Sargento Soares

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Balneário Camboriú, 1 de maio de 2010 32 Entrevista Nome – Amauri Soares. Idade – 44. Natural – Imbuia, SC Mora em : Sao José, SC Formação e profissão – cursou Ciencias Sociais na UFSC, ingressou na policia militar e seguiu carreira até chegar a sargento. Se ele- geu deputado estadual em 2007. Estado civil – Casado, tem uma filha, de 16 anos. Taquarinhas preservada serve a toda humanidade Sargento Soares, deputado estadual nossa gente Waldemar Cezar Neto [email protected] Caroline Cezar [email protected] O deputado estadual Sargento Soares (PDT) esteve em Balneário Camboriú nessa segunda-feira para discutir em audiên- cia pública na Câmara Municipal, pro- jeto de lei de sua autoria que transforma a praia de Taquarinhas, na região da Interpraias, em parque ambiental. Antes de seguir para a audiência, ele esteve na redação do Página 3 concedendo entre- vista sobre o assunto. Confira. Caroline Cesar

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Entrevista com o Sargento Soares - Projeto Parque Ambiental de Taquarinhas

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Page 1: Sargento Soares

Balneário Camboriú, 1 de maio de 201032 Entrevista

Nome – Amauri Soares.Idade – 44.Natural – Imbuia, SCMora em : Sao José, SCFormação e profissão – cursou Ciencias Sociais na UFSC, ingressou na policia militar e seguiu carreira até chegar a sargento. Se ele-geu deputado estadual em 2007.Estado civil – Casado, tem uma filha, de 16 anos.

Taquarinhas preservada serve a toda humanidade Sargento Soares, deputado estadual

n o s s a g e n t eWaldemar Cezar Neto

[email protected] Cezar

[email protected]

O deputado estadual Sargento Soares (PDT) esteve em Balneário Camboriú nessa

segunda-feira para discutir em audiên-cia pública na Câmara Municipal, pro-jeto de lei de sua autoria que transforma

a praia de Taquarinhas, na região da

Interpraias, em parque ambiental. Antes

de seguir para a audiência, ele esteve na

redação do Página 3 concedendo entre-

vista sobre o assunto. Confira.

Caroline Cesar

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“É importante que se diga de

forma bastante clara, que é

uma demanda da cidade de

Balneário Camboriú”.

“Esse mesmo movimento que foi feito

na Câmara se for necessá-

rio terá que se transferir para a Assembléia Legislativa”.

“Ninguém se opõe à criação do parque e à

preservação de Taquarinhas”.

Balneário Camboriú, 1 de maio de 2010 33Entrevista

P3 - Essa semana o senhor veio discutir o parque ambiental de Taquarinhas aqui, como está encaminhada essa questão?S. Soares - Olha, bem encami-nhada eu diria, porque acabei de conversar com o deputado Cesar Souza Jr, que é o relator, ele já manifestou seu voto favo-rável na Comissão de Cons-tituição e Justiça, inclusive na manhã de amanhã (terça-feira)*, já cedo, às 9h, teremos um relatório sobre esse pro-jeto, favorável pelo relator. O projeto está a v a n ç a n d o , a audiência pública de hoje tem a intenção de...

P3 - ... é uma etapa né?S. Soares - ...é, uma etapa, que é sempre importante, bom e democrático que a Assem-bléia Legislativa procure fazer uma audiência para debater os assuntos de interesse da popu-lação. Mesmo quando o pro-jeto é consensual, ou quando já tem oposição majoritária, é importante que a Assembléia oportunize para a sociedade a realização de audiência, para que os deputados, a comissão, escutem o que as pessoas têm a dizer, para instrumentalizar e garantir esse retorno à popula-ção. Nós estamos otimistas com o projeto, consideramos que vamos aprová-lo na Assembléia Legislativa, ele teve a nossa ini-ciativa formal de criá-lo, mas nasceu -e é importante que se diga de forma bastante clara, que é uma demanda da cidade de Balneário Camboriú.

P3 - Foi o pessoal do Ideia que procurou o senhor...S. Soares - Foi o Instituto Ideia que nos procurou, até porque um funcionário do

nosso gabinete mora aqui na cidade, foi inclusive secretário de Planejamento num passado remoto, mas foi, e conhece muitas pessoas daqui, entre elas pessoas do Instituto Ideia. Falaram com ele, ele trouxe o assunto, fi zemos uma reunião aqui em Balneário ano pas-sado, para que eu me inteirasse mais do assunto e o que colo-quei naquela noite foi que se houvesse possibilidade legal,

constitucional e regimental, e se o projeto pudesse ser viabilizado nós o encaminha-ríamos. E foi o que aconteceu, esse mesmo companheiro que é Hilário Schern, que é

nosso técnico legislativo, ele trabalha com isso, elaborou, buscou as condições legais e o Instituto Ideia trabalhou as questões dos estudos, levanta-mento da área, importância ambiental, aí nasceu o pro-jeto. Protocolamos no fi nal de 2009 e consideramos que nesse primeiro semestre podemos aprová-lo.

P3 - Quais são os passos agora?S. Soares - Se ele passa na Comissão de Justiça, tramitará nas outras comissões, especial-mente na Comissão de Meio A m b i e n t e , que vai ava-liar o conte-údo... estamos com bastante expectativa de que teremos êxito nisso, e fi camos alegres inclusive por-que logo em seguida à inscri-ção do projeto, ao protocolo do projeto na Assembléia, tivemos vários contatos aqui da cidade, a gente percebe que é uma von-

tade generalizada na cidade, ninguém se opõe à criação do parque e à preservação de Taquarinhas.

P3 - As pessoas estão até desacostumadas a pressio-nar projetos dos legislativos locais, da Câmara de Verea-dores. O caminho das pedras na Assembléia eles conhecem menos ainda. O sistema de pressão é diferente, é através das comissões, do deputado que o cara votou, é se compro-meter com a Câmara, fi car em cima... Porque o senhor é um deputado de minoria na Assembléia, não é verdade? E a gente sabe que existem interesses econômicos muito poderosos atrás disso, então nós não temos o mesmo oti-mismo, apesar de sabermos que é o que a população quer.S. Soares - Bom, já estive ano passado conversando com pessoas, e fi quei animado jus-tamente pelo apelo popular e social que o projeto tem, não só entre ambientalistas, na socie-dade como um todo. Inclusive os proprietários da área não são da cidade, então a própria elite dominante da cidade não teria obstrução a princípio. Obviamente que isso é muito relativo, talvez já tenha havido algum recuo aí nesse período. Mas o fato é que amanhã (*terça, 27) ele será relatado positivamente na Comissão de Constituição e Justiça.

P3 ... e depois vai para as outras comissões...S. Soares - Isso, especialmente para a comis-são do meio ambiente, que

obrigatoriamente ele precisa passar já que é a comissão de mérito. E vai precisar da população questionando, colo-cando essa demanda do meio

ambiente de modo mais forte, o que nós entendemos como um contraponto à ocupação cada vez maior de edifi cações na área e na orla marítima. Esse mesmo movimento que foi feito na Câmara se for necessá-rio terá que se transferir para a Assembléia Legislativa, esse movimento de acompanhar, de pressionar, encaminhar docu-mentos, conseguir uma moção da Câmara de Vereadores, é muito importante isso, ou dire-tamente com os deputados que são aqui da região... eu creio que se tiver esse processo, esse acompanhamento, esse ques-tionamento, essa reivindica-ção, essa cobrança mesmo, dos poderes legislativos, com cer-teza terá um efeito positivo na Assembléia, difi cilmente nesse período...

P3 - ...eleitoral?S. Soares ... é, nesse período, a cinco meses da eleição, d i f i c i l m e nte alguém vai tentar colocar o pé em cima e dizer não. Se tiver o acom-panhamento da sociedade e dos meios de comunicação, de estar divul-gando, que está acontecendo, é fundamen-tal, porque isso forma a opinião pública.

P3 - Hoje surgiram duas questões importantes, uma de forma ofi cial, a empresa (Irmãos Th á, interessada em construir em Taquarinhas) distribuiu uma série de e-mails, comunicados, onde eles já colocam valor no terreno, são cem milhões de reais...S. Soares - ...ah, apareceu a margarida.

P3 - ...colocam inclusive que nem Estado nem Município têm interesse em criar o par-que porque seria muito dis-pendioso financeiramente. Uma questão é essa valora-ção, a outra é em forma de boato, que disseram que o governo do estado, através do senhor, estaria tirando um pedaço de Balneário Camboriú. Queremos saber o seguinte: se eles que-rem cem milhões eles têm que provar que pagaram 70 ou 80? E sobre “tirar o pedaço”?S. Soares - Já que estão falando nesses termos eles teriam que apresentar o título de proprie-dade, que não tem. Não tem. Eles teriam que apresentar o título de compra e venda, e é isso que eles teriam para apresentar. E a outra questão, que o Estado estaria tirando

um pedaço de Balneário, é o próprio pro-jeto que diz que o parque seria admi-nistrado pelo poder muni-cipal, porque é municipal. Dizer que o Estado não terá dinheiro para gastar com o parque é outro argu-mento fajuto, ruim, fraco, inconsistente,

que encobre uma má intenção. O Estado se não quiser não pre-cisa gastar nada, é só ele pedir que os órgãos públicos, de pro-teção do meio ambiente, não deixem que o espaço seja ocu-pado. Tem a polícia ambiental, que sem dúvida estaria pronta para impedir qualquer uso que esteja incorreto, tem os outros órgãos, isso não tem gasto nenhum.

TaquarinhasTaquarinhas

Parque Ambiental ?

Instituto Ideia

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“é preciso registrar

que a maior agressão ao

meio ambiente, sobre o

mangue, os rios, córregos e

nascentes”.

Balneário Camboriú, 1 de maio de 201034 Entrevista

P3 - E a indenização?S. Soares - A indenização dos proprietários, se for necessária, no máximo no valor que eles pagaram, corrigido na forma da lei. Mas com relação aos argumentos...cem milhões... Mostra o caráter, não no sen-tido moral, e sim no sentido social e político do termo, por-que eles estão colocando preço, preço ao meio ambiente que a gente respira, e isso já indica quem são. Se proteger o meio ambiente tem um preço, apa-rece com uma cifra bastante elevada, cem milhões de reais, já indica o tipo de política que estão defendendo para a cidade e para região, já indica que não tem o menor interesse que exista no estado de Santa Catarina uma única praia, não muito grande, que não seja objeto -e a palavra para falar disso é essa mesma, objeto, que compraram e querem cem milhões de reais- que não seja objeto da exploração imobi-liária. A visão da cidade com certeza é diferente, a visão que estamos defendendo é diferente, não tem ônus para o Estado, o maior ônus, dentro da forma da lei, seria, -seria se for o caso, porque isso é possível contestar na justiça também- ressarcir as empresas da quantia que gastaram para comprar. Mas isso pode discutir. Agora, vir com esse monte de argumento estúpido, com certeza não é a melhor forma de dialogar com a cidade de Balneário Cambo-riú e o estado de Santa Cata-rina. E eu não sou xenófobo e combato a xenofobia, mas não são nem do estado de Santa Cata-rina e querem vir aqui dizer como que a população deve administrar o seu espaço de vida, o futuro da sociedade para as gerações que estão vindo.

P3 - Eles têm um empreendi-mento muito grande aqui em Camboriú, que é o Golfe Resort, luxuoso, está embargado pela Fatma por motivos ambien-tais...eles aterraram o rio.S. Soares - É, e ninguém entende por que quando chove um pouco acima da média boa parte da população tem as casas invadidas pela água, é porque vão fechando, ater-rando, entrando para dentro do rio. Muitas vezes é a própria população carente que acaba fazendo isso, mas é preciso registrar que a maior agressão ao meio ambiente, sobre o man-gue, os rios, córregos e nascen-tes, é feito justamente por essa nobreza, que ganham dinheiro

e botam uma cifra para dis-cutir qualquer assunto. Então a responsabilidade é deles por parte das calamidades públi-cas que têm acontecido, porque sempre choveu bastante né? Mas as pessoas não morriam, agora estão morrendo pela desorganização e uso indevido do espaço.

P3 - Santa Catarina é uma terra de belezas naturais abundantes e nunca vai parar o interesse em construir, explorar. Por exemplo, aquela área toda, em Taquarinhas, já é uma área de preserva-ção ambiental, tem que fazer uma lei em cima da lei para garantir... e como fazer para isso ficar seguro realmente da infinidade de emendas que os políticos propõem quando lhe convêm?S. Soares - É um embate per-manente, a especulação imobi-liária avança com a cidade, e cada vez mais, e se a sociedade não se mobilizar com uma capacidade e nível de organiza-ção cada vez maior vai perder, e temos perdido. Mas já resis-timos bastante, muitas outras coisas já teriam levado, Taqua-rinhas está lá ainda por isso. Se a população estiver mobilizada, consciente, participando, eles não levam. E vai desde a inter-venção do poder judiciário, do legislativo... agora se no fundo se não bastar, é preciso ir lá e não permitir, através da fiscali-zação e da manifestação.

P3 - O senhor tem esse per-fil, se precisar bota o bloco na rua... o senhor acredita nesses sistemas?S. Soares - Às vezes precisa né? Não pri-vatizaram a Celesc ainda porque já no

ano passado, os trabalhadores ocuparam, -em outros termos invadiram, depende de quem está analisando- uma reunião do conselho de administração, porque senão já teriam entre-gue a Celesc. Então para tratar dos interesses específicos da sociedade, que precisa se pro-teger e se cuidar, precisa usar de todos instrumentos que são possíveis. Se o poder legislativo não resolve porque pode estar eventualmente subordinado ao interesse imobiliário ou eco-nômico; se o poder judiciário não resolve, porque a legisla-ção pode permitir; se os órgaos de fiscalização por falta de estrutura, ou não duvidemos, por conivência, não intercepta-rem, a população tem o direito sacro-santo, inexorável e irre-mexível de se manifestar. Aliás todas as constituições dos paí-

ses mais avançados colocam a oportunidade de rebelião, quando não existe outro meio de defender um conteúdo, uma porposta, que é majoritaria-mente aceita pela sociedade. Então a população de Balne-ário Camboriú e do Estado de Santa Catarina tem o direito de embargar, por outros meios, se os poderes não o fizerem. Essa é a nossa compreensão e o princípio universal da Repú-blica, de qualquer estado repu-blicano, de qualquer sociedade que adote a República como forma de governo, que é o caso do Brasil.

P3 - Taquarinhas é a única que sobrou preservada.S. Soares - Eu estou animado com isso, porque Taquari-nhas é talvez a única praia absolutamente intocada do estado de Santa Catarina, eu não conheço outra, se alguém eventualmente conhecer nos informe. Já andei em todo o estado, já fui em todas as cidades, morei em Florianó-polis por 13 anos, moro em São José outros dez, e não conheço nenhuma outra praia que esteja absolutamente sem nenhuma ocupação humana. E numa cidade como Balneário Camboriú, que já tem bastante prédios, cuja altura prejudica a própria praia.

P3 - Não tem mais para onde crescer, a tendência é que tentem ocupar o que está em volta, como está acontecendo na Praia Brava, em Cambo-riú, e agora estão visando a região da Interpraias.S. Soares - O ser humano pre-cisa viver na sociedade e nós somos hoje 6 bilhões, mas o que está em discussão aqui é que a praia de Taquarinhas deve ser vista pelo conjunto da população da cidade, e do estado, e da região, e do país e por que não da humanidade... Sendo preservada ela serve à humanidade, sendo explorada da forma que esses cidadãos querem, ela dará dinheiro para um grupo econômico, empre-sarial, os homens dos cem milhões, mas só vão poder usu-fruir de Taquarinhas quantas famílias? Cinquenta? Setenta? Do ponto de vista conceitual, nós queremos que Taquari-nhas seja de Balneário Cam-boriú, Santa Catarina, Brasil e mundo, como patrimônio uni-versal, ambiental, ou que ela seja utilizável por 50 famílias e que uma apenas tenha lucro?? Essa é a decisão que Balneário já escolheu, que Taquarinhas seja de toda população. Agora esperamos e eu estou confiante que a Assembléia Legislativa contribua para dar esse passo importante, para que a popu-lação esteja melhor protegida da especulação imobiliária.

P3 - Uma pergunta de polí-tica, já que o senhor é polí-tico. O senhor fez 40 mil votos arredondando na última elei-ção, mas era um candidato de grupo, se me permite assim falar, representava uma classe profissional, tinha uma limi-tação de visibilidade do elei-torado. Na condição de oposi-cionista o senhor bateu muito forte nesses 3 anos e pouco e ganhou uma dimensão maior, será que vai fazer mais voto, menos voto, vai se eleger?S. Soares - Entre as pessoas que nos relacionamos, e natu-ralmente que elas são a nossa fonte, todo mundo diz que nós vamos aumentar o número de votos, é claro que isso é até perigoso, a gente precisa tirar o salto alto e botar os pés no chão. Entendemos que embora a candidatura tenha existido por uma demanda de uma categoria específica, no caso os policiais militares e corpo de bombeiros, ela nunca preten-deu se restringir a isso, mesmo que às vezes precise focalizar um pouco, porque tivemos um retrocesso nesse último man-dato do Luis Henrique.

P3 - ...na sua categoria?S. Soares - Na minha e nas outars categorias de servido-res públicos em geral. Agora, o praça, o policial e o bombeiro militar é também integrante da sociedade, precisa convi-ver bem com as pessoas que o rodeiam e com o ambiente em que vive. Então esse projeto em específico é também um

interesse do nosso pessoal, que aliás, há mais de uma década com a criação da polícia ambiental tem avançado muito e desenvolvido essa consciência da necessidade de preservar o meio ambiente na maioria da população. Só os setores eco-nomicamente interessados em colocar cifra naquilo que não deveria ser tratado como cifra, como dinheiro, como lucro, como rendimento, especula-ção, só esses setores que con-tinuam com discurso velho, ultrapassado do século 19, de ir passando a patrola e levando tudo por diante, aterrando tudo, derrubando a floresta, aterrando praia, aterrando mangue, as nascentes, isso não dá 5% da população. A maio-ria da população já tem uma consciência da necessidae de preservação e precisamos tra-balhar para que isso se amplie e chegue até os setores popula-res mais amplos, expressivos e afastados por condições econô-micas inclusive, da informa-ção. Desse debate, da discus-são, da importância disso lá na sua comunidade. Não encher a casa de água até o meio quando chove já seria um ganho.

P3 - Quer dizer mais alguma coisa deputado?

S. Soares - O poder legislativo tem uma dívida também com a comunidade, porque quase tudo que foi feito foi feito com autorização legal, então nós temos essa obrigação de devol-ver essa condição de respirar pras pessoas.

Se proteger o meio ambiente tem um preço, aparece com uma cifra bastante elevada, cem milhões de reais, já indica o tipo de política que estão defendendo para a cidade e para região, já indica que não tem o menor interesse que exista no estado de Santa Catarina uma única praia, não muito grande, que não seja objeto.“

Placas e mais placas com frases de apoio à preservação de Taquarinhas, de diversas entidades e comunidade em geral.

Fazia tempo que a Câmara de Vereadores não ficava tão cheia.

Fotos Caroline Cezar

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Balneário Camboriú, 1 de maio de 2010 35Entrevista

Falando nisso... Marlise S. Cezar [email protected]

Do álbum

Meu neto ‘do meio’ Pedro completa 6 anos amanhã e já entrou no clima da Copa, vai comemorar de ‘verde-e-amerelo’, até porque esse ano começou a jogar na escolinha de futebol, é torcedor declarado do São Paulo, mas por aqui simpatiza e torce pelo Grêmio, domingo passado até acompanhou o avô, gremista de berço, para assistir o GreNal. Pedro também faz surfe e fico feliz porque meus netos estão crescendo muito ligados ao esporte, que abre caminho para uma vida saudável. Para-béns, Pedro por esta “mãozinha cheia + 1” que todos nós comemoramos com grande alegria porque te amamos muito, muito.

À luz do diaDomingo, 9h, o estudante caminhava pela Terceira Ave-nida e na esquina com a Rua 600 foi cercado por três pun-guistas (é essa a definição cor-reta?), um casal e um menor. Levaram carteira, documen-tos, dinheiro, relógio, celular. O rapaz levou um soco e reagiu. Quem passava a pé ou de carro, apenas assistia o episódio. Os três fugiram e mais adiante foram apanhados e conduzi-dos à delegacia. Já haviam sido presos uns dias antes e libera-dos. Mesmo com a prisão, o estudante não conseguiu rea-ver seus pertences e passou o domingo em função de registro de BO, providências de cance-lamento de cartões, de novos documentos e ainda confessou que ficou compadecido porque coisas desse tipo são frutos de desajustes sociais.

À luz do dia 2Segunda-feira, 12h, a estu-dante retornava do colégio e quase na frente do portão de sua casa, na Rua 2448, foi sur-preendida por dois rapazes de bicicleta, que se atracaram na mochila. A garota gritou e rea-giu, puxou o braço de um dos rapazes e arrancou o relógio que se despedaçou no meio da rua. A vizinhança gritou, o pai da estudante entrou no carro e tentou encontrar a dupla, mas em vão.

“A luz da noiteQuarta-feira, 21h30, o ônibus da Praiana pára no Morro do Boi. O motorista começa a abrir a porta, mas uma pas-sageira percebe alguma coisa e grita pra fechar a porta e tocar em frente, que aquele homem quer assaltar. O motorista fecha a porta e segue, o homem que não conseguiu entrar, dis-para contra o ônibus. A reação da passageira evitou o assalto. Felizmente o tiro só acertou uma vidraça.

A reaçãoO negócio está ficando cada dia mais complicado e per-verso. Citei estes três casos, porque as vítimas reagiram e sempre que se fala com dele-gados sobre ocorrências desse tipo, eles recomendam, ‘nunca reagir’. Os dois estudantes tive-ram sorte, seus ‘algozes’ não estavam armados. Mas pode-riam estar e assim como suas vítimas, os larápios também se assustam, tremem, a adrena-lina sobe e com uma arma na mão, a coisa acontece em um segundo. No terceiro caso, o homem estava armado, tanto que disparou contra o ônibus, a reação poderia ter custado uma ou mais vidas. Melhor seguir a recomendação de quem lida com isso sempre: nunca reagir.

Tá lá o corpoEstendido no chãoEm vez de rosto uma fotoDe um golEm vez de rezaUma praga de alguémE um silêncioServindo de amém...Lá lá lá lá.......Olhei o corpo no chãoE fecheiMinha janelaDe frente pro crime...Tá lá o corpoEstendido no chão...(“De Frente pro Crime”, João Bosco)Neste dia 1º de maio, minha homenagem vai para este humilde trabalhador, o Zequi-nha, que perdeu a vida esta semana na Interpraias, local bonito de viver. No aguardo de que sua partida sirva para que as autoridades tomem alguma providência imediata e urgente. Tanto na sinalização adequada como na colocação de ‘impedi-tivos’ (mecanismos que as leis de trânsito permitem). Tanto na vigilância assistida daquele local como na permanente manutenção dos veículos. São tantos os culpados. Mas, como sempre, tudo será esquecido. Até o próximo corpo estendido no chão...

Mais sobre a audiência públicaA Câmara de Vereadores lotou nessa segunda-feira à noite, na audiência pública do projeto de lei que pretende transformar a praia de Taqua-rinhas, na região da Inter-praias, em parque ambiental. Além de um grande público acompanhando, estiveram presentes o deputado esta-dual Dado Cherem, alguns vereadores - Claudir Maciel, Orlando Angioletti, Miguel Tatá, Fabrício de Oliveira, Nil-son Probst e Marcos Kurtz; o secretário do Meio Ambiente André Ritzmann; técnicos e professores da Univali, os integrantes do Instituto Ideia representados por Cristiano Voitina e Carla Cravo, o pre-sidente do comitê da Bacia do Rio Camboriú Enio Faquetti, o presidente da associação de guias de turismo, senhor Jaci; entre outros. O prefeito Edson Dias não compareceu.A maioria dos presentes se mostrou favorável ao projeto, de autoria do deputado esta-dual Sargento Soares. Repre-sentantes da empresa Irmãos Thá, que pretende construir um resort naquela praia, esta-vam na Câmara segurando uma faixa, mas não fizeram nenhuma menção no micro-fone, que foi aberto para os presentes, nem distribuíram

os folderes de divulgação do empreendimento, que ficaram guardados numa caixa até o fim da audiência. No cartaz eles traçaram um compara-tivo mostrando as vantagens e desvantagens, no seu enten-dimento, sobre transformar a praia em parque ambiental e a conclusão final foi “má idéia”. os argumentos são os custos altos, a falta de fiscalização e investimentos.

Veja outras opiniões“A própria prefeitura está sendo omissa” (Carina Foppi, bióloga, se referindo ao longo tempo de elaboração da APA)“Qual é a cidade que vou dei-xar para os meus filhos? Muito mais que uma manifestação, esse movimento representa um nó na garganta, a falta de encaminhamento com o con-selho gestor da APA Costa Brava” (Fernando Baumann)“Taquarinhas é patrimônio público e não propriedade pri-vada, é o que dá o equilíbrio na nossa cidade, um lado mais agreste se contrapondo ao lado urbano. Não tem nada que a gente possa construir para dei-xar mais bonito do que está, gostaria de manifestar o apoio ao projeto.” (Enio Faquetti)

“Taquarinhas faz parte dos 7% de Mata Atlântica ainda existente no Brasil. Proteja-a.” (faixa de apoio)“Ganhar dinheiro com a riqueza dos outros é fácil.” (faixa de apoio)“Realmente uma praia preser-vada é muito melhor que um resort. Temos muitas áreas para construir resorts, mas em nenhum lugar e de nenhuma maneira poderemos construir uma praia como essa”. (Mar-cos Kurtz, vereador).Também foi pedido, nova-mente, que a prefeitura reti-rasse o gado que foi posto em Taquarinhas, uma “ocupação forçada” de última hora. O secretário André Ritzmann respondeu que a fiscalização municipal já esteve no local mas não tinha como retirar os animais. “Para nós executar a ação fica complicado, e tam-bém não encontramos o pro-prietário para confirmar se foi ele que colocou lá”, justificou.O projeto passou pela Comis-são de Constituição e Justiça na terça-feira com parecer favorável, e o deputado Mar-cos Vieira (PSDB) pediu vista e adiou a votação.

Fernanda Schneider

Para ser caracterizado parque -que pode ser nacional, estadual ou municipal- é preciso ter como características atributos paisagísticos, ecossistema a ser preservado, ser de domínio público, e não ter áreas particulares no seu interior. Em uma unidade de conservação o principal objetivo é a manutenção da diversidade biológica e podem ser desenvolvidas estratégias e ações de educação ambiental e pesquisa científica, recreação e turismo ecológico, além da elaboração de um plano de manejo.