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    TERMINOLOGIA SOBRE DEFICINCIANA ERA DA INCLUSO *

    Romeu Kazumi Sassaki**

    * SASSAKI, Romeu Kazumi. Terminologia sobre deficincia na era da incluso. In: VIVARTA,Veet (coord.). Mdia e deficincia. Braslia: Andi/Fundao Banco do Brasil, 2003, p.160-165.

    ** Consultor de incluso social. E-mail: [email protected]. Autor do livro Incluso:Construindo uma Sociedade para Todos (3.ed., Rio de Janeiro: Editora WVA ,1999) e dolivroIncluso no Lazer e Turismo: Em Busca da Qualidade de Vida (So Paulo: urea,2003). Co-autor do livro Trabalho e Deficincia Mental: Perspectivas Atuais (Braslia:Apae-DF, 2003) e do livro Incluso d Trabalho (Belo Horizonte: Armazm de Idias,2000)

    A construo de uma verdadeira sociedade inclusiva passa tambm pelo cuidado coma linguagem. Na linguagem se expressa, voluntariamente ou involuntariamente, orespeito ou a discriminao em relao s pessoas com deficincias. Com o objetivo desubsidiar o trabalho de jornalistas e profissionais de educao que necessitam falar ouescrever sobre assuntos de pessoas com deficincia no seu dia-a-adia, a seguir soapresentadas 59 palavras ou expresses incorretas acompanhadas de comentrios e dosequivalentes termos corretos. Ouvimos e/ou lemos freqentemente esses termosincorretos em livros, revistas, jornais, programas de televiso e de rdio, apostilas,reunies, palestras e aulas.

    A numerao aplicada a cada expresso incorreta serve para direcionar o leitor de umtermo para outro quando um mesmo comentrio se aplicar a diferentes expresses (ou

    pertinentes entre si), evitando-se desta forma a repetio da informao.

    1. adolescente normalDesejando referir-se a um adolescente (uma criana ou um adulto) que no possua uma

    deficincia, muitas pessoas usam as expresses adolescente normal, criana normal e adultonormal. Isto acontecia muito no passado, quando a desinformao e o preconceito a respeito de

    pessoas com deficincia eram de tamanha magnitude que a sociedade acreditava nanormalidade das pessoas sem deficincia. Esta crena fundamentava-se na idia de que eraanormal a pessoa que tivesse uma deficincia. A normalidade, em relao a pessoas, umconceito questionvel e ultrapassado. TERMO CORRETO: adolescente (criana, adulto)semdeficincia ou, ainda, adolescente(criana, adulto)no-deficiente.

    2. aleijado; defeituoso; incapacitado; invlidoEstes termos eram utilizados com freqncia at a dcada de 80. A partir de 1981, por

    influncia do Ano Internacional das Pessoas Deficientes, comea-se a escrever e falar pelaprimeira vez a expressopessoa deficiente. O acrscimo da palavrapessoa, passando o vocbulodeficiente para a funo de adjetivo, foi uma grande novidade na poca. No incio, houve reaesde surpresa e espanto diante da palavrapessoa: Puxa, os deficientes so pessoas!? Aos poucos,entrou em uso a expresso pessoa portadora de deficincia, freqentemente reduzida para

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    mailto:[email protected]:[email protected]
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    portadores de deficincia. Por volta da metade da dcada de 90, entrou em uso a expressopessoas com deficincia, que permanece at os dias de hoje. Ver comentrios ao item 47.

    3. apesar de deficiente, ele um timo alunoNa frase acima h um preconceito embutido: A pessoa com deficincia no pode ser um

    timo aluno. FRASE CORRETA: ele tem deficincia e um timo aluno

    4. aquela criana no inteligenteTodas as pessoas so inteligentes, segundo a Teoria das Inteligncias Mltiplas. At o

    presente, foi comprovada a existncia de oito tipos de inteligncia (lgico-matemtica, verbal-lingstica, interpessoal, intrapessoal, musical, naturalista, corporal-cinestsica e visual-espacial).FRASE CORRETA: aquela criana menos desenvolvida na inteligncia [por ex.] lgico-matemtica

    5. cadeira de rodas eltricaTrata-se de uma cadeira de rodas equipada com um motor. TERMO CORRETO: cadeira de

    rodas motorizada

    6. ceguinhoO diminutivo ceguinhodenota que o cego no tido como uma pessoa completa. A rigor,

    diferencia-se entre deficincia visual parcial (baixa viso ou viso subnormal) e cegueira(quando a deficincia visual total). TERMOS CORRETOS: cego; pessoa cega; pessoa comdeficincia visual; deficiente visual.

    7. classe normalTERMOS CORRETOS: classe comum; classe regular. No futuro, quando todas as escolas

    se tornarem inclusivas, bastar o uso da palavra classe sem adjetiv-la. Ver os itens 25 e 51.

    8. criana excepcionalTERMO CORRETO: criana com deficincia mental. Excepcionais foi o termo utilizado

    nas dcadas de 50, 60 e 70 para designar pessoas deficientes mentais. Com o surgimento deestudos e prticas educacionais na rea de altas habilidades ou talentos extraordinrios nasdcadas de 80 e 90, o termo excepcionais passou a referir-se a pessoas com inteligncia lgica-matemtica abaixo da mdia (pessoas com deficincia mental) e a pessoas com intelignciasmltiplas acima da mdia (pessoas superdotadas ou com altas habilidades e gnios).

    9. defeituoso fsicoDefeituoso, aleijado e invlido so palavras muito antigas e eram utilizadas com freqncia

    at o final da dcada de 70. O termo deficiente, quando usado como substantivo (por ex., odeficiente fsico), est caindo em desuso. TERMO CORRETO:pessoa com deficincia fsica

    10. deficincias fsicas (como nome genrico englobando todos os tipos de deficincia).TERMO CORRETO: deficincias (como nome genrico, sem especificar o tipo, mas

    referindo-se a todos os tipos). Alguns profissionais no-pertencentes ao campo da reabilitaoacreditam que as deficincias fsicas so divididas em motoras, visuais, auditivas e mentais. Paraeles, deficientes fsicos so todas as pessoas que tm deficincia de qualquer tipo.

    11. deficientes fsicos(referindo-se a pessoas com qualquer tipo de deficincia).TERMO CORRETO:pessoas com deficincia (sem especificar o tipo de deficincia). Vercomentrio do item 10.

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    12. deficincia mental leve, moderada, severa, profundaTERMO CORRETO: deficincia mental (sem especificar nvel de comprometimento). A

    nova classificao da deficincia mental, baseada no conceito publicado em 1992 pelaAssociao Americana de Deficincia Mental, considera a deficincia mental no mais como um

    trao absoluto da pessoa que a tem e sim como um atributo que interage com o seu meioambiente fsico e humano, que por sua vez deve adaptar-se s necessidades especiais dessapessoa, provendo-lhe o apoio intermitente, limitado, extensivo ou permanente de que elanecessita para funcionar em 10 reas de habilidades adaptativas: comunicao, autocuidado,habilidades sociais, vida familiar, uso comunitrio, autonomia, sade e segurana,funcionalidade acadmica, lazer e trabalho.

    13. deficiente mental(referindo-se pessoa com transtorno mental)TERMOS CORRETOS: pessoa com doena mental, pessoa com transtorno mental,

    paciente psiquitrico

    14. doente mental(referindo-se pessoa com dficitintelectual)TERMOS CORRETOS: pessoa com deficincia mental, pessoa deficiente mental. O termo

    deficiente, quando usado como substantivo (por ex.: o deficiente fsico, o deficiente mental),tende a desaparecer, exceto em ttulos de matrias jornalsticas.

    15. ela cega mas mora sozinhaNa frase acima h um preconceito embutido: Todo cego no capaz de morar sozinho.

    FRASE CORRETA: ela cega e mora sozinha

    16. ela retardada mental mas uma atleta excepcional

    Na frase acima h um preconceito embutido: Toda pessoa com deficincia mental no temcapacidade para ser atleta. FRASE CORRETA: ela tem deficincia mental e se destaca comoatleta

    17. ela surda [ou cega] mas no retardada mentalA frase acima contm um preconceito: Todo surdo ou cego tem retardo mental.Retardada

    mental, retardamento mentale retardo mentalso termos do passado. FRASE CORRETA: ela surda[oucega]e no tem deficincia mental

    18. ela foi vtima de paralisia infantilA poliomielite j ocorreu nesta pessoa (por ex., ela teve plio). Enquanto a pessoa estiver

    viva, ela tem seqela de poliomielite. A palavra vtima provoca sentimento de piedade. FRASECORRETA: ela teve[flexo no passado]paralisia infantil e/ouela tem[flexo no presente]

    seqela de paralisia infantil

    19. ela teve paralisia cerebral(referindo-se a uma pessoa no presente)A paralisa cerebral permanece com a pessoa por toda a vida. FRASE CORRETA: ela tem

    paralisia cerebral

    20. ele atravessou a fronteira da normalidade quando sofreu um acidente decarro e ficou deficiente

    A normalidade, em relao a pessoas, um conceito questionvel. A palavra sofrer coloca apessoa em situao de vtima e, por isso, provoca sentimentos de piedade. FRASE CORRETA:ele teve um acidente de carro que o deixou com uma deficincia

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    21. ela foi vtima da plioA palavra vtima provoca sentimento de piedade. TERMOS CORRETOS: poliomielite;

    paralisia infantileplio. FC: ela teve plio

    22. ele surdo-cegoGRAFIA CORRETA: ele surdocego. Tambm podemos dizer ou escrever: ele temsurdocegueira Ver o item 55.

    23. ele manca com bengala nas axilasFRASE CORRETA: ele anda com muletas axilares. No contexto coloquial, correto o

    uso do termo muletante para se referir a uma pessoa que anda apoiada em muletas.

    24. ela sofre de paraplegia [ou de paralisia cerebral ou de seqela depoliomielite]

    A palavra sofrercoloca a pessoa em situao de vtima e, por isso, provoca sentimentos depiedade. FRASE CORRETA: ela tem paraplegia [ouparalisia cerebral ouseqela depoliomielite]

    25. escola normalNo futuro, quando todas as escolas se tornarem inclusivas, bastar o uso da palavra escola

    sem adjetiv-la. TERMOS CORRETOS: escola comum; escola regular. Ver o item 7 e 51.

    26. esta famlia carrega a cruz de ter um filho deficienteNesta frase h um estigma embutido: Filho deficiente um peso morto para a famlia.

    FRASE CORRETA: esta famlia tem um filho com deficincia

    27. infelizmente, meu primeiro filho deficiente; mas o segundo normalA normalidade, em relao a pessoas, um conceito questionvel, ultrapassado. E a palavra

    infelizmente reflete o que a me pensa da deficincia do primeiro filho: uma coisa ruim.FRASE CORRETA: tenho dois filhos: o primeiro tem deficincia e o segundo no tem

    28. intrprete do LIBRASTERMO CORRETO: intrprete da Libras(oude Libras). Libras sigla de Lngua de Sinais

    Brasileira. Libras um termo consagrado pela comunidade surda brasileira, e com o qual ela seidentifica. Ele consagrado pela tradio e extremamente querido por ela. A manuteno deste

    termo indica nosso profundo respeito para com as tradies deste povo a quem desejamos ajudare promover, tanto por razes humanitrias quanto de conscincia social e cidadania. Entretanto,no ndice lingstico internacional os idiomas naturais de todos os povos do planeta recebemuma sigla de trs letras como, por exemplo, ASL (American Sign Language). Ento sernecessrio chegar a uma outra sigla. Tal preocupao ainda no parece ter chegado na esfera doBrasil, segundo CAPOVILLA (comunicao pessoal).

    29. invlido(referindo-se a uma pessoa)A palavra invlido significasem valor. Assim eram consideradas as pessoas com deficincia

    desde a Antiguidade at o final da Segunda Guerra Mundial. TERMO CORRETO: pessoa comdeficincia

    30. lepra; leproso; doente de lepra

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    TERMOS CORRETOS: hansenase; pessoa com hansenase; doente de hansenase. Prefirao termo a pessoa com hansenase ao o hanseniano. A lei federal n 9.010, de 29-3-95, probe autilizao do termo leprae seus derivados, na linguagem empregada nos documentos oficiais.Alguns dos termos derivados e suas respectivas verses oficiais so: leprologia (hansenologia),leprologista (hansenologista), leprosrio ou leprocmio (hospital de dermatologia), lepralepromatosa (hansenase virchoviana), lepra tuberculide (hansenase tuberculide), lepradimorfa (hansenase dimorfa), lepromina (antgeno de Mitsuda), lepra indeterminada (hansenaseindeterminada). A palavra hansenase deve ser pronunciada com o hmudo [como em haras,haste, harpa]. Mas, pronuncia-se o nome Hansen (do mdico e botnico noruegus ArmauerGerhard Hansen) com o h aspirado.

    31. LIBRAS - Linguagem Brasileira de SinaisGRAFIA CORRETA: Libras. TERMO CORRETO:Lngua de Sinais Brasileira. Trata-se

    de uma lngua e no de uma linguagem. segundo CAPOVILLA [comunicao pessoal], Lnguade Sinais Brasileira prefervel a Lngua Brasileira de Sinais por uma srie imensa de razes.Uma das mais importantes que Lngua de Sinais uma unidade, que se refere a uma

    modalidade lingstica quiroarticulatria-visual e no oroarticulatria-auditiva. Assim, h Lnguade Sinais Brasileira. porque a lngua de sinais desenvolvida e empregada pela comunidadesurda brasileira. No existe uma Lngua Brasileira, de sinais ou falada.

    32. lngua dos sinaisTERMO CORRETO: lngua de sinais. Trata-se de uma lngua viva e, por isso, novos sinais

    sempre surgiro. A quantidade total de sinais no pode ser definitiva.

    33. linguagem de sinaisTERMO CORRETO: lngua de sinais. A comunicao sinalizada dos e com os surdos

    constitui um lngua e no uma linguagem. J a comunicao por gestos, envolvendo ou nopessoas surdas, constitui uma linguagem gestual. Uma outra aplicao do conceito de linguagemse refere ao que as posturas e atitudes humanas comunicam no-verbalmente, conhecido como alinguagem corporal.

    34. Louis BraileGRAFIA CORRETA: Louis Braille. O criador do sistema de escrita e impresso para cegos

    foi o educador francs Louis Braille (1809-1852), que era cego.

    35. mongolide; mongolTERMOS CORRETOS: pessoa com sndrome de Down, criana com Down, uma criana

    Down. As palavrasmongole mongolide refletem o preconceito racial da comunidade cientficado sculo 19. Em 1959, os franceses descobriram que a sndrome de Down era um acidentegentico. O termoDown vem de John Langdon Down, nome do mdico ingls que identificou asndrome em 1866. A sndrome de Down uma das anomalias cromossmicas mais freqentesencontradas e, apesar disso, continua envolvida em idias errneas... Um dos momentos maisimportantes no processo de adaptao da famlia que tem uma criana com sndrome de Down aquele em que o diagnstico comunicado aos pais, pois esse momento pode ter grandeinfluncia em sua reao posterior. (MUSTACCHI, 2000, p. 880)

    36. mudinhoQuando se refere ao surdo, a palavra mudo no corresponde realidade dessa pessoa. O

    diminutivo mudinho denota que o surdo no tido como uma pessoa completa. TERMOSCORRETOS: surdo; pessoa surda; deficiente auditivo; pessoa com deficincia auditiva. Ver oitem 56.

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    37. necessidades educativas especiaisTERMO CORRETO: necessidades educacionais especiais. A palavra educativo significa

    algo que educa. Ora, necessidades no educam; elas so educacionais, ou seja, concernentes educao (SASSAKI, 1999). O termo necessidades educacionais especiais foi adotado pelo

    Conselho Nacional de Educao (Resoluo n 2, de 11-9-01, com base no Parecer n 17/2001,homologado em 15-8-01).

    38. o epilticoTERMOS CORRETOS: a pessoa com epilepsia, a pessoa que tem epilepsia. Evite fazer a

    pessoa inteira parecer deficiente.

    39. o incapacitadoTERMO CORRETO: a pessoa com deficincia. A palavra incapacitado muito antiga e

    era utilizada com freqncia at a dcada de 80.

    40. o paralisado cerebralTERMO CORRETO: a pessoa com paralisia cerebral. Prefira sempre destacar a pessoa em

    vez de fazer a pessoa inteira parecer deficiente.

    41. paralisia cerebral uma doenaFRASE CORRETA: paralisia cerebral uma condio. Muitas pessoas confundem

    doena com deficincia.

    42. pessoa normalTERMOS CORRETOS: pessoa sem deficincia; pessoa no-deficiente. A normalidade, em

    relao a pessoas, um conceito questionvel e ultrapassado.

    43. pessoa presa (confinada, condenada) a uma cadeira de rodasTERMOS CORRETOS: pessoa em cadeira de rodas; pessoa que anda em cadeira de

    rodas; pessoa que usa uma cadeira de rodas. Os termos presa, confinada e condenadaprovocam sentimentos de piedade. No contexto coloquial, correto o uso dos termos cadeirantee chumbado.

    44. pessoas ditas deficientesTERMO CORRETO: pessoas com deficincia. A palavra ditas, neste caso, funciona como

    eufemismo para negar ou suavizar a deficincia, o que preconceituoso.

    45. pessoas ditas normaisTERMOS CORRETOS: pessoas sem deficincia; pessoas no-deficientes. Neste caso, o

    termo ditas utilizado para contestar a normalidade das pessoas, o que se torna redundante nosdias de hoje.

    46. pessoa surda-mudaGRAFIA CORRETA: pessoa surda ou, dependendo do caso, pessoa com deficincia

    auditiva.Quando se refere ao surdo, a palavra mudo no corresponde realidade dessa pessoa. Arigor, diferencia-se entre deficincia auditiva parcial (quando h resduo auditivo) e surdez

    (quando a deficincia auditiva total). Ver item 57.

    47. portador de deficincia

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    TERMO CORRETO: pessoa com deficincia. No Brasil, tornou-se bastante popular,acentuadamente entre 1986 e 1996, o uso do termo portador de deficincia(e suas flexes nofeminino e no plural). Pessoas com deficincia vm ponderando que elas no portam deficincia;que a deficincia que elas tm no como coisas que s vezes portamos e s vezes no portamos(por exemplo, um documento de identidade, um guarda-chuva). O termo preferido passou a ser

    pessoa com deficincia. Ver comentrios aos itens 2 e 48.

    48. PPDsGRAFIA CORRETA: PPDs. No se usa apstrofo para designar o plural de siglas. A

    mesma regra vale para siglas como ONGs (e no ONGs). No Brasil, tornou-se bastante popular,acentuadamente entre 1986 e 1996, o uso do termo pessoas portadoras de deficincia. Hoje, otermo preferido passou a serpessoas com deficincia, motivando o desuso da siglaPPDs. Ver oitem 47.

    49. quadriplegia; quadriparesiaTERMOS CORRETOS: tetraplegia; tetraparesia. No Brasil, o elemento morfolgico

    tetra tornou-se mais utilizado que o quadri. Ao se referir pessoa, prefira o termo pessoa comtetraplegia (ou tetraparesia) no lugar de o tetraplgico ou o tetrapartico.

    50. retardo mental, retardamento mentalTERMO CORRETO: deficincia mental. So pejorativos os termos retardado mental,

    pessoa com retardo mental, portador de retardamento mentaletc. Ver comentrios ao item 12.

    51. sala de aula normalTERMO CORRETO: sala de aula comum. Quando todas as escolas forem inclusivas,

    bastar o termosala de aula sem adjetiv-lo. Ver os itens 7 e 25.

    52. sistema inventado por BraileGRAFIA CORRETA: sistema inventado por Braille. O nome Braille (de Louis Braille,

    inventor do sistema de escrita e impresso para cegos) se escreve com dois l (les). Braillenasceu em 1809 e morreu aos 43 anos de idade.

    53. sistema BrailleGRAFIA CORRRETA: sistema braile. Conforme MARTINS (1990), grafa-se Braille

    somente quando se referir ao educador Louis Braille. Por ex.: A casa onde Braille passou ainfncia (...). Nos demais casos, devemos grafar: [a] braile (mquina braile, relgio braile,dispositivo eletrnico braile, sistema braile, biblioteca braile etc.) ou [b] em braile (escrita em

    braile, cardpio em braile, placa metlica em braile, livro em braile, jornal em braile, texto embraile etc.). Ver o item 58.

    54. sofreu um acidente e ficou incapacitadoFRASE CORRETA: teve um acidente e ficou deficiente. A palavra sofrer coloca a

    pessoa em situao de vtima e, por isso, provoca sentimentos de piedade.

    55. surdez-cegueiraGRAFIA CORRETA: surdocegueira. um dos tipos de deficincia mltipla. Ver o item

    22.

    56. surdinho

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    TERMOS CORRETOS: surdo; pessoa surda; pessoa com deficincia auditiva. Odiminutivo surdinho denota que o surdo no tido como uma pessoa completa. Os prprioscegos gostam de ser chamados cegos e os surdos de surdos, embora eles no descartem ostermospessoas cegas epessoas surdas. Ver o item 36.

    57. surdo-mudoGRAFIAS CORRETAS: surdo; pessoa surda; pessoa com deficincia auditiva. Quando serefere ao surdo, a palavra mudo no corresponde realidade dessa pessoa. A rigor, diferencia-seentre deficincia auditiva parcial (quando h resduo auditivo) e surdez (quando a deficinciaauditiva total). Evite usar a expresso o deficiente auditivo. Ver o item 46.

    58. texto(ouescrita, livro, jornal, cardpio, placa metlica)em BrailleTERMOS CORRETOS: texto em braile; escrita em braile; livro em braile; jornal em

    braile; cardpio em braile; placa metlica em braile. Ver comentrios ao item 53.

    59. viso sub-normalGRAFIA CORRETA: viso subnormal. TERMO CORRETO: baixa viso. prefervel

    baixa viso a viso subnormal. A rigor, diferencia-se entre deficincia visual parcial (baixaviso) e cegueira (quando a deficincia visual total).

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ANTUNES, Celso. A construo do afeto: Como estimular as mltiplas inteligncias de seusfilhos. So Paulo: Augustus, 2000, 157 p.

    _____.Jogos para a estimulao das mltiplas inteligncias. Petrpolis, 1999, 300 p.

    _____.As mltiplas inteligncias e seus estmulos. Campinas: Papirus, 1998, 141 p.

    CAPOVILLA, Fernando. Comunicao pessoal por e-mail. em 6 jun. 2001. Para maioresdetalhes, consultar Capovilla & Raphael (2001).

    CAPOVILLA, F. C., & RAPHAEL, W. D. Dicionrio enciclopdico ilustrado trilnge daLngua de Sinais Brasileira. So Paulo: Edusp, 2001 (dois volumes).

    CONSELHO NACIONAL DE EDUCAO/CMARA DE EDUCAO BSICA. Resoluon 2, de 11-9-01, e Parecer n 17, de 3-7-01.

    GARDNER, Howard. Inteligncia: Um conceito reformulado. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000,

    347 p.GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Identificando o aluno com deficincia

    mental: Critrios e parmetros. Rio de Janeiro: Coordenao de Educao Especial, s/d (c.2001)

    MARTINS, Eduardo.Manual de redao e estilo.So Paulo: O Estado de S. Paulo, 1990, p. 313.

    MUSTACCHI, Zan. Sndrome de Down. In: MUSTACCHI, Zan & PERES, Sergio. Genticabaseada em evidncias: Sndromes e heranas. So Paulo: CID Editora, 2000.

    SASSAKI, Romeu Kazumi. Incluso: Construindo uma sociedade para todos. 5.ed. Rio deJaneiro: WVA, 2003.

    _____. Como chamar as pessoas que tm deficincia. In: SASSAKI, R.K. Vida independente;Histria, movimento, liderana, conceito, filosofia e fundamentos. So Paulo: RNR, 2003, p.12-16.

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    _____. Inteligncias mltiplas na educao inclusiva. So Paulo, 2001 (apostila de curso)

    _____. Vocabulrio usado pela mdia: O certo e o errado. Recife, 2000 (apostila de curso).

    _____. A educao especial e a leitura para o mundo: A mdia. Campinas, 1997 (apostila depalestra).

    VOC diz Mongolide ou Mongol. Ns dizemos Sndrome de Down. Seus amigos preferemcham-lo de Bruno. Folheto do Projeto Down - Centro de Informao e Pesquisa daSndrome de Down. So Paulo, s/d.

    /var/www/apps/conversion/tmp/scratch_2/162521433.doc

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