ano para evitar que as potencialidades de crescimento do recurso sejam
desperdiçadas (Cadima, 1989). A principal dificuldade parece ser a determinação da época
ideal visto tratar-se de uma pescaria multi-específica em que cada espécie apresenta uma
sazonalidade, comportamento e capturabilidad
médios e as distribuições de frequências de comprimento das espécies com maiores
capturas, Penaeus indicus e P. semisulcatus, a maior abundância de juvenis foi verificada
em Dezembro. A veda de 2002 foi iniciada em Setembro, por iniciativa dos pescadores, e
manteve-se até Deze
m
As gamboas não foram abrangidas pela veda e estas capturam essencialmente
indivíduos juvenis da espécie P. indicus, limitados às zonas de mangais.
A veda só abrangeu a zona mais interior da baía a partir de Rivane, não muito
profunda e caracterizada por extensos mangais. As embarcações, durante esta altura,
efectuaram os lances nos canais mais profundos no centro e boca da baía onde abundam os
tapetes de ervas marinhas. Nestas zonas eram capturados indivíduos juvenis da espécie P.
semisulcatus e durante este período de veda devem ter estado sujeitos a um esforço de pesca
ainda maior.
A veda afectou sobretudo
latisulcatus.
Para optimizar a data de abertura e fecho e a delimitação das zonas de veda é nece
a
biológicas mais frequentes ao longo de um ano.
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
51
que zonas ocorre a concentração de
divíduos juvenis de P. semisulcatus e assim considerar-se uma zona de veda para esta
espécie.
1984a) o que pode ser previsto pela
abundância de juvenis nos estuários. A exploração artesanal dos juvenis tem um efeito
directo no manancial de adultos no mar, mas o oposto ainda não foi demonstrado (Garcia &
Le Reste, 1981). Seria útil verificar o efeito combinado sobre o recurso destes dois tipos de
pesca de modo a optimizar a sua exploração.
Além disso, devem ser recolhidas mais informações sobre as pescarias, principalmente, as
de arrasto e gamboa.
Na pesca com arrasto deveria obter-se informação mais detalhada sobre onde são efectuados
os lances incluindo nos formulários um mapa da baía com quadrículas para o registo das
zonas de pesca. Deste modo poderia determinar-se em
in
A pesca com gamboa de caniço tem uma selectividade muito baixa. De Freitas (1963), já em
1963, recomenda a substituição das esteiras de caniço por redes com uma malha apropriada.
Em Linga-linga observou-se algumas gamboas com esta modificação. Deveria ser realizado
um estudo comparativo da selectividade e do rendimento destes dois tipos de gamboas.
Tem sido verificado na pesca industrial que as capturas de camarão são muito dependentes
do recrutamento de cada ano (Brinca & Palha de Sousa,
Pesca Artesanal de Camarão na Baia de Inhambane
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Anexos Anexo I – Figuras e Imagens Anexo II – Inquérito feito aos pescadores Anexo III – Formulários Anexo IV – Esforço de Amostragem Anexo V – Lista faunística relativa às espécies capturadas na Baia de Inhambane entre Julho e Dezembro de 2002 Anexo VI – Variação mensal das CPUE’s das principais famílias capturadas pelas diferentes artes de pesca Anexo VII – Principais espécies capturadas (em peso) pelas quatro artes de pesca em estudo na Baía de Inhambane Anexo VIII – Estrutura de Comprimentos de Cefalotórax (CC), em percentagens, por sexo e para o total de indivíduos das espécies de penaeídeos em estudo Anexo IX – Teste estatístico Kolmogorov-Smirnov (K-S) para duas amostras independentes utilizado para verificar se existiam diferenças significativas nas frequências relativas de CC dos exemplares de Penaeus indicus e P. semisulcatus entre as capturas por arrasto e gamboa Anexo X – Estrutura de CC mensal em percentagens, para o total de indivíduos, das espécies Penaeus indicus e P. semisulcatus Anexo XI – Teste estatístico Qui-quadrado (χ2) com a correcção de Yates utilizado para verificar se existiam diferenças significativas na proporção entre machos e fêmeas nas capturas das espécies Penaeus indicus, P. semisulcatus, P. japonicus e P. monodon Anexo XII – Relações Morfométricas Relação CT (mm) – CC (mm) R elação PT (g) – CC (mm) Anexo XIII – Teste estatístico F utilizado para a análise da soma dos quadrados dos resíduos dos parâmetros das regressões lineares, efectuadas para estimar as relações morfométricas CT-CC e PT-CC, para verificar se existiam diferenças significativas entre sexos nas espécies Penaeus indicus, P. semisulcatus e P. japonicus. Anexo XIV – Teste estatístico t-student utilizado para averiguar o tipo de crescimento relativo (isométrico ou alométrico), em cada relação morfométrica Anexo XV – Nomes de algumas espécies e termos em bitonga utilizados pelos pescadores
1 de 4
Anexo I – Figuras e Imagens
Figura 1: Árvore de Mangal, Avicennia marina, em Nhaduga, Baía de Inhambane, Moçambique
Figura 2: Rede envolvente-arrastante de alar para a praia. (Adaptado de Leite et al., 1991)
Figura 3: Modo de operação do arrasto para a praia. Adaptado de Rebordão (2000)
2 de 4
Figura 4: Largada pela popa da rede de emalhar na Baía de Inhambane, Moçambique
Figura 5: Gamboa em Nhaduga, Baía de Inhambane, Moçambique
©Ntimane Figura 6: Gamboa cercada com rede em Linga-linga, Estuário de Morrumbene na Baía de Inhambane, Moçambique. (Fonte: Ntimane, 2002)
©Paula Santana Afonso
Figura 7: Tarrafa em Nhaduga, Baía de Inhambane, Moçambique (Fonte: Santana Afonso)
3 de 4
Figura 8: Lancha ou dhow em Muelé, Baía de Inhambane, Moçambique
Figura 9: Chata em Nhaduga, Baía de Inhambane, Moçambique
Figura 10: Canoa emMorrumbene, Baía deInhambane, Moçambique
Figura 11: Construção de uma lancha em Muelé, Baía de Inhambane, Moçambique
4 de 4
Figura 12: Comercialização do pescado entre os pescadores e as
vendedeiras no cais de Morrumbene na Baía de Inhambane, Moçambique
Figura 13: Comercialização de camarão seco no mercado deMorrumbene, Província de Inhambane, Moçambique
Anexo II – Inquérito feito aos pescadores
Inquérito aos Pescadores
Nome:_______________________________________ Idade:________ Centro de Pesca:_________________ Arte de Pesca:_______________ Função:____________________________________________________ Locais habituais onde pesca: ___________________________________ Locais onde desembarca:______________________________________ Periodicidade da Pesca:______________________________________ Arte de Pesca Nome do proprietário:___________________________________
Nº de pescadores q a operam:______________________________
Nº médio de horas/lances:________________________________
Características:________________________________________
_________________________________________________________ Embarcação Nome:___________________________ Tipo:_______________
Nome do proprietário:___________________________________
Nome do mestre:______________________Nº de pescadores:___
Características:_______________________________________
_________________________________________________________ Capturas / Espécies Alvo:_____________________________________ _________________________________________________________ Comercialização Preços:______________________________________________
Destinatários:_________________________________________
Processamento:________________________________________
Notas:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Anexo III - Formulários
Anexo IV – Esforço de Amostragem Tabela I: Distribuição dos dias de amostragem pelos
três centros de pesca, Muelé (MUE), Nhaduga (NHA) e Morrumbene (MOR), da Baía de Inhambane, entre Julho e Dezembro de 2002.
Centro J A S O N D Tota
MUE 5 3 2 6 3 2 21NHA 4 3 3 4 2 1 17MOR 2 3 4 3 3 2 17Total 11 9 9 13 8 5 55
Mêsl
Tabela II: Distribuição das amostragens pelas quatro artes e pelos três centros de pesca, Muelé (MUE), Nhaduga (NHA) e Morrumbene (MOR) da
Baía de Inhambane, entre Julho e Dezembro de 2002.
Arte Centro J A S O N D TotaArrasto MUE 5 4 5 2 3 4 2
MOR 3 4 15 4 9 6 4Subtotal 8 8 20 6 12 10 64
Rede de MUE 1 1 1 5 0 4 1Emalhar NHA 1 2 0 2 0 0
MOR 1 0 2 2 0 0Subtotal 3 3 3 9 0 4 22
HA 10 7 4 2Tarrafa MUE 3 0 0 2 0 0
NHA 2 4 1 0 0 0Subtotal 5 4 1 2 0 0 12Total 20 19 34 24 16 16 129
Mês l
31
255
57
Gamboa N 4 4 31
1 de 3
Anexo V Lista faunística relativa às espécies capturadas na Baia de Inhambane entre Julho
e Dezembro de 2002
Moçambique FAO
Peixes ósseos
LSJ Carangidae Alepes djedaba (Forskal, 1775) Xaréu camaroneiro Shrimp scadBOF Albulidae Albula vulpes (Linnaeus, 1758) Lasca boca redonda Roundjaw-bonefish- Ambassidae Ambasses natalens Rombana -- Antennariidae Antennariidae Peixes-sapo -KBR Sparidae Argyrops spinifer (Forskal, 1775) Pargo real King soldier breamTUM Carangidae Atule mate (Cuvier in Cuv. & Val., 1833) Xaréu cauda amarela Yellowtail scadSIL Atherinidae Atherinidae - Peixes-rei SilversidesLEF Bothidae Bothidae - Areeiros Lefteye flounders
Branchiostegidae Branchiostegus doliatus (Cuvier, 1830) Riscado raiado Ribbed tilefishNGS Carangidae Carangoides malabaricus (Bloch & Shneider, 1801) Xaréu malabárico Malabar trevallyNXP Carangidae Caranx papuensis (Alleyne & Macleay, 1877) Xaréu bronzeado Brassy trevallyCXS Carangidae Caranx sexfasciatus (Quoy & Gaimard, 1824) Xaréu voraz Bigeye trevallyILN Labridae Cheilio inermis (Forskal, 1775) Madonoli Cigar wrasseDOB Chirocentridae Chirocentrus dorab (Forskal, 1775) Machope espada Dorab wolf-herringCNU Chirocentridae Chirocentrus nudus (Swainson, 1839) Machope espinhoso Whitefin wolf-herringCWC Sparidae Crenidens crenidens (Forskal, 1775) Espargo Karanteen seabream
Cynoglossidae Cynoglossus gilchristi (Ogilby, 1910) Linguado de barbatana manchadRipplefin tonguesoleYOS Cynoglossidae Cynoglossus lida (Bleeker, 1851) Linguado rugoso Roughscale tonguesoleRUS Carangidae Decapterus russelli (Rüppell, 1830) Carapau do Índico Indian scadDGP Haemulidae Diagramma pictum (Thunberg, 1792) Pargo mulato Painted sweetlipsDIO Diodontidae Diodontidae - Porcos-espinhos GlobefishSPS Drepanidae Drepane punctata (Linnaeus, 1758) Enxada manchada Spotted sicklefishECN Echeneididae Echeneididae - Pegadores SuckerfishesANX Engraulididae Engraulididae - Anchovetas AnchoviesMAR Serranidae Epinephelus malabaricus (Schneider in Bloch & Schneider, 180Garoupa malabárica Malabar grouperEPV Serranidae Epinephelus rivulatus (Val. in Cuv. & Val. 1830) Garoupa meia-lunada Halfmoon grouperKAW Scombridae Euthynnus affinis (Cantor, 1849) Merma KawakawaFIP Fistulariidae Fistularia petimba (Lacepède, 1803) Corneta colorida Red cornetfishGZM Leiognathidae Gazza minuta (Bloch, 1797) Sabonete dentuço Tooth pony
Gerreidae Gerres acinaces (Bleeker, 1854) Melanúria timoneira Longtail silver-biddyGEF Gerreidae Gerres filamentosus (Cuvier, 1829) Melanúria filamentosa Whipfin silver-biddyGEO Gerreidae Gerres oblongus (Cuvier in Cuv. & Val., 1830) Melanúria elegante Slender silver-biddyGEJ Gerreidae Gerres oyena (Forskal, 1775) Melanúria comum Common silver-biddyGLT Carangidae Gnathanodon speciosus (Forskal, 1775) Xaréu dourado Golden trevallyGPA Gobiidae Gobiidae - Cabozes GobiesHHF Hemiramphidae Hemiramphus far (Forskal, 1775) Meia-agulha manchada Black-barred halfbeak
Hemiramphidae Hemiramphus lutkei (Val. in Cuv. & Val., 1846) Meia-agulha de Lutke Lutke's halfbeakHES Clupeidae Herklotsichthys quadrimaculatus (Rüppell, 1837) Sardinha banda azul Bluestripe herring
Leiognathidae Leiognathus elongatus (Günther, 1874) Patana elegante Slender ponyfishLEG Leiognathidae Leiognathus equulus (Forskal, 1775) Patana comum Common ponyfishLOV Scaridae Leptoscarus vaigiensis (Quoy & Gaimard, 1824) Papagaio manchado Marbled parrotfishLTK Lethrinidae Lethrinus harak (Forskal, 1775) São Pedro Thumbprint emperorLTS Lethrinidae Lethrinus lentjan (Lacepède, 1802) Ladrão de lentejoulas Redspot emperorLTQ Lethrinidae Lethrinus mahsena (Forskal, 1775) Ladrão masena Mahsena emperorLHN Lethrinidae Lethrinus nebulosus (Forskal, 1775) Ladrão relâmpago Spangled emperor
Lethrinidae Lethrinus obsoletus (Forskal, 1775) Ladrão de bandas Yellow-banded emperorLHV Lethrinidae Lethrinus variegatus (Ehrenberg in Cuv. & Val., 1830) Ladrão moteado Variegated emperorSSB Sparidae Lithognathus mormyrus (Linnaeus, 1758) Ferreira estriada Striped seabreamSNV Lutjanidae Lutjanus russellii (Bleeker, 1849) Pargo russell Russell's snapperHAS Carangidae Megalaspis cordyla (Linnaeus, 1758) Carapau torpedo Torpedo scad
Nome comum Cod.
FAOFamília Nome Científico
2 de 3
MUF Mugilidae Mugil cephalus (Linnaeus, 1758) Tainha cabeça achatada Flathead mulletMUM Mullidae Mullidae - Salmonetes GoatfishesMUI Muraenidae Muraenidae - Moreias Morays
Ophichthidae Ophichthidae - CobrasBFX Ostraciidae Ostraciidae - Cofres Box fishesITO Citharidae Paracitharus macrolepsis (Gilchrist, 1905) Carta Twospot largescale flounder
Mugiloididae Parapercis nebulosa (Quoy & Gaimard, 1824) Nedopa nebulosa Barfaced sandsmeltLDK Pleuronectidae Paralichthodes algoensis (Gilchrist, 1902) Solha pimentada Peppered flounderPQD Teraponidae Pelates quadrilineatus (Bloch, 1790) Peixe-zebra aurora Fourlined teraponFLI Platycephalidae Platycephalus indicus (Linnaeus, 1758) Sapateiro do Índico Bartail flatheadPFV Haemulidae Plectorhinchus flavomaculatus (Ehrenberg in Cuv. & Val., 1830) Pargo limão Lemon sweetlips
Haemulidae Plectorhinchus orientalis (Bloch, 1793) Pargo oriental Oriental sweetlipsPKF Haemulidae Plectorhinchus schotaf (Forskal, 1775) Pargo trovador Minstrel sweetlipsOAX Polynemidae Polynemus sextarius (Bloch & Schneider, 1801) Barbudo de mancha Blackspot threadfinPKL Haemulidae Pomadasys maculatum (Bloch, 1797) Gonguri Saddle grunt
Priacanthidae Priacanthus hamrur (Forskal, 1775) Fura-vasos espelhudo Moontail bulleyeBothidae Pseudorhombus arsius (Hamilton-Buchanan, 1822) Areeiro dentuço Largetooth flounder
RSS Sparidae Rhabdosargus sarba (Forskal, 1775) Dourada comum Goldlined seabreamRAG Scombridae Rastrelliger kanagurta (Cuvier, 1816) Cavala Indian mackerelSAG Clupeidae Sardinella gibbosa (Bleeker, 1849) Sardinha dourada Gold-stripe sardinellaLIG Synodontidae Saurida tumbil (Bloch, 1795) Peixe-banana grande Greater lizardfishLIB Synodontidae Saurida undosquamis (Richardson, 1848) Peixe-banana escamoso Brushtooth lizardfish
Scaridae Scarus ghobban (Forskal, 1775) Papagaio de escamas amarelas Yellowscale parrotfishOBM Carangidae Scomberoides commersonnianus (Lacepède, 1801) Machope saltador Talang queenfishOBY Carangidae Scomberoides lysan (Forskal, 1775) Machope de areia Doublespotted queenfishOBJ Carangidae Scomberoides tol (Cuvier in Cuv. & Val., 1832) Machope comum Needlescaled queenfishUTI Leiognathidae Secutor insidiator (Bloch, 1787) Chita boxeira Pugnose ponyfishBIS Carangidae Selar crumenophthalmus (Bloch, 1793) Carapau preto Bigeye scadIUU Siganidae Siganus sutor (Val. in Cuv. & Val., 1835) Coelho sapateiro Shoemaker spinefootILS Sillaginidae Sillago sihama (Forskal, 1775) Pescadinha comum Silver sillago
Soleidae Solea bleekeri (Boulenger, 1898) Língua de mão negra Blackhand soleGBA Sphyraenidae Sphyraena barracuda (Walbaum, 1792) Barracuda bicuda Great barracudaYRC Sphyraenidae Sphyraena crysotaenia (Klunzinger, 1884) Barracuda de banda amarela Yellowstripe barracudaBAC Sphyraenidae Sphyraena jello (Cuvier, 1829) Barracuda serpentina Rockhandle barracudaTJB Teraponidae Terapon jarbua (Forskal, 1775) Peixe-zebra violão Jarbua teraponTEU Teraponidae Terapon puta (Cuvier, 1829) Peixe-zebra roncador Small-scaled teraponPUX Tetraodontidae Tetraodontidae - Peixes-bola PuffersAND Belonidae Tylosorus acus melanotus (Bleeker, 1850) Agulha imperial Agujon needlefish
Peixes cartilagíneosRSK Carcharhinidae Carcharhinidae - Marrachos Requiem sharksDHG Dasyatidae Himantura gerrardi (Gray, 1851) Uge cauda-espinhosa Sharpnose stingrayDHV Dasyatidae Himantura uaranak (Forskal, 1775) Burá alveolado Honeycomb stingrayRAJ Rajidae Rajidae - Raias RaysGTF Rhinobatidae Rhinobatidae - Peixes guitarra Guitar fishes
CrustáceosEKR Sergestidae Acetes erythraeus (Nobili, 1905) Camarão mundehe Tsivakihini paste shrimp
Alpheidae Alpheidae - Camarões alfeidesKPH Calappidae Calappa hepatica (Linnaeus, 1758) Caranguejo-cofre Ridged box crabKHF Portunidae Charybdis feriata (Linnaeus, 1758) Caranguejo cruzado Crusader crabKHN Portunidae Charybdis natator (Herbst, 1794) Caranguejo de cristas vermelhasRed-ridged crabCRN Crangonidae Crangonidae - Camarões crangonides Crangonid shrimpsPPF Palaemonidae Macrobrachium sp - Camarões palemonides River prawnsMQU Calappidae Matuta lunaris (Forskal, 1775) Caranguejo lunar Moon crabMPN Penaeidae Metapenaeus monoceros (Fabricius, 1798) Camarão castanho Speckled shrimpLOK Palinuridae Panulirus homarus (Linnaeus, 1758) Lagosta escamosa Scalloped spiny lobsterNRF Penaeidae Parapenaeus fissurus (Bate, 1881) Camarão neptuno rosado Neptune rose shrimpPNI Penaeidae Penaeus indicus (H. Milne Edwards, 1837) Camarão branco Indian white prawnKUP Penaeidae Penaeus japonicus (Bate, 1888) Camarão flor Kuruma prawn
3 de 3
WKP Penaeidae Penaeus latisulcatus (Kishinouye, 1896) Camarão real Western king prawnGIT Penaeidae Penaeus monodon (Fabricius, 1798) Camarão tigre gigante Giant tiger prawnTIP Penaeidae Penaeus semisulcatus (De Haan, 1844) Camarão tigre Green tiger prawnSCD Portunidae Portunus pelagicus (Linnaeus, 1758) Caranguejo pelágico Pelagic swimcrabUNG Portunidae Portunus sanguinolentus (Herbst, 1796) Caranguejo sangrador Bloodspstted crabMUD Portunidae Scylla serrata (Forskal, 1775) Caranguejo do mangal Green mangrove crabTLK Portunidae Thalamita crenata (Latreille, 1829) Caranguejo crenado Wide front swimcrab
OCN Octopididae Octopus macropus (Risso, 1825) Polvo manchado White-spotted octopusEJX Sepiidae Sepia latimanus (Quoy & Gaimard, 1832) Choco de mãos grandes Broadclub cuttlefishIAH Sepiidae Sepia pharaonis (Ehrenberg, 1831) Choco tigre Pharaoh cuttlefishYMO Ommastrephidae Symplectoteuthis oualaniensis (Lesson, 1830) Potra roxa Purpleback flying squid
Holothuriidae Holothuriidae - Magajojo Cucumbers
BivalvesTQE Pinnidae Atrina pectinata (Linnaeus, 1767) Ambar Comb pen shellMAT Mactridae Mactridae - Amêijoas Mactra surf clamsDJF Mytilidae Modiolus philippinarum (Hanley, 1845) Mexilhão de areia Philippine horse musselSOI Solenidae Solenidae - Lingueirões Razor or knife clams
GastrópodesOVG Olividae Oliva tigrina (Lamarck, 1811) Oliva tigre Tiger olive
Cefalópodes
Anexo VI Variação mensal das capturas por unidade de esforço, CPUE (kg/arte.dia) das
principais famílias capturadas pelas diferentes artes de pesca na Baía de
Inhambane, durante o período de Julho a Dezembro de 2002.
a)
J A
0
5
10
15
20
25
30
J A S O
Mês
CPU
E (k
g/ar
te.d
i
Carangidae Gerreidae Mugilidae
Chirocentridae Sparidae Echeneididae
Portunidae
0
5
10
15
20
25
30
S O N D
Mês
CPU
E (k
g/ar
te.d
ia)
Carangidae Gerreidae ScaridaeScombridae Sillaginidae SparidaePortunidae
Rede de Emalhar
D
Arrasto
0
1
2
3
4
5
J A S O N D
Mês
CPU
E (k
g/ar
te.d
ia)
Carangidae Mugilidae PlatycephalidaeOphichthidae Engraulididae DasyatidaePortunidae
0
1
2
3
J A S
Mês
CPU
E (k
g/ar
te.d
ia
Carangidae Engraulididae Ambassidae
Platycephalidae Calappidae Sillaginidae
Portunidae
Tarrafa Gamboa
O
1 de 2
Anexo VII Principais espécies capturadas (em peso) pelas quatro artes de pesca em
estudo na Baía de Inhambane. Número de indivíduos e correspondente peso,
em gramas, expressos em valores médios diários por arte, para o período de
Julho a Dezembro de 2002. Percentagens em relação ao peso total de cada
grupo faunístico.
Arrasto Grupo Família Espécie Número Peso (g) % Habitat
Scombridae Rastrelliger kanagurta 18 1647 8,8 PelágicoCarangidae Selar crumenophthalmus 19 1528 8,1 PelágicoSillaginidae Sillago sihama 34 1450 7,7 EstuarinoSparidae Crenidens crenidens 19 1228 6,5 EstuarinoGerreidae Gerres acinaces 30 847 4,5 EstuarinoGerreidae Gerres oyena 19 818 4,4 EstuarinoSiganidae Siganus sutor 32 775 4,1 EstuarinoPlatycephalidae Platycephalus indicus 8 639 3,4 DemersalLutjanidae Lutjanus russellii 14 621 3,3 CoraisScaridae Scarus ghobban 11 599 3,2 CoraisScaridae Leptoscarus vaigensis 8 594 3,2 Corais
Portunidae Portunus pelagicus 4505 47,0Portunidae Scylla serrata 494 5,2
Peix
es Ó
sseo
sC
rust
áceo
s
Rede de Emalhar Grupo Família Espécie Número Peso (g) % Habitat
Mugilidae Mugil cephalus 44 4220 25,1 EstuarinoGerreidae Gerres acinaces 46 2401 14,3 EstuarinoSparidae Crenidens crenidens 29 1906 11,4 EstuarinoChirocentridae Chirocentrus dorab 7 1031 6,1 PelágicoEcheneididae Echeneididae 2 955 5,7 PelágicoSillaginidae Sillago sihama 15 778 4,6 EstuarinoPlatycephalidae Platycephalus indicus 4 786 4,7 DemersalGerreidae Gerreidae 14 687 4,1 EstuarinoGerreidae Gerres oyena 16 657 3,9 EstuarinoCarangidae Alepes djedaba 41 533 3,2 Estuarino
Portunidae Portunus pelagicus 1099 93,4
Peix
es Ó
sseo
sC
rust
áceo
s
2 de 2
Gamboa Grupo Família Espécie Número Peso (g) % Habitat
Platycephalidae Platycephalus indicus 7 273 15,3 DemersalEngraulididae Engraulididae 64 161 9,1 PelágicoMugilidae Mugil cephalus 5 147 8,2 EstuarinoOphichthidae Ophichthidae 2 125 7,1 DemersalCarangidae Carangoides malabaricus 5 120 6,7 EstuarinoSerranidae Epinephelus malabaricus 2 108 6,1 CoraisLeiognathidae Leiognathus equulus 10 90 5,1 EstuarinoMullidae Mullidae 3 82 4,6 DemersalPolynemidae Polynemus sextarius 2 66 3,7 DemersalBothidae Pseudorhombus arsius 1 63 3,6 DemersalPortunidae Scylla serrata 977 61,5Portunidae Portunidae 342 21,5Portunidae Portunus pelagicus 158 10,0Portunidae Portunus sanguinolentus 46 2,9Portunidae Thalamita crenata 33 2,1
Dasyatidae Himantura gerrardi 238 59,0Dasyatidae Himantura uarnak 165 41,0
Peix
es Ó
sseo
sC
rust
áceo
sPe
ixes
C
artil
agín
eos
Tarrafa
Grupo Família Espécie Número Peso (g) % HabitatPlatycephalidae Platycephalus indicus 7,4 275 51,1 DemersalEngraulididae Engraulididae 28,0 94 17,5 PelágicoAmbassidae Ambassidae 3,9 37 6,9 DemersalSillaginidae Sillago sihama 0,6 31 5,8 EstuarinoMuraenidae Muraenidae 0,1 28 5,2 DemersalCarangidae Scomberoides lysan 0,4 22 4,1 EstuarinoCarangidae Alepes djedaba 0,5 14 2,5 EstuarinoPortunidae Portunus pelagicus 6,1 1087 69,8Portunidae Scylla serrata 0,4 383 24,6Calappidae Matuta lunaris 0,7 36 2,3Portunidae Charybdis feriata 2,5 25 1,6
Peix
es Ó
sseo
sC
rust
áceo
s
Anexo VIII
Estrutura de Comprimentos de Cefalotórax (CC), em percentagens, por sexo (Fêmeas ♀, Machos ♂) e para o total de indivíduos (TOT), das espécies de penaeídeos em estudo, Penaeus indicus (PEI), P. semisulcatus (PSE), P. japonicus (PJA) e P. monodon (PMO), capturados pelos arrastos e pelas gamboas na Baía de Inhambane, Moçambique, entre Julho e Dezembro de 2002
CC (mm) ♀ ♂ TOT ♀ ♂ TOT ♀ ♂ TOT ♀ ♂ TOT7 0,1 0,1 0,1
89 0,3 0,1 0,2
10 1,2 0,4 0,8
11 4,7 0,3 2,5
12 5,5 1,0 3,2
13 2,3 1,7 2,0 2,1 1,0 0,4 0,3
14 7,2 12,8 10,0 0,6 1,8 1,2
15 8,3 14,3 11,3 1,3 0,4 0,8 0,4 0,316 10,1 13,0 11,5 6,3 0,7 3,6 1,4 1,0
17 17,3 17,1 17,2 4,2 2,3 3,3 1,1 0,3
18 9,6 9,2 9,4 2,5 5,0 3,7 8,9 2,2
19 6,3 6,5 6,4 3,9 1,5 2,7 4,0 7,1 4,8
20 3,0 2,7 2,8 3,5 9,9 6,7 3,4 2,5
21 3,7 5,0 4,3 4,6 9,6 7,1 2,0 20,3 6,6 1,5 3,0 2,0
22 3,5 5,3 4,4 5,6 6,7 6,1 2,4 13,6 5,2 1,5 1,0
23 3,6 3,8 3,7 4,7 9,5 7,1 3,0 5,1 3,5 3,0 1,0
24 1,9 3,6 2,8 3,7 16,4 10,0 3,5 4,1 3,6 7,6 5,0
25 4,1 1,6 2,9 5,7 11,3 8,5 5,0 12,0 6,7 3,0 2
26 2,3 0,3 1,3 8,5 8,5 8,5 2,8 10,2 4,6 3,0 2,0
27 1,2 0,1 0,6 6,2 5,3 5,7 5,2 3,9 1,5 6,1 3,0
28 1,0 0,1 0,5 9,1 3,2 6,2 3,1 15,3 6,1 9,1 9,1 9,1
29 1,2 0,6 7,6 2,0 4,9 16,0 12,0 7,6 9,1 8,130 0,1 3,4 1,0 2,2 4,8 2,2 4,2 3,0 6,1 4,031 4,7 0,6 2,7 7,5 5,6 4,5 3,0 432 0,6 0,3 4,6 0,9 2,8 7,2 5,4 3,0 6,1 4,033 0,3 0,2 1,2 0,6 7,2 5,4 13,6 6,1 11,134 0,5 0,3 1,3 1,2 1,3 9,9 7,4 7,1 27,2 13,835 0,1 0,1 0,9 0,5 4,8 3,6 4,5 9,1 6,136 0,1 0,5 0,3 2,4 1,8 1,5 6,1 3,037 0,1 2,4 1,8 7,1 3,0 5,838 1,6 0,8 1,3 1,0 9,6 6,439 3,3 1,7 0,3 0,2 1,5 3,0 2,040 0,2 0,1 8,1 5,441 0,2 0,1 0,142 0,1 1,5 1,04344 0,4 0,245
CC médio 18,5 18,1 18,3 26,0 23,5 24,8 29,4 23,7 28,0 30,7 32,3 31,3n 1389 1372 2761 1085 1051 2136 371 123 494 66 33 99s 4,9 3,6 4,3 5,9 3,8 5,1 5,2 3,3 5,4 5,6 4,0 5cv (%) 26,6 19,6 23,5 22,8 16,3 20,8 17,6 14,1 19,3 18,3 12,3 16,0
PJA PMOPEI PSE
,0
,0
,0
1 de 2
Anexo IX Teste estatístico Kolmogorov-Smirnov (K-S) para duas amostras
independentes utilizado para verificar se existiam diferenças significativas nas
frequências relativas de Comprimento de Cefalotórax (CC mm) dos
exemplares de Penaeus indicus (PEI) e P. semisulcatus (PSE) entre as
capturas por arrasto e gamboa.
P
20
7 1 1
ABSArrasto (SA) Gamboa (SG) (SA-SG)
7 0 0,153 0,1538 0 0,153 0,1539 0 0,382 0,382
10 0 1,299 1,29911 0 4,039 4,03912 0 7,596 7,59613 0 9,750 9,75014 0 20,707 20,70715 2,826 32,934 30,10716 6,915 45,364 38,45017 6,915 64,108 57,19318 9,741 74,272 64,53119 33,657 79,091 45,43320 39,987 81,502 41,51421 52,932 85,018 32,08722 63,850 88,961 25,11123 76,827 91,733 14,90624 89,014 93,752 4,73925 96,496 96,296 0,20026 98,248 97,444 0,80427 98,248 97,850 0,39828 98,248 98,128 0,12029 98,248 98,721 0,47330 98,248 98,763 0,51531 98,248 98,763 0,51532 98,248 99,107 0,85933 100 99,199 0,80134 100 99,474 0,52635 100 99,542 0,45836 100 99,594 0,40637 100 99,633 0,36738 100 99,633 0,36739 100 99,633 0,36740 100 99,633 0,36741 100 99,724 0,27642 100 99,764 0,23643 100 99,764 0,23644 100 100 0
CC (mm)Frequências Acumuladas
PEIPEI
0
20
40
60
80
100
7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49CC (mm)
% Arrasto Gamboa
( %)
( %)
Penaeus ind icus cap t urado s po r Gambo a
0
5
10
15
20
25
7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49C C ( mm)
enaues ind icus cap t urado s po r A rrast o
0
5
10
15
25
0 13 16 9 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49C C ( mm)
nA 241nG 2520D' máximo 64,531α 0,05Kα 1,358D' critico 0,092Decisão Rej H0
2 de 2
ABSArrasto (SA) Gamboa (SG) (SA-SG)
12 0 0 013 1,07101 0 1,07114 2,28645 0 2,28615 3,15563 0 3,15616 6,79639 0 6,79617 10,15295 0 10,15318 13,98607 0 13,98619 16,77010 0 16,77020 23,58109 0 23,58121 30,82033 0 30,82022 36,98845 5,331 31,65723 43,92522 17,863 26,06224 53,82864 31,549 22,28025 62,38355 35,814 26,57026 70,84279 46,213 24,63027 76,49584 56,071 20,42528 82,65637 64,338 18,31829 87,57252 66,383 21,18930 89,77405 70,473 19,30131 92,07039 88,765 3,30532 94,89801 88,765 6,13333 95,47708 90,810 4,66734 96,72233 92,855 3,86735 97,21430 92,855 4,35936 97,47117 92,855 4,61637 97,47117 92,855 4,61638 98,30591 92,855 5,45139 100 92,855 7,14540 100 97,955 2,04541 100 100 0
PSE
CC (mm)Frequências Acumuladas PSE
0
20
40
60
80
100
8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44CC (mm)
% Arrasto Gamboa
Penaues semisulcat us cap t urados po r A rrast o
0
5
10
15
20
25
8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 47 50C C ( mm)
( %)
Penaeus semisulcat us cap t urad o s po r Gamb oa
0
5
10
15
20
25
8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 47 50C C ( mm)
( %)
nA 2087nG 49D' máximo 31,657024Alfa 0,05K alfa 1,3581015D' critico 0,1962789Decisão Rej H0
Anexo X
Estrutura de Comprimentos de Cefalotórax (CC) mensal em percentagens, para o total de indivíduos (TL), das espécies Penaeus indicus (PEI) e P. semisulcatus (PSE), capturados na Baía de Inhambane, Moçambique, entre Julho e Dezembro de 2002.
CC (mm) J A S O N D CC (mm) J A S O N7 1,0 78 89 1,4 9
10 5,7 1011 4,3 0,6 3,8 1112 10,0 3,8 1213 11,0 2,3 13 0,5 11,314 17,1 2,3 15,1 14 0,8 2,6 11,315 2,3 8,1 6,7 18,8 15 1,4 0,8 3,516 7,1 0,6 14,4 4,4 16,9 16 3,5 2,5 1,7 24,417 1,2 4,3 20,0 0,9 28,2 17 4,5 1,3 2,5 6,9 5,218 1,8 1,9 23,2 1,7 11,3 18 3,9 0,8 3,4 24,419 11,5 3,4 0,6 16,9 34,3 1,9 19 3,7 2,1 1,7 2,1 1,7 3,520 7,9 4,0 3,3 5,9 8,7 20 6,3 2,8 3,4 4,3 18,9 13,121 11,2 5,6 13,7 3,1 13,8 0,2 21 7,1 7,0 5,9 10,7 9,422 9,2 5,8 20,7 1,7 8,6 22 8,0 2,5 7,6 8,6 10,323 16,2 4,8 13,1 8,6 23 3,8 2,7 15,2 25,7 10,124 13,1 2,6 10,9 5,2 24 11,4 13,1 7,6 4,3 12,225 8,3 1,3 18,3 2,6 25 7,5 9,2 12,7 15,0 6,226 3,9 7,6 4,3 26 12,4 9,2 4,2 4,3 6,227 4,5 0,6 1,2 1,7 27 2,2 9,3 12,9 4,3 10,028 3,7 0,6 4,3 28 6,0 10,1 6,8 6,4 0,529 1,6 4,7 29 3,8 7,5 7,6 6,4 1,730 30 2,7 4,1 1,731 31 2,5 4,1 1,7 4,732 2,9 32 2,1 6,9 1,733 1,6 0,4 33 0,1 1,9 0,834 0,5 1,4 34 1,2 1,7 2,1 1,735 0,6 35 1,1 0,836 0,4 36 0,937 0,5 3738 38 1,0 1,639 39 3,1 1,840 40 1,141 0,5 0,4 41 0,142 0,5 4243 4344 1,4 4445 45n 204 404 300 426 121 1307 n 799 574 161 229 207 165
CC médio 23,5 16,3 24,4 18,6 21,6 16,3 CC médio 24,9 27,3 25,0 25,1 22,5 17,6s 6,0 4,3 3,1 4,1 3,0 1,8 s 5,4 4,4 3,9 3,6 3,2 3,5cv (%) 25,7 26,3 12,9 21,9 13,7 11,0 cv (%) 21,5 16,0 15,6 14,4 14,3 19,9
PEI PSED
Anexo XI
Teste estatístico Qui-quadrado (χ2) com a correcção de Yates utilizado para verificar se existiam diferenças significativas na proporção entre machos (P♂) e fêmeas (P♀) nas capturas das espécies Penaeus indicus (PEI), P. semisulcatus (PSE), P. japonicus (PJA) e P. monodon (PMO). H0: P♂ = P♀
H1: P♂ ≠ P♀
α = 0,05
g.l. = 1
χ2 tabela = 3,841
♀ ♂ TL (n) %♀ χ2 P Decisão
PEI 1389 1372 2761 0,503 256 0,093 0,7607
PSE 1085 1051 2136 0,508 1089 0,510 0,4752
PJA 371 123 494 0,751 61009 123,50 1,084E-28 Rej H0
PMO 66 33 99 0,667 1024 10,343 0,0013 Rej H0
( )221 1−− ff
H0 n f obs f esp n esp (obs-esp)^2 χ2 P
♀ 371 0,7510 0,75 370,500 0,25 0,000675
♂ 123 0,2490 0,25 123,500 0,25 0,002024
TOT 494 1 1 494 0,0027 0,9586
♀ 66 0,6667 0,75 74,250 68,06 0,916667
♂ 33 0,3333 0,25 24,750 68,06 2,750000
TOT 99 1 1 99 3,6667 0,0555
PJA
3:1
PMO
3:1
Anexo XII – Relações Morfométricas
Relação CT (mm) – CC (mm)
Relação entre o Comprimento Total (CT) e o Comprimento de Cefalotórax (CC), para fêmeas (♀) e machos (♂) e para sexos combinados (total), para as espécies Penaeus indicus (PEI), P. semisulcatus (PSE) e P. japonicus (PJA), capturados na Baía de Inhambane, entre Julho e Dezembro de 2002.
PEI ♀n = 172
CT = 4,700CC + 21,176r2 = 0,9638
0
50
100
150
200
250
0 10 20 30 40 50CC (mm)
CT
(mm
)
PEI ♂n = 180
CT = 4,927CC + 18,052r2 = 0,9696
0
50
100
150
200
250
0 10 20 30 40 50CC (mm)
CT
(mm
)
PEI Totaln = 352
CT = 4,760CC + 20,632r2 = 0,9649
0
50
100
150
200
250
0 10 20 30 40 50CC (mm)
CT
(mm
)PSE ♂n = 140
CT = 4,436CC + 18,064r2 = 0,9424
0
50
100
150
200
0 10 20 30 40 50CC (mm)
CT
(mm
)
PSE Totaln = 286
CT = 4,195CC + 22,359r2 = 0,9622
0
50
100
150
200
0 10 20 30 40 50CC (mm)
CT
(mm
)
PJA ♀n = 18
CT = 3,939CC + 12,358r2 = 0,9914
0
50
100
150
200
0 10 20 30 40CC (mm)
CT
(mm
)
PJA ♂n = 9
CT = 4,3125CC + 6,2292R2 = 0,9693
0
50
100
150
200
0 10 20 30 40CC (mm)
CT
(mm
)
PJA Totaln = 27
CT = 3,9025CC + 13,878R2 = 0,9883
0
50
100
150
200
0 10 20 30 40CC (mm)
CT
(mm
)PSE ♀n = 146
CT = 4,237CC + 20,047r2 = 0,9761
0
50
100
150
200
0 10 20 30 40 50CC (mm)
CT
(mm
)
Anexo XII
Relação PT (g) – CC (mm)
Relação entre o Peso Total (PT) e o Comprimento de Cefalotórax (CC), para fêmeas (♀) e machos (♂) e para sexos combinados (total), para as espécies Penaeus indicus (PEI), P. semisulcatus (PSE) e P. japonicus (PJA), capturados na Baía de Inhambane, entre Julho e Dezembro de 2002.
PEI ♀n = 327
PT = 0,0013CC2,881
r2 = 0,9807
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 10 20 30 40 50CC (mm)
PT (g
)
PEI ♂n = 277
PT = 0,0014CC2,876
r2 = 0,9677
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 10 20 30 40 50CC (mm)
PT (g
)
PEI Totaln = 604
PT = 0,0013CC2,883
r2 = 0,9768
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 10 20 30 40 50CC (mm)
PT (g
)
PSE Totaln = 316
PT = 0,0023CC2,722
r2 = 0,9456
0
10
20
30
40
50
60
0 10 20 30 40 50CC (mm)
PT (g
)
PSE ♀n = 161
PT = 0,0023CC2,718
r2 = 0,9635
0
10
20
30
40
50
60
0 10 20 30 40 50CC (mm)
PT (g
)
PSE ♂n = 155
PT = 0,0018CC2,815
r2 = 0,9067
0
10
20
30
40
50
60
0 10 20 30 40 50CC (mm)
PT (g
)
PJA Totaln = 51
PT = 0,0008CC2,873
r2 = 0,9649
0
5
10
15
20
25
30
0 10 20 30 40CC (mm)
PT (g
)
PJA ♀n = 40
PT = 0,0009CC2,851
r2 = 0,9821
0
5
10
15
20
25
30
0 10 20 30 40CC (mm)
PT (g
)
PJA ♂n = 11
PT = 0,0001CC3,484
r2 = 0,9256
0
5
10
15
20
25
30
0 10 20 30 40CC (mm)
PT (g
)
Anexo XIII
Teste estatístico F utilizado para a análise da soma dos quadrados dos resíduos
dos parâmetros das regressões lineares, efectuadas para estimar as relações
morfométricas Comprimento Total – Comprimento de Cefalotórax (CT-CC) e Peso
Total - Comprimento de Cefalotórax (PT-CC), para verificar se existiam diferenças
significativas entre sexos nas espécies Penaeus indicus (PEI), P. semisulcatus
(PSE) e P. japonicus (PJA).
α = 0,05
CC – CT
n a b r2 SQR SQRx DFx SQRy DFy F obs F tab P Decisão
PEI ♀ 172 21,176 4,700 0,964 3261,9♂ 180 18,052 4,927 0,970 1825,7
TOT 352 20,632 4,760 0,965 5342,4 5087,6 348 5342,4 350 8,7144 3,022 0,000203 Rej H0PSE ♀ 146 20,047 4,237 0,976 1569,1
♂ 140 18,064 4,436 0,942 1588,0TOT 286 22,359 4,195 0,962 3699,9 3157,1 282 3699,9 284 24,2421 3,028 1,93E-10 Rej H0
PJA ♀ 18 12,358 3,939 0,991 84,2♂ 9 6,229 4,313 0,970 18,9
TOT 27 13,878 3,903 0,988 129,8 103,1 23 129,8 25 2,9782 3,422 0,070765
PT - CC
♀ 32 0 2 0, 4,
n q = eab r2
SQR SQRx dfx SQRy dfy F obs F tab P Decisão
PEI 7 ,0013 ,881 98 4♂ 277 0,0014 2,876 0,97 3,8
TL 604 0,0013 2,883 0,98 8,4 8,2 600 8,4 602 7,317073 3,0107 0,00073 Rej H0
PSE ♀ 161 0,0023 2,718 0,96 1,7♂ 155 0,0018 2,815 0,91 2,4
TL 316 0,0023 2,722 0,95 4,2 4,1 312 4,2 314 3,804878 3,0247 0,0233 Rej H0
PJA ♀ 40 0,0009 2,851 0,98 0,3♂ 11 0,0001 3,484 0,93 0,3
TL 51 0,0008 2,873 0,97 0,9 0,6 47 0,9 49 11,75 3,1951 7,3E-05 Rej H0
Anexo XIV
Teste estatístico t-student utilizado para averiguar o tipo de crescimento relativo (isométrico ou alométrico), em cada relação morfométrica: H0: B = 1, para um crescimento isométrico na relação CT-CC.
H0: B = 3, para um crescimento isométrico na relação PT-CC.
P < 0,05
CT – CC
n Sb B b t obs gl t crítico
PEI ♀ 172 0,070 1 4,700 52,9373 170 1,974
♂ 180 0,065 1 4,927 60,03574 178 1,973
TOT 352 0,049 1 4,760 77,45005 350 1,967
PSE ♀ 146 0,055 1 4,237 58,55503 144 1,977
♂ 140 0,093 1 4,436 36,78905 138 1,977
TOT 286 0,049 1 4,195 64,80039 284 1,968
PJA ♀ 18 0,092 1 3,939 32,05811 16 2,120
♂ 9 0,290 1 4,313 11,42414 7 2,365
TOT 27 0,085 1 3,903 34,15294 25 2,060
PT - CC
n Sb B b t obs gl t crítico
PEI ♀ 327 0,022425 3 2,881 -5,306525 325 1,96729
♂ 277 0,031666 3 2,876 -3,915831 275 1,968628
TL 604 0,018082 3 2,883 -6,470428 602 1,963912
PSE ♀ 161 0,041927 3 2,718 -6,726003 159 1,974996
♂ 155 0,073015 3 2,815 -2,533718 153 1,97559
TL 316 0,036846 3 2,722 -7,544955 314 1,967548
PJA ♀ 40 0,062422 3 2,851 -2,386973 38 2,024394
♂ 11 0,329326 3 3,484 1,46967 9 2,262157
TL 51 0,078289 3 2,873 -1,622193 49 2,009575
Anexo XV Nomes de algumas espécies e termos em bitonga utilizados pelos pescadores Bhata – Terapon jarbua Drolo – Caranguejo Dzadsi – Peixe Dzidsandzi – Peixes Dzinrolo – Caranguejos Girumba - Lula Guhologo – Scylla serrata Guitongue – Garopa Guivingo –Tubarão Gykhova (Morrumbene) - Penaeus monodon Hili – Silago sihama Kugo – Lobotidae Kuku – Hemiramphidae Kumba – Balistidae Likulo – Linguado Lilikewane – Safio Lilovhati – Atum Liphanzi – Camarão Mabandabanda – Scomberoides Mabanzi - Camarões Mbabhi – Siganidae Mihili – Pescadinhas Nany – Engraulididae Nguibingo – Tubarão-martelo Nhadindrili – Magajojo – Holotúria Nhalussue – Tubarão Nhangyedue - Navalhas Nharrongue – Tainha Sihologo – Santola Sirumba - Lulas Thifa – Enguia Tsongua – Lethrinus Guinía: tarrafa, rede mosquiteira Gulimba: secagem e fumagem de camarão Lipadza: enchada pequena para captura de bivalves Lissaba (Nhaduga): tarrafa, rede mosquiteira Lissengue: cesto para captura e transporte do pescado nas gamboas Litumbo: arrasto Matupe: vaza Rede bloco: rede de emalhar Wuhule: gamboa Indrani muya songa guadi: desejo uma boa pescaria