São José - A cidade que voa alto

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Cidade que São José dos Campos completa 248 anos com o desafio de manter o crescimento sem comprometer o que a cidade tem de melhor voa alto SÃO JOSÉ DOS CAMPOS JULHO/2015 - ANO 5 Nº 1 R$ 9,90

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Cidade que

São José dos Campos completa 248 anos com o desafio de manter o crescimento sem comprometer o que a cidade tem de melhor

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Cidades: Aparecida, Caçapava, Cachoeira Paulista, Campos do Jordão, Canas, Caraguatatuba, Cruzeiro, Guararema, Guaratinguetá, Igaratá, Ilhabela, Jacareí, Jambeiro, Lorena, Monteiro Lobato, Natividade da Serra, Paraibuna, Paraisópolis, Pindamonhangaba, Piquete, Potim, Queluz, Redenção da Serra, Roseira, Santa Branca, Santo Antônio do Pinhal, São Bento do Sapucaí, São José dos Campos, São Luís do Paraitinga, São Sebastião, Taubaté, Tremembé e Ubatuba

São José dos Campos comemora 248 anos, no dia 27 de ju-lho, diante de um dilema que pode influenciar para sempre o destino da cidade. Crescer ou manter a qualidade de vida? Mas a questão é, será mesmo que para ter empregos e desenvol-vimento econômico é preciso sacrificar o bem-estar de seus moradores?

O interesse do grupo World Trade Center em instalar aqui um de seus complexos reacendeu a discussão em torno da po-lêmica Lei de Zoneamento. Como ela pode ser mais justa?

O caminho pode estar nas obras de contrapartida que pode-rão não só evitar novos problemas como trazer soluções para os que já existem. É uma questão de planejamento e boa vontade.

Um dia, lá atrás, a decisão de instalar o CTA em terras jo-seenses mudou a vocação da cidade. Será que podemos estar diante de uma nova oportunidade? É isso que queremos saber!

Pensando pelo lado positivo, esse impasse mostra que São José continua atraindo grandes investimentos. Como foi o caso do Assaí Atacadista, que abriu uma loja na cidade em plena cri-se econômica. O motivo, claro, é estratégico. É durante a reces-são que as pessoas buscam economizar, terreno fértil para os atacadistas. Logo, uma oportunidade. E o município continua se destacando como a terra das chances e possibilidades.

Aliás, São José é alvo constante destes fóruns sobre cida-des na internet. Há sempre alguém disposto a abandonar o caos da capital rumo à boa vida do interior. E nas perguntas mais comuns àquela que inspirou essa edição da +São José: o que a cidade tem de melhor?

Quem mora aqui não tem dificuldade em pontuar suas virtudes, que são muitas, e vão desde os pontos turísticos como Ba-nhado, Parque da Cidade e Vicentina Ara-nha, até características urbanas como as avenidas largas e a limpeza das ruas. A reco-nhecida fama de polo tecnológico também costuma figurar nos bate-papos entre mo-radores e visitantes sobre os diferenciais da cidade. São José é sede da principal indús-tria brasileira -- a Embraer -- que enche de or-gulho quem mora aqui e é a melhor referên-cia da cidade nos quatro cantos do mundo por onde sobrevoam seus aviões. Mas São José também tem educação de qualidade com escolas-modelo, tem empregos ambicionados por muitos, a elite do esporte, comércio pujante, turismo de lazer e de negócios, indústrias de projeção. E acima de toda a beleza e riqueza contidas em São José seu bem mais precioso, no entanto, não é tão evidente. Afinal, o que pode existir de melhor na cidade se não o próprio joseense?

Daniela BorgesEditora

O que temos de melhor!

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Cidade que

São José dos Campos completa 248 anos com o desafi o de mantero crescimento sem comprometer o que a cidade tem de melhor

Cidade quevoa alto

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Carta ao Leitor

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8Crescer, mas com qualidade de vida

20 Quando a escola faz a diferença

46 Hospital Regional coloca São José no centro do atendimento público

48 Indústrias que fazem parte da história da cidade

60 Comércio busca alternativas para reagir à crise

80 Os encantos naturais de São Francisco Xavier

SUMÁRIO

92Univap participa da construção do maior telescópio do mundo

86‘Meninas da Águia’ são motivo de orgulho para joseense

108São José foi pioneira na coleta seletiva

64Empresários de sucesso dão o próprio nome ao negócio

46Sinônimo de saúde e boa forma, Cia Athleti-ca promove prevenção até para bebês e idosos

70Sesc está entre os principais agentes culturais de São José dos Campos

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SUMÁRIO

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» Construção civil

Crescer, mas com

Interesse do grupo World Trade Center no Jardim Aquarius reacende o debate sobre a polêmica Lei de Zoneamento

Qualidade

Praça Torii no Jardim Aquarius

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21ªposição no ranking das

cidades mais ricas do

Brasil ocupa São José dos

Campos

» Por Rodrigo Machado

ão José dos Campos completa 248 anos de história, desenvolvi-mento e progresso. O município é considerado polo de uma região com quase três milhões de habi-tantes e se tornou, ao longo das

últimas cinco décadas, a principal cidade brasileira na produção de tecnologia para as indústrias aeronáutica e de defesa.

Em termos de qualidade de vida, a cidade tem motivos para comemorar. Afinal, é só cami-nhar pelas ruas e avenidas da cidade e conhecer a estrutura que o município oferece à popula-ção, mas ainda há muito que melhorar em ter-mos de saneamento básico e saúde.

A cidade está no ranking dos 100 municípios mais ricos do país e passou da 22ª para a 21ª po-sição, com um PIB de R$ 28,089 bilhões no ano passado, mas a mudança não representa muito diante da retração da economia do País e dos entraves para receber investimentos em seto-res importantes como a construção civil.

Hoje, esse setor representa entre 10% e 12% do PIB total da cidade. Mas apresenta um ce-nário econômico em declínio e aciona a luz de emergência na tentativa de reverter o quadro assustador. Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostram que a construção civil demitiu nos cinco primeiros meses deste ano 4.823 trabalhadores. Em 2014, no mesmo período foram 4.915 demissões no setor. Em 2013, de janeiro a maio, foram 4.519 demissões.

O presidente da Aconvap (Associação das Construtoras do Vale do Paraíba) em exercício, Francisco de Oliveira Roxo, diz que o setor no município acompanha, desde 2004, a desace-leração da indústria e comércio, que também estão trabalhando com índices modestos de crescimento. Mas ele aponta que em São José dos Campos, o impacto negativo é ainda maior no mercado imobiliário em virtude da falta de aprovação de novos projetos desde a vigência da atual Lei de Zoneamento.

“A queda é reflexo direto do baixo núme-ro de novos projetos aprovados na prefeitura, que reduziu o volume de construção e provo-cou somente em 2014 cerca de 5 mil demissões no setor na cidade. Se não houver mudanças imediatas na legislação, os estudos da Aconvap mostram que até 2018 deixarão de existir 9.820 empregos diretos e quase 30 mil indiretos na ci-dade somente neste segmento”, afirma.

Os estudos citados mostram que a primeira

queda na produção em virtude da Lei de Zonea-mento foi no período de janeiro a junho de 2013. Os números da época foram 4,48% menores do que o cenário apresentado na pesquisa do pri-meiro semestre do ano anterior (2012).

Mercado. O alarde da associação não é à toa. A cons-

trução civil é uma das maiores empregadoras da economia e movimenta um mercado que é muito maior do que somente a construção de edifícios. A partir de um novo empreendimento imobiliá-rio vários segmentos são beneficiados como, por exemplo, o mercado financeiro, lojas de material de construção, arquitetos e por aí vai.

“O setor é a mola propulsora de uma série de outros setores que são impactados com a entrega de um novo imóvel. As empresas de qualquer setor buscam cidades onde possuem apoio para empreender e gerar empregos. No entanto, hoje vemos muitas empresas que nas-ceram e se desenvolveram em São José optan-do por investir em outros municípios”, afirma.

Segundo ele, a Aconvap que representa 120 empresas entre loteadoras, construtoras, pres-tadoras de serviços e fornecedores em toda a região, tem mantido intensas tratativas junto à Prefeitura no sentido de recuperar os índices de investimento necessários para a manutenção de empregos e sustentabilidade das empresas.

“A atual lei impede o crescimento da cidade e limita a atividade num dos principais vetores de desenvolvimento que é a construção civil. Ela pre-cisa ser reformulada com urgência para evitar mais

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desaceleração e demissões na cidade”, alerta.

Economia.O secretário de Planejamento Urbano, Mi-

guel Sampaio, diz que a atual situação do mer-cado imobiliário da cidade segue o mesmo com-portamento de outros centros urbanos do País devido aos ajustes promovidos na economia.

“O aspecto restritivo e de difícil entendi-mento da atual legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo, aprovada em 2010 pela antiga gestão municipal, tem contribuído dire-tamente para a retração no setor da construção civil na cidade”, diz.

Sampaio diz ainda que a atual lei apresenta problemas em vários pontos, prejudicando o de-senvolvimento da cidade, com parâmetros urba-nísticos rígidos e diversificados em determinados pontos, dificultando aplicar e implantar atividades econômicas e sociais na cidade. “Vamos melhorar a aplicabilidade da própria lei, em especial com re-lação à construção de moradias populares e a pos-sibilidade de implantar novas atividades comer-ciais e prestadoras de serviços, com ênfase para o desenvolvimento com sustentabilidade.”

Ele diz que é preciso evitar erros onde bair-ros projetados para receberem residências hori-zontais foram verticalizados sem infraestrutura adequada. “Estamos trabalhando em uma le-gislação moderna e eficiente. Nossa proposta é otimizar o uso, a ocupação do solo e das in-fraestruturas, deixando São José mais compacta com menos custos para a população. A atual lei vai no sentido contrário, impõe limites onde não é necessário e impede que locais com infraes-trutura adequada possam progredir”, afirma.

Discussão.A Prefeitura está realizando reuniões com en-

tidades representantes de classe para coletar in-formações que possam contribuir para a forma-tação e finalização do texto. A última aconteceu no Paço Municipal no início de julho. “A previsão é colocar a proposta de lei em consulta pública até o final deste mês. Após esse processo, será submetida às audiências públicas, ao Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e à Câ-mara Municipal”, explica o secretário.

“É preciso favorecer os investimentos, dar condições para a cidade crescer e gerar rique-zas. Mas, ao mesmo tempo, o zoneamento deve manter as conquistas já adquiridas pela população. A qualidade de vida dos cidadãos depende da organização das atividades urbanas e rurais, do planejamento das áreas industriais, comerciais e residenciais com fácil integração

‘“É preciso favorecer os

investimentos, dar condições para a cidade

crescer e gerar riquezas”

Shakespeare Carvalho, vereador

580mil m2 possui o terreno localizado no Jardim Aquarius

entre elas”, diz o presidente do Legislativo, ve-reador Shakespeare Carvalho.

Ele aponta que uma das principais preocupa-ções ocorre em torno das ZUC (zonas de urbani-zação controlada) pelas pressões de ocupação comercial e o risco de saturação do trânsito. “Sou favorável a construções com mais pavimentos desde que respondam por todas as exigências técnicas de recuos em relação a terreno, viárias e ambientais e que não sejam atividades que se tornem polo gerador de tráfego”, explica. “Esta-mos participando das discussões e dos anseios dos vários setores da comunidade. É inevitável que as posições de cada segmento cheguem à Câmara.”

Até agora, os vereadores vivem a expectativa da chegada do novo projeto à Câmara. “A nova lei tem que estar preocupada com alguns pontos como qualidade de vida, meio ambiente, questões de sustentabilidade, paisagem, temos que analisar alguns parâmetros e não podemos abrir mão de mudanças que prejudiquem os moradores”, apon-ta o vereador Walter Hayashi, da Comissão de Pla-

Vista da área ambicionada pelo complexo empresarial WTC

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do grupo WTC em dezenas de países. Na China são mais de 50 WTC’s. Por que na China pode ter mais de 50 e no nosso país não poderia ter cinco, dez? A gente geograficamente tem mui-to potencial. Temos públicos e cidades em de-senvolvimento que poderiam receber um em-preendimento desta natureza”, afirma.

A medida tem caráter estratégico para o de-senvolvimento urbano de São José, na opinião do presidente do conselho administrativo do WTC, o engenheiro Ozires Silva, um dos fundadores da Embraer. Ele torce para que a cidade seja proativa e não perca a chance de receber um empreendi-mento internacional, conectado a uma rede de 1 milhão de empresas em 330 capitais.

“A área precisa de um plano de ocupação es-pecífico, fortalecendo a economia e a geração de empregos, e compensando os impactos que podem ser gerados pela instalação do comple-xo”, disse ele durante a apresentação do ante-projeto à Prefeitura.

Poder público.O secretário de Planejamento, Miguel Sam-

paio, diz que a administração considera o projeto importante, uma vez que coloca a cidade em um patamar internacional de desenvolvimento econô-mico e geração de emprego e renda.

“Agora, nossos esforços estão concentrados para finalizarmos a nova Lei de Zoneamento que vai garantir não só a chegada do grupo WTC à ci-dade, mas também tornar o nosso município mais atrativo para diversos outros segmentos econômi-cos”, disse durante entrevista. “Os investimentos em infraestrutura são definidos com a apresenta-ção do projeto oficialmente à Prefeitura, o que ain-da não foi realizado, uma vez que é necessário pri-meiro fazer a mudança no zoneamento. Segundo os investidores, somente a elaboração do projeto deve custar entre R$ 40 e R$ 50 milhões”, afirmou.

Segundo ele, de acordo com os investidores, o projeto prevê a utilização de apenas 30% da área para edificações, o restante será destinado para construção de vias, áreas verdes e institucionais, espelhos d’água e ciclovias.

“As obras de contrapartidas também são de-finidas após a apresentação do projeto, por isso, não é possível dizer o que será feito. É notável, no entanto, que o empreendimento não vai se instalar com a infraestrutura existente. Será necessária a construção de vias de acesso e reforço nos demais serviços públicos. Tudo isso respeitando as restri-ções ambientais e urbanísticas, já que o empreen-dimento deve atender a expectativa de melhorar a qualidade de vida da população e favorecer o crescimento ordenado do Jardim Aquarius.”

nejamento Urbano, Habitação e Obras.

Polêmica.Em novembro do ano passado representantes

do grupo WTC (World Trade Center), que adminis-tra 330 centros de convenções e negócios em 110 países, mostraram a intenção de construir um em-preendimento em uma área no Jardim Aquarius, na zona oeste da cidade, com a abertura de até 7 mil empregos diretos e indiretos, e investimentos na ordem de R$ 1 bilhão em cinco anos.

Diante da atual Lei de Zoneamento do municí-pio, o grupo procurou a Câmara e a Prefeitura, que fez cinco audiências públicas para saber a opinião da população. Para receber o empreendimento se-ria necessário mudar o zoneamento de uma área de quase 600 mil m². Atualmente, a área só pode receber construções de até dois pavimentos. O complexo ocuparia cerca de 100 mil m², garantindo um amplo espaço livre para instalação de recursos urbanísticos, como ciclovias e áreas verdes.

Para o CEO e gerente geral do WTC no Brasil, Luciano Menezes, São José é uma cidade que já tem potencial de indústrias e agora pode e deve também ser um potencial em serviços, como São Paulo. A cidade está estrategicamente loca-lizada em uma região em crescente expansão.

“Fizemos convites para várias cidades que querem receber o WTC. São 332 complexos

‘“A área precisa de

um plano de ocupação

específico, fortalecendo a economia e a geração de

empregos

Ozires Silva, engenheiro

O projeto do WTC inclui hotel, centro de convenções, centro de negócios, shopping e unidades residenciais

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Prefeitura reconhece que é preciso mudar

» Construção civil

» Por Rodrigo Machado

Diante da retração da economia do País, queda no número de empregos do setor e do desafio de mudar o cenário da construção civil de São José, como atrair novos investimentos?

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Sebastião Cavali, disse que a prefeitura procura criar mecanismos e um ambiente favorável à atra-ção de investimentos. “Neste sentido, a nova Lei de Zoneamento terá um papel importante na mu-dança do panorama da construção civil. A cidade precisa estar apta a receber investimentos, como o World Trade Center, que tem potencial para ge-rar milhares de empregos.”

Cavali garante que a Prefeitura mantém um ca-nal de diálogo constante com as entidades do se-tor. “A análise de novos empreendimentos é feita com celeridade. É uma relação de transparência. A

proposta da nova Lei de Zoneamento, com suas novas ferramentas, será amplamente debatida com o setor e com toda a cidade. Acreditamos que a proposta tem potencial para destravar o setor, sem comprometer a qualidade de vida.”

A construção civil tem uma característica mui-to peculiar, é o setor que reage mais rápido aos estímulos da economia e o que retrai mais rápido também, explica o diretor regional do SindusCon--SP, engenheiro Mário Cezar de Barros.

“A expectativa de crescimento da indústria da construção civil é praticamente zero para este ano. Nosso setor necessita urgentemente de estímulos para reverter esse cenário de desemprego.”

Para Barros, o que estamos enfrentando hoje é realmente reflexo das dificuldades econômicas que o país vive. “A atual Lei de Zoneamento tam-bém está travando o desenvolvimento da cidade, pois é muito restritiva”, conclui.

30%da área

disponível no Jardim

Aquarius deve ser

ocupada por edificações do

WTC

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A nutricionista Carla Iório, de 31 anos, trocou a zona sul pelos ares da zona oeste há oito anos. O Jar-dim Aquarius tornou-se o endereço dela oficialmen-te, apesar de frequentar o bairro na casa de amigos antes de se mudar.

“Eu adoro o Aquarius, adoro dirigir por aqui, adoro a praça, sempre passo por ela, um bairro bem bonito. Vou cedo para o trabalho, que fica no bairro Chácaras Reunidas e almoço em casa todos os dias”, disse.

Mas ela aponta um ve-lho problema: “a falta de estacionamento. Aqui na minha rua nunca tem vagas

para os visitantes e, muitas vezes, as pessoas que tra-balham por aqui, deixam o carro na rua, pois é bem difí-cil achar vaga nessa região, pelo fato de ter muitos pré-dios comerciais”, disse.

Carla acredita que a construção de mais prédios comerciais na região deve-rá aumentar ainda mais o fluxo de carros. “Mas por outro lado, vejo que vai ge-rar muitos empregos. Sou a favor por isso. Acredito também que aumentará o fluxo de carros, trânsito, pessoas. Devemos pensar no desenvolvimento, mas com soluções para velhos problemas.”

A falta de estacionamentos é um ‘velho’ problema no Jardim Aquarius

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O publicitário Esrom Vellenich, de 38 anos, é em-presário no Jardim Aquarius e editor de uma revista que leva o nome do bairro. Escolheu a região pela facilidade de ter tudo à sua volta, desde a escola do filho, supermercados, shoppings e bancos.

“Ando de carro toda hora pelo Aquarius e região, principalmente na hora do almoço quando passo pe-las avenidas Cassiano Ricardo e São João para levar meu filho à escola. É exatamente nessa hora onde a palavra planejamento é apenas uma palavra. Em 10 anos, vimos a frota de carro multiplicar e as ruas con-tinuam as mesmas.”

Sobre se é a favor ou contra a construção de prédios em áreas vazias do Aquarius, Esrom responde dizendo que é a favor, mas com uma condição. “Obras de con-trapartida das construtoras para o bem do bairro, como mais verdes, mais fluidez na rua, mais estacionamento interno e muito mais”, diz. Sobre um empreendimento como o WTC, ele responde: “acho que um empreendi-mento como este vai trazer muita coisa boa como em-pregos, turismo e mobilidade”, completa.

Para empresário, obras de contrapartida podem melhorar o bairro

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A busca por qualidade de vida, áreas verdes, segurança e um trânsito suportável foram os principais atrativos que levaram o casal de professores do Instituto Federal de São Paulo, Paulo Roberto Barbosa e Grazie-la Marchi Tiago, a deixar a capital para um novo endereço: o Jardim Aquarius.

“Procuramos uma cidade que tivesse as mesmas facilidades de São Paulo, sem todos os problemas de uma grande metró-pole. Optamos pela região do Aquarius, por ser um dos melhores bairros da cidade”, diz Paulo.

Sua esposa diz que uma das principais diferenças de morar em São José é na hora de ir para o trabalho. “O campus do Institu-to fica dentro da área da refinaria da Petro-bras. Desloco-me para o trabalho de carro, demoro em torno de 15 minutos no trajeto”, afirma Graziela.

O casal acredita que os moradores pre-cisam de mais informações sobre mudanças na Lei de Zoneamento e a chegada de em-

preendimentos como o apresentado pelo grupo WTC. Na opinião deles, o foco da dis-cussão tem sido a mudança ou não da Lei de Zoneamento para viabilizar o WTC.

Paulo diz que em nenhum momento foi discutida ou apresentada alguma sugestão de adequação viária no bairro para permitir a mudança. “Acreditamos que as coisas estão fora de ordem. Deveríamos primeiro discutir quais seriam as adequações necessárias para permitir a mudança no zoneamento e com base nestes estudos e propostas decidir pela mudança. Hoje, praticamente a única via de acesso ao bairro é a Cassiano Ricardo, que já tem um movimento muito intenso”, aponta o professor.

“Quando se fala em permitir um empre-endimento com muitas torres sem ao me-nos dizer como seriam as adequações viárias na região, ficamos muito assustados. Temos medo de voltar a ter os mesmos problemas de trânsito que enfrentávamos em São Pau-lo”, emenda Grazi.

Casal de professores troca São Paulo por qualidade de vida

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Em 2011, um grupo de amigas e moradoras do Jardim Aquarius que levava seus filhos para brincar na praça Ulisses Guimarães, formou uma associa-ção para discutir, preservar e trazer melhorias para o bairro no Facebook. Foi aí que nasceu a AMPA (Associação das Mães da Praça do Aquarius).

O grupo conta com a participação de 307 mães e é administrado pela gaúcha Beatriz Ben-to Soares, com as amigas Daniele Abrahão Fi-gueira e Cristine Patruni Rebello. “O nosso gru-po é para troca de informações entre as mães moradoras e também para o compartilhamento de dicas de serviços, eventos infantis e reclama-ções sobre problemas observados no bairro. A iniciativa acabou se tornando uma ferramenta de comunicação e troca de ideias”, afirma.

Beatriz mora há 8 anos no Jardim Aquarius. Atualmente trabalha em casa e diz que o bairro ainda tem qualidade de vida. “Temos facilidade em

Moradoras se unem e formam Associação das Mães da Praça do Aquarius

serviços (médicos, comércio, academias), temos a praça, que frequento muito com meus filhos e me encontro com as mães, mas acho que já estamos no limite em termos de excesso de prédios e mo-radores, espaço para veículos estacionarem e trân-sito nos horários de pico”, diz.

Para ela, o principal problema está no ex-cesso. “Acho uma pena o terreno da avenida Cassiano Ricardo ser tomado por construções. Gosto de chegar em casa e ver aquele campo. Sempre imagino como seria ótimo ter ali um grande parque para ver o lindo pôr do sol”, conta. “Mas pensando em desenvolvimento e se realmente houver contrapartida no bairro (como aumento das avenidas e retorno em área de lazer para o bairro) acho que seria um gran-de passo receber um empreendimento como o WTC que pode resultar em uma grande valori-zação para nosso bairro”, finaliza.

307mães

participam do grupo

de amigas e moradoras do Jardim

Aquarius

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» Educação

Quando a escola faz a

Instituições públicas e particulares dão exemplo de ensino eficiente, com diversificação de atividades, professores dedicados e envolvimento integral dos alunos

» Por Rodrigo Machado

estudante da rede pública es-tadual Gabriel Salles Martins, de 17 anos, está se prepa-rando para ingressar em uma universidade pública no próximo ano. O sonho

do jovem é cursar história, se tornar um pesquisador e seguir

carreira acadêmica no País. “Estou me preparando diariamente para me

sair bem nos vestibulares e conseguir entrar para uma universidade pública. Além das ativi-dades na escola, estudo em casa em diversas plataformas de apoio, que disponibilizam até modelos de provas e apontam o desempenho do aluno”, diz.

Diante desse sonho e um longo caminho a ser percorrido, ele participa de diversas disci-plinas eletivas ligadas à alquimia, cultura e arte, água, teatro para a área acadêmica, entre ou-tras dezenas. Gabriel é aluno de tempo integral da escola estadual Ilza Irma Moeller, na Vila Si-nhá, na zona norte de São José dos Campos.

Ao todo são 290 estudantes divididos nos ensinos fundamental e médio. O número re-

diferença

Educação

Turma da escola estadual Ilza Irma Moeller

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60mil alunos estão matriculados na rede estadual de ensino em São José

duzido de estudantes (a unidade chegou a ter pouco mais de mil alunos) contribui para o de-senvolvimento de atividades extracurriculares e projetos que, por dedicação e apoio dos profes-sores, saem ‘do papel’. Trabalhos que geram o conhecimento e se tornam modelos para outras instituições na cidade, segundo uma das direto-ras da escola, Ana Maria Xavier.

“A postura comportamental de quase 100% dos alunos é voltada para o processo da apren-dizagem. Com o incentivo vindo de todos os la-dos, os estudantes buscam estudar e estudar. E a prova disto é o desempenho deles nas avalia-ções e exames fora da escola”, conta.

A rede estadual é responsável por ensinar cerca de 60 mil estudantes, divididos em 80 escolas estaduais. Sete dessas instituições fun-cionam em tempo integral. A professora Cecília Dória trabalha há quase três anos na mesma escola onde Gabriel estuda. “O ensino integral é um sucesso, os alunos permanecem nove ho-ras na escola e desenvolvem um Projeto de Vida que é fundamental para todo o processo de en-sino e aprendizagem. Eles têm disciplinas eleti-vas para aprimorar o projeto de vida, além de orientação de estudos, preparação acadêmica e para o mundo do trabalho”, diz Cecília.

Segundo a professora, a prática de labora-tório contribui muito para o desenvolvimento de projetos tanto na área de humanas como de

linguagens e ciências da natureza. “Eu e outros professores fazemos questão de empregar os recursos oferecidos pela Secretaria de Educa-ção do Estado em nossas aulas como o Currí-culo+, o Geekie, as aventuras do currículo, tudo que tornam a aprendizagem mais agradável.”

Não à toa a escola ficou acima da média do Estado na avaliação do Saresp (Sistema de Ava-liação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) em 2014. O desempenho dos alunos na avaliação da língua portuguesa foi 12% maior se comparado com a média de todo o Estado. Na matemática e ciências da natureza, a escola também se destacou com 17% e 19% a mais em relação à média estadual, respectivamente.

O segredo para um caminho do ensino mais eficiente, segundo a professora, é apostar em trabalhos que agreguem e despertem valores pessoais nos estudantes. É o caso de atividades que desenham o futuro da carreira do aluno, a preparação acadêmica e o desenvolvimento de projetos científicos.

Resultados. Alguns dos alunos da escola viajaram para

Nova York, nos Estados Unidos, no ano pas-sado para apresentar o projeto “Sinal Verde”, uma lombada que gera energia para os semáfo-ros, evitando os apagões e suas consequências para o trânsito nas cidades. A invenção foi pre-

Educação

O estudante da rede pública Gabriel Salles Martins se prepara para ingressar na universidade

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miada durante a feira de Ciências.

Rede Municipal.Na rede municipal de ensino são 35.836 estu-

dantes espalhados pelas 46 escolas e dedicados no cultivo ao empreendedorismo – uma das dire-trizes do ensino da rede para o estímulo à criativi-dade dos alunos. “Ao longo desses 25 anos, vejo muitos avanços. Além de ser muito bem estrutu-rada, podemos contar com diversos apoios para os estudantes com dificuldades de aprendizagem, para os alunos que se destacam através de desen-volvimento de talentos, as salas de leitura e investi-mento em formação continuada para os professo-res”, diz Alessandra Carla Assaf, diretora da escola municipal Professora Palmyra Sant›Anna.

Alessandra contou que a implantação do pro-grama Escola Interativa deu um salto em formação e informação para o aluno. “Finalmente a inclusão digital deixou de ser um discurso e virou uma prá-tica dentro da escola. Em termos de qualidade a escola apresenta o melhor Ideb (Índice de Desen-volvimento da Educação Básica) da rede municipal de ensino, nas turmas de quintos anos de 2013 e está entre as melhores turmas do 9º ano.”

Ela acredita que a qualidade da escola está na soma de diversos fatores: a gestão democrá-tica, o grupo de professores compromissados e efetivos, o respeito às diferenças, a parceria com os pais e a busca constante por melhorias. “Não posso deixar de falar do espaço físico. Pas-samos por uma reforma que durou dois anos e após a reinauguração da escola ganhamos es-paços mais adequados e bonitos”, diz.

Sucesso.Se a estrutura conta no processo da aprendi-

zagem, outra peça-chave para o sucesso escolar é o compromisso dos estudantes com a educação. “Não temos problemas com vandalismo, as pes-soas cuidam dos espaços e os alunos gostam da escola. Temos a cultura de paz como norteadora das nossas ações na solução de conflitos e o apoio do conselho de escola em nossas decisões.”

O último Ideb, observado há dois anos, mostra um salto da rede na produtividade educacional. Nos anos iniciais, a cidade atingiu a nota 6.5 e nos anos finais 5.2, ambos acima da meta, segundo o ranking do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).

A rede municipal ainda é equipada com outras 74 escolas para o ensino infantil e 29 conveniadas com instituições credenciadas à Secretaria de Edu-

Educação

Alunos da escola Ilza Irma Moeller viajaram para Nova York para apresentarem o projeto Sinal Verde

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cação. Juntas, atendem quase 26 mil crianças em processo de alfabetização.

Particular.São José também possui uma forte rede de

ensino composta por instituições privadas. Hoje, são 200 escolas particulares contribuindo com a formação de 42.000 alunos.

É o caso do Colégio Inspire, criado há um ano e meio. São 560 alunos divididos desde a educação infantil até o ensino médio. A diretora pedagógica Iolene Lima conta com uma equipe de 53 professo-res e 29 funcionários na técnica. Para manter bons resultados e o interesse dos alunos, o colégio de-senvolve estratégias pedagógicas.

“Trabalhamos com a metodologia de ensino chamada PRRR (Pesquisar, Raciocinar, Relacionar e Registrar), possuímos orientação educacional e serviço de psicologia escolar. Ainda realizamos projetos de apoio pedagógico e aprofundamento das áreas estudadas. Para os alunos em turno inte-gral, mantemos foco na língua inglesa, o que de fato contribui como diferencial para o mercado de trabalho posteriormente”, diz.

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Do ensino infantil aos cursos de MBA e espe-cialização. Dos colégios e escolas aos institutos de ensino privados. Com pouco mais de 681 mil mora-dores, São José dos Campos possui um leque bem diversificado de instituições particulares.

Levantamento do Sindicato dos Estabeleci-mentos de Ensino de São José dos Campos apon-ta que a cidade possui 200 escolas particulares para os ensinos infantil, fundamental e médio. Juntas atendem 42 mil estudantes na cidade.

São colégios e escolas que apostam no ensi-no bilíngue, valores e princípios e na formação da ética com o objetivo de preparar e desenvolver ações cognitivas, emocionais, físicas, sociais e em alguns deles, espirituais como é o caso do Colégio Inspire, na região sudeste do município.

Personagem.Marcela Gonzaga Pereira, tem 15 anos e é alu-

na da 1ª série do ensino médio. Todos os dias ela levanta às 5h30, chega na escola às 6h50 e estuda durante toda a manhã. Alguns dias da semana ela fica em período integral.

“O colégio Inspire além de oferecer uma óti-ma base pedagógica para o futuro acadêmico, proporciona também uma formação ética base-ada na educação por princípios bíblicos. Não é um lugar onde as pessoas só estão preocupa-das com notas ou desenvolvimento acadêmico, mas estão preocupadas também com a nossa vida emocional, social e espiritual”, disse ela, que pretende estudar psicologia.

Mestre.O professor de ciências naturais Bruno Ce-

sar Almeida Costa conta que como docente, a visão do colégio é cuidar do desenvolvimento do aluno e da essência do seu caráter, almejan-do para que seja o mais próximo e fiel possível ao de Cristo. “É um desafio gratificante. Como professor, posso destacar entre as atividades que realizo está o planejamento de aulas fun-damentadas na metodologia da educação por princípios bíblicos. O conteúdo é dado sempre com excelência e profundidade”, disse.

Escolas particulares diversificam o ensino e ampliam atividades extracurriculares

As atividades extracurriculares também são a grande aposta de outras instituições como a Etep (Escola Técnica Professor Everardo Pas-sos). Os alunos têm resultados em olimpíadas de robótica, participação em campeonatos e programas de empreendedorismo, em parceria com o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e o Sebrae (Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas).

Em março deste ano um grupo formado por 30 alunos do ensino médio e técnicos, desenvolveu um robô para ser apresentado na competição de robótica do mundo, a First (For Inspiration and Re-cognition of Science and Technology). “Não existe nenhum projeto educacional como o programa First. Ele faz com que os alunos entendam o ver-dadeiro significado de disciplina, a importância da dedicação e cumprimento de horários e prazos, desenvolvem a criatividade, o trabalho em grupo e as multitarefas, aprendendo de uma maneira orde-nada”, disse o diretor acadêmico, Roberto Grechi.

200escolas

particulares estão

instaladas na cidade

Educação

Os alunos do Colégio Inspire

recebem forma-ção ética baseada

na educação por princípios

bíblicos

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“Desde criança me imaginava professora. Brincava de lecionar, dava aulas para os colegas de classe, queria ser como os meus mestres. Durante minha vida escolar, do colégio à uni-versidade, tive a sorte e a oportunidade de ter e conviver com excelentes profissionais que eram também excelentes pessoas.”

O relato acima traduz o amor pela profissão e o compromisso da professora Leila Beatriz Ferreira, 48 anos. Ela completa dizendo que com eles aconteceu o despertar do gosto pe-los estudos, pela biologia. “Sempre acreditei na profissão, nas pessoas e nos laços de amizade, respeito e confiança que podem se estabelecer na relação professor-- aluno-- família. Se tivesse que escolher hoje minha profissão, certamente seria a de professora”, diz.

Leila dá aulas na rede há duas décadas e meia, desde o dia que decidiu ingressar na profis-são. “A área de ciências sempre foi contemplada com cursos, oficinas, palestras, passeios pedagó-gicos, através da atuação do OCC (Orientador de

Rede municipal investe em tecnologia e na Cultura de Paz

Componente Curricular). O professor tem con-dições de fazer um bom trabalho e, assim, seus alunos têm bom desempenho, alcançam bons resultados”, afirma.

Rebeca Aquino de Olivei-ra, de 12 anos, é aluna do 7º ano e sabe bem o que a professora Leila disse à reportagem. “A rede mu-nicipal oferece um bom ensino e a escola Pal-myra sempre foi uma re-ferência para a minha fa-mília. A escola tem ótimos professores e um projeto chamado Cultura da Paz, que nos influencia a acabar com as brigas na escola, com o bullyng e outras coisas”, conta a estudante.

Rebeca ainda tem dúvidas, mas hoje suas áreas de interesse para seguir estudando são dublagem e letras. “Adoro ler, principalmente ficção, mitologia, poesia, contos e reportagem, mas todos os gêneros são bem-vindos”, pontua.

Diferencial.Boa parte das escolas da rede municipal aten-

de ainda a comunidade dentro do programa EJA (Educação de Jovens e Adultos). Os professores reconhecem a importância da escola interativa para suas aulas e utilizam os recursos disponíveis.

“A presença da lousa digital e de computa-dores em sala, os notebooks que foram con-cedidos aos professores, as constantes forma-ções realizadas no CEFE, os tablets utilizados pelos alunos, enfim todos esses fatores impul-sionam a prática de ensino e conferem um ca-ráter totalmente novo às atividades didáticas”, diz Fernando Góes, 33 anos, e há cinco meses como professor municipal.

Na opinião dele, com a tecnologia o ensino flui melhor, permitindo aos professores traba-lharem os conteúdos com muito mais precisão e qualidade. “Mesmo estando há pouco tempo na rede, já recebi formação para a lousa digital e para a utilização dos tablets e posso dizer que meus métodos de ensino estão evoluindo con-sideravelmente”, afirma.

46escolas

compõem a rede

municipal de ensino

em São José

Educação

A aluna Rebeca de Oliveira (à frente) com os colegas da escola municipal Palmyra Sant’Anna

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A presença de institutos, universidades e centros de pesquisas em São José dos Campos, colocou a cidade na lista dos municípios brasilei-ros conhecidos como geradores de polos de tec-nologia, inovação e empreendedorismo.

A cidade possui a cada ano uma média de 12 mil vagas abertas em universidades particulares. São dezenas de cursos de nível superior e a lista de instituições é grande: Univap, Unip, Faculdades Anhanguera, Etep, Faculdade Bilac, entre outras.

Já as vagas em universidades públicas, São José ainda caminha para ampliar a quantidade de ofertas. São quase 1.000 vagas a cada ano nas instituições: Unifesp, Unesp e ITA.

A cidade ainda oferece cursos de nível supe-rior gratuitamente por meio da UAB (Universi-dade Aberta do Brasil) e receberá no próximo ano uma faculdade de medicina.

Referência.Considerada uma das mais concorridas do

país, a graduação do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) já formou 5.875 alunos desde a sua criação na década de 50, por inspiração do Marechal Casimiro Montenegro.

Atualmente são 700 estudantes nos cursos de engenharia aeronáutica, eletrônica, mecâni-ca de aeronáutica, engenharia civil de aeronáu-tica, da computação e aeroespacial. O Instituto ainda aposta nas ofertas de mestrado e douto-rado. São quase 3.500 mestres acadêmicos e profissionais.

Preparo.Para alcançar um lugar ao sol nas universida-

des públicas de referência, é preciso estar mui-to bem preparado. Instituições como o colégio Poliedro, ganham projeção nacional pelo ensino focado na preparação para os mais concorridos vestibulares do Brasil.

O estudante Gustavo Guedes Faria, de 16 anos, mora em São José há seis anos. Ele veio de Vitória e atualmente está no 3º ano do ensino médio no Poliedro. “Pra mim é a melhor escola, acho fenomenal primeiramente por causa dos

EducaçãoUniversidades particulares e públicas tornam São José um polo de tecnologia e inovação

professores, além de serem muitos dispostos em ajudar, ficam depois da aula para tirar qual-quer dúvida.”

Gustavo procura ficar mais tempo na escola do que em casa. “Aproveitamos para discutir fi-losofia, assuntos abordados na sala de aula e tra-zer o assunto para o debate. Tudo isso fortalece o conhecimento e o preparo da gente mesmo para a vida acadêmica.”

O sonho de Gustavo é se formar em mate-mática e seguir carreira de pesquisador. Durante a entrevista, ele explicou que gosta de dar so-luções aos problemas, desenvolver teorias, ela-borar provas e demonstrações em problemas abertos na matemática. “O segredo para o su-cesso de uma escola, acredito que seja envolver os alunos na participação e na dinâmica da aula. Quando o professor aposta nesse caminho, ele torna o aluno parte da aula. É aí que a gente co-meça a se interessar mais no assunto.”

12mil vagas

são abertas todos os anos nas

universidades particulares

da cidade

O estudante Gustavo Guedes Faria veio de Vitória (ES) para se preparar para o vestibular no Poliedro

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Educação

Especialização abre caminho para novos cargos

Buscar a formação especializada pode ser o caminho para quem almeja conquistar cargos nas empresas. Jessyca Jennifer do Nascimen-to, 34 anos, atualmente é gerente de escritório de projetos em uma empresa em São José.

Há pouco mais de três anos, ela escolheu se especializar na Conexão FGV (Fundação Getú-lio Vargas). Ela conta que quando ingressou na FGV dava aulas de matemática e robótica edu-cacional para o ensino fundamental.

“Aos seis meses de curso, percebi que realmente poderia mudar de carreira e aban-donei um emprego concursado para me aven-turar em busca de uma nova atuação no mer-cado. Apenas 20 dias depois de sair do meu emprego (foram seis anos de relacionamento com a empresa), já estava empregada”, diz.

Segundo ela, depois de seis meses na nova empresa recebeu promoção e após um ano já ocupava em uma função gerencial. “Com

certeza contribuiu muito com essa minha as-censão profissional, pois na pós-graduação pude ampliar meu conhecimento corporativo e aplicar em situações do dia a dia no novo tra-balho. Foi uma aventura sair do certo para o duvidoso, mas faria tudo de novo se fosse ne-cessário.”

Alberto Manoel Scherrer é professor, con-sultor empresarial em finanças e contabilidade e autor de diversos livros como ‘Contabilidade Imobiliária’. Para ele, São José tem um campo fértil para que se oferte cursos de pós-gradua-ção, principalmente aqueles com ênfase em finanças e controladoria.

“Sob a ótica das instituições de ensino, percebe-se a existência de oferta de cursos consistentes, com práticas acadêmicas que conseguem unir a teoria à prática, propiciando aos alunos uma formação convergente às ne-cessidades do mercado”, completa.

20dias foi o

tempo que Jessyca ficou

sem emprego até conseguir

uma nova oportunidade

graças à especialização

Jessyca Jennifer do Nascimento

viu sua vida profissional dar

um salto após o curso de

especialização na FGV

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+ São José > julho de 2015 > 33

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34 > + São José > julho de 2015

Fotos: Cláudio Vieira

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Hospital Regional coloca São José no centro do atendimento

» Saúde

Unidade vai receber pacientes de toda a região e terá até heliponto; obra começa este ano e deve durar 30 meses

público

Perspectiva artística do Hospital Regional

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» Por Estela Vesaro

s qualidades de São José dos Cam-pos estão atraindo mais um grande

serviço na área de saúde para os joseenses e moradores de toda a Região Metropolitana do Vale do

Paraíba, que é o Hospital Regio-nal para atendimento 100% SUS. A unidade contará até

com heliponto para o transporte de pacientes em helicópteros quando necessário. A previsão do Governo do Estado é que as obras de construção da unidade sejam iniciadas ainda este ano.

“Trata-se de um hospital moderno, de pa-drão internacional, para atendimento de casos mais graves e complexos, principalmente de doenças agudas”, conta Ricardo Tardelli, médi-co da Secretaria de Estado da Saúde, coorde-nador da implantação da PPP (Parceria Público--Privada) para a construção do hospital.

Segundo Tardelli, São José dos Campos foi escolhida para sediar o hospital por ser um polo de desenvolvimento importante no Estado de São Paulo. “A cidade representa 70% da econo-mia da região e é referência em atendimento médico para o Vale e Litoral Norte”, afirma.

Inovação.Tardelli conta que o modelo de PPP para a

construção de hospital é inédito no Estado de São Paulo. “Fomos inspirados na Europa, onde hospitais são construídos e geridos dessa for-ma. Seremos uma vitrine de modelo de gestão inovadora”, afirma. Ele explica que já foi defini-

178leitos terá o Hospital Regional,

164 deles de internação,

incluindo 44 destinados

à UTI

Leitos: 178, sendo que 164 deles são de internação, incluindo os 44 da UTI

Serviços: De urgência e emergência em média e alta complexidades, cirurgias, serviço de diagnóstico por imagem e atendimento ambulatorial

Principais especialidades: Traumatologia, ortopedia e neurocirurgia

Não atenderá: Pediatria e obstetrícia

Público-alvo: Pacientes SUS dos 10 municípios da microrregião de São José dos Campos e dos 39 municípios do Vale do Paraíba

Funcionários: 1.500, incluindo 300 médicos e 800 profissionais de enfermagem

da a construtora que fará a obra. Segundo ele, o Governo do Estado vai financiar 60% do va-lor pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvol-vimento Econômico e Social) e os outros 40% serão investidos pela construtora. A obra está orçada em R$ 217,1 milhões.

Tardelli diz que para início da construção está sendo aguardada apenas aprovação do empréstimo por parte do Ministério da Fazen-da. A previsão é que o hospital seja entregue depois de 30 meses de iniciada a obra, sendo que 24 meses é o prazo de construção e seis meses é o tempo para a instalação de mobiliá-rio e equipamentos.

Ele conta ainda que para a gestão do hospi-tal será escolhida uma OS (Organização Social). “Com uma OS a administração da unidade hos-pitalar fica mais ágil”.

Espaço.A área onde será construído o Hospital Re-

gional foi doada pela Prefeitura de São José dos Campos. Segundo a assessoria de impren-sa da Secretaria Municipal de Saúde, o terreno tem 16.500 m².

O Governo do Estado informou que o hos-pital terá uma área construída de aproxima-damente 33 mil m² e será instalado entre a rua Icatu e a avenida Goiânia, no bairro Parque In-dustrial, região sul da cidade.

Segundo Tardelli, o Hospital Regional será uma unidade referenciada, ou seja, atenderá pacientes encaminhados por outros hospitais SUS localizados nos 39 municípios da Região Metropolitana do Vale do Paraíba.

Hospital Regional de São José dos Campos

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» Saúde

Hospital de Olhos do Vale nasce com vocação para ser

Espaço de R$ 14 milhões é o resultado da união de 41 sócios que enxergaram em São José o lugar ideal para investir

» Por Estela Vesaro

isão no Futuro. É o que tem o oftalmologista Sebastião

Dominguez Neto, que esco-lheu São José dos Campos para

viver, trabalhar e investir. Sócio--proprietário do moderno Hospi-

tal de Olhos do Vale, inaugurado em maio deste ano, o médico explica porque decidiu morar em São José depois de ter nas-cido em Mogi das Cruzes (SP) e ter morado na capital paulista até 1981. “Meu sonho de quali-dade de vida era morar em uma cidade onde eu conseguisse sair do trabalho para almoçar em casa todos os dias. Aqui eu consigo fazer isso e ainda dá tempo de tirar uma soneca”, afirma sorrindo.

Ele conta que conheceu São José quando vi-nha passear na casa das duas irmãs que moravam na cidade. “Gostava da localização de São José e sempre achei uma cidade mais aberta para rece-ber as pessoas”.

Morando em São Paulo, onde cursou a Escola Paulista de Medicina, Dominguez Neto conseguiu trabalho em São José primeiramente como oficial temporário no então CTA, hoje DCTA (Departa-mento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial) e de-pois como médico concursado da Prefeitura. “Eu já era casado e tinha quatro filhos. Durante os pri-meiros três meses eu vinha e voltava de São José todos os dias. Depois nos mudamos para cá”.

Desde que veio para a cidade, o médico co-

referência

Sebastião Dominguez Neto,

sócio-proprietário do Hospital

de Olhos

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labora com a qualidade da saúde dos joseenses. Este ano, ele e mais 40 sócios-proprietários igualitários deram um presente especial para São José, no valor de R$ 14 milhões, ao cons-truir e inaugurar o Hospital de Olhos do Vale, que funciona em um prédio de 2.000 m², com quatro pavimentos, no Jardim Aquarius, com vista para o anel viário. Do total do investimen-to, R$ 8 milhões foram gastos na construção do prédio e o restante em equipamentos, material e mobiliário.

Dominguez Neto diz que o sonho de construir o Hospital de Olhos surgiu há sete anos. “Entre a elaboração do projeto e a realização das obras fo-ram cinco anos”. Ao circular pelo hospital Domin-guez Neto não esconde seu encantamento. “Esse hospital nasceu da necessidade dos oftalmologis-tas daqui e da região de terem um local adequado e moderno para realizarem as cirurgias. Assim, os pacientes também saem ganhando”.

Crescimento.O Hospital de Olhos é uma evolução do Cen-

tro de Microcirurgia Ocular Excimer Laser do Vale, que atuava em São José desde 2001. Do-minguez Neto comandou o grupo durante esses 14 anos, deixando o cargo de diretor administra-tivo no último dia 30 de junho, por escolha pró-pria. A unidade está agora sob o comando do médico Roberto Kenji Ishii, eleito para um man-dato de dois anos.

Hospital de olhos do ValeEndereçoRua Itajaí, Centro Empresarial Taquari, Jardim Aquarius, São José dos Campos

FuncionamentoDe segunda a sexta: 7h às 21hSábado: 7h às 11hDomingo e feriado: Fechado

Tipos de CirurgiasRefrativas (correção de miopia, hipermetropia e astigmatismo)CatarataVitreo-retinianas

Agendamento de cirurgiasÉ feito pelo oftalmologista

Equipamentos de pontal Excimer Laser EX 500l Oculyzerl Facoemulsificador Infinitil Microscópios Leical Crosslinkingl Vitreófago Constellation

O Hospital de Olhos do Vale tem capacidade para realizar 1.500 cirurgias por mês, segundo o sócio-proprietário Sebas-tião Dominguez Neto. No antigo Centro de Microcirurgia Ocu-lar Excimer Laser do Vale a capacidade era de 600 cirurgias mensais, somando a realização de 30 mil cirurgias nesses 14 anos de funcionamento.

Dominguez Neto explica que a nova unidade funciona como um Hospital-Dia, de segunda a sábado. Nos domingos e feriados não há atendimento. O Hospital-Dia é uma unida-de de internação de curta permanência, sem pernoite, onde o paciente tem à disposição um ambiente com todos os equipa-mentos e cuidados de higiene e esterilização de um hospital.

Os procedimentos cirúrgicos são todos agendados com antecedência pelo médico e não há atendimento de emergên-cia no local.

Entre os 41 sócios estão médicos de São José, Jacareí, Ca-çapava, Taubaté, Cruzeiro, Lorena e Caraguatatuba. Além dos sócios, outros oftalmologistas podem contratar o uso do hos-pital. “Cerca de 80 médicos do Vale do Paraíba e Sul de Minas Gerais tem utilizado nosso hospital”, conta Dominguez Neto.

Segundo ele, a ideia é também realizar transplante de cór-nea na unidade e o procedimento para conseguir a autoriza-ção junto ao Ministério da Saúde já foi iniciado.

Dominguez Neto participou dos detalhes na construção do novo hospital. “Fizemos tudo com o objetivo de atender com muita qualidade e conforto os pacientes e os oftalmolo-gistas.” A unidade conta com quatro salas de espera para os pacientes e acompanhantes, sendo que três delas tem progra-mação diferenciada na TV e a última fica sem televisão, para quem deseja apenas ouvir música ou ler um livro.

Novo hospital dobra cirurgias

O hospital funciona de segunda a sábado

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» Por Estela Vesaro

r aonde o povo está. É assim que o ValeClin Laboratório atua em São José dos Cam-pos, sempre buscando atender a demanda dos bairros mais distantes do Centro. Só nos últimos três meses, dois novos postos de coleta foram abertos: no Bosque dos Ipês, na região sul, e no Novo Horizonte,

na região leste. A previsão é que sejam rea-lizados 200 atendimentos por dia, em cada unidade.

“Atualmente, fazemos 350 mil exames e aten-demos 40 mil pacientes por mês. Com os dois novos postos pretendemos chegar a 450 mil exames e 50 mil atendimentos mensais”, informa o sócio-proprie-tário e diretor-presidente do ValeClin, José Placido e Almeida Sgavioli, biomédico e especialista em análi-ses clínicas. Em 2011, o ValeClin inaugurou uma unida-de no Jardim Aquarius.

“Estamos contribuindo com o desenvolvimento da cidade e melhorando a mobilidade urbana ao per-mitir que a população de bairros distantes do Centro tenha suas necessidades atendidas perto de sua mo-radia”, afirma Placido.

Serviço.O laboratório oferece cerca de 3.000 diferentes

exames, dos mais simples até os mais complexos, como o de sexagem fetal, que verifica o sexo do bebê nas primeiras semanas de gestação. O atendimento nas unidades é feito por cerca de 300 colaboradores.

“Nossa primeira unidade foi na região central de São José. Ficamos satisfeitos, mas ao notar o desen-volvimento da região sul, abrimos lá uma unidade

» Saúde

ValeClin é sinônimo de laboratório para

Plano de expansão avança pelos bairros: Bosque dos Ipês e Novo Horizonte são os mais novos a receber posto de coleta

também. Com o sucesso não paramos mais. Hoje, são duas unidades centrais, duas na sul, duas na les-te, uma na oeste e uma na norte. A maior gratificação é sentir a satisfação e o orgulho dos moradores, prin-cipalmente dos bairros mais distantes”, declara Pla-cido. O ValeClin conta ainda com dois postos dentro de hospitais de São José e uma unidade em Jacareí.

História.Placido nasceu em Pederneiras (SP). “Há 43 anos,

vim morar em São José para trabalhar no Centro de Pesquisas da Johnson & Johnson e na Faculdade de Medicina de Taubaté. Em 1974, fui para o Laboratório São José, gostei muito do trabalho, mas senti a ne-cessidade de ter um laboratório próprio, o que ocor-reu em 1978, com a ajuda da minha família.”

“Tivemos a sorte de começar quando a cidade teve uma de suas maiores taxas de crescimento. Atualmen-te, a taxa diminuiu, mas permanece constante”, avalia. Placido tem como sócio seu filho Giovanni Melozi Sga-

joseense

350mil exames são feitos por mês no Valeclin Laboratório, que inaugura mais dois novos postos de coleta

José Placido de Almeida Sgavioli e seu filho Giovani, sócios-proprietários do ValeClin

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violi, diretor técnico do laboratório, também biomédico e especialista em análises clínicas. Giovanni nasceu ape-nas alguns meses depois que seu pai abriu a primeira unidade do ValeClin, há 37 anos. “É sempre bom tra-balhar em família e quando as ideias são semelhantes, como no nosso caso, é ótimo”, diz Placido.

Ao comentar sobre o aniversário de São José dos Campos, Placido diz que espera que a cidade continue crescendo. “Algumas regiões, como a leste, têm grande potencial de crescimento. Essa cidade tem no seu DNA o desenvolvimento. Mas espero que seja um crescimento sustentável e com boa qualidade de vida”, conclui.

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» Saúde

Modelo na promoção da

Sonho de consumo, Cia Athletica atende de bebês a idosos

» Por Estela Vesaro

ocê já se imaginou nadando em mar aberto? É possível que sua

resposta seja algo do tipo ‘nunca, isso é para profissionais’. Acontece

que uma academia com unidade em São José ousou quebrar essa barreira

e oferecer modalidades que nenhuma outra tem. Outro exemplo: aulas de zumba específicas para crianças. Claro, porque não? O segredo é inovar, mas sempre com o respaldo de uma equipe top de es-pecialistas treinados e preparados.

A Cia Athletica de São José dos Campos destoa do que se convencionou a chamar de academia, en-quanto lugar feito para levantar peso e fazer estei-ra. Ela vai muito além. Não à toa se tornou sonho de consumo para quem se preocupa com a boa forma.

Para agosto, a academia anunciou a adoção de um método espanhol de treinamento abdominal, chamado Low Pressure Fitness, com exercícios que afinam a cintura, diminuem a barriga, a diástese ab-dominal e até as dores lombares, além de fortalece-rem o assoalho pélvico.

Se a prevenção é o melhor remédio é para promover saúde que a Cia Athletica, nesses 18 anos, está sempre inovando em equipamentos e aulas.

Sob o comando do empresário Alberto Alves Marques Filho, conhecido como Mano, a Cia Athleti-ca de São José está sempre buscando inovações tec-nológicas para que os resultados junto aos clientes sejam cada vez melhores.

Missão. “A Cia Athletica tem por missão ajudar as pessoas

a estar bem fisicamente e a fazer amigos, sempre”, declara Mano, que apesar de ter nascido na capital

paulista escolheu São José para morar e construir a quarta unidade do grupo Cia Athletica. Hoje, a rede opera 18 unidades em 10 diferentes estados.

“São José é uma cidade industrial, internacionaliza-da e tecnológica. O joseense é antenado e atualizado com relação às novas tecnologias que surgem mundo afora e a Cia Athletica é conhecida por seu pioneirismo e inovação. Este casamento permitiu, por exemplo, a rea-lização de um estudo científico inédito, sobre ganho de força e de massa óssea no treinamento com o uso do equipamento BioDensity, em parceria com a Unifesp e a Faculdade da Terceira Idade da Univap.”

Futuro.No aniversário de São José, Mano faz uma avalia-

ção sobre a cidade. “Existem no município algumas boas iniciativas de saúde preventiva. No setor públi-co, as academias ao ar livre são um ótimo exemplo. Os clubes esportivos e ADC´s também desempenham ótimo papel na iniciação esportiva.”

boa forma

40modalidades

de treinos são ofertados

na Cia Athletica

Alberto Alves Marques Filho,

o Mano

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Devido ao seu desempenho, a Cia Athletica de São José dos Campos já conquistou prêmios e certificações. O mais recente foi concedido pela Medical Fitness Association, por um pro-jeto de pesquisa envolvendo os equipamentos BioDensity e Power Plate. A academia concor-reu com outros 10 projetos americanos.

Pela Revista Running.Br foi reconhecida nacionalmente com o título de “Academia mais Querida do Brasil” . Também recebeu o Prêmio Alshop Lojista, pelo elevado grau de qualidade dos serviços oferecidos.

“Fomos também a primeira rede de aca-demias a obter certificação internacional ISO 9000, há mais de 15 anos”, conta o proprie-tário Alberto Alves Marques Filho, o Mano.

Programa.A academia é planejada para atender

toda a família, desde bebês a partir de seis meses até os bisavós. São mais de 30 dife-rentes modalidades para adultos, incluindo

ginástica, spinning, musculação, treinamen-to funcional, natação, hidroginástica, dança e squash, e 10 modalidades infantis (circo, gi-nástica de solo, capoeira, judô, taekwondo, natação, surf, futebol, coordenação e habili-dades e psicomotricidade).

“A Cia Athletica disponibiliza tecnologias modernas e avançadas de treinamento, en-tre elas a linha de equipamentos articulados Hoist Roc It (ergonomia e conforto máximo), o Kinesis One (movimentos multiplanares re-sistidos), o Synrgy 360 (treinamento funcional e suspenso), o Power Plate (plataforma vibra-tória) e o BioDensity (único equipamento na América Latina, para aumento da densidade muscular e óssea)”, detalha Mano.

“A prescrição de treinamento é realizada através de um software exclusivo (CiaOn) que indica e contraindica exercícios através de filtros relacionados a 400 ocorrências médicas, de acordo com as orientações do American College of Sports Medicine.”

Academia é reconhecida por seus resultados

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48 > + São José > julho de 2015

> Indústrias

Embraer projeta São José para o

» Por Estela Vesaro

Embraer, empresa sediada e nascida em São José dos Campos, tem se

mantido presente no mercado, le-vando o nome da cidade para todo

o mundo. “A indústria aeronáuti-ca é altamente competitiva e demanda constantes investi-

mentos em inovação. A Embraer investe anualmente cerca de 10% de sua receita em desenvolvimento de tecnologias, produtos, serviços e na modernização de sua capacidade industrial. Para 2015, manteremos o equivalente a 5% do nosso faturamento investido

especificamente em pesquisa e desenvolvimento. Estes investimentos se convertem em diferenciação de produtos e serviços e na competitividade de nos-sas soluções nas áreas de Defesa & Segurança, Avia-ção Comercial e Aviação Executiva”, explica Nelson Salgado, vice-presidente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Embraer.

A realidade da empresa hoje é muito diferente de 46 anos atrás, quando foi fundada. Em agosto de 1969, a Embraer tinha como foco a fabricação em série do Bandeirante, avião projetado em 1964 pelo CTA (Centro Técnico Aeroespacial). A capacidade de produção era de duas aeronaves por mês, com pou-co mais de 500 empregados. Hoje, são mais de 19 mil

mundo

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+ São José > julho de 2015 > 49

Empresa aeronáutica mantém-se competitiva no mercado: prevê entregar até 230 aeronaves em 2015

funcionários, sendo que 17 mil estão no Brasil: 13 mil deles em São José dos Campos. Para 2015, a previsão é entregar até 230 aeronaves.

Paixão.Entre esses milhares de colaboradores da Em-

braer em São José, tem funcionário que teve o privi-légio de acompanhar desde o início as mudanças e o crescimento da empresa. É o caso do engenheiro de infraestrutura, Eizo Matsuura, que dedica seu tempo e conhecimento à empresa há 40 anos. “Meu sonho era trabalhar na Embraer, uma empresa pioneira”, afirma.

Nascido em Itapetininga (SP), Matsuura morava e trabalhava na capital paulista quando decidiu se

mudar para São José para fazer faculdade à noite de engenharia e trabalhar durante o dia. “São José é um lugar estratégico, perto da Serra e do Litoral, local bom para morar. Além disso, é um polo tecnológico”.

“Entrei na Embraer em 1975, como projetista de instalações. O que eu aprendia na faculdade eu aplica-va na empresa. E assim fui crescendo, assumindo mais responsabilidades”, conta. “Quando entrei na empresa era fabricado o avião Bandeirante. Tudo era feito den-tro da empresa, todos os projetos. Hoje, apenas coor-denamos os projetos que compramos de fora. Antes, eram usadas régua e prancheta para fazer os desenhos. Hoje, é tudo muito mais rápido. Vamos nos adaptando à tecnologia e à evolução da humanidade”, diz.

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NoME: Embraer S.A.FuNDAção: 19 de agosto de 1969

PRoDuToS FAbRICADoS: 1- AviAção ComerCiAl n E-Jets (E170, E175, E190 e E195) – atual família de jatos comerciais n E-Jets E2 (E175-E2, E190-E2 e E195-E2) – segunda geração de jatos comerciais, que entra em serviço a partir de 2018 (E190--E2, no primeiro semestre de 2018; E195-E2, em 2019; e, E175-E2, em 2020)2- AviAção exeCutivA n Phenom (Phenom 100E e Phenom 300) n Legacy (Legacy 450, Legacy 500, Legacy 600 e Legacy 650) n Lineage 1000E

3- embrAer DefesA & SEguRANçA n Sistemas ISR – família de aeronaves de Inteligência, Reconhecimento e Vigilância (EMB 145 AEW&C e EMB 145 MULTI INTEL) n KC-390 n A-29 Super Tucano n Soluções integradas de defesa e segurança por meio de empresas coligadas (Atech, Bradar, Harpia, OGMA, Savis e Visiona)

NúMERo DE FuNCIoNáRIoS: n 19 mil no mundo, sendo que 17 mil estão no Brasil e 13 mil deles trabalham em São José

CLIENTES: n Cerca de 80% da receita da empresa é de exportação

Perfil

Eizo Matsuura, engenheiro de infraestrutura

Crescimento.“A gente cresce junto com a empresa e a cidade.

A Embraer é muito importante para São José, para o Estado e para toda a Nação, pois gera empregos, ex-porta, contribui decididamente para o progresso da cidade e do país”, afirma.

Matsuura conta que a qualidade de vida dele mu-dou quando resolveu adotar São José dos Campos. “Foi um ganho enorme. Aqui, em 10 ou 15 minutos chego no trabalho. O ar que eu respiro é melhor. As-sim que mudei, até estranhei o clima, pois em São José havia claridade, céu aberto. Fiz a escolha certa, pois moro no melhor lugar do país”, declara Matsuura, que vive na cidade com sua esposa e dois filhos.

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A empresa aeronáutica Embraer projeta cres-cimento em 2015, com relação ao ano passado. A Aviação Comercial prevê a entrega de 95 a 100 E--Jets este ano, sendo que em 2014 foram entregues 92 aeronaves. A Aviação Executiva deve entregar de 80 a 90 jatos leves e de 35 a 40 jatos grandes (em 2014, foram entregues 92 jatos leves e 24 jatos gran-des). A informação é do vice-presidente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da empresa, Nel-son Salgado. A perspectiva para a receita líquida da empresa, em 2015, é entre US$ 6,1 e US$ 6,6 bilhões.

“A Embraer é hoje a terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo, um importante player na aviação executiva e com crescente visibilidade no mercado de defesa e segurança”, diz Salgado.

Ele relembra o início da empresa na cidade. “A instalação da Embraer em São José dos Campos foi precedida da instalação do ITA (Instituto Tec-

Polo tecnológico de São José é fundamental para crescimento da Embraer

nológico de Aeronáutica) e do CTA (Centro Técni-co de Aeronáutica). A Embraer foi beneficiada por este ambiente desde a sua criação, quando iniciou a produção em série do Bandeirante. A história da empresa mostra que o local escolhido para sua sede foi favorável para o desenvolvimento do setor em sintonia com o polo aeroespacial do país.”

“O ambiente e a mão de obra qualificada foram fundamentais para o desenvolvimento da empresa. No passado, São José foi escolhida pelo Ministério da Defesa para ser o polo aeronáutico no Brasil e, por isso, foram feitos importantes investimentos em edu-cação, pesquisa e infraestrutura para o desenvolvi-mento desta indústria. As características geográficas de São José foram fundamentais no princípio, porém o interesse, a cooperação e o envolvimento da popu-lação contribuíram para o crescimento do setor ao longo dos anos”, comenta Salgado.

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> Indústria

Ericsson comemora 60 anos e prevê crescimento maior que o PIBFuncionário mais antigo da fábrica em São José afirma que a empresa sempre valoriza os colaboradores

» Por Estela Vesaro

Ericsson, que está sempre transfor-mando seu negócio para se manter

competitiva no mercado, prevê um crescimento acima do PIB em

2015, quando comemora 60 anos de presença em São José dos Campos.

Para atender as necessidades e as mudanças da sociedade, que está cada vez mais conectada, a em-presa, que produzia aparelhos telefônicos, passou a produzir hardware, produtos de infraestrutura para o setor de telecomunicações e, além disso, a desen-volver softwares.

Na fábrica de São José são feitos equipamentos para telefonia e banda larga nas tecnologias 3G e 4G, sendo que 50% dos produtos são exportados.

“A história da Ericsson se confunde com a his-tória de São José dos Campos, pois ao longo desses anos, a empresa passou por diversas transformações do seu negócio e viu a cidade se transformar tam-bém”, diz Fabio Fortes, diretor de Tecnologia e Efici-ência Operacional da unidade de São José.

Em uma área de 74.581 m² no Distrito de Eugênio de Melo, sendo 34.838 m² de área construída, 800 co-laboradores dedicam seu tempo e conhecimento à em-presa e aos avanços tecnológicos do país e do mundo.

Entre esses funcionários está o engenheiro de produto Francisco Ribeiro, com 31 anos de trabalho

na empresa, o que o faz conquistar o título de cola-borador mais antigo da Ericsson em São José, além de ser testemunha das transformações ocorridas na empresa e na cidade.

Trajetória.Nascido em São Lourenço (MG), Ribeiro morava e

trabalhava na capital paulista antes de vir embora para São José. “Resolvi sair de São Paulo porque estava fican-do muito perigoso. Mandei currículo para a Ericsson e consegui o emprego. Quando cheguei na cidade foi um impacto porque aqui era muito menor que a capital. Até meu cabelo eu ia cortar em São Paulo no começo. Hoje, São José é uma das melhores cidades do Estado. Valeu a pena ter vindo para cá”, afirma Ribeiro, que mora em São José com a esposa e dois filhos. Um dos filhos, in-clusive, está seguindo o caminho do pai, pois também é contratado como engenheiro na Ericsson.

Ribeiro conta que conhece São José desde os cin-co anos de idade, pois sua família sempre fazia com-pras na cidade antes de seguir para Caraguatatuba, onde tinham casa. “De cidade pequena, São José se transformou na maior do Vale. Muitos da minha ida-de não nasceram aqui, vieram de fora”, analisa.

Sobre as transformações da Ericsson nesses 31 anos, ele destaca que a empresa continua com a mes-ma filosofia de trabalho. “A Ericsson preza pelo bom relacionamento entre todos os colaboradores. Ser va-lorizado aqui é normal, a gente vem trabalhar tranqui-lo. Para mim, a Ericsson sempre foi grande”, declara.

800 funcionários

trabalham na unidade da

Ericsson em São José dos

Campos

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Nome: Ericsson Data de fundação no mundo: 1876Presença no mundo: em mais de 180 paísesData de fundação em São José: 1955Raio-x da unidade em São José:Produtos fabricados: equipamentos para telefonia e banda larga nas tecnologias 3G e 4GTerreno: 74.581 m²área Construída: 34.838 m²Perspectiva de crescimento em 2015: acima do PIB do anoNúmero de funcionários: cerca de 800Clientes nacionais e internacionais: principais operadoras do Brasil e América Latina, além de grandes empresas Porcentagem de exportação: cerca de 50%

Em um mundo cada vez mais in-terligado, a Ericsson trabalha e apos-ta que São José dos Campos logo seja uma cidade totalmente conectada. “São José foi o primeiro município no Brasil a ter os sistemas de comu-nicação de tráfego e da guarda mu-nicipal conectados pelo sistema de Resposta de Emergência da Ericsson. Essa solução integra sistemas de co-municação de telefone, rádio, dados, vídeo e imagem com acesso e dispo-nibilidade 24h por dia e permite que usuários controlem e comuniquem informações urgentes de forma rá-pida e eficiente, ajudando a salvar vi-das, melhorar a segurança pública e gerenciar serviços públicos”, explica Fabio Fortes, diretor de Tecnologia e Eficiência Operacional da Ericsson em São José.

“Desde 2012, quando o município começou a investir na implementação de um projeto de Cidade Inteligente, o número de eventos tratados pelo Cen-tro de Operações Integradas aumen-tou 15,5%, contribuindo efetivamente para a proteção de pessoas e prédios públicos em tempo real. Em 2014, 1.542 incidentes foram registrados, em comparação a 1.335 registrados no ano anterior. Além desse sistema, a parceria entre a Ericsson e a cidade também inclui um acordo de serviços gerenciados para apoiar e administrar a plataforma no Centro de Operações Integradas com 500 câmeras conecta-das, 160 quilômetros de cabos de fibra ótica e integração de sistemas de sof-tware”, diz Fortes.

“Daqui 10 anos ou menos quere-mos ver também a educação, o trans-porte público e vagas de estaciona-mento todos conectados”, planeja Fortes.

Empresa sonha com uma São José totalmente conectada

Perfil

Francisco Ribeiro,

engenheiro de produto

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> Indústria

Qualidade é o segredo da Johnson para se manter no mercadoEmpresa às margens da Dutra faz parte da história de São José e é considerada ponto de referência para quem chega à cidade de carro

» Por Estela Vesaro

uscar sempre excelência e qualida-de. Esse é o caminho encontrado pela Johnson & Johnson para se manter competitiva nos mercados nacional e internacional, principal-mente diante da situação econô-

mica brasileira. “Esse cenário desafiador do país, em termos de

crescimento, economia, instabilidade, volatilidade da moeda e dificuldade logística, gera incerteza nas organizações multinacionais e sempre é considerado nas decisões de investimentos”, explica Marcos Cesar Mancini, diretor sênior de Operações da J&J Medical.

“A qualidade é o fator mais importante de todos, não somente pela diferenciação e impacto positivo no cliente, mas também porque se fazemos certo da pri-meira vez, como consequência nós teremos melhores custos, prazos e atendimento aos clientes”, diz.

Com 18 anos de trabalho na empresa, Mancini acompanhou o crescimento da J&J e as adaptações ao mercado. Ainda com relação às medidas adotadas pela empresa para manter a competitividade, ele cita a guerra constante contra o desperdício, a valoriza-ção das pessoas, o respeito aos funcionários e o en-gajamento da equipe. “É muito prazeroso trabalhar

em uma organização que tem foco nos funcionários e nos clientes.”

“Tenho muito orgulho do time que temos em São José dos Campos que, ao longo dos anos, tem se reinventado. Assim conseguimos manter a oferta de produtos de excelência, qualidade e custos aces-síveis”, declara.

Mancini lembra o quanto a empresa cresceu desde que começou a trabalhar na J&J. “Em 1954, a empresa iniciou suprindo timidamente o mercado nacional. Atualmente, são 15 unidades fabris no cam-pus de São José que exportam, em média, 30% de sua produção para todos os continentes”, conta.

Crescimento Pessoal.“A Johnson ajudou a me tornar um ser humano

melhor e a consolidar meus valores. Ao longo de minha carreira sempre me senti acolhido. O mais im-portante é ir atrás do sonho”, declara Mancini. E foi o que ele fez, aos 13 anos de idade, quando deixou São Bernardo do Campo (SP) para morar com um tio e fazer curso técnico na ETEP em São José, onde se formou em mecânica como o melhor aluno da tur-ma. Posteriormente, fez a faculdade de engenharia. “Eu já conhecia e gostava de São José, pois quando era criança passava férias na casa do meu tio, que na época morava no Bosque dos Eucaliptos.”

“São José dos Campos tem se

desenvolvido muito e é um polo de talentos devido ao grande número de universidades

e escolas técnicas, além

de ter um centro aeroespacial.”

Marcos Cesar Mancini, diretor sênior de Operações

da J&J Medical

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Perfil

Nome: Johnson & JohnsonFundação: o campus de São José dos Campos foi inaugurado em 20 de novembro de 1954, mas a J&J já estava no Brasil desde 25 de setembro de 1933unidades: no Brasil, em São Paulo e em São José dos CamposProdutos fabricados: são três companhias sob o guarda-chuva Johnson & Johnson - a companhia que atua no mercado de produtos farmacêuticos (Janssen-Cilag), de produtos médicos (Johnson & Johnson Medical) e de produtos de consumo de higiene e beleza (Johnson & Johnson Consumer)Tamanho da planta em São José: ocupa uma área de 1 milhão de m², sendo 620 mil de áreas verdes. Conta com 15 fábricas de alta tecnologia que atuam na manufatura de produtos farmacêuticos, médico-hospitalares e produtos de saúde, beleza e higiene. É considerado um dos maiores complexos de manufatura da J&J no mundo e abriga armazéns, oficinas e escritórios, entre outros setoresFuncionários em São José: 5.000

Marcos Mancini, diretor da Medical

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60 > + São José > julho de 2015

> Economia

Alternativas para vencer a

Comércio e serviços podem reagir adotando medidas assertivas

» Por Daniela Borges

uando uma cidade possui sua eco-nomia diversificada em vários segmentos, ela tende a resistir melhor aos efeitos nefastos das crises econômicas.

Apesar de São José dos Cam-pos ter representatividade em três fortes esferas da economia -- indústria, comércio e serviço – a

interdependência entre elas acaba influenciando no desempenho geral. Diante do ‘fantasma’ do desem-prego nas fábricas, comércio e serviços ficam total-mente prejudicados.

A situação só não está pior porque indústrias ân-coras da cidade, como a Embraer, estão inseridas no mercado global e não se abatem tanto com crises in-ternas. No entanto, as demissões em empresas que de-pendem do mercado interno têm tido consequências.

De janeiro do ano passado a janeiro deste ano, o setor industrial fechou 1.619 postos de trabalho, en-quanto o comércio amargou o saldo negativo de 724 vagas. Já o setor de serviços, historicamente mais resistente, sucumbiu e fechou o ano negativo com 659 postos encerrados. No total, um saldo negativo de 3.000 vagas, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

O cenário é desanimador porque as demissões continuaram nos primeiros cinco meses deste ano, com a indústria fechando 231 vagas, o comércio 1.053 postos e o de serviços 627. Saldo negativo de quase 2.000 postos em apenas cinco meses.

“O comércio está sentindo essa redução desde

crise

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+ São José > julho de 2015 > 61

10mil pontos comerciais existem em São José, segundo dados do Caged em janeiro

2014, foi um ano péssimo para o setor. Lamentavel-mente, 2015 vem até agravando essa situação e infe-lizmente eu não vejo boas perspectivas para 2016”, afirma Felipe Cury, presidente da ACI (Associação Co-mercial e Industrial) de São José . De acordo com ele, basta haver o clima de ‘facão’ para que as pessoas, ameaçadas, restrinjam suas compras.

De acordo com José Maria de Faria, presidente do Sindicato do Comércio Varejista, com tantas de-missões, o número de inadimplência também deve aumentar, o que reduz ainda mais o poder de com-pra dos consumidores. “Essa situação acaba gerando demissões também no comércio, e mais empresas, principalmente as de menor porte, podem acabar fechando as portas. Infelizmente, quando a indústria não vai bem, o que vemos é um efeito dominó.”

Com grande experiência no comércio, Faria afir-ma que faz tempo que não vê uma crise como a que estamos atravessando. “Acreditamos que dentro de dois anos ainda não veremos uma situação de total melhora.Toda crise é preocupante, mas não a ponto de congelarmos. A preocupação deve gerar uma re-ação e nesse momento devemos apertar os cintos e buscar formas de superar a crise”.

O presidente da ACI compartilha das mesmas im-pressões de Faria. “Essa crise é a mais séria dos últimos

50 anos. Porém, a cidade tem uma capacidade de recu-peração espantosa”, define.

Não dá para ficar de braços cruzados. Para Cury, a volta por cima está nas mãos dos próprios comercian-tes. “O comércio deve procurar as suas próprias solu-ções que estão nas práticas modernas de negócios: mais utilização do plano de mídia, publicidade mais agressiva, investimento nas lojas, no aspecto da fachada, vitrinis-mo bem dinâmico, iluminação. Em suma, a publicidade tem que ir na frente para estimular o consumo. Usar a imaginação e criatividade pode atrair clientela”.

A boa notícia é que a crise pode oferecer opor-tunidades. Basta ver a chegada do atacado Assaí na cidade. Em plena recessão, o Grupo Pão de Açúcar, que dirige o atacado, investe em expansão. Dá para aprender algo com as grandes redes. “É hora de sair da zona de conforto e ir além”, afirma Faria.

Indústria. Para evitar mais demissões na cidade, segundo

Sebastião Cavali, secretário municipal de Desenvol-vimento Econômico, a Prefeitura tem buscado atrair novos investidores, com foco na Ciência, Tecnologia e Inovação. “A finalidade é aumentar a competitivi-dade das nossas empresas”. E assim gerar novos em-pregos nestes setores.

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Apesar do cenário desfavorável da economia, São José dos Campos tem atraído grandes marcas do atacado e do varejo.

Depois da instalação de uma unidade da rede Havan, a cidade comemora a vinda do atacado Assaí, perten-cente ao GPA (Grupo Pão de Açúcar), que investiu R$ 30 milhões na unidade, a primeira no Vale, e gerou cerca de 250 empregos diretos e 250 indiretos.

De acordo com Sebastião Cavali, secretário mu-nicipal de Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia, a Prefeitura tem oferecido incentivos referentes à isenção de IPTU e redução de ISS, pro-porcionais aos investimentos realizados e número de novos empregos gerados. Tudo para atrair novos in-vestimentos para a cidade.

Segundo o secretário, há pelo menos mais quatro empresas em processo de instalação na cidade, com possibilidade de geração de mais de 600 empregos. “Por estratégia de negócios, elas solicitaram que suas iniciativas não sejam divulgadas por enquanto”, diz.

Para José Maria de Faria, presidente do Sindicato do Comércio Varejista, São José ainda é vista como uma das melhores cidades para se investir no esta-do. “Os nossos números impressionam! Somos a 8ª

Apesar da crise, São José atrai grandes marcas

maior economia do Estado de São Paulo. As grandes redes veem uma grande oportunidade de negócios em São José, que apesar de atravessar uma crise, ain-da é uma grande potência econômica”, diz.

Não à toa, a cidade despertou o interesse da rede Assaí Atacadista. “Observamos que segundo o IBGE, São José é a cidade mais rica do Vale do Paraíba e está na 21ª posição do ranking das 100 maiores cida-des do Brasil, de acordo com dados de 2012”, pontua Belmiro Gomes, presidente do Assaí. “Além disso, a cidade também abriga importantes indústrias e em-presas. O Assaí vem acompanhando o crescimento de São José”, completa. A localização da cidade tam-bém colaborou para a escolha.

Apesar da presença de outras grandes redes ata-cadistas na cidade, não houve receio de saturação de mercado, segundo Gomes. “O Assaí sempre analisa potenciais novos locais em cidades que vêm apresen-tando um desempenho significativo na economia e na base de consumidores”.

A loja instalada na margem da Via Dutra, possui 10 mil m² de área construída, 22 checkouts e um mix de pro-dutos com cerca de 7.000 itens, entre mercearia, alimen-tos, perecíveis, hortifrúti, embalagens, bazar, higiene,

Vista do interior da loja Assaí Atacadista, em São José

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bebidas e limpeza, de grandes marcas nacionais, regionais e importadas. São 293 vagas de estacionamento.

A proposta da rede é ser o estoque da pequena em-presa, um local em que o cliente empreendedor possa fa-zer a reposição diária de suas vendas sem a necessidade de compras para longos períodos e estoques. “Além de contribuir fortemente para a melhoria da oferta de pro-dutos e serviços da região”.

Preço.Aliás, é na crise que o setor atacadista ganha evi-

dência. Na procura por preços cada vez mais baixos, a população volta-se para essas lojas em busca de eco-nomia. “O segmento é uma alternativa para as pessoas que preferem fazer compras mensais maiores e em gru-pos, porque oferece preços competitivos na compra de grandes volumes”, explica Gomes.

Além do Assaí Atacadista, o grupo GPA está em pro-cesso de instalação de duas unidades do Minimercado Ex-tra e dois do Minuto Pão de Açúcar em São José.

140mil pessoas em média estão empregadas nos setores de comércio de serviço

Onde não falta oportunidade de trabalho

Ao lado do comércio, o setor de ser-viços é o que mais contrata mão de obra em São José dos Campos. Em janeiro, o número de empregados formais no co-mércio era de 39.661, enquanto no se-tor de serviços era de 98.703, segundo dados do Caged.

Uma única empresa em São José dos Campos é responsável por absorver cerca de 3.500 postos de trabalho na área de serviço. A Tivit, que oferece serviços inte-grados de tecnologia para bancos, segu-radoras, empresas de cartões de crédito, concessionárias de serviços públicos e va-rejo, está entre as maiores empregadoras da cidade, com um número equivalente a de indústrias de grande porte.

De acordo com André Frederico, di-retor de desenvolvimento corporativo da empresa, a Tivit está com 100 vagas abertas para diversas atuações na uni-dade joseense. “Dentre as caracterís-ticas de destaque dos candidatos, são reconhecidos: iniciativa, dinamismo, responsabilidade, comprometimento, capacidade de trabalho em equipe, fa-

cilidade de relacionamento e flexibilida-de”, afirma Frederico.

Porta de entrada para o mercado de trabalho de muitos jovens, a empresa mantém programas de desenvolvimen-to pessoal com o intuito de estimular novos talentos e alavancar o potencial de cada funcionário. “Um exemplo é o Geração TI, que tem o objetivo de ofere-cer capacitação profissional para funcio-nários de diferentes áreas, interessados em ingressar em uma carreira especiali-zada em tecnologia”.

O ambiente de trabalho, segundo Fre-derico, também tem recebido atenção es-pecial no esforço de garantir o bem-estar dos funcionários. “A companhia tem uma série de iniciativas voltadas para a satisfa-ção do time interno”, aponta.

A Tivit chegou à região em 2008 e investiu R$ 62 milhões em infraestrutura e treinamentos na unidade. “São José faz parte da estratégia de negócios da companhia, por ser uma cidade com in-fraestrutura robusta e oferta de mão de obra qualificada”, conclui.

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64 > + São José > julho de 2015

Um nome que virou sinônimo de negócios

> Comércio

De mestre do Kung Fu a empresário de sucesso, para Maciel trabalhar com imóveis é realizar sonhos

imobiliários

» Por Rodrigo Machado

as terras margeadas pelo rio Baependi, no interior de Mi-nas, para as terras desco-nhecidas do Vale do Paraíba. A história de Ilson de Sene

Maciel, o Maciel, como é co-nhecido em São José dos Cam-

pos e por dar nome a sua imobiliária, teve início quando estava com 10 anos de idade e deixou a cidade natal para ‘correr’ atrás de oportunidades.

Na época, ele nem imaginava em se tornar um corretor de imóveis e mais tarde empresário. A paixão pelo esporte o levou a ser um mestre do Kung Fu e mais tarde a dar aulas para crianças e jovens da cidade, mas os desafios eram constan-tes. Afinal, ele precisava aumentar a renda. Foi aí que veio a segunda conquista, com uma vaga de emprego como caixa no banco Bradesco.

“Estou em São José há 40 anos e me lembro até hoje quando entrei no ramo imobiliário. Tra-balhava no banco quase o dia todo e dava aulas de Kung Fu. Tinha um aluno que era corretor de imóveis e um dia me perguntou quanto eu estava ganhando dando aulas e trabalhando no banco.

Não refleti muito sobre a pergunta e dei a respos-ta”, conta.

Maciel diz que naquele instante o aluno olhou para ele e apontou algumas características do professor e logo emendou: “você é um líder nato, se você entrar no ramo imobiliário, com uma ven-da você ganha o que você normalmente leva três meses pra ganhar como professor e caixa”, diz o jovem para Maciel.

Depois de refletir por longas horas sobre as palavras do aluno, Maciel decidiu procurar uma imobiliária atrás de uma vaga de emprego. Na primeira semana vendeu um terreno e com isso pegou gosto pelo ramo imobiliário.

“Lembro como se fosse hoje. Senti como se tivesse achado um diamante a ser lapidado. As primeiras negociações foram muito boas, algu-mas vendas à vista, o que era mais fácil, pois se tratava somente de assinar o compromisso de compra e venda, e tirar as certidões de praxe, marcar data para assinatura da escritura no cartó-rio e estourar a champanhe. Algumas eram mais difíceis por se tratarem de financiamento direto com os vendedores ou bancário”, afirma.

Seis anos depois da primeira venda, Maciel re-solveu com apoio de amigos e familiares, lançar

‘Já construí oito prédios e várias

casas em São José.Procuro ter um ótimo

relacionamento com representantes

do setor

Ilson de Sene Maciel, proprietário da imobiliária

Maciel e da contrutora M Torre

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mais um desafio. Aos 28 anos de ida-de resolveu arriscar e abrir o próprio negócio. “Isso foi em agosto de 1991. Abri a minha primeira imobiliária na avenida Andrômeda, o principal cor-redor comercial do Bosque dos Euca-liptos e recentemente mudei para um novo prédio, na mesma avenida, mas na altura do Jardim Satélite, próximo à delegacia”, diz.

Hoje, ele está à frente da adminis-tração de cinco imobiliárias espalha-das por todas as regiões e também é proprietário da construtora M Torre, com importante participação no de-senvolvimento da construção civil nos últimos anos.

“Já construí oito prédios e várias casas em São José . Procuro ter um ótimo relacionamento com repre-sentantes do setor e também com a prefeitura, órgãos de fiscalização, entre outros. Sou joseense no cora-ção, minha relação com a cidade é maravilhosa e o que mais me agrada na cidade é a localização (perto da

praia e da montanha), além do desen-volvimento urbano”, afirma.

Mas o sucesso não é por acaso. Maciel mantém uma rotina de causar inveja. Todos os dias ele acorda às 5h20 e vai para a academia se exerci-tar, em seguida visita obras em exe-cução e acompanha os negócios nas imobiliárias ao longo do dia. Só volta para a casa quando o relógio bate às oito da noite.

“Estamos sempre em treinamen-to para ‘afiar o machado’, bater cotas e oferecer um alto nível de qualidade no atendimento aos clientes. Tudo isso com muito profissionalismo, carinho e respeito, fazendo sempre um excelen-te negócio para os clientes”, conta.

E 30 anos depois perguntou se há algum arrependimento do caminho es-colhido, ele faz uma rápida avaliação: “Entrei no ramo certo por se tratar de imóveis, produtos de primeira necessi-dade, onde o comprador senta à sua frente e expõe toda sua necessidade. Fica muito fácil realizar seu sonho.”.

Ilson de Sene Maciel em frente a uma de suas imobiliárias

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66 > + São José > julho de 2015

» Por Rodrigo Machado

m meio ao clima empreendedor e tecnológico de São José dos Campos, moradores e visitantes contam com um roteiro de bares e botecos, que ganha vida entre o final da tarde e a noite. É hora para encontrar velhos amigos e conhecer personagens que

têm suas vidas fundidas com a história da nossa cidade. É o caso do empresário Demetrio Luiz Osti, de

63 anos, ou melhor, o Deis, do Bar do Deis, instalado em um endereço que fica próximo a um dos cartões--postais da cidade, o Parque Santos Dumont.

Presente nos diversos guias turísticos, o Bar do Deis é um desses lugares que até gente de fora conhece e fala bem por ser um local onde o dono é freguês e se sente em casa, como no slogan. E o que isso quer dizer?

“Isso foi a parte mais importante em materializar meu sonho, não queria um bar comum, desses que vão e vem. Queria um lugar onde as pessoas se sen-tissem em casa, dessem sugestões de comida, bebi-da, por isso o slogan de ter cada um dos fregueses atuando como dono”, diz Deis.

O empresário nasceu em Santo Antônio da Pos-se, no interior de São Paulo, e veio para São José dos Campos em 1968, com a missão de estudar en-genharia na Etep (Escola Técnica Professor Everardo Passos). “Admiro como São José cresceu e se desen-volveu nos últimos anos. Me lembro quando cheguei para estudar, a avenida José Longo mal existia, e hoje é parte ‘antiga’ do município.”

Para Deis, o processo de mudança sempre traz benefícios seja para um individuo ou para um cole-tivo. Ele conta que em 1995, aos 45 anos de idade,

> Comércio

O lugar onde o dono é o

Sob o olhar atento de Demetrio, Bar do Deis reúne clientela fiel e ambiente acolhedor

freguês

por conta de uma reestruturação na empresa onde trabalhava, acabou se vendo numa encruzilhada.

“Era procurar outro emprego ou abrir o meu pró-prio negócio. Resolvi realizar um antigo sonho de ter um bar diferente, um bar carismático onde os amigos se sentissem em casa e pudessem jogar conversa fora, mas também seria um bar onde os amigos pudessem levar suas esposas e filhos, pequenos ou grandes”, conta.

Em 27 de novembro de 1996, o Bar do Deis abriu suas portas, sem grande alarde e inauguração, só para os amigos, exatamente como foi em seu sonho, contou Deis. “A noite é dinâmica, os desafios são constantes. Quando abrimos há quase 19 anos não existia wi-fi, rede social, e ainda era permitido fumar

‘“A noite é dinâmica, os desafios são constantes”

Demetrio Luiz Osti

Demetrio Luiz Osti, o famoso Deis

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+ São José > julho de 2015 > 67

‘em locais fechados. Com a lei antifumo você não ima-ginaria a dificuldade em fazer com que os clientes mais antigos aderissem. Como essa, temos outras histórias de adaptação do bar ao tempo presente, mas o mais importante é estar sempre atualizado.”

Ao lado de sua esposa Ana, o empresário acredita no trabalho em equipe como uma família para alcan-çar o sucesso. “Meus colaboradores e clientes são como amigos. Chamamos a maioria deles pelo nome, acho que o slogan diz tudo, no meu bar ‘o dono é o freguês’. Se as pessoas pensarem no meu bar como extensão de suas casas ou como uma forma tranquila de terminar o dia, me deixaria muito satisfeito”, con-clui o empresário.

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68 > + São José > julho de 2015

» Por Rodrigo Machado

m presente dos pais aos 15 anos de idade foi o ponta pé

inicial para os primeiros passos de um empreendedor joseense nato. A paixão por carros e mo-tos foi a certeza de que na época

Antonio de Pádua Costa Maia, 55 anos, estava no caminho certo. Depois de 40 anos, uma história e um nome conhecido na compra e venda de carros novos e usados na cidade, Tony. Isso mesmo, o Tony Veículos. Sucesso graças a par-ceria com seus 200 colaboradores em São José dos Campos e região, ele comemora as quatro décadas de trabalho e investimentos na cidade.

“Desde menino meus pais me chamavam de

O amor pelos carros fez surgir a Tony Veículos, que comemora a expansão mesmo em tempos de refração

Uma paixão que virou

> Comércio

negócio

Tony, nasci em São José e sempre morei aqui. O que mais gosto é o clima e a localização, pois es-tamos próximo ao litoral, da serra e no eixo Rio--São Paulo”, diz ele sobre a paixão pela cidade.

Em 1974, aos 15 anos, ele ganhou de seus pais uma moto Honda CB 50 e foi o seu capital inicial. “Eu queria ser empresário e a partir de então comecei a vender e comprar carros em minha casa anunciando no jornal valeparaibano à época”, conta.

Um ano depois, seu pai fundou a Itapuã Veí-culos no tradicional endereço comercial, a rua Dolzani Ricardo, no centro. “Comecei a trabalhar com ele na loja colocando meus carros em par-ceria. Em 80, com a redução do crédito automo-bilístico, o mercado ficou em baixa e meu pai re-solveu mudar de ramo, deixando a loja para mim, que passou a se chamar Tony Veículos.”

“Eu queria ser empresário e a partir de então

comecei a vender e comprar carros

em minha casa anunciando

no jornal valeparaibano

à época”

Tony, da Tony Veículos

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+ São José > julho de 2015 > 69

Foi por meio de uma mídia mais agressiva que o empresário viu alavancar o faturamento. Ele passou a veicular anúncios de páginas inteiras no jornal com maior circulação na região e mais tarde, com a vinda de uma afiliada da Rede Globo para São José, se tor-nou um dos primeiros anunciantes da região em TV.

“A partir daí comecei alcançar clientes em todo o Vale do Paraíba e Litoral Norte, o que me possibilitou ampliar meus negócios. O crescimen-to comercial da Tony Veículos está totalmente re-lacionado com o crescimento comercial e social de São José”, contou.

Hoje, os filhos assumiram os negócios da Tony Veículos e o chefe da família se dedica mais à prospecção de novos negócios. “Sempre pro-curei passar aos meus sucessores e funcionários tudo o que sempre fiz com meus clientes, aten-dendo suas necessidades com seriedade e respei-to, gerando assim uma relação de confiança.” E sobre como driblar a crise econômica, Tony aler-ta: “Sempre acreditando na capacidade de sua empresa, procurando meios de driblar as crises.”

A Tony Veículos tem hoje cinco lojas em São José dos Campos e uma em Caraguatatuba, além do Tony Express, um feirão itinerante que chega a outras cidades do Brasil.

Antonio de Pádua Costa Maia, o Tony

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70 > + São José > julho de 2015

> Cultura

O padrão Sesc de

Democrática e com programação fixa, instituição assume papel de principal agente cultural da cidade

» Por Daniela Borges

magine um lugar onde tudo funciona. As instalações são modernas, confortáveis, interativas e muito bem cuidadas. Há lazer, esporte, arte e shows variados ao alcance de todos. Os espetáculos são pontuais, o público é tratado com respeito e ninguém fura a fila. O espaço é acolhedor, oferece

lanches e refeições balanceadas a preços honestos. Pa-rece um mundo de faz de conta, mas esse lugar existe.

Sabe aquela expressão “ponto fora da curva”, utilizada para definir quando algo é incomum, distan-te da média? É exatamente o que representa o Sesc não só no cenário cultural, mas na oferta de entrete-

nimento e lazer em São José dos Campos.E se a cultura é uma importante ferramenta de

transformação social, ela só pode atingir seu objetivo se for democrática e acessível, virtudes que estão no DNA da instituição privada, mas de interesse público. “O Sesc pensa a cultura no seu sentido antropológico, mais abrangente possível. Cultura não é ação artística. Cultura é algo que todo mundo tem condições de expor, de fazer, porque faz parte do dia a dia de cada um. Para nós, turismo é cultura, esporte é cultura”, define Oswal-do Almeida Junior, gerente da unidade de São José.

Com a reforma que ampliou e atualizou sua sede, entregue em 2008, a unidade passou a desempenhar com total protagonismo o papel de agente de pro-moção e fomento da cultura em São José. E o reco-

qualidade

7anos atrás

o novo Sesc São José foi

entregue à população

joseense, reformado e

atualizado

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+ São José > julho de 2015 > 71

nhecimento da população se dá em forma de públi-co. Tudo o que o Sesc promove na cidade é sucesso.

Mantida por empresários do comércio de bens, serviço e turismo, a instituição se destaca pela quali-dade e frequência da sua programação, e o melhor, sem ter que pagar caro por isso. “O orçamento do Sesc subsidia as ações. Não temos a intenção de re-verter em bilheteria o que investimos em programa-ção. É parte de um projeto social”, afirma o gerente.

A participação maciça do público em todas as suas atividades se dá muito em virtude à programa-ção fixa de eventos, que já está absorvida pelos fre-quentadores. Quem gosta de música sabe que todas as sextas-feiras, no fim da tarde, tem apresentação ao vivo na comedoria. De graça. É só chegar!

Sucesso.Mas qual é o segredo para o ‘jeito’ Sesc de ser e

de fazer?Se para quem frequenta o espaço está tudo impe-

cável, para o gerente da unidade, mais ‘pé no chão’, ainda há muita coisa para melhorar. “O Sesc tem um rigor muito grande com relação à qualidade do serviço prestado. Nossos funcionários passam por treinamen-tos e capacitações para conseguir atingir esses objeti-vos”. E isso em todos os departamentos, segundo ele. “Não é só na área cultural. Porque não adianta ter uma programação bacana se o contrato daquele artista não fica pronto a tempo”, completa. “É um conjunto de fatores, mas atribuo grande parte deste sucesso à capacitação dos funcionários e ao comprometimento de cada um deles com a nossa proposta”, reforça.

A pontualidade das apresentações é um padrão Sesc, que vai além do respeito ao público, é um exercício de cidadania. “O Sesc preza muito o caráter educativo

“O orçamento do Sesc subsidia as

ações. Não temos a intenção de reverter

em bilheteria o que investimos em

programação. É parte de um projeto

social”.

“O Sesc tem um rigor muito grande

com a qualidade do serviço e os

funcionários passam por treinamentos

constantes”

Oswaldo Almeida Junior, gerente em São José

Espaço da Comedoria

do Sesc

Pedro Vannuchi/Divulgação

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72 > + São José > julho de 2015

da sua atuação. Fazer as pessoas entenderem que um espetáculo tem que começar pontualmente no horário e que isso vai trazer benefícios para o públi-co em geral. As pessoas se habituam a cobrar não só do Sesc, mas de todos os lugares que comece no horário. Para nós é um compromisso.”

Daniela Savastano, coordenadora da progra-mação cultural da unidade, explica que o Sesc não faz divisão entre cultura e educação. “A cultura é um processo educativo”, define.

Desafio.E o trabalho é grande. A unidade conta com

132 funcionários para cuidar de um movimento semanal de cerca de 12.000 pessoas. “Em 2014, tivemos aproximadamente 47 mil matrículas. A meta para este ano é alcançar 60 mil”, diz.

No entanto, apesar da reforma que ampliou sua capacidade, o Sesc São José já dá sinais de esgotamento de espaço. “De lá pra cá o que mais mudou, além da estrutura e da ampliação da nossa atuação, foi a adesão do público”, diz o gerente.

A unidade foi projetada para atender até 1.500 por dia, mas esse número já foi superado com um movimento diário na casa de 2.000 pes-soas. “Na Virada Cultural, por exemplo, só traba-lhamos com projetos autorais da região e chega-mos a ter 5.000 pessoas no sábado”, exemplifica Oswaldo. Está configurado um grande desafio para o Sesc, crescer em qualidade e continuar atendendo as pessoas no limite da sua estrutura. “O Sesc já não comporta essa demanda. Existe carência de espaço, então fazemos parcerias, le-

132pessoas integram

o quadro de funcionários do

Sesc São José dos Campos

vando os shows para espaços públicos, como os Titãs, que estamos trazendo para comemorar o aniversário da cidade, no Parque da Cidade”.

Programação. Esqueça a ideia de um dia ver o Luan Santana

cantando no Sesc. Não se trata de preconceito ou preferência musical, segundo explica Oswaldo. “Privilegiamos a diversidade e o trabalho que não está sendo absorvido naturalmente pelo merca-do”, aponta. Ou seja, se já existe uma demanda por um tipo de artista, o Sesc não vê muita função em oferecer a mesma coisa. “Buscamos o equilíbrio entre tradição e modernidade com relação ao que está fora dos padrões convencionais do mercado”, diz. Além da vocação natural de dar visibilidade para trabalhos que teriam mais dificuldade de aparecer fora do circuito Sesc, completa Daniela.

Ainda, segundo ela, as atrações são escolhidas por uma equipe multidisciplinar formada por téc-nicos que trabalham diferentes linguagens, após muita pesquisa. “Temos o planejamento anual dos grandes projetos, mas no varejo a discussão é mensal”, conta.

Política. Por ser uma instituição privada, o Sesc não

sofre a influência perversa dos interesses políti-cos e isso evita mudanças de rotas a cada quatro anos. “Sem dúvida, a gestão continuada facilita muito para que o trabalho mantenha o mesmo caminho, é uma coisa construída ao longo do tempo, isso ajuda muito”, afirma Oswaldo.

Show do Samuel Rosa e Lô Borges

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+ São José > julho de 2015 > 73

Quem frequenta o Sesc certamente já viu o Carlinhos em ação. Tímido, ele procura não chamar muita atenção, mas sem ele grandes nomes da mú-sica, como Gilberto Gil, Nando Reis, Zé Ramalho, entre tantos outros, ficam literalmente sem voz.

Estamos falando de José Carlos Thomé, 51 anos, técnico de audiovisual. Ele é responsável por operar o som em todas as apresentações do Sesc. E olha que são muitas.

Baixinho na estatura, mas gigante no profissio-nalismo, Carlinhos domina a mesa de som digital como poucos. Para se ter uma ideia do talento e conhecimento técnico do operador, é comum ou-virmos após os shows o artista agradecer ao Carli-nhos. “Eu sinto orgulho de trabalhar no Sesc e de, às vezes, meu nome aparecer”, conta.

Nascido em São Paulo, Carlinhos veio para São José tentar a vida, como ele mesmo diz, há 26 anos. “Onde eu morava não tinha muitas oportuni-dades e naquela época muita gente vinha para São José, que estava em expansão”, relembra.

Hoje, casado e pais de duas moças, com 24 e 18 anos, e de um rapaz de 22, Carlinhos se sente realizado na profissão que ele desempenha meio que por acaso.

“Comecei no Sesc em 1994 como prático de serviços gerais e atuava na área de ma-

nutenção. Eu executava tudo o que estava ao meu alcance”, conta.

Ele lembra que a área de sonorização não era tão

importante quanto hoje. “Comecei

como aju-dante e

f u i

O artista por trás do somaprendendo as técnicas. Peguei gosto e entrei de corpo e alma nessa área”, afirma.

A vida de Carlinhos começou a mudar a partir de 1997, quando entrou definitivamente para a área de sonorização. “Eu amo o que faço, por isso me dedico 100%”.

O técnico conta que a partir de 2000 o Sesc passou a investir pesadamente na área. Foi quan-do recebeu o convite para fazer um curso na úni-ca escola especializada em áudio do Brasil, o IAV (Instituto de Áudio e Vídeo).

Humilde, Carlinhos conta que aprendeu bas-tante, mas que na área de som nunca se sabe tudo. “Estamos sempre aprendendo”.

Inimigo.O maior pesadelo de Carlinhos é a microfonia.

“Tira meu sono. Se acontecer no meio de uma mi-xagem, depois eu fico me perguntando o que deu errado. E vou me empenhar ao máximo para não acontecer de novo”, desabafa. Mas, segundo ele, as mesas de som digitais têm muita tecnologia que salvam o operador. “Vários fatores podem dar mi-crofonia, o volume, pressão sonora, ambientação, sistema de sonorização mal alinhado”, cita.

Arisco sobre suas preferências musicais, ele se diz eclético. “Minha mulher quer morrer comigo, às vezes, ela fala que eu estou muito ‘cult’”, diverte-se. Mas a música caipira tem um lugar especial no gosto do técnico.

No palco, Carlinhos admira muito o trabalho do músico Chico Oliveira. “Um tremendo músico, mui-to profissional, não me dá trabalho nenhum”, diz.

Planos. Com a aposentadoria à vista, Carlinhos faz

planos. “Adoro rádio AM e quem sabe depois que me aposentar eu não consigo trabalhar em

uma”, planeja.Morador do Residencial União, seu maior prazer é curtir a família.

“Sou uma pessoa muito ca-seira, adoro ficar com a

minha mulher e meus filhos”.

José Carlos Thomé, o Carlinhos

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74 > + São José > julho de 2015

Um palco à altura de

> Cultura

São JoséTeatro do Sesi oferece estrutura impecável para todos os tipos de apresentações, além da programação de alto nível

» Por Daniela Borges

odemos sentir o que a cultura re-presenta na nossa vida naquela fração de segundo que antecede o

início de uma apresentação musical ou teatral, quando as pesadas cortinas

de veludo se abrem revelando o espe-táculo. A emoção é uma forma legítima

de elevação do espírito e o ser humano é dependente destas sensações.

Na zona sul de São José dos Campos, no Bosque dos Eucaliptos, há um espaço dedicado à cultura, construído para ser uma referência na cidade. E deveria ser.

O teatro do Sesi reúne o que há de mais moderno na construção deste tipo de espaço. Com aproxima-damente 2.000 m² de área total, palco com 400 m², 380 assentos e oito lugares dedicados aos portado-res de necessidades especiais, o espaço pronto e do-tado de uma programação variada, aguarda o mais importante: o prestígio do público.

Mas não é o tamanho que faz dele um lugar es-pecial, uma joia entre os seus, mas sim os detalhes construtivos, a minúcia que o destaca dos demais, e transforma o espetáculo em uma experiência senso-rial única. Nele, tudo funciona.

Em termos técnicos, o teatro do Sesi possui entre seus diferenciais, segundo cita o diretor da unidade, Sergio Antonio Alves de Oliveira, o modelo tipo eli-sabetano. “Com 90 cm de altura da plateia, o que permite uma ótima visão do espetáculo por parte do público”, aponta. Também possui uma boa altura do urdimento, contendo 30 varas de cenário contrape-sadas, facilitando as manobras de cenário. “A sala de espetáculo foi criada a partir do projeto do designer acústico Antonio Chiapolini, portando, o isolamento

de ruídos externos é perfeito, como a ressonância acústica interna também, permitindo a realização de concertos com instrumentos acústicos, como piano, violão, entre outros”, afirma.

No que se refere à visão, os elementos construtivos devem tornar possível a boa visualização do palco com a inclinação da plateia de forma correta. “Do ponto de vista da audição um tratamento acústico correto para evitar sobras de frequências (reverberação)”.

Versátil, o teatro pode ter a sua capacidade estendi-da a 2.000 pessoas. Basta abrir a parte de trás do palco que dá para a área externa, anexa ao estacionamento.

Trocando em miúdos, para ser bom, o teatro pre-cisa ter na sua parte arquitetônica uma boa plateia, um palco grande, um bom tratamento acústico, aten-der as normas de segurança e um bom sistema ce-notécnico. Já do ponto de vista técnico, um sistema moderno de som e iluminação cênica. Tudo isso está contemplado no projeto do teatro do Sesi, inaugura-do em maio de 2010 e reformado no ano passado.

O teatro também valoriza os atributos estéticos, com paredes de tijolos à vista, iluminação indireta e poltronas em tom sóbrio, que oferece conforto e convida ao acolhimento.

Programação.Apesar de todo o investimento no espaço, todas as

atrações culturais do Sesi são gratuitas. Uma inovação neste ano é o sistema de reservas online, que já está em funcionamento. Chamado Meu SESI, o sistema permite que as pessoas se cadastrem, reservem seus ingressos e escolham suas poltronas. “Em comemoração aos 30 anos do Sesi na cidade, o teatro receberá no dia 8 de agosto o cantor Pedro Mariano. Teremos ainda o Fes-tival Sesi Música, em outubro, que apresentará, entre outros, MPB4 e Ivan Lins”, conclui o diretor.

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+ São José > julho de 2015 > 75

Apresentações recentes recordes de públicol Guilherme AranteslJohn PrimerlBachiana Filarmônica lSESI-SP

Profissionais que trabalham no teatro1 agente de atividades culturais1 orientador de artes cênicas2 técnicos de luz e som1 porteiro2 auxiliares de limpeza1 auxiliar de manutenção

Escolha da programaçãoEdital corporativo: onde os projetos são encaminhados para as áreas técnicas do SESI São Paulo (Artes Cênicas, Música, Artes Visuais e Audiovisual, Difusão Literária)Edital de chamamento de projetos locais: com a finalidade de contemplar as produções regionais

Shows previstosPedro Mariano (08/08)MPB4 - outubroIvan Lins – outubro

Apresentações recentes recordes de público

guardiã.Para cuidar que tudo saia na mais perfeita ordem,

no mesmo padrão da estrutura destinada às apresen-tações, está Cristiane Custódio, 36 anos. Nascida em São José, a agente de atividades culturais é formada em Relações Públicas e o Sesi foi seu primeiro e único emprego. Ela começou sua carreira na entidade há 15 anos, quando ainda era estagiária. Atualmente, é responsável por tudo que é relacionado ao teatro de São José dos Campos. “Cuido para o teatro aconte-cer, isso inclui desde a limpeza, passando pela pro-dução, lanche dos artistas, até a divulgação”, conta.

Com uma carga grande de trabalho, que envolve prazos e expectativas, Cristiane, que é casada e mãe de duas crianças de 9 e 8 anos, conta que é a adrenalina o que ela mais gosta na sua profissão. “Quando sento na plateia para assistir a apresentação me vem uma sensa-ção de satisfação, de dever cumprido, e nessa hora, de-pois de meses de organização, relaxo”, diz. Já o maior inimigo do seu trabalho é a falta de tempo. “As deman-das aumentam, mas o tempo não.”

Outro inimigo do teatro, segundo Cristiane, acontece quando o espetáculo ou show tem público maior do que o espaço para recebê-los. “Isso aconte-ceu recentemente, no show do Guilherme Arantes, cerca de 1.000 pessoas ficaram para fora e não con-seguiram assistir ao show”, conta. “E não tem jeito, são normas de segurança”, completa.

Mas com o novo sistema de reserva eletrônica, o problema deve ser reduzido.

Desejo.O sonho de Cristiane é que o teatro se tornasse

uma referência na cidade. “Muita gente nem sabe que ele existe e que é gratuito. É um trabalho de for-miguinha, de fomentar a cultura no lugar onde vive-mos”, diz. De acordo com ela, a divulgação ocorre da mesma forma para todas as apresentações previstas na programação, mas há aquelas com maior apelo comercial e que acabam atraindo mais público. “O importante é ter uma programação definida e fixa para que as pessoas se acostumem que naquele dia e horário elas podem vir ao teatro que algum evento vai ter. Toda quinta-feira, por exemplo, às 20h, temos a sessão de cinema. É só chegar e assistir”, afirma.

O palco do teatro Sesi já recebeu nomes como John Primer, Tulipa Ruiz e Bachiana Filarmônica do Sesi, entre outras atrações de peso. E em comum en-tre eles, os elogios ao espaço que os recebe. “Todos os artistas elogiam muito o teatro, que possui a es-trutura física e técnica impecáveis.”

Crisitiane Custódio, agente de atividades culturais do Sesi

Fotos: Cláudio Vieira

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76 > + São José > julho de 2015

Fotos: Cláudio Vieira

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78 > + São José > julho de 2015

I LoveNascida na cidade, atriz que começou a carreira no seriado Hoje é Dia de Maria fala da sua infância no Novo Horizonte

» Por Daniela Borges

uem vê as armações da ambiciosa Natasha na novela I Love Paraisó-

polis custa a acreditar que essa mesma menina já deu vida à ino-cente Maria, protagonista do se-

riado Hoje É Dia de Maria, papel que abriu as portas do estrelato

para a atriz joseense Carolina Oli-veira. De lá pra cá, se passaram 10

anos, a garotinha ingênua cresceu e se tornou uma mulher exuberante, apaixonada pela liberdade, pela profissão e pelos cães.

As ruas do Novo Horizonte, na zona leste de São José, foram o cenário da infância da atriz. No bairro, ainda garotinha, Carolina gostava de se divertir como tantas outras crianças da sua idade. “Sempre gostei

São José dos Campos

de brincar na rua, de curtir minha liberdade. Por isso, buscava ir a parques e praças para aproveitar o dia”, recorda-se. Logo, a vida da menina do interior muda-ria radicalmente.

Até os nove anos, Carolina viveu em São José. Nes-sa época, estudou na escola municipal Antônio Palma Sobrinho e no Centro Educacional Cavalcanti Lemos. “Sai pequena de São José, mas me lembro o quanto era feliz nessa cidade”, suspira a atriz. “Gosto muito do clima e das pessoas. São José é uma cidade muito receptiva, então quando vou pra aí, por mais que te-nha saído da cidade muito nova, me sinto em casa.”

Com seus pais e seu irmão morando na cidade, São José só podia ser a referência de lar para Caroli-na. “Por isso, sempre que posso volto para a cidade para visitar meus pais”, conta. Quando está em São José, Carol aproveita para curtir muito a família. “E, claro, relembrar os bons momentos que passei.”

“Para mim é um orgulho

dizer que nasci nessa

cidade tão especial.

Quero parabenizar

a todos os joseenses

por fazerem dessa cidade

um lugar especial. “

> Cultura

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+ São José > julho de 2015 > 79

Quem pensa que a carreira de atriz sempre foi o objetivo de Carol, engana-se. A oportunidade surgiu meio sem querer. A vocação para brilhar, no entanto, sempre rondou a vida da menina. Seu rosto expressi-vo e a beleza angelical motivaram sua mãe a fazer um book da filha. “Eu não pensava em ser atriz, quando era criança fiz um book para ser modelo, e acabou surgindo a oportunidade para participar do teste para Hoje é Dia de Maria”, conta a atriz. Entre mais de 2.000 crianças, Carol foi escolhida para o papel.

A participação dela em Hoje é Dia de Maria lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Emmy Internacional de melhor atriz. “Sempre que estou atuando é um momento de aprendizagem, ter a oportunidade de trocar experiências com esses atores me deixar mui-to feliz e realizada profissionalmente.”

Com casa em São Paulo e no Rio, a atriz se divide entre as duas cidades, sempre ao lado do jogador de pôquer Felipe Mojave, de 32 anos, com quem namora há três anos.

Carol já teve a oportunidade de conhecer muitos lugares e, para ela, São José se destaca pela limpeza. Mas tem o que melhorar. “Uma cidade sempre tem o que melhorar, a qualidade de vida para os moradores é essencial, por isso, acredito que melhorias em saú-de, educação, lazer, são sempre bem-vindas”.

RápidasNome: Carolina Machado de Oliveira Idade: 20 anos Signo: Sagitário Namorado: Felipe Mojave Hobby: Dança e canto Música predileta: Beautiful mess, de Jason Mraz Prato predileto: Frango à milanesa Lugar em São José dos Campos: a casa dos meus pais bicho de estimação: meu cachorro Black! Hora vaga: fazer cafuné no black e assistir seriados Virtude: sinceridade Defeito: sinceridade Sonho: poder ajudar mais os cachorrinhos abandonados

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80 > + São José > julho de 2015

» Por Estela Vesaro

desenvolvimento industrial e as belezas naturais de São José

dos Campos fazem com que a cidade tenha mais um motivo importante para comemorar

o aniversário: o fortalecimento do setor de turismo. Entre os

vários tipos de visitantes que a ci-dade recebe está o turista de negócios, atraído pe-las indústrias e instituições tecnológicas. No turismo comercial, as grandes lojas e shoppings conquistam muitos visitantes de um dia.

Além disso, a cidade oferece o turismo ecológico, pois é privilegiada com a bela paisagem da Serra da Mantiqueira e o sossego associado aos encantos na-turais do acolhedor distrito de São Francisco Xavier, que é cada vez mais desfrutado por moradores da região, do país e até do exterior, que vêm em bus-ca de dias de descanso junto a rios e cachoeiras. So-mente na temporada de inverno, em junho e julho, e em eventos como Festival Literário da Mantiqueira, Semana do Meio Ambiente, Aniversário do Distrito e Festival Produtos da Terra, são reunidos cerca de 16 mil turistas no total.

E foi em busca dessa vida mais tranquila ofereci-da por São Francisco Xavier, que o argentino Sandro Perosa, 53 anos, mudou-se para o distrito com sua família e abriu o restaurante Photozofia.

Há 15 anos, acompanhado de sua esposa Patrícia e dois filhos, Sandro deixou a agitada capital paulista,

> Turismo

São Francisco Xavier e seus encantos

Reduto bucólico na Serra da Mantiqueira é patrimônio ecológico e destino turístico que projeta a cidade para o mundo

naturais

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+ São José > julho de 2015 > 81

Em busca de uma vida mais tranquila, o argentino Sandro Perosa mudou-se para o distrito e abriu o Photozofia

Graciela Aguena Perosa/Divulgação

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82 > + São José > julho de 2015

onde morava e trabalhava, para mer-gulhar na calmaria e na paisagem de São Francisco, que está a 720 metros de altitude e a uma distância de 54,8 km do Centro de São José.

“Quando a Patrícia estava grá-vida do nosso segundo filho decidi-mos que queríamos uma vida mais tranquila. No Carnaval de 1999, vie-mos para São Francisco para procu-rar um lugar para morar e pensar em algum trabalho. Primeiro, com-pramos um sítio. Depois, achamos uma casa e abrimos um café anexo. Foi assim que surgiu o Photozofia”, conta Sandro, que veio para o Brasil aos 20 anos de idade, morando pri-meiramente em Florianópolis.

O Photozofia é bastante conhe-cido pelos moradores e turistas do distrito devido ao seu cardápio cul-tural e gastronômico diferenciado, promovendo sempre shows musi-cais e reunindo cineastas, produto-res culturais, profissionais de comu-nicação e turistas em geral.

Sucesso.O restaurante acompanhou o

crescimento de turistas no distrito. Depois de um ano e três meses fun-cionando anexo à casa do Sandro, o Photozofia foi construído em um terreno no Largo São Sebastião, na área central do distrito, onde fun-ciona até hoje. “Fizemos a obra com 99% de material de demolição.”

Sandro avalia sua vida após a mu-dança para São José. “Nossa escolha de morar em São Francisco Xavier va-leu a pena. Nossos filhos foram criados de forma tranquila, estudaram em escola pública, brincaram na rua. Eu adoro essa vida mais simples e ainda com a vantagem de desfrutar a beleza de uma área de preservação ambiental permanente”, afirma.

Ele diz que é muito bom acom-panhar o crescimento do distrito e da cidade nesses anos todos. “São Francisco Xavier é bastante conheci-do, aumentou o volume de turistas. E São José cresceu bastante, nos oferece uma estrutura de vida muito boa”, conclui.

Praça Cônego Antônio Manzi Típica praça de Igreja, com coreto e jardins. Tem esse nome em homenagem ao pároco que atuou durante 12 anos no distrito. No antigo prédio da cadeia funciona atualmente um posto do correio. Um monjolo, que permanece preservado como memória de tempos passados, também enfeita o local, assim como uma gruta de Nossa Senhora, duas quadras de esportes e playground. A população usa a praça para encontros, feiras de artesanato e atividades culturais e de lazer. Cachoeira Pública Pedro David Com 15 metros de altura, em várias quedas, o Recanto Turístico Pedro David é uma área pública e abre todos os dias, das 7h às 18h, com acesso gratuito.

Cachoeira do Roncador Em 45 metros de altura, o Ribeirão Roncador entra em confluência com o Rio do Peixe. Abre aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h. O acesso é feito com pagamento de taxa no local. A estrutura oferece almoço, piscina, cachoeira e outras opções de lazer.

Serra do Queixo D’Anta Em 1.740 metros de altitude, na divisa com o município de Sapucaí Mirim (MG), possui vista panorâmica de cidades do Vale do Paraíba. Serra de Santa bárbara Do alto dos seus 1.578 metros de altitude, faz a divisa com o município de Sapucaí Mirim (MG) e possui uma belíssima paisagem de águas cristalinas em corredeiras entre pedras. Pico do Selado Alcançando 2.082 metros de altitude e fazendo limites com os municípios de Camanducaia (MG) e Joanópolis (SP), é um local oportuno à prática do alpinismo. No inverno, a temperatura vai de 5º a 12° C negativos, com eventual queda de neve. Oferece uma vista panorâmica de Monte Verde (MG), de São José dos Campos e de outras cidades do Vale. Pedra Chapéu do bispo Atingindo 1.913 metros de altitude, faz limite com Camanducaia (MG). É propícia para alpinismo sem equipamentos e possui vista panorâmica de várias cidades do Vale do Paraíba. O local atinge, no inverno, temperatura negativa de até 12° C com eventual queda de neve.

l Criado oficialmente pela Lei Estadual nº 59, de 16 de agosto de 1.892

l Situado ao norte de São José dos Campos, com 322 km² de área

l Fica a 54,8 km do Centro de São José dos Campos

l Está a 720 metros de altitude

l Considerado uma Área de Proteção Ambiental Federal, por fazer parte da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul

l Também é APA Estadual (Área de Proteção Ambiental) pela Lei n° 11.262, de 8 de novembro de 2.002

l Tem cerca de 5.000 habitantes

l Possui 30 pousadas, com 600 leitos

l Recebe cerca de 16 mil turistas somando a temporada de inverno (junho e julho) e os eventos Festival Literário da Mantiqueira, Semana do Meio Ambiente, Aniversário do Distrito e Festival Produtos da Terra

Saiba mais sobre o distrito de São Francisco Xavier

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Pico do Focinho D’Anta Em 1.712 metros de altitude, na Serra do Queixo D’Anta, o Pico do Focinho D´Anta é divisa entre os territórios de São José dos Campos e Sapucaí Mirim (MG). Oferece uma bela vista de São Francisco Xavier, de São José dos Campos e de outras cidades da região.

Pedra do Capim Azul A 1.400 metros de altitude, na Serra do Queixo D’Anta, faz divisa com o município de Monteiro Lobato (SP) e hospeda as cabeceiras do Rio Manso, oferecendo vista panorâmica de cidades do Vale do Paraíba.

Pedra Pouso do Rochedo Do alto de 1.300 metros de altitude, a Serra de Santa Bárbara oferece uma belíssima paisagem de águas cristalinas, límpidas, ligeiras, por entre pedras, que formam piscinas naturais e pequenas quedas ao longo de todo o caminho que conduz até o topo da Pedra Pouso do Rochedo. Pedra Vermelha Atingindo 1.836 metros de altitude na Serra dos Poncianos, fica ao norte de São Francisco Xavier,

oferecendo uma vista da cidade. Rota Franciscana – Turismo ReligiosoA Rota Franciscana faz parte do turismo religioso e é composta pela Rota Alegria, Rota Conhecimento, Rota Esperança, Rota Equilíbrio e Rota Sabedoria. A abrangência territorial envolve 30 municípios e 560 km, passando pelas regiões turísticas. A Rota Alegria é formada pelas cidades de São José dos Campos, incluindo o Distrito de São Francisco Xavier, Monteiro Lobato, Santo Antônio do Pinhal e São Bento do Sapucaí. Circuito das Artes de são francisco xavierTurismo CulturalÉ formado por quatro ateliês. Os turistas podem ver reproduções de flores nativas e exóticas da Mata Atlântica em compensado e em alto relevo em epóxi, com pinturas tão perfeitas que se confundem com as flores e folhas originais da natureza. No distrito são produzidas peças exclusivas de cerâmicas utilitárias e de decoração, feitas manualmente, uma a uma, e queimadas em alta temperatura em fornos que atingem 1300ºC.

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Um dos grandes investimentos feitos recentemente em São José dos Campos no setor de hotelaria foi na ordem de R$ 40 mi-lhões, na construção do Golden Tulip Colinas, entregue em março deste ano, no complexo do Colinas Shopping.

Com mais de 6.000 m² de área construída, o hotel quatro estrelas integra o primeiro complexo multiuso do Vale do Paraíba e é administrado pela BHG S.A. (Brazil Hospitali-ty Group), terceira maior rede de hotelaria do país, com mais de 10 mil quartos.

O Golden Tulip conta com 126 apartamen-tos divididos nas categorias luxo e superior. Os 42 quartos luxo oferecem camas “King Size”, enquanto os outros 84 estão equi-pados com camas “Queen Size” ou “Duplo Twin” (solteiro).

Um diferencial das acomodações é que nas paredes foram colocadas fotografias da cidade para apresentar o município e presti-giar três fotógrafos da região. Ao todo, são 378 fotografias exclusivas, em arranjos de três fotos por suíte.

R$ 40 milhões são investidos no Golden Tulip

Outro atrativo do hotel é a Sala de Even-tos, com capacidade para 170 pessoas senta-das ou até 400 em recepção. Ela está apta a atender os mais diversos eventos corporati-vos, coquetéis, vernissages, festas de casa-mentos, entre outros.

Na parte gastronômica o hotel caprichou no restaurante Cassiano. Com a consultoria do ex-maître do Antiquárius, Manuel Pires, o Manuelzinho, que esteve por mais de 30 anos a frente da unidade do Leblon, no Rio de Ja-neiro, o Cassiano traz o requinte e os sabores dos pratos portugueses.

O nome do restaurante é em homenagem ao jornalista, poeta e ensaísta Cassiano Ri-cardo, joseense que fez parte da Academia Brasileira de Letras. O projeto exclusivo da cozinha é de autoria do arquiteto Armando Pucci. Os equipamentos estão entre os mais modernos disponíveis no mercado, alguns importados da Itália. Outro destaque está na linha de metais, fornecida pela empresa ale-mã WMF, e as porcelanas, da grife portugue-sa Vista Alegre.

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Para despertar outros tipos de turismo em São José dos Campos e atender melhor os visitantes da cidade, o Comtur (Conselho Municipal de Turis-mo) está elaborando, junto com outras entidades, como o Sebrae, um planejamento estratégico, que deverá ficar pronto dentro de dois meses. A infor-mação é do presidente do Comtur, Antonio Ferrei-ra Junior, também presidente do SINHORES (Sindi-cato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São José dos Campos e Região).

“Estamos identificando variados públicos para o turismo, como aqueles que vêm usar nos-sos serviços hospitalares, que vêm frequentar nossas instituições escolares, que estão atrás de atacados e shoppings”, afirma. “Com relação ao turismo de negócios, que é o principal da cidade, temos tido uma ocupação média em torno de 60% dos leitos. Neste tipo de visita, durante a semana o movimento é maior do que aos finais de sema-na”, explica.

Segundo ele, existem na cidade cerca de 90

hotéis, pousadas e hospedarias, somando 7.400 leitos, incluindo o distrito de São Francisco Xa-vier.

Junior defende o investimento em São José. “A cidade tem localização estratégica, perto de rodovias e aeroportos, próxima aos grandes cen-tros de São Paulo e Rio de Janeiro. São José dos Campos é a porta de entrada para o turismo no Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Manti-queira”, diz.

Apesar de nascido em Campos do Jordão, Junior é mais um morador da cidade que faz a diferença. Há quase 50 anos, ele mudou-se para São José, acompanhando seu pai. Há 40 anos, a família dele é dona do tradicional restaurante Vila Velha, na região central. “Nossa cidade é limpa, organizada. Aqui temos qualidade de vida”, expli-ca o amor pela cidade.

O Sinhores possui 30 anos de atividades e atende mais 17 cidades além de São José dos Campos, somando 11 mil empresas cadastradas.

Comtur quer atrair ainda mais turistas

7,4mil leitos

tem o setor de hotelaria em São José dos Campos

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> Esporte

Futebol feminino, o grande orgulho da

cidade

Fotos: Cláudio Vieira

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+ São José > julho de 2015 > 87

Nenhuma outra modalidade é tão vitoriosa quanto o futebol feminino; equipe campeã mundial pode ser considerada ‘embaixadora’ da cidade

» Por Daniela Borges

ara uma equipe ser vencedora é preciso bem mais do que tática e técnica. Um bom exemplo é a

seleção brasileira de futebol mas-culino. Apesar da qualidade e expe-

riência de seus jogadores, o time não consegue reverter talento individual em

conquistas e o resultado é este fiasco que o Brasil vem amargando nos últimos campeonatos. Por outro lado, contrariando a falta de estrutura e o amadorismo, sem falar na falta de apoio, o fu-tebol feminino no país coleciona excelentes resul-tados. Na elite do esporte mais popular do Brasil está a equipe de São José. Prova disso é que, his-toricamente, as atletas da equipe joseense são um dos pilares da seleção brasileira na modalidade. As Meninas da Águia já conquistaram os principais títulos nacionais e mundiais. E não estamos falando de um passado distante, mas de uma trajetória de conquistas recentes.

Bicampeãs da Copa do Brasil e do Campeonato Paulista, tricampeãs da Libertadores da América e, no ano passado, o mais relevante de todos: campeãs do Mundial de Clubes no Japão, vencendo o time in-glês do Arsenal. Show de bola e orgulho para todos os joseenses!

Apesar de não ser uma competição organizada pela Fifa, o torneio se assemelha à Copa Intercon-tinental Toyota, que tinha peso de título mundial masculino de clubes até a entidade máxima do fute-bol passar a organizá-lo e reconhecer os campeões anteriores. “Sem dúvida, esta foi a maior conquista do futebol feminino brasileiro”, conta Gislaine Silva, zagueira do São José.

A paixão pelo esporte e a fé movem essas meni-nas que insistem em defender uma modalidade que sofre com a falta de reconhecimento e apoio, tanto dos clubes quanto dos próprios torcedores. Mas ape-sar de tudo contra, São José ainda é uma das poucas cidades que investe na equipe feminina e oferece uma boa estrutura a suas atletas.

Nas quartas de final do Campeonato Paulista de Futebol Feminino, as Meninas da Águia se esforçam para reestruturar a equipe após a saída de muitas de suas principais atletas no final do ano passado. À frente do desafio de reorganizar a equipe está a

Equipe do São José de futebol femininol Campeã Mundial – 2014l Tricampeã da Libertadores – 2011, 2013 e 2014l Bicampeã da Copa do Brasil – 2012 e 2013l BiCampeã Paulista – 2012 e 2014 Vale a pena conhecer!Pastelaria Meninas da ÁguiaRua dos Amores Perfeitos, 166 Jardim das Indústrias

18títulos foram conquistados

pelas Meninas da Águia nos

Jogos Regionais

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treinadora Emily Lima que se desligou da Seleção Brasileira Feminina Sub-15 para se dedicar ao São José. “Foi uma surpresa receber o convite do São José, por ser uma equipe ‘top’. No início tivemos problemas com metodologias diferentes, mas já estamos preparadas e com um time de alto nível para participar de qualquer competição”, garan-te a treinadora que está há sete meses no coman-do do time.

Metas. Os objetivos do time são os títulos. “Não ne-

cessariamente os mesmos, mas vamos em busca de resultados, mostrar como o futebol feminino evoluiu. Os Jogos Abertos e Regionais são tor-neios estratégicos já que o nosso principal patro-cinador é a prefeitura, temos que buscar esses títulos. Também vamos atrás do campeonato paulista e brasileiro”, diz.

Um deles já veio. São José levou o ouro nos Jogos Regionais deste ano, realizados em Tauba-té no início do mês.

Para a veterana Bagé, o segredo do sucesso da equipe está na união do time. “Sempre tive-mos os mesmos objetivos, fomos construindo de-grau por degrau, os resultados não aconteceram da noite para o dia. Agora com esse grupo novo vamos conseguir também. Temos que querer,

acreditar e ajudar umas as outras, só assim nos tornamos uma equipe campeã”, afirma.

O time de futebol feminino do São José tem a prefeitura como mantenedora.

Rotina.O treino começa cedo e mesmo com o frio ma-

tutino do inverno não tem corpo mole. As meninas vão chegando pouco a pouco ao campo da ADC do INPE. Quem pensa encontrar cara feia e desânimo, está enganado. As jogadoras já chegam brincando, mostrando muito entrosamento. Antes de come-çar o treinamento físico, o time se reúne para uma oração. Um pedido de proteção e força para supe-rar os desafios.

Há 13 anos na equipe, a meio campista e ata-cante Carla Cassia Souza Silva, 28 anos, participou de todos os títulos conquistados pelo time e é uma das raras jogadoras nascidas em São José. Do Galo Branco, Carlinha conta que começou jogando fute-bol de salão na escola municipal Possidonio José de Freitas, quando foi ‘descoberta’. “Tenho muito orgulho de jogar no São José, é uma equipe muito vitoriosa, dos torneios mais importantes só nos fal-ta o Campeonato Brasileiro. E em comparação aos demais times femininos no Brasil, oferece uma boa estrutura às atletas”, conta. Muito embora essa es-trutura esteja longe àquela que os times de elite do

Meninas que integram

a equipe do futebol

feminino de São José

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90 > + São José > julho de 2015

futebol masculino estão acostumados a ter.“Não temos carteira assinada e já larguei

duas faculdades para continuar no esporte. Já fiz educação física, mas queria mesmo era fazer algo na área de sistemas”, surpreende Carlinha. Mui-tas jogadoras de futebol feminino no Brasil pre-cisam se dedicar a outras atividades profissionais para complementar a renda. Agora imagine onde o futebol feminino brasileiro poderia chegar se tivesse a estrutura do masculino? Se suas atletas pudessem se dedicar 100% ao esporte? Não teria para mais ninguém!

Vocação.Outra referência dentro de campo é a zaguei-

ra Gislaine Cristiane Souza da Silva, 26 anos, há 10 anos no time. Ela é nascida e criada na cidade, no bairro Novo Horizonte, e costuma ser escalada para a seleção brasileira.

Com dois irmãos dentro de casa, o futebol era a única maneira de se divertir. “Seria mais difícil eles brincarem de boneca comigo”, brinca. Com o tempo foi desenvolvendo uma habilidade aci-ma da média até que, por insistência dos amigos, foi fazer um teste no São José, onde passou logo de cara. “Fui mudando de posição até chegar à defesa”, conta.

A zagueira que também é boa de fazer gol, como no jogo contra o Santos no último dia 5 pelo Campeonato Paulista, conta que no Brasil é difícil viver só do futebol. “No Brasil são poucos os times que investem na equipe feminina, em outros paí-ses, o futebol feminino tem mais estrutura e até mais torcida do que no masculino”, como é o caso dos Estados Unidos, uma das potências da modali-dade e que acaba de levar o Campeonato Mundial, no último dia 4, em cima do Japão.

“Penso em fazer curso superior em Fisiotera-pia, no ano que vem já começo a estudar”, adianta Gislaine.

Seleção.Como todo o brasileiro, a zagueira também

dá a sua cornetada na equipe masculina de fute-bol. “A seleção deixa a desejar porque depende de um único homem, que é o Neymar. Futebol é coletivo. Falta força de vontade e amor à camisa. Não adianta jogar só por dinheiro, o povo brasilei-ro quer raça e coração”, declara.

Para ela, o segredo da trajetória vitoriosa do São José feminino é ter um time unido. “Temos nossos problemas, mas conseguimos resolvê-los internamente. Saímos juntas de vez em quando e somos uma equipe dentro e fora do campo”, afirma Gislaine.

As Meninas da Águia durante os Jogos Regionais, em Taubaté

Fotos: Rogério Marques/PMSJC /Divulgação

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Rumo a novas conquistas!

Vinda da equipe do Kindermann, de Santa Catarina, Bagé é sinô-nimo de raça e liderança. Seu nome de batismo é Daiane Menezes Rodrigues, 32 anos, uma veterana dos gramados. Joga profissional-mente desde os 17 e há seis anos se dedica ao time joseense. “Adoro São José, amo essa cidade. Minha cidade natal é Bagé, mas escolhi São José para viver. Trouxe toda a minha família, mãe, irmãos e so-brinhos para morar aqui. Pretendo ficar aqui, claro que não sabe-mos o dia de amanhã, mas se for por opção, é aqui que pretendo ficar”, conta.

Bagé já viajou muito, conheceu várias cidades no Brasil e no mundo. “No entanto, nenhuma delas oferece a estrutura que tem São José. É uma cidade de muitas oportunidades”, afirma a ex-capitã da seleção brasileira.

Oportunidades que ela soube aproveitar, investindo aqui como comerciante. Primeiro, Bagé abriu um lava-rápi-do, mas por incompatibilidade com o horário dos treinos, mudou sua atuação comercial para o ramo alimentício. A pastelaria Meninas da Águia é um tremendo sucesso no Jardim das Indústrias, zona oeste. “Experimente o pastel de chocolate, é uma delícia”, recomenda brincalhona. “Gosto da vida de comerciante, porque não consigo fi-car parada”, relata.

Devotada ao time e ao futebol, Bagé explica que seu espírito de liderança faz parte do seu jeito de ser e também da experiência que acumulou ao longo dos anos. “Falo muito dentro de campo, mas é preciso saber falar porque o grito desorienta. Tenho muito respeito por todas as jogadoras da equipe”, diz.

A jogadora também explica o momento atual vivido pelo time joseense. “Estamos nos recons-truindo. No início do ano, foi mais complicado, perdemos a Copa do Brasil, e iniciamos o paulista com altos e baixos, mas conseguimos encontrar o equilíbrio, sempre se respeitando muito”, conta Bagé.

Com sua ‘visão’ e entendimento sobre o futebol, ela adianta uma futura promes-sa para o time joseense. “A Jenifer che-gou agora ao time, vinda do Kindermann e com passagem pelo São Paulo. Ela joga muito bem e tem um futuro promissor”, adianta. Vale a pena guardar esse nome e torcer pela equipe que coleciona títu-los e dá muito orgulho para a cidade. Sem estrelismo, as meninas fazem seu trabalho com categoria e profissiona-lismo e pela excelente campanha in-ternacional podem atribuir mais um título à sua galeria de vitórias: de se-rem chamadas de ‘embaixadoras’ da cidade.

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> Ciências & Tecnologia

Univap participa de consórcio para a construção do maior do mundo

Além da universidade joseense, apenas a USP e a Federal do ABC integram o programa internacional do GMT (Giant Magellan Telescope) no Brasil

telescópio » Por Daniela Borges

e onde viemos? Para onde vamos? Qual a origem do universo? Es-tamos sozinhos ou existe vida além da Terra? São questões existenciais que povoam a mente

do ser humano há muitas gerações. Diga se você nunca pensou nisso?

Para encontrar essas e outras respostas ainda mais enigmáticas são construídos os telescópios cuja função é observar o espaço. “Eles são o princi-pal instrumento da astronomia, feitos basicamente para captar a luz das estrelas ou galáxias”, explica o professor e doutor Alexandre Soares de Oliveira, orientador da Pós-Graduação em Física e Astronomia da Univap (Universidade do Vale do Paraíba).

Professor Alexandre Soares de Oliveira em frente ao observatório da Univap

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40bilhões de dólares foram investidos pela Fapesp no projeto

Em um projeto inédito e de relevância internacio-nal, a Univap, juntamente com outras três universi-dades brasileiras, participam do projeto GMT (Giant Magellan Telescope), um telescópio gigante de últi-ma geração que começa a ser construído este ano na região do deserto de Atacama, no Chile.

A participação brasileira, que conta só com institui-ções paulistas, só foi possível graças à adesão da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Pau-lo) ao consórcio internacional, em junho de 2014. O in-vestimento da fundação será de US$ 40 milhões, o que equivale a 4% do valor total do projeto. Juntamente com a Univap participam a Universidade Federal do ABC, de Santo André, e a USP (Universidade de São Paulo), que coordena a participação brasileira.

“A contrapartida é que os pesquisadores paulistas terão direito a 4% do tempo do telescópio, que é bastan-te coisa. Além disso, teremos um assento no conselho diretor do observatório, ou seja, nas tomadas de deci-são o Brasil vai ter direito a voto”, explica o professor.

Participação.A Univap participa da operação com uma equipe de

oito astrônomos do Laboratório de Física e Astronomia do IP&D (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento), que já atua de maneira sistemática em outros telescópios, como o SOAR (Southern Astrophysical Research Teles-cope), com abertura de 4,1 metros de diâmetro instala-do no Chile e no consórcio Gemini, que conta com dois telescópios gêmeos de oito metros de diâmetro cujas instalações se localizam nos Andes Chilenos e no Havaí. “A capacidade de um telescópio é medida pela sua aber-tura, quanto maior o espelho principal que capta a luz, objetos mais fracos e mais distantes podem ser obser-vados. A ciência está sempre buscando fronteiras onde ninguém conseguiu observar ainda, para isso precisa-mos de telescópios cada vez maiores”, afirma Oliveira.

Os primeiros telescópios da época de Galileu tinham apenas 10 centímetros de abertura. “Os maiores instru-mentos existentes hoje na Terra possuem oito metros de abertura, com um ou mais espelhos”, diz o professor.

O GMT terá abertura de 25 metros, com oito espe-lhos conjugados. “Cada um deles com oito metros de di-âmetro, pesando 17 toneladas cada”, explica. A previsão é de que o telescópio fique pronto em 2021. Participam do consórcio internacional países como Estados Unidos, Coreia, Austrália, Brasil (por intermédio do Estado de São Paulo) e o Chile por ser dono do território.

Vantagens.A participação joseense no projeto do GMT abre

outras oportunidades para a indústria da cidade. A construção de um observatório deste porte requer o uso de tecnologias que ainda estão em desenvolvi-mento. Os instrumentos que irão compor o telescópio, como espelhos, cúpula e até a estrutura civil são tec-nologias avançadas que precisam ser desenvolvidas. “Logo, uma das vantagens que o programa pode trazer para o Brasil, especialmente São José dos Campos, está na participação da construção. Isso é muito importan-te para a indústria joseense porque a cidade acumula algumas empresas de alta tecnologia que podem se beneficiar muito com esse consórcio”, adianta Oliveira.

Além de responder às questões básicas e funda-mentais sobre a origem de tudo, o GMT tem a missão de procurar por planetas semelhantes ao nosso e que podem ser habitáveis. Além disso, vai estudar a forma-ção de estrelas e os primeiro objetos do universo. “Um telescópio como esse é como uma ‘máquina do tem-po’ que nos permite olhar para o passado. Isso porque quanto mais distante estiver um objeto no universo mais fraco ele é e mais antiga é aquela luz observada. Com o GMT, a esfera observável vai aumentar 30 vezes em relação ao que temos hoje e vai melhorar a imagem em 10 vezes em relação ao Hubble (telescópio)”.

O novo instrumento vai permitir estudos mais apro-fundados sobre os buracos negros e entender melhor a matéria escura do universo. “Nós sabemos que existe. Foi descoberto que o universo está expandindo cada vez mais rápido. É uma surpresa. Tem alguma coisa em-purrando, é uma energia que a gente não conhece e chamamos de energia escura.”

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“Desde que eu tinha 12 anos que-ria se astrônomo. Um amigo meu tinha um telescópio e eu gostava mais do que ele de ficar ali, observando o espaço, e meus pais me incentivaram. O caminho que encontrei foi fazer física na USP, afinal somos astrofísicos”, relembra o professor Alexandre Soares de Oliveira, hoje com 45 anos. Nascido em São Pau-lo, Oliveira dedicou sua vida à pesquisa. “Fiz mestrado e doutorado em astrofísi-ca na USP e no meu pós-doutorado fui para o Chile trabalhar como astrônomo residente no SOAR”, conta. Na Univap, está desde 2006, mesmo tempo em que reside em São José. “É muito estimu-lante, muito interessante integrar este programa. Estamos na fronteira da tec-nologia e da ciência”.

Com todos os seus anos de estu-do, pesquisa e formação acadêmica, quando perguntado se ele acredita que possa existir vida em outros plane-tas, a resposta do professor é firme e convincente. “Sim, acredito em vida em outros lugares. Mas uma coisa é acredi-tar que pode existir vida além da Terra, outra coisa é acreditar em disco voador que vem visitar a gente. Isso é muito di-

ferente”, destaca. Por isso a importân-cia de conhecer o universo, de desenvol-ver ciência. “Sabemos que o universo é gigantesco, só a nossa galáxia, a Via Lác-tea, é formada por mais de 200 bilhões de estrelas. São bilhões de galáxias. Só na ‘rua de trás’ do Sol são mais de 2.000 planetas. Com esses telescópios vamos começar a encontrar planetas parecidos com a terra, certeza”, afirma. Porque só iria haver vida aqui? Pode ter vida em outros lugares que evoluíram antes da gente e estão mais avançados, outros menos. A questão é a que distância? É uma questão de probabilidade.

“A velocidade da luz é uma limita-ção física, nada ultrapassa. Ainda não há tecnologia para viajar na velocidade da luz. Para se ter uma ideia, a luz do Sol demora oito minutos para chegar aqui. Ou seja, se o Sol acabasse ainda teríamos oitos minutos de luz. São ne-cessários 100 milhões de anos luz para atravessar uma galáxia. Sim eu acredito que exista vida além da nossa no univer-so, mas não acredito que eles consigam vir até aqui dar uma volta de 10 minutos de disco voador e ir embora. Por causa exatamente dessas distâncias”, conclui.

Para professor, existe vida em outros planetas

o professor Alexandre oliveira mostra como serão os espelhos do gMT,

o maior telescópio do mundo

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96 > + São José > julho de 2015

> Ciência & Tecnologia

O ‘Vale do Silício’

Reduto de inovações, Parque Tecnológico reúne instituições de ensino, incubadora de negócios, centros de pesquisa, laboratórios e empresas de tecnologia

» Por Daniela Borges

ma decisão tomada no início da década de 50 selou de vez o

destino da então desconhecida São José dos Campos. A instala-ção do CTA, hoje DCTA (Depar-

tamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), mudou a trajetória e

a vocação do município, estabelecendo aqui o prin-cipal polo tecnológico e aeroespacial do Brasil. De dentro das salas de aula do ITA (Instituto Tecnológi-co de Aeronáutica) nasceu a quarta maior empresa de aviação mundial: a Embraer. E o que seria de São José dos Campos sem a sua vocação tecnológica e aeronáutica?

Para dar continuidade aquilo que foi iniciado lá atrás, com o CTA e o ITA, nasceu o Parque Tecnoló-gico, que tem a missão de reunir empresas com base tecnológica que pensam o futuro.

“São José reconhece que investir em tecno-logia tem retorno. Basta ver a história. O co-nhecimento pode ter valor econômico e o Parque se propõe a manter isso”, afirma Marco Antônio Raupp, diretor geral

do Parque, que já foi diretor do Inpe (Instituto Nacio-nal de Pesquisas Espaciais) e ex-ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação no governo Dilma.

Com o núcleo instalado em uma área de 188 mil m² às margens da Via Dutra, o Parque Tecnológico ocupa um conjunto de prédios com design futurista, adquiridos de uma antiga indústria de dispositivos eletrônicos, não deixam dúvida sobre o perfil inova-dor que delineia a sua atuação.

No entorno do Parque há ainda uma área de 25 milhões de m² definida por lei como Zeptec (Zona Es-pecial do Parque Tecnológico) que prevê um plano de ocupação urbana programada e em fase de pre-paração.

brasileiro

Marco Antônio

Raupp durante entrevista no Parque

Tecnológico

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“O Parque Tecnológico se propõe a contribuir na formação de recursos humanos mais apropriados e, nessa cooperação entre entidades acadêmicas e as empresas, contribuir para a inovação. Esses são pa-râmetros fundamentais para a competitividade das cadeias produtivas sem isso não tem crescimento econômico sustentado”, define o diretor.

Para Raupp, como a principal cadeia produtiva da cidade é a aeronáutica, que vende para o mercado global, as indústrias aqui instaladas devem estar pre-paradas para o mais alto nível de qualificação. “E o Parque estimula isso. Desenvolvimento sustentado é inovação e educação, formação de mão-de-obra competente para enfrentar os desafios da competi-ção global”.

O Brasil conta com outros parques nos moldes do joseense, mas com vocações distintas. Em Reci-fe, dedicado a TI (Tecnologia da Informação), Rio de Janeiro (cadeia de óleo e gás), Santa Catarina e Rio Grande do Sul com atuações mais abertas. “Nós aqui somos um meio termo, evidentemente que temos que ser mais vocacionados à cadeia aeronáutica, que é o grande empreendimento industrial da cidade”, explica Raupp.

Segundo ele, a Embraer encabeça essa cadeia. “Ela teve uma participação muito grande na criação do Parque Tecnológico. Mas também atuamos em outras áreas, como na Tecnologia de Informação e Comunicação e Aeroespacial.”

O Parque se organiza em três pilares: centros de desenvolvimento tecnológicos, universidades e insti-tuições de ensino e centros empresariais.

Entre os centros de tecnologia instalados no Par-que, um dos destaques é a parceria com a Aconvap (As-sociação das construtoras do Vale do Paraíba) no de-senvolvimento de novas tecnologias, novos materiais e processos construtivos que barateiem os imóveis. “É um programa socialmente muito importante para ter-mos preços mais acessíveis da casa própria. Também mostra que a construção civil reconhece o papel de-

“Sinto-me realizado por estar à frente do Parque Tecnológico, estudei e trabalhei toda a minha vida na área da matemática aplicada, ciências da engenharia e sempre tive voltado para as aplicações relevantes da ciências nas atividades humanas e na produção”

Marco Antônio Raupp, diretor geral

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sempenhado pelo Parque”, afirma Raupp.Outra consequência benéfica para São José

da presença do Parque está na geração de em-pregos de alto nível e qualidade. “Portanto, são vagas de alta remuneração e isso beneficia o povo da cidade. Criando empregos qualificados você cria condições de comércio, um mercado com capacidade de consumir outros tipos de bens”.

Hoje, o PqTec é mantido com verbas públicas e privadas. De acordo com Raupp, de R$ 5 inves-tidos, R$ 1 vem da prefeitura, R$1 dos governos federal e estadual e os outros R$ 3 oriundos das empresas ali instaladas. “O que demonstra o en-tendimento das empresas sobre a importância do parque”, afirma o diretor.

Projetos.O diretor Raupp pontua alguns dos projetos

que estão em desenvolvimento no PqTec, como a parceria entre a Embraer e a Boeing para o de-senvolvimento de biocombustível para a aviação. Outro projeto de relevância vem sendo desenvol-vido pela Visiona, empresa dos grupos Embraer e Telebrás, que desenvolve o projeto de um satéli-te geoestacionário de comunicações estratégicas para ser usadas pelas Forças Armadas e pelo pro-grama de banda larga no Brasil. “É a renovação

do programa espacial brasileiro iniciado pelo Inpe lá atrás. O Inpe é um instituto de tecnologia, não é uma empresa, então a atividade construtiva de satélites é uma atividade empresarial, transferir isso para uma empresa por meio de um projeto governamental contribui para o fortalecimento da indústria no país”

Tem também o projeto do carro elétrico, de-senvolvido pela Electric Dreams e que tem cha-mado muita atenção pela tecnologia embutida.

Futuro.Para Raupp, o maior desafio do PqTec é ter

perenidade. “Fazer com que este estimulo à qualificação das atividades industriais através da tecnologia e da inovação e qualidade de mão de obra seja permanente, é a linha da inovação. Nosso desafio é ter essa capacidade de sermos um fermento permanente para a qualificação de nossas atividades industriais aqui na região”. Um meio para chegar a isso é por meio da coo-peração. “Temos que ter áreas de convivência no Parque que estimule a troca de ideias entre estudantes, professores e profissionais. Criar um ambiente de cooperação. Um parque não é uma linha de produção, não é aqui que vai se construir avião, mas vamos dar condições para aprimorar os sistemas de produção”, conclui.

‘“Precisamos ter aqui, convivendo juntos, jovens estudantes, professores, profissionais trocando ideias. Temos que ter um lugar para eles convivam, um comércio que dê vida ao Parque e que aproxime esses elementos”

Marco Antônio Raupp, diretor geral

Complexo do Parque Tecnológico

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> Ciência & Tecnologia

“O Brasil tem capacidade de criar o que quiser”Para diretor do Inpe, País pode ter uma indústria espacial tão bem-sucedida quanto à aeronáutica, basta planejamento

» Por Daniela Borges

eblina que baixa é sol que ra-cha. Os mais antigos arriscam

a previsão do tempo só de olhar para o céu. Sabedoria popular que vem dos nossos avós e de um pas-sado quase sempre rural.

Hoje, com apenas um clique, é possível saber com incrível precisão como vai ser o clima com dias de antecedência. Recurso, aliás, mui-to utilizado nesses dias de inverno e de crise hídrica.

O Brasil possui uma das tecnologias mais avança-das em previsões meteorológicas do mundo, recurso estratégico que integra o variado leque de atuações do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) por intermédio do Cptec (Centro de Previsões do Tempo e Estudos Climáticos).

Tudo o que o Instituto faz tem a ver com o espaço e com satélites. Criado em 1961 como uma iniciativa ci-vil para desenvolvimento do setor espacial brasileiro, sua primeira área de atuação foi no campo da pesqui-sa da endosfera (camada mais externa da atmosfera).

Em seguida, o instituto passou a desenvolver proje-tos na área de meteorologia científica. Mas para gerar previsão de tempo era preciso ter acesso ao espaço. Então foi desenvolvida a área de observação da terra, a partir de imagens de satélite. Por último, o Inpe passou a monitorar a atividade do homem e ver seus impactos, principalmente na área de mudanças climáticas.

Função.Sua atuação hoje está concentrada em três áre-

as: no acesso ao espaço, ou seja, colocar sistemas em órbita e gerar informações sobre o planeta; rastreio e controle de satélites, ligados à formação de infraestru-tura de solo para manter o sistema em órbita e con-trolá-lo da terra, receber e distribuir as informações

que esses sistemas geram; e a última área que é a de aplicações, como na meteorologia, observação da ter-ra, ciência espacial. “O projeto de fabricação dos siste-mas espaciais acontece aqui, que inclui a colocação do objeto em órbita, seu projeto e fabricação. Mas, numa segunda fase, nós contratamos a indústria para produ-zir esse sistema”, explica Leonel Perondi, diretor geral do Inpe em São José dos Campos. “Recebemos dados hoje de 14 satélites. Não são só satélites brasileiros. Al-guns na forma de cooperações internacionais e outras na forma de compra de imagens. Somos depositários de todas essas informações”.

Aliás, segundo o diretor do instituto, o Inpe de-sempenha papel estratégico com o projeto de cria-ção de satélites. “A questão econômica está ligada à social. Países que só geram matéria-prima têm empregos com baixa remuneração. Você vai ter um governo muito rico e uma massa que ganha pouco”. Segundo ele, para gerar distribuição da renda é pre-ciso ir além das atividades de baixo valor agregado. “Quanto mais conhecimento aportado pelo trabalha-dor, mais ele será bem remunerado, com indústrias que pagam cada vez melhor. Logo, distribuição de renda se faz com trabalho bem remunerado”.

Para muito além da sua importante atuação, o Inpe é responsável por atrair indústrias de alta tec-nologia para São José dos Campos interessadas em desenvolver projetos espaciais, como os satélites. O impacto econômico deste fomento industrial é funda-mental para o desenvolvimento econômico da cidade, com reflexo na geração de empregos de alto nível.

Portanto, da mesma forma que o CTA foi para a indústria aeronáutica, o Inpe é para a espacial. “Nos últimos 10 anos contratamos três satélites na indús-tria, todos lançados, com contratos industriais supe-riores a R$ 300 milhões. Investimos na indústria bra-sileira para que ela tenha capacidade de produzir.”

O sonho de Perondi, que é engenheiro aeronáu-

“Quanto mais conhecimento aportado pelo trabalhador,

mais ele será bem

remunerado, com indústrias

que pagam cada vez

melhor. Logo, distribuição

de renda se faz com trabalho

bem remunerado”.

Leonel Perondi, diretor do Inpe

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tico, é ver uma indústria espacial brasileira nos mol-des do que foi feito com a indústria aeronáutica. Para ele, com planejamento, o Brasil tem capacidade para criar o que quiser.

“Se o Brasil tiver um plano bem feito, terá condi-ções de desenvolver uma indústria espacial que em-prega muita gente. Toda a informação sobre o plane-ta é obtida por sistemas espaciais. O mundo caminha pra isso. Você usa satélite pra tudo, para planejamen-to urbano, escala, zoneamento agrícola, questões ambientais, defesa, plano diretor. Tanto para infor-mações, quanto para serviços”, pontua. “Mas sinto que se a gente não tiver novos contratos com a in-dústria vamos perder essa oportunidade”, desabafa.

O diretor do Inpe utiliza o exemplo da bem-sucedi-da indústria aeronáutica brasileira para explicar o jeito de desenvolver uma indústria sólida e sustentável.

“Em 1944, tomou-se a decisão de investir em aviões no Brasil, se enxergou como uma indústria importante para o futuro. O primeiro passo foi criar um instituto para formar pessoas, então nasceu o ITA. Depois foi preciso fazer pesquisa e desenvolvimento, criou-se o IPD. Em seguida, com o projeto desenvolvido foi feito o produto e veio o Bandeirante, em 1968”. Uma vez que se tinha o produto, então foi pensado em uma empresa para fabricá-lo, nasceu a Embraer.

Para Perondi, se essa indústria não tivesse sido pla-nejada lá atrás, São José não teria quase 14 mil pessoas empregadas em uma empresa como a Embraer. “E a cidade certamente seria mais pobre”, conclui.

Produçãon 1999 - Lançamento do CBERS-1 – Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, a partir da base de Taiyuan, na China.n 2003 - Lançamento do Satélite CBERS-2, também da base chinesa de Taiyuan.n 2007 - Lançamento do Satélite CBERS-2B, da base chinesa de Taiyuan.n 2013 - Uma falha no lançador chinês impediu a colocação em órbita do Cbers-3n 2014 – No dia 7 de dezembro entra em órbita o Cbers-4, a partir da base de Taiyuan, na China

Projetos relevantes

Prodes: faz o monitoramento do desmatamento na Amazônia legal. Há 27 anos o Inpe produz os números oficiais anuais de desmatamento

Deter: produz mapas de alteração da cobertura vegetal diariamente e passa esses dados para o Ibama que utiliza como inteligência para a fiscalização. Começou em 2004

Queimadas: mostra diariamente a situação de focos de incêndio no Brasil e gera mapas de risco, com a climatologia recente

Leonel Perondi, diretor do Inpe

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“Sem dúvida, o melhor de São José é ser joseense. Tenho orgulho de ter nascido na cidade e de ser filha de pais que também nasceram aqui. Mas tem outras coisas que se destacam aqui, como os jardins cheios de flores e muito bem cuidados e, claro, a exuberância do Parque da Cidade. Gosto muito também das paisagens da cidade, que tem muitas árvores, muito verde. A natureza acalma a gente”

‘ ‘Manoel Targino guedes, 88 anos, aposentado, morador do Jardim São Vicente

“Para mim é o Parque da Cidade. É um lugar muito bem preservado e agradável. Costumo frequentá-lo para fazer caminhadas e praticar slackline. Também acho São José uma cidade muito limpa e organizada”

‘bruna de Souza, 22 anos, consultora ótica, moradora do bairro dos Freitas

“O Calçadão! É um lugar movimentado, acho muito alto astral. O Mercado Municipal tem seus encantos e é um espaço muito gostoso. Também tem o Parque da Cidade, acho um lugar especial, exuberante, repleto de paisagens e que transmite muita paz”

‘Aline de Fátima, 21 anos, consultora, moradora do Jardim da granja

“O que São José tinha de melhor está se acabando. O esporte era o orgulho do joseense e representava a cidade, pouco a pouco está se extinguindo. Veja o time de basquete, por exemplo, os jogadores saíram. Temos bons parques, mas não temos segurança para frequentá-los. Também não acho a cidade tão limpa como era antes. O trânsito está mais difícil. As indústrias estão fechando. Então, as coisas boas que o joseense sempre gostou estão acabando”

Adriano Pereira, 39 anos, comerciante, morador de Santana

O que São José tem de melhor?

Célia Cursino, comerciante, mora na região do Jardim Pernambucano

“Gosto de tudo, esta cidade é maravilhosa. Sou mineiro de Maria da Fé e estou aqui há 28 anos. Já passei por muitos lugares como Taubaté, Rio de Janeiro e São Bernardo do Campo, mas São José dos Campos foi a única que me deu oportunidade de conquistar tudo o que tenho hoje. Aqui consegui comprar um lote e construir a minha casa, e não é qualquer ‘casinha’ fiz um sobrado bonito. Em cinco anos em São José conquistei mais do que em todo o resto da minha vida. Portanto, o que a cidade tem de melhor, na minha opinião, são as oportunidades”

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Fotos: Cláudio Vieira

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> Resíduos sólidos

na coleta seletivaLimpeza das ruas está entre as principais virtudes da cidade, admirada por quem passa por aqui, mas a coleta seletiva também é motivo de orgulho

» Por Daniela Borges

abe aquela incapacidade de jogar uma lata de refrigerante no lixo comum? Hoje, boa parte dos moradores de São José não consegue mais mistu-rar o que pode ser reciclável com os resíduos orgânicos. Essa consciência

ambiental foi desenvolvida graças ao programa de coleta seletiva implanta-

da na cidade desde 1990. Por causa dele, separar o lixo dentro de casa se tornou um hábito tão comum quanto tomar banho.

É exatamente esse aprendizado que levou São José a se tornar referência em coleta seletiva no País, com um dos maiores índices de reciclagem, cerca de 10% do total de resíduos coletados. A cidade também foi uma das pioneiras a implantar o serviço no Brasil, motivo de orgulho para o município que comemora

248 anos. Mas, ainda assim, há muito material reciclá-vel que vai parar no aterro por falta de consciência de muita gente. Dá para melhorar e muito!

De acordo com dados da Urbam (Urbanizadora Municipal), a coleta seletiva teve início no Jardim Es-planada e foi ampliada gradualmente. Em 2007, por exemplo, eram coletadas 21,5 toneladas/dia. Hoje, esse número chega a 50 toneladas/dia.

São José dos Campos participa de uma pesquisa feita pelo Cempre (Compromisso Empresarial para a Reciclagem) com 18 municípios brasileiros que moni-tora ano a ano o desempenho da coleta seletiva.

Segundo os dados registrados no ano passado, São José reciclou 1.261 toneladas de resíduos por mês, pouco menos que a metade do volume recorde reci-clado em 2012, que foi de 3.800 toneladas/mês. Mes-mo assim, São José está à frente de municípios como Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Santo André e Santos. Mas perde quando o quesito é população atendida.

Pioneira

50toneladas por dia é o volume da coleta

seletiva em São José

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A cidade joseense já alcançou 100% das moradias em 2012, mas no ano passado

caiu para 95%. Cidades como Curitiba, Goiânia, Itabira (MG), Porto Alegre, Santo

André e Santos alcançam 100% da população.

Evolução.No ano passado, a Urbam lançou o Coleta

Mais Seletiva, que aperfeiçoa o sistema e a ges-tão dos resíduos recicláveis na cidade. O progra-ma é pioneiro no Brasil e vai atender a princípio, em fase experimental, os bairros Vila Tesouro, Vila Ester, Jardim Copacabana e Jardim Valpara-íba.

A nova coleta funciona com a participação e o envolvimento da população que separa os mate-riais recicláveis em dois grupos. O primeiro, que é recolhido às segundas e sextas-feiras, é composto por papel, papelão, vidro e metal. Já o segundo, re-colhido às quartas-feiras, é composto por plástico, pet, tetrapak e isopor.

A coleta seletiva na cidade está a cargo da Urbam que conta com o auxílio de uma empre-

sa contratada, a Cavo. No Centro de Triagem de Materiais Recicláveis, 170 funcionários se empe-nham na separação dos resíduos. São 27 itens diferentes separados e prensados. Este material é comercializado, encaminhado à reciclagem e retorna à cadeia produtiva.

Venda.De acordo com a Urbam, todos os valores ar-

recadados com a comercialização dos materiais reciclados são aplicados na própria reciclagem: na manutenção do centro de triagem e nas ações educativas que visam a separação correta dos resí-duos (comuns e recicláveis) e sua destinação cor-reta à coleta da Urbam.

O desafio da Urbam é ampliar o volume co-letado, com maior participação da população. “Para isto, temos um intenso trabalho de cons-cientização porta a porta diariamente. A sepa-ração correta, em casa, facilita o trabalho da triagem, contribui com a preservação ambiental e amplia a vida útil do nosso aterro sanitário”, in-forma a assessoria de imprensa da pasta.

O auxiliar de serviços gerais Juscelino Prestes

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É difícil levantar cedo nas manhãs de inverno. Temperaturas congelantes sempre pedem mais cin-co minutos embaixo do cobertor. No entanto, o de-ver fala mais alto, mesmo para quem madruga o dia para encarar o frio nas ruas da cidade.

Vindo de outra São José, a da Boa Vista, no Para-ná, Juscelino Prestes, 46 anos, já está acostumado às baixas temperaturas e começa a fazer a coleta sele-tiva nas ruas da Vila Industrial às 6h40. Em São José há 26 anos, Prestes já se considera joseense de cora-ção. “Vim tentar a vida pra cá. Minha irmã já estava morando aqui e disse que a cidade oferecia oportu-nidade de trabalho. Comecei na Tecelagem Parahyba como operador de máquina”, relembra o auxiliar de serviços gerais, concursado pela Urbam.

O que para muitos pode parecer difícil e até ar-riscado, para Prestes é uma diversão. “O que mais gosto do meu trabalho é correr atrás do caminhão da coleta”, afirma com um sorriso tímido no rosto. Pode parecer inesperado, mas o maior risco que o auxiliar enfrenta na sua tarefa diária é o que a população co-loca dentro do saco de lixo. “O maior perigo que a gente corre é de cortar o dedo com o vidro mal em-balado. Eu mesmo já perfurei a mão certa vez, mes-mo usando luvas”, conta.

Prestes depende e muito da colaboração dos mo-radores para facilitar o seu trabalho e potencializar ainda mais o serviço de coleta seletiva. Segundo ele, existe muita confusão sobre o que pode ou não ser reciclado. “As pessoas insistem em colocar roupas, madeira, entulho de construção e até restos de co-mida no lixo reciclável”, aponta. Muitas vezes, só de levantar o saco o coletor já sabe o que tem lá dentro.

Há também muitos materiais nobres descartados na coleta seletiva. “Já peguei tênis seminovo e celu-lar. O que está bom para uso a gente dá para quem precisa”, conta. Por outro lado, há um tanto de ou-tras coisas inusitadas e até mórbidas, como animais de estimação mortos.

Orgulhoso da sua função, Prestes diz que reco-nhece sua responsabilidade e a importância do seu trabalho para o meio ambiente e para deixar a cidade limpa. “Sou grato pelo meu emprego, é daqui que tiro o sustento da minha família”, diz. Solteiro, mas com uma filha de 11 anos de um relacionamento no passado, o palmeirense gosta de pescar e de jogar bola nos seus períodos de folga.

Há 4 anos na coleta seletiva, Prestes sonha com o futuro. “Quero continuar na Urbam e quem sabe crescer na empresa, chegar a ser motorista”, planeja.

Municípios com coleta seletiva no brasil

1994 – 81

2004 – 237

2010 - 443

2014 – 927

83% dos municípios brasileiros não fazem a coleta seletiva

Escala de coleta seletiva (toneladas/mês) em 2014

Campinas – 560

Londrina – 1.261

Rio de Janeiro – 959

São Paulo – 5.000

Santos - 437

São José dos Campos – 1.261

População atendida pela coleta seletiva

Campinas – 75%

Londrina – 97,4%

Rio de Janeiro – 52%

São Paulo – 42%

Santos – 100%

São José dos Campos – 95%

Fonte: Cempre

O valor do lixo reciclado

95%da população

de São José dos Campos é atendida pela

coleta seletiva, esse número

já foi de 100% em 2012

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Fotos: Cláudio Vieira

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