SÃO PAULO, 20 DE OUTUBRO DE 2015. - prefeitura.sp.gov.br · água ou a dependência do petróleo...
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Compromisso climático de Obama ganha apoio de 81 grandes
multinacionais
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, conseguiu nesta segunda-feira (19) o
apoio de 81 empresas ao seu plano de luta contra a mudança climática e o
compromisso de que elas diminuirão suas emissões de gases poluentes, o consumo de
água ou a dependência do petróleo como fonte energética.
Obama, que se reuniu com os diretores das companhias na Casa Branca, afirmou que
elas se deram conta que “considerar a mudança climática, a eficiência energética e
renovável não é contraditório com seus resultados”. Eles, inclusive, podem melhorar
com as novas práticas.
A participação dessas empresas, que têm mais de US$ 3 trilhões em receitas por ano, é
um grande respaldo para Obama, que viajará em dezembro a Paris para tentar reunir
apoios e fazer com que a Conferência da ONU sobre a Mudança Climática seja um
sucesso.
No anúncio feito na segunda-feira pela Casa Branca, aparecem 13 novas empresas que
se somam aos compromissos adotados individualmente por outras 68 multinacionais
para reduzir o impacto ambiental de suas operações no período entre 2020 e 2025.
Fazem parte agora da lista de empresa que apoiam os esforços de Obama companhias
como a General Motors, Wal-Mart, Ikea e Nike. Já estavam no grupo Coca-Cola,
General Electric e Procter&Gamble.;
Também participaram da reunião de hoje com o presidente americano os executivos-
chefes de multinacionais como a Intel, Johnson&Johnson; e Hersheys.
Segundo indicou a Casa Branca, as 81 empresas já comprometidas demostraram “seu
apoio às ações na mudança climática e para que o acordo de Paris represente um forte
passo adiante para um futuro baixo em carbono e sustentável”.
Obama ressaltou a importância dessas grandes companhias se somem ao
compromisso pela sustentabilidade, já que levarão farão também que pequenas e
médias empresas de suas redes de distribuição e fornecimento também adotem
melhores práticas.
As empresas se comprometeram a conseguir objetivos específicos, que abrangem
desde a redução de suas missões de gases do efeito estufa até 50% e do consumo de
água em 80%, além da renúncia ao desmatamento em suas cadeias produtivas.
A entrada do setor privado ao combate à mudança climática não foi tarefa fácil. No
início, a Câmara do Comércio dos EUA se opôs aos planos de redução dos gases de
efeito estufa, questionado por muitos representantes da oposição republicana.
Grandes multinacionais petrolíferas, incluindo BP, Total, Pemex e Repsol, anunciaram
na semana passada, em Londres, a Iniciativa de Petróleo e Gás, na qual reconhecem a
necessidade do setor de cooperar na busca dos objetivos da ONU para lutar contra o
aquecimento global.
As duas gigantes americanas do segmento, a Exxonmobil e Chevron, não estão nessa
lista, nem no acordo com a Casa Branca.
“Temos mais atenção na conferência de Paris. Já mobilizamos a comunidade
internacional, incluindo a China, para que ela participe. Queremos que entendam que
as empresas americanas também querem participar”, explicou Obama após a reunião.
China e EUA são os maiores poluentes do planeta. Um acordo entre os dois governos
para desbloquear as negociações climáticas, nas quais participam mais de 190 países, é
a chave do êxito da cúpula.
A China representa também o bloco de nações em desenvolvimento, incluindo o Brasil,
que pedem que suas obrigações de redução levem em consideração que eles
encontram em uma etapa de desenvolvimento anterior ao dos países ricos, que
contribuíram durante mais tempo para o aumento das emissões de gases do efeito
estufa.
“Temos uma obrigação moral de deixar um planeta tão maravilhoso como o que
herdamos para nossos filhos e netos”, destacou Obama.
Obama busca apoio de empresas para lutar contra mudanças climáticas
A lista de companhia inclui Google, Xerox e Intel, que tomarão medidas como a
redução do uso de água, a compra de energia renovável e ajustes em suas cadeia de
abastecimento.
AFP
A Casa Branca anunciou nesta segunda-feira que dezenas de empresas americanas
assumiram um compromisso de ajudar no combate às mudanças climáticas, e que o
governo redobrou seus esforços para que mais companhias se posicionem.
Antes de uma reunião entre o presidente Barack Obama e vários líderes de empresas
nesta segunda-feira, a Casa Branca informou que até agora 81 companhias se
comprometeram com tais medidas.
A lista de companhia inclui Google, Xerox e Intel, que tomarão medidas como a
redução do uso de água, a compra de energia renovável e ajustes em suas cadeia de
abastecimento.
Negociadores sobre mudanças climáticas voltam à mesa com novo texto
Negociadores de um histórico acordo de luta contra as mudanças climáticas voltam
nesta terça-feira à mesa com um novo texto, após os protestos da véspera de mais de
130 países em desenvolvimento que se consideravam ignorados.
O projeto de acordo, que deve ser apresentado na grande conferência sobre o clima
(COP21) de Paris em dezembro, aumentou de 20 a 34 páginas para refletir as
demandas em matéria de financiamento e compromissos levantadas pelos países do
Sul na segunda-feira.
O novo texto, publicado na internet pela agência da ONU para o clima na madrugada
desta terça-feira (hora local), deve ser a base para fechar a negociação até sexta-feira.
"Houve um progresso substancial para corrigir desiquilíbrios no texto", observou a
porta-voz do chamado G77, que agrupa os países em desenvolvimento e a China, a sul-
africana Nozipho Mxakato-Diseko.
O objetivo da COP21 é limitar o aumento da temperatura do planeta a um máximo de
2ºC mediante um corte das emissões de gases, estabelecer as bases para abandonar
progressivamente as energias de origem fóssil até 2050, financiar a ajuda aos países
em desenvolvimento e estabelecer controles mútuos.
O G77 afirmou que o texto consensual por Estados Unidos e Argélia, que copresidem a
reunião em Bonn, era extremamente desequilibrado e não refletia seus interesses.
O dia de segunda-feira serviu basicamente para voltar a inflar o texto, com a esperança
de que não provoque uma paralisia das negociações.
Na abertura em Bonn, sede da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança
do Clima (UNFCCC), muitos países em desenvolvimento criticaram o novo texto que
serve de base para as discussões, reafirmando sua confiança no processo e nos dois
co-presidentes das discussões.
"Não temos plano B porque não temos planeta B", afirmou o secretário-geral da ONU,
Ban Ki-moon, em Bratislava.
O presidente francês François Hollande, por sua vez, garantiu que haverá um acordo
em Paris, mas que sua amplitude ainda não está clara.
"Podemos sentir um certo nervosismo", no início da última rodada, reagiu uma das
representantes da UE, Sarah Blau.
Dado o ritmo lento das negociações, os dois copresidentes foram mandados no início
de setembro pelos países para propor um texto mais claro e conciso, reduzido de 80
para 20 páginas.
Laurence Tubiana, a negociadora francesa, reconheceu nesta segunda-feira em sessão
plenária que faltava "ambição em todos os pontos" do texto. No entanto, ressaltou
que "estamos aqui para corrigir os pontos fracos".
O primeiro dia terminou após uma longa análise, linha por linha, do acordo, constatou
a AFP. Os negociadores têm até sexta-feira para fechar o rascunho, que deve ser
assinado pelos ministros em Paris.
Nesta fase, 150 Estados apresentaram à ONU sua "contribuição" para reduzir as
emissões no período de 2025-2030 em vista da conferência de Paris, programada para
acontecer de 30 de novembro a 11 de dezembro.
A última tentativa da comunidade internacional para alcançar um acordo tão
ambicioso terminou com um grande fracasso, em Copenhague em 2009.
Negociação recomeça em clima de confronto
Acabou o amor. A última semana de negociações diplomáticas antes da conferência do clima
de Paris começou nesta segunda-feira em Bonn, Alemanha, sob clima de confronto.
Ninguém ficou satisfeito com a proposta de texto informal apresentada no começo do
mês pelos co-presidentes do ADP, o grupo que tenta construir o novo tratado do clima,
e há temores de retrocesso – o texto pode voltar a crescer perigosamente, o que, no
limite, comprometeria a viabilidade de um acordo em Paris.
A confiança depositada até aqui pelos delegados dos países-membros da Convenção
do Clima da ONU nos autores do texto, o argelino Ahmed Djoghlaf e o americano Dan
Reifsnyder, parece ter sido abalada pelo documento proposto por eles como base para
o acordo de Paris. O texto foi reduzido de 85 para 20 páginas, cumprindo a
promessa feita pelos co-presidentes de ser “conciso”. Mas nessa dieta ele acabou
perdendo diversos elementos considerados importantes, especialmente pelos países
em desenvolvimento.
Os africanos disseram que fariam objeções ao texto e que somente quando a África
pudesse reinserir suas visões no documento as negociações poderiam começar. O G77,
grupo que reúne nações em desenvolvimento (inclusive o Brasil), rejeitou a
proposta, segundo um jornal indiano. E nos corredores retornou a acusação,
já levantada por alguns países em desenvolvimento na última rodada de negociações,
em setembro, de que o documento é uma encomenda do governo dos Estados Unidos
– uma vez que Dan Reifsnyder é americano.
“O texto é claramente é desequilibrado em desfavor do G77”, disse ao OC um
delegado de um país em desenvolvimento que preferiu não se identificar. Um
delegado da Índia foi mais explícito do que isso na plenária de abertura: “O texto
parece reescrever, reinterpretar e substituir a Convenção.”
Para as nações em desenvolvimento, os principais nós são o desequilíbrio apontado
por elas entre mitigação, adaptação e meios de implementação – ou seja, há menos
sobre adaptação e financiamento do que desejam os pobres e emergentes. “O trecho
de financiamento está muito fraco, com linguagem exortatória que não é típica de um
acordo com força de lei”, afirmou o negociador.
Outro problema fundamental para o G77, é a falta, no texto, de uma menção mais
firme à diferenciação entre nações ricas e pobres. O esqueleto de acordo traz a
diferenciação muito diluída, o que o G77 enxerga como um viés dos países
desenvolvidos, que buscam borrar a diferenciação para se eximir de responsabilidades
históricas em mitigação e financiamento aos países pobres.
“Podemos ver e sentir um bocado de nervosismo”, disse a jornalistas a porta-voz da
União Europeia Sarah Blau, de Luxemburgo. Segundo ela, nem mesmo a UE, pelo lado
dos países ricos, ficou satisfeita com o esqueleto de acordo. “O texto é conciso e
bastante legível, mas estamos decepcionados com sua falta de clareza”, afirmou.
Entre os pontos que a UE considera relevantes e que ficaram de fora do “non-
paper” dos co-presidentes está a forma de tornar “operacional” uma visão de longo
prazo para o novo acordo – qual será a meta para 2050 e como isso estará expresso? O
texto-base não diz. Também ficaram de fora o detalhamento do processo de revisão
periódica das metas, as regras para dar transparência ao cumprimento do acordo e
qualquer menção às emissões de transporte marítimo e aviação internacionais. Estas
são significativas e trazem um problemão para a Convenção do Clima, já que não
podem ser alocadas a nenhum país específico.
As ONGs também reclamaram do rascunho. Segundo Jens Clausen, do Greenpeace, a
proposta sobre ciclos de revisão não tem a clareza necessária. O “non-paper” fala de
reuniões a partir de 2023 ou 2024 para tomar pé das metas de redução de emissões de
todos os países. Ou seja, faz-se uma conversa para saber se as metas são suficientes
para evitar mudanças climáticas perigosas e depois se pensa em ajuste. “Não é disso
que precisamos”, afirmou Clausen. Segundo ele, o que é realmente necessário é que
se proponha claramente ciclos de cinco anos para ajustar a ambição – que já se sabe
ser insuficiente com as propostas na mesa hoje para evitar um aquecimento global de
mais de 2oC.
“Os co-presidentes botaram o texto numa dieta radical, mas ele passou a não ser
reconhecível por alguns países”, declarou Liz Gallagher, analista de políticas de clima
do E3G, em Londres.
Segundo ela, todos sabiam que haveria ruídos na negociação até Paris. O que os
negociadores precisam fazer agora, disse Gallagher, são “intervenções cirúrgicas” na
proposta, reinserindo elementos importantes para os grupos de países que não se
sentiram contemplados, mas com cuidado para “não abrir as comportas”, nas palavras
da britânica. Por “abrir as comportas” entenda-se devolver o texto ao tamanho de
dezenas de páginas, o que tornaria inviável negociá-lo nos 1.800 minutos que restam
para produzir um acordo que possa ser finalizado e assinado em 11 de dezembro em
Paris.
“Sempre há o risco de inflar o texto, mas, se você pensar nas coisas que têm
acontecido nos últimos três meses e no tanto que os EUA e a China têm apostado
neste processo, ninguém é maluco de querer jogar isso fora”, afirmou Gallagher. “As
pessoas querem um acordo em Paris.”
Mesmo com as críticas, tanto os europeus quanto a rede de ONGs Climate Action
Network apontaram que houve avanços na construção de um acordo. Um dos maiores
é o fato de que 150 países já apresentaram seus planos climáticos, as INDCs, que hoje
cobrem 90% das emissões do mundo. Na segunda fase do Protocolo de Kyoto, o
acordo climático que vale apenas para os países ricos e que foi prorrogado até 2020,
apenas 10% das emissões mundiais estão cobertas por metas.
Nesta segunda-feira, os delegados se dividiram em grupos menores para começar a
tratar dos pontos de atrito, na esperança de que a real negociação do texto possa
começar na terça. Os países foram convidados pela manhã a fazer inserções no texto.
No final, avaliariam se o resultado será “trabalhável”.
Reunião prévia à cúpula do clima de Paris começa com divergências
A última reunião prévia à Cúpula do Clima de Paris, que pretende fechar um acordo
vinculativo e global contra a mudança climática, começou nesta segunda-feira em
Bonn (no oeste da Alemanha) obscurecida pelas diferenças entre as economias
avançadas e as em vias de desenvolvimento.
O Grupo dos 77, associação de países em desenvolvimento que reúne quase todas as
nações da América Latina, África e Ásia, e China deixaram patente na sessão plenária
inaugural sua decepção com a minuta de acordo apresentada pela Convenção sobre
Mudança Climática da ONU (UNFCCC).
Segundo a delegação da África do Sul, que falou representado todo o bloco, o texto
está “extremamente desequilibrado” a favor das economias avançadas e não abrange
as demandas dos países em desenvolvimento.
Outros pontos levados ao debate nesta reunião – que vai até sexta-feira e conta com a
participação de dois mil delegados – concernem ao grau de ambição, se tentar limitar
o aquecimento global a 1,5 ou 2 graus, e à obrigatoriedade do texto: O uso de “deve”
ou “deveria”.
A presidência da UNFCCC ofereceu às delegações a opção de propor “inserções
cirúrgicas” no texto de maneira urgente para incluir suas reivindicações irrenunciáveis
antes de começarem as negociações.
O ministro de Meio Ambiente do Peru, Manuel Pulgar Vidal, responsável pela Cúpula
do Clima anterior, em 2014 em Lima, se dirigiu em mensagem de vídeo aos
participantes para pedir que façam pontes e busquem eliminar as diferenças.
Pulgar Vidal defendeu uma negociação “de maneira significativa e construtiva”, com
otimismo, para alcançar um “texto pactuado e um acordo justo, ambicioso e
pragmático porque, apesar da decepção que alguns expressaram com relação ao
documento, todos têm vontade” de apoiar as negociações e cooperar.
O ministro se mostrou a favor de “aproveitar o que já foi feito”, em referência à
minuta apresentada pela UNFCCC e “avançar rumo ao sucesso” em Paris.
“Não há tempo a perder”, afirmou Vidal aos delegados em Bonn.
Em entrevista coletiva posterior, a chefe da delegação europeia, Elina Bardram, viu
“sinais positivos” no texto, suficiente para “começarem a trabalhar, embora ainda
esteja ambíguo em alguns pontos e tenha omissões”.
Em outros encontro com a imprensa, o responsável pela Diplomacia do Clima da ONG
ambiental E3G, Liz Gallagher, criticou o texto apresentado a debate pela presidência
por ser “irreconhecível” em alguns pontos, mas se mostrou relativamente otimista
com relação ao resultado final em Paris.
Para Liz, a “pressão” sobre os países é tão grande e a aliança sobre mudança climática
é tão sólida entre EUA e China que ela acredita será possível chegar a um acordo na
Cúpula do Clima de Paris.
Estes cinco dias de negociações são os últimos para preparar o terreno para a Cúpula
do Clima de Paris e, portanto, fundamentais para que os líderes possam carimbar um
acordo contra o aquecimento global, que substitua a partir de 2020 o Protocolo de
Kioto.
Os analistas destacaram que quanto mais concreto e sem questões pendentes for o
texto desta reunião de Bonn, mais fácil será chegar a um acordo político final em Paris.
Desta forma pretendem, por um lado, manter o aquecimento global abaixo dos dois
graus centígrados – em comparação com os valores pré-industriais, já que a grande
maioria dos cientistas alertaram que uma elevação maior das temperaturas teria
efeitos devastadores sobre o planeta.
Por outro lado, desejam evitar a todo custo um fiasco político como o da Cúpula do
Clima de Copenhague, em 2009, quando as diferenças impediram chegar a um acordo
mínimo que permitisse impulsionar este processo.
Meio ambiente: Ações tardias e termômetros em alta
A hora é de radicalizar e buscar todas as alternativas que interrompam a fragilização e
o aquecimento do planeta.
Não será por falta de declarações, compromissos e reconhecimentos que o processo
de enfrentamento das mudanças climáticas não irá alcançar bons resultados durante a
realização da COP 21 (Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas das Nações
Unidas) em dezembro próximo, em Paris. Mas o que são bons resultados?
Basicamente eles se referem a compromissos e não necessariamente alterações no
clima realmente perceptíveis
Os mais otimistas poderão dizer que as últimas notícias vindas de grandes emissores
como Estados Unidos, China e Brasil; de importantes resoluções adotadas em
encontros internacionais como a Cúpula do Desenvolvimento Sustentável e até mesmo
por declarações de influentes religiosos como o Papa Francisco e lideranças
muçulmanas sobre a importância de se cuidar do planeta, parecem mesmo
representar um avanço importante no combate ao aquecimento global e as mudanças
climáticas.
Já os mais pessimistas ou, melhor dizendo, os mais realistas, aplaudem esses
posicionamentos, mas além de considerá-los ainda tímidos diante dos desafios
também perguntam sem obter respostas:
O que está sendo proposto será mesmo suficiente?
E, o que ainda é mais angustiante pensar: ainda dará tempo de reverter todo esse
processo?
A Cúpula de Nova York e o Desmatamento no Brasil
Foram boas e alvissareiras as notícias anunciadas durante a Cúpula do Clima realizada
no final de setembro em Nova York e que serviu de palco para diversos países
apresentarem seus compromissos nacionais a serem ratificados durante a Conferência
Climática de Paris (a COP 21). Grandes empresas também buscaram se destacar e se
uniram aos líderes mundiais para selar compromissos de descarbonização de suas
atividades e investimentos em energias limpas.
A presidenta Dilma Rousseff também apresentou em Nova York o nosso INDC, sigla em
inglês para o compromisso nacional determinado. A meta brasileira é diminuir 37% das
emissões até 2025, chegando a 43% de redução em 2030. O incremento no uso de
energias limpas, o reflorestamento de 12 milhões de hectares e o fim do
desmatamento ilegal até 2030 estão entre as propostas para o alcance das metas
estabelecidas pelo governo brasileiro.
Mesmo considerando positiva e apoiando em parte o anúncio oficial do país,
organizações e movimentos da sociedade civil se pronunciaram quanto à falta de
detalhamento e ousadia do Brasil. Fizeram coro com diferentes abordagens, a Coalizão
Brasil Clima, Florestas e Agricultura; o coletivo Engajamundo e o Observatório do
Clima, entre outros.
Unânime mesmo foi à reprovação da meta de conter definitivamente o desmatamento
apenas em 2030. A secretária executiva do Diálogo Florestal, integrante da Coalizão
Brasil, Miriam Prochnow, afirmou que “a Coalizão entende que temos a obrigação,
inclusive constitucional, de atacar isso imediatamente, com mais força".
Na mesma linha, “declarar que o Brasil vai ‘buscar’ políticas para eliminar o
desmatamento ilegal é ridículo. O que o governo está dizendo com isso é que aceita
conviver com o crime por sabe-se lá quanto tempo. Isso é uma ofensa ao bom senso e
ao que o Brasil já mostrou que pode fazer no controle do desmatamento”, disse Carlos
Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima. “É preciso lembrar que todos os
outros países tropicais já se comprometeram a zerar o desmatamento em 2030”,
acrescentou.
Enquanto isso a temperatura sobe cada vez mais
Debates, metas e mesmo críticas à parte, a verdade é que a temperatura continua a
subir. Em seu último relatório o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC, na sigla em inglês), alertou que a temperatura do planeta subirá quase 5 graus
Celsius até 2100.
Já relatório divulgado pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados
Unidos (NOAA, em inglês) constatou que o mês de julho deste ano foi o mais quente já
registrado no mundo. O mês registrou temperatura média de 16,61°C nas superfícies
dos continentes e dos oceanos, 0,81°C a mais do que a média de temperatura do
século XX. O ano passado já havia sido apontado como o ano mais quente da história
moderna. Além disso, os 10 anos mais quentes registrados, com exceção de 1998,
ocorreram a partir de 2000.
A água sobe nos oceanos
Uma das consequências desse aumento constante na temperatura está nos mares e
oceanos. Recentemente a NASA, órgão aeronáutico e espacial norte-americano,
divulgou um estudo com imagens de satélite que revela um aumento de 8 centímetros
no nível dos oceano de 1992 para cá, sendo que em alguns lugares do planeta chegou
mesmo a 22 centímetros. Derretimentos de geleiras e expansão da água do mar estão
entre as principais razões, efeitos, portanto, do aquecimento global.
Só na Groenlândia, por exemplo, a perda de gelo anual está em 303 bilhões de
toneladas e na Antártida são em média 118 bilhões de toneladas que todos os anos
têm contribuído para elevar o nível dos nossos mares. Se tivermos em mente que
muitas das maiores e mais habitadas cidades do mundo estão localizadas em litorais,
pode-se imaginar que efeito isso terá num tempo não tão longo.
Entre a constatação do aquecimento planetário e as ações anunciadas para reverter
esse processo, o que nos cabe como sociedade é cobrar mais e mais efetividade e
urgência. Descarbonizar a economia global, recuperar a cobertura florestal e mudar
radicalmente nossa maneira de consumo e descarte não são mais possibilidades ou
alternativas, mas necessidades básicas e urgentes para a própria sobrevivência da
espécie humana. Vamos, portanto, radicalizar.
Nível do Sistema Cantareira cai na segunda-feira
O nível do Sistema Cantareira caiu para 15,9% nesta segunda-feira (19), segundo
boletim da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Apenas o Sistema Rio Claro, entre os seis que abastecem a Grande São Paulo,
apresentou alta.
O índice de 15,9% do Sistema Cantareira considera o cálculo feito com base na divisão
do volume armazenado pelo volume útil de água.
O sistema ainda opera no volume morto e não recebe nenhuma chuva significativa
desde o dia 3 de outubro. O volume acumulado é de 43,9 milímetros, 34,1% da média
histórica para outubro.
Após ação do Ministério Público (MP), aceita pela Justiça, a companhia passou a
divulgar outros dois índices para o Sistema Cantareira.
O segundo índice leva em consideração a conta do volume armazenado pelo volume
total de água do Cantareira. Nesta segunda era de 12,3%. O terceiro índice leva em
consideração o volume armazenado menos o volume da reserva técnica pelo volume
útil e era de -13,4 % na manhã de segunda-feira.
Balanço de inverno – O Cantareira teve o inverno mais chuvoso desde 2009, segundo
levantamento do G1 feito com base nos dados divulgados diariamente pela Sabesp. A
estação, que começou em 21 de junho, terminou às 5h20 do dia 23 de setembro.
O manancial recebeu 188,9 milímetros de chuva no período, maior marca dos últimos
seis anos. A precipitação é 82% maior que a do inverno do ano passado, quando
choveram 103,5 mm, mas muito menor que a marca de sete anos atrás: 323,8 mm, em
2009.
Apesar do balanço positivo de chuvas, o sistema seguiu perdendo água durante a
estação e ainda está operando no volume morto. No dia 21 de junho, estava com 20%
do volume útil, nível que passou para 16,2% na quarta-feira (22/6), dia em que teve
mais uma queda.
Agosto – Os novos números do Sistema Cantareira contrastam com o mau
desempenho em agosto, mês em que teve apenas 30,7 mm de chuvas, o equivalente a
89,2% da média histórica do mês (34,4 mm).
Agosto foi o quinto mês seguido em que o sistema, que abastece 5,3 milhões de
pessoas na Grande São Paulo, fechou “no vermelho”.
Falta de planejamento – O Tribunal de Contas do Estado (TCE) informou que a falta de
água em São Paulo foi resultado da falta de planejamento do governo paulista.
O órgão relatou que a Secretaria Estadual de Recursos Hídricos (SSRH) recebeu vários
alertas sobre a necessidade de um plano de contingência para eventuais riscos de
escassez hídrica na Região Metropolitana de São Paulo. A pasta negou as alegações e
disse que era impossível prever a estiagem de 2014.
As informações fazem parte do parecer do TCE sobre as contas do governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), do ano passado. O TCE aprovou as contas do tucano
com ressalvas no fim de junho e listou 20 recomendações em diferentes áreas que o
governo deveria adotar.
Medidas preventivas - Sobre a seca no estado, o Tribunal de Contas afirmou que
outras medidas poderiam ter sido adotadas para que a crise não chegasse “ao ponto
em que se encontra atualmente, ou pelo menos para que seus efeitos fossem
minimizados”.
Entre as propostas está a despoluição dos rios Tietê e Pinheiros, a recuperação da
represa Billings e o combate mais efetivo de perdas de água na distribuição.
A Secretaria de Recursos Hídricos informou ao TCE que implantou diversas ações para
uma situação de estresse hídrico, como o Programa de Uso Racional da Água (PURA),
financiamento de estudos, projetos, obras e serviços ligados ao controle de perdas, e
adoção de medidas para a prática de reúso de efluentes tratados para uso industrial,
urbano e na agricultura.
Em nota enviada ao G1, o governo informou ainda que nenhum instituto ou
especialista previu a severidade da seca que atingiu a região sudeste em 2014.