SÃO PAULO, 21 DE MARÇO DE 2013 - prefeitura.sp.gov.br filecrônica e enfisema, são as que mais...

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SÃO PAULO, 24 a 26 DE JANEIRO DE 2015

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SÃO PAULO, 24 a 26 DE JANEIRO DE 2015

23/01

Poluição e calor transformam São Paulo em um caldeirão químico

Nas últimas semanas, estamos com a impressão de que o Brasil foi colocado em uma

panela quente. Andar pelas ruas é um exercício de sudorese, os ônibus lotados fazem

as vezes de sauna e dormir passou a ser uma experiência desafiadora.

Além do desconforto pessoal, a presente situação climática introduziu em nosso

cotidiano importantes temas ambientais. O aspecto ambiental mais facilmente

percebido é a imagem de reservatórios de água quase vazios. O nível diário do sistema

Cantareira passou a ocupar as primeiras páginas dos jornais e a frequentar conversas

de rodas de amigos.

Há, no entanto, outras consequências menos evidentes desse período de clima bicudo:

os frutos da combinação das emissões de poluentes (usinas térmicas e emissões

veiculares) aliada às altas temperaturas e radiação solar, que resultam na deterioração

da qualidade do ar.

A mistura complexa desses diversos poluentes liberados para a atmosfera faz da nossa

cidade um verdadeiro caldeirão químico que, sob o efeito da radiação solar, forma

outros poluentes, sendo o ozônio seu integrante mais ilustre.

Vale ressaltar que o ozônio é formado naturalmente nas camadas mais altas da

atmosfera, onde ajuda a proteger a vida na terra filtrando raios ultravioleta.

Entretanto, na superfície terrestre o ozônio é altamente danoso à saúde humana.

Muitas pessoas se surpreenderam recentemente com a indicação de qualidade do ar

da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo),

exposta nos relógios digitais espalhados por São Paulo, indicando nível ruim ou

péssimo, seu pior nível.

No gráfico abaixo, dados diários de ozônio e temperatura estão correlacionados. Em

São Paulo, de janeiro de 2008 até a metade de janeiro de 2015, é evidente o aumento

deste poluente fotoquímico nos dias mais quentes como os que vivemos atualmente

(círculo em vermelho).

Altas temperaturas favorecem a formação de ozônio na atmosfera

Hoje, sabemos que a exposição a níveis moderados e elevados de ozônio está

associada a uma grande variedade de efeitos negativos sobre a saúde, desde uma

simples irritação na garganta até a redução de expectativa de vida. Crianças, idosos e

pessoas que tenham alguma doença pulmonar pré-existente, como asma, bronquite

crônica e enfisema, são as que mais sofrem.

Além do acúmulo dos poluentes produzidos pelas reações químicas na atmosfera, há o

efeito direto da temperatura em nossa saúde. Importante ressaltar que a faixa de

conforto térmico varia de região para região do planeta, não sendo a mesma, por

exemplo, para Teresina ou Copenhague.

Em particular, para a cidade de São Paulo, a média da zona de conforto térmico é de

22 a 25ºC. A faixa de conforto térmico é definida tanto pelo padrão construtivo de

nossas casas, como também pelos sistemas que regulam a nossa temperatura

corpórea.

Nós, seres humanos, temos que manter nossa temperatura corporal em uma faixa

muito estreita, entre 36,5 e 37,2°C, e para isso temos um sistema que funciona como

um "termostato", mas que possui um limite de tolerância. Indivíduos mais idosos e

crianças são aqueles que têm a saúde mais comprometida quando a temperatura

ambiente fica fora da zona de conforto térmico, pois seu intervalo de tolerância é

geralmente menor.

Pessoas portadoras de doenças como diabetes, desordens cerebrovasculares ou

cardiovasculares também devem tomar mais cuidado com as altas temperaturas, pois

o risco nessas condições é maior. No calor nossos vasos dilatam e perdemos muita

água corporal para mantermos nossa temperatura estável, por isso, ficamos

desidratados mais rapidamente.

Isso pode provocar um aumento da viscosidade sanguínea e outras mudanças

fisiológicas que, quando agravadas, podem levar a morte. Alterações de mecanismos

de regulação endócrina, de arquitetura do sono, de pressão arterial e do nível de

estresse também podem ser relacionadas com esses dias mais quentes.

A atual condição climática tem feito com que nós sejamos frequentemente compelidos

a conviver com temperaturas muito acima da nossa faixa de conforto térmico, com

potencial prejuízo à nossa saúde.

Portanto, nestes dias mais quentes e muito ensolarados, associados a uma qualidade

do ar ruim, alguns cuidados podem ser tomados para proteger sua saúde. Por

exemplo, evite exposições ao ar livre nos períodos mais quentes do dia, concentre as

atividades físicas no período da manhã e ao anoitecer. Beba muita água ao longo do

dia para manter-se hidratado.

Uma dica simples para verificar o nível de hidratação é olhar a cor da urina. Uma urina

mais escura do que o habitual deve acender uma luz dizendo beba mais água, se ainda

este raro fluido for disponível em nossos anêmicos reservatórios.

25/01

Minhocão volta ao centro do debate: paulistanos querem parque ou desmonte?

Daniel quer que o Minhocão vire parque, José Geraldo não vê a hora em que a via seja

desmontada, João acha que o que vier será só para as futuras gerações, Francisco

prefere que nada mude.

Neste domingo (25), aniversário de São Paulo, uma série de imagens de áreas verdes

será projetada nos prédios que beiram o elevado Costa e Silva. A intervenção "Ver o

Parque Minhocão" será mais uma etapa na disputa sobre o futuro do viaduto.

Desde 1º de agosto do ano passado, quando, entre as 350 páginas do suplemento do

Diário Oficial em que foi publicado o novo Plano Diretor da cidade, um pequeno

parágrafo, na folha 18, definiu a desativação gradual do elevado, o debate esquentou.

Desmonta? Vira parque? Fica do jeito que está?

Nos debates públicos, dois grupos têm tido forte atuação: os que querem o parque e

os que querem o desmonte. Os favoráveis à manutenção observam de longe, alguns

um pouco descrentes do que possa acontecer.

O texto do parágrafo único do artigo 375 do novo Plano Diretor tem 37 palavras: "Lei

específica deverá ser elaborada determinando a gradual restrição ao transporte

individual motorizado no Elevado Costa e Silva, definindo prazos até sua completa

desativação como via de tráfego, sua demolição ou transformação, parcial ou integral,

em parque."

Ainda de acordo o texto do Plano Diretor, os objetivos previstos na lei "devem ser

alcançados até 2029".

Conquista

Athos Comolatti, 61 anos, fundador da associação Parque Minhocão, afirma que a lei

foi uma grande conquista, considerando o tempo de articulação entre os interessados

em transformar o Minhocão em parque.

- Essa ideia é antiga. Na década de 1980, o arquiteto Pitanga do Amparo já havia

proposto um parque no lugar do elevado. Mas começamos a nos articular durante as

eleições de 2012. Eu e a Renata Falzoni, cicloativista, de quem fui colega de escola no

Dante Alighieri, começamos a conversar sobre o assunto e fomos conhecendo outros

interessados. O fato de, em dois anos, algo sobre o qual pouco se falava, um parque no

elevado, aparecer em uma lei importante como o Plano Diretor é surpreendente.

O texto foi fruto da conversa da associação com vereadores que discutiam o novo

Plano Diretor.

Morador do terceiro andar de um prédio rente ao Minhocão, José Geraldo Santos

Oliveira, vice-presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) Santa Cecília

e um dos articuladores do grupo a favor do desmonte do elevado, também elogia o

artigo, mas com ressalvas.

- Quem mora à beira do Minhocão ficou, ao mesmo tempo, feliz e apreensivo com esse

artigo. Feliz porque vislumbramos, pela primeira vez, a real possibilidade de o elevado

ser desmontado. Mas também tememos a possibilidade do parque.

Esperança

Concebido na década de 1960, durante a gestão do prefeito Faria Lima, e

desengavetado pelo prefeito Paulo Maluf, o Minhocão foi finalizado em 1971. Já na

época, era alvo de debates acalorados. Ao longo do tempo, foi palco de diversos fatos

históricos (veja galeria de imagens acima).

Desde muito cedo, moradores de rua também fizeram moradia no canteiro central das

rua Amaral Gurgel e da aveinda General Olímpio da Silveira, protegidos da chuva (veja

acima vídeo sobre o dia a dia do minhocão). Sem se identificarem, alguns comerciantes

disseram à reportagem pagar a seguranças particulares para retirar quem dorme em

frente às suas lojas - o grupo de seguranças é chamado de "milícia".

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Outros comerciantes parecem já não ter esperaça de que a desativação ocorra de

modo rápido. É o caso do sapateiro João Batista Correia da Paixão, de 63 anos.

- Eu queria que derrubasse. Mas estou há 40 anos aqui. Agora, o que for feito, se é que

vai ser feito alguma coisa, vai ficar para as próximas gerações. Isso demora. Esse

viaduto degradou tudo aqui, as lojas fecharam, não sobrou quase nada do que tinha

antes. Até minha sapataria era maior no começo. Eu tinha uma loja mesmo e

trabalhava no subsolo.

No final do ano passado, em audiência pública na Câmara foram postos argumentos de

ambos os lados: a favor do desmonte e da criação do parque. A reunião, de mais de

três horas, foi quente.

Alguns apoiadores do desmonte disseram que preferiam o Minhocão como está do

que o parque. Herondina Aparecida de Souza Oliveira, de 63 anos, mulher de Oliveira,

concorda.

- Aos domingos, quando o Minhocão fecha, também há ruído. Há ruído das pessoas

que passam pelo elevado e há ruído dos ônibus embaixo. Não adianta transformar o

Minhocão em parque. Esse ruído vai continuar. A poluição vai continuar. E pior: a falta

de intimidade vai continuar.

Herondina diz que, quando abre a janela, tem de aguentar gestos e brincadeiras feitas

por quem passa, seja a pé no domingo, seja de carro ou moto nos dias úteis.

- Nessa época do ano, o calor é demais. Comprei até um ventilador portátil, que alivia

um pouco, mas é um paliativo. Quem é a favor do parque não mora aqui, não tem essa

experiência.

Comollati de fato não mora rente ao Minhocão. Mas comprou um apartamento bem à

beira da via, derrubou as paredes e o transformou a sede da associação.

Ele discorda da questão do barulho e da poluição.

- O que faz barulho mesmo são os ònibus. Por que não se propõe substituir os ônibus

comuns por ônibus elétricos? Não polui, não faz barulho.

High Line

Em 2013, uma exposição sobre a High Line foi montada no apartamento da associação

durante a Bienal de Arquitetura. Diferentemente das bienais anteriores, aquela não

ocorreu no pavilhão do Ibirapuera, mas em locais da cidade perto do metrô. Um

seguraça ficou na porta e o apartamento aberto a quem quisesse saber mais sobre a

área que inspira os defensores do Parque Minhocão. O High Line, linha de trem

suspensa de Nova Iorque transformada em parque, é constantemente citada pelos

defensores do parque para mostrar que é possível um solução diferente do desmonte.

Daniel Guth, outro integrante da associação Parque Minhocão, costuma andar de

bicicleta e passear com o cachorro à noite no elevado perto da praça Roosevelt e diz

que a pista nova-iorquina é um exemplo.

- Não precisamos ficar, o tempo todo, derrubando e construindo, derrubando e

construindo. Podemos dar soluções criativas para o que existe na cidade. O Minhocão

é um ícone de uma política "carrocêntrica" [voltada para os carros]. Transformá-lo em

parque é muito simbólico.

Trânsito

A bienal acabou, mas a exposição continua lá, aos olhos de que passa pela via.

Francisco Matos Silva, taxista que na última terça-feira (20) abastecia em um posto do

largo Padre Péricles conhece o escritório.

- É uma coisa que chama a atenção quando a gente passa.

Ele, porém, é dos que não abrem mão da via.

- Há muito se fala em acabar com o Minhocão. Mas não dá para acabar. Imagine o

trânsito... Como as pessoas vão se locomover? Eu sou contra.

Entre urbanistas, há quem defenda o parque e quem defenda o desmonte. Em 2006,

um concurso foi feito Prefeitura: venceria o melhor projeto para revitalizar a via.

Venceu o projeto de José Alves e Juliana Corradini, que previa manter o Minhocão,

mas como túnel. E, segundo a proposta, haveria um parque em cima.

Vai ser realmente desativado?

Mas qual a real chance de o projeto de desativação ir para frente? Professor emérito

da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Flavio Jose Magalhaes Villaça,

especialista em planos diretores, acredita que a determinação pode não sair do papel.

- O Plano Diretor serve para normatizar a ocupação do solo. Para isso, ele funciona

bem. Mas desde o último plano, de 2002, foram incluídas uma série de obras. Isso

depende do executivo. Não há lei que obrigue um prefeito a fazer uma obra.

23/01

25/01

Site da Sabesp vai informar horários e locais em que deve faltar água

A Companhia Estadual de Saneamento Básico (Sabesp) informou que vai disponibilizar

em seusite, a partir da próxima semana, uma lista com horários e locais onde haverá

diminuição da pressão na rede de abastecimento. A manobra provoca falta d'água em

diferentes regiões da cidade. O órgão reconhece que as localidades mais altas e longe

dos reservatórios são as que mais sofrem com a medida. A empresa informou que faz

ajustes para evitar que a população fique mais de 24 horas sem água e orienta que os

moradores adquiram caixa d’água e façam uso racional do recurso.

Uma das medidas adotadas pela Sabesp para combater a crise hídrica no estado é o

fornecimento gratuito de caixas-d’água a clientes de baixa renda. De acordo com o

órgão, o objetivo é manter o abastecimento nos imóveis por até 24 horas. Podem

participar do programa clientes com rendimento familiar de até três salários mínimos e

residentes em áreas reconhecidas pela Sabesp com socialmente vulneráveis.

Entre as ações emergenciais, a companhia apontou que houve um incremento da

produção de água de reúso. Atualmente, 0,504 metro cúbico/segundo (m3/s) é

produzido nas estações de Tratamento de Esgotos (ETEs). Essa água atende a

aproximadamente 50 clientes, como prefeituras e empresas que prestam serviço para

prefeituras, empreiteiras, indústrias de papel e celulose, têxtil e petroquímicas. A

Sabesp espera entregar, em dezembro deste ano, duas estações de Produção de Água

de Reúso (Epars). Uma delas vai tratar o esgoto coletado na região de Interlagos e a

outra em Barueri. A primeira deve produzir 2 m3/s e a segunda, 1 m3/s.

A Sabesp destacou que a interligação dos sistemas de distribuição permitiu um socorro

ao Cantareira. Com o deslocamento de água do Guarapiranga, Alto Tietê e Rio Grande,

3 milhões das 9 milhões de pessoas que eram atendidas pelo Cantareira passaram a

ser abastecidas por outros sistemas. O órgão espera ampliar a produção de água com

o Sistema Produtor de Água São Lourenço, que tem previsão de entrega para 2017.

Cerca de 1,5 milhão de pessoas da região oeste da região metropolitana devem ser

contempladas com o acréscimo de 4,7 m3/s.

Mesmo com a entrada do volume morto, que acrescentou 290 bilhões de litros ao

Cantareira, o sistema acumula perdas sucessivas, tendo chegado na sexta-feira (23) a

5,3% da capacidade. A companhia informou que a produção média de água para a

região metropolitana de São Paulo está em 53 metros cúbicos por segundo (m3/s). Em

janeiro de 2014, o volume produzido chegava a 71 m3/s. A produção atual do Sistema

Cantareira é 18 m3/s. Antes, o volume chegava a 33 m3/s.

26/01

Pesquisa inédita na América Latina busca baratear tratamento de água

Pesquisador da UFSCar, em São Carlos, mira auxiliar o semiárido

nordestino.

Apesar da tecnologia, ele faz alerta sobre a poluição e o desperdício no

Brasil.

http://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2015/01/pesquisa-inedita-na-

america-latina-busca-baratear-tratamento-de-agua.html

Um professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) está desenvolvendo uma

pesquisa inédita na América Latina para a dessalinização da água. Estudos baseados na

‘deionização capacitiva’ já existem nos Estados Unidos e na Europa, mas são uma novidade

por aqui, onde a intenção é desenvolver um processo mais barato para a transformação da

água salobra em potável, auxiliando regiões como o semiárido nordestino.

Professor pesquisa tratamentos da água desde o mestrado (Foto: Divulgação/Enzo Kuratomi)

Luis Augusto Martins Ruotolo pesquisa tratamentos da água desde o mestrado. Começou

estudando a remoção de metais pesados, depois remoção de poluentes orgânicos e, em

um pós-doutorado nos Estados Unidos, foi convidado e estudar a dessalinização (retirada

do sal para produzir água potável).

Ele explicou que o processo consiste no uso de placas (eletrodos) de carbono que,

mediante a aplicação de uma baixa voltagem (1,2V), removem o sal (NaCl), retendo-o sobre

a superfície dos eletrodos. Eletrodos positivos atraem o cloreto - Cl (íon de carga negativa),

eletrodos negativos atraem o sódio - Na (íon de carga positiva) e a água sai dessalinizada.

“O processo remove os íons (partículas eletricamente carregadas) da água e ela fica limpa”,

afirmou.

A diferença do procedimento, desenvolvido em parceria com o professor Marc Anderson,

da University of Wisconsin-Madison (EUA), o mestrando Rafael Linzmeyer Zornitta e com o

pesquisador espanhol Julio Jose Lado Garrido está nos custos. “A deionização capacitiva é

mais simples do que a osmose reversa, sua maior concorrente, não requer muita

manutenção e consome pouca energia, o que permitiria o uso de painéis solares

fotovoltáicos. E a luz solar é abundante no semiárido”, comentou Ruotolo.

Segundo o professor, o governo já instalou equipamentos de osmose reversa para

dessalinização da água salobra no semiárido, mas muitos estão parados devido à

dificuldade de manutenção. “A gente espera que empresas e que o governo se interessem

pela tecnologia. Nos EUA, por exemplo, a Marinha financia pesquisas para ter água potável

nos navios”.

Processos

Na osmose reversa ocorre uma espécie de filtração por membranas. O problema é que,

com o tempo, essas membranas, além de possuírem um custo relativamente elevado, vão

entupindo e precisam de manutenção adequada ou então ser trocadas. Além disso, para

que a água permeie o sistema, o mesmo tem que trabalhar com pressões muito altas, o

que exige maior gasto de energia.

Outra forma de retirar o sal da água é a destilação, baseada nos diferentes pontos de

ebulição das substâncias – uma evapora e a outra fica armazenada, por exemplo. “É um

processo que consome muita energia. É feito, por exemplo, em alguns países do Oriente

Médio, onde há abundância de petróleo e, portanto, energia barata”, explicou Ruotolo.

"Daqui a pouco não vai adiantar ter água e não poder usar", alerta Ruotolo (Foto: Divulgação/Enzo Kuratomi)

Consciência

O pesquisador enfatizou que os processos devem ser condizentes com a realidade de cada

país e de cada região, mas que, por mais barata que seja a tecnologia desenvolvida, ela

nunca vai ter custos mais baixos do que o tratamento convencional, de transformar a água

limpa e abundante em potável. E isso reforça a necessidade de cuidar desse recurso.

“Nenhum processo é mais barato do que o convencional. Se há água, vamos cuidar e não

poluir, porque daqui a pouco não vai adiantar ter água e não poder usar”, afirmou,

indicando ainda que a água pode ficar mais cara e que é fundamental repensar o consumo.

“A visão de que tratamento de resíduos industriais é custo tem que acabar. Reuso e

reciclagem de água é investimento. Por que não tratar, reutilizar e ao mesmo tempo evitar

o desperdício? Uma coisa não anula a outra. Elas têm que caminhar juntas e o

conhecimento deve ser usado para isso”.

Entre os pontos que deveriam ser combatidos, Ruotolo citou os vazamentos na rede de

distribuição e o uso de água tratada para atividades como lavar a calçada e dar descarga.

“Como nunca faltou, não sentimos na pele. Se há um ponto positivo na estiagem é começar

a repensar a questão do uso da água, como no apagão. Rever nossa postura. A gente nunca

se antecipa ao problema. Espero que as indústrias e o governo comecem a repensar suas

responsabilidades, assim como a população”.

25/01

'Crise da água não é problema técnico, mas de gestão'

Especialista da Universidade de Ciências Aplicadas de Colônia diz que

Brasil tem todo o conhecimento técnico para gerir o abastecimento, mas

intervenção política afeta execução do planejamento no setor

Vagner Campos/ A2 FOTOGRAFIA

Sistema Cantareira sofre com falta de água

"A falha está na gestão. O problema não é de ordem técnica, mas político-

administrativa". Jackson Roehrig, professor de gestão de recursos hídricos da

Universidade de Ciências Aplicadas de Colônia, na Alemanha, resume a crise hídrica no

Sudeste do país a falhas de gestão.

O especialista, que já atuou como pesquisador na Companhia de Tecnologia de

Saneamento Ambiental de São Paulo (Cetesb), afirma que a influência política na

administração dos recursos hídricos abre brechas para o não cumprimento de planos

estabelecidos para o setor, como a construção de novos reservatórios.

Em entrevista à DW Brasil, Roehrig explica como funciona o modelo alemão de gestão

de recursos hídricos, que se baseia em associações de bacias compostas por diversos

setores, como a indústria, o ramo agrícola e ONGs.

No estado da Renânia do Norte-Vestfália, que abriga o maior sistema integrado de

abastecimento de água da Alemanha, essas bacias são uma espécie de "parlamentos

da água". Os governos estaduais ficam de fora do processo administrativo, mas atuam

como fiscalizadores do sistema.

"O problema do Brasil é que o Estado é fiscalizador dele mesmo", observa.

A experiência da Alemanha na gestão dos recursos hídricos pode servir de alguma

forma para o Brasil, nesse momento de escassez de água na região Sudeste?

As soluções que foram implementadas na Alemanha e em toda a Europa são

conhecidas no Brasil. Não falta aplicar o conhecimento técnico. A solução mais

eficiente é de ordem político-administrativa.

Quais conhecimentos não são bem aplicados no Brasil por falhas administrativas?

O sistema de abastecimento da Grande São Paulo é muito complexo e avançado. O

problema é que ele não satisfaz a demanda, principalmente, por falta de chuvas nos

últimos anos. Várias medidas precisam ser tomadas: aumentar a capacidade de oferta

e proteger mananciais dos rios da poluição, da erosão e das ocupações irregulares. O

problema maior são os investimentos e o cronograma de implementação, que não são

cumpridos.

Como funciona a gestão dos recursos hídricos na Alemanha?

A legislação do setor é muito forte e ela tem sido cumprida. No estado da Renânia do

Norte-Vestfália, as grandes companhias de abastecimento têm sistemas de

reservatórios semelhantes aos de São Paulo, que atendem uma população grande

[17,5 milhões de pessoas, segundo o departamento alemão de estatísticas], mas

funcionam sem intervenção política. O governo estadual atua como fiscalizador do

cumprimento das leis relativas ao abastecimento hídrico. No Brasil, o Executivo

influencia as operações e os investimentos das empresas.

O setor também é operado por concessionárias?

Não. Aqui, foram criadas associações de bacia, como a "Ruhrverband", umas das mais

antigas e tradicionais do mundo, com cem anos de existência. Essa agência de bacia,

que cuida do abastecimento e do saneamento básico na região do vale do rio Ruhr

[onde fica o maior complexo industrial da Europa], está sob uma lei especial, que a

torna como um "parlamento da água", um governo autônomo de gestão hídrica. O

consórcio é formado por centenas de membros do setor industrial, agrícola, de

abastecimento público (prefeituras) e ONGs de proteção ambiental. Eles decidem

como será o plano de investimento, o financiamento e as taxas a serem pagas pelos

associados.

Essa não interferência do Estado é positiva?

É positiva, porque o Estado atua como um regulador, um fiscalizador das leis. O

problema do modelo brasileiro é que a gestão é compartilhada. O Estado é fiscalizador

dele mesmo. E isso abre espaço para uma intervenção política muito grande. Na

Alemanha, a gestão das bacias varia de estado para estado, mas essas associações

estão bem propagadas.

O governo de São Paulo tem tomado medidas de curto prazo, como a diminuição da

pressão da água no período da noite, bônus para quem economiza no uso, e ainda

estuda a possibilidade de aumentar a tarifa. O que deve ser feito?

Com a proximidade do período de seca, a medida mais efetiva é diminuir o consumo,

aumentando o preço da água e dando bônus para quem economizar. São medidas

paliativas necessárias no curto prazo. Reduzir a pressão da água é eficiente, mas há o

risco de contaminação. Uma ação primordial é diminuir as perdas nas tubulações [em

São Paulo, a perda é de 30%]. Na Alemanha, as perdas estão por volta de 10%.

E no longo prazo?

O aumento no número de reservatórios, bem como o volume deles, e a interligação de

bacias são necessários. O problema é que São Paulo está atrasado. Eles sabem o que

funciona, o que deve ser feito, já está tudo planejado e aprovado, mas eles atrasam as

obras mais importantes.

25/01

Seca e falta de água foram previstos em relatório da ONU

Mudanças climáticas geraram problemas no Brasil e em outros países do

mundo nos últimos anos

Notícias da estiagem na Região Sudeste do Brasil impressionam por causa dos dados

cada vez mais alarmantes sobre a escassez de água. Apesar da situação parecer mais

grave para os paulistanos, outros estados da região começam a sentir na pele os

mesmos problemas pelos quais passam os habitantes das cidades do estado de São

Paulo.

No Rio, o secretário de Ambiente, André Corrêa, admitiu, na sexta-feira, que pode

haver racionamento de água. No entanto, o governador Luiz Fernando Pezão

descartou a medida e o possível aumento de tarifa no estado e fez um apelo para que

os moradores passem a economizar.

Em Minas Gerais, o Centro do estado passa pelo janeiro mais quente desde 1910.

Algumas cidades estão à beira do colapso, por causa da falta de água e 63 cidades do

estado já estão fazendo racionamento ou usando o modelo de rodízio de água. A

Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) admitiu “o elevado nível de

criticidade” da água no estado e emitiu comunicado pedindo que a população e as

empresas economizem cerca de 30% no consumo de água.

Situações como essas são cada vez mais comuns no mundo. No ano passado, alguns

países da da América Latina passaram por períodos de seca e mudanças climáticas que

afetaram a produção agrícola da região. Na época, a ONG alemã Germanwatch, que

avalia os países mais frágeis quanto a essa questão, situou Honduras, Haiti e

Nicarágua, respectivamente, como os países que mais sofreram com mudanças

climáticas e períodos de seca, durante o ano de 2014.

Em 2011, a região conhecida como “Chifre da África”, no leste do continente, sofreu

com a pior seca dos últimos 60 anos. Em dois anos, o nível de chuvas no local estava

abaixo do necessário. Lavouras inteiras foram perdidas, enquanto o gado morreu de

fome e sede.

Na época, a Organização das Nações Unidas (ONU) chegou a afirmar que os países do

“Chifre da África” não viviam uma situação de fome, mas sim uma emergência

humanitária que piorava rapidamente.

Relatório do IPCC prevê que impactos mais graves no clima virão de secas e cheias

Lançado no Japão, em novembro do ano passado, o relatório do Painel

Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), apontou que um dos principais

efeitos das mudanças climáticas no país seriam as secas persistentes, em algumas

regiões, e cheias recordes, em outras. Tudo isso, segundo o relatório, é resultado das

emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, que aumentaram em 2ºC a

temperatura do planeta, até 2100.

Apesar do “prazo”, a situação alarmante já começa a se refletir principalmente nos

países da América Latina, mesmo sendo os que menos emitem gases de efeito estufa.

No Brasil, cada região está sendo afetada de forma diferente, devido a sua extensão

territorial. O relatório enumera ainda que os resultados das mudanças no ecossistema,

devido ao aumento de temperatura, afetam a geração de energia, a agricultura e até

mesmo a saúde da população.

Na época do lançamento do relatório, em novembro do ano passado, o professor da

USP Marcos Buckeridge, que foi um dos autores do relatório do IPCC, afirmou que os

principais problemas brasileiros vão decorrer da falta de água. Onde houver problemas

com a água, outras questões serão geradas a partir daí.

Um dos exemplos apontados pelo relatório, foi a alteração nos padrões de chuva na

Amazônia, quando a cheia do rio Madeira atingiu 25 m, o nível mais alto da história e

afetou cerca de 60 mil pessoas.

No Nordeste, o ano de secas sucessivas, por causa das mudanças climáticas,

preocupou os especialistas envolvidos na elaboração do relatório. Segundo eles os

períodos de seca podem se intensificar e, uma das maiores preocupações apontadas, é

que o semi-árido nordestino se torne árido permanentemente.

Além da listagem de riscos, o relatório tentou apresentar soluções para os problemas

que parecem estar mais próximos do que se imagina. Algumas soluções seriam a

diminuição do uso de combustíveis fosseis e investimentos do governo em fontes de

energia renovável, além de investimentos em transportes públicos modais nas cidades.

26/01

SP celebra 461 anos com festa cultural

São Paulo. Não teve bolo oficial e as filas enormes, o calor e o atraso nos shows até

ameaçaram, mas nada tirou o ânimo nas comemorações dos 461 anos de São Paulo,

ontem.

Ao menos 50 mil pessoas, segundo a Prefeitura, se aglomeraram para ouvir o samba-

rock de Jorge Ben Jor no Centro Esportivo e de Lazer Tietê, na zona norte, e a Nação

Zumbi, no Largo da Batata, em Pinheiros.

No centro, havia filas de até 50 pessoas para saborear hambúrgueres e brigadeiros

especiais em carrinhos de rua.

Ben Jor abriu seu show - quando 30 mil pessoas estavam no Tietê - cantando Jorge da

Capadócia e emendou com A Banda do Zé Pretinho.

Ele pegou um público já animado por shows anteriores, também de samba-rock, com

destaque para a abertura feita pelo Clube do Balanço.

"A gente está mais acostumado a dançar no salão, mas é bem gostoso dançar aqui.

Estou gostando da festa, porque é difícil ter um evento que reúna tantas bandas de

samba-rock", afirmou a professora de dança Pauline Marcelino, de 28 anos.

Na zona sul, os independentes adotaram o espaço do antigo Hospital Francisco

Matarazzo, onde havia cinco palcos. Até a cantora Queen Latifah apareceu de surpresa

por lá, para conhecer o espaço, adquirido por seu amigo francês Alexandre Allard.

Já na zona oeste apresentações circenses que antecederam a Nação Zumbi atraíram

hipsters, veganos e descolados em geral ao Largo da Batata - 20 mil pessoas foram

assistir o grupo pernambucano. "O que realmente desanima é a falta de lugar para ir

no banheiro", disse a estudante Renata Almeida.